Cenário Econômico
16 de setembro de 2024
Uma revisão mais abrangente
o Pelo terceiro ano consecutivo, a economia brasileira vai crescer a uma taxa de pelo menos
3%. Isso, aliado à queda da inflação, levanta o debate sobre qual é o ritmo de crescimento potencial
da economia brasileira. É possível traçar um cenário no qual o crescimento potencial pode caminhar
para a região entre 2,5% e 3,0%.
o No primeiro semestre do ano, a economia brasileira cresceu 3,8% em termos anualizados, ou
seja, muito superior a qualquer estimativa do crescimento potencial. A fotografia do PIB
mostra um quadro desafiador para o Banco Central. É muito provável que o Copom reavalie o hiato
e encontre a economia num nível acima do potencial. A incorporação de um hiato mais positivo deve
elevar as estimativas de inflação do Banco Central. Com isso, o BC deve iniciar um pequeno ajuste na
taxa de juros, com uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom. Esperamos que
a taxa de juros siga subindo nesse mesmo ritmo até a reunião de janeiro do ano que vem.
o O diferencial de juros deve ajudar a trazer a taxa de câmbio para um nível mais apreciado.
Acreditamos que o real termine o próximo ano cotado a R$ 5,10/US$.
o A economia, por sua vez, deve crescer 2,4% no próximo ano. Juros mais elevados e gastos mais
contidos devem desacelerar o PIB, mas o câmbio mais apreciado, em um contexto global
desinflacionário, deve permitir que a economia ainda apresente expansão próxima ao potencial com
alguma desaceleração da inflação.
o Com isso, a inflação deve terminar 2025 em 3,9%, após alta de 4,4% neste ano. Essa trajetória
de inflação deverá levar o Banco Central a retomar o ciclo de queda de juros no final do ano que
vem. Nossa projeção é que a Selic termine 2025 em 10,50%.
O Fed entra em campo
o O Fed deverá iniciar o ciclo de normalização monetária com corte de 0,25 pp. Os dados de
emprego e inflação de agosto reforçaram nossa expectativa de início gradual do corte de juros nos
EUA. No entanto, falas do presidente Jerome Powell indicam que o comitê quer levar a taxa básica
para próximo do patamar neutro com celeridade.
o O BCE continuará cortando os juros. A autoridade monetária europeia deu mais um passo no
processo de normalização monetária, argumentando que a inflação tem se comportado conforme o
esperado. Em nosso cenário, projetamos novo corte de juros até o final do ano, que levará a principal
taxa de referência a 3,25%.
o Contribuição da China para a desinflação global deverá ser cada vez maior. O processo de
desalavancagem das famílias continua pesando sobre o consumo, enquanto a política de promoção
de setores voltados à transição energética fortalece as exportações, porém contribui pouco ao
crescimento da demanda doméstica.
o Com exceção do Brasil, os países da América Latina caminham para redução adicional dos
juros. Em especial, no México, depois de um primeiro corte em março, o Banxico voltou a reduzir a
taxa básica, sinalizando novos cortes à frente. Desse modo, incorporamos ao nosso cenário cortes
em sequência até o final do ano, levando os juros a 10%.
1
Cenário Doméstico
Uma revisão mais abrangente
Pelo terceiro ano consecutivo, a economia brasileira vai crescer a uma taxa de pelo menos 3%. Isso,
aliado à queda da inflação – o IPCA recuou de pouco mais de 12% em abril de 2022 para 4,2% nos doze
meses encerrados em agosto –, levanta o debate sobre qual é o ritmo de crescimento potencial da
economia brasileira1. O consenso de mercado parece trabalhar com um número próximo de 2%. Nossas
estimativas são um pouco mais otimistas. A tabela 1 estima o crescimento potencial sob diferentes cenários
para o crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF) e taxas de investimento.
