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E Book Meningite 1696515623

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MENINGITE
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2023. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.

Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.

A coleção institucional do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Câmara Brasileira
do Livro (CBL) - https://www.cblservicos.org.br

Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações: Diretoria Conasems Coordenação de desenvolvimento gráfico:


Cristina Perrone
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Presidente
Secretaria de Vigilância em Saúde e Hisham Mohamad Hamida Diagramação e projeto gráfico:
Ambiente - SVSA
Aidan Bruno
SRTV 702, Via W5 Norte
Vice Presidente Alexandre Itabayana
Edifício PO 700, 7º andar
Nilo César Do Vale Baracho Bárbara Napoleão
CEP: 70723-040 – Brasília/DF
Sayonara Moura De Oliveira Cidade Caroline Boaventura
Tel.: (61) 3315-3777
Lucas Mendonça
E-mail: [email protected]
Diretor Administrativo Ygor Baeta Lourenço
Marcel Jandson Menezes Elen Eres Alves
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS
MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems Diretor Financeiro
Fotografias e ilustrações:
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Cristiane Martins Pantaleão
Sala 144 Fototeca do Conasems
Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF
Secretário Executivo
CEP: 70058-900 Imagens:
Mauro Guimarães Junqueira Envato Elements
Tel.:(61) 3022-8900
https://elements.envato.com
Organização: Freepik
Núcleo Pedagógico Conasems
Núcleo Pedagógico do Conasems https://br.freepik.com
Rua Professor Antônio Aleixo, 756
CEP 30180-150
Supervisão-geral: Revisão linguística:
Belo Horizonte/MG
Rubensmidt Ramos Riani Keylla Manfili Fioravante
Tel: (31) 2534-2640

Coordenação Pedagógica Assessoria executiva:


Cristina Fatima dos Santos Crespo Conexões Consultoria em Saúde Ltda.
Valdívia França Marçal

Coordenação Educacional
Kelly Cristina Santana

Coordenação-técnica:
Edilson Correa de Moura
Luisa Wenceslau

Elaboração de texto:
Paulo Pereira Christo

Designers Instrucionais:
Jacqueline Cristina dos Santos
Pollyanna Lucarelli
Lais Soares Pereira German

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde Ebook Meningite [livro eletrônico] / Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde ; [elaboração de texto Paulo Pereira Christo]. -- 1. ed. -- Brasília, DF : CONASEMS, 2023. PDF

Vários colaboradores. Bibliografia. ISBN 978-85-63923-38-7

1. Doenças imunológicas - Prevenção 2. Educação a distância 3. Meningite I. Christo, Paulo Pereira. II. Título.

CDD-614.4
23-173286 NLM-WA-100

Índices para catálogo sistemático: 1. Epidemiologia : Saúde pública 614.4 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Lista de
Siglas
AINEs | Ácido Acetilsalicílico ou Anti-inflamatórios Não Esteroides
CMV | Citomegalovírus
CIM | Concentração Inibitória Mínima
CI | Coeficiente de Incidência
EUA | Estados Unidos da América
Hib | Haemophilus Influenzae Tipo b
IDSA | Infectious Diseases Society of America
LCR | Líquido Cefalorraquidiano
PNI | Programa Nacional de Imunização
QID | Quatro Vezes ao dia - do Latim “Quarter in die”
PCR | Reação em Cadeia da Polimerase
RNI | Relação Normatizada Internacional
RNM | Ressonância Nuclear Magnética
SNC | Sistema Nervoso Central
TCC | Tomografia Computadorizada de Crânio
VZV | Vírus da Varicela-Zóster
HIV | Vírus da Imunodeficiência Humana
Lista de
Gráficos,
Figuras
e Quadros

Tabela 1 | Agentes etiológicos bacterianos mais comuns de Meningites, por


faixa etária. – pág 19
Tabela 2 | Parâmetros Liquóricos normais. – pág 43
Tabela 3 | Achados no Líquido Cefalorraquidiano de acordo com agente
etiológico. – pág 44
Tabela 4 | Causas de Meningite Asséptica. – pág 61
Tabela 5 | Terapia antibiótica para adultos com Meningite bacteriana,
segundo a etiologia. – pág 68
Tabela 6 | Recomendação de antibioticoterapia para casos de Doença
Meningocócica. – pág 70
Tabela 7 | Esquema vacinal que pode potencialmente prevenir Meningites.
– pág 86
Figura 1 | Fluxograma para condução de casos suspeitos de Meningite
bacteriana. – pág 65
Introdução 08
Epidemiologia 14
Meningite Bacteriana 18
Fisiopatologia 25
Quadro Clínico 35
Diagnóstico 40
Tratamento 62
Vacinação 84
Conclusão 90
Bibliografia 94
BOAS-
VINDAS
Este é o seu
E-book de
Meningite

Neste material descreveremos os aspectos históricos, epidemiológicos e clínicos


desta infecção por seus diferentes agentes etiológicos, seu impacto na
humanidade e as medidas de tratamento e prevenção. O foco será dado,
principalmente, na Meningite de etiologia bacteriana. Um estudo mais
aprofundado das demais etiologias, você poderá ver no Material complementar
“Meningites Assépticas”.

Além do E-book, você também terá acesso à Teleaula, à Aula Web e a outros
Materiais Complementares, que compõem a Trilha de Conhecimento.

Bons
estudos!
7
Introdução
As meninges são membranas constituídas de tecido
conjuntivo que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.

Existem três membranas:

Pia-máter
Aracnoide (entre
Dura-máter (acima do tecido
as duas
(mais externa) nervoso
membranas)
cerebral)

➢ Dura-máter é chamada de Paquimeninge.


➢ Aracnoide e Pia-máter são referidas como as
Leptomeninges.

9
Meningite é uma condição inflamatória das meninges que pode ser causada por
infecções, doenças autoimunes, neoplasias e medicamentos.

A maioria das Meningites infecciosas afeta as Leptomeninges, mas o


envolvimento Paquimeníngeo, que é menos frequente, pode ser visto em
infecções fúngicas, tuberculosas e sifilíticas e, geralmente, se manifestam por
espessamento da Dura-máter intracraniana, evidenciada no exame de
neuroimagem, como a Ressonância Nuclear Magnética.

O espaço subaracnóideo, situado entre as duas camadas meníngeas, contém o


Líquido Cefalorraquidiano (LCR), e é também afetado pela inflamação. Uma vez
que o espaço subaracnóideo envolve o cérebro e a medula espinhal, a Meningite
é, por definição, cerebrospinal.

10
A inflamação da Leptomeninge, e dos tecidos em torno do encéfalo e da medula
espinhal, é caracterizada por uma Pleocitose (aumento de células leucocitárias)
no Líquido Cefalorraquidiano (LCR).

Ela pode ser causada por diversos agentes


infecciosos, como:

➢ Vírus.
➢ Bactérias.
➢ Fungos.
➢ Protozoários.
➢ Helmintos.

É considerada uma emergência médica, principalmente, quando se trata da


Meningite bacteriana.

O diagnóstico precoce e o tratamento


adequado podem diminuir a mortalidade e
as sequelas.

11
A Meningite aguda é definida como uma síndrome, caracterizada pelo
aparecimento de sintomas meníngeos, durante um período que varia de horas a
dias.

Entre eles, a Cefaleia é um sintoma inicial proeminente, muitas vezes, seguido


por uma alteração do estado mental ou do nível de consciência, podendo levar
até ao coma, geralmente, acompanhado por sinais de irritação meníngea.

➢ A Encefalite é um processo inflamatório que afeta,


predominantemente, o parênquima cerebral.

