Revista Conexões de Saberes, v.5, n.
1, 2021
ARTIGO
DESAFIOS E RELEVÂNCIAS PEDAGÓGICAS PARA A
INCLUSÃO DO ALUNO SURDO NO AMBIENTE ESCOLAR
CHALLENGES AND PEDAGOGICAL RELEVANCE FOR THE INCLUSION
OF DEAF STUDENTS IN THE SCHOOL ENVIRONMENT
DESAFÍOS Y PERTINENCIA PEDAGÓGICA PARA LA INCLUSIÓN
DE ESTUDIANTES SORDOS EN EL ENTORNO ESCOLAR
FERREIRA, A. M. Desafios e relevâncias pedagógicas para... 5(1), 2021, pp.129-143.
Arnaldo Machado Ferreira1
Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Abaetetuba, Abaetetuba/PA, Brasil
RESUMO: A presente pesquisa tem como objetivo refletir criticamente sobre os pressupostos teóricos que fundamentam a
inclusão escolar do surdo nos dias atuais. Sendo assim levantou-se o seguinte questionamento: No que consiste a inclusão
escolar do aluno surdo? Quais as bases legais, teóricas e práticas que fundamentam a sua inclusão no ambiente escolar e
quais as relevâncias pedagógicas da Libras para a inclusão do surdo? Essas indagações nos proporcionaram eleger como
caminho metodológico a realização da pesquisa bibliográfica, a qual nos possibilitou enriquecer o nosso arcabouço teórico
com leituras e fichamentos. Partindo do confronto teórico, concluímos que: um dos pilares para que a efetivação da inclusão
do aluno surdo acontecesse é a motivação e a promoção do uso da Libras cada vez mais por toda a comunidade escolar
das pessoas que acreditam que direitos humanos devem ser respeitados e assegurados democraticamente, para que todos
sejam reconhecidos como ser humano de potencialidades, possibilitando a superação de barreiras, viabilizando a troca de
experiências linguísticas, culturais e educacionais em qualquer tempo ou espaço social. Considera-se, assim, a relevância
de novas pesquisas sobre a temática a fim de despertar a necessidade de maior discussão e ampliação do conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: Inclusão; Pessoa Surda; Surdez; Libras.
ABSTRACT: This research aims to critically reflect on the theoretical assumptions that support the school inclusion of the deaf
nowadays. Therefore, the following question arose: What does the school inclusion of deaf students consist of? What are the
legal, theoretical and practical bases that underlie its inclusion in the school environment and what are the pedagogical
relevance of Libras for the inclusion of the deaf? These questions allowed us to choose bibliographical research as a
methodological path, which enabled us to enrich our theoretical framework with readings and records. Starting from the
theoretical confrontation, we concluded that: one of the pillars for the effective inclusion of deaf students to happen is the
motivation and promotion of the use of Libras increasingly by the entire school community of people who believe that human
rights must be respected and democratically ensured, so that everyone is recognized as a human being with potential,
enabling the overcoming of barriers, enabling the exchange of linguistic, cultural and educational experiences at any time
or social space. Thus, the relevance of new research on the subject is considered in order to awaken the need for greater
discussion and expansion of knowledge.
KEYWORDS: Inclusión; Persona sorda; Sordera; Libras.
INTRODUÇÃO
Os caminhos que vem sendo percorrido no processo de implementação de políticas
públicas ligadas a inclusão escolar do aluno surdo tem avançado muito com relação à construção
da escola inclusiva. Num processo de ramificações conceituais e teóricas a sociedade como todo
tem se deparado com necessidade de criar mecanismos reais que possibilite ao surdo vivenciar
suas experiências humanas com qualidade social em qualquer espaço que vive. Em síntese trata-
se de uma ideia que tem como alvo principal a valorização do ser humano em todas as dimensões,
sejam elas sensoriais, cognitivas, físicas ou culturais.
Sendo assim, o presente artigo visa lançar um olhar diferenciado necessário para o atual
contexto em que se vem trabalhando o ensino nos diversos espaços educativos, principalmente na
proposta educacional de surdos, onde os valores culturais e identitários impostos pelo processo de
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globalização, apoiados em culturas de massa, ditam as práticas e comportamentos que são
mostrados como absolutos na sociedade privilegiando os ouvintes e desprivilegiando os surdos.
Particularmente, no universo escolar, as efetivas ações pedagógicas devem primar pela
intencionalidade e pela relevância de olhar o outro como um sujeito que necessita ser valorizado.
Logo, o professor ao vivenciar suas práticas inclusivas com o aluno surdo necessariamente acaba
descobrindo que seu papel é de agente mediador, articulador e propagador da demanda
inclusiva. De acordo com as necessidades da pessoa surda, cabe ao professor mediar propostas
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educativas que visem situá-los na sociedade democraticamente.
Nesse sentido a construção de políticas públicas começou a ser realizada por meio de uma
linha de pensamento que teve como eixo central a concretização de uma educação de direitos
iguais e para todos. Vinculada a amplas discussões novos desafios vinculados a inclusão do aluno
surdo passaram a delinear propostas educacionais mais acolhedoras. Embasada por essas reflexões
a elaboração deste trabalho teve como objetivo refletir criticamente sobre os pressupostos teóricos
que fundamentam a inclusão do surdo nos dias atuais.
