XVII JORNADA CIENTÍFICA DOS CAMPOS GERAIS
Ponta Grossa, 23 a 25 de outubro de 2019
A UTILIZAÇÃO DA ARGILA COMO MÉTODO TERAPÊUTICO
Márcia Oliveira Stachera1
Maurício Wisniewski2
Resumo: A utilização da argila aparece hoje como um novo método para auxiliar o psicólogo a
acelerar o bem-estar dos pacientes. A presente pesquisa tem por objetivos explanar sobre o processo
terapêutico com argila, e discorrer sobre o Método: “Argila:Espelho da Auto-Expressão”. A ideia da
presente pesquisa surgiu após a participação da autora no Curso “Argila:Espelho da Auto-Expressão”
ministrado pela Psicóloga Maria da Glória C. Bozza, e a partir de então foram realizadas pesquisas
bibliográficas nos materiais didáticos fornecidos pela ministrante do Curso. Os resultados da pesquisa
e de sua aplicação foram positivos em virtude do dinamismo que o método imprime.
Palavras-chave: Psicoterapia, argila, Método “Argila:Espelho da Auto-Expressão”.
Introdução
As produções em argila são a comunicação de um desejo, de um sentimento,
e/ou pensamento pelo paciente. É através dessas produções que o paciente se
mostra, experimenta e os compartilha com o terapeuta: é uma forma de
comunicação entre o terapeuta e o paciente.
Sob a pressão da mão, a argila se modela respondendo automaticamente e
de forma reversível ao gesto de quem a manipula. Segundo Bozza (1994), a
modelagem desencadeia mais rapidamente uma resposta emotiva, uma ressonância
dos sentimentos do sujeito, que poderá ser evidenciada e interligada à produção
final. Tanto o desenho como o método de trabalho com a argila não são apenas
reflexos motores do sujeito, mas também representações de seu mundo interno ali
projetado.
No trabalho com a argila estão presentes as três dimensões, podendo ser
observada por vários ângulos, comunicando diferentes aspectos, emoções ou
percepções do sujeito, autor da escultura.
Segundo Bozza(1994) o método do trabalho com a argila se destina a
espelhar e registar em esculturas os conteúdos internos e conflitivos de cada
indivíduo, é chamado de “Argila: Espelho da Auto-Expressão”
Este método pode ser orientado pelo referencial teórico de diferentes
abordagens terapêuticas: Psicanálise, Terapia Familiar Sistêmica, Terapia
Comportamental, Gestalt Terapia, Terapia Junguiana, Terapia Reichiana e
Psicodrama.
Os objetivos desse Método incluem, segundo Bozza(1994) :
1Graduanda do 10º Período do Curso de Psicologia da Faculdade Sant’Ana,
2Psicólogo e Licenciado em Psicologia, Licenciado em Pedagogia, Mestre e Doutor em Educação,
Especialista em Neuropsicologia. Coordenador e professor no curso de Psicologia da Faculdade
Sant'Ana
1- auxilia no processo de diagnóstico e de tratamento psicoterápico: facilita a
expressão verbal a partir do material concreto, comunicando seus conflitos internos
e conflitivos para o mundo exterior através da escultura; serve de elemento
intermediário na relação paciente-terapeuta, abrindo uma nova perspectiva no
diálogo terapêutico; auxilia o terapeuta nas suas construções, relacionando a
modelagem em argila com seus conteúdos inconscientes à medida que dela falar;
2- estimula o movimento de mudança interna do sujeito, levando-o a um maior
autoconhecimento e, consequentemente, acelerando o processo terapêutico; por ser
uma atividade prática e incutida do principio de realidade, favorece ao sujeito o
entendimento de sua dinâmica. Dessa forma, dificulta que o sujeito use o
mecanismo da negação, revelando a autenticidade do ser do sujeito;
3- proporciona a diferenciação e a afirmação da individualidade do sujeito,
pois a criação é sua; conduz o sujeito a confiar mais em si mesmo e a valorizar seus
produtos, uma vez que experiencia seu potencial ao realizar algo, e que se arriscou;
4- conduz ao descarregamento da tensão interna, levando a uma sensação
de alívio; o sujeito projeta seus desejos ao consolidar de maneira real e concreta sua
imaginação que, no entanto, será permeada pelo principio da realidade. Assim, os
princípios do prazer e da realidade coexistem neste Método. Segal, 1991 apud
Bozza ,1994, diz que o sujeito ao fazer algo em argila, que seria fazer algo no
mundo externo real, retorna para a realidade, pois “... ele não é só um sonhador,
mas um artesão supremo”.