➢ Se distingue clinicamente da Meningite pela presença de uma


alteração precoce do nível de consciência, mínimos sinais
meníngeos e, em algumas etiologias, cursa com alterações focais.

➢ O acometimento meníngeo secundário pode estar presente, e,


portanto, o termo Meningoencefalite é aplicado para alguns
agentes infecciosos, principalmente, os virais.

12
Os pacientes com Meningite podem apresentar
sintomas:

➢ Agudos (menos de 5 dias de duração).


➢ Apresentação subaguda (de 6 a 30
dias).
➢ Crônica (mais de 30 dias).

A Meningite crônica tem diversos diagnósticos diferenciais, que incluem


condições, como fungos, micobactérias, Brucelose, Sífilis, Sarcoidose, distúrbios
autoimunes, distúrbios paraneoplásicos e Vasculites.

A Meningite pode também ser adquirida no hospital, seja após


neurocirurgia, devido a implantes neurocirúrgicos (drenos do LCR e
estimuladores), ou durante a internação por outras doenças. Uma
diretriz, de 2017, da Infectious Diseases Society of America (IDSA),
renomeou essa Meningite como Ventriculite e Meningite associada aos
cuidados de saúde, substituindo o termo anteriormente usado de
Meningite Nosocomial.

13
Epidemiologia
Você sabia que, ainda hoje, a maioria das causas das Meningites agudas não são
identificadas? Quando uma causa é definida, a etiologia mais comum é a viral.

Os principais vírus envolvidos


são:

Vírus do Nilo Ocidental


Enterovírus
(essa causa é frequente nos Estados
(mais frequente em crianças do que
Unidos (EUA), mas raramente
em adultos).
identificada no Brasil).

Vírus Herpes Simplex Tipo 2


(adultos).

Eventualmente, temos também:

➢ Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).


➢ Vírus da Varicela-Zóster (VZV).
➢ O vírus da Caxumba - menos comum, atualmente, devido à vacinação
infantil.

15
No Brasil, as Meningites estão inseridas no grupo de
doenças com notificações compulsórias imediatas, e
devem seguir um guia de recomendações
estabelecido pelo Ministério da Saúde. Contudo,
sabe-se que, no país, ainda existem muitos casos
subnotificados, o que dificulta o levantamento
epidemiológico em determinadas regiões.

Foram notificados 393.941 Entre


casos suspeitos de Meningite 2007 e
em território nacional. 2020

Desses, foram confirmados Dessas, as mais frequentes foram:


265.644 casos de várias Meningites por outras bactérias (40.801
etiologias, sendo a casos); Doença Meningocócica (26.436
Meningite viral a mais casos); Meningite Pneumocócica (14.132
frequente (121.955 casos), casos); Meningite Tuberculosa (4.916
seguida pela etiologia casos) e Meningite por H. Influenzae (1.708
bacteriana (87.993 casos). casos).

Além disso, observou-se, também, 43.061 casos de Meningite não especificada,


10.464 casos de Meningite por outras etiologias e 2.171 com etiologia
ignorada/em branco.

16
➢ Em relação à Doença Meningocócica, houve redução do
Coeficiente de Incidência (CI) total, após a introdução da
vacina Meningocócica C (conjugada), passando de um
coeficiente médio de 1,5 caso, no período anterior à
vacinação (2007-2010), para 0,4 caso/100 mil hab. nos
últimos quatro anos (2017-2020).
➢ Os sorogrupos mais frequentes foram o C (8.811 casos); B
(2.662), W (815 casos) e Y (215 casos).
➢ Observou-se ocorrência de 5.581 óbitos, resultando em
uma taxa de letalidade total de 21%.
➢ No período da análise, esse percentual variou entre 20% e
24%.

No que se refere à Meningite Pneumocócica, no período anterior à introdução da


vacina Pneumocócica 10-valente (2007-2009), 34% do total de casos ocorreu em
menores de cinco anos de idade. No período posterior (2011-2020), o percentual
de casos, nesse mesmo grupo etário, foi de 17%. Para os menores de cinco anos
de idade, entre 2007 e 2009, o Coeficiente de Incidência médio foi de 2,3
casos/100.000 hab. Entre os anos de 2010 a 2019, esse coeficiente de incidência
apresentou oscilações entre 2,1 casos e 1,1 caso/1000.hab. No ano de 2020,
houve expressiva redução na incidência (0,3 caso/100.000 hab.)

17
Meningite
Bacteriana
As principais causas de Meningite bacteriana adquirida na comunidade em
adultos, nos países desenvolvidos, são o Streptococcus Pneumoniae e a Neisseria
Meningitidis, e em pacientes com mais de 50 anos de idade, ou naqueles que
apresentam deficiências na imunidade mediada por células, a bactéria Listeria
Monocytogenes. Em lactentes, a Escherichia Coli, o Streptococcus Agalactiae e a
Listéria Monocytogenes são as causas mais comuns de Meningite bacteriana.

Tabela 1- Agentes etiológicos bacterianos mais comuns de Meningites, por faixa etária.

Idade Bactéria

Streptococcus Agalactiae, Escherichia Coli,


<1 mês
Listeria Monocytogenes.

Streptococcus Agalactiae, Escherichia Coli,


1 a 23 meses Haemophilus Influenzae, Streptococcus
Pneumoniae, Neisseria Meningitidis.

Neisseria Meningitidis, Streptococcus


2- 50 anos
Pneumoniae, Haemophilus Influenzae.

Streptococcus Pneumoniae, Neisseria


>50 anos Meningitidis, Listeria Monocytogenes, Bacilos
Aeróbicos Gram-negativos.
Fonte: Tunkel; Hasbun; Bhimraj et al., 2017/ Sulaiman; Salazar; Hasbun, 2017
(Adaptado).

19
A Neisseria Meningitidis pode ser encapsulada ou não encapsulada. No entanto,
quase todos os organismos invasores são encapsulados ou apresentam uma
cápsula de polissacarídeo. Este polissacarídeo capsular é usado para classificar N.
Meningitidis em 12 sorogrupos. Seis desses sorogrupos (A, B, C, W135, X e Y)
causam a maioria das infecções na população.

As taxas de incidência de
Meningite por N. Meningitidis
são, geralmente, mais altas em
crianças com menos de cinco
anos de idade e em
adolescentes.

A N. Meningitidis também pode causar Bacteremia grave, chamada


Meningococemia. A distribuição mundial desses sorogrupos é variável.

Nas Américas, Europa e Austrália, os sorogrupos B e C são os mais comuns,


enquanto o sorogrupo A causa a maioria das doenças na África e na Ásia.

20
O Haemophilus Influenzae assim como a N.
Meningitidis, pode ser encapsulado ou não
encapsulado com uma cápsula de
polissacarídeo. A composição dessa cápsula
polissacarídica permite que isolados
encapsulados de H. Influenzae sejam
classificados em seis sorotipos (a, b, c, d, e, f),
sendo a causa mais comum de doença
invasiva o H. Influenzae Tipo b (Hib).

O Streptococcus Pneumoniae, assim como a


N. Meningitidis e o H. Influenzae, é uma
bactéria encapsulada. A diversidade de tipos
capsulares é grande, com mais de 93
sorotipos reconhecidos, com base na
composição do polissacarídeo capsular.
Muitos sorotipos de S. Pneumoniae são
capazes de causar doenças invasivas,
incluindo Meningite, Sepse e Pneumonia. No
entanto, a maioria das doenças, em todo o
mundo, é causada por um pequeno número
de sorotipos comuns.

21
O S. Pneumoniae é a etiologia mais comum, no mundo, dentre
as Meningites bacterianas.

Em uma revisão prospectiva de 1.412 episódios de Meningite bacteriana


adquirida na comunidade, na Holanda, no período de 2006 a 2014:

51% S. Pneumoniae foi responsável por 51% dos casos.

