Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.666.012 - MS (2020/0038382-0)
RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE DO STJ
AGRAVANTE : FERAL METALURGICA LTDA
ADVOGADOS : ROMEU DE OLIVEIRA E SILVA JÚNIOR - SP144186
EDUARDO GALAN FERREIRA - SP295380
THIAGO BERNARDO DA SILVA - SP297028
AGRAVADO : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADOS : SÉRVIO TÚLIO DE BARCELOS - MS014354A
JOSE ARNALDO JANSSEN NOGUEIRA - MS018604A
INTERES. : ANTÔNIO NICOLIELO MENDES
ADVOGADO : ROMEU DE OLIVEIRA E SILVA JÚNIOR - SP144186
INTERES. : MENSAN METALURGICA LTDA
ADVOGADO : SÉRGIO ZAHR FILHO - SP154688
DECISÃO
Trata-se de agravo apresentado por FERAL METALÚRGICA LTDA contra a
decisão que não admitiu seu recurso especial.
O apelo nobre, fundamentado no artigo 105, inciso III, alíneas "a" e "c", da CF/88,
visa reformar acórdão proferido pelo TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO
GROSSO DO SUL, assim resumido:
APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS MONITÓRIOS – INOVAÇÃO
RECURSAL – REJEITADA – CERCEAMENTO DE DEFESA – NÃO
VERIFICADO – DOCUMENTOS SUFICIENTES PARA PROPOSITURA DA
AÇÃO – REVISÃO CONTRATUAL – POSSIBILIDADE – COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA – VALIDADE DA CLÁUSULA – VEDADA A
CUMULAÇÃO COM OUTROS ENCARGOS MORATÓRIOS –
IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO "FATOR ACUMULADO DE
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA" (FACP) – SUCUMBÊNCIA
REDISTRIBUÍDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO. 1.Não há inovação recursal quando a matéria foi arguida em primeiro
grau de jurisdição 2. A produção de prova pericial revela-se prescindível, uma
vez que a solução da lide efetivamente apresentada na inicial envolve apenas
questão de direito, despicienda a dilação probatória. 3. Nos termos do Enunciado
nº 247, do STJ, "O contrato de abertura de crédito em conta-corrente,
acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o
ajuizamento da ação monitória", sendo que no caso dos autos a intuição financiara
apresentou prova escrita suficientemen te detalhada do alegado débito do
apelante, de modo que não há que se falar em falta de pressuposto processual. 4.
A cobrança da comissão de permanência, quando contratada, deverá incidir
isoladamente, não sendo possível sua cumulação com juros remuneratórios,
moratórios, correção monetária e multa contratual, pois do contrário haverá bis in
idem, uma vez que na composição da comissão de permanência já estão incluídos
a remuneração e atualização do capital. 5. Afasta-se a cobrança do FACP - Fator
Acumulado de Comissão de Permanência, devendo incidir sobre as parcelas em
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Publicação no DJe/STJ nº 2881 de 01/04/2020. Código de Controle do Documento: F556A22A-AF14-4AC9-9386-3CABB505731A
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atraso a comissão de permanência, de forma isolada, sem cumulação com multa
ou outros encargos. 6. A sucumbência deve ser distribuída de modo o apelante
arcar com 80% das custas e despesas processuais, bem como dos honorários
advocatícios fixados em primeiro grau, cabendo ao apelado o pagamento dos 20%
restantes.
Quanto à controvérsia, pela alínea "a" e alínea "c" do permissivo constitucional,
alega violação do art. 700 do CPC, trazendo o(s) seguinte(s) argumento(s):
[...] entende a Requerente que o Requerido não forneceu prova escrita
suficientemente detalhada do alegado débito, considerada como requisito
fundamental da ação monitória. Nessa toada, é necessário verificar de que modo
está sendo calculado o saldo devedor, eis que existe uma multiplicidade de
encargos e de critérios usados pelos bancos para o cálculo de seus créditos, cujos
resultados são lançados sem consulta ou explicação, em atividade totalmente
unilateral do credor.
[...].
Em apreço ao estrito argumento jurídico, somente uma perícia contábil
seria capaz de atestar de fato o montante devido e se os encargos incidentes estão
de acordo com a lei, o contrato e a prática do mercado.
O refazimento dos cálculos deverá ter presente as amortizações já
realizadas pela Requerente, como também demonstrar claramente como os juros
contratuais, os juros moratórios e os demais encargos foram aplicados e
calculados, com clara indicação dos índices utilizados, com fonte de informações
oficial indicada, e forma de cálculo. (fls. 503/504).
É o relatório. Decido.
Na espécie, incide o óbice da Súmula n. 284/STF, uma vez que o(s) artigo(s)
apontado(s) como violado(s) não tem/têm comando normativo suficiente para amparar a tese
recursal, o que atrai, por conseguinte, o citado enunciado: “É inadmissível o recurso
extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão
da controvérsia”.
Nesse sentido: "Não se conhece do recurso especial, quando o dispostivo apontado
como violado não contém comando normativo para sustentar a tese defendida ou infirmar os
fundamentos do acórdão recorrido, em face do óbice contido na Súmula n. 284 do STF" (AgInt
no REsp n. 1.788.417/SC, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, Dje de 6/6/2019).
Confiram-se ainda os seguintes julgados: AgInt no REsp n. 1.651.670/DF, relator
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 18/6/2019; AgInt no REsp n
1.689.883/PR, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, DJe de 14/6/2019;
AgRg no REsp n. 1351593/RS, relatora Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe de
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12/3/2014; e AgRg no AREsp n. 197.224/SP, relatora Ministra Marilza Maynard
(Desembargadora Convocada do TJ/SE), Quinta Turma, DJe de 20/11/2012.
Além disso, incide também as Súmulas n. 282/STF e 356/STF, uma vez que a
questão não foi examinada pela Corte de origem, tampouco foram opostos embargos de
declaração para tal fim. Dessa forma, ausente o indispensável requisito do prequestionamento.
Nesse sentido: REsp n. 1.160.435/PE, relator Ministro Benedito Gonçalves, Corte
Especial, DJe de 28/4/2011; AgInt no AREsp n. 1.339.926/PR, relator Ministro Raul Araújo,
Quarta Turma, DJe de 15/2/2019; e REsp n. 1.730.826/MG, relator Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe de 12/2/2019.
Ante o exposto, com base no art. 21-E, V, do Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça, conheço do agravo para não conhecer do recurso especial.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 30 de março de 2020.
MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
Presidente
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