Você é do tamanho do seu son ho!
Estela Alves Dias
Arcadismo ou Neoclassicismo do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de ouro
no fundo da bateia.
É característica do Arcadismo, observada no poema, a
1. PUCCAMP - Para responder as próximas duas Ⓐ opção pela linguagem rebuscada como
questões, considere o texto abaixo: ▶Ⓑ apresentação da mulher amada como vocativo.
Finalmente, a bandeira. Tiradentes propôs que fosse Ⓒ escolha pela Arcádia como cenário.
adotado o triângulo representando a Santíssima Ⓓ indecisão do pastor como eu lírico.
Trindade, com alusão às cinco chagas de Cristo
crucificado, presente nas armas portuguesas. Já
B. O uso do vocativo "Marília" serve para apresentar a
Alvarenga propôs a imagem de um índio quebrando os
mulher amada a quem se dirige o eu lírico. Essa
grilhões do colonialismo, com a inscrição "Libertas
característica ser observada nos poemas árcades.
quae sera tamen" (Liberdade, ainda que tardia), do
poeta latino Virgílio, e que foi adotada e consagrada.
(MOTA, Carlos Guilherme e LOPEZ, Adriana. História do 3. UPE - Sobre a produção do Arcadismo no Brasil,
Brasil: uma interpretação. São Paulo, Ed. 34, 2015, 4. ed. analise as afirmativas a seguir e coloque V nas
p. 261) verdadeiras e F nas falsas.
[V] Tomás Antônio Gonzaga é considerado, ao lado de
A referência ao poeta latino Virgílio faz lembrar que Cláudio Manuel da Costa, ícone da Literatura Árcade.
Ⓐ entre os nossos poetas românticos, os ideais clássicos Contudo, os dois iniciaram suas produções poéticas de
modo diverso: o primeiro como poeta árcade e o segundo
ganharam novo alento.
ainda dentro dos preceitos do Barroco.
▶Ⓑ nossos árcades e inconfidentes mostraram-se
[V] Tomás Antônio Gonzaga tem a obra poética
sensíveis aos valores da poesia clássica.
pertencente a duas fases: a primeira é árcade, e a
Ⓒ Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga
segunda tem traços românticos. Além disso, foi poeta
opuseram-se aos artifícios clássicos.
satírico em As Cartas Chilenas, e lírico, em Marília de
Ⓓ as lutas nacionalistas do século XIX deveram muito aos
Dirceu.
pensadores do Classicismo.
[F] Como poeta árcade, o autor de As Cartas Chilenas
Ⓔ a religiosidade medieval incorporou-se às lutas utiliza o pseudônimo de Dirceu, que nutre amor pela
libertárias do século XVIII. musa Marília. Envolvido com o movimento dos
inconfidentes, é degredado para a África, apenas
B. regressando ao Brasil no final da vida.
O Arcadismo, ou Neoclassicismo, é a retomada de valores [F] O autor de Liras de Dirceu revela sentimentalismo e
clássicos greco-romanos; é esperado, portanto, que se emotividade em seus poemas, apontando, assim, para o
recorra à poesia clássica, a exemplo de Virgílio, para pré-romantismo, que antecede o Arcadismo.
escrever a bandeira representativa do movimento [V] Tendo Tomás Antônio Gonzaga sido preso como
inconfidente. inconfidente, continuou a escrever poemas mais
emotivos e pessimistas, passando a falar de si mesmo e
2. CFTMG – Leia o excerto de Marília de Dirceu: lastimando sua condição de prisioneiro. A poesia que
Tu verás, Marilia, cem cativos produz nesse período é a que mais contém características
tirarem o cascalho e a rica terra, do Romantismo.
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada Serra. Assinale a alternativa que contém a sequência
CORRETA.
Não verás separar ao hábil
ⒶF-F-V-V-V
Você é único quando pensa diferente. Pág. 1
ⒷF-V-F-V-F III. A cena poética acompanha em gradação o entardecer,
ⒸV-F-V-V-F num cenário povoado por elementos tradicionais da
ⒹV-F-V-F-V estética neoclássica.
▶Ⓔ V - V - F - F - V IV. O poema marca a tensão entre campo e cidade,
criticando o modo de vida nos centros urbanos.
E. Estão corretas apenas as afirmativas
I. Verdadeiro. Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel Ⓐ I e II. ▶Ⓑ I e III. Ⓒ II e IV. Ⓓ III e IV.
da Costa são os grandes nomes do Arcadismo brasileiro.