37% N. Meningitidis por 37%.

4% L. Monocytogenes por 4% dos casos.

Os demais casos se deram, principalmente, por H. Influenzae, Estreptococos,


Staphylococcus Aureus e Bacilos Gram-negativos.

22
O estudo mundial sobre a Carga Global de Doenças, Lesões e Fatores de Risco
(Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors, 2016), estimou que carga
de Meningite (causada por S. Pneumoniae, N. Meningitidis, H. Influenzae e uma
categoria “outra”) diminuiu 21% de 1990 a 2016 (de 403.012 para 318.400 casos,
por ano).

Embora o progresso esteja, substancialmente, atrás de outras Doenças


Imunopreveníveis, isto se deu, em grande parte, pela introdução das vacinas.

23
Nos Estados Unidos, e em outros países, após a instituição da imunização infantil
de rotina com a:

Vacina Conjugada H.
Influenzae Tipo b. 1990

Vacina conjugada S.
2000 Pneumoniae 7-valente
(Pneumococo).

Vacina Pneumocócica
13-valente 2010
(PCV13).

A Meningite bacteriana diminuiu em frequência, e seu pico de incidência passou


de crianças menores de cinco anos para adultos.

A incidência de infecção por Neisseria Meningitidis também diminuiu,


provavelmente, associada à vacinação Meningocócica nos EUA.

24
Fisiopatologia
A transmissão da maioria das etiologias ocorre por meio do contato com
secreções respiratórias do portador do agente patogênico, seja ele:

sintomático assintomático

e, por isso, acomete, principalmente, indivíduos com contato íntimo.

Já as Meningites virais (especificamente causadas por Enterovírus), geralmente,


são transmitidas por via fecal-oral.

26
No caso do Meningococo, o período de incubação é, em
média, de três a quatro dias, podendo variar de dois a dez
dias.

Após a colonização da nasofaringe, a probabilidade de desenvolver Doença


Meningocócica invasiva dependerá da virulência da cepa, das condições
imunitárias do hospedeiro e da capacidade de eliminação do agente na corrente
sanguínea (pela ação de anticorpos séricos, com atividade bactericida mediada
pela ativação do complemento).

O baço também exerce um importante papel na


eliminação da bactéria na corrente sanguínea. O período
de transmissibilidade persiste até que o Meningococo
desapareça da nasofaringe. Em geral, a bactéria é
eliminada da nasofaringe, em até 24 horas de
antibioticoterapia adequada.

27
A fisiopatologia da Meningite bacteriana envolve uma interação complexa entre
os fatores de virulência dos patógenos e a resposta imune do hospedeiro.
Acredita-se que grande parte do dano dessa infecção resulte de citocinas
liberadas no LCR, à medida que o hospedeiro desenvolve uma resposta
inflamatória.

A patogênese da Meningite bacteriana para os patógenos meníngeos mais


comuns (S. Pneumoniae, Neisseria Meningitidis, H. Influenzae, Streptococcus do
Grupo B, Escherichia Coli) tem quatro processos principais:

Colonização do trato respiratório,


gastrointestinal ou genital inferior.

Invasão da corrente sanguínea.

Sobrevivência do agente infeccioso na corrente


sanguínea.

Entrada no espaço subaracnóideo.

28
A colonização do trato respiratório superior por Streptococcus Pneumoniae,
Neisseria Meningitidis e Haemophilus Influenzae são frequentemente
encontrados em crianças saudáveis.

A razão pela qual a maioria das crianças não desenvolve doença invasiva,
enquanto algumas sofrem com uma doença fulminante, como a Meningite, ainda
não é bem conhecida.

Após a invasão do LCR, as bactérias podem se multiplicar em altas concentrações,


em poucas horas (por exemplo, até 10 organismos por mililitro), devido à
imunidade humoral inadequada no LCR.

29
À medida que as bactérias começam a morrer,
especialmente, após a exposição à antibioticoterapia, os
fragmentos bacterianos interagem com os receptores de
reconhecimento de padrões, que desencadeiam a resposta
imune do hospedeiro.

O reconhecimento imunológico desses componentes bacterianos resulta em uma


forte resposta inflamatória, levando ao comprometimento da barreira
hematoencefálica, devido ao recrutamento de Leucócitos, desregulação vascular,
Vasculite e oclusão de vasos, que causam aumento da pressão intracraniana.

30
A inibição de muitas etapas da cascata inflamatória, como o recrutamento
de Neutrófilos, melhora o prognóstico da Meningite Bacteriana, reduzindo a
perda neuronal. A única terapia adjuvante, clinicamente comprovada, para
melhorar essa resposta inflamatória e diminuir a mortalidade foi a
Dexametasona. Essa informação veio de estudos realizados em pacientes
com Meningite Pneumocócica em países de alta renda.

Uma vez iniciada a inflamação, ocorre uma série de lesões no endotélio da


barreira hematoencefálica, levando a complicações neurológicas como:

Coma Convulsões Hidrocefalia

Surdez Déficits motores Déficits sensoriais

Déficits cognitivos

Do ponto de vista histopatológico, estudos de autópsia mostram edema


cerebral, Hidrocefalia, hemorragias petequeais, lesões necróticas nas
estruturas corticais e subcorticais, perda de fibras mielinizadas na
substância branca e Apoptose Hipocampal.

31
Agora, vamos ver os três mecanismos
principais para o desenvolvimento de
Meningite:

Colonização da nasofaringe,
Invasão do SNC, após
com subsequente invasão da
bacteremia, devido a uma
corrente sanguínea, seguida de
fonte localizada, como
invasão do Sistema Nervoso
Endocardite infecciosa.
Central (SNC).

Entrada direta de organismos no SNC de uma infecção contígua (por


exemplo, nos seios da face, mastoide), trauma, neurocirurgia, fístula liquórica
ou dispositivos médicos (por exemplo, derivações de LCR, monitores de
pressão intracerebral ou, em crianças, implantes cocleares).

32
A Meningite bacteriana aguda está associada ao aumento da pressão
intracraniana, que pode causar um fluxo sanguíneo cerebral reduzido, resultando
em Isquemia ou Infarto, e Herniação Cerebral. Os mecanismos fisiopatológicos,
que resultam em aumento da pressão intracraniana, são multifatoriais.

A liberação de componente das bactérias no espaço subaracnóideo leva a uma


resposta inflamatória, com uma explosão de citocina, que contribui para:

33
As complicações da Meningite
bacteriana aguda são:

Empiema Abscesso
Vasculite Ventriculite
subdural cerebral

A complicação sistêmica mais importante é o choque


séptico, com falência de múltiplos órgãos e coagulação
intravascular disseminada, que pode ocorrer,
especialmente, na Doença Meningocócica, uma condição
com alta mortalidade.

Clique ou escaneie o QR code, para


saber mais informações sobre os
“Fatores de risco”, que predispõem a
Meningite bacteriana.

34
Quadro Clínico
A Meningite bacteriana aguda é caracterizada pela
progressão rápida, mas gradual, dos sintomas cerebrais ao
longo de horas, e consequente procura de atendimento
hospitalar, dentro de 12 a 24 horas, após o início dos
sintomas.

Isso contrasta com o quadro clínico de pacientes com lesão expansiva (massa
cerebral), como um abscesso cerebral, em que os sintomas, geralmente, se
desenvolvem mais lentamente e os pacientes recorrem ao atendimento médico
após dias dos sintomas.

36
41% A tríade clássica (febre, rigidez de nuca e alteração do
estado mental) ocorre em cerca de 41% dos pacientes.

