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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Este estudo tem como tema “IMPLICAÇÕES DA EDUCAÇÃO TRADICIONAL NO DESEMPENHO


ESCOLAR DOS ALUNOS NA ESCOLA PRIMÁRIA
DE LICOLE, DISTRITO DE SANGA. A pesquisa visa analisar a relação entre os ensinamentos e
práticas da educação tradicional e o desempenho escolar da criança integrada na educação formal.

Moçambique é um país extenso, habitado por diferentes grupos etnolinguísticos, com características
socioculturais distintas. Nos primeiros anos de escolaridade, no processo de educação as crianças
moçambicanas confrontam-se com os conflitos que resultam da relação entre os saberes locais
(aprendidos a partir da educação tradicional) e os saberes adquiridos na educação formal.

Sobre a educação em Moçambique, existem vários estudos realizados. Tais estudos abrangem uma
multiplicidade de aspectos. Nestas pesquisas, quase toda sociedade, considera que o sector de
educação é uma área privilegiada, é por meio dela que ocorre a difusão de saberes universais que
capacitam os indivíduos para que de forma activa, se inserirem nas diferentes esferas da vida
sociocultural. Apesar disso, existem comunidades onde a educação formal continua a enfrentar
dificuldades na integração da criança. Isto acontece dada a forte preferência pela educação tradicional,
sobretudo em momentos de práticas dos ritos de iniciação.

Segundo o Plano Curricular do ensino Básico (2003), sobre a interacção entre a Cultura Tradicional e
a Escola Oficial, “ (…) há um desfasamento da acção educativa relativamente à cultura e a tradições
culturais que influem no valor atribuído pelas comunidades à escola e na consequente
retenção/abandono escolar. Neste caso, os principais factores culturais apontados são as práticas
socioeconómicas, a divisão do trabalho e com principal destaque a educação tradicional dada em
forma de ritos de iniciação. Entretanto, a educação tradicional, muitas vezes, tem sido responsável por
assegurar a educação aos cidadãos sem acesso a educação formal. Nos primeiros anos de vida, ela dá a
criança e aos jovens um conjunto de conhecimentos utilitários, muito diversos, que permitem
Implicações da Educação Tradicional no Desempenho Escolar dos alunos (Élzia Artur Zeca Ariande
2), enfrentar com eficácia e sem frustrações as dificuldades da vida futura. Segundo Golias (1993: 16), o
carácter da educação tradicional se traduz nos seguintes termos:

“ (…) A educação tradicional visa tanto o desenvolvimento das aptidões físicas como a formação de
carácter e aquisição de altas qualidades morais, transmissão de conhecimentos e técnicas
empíricas assim como conhecimentos teóricos, fazendo constante apelo ao trabalho manual
intelectual.”
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Assim, percebe-se que a escola é a instituição que oferece a educação formal, ela é também a maior
responsável por construir os alicerces para uma vida de brilho e sucesso. Nesta conformidade, é
preciso evidenciar que a educação é, sem dúvida, um elemento propulsor de transformações sociais.
Nesse contexto, é necessário observar que a educação tradicional deve ser complementada pela
educação formal visto que as duas podem contribuir para a eficiência na ascensão social.

Em termos estruturais o trabalho será composto por cinco capítulos; conclusão e sugestões para além
das referências bibliográficas e apêndices. Na introdução, far-se-á a contextualização geral do estudo,
onde se apresentará os aspectos gerais do trabalho como, o tema, problema e problematização,
questões de pesquisa, objectivo geral e específicos, justificativa do estudo e a estrutura do trabalho.
No segundo capítulo será a fundamentação teórica, onde se apresentarás a questão de orações
adverbiais sob ponto de vista de abordem de outros autores que escreveram sobre o tema em alusão.
No terceiro capítulo será a caracterização do objecto de estudo da pesquisa onde se faz a especificação
do tema da pesquisa. No quarto capítulo, serão apresentadas as metodologias, nesta fase da pesquisa,
apresenta-se todos os aspectos metodológicos que nortearam a realização do trabalho. No quinto
capítulo será análise e interpretação dos resultados colhidos a partir Do trabalho de campo, assim
como Sugestões e referências bibliográficas.

1.1. Problematização

Segundo Golias (1993), as sociedades humanas ao longo da sua história sempre procuraram preservar
a sua existência nas distintas gerações. Todas sociedades se preocupam em transmitir de forma
contínua e progressiva as suas experiências, vivências, ideias, sentimentos, crenças, hábitos e
aptidões. O mesmo vem acontecendo com a sociedade moçambicana que, desde o passado colonial
até hoje, procura perpetuar a sua identidade.

Ainda na óptica daquele autor, a análise da educação tradicional ajuda perspectivar, compreender e
identificar alguns aspectos e elementos educativos a incorporar na educação formal contemporânea.
Qualquer que seja, toda educação tradicional visa a tripla integração do indivíduo na sociedade do
ponto de vista pessoal, social e cultural. Esta educação tem um carácter colectivo e social,
preocupando-se em transmitir e inculcar na criança elementos que ajudam a formar a sua
personalidade de acordo com o seu meio de inserção social. Todo adulto tem a tarefa de transmitir
ensinamentos e conhecimentos, formando o futuro membro da comunidade, (Golias, 1993).

Sendo assim, a questão do sucesso ou insucesso escolar tem sido debatida e interpretada sob
múltiplas perspectivas. Isto depende da socialização, visto que, no seio das populações com
características homogéneas, o sucesso e o insucesso escolar pode ser motivado por diversos factores.
Por isso, considera-se importante analisar a forma como as crianças são preparadas ao longo do
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processo de socialização, tendo em conta as diversas exigências da comunidade. Para o sucesso da


educação formal (escolar) seria importante considerar aquilo que tem sido transmitido através da
educação tradicional (na aldeia e na família). De facto, o desempenho escolar da criança ao longo da
sua formação é caracterizado pela passagem de uma educação primária, com forte influência da
família, para uma educação secundária baseada na escola e nas relações grupais ou sociais.