A critica literária indica que, no início das atividades como B. II. Incorreta: não observamos liberdade formal no
poetas, o primeiro já inovava com o estilo árcade, mas o Madrigal XLIII, pelo contrário, vemos uma grande
segundo ainda apresentava resquícios do conflito preocupação em adequar-se aos padrões de ritmo e rima,
Barroco. por exemplo.
II. Verdadeiro. A produção de Tomás Antônio Gonzaga é IV. Incorreta: no poema, não vemos nenhuma alusão à
bastante marcada pela própria biografia do poeta. Em cidade, assim, não está colocada essa tensão.
Marília de Dirceu, sua primeira parte é árcade; já a
segunda, marcada pela prisão do autor, apresenta traços 5. (UNIFESP) O lema do carpe diem sintetiza
românticos, como a subjetividade e a presença da Morte. expressivamente o motivo de se aproveitar o presente,
Cartas Chilenas, por sua vez, é a obra satírica em que o já que o futuro é incerto. Tal
contexto da Inconfidência Mineira foi exposto. lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes
III. Falso. Dirceu é o pseudônimo empregado na obra lírica versos de Tomás Antônio Gonzaga:
Marilia de Dirceu, não em Cartas Chilenas; nesta obra, Ⓐ Ah! socorre, Amor, socorre
optou por Critilo. Além disso, o poeta faleceu no exilio. Ao mais grato empenho meu!
IV. Falso. Tomás António Gonzaga realmente demonstra Voa sobre os Astros, voa,
características pré-românticas, porém apenas na segunda Traze-me as tintas do Céu.
parte de Marília de Dirceu.
V. Verdadeiro. Marília de Dirceu está dividida em duas Ⓑ Depois que represento
partes: a primeira parte é árcade; já a segunda, marcada Por largo espaço a imagem de um defunto,
pela prisão do inconfidente, apresenta traços românticos, Movo os membros, suspiro,
como a subjetividade e a presença da Morte. E onde estou pergunto.
4. CFTMG - Madrigal XLIII ▶Ⓒ Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Suspiros já cansados, Não voltam contra nós a face irada,
Repousai por um pouco entre estas flores: Façamos, sim, façamos, doce amada,
Glaura virá e os cândidos Amores Os nossos breves dias mais ditosos.
A gozar a beleza destes prados.
Cai a sombra dos montes elevados: Ⓓ É bom, minha Marília, é bom ser dono
Abranda o loiro Sol os seus ardores: De um rebanho, que cubra monte e prado;
A flauta dos Pastores Porém, gentil pastora, o teu agrado
Respira alegre em ecos alternados. Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.
Suspiros já cansados
Co’as minhas tristes dores, Ⓔ Se algum dia me vires desta sorte,
Repousai por um pouco entre as flores. Vê que assim me não pôs a mão dos anos:
ALVARENGA, Manuel I. S. Glaura: poemas eróticos. São Os trabalhos, Marília, os sentimentos
Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 287. Fazem os mesmos danos.
Sobre o poema, afirma-se: C. A estrofe transcrita em c manifesta a atitude clássica
I. O texto recupera o locus amoenus, tópos do ambiente do carpe diem, expressão de hedonista (voltada para o
aprazível para o interlúdio amoroso. gozo dos prazeres), em que o eu lírico propõe a Marília a
II. A forma composicional do gênero madrigal rompe com fruição imediata dos prazeres da Vida, antes que uma
os paradigmas árcades, imprimindo liberdade formal à fatalidade futura não lhes venha perturbar a felicidade.
construção poética.
Você é único quando pensa diferente. Pág. 2
Ⓔ antes mesmo dos sentimentos nativistas, ideais
nacionalistas moviam os inconfidentes mineiros.
6. PUCCAMP - Para responder as próximas três
questões, considere o texto de Afrânio Coutinho. C.
Também no Brasil o século XVIII é momento da maior A referência ao contexto da Inconfidência Mineira indica
importância, fase de transição e preparação para a que os escritores árcades, inspirados pelo movimento de
Independência. Demarcada, povoada, defendida, Independência das Treze Colônias, passaram a se
dilatada a terra, o século vai lhe dar prosperidade preocupar com questões que valorizavam a cultura local
econômica, organização política e administrativa, em detrimento à externa; é exatamente o que indica o
ambiente para a vida cultural, terreno fecundo para a trecho destacado, recorrendo à imagem de grilhões e ao
semente da liberdade. (...) A literatura produzida nos significado de "colonialismo".
fins do século XVIII reflete, de modo geral, esse
espírito, podendo-se apontar a obra de Tomás Antônio 8. Considera-se um aspecto importante da poesia
Gonzaga como a sua expressão máxima. arcádica e neoclássica de Tomás Antônio Gonzaga no
seguinte segmento crítico:
Manifestações socioculturais do período de que trata o
Ⓐ na Lira dos vinte anos, combinam-se magistralmente
texto assumem grande importância para o crítico
as tendências lírica e satírica do poeta.