Para fundamentar nossos estudos elegemos como questionamentos: No que consiste a
inclusão escolar do aluno surdo? Quais as bases legais, teóricas e práticas que fundamentam a sua
inclusão no ambiente escolar e quais as relevâncias pedagógicas da Libras para a inclusão do
surdo?
Como proposta metodológica foi utilizado uma pesquisa bibliográfica, a qual nos possibilitou
enriquecer o nosso arcabouço teórico com leituras e fichamentos. Durante o estudo será sempre
realizada uma constante revisão bibliográfica na busca de maiores conhecimentos sobre os
conceitos relacionados ao tema.
De acordo com Ludke e André (1986) a pesquisa bibliográfica se fundamenta numa
proposta investigativa que oportuniza o pesquisador a realizar leituras e fichamentos vinculados ao
seu objeto de estudo. O enriquecimento do arcabouço é a chave mestra que impulsiona a
construção de reflexões contínuas sobre o objeto que está sendo investigado.
Frisamos que é necessário incluirmos diálogos possíveis de reflexões acerca da inclusão
escolar do aluno surdo no meio educacional. O próprio aluno surdo deve vivenciar processos de
aprendizagens que facilite sua inserção na sociedade focada na dignidade humana. É relevante
avançar continuamente no campo teórico os debates que colocam a inclusão como eixo de
desenvolvimento social.
Ressaltamos ainda, a necessidade de apontar na escola os caminhos emergentes que
precisam ser consolidados como parte integrante da inclusão do surdo de maneira significativa
tanto para ele quanto para o professor, que requer que façamos reflexões pertinentes e contextuais,
bem como ressignificar pedagogicamente o exercício docente para que as diretrizes da educação
inclusiva realmente aconteçam como está estabelecido legalmente.
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1 CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR DO SURDO E SUAS BASES LEGAIS
A história da educação especial no que diz respeito a pessoa com deficiência é
determinada por um conjunto de forças sociais e políticas. Os documentos legais prescrevem que
a pessoa com deficiência é aquela que apresenta limitações físicas, sensoriais e intelectuais. E ao
problematizar o conceito legal de pessoa com deficiência, constamos em âmbito social e
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educativo a contradição errônea de que esses indivíduos são considerados como coitadinhos e
incapazes de assumirem um papel socialmente útil, sendo estigmatizado, segregado como
improdutivos e preteridos pelo sistema de ensino.
Ao externamos nossas concepções acerca da educação escolar muitas vezes deixamos de
observar que se trata de um processo dinâmico, contínuo e propagador de concepções e práticas
voltadas à formação humana. Entretanto, existem situações que exigem práticas educativas
contextuais e criativas, nesse caso há necessidade de a escola produzir mecanismos que facilitem
a valorização do sujeito no cotidiano do processo ensino aprendizagem.
No caso do aluno com surdez, particularmente, a base educativa tem que ser ratificada
pelas vias da educação inclusiva na perspectiva das experiências e identidades linguísticas culturais
surdas, visando assim atender as necessidades educativas. (SÁ, 2006)
Para efeitos legais “considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz,
2.000Hz e 3.000Hz.” (BRASIL, 2005). No entanto, nossa pesquisa compreende o surdo numa
perspectiva ampla de respeito às questões culturais e linguísticas e não no sentido de ausência
sensorial definindo-o como deficiente. (SÁ, 2006)
Por décadas e décadas a exclusão social e escolar demarcou espaços. Práticas
excludentes foram sendo questionadas e aos poucos com lutas e movimentos sociais elas foram
consideradas abomináveis. Com o passar dos anos as conquistas começaram acontecer não
porque houve uma consciência geral na humanidade, mas por conta da cobrança dos próprios
surdos, de seus familiares, educadores e pesquisadores que juntos ampliaram os debates e as
discussões a respeito da importância de garantir os direitos humanos como princípio de equidade
social.
Para entendermos melhor sobre a educação de pessoas surdas abordaremos uma reflexão,
tendo como referência o conceito de inclusão e exclusão enfatizando pressupostos teóricos que
ratificam o reconhecimento nas pessoas de suas potencialidades e habilidades independentes de
qualquer limitação ou diferenças linguísticas culturais. É necessário observar que a surdez tem suas
peculiaridades que devem ser analisadas caso a caso no contexto escolar.
É importante citarmos que nesse contexto a idéia de educação não era baseada numa
perspectiva inclusiva, pois se voltava a uma concepção assistencialista de sociedade emergente
pregada pela república. (MAZZOTA, 2005).