Bordeau e Passeron (1977) afirmam que para os filhos das famílias de estratos sociais mais baixos,
particularmente os filhos de famílias das zonas rurais, a escola representa uma espécie de ruptura entre
aquilo que se ensina na educação tradicional e o que se aprende na educação formal, no que refere aos
valores, saberes e práticas adquiridas. Não raras vezes, na educação formal subestimam- se os valores
e saberes da educação tradicional. A imposição de novos padrões ou modelos culturais, por vezes, se
faz sacrificando aquilo que a criança adquiriu na sua comunidade e família, gerando, de certo modo,
um conflito que se reflecte no insucesso escolar. Nesta lógica, é evidente que as crianças ao serem
integradas na educação formal podem enfrentar algumas dificuldades tornando-se mais difícil a sua
socialização e adaptação em várias situações. Entretanto é mais fácil a socialização da criança quando
se procura integrar os saberes locais aprendidos através da educação tradicional. Neste sentido a
educação formal deve ter em conta que ao receber a criança na escola ela já é, de certa forma,
portadora de algum conhecimento. Por isso, esta criança é sujeito activo e não passivo.

Nesta conformidade, esta pesquisa identifica o seguinte problema: Que estratégia a usar para que a
educação tradicional não influencie negativamente o desempenho escolar dos alunos da escola
primaria de Licole?

Para a análise deste problema o estudo preocupa-se em discutir a situação da Escola Primária
Completa de Licole Distrito de Sanga.

1.2. Questões de pesquisa

Pergunta ou questão de pesquisa é a declaração de uma indagação específica que o pesquisador deseja
responder para abordar o problema de pesquisa, GIL (1991). Para este trabalho, pretende-se responder
as seguintes questões:
1. Qual é a importância da prática de ritos de iniciação no reforço de saberes oferecidos pela
educação formal?
2. Qual é o impacto dos ritos de iniciação, para a educação formal?
3. Que relações podem ser estabelecidas entre a educação tradicional e a educação formal?
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3.1. Hipótese

A investigação preliminar realizada na base desta pesquisa revela que a educação tradicional, de uma
forma geral, pode influenciar negativamente o processo de escolarização das crianças.
-Pode ser falta de conhecimento da importância da educação formal por parte dos pais aos seus
educandos.
-Talvez a pratica dos ritos de iniciação pelos pais e encarregados de educação aos seus educandos em
tempo lectivo.
– Acho que a falta de palestras dos professores aos pais e alunos sobre a importância da educação
formal.
A família, a comunidade e a aldeia são instituições sociais bastante influentes na educação e formação
da criança. A família, geralmente apoiada no clã, é tida como uma instituição que deve ser preservada
e eternizada porque, segundo a visão dos educadores tradicionais, ela é indispensável para a coesão
social e a continuidade da própria vida. A participação da criança na educação formal é influenciada
pela percepção local. Na visão dos adultos, a escola formal não transmite uma educação satisfatória
para a vida. Este posicionamento faz com que o processo de ensino aprendizagem, na escola formal,
ocorra com um número reduzido de crianças. Por outro lado, as crianças, por vezes, não chegam
sequer a completar um nível de ensino devido as desistências.

Assim, para o presente trabalho identifica-se a seguinte hipótese: provavelmente, olhando para a
realidade da EP de Licole, tudo leva a crer que o desempenho escolar dos alunos desta instituição
pode ser influenciado pelas práticas e ensinamentos da educação tradicional local, tendo em conta que
maior parte de crianças que fazem parte desta instituição de ensino são oriundas dos bairros
circunvizinhos da escola, onde a pratica ritos de iniciação é muito intensa.

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo geral.

1.3.2. Reduzir a influência da educação tradicional no desempenho da educação formal dos


alunos na EP de Licole.

1.3.2. Objectivos específicos:

Para atingir o objectivo geral foram identificados os seguintes objectivos específicos:

- Identificar causas que influenciam a educação tradicional no desempenho escolar dos alunos
integrada na educação formal;
- Descrever as estratégias que reduzam as implicações da educação tradicional no desempenho
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escolar dos alunos da EP de Licole.


- Criar uma equipa conjunta de intervenção para a implementação das estratégias que podem reduzir
as implicações da educação tradicional.

1.4. Justificativa

Segundo Lakatos (1992), a justificativa geralmente é a parte do trabalho de conclusão do curso onde o
autor fundamenta as motivações que o levaram a fazer aquele trabalho. A motivação para estudar
sobre as Implicações da Educação Tradicional no Desempenho Escolar da Criança, para além de uma
mera produção científica, ela nasce da minha identificação e admiração pelas tradições culturais e,
pelo meu envolvimento dos autores desta pesquisa na área de professorado, na qual foi possível
observar de perto a questão de abandono e repetências dos alunos na escola para a realização das
cerimónias dos ritos de iniciação. Refere-se da comunidade de Licole Distrito de Sanga.

A escolha do tema assim como do local de estudo, deveu-se pelo facto de ser o local onde foi
constatado o problema em estudo e por ser local de fácil acesso, que poderá facilitar as deslocações
para o trabalho de campo. Como formandos do curso de formação de professores, tem a
responsabilidade de identificar as principais dificuldades que as escolas enfrentam, para ajudar na sua
superação, assim como ajudará aos professores a delinear estratégias para saná-las.