Afrânio Coutinho na medida em que
Ⓑ sua arte religiosa exalta a intuição anímica,
Ⓐ representaram a libertação de nossa literatura dos
identificada como uma visão dos olhos da alma.
vínculos estéticos com a tradição europeia.
Ⓒ seus poemas mais característicos devem ser elencados
Ⓑ deram voz a correntes superiores de pensamento,
entre os da mais alta expressão dos ideais românticos.
ligadas ao movimento da Contrarreforma.
▶Ⓓ persiste nos versos de Marília de Dirceu um ânimo
▶Ⓒ exprimiram um sentimento nativista que iria
sossegado, o equilíbrio iluminista de uma felicidade
desembocar num nacionalismo libertário.
caseira.
Ⓓ documentaram o primeiro estágio do complexo
Ⓔ seus versos sofridos evocam o remorso do monge
processo de colonização do Brasil.
devorado pelos mais abjetos impulsos carnais.
Ⓔ reagiram contra a derrocada do império português,
que não interessava ao país naquele momento.
D.
Tomás Antônio Gonzaga é o autor da obra Marília de
C.
Dirceu, citada em d. Trata-se de um poema narrativo
A opção b sintetiza a opinião de Afrânio Coutinho sobre a
dividido em três partes. A primeira, com 33 "liras",
produção literária brasileira do século XVIII, momento
apresenta características marcadamente árcades. Na voz
histórico em que o mais importante centro literário se
de um simples campesino em diálogo com sua pastora, o
estabelece na região de Minas Gerais. Nesse período,
eu lírico expressa a satisfação do amante que valoriza o
formam-se academias literárias que reúnem escritores
momento presente, manifesta o desejo de uma vida
contrários à retórica e aos excessos do Barroco e
simples, casado e com filhos, em perfeita harmonia com
defendem o retorno da poesia aos padrões clássicos da
a natureza amena.
Antiguidade e do Renascimento, como é o caso da obra
de Tomás Antônio Gonzaga.
9. ITA - O texto abaixo é uma das liras que integram
Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga.
7. A proposta formulada por Alvarenga, de se colocar na
1. Em uma frondosa
nova bandeira a imagem de um índio quebrando os
Roseira se abria
grilhões do colonialismo ajuda a entender que
Um negro botão!
Ⓐ os românticos da última geração foram os mais Marília adorada
ingênuos defensores do indianismo. O pé lhe torcia
Ⓑ antes dos poetas árcades, artistas do barroco já Com a branca mão.
propugnavam por ideais nativistas.
▶Ⓒ os escritores ilustrados, ainda no século XVIII, já se 2. Nas folhas viçosas
mostravam sensíveis aos valores nativistas. A abelha enraivada
Ⓓ os inconfidentes alinhavam-se aos abolicionistas em O corpo escondeu.
duas frentes de libertação popular. Tocou-lhe Marília,
Na mão descuidada
Você é único quando pensa diferente. Pág. 3
A fera mordeu. alegorizante; além disso, a censura mencionada é o tema
da estrofe apresentada.
3. Apenas lhe morde, III. Correta. Uma vez que o Amor é personificado, suas
Marília, gritando, palavras são a reclamação do sujeito lírico sobre a falta
Co dedo fugiu. de atenção de Marilia a ele.
Amor, que no bosque IV. Correta. O sujeito afirma, usando o Amor para tanto,
Estava brincando, que Marilia o fere e sente piedade por ele.
Aos ais acudiu.
(UNESP) Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da
4. Mal viu a rotura, Costa, para responder as próximas três questões.
E o sangue espargido, Onde estou? Este sítio desconheço:
Que a Deusa mostrou, Quem fez tão diferente aquele prado?
Risonho beijando Tudo outra natureza tem tomado,
O dedo ofendido, E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Assim lhe falou:
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
5. Se tu por tão pouco De estar a ela um dia reclinado;
O pranto desatas, Ali em vale um monte está mudado:
Ah! dá-me atenção: Quanto pode dos anos o progresso!
E como daquele,
Que feres e matas, Árvores aqui vi tão florescentes,
Não tens compaixão? Que faziam perpétua a primavera:
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu & Cartas Nem troncos vejo agora decadentes.