As discussões sobre a educação da pessoa surda por várias décadas permaneceram
alinhada ao campo de debates fragilizado por questões organizacionais, ou melhor, devido a
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inexistência de leis de fundamentação nacional a política de atendimento a essa pessoa não fluiu
com êxito. (SOARES, 1999)
Ressalta-se um fato importante que marca a trajetória da educação da pessoa surda no
Brasil. Na realidade o Dr. Tobias Leite argumentou que nos Estados Unidos as ações voltadas a
educação de surdos-mudos (como eram chamados na época) repercutia de forma positiva,
enquanto no Brasil as ações deixavam a desejar. Foi quando solicitou ao poder público que fosse
criado um estudo sobre a quantidade de surdos existentes no país, pois segundo suas percepções
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era de suma importância alicerçar as discussões sobre as necessidades desses indivíduos. Outros
médicos passaram a defender o reconhecimento de que o surdo deveria compor a sociedade a
partir de suas limitações, de maneira que tivessem oportunidades educativas voltadas a assimilação
dos conhecimentos sistematizados no ambiente escolar.
Com o passar dos tempos começou despontou a ideia de que o surdo tinha que ter seus
direitos garantidos. Por esse motivo, o Imperial Instituto de Surdos Mudos com o passar dos anos,
conseguiu afirma-se no campo da educação como espaço educativo voltado à formação da
pessoa com deficiência auditiva. Tanto é que esse instituto acabou ratificou sua abrangência social
no Brasil, tornando-se com o passar dos anos o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), o
qual permanece destacando na sociedade até os dias atuais.
Um marco histórico no Brasil para a comunidade surda, foi a primeira escola para pessoas
surdas, o Instituto dos Surdos-mudos, atualmente, Instituto Nacional da Educação dos Surdos-INES
criada em 1857. Mas somente para meninos, devidos as meninas serem obedientes aos seus pais.
Porém, no ano de 1878 quando ocorreu I Congresso Internacional de Surdos-Mudos, com o objetivo
de qual melhor método usar, e decidiram utilizar leitura labial e os gestos. Mas, em 1880, aconteceu
o II Congresso Mundial de Surdos-Mudos em Milão, através de uma votação optaram pelo Oralismo
(DUARTE et al, 2013).
No final do século XX a educação da pessoa surda obteve destaque com significado
abrangente. Os surdos passaram a ter uma maior visibilidade dentro de uma perspectiva ligada a
idéia de inclusão.
O contexto em questão aponta que os próprios surdos assumiram a coordenação da única
Universidade para Surdos do Mundo. Esse fato marca uma conquista valiosa pela comunidade
surda, e assim começou a ser delineado pesquisas e discussões a respeito da surdez. Neste cenário
a filosofia da Comunicação Total também começou a influenciar a organização educacional
acerca da possibilidade de contribuir com a educação de surdos.
Nessa conjuntura do século XX para até os dias atuais, novos rumos ligados a conquista de
um pensamento voltado a inclusão começaram a se firmar no Brasil. Soares (1999) destaca que foi
durante o governo do então Presidente Emílio Garrastazu Médici, a educação da pessoa com
deficiência auditiva tornou prioridade no sentido de reconhecer que era necessário investir nessa
área. Foi no decorrer do governo de Médici que foi criado o Centro Nacional de Educação Especial
–CENESP.
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Fazendo uma leitura da sociedade brasileira, a base do governo militar tinha como premissa
a reestruturação no Brasil em diversos campos, em especial no campo político, já que o governo
estava entrando em crise frente a nova demanda mundial que pregava a liberdade política dos
países subdesenvolvidos.
No contexto educacional brasileiro uma política mais efetiva pôde ser sentida com mais
evidencia quanto a afirmação de um pensamento inclusivo basicamente com a promulgação da
Constituição da República Federativa do Brasil (1988), na verdade a ideia de educação para todos
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se alinhou a partir de uma sustentação legal, sendo estabelecido que:
Art. 205 – a Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a elaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho; (BRASIL, 1988)
Diante dessa legalidade fica claro que a política educacional inclusiva no Brasil, tem como
norte os parâmetros da Constituição Federal Brasileira de 1988, lei maior do nosso país, que aponta
caminhos que abrangem a possibilidade de reconhecer as pessoas com deficiência na área da
educação como sujeito de direito, onde legalmente a inclusão escolar passa a ser trilhada por
ações educativas que tenham como referência o reconhecimento das potencialidades da pessoa
independente de suas condições físicas, cognitivas, raça ou classe social. Todavia, devemos
salientar que a educação inclusiva segue princípios que defendem a ampliação das condições de
acesso permanência e sucesso á educação para todos as pessoas, e não se restringe apenas as
pessoas com deficiência.
Observa-se que todos os fatos que ocorreram fora do Brasil, acabaram influenciando a
construção de bases acolhedoras no que se refere ao reconhecimento da pessoa surda como ser
humano de direitos, onde podemos relembrar o caminho da construção legal desses direitos, o
que resultaria em prosseguir com a lista de documentos, declarações, diretrizes e decretos sobre o
tema, porém podemos destacar: a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966); a Convenção sobre os Direitos da
Criança (1989); a Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990); a Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência (2006); o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990); a
Declaração de Salamanca (1994); ou mesmo, referir-me à Constituição Federal de 1988 e às
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n. 9.394/96 (1996). Ou ainda falar sobre a proposta de
educação inclusiva oferecida no Caderno de Educação Especial da Secretaria de Educação
Básica do Ministério da Educação (2012).