1.5. Relevância do tema


Segundo GIL (1991), relevância do tema, refere-se a importância para algo, o pacto que um tema tem.
Para o tema desta pesquisa, é relevante e enquadra-se na área de Pico-Pedagogia. Este tema encontra-
se dentro da política da educação, onde o currículo do Ensino Primário preconiza que se as
instituições escolares devem adaptar medidas locais para combater as desistências e aumentar os
ingressos dos alunos. Sob ponto de vista social, o tema proposto enquadra se na área de Ciências
sociais, visa despertar os diversos intervenientes no Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA) a
delinear estratégias com vista a solucionar o problema que a escola enfrenta.

1.6. Delimitação do estudo

Este estudo centra-se na análise da situação da Escola Primária de Licole , localizada no bairro do
mesmo nome Distrito de Sanga, província de Niassa. O estudo não pretende analisar todo complexo
de relação entre a educação formal e educação tradicional, ele limita-se a discutir como é que a
educação tradicional pode influenciar o desempenho escolar da criança integrada na educação formal.
A ideia é mostrar que entre estes dois tipos de educação deve haver uma relação de
complementaridade e não de exclusão.
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CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Revisão da literatura

Revisão da literatura entende se como sendo, levantar os conceitos-chave para uma pesquisa e os
relacionar, considerando alguns critérios de escolha do material.

Segundo Deslandes, (1995), afirma que revisão de literatura é um processo de leitura de qualquer
assunto publicado, do qual constam assuntos relevantes para uma pesquisa. O propósito da revisão da
literatura, é de reunir estudos anteriores de forma sistemática e abrangente ou ainda, adquirir o
aprofundamento teórico de uma pesquisa com vista a entender como um dado problema pode ser
resolvido.

Neste capítulo iremos apresentar conceitos e teorias já avançadas por outros autores indagadores que
se interessaram no estudo de orações de subordinação adverbial. Mas para melhor compreensão do
tema que nos propomos a investigar, iniciamos por alguns conceitos básicos.

2.2. Educação

Segundo o Plano Curricular do Ensino Básico (2003), a Educação é um processo pelo qual a
sociedade prepara os seus membros para garantir a sua continuidade e o seu desenvolvimento. Trata-
se de um processo dinâmico que busca, continuamente, as melhores estratégias para responder aos
novos desafios que a continuidade, transformação e desenvolvimento que a sociedade impõem.

De acordo com Durkhein (1984)2, educação é a acção que os adultos exercem sobre as crianças e
adolescentes. Como se nota, este conceito não particulariza o espaço (familiar ou publico) em que os
adultos exercem a acção de educar as crianças e os adolescentes. Durkhein (1983) definiu a educação
como sendo o meio pelo qual a sociedade renova continuamente as condições da sua própria
existência. A educação perpetua e reforça a homogeneidade, começando por fixar no espírito da
criança as semelhanças essenciais que a vida colectiva requer.

É a educação que ensina as crianças as similitudes que a vida colectiva exige. Está a cargo da
educação a tarefa de socializar as novas gerações de acordo com as normas e regras existentes numa
sociedade. Nesta perspectiva Morrow & Torres (1997) afirmam que nas sociedades de pequena escala
não existem escolas nem métodos consistentemente reconhecidos como tais, mas sim existe
educação cujo objectivo é de ajustar a criança ao seu ambiente físico e social por meio de aquisição da
experiencia de gerações passadas.
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2.3. Tipos de Educação

Na mesma linha de reflexão, Mondlane (1975) escreve que geralmente os teóricos dividem a educação
em dois tipos: a educação formal e a educação informal e, todas sociedades usam sempre ambos os
tipos em diversos graus e níveis de ensino.

2.3.1. Educação Informal / Educação Tradicional

Educação informal é aquela em que qualquer pessoa obtém fora das escolas, com professores
particulares e, aulas individuais, ou mesmo pela experiencia da vida e autodidáctica3. A educação
informal decorre de processos espontâneos ou naturais, ainda que seja carregada de valores e
representações, como é o caso da educação familiar, a educação informal ocorre nos espaços de
possibilidades educativas no decurso da vida dos indivíduos, como a família e no seu meio e Neste
estudo no lugar de educação informal usa-se o termo educação tradicional que, segundo Mondlane
(1975), a educação tradicional é aquela que é exercida no meio social de pertença da criança e
normalmente transmite saberes locais.

Nesta mesma linha, Estrela (1994) considera que no contexto da educação informal a criança é
educada no seio da família, comunidade e a sociedade em geral, por meio de uma aprendizagem p ão
Tradicional no Desempenho Escolar dos alunos Élzia Artur Zeca Ariande 17 por participação gradual
na vida dos adultos. Contudo, considerando o local deste estudo a educação informal resume-se num
tipo de educação tradicional. A educação tradicional transmite às crianças saberes, normas de
comportamento, regras que são conhecimentos estabelecidos pela tradição sob duas formas principais:
O espontâneo, quando o individuo conhece o padrão sócio-cultural do seu meio envolvente através da
observação e interacção com todos os membros da sua família/comunidade, e a forma dirigida que
ocorre quando o individuo aprende através de certas pessoas a quem a comunidade confia esta tarefa,
como por exemplo por ocasião das cerimónias dos ritos de iniciação. Assim, um individuo não se
torna membro da comunidade só pelo facto de ter nascido numa determinada sociedade, mas sim
precisa de ser formalmente aceite nela, essa aceitação é feita recorrendo-se a ritos educativos que
normalmente obedecem três etapas: separação, começo da cerimónia e integração.