Chilenas. 10. ed. São Paulo: Ática, 2011.)
Eu me engano: a região esta não era;
Neste poema, Mas que venho a estranhar, se estão presentes
I. há o relato de um episódio vivido por Marília: após ser Meus males, com que tudo degenera!
ferida por uma abelha, ela é socorrida pelo Amor.
II. o Amor é personificado em uma deidade que dirige a 10. O tom predominante no soneto é de
Marília uma pequena censura amorosa. Ⓐ ingenuidade. Ⓑ apatia.
III. a censura que o Amor faz a Marília é um artificio por ▶Ⓒ perplexidade. Ⓓ ira. Ⓔ ironia.
meio do qual o sujeito lírico, indiretamente, dirige a ela
uma queixa amorosa. C. Os versos iniciais do poema traduzem o estranhamento
IV. o propósito maior do poema surge, no final, no do eu lírico ao não reconhecer o lugar em que já vivera
lamento que o sujeito lírico dirige à amada, que parece antes. Na sequência, através de um exercício de
fazê-lo sofrer. memória, estabelece comparações entre a antiga
Estão corretas: paisagem, rica e exuberante, a do presente, pobre e
Ⓐ I, II e III apenas. deteriorada, deixando clara sua perplexidade diante de
Ⓑ I, II e IV apenas. uma natureza modificada pela atividade mineradora da
Ⓒ I e III apenas. época.
Ⓓ II, III e IV apenas.
▶Ⓔ todas. 11. O eu lírico recorre ao expressivo conhecido como
hipérbole no verso:
E. Ⓐ "Quem fez tão diferente aquele prado?" (1ª estrofe)
I. Correta. O eu lírico afirma que "Na mão descuidada / A Ⓑ " E em contemplá-lo, tímido, esmoreço." (1ª a estrofe)
fera mordeu" e, em seguida, "Amor, que no bosque / Ⓒ "Quanto pode dos anos o progresso!" (2ª estrofe)
Estava Ⓓ "Arvores aqui vi tão florescentes," (3ª estrofe)
brincando, / Aos ais acudiu". ▶Ⓔ "Que faziam perpétua a primavera" (3ª estrofe)
II. Correta. A personificação está na capacidade de o
Amor falar, além de vir representado graficamente por E. A afirmação de que a primavera seria perpétua, ou seja,
maiúscula duraria eternamente e não três meses, representa uso de
recurso expressivo conhecido como hipérbole, ênfase
Você é único quando pensa diferente. Pág. 4
expressiva resultante do exagero da significação filosófico do século XVII [...], à medida que foram sendo
linguística. discutidos, refutados, aceitos, reproduzidos e
vulgarizados, foram sendo difundidos e assimilados
12. No soneto, o eu lírico expressa um sentimento de pelo homem comum, interferindo na sua forma de ver
inadequação que, a seu turno, se faz presente na o mundo.
seguinte citação: (RONCARI, L. Literatura brasileira: dos primeiros
▶Ⓐ “Trazendo de países distantes nossas formas de cronistas aos últimos românticos. 2. ed. São Paulo:
convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando Edusp/FDE, 1995, p. 180-181.)
em manter tudo isso em ambiente muitas vezes
desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados Sobre a lírica produzida e autores árcades brasileiros,
em nossa terra.” (Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do analise as proposições a seguir:
Brasil.) I - Os escritores árcades mineiros tiveram participação
Ⓑ “A independência, não obstante a forma em que se direta no movimento da Inconfidência Mineira.
desenrolou, constituiu a primeira grande revolução social
que se operou no Brasil.” (Florestan Fernandes. A II - As obras desvinculam-se da estética arcádica, escola
revolução burguesa no Brasil.) na qual os poetas estavam inseridos.
Ⓒ “Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um
III - Os poetas árcades procuravam obedecer apenas aos
certo ‘sentido’. Este se percebe não nos pormenores de
princípios estabelecidos pelas academias literárias
sua história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos
portuguesas.
essenciais que a constituem num largo período de
tempo.” (Caio Prado Júnior. Formação do Brasil
Assinale a única alternativa correta sobre a lírica
contemporâneo.)
produzida e autores árcades brasileiros:
Ⓓ “A ocupação econômica das terras americanas
▶Ⓐ I apenas.
constitui um episódio da expansão comercial da Europa.
