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net/publication/330398558

Moreira, J. 2017. "A Fraga das Passadas, Bustelo, Chaves (Norte de Portugal). Contributo para o estudo dos podomorfos". EJIPATER, Braga, 14-16 Dez. 2017.

Poster · December 2017

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José Moreira
University of Minho
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A FRAGA DAS PASSADAS, BUSTELO,
CHAVES (NORTE DE PORTUGAL).
CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DOS
PODOMORFOS

José Moreira1
1Aluno de Mestrado em Arqueologia da Universidade do Minho. 0 1 KM

0 1 KM
[email protected]
Fig. 1: Excerto de Carta Militar de Portugal, folha 34, à escala 1/25 000, com a localização da Fraga das Passadas.

INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
O objetivo deste poster centra-se na análise iconográfica da Fraga das Passadas, por forma a conhecer a sua
biografia e importância no contexto da arte rupestre do Norte de Portugal. A metodologia de estudo utilizada compreendeu a pesquisa e análise bibliográfica; a inventariação e
contextualização física do afloramento; a sua limpeza a seco (embora parcialmente), de forma a que fosse
Corresponde a uma laje granítica de grandes dimensões, com um grande número de podomorfos, entre plausível o estudo e observação do maior número de motivos possível; a divisão e delimitação de distintos
outros motivos, pelo que se trata de um afloramento excecional, no contexto do estudo dos podomorfos painéis; a identificação de diferentes tipos de podomorfos, assim como, a sua análise formal e técnica e o seu
desta região do país, sendo dos lugares que maior número destes motivos contém. levantamento fotográfico e fotogramétrico, tendo sido utilizado, para o efeito, o programa informático Agisoft
PhotoScan, seguido do MeshLab, para tratamento e melhoria das imagens. Através da análise fotogramétrica
Localiza-se no lugar do Souto/Barrosa, na freguesia de Bustelo, Chaves, Vila Real (Fig. 1). Implanta-se a da rocha, foi possível confirmar alguns dados e adquirir outros.
meia vertente do Alto da Sobreira, no monte de Elhos, num lugar bastante irrigado. O domínio sobre o
meio circundante é bom, sobretudo para o vale do Tâmega, a sul, onde se observa um vasto território (Fig.
A FRAGA DAS PASSADAS
2).
A Fraga das Passadas corresponde uma laje granítica de grandes dimensões, mas muito pouco sobrelevada
A Fraga das Passadas encontra-se, em parte, soterrada pelo caminho que lhe dá acesso, pelo que poderão
em relação ao solo atual. Encontra-se orientada de noroeste para sudeste, tendo 24,40 m de comprimento por
existir motivos que não estão visíveis de momento.
8 m de largura. Enquanto o extremo noroeste do afloramento, onde se atinge a máxima altitude, é
tendencialmente aplanado, parte do restante afloramento é relativamente inclinado para sudeste, apesar de
existirem algumas áreas mais elevadas e aplanadas, nomeadamente a oeste e sudoeste. A distribuição espacial
dos motivos em inter-relação com a topografia do afloramento possibilitou dividir esta fraga em 10 painéis
distintos.

Distribuídos pelos 10 painéis existem 99 podomorfos, que se organizam em 29 pares e 41 individuais.


Existem 31 pés direitos, 30 pés esquerdos e 38 pés indeterminados.

Tipologicamente 62 representam pés descalços e 37 representam pés calçados. Os pés calçados são todos
providos de tacão. De realçar que 1 par de podomorfos tem uma moldura quadrangular em volta e uma
inscrição de difícil leitura, seguramente mais recente.

As suas dimensões variam entre os 13 e os 59 cm de comprimento máximo, sendo que 8 têm menos de 15
cm, 49 têm entre 15 e menos de 22 cm, 33 têm entre 22 e menos de 32 cm, 5 têm entre 32 e menos de 40 cm e
4 têm mais do que 40 cm de comprimento máximo.
Fig. 2: Vista para sul, obtida a partir da Fraga das Passadas Fig. 3: Fraga das Passadas, vista de sudeste.
A maioria dos podomorfos encontra-se orientada para noroeste (74), existindo uma considerável quantidades
destes, também orientados para sudeste (10) e alguns para oeste (9), sudoeste (3), norte (2) e este (1).

Para além de podomorfos, a Fraga das Passadas contém, várias representações de mãos, no topo do
afloramento e em associação com os podomorfos (Fig. 4). Contém, ainda, pequenos círculos, círculos
abertos ou motivos em forma de U, designados, por vezes, por ferraduras, que se concentram,
maioritariamente, em áreas onde os podomorfos são raros. Inscrevem-se na arte esquemática. Existem, ainda,
covinhas, várias cruzes, por vezes com peanha, um cruzeiro (Fig. 4), além de uma data (1963 ou 1863).

A técnica empregue na execução da maioria dos motivos foi, essencialmente, o baixo relevo, que se manifesta
quase sempre nos podomorfos e nas mãos. Os motivos em U e alguns podomorfos foram executados através
da técnica de linha de contorno, realizada por percussão seguida de abrasão. Destaca-se a profundidade das
covinhas que é mais acentuada do que a das restantes gravuras.