Toscano (1984:30) reconhece a importância da educação tradicional que normalmente ocorre no


contexto familiar, mas faz a seguinte observação “actualmente não é mais suficiente o aprendizado
simples feito quase que excludente na base de limitação e de exemplos”. Ainda na óptica do mesmo
autor, actualmente o mercado de emprego pressupõe que um trabalho não pode ser eficazmente
realizado sem um aprendizado metódico capaz de preparar as pessoas para as tarefas mais complexas.
Em suma, trata-se de passar de um sistema de produção que aos poucos deixam de lado os métodos
rotineiros tradicionais para ingressar numa área de revolução tecnológica.
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2.3.2. Educação Formal


Afonso (1992) define a educação formal como sendo aquela que se obtém nas escolas oficiais
(públicas ou privadas), cujos cursos/ currículo são reconhecidos pela instituição competente
(Ministério da Educação) e é comprovado através de certificados e diplomas igualmente registados
pelo ministério de tutela.
De acordo com Ponce (1979) a educação formal (escolar) surge como uma nova forma de educar que
se distingue da educação informal na forca e conteúdos. Para este autor a complexidade crescente das
civilizações trouxe como consequência a diversidade de papéis sociais e a necessidade de preparar as
jovens gerações para desempenhar estes papéis.
Mondlane (1975), sublinha que a educação formal ocorre em contexto extra-familiar à cargo de
instituições especializadas, como a sobre o seu meio envolvente a fim de assegurar a sua
sobrevivência. Ainda no pensamento do mesmo autor, a escola não tem tratado as duas faces (cultural
e pragmático) como indissociáveis.
Sendo assim, a escola define seus objectivos apenas em termos técnicos e formais, como o sucesso
nos exames e obtenção do diploma, relegando para o 2º plano a formação cultural. A escolha que a
escola faz, coloca-se do lado da sabedoria e não do lado do sujeito que assimila essa sabedoria.
É de concordar com a abordagem de Lobrot quando afirma que a escola tem-se colocado de forma
demasiada do lado da sabedoria/ciência esquecendo o sujeito a qual se destina concretamente. escola,
o seu grau de organização e o facto destas muitas vezes veicular saberes globais/universais, é
exercida na família privilegiando os saberes locais.
Para Lobrot (1992) o objectivo da escola (educação formal) é a aquisição de sabedoria e esta te duas
faces. Por um lado representa o acto de saber, “desejo de sabedoria, cultura” e de outro lado ela é um
acto que permite ao individuo agir

2.4. Importância e finalidades de educação.

Uma das abordagens a considerar é a de Durkhein (2001), segundo a qual ”(…) a finalidade da
educação consiste em desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que é susceptível, e o
desenvolvimento harmónico de todas as faculdades humanas e elevar ao mais alto nível todas as
potencialidades que em nós existem.” (p.6)
Durkhein (2001) considera que a educação tem como tarefa essencial a formação de personalidades e
a modelação do comportamento humano. A educação dota os homens de capacidade de acumular e
transmitir a herança social, os conhecimentos, aptidões, costumes, crenças. No entanto, para tal é
necessário que esta tenha carácter integrativo dos indivíduos no seu meio e, em última análise a
educação é uma espécie do meio básico, que convenientemente administra, prepara os indivíduos para
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contribuir no bem-estar do seu meio social. Contudo, Morrow & Torres (1997) sugerem que não é
através de uma determinada atitude pedagógica dada através da educação formal nas escolas ou de
uma organização educativa, por muito perfeita que ela seja, que podemos modificar os elementos
constituintes de uma sociedade e as relações existentes entre eles, mas pelo contrário, é a sociedade
que impõe com uma forca irresistível em certos momentos da sua evolução os processos educativos.
(p.13). Nesta reflexão Morrow & Torres (1997), dizem o seguinte: “ (…) A educação tem a finalidade
de levar aos indivíduos a compreensão dos problemas do meio em que vivem, de adquirir um
conjunto de conhecimentos e de aptidões que lhes permitam melhorar progressivamente as suas
condições de vida e a participação activa no desenvolvimento das colectividades a que estão
ligadas”. (p.16).
Do ponto de vista moral, Morrow & Torres (1997) afirmam que cada sociedade possui um sistema
educativo que se impõe aos indivíduos com uma forca irresistível. Julga-se que se pode educar os
filhos como querem, os hábitos destas sociedades devem ser obrigatoriamente aceites, se os
infringirmos, estes uma vez adultos, não se acham capazes de viverem no meio dos seus
contemporâneos, com os quais não se encontram em concordância. Na leitura de Morrow & Torres
(1997), ”(…) o insucesso escolar tem sido normalmente o resultado da relação entre a instituição
escolar e as crianças que frequentam o ensino, sobre tudo às do meio mais desfavorecidos,” (p. 16).
Visto que cada sociedade tem as suas regras e normas, os sistemas educativos não deveriam ser
uniformes, mais sim deviam atender as particularidades do meio em que estão inseridas, tendo em
conta o contexto social vigente, isto é, o que faz com que a escola tenha um papel integrador.

Durkhein (2001) revela ainda a preocupação sobre o papel da educação como meio de integração
social da realidade, que é resultado do processo da socialização primária e secundária, que pode
influenciar no comportamento do indivíduo no âmago da sociedade e, consequentemente influenciam
no desempenho escolar. A partir da análise do fenómeno pedagógico, como as taxas de reprovações, e
desistências, Mazula (1995) discute o grau de articulação entre a educação, cultura e ideologia no
sistema do ensino moçambicano. Este autor diz que: o insucesso escolar não deve ser explicado
apenas a partir dos alunos, professores, pais ou encarregados de educação, mas também tendo em
conta a realidade social, os indivíduos reais e as relações determinadas pelo modo de produção.
Neste ponto de vista, tendo em conta os problemas educacionais, como os da desistência ou fraca
participação escolar das crianças, o mesmo autor sustenta que é necessário questionar em primeiro
lugar como se estrutura e funciona a própria sociedade. Tal necessidade de interrogação prende-se
com o facto de a história mostrar que embora se possa falar em linhas gerais sobre a educação, cada
sociedade organiza a sua e educa, de acordo com a sua realidade e seus interesses.