Todos essas leis, decretos e documentos primava-se por mudanças, logo a ideia de revisão
das políticas públicas criadas para atender as pessoas com deficiência no Brasil, também se tornou
alvo de discussões, e só vem afirmar que a década de 90, despontava no Brasil, com os princípios
da educação inclusiva na sociedade brasileira, tendo como princípio viabilizar políticas públicas
viessem atingir a qualidade social no espaço escolar. (LIBÂNEO, 2001)
Diante dessa afirmação social e educacional quanto a inclusão da pessoa com deficiência
é relevante citarmos que: “[...] ele deve ser inserido de fato, para que possa ter sua cidadania
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respeitada (Declaração de Salamanca, 1990, p.2). Baseado nessa perspectiva inclusiva, afirma-se
que a educação da pessoa surda ganhou repercussão social e educacional numa linha voltada a
política de inclusão, pautada nos princípios linguísticos e culturais.
Numa visão postulada de garantias legais à educação da pessoa surda historicamente foi
trilhada sob o foco de desafios constantes, tanto é que nos dias atuais prima-se por uma trajetória
de afirmação da política de inclusão escolar e social.
A partir, portanto de uma perspectiva de atingir o grau de excelência social, a educação
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da pessoa surda tem caminhados sob o horizonte de grandes mudanças no campo social, político,
econômico e cultural.
Diante dessa abordagem é de extrema relevância tecermos reflexões sobre as entrelinhas
que emergem a inclusão da pessoa surda no Brasil. Óbvio que é relevante consideramos que a
publicação de bases teóricas tem possibilitado o surgimento de revisões das práticas inclusivas em
muitos espaços escolares e sociais. As diretrizes legais que atualmente norteiam a valorização do
ser humano que se apresenta com surdez no contexto brasileiro pautam-se pela construção da
escola inclusiva, cujas dimensões devem ocupar também a possibilidade de avaliar posturas e
ressignificações pedagógicas relevantes para a concretização da inclusão escolar nos dias atuais.
Desse modo, a política da inclusão escolar vem se afirmando numa proposta de equidade
educacional, que partem de ações que visam subsidiar uma educação igualitária e qualitativa.
Num quadro teórico e legal, percebe-se que a inclusão vem se fortalecendo enquanto base
social a ser delineada em condições que permitem incluir o sujeito surdo dentro da estrutura
educacional que constitui nossa sociedade.
Em prol do compromisso com a “educação para todos”, a garantia de políticas
educacionais voltadas à organização escolar voltada a ratificação das bases da inclusão
impulsionaram a abertura social em termos de discussões, ou melhor, os direitos humanos passaram
a ser vistos como fonte igualdade, cujas oportunidades devem ser ajustada num patamar
equilibrado, haja já vista que se trata de um princípio elementares para a construção de uma
sociedade justa e igualitária.
A criação de uma lei especifica para atender as peculiaridades da pessoa surda surgiu
também como eixo de referência no ajustamento das bases educacional reguladas pelo
pensamento inclusivo. A educação inclusiva, no Brasil tem como referência a Lei 9.394/96
regulamenta a educação como todo.
Mantoan (2005) destaca que a inclusão tem base a ótica de que a criança a ser
matriculada no ensino regular deve ser enxergada a partir de sua identidade particular, ou melhor,
na ótica da sua singularidade, reconhecendo a existência das mais variadas diferenças que cada
uma possui. Nesse caso a inclusão do surdo tem como princípios processos de reflexão e análise
acerca dos caminhos legais que devem ser ratificados para que todos tenham num mesmo
patamar e oportunidades escolares. “Todas as escolas deveriam acomodar as crianças,
independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas e outras”.
(Declaração de Salamanca 1994).
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Diante dessa demanda significativa, a inclusão escolar tem como diretriz uma política
institucionalizada que traçam leis internacionais e brasileiras reconhecendo como fonte de
argumentação para se lutar contra práticas excludentes. No campo legal a atual LDB n° 9.394/96,
apresenta diretrizes que interferem no cotidiano da escola, enquanto espaço diferenciado não só
por aspectos pedagógicos, mas sociais e individuais. De certo modo a inclusão, prima pela criação
de demandas que reconheçam as diferenças pessoais dos sujeitos num patamar de igualdade de
direitos.
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Enquanto direito legal já antecipado na Declaração de Salamanca (1994) aos deficientes
auditivos, surgem como pressuposto inclusivo em larga escala. Nessa declaração o ensino da língua
natural, foi citado, dado que esse documento deixa em evidência que é necessário oportunizar a
pessoa com surdez comunicar-se a partir do uso da LIBRAS que é a sua língua natural.
