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Contract of A Billionaire - Eva Winners

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Eva Winners CONTRACT OF A Billionaire

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A presente tradução foi efetuada por um grupo de fãs da autora, de modo a


proporcionar aos restantes fãs o acesso à obra, incentivando à posterior
aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de
publicação no Brasil, traduzindo-os de fã para fã, e disponibilizando-os
aos leitores fãs da autora, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele
direto ou indireto.
Levamos como objetivo sério, o incentivo para os leitores fãs adquirirem as
obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam ser
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PROIBIDA A VENDA DESTE LIVRO.
É PARA USO GRATUITO.
DE FÃS PARA FÃS

Eva Winners CONTRACT OF A Billionaire


Sunshine

Métis

Jewell Designs

Junho 2024

Eva Winners CONTRACT OF A Billionaire


CONTRACT OF A

Billionaire
Billionaire Kings

Livro 1

EVA WINNERS

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Billionaire Kings

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PLAYLIST
Six Feet Under - Billie Eilish
Sorry - Halsey
War of Hearts (Acoustic Version) - Ruelle
Astronomical - SVRCINA
I’ll Be Good - Jaymes Young
Dancing With Your Ghost - Sasha Alex Sloan
I’ll Still Have Me - Cyn
Feel Something - Jaymes Young
Infinity - Jaymes Young
Arcade - Duncan Laurence
Bored - Billie Eilish
Love Your Voice - JONY
Stone - Jaymes Young
The Other Side - Ruelle
I Hate You, I Love You (feat. Olivia O’ Brien) – Gnash, Olivia O’
Brien
Say You Won’t Let Go - James Arthur
One Kiss (with Dua Lipa) - Calvin Harris, Dua Lipa
New Rules - Dua Lipa
Remind Me To Forget - Kygo, Miguel
I Kissed A Girl, Katy Perry
Broken - Isak Danielson
Sex (With My Ex) - FLETCHER
Girls girls girls - FLETCHER
Die For Me (feat. Future & Halsey) - Post Malone, Halsey, Fu-
ture
Never Be The Same - Camila Cabello

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AVISO DE GATILHO

Este livro aborda alguns assuntos delicados e pode ser sensível para alguns
leitores.

Há conteúdo de gatilho relacionado a: perda de familiares, suicídio, abuso


físico e psicológico, violência.

A semelhança com pessoas e coisas reais, vivas ou mortas, locais ou


eventos é inteiramente coincidência.

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NOTA DA AUTORA

Cada livro da série Billionaire Kings pode ser lido como um livro
independente.

Aproveite!

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SINOPSE
A primeira vez que vi Alessio Russo eu tinha dezoito anos. Ele
invadiu meu quarto. Eu gritei. Ele gritou. Nós discutimos.

Eu bati a porta na cara do idiota. Então descobri que o idiota


babado era o irmão mais velho da minha melhor amiga e tinha
conexões com Cassio King e a máfia. A porcaria da máfia!

A segunda vez que o vi foi no funeral de sua mãe. Ele não pareceu
me reconhecer. Ou assim eu pensei até que acabamos enrolados
entre os lençóis e ele se referiu ao nosso primeiro encontro.

A vez seguinte que nos vimos foi no funeral de seu pai - o funeral
do mesmo homem que ameaçou minha vida.

Acontece que Alessio Russo era um cavalheiro, mesmo sendo um


selvagem. Nós brigamos. Nos beijamos. Brigamos. Fizemos
amor.

Ele me emocionou e me assustou. Ainda assim, lentamente


começamos a encontrar um caminho um para o outro, mas antes
que eu tivesse a chance de lhe confessar a verdade, tive que deixar
o país.

E todo o inferno desabou.

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O amor é um quebra-cabeça.

Quando você está apaixonada, todas as peças se encaixam.

Mas quando seu coração é quebrado,

Demora muito tempo para recompor as peças.

E, às vezes, as peças nunca se encaixam perfeitamente.

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DEDICATÓRIA

Esta é para todos os meus leitores.

Vocês tornaram meu sonho realidade.

Vocês mudaram minha vida.

OBRIGADA!

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PRÓLOGO

A chuva batia contra as janelas do hospital. A exaustão permanecia


em meus ossos. Cada centímetro de mim doía.

Mas no momento em que o segurei em meus braços, soube que ele


era minha mais bela criação.

Cabelos escuros. Olhos tempestuosos.

Embora o último possa ser o fato de ele ter acabado de nascer e


eles serem mais obscuros.

Isso não importava. Ele era a perfeição absoluta.

Kol.

Significava O Sombrio. Combinava com ele. Kol Alessandro


Corbin.

Mamãe, papai e Branka ficaram comigo no hospital durante as


vinte horas de trabalho de parto e muitas horas depois. Mas finalmente eu os
fiz ir embora.

Eles precisavam descansar. E eu precisava de um tempo sozinha

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com meu bebê. Para enterrar essa dor de saudade que se prolongava em meu
peito.

Todos esses meses e eu ainda não tinha conseguido esquecê-lo.

Alessio Russo não era um homem que se pudesse esquecer


facilmente.

Mesmo com as palavras que ainda ressoavam em meus ouvidos de


nosso último encontro.

Senti o cheiro denicotina antes de estar totalmente acordada.

Meu coração se apegou a isso. Ninguém que eu conhecia fumava.


Com exceção de Alessio.

A fumaça prateada envolveu o quarto, roubando minha respiração


e meus sonhos.

É proibido fumar no hospital.

Meus olhos se abriram. Uma sombra pairava sobre meu filho, que
dormia tranquilamente, com um círculo vermelho ardente perfurando a
escuridão. Era a ponta de um cigarro, mas não era Alessio que estava ali.

Algo está errado.

— Afaste-se do meu filho, — gritei, endireitando-me na cama do


hospital.

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Ignorei a dor no abdômen.

Seu rosto se desviou do meu filho e meu coração congelou. O pai


de Alessio.

Subi no travesseiro e tentei alcançar o botão de chamada da


enfermeira.

— Belo garoto.

Sua voz estava cheia de repulsa. Ódio.

Um raio de medo me atravessou, o terror encharcando minha pele.


Seu rosto era sinistro, e a arma em sua outra mão não me escapou. Ele deu
uma tragada no cigarro e depois soprou a fumaça no rosto de Kol.

— Afaste-se do meu filho, — avisei, com a voz trêmula. Não havia


nada que eu não fizesse para protegê-lo.

Seus olhos escuros e ameaçadores encontraram os meus. — Agora


me escute, seu lixo da Córsega. Você e seu filho nunca mais se aproximarão
de Alessio. — Engoli, o medo trovejando em meus ouvidos.

A adrenalina pulsava em minhas veias, deixando-me tonta, mas eu


me recusava a recuar. Desci do colchão do hospital, aproximando-me cada
vez mais do meu filho.

— E Branka? — sussurrei.

Ele deu de ombros. — Ela é inútil.

Esse homem era um maldito lunático. Um bastardo cruel e sádico.


Exatamente como Branka o descreveu.

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— Ela não é inútil, — discordei dele. — Ela é uma pessoa incrível
e boa.

Mais um centímetro mais perto do meu filho. Eu só precisava


agarrá-lo e sair daqui. As enfermeiras tinham entrado e saído deste quarto a
noite toda. Mas agora que eu queria uma aqui, elas não estavam em lugar
nenhum.

— Você, Autumn Corbin, e sua família, são uma maldita praga.


Fique longe de Alessio, ou farei você e sua família pagarem. Alessio tem
outras mulheres para foder. — Meu coração se despedaçou; pedaços do frágil
órgão se espalharam aos meus pés. Mesmo depois de todo esse tempo, estava
doendo pra caramba.

As palavras de Alessio ainda ressoavam em meu cérebro. Eu era


apenas uma boa foda para ele. Nada mais, nada menos.

Seus olhos baixaram para o meu filho e seus lábios se curvaram


em um sorriso cruel. — E este será um bastardo morto se eu o vir por aí.

Antes que eu pudesse piscar, ele empurrou o cigarro aceso em


direção ao meu bebê e um grito ecoou pelo hospital. O de Kol e o meu.

— Saia de perto dele! — Eu não tinha ideia de como ou quando


me atirei sobre ele, meus punhos batendo em suas costas.

Ele me tirou de cima dele com facilidade, e minhas costas bateram


no azulejo frio do hospital. Pontos pretos passaram por minha visão. Um
grito agudo do meu bebê preencheu o espaço. O cheiro de fumaça. Uma
nuvem enchendo o ar.

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O horror me invadiu.

Isso não pode estar acontecendo.

O cigarro ainda estava aceso no berço do meu filho.

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CAPÍTULO 1
AUTUMN
Quatro anos antes

Está bem, comemorar a formatura da faculdade em cima de um


bar, dançando e jogando dardos não foi exatamente a maneira mais madura
de receber o reconhecimento por quatro anos de trabalho árduo.

Sim, levamos mais um semestre do que deveria. O primeiro ano


foi difícil. Tanto Branka quanto eu fomos reprovadas na maioria das aulas
no primeiro semestre e nunca conseguimos nos recuperar. Não éramos
gênias. Apenas duas garotas normais com um gene artístico. Ou algo do
gênero.

Mas finalmente nos formamos. Sim, o verão havia ficado para trás,
mas tínhamos toda a nossa vida pela frente. Muitos outros verões.

Meus sonhos estavam finalmente se tornando realidade. Recebi


uma oferta para um estágio na National Geographic e meu primeiro trabalho

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começaria em uma semana. Uma semana mesmo. Eu viajaria pelo mundo
tirando fotos. Meu pai sempre foi adepto do velho ditado 'uma imagem vale
mais que mil palavras.'

Eu queria que minhas fotos fizessem a diferença neste mundo.


Com sorte, tornar o mundo um lugar melhor.

— Mais um shot para as meninas, — alguém gritou lá atrás.

Era incrível o que um minivestido justo podia fazer. Depois dos


drinques, Branka e eu dançamos em cima do bar, movendo-nos
sensualmente. Devagar, rápido, devagar. Depois de semanas fazendo as
malas, estudando e fazendo mais malas, merecíamos comemorar e relaxar.

A música alta bombava nos alto-falantes, vibrando em todas as


superfícies. A música ricocheteava nas paredes, com o mais recente álbum
de sucessos da Dua Lipa tocando uma após a outra. Algumas das garotas
dançavam juntas no bar, enquanto outras estavam ocupadas demais selando
os lábios com seus namorados ou homens que não conheciam.

Meu olhar percorreu a multidão. Era setembro, mas a maioria das


moças usava vestidos de verão bem curtos. Mas, na verdade, estávamos na
Califórnia. Os vestidos de verão eram quase um traje para o ano todo.

O bar estava muito cheio. Provavelmente acima da capacidade,


mas ninguém havia começado a nos expulsar. Nossa última semana aqui. Os
últimos quatro anos tinham sido repletos de coisas muito loucas, mas nunca
nos metemos em problemas. Branka dizia que era porque seu irmão tinha
conexões em todos os lugares.

Alessandro Russo.

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Ele nem mesmo se lembrava de mim ou de todo o incidente em
meu aniversário de 18 anos. Eu estava muito nervosa e animada naquele dia.
Branka e eu mal podíamos esperar para ir para a Universidade da Califórnia,
em Berkeley. Compartilhamos o mesmo aniversário e comemoramos na casa
dos meus pais naquele dia.

A festa de aniversário ainda estava em pleno andamento. A


conversa e as risadas dos convidados podiam ser ouvidas no andar de baixo.
Minha família. Amigos. Branka, minha melhor amiga. Desde o momento em
que meus pais e eu nos mudamos para Montreal, nós duas nos identificamos
e somos inseparáveis desde então.

— Sinto muito que seu irmão não tenha podido vir hoje, —
murmurei. Eu sabia o quanto ela esperava que ele estivesse aqui. Ele era a
única família que ela amava. A única família que a apoiava.

— Está tudo bem. — Uma pitada de amargura coloriu sua voz.

Peguei sua mão e a apertei gentilmente para confortá-la. — Não


está tudo bem, — murmurei. — Mas estou feliz por ter passado o dia todo
com você.

Pelo que ela me disse, seu irmão sempre foi atencioso. Pode ser
que ele estivesse apenas atrasado. Em quatro anos, eu ainda não havia
conhecido o famoso, ou infame, irmão.

Alessandro Russo. Alessio para as pessoas mais próximas a ele.

Intocável. Implacável. Corrupto.

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Ligado à máfia. Não que eu tenha visto isso em primeira mão.
Esses eram apenas os rumores. Na verdade, poderia ser que o cara fosse
apenas um empresário impiedoso. Se havia uma coisa que eu havia
aprendido com meus pais, era que as coisas nem sempre eram o que
pareciam.

— Envie-lhe outra mensagem, — sugeri suavemente.

Ela balançou a cabeça.

— Meu pai lê minhas mensagens. Às vezes acho que ele lê as dele


também. — O quê? Havia tantas coisas que eu não entendia sobre a família
de Branka. — Não quero que ele me faça passar mal. — Outra diferença
entre os pais dela e os meus. Seu pai era mau, cruel até. E sua mãe, bem, ela
parecia ser apenas um fantasma de quem já foi.

— Se quiser, pode usar meu telefone, — ofereci. Eu sabia o quanto


era importante para ela vê-lo hoje.

— Tudo bem, obrigada. Liguei para Alessio mais cedo e deixei


uma mensagem de voz dizendo que estaria aqui.

Acenei com a cabeça. Nós duas ficamos em frente ao espelho. Ela


havia se trocado para a ocasião e estava linda em seu vestido dourado
transparente que era longo nas costas, mas mais curto na frente. O contraste
do dourado com seu cabelo castanho escuro era impressionante. Eu ainda
usava meu vestido branco, tipo skater.1

— Não vejo a hora de sair daqui, — comentou ela, encontrando

1
São vestidos mais ajustados na parte do tronco e de saia tipo evasê.

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meu olhar no espelho. Seus olhos cinzentos ficavam escuros, como nuvens
de tempestade, sempre que ela estava triste. — Nossa última noite em
Montreal. Vamos torná-la uma noite memorável.

Assenti com a cabeça, embora não estivesse tão entusiasmada com


a ideia de deixar meus pais para trás. Eu estava animada com a ideia de ir
para a Califórnia e cursar a universidade lá. Mas, ao contrário dela, eu
também não via a hora de voltar para visitar meus pais. E nós nem tínhamos
partido ainda.

Os olhos de Branka me examinaram. — Você vai se trocar?

Baixei os olhos. — Por quê? — Passei a mão sobre meu vestido


de paetês. — Isso não é bom o suficiente?

Ela revirou os olhos. — É bom para um evento cotidiano, mas não


para o nosso aniversário. Hoje é um dia especial.

— Tudo bem, tudo bem, — respondi secamente. — Eu vou me


trocar.

Fazer dezoito anos parecia ser uma grande coisa. No entanto, o


mesmo rosto que eu conhecia ontem me encarava hoje no espelho. O mesmo
cabelo preto. Os mesmos olhos cor de avelã. Minha boca ainda era a mesma,
com o lábio superior um pouco maior que o inferior.

— Você se sente mais velha? — perguntei.

Ela encolheu os ombros magros. — Na verdade, não. Mas agora


temos dezoito anos. Adultas legais.

Meus lábios se curvaram em um sorriso. Eu não tinha certeza se

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me sentia uma adulta. Ou se estava pronta para ser adulta. Eu certamente
não estava com pressa.

— Acho melhor eu me apressar e trocar de roupa antes que toda


a comida acabe, — eu disse, olhando para o vestido que Branka escolheu.
Era um vestido lindo, mas muito exagerado para uma simples festa de
aniversário no quintal. Assim como o de Branka, embora isso não parecesse
impedi-la.

Ela bateu palmas. — Maravilhoso, vou esperar por você lá


embaixo. Preciso comer um pouco do crème brûlée de sua mãe antes que
acabe.

Ela saiu pela porta antes mesmo que eu pudesse protestar. Teria
sido maravilhoso se ela tivesse me dado um impulso de confiança quando
experimentei a fantasia. Eu não queria parecer um pavão vestido demais.

— Guarde um pouco para mim, — gritei atrás dela. — Esconda


isso de todo mundo.

Sua risada soou nos degraus, junto com os saltos de seus sapatos
contra o piso de madeira dos meus pais.

Meus olhos percorreram o quarto onde Branka e eu passamos


tanto tempo juntas nos últimos quatro anos. Não era grandioso nem super
luxuoso, mas, mesmo assim, eu adorava meu quarto. Roupa de cama rosa e
branca sobre a cama de dossel de mogno. A cômoda branca antiga e a
penteadeira eram os únicos outros móveis do meu quarto.

Molduras com as fotos dos meus pais estavam sobre a cômoda.


Nossas viagens ao redor do mundo. Foi lá que adquiri meu gosto pela

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aventura e a vontade de fazer justiça.

A nostalgia me atingiu. Mais uma noite e eu não mais deitaria


minha cabeça para dormir sob o teto de meus pais. Mais uma noite e eu
estaria a milhares de quilômetros de distância.

— Acho que faz parte do crescimento, — murmurei baixinho.

Balancei a cabeça e tirei o vestido, ficando apenas de calcinha e


sutiã brancos. Jogando-o no cesto, peguei meu vestido e o pendurei na grade
do meu dossel, de costas para a porta. Ele escorregou do suporte, caindo
silenciosamente no chão.

Curvar-me, com a bunda para cima e os dedos enrolados no


material macio era exatamente a posição em que eu estava quando a porta
se abriu.

— Mas o que...? — Uma voz grave veio de trás de mim.

Por um momento, fiquei congelada, olhando para o homem de


cabeça para baixo através de minhas pernas. Sapatos pretos brilhantes.
Terno de negócios caro e sob medida. Olhos cinzentos e tempestuosos que
me estudavam.

Ou talvez ele tenha estudado minha bunda com o fio dental.

Levantei-me, girando ao meu redor.

No momento em que o vi de pé, meu passo recuou


involuntariamente.

Rosto duro. Olhos ainda mais duros.

Um arrepio subiu por minha espinha e, por uma fração de

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momento, esqueci-me de respirar. O rosto mais lindo que eu já tinha visto.
Mas não foi isso que me conquistou. Foi a escuridão e a crueldade em seu
olhar cinza. Um olhar da cor do céu logo antes de uma tempestade.

A linha angular da mandíbula denotava determinação e teimosia.


A leve barba por fazer em seu rosto o fazia parecer severo e intocável. Não
que ele precisasse disso, porque eu ficaria apavorada se me encontrasse
sozinha em um beco escuro com ele. O terno escuro de três peças abraçava
seu corpo largo e imponente.

Letal.

Esse homem era letal. Eu poderia ter feito dezoito anos apenas
hoje, mas apostaria minha vida nisso. Esse homem poderia acabar com uma
vida humana sem perder o sono.

Uma de suas mãos estava enfiada no bolso da calça do terno,


enquanto a outra pendia casualmente pelo corpo. Meus olhos se voltaram
para aquela mão forte e cheia de veias. Um único anel com um símbolo
estranho. A letra 'A' com uma caveira.

Ficamos olhando um para o outro, congelados, os segundos se


estendendo por uma vida inteira. Ele era como um demônio sombrio focado
em sua presa.

— O que está fazendo aqui? — Saí de meu estupor, tentando


parecer corajosa.

— Onde ela está? — ele respondeu.

— Como diabos eu deveria saber? — Estreitei meus olhos para

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ele. Ele cheirava a escuridão e perigo. Era de se esperar que eu fosse
inteligente o suficiente para gritar por socorro. — Quem diabos é ela?

Meu pai sempre dizia que, às vezes, eu era corajosa demais para
o meu próprio bem. Mas não era imprudente. Pelo menos não agora. Tudo
o que eu tinha que fazer era gritar e meu pai viria atrás desse cara. Embora,
para ser honesta, não tinha certeza de que meu pai conseguiria dar cabo
dele.

Ele arqueou a sobrancelha, como se estivesse surpreso. Quando


ele não respondeu, continuei: — E quem é você? — Minha voz ficou um
pouco mais aguda, enquanto meu coração disparava no peito.

Ele colocou a outra mão no bolso enquanto seu olhar descia pelo
meu corpo, preguiçoso e observador. Com a mesma lentidão, seu olhar
voltou a subir pelo meu estado quase decente.

— Cuidado com o tom, garotinha, — disse ele.

Seja esperta, Autumn. Seja esperta, Autumn.

— Ou o quê, meu velho? — Eu zombei. Jesus, isso não era


inteligente, mas minha boca se recusava a parar. — Um pio e meu pai vai...
chutar. Seu. rabo.

Talvez. Mas ele não precisava saber disso.

Ele deu um passo à frente, eu dei um para trás. Outro passo em


minha direção e, como se fôssemos feitos dos mesmos pólos de dois ímãs,
dei um passo para trás.

— Você realmente acha isso? — Seu tom era baixo, profundo,

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quase ameaçador.

Empurrei meus ombros para trás e percebi o erro imediatamente.


Mostrei mais do meu corpo mal coberto. Mas não podia demonstrar
fraqueza.

— Acho, — zombei. — Agora desapareça.

Seus olhos se estreitaram, depois percorreram meu corpo


novamente, deixando-me estranhamente sem fôlego e com o coração
acelerado no peito.

Tentei a mesma tática e deixei meu olhar cair por seu corpo. Foi
um erro, pois ficou ainda mais evidente como ele era alto, musculoso e de
tirar o fôlego. Não é uma boa conclusão para se chegar quando se está
sozinha com um estranho no quarto.

Meus olhos se fixaram em seus sapatos pretos brilhantes e caros.


Couro italiano, se eu tivesse que adivinhar. Ele ainda não estava se
movendo. Mas agora estávamos tão próximos um do outro que eu podia
sentir seu cheiro de madeira e especiarias. Poderoso, assim como sua
presença.

— Qual é o seu nome? — Sua pergunta me pegou desprevenida, e


eu ergui os olhos para ele, encontrando aqueles olhos escuros e
tempestuosos.

— Não é da sua conta, — eu ri. — Qual é o seu?

De onde veio isso?

— Não é da sua, — ele disse sem rodeios. — Se eu lhe contar, terei

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que matá-la.

Mas. Que. Porra?

— Saia daqui! — Dei um passo à frente e empurrei a palma da


mão contra seu peito, então percebi que havia deixado cair o vestido que
cobria a parte superior do meu tronco. Rapidamente cruzei os braços em
frente ao peito.

Ainda estávamos no meio do meu quarto feminino, com sua


estrutura imponente em um terno escuro parecendo ridícula em meio a todo
o meu rosa.

Seus olhos baixaram para o local onde minha palma estava há


apenas alguns segundos, depois voltaram para o meu rosto. Olhamos um
para o outro por um momento e percebi que sua mão estava em meu pulso,
com as pontas ásperas de seus dedos roçando em minha pulsação.

— Cuidado, Autumn, — disse ele. — Ou você vai se encontrar no


quarto errado.

Foi só quando ele já tinha ido embora que percebi.

Ele sabia meu nome!

Dez minutos depois, eu alisava as rugas inexistentes do vestido


rosa claro. Ele abraçava meu corpo com muita força, dificultando a
respiração. Eu não estava acostumada a usar roupas justas e saltos altos.
Tomando cuidado para não prender meus saltos rosa com tiras na terra,
mantive meu olhar focado no chão. A música e as risadas vibravam ao meu
redor e um sorriso já se formava em meus lábios.

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— Autumn, venha cumprimentar nosso convidado. — A voz de
Maman viajou pelo ar.

Dando um passo sobre o cascalho, estabilizei meu tornozelo.

— Já estou indo, — resmunguei. — Esses malditos sapatos estão


ficando presos.

Mais dois passos, olhei para cima e congelei.

Um par de olhos cinza-escuros em um terno preto de três peças


me observava, prendendo-me ao meu lugar. O cara que entrou no meu
quarto estava ao lado do meu pai. Um sorriso ergueu seus lábios e meus
olhos se fixaram neles. Lábios tão sensuais e bem proporcionados. Fiquei
imaginando como ele beijava.

Forte. Bruto. Úmido. Exigente.

— Aí está você. — Minha mãe depositou um beijo em minha


bochecha. — Joyeux anniversaire, ma chérie.2 — Feliz aniversário, minha
mãe me desejou em francês.

— Merci, 3 Maman, — murmurei, mantendo meus olhos no


estranho.

Um par de braços me envolveu e eu balancei. — Ele chegou, —


Branka gritou de alegria.

— Quem? — murmurei, fazendo uma careta para ela e depois


voltando o olhar para o estranho lindo. Por que ele estava falando com meu

2
Minha querida.
3
Obrigado.

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pai?