Tabela 1: PTF, taxa de investimentos e crescimento potencial
PTF
0.00% 0.25% 0.50% 0.75% 1.00%
16.0% 1.6% 1.9% 2.1% 2.4% 2.6%
Taxa investimento
16.5% 1.7% 2.0% 2.2% 2.5% 2.7%
17.0% 1.8% 2.1% 2.3% 2.6% 2.8%
17.5% 1.9% 2.2% 2.4% 2.7% 2.9%
18.0% 2.0% 2.2% 2.5% 2.7% 3.0%
18.5% 2.1% 2.3% 2.6% 2.8% 3.1%
19.0% 2.2% 2.4% 2.7% 2.9% 3.2%
Fonte: IBGE, IPEA, Bradesco
Estimamos que a PTF esteja crescendo a um ritmo próximo de 0,5% ao ano. A taxa de investimentos
ficou em 17% do PIB no trimestre passado. Portanto, a economia brasileira poderia crescer próximo de 2,5%
ao ano sem gerar inflação. É possível traçar cenários nos quais a PTF possa se expandir um pouco acima de
0,5%, e que a taxa de investimentos se eleve para a casa dos 18% do PIB. Portanto, o crescimento potencial
pode caminhar para a região entre 2,5% e 3,0%. Para superar 3%, entretanto, seria necessário que a PTF
ultrapassasse o crescimento de 1%, o que só ocorreu no início da década de 1970, de acordo com as
estimativas de Regis Bonelli (ver: “Produtividade e a armadilha do lento crescimento” de 2014).
No primeiro semestre do ano, a economia brasileira cresceu 3,8% em termos anualizados, ou seja,
muito acima de qualquer estimativa do crescimento potencial. Além disso, essa expansão foi liderada
pela absorção doméstica (gráfico 1). Isso é muito diferente do que ocorreu no ano passado, quando a
agropecuária foi o motor do crescimento e a absorção doméstica cresceu a um ritmo inferior ao PIB.
Boa parte dessa expansão extraordinária de 2024 se deve à elevação dos gastos públicos, que vêm
crescendo a um ritmo múltiplas vezes acima do limite dado pelo arcabouço fiscal. A PEC da transição,
somada à regularização do pagamento de precatórios e à antecipação do calendário de algumas
transferências públicas, despejou cerca de 2,4 p.p. do PIB na economia nos últimos 18 meses, o que,
cumulativamente, favoreceu o consumo, a redução do endividamento, a formação de poupança pelas
famílias e a expansão do crédito. Com isso, a economia tem crescido sob grande influência dos gastos,
apesar do nível dos juros reais.
A fotografia do PIB mostra um quadro desafiador para o Banco Central. No Relatório de Inflação de
junho, o BC projetava um crescimento de 2,3% do PIB em 2024 e estimava que o hiato do produto estivesse
zerado. É muito provável que o Copom reavalie o hiato e encontre a economia em um nível acima do
potencial, mas a dúvida é onde o BC irá posicionar sua estimativa para a ociosidade da economia.
1 No Destaque-Depec de 22/08/2023, intitulado “Há evidências de aumento do crescimento potencial no Brasil?”, abordamos o
tema pela ótica da NAIRU, onde já identificávamos essa elevação do crescimento potencial da economia.
2
Gráfico 1: PIB e absorção doméstica
Título do Gráfico
% ao ano
PIB Absorção doméstica
15.0%
10.0%
5.0% 4.6%
3.3%
0.0%
-5.0%
-10.0%
-15.0%
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Fonte: IBGE, Bradesco
Título do Gráfico
Gráfico 2: Receita líquida e despesa do Governo Central
% PIB
28%
26% Receita líquida Despesa
24%
22%
20% 20.2%
18% 18.2%
16%
14%
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Fonte: STN, Bradesco
Acreditamos que o aumento do hiato pelo Banco Central será relativamente pequeno, da ordem de
0,5 ponto percentual. Quais as razões para isso? Primeiro porque a inflação mais correlacionada com a
ociosidade está relativamente bem-comportada (gráfico 3), o que é indicativo de uma economia que não
deve estar superaquecida, como verificado entre 2011 e o começo de 2014. Adicionalmente, dado o
tamanho da surpresa com o crescimento do PIB e a depreciação cambial, o aumento das projeções de
inflação tem sido incompatível com uma visão de hiato muito positivo. Isso é especialmente verdadeiro se
incorporarmos os efeitos dos aumentos de preços que não eram antecipados ao final do ano passado,
como dos cigarros e o acionamento da bandeira tarifária amarela na energia elétrica.
