E Book Meningite 1696515623
E Book Meningite 1696515623
MENINGITE
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A coleção institucional do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Câmara Brasileira
do Livro (CBL) - https://www.cblservicos.org.br
Coordenação Educacional
Kelly Cristina Santana
Coordenação-técnica:
Edilson Correa de Moura
Luisa Wenceslau
Elaboração de texto:
Paulo Pereira Christo
Designers Instrucionais:
Jacqueline Cristina dos Santos
Pollyanna Lucarelli
Lais Soares Pereira German
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde Ebook Meningite [livro eletrônico] / Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde ; [elaboração de texto Paulo Pereira Christo]. -- 1. ed. -- Brasília, DF : CONASEMS, 2023. PDF
1. Doenças imunológicas - Prevenção 2. Educação a distância 3. Meningite I. Christo, Paulo Pereira. II. Título.
CDD-614.4
23-173286 NLM-WA-100
Índices para catálogo sistemático: 1. Epidemiologia : Saúde pública 614.4 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Lista de
Siglas
AINEs | Ácido Acetilsalicílico ou Anti-inflamatórios Não Esteroides
CMV | Citomegalovírus
CIM | Concentração Inibitória Mínima
CI | Coeficiente de Incidência
EUA | Estados Unidos da América
Hib | Haemophilus Influenzae Tipo b
IDSA | Infectious Diseases Society of America
LCR | Líquido Cefalorraquidiano
PNI | Programa Nacional de Imunização
QID | Quatro Vezes ao dia - do Latim “Quarter in die”
PCR | Reação em Cadeia da Polimerase
RNI | Relação Normatizada Internacional
RNM | Ressonância Nuclear Magnética
SNC | Sistema Nervoso Central
TCC | Tomografia Computadorizada de Crânio
VZV | Vírus da Varicela-Zóster
HIV | Vírus da Imunodeficiência Humana
Lista de
Gráficos,
Figuras
e Quadros
Além do E-book, você também terá acesso à Teleaula, à Aula Web e a outros
Materiais Complementares, que compõem a Trilha de Conhecimento.
Bons
estudos!
7
Introdução
As meninges são membranas constituídas de tecido
conjuntivo que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
Pia-máter
Aracnoide (entre
Dura-máter (acima do tecido
as duas
(mais externa) nervoso
membranas)
cerebral)
9
Meningite é uma condição inflamatória das meninges que pode ser causada por
infecções, doenças autoimunes, neoplasias e medicamentos.
10
A inflamação da Leptomeninge, e dos tecidos em torno do encéfalo e da medula
espinhal, é caracterizada por uma Pleocitose (aumento de células leucocitárias)
no Líquido Cefalorraquidiano (LCR).
➢ Vírus.
➢ Bactérias.
➢ Fungos.
➢ Protozoários.
➢ Helmintos.
11
A Meningite aguda é definida como uma síndrome, caracterizada pelo
aparecimento de sintomas meníngeos, durante um período que varia de horas a
dias.
12
Os pacientes com Meningite podem apresentar
sintomas:
13
Epidemiologia
Você sabia que, ainda hoje, a maioria das causas das Meningites agudas não são
identificadas? Quando uma causa é definida, a etiologia mais comum é a viral.
15
No Brasil, as Meningites estão inseridas no grupo de
doenças com notificações compulsórias imediatas, e
devem seguir um guia de recomendações
estabelecido pelo Ministério da Saúde. Contudo,
sabe-se que, no país, ainda existem muitos casos
subnotificados, o que dificulta o levantamento
epidemiológico em determinadas regiões.
16
➢ Em relação à Doença Meningocócica, houve redução do
Coeficiente de Incidência (CI) total, após a introdução da
vacina Meningocócica C (conjugada), passando de um
coeficiente médio de 1,5 caso, no período anterior à
vacinação (2007-2010), para 0,4 caso/100 mil hab. nos
últimos quatro anos (2017-2020).
➢ Os sorogrupos mais frequentes foram o C (8.811 casos); B
(2.662), W (815 casos) e Y (215 casos).
➢ Observou-se ocorrência de 5.581 óbitos, resultando em
uma taxa de letalidade total de 21%.
➢ No período da análise, esse percentual variou entre 20% e
24%.