Palme (1992) diz que em certas comunidades, a importância da escola como uma agência educacional
é limitada nos seguintes termos: “ (…) o trabalho, a educação familiar, as cerimónias religiosas, a
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iniciação e outros rituais e muitas vezes agências educacionais semi- institucionalizadas tal como as
escolas corânicas educam as crianças e preparam-nas para o futuro”. (p.40) Sendo assim, a
manutenção das crianças na escola significa adiar a sua participação nas actividades domésticas,
particularmente no trabalho da machamba familiar que também representa uma oportunidade de
educação familiar.
Por esta razão alguns casos de abandono precoce são devido a impossibilidade de combinar a escola
com as estratégias locais de reprodução social, nomeadamente, o casamento, cerimónias de ritos de
iniciação e trabalhos de sobrevivência familiar.
Palme (1992), também analisa o desperdício escolar como um fenómeno complexo e, no conjunto das
causas do problema, este autor sublinha o facto de o sistema educacional moçambicano ter como
utentes os grupos sociais com diferentes tipos de recursos. Assim, Palme (1992) observa o seguinte:
“ (…) Em vez de se atribuir culpa, pela fraca participação escolar dos alunos, aos pais e
encarregados de educação, deve se dar lugar a uma tentativa de compreender os mecanismos para
determinar o significado que a educação pode ter para os que nela estão envolvidos”.(p.117)
No que diz respeito à alta taxa de desistência das crianças das zonas rurais, diz Palme (1992): “(…)
não pode ser entendida como hábitos ou formas ultrapassadas, encontrando a explicação na lógica
da reprodução social da sociedade rural.” (p.117)

De um modo geral, as abordagens até aqui apresentadas, evidenciam o factor de ordem cultural como
algo que limita as aspirações das famílias dos meios socialmente desfavorecidos em relação à escola.
Assim, a participação da criança em cerimónias de ritos de iniciação, os casamentos precoces, o
envolvimento das crianças nas actividades produtivas e, um poder fraco dos pais ou encarregados
de educação em não poder cobrir nas despesas da escolarização dos seus filhos são aspectos mais
destacados para a fraca participação e abandono da educação formal, sobre tudo para o caso de
Moçambique particularmente.
Concordando com a abordagem de Mazula (1995), pode-se referir que quando se está diante de
problemas educacionais, como os de evasão escolar, tende-se a interrogar em primeiro lugar sobre o
funcionamento da própria sociedade. Neste caso, no bairro de Licole Distrito de Sanga, onde maior
parte de residentes deste bairro é de origem yao, uma tribo em que a prática de ritos de iniciação é
bastante acentuado.

2.5. O Papel da Educação tradicional


Viver em comunidade pressupõe dentre outras condições, uma interacção entre os homens,
partilhando valores, crenças, ou seja uma determinada maneira de conceber o mundo. Neste contexto,
para uma convivência harmoniosa, a comunidade estabelece normas de comportamento cuja
legitimidade é reconhecida pelos membros do grupo.
Segundo Golias (1993: 12), a educação tradicional visa a tripla integração do individuo na sociedade
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que são: pessoal, social e cultural. A integração pessoal visa reunir, num todo unitário, as múltiplas
influências sobre o individuo que é integrado na maneira de pensar, de agir, de andar, de comer, de
vestir, de falar e de se comportar entanto que ser humano individual conforme seu carácter à nascença.
Por sua vez, a integração social leva o individuo a participar activamente nas actividades da
comunidade onde ele se insere, na vida do grupo a que pertence. Finalmente, a integração cultural faz
da personalidade um modelo, um padrão na maneira de pensar e de ser, própria dos membros do
grupo.
Por meio da educação tradicional responde-se a tripla finalidade já referida. A educação tradicional
preocupa-se preocupando-se em transmitir a criança elementos que ajudam a formar a sua
personalidade segundo o grupo onde ele esta inserido, Golias (1993: 13).
Para o caso da comunidade dos Yao, residente na zona militar, escola primária de Licole, onde
decorreu o presente estudo, a observância rigorosa das regras e normas de comportamento, que
identificam esta comunidade, são obrigatórias e todos indivíduos descendentes dos Yao passam por
um processo de aprendizagem através de ritos de iniciação, sobretudo as crianças.

Para os Yao, a criança é um bem valioso e para a sua boa educação, deve ser aconselhada enquanto
cedo através da educação tradicional, sobre tudo através dos ritos de iniciação. Sendo assim, as
crianças pertencente a esta comunidade quando atingem uma idade compreendida entre 9 aos 14 anos
de idade devem ser submetidas as cerimónias dos ritos de iniciação. De acordo com um encarregado de
educação e por sinal uma das mestres das cerimónias dos ritos de iniciação de origem Yao, os
ritos de iniciação são muito importante para o futuro da criança. Este5 afirma o seguinte:
“Nós os grandes (mais velhos) sabemos ver que os nossos filhos já cresceram e vemos a necessidade
de meter dentro da casa para começar com as cerimónias e sentimos que os nossos filhos estão bem-
educados quando passam pelos ritos de iniciação, visto que estes aprende m a ouvir os seus pais ou
encarregados de educação e outras pessoas mais velhas e tem um comportamento aceite pela
sociedade”. (Vide apêndice 1).
Para esta comunidade, a educação através dos ritos de iniciação dá a criança e jovens um conjunto de
conhecimentos utilitários muito diversos que lhes permite enfrentar com eficácia e sem frustrações na
vida futura, também transmitem valores, credencia o individuo como sendo bem- educado, detentor de
um respeito aceite pela sociedade.