— Meu irmão. — Minha cabeça girou em sua direção e eu segui


seu olhar. — Alessio. — Engoli em seco, lembrando-me de como gritei com
ele há apenas dez minutos.

— Autumn, este é o Sr. Alessio Russo. — O tom de meu pai tinha


uma nota de cautela. Aquele que me dizia que ele preferia que eu não falasse
com o homem. Se ele soubesse que eu passei alguns minutos sozinha com
ele. — Sr. Russo, minha filha Autumn.

Inclinei a cabeça em sinal de saudação, enquanto uma onda


quente de adrenalina percorria minha espinha pelo modo como ele me
observava e pelo reconhecimento de seu nome. Encontrei seu olhar intenso,
com olhos cinza-escuros sombreados por cílios grossos e escuros que
poderiam fazer você pensar que seus olhos eram mais escuros do que
realmente eram.

— Srta. Corbin. — Sua voz era indiferente, mas havia algo de


divertido e perigoso em seu olhar, desafiando-me.

Eu apostaria minha vida que todos os rumores sobre a crueldade


de Alessandro Russo eram verdadeiros.

Pisquei os olhos, voltando ao presente.

Era ridículo que, mesmo depois de quatro anos, pensar nele fazia
meu coração disparar no peito. Quinze anos mais velho que eu, o irmão de
Branka estava muito fora do meu alcance. Não que eu o quisesse em minha

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liga. Ele era um cavalheiro por fora, mas perigoso e implacável por baixo
daquele terno caro que adorava usar.

E ele tinha conexões com a máfia, pelo amor de Deus.

Eu não precisava desse tipo de problema em minha vida. Mas


aqueles olhos de aço! Aquela boca! Aquele corpo! A química que senti
naquele exato momento em que o conheci nunca tinha sentido. Foi apenas
um momento fugaz em seu livro. No meu, foi um evento que mudou minha
vida em um mero segundo.

Eu nunca o esqueceria. Seria impossível esquecer aquele rosto,


aquele olhar que me prendia e aquele maxilar com uma boca que eu tinha
certeza de que sabia como dar prazer. Bastava olhar para ele para que um
arrepio percorresse minha espinha. O homem implacável com um rosto lindo
era exatamente o que eu não precisava, mas meu corpo parecia desejá-lo.

A música tocava remix após remix, minha pele brilhava de suor, a


multidão ficava cada vez mais barulhenta quando ouvi meu nome, em alto e
bom som, por cima da música estrondosa. Meus olhos percorreram o bar,
mas não vi um único rosto familiar.

— Branka. Autumn. — Novamente, nossos nomes foram


chamados.

Branka e eu trocamos um olhar, depois nossos olhos percorreram


os rostos da multidão.

Dois homens caminhavam confiantes pelo bar lotado, com seus


olhos fixos em nós. Branka deu um passo para perto de mim e, ao mesmo
tempo, eu me aproximei dela.

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— Você os conhece?

Suas sobrancelhas se franziram, com reconhecimento em seu


olhar. — Eles são amigos do meu irmão.

Meus olhos se voltaram para os dois homens que caminhavam em


nossa direção como se fossem os donos do local. O perigo fazia parte destes
dois homens, e não por causa da tinta que marcava a pele em seus pescoços
e mãos, mas pela dureza de seus olhares. A escuridão em seus olhos que se
assemelhava à de Alessio Russo.

— Tem certeza? — Mal consegui pronunciar as palavras quando


os dois homens pararam na nossa frente.

— Senhoras. Eu sou Cassio King e este é meu irmão, Luca.


Viemos para levá-las para casa.

Branka e eu trocamos um olhar. Planejamos ficar aqui por mais


uma semana antes de eu partir para a minha missão. Ásia. Kuala Lumpur.
Meu dedo coçava para começar a tirar fotos.

Branka acenou com a mão como se isso fosse mandá-los embora.


— Não, obrigada.

— Receio que terei de insistir, — disse o outro rapaz. Luca King.


Cassio e Luca King. No fundo de minha mente, procurei por esse nome. Era
familiar. Eu já o ouvira antes. O álcool que eu havia consumido não estava
ajudando.

Cassio e Luca King.

Máfia. O pai deles, Benito King, era um dos homens mais temidos

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da Costa Leste dos Estados Unidos. E seus filhos não ficavam muito atrás
deles.

— Sua mãe está morta, Branka, — explicou Cassio. — E seu


irmão precisa de você de volta. — Um leve suspiro escapou de meus lábios
e olhei para minha melhor amiga. Ela mantinha sua expressão disfarçada,
mas eu sabia que ela se importava. Ela não era tão próxima de sua mãe
quanto eu era da minha, mas a amava. A pobre mulher se casou com um
homem duro e cruel e isso a destruiu.

Senti os olhos dos homens sobre mim e me virei para olhá-los.

— Srta. Corbin, pode vir junto. Alessio indicou que você e Branka
são próximas, e ela precisará de todo o apoio possível.

A hesitação me invadiu. Eu queria estar lá para Branka, mas não


tinha certeza se queria ver seu irmão. Ou seu pai.

Branka deslizou sua mão até à minha e nossos olhos se fixaram.


— Por favor, venha, — ela sufocou, seu lábio inferior tremendo e não havia
como eu recusar.

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CAPÍTULO 2
ALESSIO

Eu odiava funerais.

O fato de ser da minha mãe tornava tudo dez vezes pior. Eu não
tinha sido próximo de minha mãe. Isso era impossível com meu pai -
correção, padrasto bastardo - por perto.

O maldito adorava atormentar todos ao seu redor. Ele nem sequer


deu a Branka a chance de se despedir. Ele manteve nossa mãe isolada de
todos até que ela morresse. Por malditos dias.

Olhando impaciente para o relógio, anotei a hora. Eu tinha mais


vinte minutos antes de sair, ou não chegaria ao cemitério a tempo. Servi-me
de outro uísque e tomei-o de um só gole.

Montreal. Québec. Eu governava tudo nesses territórios e a leste


deles, até ao Oceano Atlântico.

Da janela do meu escritório, eu podia ver o rio Saint Lawrence. Os

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navios viajavam em uma velocidade lenta, levando a crer que a cidade tinha
um ritmo lento. Ela não era nada lenta, e a corrupção era profunda. Eu havia
experimentado isso em primeira mão.

Droga, eu a dirigia. Era o dono. Governava.

Antes de mim, foi meu padrasto que fez com que essas ruas
ficassem vermelhas. Ele subiu a escada matando inocentes, fracos e
poderosos; nenhum custo era grande demais para ele ao atingir seu objetivo.

Acho que, nesse aspecto, ele não era muito diferente do meu pai
biológico.

Que se danem os dois. Eu só queria que fosse ele que eu estivesse


enterrando hoje.

Não minha mãe.

Ele também sabia disso. Essa foi a razão pela qual ele fez aquela
manobra. Jesus Cristo, eu senti o gosto do que este mundo seria sem ele por
um breve momento. Graças a Deus, não enviei uma mensagem a Branka para
que ela soubesse. Ela já sofreu bastante com o tormento de nosso pai. Isso
teria sido demais.

Agora, eu tinha que proteger minha irmã mais do que nunca. Eu


falhei com Mia, não podia repetir o mesmo erro. Branka não conseguia
suportar a crueldade de meu pai. Ele deixou uma marca maldita nela, embora
ela parecesse forte e invencível. Não era; na verdade, ela era frágil e
facilmente quebrável.

Olhando novamente pela janela, eu sabia que o tempo estava se

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esgotando. Servi-me de outro copo e saboreei o amargo enquanto ele escorria
pela minha garganta.

Eu teria que ir até ao túmulo.

Se não por mais ninguém, então por Branka. Por minha mãe. Por
Mia.

A mansão Russo era o imóvel mais caro da província de Quebec,


possivelmente do Canadá. Eram duzentos acres de imóveis de primeira linha
em um dos Great Lakes.4

Minha mãe seria enterrada entre todos os outros membros da


família Russo, vivendo sua vida eterna entre inimigos. No cemitério da
família. Isso me incomodava muito. Eu queria queimar a porra do lugar e
levar ela e Mia, minha irmã, para minha própria propriedade com uma
pequena capela e um cemitério onde elas pudessem ter paz em sua morte.

Já que elas não podiam ter isso na vida. Pelo menos Mia e sua mãe
ficariam juntas. Afinal, ela sempre esperou pela salvação da mãe. Foi por
Mia que eu a salvei naquele dia.

Lanço um olhar de ódio para meu pai, que estava de pé com um


sorriso presunçoso ao lado de Branka. Eu só queria estender a mão e tirar a
vida dele. Ver a luz se extinguir de seus olhos. Eu estava em casa de Luciano

4
Grandes Lagos da América do Norte.

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no início da semana quando recebi o bilhete. Meu pai estava morto e eu
precisava voltar para casa.

E foi o que fiz. Apenas para encontrar minha mãe morta. Eu


deveria ter imaginado. O homem adorava atormentar todos ao seu redor.
Mesmo quando éramos crianças, ele adorava destruir tudo de bom que
tínhamos. Desenhos de moda para Mia. Aprender habilidades de autodefesa
para Branka. Construir móveis para mim. Porra, ele matou tudo só para
machucar nossa mãe.

Cada. Coisa. Aquela mulher não conseguia comer sem ser


atormentada.

Fecho os olhos, lembrando-me da miséria que ela chamava de sua


vida.

Minha mãe apareceu no meu quarto. Sua longa camisola branca


envolvia sua estrutura frágil. Ela nunca vinha ao meu quarto, então fiquei
tenso, observando-a com cautela.

— Venha, Alessandro, — disse ela, com sua voz suave. Uma rara
demonstração de emoções brilhava em seus olhos. Ela parecia uma mãe
carinhosa e amorosa, pronta para enfrentar o mundo. Isso disparou um
alerta em meu cérebro de quinze anos.

Em geral, a mãe olhava para o mundo com um olhar vazio,


seguindo a mecânica da vida no dia a dia.

Estreitei meus olhos para ela. Eu não odiava mamãe. Sentia pena

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dela, mas não gostava do fato de ela ser fraca. Encontrei meu pai apagando
o cigarro no pequeno corpo de Branka e minha mãe apenas o observava.

Ela o observava, com seus olhos cinzentos sem brilho.

— Suas irmãs estão comigo.

Isso me fez pular da cama e segui-la. Eu havia crescido mais do


que ela, e meu corpo já era cerca de cinco centímetros mais alto do que o
dela. Isso não me impediu de querer um abraço. Ou palavras de conforto,
aqui e ali.

Tudo o que recebi foram surras de meu pai, seu ódio


constantemente me encarando. Apatia de minha mãe, com seus olhos mortos
olhando para todos os lugares, menos para mim. Ambos me odiavam.
Também odiavam minhas irmãs. O que havíamos feito a eles para merecer
isso?

No momento em que entramos no quarto, mamãe fechou a porta


atrás de mim com um clique suave. Em seguida, ela a trancou, puxando a
chave para fora da porta. Minhas irmãs se sentaram na cama grande.
Branka ainda era um bebê, seus pulmões emitiam uma nota aguda que
atravessava meu cérebro. Mia, que fez dez anos ontem, sentou-se ao lado
dela, com os olhos arregalados de medo e o rosto manchado de lágrimas.

— O que há de errado? — Perguntei-lhe, com o pavor se


acumulando no fundo do meu estômago.

— O pai queimou Branka, — Mia gritou, seu corpo tremendo.

— Ele não vai mais nos machucar. — A voz de minha mãe estava

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estranhamente calma. A expressão em seu rosto era a de uma louca. Ela
finalmente havia surtado.

Antes que eu pudesse refletir sobre o significado de suas palavras,


ela caminhou a passos lentos e pesados em direção à cômoda, enquanto eu
diminuía a distância entre minhas irmãs e eu. Tomando Branka em meus
braços, eu a embalei e puxei a camiseta para cima para verificar seu
ferimento.

— Ela vai morrer? — A voz de Mia tremeu como uma folha ao


vento.

Balancei a cabeça. — Temos que limpá-la, — disse a ela e me


levantei rapidamente. Mia me seguiu, com sua juba castanha bagunçada e
seus olhos me observando como se eu fosse seu salvador. Eu falhei, porra.
Sempre falhei. Se eu fosse um salvador, teria pegado minhas irmãs e
desaparecido.

Para sempre. Em algum lugar onde ninguém nos encontraria.

Uma vida simples. Eu podia pescar e caçar, alimentá-las. Eu era


bom em construir móveis. Podia vendê-los. Poderia ensinar às minhas irmãs
tudo o que eu sabia. Estaríamos seguros, seríamos felizes.

O cheiro de fumaça encheu o quarto e eu me virei. Minha mãe


jogou uma caixa de fósforos nas cortinas que já estavam queimando e meu
peito congelou.

Nós iríamos nos queimar. Ela queria nosqueimar.

— Ele não vai mais nos machucar, — ela repetiu suas palavras

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anteriores e eu finalmente entendi o significado. Branka começou a gritar
novamente. Mia chorava, pálida e suada, enquanto olhava para as chamas.

Peguei a mão de Mia com a minha e corri em direção à janela,


arrastando-a comigo. Mantendo Branka protegida com meu corpo, rasguei
as cortinas, ignorando a dor em minha pele. As chamas lambiam meus
antebraços e minhas costas enquanto eu mantinha Mia e Branka protegidas.

— Você tem que pular, — ordenei a Mia. Ela balançou a cabeça


freneticamente, enquanto minha mãe se sentava no chão. Entorpecida e
pronta para morrer. — Agora!

Dois andares abaixo para cair. Era a nossa melhor chance de


sobrevivência.

Ela deu um passo à frente, depois olhou para mim por cima do
ombro. — Estou bem atrás de você, — assegurei-lhe.

— E quanto à mamãe? — sussurrou ela, com os olhos voltados


para a mulher quebrada.

— Eu cuidarei de tudo.

Ela pulou. Os homens de meu pai já estavam alertas, gritos e


berros enchiam a noite. Mantendo Branka fora do alcance de nossa mãe, dei
três passos até ela e a puxei com minha mão livre.

Ela cambaleou, voltando ao seu antigo e vazio eu. Talvez eu


devesse deixá-la queimar; deixá-la encontrar paz na morte. Mas não podia.
Eu simplesmente não podia.

Eu a puxei comigo, as chamas se espalhando rapidamente e

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lambendo nossas costas. Quando chegamos à janela, os olhos de mamãe
encontraram os meus.

Morta. Ela já estava morta.

Eu a empurrei para fora da janela e rezei para que ela encontrasse


a paz. Ela não queria mais isso.

Pulei pela janela com Branka em meus braços. Caí de costas, com
o vento me derrubando. O gramado parecia duro como uma pedra, mas eu
sabia que isso me salvou de quebrar alguns ossos. Tudo o que importava
para mim era que a bebê em meus braços estava ilesa.

Por ela, eu quebraria todos os meus ossos.

Meus olhos se voltaram para o túmulo. Ela me acusou de tê-la


salvado. De ter salvo Mia e Branka. Ela não precisava dizer isso, mas eu vi
em seus olhos. A acusação de que eu havia lhe tirado uma fuga.

Para mim, minha mãe morreu naquela noite. Eu já estava de luto


por ela há muito tempo.

Nossa mãe era um cadáver ambulante há décadas. Ela era ingênua


e mole demais para este mundo. Primeiro, ela foi enganada por um político
corrupto e promissor que estava de olho na presidência dos Estados Unidos
e não podia se incomodar com uma jovem irlandesa que ele engravidou.
Depois, foi vendida por seus pais a um animal sádico.

A pedra escura da capela combinava com meu humor. As janelas


em arco brilhavam com a opacidade e os santos olhavam para baixo do topo

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do edifício, julgando toda essa maldita família. O cenário combinava
perfeitamente com a ocasião.

As nuvens cinzentas se acumulavam acima de nossas cabeças,


escurecendo a cada minuto. O céu estava chorando por mim porque eu não
tinha lágrimas para derramar. Elas haviam sido arrancadas de mim há muito
tempo.

Meus olhos permaneceram no caixão enquanto o chão o engolia


inteiro, as palavras do padre... ruído de fundo.

Do pó viemos ao pó voltaremos.

As únicas palavras que foram registradas enquanto o corpo da


minha mãe era baixado a dois metros de profundidade.

As lágrimas de Branka escorriam pelo seu rosto em silêncio,


enquanto seu lábio inferior tremia e ela tentava desesperadamente impedir
que isso acontecesse. Ela havia aprendido há muito tempo a chorar em
silêncio. Tinha aprendido as lições que nenhuma criança deveria aprender.
Pelo menos ela foi poupada de ver as coisas que nenhuma criança deveria
ver.

Peguei sua mão na minha e a apertei suavemente. Eu podia me dar


ao luxo de fazer isso agora. Já faz algum tempo que meu pai não consegue
mais me dominar e, como ganhei meu próprio dinheiro, garanti um teto para
Branka, para que ela não tivesse que suportá-lo. Meu único arrependimento
foi não ter feito isso antes.

Com uma diferença de quinze anos entre nós, eu deveria ter sido
capaz de protegê-la desde o momento em que ela nasceu. Mas não consegui.

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Ela teve que suportar anos da brutalidade de nosso pai. Anos da casca
quebrada de minha mãe. Malditos anos sendo trancada em seu quarto quando
ele decidia bater em nossa mãe. Ela ouvia os gritos deles e as lamentações
da mãe, sem poder salvá-la.

Eu falhei com Branka, assim como nossos pais falharam. Falhei


com Mia, que fugiu para se alistar no exército dos EUA só para fugir. Talvez
esse fosse o legado de nossa família - falhar com todos aqueles que amamos.

Foi só quando Branka tinha dez anos que eu a tirei daquela merda.
Quando eu tinha algo para segurar na cabeça do velho. A humilhação que
ele não queria que ninguém soubesse. Que a riqueza de seu filho superava a
sua em dez vezes.

Ele odiava que alguém fosse melhor do que ele, especialmente seu
filho bastardo. Meus olhos se voltaram para ele e o viram observando Byron.
Mais como, matando-o com um olhar. Meu pai me odiava, mas não queria
que o mundo soubesse que eu não era biologicamente dele. E ter um Ashford
perto demais de mim poderia revelar isso. Éramos muito parecidos.

Mas que merda. No que me dizia respeito, nenhum deles era meu
pai. Byron podia ir se foder e encontrar outra alma para perseguir. Eu não
precisava dele aqui para mim. Nunca precisei; nunca precisaria.

Meus olhos procuraram na multidão a filha do homem que havia


conseguido proteger sua família. Autumn Michelle Corbin. Foi então que eu
a vi e todos os pensamentos sobre meu meio-irmão Byron se desfizeram em
pó. Ela era deslumbrante. Sua pele de marfim. Seu cabelo preto. Lábios
exuberantes e carnudos. E aqueles olhos cor de avelã. Ela se escondeu atrás

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de filas de pessoas, encostada em uma árvore. Eu não conseguia vê-la por
inteira, mas pude ver que ela não estava chorando, nem fingindo estar
angustiada. Ela estava aqui apenas por Branka. Embora eu estivesse surpreso
que seus pais a tivessem deixado vir.

O cemitério estava cheio de homens e mulheres que fingiam


conhecer minha mãe. Os mesmos que fingiam não saber quem ou o que era
meu pai. Eles simplesmente não se importavam. Minha mãe vinha de uma
linhagem de gângsteres imigrantes irlandeses, portanto, em suas mentes,
minha mãe merecia o que recebeu.

Um bastardo cruel e sádico.

A mão de Branka apertou a minha. Ela tinha vinte e dois anos, mas
ainda parecia pequena para mim. Meu um e noventa e seis para seu um e
sessenta e cinco provavelmente não ajudava em nada. Deixei Branka chorar
por nossa mãe, para que ela pudesse ter a paz de que precisava.

Meus olhos se voltaram para Byron Ashford. Meu meio-irmão.


Maldito bastardo. Sempre tentando consertar o que o Senador Ashford
destruiu. Aquele filho da puta nunca seria meu pai, e eu não estava
interessado em consertar nenhum tipo de relacionamento com os Ashfords.

As pessoas diziam que nós dois éramos parecidos. Muito parecidos


com o velho. Só que eu tinha os olhos da minha mãe. Ele tinha os olhos de
seu pai. Na verdade, eu detestava qualquer semelhança com o desgraçado
que destruiu minha mãe. Eu não perderia o sono se ele morresse.

O desfile de pessoas começou.

Jogando rosas vermelhas, as preferidas de minha mãe, em seu

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túmulo. Oferecendo condolências. Voltando para suas vidinhas mesquinhas.
Elas eram como moscas na merda, famintas por drama e falsas com suas
condolências.

Byron não trouxe uma rosa vermelha. Em vez disso, jogou um lilás
branco. O maldito bastardo sempre tinha que ser diferente. Eu me perguntava
se os lilases brancos representavam pureza e inocência. Nada com Byron era
por acaso.

Ele parou na minha frente e na de Branka. Seu olhar se voltou para


Branka, que o observava com curiosidade.

— Alessio e Branka, minhas condolências, — ofereceu Byron,


voltando seu olhar para mim.

Minha mandíbula se contraiu, as palavras destinadas a ele


queimaram minha garganta. Este não era o lugar nem a hora. Eu preferia não
ver o bastardo nunca mais.

— Obrigada, senhor... — Branka não conhecia nossa complicada


história familiar. Eu a protegi daquela confusão. Não consegui protegê-la de
nosso pai quando ela era pequena, mas agora eu já era adulto e usaria
métodos impiedosos para proteger minha família.

— Byron Ashford, — respondeu meu meio-irmão, mais do que


disposto a prolongar esse diálogo.

Enfiei a mão no bolso da calça. — Obrigado por ter vindo, — eu


o dispensei em um tom frio.

Os olhos cinzentos de Branka, tão parecidos com os meus, se

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arregalaram e olharam para mim, depois para Byron e de volta para mim.

Sem dizer mais nada, Byron inclinou a cabeça e desapareceu. Mas


o bastardo persistente voltaria. Ele sempre voltava. Como um caso ruim de
herpes.

A multidão diminuía cada vez mais. Meus olhos voltavam sempre


para a mulher de olhos cor de avelã que me fascinava.

Durante quatro anos, trabalhei para esquecer a imagem dela. A


inocência em meio a lençóis cor-de-rosa e com babados diante da crueldade.
E ela se recusou a se acovardar. Seus olhos encontraram os meus e uma
expiração suave separou seus lábios e um rubor coloriu suas bochechas.

Ela se lembrava de mim. Estava no brilho daqueles olhos cor de


avelã esverdeados. A química e a tensão nos envolveram, as cordas invisíveis
nos envolveram, e eu sabia que dessa vez eu a teria.

Os momentos se estenderam pela eternidade e, como se ela


pudesse ver a resolução em meus olhos, Autumn desviou o olhar.

Algo me dizia que eu não tinha chance contra esta mulher. Tudo
nos últimos quatro anos nos levou até aqui, até este momento.

Os pais dela viriam atrás de mim, mas nunca venceriam. Ela era
minha desde o momento em que nos olhamos. Como se pudesse ouvir meus
pensamentos, Autumn lançou outro olhar em minha direção. Hesitação.
Cautela. Medo?

Ironicamente, ela estava com Cassio e Luca King, embora não


tenha falado com eles. Seu olhar cauteloso estava voltado para mim e para

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os dois. E com razão. Todos nós éramos assassinos, moldados por nossos
pais e pelas circunstâncias.

Outro casal se aproximou, murmurando suas condolências. Nem


me dei ao trabalho de reconhecê-los. Toda a minha atenção estava voltada
para a jovem com cabelos negros e os mais estranhos olhos cor de avelã que
eu já havia encontrado. A garota que me empurrou para fora de seu quarto
há quatro anos. A primeira pessoa, sem falar em uma garota, a me enfrentar.

Logo, estávamos apenas meu pai bastardo, Branka e eu, enquanto


Autumn, Cassio e Luca estavam ao lado. Cassio e Luca já haviam oferecido
suas condolências e permaneceram em uma demonstração de apoio a mim.

Eu tinha certeza de que Autumn continuava apoiando Branka,


embora ela parecesse nervosa. Seu olhar atento passou entre mim, meu pai,
os irmãos King e depois voltou para mim.

Bons instintos, pensei.

Ela se balançava de um pé para o outro, com os dedos segurando


a rosa vermelha com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos.
Ela não se aproximaria de nós, eu apostaria minha vida nisso.

— Tudo bem se eu for? — Branka murmurou suavemente.