17
Meningite
Bacteriana
As principais causas de Meningite bacteriana adquirida na comunidade em
adultos, nos países desenvolvidos, são o Streptococcus Pneumoniae e a Neisseria
Meningitidis, e em pacientes com mais de 50 anos de idade, ou naqueles que
apresentam deficiências na imunidade mediada por células, a bactéria Listeria
Monocytogenes. Em lactentes, a Escherichia Coli, o Streptococcus Agalactiae e a
Listéria Monocytogenes são as causas mais comuns de Meningite bacteriana.
Tabela 1- Agentes etiológicos bacterianos mais comuns de Meningites, por faixa etária.
Idade Bactéria
19
A Neisseria Meningitidis pode ser encapsulada ou não encapsulada. No entanto,
quase todos os organismos invasores são encapsulados ou apresentam uma
cápsula de polissacarídeo. Este polissacarídeo capsular é usado para classificar N.
Meningitidis em 12 sorogrupos. Seis desses sorogrupos (A, B, C, W135, X e Y)
causam a maioria das infecções na população.
As taxas de incidência de
Meningite por N. Meningitidis
são, geralmente, mais altas em
crianças com menos de cinco
anos de idade e em
adolescentes.
20
O Haemophilus Influenzae assim como a N.
Meningitidis, pode ser encapsulado ou não
encapsulado com uma cápsula de
polissacarídeo. A composição dessa cápsula
polissacarídica permite que isolados
encapsulados de H. Influenzae sejam
classificados em seis sorotipos (a, b, c, d, e, f),
sendo a causa mais comum de doença
invasiva o H. Influenzae Tipo b (Hib).
21
O S. Pneumoniae é a etiologia mais comum, no mundo, dentre
as Meningites bacterianas.
22
O estudo mundial sobre a Carga Global de Doenças, Lesões e Fatores de Risco
(Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors, 2016), estimou que carga
de Meningite (causada por S. Pneumoniae, N. Meningitidis, H. Influenzae e uma
categoria “outra”) diminuiu 21% de 1990 a 2016 (de 403.012 para 318.400 casos,
por ano).
23
Nos Estados Unidos, e em outros países, após a instituição da imunização infantil
de rotina com a:
Vacina Conjugada H.
Influenzae Tipo b. 1990
Vacina conjugada S.
2000 Pneumoniae 7-valente
(Pneumococo).
Vacina Pneumocócica
13-valente 2010
(PCV13).
24
Fisiopatologia
A transmissão da maioria das etiologias ocorre por meio do contato com
secreções respiratórias do portador do agente patogênico, seja ele:
sintomático assintomático
26
No caso do Meningococo, o período de incubação é, em
média, de três a quatro dias, podendo variar de dois a dez
dias.
27
A fisiopatologia da Meningite bacteriana envolve uma interação complexa entre
os fatores de virulência dos patógenos e a resposta imune do hospedeiro.
Acredita-se que grande parte do dano dessa infecção resulte de citocinas
liberadas no LCR, à medida que o hospedeiro desenvolve uma resposta
inflamatória.
28
A colonização do trato respiratório superior por Streptococcus Pneumoniae,
Neisseria Meningitidis e Haemophilus Influenzae são frequentemente
encontrados em crianças saudáveis.
A razão pela qual a maioria das crianças não desenvolve doença invasiva,
enquanto algumas sofrem com uma doença fulminante, como a Meningite, ainda
não é bem conhecida.
29
À medida que as bactérias começam a morrer,
especialmente, após a exposição à antibioticoterapia, os
fragmentos bacterianos interagem com os receptores de
reconhecimento de padrões, que desencadeiam a resposta
imune do hospedeiro.
30
A inibição de muitas etapas da cascata inflamatória, como o recrutamento
de Neutrófilos, melhora o prognóstico da Meningite Bacteriana, reduzindo a
perda neuronal. A única terapia adjuvante, clinicamente comprovada, para
melhorar essa resposta inflamatória e diminuir a mortalidade foi a
Dexametasona. Essa informação veio de estudos realizados em pacientes
com Meningite Pneumocócica em países de alta renda.
Déficits cognitivos
31
Agora, vamos ver os três mecanismos
principais para o desenvolvimento de
Meningite:
Colonização da nasofaringe,
Invasão do SNC, após
com subsequente invasão da
bacteremia, devido a uma
corrente sanguínea, seguida de
fonte localizada, como
invasão do Sistema Nervoso
Endocardite infecciosa.