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA

O presente capítulo corresponde a metodologia a ser usada, pretende-se descrever os caminhos que
serão seguidos para a obtenção da informação conducente aos resultados, bem como a materialização
desta pesquisa. Neste capítulo traremos diversos conceitos referentes a metodologia da pesquisa,
desde o conceito de metodologia, tipos de pesquisa quanto a forma de abordagem, objectivos, de
procedimentos, métodos de pesquisa, técnicas de recolha de dados e amostragem.
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3.2. Metodologia

De acordo com Prodanov & De Freitas (2013:14), a metodologia é compreendida como uma
disciplina que consiste em estudar, compreender e avaliar os vários métodos disponíveis para a
realização de uma pesquisa académica. A metodologia foi a aplicação de procedimentos e técnicas
que foram sendo observados para a construção do conhecimento, com o propósito de comprovar a sua
validade e utilidade nos diversos âmbitos das Sociedade.

De acordo Lakatos e Marconi (2003), método é o conjunto de actividades sistemáticas e racionais que,
com maior segurança e economia, permite alcançar um determinado objectivo. Entretanto, não existe
uma pesquisa científica que se faz sem o uso dos métodos científicos, embora nem todos os ramos
fazem o uso dos métodos científicos.

3.3. Tipo de pesquisa

3.3.1. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema

A presente pesquisa irá basear-se na abordagem qualitativa, na medida em que se apresentará


descrições detalhadas verificadas do ponto de vista interno.

A abordagem qualitativa segundo Dias (2008:17), será um instrumento capaz de aferir um melhor
aprofundamento à análise crítica dos elementos que compõem o quotidiano escolar, apresentando seus
significados e limitações.

A utilização da abordagem qualitativa será uma forma adequada de se entender a natureza de um


fenómeno social. Porém, apesar da escolha da metodologia qualitativa não se descartará a hipótese do
uso da abordagem quantitativa, tomando em consideração que será apresentada uma amostra que
prestará depoimentos sobre õ tema em alusão.

3.2.2 Do ponto de vista de sua natureza

Quanto à sua natureza, esta pesquisa será de natureza aplicada, pois objectiva gerar conhecimentos
para aplicação prática dirigidos à solução de um problema específico identificado, como o caso da
influencia da educação tradicional na aprendizagem dos alunos na EP de Licole.

3.2.3 Do ponto de vista de seus objectivos

Segundo Gil (1999:42), os tipos de pesquisa quanto aos objectivos podem ser classificados em:
pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa.
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Para apresente pesquisa, será exploratória, pois pressupõe a realização de observação participante,
entrevistas aos professores e o questionário aos alunos, pois, estes são os principais intervenientes no
PEA, para que de forma detalhada se compreende o problema.

3.4. Métodos de Pesquisa

Segundo Lakatos & Marconi (2003:83), método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais
que, com maior segurança e economia, permitiu alcançar o objectivo, conhecimentos válidos e
verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.
Método será a forma ordenada de proceder ao longo de um caminho.

Para Gil (1999:39), método é o conjunto de processos ou fases empregadas na investigação, na busca
do conhecimento. Os mesmos puderam ser subdivididos em métodos de abordagem e métodos de
procedimentos.

3.5. Método de abordagem

Para a materialização desta pesquisa será feita uma pesquisa de campo, privilegiando
uma perspectiva do tipo qualitativa com o objectivo de descobrir a origem do problema.

Na visão de Lakatos & Marconi (2003, p.186) a pesquisa de campo é utilizada com objectivo de
obter informações e/ ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual
se procura uma resposta que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenómenos ou as
relações entre eles. Consiste na observação de factos e fenómenos, tal como, ocorrem
espontaneamente na colecta de dados a eles referentes para analisá-los.

A perspectiva qualitativa que, para Freitas, et al., (2005), pressupõe o uso de dados de natureza
qualitativa, como textos, discursos, entrevista, reportagens.

Portanto com esta perspectiva observaram-se e avaliaram-se posicionamentos, opiniões, perfis, com o
objectivo de chegar com maior rapidez às informações realmente pertinentes desde o dado bruto ou
puro ao dado elaborado, por meio da interpretação, análise e síntese, e, a partir disso, por uma
constatação ou curiosidade, poder rapidamente aprofundar a investigação, voltando à fonte e ao dado
bruto como recurso mesmo de sustentação de argumento ou simplesmente de ilustração.
18

3.6. Método de Procedimento

Para a materialização da pesquisa usar-se-á o método de abordagem indutivo. A preferência pela


indução, é porque esta parte de constatações mais particulares (da realidade vivida na EPC de Licole
para constatações gerais, permitindo chegar a conclusões mais amplas.

Usaremos também o método monográfico ou estudo de caso que consiste em estudar determinados
indivíduos ou comunidades, para obter generalizações. Serão observados factores que influenciam
para a existência da problemática da influencia da educação tradicional na aprendizagem.

Lakatos & Marconi (2003) dizem que: consiste na escolha de problemas interessantes e na crítica de
nossas permanentes tentativas experimentais e provisórias de solucioná-los, isto é, inicia- se pela
percepção de uma l a c u n a nos conhecimentos, a c e r c a da qual f o r m u l a hipóteses ou
perguntas de pesquisa e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de
fenómenos abrangidos pela hipótese ou pelas perguntas de pesquisa.

A opção deste método de abordagem consiste em partir das teorias e leis para a análise explicação de
fenómenos particulares. Neste caso, do particular ao geral, iniciou-se pela percepção de uma
lacuna nos conhecimentos, e formulou-se perguntas de pesquisa, pelo processo de inferência indutiva,
testaremos a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos pelas perguntas de pesquisa.