A regulamentação do uso da Libras como língua também nacional, obteve sua legalidade
sancionada por meio do decreto Lei nº 10.436/2002. A lei em questão tornou-se diretriz fundamental
para que a viabilização dos mecanismos inclusivos à pessoa surda se tornasse realidade e ainda
fluísse com mais propriedade na escola, haja vista que os meios de comunicação social
historicamente foram trilhados pelo aprendizado da língua oral e escrita. Na verdade, o uso da
Libras tem como tônica a inclusão escolar efetivamente democrática, pois os professores, em
especial tem que buscar meios para adquirir também não só o domínio de uma língua, mas de
duas línguas; o Português e agora a língua de sinais, com vistas a ratificar no contexto da sala de
aula um processo ensino aprendizagem alicerçado numa educação integral para todos com
igualdade de oportunidades.
A pessoa surda tem no uso da língua de sinais direitos garantidos dentro de dimensões que
vão além da sua realidade familiar. Além do mais, conforme a Lei nº 10.436/2002 é relevante que a
inserção pedagógica na escola prime por metodologias que auxiliem o desenvolvimento cognitivo,
afetivo, psicossocial e cultural linguístico do aluno com surdez, voltando-se assim para suas
identidades legítimas.
Desse modo, subtendemos que o processo ensino aprendizagem voltado ao surdo tem na
garantia de direitos legais a base da política da inclusão escolar no Brasil. Portanto, há relevância
de se aprimorar cada vez mais os direitos humanos como eixo norteador de práticas inclusivas no
espaço escolar, com vistas a garantia de escola para todos a partir democratização do ensino
público com qualidade social e econômica.
2. A INCLUSÃO DO ALUNO SURDO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA LIBRAS
A inclusão do aluno surdo tem suas particularidades que podem ser analisadas por vários
contextos, dentre eles citamos o uso da Libras na escola como recurso pedagógico necessário para
que se efetive um dinâmico processo de aprendizagem desses sujeitos. A inclusão pode se tornar a
chave de uma proposta abrangente e substancial para que ocorra a equalização social na vida
do surdo. Frisamos a relevância educacional da Libras como uma língua natural que apresenta
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características que lhe atribui caráter especifico e as distingue dos demais sistemas de
comunicação (QUADROS, 2004), que adquiriu ao longo de muitas décadas no Brasil um percurso
político criativo e dinâmico com vistas a promoção de um avanço no processo de inclusão da
pessoa surda na sociedade em geral.
Baseada nessas reflexões, traçamos discussões sobre a inclusão do aluno surdo, tendo como
parâmetros de debates os desafios e as perspectivas que sobressaem no universo da construção
da escola inclusiva a partir dos fundamentos que colocam a Libras como mediadora de práticas
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inclusivas na escola. “A língua de sinais são, portanto, consideradas pela linguística como línguas
naturais ou como sistema linguístico legítimo e não como um problema do surdo ou como uma
patologia da linguagem” (QUADROS, p. 30, 2004). Ela pode ser mediada a partir da prática
pedagógica afirmada na concepção de que o surdo tem sua própria identidade e que a sua
língua atende todos os critérios de uma língua genuína e que está a frente do processo ensino
aprendizagem o qual possui uma função social relevante nos dias atuais no Brasil.
2.1 A LIBRAS e sua Relevância Pedagógica no Processo de Inclusão do Surdo
Diante da necessidade de abrir espaços para que o surdo venha se comunicar socialmente,
a Língua Brasileira de Sinais é oficialmente reconhecida como a segunda língua brasileira. Por meio
da Lei 10.436 de 24 de abril de 2002 os surdos passaram a obter meios oficiais de afirmarem suas
identidades culturais e individuais dentro de um universo dinâmico e diferenciado. Soares (1999)
considera-se que a língua de sinais é uma língua de modalidade gestual-visual (ou espaço-visual),
pois a informação linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos. Sustentando nesses
conceitos, compreendemos que o surdo tem todas as condições de conviver harmonicamente
usando sua própria forma de comunicação que não seja a fala, língua oral.
É importante, então que a inclusão do surdo seja concebida como algo a ser propagado a
partir da prática do bilinguismo, haja vista que o surdo pode utilizar a Língua Portuguesa e a Libras
para se comunicar de forma democrática, até porque de acordo com o “Art. 1º da Lei nº
10.436/2002, a Libras “é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua
Brasileira de Sinais-Libras e outros recursos de expressão a ela associada.” (BRASIL, 2002), onde cabe
ao surdo vivenciar a troca de experiências sociais e culturais tanto com a comunidade surda
quanto com a comunidade de ouvintes.
A Libras possui códigos comunicativos representados por sinais identificados por meio de
gestos e expressões, logo ela é uma ação humana usada para ser visualizada por meio da visão.
“As línguas de sinais, conforme um considerável número de pesquisa, contêm os mesmos
princípios subjacentes de construção que as línguas orais, no sentido de que têm um léxico, isto
é, um conjunto de símbolos convencionais, e uma gramática, isto é, um sistema de regras que
regem o uso desses símbolos”. (QUADROS, p. 48, 2004)
Os sinais que são exercitados através da configuração das mãos, locação e movimento,
além das expressões faciais e partes do corpo se transformam em comunicação como se fossem
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elos indissociáveis, haja vista que a função social que eles possuem exige aprendizado tanto para
o surdo quanto para o ouvinte. O surdo como um ser de identidade, como sujeito social, histórico e
cultural tem a capacidade de agir, interferir e mudar sua própria condição de vida basta que a ele
seja dada a oportunidade de aprender e apreender o mundo a partir de sua língua natural, a língua
de sinais.