A descoberta das terras americanas é, basicamente, um Ⓑ I e II apenas.
episódio dessa obra ingente. De início pareceu ser Ⓒ II apenas.
episódio secundário. E na verdade o foi para os Ⓓ I e III apenas.
portugueses durante todo um meio século.” (Celso
Furtado. Formação econômica do Brasil.) A. No que diz respeito à produção de autores brasileiros
Ⓔ “A formação patriarcal do Brasil explica-se, tanto nas do Arcadismo, pode-se afirmar que houve relação direta
suas virtudes como nos seus defeitos, menos em termos entre os escritores árcades mineiros e a Inconfidência
de ‘raça’ e de ‘religião’ do que em termos econômicos, de Mineira, visto que foi em meio a esse movimento que
experiência de cultura e de organização da família, que surgiu o Arcadismo. Além disso, há a possibilidade de a
foi aqui a unidade colonizadora.” (Gilberto Freyre. Casa- produção literária ser utilizada para promover ideais e
grande e senzala.) pensamentos, justamente o que ocorreu nesse período
por parte dos autores.
A. O sentimento de inadequação expresso pelo eu lírico
no "VII", de Claudio Manuel da Costa, está presente 14. (UEM) Com base em Marília de Dirceu, de Tomás
também no excerto de Sérgio Buarque de Holanda Antônio Gonzaga, assinale o que for correto.
quando afirma que o povo brasileiro, pela sua pluralidade Lira XXX
e heterogeneidade cultural, parece ter constituído a sua Junto a uma clara fonte
própria identidade: ainda hoje uns desterrados em nossa A mãe do Amor se sentou;
terra. Encostou a mão no rosto,
No leve sono pegou.
13. PUC-GO - Leia o fragmento de Luiz Roncari: Cupido que a viu de longe,
A passagem do século XVII para o seguinte, na Europa, Contente ao lugar correu;
representou uma mudança muito grande de Cuidando que era Marília,
mentalidade e cosmovisão; quer dizer, em muitos Na face um beijo lhe deu.
aspectos o homem abandonou uma visão religiosa do Acorda Vênus irada:
mundo e da vida e adotou uma perspectiva mais Amor a conhece; e então,
terrena para a busca do conhecimento e orientação dos Da ousadia que teve
seus esforços. Todos os ganhos do pensamento Assim lhe pede o perdão:
Você é único quando pensa diferente. Pág. 5
── Foi fácil, ó mãe formosa, Que alegre, que suave, que sonora
Foi fácil o engano meu; Aquela fontezinha aqui murmura!
Que o semblante de Marília E nestes campos cheios de verdura
É todo o semblante teu. Que avultado o prazer tanto melhora!
GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu. 2 ed. São Paulo: Martin
Claret, 2012. p. 76. Só minha alma em fatal melancolia,
Por te não poder ver, Nise adorada,
01) A presença de deuses mitológicos é constante na Não sabe inda que coisa é alegria;
literatura neoclássica ou árcade, como se pode constatar
na lira XXX pela presença de Cupido, deus do amor, e de E a suavidade do prazer trocada
Vênus, deusa da beleza. Tanto mais aborrece a luz do dia,
02) Marília de Dirceu, por seu espírito reformista e forte Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.
apelo religioso, constitui uma obra representativa das (Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)
mais autênticas da primeira fase do Romantismo
brasileiro, especialmente pela exaltação da paisagem 15. O termo que melhor descreve o estado de espírito
intocada, da sacralidade na poesia e das desordens no do eu lírico é
campo do amor. Ⓐ entediado.
04) Em Marília de Dirceu, o eu lírico dirige-se a Marília e ▶Ⓑ triste.
a convida a abandonar o barulho da cidade e a desfrutar Ⓒ assustado.
da perfeição do cenário bucólico, onde Vênus a espera: Ⓓ indignado.
“Junto a uma clara fonte /A mãe do Amor se sentou;”. Ⓔ otimista.
08) Em Marília de Dirceu, o eu lírico, ao descrever a
natureza, sugere um espaço agradável e inocente. Há B.
uma retomada de temas dos clássicos gregos e latinos, O eu lírico encontra-se triste, uma vez que afirma "Só
como o locus amoenus (lugar ameno) e o fugere urbem minha alma em fatal melancolia, / Por te não poder ver,
(fugir da cidade). Nise adorada/ Não sabe inda que coisa é alegria". O
16) Na lira transcrita, quando Cupido equipara a beleza motivo é não ver sua amada.