A incorporação de um hiato mais positivo deve elevar as estimativas de inflação do modelo do
Banco Central para perto de 3,2% no primeiro trimestre de 2026. O comitê tem sido enfático que não
tolerará desvios da inflação em relação ao centro da meta, nesse horizonte de projeção, que é o relevante
para a política monetária. Com isso, o BC deve iniciar um ajuste na taxa de juros com uma alta de 0,25
ponto percentual na próxima reunião do Copom. Esperamos que os juros sigam subindo nesse mesmo
ritmo até a reunião de janeiro, com a Selic atingindo 11,50% ao final do ciclo, apostando também em uma
expansão dos gastos públicos em linha com os níveis estabelecidos pelo arcabouço.
3
Serviços sensíveis a ociosidade
Gráfico 3: Inflação de serviços mais correlacionada com a ociosidade
% ao ano
18,00
3ma 6ma 12m
15,00
12,00
9,00
6,00 4,3
3,00 4,2
4,0
0,00
-3,00
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Fonte: IBGE, Bradesco
O diferencial de juros deve ajudar a trazer a taxa de câmbio para um nível mais apreciado. A taxa de
juros brasileira deve subir 1 ponto percentual, enquanto os juros americanos devem cair 2 p.p. até o final de
2025. Além disso, países emergentes devem continuar seus processos de flexibilização monetária – México,
Colômbia e Peru, por exemplo –, ampliando a diferença entre as taxas desses países e a brasileira. Assim,
devemos verificar alguma inflexão nos fluxos cambiais. Atualmente, o fluxo financeiro é altamente
negativo, praticamente anulando o aumento do fluxo comercial (gráfico 4). Acreditamos que o real termine
o próximo ano cotado a R$ 5,10/US$.
Título do Gráfico
Gráfico 4: Fluxo cambial
Acumulado em 12 meses, em US$ bilhões
100
80
67,1
60
40
20
0 -3,2
-20
-40
-60
-70,3
-80 Financeiro Total Comercial
-100
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
*setembro: dados semanais extrapolados para o mês
Fonte: Banco Central, Bradesco
A economia, por sua vez, deve crescer 2,4% no próximo ano. Juros mais elevados e gastos mais
contidos devem desacelerar o PIB, mas o câmbio mais apreciado, em um contexto global desinflacionário,
deve permitir que a economia ainda apresente expansão próxima ao potencial com alguma desaceleração
da inflação. O déficit em conta corrente vem se ampliando de forma importante, dando vazão a parte dessa
demanda doméstica e ajudando os núcleos de inflação a ficarem bem-comportados. Estimamos um déficit
externo ligeiramente superior a 2% do PIB em 2025, ainda facilmente financiado pelo fluxo de investimento
estrangeiro.
4
Com isso, a inflação deve terminar 2025 em 3,9%, após alta de 4,4% neste ano. Essa trajetória de
inflação deverá levar o Banco Central a retomar o ciclo de queda de juros no final do ano que vem. Nossa
projeção é que a Selic termine 2025 em 10,50%. Caso as expectativas convirjam de maneira mais acelerada
em direção à meta, é possível que a redução dos juros seja um pouco mais intensa. A tabela a seguir resume
nossas projeções e as alterações em relação ao último cenário.