Os surdos convivem socialmente a partir de uma interação linguística pautada no
bilinguismo. Por isso a Libras é um mecanismo de comunicação que a escola pode utilizar como
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recurso de combate à exclusão do surdo nesse espaço. A surdez não deve ser vista como um
problema de difícil solução, mas ela deve ser enxergada dentro de sua especificidade ligadas a
questões de competência comunicativa que carregam uma série de habilidades linguísticas que
precisam ser desenvolvidas no surdo. Assim, o uso da Libras com vistas a viabilização da educação
de surdos com olhares voltados a ratificação da inclusão escolar necessita ser alinhada como um
conhecimento emergente a ser propagado entre os professores, alunos surdos e ouvintes.
O conhecimento sobre a importância da língua de sinais na vida do surdo deve ser extenso,
visando ganhar fundamento frente aos desafios que são postos tanto para o surdo quanto para os
seus familiares e educadores. A aquisição de conhecimentos relacionados a Libras exige
intencionalidade no caso da escola, por exemplo, os professores devem ter noção da importância
que ela tem para a promoção da inclusão escolar do surdo. Compreender e mediar a prática da
língua de sinais na sala de aula pode ser uma forma de ampliação do processo de afirmação social
do surdo na instituição escolar.
Diante desse universo, a relevância educacional da Libras fica evidente, e a ampliação das
discussões sobre a sua prática como caminho inclusivo na vida da pessoa surda, pode acontecer
pelas vias da acessibilidade pedagógica, familiar e socialmente ampliada. A partir do
conhecimento da língua de sinais os surdos tem a chance de realizar comunicações culturais,
políticas, econômicas, educacionais e pessoais dentro ou fora da escola, que são chamadas de
competências comunicativas. Garantir que a educação de surdos na escola, seja consolidada por
meio do uso da Libras, a qual deve ser mediada por um interprete, e focada na execução de ações
voltadas a ratificação da inclusão do surdo é um caso a ser proclamado continuamente.
Ainda chamamos atenção para o decreto nº 5.626, de 22 de dezembro DE 2005, que
regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -
Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, diz que:
Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação
de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de
Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e
dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (BRASIL, 2005)
Assim, reafirmamos a mediação da Libras como parte integrante do processo de formação
escolar da pessoa surda. Somando a isso a língua de sinais atualmente apresenta mecanismos
valorativos, até por que seu uso na sala de aula tem possibilitado ao surdo conviver com mais
dignidade social e pessoal, tendo como parâmetros suas particularidades comunicativas.
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É válido frisarmos que qualquer aluno que apresenta particularidades identitárias, culturais e
linguísticas e deve ser tratado com respeito e aceitação num patamar de excelência, entretanto
no caso de o aluno surdo conviver com dignidade social e obter condições de acesso,
permanência e sucesso na escola tem alguns impasses, os quais muitas vezes os excluem de
qualquer benefício que a escola pode fornecer. Quando se trata de surdos ou pessoas que estão
fora do sistema estrutural de ensino a luta é árdua e difícil, sendo assim, é de extrema importância
divulgar, motivar e promover o suo da Libras como um recurso pedagógico valioso no processo de
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afirmação da inclusão do surdo na escola atualmente.
A Língua de Sinais tornou-se um recurso fundamental para que o surdo tenha liberdade de
comunicar-se com as pessoas, haja vista que:
A língua de sinais é certamente o principal meio de comunicação entre as pessoas com surdez.
Contudo o uso da Língua de Sinais nas escolas comuns e especiais por si só resolveria o
problema da educação escolar das pessoas com surdez? (DAMAZIO, 2007, p. 20)
Cabe dizermos, então que a Libras situa-se no campo da mediação a ser exercitada no
meio educacional numa perspectiva de ratificar a inclusão do surdo em qualquer espaço que ele
venha conviver. No caso da escola, um dos profissionais que tem tarefas a cumprir numa proposta
inclusiva é o professor. Na verdade, ele deve trabalhar a favor da inclusão do surdo, como uma
ponte desafiadora de aprendizagem, haja vista que sendo um propagador de culturas na escola
durante a execução do processo ensino aprendizagem sua responsabilidade é muito extensa.
A escola e seus profissionais ao se verem envolvidos em discussões, necessitam compreender
que as ações a favor da inclusão do surdo fazem parte da luta pelos direitos humanos. O uso da
Libras como elo de conquista social para os surdos ganha contornos de igualdade e de
oportunidade num nível de consciência que necessita ser publicada e expandida por muitas vozes,
vozes que lutam a favor da inclusão dos surdos. Para Mantoan (2005) os desafios e as perspectivas
atualmente emergem num patamar de equivalência quando se trata de inclusão.