— Onde? — Nosso pai vociferou tão alto que até a melhor amiga
de Branka pulou.

— Vá em frente, — eu a incentivei.

— Eu sou o pai dela, não você, — sibilou o pai, mas eu o ignorei.


Se o desgraçado não morresse logo, eu mesmo o mataria. Na verdade, agora

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poderia ser um momento oportuno, já que estávamos no cemitério. Empurrá-
lo para uma cova e deixá-lo apodrecer, como o maldito verme que ele era.

Sem olhar para trás, Branka correu para sua amiga. Autumn sorriu
para ela e a envolveu em um abraço.

— Quer vir para minha casa? — Eu podia ouvir sua voz suave
viajar pela brisa. Era exatamente como eu me lembrava. — A mamãe disse
que vai ter sua sobremesa favorita. Ela está comprando.

Branka assentiu com a cabeça, enquanto seu lábio tremia e ela não
tentava mais esconder isso como fazia com meu pai. Até comigo.

Os olhos de Autumn brilharam e nossos olhares se encontraram.


Uma fração de momento, transformando-se em tantos momentos que me
fizeram desejar torná-la minha agora. Observei enquanto os olhos de
Autumn mudavam de castanho avelã para um verde tão vibrante que tive de
piscar para ter certeza de que estava vendo direito.

Seu olhar saiu de mim e pousou em meu pai. Instantaneamente,


seus olhos mudaram para castanhos.

Percebi que seus olhos mudavam de acordo com suas emoções.


Em todos os meus 35 anos, nunca tinha visto nada parecido. Na primeira vez
que a vi, eles não mudaram tão drasticamente, e pensei que fosse um jogo de
luz, mas hoje, longe do refúgio seguro de seu quarto, a mudança de cor foi
mais drástica.

Dando meia-volta e sem reconhecer nenhum dos homens mais


letais da cidade que se encontravam no cemitério, as duas mulheres se
afastaram de nós e foram em direção ao pequeno e surrado Volkswagen.

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Conhecer Autumn Corbin foi a melhor coisa que poderia ter
acontecido à minha irmã.

Eu, nem tanto. Porque a visão daquele corpo em uma calcinha e


sutiã brancos estava gravada em minha mente como uma maldita tatuagem.

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CAPÍTULO 3
AUTUMN

Passei a noite inteira me revirando.

O rosto adormecido de Branka, manchado de lágrimas, descansava


contra os travesseiros. Ela dormia em minha cama, como tantas vezes antes,
durante nossos anos de ensino médio. Ela até tinha seu próprio quarto aqui,
embora raramente ficasse nele. Meus pais nunca permitiram que eu passasse
a noite na casa de Branka. Eu poderia entender isso agora, mas naquela época
eu não entendia. Mas minha melhor amiga nunca se importou e preferia
passar a noite fora de casa, então deu certo.

Deslizando para fora da cama, desci as escadas silenciosamente e


fui para a cozinha.

O olhar de repreensão de minha mãe logo pela manhã não era uma
boa notícia.

— Maman, — gemi antes mesmo que ela pudesse abrir a boca.

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Suas mãos foram para os quadris e suas sobrancelhas se franziram
ainda mais.

Suspirei. — Aqui vamos nós, — murmurei. — Posso pelo menos


tomar uma xícara de café antes de começarmos?

Eu me virei e comecei a trabalhar com a máquina de cappuccino


sofisticada que minha mãe insistia que precisava. Porque ela era uma
verdadeira francesa, dizia ela. Pessoalmente, eu achava que os italianos
preferiam tomar cappuccinos. Mas o que eu sabia?

Antes que a primeira etapa da sofisticada máquina de café fosse


executada, Maman começou a reclamar.

— Autumn, ma chérie, você sabe que seu pai não gosta que você
fique perto dos homens Russo. Ou de qualquer um dos amigos deles.

Balancei a cabeça, mas não me preocupei em olhar para trás. Ela


me veria revirando os olhos e, em seguida, começaria outra série de
reclamações.

— Fui a um funeral, — expliquei. — Por Branka. Ela perdeu a


mãe. Não falei uma palavra sequer com a família dela.

— Mas um voo inteiro da Califórnia para Quebec com Cassio e


Luca King, — ela retrucou, com um leve pânico na voz.

— Eles se mantiveram sozinhos, — murmurei. — Branka e eu


dormimos.

— Oh, mon Dieu. — Não precisei me virar para saber que ela
estava balançando as mãos dramaticamente. — Eles poderiam ter se forçado

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em você, ma chérie. — Outro gemido irritante escapou por meus lábios
enquanto eu revirava os olhos vigorosamente. — Não revire os olhos para
mim, Autumn Michelle Corbin. — É claro que ela saberia que eu estava
revirando os olhos. Ela provavelmente podia vê-los na parte de trás da minha
cabeça. — Você e Branka são próximas e quero que você a apoie. Mas você
precisa ser esperta quanto a isso. Esteja sempre alerta perto de homens como
esses.

Fiquei tentada a revirar os olhos novamente, mas não o fiz.

— Entendi e vou entender. Mas não vamos exagerar. Eles não se


forçaram em nós, — eu disse a ela com calma. — Agora não vamos estragar
minha última semana antes de viajar.

Um suspiro profundo e exagerado saiu dos lábios de minha mãe.


— Como está Branka?

Olhei para o teto, como se pudesse vê-la daqui. Ela finalmente


estava descansando. Foi só nas primeiras horas da manhã que ela finalmente
se acalmou o suficiente para dormir.

— Ela está transtornada, — respondi lentamente. — Acabou de


perder a mãe. — E tem medo do pai.

Mas de forma alguma eu diria essas palavras em voz alta. Isso


provocaria outra rodada de reclamações dela.

— Ela vai ficar com o pai? — Ficou claro pelo tom de minha mãe
que ela achava que era uma má ideia. — Você deveria dizer a ela para ficar
com o irmão.

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Seu irmão. Alessio Russo. Alessandro. Meu Deus, só esse nome já
era tão sexy.

Nos últimos quatro anos, eu me convenci de que ele não era tão
bonito assim. Mas então o vi ontem e, assim como antes, quando nossos
olhos se encontraram, ele manteve meu olhar cativo. O cemitério estava
cheio de pessoas, mas Alessio dominava a cidade inteira, sem se importar
com aquele pequeno cemitério.

O irmão de Branka era maior do que a vida.

Durante todo o culto, tive vontade de manter meus olhos


desviados, longe dele. No entanto, eles sempre voltavam para ele. Como um
ímã que o atraía. Mesmo com um metro de distância entre nós, sua presença
invadiu meu espaço pessoal. Ele era alto, elevando-se sobre as pessoas.

Impenetrável. Sem emoção.

E no momento em que sua atenção se concentrou em mim, minha


pele vibrou com algo familiar. Algo que não havia acontecido desde a última
vez em que o vi.

Mas estar no radar de Alessio Russo deveria ser a última coisa que
eu queria. A última coisa de que eu precisava. Ele era um predador e eu seria
sua presa. As consequências seriam... prazerosas, no entanto. Eu tinha
certeza disso.

— Autumn? — A voz de minha mãe penetrou em meus


pensamentos e eu me virei para encontrar minha mãe ainda parada no mesmo
lugar.

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— Hmmm?

— Então, quais são seus planos? — perguntou ela.

Pisquei os olhos em confusão. — Quais?

— Eu lhe perguntei se Branka vai ficar com o irmão dela? — O


tom de minha mãe ficou ligeiramente agitado.

— Acho que sim, — murmurei.

— Ela poderia ficar aqui, — ofereceu.

Eu achava que o irmão mais velho dela jamais permitiria isso, mas
não o disse. Em vez disso, apenas respondi: — Vou avisá-la.

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CAPÍTULO 4

ALESSIO

Autumn Corbin.

Quatro anos não foi tempo suficiente para esquecê-la.

Mantive minha distância. Quinze anos de diferença entre nós era


muito para ter algo com ela. Sem mencionar que seus pais detestavam a
família Russo. A única razão pela qual eles permitiram que Branka entrasse
em seu círculo foi porque Autumn bateu o pé e se recusou a virar-lhe as
costas.

É verdade que isso me fez gostar dela mesmo antes de conhecê-la.

Cassio, Luca King e Nico Morrelli estavam todos em volta do meu


escritório.

— Luciano já resolveu as coisas com Grace? — Perguntei,


recostando-me em minha cadeira.

— Eles vão, — garantiu Cassio. Ele era o mais otimista de nós.

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— Então, a garota de cabelo preto, — começou Luca, e eu sabia
que as próximas palavras me fariam querer dar um soco nele. — Ela é
solteira?

— Não, — eu disse com firmeza.

Luca deu uma risadinha como se fosse a coisa mais engraçada que
já tinha ouvido. — Ela sabe disso? — perguntou ele.

Eu lhe dei um tapa na cara.

Luca abriu a boca, mas seu irmão rapidamente a fechou. — Jesus,


Luca. O homem acabou de enterrar sua mãe, deixe para lá.

— Não se deve tocar em uma coisa jovem como essa, — disse


Luca, servindo-se de outro copo de uísque. O aviso de Cassio provavelmente
lhe deu um impulso extra. — Sou mais jovem que você. Provavelmente
somos mais compatíveis.

— Luca, juro por Deus, se você tocá-la, vou gostar de serrar seu
pau com uma faca cega, — rosnei.

— Ai, isso vai doer, — disse Nico, olhando para Luca e pedindo
para ele calar a boca. Então seus olhos se voltaram para mim. — Você já
pensou em Branka e no futuro dela?

Tirei um cigarro da gaveta. A verdade é que eu tinha pensado, mas


continuei adiando. Eu queria uma vida feliz para Branka. Cheia de amor e
risadas. Algo de que ela sempre falava com inveja ao descrever a casa dos
Corbin.

— Sim, — admiti. — Considerando o quanto a maioria dos

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casamentos arranjados é foda, estou um pouco relutante.

Cassio acendeu um charuto. — Não o culpo. Você já deu uma


olhada na família Brennan? O filho de Liam é decente e, se ele for parecido
com o pai, seria uma boa conexão.

— Killian Brennan? — perguntei. Ele assentiu com a cabeça. —


Vou dar uma olhada nele.

Mas não muito rápido. Minha irmã ainda era muito jovem.

Mas a ironia não me escapou. Branka e Autumn tinham


exatamente a mesma idade.

Mesmo assim, não hesitei em garantir Autumn para mim, entrando


em contato com o chefe da máfia da Córsega há quatro anos.

Hipocrisia em seu auge.

Fomos até ao La Petite, um bar que pertencia a uma velha amiga.


A primeira mulher que tirei das garras dos traficantes.

Ela nos acenou. Sempre mantinha uma mesa reservada para nós.

— Alessio, — ela me cumprimentou, com um leve sorriso nos


lábios.

— Fleur, como está? — Meus olhos percorreram a multidão. — A


noite está agitada, não?

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— Você verá o porquê em breve. — Sua voz tinha um tom de
presunção e eu arqueei a sobrancelha. Mas antes que pudesse questioná-la,
ela voltou sua atenção para Cassio, Luca e Nico. — Senhores. As bebidas
são por conta da casa.

Dei uma risadinha. — Os negócios devem estar indo bem.

— Hoje com certeza estão, — respondeu ela, olhando por cima do


ombro. Seu olhar se concentrou no canto mais distante do bar, onde ficava o
piano de cauda. Não havia ninguém lá. — Temos entretenimento ao vivo.
Eles estão fazendo um intervalo.

— Deve ser um ótimo entretenimento.

Outro sorriso presunçoso. — É sim.

— Quero o de sempre, por favor, — pedi.

Fleur voltou sua atenção para Cassio, Luca e Nico. Os três


recitaram seus pedidos e, deixando-nos a sós, ela voltou para seu lugar atrás
do balcão.

Nós quatro nos sentamos nas confortáveis poltronas de couro da


cabine. Não demorou muito para que as bebidas aparecessem à nossa frente
quando as primeiras músicas tocaram as notas do piano.

A multidão se virou para o canto onde ficava o piano. As luzes se


apagaram, e uma voz suave e melodiosa surgiu no microfone.

— Muito bem, pessoal. Que tal algo mais lento? — A voz era uma
que eu reconheceria em qualquer lugar e minha cabeça se virou em sua
direção.

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Autumn Corbin sentou-se atrás do piano, com os cabelos cor de
ébano presos em um rabo de cavalo alto. Ele realçava as maçãs do rosto altas,
os grandes olhos amendoados e os lábios carnudos que imploravam para
serem beijados.

Branka sentou-se ao lado dela, mas como minha irmã não sabia
tocar piano, eu tinha certeza de que sua amiga estava conduzindo o show. As
duas se entreolharam, sussurrando algo uma para a outra.

— Muito bem, senhoras e senhores, — disse Autumn e, mesmo


daqui, eu podia ver seus lábios se curvando em um sorriso malicioso. —
Atendemos seus pedidos mais cedo. O resto da noite é para nós. Porque,
adivinhem só?

— O quê? — respondeu a multidão em uníssono.

— Minha melhor amiga está tirando um ano de folga para ser


minha assistente.

Um rugido ecoou pelo ar. Acontece que minha irmã e sua melhor
amiga eram frequentadoras assíduas do local, pois seus nomes foram
entoados pela multidão.

Branka levantou a mão para acalmar os participantes desordeiros.

— Assistente não remunerada, — esclareceu minha irmã, depois


deu uma cotovelada em sua melhor amiga. — Eu exigo uma promoção.

Minha irmã mais nova era mais feliz quando estava perto de sua
melhor amiga e da família dela. Não que eu pudesse culpá-la. Nossa própria
família estava totalmente fodida.

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— Aff, — disse Autumn. — Quem precisa de dinheiro quando
vamos salvar o mundo?

As duas riram e as músicas começaram. — Então, meus amigos


incríveis, vamos começar com o meu homem, Jaymes Young.

— Ele é bonito? — O sussurro de Branka podia ser ouvido pelo


microfone.

— Não faço ideia, — respondeu Autumn, encolhendo os ombros.


— Mas essa voz pode sussurrar qualquer coisa para mim. A. Noite. Inteira.

A risada do público encheu o ar. As duas se sentiam em casa aqui.


Fleur sempre as deixava vir aqui, mesmo durante os anos de ensino médio.
Ela havia lhes dado um alívio, mas não álcool.

Autumn começou a cantar. Sua voz era suave, do tipo que causava
arrepios na pele. Cada palavra, cada emoção. Você as sentia como se fossem
suas. Não ajudava o fato de que a música 'I'll Be Good,' de Jaymes Young,
era identificável, carregada com as mesmas emoções e palavras que
poderiam facilmente refletir minha vida.

Em certos momentos da música, a voz de Branka se encaixava


perfeitamente, o que me dizia que aquelas duas tocavam juntas com
frequência. Eu a ouvia cantar, hipnotizado, assim como a maioria dos
homens no clube.

Todos no bar ficaram em segundo plano enquanto eu a observava


tocar com um sorriso sonhador, seus dedos voando sobre o teclado. Eu sabia,
por meio de minha pesquisa sobre os pais de Autumn, que a mãe dela era
musicista. Obviamente, Autumn havia herdado o talento da mãe.

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— Ela é muito boa, — comentou Nico, olhando-me de lado. —
Para alguém tão jovem.

— E bonita também, — disse Luca, como sempre me


incentivando.

Eu dei a ambos um dedo do meio, mantendo meu olhar no rosto


de Autumn, que se iluminava a cada nota que ela tocava. A música mudou.
As melodias ficaram ainda mais sérias e tristes. Eu não tinha ideia se era uma
música do mesmo cantor, mas parecia uma música séria demais para ser
ouvida por duas garotas de quase 22 anos.

O cabelo preto escuro de Autumn refletia as luzes do bar. Sua


postura era perfeita enquanto ela se movia ao som da música, com a curva
do pescoço exposta, tentando-me.

E eu a observei, saboreando o momento. Imaginando como ela se


sentiria embaixo de mim.

Os olhos de Autumn, agora castanhos, voltaram-se para Branka.


Uma única lágrima rolou pelo rosto de minha irmã e meu peito se apertou.
Eu havia falhado com ela. Meus pais falharam com ela. Eu deveria tê-la
protegido melhor de meu pai. Tanto a mãe quanto ela.

— Muito triste, — gritou um idiota. Se ele não tivesse cuidado,


acabaria com os pés embaixo da terra. Isso sim seria triste.

Autumn lhe deu uma piscadela sem perder o ritmo e continuou.


Como é apropriado que Autumn, naquele exato momento, tenha cantado as
palavras 'pés embaixo da terra.'

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Minha irmã fez um breve aceno de cabeça e encostou o ombro em
sua melhor amiga. Ela era sua rocha. Não eu. Nem nossa família. Autumn e
sua família deram-lhe o que eu não pude dar. Amor e carinho.

O mínimo de decência que eu possuía me alertou que não deveria


tocar em sua melhor amiga. Ela queria salvar o mundo. Eu o estava
destruindo há anos. A distribuição de armas e drogas estava definitivamente
muito longe de salvá-lo.

No entanto, mesmo com esses pensamentos, eu sabia que nunca a


deixaria ir embora. Afinal de contas, esse era o motivo de meu contrato. Para
garantir que ela fosse minha.

Agora que ela havia voltado e crescido, nada a salvaria de mim.

Não havia como voltar atrás.

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CAPÍTULO 5
AUTUMN

Branka e eu contra o mundo.

Mais alguns dias e pegaríamos a estrada, e parecia certo dar o


próximo passo juntas.

Dois drinques apareceram à nossa frente. Fleur sorriu para nós e


disse: — Sem álcool.

Branka e eu trocamos um olhar, depois reviramos os olhos, mas


ainda assim murmuramos nossos agradecimentos. Eu estava prestes a
interromper nossa brincadeira, mas Branka se inclinou e sussurrou: — Mais
uma. Por favor.

Pensei em várias músicas de que gostava e finalmente me decidi


por uma. — Muito bem, uma última música e depois nós duas temos que ir
embora. — Alguns membros da plateia protestaram, outros murmuraram que
não estavam prontos para ficarem deprimidos esta noite por causa de nossas

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escolhas de músicas. — Última música triste da noite.

Meus dedos se moviam pelas teclas de marfim enquanto a melodia


de 'Sorry,' de Halsey, começava a se formar e, como sempre, arrepios
percorriam meu corpo. Mamãe dizia que isso era um sinal de uma alma
sensível e artística. Os lábios de meu pai se curvavam em um sorriso, mas
ele não ria. Ele nunca riria de Maman. Nem eu, mas eu não era como ela.

Ela era muito mole, muito romântica. Meu pai a apaziguava


porque a amava muito, mas aprendi que os dois eram uma exceção nesta
vida. Um amor como o deles era raro, por isso fiquei grata por ter recebido
um pouco do realismo de meu pai.

Mas isso não me impediu de desejar uma grande história de amor


como a que meus pais têm.

A última nota da música percorreu o ar e percebi que o bar inteiro


estava parado, com todos os olhos voltados para mim. Soltei um leve suspiro
e sorri.

— O show acabou, — anunciei. — Não há mais músicas tristes.


— Então peguei minha bebida. Branka já estava bebendo a dela. — Fleur, só
para você saber, — eu disse ao microfone, levantando meu copo e batendo-
o contra o invisível no ar. — Acabamos de nos formar e já tomamos nossa
cota de álcool. Mas obrigada por nos manter sóbrias e pelo suco de maçã.

Os risos atravessaram o bar.

Os lábios de Fleur se contraíram. — Eu sei o que vocês fazem


quando bebem, e não precisamos de um tumulto esta noite, meninas.

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— Eu pago a bebida de vocês. — Uma voz ligeiramente bêbada
interrompeu a risada. Um homem cambaleou até nós, com a mão estendida
para Branka e para mim. Ela foi rápida em se esticar para trás para evitar a
mão dele. Eu não. Levantei-me, mas não antes que sua mão pegasse meu
rabo de cavalo e o puxasse com força. — Por um beijo, — ele murmurou. —
E uma olhada no que há entre suas pernas.

— Em seus malditos sonhos, — zombei. Minhas mãos agarraram


seu pulso, com as unhas cravadas em sua pele, enquanto eu olhava para o
homem com incredulidade. Que cretino!

— Me. Solte. — Eu sussurrei enquanto ele me olhava de soslaio.


Minha pele se arrepiava com ele muito perto de mim. Ele parecia um
frustrado com uma camisa muscle 5 e jeans rasgados. Cabeça calva com
sobrancelhas espessas que brilhavam de suor.

Em vez disso, ele puxou meu rabo de cavalo com ainda mais força,
fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e caísse para trás.

— Deixe-a ir e você só perderá sua mão. Caso contrário, estará


morto pela manhã.

Meus olhos se voltaram para a direção da voz grave. De onde


diabos ele veio?

Alessio Russo ficou atrás do bêbado de camisa muscle, a


disparidade entre os dois era tão óbvia. Alessio se erguia acima dele em seu
terno, parecendo lindo de morrer. Como um sonho. Puxa, eu estava babando.

5
É uma camiseta justa usada para exibir um físico musculoso.

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Mas quem não ficaria? Alessio Russo em um terno era de babar.

Todas as vezes que o vi, ele usava um terno, e isso me fez pensar
se ele usava outra coisa. Talvez ele tenha nascido de terno.

A postura de Alessio era calma, mas por baixo dela havia algo
agressivo e implacável. O olhar em seus olhos poderia congelar um vulcão.
No entanto, eu estava pegando fogo. A simples presença dele fez explodir
um inferno dentro de mim, e eu não sabia como apagá-lo. Meus olhos se
voltaram para a mão de Alessio que envolvia a garganta do bêbado. Pele
bronzeada, dedos fortes e meu coração batia com uma velocidade não natural
enquanto eu me perguntava como eles se sentiriam enrolados em minha
própria garganta.

Jesus Cristo!

Eu estava perdendo a cabeça. Se Alessio Russo estivesse com a


mão em volta da minha garganta, isso significaria que eu estava a caminho
de ser uma mulher morta. Então, sim... era isso.

— Uau, de onde você veio? — Branka expressou meus


pensamentos.

Seu irmão mais velho ignorou a pergunta dela e dobrou os dedos


do rapaz para trás, soltando a mão do meu cabelo. O estalo dos ossos ecoou
no ar e meus olhos se arregalaram. Minha boca se abriu em choque e olhei
para Branka, que não parecia nem um pouco chocada.

O irmão dela estava louco? Ele não podia fazer uma coisa dessas
com as pessoas.

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Dando um passo em direção a ele, puxei seu braço e agarrei a
manga. — Ei, você não pode fazer isso.

Sua expressão dura e de granito não se alterou quando ele inclinou


a cabeça. — Você prefere que eu o deixe assediá-la?

Engoli em seco e balancei a cabeça, as pontas do meu rabo de


cavalo roçando em meus ombros nus. Este homem era formidável,
assustador e fascinante, tudo em um. Não vamos nos esquecer de que era
lindo de morrer.

Por apenas uma fração de segundo, seus olhos baixaram até meus
lábios e depois voltaram para cima. Seus olhos cinzentos mantiveram os
meus presos enquanto uma sombra passava por eles, observando-me com um
olhar gélido que ameaçava roubar meu fôlego.

Instintivamente, dei um passo para trás e minha mão que segurava


seu antebraço, segundos atrás, caiu ao meu lado. A perda me atingiu
instantaneamente, fazendo com que eu balançasse. Meus olhos se voltaram
para os dedos que seguravam sua manga, como se eu esperasse encontrar
algo que explicasse esse sentimento. Essa atração. O que quer que fosse isso.

Os olhos de Alessio se voltaram para sua irmã. — Você e sua


amiga vão se sentar à minha mesa.

Nós duas seguimos seu olhar para uma mesa no canto mais
distante. A mesa que sempre estava vazia quando vínhamos aqui. Mas não
hoje. Os dois homens que vieram nos buscar em Berkeley estavam sentados
lá, além de outro homem.

Branka e eu nos olhamos, ambas com as sobrancelhas franzidas.

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O voo de volta de Berkeley foi bastante desconfortável. Cassio King mal
falava uma palavra, enquanto seus olhos sussurravam uma escuridão que eu
não quis experimentar. E seu irmão, Luca, era igualmente assustador, mas
escondia isso por trás de seus comentários sarcásticos e atitude
aparentemente descontraída.

— Hummm, vamos embora, — murmurei, com a garganta


subitamente seca.

— Vá até aquela mesa e sente-se. — O tom frio e comedido do


irmão de Branka causaria medo em qualquer pessoa. Não importa para mim.