Central (SNC).
32
A Meningite bacteriana aguda está associada ao aumento da pressão
intracraniana, que pode causar um fluxo sanguíneo cerebral reduzido, resultando
em Isquemia ou Infarto, e Herniação Cerebral. Os mecanismos fisiopatológicos,
que resultam em aumento da pressão intracraniana, são multifatoriais.
33
As complicações da Meningite
bacteriana aguda são:
Empiema Abscesso
Vasculite Ventriculite
subdural cerebral
34
Quadro Clínico
A Meningite bacteriana aguda é caracterizada pela
progressão rápida, mas gradual, dos sintomas cerebrais ao
longo de horas, e consequente procura de atendimento
hospitalar, dentro de 12 a 24 horas, após o início dos
sintomas.
Isso contrasta com o quadro clínico de pacientes com lesão expansiva (massa
cerebral), como um abscesso cerebral, em que os sintomas, geralmente, se
desenvolvem mais lentamente e os pacientes recorrem ao atendimento médico
após dias dos sintomas.
36
41% A tríade clássica (febre, rigidez de nuca e alteração do
estado mental) ocorre em cerca de 41% dos pacientes.
95%
95% dos pacientes apresentam, pelo menos, 2 de 4
sintomas da tétrade clássica (Cefaleia, febre, rigidez de
nuca e alteração estado mental).
40% casos.
37
Devemos suspeitar de Meningite bacteriana sempre
que o paciente apresentar alguns sinais clássicos.
*Adjetivo
[Medicina] Diz-se da forma benigna ou incompleta de uma doença.
Disponível em: http://www.dicio.com.br. Acesso em: 27 jun. 2023.
38
Outros sinais e sintomas possíveis são:
➢ Crises epilépticas.
➢ Alterações focais (Afasia, déficit focal, paralisia de nervos
cranianos).
➢ Papiledema.
➢ Exantema.
39
Diagnóstico
Exames Laboratoriais
41
A Hemocultura deve ser coletada antes do início do
tratamento antimicrobiano.
Embora seja positiva em apenas 19 a 70% das vezes, ela pode ajudar a identificar
a suscetibilidade do agente infeccioso ao antimicrobiano, especialmente, quando
as culturas do LCR são negativas.
42
Tabela 2- Parâmetros Liquóricos normais.
43
Tabela 3 - Achados no Líquido Cefalorraquidiano de acordo com agente etiológico.
Pressão de
Agente Celularidade Glicose Proteína
abertura Microbiologia
etiológico (céls/mm3) (mg/dL) (mg/dL)
(cm H20)
<40 ou 60%
Aumentada 100-5000 Gram e
Bactérias do valor >100
(20-30) >80% PMN culturas.
sérico
20-30 Tinta da
Pode ser mais China,
0-800
Fungos elevada nos Diminuída 20-500 Culturas,
LMN
casos de pesquisa de
Criptococcus. antígeno.
44
INFORMAÇÃO
IMPORTANTE!
45
A punção lombar não deve ser retardada, a menos que haja necessidade de
realizar um exame de neuroimagem antes, devido ao risco de herniação do
encéfalo em pacientes com uma possível lesão de massa encefálica.
46
A punção lombar deve ser realizada com o paciente em decúbito lateral, para
verificação da pressão de abertura que pode estar aumentada (normalmente até
20 cm H20).
47
Nível de Glicose no LCR inferior a 60% do Nível
Sérico (ou menos que 40 mg/dL) é sugestivo de
infecção, mais comumente bactérias,
Tuberculose e fungos.
48
As bactérias podem ser evidenciadas por microscopia direta e detecção de
antígeno no LCR dentro de um algumas horas.
49
Um estudo observacional mostrou que a Meningite bacteriana foi altamente
provável (maior ou igual a 99% de certeza), quando qualquer um dos seguintes
parâmetros estava presente:
50
No entanto, há várias exceções e, quando há suspeita clínica de Meningite
bacteriana, a terapia antimicrobiana empírica é indicada mesmo que as
anormalidades do LCR não sejam diagnósticas.
Diplococos Diplococos
Gram-positivos sugerem Gram-negativos sugerem
infecção pneumocócica. infecção meningocócica.