Tabela 2: Revisões Cenário Macro
2024 2025
2021 2022 2023
de para de para
Crescimento Real do PIB (% aa.) 4.8 3 2.9 2.3 3.0 1.5 2.4
IPCA (IBGE) - % aa. 10.06 5.79 4.62 4.3 4.4 3.7 3.9
Taxa Selic Meta (% aa.) 9.25 13.75 11.75 10.50 11.25 10.50 10.50
Câmbio (R$/US$) - (Final de período) 5.58 5.22 4.84 5.30 5.40 5.10 5.10
Saldo em Trans. Correntes (% do PIB) -2.8 -2.5 -1.3 -1.6 -2.0 -1.3 -2.1
Crédito Geral (Cresc. em % aa.) 16.4 14.5 8.1 9.0 9.7 7.5 7.4
Fonte: IBGE, Banco Central, Bradesco
Por fim, nossas estimativas para o resultado primário do Governo Central não se alteraram em
relação ao último cenário – déficits de 0,4% e 0,5% do PIB em 2024 e 2025, respectivamente. Esse é
o ponto de maior atenção em nossas projeções, dado o nível de ruído ao redor do tema, especialmente
associado a eventuais excepcionalidades de despesas em relação ao arcabouço. A renegociação de dívida
junto aos estados e o crédito vindo dos bancos públicos são outras fontes que podem pressionar o
resultado primário, a dívida e a demanda. A dívida pública deve encerrar 2025 em 82,2% do PIB.
5
Cenário Internacional
O Fed entra em campo
O Fed deverá iniciar o ciclo de normalização monetária com corte de 0,25 pp. Os dados de emprego e
inflação de agosto reforçaram nossa expectativa de início gradual do corte de juros nos EUA. No entanto,
falas de dirigentes do Fed, em especial do presidente Jerome Powell, indicam que o comitê quer levar a
taxa básica para próximo do patamar neutro com celeridade. Com isso, os EUA se juntarão aos demais
desenvolvidos no processo de redução das restrições monetárias, ainda que o ritmo de queda dos juros
divirja bastante entre eles. De fato, a velocidade da desaceleração das economias desenvolvidas e da
convergência da inflação para a meta ocorre de forma bastante desigual. Dentre os emergentes, a China
deve contribuir de forma cada vez mais intensa para o processo de desinflação global.
Gráfico 5: Núcleo da inflação de serviços
Média móvel de 3 meses anualizada
EUA
12% R. Unido
10% Área do Euro
Canáda
8%
6.1%
6% 5.7%
5.4%
4%
2%
1.0%
0%
-2%
21 22 23 24
Fonte: Bloomberg, Bradesco
O mercado de trabalho norte-americano segue desacelerando, com inflação sob controle. Os EUA
criaram 142 mil vagas de emprego em agosto. Apesar de ter ficado abaixo das expectativas, o resultado foi
acompanhado por ligeira melhora do desemprego, de 4,3% para 4,2%. O número de vagas abertas, que é
divulgado com defasagem em relação à criação de empregos, continuou recuando em julho, levando a
relação de vagas abertas por número de desempregados a um patamar inferior ao pré-pandemia. Esses
dados mostram um mercado de trabalho em desaceleração, em linha com o aperto monetário em curso no
país, mas não sugerem nenhum grau de recessão iminente. Ao mesmo tempo, a inflação segue comportada.
Apesar da surpresa para cima com o CPI em agosto, muito em função do comportamento dos aluguéis
imputados, os núcleos mais sensíveis à política monetária, como o de serviços1, encontram-se próximos de
2% nas métricas de 3 e 6 meses anualizadas. Quando incorporamos os dados do CPI e PPI às nossas
projeções, encontramos um núcleo do PCE em 0,17% para agosto.
1 O núcleo de serviços do CPI que mais se aproxima do núcleo de serviços do PCE, segundo o Fed, é aquele que exclui energia,
alojamento, passagens aéreas e seguro saúde.
6
Apesar da falta de sinais de recessão, parte do Fed parece disposta a trazer os juros rapidamente
para próximo do neutro. Capitaneado por Powell, esse grupo tem mostrado preocupações com o
comportamento do mercado de trabalho. Em sua fala no seminário de Jackson Hole, o presidente do Fed
defendeu que o mercado de trabalho estava menos apertado do que antes da pandemia e, mais importante,
que não aceitariam “esfriamento adicional das condições do mercado de trabalho”. Nesse sentido, um
indicador a se monitorar é a taxa de vacância, que em julho atingiu 4,6%. Segundo Christopher Waller, um
dos membros mais influentes do Fed, quando ela ultrapassa 4,5% podem ocorrer saltos não lineares na
taxa de desemprego. Diante do risco de piora adicional do emprego, alguns membros do Fed parecem
inclinados a dar um choque inicial maior nos juros, para então avaliar seu efeito na atividade. Com isso,
revisamos nosso cenário para os fed funds neste ano, de três cortes de 0,25 p.p. para um de 0,25 e dois de
0,50 p.p., prevendo que a deterioração adicional do mercado de trabalho leve o Fed a acelerar o corte de
juros em novembro.