Branka já se dirigia à mesa, enquanto eu permanecia imóvel em


meu lugar, olhando para ele. Quem diabos ele pensava que era? Eu não podia
deixar que o desgraçado falasse comigo daquele jeito. Meus ombros se
endireitaram e eu o encarei, escondendo meu medo por trás de uma falsa
bravata.

— Você não pode me dizer o que fazer, — sussurrei, e a surpresa


passou por seus olhos. — E, em segundo lugar, eu só vou me sentar ali por
causa de Branka. Da próxima vez que você pensar em me dar ordens, pense
novamente.

Olhei para ele e, em seguida, dei-lhe as costas. Com a cabeça


erguida, fui em direção à mesa onde Cassio, Luca e outro cara estavam
sentados e, em seguida, me sentei ao lado de Branka.

Ok, então não era inteligente falar assim com alguém que, segundo
rumores, tinha conexões com a máfia. Que se danem os boatos. Eu apostaria
minha vida que ele era da máfia. Afinal de contas, Cassio King estava

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sentado à minha frente.

— Seu irmão é um babaca, — resmunguei para Branka. Eu nem


sabia ao certo por que estava irritada. Talvez fosse o fato de que eu ficava
toda nervosa perto dele. Ou o fato de que meu corpo se aqueceu com uma
necessidade desconhecida e dolorosa que, no fundo, eu sabia que só ele
poderia satisfazer.

Branka encolheu os ombros magros. — Aquele cara foi longe


demais. Alessio não gosta disso.

— Eu poderia ter lidado com ele. — Mentira. Eu teria chamado a


polícia, mas não importa.

— Como estão esta noite, senhoritas? — O tom de Luca soou com


sarcasmo. — Causando problemas novamente, pelo visto.

Branka e eu olhamos para ele, mas nenhuma de nós respondeu.


Olhei por cima de meu ombro. Alessio não estava mais no mesmo lugar. Na
verdade, ele não estava em lugar nenhum. Nem o cara que ousou se
aproximar de nós.

— Ótima voz para cantar, — elogiou um deles, mas eu estava


muito ocupada me irritando.

— Obrigada, — murmurei, ignorando os três homens.

— Por que vocês estão aqui, afinal? — Branka perguntou, olhando


para os três homens sentados à nossa frente. Meus olhos se voltaram
curiosamente para os homens. Eles deram de ombros como se fossem um só.
Certo, um pouco estranho.

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Foi Luca quem finalmente respondeu. — Viemos tomar um
drinque e este não é o seu lugar... Então...

— Bem, nós sempre viemos aqui, — Branka zombou. — Vá beber


em outro lugar em Montreal.

— Considerando que seu irmão é dono de cinquenta por cento


deste negócio, por que colocaríamos dinheiro no bolso de outra pessoa?

— Hã? — Branka e eu gaguejamos.

— Alessandro é o dono deste lugar? — perguntou Branka.

— Foi isso que eu disse, — Luca repetiu lentamente, como se


achasse que éramos burras. — Alessio é o dono deste bar.

Tanto a boca de Branka quanto a minha formaram um O


silencioso. Nenhuma de nós conhecia esse pequeno detalhe e visitávamos
este lugar com frequência durante nossos anos de ensino médio. Fleur nunca
havia mencionado isso.

Não é preciso dizer que esse não seria meu lugar preferido no
futuro. Embora eu tenha me perguntado por que nunca encontramos Alessio
aqui antes.

Como se fosse a deixa, o irmão de Branka apareceu do nada e se


sentou no lugar vazio ao meu lado com uma graça letal.

— Olá, — murmurei, absorvendo seu calor. Aquele homem era


uma fornalha ambulante.

Ele se sentou perto de mim, com sua coxa musculosa roçando em


minha perna, e meu corpo inteiro se arrepiou. As borboletas no estômago

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fizeram hora extra e precisei de toda a minha força de vontade para não me
afastar dele. Eu precisava de espaço para poder respirar melhor.

Esta seção, apesar de fazer parte do bar, tinha um ambiente


tranquilo. A cabine em forma de círculo tinha uma cortina dourada
transparente que permitia que todos os homens vissem o bar, mas lhes dava
privacidade.

Fleur também apareceu e nos deu um sorriso de desculpas. —


Vocês duas estão bem? — Nós duas acenamos com a cabeça em resposta.
— Vou trazer outra bebida para vocês.

Com Alessio tão perto de mim, era difícil encontrar minha voz.
Meu coração acelerou no peito e minha pele ardia como se estivesse pegando
fogo. Ele estava muito perto, mas não o suficiente. Eu não podia ficar perto
dele ou faria algo estúpido.

— Alessio, você é o dono deste lugar? — Branka deixou escapar,


seu tom ligeiramente acusador.

— Sim.

Uma resposta curta enquanto os olhos de Alessio permaneciam


grudados em mim. Sua expressão era desinteressada, mas seus olhos
escureceram até se tornarem prata derretida. Ele escondia isso por trás de
toda a sua crueldade e escuridão que consumia qualquer cômodo em que
estivesse.

E o pensamento mais peculiar me invadiu. Este homem está


quebrado.

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— Acho que você não se lembra da minha melhor amiga, —
continuou Branka. — Autumn Corbin.

— Autumn, — ele repetiu, seu tom como um licor doce que


certamente deixaria um gosto amargo.

Alessio Russo era o tipo de homem que fazia as mulheres caírem


a seus pés. Como se ele fosse um deus. Bem, ele não era. O idiota nem se
lembrava de mim. Não que eu estivesse amargurada com isso ou algo assim.

Ele era um cavalheiro vestido com um terno Brioni. Um selvagem.


Um demônio disfarçado.

Algo de que eu não precisava em minha vida.

Mas, porra, eu queria isto. Ele.

Por quê? Eu não tinha a menor ideia. Havia apenas algo em seu
olhar frio como pedra que incendiava um inferno dentro de mim. Em cada
centímetro do meu corpo.

— Como está indo a fotografia? — ele perguntou e eu dei uma


piscadela lenta e simples. Fiquei surpresa por ele saber o que eu estudava.

— Isso é uma coisa estranha para se estudar, — disse Cassio,


estudando-me com curiosidade.

— Por quê? — perguntei, inclinando meu queixo para cima.

— Porque tudo o que você precisa fazer é apertar um botão e tirar


fotos, — comentou Luca, revirando os olhos. — Não precisa de um diploma
para isso.

— Existe um diploma de etiqueta e comunicação social, —

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resmunguei. — Você poderia consegui-lo. E depois eu falo com você sobre
minha fotografia. — Idiota.

Como eu não tinha um desejo de morrer, a última palavra


permaneceu selada atrás de meus lábios inteligentes.

— Branka enviou algumas de suas fotos, — disse Alessio, com


algo passando por seus olhos. Mas passou rápido demais para que eu pudesse
captar a emoção. — Elas são muito boas.

Caindo. Caindo. Caída. Deus, era tão fácil assim cair de amores
por alguém?

O timbre profundo e suave de sua voz causou um arrepio quente


em minha espinha, enquanto eu prendia a respiração. Por fim, inspirei
profundamente e soltei o fôlego. Era exatamente como eu me lembrava
daquele primeiro dia em que o conheci. Quando eu o empurrei para fora do
meu quarto e, durante todo o tempo, minhas coxas se apertaram com aquela
dor que eu sabia que só ele seria capaz de saciar.

Dei um tapa em mim mesma mentalmente. Isso não fez nada para
me deixar sóbria dessa névoa cheia de luxúria. Deus, por que ele era tão
sexy? E gostoso? Aquela expressão sombria em seu rosto e os fantasmas à
espreita em seus olhos me tentavam. Eu queria explorar o que ele escondia
por trás daquela personalidade implacável e aliviar toda a sua dor.

Fazia sentido? Absolutamente não.

— Obrigada. — Foi a resposta mais inteligente que consegui dar.


Adorável, pensei secamente comigo mesma.

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— Você terá que compartilhar seu trabalho conosco, — comentou
Cassio. — Se houver algo que se encaixe em meu estilo, comprarei uma foto.
Antes que você fique famosa.

Um leve sopro de ar saiu de meus pulmões. — Não tenho certeza


de que serei famosa. Mas com certeza você verá minhas fotos no National
Geographic.

— Ohhh, fotos da natureza selvagem, — pensou Luca.

Eu simplesmente não conseguia lidar com aquele cara, então


simplesmente revirei os olhos.

— Qualquer foto será boa se vier de Autumn. Até mesmo aquela


tirada de Luca King... morto. Poderia ser a foto de seu obituário, —
comentou Alessio, calando a boca esperta de Luca.

E eu me apaixonei ainda mais pelo homem.

Ele me prendeu com a gravidade de seu olhar, observando-me.


Tive a sensação de que ele podia ver cada canto de minha alma. Eu era um
livro aberto para este homem, enquanto ele era um mistério para mim. Um
mistério que eu queria resolver.

— Então, National Geographic? — ele perguntou, já que eu


permaneci em silêncio. Respirei fundo e assenti com a cabeça. O canto de
sua boca se ergueu. Eu o diverti. Maravilhoso. — Qual é o primeiroprojeto?

— Kuala Lumpur. — Desta vez, também sorri, com aquela


sensação de sonho crescendo em meu peito. — Primeira parada, Batu Caves.
Tem mais de quatrocentos milhões de anos de idade.

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— Que bom, uma aficionada por história, — murmurou Luca.

— Cale a boca, — esbravejou Branka.

— É melhor tomar cuidado, — comentou o terceiro homem. Ele


também estava no funeral mais cedo. Suponho que é amigo de Alessio. —
Ou você vai acabar com os pés embaixo da terra.

Alessio não poupou um olhar a nenhum deles. Baixei o olhar para


minhas mãos, sua colônia se infiltrando em cada poro de mim. Poderíamos
muito bem estar sozinhos, porque meu corpo só estava em sintonia com ele.

Como se o mundo inteiro tivesse deixado de existir, e ele fosse o


único ser humano que importava.

Era petrificante, emocionante e estimulante ao mesmo tempo. Eu


nunca havia sentido tanta atração por ninguém. A última vez que senti meu
sangue fervilhar dessa forma foi no dia em que o vi pela primeira vez.

Engoli nervosamente, olhando para minha melhor amiga e para o


resto dos homens ao redor da mesa. Será que eles sentiam o ar escaldante?

Resisti à vontade de me mexer em meu assento enquanto Alessio


me olhava fixamente. Seus olhos desciam lentamente pelo meu corpo,
deixando um rastro de fogo em seu rastro. De repente, me arrependi de ter
usado um vestido curto. Precisava me esconder, cobrir cada centímetro de
minha pele porque temia que ele pudesse ver o que estava fazendo comigo.

Meus dedos se enrolaram na palma da mão, com as unhas cravadas


na carne, enquanto eu lutava contra a vontade de me cobrir. Ele estava calmo
e controlado, enquanto eu ardia com um desejo que ameaçava me

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transformar em cinzas. Uma pulsação latejava entre minhas pernas, fazendo
com que minhas coxas se contraíssem.

O olhar de Alessio piscou e eu sabia, simplesmente sabia, que ele


havia notado meu movimento. Quando seus lábios se inclinaram para cima,
tive minha confirmação. Ele me leu como um livro aberto. Algo escuro e
quente se escondia em seus olhos tempestuosos que, de repente, não
pareciam tão frios.

Engoli em seco, tentando acalmar meu coração acelerado.

Casualmente, mas eu apostaria minha vida que foi de propósito,


Alessio se inclinou para trás e apoiou o braço atrás de mim. Ele não me tocou,
mas minha pele formigou como se ele tivesse tocado. O calor de seu corpo
serpenteava pelo espaço entre nós. Seu aroma picante de sândalo me
envolveu e até isso me excitou. Fogos de artifício explodiram em minha
corrente sanguínea.

Fingi não ter sido afetada, mas meu coração disparou com tanta
força que eu tinha certeza de que todos podiam vê-lo batendo no meu peito.

Porra, por que não me sentei do outro lado de Branka?

Alessio era um fruto proibido. Meu pai, por ser um ex-agente


especial, e minha mãe jamais aprovariam alguém como ele. Eles queriam
que eu conhecesse alguém seguro e com base, e não sombrio e consumista
como a cria de Satanás.

Afinal de contas, o pai chamava o pai de Alessio de o verdadeiro


Satanás. Não que ele jamais tenha explicado por que lhe deu esse nome.
Parecia apropriado, considerando quão assustador e cruel ele era.

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— Então, quais são seus planos para esta noite? — Luca
perguntou.

— Nenhum, — murmuramos minha amiga e eu.

— Não parece ser nenhum, — comentou o terceiro cara. O que


acontecia com estes homens? Será que o requisito para ser amigo era ser
'super sexy' ou algo assim?

— E quem é você? — Branka questionou, olhando para o terceiro


homem.

— Branka, este é Nico Morrelli, — esclareceu Alessio.

O nome não significava nada para mim, mas significava algo para
Branka, porque ela zombou e murmurou baixinho: — Outro maldito
mafioso.

Fleur voltou naquele momento com nossas bebidas. — Senhores.


— Ela colocou suas bebidas na frente deles. — Autumn e Branka, água com
gás para vocês duas.

— Tomávamos drinques melhores na faculdade, — resmungou


Branka. Concordei, mas com a proximidade de Alessio eu estava tão
ressecada que peguei minha bebida e a engoli de um só gole.

— Está com sede? — Senti o hálito quente de Alessio em meu


pescoço e precisei de todo o meu controle para não pular.

Ansiedade e algo desconhecido zumbiam sob minha pele.

Eu tinha que sair daqui. Ou cederia à tentação. Eu estava no limite,


precisando tocar este homem que me consumiu por tanto tempo. Ele parecia

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um homem que prometeria o paraíso e o cumpriria. Ou isso ou o pecado mais
delicioso.

Levantei-me, incapaz de lidar com essa tensão. Se eu ficasse aqui


por mais um segundo, explodiria em chamas e faria algo do qual não teria
como voltar.

Os olhos de todos pousaram em mim, mas eu os fixei em Branka.

— Está ficando tarde, — murmurei.

E assim como ele era meu ímã, meus olhos voltaram para Alessio.
Aquele rosto perfeitamente cinzelado e simétrico que eu desejava explorar
com minha boca. Eu me perguntava se ele era limpo por baixo daquele terno
ou se havia alguma tinta de bad boy escondida. Como seu amigo Cassio.

— Cassio, você pode levar Branka para minha casa? — perguntou


Alessio.

— Ugh, eu estava esperando passar a noite com Autumn, —


Branka respondeu secamente.

— Não esta noite.

Dei uma olhada para minha amiga, mas ela parecia decidida a
aceitar a exigência do irmão mais velho.

— Entraremos em contato amanhã, — disse Branka.

— Parece bom.

Quando saí do bar, Cassio já havia se dirigido para deixar Branka.


Luca e Nico ficaram para trás, enquanto Alessio me acompanhou.

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Dei uma olhada de relance para ele.

Alessio se movia silencioso e letalmente ao meu lado, a escuridão


engolindo cada movimento seu. Sua presença dominava o espaço ao nosso
redor e ele parecia roubar oxigênio. Isso o incomodava? Nem um pouco.

— Por que está me seguindo? — Perguntei-lhe, com o tom


ligeiramente ofegante. Meu objetivo era manter distância entre nós, não tê-
lo comigo até que meu Uber aparecesse.

— Vou levá-la para casa, — disse ele, sem parar.

Meus passos vacilaram e estreitei meus olhos para ele. — Eu não


pedi para você fazer isso.

— Não pediu. — Era óbvio que este homem nunca teve que se
explicar para ninguém. Ele fez uma pausa e se virou, arqueando a
sobrancelha. — Você vem?6

Minha mente imediatamente se voltou para imagens imundas de


Alessio e de como ele me faria gozar. Minhas bochechas ficaram vermelhas.
Elas deviam estar derretendo completamente. A única graça salvadora era a
cobertura da noite.

Uma risada escura saiu de seus lábios. — Não se preocupe,


Autumn. Quando você gozar, não precisarei perguntar. Saberei por seus
gritos.

Santa. Mãe. De. Deus.

6
Come é uma palavra polissêmica em inglês que pode significa “vem” ou “gozar,” dependendo do
contexto. Aqui eles fazem um trocadilho.

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Minhas bochechas se iluminaram e um rubor cobriu cada
centímetro de minha pele. Esqueça Jaymes Young. A voz de Alessio e suas
palavras seriam o sonho de toda mulher em uma conversa de travesseiro. Ele
deu um passo para perto de mim e seu perfume me envolveu. No meio de
um estacionamento, a brisa leve e quente soprava no ar, mas tudo o que eu
podia sentir e cheirar era ele.

Especiarias. Sândalo. Calor.

Este homem me devastaria se eu não fosse cuidadosa. E ainda


assim, como uma mariposa, eu fui.

Minha mãe sempre dizia que a vida é feita de momentos que você
aproveita.

Você fazia sua vida acontecer. Ninguém mais faria isso por você.
Foi neste exato momento que tomei minha decisão.

— Vamos, Autumn, — Alessio me cutucou em direção ao seu


carro esporte. Ele abriu a porta para mim como um verdadeiro cavalheiro, e
tive de engolir um pequeno suspiro. Esta não era uma característica dos
universitários. Eles não tinham modos, e eu os adorava.

— Ugh, Alessandro, — murmurei enquanto entrava em seu carro


esporte. — Você não pode ter um carro normal que fica mais acima do chão?

Seu peito tremeu quando ele soltou uma risada. — Eu gosto do

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meu carro.

— Acho que seus pneus estão furados, — murmurei baixinho.

Ele fechou a porta e deu a volta para entrar no banco do motorista.


Quando o carro começou a funcionar, sentei-me no Maserati vermelho e
elegante ao lado do irmão muito mais velho da minha amiga, e tudo o que eu
conseguia sentir era o cheiro dele. Seu carro cheirava a couro caro e a ele. E
a proximidade deixou minha mente confusa com uma intensidade de desejo
que eu nunca havia experimentado.

— Aperte o cinto de segurança, — ordenou ele, afivelando seu


próprio cinto.

— Tudo bem, papai, — murmurei, revirando os olhos e pegando


o cinto de segurança. É claro que eu não admitiria a ele que sempre colocava
o cinto de segurança. Ele apenas me irritou e me deixou babando atrás dele.
— Não sabia que você era da polícia.

— Se eu sou velho, você é um bebê, — zombou ele. — E se não


colocar o cinto de segurança, serei forçado a lhe dar uma lição que nenhuma
força policial jamais conseguiu.

Não gostei de seu tom de zombaria. Eu já estava quase me


enchendo de leques e ele estava me chamando de bebê.

— Como o quê? — respondi com sarcasmo. — Me colocar de


castigo?

— Meu tipo de castigo envolveria você dobrada sobre a cama e


com a bunda nua para ser espancada.

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Minha boceta se apertou e eu esfreguei as pernas uma na outra,
chocada com esta reação. O quadro que aquela imagem pintou fez com que
minha calcinha ficasse encharcada. Eu deveria estar envergonhada com tal
reação.

Não estava. Eu queria ouvir mais conversas sujas dele.

Observei aqueles dedos fortes e cheios de veias descansando no


volante. Esforcei-me para me concentrar no estranho anel que ele usava. A
letra'A' com uma caveira, mas meus olhos continuavam voltando para seus
antebraços e depois para suas mãos que eu sabia, simplesmente sabia, que
seriam tão boas em mim.

Foi preciso tudo o que havia em mim para não estender a mão e
colocá-la em minhas coxas nuas. Era uma necessidade carnal que exigia que
eu o sentisse em minha pele. Em cada centímetro de meu corpo.

— Você nunca conseguiria me acompanhar, meu velho, —


respirei, com o coração batendo forte.

Cruzando as pernas, observei-o dar uma olhada em minhas coxas


nuas.

— Você está brincando com fogo, amor, — disse ele, com um


toque de deliciosa escuridão na voz. Um músculo de seu maxilar se contraiu,
como se ele lutasse pelo controle.

Eu me mexi em meu assento e minha saia subiu ainda mais.

— Ooops, — murmurei.

Aqueles belos lábios se curvaram em um sorriso devastador. —

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Vou me divertir brincando com você, meu brinquedinho.

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CAPÍTULO 6
ALESSIO

Me foda.

Ou eu a comeria. Sim, este era um plano muito melhor.

Ela fez uma curva de cento e oitenta em mim.

Eu esperava que nos encontrássemos aqui. Não havia previsto que


Autumn fosse a sedutora.

Ela não era muito experiente. Fiz com que os rapazes ficassem
longe dela nos últimos quatro anos de faculdade. Porque eu a queria para
mim. Meu cérebro parou de funcionar no momento em que a vi, quatro anos
atrás. Uma tentação seminua enviada para me destruir.

Os movimentos de Autumn eram muito bruscos quando ela mexia


aquelas pernas maravilhosas, mas isso me excitava ainda mais do que
qualquer outra coisa que eu já havia feito antes.

Ela tinha um cheiro delicioso. Como canela, maçãs e folhas frescas

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caídas. Como o outono. Seu nome combinava com ela.

Foi difícil tirar meus olhos dela. Ela usava uma minissaia vermelha
que mal cobria as coxas e uma blusa preta fina que fazia um jogo de esconde-
esconde, dando um pequeno vislumbre de seus seios cada vez que ela se
movia.

— É verdade que você guarda um cantil em seu terno? —


perguntou Autumn do nada. Arqueei uma sobrancelha. Como ela sabia
disso? Seus lábios se curvaram em um sorriso malicioso. — Branka me
contou.

— E como minha irmã sabe? — perguntei. Não que isso fosse um


segredo. Então me lembrei que houve um período em que meus cantis
continuaram desaparecendo. — Você e minha irmã roubaram meus cantis?

Ela deu de ombros. — Talvez uma ou duas vezes.

Balancei a cabeça e meus lábios se contraíram. Ela devia ser a


única mulher, além de minha irmã, que não parecia ter medo de mim. A
atração que se formou entre nós a assustava, mas, fora isso, ela não parecia
ter medo algum de mim.

Peguei meu cantil e o entreguei a ela.

— Goela abaixo? — Ela sorriu e deu uma piscadela.

— Eu não recomendaria, — resmunguei. Era um conhaque de cem


anos e muito forte.

Autumn inclinou a cabeça para trás e engoliu. Observei sua


garganta trabalhar enquanto ela engolia a bebida e meu pau pulsava contra o

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zíper da calça do meu terno.

Fiquei imaginando quantos homens já haviam experimentado


aqueles lábios carnudos. Apertei o volante com mais força. Só a ideia de
outro homem tocá-la já me dava vontade de sair em uma onda de
assassinatos. A obsessão por esta mulher seria a minha perdição.

Isso me impediu? De jeito nenhum.

Percebi que seus olhos estavam me observando, com curiosidade


e excitação naqueles verdes avelã. Verde é igual a luxúria. Devidamente
registrado.

Voltei meus olhos para a estrada e, o tempo todo, senti seu olhar
em mim.

— Autumn, se você tem algo a dizer, é melhor dizer.

De longe, notei que suas bochechas estavam coradas de rosa. Não


pude deixar de imaginar o quanto eu poderia fazer com que seu rubor se
espalhasse. Ela mordiscou o lábio inferior. Parecia ser um hábito nervoso,
mas muito sexy.

— Você já teve muitas mulheres? — ela deixou escapar a pergunta


como se estivesse com medo de perder a coragem no meio do caminho.

— Por quê?

Ela encolheu os ombros magros. — Eu lhe direi meu número se


você me disser o seu.

Meus dentes se cerraram e minha mandíbula tremeu. Se eu


descobrisse o número dela, exigiria os nomes e depois caçaria aqueles

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rapazes. O ciúme me corroeu. Quem diabos se atreveu a tocá-la? Nos últimos
quatro anos, fiz com que todos os encontros dela não dessem em nada.

Não foi preciso muito para dissuadir aqueles rapazes a ficarem


longe de Autumn.

— É melhor não, — eu disse.

— Você tem uma cobertura bem na esquina, não tem? — ela


perguntou curiosa.

— E como você sabe sobre meu apartamento na cidade?

Sua risada suave encheu o carro. — Branka e eu entramos nele


uma vez.

Isso era novidade para mim. — Você fez isso?

Seus olhos cor de avelã em forma de amêndoa me encararam com


um olhar ousado. — Sim, nós fizemos isso. Convencemos o porteiro de que
você nos enviou para recuperar sua carteira.

— E ele caiu nessa?

Ela sorriu maliciosamente. — Podemos ser bastante convincentes


quando queremos.