As formas de aplicação do Método “Argila:Espelho da Auto-Expressão”
podem ser de três formas: sujeito e terapeuta modelam segundo tema livre ou tema
dirigido; tema escolhido pelo sujeito através de esculturas previamente
confeccionadas; esculturas escolhidas pelo terapeuta como tema.
A aplicação de qualquer das formas poderá ser realizada quando o terapeuta
tiver claro o pedido de terapia do sujeito, a história de vida do sujeito e sua dinâmica
quanto aos seus conflitos. Além do mais, é necessário que a confiança seja
estabelecida na relação terapêutica. Após o terapeuta identificar estes itens, o
método terá início com o convite para elaborar alguma escultura em argila, sendo
observado tudo o que o sujeito falar e realizar, fornecendo mais dados de sua
dinâmica, seu padrão funcional e relacional.
Essa forma de aplicar o método não contextualiza apenas o modelar uma
peça em argila, como também: os restos de argila deixados pelo paciente, a
secagem da escultura, as quebraduras da escultura, a colagem, a pintura e as cores
utilizadas pelo paciente, o local a serem guardadas ou expostas após a pintura, o
destino que elas tomam com o tempo de trabalho e qual o momento de realizar uma
nova modelagem. Além de tudo isso, o terapeuta explora a forma concreta dos
conflitos dos pacientes, através de tudo o que o paciente expressou verbalmente
durante a aplicação do Método.
Objetivos
- explanar sobre o processo terapêutico com argila;
- discorrer sobre o Método: “Argila:Espelho da Auto-Expressão”.
Metodologia
Participação no Curso “Argila:Espelho da Auto-Expressão” ministrado pela Psicóloga
Maria da Glória Cracco Bozza, e pesquisa bibliográfica nos materiais
didáticos(apostilas e artigos) fornecidos pela ministrante do Curso.
O Método foi aplicado pela autora em alguns pacientes atendidos na clínica-escola
da Faculdade Santana.
Resultados/Resultados parciais e discussão
O Método “Argila: Espelho da Auto-Expressão” auxilia o psicólogo a explorar de
forma concreta os conflitos dos seus pacientes através das suas esculturas em
argila. Essas esculturas representam a manifestação dos conteúdos inconscientes e
reprimidos dos pacientes, e essa autoexpressão favorece o trabalho com o paciente.
Com este Método, tudo o que o paciente faz com a escultura (incluindo a
modelagem e como o material é tratado: furado, socado, amassado, alisado,
destruído, a escolha das cores para pintura, e a própria pintura ), a expressão verbal
e não-verbal (movimentos faciais, risos, suspiros, choro) e os sentimentos que
afloram enquanto a escultura é confeccionada e depois dela pronta, são levados em
consideração e explorados em conjunto pelo terapeuta e paciente.
Considerações finais
O trabalho com argila não é algo novo, porém a forma de utilizá-la como facilitador
do processo terapêutico em que o paciente projeta seus conteúdos, é o que torna o
método inovador. O paciente não faz uma escultura com argila sem que aquele
objeto tenha um significado para ele. Cabe ao terapeuta permanecer atento e
considerar as evidências dadas pelo paciente, explorar e investigar o que o paciente
esculpiu. Assim, o terapeuta auxilia o sujeito a lidar melhor com seus conflitos,
levando-o à aceitação de si mesmo, aprendendo a conhecer-se e respeitar-se
enquanto indivíduo.
Referências
Bozza, M.G.C. Argila- Espelho da Auto-Expressão. 1994.Departamento de
Psicologia Fiset. Tuiuti Ciência e Cultura. Curitiba-PR. p.36-40
Bozza, M.G.C. A auto-estima trabalhada no método “Argila:espelho da auto-
expressão”. Revista Teoria na Prática. Ano 22. nº 110. p.63-66.