51
O diagnóstico microbiológico da Meningite depende da coloração de Gram para
bactérias e cultura de LCR para bactérias, fungos e vírus.
52
Testes de amplificação de ácidos
nucleicos, como a Reação em Cadeia
da Polimerase (PCR), foram avaliados
em pacientes com Meningite
bacteriana e mostraram alta
sensibilidade e especificidade.
53
Neuroimagem
A Tomografia Computadorizada de Crânio (TCC) e a Ressonância Nuclear
Magnética de Encéfalo (RNM) não são específicas para o diagnóstico de
Meningite bacteriana, e pode ser normal, principalmente, no início da infecção.
54
A RNM pode mostrar hiperintensidade em T2 nos sulcos cerebrais. A restrição de
difusão nos sulcos também pode ser vista na imagem ponderada em difusão, o
que é um achado mais comum na Meningite bacteriana que na Meningite viral,
mas não específica para Meningite infecciosa.
55
Uma destas modalidades
deve ser considerada
durante o curso da doença
em pacientes com:
Evidência clínica de
Febre Achados
pressão
persistente ou neurológicos
intracraniana
prolongada. focais.
aumentada.
Aumento do perímetro
cefálico (em Convulsões.
recém-nascidos).
56
A RNM com gadolínio é a modalidade mais sensível para essas complicações,
principalmente, no que diz respeito à Isquemia (evidenciada em imagens
ponderadas em difusão) e nas Ventriculites.
INFORMAÇÃO
IMPORTANTE! Também é importante no subgrupo de pacientes
com Meningite, como resultado de uma fratura
da base do crânio com Fístula Liquórica.
57
Diagnóstico Diferencial
Os diagnósticos diferenciais a serem considerados
incluem as Meningites não infecciosas, como:
58
A Hemorragia Subaracnóidea
secundária à ruptura de
aneurisma pode gerar
Cefaleia intensa, que,
geralmente, ocorre
abruptamente (“Cefaleia em
Trovão”). No Acidente
Vascular Cerebral o déficit
neurológico focal
(Hemiparesia) também se
apresenta subitamente.
59
Na Encefalite viral, especialmente, Encefalite por HSV-1, os pacientes,
inicialmente, apresentam confusão mental grave, desorientação e/ou Afasia, mas,
frequentemente, alerta em contraste com a Meningite bacteriana, em que o nível
de consciência é frequentemente diminuído, desde o início do curso da doença.
60
Outras causas de Meningites Assépticas (microbactéria e fungo) também entram
no diagnóstico diferencial das Meningites, conforme podemos ver na tabela 4,
abaixo. Nessas situações o exame do Líquido Cefalorraquidiano pode ajudar na
definição.
Tabela 4 - Causas de Meningite Asséptica.
Categoria Agente
Meningite parcialmente tratada, focos parameníngeos infecciosos
(ex. Sinusite, Otite), Listeria Monocytogenes, Brucella spp, Rickettsia
Bactérias Rickettsia, Mycoplasma Pneumoniae, Borrelia Burgdorferi,
Treponema Pallidum, Leptospira spp, Mycobacterium Tuberculosis,
Nocardia spp.
Enterovírus (Poliovírus, Echovirus, Coxsackievirus, Enterovirus 68-71)
Herpesvírus (HSV-1, HSV-2, Varicela-Zóster vírus, Epstein-Barr vírus,
Citomegalovírus, HHV-6, HHV-7), Paramixovirus (Virus Caxumba e
Virus
Sarampo), Togavirus (vírus Rubéola, Chikungunya), Flavivirus (Virus
Oeste do Nilo, Dengue, Zika), Retrovirus (HIV), Arenavirus
(Coriomeningite Linfocítica)
Cryptococcus Neoformans, Coccidioides Immitis, Blastomyces
Fungos
Dermatitidis, Histoplasma Capsulatum, Candida spp, Aspergillus spp.
Naegleria Fowleri, Acanthamoeba spp Balamuthia spp,
Angiostrongylus Cantonensis, Gnathostoma Spinigerum, Baylisascaris
Parasitas
Procyonis, Strongyloides Stercoralis, Taenia Solium (Cysticercosis),
Toxocara spp.