Vacancy Rate% vs U3% (2021 - )
Gráfico 6: Curva de Beveridge
Taxa de vacância x Taxa de desemprego
7.0
6.5
6.0
5.5
Taxa de desemprego
5.0
4.5 Julho
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0
Taxa de Vacância
Fonte: Bloomberg, Bradesco
O BCE cortou novamente os juros. A autoridade monetária europeia deu mais um passo no processo de
normalização monetária, argumentando que a inflação tem se comportado conforme o esperado. O BCE
manteve suas projeções de inflação inalteradas até 2026, quando prevê que convergirá para a meta. No
entanto, revisou para baixo sua expectativa para o PIB, refletindo o fraco desempenho do consumo das
famílias. A atividade econômica, de fato, parece estar por trás da sua decisão, uma vez que os salários
continuam crescendo e retroalimentando a inflação, especialmente os preços de serviços. Em nosso
cenário, projetamos mais um corte de juros até o final do ano, que levará a principal taxa de referência a
3,25%.
Contribuição da China para a desinflação global deverá ser cada vez maior. O processo de
desalavancagem das famílias continua pesando sobre o consumo, enquanto a política de promoção de
setores voltados à transição energética fortalece as exportações, porém contribui pouco ao crescimento da
demanda doméstica. Com isso, a tendência de desinflação dos preços persiste, tanto no atacado como aos
consumidores chineses. De fato, não fosse o clima mais quente pressionando os preços dos alimentos, a
inflação estaria se aproximando rapidamente da deflação. Não parece haver, por ora, nenhum sinal das
autoridades de alguma mudança significativa de política, no sentido de quebrar o ciclo vicioso entre
consumo fraco e deflação. Pelo contrário, a política de estímulos à fabricação de produtos voltados à
transição energética intensifica esse processo e ainda favorece seu contágio para o resto do mundo.
7
Gráfico 7: China - inflação ao consumidor
Variação ao ano
Índice Cheio Ex-Alimentos e Energia
7.0
6.0
5.0
4.0
3.0
2.0
1.0 0.6
0.0 0.3
-1.0
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Fonte: Bloomberg, Bradesco
Com exceção do Brasil, os países da América Latina caminham para redução adicional dos juros. Em
especial, no México, depois de um primeiro corte em março, o Banxico voltou a reduzir a taxa básica,
sinalizando novos cortes à frente. Apesar da forte depreciação recente do peso, a ata do último encontro
de política monetária já havia mostrado baixa preocupação dos membros da diretoria com seu impacto na
inflação. Essa visão foi reforçada posteriormente em seu relatório trimestral, em que o comitê mostrou
repasse praticamente nulo de desvalorizações cambiais para a inflação quando o hiato do produto está
negativo. Desse modo, incorporamos ao nosso cenário cortes em sequência até o final do ano, levando os
juros a 10%.