de Marília àquela da deusa Vênus, a amada de Dirceu é
elevada ao patamar de divindade. 16. Um verso que remete à convenção arcádica do
Soma: 25 (1 + 8 + 16) “locus amoenus” (“lugar aprazível”) é:
Ⓐ “O negro manto, com que a noite escura,” (1ª estrofe)
2. Incorreta. "Marília de Dirceu" constitui uma obra
▶Ⓑ "Aquela fontezinha aqui murmura!” (2ª estrofe)
representativa do Arcadismo brasileiro. Na primeira
Ⓒ “Só minha alma em fatal melancolia,” (3ª estrofe)
parte, com foco maior na exaltação da beleza de sua
Ⓓ “Não sabe inda que coisa é alegria;” (3ª estrofe)
amada e da natureza, na segunda, no sentimento de
Ⓔ “Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.” (4ª
solidão e nostalgia, já que o poeta se encontrava preso na
estrofe)
ilha das Cobras pelo seu envolvimento na Inconfidência
Mineira.
4. Incorreta. É verdade que, em Marília de Dirceu, o eu B.
lírico dirige-se a Marília e a convida a abandonar o a) Incorreto. A noite representante do estado sombrio do
barulho da cidade e a desfrutar da perfeição do cenário eu lírico remete ao locus horrendus.
bucólico. No entanto, no excerto publicado, o eu lírico b) Correto. O ambiente da fonte, reforçado pelo
relata o engano cometido por Cupido que dá um beijo em diminutivo e pelo verbo murmurar, indicam o bucolismo
Marilia, confundindo-a com a deusa Vênus. árcade.
c) Incorreto. O verso apresenta o estado de alma do eu
UEFS – Leia o soneto e responda as duas próximas lírico.
d) Incorreto. O verso apresenta a tristeza vivida pelo eu
questões.
Já rompe, Nise, a matutina Aurora lírico.
e) Incorreto. O verso apresenta o estado de alma do eu
O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do Sol a face pura, lírico, espelhada na natureza.
Tinha escondido a chama brilhadora.
Você é único quando pensa diferente. Pág. 6
17. UNESP - O tópico clássico do locus amoenus está bem Texto 2
exemplificado nos seguintes versos do poeta Manuel
Maria Barbosa du Bocage:
Ⓐ Já sobre o coche de ébano estrelado
Deu meio giro a noite escura e feia;
Que profundo silêncio me rodeia
Neste deserto bosque, à luz vedado!
Ⓑ Ante a doce visão com que me enlaças,
Já murcho, estéril já, meu ser floresce:
Mas súbito fantasma eis desvanece
Chusma de encantos, que em teu sonho abraças:
Ⓒ Já o Inverno, espremendo as cãs nevosas,
Geme, de horrendas nuvens carregado;
Luz o aéreo fuzil, e o mar inchado
Investe ao Polo em serras escumosas;
Ⓓ Quando por entre os véus da noite fria
A máquina celeste observo acesa,
Da angústia, de terror a imagens presa
Começa a devorar-me a fantasia.
https://newtonfoot.com.br/cartas-chilenas/
▶Ⓔ O ledo passarinho, que gorjeia
D’alma exprimindo a cândida ternura, Com base na leitura dos textos, e tendo em vista as
O rio transparente, que murmura, características da obra “Cartas Chilenas”, de Tomás
E por entre pedrinhas serpenteia: Antônio Gonzaga, bem como a importância das funções
da linguagem na análise de textos literários e
E. O tópico do locus amoenus, expressão latina que não literários, assinale a alternativa CORRETA.
designa “paisagem ideal” e está presente na poesia lírica Ⓐ A poesia satírica foi utilizada no Arcadismo para
amorosa e bucólica do Arcadismo, valoriza a vida representar a crítica social ao povo brasileiro, como se
campesina, natural e simples que diferia do artificialismo pode notar na obra “Cartas Chilenas”, composta por
da civilização das novas cidades, como exemplificado nos sonetos, com metrificação igual à da epopeia camoniana.
versos da opção e.
Ⓑ O texto 1 retoma o narrador Doroteu da obra “Cartas
Chilenas” e destaca a função metalinguística da
linguagem na construção da sátira social.
18. (UPE) Leia os textos para responder a questão.
Texto 1 ▶Ⓒ O texto 1 apresenta Doroteu, destinatário das cartas
O povo, Doroteu, é como as moscas, escritas por Critilo, personagens importantes na
Que correm ao lugar, aonde sentem organização da obra “Cartas Chilenas”, a qual se destaca
O derramado mel; é similhante no Arcadismo brasileiro pelo tom satírico de crítica social.