61
Tratamento
Tratamento
Para lactentes com até 2 meses
de idade:
63
Para lactentes com mais 2
meses de idade:
64
Para adultos:
65
O isolamento respiratório é necessário em Meningites causadas por
H. Influenzae, N. Meningitidis, ou um agente infeccioso desconhecido,
nas primeiras 24 horas de tratamento. S. Pneumoniae não requer
isolamento respiratório.
66
O tratamento deve ser iniciado tão logo se faça a punção lombar e, se a punção
lombar tiver que ser retardada, devido à necessidade de realização de
neuroimagem, deve-se começar, empiricamente, o tratamento com antibióticos e
Dexametasona.
67
Os agentes antimicrobianos orais devem ser evitados, pois a dose e as
concentrações teciduais tendem a ser, consideravelmente, mais baixas do que
com os agentes parenterais. A duração da terapia antimicrobiana para Meningite
bacteriana depende do patógeno causador, conforme Tabela 5, abaixo:
Tabela 5 - Terapia antibiótica para adultos com Meningite bacteriana, segundo a etiologia.
Haemophilus
Ceftriaxona 4g 12 em 12 7
Influenzae
Streptococcus
Ceftriaxona 4g 12 em 12 10 a 14
Pneumoniae
Enterobactérias Meropenen 6g 8 em 8 14-21
Pseudomonas Meropenen 6g 8 em 8 14-21
Listéria
Ampicilina 12 g 4 em 4 21
Monocytogenes
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde, 2022 (Modificado).
68
A seleção antimicrobiana deve ser empírica e direcionada às bactérias mais
prováveis, com base na idade do paciente e na comorbidade subjacente.
As Cefalosporinas de terceira geração, como a Cefotaxima e Ceftriaxona, são os
Betalactâmicos de escolha no tratamento empírico da Meningite. Essas drogas
têm boa penetração no LCR e atividade potente contra os principais patógenos da
Meningite bacteriana, com exceções de L. Monocytogenes e algumas cepas de S.
Pneumoniae resistentes à Penicilina.
69
A antibioticoterapia, segundo a etiologia, deve ser ajustada de acordo com
resultados do teste de sensibilidade. A tabela 6, a seguir, mostra recomendações
para tratamento da etiologia meningocócica.
200.000
UI/Kg/dia a
Penicilina ou 4 em 4 horas. 5 a 7 dias.
400.000
UI/Kg/dia.
Crianças
200 mg/Kg/dia a
Ampicilina ou 6 em 6 horas. 5 a 7 dias.
300 mg/Kg/dia.
12 em 12
Ceftriaxona 100 mg/Kg/dia. 5 a 7 dias.
horas.
12 em 12
Adultos Ceftriaxona 2 g. 7 dias.
horas.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde, 2022. p.102
70
Tratamento antibiótico direcionado
O tratamento antibiótico para Meningite bacteriana aguda deve ser considerado
em três passos, a saber:
71
O segundo passo é ajustar o tratamento inicial
de acordo com a causa da Meningite bacteriana
2º aguda adquirida na comunidade, identificada
nos testes microbiológicos iniciais no líquido
passo cefalorraquidiano, como Microscopia, detecção
de antígeno ou resultados de Reação em Cadeia
da Polimerase (PCR).
72
3º O terceiro passo é determinar o regime de
antibiótico final, após Cultura e Teste de
73
Resistência Bacteriana
74
Aproximadamente, 30% dos isolados de
H. Infuenzae, sorotipo b (Hib), produzem
Betalactamases, portanto, são
resistentes à Ampicilina.
H. Influenzae
75
Nos casos de Meningite por Pneumococos resistentes à Penicilina e às
Cefalosporinas, deve-se utilizar a associação de Vancomicina com uma
Cefalosporina de terceira geração (Cefotaxima ou Ceftriaxona).
76
Uso de Corticosteroide
(Dexametasona)
A administração das primeiras doses de antibióticos causa
Lise bacteriana, que está associada à liberação de
componentes bacterianos e endotoxinas e,
secundariamente, uma explosão maciça de Citocinas no
espaço subaracnóideo.
77
O papel dos corticosteroides adjuvantes na Meningite bacteriana aguda tem sido
controverso. Uma análise da Cochrane mostrou que os corticosteroides são
indicados em países de alta renda, enquanto o efeito positivo é questionado em
países de baixa renda.