8
Projeções Macroeconômicas (2020 – 2025)
2020 2021 2022 2023 2024* 2025*
ATIVIDADE, INFLAÇÃO E JUROS
PIB (%) -3.3 4.8 3.0 2.9 3.0 2.4
Agropecuária (%) 4.2 0.0 -1.1 15.1 -2.8 4.6
Indústria (%) -3.0 5.0 1.5 1.6 3.1 2.5
Serviços (%) -3.7 4.8 4.3 2.4 3.3 1.8
Consumo Privado (%) -4.6 3.0 4.1 3.1 4.3 1.9
Consumo da Adm. Pública (%) -3.7 4.2 2.1 1.7 2.3 1.2
Investimento (FBKF) (%) -1.7 12.9 1.1 -3.0 5.4 1.4
Exportações Bens e Serviços Não Fatores (%) -2.3 4.4 5.7 9.1 4.8 4.6
Importações Bens e Serviços Não Fatores (%) -9.5 13.8 1.0 -1.2 11.4 6.3
PIB (R$) - bilhões (Preços Correntes) 7,610 9,012 10,080 10,856 11,440 12,311
PIB (US$) - bilhões 1,477 1,671 1,952 2,173 2,158 2,350
População - milhões 211.7 213.2 214.7 216.1 218.4 219.7
PIB per capita - US$ 6,977 7,838 9,093 10,055 9,883 10,697
Produção Industrial - IBGE (%) -4.5 3.9 -0.7 0.1 3.3 0.5
Taxa Média de Desemprego - IBGE 13.8 13.2 9.3 8.0 7.2 8.0
CAGED - Criação líquida de empregos - em milhões 0.2 2.9 2.0 1.5 2.0 0.9
Vendas do Comércio Varejista - Restrita (%) 1.2 1.4 1.0 1.7 5.2 2.0
IPCA - IBGE (%) 4.5 10.1 5.8 4.6 4.4 3.9
IGP-M - FGV (%) 23.1 17.8 5.5 -3.2 3.4 3.0
Taxa Selic (final de período) % 2.00 9.25 13.75 11.75 11.25 10.50
Taxa Selic nominal (acumulado 12 meses) % 2.75 4.44 12.38 13.03 10.81 11.09
Taxa Selic real / IPCA (acumulado 12 meses) % -1.69 -5.11 6.23 8.03 6.10 6.91
EXTERNO E CÂMBIO
Balança Comercial - BCB (US$ bilhões) 35.7 42.3 51.5 92.3 75.3 78.6
Exportações (US$ bilhões) 211 284 340 344 337 329
Importações (US$ bilhões) 175 242 289 252 262 250
Corrente de Comércio (% PIB) 26.1 31.5 32.2 27.4 27.8 24.6
Saldo em conta-corrente (US$ bilhões) -24.9 -40.4 -40.9 -21.7 -43.5 -50.4
Saldo em conta-corrente (% PIB) -1.7 -2.4 -2.1 -1.0 -2.0 -2.1
Investimento Direto no País (US$ bilhões) 38.3 46.4 74.6 62.0 70.0 74.9
Taxa de câmbio (final de período) R$ / US$ 5.20 5.58 5.22 4.84 5.40 5.10
Taxa de câmbio (média anual) R$ / US$ 5.15 5.39 5.16 5.00 5.30 5.24
Reservas internacionais (US$ bilhões) - liquidez 356 362 325 355 360 364
Rating Soberano Moody's Ba2 Ba2 Ba2 Ba2 - -
Rating Soberano S&P BB- BB- BB- BB - -
FISCAL
Resultado primário do setor público (R$ bilhões) -703.0 64.7 126.0 -249.1 -42.0 -59.8
Resultado primário do setor público (% PIB) -9.2 0.7 1.2 -2.3 -0.4 -0.5
Dívida Bruta do Setor Público (% PIB) 86.9 77.3 71.7 74.4 79.5 82.2
Dívida Líquida do Setor Público (% PIB) 61.4 55.1 56.1 60.9 63.6 68.8
CRÉDITO
Crédito Geral (Cresc. em % aa.) 15.7 16.4 14.5 8.1 9.7 7.4
Crédito Livres total (Cresc. em % aa.) 15.4 20.4 14.9 5.5 8.3 7.3
9
Indicadores internacionais (2020 – 2025)
2020 2021 2022 2023 2024* 2025*
PIB Global
Mundo -1,7 5,5 3,4 3,2 3,0 2,9
Países Desenvolvidos -4,2 5,7 2,7 1,5 1,3 1,5
Estados Unidos -2,2 5,8 1,9 2,5 2,0 1,6
Área do Euro -6,0 6,1 3,5 0,4 0,6 1,5
Reino Unido -10,4 9,6 4,5 0,3 1,0 1,3
Japão -4,2 2,7 1,2 1,8 0,9 1,0