— Aposto que sim, — murmurei, parando em um sinal vermelho.


Virei-me para encará-la completamente. Apesar da beleza de Autumn e de
seu jeito de sedutora, a inocência se desprendia dela em ondas, e isso me
tornava um canalha por querer aproveitar o que ela tinha a oferecer.

Se eu virasse à direita, estaria levando-a para a casa dela. Se eu


virasse à esquerda, estaria indo em direção à minha cobertura. A esquerda

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era o caminho para o delicioso pecado.

Ela manteve meu olhar fixo, como se pudesse ler meus


pensamentos enquanto eu lutava contra este desejo que tinha por ela.

— Leve-me para sua casa, — ela murmurou suavemente.

— Quem disse que eu quero você na minha casa?

Seus ombros finos se encolheram e ela se virou para mim. Porra,


ela me olhava como se eu fosse um deus. Mas eu era um demônio. Um
selvagem disfarçado. Será que ela me desejaria se soubesse de minha
história?

Eu nunca poderia ir para lá. Não com ela. Nem com ninguém.

— Você quer, — respondeu ela. Ela era corajosa. Eu gostava disso


nela. Não havia muito que eu não gostasse nela. Sua boca atrevida. O cérebro
incrível. Sua compaixão. Tudo, porra. — A maneira como você está me
observando.

— Eu não faço amor, Autumn. — Fiz uma advertência final. —


Eu fodo. E quando cruzamos essa linha, não há como voltar atrás.

Ela inclinou a cabeça, seus olhos verdes cor de avelã me


fascinaram. — Vamos cruzar a linha então, Alessandro.

Porra, quando ela dizia meu nome daquele jeito, me dava vontade
de atacá-la imediatamente.

O semáforo ficou verde e, sem pensar duas vezes, virei à esquerda.


Passamos o resto do trajeto em silêncio, mas o ar estava carregado de nosso
desejo.

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Nos cantos escuros, escondiam-se segredos.

Os dela. Meus. Nossos.

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CAPÍTULO 7
AUTUMN

Eu pedi a Alessio Russo que me levasse à sua cobertura.

Oh. Meu. Deus.

Escondendo o tumulto dentro de mim, caminhei na direção do


elevador. Com seu um e noventa e seis de altura, não demorou muito para
que ele me acompanhasse. Ou melhor, eu tive que manter meu passo com
ele. Com apenas um e sessenta e cinco, eu era muito mais baixa do que ele
e, ainda assim, nossos passos estavam perfeitamente sincronizados com o
piso de mármore.

Sua altura não era mais uma nuvem imponente e ameaçadora. Era
um cobertor de segurança ao meu redor, me protegendo.

Paramos no elevador e ficamos de frente um para o outro. Havia


segredos que permaneciam naqueles olhos tempestuosos, causando um leve
caso de falta de ar que fez com que cada centímetro de mim o desejasse.

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Ding.

O elevador se abriu e entramos nele. Eu nunca havia feito nada


parecido com isto. Nunca tinha sido a sedutora, nunca tinha tentado até este
homem. Os rapazes geralmente se aproximavam de mim, me desejavam.
Então, sim, eu já tinha feito muitas brincadeiras. Nunca afirmei ser uma
santa. Apenas nunca fui até ao fim.

Que droga. Devo me esfregar contra ele? Devo me inclinar para


um beijo?

Seu corpo aqueceu minha pele, e nós ainda não havíamos nos
tocado. A antecipação zumbia sob minha pele, as palpitações do meu coração
dispararam enquanto a adrenalina corria em minhas veias.

Ding.

O elevador se abriu em uma cobertura luxuosa. Era como eu me


lembrava dela, decorada com design e luxo impecáveis. A mobília preta e
lisa, as paredes brancas e nítidas, nem um único objeto pessoal. No entanto,
era tudo ele.

Escuro. Fosco. Impessoal.

No entanto, a maneira como ele me observava era muito pessoal.


Como se eu já fosse dele.

— Mudando de ideia? — Minha cabeça girou em sua direção e


percebi que não havia me movido. Nós dois ainda estávamos no elevador.

— Não.

Não havia hesitação em minha voz nem em meu coração. Eu

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queria isso.

— Boa menina.

Seus olhos e palavras me causaram arrepios de excitação. Uma


onda de antecipação se formou em meu estômago. Um calor escaldante
percorreu minhas costas como um vulcão prestes a entrar em erupção.

Então, dei um passo, e a sensação foi quase simbólica quando


cruzei a soleira da porta.

Sua mão chegou às minhas costas, depois envolveu minha cintura,


e o calor se espalhou por todas as partes do meu corpo. Desde a cabeça até
aos dedos dos pés. Meu coração batia tão forte que eu temia que uma de
minhas costelas se quebrasse.

Então, em um movimento rápido, como se tivesse perdido o


controle, Alessio agarrou meus pulsos e os prendeu com uma mão acima da
minha cabeça e me empurrou contra uma parede.

O calor percorreu minha pele e sua boca roçou na minha. Um


gemido suave escapou de mim e seus lábios se moveram contra os meus,
exigindo mais. Sua mão segurava meus pulsos com um aperto firme,
enquanto a outra percorria minhas curvas.

Afastei meus lábios dos dele, respirando pesadamente. Eu queria


dizer uma coisa, antes de me perder nele. Ele encostou o rosto em meu peito
e cravou os dentes em minha carne.

— Porra, — ofeguei. A ponta afiada de seus dentes foi substituída


por sua língua e um arrepio percorreu minha espinha.

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— Agora eu marquei você, — ele murmurou contra minha pele.
— Para que todos saibam que você é minha.

Oh. Meu. Deus.

Sua boca se prendeu ao local marcado e ele sugou.

— Quebre meu coração e eu vou acabar com você, — respirei,


inclinando a cabeça para acomodá-lo. Um simples aviso. Isso não significava
que eu não o quisesse.

Ele se endireitou e encontrou meu olhar. — Aviso justo, — ele


reconheceu. — Quebre meu coração, e eu serei seu pior pesadelo.

Um aceno conciso de cabeça. — Não vou, — prometi, e sua boca


quente e faminta estava de volta na minha.

Eu vou fazer isso.

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CAPÍTULO 8

ALESSIO

Levar Autumn para ir à minha casa foi uma ideia deliciosamente


ruim. Ela estava provocando meu controle com aqueles olhos luminosos e
amendoados. No entanto, não dei a mínima porque ela era minha.

No momento em que toquei sua pele macia, meu controle se


rompeu e eu a coloquei de costas contra a parede. Tomei sua boca, deslizando
minha língua entre seus lábios macios e deliciosos. Seu cheiro era calmante.
Ela cheirava como se me pertencesse, acalmando os pedaços quebrados
dentro de mim.

Foda-se.

Encostei meu nariz em seu pescoço, mordiscando e lambendo sua


pele macia. Ela gemeu e o som chegou direto ao meu pau duro como uma
rocha. Inspirei profundamente, memorizando seu cheiro.

Ela foi muito gentil e receptiva.

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Seus gemidos suaves encheram a cobertura escura, e isso foi
música para meus ouvidos. Balançando-me sobre ela, meu pau a pressionou
e ela gemeu em minha boca. Eu não conseguia decidir se ela estava seguindo
seus instintos ou se já tinha feito isso antes. Envolvi uma de suas pernas ao
meu redor e ela repetiu o movimento com a outra perna.

Sua saia pequena se enrolou na cintura, e os saltos de seus sapatos


'foda-me' cavaram em minha bunda.

Enfiei minha mão em seu cabelo, inclinando sua cabeça para trás
para que ela encontrasse meus olhos. — Última chance, amor.

Seus olhos cor de avelã se arregalaram, claramente contemplando


se ela deveria cruzar essa linha. Verde. Eles estavam verdes, e eu os amava.
Seus lábios carnudos estavam ligeiramente entreabertos enquanto ela me
observava com o olhar semicerrado.

Ela queria isso tanto quanto eu, mas claramente era mais esperta.
Eu não queria voltar, mas ela pelo menos percebeu que deveria querer voltar.

Nossas respirações eram aceleradas, uma batida errática zumbia


em meus ouvidos. — Quero mais, — ela exigiu suavemente.

Suas unhas arranharam minha nuca e ela me puxou para mais


perto. Seus lábios se encontraram com os meus e, no momento em que sua
boca macia roçou na minha, enfiei minha língua dentro de sua boca
ligeiramente aberta. Seu suspiro era uma maldita melodia. Sua língua
dançava em sintonia com a minha.

Ela tinha um sabor delicioso, melhor do que eu jamais havia


imaginado.

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Pegando-a nos braços, levei-a para o meu quarto, fechei a porta
com o pé e a coloquei no chão.

— O que...? — Seu protesto foi fraco, sua voz era ofegante


enquanto ela pressionava as palmas das mãos contra meu peito para se
equilibrar.

— Você vai tirar tudo, menos a calcinha, e se deitar na cama. —


Os olhos dela se arregalaram, choque e desejo misturados naqueles olhos
verdes. — Agora.

Meu controle e minha necessidade por ela estavam no limite. Ela


deve ter visto isso em meu rosto, pois deu um passo para longe de mim. Por
uma fração de segundo, achei que ela fugiria. Mas ela se dirigiu à cama
grande, pegando a barra da blusa. Hesitou por um segundo, olhando para trás
por cima do ombro. Seus olhos encontraram os meus e seus lábios se
curvaram em um sorriso suave.

Eu havia encontrado meu paraíso, e ela era o paraíso.

Ela virou a cabeça e lentamente levantou a blusa sobre a cabeça.


Observei seus músculos magros se deslocarem a cada movimento, tentando-
me a lamber cada centímetro de seu corpo.

Jogando a blusa e o sutiã no chão, ela se virou para mim.

Jesus Cristo, porra. Ela era linda.

Em seguida, tirou a saia revelando a minúscula calcinha branca


que cobria sua bunda perfeita.

— Vou arrancar esta calcinha de você e comer essa boceta como

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sobremesa.

Seu corpo estremeceu em resposta e um profundo rubor coloriu


suas bochechas. Mas ainda não se mexeu.

Boa garota.

Tirei o paletó do terno e o joguei na cadeira. Em seguida, coloquei


minhas abotoaduras sobre a cômoda. Seus olhos acompanhavam cada
movimento meu, assim como eu acompanhava cada movimento enquanto
ela se despia para mim. Em seguida, desabotoei a camisa e a joguei em cima
do paletó e depois segui com a calça.

Ela mastigou o lábio inferior, com a respiração agitada e os olhos


ardendo em fogo. Seus mamilos ficaram duros como seixos, pressionando
pelo meu toque.

De pé, com os pés no chão, sua cabeça mal alcançava meu queixo.
Mas havia algo nessa mulher que a fazia parecer mais alta, mais forte.

Minhas palmas grandes alcançaram sua calcinha, meu polegar


deslizando sob o cós e puxando-a para baixo de suas pernas finas. Ajoelhei-
me, ajudando-a a tirar a calcinha. Ela levantou a perna esquerda, depois a
direita. O vislumbre de sua boceta reluzente e o cheiro de sua excitação
perfumando o ar fizeram meu pau pulsar por ela.

— Você está encharcada para mim. — Um gemido torturante saiu


de meus lábios. — Vou ficar com ela, — eu disse a ela, meus olhos se
erguendo para ver sua expressão cheia de luxúria focada em mim e sua boca
entreaberta. O que diabos me fez querer ficar com a calcinha dela, eu não
tinha a menor ideia. Mas eu mataria qualquer pessoa agora mesmo se ela

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tentasse tirá-la de mim.

Deslizei a palma da mão entre suas pernas e a coloquei em uma


concha antes de passar um único dedo por suas dobras. Sua cabeça caiu para
trás e um gemido ecoou.

Passei a ponta do dedo em sua abertura, provocando-a. Seus


gemidos eram a melhor droga. Cada som que ela emitia me levava a um novo
nível, e eu sabia que ela seria meu vício para o resto da vida.

Ela se empurrou contra minha mão, meu dedo a preenchendo. Seus


olhos se fecharam e ela soltou um suspiro profundo. Porra, só para ouvir seus
sons, eu faria isso a noite toda.

Puxei meu dedo e seus olhos se abriram. — Ainda não, querida.


Temos a noite toda.

Seus lábios se entreabriram e seus olhos ficaram embaçados em


mim. Eu a levantei do chão e a joguei gentilmente na cama. Agarrei seus
joelhos e os puxei sobre meus ombros. Ela estava completamente exposta
para mim, a visão mais gloriosa que eu já tinha visto.

Ela era o altar, e eu me ajoelhei para adorá-la.

Enterrei minha cabeça entre suas coxas. Minha língua lambeu sua
boceta encharcada e meu controle se foi. Ela era a única sobremesa que eu
teria de agora em diante.

— Por favor, — ofegou Autumn, sua boceta se movendo contra


meu rosto. Encostei minha língua em seu clitóris e mordisquei-o, depois
alternei entre lambidas longas e suaves e outras rápidas e fortes. Sentia suas

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coxas tremerem enquanto eu me deliciava com ela como se estivesse
possuído. Meus dentes puxavam seu clitóris e depois passavam a língua
sobre o ponto sensível.

Eu me deliciei com ela como se não comesse há anos.

— Alessandro. — Seus gemidos mal penetraram em minha mente


enquanto seu corpo estremecia debaixo de mim. Ela se empurrou em minha
boca, sua boceta ávida querendo mais. Então, empurrei um dedo dentro de
sua boceta escorregadia e meu nome saiu de seus lábios em um grito
enquanto o orgasmo atravessava seu corpo.

Ela tremia debaixo de mim e cada arrepio era a mais doce


submissão.

— Você tem um gosto tão bom, — rosnei, lambendo cada gota


enquanto ela estremecia embaixo de mim. Seu rosto estava corado por causa
do orgasmo, nossos olhares se cruzaram e ela observou enquanto eu
continuava a lambê-la, faminto por mais de seus sucos.

Enquanto eu me arrastava por seu corpo, ela acompanhava cada


movimento meu por entre as pálpebras pesadas. Cada centímetro dela estava
corado pela excitação e pelo prazer que acabara de sentir. Se eu fosse um
pintor, eu a pintaria exatamente como ela estava naquele exato momento.
Com aquele cabelo preto em volta dela, cada centímetro dela nu e sua pele
corada.

Coloquei meu pau em sua boceta encharcada e, em um impulso


forte, entrei nela, enchendo-a até ao fim.

Seu gemido doloroso e suas unhas cravadas em meus ombros me

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fizeram parar. Nossos olhos se fixaram. Ela era apertada, sua boceta
estrangulando meu pau e a realização bateu em mim.

Ela era virgem.

— Como... O que... — Fiquei sem palavras.

Eu não gostava de virgens. Eu sabia que ela era inexperiente, mas,


pelo modo como minha irmã falava, Autumn teve rapazes que a cobiçavam
durante todo o ensino médio. E nenhuma delas tinha vergonha de namorar.
Isso me fez ter certeza de que Autumn não era mais virgem.

Porra, eu não gostava de virgens. A bile subiu em minha garganta


enquanto as lembranças subiam por minha espinha.

Apagões. Quartos girando. Choros.

— Alessio. — Uma voz suave. Um toque suave. — Oi, Alessio.


Está tudo bem. — Lábios macios passaram por meu pescoço. — Não estou
sofrendo. Só não esperava que você fosse tão grande.

Sua boca tocou o canto da minha e sua língua passou pelo meu
lábio inferior. — Você está bem?

Cada palavra era suave. Cada toque. Era diferente. Ela era
diferente.

Pisquei os olhos, a névoa se dissipou e o rosto pelo qual fiquei


obcecado nos últimos quatro anos entrou em foco. Seus olhos ainda estavam
verdes, com uma expressão preocupada substituindo a expressão de luxúria.

Suas palmas percorreram minhas costas, acalmando-me. Para


cima e para baixo. Seu toque era suave como uma pluma. Meus fantasmas

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se esconderam, com medo dela.

— Você está bem? — Eu vociferei, meu pau exigindo que eu me


movesse e a fodesse até ao esquecimento, enquanto minha mente protestava
com as malditas lembranças que eu mantive afastadas por décadas.

— Sim. — Ela mexeu levemente os quadris, pressionando a pélvis


contra a minha e seus olhos ficaram mais verdes do que eu jamais havia visto.
— Apenas deixe-me acostumar com você.

O suor enrugou minha testa. Ela não me quereria se soubesse...

Eu não podia ir até lá agora. Em vez disso, concentrei-me na


mulher que estava embaixo de mim. Aquela que olhava para mim como se
eu fosse um deus que ela pudesse corromper, mas era eu quem a estava
corrompendo.

Meu pau latejava enquanto ela se mexia lentamente, pressionando


os quadris contra mim e sua boceta latejando em volta do meu pau.

O sangue pulsava em meus ouvidos, o instinto mais básico dentro


de mim exigia que eu a comesse com força e rapidez. Meu pau nunca havia
tido tanto prazer quanto naquele momento, enquanto era dominado pela
boceta de Autumn Corbin. Eu mal conseguia respirar, toda a minha
necessidade estava concentrada na mulher embaixo de mim.

Levei vários momentos para me recompor. — Quer que eu pare?

Que Deus me ajude se ela quiser que eu pare. Eu não tinha certeza
se era capaz.

— Não, estou bem. — Graças a Deus! Sua voz era um toque suave

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em todos os meus sentidos.

Recuei lentamente e deslizei de volta para dentro dela, enquanto


me inclinava para atingir seu ponto G. Seus músculos internos tremulavam
e agarravam ao meu pau. Precisei de todo o meu autocontrole para me
impedir de comê-la como uma fera. Retirei-me e empurrei novamente para
dentro dela, seus gemidos a encorajavam, fazendo-me saber que o prazer
substituía a dor.

— Porra, você está me levando tão bem, — grunhi.

Continuei a transar com ela com movimentos longos e seguros.


Seus músculos internos se agarraram ao meu pau, enquanto ela cravava as
unhas em meus ombros, segurando-se em mim. E, o tempo todo, eu
observava a felicidade em seu rosto. Seus olhos verdes me observando. Sua
boca entreaberta me tentava.

Empurrei com força e rapidez, seus gemidos se transformaram em


gritos e sua boceta se agarrou ao meu pau com força.

— Porra! — Mais uma investida e eu estava perdido. Derramei-


me dentro da boceta mais doce que eu já havia possuído.

Nossos olhos se fixaram e o olhar dela brilhou como estrelas no


céu.

— Foi perfeito, — ela murmurou suavemente, roçando seus lábios


nos meus.

Eu não havia percebido até este exato momento. Eu estava


morrendo de fome por ela. Por isso. Por nós.

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Embora, no fundo, eu soubesse disso. Este foi o motivo pelo qual
fui visitar seus avós há quatro anos. Para garantir que ninguém mais pudesse
prová-la novamente.

Autumn era a única mulher que poderia me quebrar.

Em mais de uma conta.

Levei três minutos para me dar conta do que estava acontecendo.

Não usamos camisinha.

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CAPÍTULO 9

ALESSIO
Quatro anos atrás

Coloquei um cubo de açúcar no meu expresso e olhei para o meu


relógio Patek Philippe.

A qualquer momento.

No momento em que aterrissei na Filadélfia, esperava que o primo


do meu meio-irmão - complicado para caramba - aparecesse. Priest
DiLustro comandava esta cidade. Seu irmão mais velho, Dante, comandava
Chicago e, depois, havia o maior idiota de todos, Basilio DiLustro, que
comandava Nova Iorque7.

Todos os três eram uns cretinos, se você me perguntar. É claro


que eles tinham uma vida muito mais longa pela frente do que Cassio e

7
Apesar de aparecer normalmente Nova York, o correto é deixar o nome completo em inglês ou em
português e não apenas metade. Assim, como é habitual usar tradução, optamos por Nova Iorque, mais
correto que ‘Nova York’.

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minha turma. Não ajudava o fato de que a maioria de nós tinha pais idiotas
e, por isso, nos sentíamos muito além de nossa idade.

Mas isso não era nem aqui nem ali.

O que mais importava era que eu havia encontrado minha futura


esposa. Autumn Corbin em seu sutiã de algodão simples e fio dental, e seus
belos lábios macios me repreendendo e me expulsando de seu quarto, foram
um sonho que se tornou realidade.

Eu sabia que Branka era amiga da neta do homem que comandava


a máfia da Córsega. Eu não tinha me interessado pela melhor amiga de
minha irmã até ao momento em que a vi. No momento em que a vi, todas as
apostas foram canceladas.

Ela era a pessoa que eu queria. Então, comecei a planejar. Eu


estava ciente do acordo entre os pais e os avós de Autumn. Autumn deveria
dominar a máfia da Córsega ou se casar com alguém que o fizesse em seu
nome. Portanto, depois de seu aniversário de 18 anos, seus avós tinham o
direito de levá-la para o submundo. Esse aniversário aconteceu há três dias.

Coloquei meu plano em ação. E o diretor da Blanchet ficou mais


do que feliz em ouvir minha proposta. Ajudou o fato de eles terem violado
um acordo Russo no passado. A mãe de Autumn deveria ser a esposa de meu
pai. Que ironia ser eu a cobrar essa dívida agora.

O carma era de fato uma droga.

Tomei um gole do meu expresso, com a imagem de Autumn ainda


em minha mente. Branka mencionou sua melhor amiga muitas vezes ao
longo dos últimos quatro anos. Eu nunca prestei muita atenção, embora me

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arrependesse disso agora.

Namorados. Festas. Ela era popular. Adorava cantar.

Eu precisava de mais informações.

— Que porra você está fazendo aqui? — A voz de Priest


interrompeu minha apreciação de um café excelente. Como eu disse, um
maldito idiota.

Coloquei a xícara minúscula de volta em seu pires branco. A


maldita coisa toda parecia ridícula em minhas mãos. Frágil. Quebrável.

Autumn seria frágil demais para mim? Eu achava que não. Havia
uma força silenciosa naqueles olhos cor de avelã.

— Olá para você também, — eu o cumprimentei.

Eu vim de propósito ao hotel de Priest. Um pouco para sacaneá-


lo e para que ele soubesse que eu não tinha intenção de ir atrás de sua
cidade. Eu tinha muita coisa para fazer, muito obrigado.

Ao encontrar seu olhar, tão azul e diferente do resto dos


DiLustros, eu o observei em silêncio. Ao contrário de seus primos, Priest
tinha cabelos claros e olhos que não se assemelhavam a ninguém da família.
Eu me perguntava se o pobre garoto sabia o que isso significava. Embora
ninguém falasse sobre isso, era óbvio.

— Pare com esta merda, Russo, — disse Priest, com o olhar fixo
em mim. — É melhor você, Cassio e todo o seu bando de velhos não terem
nenhuma ideia nesta cidade.

Encolhi os ombros. — Bem, agora que você sugeriu isso...

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Deixando o significado perdurar, deixei meus lábios se curvarem
para cima. Era muito divertido mexer com a geração mais jovem. É claro
que Cassio, a gangue e eu já fomos como eles. Era uma vez. Sim, eu ainda
estava esperando pelo meu final de conto de fadas.

Meus olhos percorreram o restaurante chique. Tive de admitir que


o garoto se saiu bem. Para uma pessoa tão jovem, ele estabeleceu sua
presença em Filadélfia e conduziu suas atividades no submundo sem
problemas, encobrindo-as com seus negócios legais. Garoto esperto.

— Não se irrite, — disse-lhe finalmente. — Esta é uma visita de


cortesia. Estou visitando os corsos.

Priest enfiou as mãos nos bolsos do terno, mas não me passou


despercebido que ele cerrava os punhos. Provavelmente estava pronto para
dar um soco em alguém, mesmo usando aquele terno todo elegante.

— Por que diabos? — retrucou ele.

O garoto teve que treinar sua cara de pau. Ele era mais jovem do
que seu primo e irmão por vários anos, mas mesmo assim. A cara de pôquer
era uma obrigação em nosso negócio. Embora eu pudesse perceber que, por
trás de tudo isso, Priest tinha problemas de raiva. Eu podia identificá-los a
um quilômetro de distância - porque eu costumava tê-los quando era mais
jovem. Porra, eu ainda os tinha.

Pelo que meu pai havia feito comigo.

— Um contrato de casamento, — eu lhe disse. — E não tem nada


a ver com você. Como eu disse, esta é uma visita de cortesia.

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Porque pretendo possuir a beldade de cabelos pretos com pele da
cor de creme espesso e uma boca tentadora que se abriria quando ela
deliberadamente abrisse as pernas para expor seu sexo para mim.