78
Corticosteroides devem ser
administrados empiricamente em
todos os adultos e crianças (com
idade superior a 4-6 semanas), com
suspeita de Meningite bacteriana
aguda adquirida na comunidade.
79
A primeira dose de corticosteroides
deve ser administrada pouco antes (ou
ao mesmo tempo) da primeira dose de
antibióticos.
80
A administração intravenosa de Dexametasona tem sido associada a uma
redução na taxa de perda auditiva, em outras complicações neurológicas e na
mortalidade de pacientes com Meningite causada por S. Pneumoniae, que é a
causa mais comum de Meningite bacteriana em adultos no mundo desenvolvido.
81
Acompanhamento
Todos os pacientes com Meningite bacteriana aguda adquirida na comunidade
devem ser acompanhados, por 2 a 6 meses, para avaliação da acuidade auditiva,
exame neurológico (avaliar déficits focais) e alterações cognitivas.
82
Prevenção da
Meningite Bacteriana
Quimioprofilaxia
83
Vacinação
Vacinas no Brasil
A Meningite é uma síndrome que pode ser causada por diferentes agentes
infecciosos. Para alguns deles, existem medidas de prevenção primária, tais como
vacinas e quimioprofilaxia.
85
Tabela 7 - Esquema vacinal que pode potencialmente prevenir Meningites.
86
Vacina Idade Conduta
Pneumocócica 23 Revacinação é indicada uma
Indígenas a partir de
(protege Sorotipos única vez, devendo ser
5 anos
1,2,3,4,5,6B,7F,8,9N,9V,10 realizada 5 anos após a dose
>60 anos
ª,19F,20,22F,23F,33F) inicial.
ACWY (Meningocócica
11 e 12 anos Dose única.
conjugada)
Fonte: Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais, [s.d], (Modificado). Disponível em:
https://saude.mg.gov.br/hpv/story/12560-sus-ja-conta-com-nova-vacina-que-previne-quatro-tipos-d
e-meningite. Acesso em: 28 jun. 2023.
*Vacina Tríplice Viral: protege contra as Meningites causadas pelos vírus da Caxumba, do Sarampo e
da Rubéola, como complicações dessas doenças. O esquema básico é: 1ª dose aos 12 meses e 2ª
dose aos 15 meses (Tríplice Viral + Varicela ou Tetra Viral, quando disponível). Indivíduos de 1 a 29
anos precisam ter duas doses do Tríplice Viral, e aqueles com 30 a 59 anos, pelo menos, uma dose.
**Pentavalente: age protegendo contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus Influenzae,
sorotipo b, como a Meningite, e também contra a Difteria, o Tétano, a Coqueluche e a Hepatite
B-recombinante.
87
A incidência das Meningites diminuiu a
partir do desenvolvimento de vacinas,
com os diferentes antígenos, e com a
implantação dos programas de vacinação.
Meningocócica C
Pentavalente (contra o H.
(contra as Doenças
Influenzae, Grupo b).
Meningocócicas do Grupo C).
Pneumocócica 10-valente e
23-valente (contra a Meningite
Pneumocócica).
88
Nesse sentido, a imunização ativa é considerada indispensável. Entretanto, a
efetividade e a cobertura vacinal dependem da prevalência dos sorotipos
circulantes entre a população, razão pela qual torna-se necessário o
acompanhamento epidemiológico desses microrganismos.
89
Conclusão
Nesse material você viu que:
91
❖ A Meningite é uma doença de notificação compulsória imediata, que deve ser
realizada em até 24 horas, para as Vigilâncias Municipais e Estaduais, sendo
de responsabilidade dos Serviços de Saúde.
92
❖ No caso de infecção por Neisseria Meningitidis e Haemophilus Influenzae
deve ser avaliada a necessidade de quimioprofilaxia para os contatos íntimos,
e sempre checar o cartão vacinal para a necessidade de:
• BCG.
• Vacina Pentavalente.
• Pneumocócica 10-valente (conjugada).
• Pneumocócica 23-valente (polissacarídica).
• Pneumocócica 13-valente (conjugada).
• Meningocócica C (conjugada).
• Meningocócica ACWY (conjugada).
93
Bibliografia
AKSAMIT JR., A. J.; BERKOWITZ, A.L. Meningitis. Continuum (Minneap
Minn). Aug 1;27(4):836-854. doi: 10.1212/CON.0000000000001016, 2021.
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