LENDA ASSOCIADA

Segundo a população local, as pegadas de maiores dimensões são atribuídas ao judeu errante que perseguia o
menino Jesus. A este último, atribuem-se as pegadas de menores dimensões. Dizem, ainda, que os equídeos
que acompanhavam estas duas figuras mitológicas, tinham as ferraduras viradas ao contrário, e que estas são
as que estão impressas na Fraga das Passadas.
Uma outra lenda, contada pela população local é a de que estas pegadas se relacionam com a fuga da Nossa
0 50 cm Senhora para o Egito, na tentativa de escapar a Herodes.
Fig. 4: Fotogrametria do painel 1 da Fraga das Passadas.

INTERPRETAÇÕES

Os motivos que constam nos 10 painéis da Fraga das Passadas são de diferentes tipos e estilo. Apesar da
Fig. 5: Painel 1 da Fraga das Passadas. maioria dos motivos corresponder a podomorfos, há a registar, nos painéis 1, 3 e 8, pequenos círculos,
círculos abertos ou motivos em forma de U, que se inscrevem no que Bettencourt (2017) considera de Arte
Esquemática Tardia, com cronologia entre os finais do 3º e os inícios do 1º milénio a.C., mas que neste caso
parece ter sido o primeiro momento de gravação.

Assim, os podomorfos corresponderão ao segundo momento de gravação. Quanto a estes, os mais antigos
poderão ser os que se representam, apenas, através de sulcos obtidos por percussão seguida de abrasão, que
são escassos e que se encontram muito erodidos. Talvez, posteriormente, se tenham gravado podomorfos
descalços e alguns calçados, em baixo relevo. Como há diferente tipologia de podomorfos com tacão, é
possível que alguns tenham sido gravados em diferentes momentos ou correspondam a personagens com
diferentes tipos de calçado.

Se atendermos às cronologias genéricas propostas para os podomorfos, estes poderiam ter sido gravados,
desde a Idade do Bronze a épocas históricas (Gomes e Monteiro, 1974-1977; Molina García, 1989-1990;
Santos Estévez e García Quintela, 2000a; Gomes, 2010; Cardoso, 2015).

No entanto, novos dados parecem apontar para que possam ser, essencialmente, da Idade do Bronze,
Fig. 5: Par de podomorfos de grandes dimensões, presentes no Fig. 6: Par de podomorfos calçados do painel 9, com tacão e com moldura podendo mesmo haver simultaneidade entre podomorfos descalços e calçados. As mãos serão
painel 5. em volta e inscrição na parte inferior.
contemporâneas.

BIBLIOGRAFIA A moldura do par de podomorfos do painel 9, deverá ter sido realizada, seguramente, em período histórico,
-GOMES, M. V. e MONTEIRO, J. P. (1974-1977) - “As rochas decoradas da Alagoa, Tondela-Viseu”, O Arqueólogo Português, 3ª Série, 7/9, pp.
talvez Medieval ou Moderno, como a inscrição e a sua profundidade indiciam. A estes períodos tardios,
145-164. deverão pertencer, também, o cruzeiro e a cruz. A data será posterior.
-MOLINA GARCÍA, J. (1989-1990) - "Podomorfos humanos en el complejo epilítico del Arabilejo. Yecla (Murcia)". Anales de Prehistoria y
Arqueología 5-6, pp.: 59-67.
-SANTOS ESTÉVEZ, M. e GARCÍA QUINTELA, M. V. (2000a) - “Petroglifos podomorfos del Noroeste Peninsular: Nuevas comparaciones e
Assim, pode considerar-se que este local foi significante desde, talvez, o 3º milénio até à atualidade, embora
interpretaciones”. Revista de Ciências Históricas, 15, pp. 7-40. com alterações de sentidos na longa duração. As cruzes, cruzeiros e lendas correspondem à sua última fase
-GOMES, M. V. (2010) - Arte Rupestre do Vale do Tejo. Um ciclo artístico-cultural Pré e Proto-histórico. Lisboa: FCHS-UN Lisboa (Tese de significante, no âmbito da lógica cristã.
doutoramento).
-CARDOSO, D. (2015) - A Arte Atlântica do Monte de S. Romão (Guimarães) no Contexto da Arte Rupestre Pós-paleolítica da Bacia do Ave – Noroeste
Português. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Tese de doutoramento). Quanto aos podomorfos, a sua grande maioria orienta-se para noroeste, pelo que, talvez, se possam associar
ao culto solar, mas, também, a um lugar de chegada, onde seria importante ter estado no decurso da vida dos
AGRADECIMENTOS: Este trabalho foi realizado no âmbito da dissertação de mestrado em Arqueologia da Universidade do Minho, personagens que aqui chegaram. Rito de iniciação?
intitulada Podomorfos na Fachada Ocidental do Noroeste de Portugal, entre o Rio Douro e o Rio Minho, coorientada pelos doutores Ana M. S.
Bettencourt e Manuel Santos-Estévez, a quem agradecemos as sugestões.
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