Seu olhar inabalável me observaria enquanto minha língua


explorava sua boceta.

Mesmo que eu tivesse que esperar quatro anos para tê-la. Eu não
deixaria de jeito nenhum ninguém mais ver aquela bunda. Aquela imagem
dela curvada, com a bunda em uma tanga à minha vista, ficou gravada em
minha memória.

Ela era a pessoa certa para mim. Linda. Inteligente. Minha.

Duas horas depois, eu estava sentado na sala de estar elegante e


muito azul que Blanchet usava como seu escritório. O maldito deveria
realmente pensar em matar seu decorador.

— Você conheceu nossa neta? — Marcel Blanchet exigiu saber.

Nem ele nem sua esposa tinham qualquer informação sobre a filha
e a neta. O pai de Autumn sabia como esconder o rastro delas, e eu não tinha
intenção de revelá-lo. Mas sua última reunião desastrosa os deixou com um
acordo relutante.

Assenti com a cabeça.

— Ela é justa como aquele pai bastardo dela ou mais parecida


com a mãe? — Não havia como não perceber a amargura por trás de sua
pergunta. Eles odiavam Corbin por ter tirado sua filha deles. Ela era uma
de suas assassinas mais eficientes.

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Optando por não responder à pergunta deles, fui direto para a
negociação.

— Pelo contrato de casamento, permitirei que você passe suas


armas e distribuições de drogas pelo Canadá. Nada de comércio de carne.
— Ele abriu a boca para protestar, mas eu o calei. — Esta parte não é
negociável. Toda a Costa Leste está sendo limpa e não vou arriscar que algo
assim passe pelo meu território.

— Tudo bem, — ele resmungou. — Sem comissão sobre remessas


ou lucros, certo?

— Certo, — concordei. Maldito bastardo ganancioso.

— O que mais? — ele exigiu saber.

— Uma vez assinado, nenhuma delas será mais da sua conta, e


permitirei sua distribuição pelo Canadá com efeito imediato. Você
considerará o acordo entre sua filha e você cumprido, e Autumn estará
vinculada a mim.

— Você pretende se casar com Autumn imediatamente? —


perguntou ele.

— Eu me casarei com ela quando nós dois estivermos prontos,


mas em seu livro, ela é casada, — eu avisei. — E não é mais da sua conta.

Ele zombou. — Os pais dela sabem?

Eu o encarei e permaneci em silêncio até que ele começou a se


contorcer. O velho já tinha quase 80 anos e precisava se aposentar. Mas ele
se recusava a passar a tocha para qualquer pessoa que não fosse sua filha

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ou neta. Infelizmente para ele, uma não queria e a outra nem sabia que ele
existia.

Com este casamento, eu poderia assumir o controle de seus


negócios quando ele morresse. Ele tinha sobrinhos dispostos e capazes de
assumir o controle. Eu poderia empurrar isto para eles. Eu não queria este
território ou conflito com os DiLustros.

— A mãe de Autumn prometeu que permitiria que você a casasse


com seu aliado mais vantajoso, — eu disse a ele friamente. — Mas se você
não tem nenhuma palavra a dizer sobre o casamento de Autumn, eu irei
negociar com os pais de Autumn.

Isso fez com que ele se endireitasse em seu assento. Ele odiava o
fato de não ter poder sobre a filha deles. Eu suspeitava que isso o deixava
orgulhoso e furioso ao mesmo tempo. Em comparação com meus próprios
pais, a família Blanchet era bastante decente.

— Vamos assinar o contrato.

Era muito fácil conseguir uma esposa hoje em dia.

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CAPÍTULO 10

AUTUMN
Presente

Acordei, envolvida pelo aroma que estava rapidamente se


tornando familiar e pelo brilho suave da lua. Já era tarde. Ou cedo, eu não
tinha certeza.

Meu corpo estava dolorido. O tipo de dor doce da exaustão que eu


não me importaria de ter mais. Depois que ele se derramou dentro de mim,
eu estava toda dolorida e incapaz de me mover. Alessio desapareceu no
banheiro e voltou com um pano, depois me limpou gentilmente enquanto eu
o observava.

E algo no fundo do meu peito se aqueceu. Sim, estúpido, mas que


se dane. Eu adorei.

Alessio foi incrível, e fiquei muito feliz por ter esperado até agora
para fazer isso.

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Passei a mão pela lateral da cama onde Alessio dormia, mas achei
os lençóis frios. Ao me sentar, levantei o lençol para cobrir meu corpo nu e
pisquei os olhos. O quarto estava escuro, mas eu sentia o cheiro de algo. Eu
podia sentir alguém.

— Sou eu.

Meus olhos se arregalaram na direção da voz, e foi só então que


consegui distinguir uma forma sentada em uma cadeira no canto direito, com
a cintilação da aba vermelha do cigarro aceso.

— Eu não sabia que você fumava, — murmurei.

— Eu fumo.

Algo não estava certo, mas eu não conseguia descobrir o quê.


Talvez ele não gostasse de sexo comigo tanto quanto eu gostava com ele.
Talvez eu tenha ficado tempo demais. Passei a mão pelo meu cabelo
comprido e emaranhado.

Eu não era experiente como ele, mas meu sexto sentido me dizia
que ele tinha gostado. Senti seus músculos tremerem, seus grunhidos ainda
vibravam em meu âmago e sua boca me devorava como se eu fosse sua
última refeição na Terra. Sim, eu tinha certeza de que ele tinha gostado.

O que deixou apenas uma conclusão. Eu devo ter ficado mais


tempo do que o necessário. Levantei-me da cama e meus pés bateram na
madeira sem ruído.

— Vou me vestir e vou embora, — murmurei, levantando-me.

— Não se atreva.

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Fiquei quieta, com a hesitação correndo em minhas veias. Meus
olhos se concentraram na silhueta escura. O cigarro aceso lançou uma
sombra sobre o rosto de Alessio. Minha respiração ficou mais difícil à
medida que ele entrava em foco. Ele usava jeans rasgados, com a parte
superior do tronco completamente nua e a visão era linda.

Isso me fez querer tirar uma foto e memorizá-la para sempre.


Exatamente como ele estava agora. A mistura de escuridão e bad boy, mas
também algo mais profundo. Algo vulnerável.

Mais cedo, ou foi ontem, quando ele se despiu, notei a tinta que
marcava a parte superior de seu peito e braços, mas eu estava tão concentrada
nele que não cheguei a estudar as tatuagens. Ainda era difícil distingui-las
no escuro, mas seria impossível não notar como ele era lindo pra caramba.
Cada centímetro dele.

— Venha cá. — Uma ordem e minhas pernas já se moviam em


direção a ele, o lençol se arrastando atrás de mim. — E tire o lençol.

Meu aperto no lençol se afrouxou e ele caiu sem ruído,


acumulando-se ao redor dos meus pés. Algo pesado cintilou em seu olhar,
puxando-me com fios invisíveis em sua direção.

Um passo. Dois passos. No terceiro passo, diminuí a distância


entre nós e me coloquei entre suas coxas abertas, com seu aroma único de
madeira e especiarias se misturando ao dos cigarros.

Ele não se mexeu, mas seus olhos se transformaram em um líquido


quente, mais escuro do que jamais vi.

Sua mão foi para a parte interna da minha coxa, enquanto a outra

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ainda segurava o cigarro. Em movimentos preguiçosos, sua palma áspera se
moveu cada vez mais para cima, até que tocou meu sexo e deixei escapar a
respiração que estava presa.

— Você toma anticoncepcional?

Assenti com a cabeça. Eu teria que mudar para outra coisa que não
fosse a pílula antes de partir para Kuala Lumpur. Mirena ou injeção Depo.
Qualquer coisa, desde que eliminasse a necessidade de ingestão diária
enquanto eu estivesse na estrada. Mas Alessio não precisava saber disso.

— Você pode largar o cigarro? — Respirei quando minhas mãos


pousaram em seus ombros. O calor dele queimou as pontas dos meus dedos
da melhor maneira possível.

— Tão exigente, — ele vociferou, colocando-o em um cinzeiro na


mesinha lateral.

Zombei baixinho, minhas coxas se abriram mais para que eu


pudesse sentir mais dele em meu âmago. Suas mãos se aproximavam cada
vez mais de onde eu o queria, enquanto meus dedos circulavam seus ombros
e depois desciam pelos antebraços. Sua pele era mais áspera ali, como se ele
tivesse cicatrizes sob aquela tinta.

— Você já fez três exigências para a minha.

Minha mão parou sobre uma delas e eu o senti enrijecer. A


pergunta ficou em meus lábios, mas eu não queria estragar este momento.
Esta noite. Então, continuei a explorar seu corpo, observando mais cicatrizes
semelhantes. Todas sob a tinta.

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— Você é lindo, — sussurrei. Ele era, com cicatrizes ou não. Com
tinta ou não. Cada centímetro dele era duro, quente e simplesmente lindo.

Os nós dos dedos dele roçaram na minha boceta e minha cabeça


caiu para trás enquanto um gemido escapava pelos meus lábios.

— Você está dolorida?

Eu queria mentir-lhe. Queria mais dele dentro de mim. Mas sabia


que ele seria capaz de perceber que eu estava mentindo.

— Só um pouquinho.

Sem aviso, ele colocou um dedo dentro de mim e eu gemi. — Você


está mais do que apenas um pouco dolorida.

Minha boceta se apertou em torno de seu dedo, faminta por aquela


sensação que só ele poderia me dar.

Ele foi puxar o dedo para fora e minha mão envolveu seu pulso.

— Por favor, Alessandro, eu quero mais. — Nossos olhares se


cruzaram, seu dedo na minha entrada e minha boceta latejando com a
necessidade de ter mais dele. — O prazer supera a dor.

Levantei minha perna e apoiei meu joelho em sua coxa, me


apertando contra sua mão. Seu dedo deslizou mais profundamente dentro de
mim e um gemido escapou por entre meus lábios. Sua outra mão envolveu
meu pescoço e me puxou para ele, mantendo nossos rostos a centímetros de
distância. O cigarro queimava no cinzeiro ao lado dele.

Mais ou menos como nós dois. Será que vamos nos esgotar no
final?

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Porque sentir algo tão intenso quando alguém toca em você não
pode durar muito. Não é mesmo?

— Desde o momento em que a vi em meio àquele quarto feminino


ridículo, com a bunda empinada no ar, eu tenho fantasiado com isto. — Sua
admissão me surpreendeu e fez meu peito brilhar de satisfação. Ele não se
esqueceu de mim. — Você se contorcendo sob mim, como uma deusa,
implorando para que eu a foda.

Este homem resumiu todos os meus pensamentos em uma única


palavra. Desejo. Necessidade. Prazer.

— Você vai me beijar, Alessandro? — Eu murmurei, meus lábios


roçando os dele e, enquanto isso, seu dedo permaneceu em minha boceta.
Ele o enfiou profundamente dentro de mim e meu gemido vibrou contra sua
boca.

— Alessio, — ele resmungou. — Ninguém me chama de


Alessandro.

— Alessandro, — respondi de volta, pegando seu lábio inferior


entre os dentes. — Gosto de ser a única pessoa a chamá-lo por esse nome.

Isto o tornava especial. Tornava-o nosso.

Mordisquei gentilmente seu lábio, depois passei a língua sobre ele


para aliviar a ardência. Durante todo o tempo, meu corpo balançava contra
sua mão. Outro dedo se juntou a ele, esticando-me. — Oh, droga.

— É isso mesmo, — ele sibilou, depois beijou minha boca com


força enquanto seus dedos entravam e saíam da minha boceta apertada. —

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Você é minha agora.

Eu não conseguia pensar quando ele me fazia sentir assim. Como


se ele tivesse me fraturado, me quebrado em pedaços e depois me
recomposto.

O beijo de Alessio foi dominante e intenso, mas eu não esperava


nada menos que isto. Meus lábios se moldaram aos dele, e toda a sua dureza
roubou meu fôlego e minha sanidade. Ele inclinou minha cabeça para trás e
me arrebatou com a necessidade que eu sentia em meu íntimo, e tudo o que
eu podia fazer era sentir. Ceder a ele.

Sua língua entrava e saía da minha boca, em sincronia com seus


dedos, e o prazer intenso se acendeu no fundo do meu estômago. Meus seios
se projetaram em seu rosto, e ele envolveu um mamilo com os lábios. Sua
barba por fazer criava um atrito contra minha pele macia enquanto ele
chupava, mordiscava e mordia, e o tempo todo seus dedos entravam e saíam
de mim.

Meus dedos se agarraram a seus ombros, desesperados por algum


equilíbrio e controle, mas ele detinha todo o controle. Eu o desejava tanto
que temia me esgotar se não pudesse tê-lo.

Meu núcleo estava escorregadio com sucos e pulsando, meu


orgasmo estava ao alcance. Ele circulou meu clitóris, seu gemido de
apreciação enviando vibrações profundas para o fundo do meu estômago.

— Você está tão molhada. — O tom de sua voz era de apreciação,


o olhar em seus olhos era de fome.

— Por favor, Alessandro, — eu respirei. — Eu quero você dentro

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de mim.

O som do zíper me causou um arrepio. Um eco sedutor que


prometia prazer. Mal tive tempo de processar o que ele estava fazendo,
quando ele segurou meus quadris e entrou dentro de mim, com minhas duas
pernas sobre ele.

Gritei e explodi sobre seu pau duro enterrado profundamente


dentro de mim, enquanto pontos pretos nadavam em frente à minha visão.
Meu corpo estremeceu e ele me manteve perto dele, seu enorme pau me
preenchendo, meu peito pressionado contra o dele.

De coração para coração.

— Lembre-se, você pediu por isso. — Sua voz rouca e


ligeiramente desequilibrada causou um arrepio na minha espinha. E então
ele perdeu qualquer aparência de controle. Seus dedos se cravaram em meus
quadris macios e ele entrou em mim com urgência.

Minhas coxas batiam contra as dele, o prazer se enroscava no


fundo do meu estômago a cada investida forte. Seus gemidos e meus
gemidos se misturavam, totalmente viciantes e fazendo com que nós dois
perseguíssemos o mesmo prazer.

— Ahhh. A-Alessandro... — Minha voz ficou aguda, misturando-


se com gemidos à medida que o segundo orgasmo se formava dentro de mim.

— Minha. — Tapa. A pancada na minha bunda nua me pegou


desprevenida e, surpreendentemente, pude sentir a queimação do tapa se
espalhar pelo meu âmago e minha boceta pulsou com a necessidade de mais.

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— Mais, — eu exigi. Tapa. Tapa. Tapa.

Meu estômago se retesou e meus dedos se curvaram, com as unhas


cravadas em sua carne. Eu o estava marcando, assim como ele estava me
marcando. Eu estava tão perto. A sensação aumentava e aumentava,
ampliando-se a cada investida.

— Não se contenha, amor. — Ele empurrou com mais força,


atingindo meu ponto G. Alessio não estava apenas me fodendo, ele estava
me possuindo. — Eu sei que você quer gritar meu nome.

Ele dominava cada célula dentro de mim. A maneira como ele


agarrou minha cintura me fez sentir que o sentiria por meses.

Meu orgasmo detonou e me dominou tão fortemente que quase me


esqueci de respirar. Seus quadris se moveram para a frente, seu pau me
penetrando durante o orgasmo, e meus olhos reviraram.

Estrelas explodiram atrás de minhas pálpebras enquanto eu


ofegava e lutava para respirar. Achei que morreria e não seria uma maneira
ruim de morrer. Encostei minha cabeça na curva de seu pescoço, inalando
seu cheiro profundamente em meus pulmões.

Com o último impulso, Alessio me seguiu até ao penhasco,


derramando-se dentro de mim.

— Porra, — ele grunhiu com o rosto enterrado em meu cabelo.

Seu esperma quente me preencheu, e pude senti-lo escorrer pela


parte interna das minhas coxas.

Ficamos assim, com seus braços me envolvendo de forma

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protetora, ambos respirando com dificuldade.

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CAPÍTULO 11

ALESSIO

Essa reação intensa em relação a Autumn não era normal.

Acordei com o rosto dela pressionado contra meu peito. A maior


parte de seu rosto estava coberta por fios grossos e escuros e eu sabia que
estava fodido.

Meu pau convenceu meu coração a jogar. Agora, eu estava


ferrado. Senti seus lábios nos meus, seus dedos em minhas cicatrizes, e soube
que era algo sem o qual eu não poderia viver. Era muito fácil me apaixonar
por ela.

Enrolei meus dedos em torno daqueles fios sedosos para ver seu
rosto adormecido.

Serena. Feliz. Bonita.

Tão diferente de mim. Imundo. Torcido. Feio.

Mesmo assim, não consegui resistir-lhe. Perdi todo o controle e

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derramei minha semente dentro dela. Não me arrependi de nada. Meu único
arrependimento era que ela estava tomando anticoncepcional. Eu queria
amarrá-la a mim.

Eu tinha que prendê-la a mim antes que ela descobrisse tudo. Toda
a história distorcida que me manchou. Se ela soubesse o que eu havia feito,
ela me desprezaria. Ela queria salvar o mundo; eu o arruinei.

Foi exatamente por isso que firmei um contrato de casamento com


os avós dela. Era meu plano de reserva para o caso de ela me rejeitar. Sim,
afinal, eu era um babaca egoísta como meu pai bastardo. Mas a ideia de
perdê-la era insuportável.

Se ela soubesse o que eu havia feito, ela me rejeitaria.

Algo em meu peito se contorceu com a ideia de perder Autumn.


Ou talvez tenha sido a ideia de forçá-la a fazer algo e ver a dor em seus olhos.

Eu nunca quis ser a razão para ver seus verdes avelãs ficarem
marrons.

Nos últimos quatro anos, mantive todos os rapazes e homens


universitários da Califórnia longe de Autumn. Como meus amigos gostavam
de dizer, isso era um pouco exagerado. E daí? Eles tinham feito o mesmo, se
não pior, com suas mulheres. Cassio estava planejando como conquistar sua
mulher. Luciano forçou sua mulher a se casar com ele em sua trama para
vingar sua mãe e irmã. Os homens de Nikolaev estavam perseguindo suas
mulheres a todo vapor e elas nem sabiam disso. Bem, com exceção de Sasha.
Qualquer que fosse a mulher que aquele psicopata colocasse em seu radar,
eu sentia pena dela.

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Trapaceamos, roubamos e matamos para obter o que queremos.

E ainda havia o fato de que eu odiava quando as pessoas olhavam


para o que era meu, quanto mais ousar tocá-lo.

Essa era a razão pela qual eu estava de volta ao bar de Fleur, logo
depois de deixar Autumn em casa.

Nas primeiras horas da manhã, antes mesmo de o sol nascer, nós


dois nos vestimos em silêncio e, cumprindo minha palavra, fiquei com a
calcinha dela. Ela protestou um pouco, mas cedeu depois que me ajoelhei e
comi sua boceta, seus dedos agarrando meu cabelo como se tivesse medo de
que eu parasse.

Ela não tinha a menor ideia de que bastou uma única vez para que
eu me tornasse viciado nela.

Fiquei olhando para o prédio antigo do bar de Fleur. Por fora,


parecia velho como terra. Por dentro, todas as atualizações mais recentes
haviam sido feitas.

Fleur e eu tínhamos um acordo. Eu financiava 50% de seus


negócios, mas podia usar seu bunker no porão. Ele era único, usado em 1642
por comerciantes para contrabandear suas mercadorias.

Uso aprimorado, câmara de tortura. Também se tornou uma


maneira conveniente de se livrar de um corpo.

Fleur entendia a necessidade disso. Ela tinha visto em primeira


mão os vários tons de cinza necessários para sobreviver neste mundo. Ela já
foi uma vítima. O sistema jurídico não conseguiu salvá-la. Foi necessário um

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filho da puta cinza como eu para finalmente fazer isso.

Mas meus pecados ainda permaneciam. Não haveria como lavá-


los.

Cumprindo minha palavra, o desgraçado que ousou tocar minha


mulher perdeu os dedos. Ele teve sorte de eu não ter acabado com ele. Mas
isso estava prestes a mudar. Este mundo seria um lugar melhor sem ele.

A porta se fechou atrás de mim com um clique silencioso.

Nas primeiras horas da manhã, antes mesmo de o sol nascer, o


clique suave soou como um tiro. O maldito pulou em seu assento, mesmo
com as correntes que o mantinham refém e as palmas das mãos pressionadas
nos joelhos.

Seus olhos se voltaram para mim, com o medo evidente em seu


rosto. Ele estava aqui desde a noite passada.

Meu olhar frio o percorreu. Camisa muscle suja e agora


ensanguentada, sem músculos. Cabeça calva.

Sua mão esquerda não tinha dedos e eles estavam no chão,


manchados de sangue e sujeira. Não havia como salvá-los. Seu rosto
enrubescido continha medo. Não o suficiente.

Na noite passada, eu estava apenas começando. Decidi fazer uma


pesquisa sobre os antecedentes do desgraçado antes de soltá-lo, e descobri
que este desgraçado gostava de forçar garotinhas. Portanto, deixá-lo ir
embora não era mais uma opção.

O ácido ardeu em meu sangue ao pensar em suas mãos imundas

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sobre Autumn, mesmo que por uma fração de momento.

— Você sabe por que está aqui? — perguntei, com meu tom frio e
meu lábio curvado com desdém.

Tirei a lâmina do bolso e os olhos do desgraçado se arregalaram


de terror. Ele começou a sibilar, com falta de ar.

— Por favor, por favor, não mais, — ele implorou.

Eu o ignorei, segurando o cabo da lâmina enquanto me inclinava


para a frente.

— Você tocou no que é meu, — eu disse friamente, depois enfiei


a lâmina na mão dele e direto na parte superior da coxa. A carne e o osso
cederam quando um uivo desumano no tom mais alto saiu de sua garganta e
vibrou contra as paredes de cimento do bunker.

O sangue se acumulava ao redor dele e eu sentia um prazer sádico


em fazê-lo sofrer. Empurrei a faca mais fundo em sua mão, com a lâmina
penetrando ainda mais em sua coxa.

O cheiro de urina enchia o ar enquanto ele me olhava fixamente,


com os olhos vidrados de dor.

Meus dentes se cerraram. Graças a Deus, este bunker era todo de


concreto. Eu não suportava manchas de mijo em madeira ou azulejos.

— Por favor, chega, — ele gritou, com as lágrimas molhando seu


rosto.

— Maldito covarde, — gritei.

Então, como eu sabia que este cara iria chorar e provavelmente se

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cagar em seguida, decidi acabar com isto. Puxei minha arma e os tiros
rasgaram o ar.

Bang. Bang. Bang.

Observei quando a luz de seus olhos se apagou e seu corpo caiu


sobre as correntes, com sangue escorrendo do crânio.

Gotejando.Gotejando.Gotejando.

Algumas gotas respingaram em minhas botas. Graças a Deus,


optei por usar jeans e uma camiseta preta simples. Eu ficaria furioso se o
sangue entrasse em meu terno ou em meus sapatos.

Enfiando a arma na parte de trás da calça jeans, fui até à pequena


pia e lavei as mãos.

Não foi produzido sabão suficiente para lavar todos os meus


pecados.

Deixando o corpo para um dos meus homens limpar, saí para o


corredor e dei de cara com Byron, encostado na parede.

— Me perseguindo? — Eu pensei em um tom sarcástico.

Não demonstrei minha surpresa. Na verdade, nada mais me


surpreendia em relação a este filho da puta persistente. Embora, com
relutância, eu tivesse que admitir que meu meio-irmão mais novo era tão
teimoso quanto eu.

— Você não é difícil de encontrar, — Byron respondeu secamente.


— Acabou com ele? — perguntou. Todo o porão era à prova de som,
portanto não havia risco de ele ouvir nada do que acontecia lá dentro.

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— O que você quer, Byron? — Em vez disso, respondi com minha
própria pergunta. — Procurando algo para segurar sobre minha cabeça para
que possamos brincar de uma grande família feliz?

Seu maxilar se contraiu.

— Não é uma grande família feliz, — disse ele secamente. — Mas


eu gostaria que você estivesse do meu lado.

— Por quê? Para que você possa obter fundos extras para a
campanha de seu pai?

— Ele também é seu pai, — comentou secamente.

Ele mal terminou a frase e eu o encarei.

— Não é. Meu. Pai. — Eu gritei, minha mandíbula se contraindo.


Um pai não deixava seu filho para ser criado por um monstro sádico. Um pai
não deixa seu filho viver no inferno. Ele sabia que minha mãe estava grávida,
mas não queria que sua preciosa carreira política fosse arruinada por um filho
ilegítimo, então ele me varreu para debaixo do tapete.