Portanto, fez-se uma explicação da matéria desde o ponto micro ao macro, isto é, iniciará por se dar os
conceitos de Educação, com particular atenção para a educação tradicional. Estes métodos permitiram
que os objectivos da pesquisa sejam atingidos com base na análise dos dados obtidos após a aplicação
dos instrumentos de recolha de dados sobre a identificação de orações de subordinação adverbial, e
esses dados serão apresentados em gráficos percentuais.

3.7. Técnicas de colecta de dados

A colecta de dados será realizada com base no questionário que por sua vez serão lançados numa
planilha do MSO Excel para a posterior análise.

Usar-se-á a observação participante, pois optar-se-á pela interacção entre o pesquisador e os membros
constituintes da pesquisa, onde na EP de Licole, interessará aos pesquisadores identificar como a
educação tradicional influencia na aprendizagem das crianças.
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3.8. Instrumentos de Recolha de Dados

3.7.1 Pesquisa Bibliográfica

Nesta pesquisa contará com o auxílio de obras publicadas por outros autores que versam sobre o tema
proposto.

Na visão de Marconi, et al (1996:19), A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange


toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios
de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão.

Aida Marconi, et al (1996:19), fundamenta que, sua finalidade é colocar o pesquisador em contacto
directo com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências
seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.

3.7.2 Observação directa

Esta consiste na confrontação dos conhecimentos teóricos com os factos observados no terreno, o que
permitirá também o registo de algumas imagens para melhor esclarecer a ocorrência dos fenómenos.
Sobre a observação, Marconi & Lakatos (2003:190) referem ser uma técnica de colecta de dados para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.

3.7.3. Questionário

Nesta indagação, aplicaremos um questionário que será dirigido a um grupo de alunos da Escola
Primaria C. de Licole, e entrevista dirigida aos professores da mesma escola e os pais encarregados de
educação.

Segundo Barbosa (2008, p. 1), “questionário é uma técnica de colecta de dados, dirigido acertas
pessoas para a obtenção de informações, contendo questões que podem ser, abertas, directas (sim ou
não), múltipla escolha com o objectivo de medir atitudes, opiniões e comportamentos” Da Silva e
Menezes (2005, p. 33) afirmam que, o questionário deve ser objectivo, limitado em extensão e deve
estar acompanhado de instruções que esclarecerão o propósito de sua aplicação, ressaltando a
importância da colaboração do informante e facilitarão preenchimento.

A opção pelo questionário para esse trabalho deveu-se ao facto de ser considerada como uma das vias
mais eficazes para a recolha dos dados sobre a problemática da identificação de orações adverbiais da
classificação e ser fácil e flexível sua execução. Com o questionário sertã fácil avaliar o nível de
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assimilação dos alunos, pois através das questões eles darão as respostas segundo o que assimilaram
durante o percurso da aprendizagem. O questionário espelhará perguntas relevantes ao problema
em estudo e estará dividido em duas partes, a primeira parte, tratará dos dados de identificação dos
alunos; a segunda e a última parte, tratará sobre a influência da educação tradicional na aprendizagem
dos alunos.

3.7. 4 Entrevista dirigida

Esta técnica, consiste no encontro entrevistador – entrevistado, onde o entrevistador coloca uma série
de questões ou temas a que o entrevistado deverá responder ou desenvolver mais ou menos
extensivamente, seguindo o tipo de problema (Deslandes, 2008:93).

Nesta pesquisa, em particular será usada a entrevista padronizada ou estruturada que na óptica de
Marconi & Lakatos (2003):

É aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas ao


indivíduo são predeterminadas. Ela se realiza de acordo com um formulário elaborado e é efectuada
de preferência com pessoas seleccionadas de acordo com um plano.

Segundo Bandeira (s/d, p. 5), “ Entrevista dirigida é aquela que o entrevistador decide as
perguntas anteriormente, num questionário, isto é, um guião de entrevista estruturado, o entrevistador
apenas lê as perguntas e anota as respostas dos sujeitos, sem acrescentar nenhuma nova pergunta,
durante a entrevista.” Com isso, a nossa entrevista foi será dirigida para à três (3) professores.
Utilizou-se a entrevista com o objectivo de ouvir directamente as opiniões dos professores em torno
da problemática das dificuldades que os alunos encaram no PEA, sobretudo na identificação de
orações de subordinação adverbial.

Os dados obtidos através da observação directa, questionário e da entrevista serão apresentados em


gráficos percentuais para facilitar na leitura dos mesmos.

3.8. População

Segundo Lakatos & Marconi (1992), “Universo ou população é o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum, como, por exemplo, sexo,
faixa etária, organização a que pertencem, comunidade onde vive, etc. A população desta é composta
por todos residentes em Licole. Onde dentro universo desta população extraímos um subconjunto para
a amostra.
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3.9. Amostra

Segundo Lakatos & Marconi (2003, p. 163), “A amostra é uma parcela convenientemente
seleccionada do universo (população); é um subconjunto do universo.

Amostra é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se


estimam as características desse universo ou população (Gil, 2008:90).

Segundo Prodanov (2013:69), existem vários critérios de classificação de amostras, mas em geral
dividem-se em dois grandes grupos: amostra probabilística e amostra não probabilística. Na amostra
probabilística em princípio todos integrantes do universo/população alvo tem a mesma possibilidade
de serem escolhidos. Na amostra não probabilística, os sujeitos são escolhidos obedecendo
determinados critérios (acidental e intencional ou de selecção racional).

Para a presente pesquisa, será usada a amostra probabilística pois se baseia na escolha de forma
aleatória dos sujeitos a fazerem parte da amostra, isto é, cada membro do universo terá a mesma
possibilidade de ser escolhido sendo que todos os alunos da escola em estudo, Pais e encarregados de
educação, professores e líderes comunitários serão elegíveis para o efeito.