Sem sombra de dúvida, estabelecer a relação entre a inclusão escolar e o surdo requer
adquirir saberes e competências que a língua de sinais tem. Ela assume uma das perspectivas mais
significativas que surgiu na vida da pessoa surda nos últimos tempos. Os desafios passam pela
dificuldade de ter acesso ao seu aprendizado. Diante desse desafio é importante saber que o
bilingüismo na visão de Skilar (1996) trouxe uma visão educacional no âmbito escolar brasileiro
amplamente instigador e relevante para que a inclusão seja ratificada como uma proposta
democrática de reconhecimento da identidade surda.
De modo geral o contexto social e educacional apresenta alguns aspectos que nos levam
a pensar que a inclusão do surdo tem fragilidades que dificultam a equalização social. Porém é
possível verificar que a comunidade surda tem interesse em propagar cada vez mais a proposta do
bilinguismo, que para efeitos de esclarecimentos o bilinguismo é uma proposta educacional
perpassa a competência de se comunicar em duas línguas situações reais.
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Haja vista que os processos inclusivos ocorrem pela expansão da liberdade e autonomia de
exercitar a cidadania de forma digna e igualitária, vale frisar que o surdo é um ser de direito que
precisa ser visto como um sujeito que tem sua identidade social vinculada a cidadania brasileira.
Sendo assim, o uso da língua de sinais na sala de aula, particularmente, possibilita a
ampliação de oportunidades individuais e coletivas às pessoas surdas e ouvintes, logo, a proposta
bilíngue tende a desenvolver provisões sobre o valor da inclusão como eixo de desenvolvimento
social e identitário. Tal premissa indica que não é só a pessoa surda que adquire o desenvolvimento
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necessário a sua inserção na sociedade, mas o professor e aluno ouvinte também são sujeitos de
aprendizagens que precisam estar conectados com os diferentes meios de comunicação na
sociedade.
De certa forma, valorizar a comunicação com os surdos a partir do uso da Libras envolve
perspectivas e desafios ligados a aquisição de conhecimentos distintos. Um dos conhecimentos
refere-se a origem da surdez no que diz respeito às experiências e identidades linguísticas culturais
que o surdo possui. Nossas leituras reafirmam que a estimulação do uso da Libras como veículo de
afirmação da identidade do surdo na sociedade deve acontecer pelas vias da acessibilidade
comunicativa. Sendo assim, segundo Skilar (1996) é de extrema importância oportunizar a pessoa
surda o convívio com a prática da língua de sinais.
A Libras é veiculo inclusivo na vida do surdo, razão essa que nos leva a verificar que o
dinâmico processo educacional não deve parar, mas sim, mover-se em função de ratificar a ideia
de inclusão social com igualdade de oportunidades para todos. A língua de sinais contribui com a
vida do surdo na sociedade, pois o coloca em prontidão quando se trata de valorizar a sua cultura
comunicativa.
Elevar a qualidade de vida da pessoa surda requer que venhamos a lutar por abertura de
espaços na sociedade, nas instituições educativas e nos diferentes âmbitos sociais, há necessidade
de afirmamos vivências pedagógicas envolvendo alunos ouvintes ou não, e professores alinhados
à práticas inclusivas traçadas a favor da valorização humana.
Ribeiro (2003) revela que os meios e as formas de educação escolar voltados a afirmação
das diretrizes precisam ser conectadas com o propósito de promover o processo de inclusão de
forma igualitária. Sendo assim, fomentar a política inclusiva prevista em lei de forma efetiva deve
ser encaminhado com vistas a alcançar um percurso definido tanto pelo foco legal quanto pelos
interesses das pessoas deficientes. Num patamar de equidade social podemos visualizar a Libras
tendo seu valor afirmado no campo das políticas públicas no meio educacional brasileiro.
Nesse sentido o seu reconhecimento precisa nascer e se afirmar a partir de sua prática na
escola, na igreja, na feira, enfim, nos diferentes espaços de convivência que surdo esteja presente.
Nesse sentido, promover a competência comunicativa no espaço escolar sugere apontar
caminhos de valorização humana, cuja base é estender cada vez mais a prática do respeito e da
valorização da identidade cultural do surdo. Sem sombra de dúvida, atualmente quando se fala
da escola conseguimos enxergar algumas perspectivas mais abrangentes e menos excludentes
relacionados a convivência do surdo.
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No caso do surdo, a Libras deve fazer parte da dinâmica do professor de apoio, dado que
o significado a formação escolar que o surdo necessita exercitar tem que fluir dinamicamente
alinhado as bases inclusivas prevista inclusive na Declaração de Salamanca (1994).
A relevância educacional que circunda o uso da Libras atualmente nos leva a pensar que:
Seria impossível discorrer sobre a importância da língua de sinais o mais precocemente possível
na vida do sujeito surdo sem enfocar a importância da família neste percurso, por ser esta a
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primeira instituição de socialização a que a pessoa está exposta, logo, o primeiro veículo em
que ocorrerá a comunicação. (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2009, p. 2).