95%
95% dos pacientes apresentam, pelo menos, 2 de 4
sintomas da tétrade clássica (Cefaleia, febre, rigidez de
nuca e alteração estado mental).

30 a Todos os sintomas ocorrem somente em 30 a 40% dos

40% casos.

Os clássicos sinais de Brudzinski e Kernig são pouco sensíveis, podendo ocorrer


em casos mais tardios e não tratados.

37
Devemos suspeitar de Meningite bacteriana sempre
que o paciente apresentar alguns sinais clássicos.

Esses sinais podem ser mascarados


pelo uso prévio de antibióticos para
outros problemas, como Sinusite
(Meningite bacteriana mascarada).

Em idosos com mais de 65 anos de idade,


imunocomprometidos, ou em uso de
analgésicos, os sintomas são, muitas vezes,
ausentes ou podem ter sinais e sintomas
mais frustos*, tornando o diagnóstico mais
difícil.

Podem ocorrer sintomas prodrômicos de infecção do trato respiratório, como dor


de ouvido, Rinorreia e/ou tosse na Meningite Pneumocócica ou dor de garganta
na Doença Meningocócica.

*Adjetivo
[Medicina] Diz-se da forma benigna ou incompleta de uma doença.
Disponível em: http://www.dicio.com.br. Acesso em: 27 jun. 2023.

38
Outros sinais e sintomas possíveis são:

➢ Crises epilépticas.
➢ Alterações focais (Afasia, déficit focal, paralisia de nervos
cranianos).
➢ Papiledema.
➢ Exantema.

Isquemia cerebral pode ocorrer, especialmente, em


pacientes com Meningite Pneumocócica.

A Rombencefalite (inflamação do tronco encefálico) pode estar presente na


Listeria Monocytogenes. Rash e Petéquias podem ocorrer na Neisseria
Meningitidis, bem como a presença de Artrites.

39
Diagnóstico
Exames Laboratoriais

Devem ser sempre solicitados Hemograma e Hemoculturas, Íons, Ureia,


Creatinina e Glicose (para avaliar a relação com a Glicose no Líquor).

A presença de Leucocitose, ou desvio para a esquerda, bem como elevação da


Proteína C Reativa, sugere mais a etiologia bacteriana, apesar de que Leucopenia
pode ocorrer em casos bacterianos mais graves.

41
A Hemocultura deve ser coletada antes do início do
tratamento antimicrobiano.

Embora seja positiva em apenas 19 a 70% das vezes, ela pode ajudar a identificar
a suscetibilidade do agente infeccioso ao antimicrobiano, especialmente, quando
as culturas do LCR são negativas.

O LCR é fundamental para estabelecer o diagnóstico e verificar a etiologia


(tabelas 2 e 3, a seguir). A presença de sinais de Hipertensão Intracraniana,
Trombocitopenia (plaquetas menores que 30.000 / mm³), infecções de pele no
local da punção e suspeita de abscesso na medula espinhal contraindicam o
procedimento.

42
Tabela 2- Parâmetros Liquóricos normais.

Teste Valor normal

Células 0-5 céls/mm3 (Linfócitos).

Glicose 40 mg/dL – 60% da Glicose Sérica.

Proteínas 14-45 mg/dL.

Gamaglobulinas 6-13% do total de proteínas no Líquor.

IgG <8.4 mg/dL.

IgM 37-374 ng/mL.

Índice de IgG <0.77.


Fonte: Gomez-Beldarrain and García-Moncó, 2018 (Modificado pelo autor).

43
Tabela 3 - Achados no Líquido Cefalorraquidiano de acordo com agente etiológico.

Pressão de
Agente Celularidade Glicose Proteína
abertura Microbiologia
etiológico (céls/mm3) (mg/dL) (mg/dL)
(cm H20)

<40 ou 60%
Aumentada 100-5000 Gram e
Bactérias do valor >100
(20-30) >80% PMN culturas.
sérico

Normal ou Normal ou Reação em


discretamente 5-300 Geralmente levemente Cadeia da
Viral
aumentada LMN normal elevada Polimerase
(<20) (<100) (PCR).

100-500 BAAR, Cultura


Tuberculose 20-30 Diminuída >100
LMN e PCR

20-30 Tinta da
Pode ser mais China,
0-800
Fungos elevada nos Diminuída 20-500 Culturas,
LMN
casos de pesquisa de
Criptococcus. antígeno.

Fonte: Gomez-Beldarrain and García-Moncó, 2018 (Modificado pelo autor).

44
INFORMAÇÃO
IMPORTANTE!

A punção lombar não deve ser realizada imediatamente em casos com


anormalidades hemorrágicas conhecidas, como Hemofilia e tratamento com
Varfarina ou anticoagulantes. Nesses casos, a punção lombar pode ser
realizada quando o distúrbio de coagulação é corrigido para um nível de RNI
menor que 1,6 e uma contagem de plaquetas maior que 30 × 109 /L.

Em pacientes tratados com Clopidogrel, a punção lombar pode ser realizada,


inicialmente, apenas se não houver sinais de sangramento, como na mucosa do
nariz, no trato gastrointestinal ou urogenital, ou durante a escovação dos dentes.

Pacientes em uso de Heparina


de baixo peso molecular
podem ser submetidos à
punção lombar, após 12h (se
dose profilática), ou 24h (se
dose terapêutica) da última
dose. A punção lombar pode
ser realizada prontamente em
pacientes em uso de Ácido
Acetilsalicílico ou
Anti-inflamatórios não
esteroides (AINEs).

45
A punção lombar não deve ser retardada, a menos que haja necessidade de
realizar um exame de neuroimagem antes, devido ao risco de herniação do
encéfalo em pacientes com uma possível lesão de massa encefálica.

A Infectious Diseases Society of America recomenda uma tomografia


computadorizada de crânio antes da punção lombar com os seguintes critérios:

➢ Convulsões de início recente.


➢ Estado imunocomprometido (infecção pelo HIV,
pós transplante ou uso de imunossupressores).
➢ Sinais sugestivos de lesões expansivas encefálicas
(Papiledema ou sinais neurológicos focais, não
incluindo paralisia de nervos cranianos) ou
comprometimento moderado a grave da
consciência.

Se a punção lombar precisar ser retardada, para


realização da neuroimagem, é importante que não
atrase o início do antibiótico e que ele tenha início
o mais breve possível.

46
A punção lombar deve ser realizada com o paciente em decúbito lateral, para
verificação da pressão de abertura que pode estar aumentada (normalmente até
20 cm H20).

Deve ser realizado na amostra de Líquor: contagem e diferencial de células,


dosagem de Glicose e Proteínas, coloração pelo Gram e Culturas e, se disponível,
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), testes de Antígenos e Lactato.

47
Nível de Glicose no LCR inferior a 60% do Nível
Sérico (ou menos que 40 mg/dL) é sugestivo de
infecção, mais comumente bactérias,
Tuberculose e fungos.

A Glicose no LCR é normal na


maioria das Meningites virais, no
entanto, a Hipoglicorraquia pode
ocorrer com alguns vírus, incluindo
vírus da Caxumba, vírus da
Coriomeningite Linfocítica, vírus do
Nilo Ocidental, Enterovírus e
Ventriculite por Citomegalovírus
(CMV) associada a Vírus da
Imunodeficiência (HIV).

O tipo e o grau de reação celular no LCR


fornecem pistas para a tipo de infecção. A
Meningite bacteriana aguda produz uma
resposta polimorfonuclear, geralmente, superior
a 1000 células/mm3.

A Meningoencefalite viral pode produzir uma


resposta polimorfonuclear precoce, que depois
modifica para uma resposta linfocítica, mas a
contagem de células raramente excede 1000
células/mm3.