3.9.1. Tipo de Amostragem

Para a materialização desta pesquisa baseou-se na amostragem por estratificação que segundo Gil
(2008:91):

Caracteriza-se pela selecção de uma amostra de cada subgrupo da população considerada. Uma
amostra estratificada é uma probabilística que se caracteriza por um procedimento com duas
etapas, nomeadamente: divisão da população em subgrupos chamados estratos e escolha da amostra
aleatória simples.

Trata-se de uma amostra que parte do pressuposto de que todos os elementos da população ou
universo têm a mesma probabilidade de serem incluídos na amostra. Desta forma os resultados
obtidos com análise dos dados da amostra podem ser transponíveis, como determinado grau de certeza
para toda a população.

O universo amostral desta pesquisa compreende, a todos os alunos, professores, Pais e encarregados
de educação da Escola Primaria de Licole e Líderes comunitários. Deste universo retiramos a amostra
geral que será de 23 sujeitos, distribuídos conforme a tabela abaixo ilustra:
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Tabela 1: Características da amostra da pesquisa

Ordem Elementos Ocupação Técnicas de colecta de


da amostra dados

H M

1 1 Director Adjunto Pedagógico

2 2 2 Professores de Língua Portuguesa

3 5 5 Alunos(a)

4 1 1 Líderes Comunitários Observação participante o

5 3 3 Pais e encarregados de educação questionário e a entrevista

Total de HM 23

Fonte: Autores, 2024

A pesquisa será feita em três fases onde na primeira fase consistirá na recolha de dados bibliográficos,
a partir das obras que fazem referência sobre o tema em alusão e todas serão devidamente
referenciadas na bibliografia final. A segunda fase será de observação participante, questionário e a
entrevista, que consistirá na recolha de dados e sensibilidades em torno do tema ora apresentado.

A terceira fase, será referente a análise e interpretação dos dados recolhidos na Escola Primaria de
Licole a partir das observações, questionário e das entrevistas que serão efectuadas.

CAPÍTULO V: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão analisados e discutidos os dados recolhidos na Escola Primaria de Licole, onde
serão submetidos a entrevista na condição de anonimato, uma amostra de 23 sujeitos entre homens e
mulheres.
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5. Cronograma de actividades

Para concretizar esta pesquisa, será seguido o seguinte cronograma de actividades.

Actividades Meses
Abril Maio Junho

1 Prepara do projecto e Consulta


Bibliográfica adicional

2 Apresentação do projecto

3 Realização de pesquisa de campo

4 Análise dos dados

5 Elaboração do Relatório de Pesquisa

6 Submissão do relatório para apreciação

7 Apresentação do Relatório de Pesquisa

6. Orçamentação

Para a efectivação das actividades preconizadas neste protocolo de pesquisa e apresentada a


seguinte orçamentação:

N° Designação Quantidade Preço unitário Subtotal

1 Resma de papel A4 1 350,00MT 350,00MT

2 Caderno de nota 2 120,00MT 240,00MT

3 Lápis 2 10,00MT 20,00MT

4 Esferográficas 4 10,00MT 40,00MT

5 Digitação do projecto 1 500,00MT

6 Digitação do Monografia 2 500,00MT

7 Impressão de projecto 800,00MT

8 Impressão do Relatório 2 500,00MT

9 Transporte Alimentação 8.000,00MT

Total Geral 15 450, 000MT


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Os custos da operacionalização da presente pesquisa não possuem financiador ainda, sendo que
estão abertas as possibilidades de entidades interessadas poderem faze-lo.
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7. Bibliografia

História da Educação. São Paulo, s/ed. 1983.


Sociologia, Educação e Moral, 2ᵃ edição. Porto: Reis-Editora. 2001.
Afonso, G. A educação formal e educação informal em ciências. 1ᵃ edição. São Paulo.1992.
ARIANDE, Élzia Artur Zeca. Educação tradicional no desempenho escolar. Maputo. 2014
BUENDIA, G. Educação moçambicana: história de um processo, 1962-1984. Moçambique-
Maputo: UEM Imprensa Universitária. 1999.
CONCEIÇÃO, R. Inserção da escola na comunidade. (relatório das pesquisas sobre a interacção
entre a cultura tradicional e a escola oficial. Maputo: 1998.
DESLANDES, S. F. O projecto de pesquisa. In: Minayo, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social:
teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes. 1995.
Durkhein, E. As regras do método sociológico, 2ᵃ Edição. São Paulo: companhia Editora Nacional.
1983.
GIL, António Carlos Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas. 1991.
GOLIAS, M. Sistema de ensino em Moçambique-passado e presente. Maputo: Editora escolar.
1993.
INDE/ MINED (2003). Plano Curricular do Ensino Básico. INDE/ MINED-Moçambique. ITURRA,
R. A Construção Social do Insucesso Escolar. Memória e aprendizagem em Vila Ruiva.
Lisboa: Escher. 1990.
LAKATOS, Eva Maria & Marconi, Maria de Andrade. Metodologia Científica. 4. ed. rev. e ampli,
Atlas. São Paulo. 1992.
LOBROT, M. Para que serve a Escola? Lisboa: Terramar - Editores, Distribuidores e Livreiros,
Lda. 1992.
MAZULA, B. Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique: 1975-1985. Colecção: armas e os
varões. Edições Afrontamento. 1995.
MIKAEL, P. O Significado da Escola. Repetência e Desistência nas Escolas Primárias
Moçambicanas. Maputo: INDE. 1992.
MONDLANE, E. Lutar por Moçambique. Sá da Costa. 1975.

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