Aos corvos, e aos abutres, que se ajuntam
Nos ermos, onde fede a carne podre. Ⓓ Ao explorar a sátira e o tom humorístico, a obra
À vista pois dos fatos que executa “Cartas Chilenas” inaugura a poesia satírica no Brasil,
O nosso grande Chefe, decisivos priorizando temas, como: bucolismo, abusos de poder,
Da piedade, que finge, a louca gente corrupção, cobrança de altos impostos, como se nota nos
De toda a parte corre a ver, se encontra textos 1 e 2.
Algum pequeno alívio à sombra dele.
GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo:
Ⓔ Com destaque para o seu valor histórico e
Companhia das Letras, 2006. p. 53
documental, o texto 1 prioriza a função referencial da
linguagem, quando mostra a comparação entre o “povo”
Você é único quando pensa diferente. Pág. 7
e as “moscas”, evidenciando relação harmônica entre o descobrimento do Brasil; não se trata de uma ode em
povo e o governo. homenagem a eles, e sim uma narrativa a respeito do
português Diogo Álvares Pereira, sobrevivente a um
C. “Cartas Chilenas” é uma obra crítica, sobretudo ao naufrágio, que vive na tribo dos Tupinambás até retornar
governo, em que Tomás Antônio Gonzaga apresenta a Portugal com sua amada, a índia Paraguaçu.
versos brancos e decassílabos, por meio de linguagem - Em d, O Uraguai, poema com cerca de 1400 versos
irônica. O eu lírico, Critilo, se direciona a Doroteu, escritos por Basílio da Gama, retrata uma expedição de
satirizando o governo e principalmente o “Fanfarrão espanhóis e portugueses contra as missões dos jesuítas
Minésio”, apelido dado ao governador de Minas Gerais no Rio Grande do Sul. Cacambo é um cacique que morre
da época. Assim, revela como o povo e o governo não envenenado pelo padre; o general Gomes Freire de
vivem em harmonia por conta dos atos corruptos do Andrade é simpático aos indígenas.
governo. Apesar de ser uma importante obra satírica, não
é ela quem inaugura a poesia satírica no Brasil, como se 20. UPE - Leia os textos e responda à questão.
afirma equivocadamente em d. Dessa forma, a única Texto 1
alternativa correta é a c. Quem deixa o trato pastoril, amado,
Pela ingrata, civil correspondência,
19. IMED - Sobre o arcadismo brasileiro, é correto Ou desconhece o rosto da violência,
afirmar que: Ou do retiro a paz não tem provado.
Ⓐ Alvarenga Peixoto, em Glaura, apresenta-nos poemas Que bem é ver nos campos, trasladado
eróticos utilizando-se de técnicas como a alegoria e o No gênio do Pastor, o da inocência!
gesto teatral, as quais distingue sua produção de seus E que mal é no trato, e na aparência
contemporâneos. Ver sempre o cortesão dissimulado.
Ⓑ Marília de Dirceu foi um dos grandes poemas do Ali respira amor sinceridade;
arcadismo, cujo autor, Claudio Manuel da Costa, Aqui sempre a traição seu rosto encobre:
apresenta um eu lírico apaixonado, que expõe o conflito Um só trata a mentira, outro a verdade. [...]
do amor de sua amada e a objeção do pai da moça. COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas.
Ⓒ Em Caramuru, Frei José de Santa Rita Durão faz uma
ode aos heróis indígenas que habitavam a Bahia, no Texto 2
período da chegada da frota de Pedro Álvares Cabral ao Sou Pastor; não te nego; os meus montados
Brasil. São esses, que aí vês; vivo contente
Ⓓ Em O Uraguai, o herói Gomes Freire de Andrade divide Ao trazer entre a relva florescente
as honras com Cacambo, herói indígena. Poemeto épico, A doce companhia dos meus gados;
Silva Alvarenga traz o período da guerra dos portugueses
e espanhóis contra os indígenas e jesuítas em Sete Povos Ali me ouvem os troncos namorados,
das Missões do Uruguai, em 1759. Em que se transformou a antiga gente;
▶Ⓔ O arcadismo pregava a ressurreição do ideal clássico, Qualquer deles o seu estrago sente;
visando resgatar os valores antropocêntricos do Como eu sinto também os meus cuidados. [...]
Renascimento. COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas.
E. Texto 3
O Arcadismo (século XVII) também é nomeado Enquanto pasta, alegre, o manso gado,
Neoclassicismo, indicando a preocupação que seus Minha bela Marília, nos sentemos
artistas tinham em retomar os valores clássicos, resgate À sombra deste cedro levantado.
que já havia sido feito pelos Classicistas (século XV-XVI), Um pouco meditemos
durante o Renascimento cultural. Na regular beleza,
- Em a, Glaura foi escrito por Silva Alvarenga. Que em tudo quanto vive, nos descobre
- Em b, Marilia de Dirceu é obra lírica de Tomás Antônio A sábia Natureza.