Países Emergentes 0,6 5,2 4,1 4,6 4,4 4,1
China 2,2 8,4 3,0 5,2 5,0 4,4
América Latina -5,3 6,1 3,7 1,8 1,5 2,0
Brasil -3,3 4,8 3,0 2,9 3,0 2,4
Indicadores internacionais – América Latina (2020 – 2025)
2020 2021 2022 2023 2024* 2025*
Argentina
PIB (%) -9,9 10,4 5,3 -1,6 -4,0 3,5
Inflação ao consumidor (%) 36,1 50,9 94,8 211,4 120,0 40,0
Taxa básica de juros (%) 38,00 38,00 75,00 100,00 35,00 30,00
Taxa de câmbio (final do ano) 84,1 102,7 177,13 808,48 1.100,00 1.400,00
Brasil
PIB (%) -3,3 4,8 3,0 2,9 3,0 2,4
Inflação ao consumidor (%) 4,5 10,1 5,8 4,6 4,4 3,9
Taxa básica de juros (%) 2,00 9,25 13,75 11,75 11,25 10,50
Taxa de câmbio (final do ano) 5,20 5,58 5,22 4,84 5,40 5,10
Chile
PIB (%) -6,4 11,4 2,1 0,3 2,3 2,1
Inflação ao consumidor (%) 3,0 7,2 12,8 3,9 4,5 3,5
Taxa básica de juros (%) 0,50 4,00 11,25 8,25 5,00 4,00
Taxa de câmbio (final do ano) 712 852 851 879 900 875
Colômbia
PIB (%) -6,8 11,0 7,5 0,6 1,6 2,5
Inflação ao consumidor (%) 1,6 5,6 13,1 9,3 5,6 3,8
Taxa básica de juros (%) 1,75 3,00 12,00 13,00 8,50 5,50
Taxa de câmbio (final do ano) 3.430 4.080 4.853 3.855 4.000 4.100
México
PIB (%) -8,4 6,0 3,7 3,9 1,7 1,8
Inflação ao consumidor (%) 3,8 5,9 8,3 5,1 4,6 4,2
Taxa básica de juros (%) 4,25 5,50 10,50 11,25 10,00 8,50
Taxa de câmbio (final do ano) 19,9 20,5 19,5 17,0 19,0 20,0
Peru
PIB (%) -10,8 16,1 2,7 -0,5 3,0 3,0
Inflação ao consumidor (%) 2,0 6,4 8,5 3,2 2,5 2,5
Taxa básica de juros (%) 0,25 2,50 7,50 6,75 4,50 3,75
Taxa de câmbio (final do ano) 3,62 4,00 3,81 3,70 3,75 3,80
(*): (projeção)
Fonte: FMI, Bradesco
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Equipe Técnica
Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Fernando Honorato Barbosa
Superintendente Sênior Myriã Tatiany Neves Bast
Analistas Bernardo Keiserman / Constantin Jancsó / Felipe Wajskop França /
Guilherme Gugelmin Zimmermann / Henrique Monteiro de Souza Rangel/
Marcelo Gazzano / Marcos Lopes Muniz / Mariana Silva de Freitas / Mayara
Equipe Técnica Santiago da Silva / Priscila Pacheco Trigo / Rafael Martins Murrer / Rafael
Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Souza
FernandodosHonorato
Anjos Dallal / Thiago Coraucci de Angelis / Vitor Araujo de
Barbosa
Holanda Jó
Economistas Ana Beatriz Moreira dos Santos / Constantin Jancsó / Fabiana D’Atri/ Felipe
Assistente de Pesquisa Hoechst
WajskopCornélio
França /daMariana
Silva Silva de Freitas / Myriã Tatiany Neves Bast /
Priscila Pacheco Trigo / Rafael Martins Murrer / Renan Bassoli Diniz / Thiago
Estagiários Antonio Moraes Abreu / Giovanni Onady Zanetti / Julio Manuel Pamplona
Coraucci de Angelis / Vitor Vidal Costa Velho
Osorio / Karoline Vitória Lima Pinheiro
Estagiários Bruna Andreata Valentino / Gabriel Sartor Ganzarolli / Lorena Pires Sene /
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Rafaela de Sousa Silva
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