Uma parte de mim queria atacar, destruir meu pai e sua vidinha
brilhante. Mas eu sabia que ainda não era hora. Eu teria que me conter com
um fino fio de autocontrole e manter minha lógica fria. Eu o destruiria
quando a presidência estivesse ao alcance de suas mãos. Ele a teria tão perto,
bem na ponta de seus dedos, apenas para ser arrancada. Por mim.

— Caia fora, Byron, — eu lhe disse enquanto me afastava dele. —


Da próxima vez que eu o vir, entenderei que você está invadindo meu
território e teremos uma guerra.

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— Pode vir, irmão.

Como eu disse, um filho da puta teimoso.

Sentei-me em meu escritório, no prédio de minha propriedade,


longe do pai que me deu meu sobrenome. Foi praticamente tudo o que ele
me deu.

Eram apenas dez da manhã. Fazia seis horas e trinta e oito minutos
que eu havia deixado Autumn em casa e já estava com muita saudade dela.
Tanto que tive que pensar se estava com febre.

Peguei meu celular e verifiquei o Instagram de Autumn. Ela


sempre postava fotos e atualizações no Instagram. Hoje não foi exceção. Eu
devia ser velho ou ela devia ser muito jovem, mas aquela garota vivia nas
plataformas sociais. Isso me serviu muito bem nos últimos quatro anos.

Fiquei olhando para a foto.

Os lençóis vermelhos desgrenhados e a juba preta se espalhavam


no travesseiro como um leque. Não dava para ver seu rosto, mas eu sabia
exatamente o que isso significava.

Ela não era mais virgem.

O ácido habitual não veio. Em vez disso, uma sensação estranha


surgiu em meu peito. Ela me deu uma grande parte dela, mas também tirou
algo de mim. Eu só não conseguia descobrir o quê.

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Passei os olhos por suas outras fotos, embora já as tivesse visto
antes. Eu vinha seguindo seu Instagram nos últimos quatro anos. De um
celular descartável e de uma conta anônima. Sim, eu era muito velho para
perseguir uma mulher de vinte e poucos anos.

No entanto, aqui estava eu. Embora isso não se comparasse com a


maneira fodida com que os irmãos Nikolaev perseguiam. Especialmente
Sasha, quando ele estava tentando matar. Então, sim, eu era muito melhor.

Uma batida quebrou o silêncio e olhei para Branka que entrava


sem esperar por uma resposta.

— Por que você bate na porta se vai entrar de qualquer jeito? —


resmunguei.

Assim como sua amiga, ela revirou os olhos para mim. Será que
essas duas sabem que eu já matei homens por menos?

— Tanto faz.

Recostei-me em minha cadeira e fixei meu olhar em minha


irmãzinha, que não era mais tão pequena. Nico fez uma observação
interessante ontem, na qual eu não havia pensado até aquele momento. A
menos que eu lhe garantisse um casamento com uma família que pudesse
protegê-la, Branka poderia acabar sendo alvo apenas por ter o mesmo
sobrenome do nosso pai bastardo. Ele tinha o péssimo hábito de trair homens
poderosos, e eles não pestanejariam para acabar com ela por seus pecados.

Meus inimigos não hesitariam em ir atrás dela também. Eu teria


que encontrar uma maneira de protegê-la antes que meu pai fizesse um
acordo com outro sádico idiota para vender Branka.

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Deixando o pensamento de lado por enquanto, esperei que Branka
dissesse o que quer que tivesse vindo dizer. Eu a conhecia bem o suficiente
para saber que ela precisava falar. Caso contrário, ela jamais entraria em meu
escritório.

Ela me lembrava Mia. Nossa irmã morta. Branka não se lembrava


muito dela. Ela era jovem quando Mia cometeu suicídio. Ela sobreviveu aos
nossos pais. Ela entrou em uma guerra e sobreviveu. Mas foi preciso um
grupo de idiotas para levá-la ao suicídio. Foi uma pílula amarga de engolir.

Ironicamente, foi Sasha Nikolaev quem acabou com eles. Por


acaso, ele estava em uma rotação semelhante e encontrou aqueles filhos da
puta estuprando-a. Meu único arrependimento foi que Sasha os matou antes
que eu pudesse.

Minha expressão escureceu ao me lembrar daquele funeral. Minha


mãe não chorou. Meu pai foi até ao túmulo quando baixaram o caixão de
Mia no chão. Eu não chorei, mas meus olhos ardiam; meu peito doía como
um filho da puta.

Branka foi a única pessoa que chorou naquele dia. Sua mão estava
pressionada contra o peito. No momento em que vi a queimadura de cigarro
desbotada em sua mão, uma névoa vermelha desceu sobre mim. Eu não tinha
ideia de como me vi em cima do meu pai, batendo nele, bem em cima do
caixão de Mia.

Depois que alguém me tirou de cima dele, levei Branka para longe
dele e de nossa mãe e a trouxe para junto de mim.

— Devo ir embora? — A voz de Branka me tirou do passado.

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— Não.

Lançando um olhar nervoso em minha direção, Branka sentou-se


na cadeira vazia à minha frente, minha mesa era a única coisa que nos
separava.

Uma expiração profunda encheu o ar. — Você está bravo? — ela


deixou escapar.

— Você terá que ser um pouco mais específica, — respondi


secamente. Fiquei imaginando se Autumn teria lhe contado o que havia
acontecido entre nós dois na noite passada. Talvez eu devesse perguntar à
minha irmã se ela estava brava por eu ter comido sua melhor amiga.

Mas eu não o faria, porque isso implicaria que eu pararia se ela


ficasse brava, e eu não tinha intenção de parar.

Branka soltou outro suspiro profundo. — O fato de eu não ter lhe


perguntado sobre ir com Autumn em sua aventura mundial de fotografia.

— Quando você e Autumn decidiram isso? — Eu a questionei.

— No caminho para a casa de Fleur, Autumn e eu começamos a


conversar. Eu lhe disse o quanto odiava estar na mesma cidade que meu pai,
e ela me convidou para ir junto, — respondeu ela. — Se eu não puder usar
meu dinheiro, ela até se ofereceu para ajudar nas despesas. — Os dedos de
Branka se enrolaram em seu pulso. Esse era seu hábito nervoso. Muitos
pulsos quebrados em sua infância. — Eu também pagarei por isso.

— Nós temos o dinheiro, — eu disse a ela. — Não há necessidade


de ela pagar por isso.

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Seus olhos cinzentos me lembravam a chuva. Eu não tinha a menor
ideia do motivo, mas eles sempre me tocavam no fundo do coração. Talvez
porque eu me sentisse culpado por não tê-la protegido antes. Ou talvez
porque eu via minha dor no olhar dela.

— Eu deveria ficar por você, mas sou uma covarde, — murmurou


ela, com uma expressão de culpa no rosto.

— Você não é uma covarde, — rosnei. — Nunca mais diga isso.


Você é uma sobrevivente, Branka. Minha irmã e minha família. Não quero
ver você machucada. Não importa quando, o quê ou como, eu sempre estarei
aqui para você. Está bem?

Um sorriso feliz se espalhou em seu rosto, e foi o melhor presente.


Ver minha irmãzinha sorrindo e feliz.

Levantei-me e ajustei a manga do meu terno, depois me aproximei


para ficar mais perto dela. Encostado na mesa, eu a estudei. Não éramos
muito parecidos, a não ser pelos olhos. Ambos herdamos isso de nossa mãe.
Eu me parecia mais com meu pai biológico e ela se parecia mais com o lado
paterno da família. Mas, em nosso coração, éramos iguais.

— Isso é algo que você quer fazer? — Eu lhe perguntei.

Antes mesmo de terminar a pergunta, ela assentiu com entusiasmo.


— É.

— Por quê estudar rede social e marketing se agora você quer se


envolver com fotografia? — Eu a questionei suavemente.

Ela sorriu. — Não vou tirar fotos para o Nat Geo. Isto será só com

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Autumn. Estamos pensando em criar um site de influencer sobre viagens e
um blog.

Meus lábios se contraíram. — Interessante.

Eu não sabia absolutamente nada sobre isso e parecia ser algo que
a geração mais jovem faria, mas se isso a deixava feliz, eu também ficava
feliz.

Branka sorriu. — Mesmo? — O entusiasmo em seu rosto era


contagiante, então eu apenas assenti. Desde que ela estivesse feliz, eu não
me importava com o que ela fizesse. Nunca lhe faltaria dinheiro, então era
melhor aproveitar a vida. — Então você não se importa se eu for embora
com Autumn?

— Eu não diria exatamente que estou bem com isso, — eu disse a


ela, sorrindo. — Mas quero ver você feliz. E não se surpreenda com as visitas
frequentes de seu irmão mais velho, — avisei.

Ela pulou de seu assento e se jogou em meus braços. Como


costumava fazer quando era pequena.

— Obrigada, Alessio, — murmurou ela em meu peito. — Você é


muito melhor do que eu. Eu fugi de nosso pai e você continua a lutar contra
ele de frente.

O pai dela, não o meu. Mas ela não sabia disso. Ninguém, a não
ser os Ashfords, eu e o idiota cruel que me criou, sabia disso. Minha mãe, é
claro, sabia, mas agora ela estava enterrada.

— Eu sempre poderia matá-lo para você, — eu meio que brinquei.

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Ela balançou a cabeça, com o rosto ainda pressionado contra meu
peito. — Não, irmão. Ele vai receber o dele. Eventualmente.

Não tão cedo, porra.

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CAPÍTULO 12

AUTUMN

Eu sentei no chão do meu quarto com minha calcinha boyshort 8 e


uma camiseta verde, cercada por minhas anotações, fotos e mais anotações.
Mais alguns dias e estaríamos a caminho da Ásia. Nosso primeiro destino -
Kuala Lumpur.

Exceto que, depois da noite passada, eu tinha algo, ou melhor,


alguém, que me fazia querer ficar. Meu corpo inteiro ainda estava envolto na
mais doce exaustão e, mesmo depois de um banho, eu podia sentir o cheiro
dele em minha pele.

Eu queria engarrafar o aroma e guardá-lo comigo para sempre.

A porta do meu quarto se abriu, batendo na parede atrás dela, e eu


gemi.

— Branka! — Eu repreendi.

8
É um modelo semelhante a cueca boxer masculina.

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Minha melhor amiga esticou o braço acima da cabeça e se apoiou
no batente da porta, enquanto com o outro braço estendia uma xícara de café
gelado.

— Aqui estou eu, — anunciou ela.

— Isso eu posso ver, — respondi secamente. Ok, talvez a atividade


da noite passada tenha me deixado um pouco cansada e irritada. Peguei a
xícara de café que ela segurava em sua mão. Branka odiava café gelado,
então tinha de ser para mim. Ela a colocou em minha mão e eu tomei um
gole.

— Nada supera um bom café, — eu disse.

— O sexo sim, — ela riu. — Se você ao menos tentasse.

Balancei a cabeça, mas minhas bochechas ficaram coradas porque


o irmão dela me veio imediatamente à mente. Ela tinha toda a razão. O sexo
é cem vezes melhor do que o café.

— Você já experimentou? — Eu ri, sabendo muito bem a resposta.

Ela deu de ombros. — Cheguei perto, mas durante nossas


aventuras, encontrarei um homem exótico e farei sexo alucinante. Você
também fará.

Eu sorri, mas a hesitação e a exigência de saber os planos de


Alessio para nós se misturaram dentro de mim. Ele não disse que queria me
ver novamente. É verdade que eu não perguntei, mas por que ele não poderia
ao menos mostrar que queria me ver novamente?

Ele me deixou em casa, sexy como tudo, com seu jeans rasgado e

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camiseta preta, sem sequer um beijo. Ele poderia pelo menos ter dado um
beijo em minha bochecha.

— Meu irmão concordou, — Branka sorriu e eu pisquei confusa.


O irmão dela lhe disse que ele deveria ter me dado um beijo de despedida?

Encontrei seus olhos tão parecidos com os de seus irmãos, que


brilhavam como prata derretida. — Concordou? — Perguntei surpresa.

Nossa, eu queria fazer sexo com ele de novo. De novo e de novo.


Queria explorar todo o seu corpo, beijar cada centímetro de sua pele e, mais
do que tudo, queria estudar a tinta que marcava seu peito e seus braços.
Queria beijar as cicatrizes que se escondiam por baixo dela. Eu queria
conhecer a história que ele escondia.

— Sim, Alessio acha que será uma boa experiência para nós, —
ela explicou e eu ignorei a sensação de decepção. Alessio não se importava
que eu seguisse meu caminho. A noite passada não significava tanto para ele
quanto para mim. Ele provavelmente tinha mulheres na discagem rápida. —
Oh, meu Deus, estamos realmente fazendo isso, — ela sorriu.

Tirando Alessio da cabeça e voltando ao caminho de meu objetivo,


concentrei-me em nossa viagem iminente.

Meus lábios se inclinaram para cima. — Estamos realmente


fazendo isso, — repeti.

Os olhos de Branka percorreram o chão. — O que está fazendo?

Dei de ombros. — Estou me preparando.

— Onde estão seus pais? — ela exigiu saber. — Deveríamos sair

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todos para comemorar. Almoço tardio.

Voltei minha atenção para minhas anotações. — Mamãe está


fazendo compras e papai está se encontrando com um velho amigo ou algo
assim.

— Então vamos, — sugeriu ela. — Seu favorito. Kebabs.

Eu gemi. — Por que você me tenta?

Ela sorriu largamente. — Porque eu sou malvada. Bwahaha.

Na tentativa de emitir um som maligno, ela o arruinou totalmente


com sua risada contagiante. Eu me esforcei muito para manter a cara séria,
mordendo a parte interna da bochecha. Mas o olhar em meus olhos deve ter
estragado tudo, porque ela se jogou no chão, derrubando-me para trás.
Colocando meu café gelado no chão, evitando por pouco o desastre em meu
tapete branco de pelúcia.

— Eu sei que você quer rir, — ela provocou, fazendo cócegas em


mim. — Mostre-me. Mostre-me.

Ficamos rindo no meu chão por meia hora. Exatamente como em


nossos anos de ensino médio.

Sentindo-me mais leve e com Alessio fora de minha mente,


entramos no restaurante no centro de Montreal duas horas depois. Eu usava
um vestido verde-claro simples que parava um pouco acima dos joelhos.

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Sempre que o usava, recebia elogios de que ele realçava o verde de meus
olhos. Branka pegou emprestado meu vestido vermelho do mesmo modelo,
fazendo com que parecêssemos mais irmãs.

Rimos e conversamos sobre todos os nossos grandes planos,


esperando que a anfitriã viesse e nos sentasse.

Meu cabelo caía pelas costas em ondas suaves e optei por não usar
maquiagem. Isso me fez parecer mais jovem, mas eu realmente não tinha
ninguém para impressionar. Porque o homem a quem dei minha virgindade
achou que era uma boa decisão eu seguir em frente. Mas eu não estava
amargurada. Nem um pouco.

— Faz tempo que não nos vemos, senhoritas.

A anfitriã nos cumprimentou e nós duas voltamos nossa atenção


para ela. — Olá, Jasmine. Como está?

— A melhor pergunta é como vocês duas estão? — Seus olhos nos


examinaram. — Ouvi dizer que você vai partir em uma semana para a Ásia,
Branka. — Minhas sobrancelhas se ergueram ao saber disso. Jasmine deve
ter lido minha expressão, pois acrescentou: — Alessio.

— Ohhh, — Branka e eu soltamos ao mesmo tempo enquanto o


pequeno monstro verde deslizava por mim.

Esses dois estão dormindo juntos? eu me perguntava. Uma


pontada irracional de ciúme me atingiu e tinha gosto de ácido, mas tive de
engolir. Não era como se Alessio e eu tivéssemos namorado antes de eu me
jogar em cima dele.

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— Filha. — Uma voz fria que eu nunca quis ouvir chegou até nós,
e eu me enrijeci ao mesmo tempo em que Branka empalideceu.

Nós duas nos viramos lentamente na direção daquela voz e


encontramos o pai e o irmão de Branka sentados à mesa com outros dois
homens. Engoli em seco quando meus olhos passaram por eles, mas
terminaram em Alessio.

Meu olhar sempre voltava para ele. Ele tinha uma escuridão
impossível de resistir.

— Deveríamos ter ido para outro lugar, — murmurou Branka. Eu


não poderia concordar mais.

— Elas não precisam de uma mesa, Jasmine. — O pai de Branka


vociferou, chamando a atenção de todos para nós. — Elas se sentarão
conosco.

Recuse, minha razão exigia. Meus pais ficariam furiosos se


soubessem que eu me sentava à mesma mesa que o pai de Branka. Não
importa os outros mafiosos.

— Não me deixe, — sussurrou ela, com desespero em seu tom de


voz.

Soltei um suspiro pesado. Se meus pais não soubessem, isso não


os prejudicaria. Além disso, eu não queria causar uma cena, então segui
Branka com passos pesados.

Minha frequência cardíaca aumentava a cada passo que eu dava


em direção à mesa. Infelizmente, isso era causado pelo homem que fez meu

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corpo queimar na noite passada, e não pelo perigo evidente que se escondia
naquela mesa. Com seu terno preto e traços marcantes, Alessio pertencia à
GQ,9 não a um restaurante, ao lado de seu pai bastardo.

Soltei um suspiro trêmulo, tentando acalmar meu coração


acelerado. Alessio nunca indicou que queria um relacionamento. Não que
tenhamos conversado muito na noite passada.

Não pense nisso, minha mente murmurou. Não pense nisso.

Caso contrário, eu me derreteria em uma poça. Em vez disso,


encontrei as sobrancelhas franzidas de Alessio quando ele se levantou, com
os olhos fixos em mim. Algo em seu olhar fez minha pele arrepiar e meus
dedos tremerem. Era de se esperar que, depois da noite passada, esta reação
fosse se acalmar, mas não foi o caso. Em vez disso, reagi de forma ainda
mais intensa.

Ele era tão alto que eu tinha de esticar o pescoço quanto mais me
aproximava dele.

Forçando meu olhar para longe dele, meus olhos percorreram


lentamente os homens e engoli um nó na garganta. Eles gritavam perigo.
Alessio também, mas ele não despertava medo em mim. Apenas luxúria.

O pai dele, por outro lado, me dava arrepios. E os outros dois


homens eram assustadores. Eles tinham o cabelo loiro mais incomum que eu
já tinha visto. Sua atenção estava voltada para Branka e para mim, mas era o
tamanho deles que era assustador. Mesmo sentados, eles pareciam, de
alguma forma, se erguer e engolir todo o oxigênio do restaurante. Levantei

9
Revista mensal sobre moda, estilo e cultura para os homens.

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meus olhos para seus rostos e pisquei. Depois pisquei novamente para ter
certeza de que estava vendo a cor correta dos olhos deles. Eles eram de um
azul pálido.

Uau. Simplesmente, uau!

Os dois se levantaram e eu quase desejei que não tivessem se


levantado, porque eles se erguiam como nuvens escuras e ameaçadoras.
Branka e eu imediatamente demos um pequeno passo para trás, nossos
instintos nos colocando em modo de autodefesa.

Branka olhou para mim como se quisesse saber se eu os conhecia.


Até parece! Dei a ela um encolher de ombros quase imperceptível e nossos
olhos voltaram para os dois homens. Apesar de seu tamanho enorme, eu seria
totalmente cega se não notasse que os dois eram bonitos. Extremamente
bonitos.

— Senhoras, apresento-lhes Vasili e Sasha Nikolaev, — Alessio


nos apresentou e meus olhos imediatamente se voltaram para ele. Como se
ele fosse meu ímã e, sem mais nem menos, meu coração pulou uma batida.
Apenas uma noite de sexo e eu já estava apaixonada por esse homem. Ugh.
— Senhores, minha irmã, Branka Russo, e sua melhor amiga, Autumn
Corbin.

Havia apenas dois assentos disponíveis. Um sentado ao lado de


Sasha Nikolaev e o outro ao lado de Alessio. Foi ruim eu querer deixar o
assento ao lado de Sasha Nikolaev para Branka? Ela deve ter tido a mesma
ideia, pois seus olhos se voltaram para a cadeira ao lado de seu irmão e nós
duas a olhamos com desejo.

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Era um modo de autopreservação para nós duas.

— Prazer em conhecê-las, — disse Sasha, com seus olhos azuis


pálidos passando entre Branka e eu, e depois se fixando em Branka. Fiquei
aliviada. Uma mulher inteligente não queria a atenção daquele cara.

Alessio Russo é muito melhor, meu cérebro zombou do meu


coração.

— Não sabia que as senhoras se juntariam a nós, — disse Sasha.

— Nossa discussão é apropriada para as senhoras? — perguntou


Vasili, com as sobrancelhas franzidas. — Eu não gostaria que minha irmã
fosse incomodada com esses assuntos.

Bem, essa era a primeira vez.

— Podemos ir. — A voz de Branka era quase inaudível, e nós duas


estávamos rígidas e nos mexendo em nossos pés. Nós duas queríamos fugir
e não olhar para trás.

— Vocês duas ficarão, — exigiu o pai dela.

Um gole soou. Poderia ter sido o meu.

Sasha puxou uma cadeira ao lado dele, com seus olhos pálidos
fixos em Branka. Graças a Deus! Embora ela não tenha se mexido, ele ficou
esperando que ela se sentasse, enquanto o olhar dela continuava a se voltar
para a cadeira vazia ao lado do irmão.

— Sente-se, Branka, — esbravejou seu pai. — Você também,


Autumn.

Nós duas nos assustamos imediatamente e nossas pernas se

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moveram por vontade própria.

Alessio segurou a outra cadeira e nós duas nos sentamos nas


cadeiras puxadas. A ansiedade zumbia em minha pele. Olhei de relance para
Alessio, quase como se ele fosse me salvar, o que, por si só, era ridículo. Só
porque fizemos sexo ontem à noite, não significava que ele me salvaria.

— Isso não é legal? — disse o pai de Branka, olhando de soslaio


para mim. Um arrepio percorreu minha espinha, e foi preciso tudo o que eu
tinha para não procurar o olhar de Alessio em busca de ajuda. — Já era hora
de Autumn Corbin sentar-se comigo, não é?

Minha coluna se enrijeceu e o pressentimento percorreu minhas


veias. Meus pais sempre enfatizaram a importância de me manter longe dos
homens Russo. Não era preciso ser um gênio para descobrir o motivo.
Bastava olhar para a mãe de Branka.

— Ou devo chamá-la de Autumn Blanchet? — Lancei um olhar


confuso para Alessio, depois para Branka, que revirou os olhos e riu. Ela
tinha medo de seu pai, mas quando seu irmão estava por perto, sua bravura
transparecia. — Mostre um pouco de respeito, Branka, — ele rugiu e nós
duas pulamos em nossos assentos. — Ou veremos quem revirará os olhos
por último!

Outro gole soou. Não faço ideia se foi meu ou de Branka, ou talvez
de nós duas, mas tive um mau pressentimento sobre isso. Eu deveria ter
simplesmente sequestrado Branka e fugido. Que se dane o pai dela. No
entanto, meu corpo estava tão rígido que se recusava a se mover.

A tensão era palpável; eu quase podia sentir seu gosto. O silêncio

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era intenso, mas parecia afetar apenas Branka e eu. Sasha pegou um chiclete
do nada e o barulho da embalagem encheu o ar. Eu lhe lancei um olhar
incrédulo, mas ele me ignorou. Seu irmão, Vasili, parecia despreocupado
com seu irmão ou com o pai de Branka. Alessio também não parecia nem
um pouco preocupado. Ou talvez ambos estivessem escondendo isso muito
bem.

Sasha jogou o chiclete na boca com um sorriso que prometia algo


cruel, embora eu não conseguisse distinguir a quem se destinava. Ele
estourou o chiclete enquanto esmagava a embalagem em sua mão.

A mão que eu tinha certeza que havia matado muitas pessoas.


Olhei fixamente para os símbolos em seus dedos que eu não conseguia ler.
Meus olhos se voltaram para Alessio, que olhava para Sasha com uma
expressão de desagrado estampada em seu rosto. Então, seus olhos
encontraram os meus e, instantaneamente, a carranca entre seus olhos
diminuiu e eu me afoguei em seu olhar cinzento.

— Está brincando com fogo, hein? — disse o pai de Branka e


nossos olhos se voltaram para ele. Ele estava olhando para Alessio e para
mim. Seu tsk veio em seguida, com um sorriso desagradável marcando seu
rosto feio. Ele parecia uma cobra que estava prestes a engolir um rato. Cruel
e prestes a atacar.