48
As bactérias podem ser evidenciadas por microscopia direta e detecção de
antígeno no LCR dentro de um algumas horas.

O diagnóstico final é estabelecido por cultura no LCR,


dentro de 1 a 3 dias. Recentemente, os ensaios de
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) podem
evidenciar o diagnóstico em menos de 1 dia, a partir
da admissão.

A cultura permite o teste de


suscetibilidade de
resistência a antibióticos,
que possibilita ajustar o
tratamento antibiótico.

49
Um estudo observacional mostrou que a Meningite bacteriana foi altamente
provável (maior ou igual a 99% de certeza), quando qualquer um dos seguintes
parâmetros estava presente:

Concentração de Glicose no LCR abaixo de 34


mg/dL (1,9 mmol/L).

Concentração de Proteína acima de 220 mg/dL.

Contagem de Leucócitos acima de 2000/microl.

Contagem de neutrófilos superior a 1180/microL.

A dosagem de Lactato pode ajudar a diferenciar as etiologias bacteriana e viral,


estando o Lactato elevado nas Meningites bacterianas.

50
No entanto, há várias exceções e, quando há suspeita clínica de Meningite
bacteriana, a terapia antimicrobiana empírica é indicada mesmo que as
anormalidades do LCR não sejam diagnósticas.

A coloração pelo Gram ajuda a


identificar a etiologia, sendo que:

Diplococos Diplococos
Gram-positivos sugerem Gram-negativos sugerem
infecção pneumocócica. infecção meningocócica.

Pequenos Cocobacilos Gram-negativos Pleomórficos


sugerem infecção por Haemophilus Influenzae e
Bastonetes Gram-positivos e Cocobacilos sugerem
infecção por Listéria.

➢ A sensibilidade relatada da coloração pelo Gram para Meningite bacteriana


varia de 50 a 90%, e a especificidade se aproxima de 100%.

➢ No entanto, isto depende do tempo de coleta, uso de antibiótico prévio,


qualidade da amostra e da análise realizada pelo laboratório.

➢ Os testes de aglutinação de látex detectam os antígenos dos patógenos


meníngeos comuns no LCR.

51
O diagnóstico microbiológico da Meningite depende da coloração de Gram para
bactérias e cultura de LCR para bactérias, fungos e vírus.

A sorologia é mais sensível para algumas infecções fúngicas, Sífilis e certas


infecções virais (por exemplo, o Arbovírus).

Embora a cultura ainda seja importante no diagnóstico de infecções bacterianas e


fúngicas, a cultura para vírus foi amplamente suplantada pela técnica de PCR. A
PCR é, agora também, usada na ajuda do diagnóstico de causas bacterianas e
fúngicas de Meningite.

52
Testes de amplificação de ácidos
nucleicos, como a Reação em Cadeia
da Polimerase (PCR), foram avaliados
em pacientes com Meningite
bacteriana e mostraram alta
sensibilidade e especificidade.

Uma PCR multiplex rápida, que testa


os vírus, as bactérias e os fungos mais
comuns está cada vez mais disponível
e se mostrou útil, especialmente,
naqueles com coloração pelo Gram
ou Cultura negativas no LCR, ou
naqueles que receberam terapia
antimicrobiana anterior.

53
Neuroimagem
A Tomografia Computadorizada de Crânio (TCC) e a Ressonância Nuclear
Magnética de Encéfalo (RNM) não são específicas para o diagnóstico de
Meningite bacteriana, e pode ser normal, principalmente, no início da infecção.

A TCC é realizada sempre que se suspeita de pressão intracraniana


elevada, o que poderia complicar a punção lombar. A TCC na Meningite
bacteriana pode demonstrar apagamento dos sulcos.

54
A RNM pode mostrar hiperintensidade em T2 nos sulcos cerebrais. A restrição de
difusão nos sulcos também pode ser vista na imagem ponderada em difusão, o
que é um achado mais comum na Meningite bacteriana que na Meningite viral,
mas não específica para Meningite infecciosa.

A RNM ponderada em T1 pós-contraste pode mostrar realce das Leptomeninges


dentro dos sulcos cerebrais.

55
Uma destas modalidades
deve ser considerada
durante o curso da doença
em pacientes com:

Evidência clínica de
Febre Achados
pressão
persistente ou neurológicos
intracraniana
prolongada. focais.
aumentada.

Aumento do perímetro
cefálico (em Convulsões.
recém-nascidos).

Disfunção Culturas Parâmetros do LCR


neurológica persistentemente persistentemente
persistente. positivas. anormais.

56
A RNM com gadolínio é a modalidade mais sensível para essas complicações,
principalmente, no que diz respeito à Isquemia (evidenciada em imagens
ponderadas em difusão) e nas Ventriculites.

A neuroimagem é útil na detecção de complicações do SNC da Meningite


bacteriana, podendo evidenciar, Hidrocefalia, Infarto Cerebral, Abscesso Cerebral,
Empiema Subdural e Trombose de seios venosos.

INFORMAÇÃO
IMPORTANTE! Também é importante no subgrupo de pacientes
com Meningite, como resultado de uma fratura
da base do crânio com Fístula Liquórica.

57
Diagnóstico Diferencial
Os diagnósticos diferenciais a serem considerados
incluem as Meningites não infecciosas, como:

➢ Inflamação Meníngea induzida por medicamentos.


➢ Carcinomatose Meníngea.
➢ Vasculites do Sistema Nervoso Central.
➢ Acidente Vascular Cerebral.
➢ Encefalite, como a Encefalite pelo vírus Herpes Simples Tipo 1 (HSV-1).
➢ Causas de alteração do estado mental e coma.
➢ Empiema Subdural.
➢ Focos de infecção parameníngeos.
➢ Convulsões.
➢ Abscesso Cerebral.
➢ Neoplasias Cerebrais.
➢ Delirium Tremens.
➢ Hemorragia Subaracnóidea.

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diagnóstico diferencial das Meningites
bacterianas.

58
A Hemorragia Subaracnóidea
secundária à ruptura de
aneurisma pode gerar
Cefaleia intensa, que,
geralmente, ocorre
abruptamente (“Cefaleia em
Trovão”). No Acidente
Vascular Cerebral o déficit
neurológico focal
(Hemiparesia) também se
apresenta subitamente.

As Meningites bacterianas têm


como diagnóstico diferencial
mais comum a Meningite viral,
que apresenta sintomas
semelhantes, como febre,
Cefaleia e rigidez de nuca, mas
em pacientes com Meningite
viral, o estado mental,
geralmente, não é afetado e a
duração dos sintomas é mais
longa em comparação com a
Meningite bacteriana.

59
Na Encefalite viral, especialmente, Encefalite por HSV-1, os pacientes,
inicialmente, apresentam confusão mental grave, desorientação e/ou Afasia, mas,
frequentemente, alerta em contraste com a Meningite bacteriana, em que o nível
de consciência é frequentemente diminuído, desde o início do curso da doença.