Gonzaga. Na primeira parte das Liras, seu teor é árcade; GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu.
na segunda parte, a subjetividade se faz presente, Texto 4
conferindo-lhe características pré-românticas.
- Em c, Santa Rita Durão apresenta, em Caramuru o
contato dos europeus com os indígenas quando do
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amoenus" e "fugere urbem" faziam parte do movimento,
de forma a demarcar como a natureza e o campo seriam
lugares mais tranquilos que a cidade. Apesar dessa
idealização em torno da natureza, não se pode dizer que,
dentro da estética árcade, a natureza aparecia como
utópica ou inatingível, pelo contrário, ela era cantada
como um lugar possível e preferível por ser mais
agradável. Assim, as alternativas c e e são descartadas. A
alternativa a também está incorreta, já que analisa o
Arcadismo como uma poética do conflito, quando, na
verdade, não há conflito, há uma clara preferência pela
vida bucólica do campo. Por fim, a alternativa [B] faz uma
análise incorreta ao associar o cultismo e conceptismo ao
Os pastores, Willian Holman. arcadismo, já que essas são marcas do barroco. A
alternativa d faz correta análise das características do
Com base na leitura dos textos e considerando as Arcadismo, ilustrando-as por meio dos textos 3 e 4.
características do Arcadismo no Brasil, assinale a
alternativa correta. 21. Puccamp - Leia os textos e responda à questão.
Ⓐ O Arcadismo retomou temas conflituosos do Num famoso soneto seu, o poeta neoclássico Cláudio
Manuel da Costa lamenta que no entorno das águas
Classicismo, conforme ilustra o Texto 1, o qual apresenta
turvas do rio de sua terra, onde se garimpa febrilmente o
linguagem rebuscada na representação do “fugere
ouro, não existam prados verdejantes ou ninfas
urbem” (“fugir da cidade”) e do conflito existencial do eu
amorosas.
lírico quanto às antíteses pobreza e riqueza,
Nesse lamento, o mineiro mostra
representativas das imagens campo e cidade,
Ⓐ o apego pela terra natal, que o faz afastar-se de visões
respectivamente.
idealistas e fantasiosas.
Ⓑ a dificuldade em ajustar os atributos de sua terra aos
Ⓑ Os Textos 2 e 3 exploram a temática do “carpe diem” padrões do arcadismo.
(“aproveitar o dia”) na representação de imagens Ⓒ a esperança que alimenta na prosperidade anunciada
bucólicas da natureza e da figura feminina, por meio do por novo ciclo económico.
Cultismo e do Conceptismo, marcantes na poesia árcade Ⓓ a convicção de que verá transformado um território
brasileira. rude num cenário bucólico.
Ⓔ o temor de que os ideais da estética clássica cedam ao
Ⓒ Os Textos 1, 2, 3 e 4 dialogam na representação do esplendor da natureza local.
“locus amoenus” (“lugar ameno”), do “carpe diem”
(“aproveitar o dia”) e do “inutilia truncat” (“cortar as B. No poema, o eu-lírico lamenta os efeitos produzidos
inutilidades”), na imagem da natureza como local mítico, pelo garimpo do ouro: a degradação do rio e a
calmo e inatingível. degeneração da paisagem, incompatíveis com os ideais
arcades fugere urbem e locus amoenus.
▶Ⓓ A natureza apresenta-se como local calmo e sereno, a) O eu lírico evoca, através da memória, o cenário
onde os pastores e as suas musas inspiradoras desfrutam agradável da terra natal de que se afastou por uns tempos
e lamenta a degradação da paisagem quando do seu
da tranquilidade da vida no campo, conforme se nota
retorno, provocado pelo garimpo do ouro.
nos Textos 3 e 4.
c) No soneto, o eu lírico não demonstra qualquer
interesse pela prosperidade anunciada por novo ciclo
Ⓔ Os Textos 1, 2 e 3 são exemplos da poesia árcade económico.
conceptista e neoclássica, com linguagem figurada d) O eu lírico lamenta o fato de o cenário bucólico se ter
composta por antíteses e hipérbatos na representação da transformado em território degradado.
natureza bucólica como espaço utópico. e) Não existe referência a temores sobre mudanças
estéticas literárias.
D. O Arcadismo foi marcado por uma exaltação da
natureza bucólica, local em que se encontrava
tranquilidade e serenidade. Assim, lemas como "locus
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