No âmbito familiar a prática da Libras passa a ser um mecanismo de socialização do surdo
no meio em que ele vive, entretanto, existem muitas barreiras que os próprios familiares vivenciam
quando se trata da competência comunicativa, apoio e estímulos aos surdos. Uma das barreiras é
a falta de orientação sobre os caminhos que devem ser percorridos para atender a necessidade
pessoal e social do surdo. Mas a família não pode perder a oportunidade de aprender a comunicar
com surdo a partir da valorização da sua cultura linguística. É relevante proporcionar ao surdo a
convivência social e escolar pelo uso da Libras como mecanismo comunicativo inclusivo.
A Língua de Sinais, portanto precisa ser mediada na forma de aprendizagem linguística com
os surdos, visando oportunizá-los a conviverem com mais dignidade no meio que estão inseridos.
Embasada nessa premissa, é válido destacar que a educação escolar é base de desenvolvimento
humano, ou melhor, no caso do surdo e do ouvinte adquirir a língua de sinais como veiculo de
comunicação dá uma abertura muito grande no campo da inclusão nos dias atuais. A Libras é um
caminho de extenso aprendizado, logo, deve ser dado a devida relevância no seu uso a favor da
valorização humana e equidade educacional.
Atualmente a Língua de Sinais ganhou destaque na sociedade, sendo assim, compreende-
se que a escola, deve assumir a postura mediadora no processo ensino aprendizagem com alunos
surdos, envolvendo-lhes num aprendizado como forma de afirmar seus direitos de cidadão. Usar a
Libras como mecanismo comunicativo exige momentos de aprendizagens diferenciados exige
também que a função social da escola seja definida como eixo que movimenta a igualdade de
oportunidade para todos numa mesma linha de equivalência, e subsidiando a valorização da
Língua de Sinais consubstanciado no acesso, na permanência e no sucesso escolar do aluno surdo.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente quando falamos sobre inclusão, o campo de debates é vasto e cheio de
indagações. Portanto a inclusão do surdo tem relevância tanto educacional quanto identitárias,
política, cultural, social e pessoal, pois é extremamente importante expandir propostas inclusivas
que respeitem o sujeito como um ser de peculiaridades. Para fundamentar nossos estudos
levantamos questionamentos investigativos relacionados a definição de inclusão, as bases legais e
práticas que envolve a inclusão do surdo e a relevância dos saberes pedagógicos relacionados a
Libras, objetivando ampliar os pressupostos teóricos necessários à reflexão dos profissionais.
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Há relevância em estimular o uso da Libras nos meios social e na escola, haja vista que o
surdo precisa perceber que é possível comunicar-se e adquirir habilidades formativas e
comunicativas para sua vida. Trata-se de uma forma significativa de motivar e promover o processo
comunicativo e inclusivo do surdo ao exercer sua cidadania através das experiências linguísticas
culturais.
Diante das reflexões concluímos que a inclusão do surdo no ambiente escolar é algo
desafiador, para tanto deve ser assumido cada vez mais por toda a comunidade escolar que
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acredita que direitos humanos devam ser respeitados e assegurados democraticamente num
patamar de igualdade e equidade social. Reconhecendo e valorizando a todos no sistema
escolar, sem exceção. Logo, para que o surdo alcance a autonomia e a cidadania, necessita ser
reconhecido como pessoa com experiências e identidades culturais e linguísticas diferentes, que
incita suas potencialidades.
Mantoan (2005) ao se manifestar sobre o aspecto inclusivo diz que incluir significa acolher,
aceitar e promover o acesso das pessoas excluídas no meio que vivem. Sendo assim, a inclusão do
surdo tem desafios a serem superados por conta das expectativas que postulam a relevância de
reconhecer o ser humano a partir de sua identidade social, pessoal, cultural e educacional.
Efetivamente, não devemos desconsiderar que incluir significa possibilitar a superação de
barreiras, viabilizando a troca de experiências culturais, identitárias, políticas e educacionais em
qualquer tempo ou espaço social que o surdo esteja envolvido. A proposta inclusiva para o surdo
deve ser mecanismos de promoção social, pois há necessidade de estimular e incentivar os surdos
a vivenciarem o seu desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicossocial em qualquer espaço social
que esteja inserido.
E referendada pelas análises bibliográficas dessa pesquisa acreditamos que a motivação e
promoção do uso da Libras passa a ser um mecanismo de comunicação social, pois possibilita fluir
tanto a valorização da identidade do surdo em âmbito social quanto contribui com o processo de
ensino-aprendizagem escolar, bem como sua competência comunicativa. A educação como
processo de igualdade de oportunidade para todos transita ainda por caminhos fragilizados,
entretanto as bases legais já são referências para que propostas educacionais sejam alinhadas a
favor do acolhimento social, pessoal e até mesmo cultural de qualquer pessoa que esteja num
campo excludente.
Desse modo, naquilo que nos propomos discutir envolvendo a temática do trabalho foi
solidificado na medida em que desenvolvemos reflexões sobre a relevância de pesquisas que
despertem a necessidade de maior discussão e ampliação do conhecimento.
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ARNALDO MACHADO FERREIRA
https://orcid.org/0000-0002-3135-1394
Mestre em Educação pela Universidade Federal da Grande
Dourados. Graduado em Letras/Libras pela Universidade Federal do
Pará.
E-mail: [email protected]
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