60
Outras causas de Meningites Assépticas (microbactéria e fungo) também entram
no diagnóstico diferencial das Meningites, conforme podemos ver na tabela 4,
abaixo. Nessas situações o exame do Líquido Cefalorraquidiano pode ajudar na
definição.
Tabela 4 - Causas de Meningite Asséptica.
Categoria Agente
Meningite parcialmente tratada, focos parameníngeos infecciosos
(ex. Sinusite, Otite), Listeria Monocytogenes, Brucella spp, Rickettsia
Bactérias Rickettsia, Mycoplasma Pneumoniae, Borrelia Burgdorferi,
Treponema Pallidum, Leptospira spp, Mycobacterium Tuberculosis,
Nocardia spp.
Enterovírus (Poliovírus, Echovirus, Coxsackievirus, Enterovirus 68-71)
Herpesvírus (HSV-1, HSV-2, Varicela-Zóster vírus, Epstein-Barr vírus,
Citomegalovírus, HHV-6, HHV-7), Paramixovirus (Virus Caxumba e
Virus
Sarampo), Togavirus (vírus Rubéola, Chikungunya), Flavivirus (Virus
Oeste do Nilo, Dengue, Zika), Retrovirus (HIV), Arenavirus
(Coriomeningite Linfocítica)
Cryptococcus Neoformans, Coccidioides Immitis, Blastomyces
Fungos
Dermatitidis, Histoplasma Capsulatum, Candida spp, Aspergillus spp.
Naegleria Fowleri, Acanthamoeba spp Balamuthia spp,
Angiostrongylus Cantonensis, Gnathostoma Spinigerum, Baylisascaris
Parasitas
Procyonis, Strongyloides Stercoralis, Taenia Solium (Cysticercosis),
Toxocara spp.

Tumores e cistos intracranianos, medicações (ex. Antinflamatórios


Não
não esteroides etc.), doenças sistêmicas (ex. Lúpus Eritematoso
infecciosas
Sistêmico, Sarcoidose etc.), Carcinomatose Meníngea.

Fonte: Romero; Newland, 2003, p. 72-82.

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a “Meningite Asséptica”.

61
Tratamento
Tratamento
Para lactentes com até 2 meses
de idade:

Nessa faixa etária, utiliza-se, inicialmente, a associação de Ampicilina com uma


Cefalosporina de terceira geração (Cefotaxima). A Ceftriaxona deve ser evitada no
período neonatal, por competir com a bilirrubina.

Outra opção é iniciar o tratamento com uma associação de Ampicilina com um


aminoglicosídeo (Gentamicina ou Amicacina).

Essa associação é empregada não só pelo espectro de cada antibiótico em si,


mas, também, devido ao sinergismo que apresenta contra algumas
enterobactérias, também responsáveis por Meningite nessa faixa etária.
Alternativamente, pode-se empregar, em vez da Ampicilina, a Penicilina.

Caso o diagnóstico etiológico seja estabelecido pela


Cultura do LCR, pode-se, então, usar um único antibiótico
e sua escolha de acordo com o antibiograma.

63
Para lactentes com mais 2
meses de idade:

O tratamento empírico da Meningite bacteriana, em crianças com mais de 2


meses de idade, deve ser iniciado com Cefalosporina de terceira geração
(Ceftriaxona ou Cefotaxima).

O esquema empírico clássico, utilizando a associação de Ampicilina e


Cloranfenicol, só se justifica se houver indisponibilidade das drogas previamente
citadas.

Nos casos de pacientes com história de anafilaxia aos antibióticos ß-lactâmicos,


pode-se usar o Cloranfenicol no tratamento empírico inicial. Assim que se obtiver
o resultado da Cultura, o esquema antibiótico deve ser reavaliado e direcionado
para o agente especifico.

64
Para adultos:

O Tratamento antimicrobiano empírico deve ser iniciado, imediatamente, se


houver suspeita de Meningite bacteriana (conforme Figura 1, a seguir).

Figura 1 - Fluxograma para condução de casos suspeitos de Meningite bacteriana.

Fonte: Conasems, 2023 (Elaborado pelo autor).

65
O isolamento respiratório é necessário em Meningites causadas por
H. Influenzae, N. Meningitidis, ou um agente infeccioso desconhecido,
nas primeiras 24 horas de tratamento. S. Pneumoniae não requer
isolamento respiratório.

O tratamento é, então, ajustado com base em Cultura de sangue ou LCR e em


dados de sensibilidade aos antibióticos, desde que disponíveis.

A duração do antibiótico é baseada no organismo causador. A Dexametasona


deve ser iniciada antes ou junto com a primeira dose de antibióticos. Entretanto,
essa medicação mostra-se benéfica apenas na Meningite Pneumocócica, por isso,
geralmente, é descontinuada se as culturas revelarem uma etiologia alternativa.

66
O tratamento deve ser iniciado tão logo se faça a punção lombar e, se a punção
lombar tiver que ser retardada, devido à necessidade de realização de
neuroimagem, deve-se começar, empiricamente, o tratamento com antibióticos e
Dexametasona.

Embora, geralmente, realizada, a Tomografia Computadorizada de Crânio não é


necessária na maioria dos pacientes. Muitos estudos mostraram, que um atraso
na administração de agentes antimicrobianos pode ter efeitos adversos, como
mortalidade e presença de déficits neurológicos residuais.

As causas importantes de atraso no início da terapia antimicrobiana


incluem apresentação clínica atípica e demora devido à realização de
neuroimagem.

67
Os agentes antimicrobianos orais devem ser evitados, pois a dose e as
concentrações teciduais tendem a ser, consideravelmente, mais baixas do que
com os agentes parenterais. A duração da terapia antimicrobiana para Meningite
bacteriana depende do patógeno causador, conforme Tabela 5, abaixo:

Tabela 5 - Terapia antibiótica para adultos com Meningite bacteriana, segundo a etiologia.

Dose diária Intervalo Duração


Agente etiológico Antibiótico
(endovenosa) (horas) (dias)

Haemophilus
Ceftriaxona 4g 12 em 12 7
Influenzae
Streptococcus
Ceftriaxona 4g 12 em 12 10 a 14
Pneumoniae
Enterobactérias Meropenen 6g 8 em 8 14-21
Pseudomonas Meropenen 6g 8 em 8 14-21
Listéria
Ampicilina 12 g 4 em 4 21
Monocytogenes
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde, 2022 (Modificado).

Existem recomendações de dosagem específicas para os agentes


antimicrobianos usados no tratamento da Meningite bacteriana, a fim
de atingir concentrações máximas no LCR. Em alguns casos, são usadas
doses mais altas de agentes para Meningite bacteriana do que para
infecções sistêmicas.

68
A seleção antimicrobiana deve ser empírica e direcionada às bactérias mais
prováveis, com base na idade do paciente e na comorbidade subjacente.
As Cefalosporinas de terceira geração, como a Cefotaxima e Ceftriaxona, são os
Betalactâmicos de escolha no tratamento empírico da Meningite. Essas drogas
têm boa penetração no LCR e atividade potente contra os principais patógenos da
Meningite bacteriana, com exceções de L. Monocytogenes e algumas cepas de S.
Pneumoniae resistentes à Penicilina.

Para hospedeiros imunocomprometidos, a cobertura antibiótica empírica deve


ser direcionada contra L. Monocytogenes, além da cobertura padrão para S.
Pneumoniae, independentemente da idade. Esses pacientes incluem aqueles que
estão imunocomprometidos devido a condições subjacentes (por exemplo, SIDA
e linfoma), bem como aqueles que recebem agentes imunossupressores, como
quimioterapia, glicocorticoides sistêmicos e/ou imunomoduladores biológicos
(por exemplo, inibidores do fator de Necrose Tumoral).

69
A antibioticoterapia, segundo a etiologia, deve ser ajustada de acordo com
resultados do teste de sensibilidade. A tabela 6, a seguir, mostra recomendações
para tratamento da etiologia meningocócica.

Tabela 6- Recomendação de antibioticoterapia para casos de Doença Meningocócica.

Idade Antibióticos Dose (EV) Intervalo Duração

200.000
UI/Kg/dia a
Penicilina ou 4 em 4 horas. 5 a 7 dias.
400.000
UI/Kg/dia.

Crianças
200 mg/Kg/dia a
Ampicilina ou 6 em 6 horas. 5 a 7 dias.
300 mg/Kg/dia.

12 em 12
Ceftriaxona 100 mg/Kg/dia. 5 a 7 dias.
horas.
12 em 12
Adultos Ceftriaxona 2 g. 7 dias.
horas.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde, 2022. p.102

70
Tratamento antibiótico direcionado
O tratamento antibiótico para Meningite bacteriana aguda deve ser considerado
em três passos, a saber:

1º O primeiro passo é iniciar antibióticos empíricos,


como indicado anteriormente - o que deve ser feito
passo dentro de 1h da admissão.

71
O segundo passo é ajustar o tratamento inicial
de acordo com a causa da Meningite bacteriana
2º aguda adquirida na comunidade, identificada
nos testes microbiológicos iniciais no líquido
passo cefalorraquidiano, como Microscopia, detecção
de antígeno ou resultados de Reação em Cadeia
da Polimerase (PCR).

Se Streptococcus Pneumoniae ou Haemophilus


Influenzae é detectado, a monoterapia com
Cefotaxima ou Ceftriaxona é continuada, a
menos que a taxa de resistência S. Pneumoniae
à Cefalosporina exceda 1% no país. Se forem
detectados Meningococos, o regime pode ser
alterado para monoterapia com Penicilina G
(Benzilpenicilina).

72
3º O terceiro passo é determinar o regime de
antibiótico final, após Cultura e Teste de

passo Suscetibilidade de líquido cefalorraquidiano


e/ou sangue.

A Concentração Inibitória Mínima (CIM) deve


ser analisada rotineiramente por um método de
difusão em disco para Penicilina G, Ampicilina,
Cefalosporinas e Meropenem. Se forem
observados Pneumococos resistentes à
Penicilina, testes de CIM adicionais para
Vancomicina, Moxifloxacina, Rifampicina e
Linezolida também devem ser analisados.

73
Resistência Bacteriana

A maioria das bactérias no LCR são esterilizadas,


quando antibióticos apropriados são administrados por
4 ou mais horas. No entanto, Neisseria Meningitidis
pode ser esterilizado em menos de 30 a 60 minutos.

No Brasil, a resistência do Streptococcus Pneumoniae à Penicilina foi detectada,


principalmente, em isolados de sorotipos 14 (61%), 23F (16%), 6B (10%) e 19F
(3%).

Alguns guias de tratamento


recomendam Vancomicina se
a resistência do Pneumococo
à Ceftriaxona excede 1%.

74
Aproximadamente, 30% dos isolados de
H. Infuenzae, sorotipo b (Hib), produzem
Betalactamases, portanto, são
resistentes à Ampicilina.
H. Influenzae

Essas cepas produtoras de


Betalactamase permanecem sensíveis às
Cefalosporinas de terceira geração.

Existem diferenças geográficas marcantes na


frequência de resistência do Pneumococo às
Penicilinas, e suas taxas vêm aumentando
progressivamente.

Estudos demonstram que a incidência de


isolados em amostras de LCR não suscetíveis
à Penicilina atingiu valores acima de 30%.
S. Pneumoniae

Mostraram, também, que, em nosso meio, a


resistência do Pneumococo às
Cefalosporinas de terceira geração ainda é
baixa.

75
Nos casos de Meningite por Pneumococos resistentes à Penicilina e às
Cefalosporinas, deve-se utilizar a associação de Vancomicina com uma
Cefalosporina de terceira geração (Cefotaxima ou Ceftriaxona).

Deverá ser adicionada a Rifampicina ao esquema quando houver piora clínica,


após 24 a 48 horas de terapia, com Vancomicina e Cefalosporina de terceira
geração, falha na esterilização liquórica, ou identificação de Pneumococo com
concentração inibitória mínima (CIM) de mais ou menos 4 µg/mL, para
Cefotaxima ou Ceftriaxona.

A Vancomicina, em função de sua baixa penetração liquórica, não deve ser


utilizada como agente isolado no tratamento de Meningite bacteriana.

76
Uso de Corticosteroide
(Dexametasona)
A administração das primeiras doses de antibióticos causa
Lise bacteriana, que está associada à liberação de
componentes bacterianos e endotoxinas e,
secundariamente, uma explosão maciça de Citocinas no
espaço subaracnóideo.

Assim, a resposta inflamatória, já ativada, acelera, ainda


mais, o que está associado ao aumento da pressão
intracraniana. Essa resposta inflamatória pode ser
modificada por corticosteroides.

A terapia adjuvante com corticosteroides foi apoiada por


estudos em animais, mostrando inflamação reduzida no
SNC por Dexametasona.

77
O papel dos corticosteroides adjuvantes na Meningite bacteriana aguda tem sido
controverso. Uma análise da Cochrane mostrou que os corticosteroides são
indicados em países de alta renda, enquanto o efeito positivo é questionado em
países de baixa renda.

Um efeito positivo, como a diminuição da mortalidade e a melhora do resultado a


longo prazo, foi demonstrado na Meningite Pneumocócica em adultos, e
diminuição das sequelas foram observadas na Meningite por Haemophilus
Influenzae em crianças.

Na Meningite Meningocócica, nenhum efeito


claramente positivo ou negativo foi notado, mas
uma tendência ao efeito positivo foi relatada.

O único agente etiológico em que os


corticosteroides parecem resultar em um efeito
negativo é a Listéria Monocytogenes.

78
Corticosteroides devem ser
administrados empiricamente em
todos os adultos e crianças (com
idade superior a 4-6 semanas), com
suspeita de Meningite bacteriana
aguda adquirida na comunidade.

Se a Microscopia direta do LCR, Cultura


no sangue e/ou LCR ou PCR no LCR
revelam Listéria Monocytogenes, o
tratamento com corticosteroides deve
ser interrompido.

O corticosteroide mais estudado é a Dexametasona, que deve ser


administrada na dose de 0,15 mg/kg, no máximo 10 mg QID.

79
A primeira dose de corticosteroides
deve ser administrada pouco antes (ou
ao mesmo tempo) da primeira dose de
antibióticos.

Uma vez que a primeira dose de


antibiótico foi administrada, o início da
Dexametasona não é mais defendido
pelas diretrizes da IDSA, de 2004, mas é
recomendado com base na opinião de
especialistas, até 4 horas, após o início
dos antibióticos, pelas diretrizes
europeias (2016), e até 12 horas nas
diretrizes do Reino Unido, de 2016.

A duração ideal do tratamento com


corticosteroides ainda não está
determinada, mas 4 dias é o mais
estudado e, portanto, geralmente,
recomendado.

80
A administração intravenosa de Dexametasona tem sido associada a uma
redução na taxa de perda auditiva, em outras complicações neurológicas e na
mortalidade de pacientes com Meningite causada por S. Pneumoniae, que é a
causa mais comum de Meningite bacteriana em adultos no mundo desenvolvido.

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saber mais sobre o tratamento.

81
Acompanhamento
Todos os pacientes com Meningite bacteriana aguda adquirida na comunidade
devem ser acompanhados, por 2 a 6 meses, para avaliação da acuidade auditiva,
exame neurológico (avaliar déficits focais) e alterações cognitivas.

Deve ser considerado o uso de vacinação contra Streptococcus Pneumoniae.

A Audiometria deve ser realizada, se forem observados quaisquer sinais clínicos


na capacidade auditiva prejudicada.

Na visita de acompanhamento, uma possível deficiência imunológica deve ser


considerada e as investigações apropriadas devem ser conduzidas.

82
Prevenção da
Meningite Bacteriana

Quimioprofilaxia

O ser humano é o reservatório para


alguns agentes infecciosos, sendo a
nasofaringe o local de colonização do
microrganismo.

A colonização assintomática da nasofaringe pela N. Meningitidis caracteriza o


estado de portador que ocorre frequentemente, chegando a ser maior que 10%
em determinadas faixas etárias nos períodos endêmicos, podendo o indivíduo
albergar o Meningococo por período prolongado.

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sobre as indicações e antibióticos de
escolha para quimioprofilaxia da
Meningite.

83
Vacinação
Vacinas no Brasil

A Meningite é uma síndrome que pode ser causada por diferentes agentes
infecciosos. Para alguns deles, existem medidas de prevenção primária, tais como
vacinas e quimioprofilaxia.

As vacinas estão disponíveis para prevenção das principais causas de Meningite


bacteriana.

As vacinas disponíveis no Calendário de Vacinação da Criança do Programa


Nacional de Imunização (PNI) estão na tabela 7, a seguir:

85
Tabela 7 - Esquema vacinal que pode potencialmente prevenir Meningites.

Vacina Idade Conduta


BCG 12h após nascimento Dose única
Completar esquema de
vacinação contra Sarampo,
Caxumba e Rubéola com
vacina Tetra Viral, aos 15
Tríplice Viral* 12 meses meses de idade.
A vacina Tetra Viral está
disponível como rotina, para
crianças com idade entre 15
meses e 4 anos.
Pentavalente
3 doses.
(inclui
2,4 e 6 meses >4 anos sem nenhum reforço
Haemophilus
administrar apenas uma dose.
Influenzae)**
Deve ser aplicada em 2 doses
(3 e 5 meses) e
posteriormente reforço aos 12
3,5 e 12 meses meses.
Meningocócica C
11 e 14 anos Para adolescentes entre 11 e
14 anos deve ser aplicado um
reforço ou dose única caso
não tenha sido vacinado.
Pneumocócica 10
Administrada em duas doses
(Protege Sorotipos
2,4 e 12 meses (2 e 4 meses) e reforço aos 12
1,4,5,6B.7F.9V,14,18C,
meses.
19F e 23F)

86
Vacina Idade Conduta
Pneumocócica 23 Revacinação é indicada uma
Indígenas a partir de
(protege Sorotipos única vez, devendo ser
5 anos
1,2,3,4,5,6B,7F,8,9N,9V,10 realizada 5 anos após a dose
>60 anos
ª,19F,20,22F,23F,33F) inicial.

ACWY (Meningocócica
11 e 12 anos Dose única.
conjugada)

Fonte: Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais, [s.d], (Modificado). Disponível em:
https://saude.mg.gov.br/hpv/story/12560-sus-ja-conta-com-nova-vacina-que-previne-quatro-tipos-d
e-meningite. Acesso em: 28 jun. 2023.
*Vacina Tríplice Viral: protege contra as Meningites causadas pelos vírus da Caxumba, do Sarampo e
da Rubéola, como complicações dessas doenças. O esquema básico é: 1ª dose aos 12 meses e 2ª
dose aos 15 meses (Tríplice Viral + Varicela ou Tetra Viral, quando disponível). Indivíduos de 1 a 29
anos precisam ter duas doses do Tríplice Viral, e aqueles com 30 a 59 anos, pelo menos, uma dose.
**Pentavalente: age protegendo contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus Influenzae,
sorotipo b, como a Meningite, e também contra a Difteria, o Tétano, a Coqueluche e a Hepatite
B-recombinante.

87
A incidência das Meningites diminuiu a
partir do desenvolvimento de vacinas,
com os diferentes antígenos, e com a
implantação dos programas de vacinação.

Como fator primordial, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza


vacinas contra os principais patógenos, sendo:

Tríplice Viral (contra os vírus da BCG (contra a Meningite


Caxumba, Rubéola e Sarampo). Tuberculosa).

Meningocócica C
Pentavalente (contra o H.
(contra as Doenças
Influenzae, Grupo b).
Meningocócicas do Grupo C).

Pneumocócica 10-valente e
23-valente (contra a Meningite
Pneumocócica).

Em 2020, o SUS ampliou o esquema de vacinação contra os demais sorogrupos


da Meningite Meningocócica, e a vacina conjugada ACWY (Quadrivalente)
passou a ser disponibilizada para adolescentes entre 11 e 12 anos. Essa medida é
primordial para que os casos possam continuar a decair.

88
Nesse sentido, a imunização ativa é considerada indispensável. Entretanto, a
efetividade e a cobertura vacinal dependem da prevalência dos sorotipos
circulantes entre a população, razão pela qual torna-se necessário o
acompanhamento epidemiológico desses microrganismos.

O Ministério da Saúde, em 2019, lançou uma edição


especial do Boletim Epidemiológico acerca da
2019 evolução da situação epidemiológica de algumas
doenças frequentes no território brasileiro, dentre
elas a Meningite Meningocócica.

Pode-se observar, que, no período de 2003 a 2018,


houve uma diminuição do número de casos
confirmados no Brasil, passando de 2 casos/100 mil
habitantes para 0,5 casos/100 mil habitantes. Dentre
2003 a
os confirmados, ocorreu um aumento do Sorogrupo
C, desde 2010, ocasionando surtos esporádicos,
2018
principalmente, em crianças, motivo pelo qual a
vacina foi inserida no Calendário Vacinal.

Clique ou escaneie o QR code, para


saber mais sobre as vacinas.

89
Conclusão
Nesse material você viu que:

❖ Adultos com Meningite nem sempre apresentam a tétrade clássica (febre,


Cefaléia, rigidez de nuca e alteração da consciência), e devemos suspeitar de
Meningite sempre que algum desses sintomas esteja presente.

❖ Em crianças os sintomas podem ser ainda mais inespecíficos e em idosos e


imunossuprimidos mais frustos.

❖ A Meningite bacteriana é menos comum que a Meningite viral, no entanto, é


uma doença mais grave e que pode resultar em grande morbimortalidade.

❖ Os principais agentes bacterianos são a Neisseria Meningitidis, Streptococcus


Pneumoniae e Listéria Monocytogenes. Devido à vacinação mundial, os casos
de Haemophilus Influenzae diminuíram bastante.

❖ No Brasil, a Meningite é considerada uma doença endêmica, ou seja, casos


são esperados ao longo de todo o ano, sendo mais comum a ocorrência das
Meningites bacterianas no inverno e das virais, no verão. A Meningite
bacteriana, mais frequente em nosso país, é causada pelo Meningococo.

91
❖ A Meningite é uma doença de notificação compulsória imediata, que deve ser
realizada em até 24 horas, para as Vigilâncias Municipais e Estaduais, sendo
de responsabilidade dos Serviços de Saúde.

❖ Na história clínica devemos sempre avaliar possíveis fatores de risco, como,


por exemplo, imunossupressão, portador do vírus HIV, contato com outros
casos, dentre outros.

❖ Os exames laboratoriais (sangue e LCR) são necessários para diferenciar o


agente etiológico e definir o melhor tratamento antimicrobiano nas etiologias
bacterianas.

❖ Quando houver suspeita clínica de Meningite, a punção lombar, para análise


do LCR, deve ser feita imediatamente, e caso não possa ser realizada devido a
contraindicações, ou for atrasada por mais de 30 minutos, devemos iniciar
terapia antimicrobiana empírica o mais breve possível.

92
❖ No caso de infecção por Neisseria Meningitidis e Haemophilus Influenzae
deve ser avaliada a necessidade de quimioprofilaxia para os contatos íntimos,
e sempre checar o cartão vacinal para a necessidade de:

• BCG.
• Vacina Pentavalente.
• Pneumocócica 10-valente (conjugada).
• Pneumocócica 23-valente (polissacarídica).
• Pneumocócica 13-valente (conjugada).
• Meningocócica C (conjugada).
• Meningocócica ACWY (conjugada).

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