Uma garçonete apareceu, interrompendo o silêncio tenso e


desconfortável. Nem Branka nem eu parecíamos capazes de abrir a boca,
então Alessio fez o pedido em nosso nome. E durante todo o tempo, os olhos
do velho Russo nunca me deixaram.

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— Como está sua mãe, Autumn? — perguntou o Sr. Russo, com
um brilho cruel em seus olhos. Eu não gostei disso. Senti-me vulnerável sob
seu olhar sombrio e ameaçador.

Meus olhos se movimentaram ao redor da mesa e depois voltaram


para o velho. Ao contrário de seu filho, que era alto e bonito, o Sr. Russo era
baixo, careca e ostentava uma barriga que envergonharia uma mulher
grávida.

— Está bem, — respondi com os dentes cerrados.

Ele esfregou a barriga, com uma expressão presunçosa no rosto.


— E seus avós maternos?

Minhas sobrancelhas se franziram e minha expressão ficou


confusa. — Eles estão mortos.

Na verdade, eu nem sabia seus nomes. Minha mãe nunca falava


sobre seus pais. Ela apenas dizia que eles estavam fora de cena. Ficamos por
aí. Eu tinha meus avós paternos, que eram uma grande parte de nossas vidas
até que ambos faleceram.

Ele deu uma risadinha. — Não é possível. Eles morreram no


último mês? — ele perguntou e eu pisquei.

Minha língua passou nervosamente sobre o lábio inferior e


encontrei o olhar de Branka. Ela parecia tão sem noção quanto eu.

Meus olhos se voltaram para Alessio, mas seu rosto estava


indecifrável. Uma máscara de indiferença. Exceto pelo músculo menor que
se contraiu em sua mandíbula e sua expressão que escureceu. Vasili e Sasha

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Nikolaev tinham uma expressão semelhante. Embora eu não tivesse certeza
se ela estava voltada para mim ou para o pai de Branka.

A sensação era de estar sendo jogada aos lobos sem ter como fugir.

O pai de Alessio deu uma risada sinistra e sombria. Conhecedora.


Minhas mãos estavam no colo, embaixo da mesa, e eu não tinha percebido
que minhas unhas estavam cravadas na palma da mão até que uma mão
grande e quente cobriu a minha.

Fiquei quieta por um momento, mas não me movi. Um aperto


reconfortante e foi a infusão de força de que eu precisava.

— Até onde sei, eles estão mortos há muito tempo, — disse eu,
com minha voz enganosamente calma.

O pai de Alessio trouxe seu punho para a mesa. Branka e eu nos


assustamos em nossos assentos. Os talheres de prata tilintaram.

— Isso é mentira, — ele cuspiu, com o veneno colorindo sua voz.


— Seus avós estão bem vivos. Eles comandam a máfia da Córsega. E sua
mãe foi a assassina mais eficiente deles.

Ele deve estar louco. Tresloucado. Delirante.

— Você está errado, — insisti com uma risada incrédula. —


Minha mãe é cantora. Uma artista.

Ele riu. Forte e alto. Os olhares se voltaram para nós, mas mantive
meus olhos na maior ameaça. O velho Russo.

— Cantora, — ele riu. — Sim, ela sempre gostou de cantar.


Lembro-me dela andando em sua pequena saia católica e tocando piano. Os

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homens ansiavam por aquela aparência de boa moça.

A fúria fervilhava em minhas veias. — Não dou a mínima para o


que os homens ansiavam, — sussurrei, encarando-o. — Você confundiu
minha mãe com outra pessoa. Ela é uma artista sem nenhuma ligação com
essa máfia da Córsega.

— Você é a cara dela, — continuou ele, como se eu não tivesse


falado. — Só havia uma Alessandra Blanchet. Esse cabelo preto é de família.
No entanto, seus olhos são diferentes. Têm de ser de seu pai.

A última palavra soou como uma maldição em sua língua.

— Pela última vez, você confundiu minha mãe com outra pessoa,
— gritei. — Meu pai jamais se relacionaria com alguém como você.

Dessa vez, ele jogou a cabeça para trás e riu. Uma risada sarcástica,
ameaçadora, do tipo 'peguei você.'

Meu pai era um ex-agente especial. Isso teria arruinado sua


carreira. Só que meu pai nunca explicou realmente como ou por que
abandonou essa carreira. Sempre achei que foi porque ele decidiu se tornar
um consultor e se aposentar mais cedo para poder me ver crescer.

— Mas seu pai desistiu dessa carreira, — ele gargalhou como uma
maldita bruxa. — Ou foi expulso, — zombou ele, com os lábios curvados de
forma repugnante.

Meus dedos se enrolaram na manga do paletó de Alessio,


apertando-a como se ele fosse meu bote salva-vidas. Naquele momento, ele
era minha tábua de salvação.

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— Ele não foi expulso, — disse Alessio, sua voz era puro gelo. —
Ele se demitiu e criou sua filha.

— Como você sabe disso? — Branka questionou, com os olhos


arregalados, passando entre seu pai, Alessio e eu.

Seu pai riu presunçosamente e eu quis arranhar seu rosto. Não era
de admirar que Branka não o suportasse. — Que tipo de pai eu seria se não
soubesse com quem minha filha andava?

Eu não havia conhecido o pai de Branka antes. A primeira vez que


o vi foi no funeral, mas agora me arrependia de ter obedecido a ele. Eu não
gostava do pai de Branka antes e certamente não gostava dele agora. Na
verdade, eu o detestava.

— As conexões de Autumn não são relevantes, — disse Alessio


com naturalidade, sua voz fria. Por que parecia que Alessio sabia de algo que
eu não sabia?

— Não são relevantes? — O Sr. Russo cuspiu, com sua saliva


espalhada por toda a mesa. Meu nariz se contraiu e meu apetite desapareceu
de repente. — Ela pode estar espionando para eles.

Alessio riu, mostrando claramente que não acreditava nisso.

— Parece-me que os pais da Srta. Corbin quiseram poupá-la da


dura realidade desse tipo de vida, — acrescentou Vasili, com a voz fria. —
Agora podemos concluir nosso acordo ou vamos continuar discutindo?

Eu não tinha ideia de quem era Vasili Nikolaev, mas, de repente,


passei a gostar muito dele.

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Nos trinta minutos seguintes, o acordo em que os Nikolaev
estavam trabalhando foi concluído. Todos os homens falaram em código,
enquanto Branka e eu ficamos sentadas em silêncio, fingindo comer, mas na
verdade apenas empurrando a comida em nossos pratos.

E, durante todo este tempo, refleti sobre a revelação de meus avós


maternos.

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CAPÍTULO 13
ALESSIO

Os segredos nunca ficam enterrados por muito tempo.

O fato de Autumn não saber a identidade de seus avós maternos


por tanto tempo foi um milagre. Eu sabia disso desde a primeira brincadeira
que aquelas duas tiveram. Eu sempre investigava todos os amigos de Branka.

Mas essa péssima desculpa de pai não se preocupou em investigar


Autumn até vê-la no funeral de minha mãe. Ele não se importava nem um
pouco com Branka. Ela era uma filha, um bem descartável que ele tinha
contra minha mãe. Tanto minha irmã falecida quanto Branka eram
dispensáveis para ele.

Aos olhos de meu pai, a culpa era de minha mãe por não ter
conseguido lhe dar um herdeiro.

Meu pai não sabia que eu acompanhava todas as suas atividades.


Seus recursos não eram nada comparados aos meus. Nico Morrelli era o meu

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principal homem para qualquer informação que eu precisasse e ele sempre
me atendeu.

Ninguém sabia que Autumn estava na fila para herdar a máfia da


Córsega após o falecimento de seu avô.

Eu também sabia que meu pai tentou fazer um contrato para casar
com a mãe de Autumn. Sem sucesso.

Mulher inteligente. Mulher de sorte.

Resumindo, eu sabia que esse dia chegaria. No momento em que


meu pai visse Autumn, ele saberia quem ela era devido à sua semelhança
com a mãe. A mulher que o negou. O filho da puta odiava isso.

E agora ele estava de olho na filha dela. Tarde demais, filho da


puta. Ela era minha e o contrato que eu havia firmado com o avô de Autumn
há quatro anos garantia isso. Se o pai ousasse tocá-la, as ruas desta cidade
ficariam vermelhas porque eu lutaria contra ele e todos os seus homens até
acabar com ele. De uma vez por todas.

Enviei uma mensagem de texto rápida ao meu braço direito para


incendiar um dos armazéns do meu pai. Eu estava cansado de lidar com o
maldito. Ricardo levou apenas dez minutos para fazer isso acontecer. Essa
era a razão pela qual ele era insubstituível.

O celular de meu pai tocou, mas ele continuou olhando para a


minha mulher. Então, o celular tocou novamente e ele deu uma olhada. Isso
o fez correr.

Meus lábios se contraíram ao vê-lo sair daqui, com seus homens o

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cercando no momento em que ele saiu. Ele estava tão paranoico com a
possibilidade de um franco-atirador disparar contra ele enquanto caminhava
para o carro.

— Finalmente, — anunciou Sasha Nikolaev. De qualquer forma,


nenhum dos homens Nikolaev queria lidar com o velho bastardo. — Vocês
deveriam eliminar este idiota. Eu posso ajudar com isso.

— Eu concordo, — Branka murmurou sem fôlego. — Deixe


osRussos levar a culpa. — Todas as nossas cabeças se viraram para ela e
seus olhos se arregalaram. — Eu disse isto em voz alta?

Assenti com a cabeça. Talvez Branka fosse um pouco mais cruel


do que eu pensava. Ela precisaria disso para sobreviver neste mundo.

— Apenas me dê uma data e uma hora, — Sasha sorriu,


observando-a calculadamente. Eu não gostei nada disso. — E está feito.

— Eu posso lidar com meu pai, — disse a ele.

Autumn se mexeu desconfortavelmente, com os olhos entre nós,


provavelmente se perguntando se estávamos brincando ou não.

— Eu e Autumn podemos ir ao bar? — Minha irmãzinha não


perdeu tempo.

Eu assenti e as duas nos deixaram sem olhar para trás, deixando-


me para finalizar o acordo com os homens Nikolaev.

— Posso acabar com ele hoje, — ofereceu Sasha pela última vez.
O maldito era persistente, se não fosse outra coisa. — Como a sua linda
irmãzinha disse, os russos serão os culpados, — Sasha disse, mas algo

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perturbador se escondia naqueles olhos. Todos os irmãos Nikolaev tinham a
mesma cor de olhos. Não gostei do fato de um daqueles olhos azuis claros
estar focado na minha irmã, sentada no bar, a apenas cinco metros de nós.

— Tudo o que você precisa fazer é me dar a sua irmãzinha, —


acrescentou Sasha com um sorriso largo e, de repente, eu estava com vontade
de bater na cara dele.

— Sasha, — alertou Vasili.

— Deixe-me esclarecer uma coisa, — acrescentei, minha voz


mortalmente calma. — Minha irmãzinha não está na mesa. Nunca estará.
Ela. ESTÁ. FORA. DOS. LIMITES. E se eu tiver que matá-lo para mostrar
isso, eu o matarei.

Muito mais tarde, eu perceberia que estas palavras fizeram de


minha irmã um fruto proibido para Sasha Nikolaev.

Levamos mais vinte minutos para finalizar os detalhes da próxima


distribuição. Armas e drogas eram meus negócios preferidos. Eu não tocava
no tráfico de pessoas, mas infelizmente o mesmo não podia ser dito de meu
pai.

Os dois irmãos se retiraram, deixando-me sozinho com Branka e


Autumn. Por um momento, observei-as sussurrando uma para a outra
enquanto o dedo de Autumn passava sobre seu celular.

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— Se pudermos colocar fotos como essa na frente das pessoas, —
disse Autumn com sua voz suave, — isso trará conscientização. As pessoas
poderiam ajudar.

Ela estava elaborando estratégias para salvar o mundo e eu acabei


de fazer um acordo que o corromperia ainda mais. As diferenças entre nós
eram tão gritantes. Será que ela ficaria comigo se soubesse exatamente o tipo
de merda que eu estava fazendo? Melhor ainda, será que eu abriria mão de
tudo por ela?

Branka se aproximou e arrastou outra tela.

— Da próxima vez que eu lhe enviar uma mensagem, Branka, —


eu disse calmamente à minha irmã, — leia-a.

Se ela tivesse feito isso, Autumn e Branka não teriam se


encontrado com o velho. As duas se voltaram para mim, olhando para trás.
Como se quisessem se certificar de que papai tinha ido embora.

Minha irmã não precisou de nenhuma repreensão adicional. Sua


pele estava tão pálida quanto a de Autumn e só se recuperou após a partida
de meu pai. Os irmãos Nikolaev podiam ser intimidadores para pessoas de
fora e, até agora, eu mantive Branka longe do submundo. Assim como os
pais de Autumn também a mantiveram longe dele.

— Vamos voltar para a mesa para que vocês duas possam comer,
— eu disse a elas. Observei o corpo esguio de Autumn deslizar para fora do
banco do bar, depois me abaixei para pegar a bolsa que ela havia descartado
descuidadamente no chão.

Porra, ela tinha uma bunda linda. Meu pau endureceu e tive de

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ignorar a necessidade de arrastá-la para o quarto nos fundos e transar com
ela.

Fiz um sinal para Jasmine, que apareceu imediatamente. —


Limpem isto, por favor. E tragam seus favoritos.

Com sua eficiência habitual, Jasmine reduziu a mesa a nada,


depois a limpou e colocou pratos e talheres limpos enquanto eu digitava uma
mensagem para meu braço direito, Ricardo. Depois de clicar em enviar,
coloquei o celular de volta no bolso e estudei Autumn.

Sua mão continuava a alisar as rugas inexistentes sobre a toalha de


mesa. O marrom de seus olhos começou a desaparecer lentamente, voltando
à cor avelã, e de repente percebi que o verde avelã se tornou minha nova cor
favorita.

— Desculpe, Alessio. Estávamos muito empolgadas. — Branka


quebrou o silêncio. — Eu nem pensei em checar o telefone.

— Não importa, — eu disse a ela. Jasmine voltou com a comida.


— Vocês duas comam. Depois, Ricardo estará aqui para levá-la para casa,
Branka. — Quando o terror entrou em seus olhos, acrescentei: — Minha
casa. Sempre lá. Você não voltará mais para ele.

Mais de dez anos desde que a mansão Russo era sua casa e ela
ainda temia voltar para lá. Eu nunca desistiria dela. Ela já devia saber disso.
Não sabia?

— Está bem. — Ela assentiu. Autumn sentou-se rígida em sua


cadeira, com o olhar ligeiramente desfocado.

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— Autumn, coma alguma coisa, — ordenei a ela.

Seus olhos encontraram meu olhar. — É verdade o que seu pai


disse? — perguntou ela, com os olhos fixos em mim.

— Sim.

— Você sabia? — perguntou ela em voz baixa.

Eu poderia mentir. Eu deveria mentir. Não podia mentir. — Sim.

— Você quer alguma coisa? — Droga, esta era uma pergunta


carregada. Eu a queria. Comigo. De boa vontade. Mas, no fundo, parte de
mim sabia que cada erro que eu havia cometido faria com que ela acabasse
se afastando. Por isso, estabeleci um contrato.

— De? — Em vez disso, perguntei.

— Deles. De mim.

— Deles, não. De você, sim, — respondi da forma mais honesta


que pude. Suas bochechas ficaram vermelhas e eu sabia exatamente para
onde sua mente estava indo.

— Coma alguma coisa, — eu lhe disse. Branka estava perdida em


seu próprio mundo, olhando para o celular.

— Não entendo, — murmurou Autumn. — Por que meus pais


esconderiam algo assim de mim?

Porque eles eram pessoas melhores do que a maioria dos que eu


conhecia. Eu não podia culpá-los por nunca quererem ter Autumn perto de
homens como eu. Nós destruímos a inocência e deixamos sangue em nosso
rastro.

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— Eles protegeram você, — eu disse a ela.

E eu a protegerei.

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CAPÍTULO 14

AUTUMN

O pressentimento percorreu minha espinha e eu não tinha ideia do


motivo.

Eu sabia que a maneira como o pai de Alessio me observava não


era um bom presságio para mim. Chamo isso de intuição. Em retrospecto, eu
gostaria de ter fugido e não ter olhado para trás. Mas não o fiz. Eu era
corajosa demais para o meu próprio bem e queria mais de Alessio.

Então, em vez de me levantar e sair, permaneci em meu assento,


confiando que, quando chegasse a hora, Alessio me protegeria.

Ah, se eu soubesse disso.

O homem de Alessio levou Branka para sua casa, enquanto nós


estávamos de volta à sua cobertura. No momento em que entramos, suas
mãos estavam sobre mim. Famintas e urgentes.

O sangue rugia em meus ouvidos e abafava tudo, exceto meu

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coração e o dele e o suave farfalhar de nossos movimentos enquanto nos
despíamos freneticamente.

O paletó do terno. Gravata. Camisa. Cinto.

Meus dedos tremiam enquanto eu me esforçava para desabotoar


sua calça.

O som do zíper se misturou à nossa respiração superficial. O


vestido se acumulou em meus pés. O olhar de Alessio percorreu meu corpo,
a prata derretida de seus olhos incendiando cada molécula de meu corpo.

Mas o corpo de Alessio era um espetáculo a ser contemplado. Com


a luz que jorrava de todas as janelas da cobertura, ele parecia um deus da
guerra. Seus ombros largos e musculosos estavam marcados com a tinta que
seus ternos sofisticados geralmente escondiam. Aqueles abdominais
esculpidos e um corte em V sexy.

Minha boca secou ao ver o pau grande, duro e grosso de Alessio.


Passei a língua em meus lábios, umedecendo-os. A expectativa do que estava
por vir ressoava dentro de mim. Eu sabia como ele se sentia agora e isso só
aumentava a necessidade que pulsava entre minhas coxas.

— Suave ou com força? — Pisquei os olhos em confusão. Seu


olhar brilhava com tanto calor que me queimou. — Você quer ser fodida de
forma suave e devagar ou com força e rápido?

O ronronar sombrio de sua voz prometia que ambos seriam


prazerosos. E havia algo tão excitante no fato de ele me deixar escolher. Eu
queria tudo. Com força. Devagar. Rápido.

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Eu queria experimentar tudo isso. Somente com ele.

Seus dedos deslizaram sobre minha clavícula, seu toque suave,


porém áspero. Desceu pelos meus seios e um arrepio me percorreu, enquanto
a luxúria me invadiu. Ele foi descendo cada vez mais, até que seu dedo roçou
na minha calcinha úmida.

— Com força, — gemi.

Ele arrancou minha calcinha com um puxão e, em seguida, sua


boca se fixou em meu pescoço. Arfei e inclinei a cabeça, meus dedos
agarrando seu cabelo. Sua palma correu para as minhas costelas, passando
pela minha cintura. Seus lábios subiram pelo meu pescoço, com os dentes
mordiscando meu queixo antes de chegar à minha boca.

Ele estava me desvendando com seu simples toque. Eu queria


fazer o mesmo com ele. Ele agarrou minha nuca e me beijou com força.
Molhado e bagunçado. Selvagem e bruto. Alessandro Russo era assim.

E eu adorava isso. Eu queria fazer com que ele se sentisse bem.


Queria vê-lo se desfazer para mim e uma ideia surgiu em meu cérebro. Eu o
empurrei gentilmente para longe. Ele parou imediatamente, com o peito
subindo e descendo e a respiração difícil combinando com a minha.

— Você está bem? — A nota de preocupação em sua voz fez com


que o calor se espalhasse pelo meu peito.

Minhas mãos deslizaram por seu abdômen, cada músculo dele se


contraindo ao meu toque. Tocar Alessio era um pecado carnal por si só. Sua
pele macia e quente sob a ponta de meus dedos, tentando-me a prová-lo.

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— Sim, — eu respirei. — Eu quero fazer alguma coisa.

A insinuação estava no ar, o significado era inconfundível


enquanto meus dedos se enroscavam em seu corpo duro. Seu olhar se dirigiu
ao meu rosto, o cheiro dele se infiltrando em meus pulmões. Foi o suficiente
para me intoxicar.

— Não precisa. — Seus olhos escureceram, lembrando-me das


nuvens logo antes de uma tempestade violenta. Era emocionante,
estimulante, tentador se perder nela. O ar ao nosso redor se transformou em
algo mais espesso, mais pesado, mais condensado, e meu coração disparou
com tanta força que temi que fosse saltar do peito.

— Eu quero.

Antes que ele pudesse protestar, não que ele parecesse querer, eu
me ajoelhei diante dele e seu olhar se encheu de confusão e tensão que
irradiavam de cada centímetro dele.

— Você já fez isso antes? — perguntou ele com os dentes


cerrados, sua voz áspera. Seu controle me prendia e me fazia sentir como
uma sedutora tentadora.

Meus lábios se curvaram. — Eu não disse que era uma santa, —


murmurei, observando seu pau duro, já grosso e pingando pré-sêmen. As
palmas das minhas mãos foram para suas coxas, meus dedos se curvaram
com a expectativa. Eu queria fazer com que ele se sentisse bem. Sim, eu já
havia feito isso antes, mas nunca com alguém como Alessio.

Ninguém se compara a Alessio.

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Seus dedos apertaram meu cabelo e ele o puxou com tanta força
que meu couro cabeludo ardeu. Porra, até isso era bom com ele. Com a mão
livre, ele acariciou seu pau uma, duas vezes e fiquei com água na boca.

Este homem foi feito para o sexo.

— Olhe para mim, — ele exigiu, forçando meu rosto para cima. O
calor de seu olhar prometia retribuição a qualquer um que eu ousei fazer um
boquete antes. — Quero seus nomes, — ele vociferou.

— Não. — Meus lábios se entreabriram. — Você vai foder minha


boca ou vamos conversar?

Seu olhar ardia, seu controle escapava, e eu adorava isso. Essa


poderia ser minha kryptonita definitiva. Vê-lo se desfazer para mim. Ele
passou a coroa de seu pau sobre meus lábios e minha língua se lançou para
lambê-lo, sentindo o gosto de seu líquido na boca.

O calor floresceu entre minhas coxas apertadas e pude sentir a


umidade que lambuzava minha pele.

Abri a boca e o levei lentamente para a garganta. Nossos olhares


se cruzaram enquanto eu o levava mais fundo, parando a cada poucos
segundos para me ajustar. Eu podia sentir seus músculos tremendo sob minha
palma e seu controle se desfazendo lentamente a cada centímetro que ele
enfiava mais fundo em minha garganta.

Ele apertou meu cabelo com mais força.

— Porra, Autumn. — Seu gemido torturado vibrou em mim.


Esfreguei minhas coxas uma na outra, tentando aliviar a dor latejante.

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Comecei a me mover e foi então que Alessio perdeu todo o controle. Ele
enrolou meu cabelo em seu punho e segurou minha cabeça no lugar enquanto
entrava e saía de minha boca. Com força e rapidez.

Seus ombros estavam rígidos. As linhas de seu rosto estavam


tensas. E eu observava, hipnotizada pela luxúria em seus olhos, enquanto ele
continuava a entrar e sair de minha boca. Formigamentos cobriram minha
espinha, e a umidade escorreu pela parte interna das minhas coxas.

— Esta boca é minha. — Ele enfiou até ao fim. — Você não tem
permissão para usar esses lábios em mais ninguém. Entendeu?

Assenti com a cabeça, meus dedos zumbindo com a necessidade


de me tocar e aliviar a dor entre as pernas. Mas não o fiz. Porque isso era
para Alessio.

Lambi e chupei, entrando em seu ritmo. Aplainei minha língua e o


lambi como se fosse a última coisa que eu faria em minha vida. Ele deslizou
até ao fundo da minha garganta novamente.

— Porra. — Seu gemido vibrou em sua cobertura e eu cantarolava


de satisfação. — Você é um brinquedinho tão bom, — ele elogiou e a dor se
aprofundou. — Posso sentir o cheiro da sua boceta molhada, faminta pelo
meu pau.

Meu Deus, eu poderia gozar só com suas palavras imundas.

Nossos olhares se cruzaram, meus olhos lacrimejaram de tanto


absorvê-lo. A dor entre minhas coxas era insuportável e finalmente cedi à
tentação. Deslizei minha mão entre as pernas e passei os dedos sobre meu
clitóris encharcado. Em seguida, apliquei uma pressão firme contra meu

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clitóris e o moí contra minha mão.

Eu gemi, mas o som foi abafado por seu pau que entrava e saía da
minha boca. Seu olhar semicerrado estava fixo em mim e sua respiração era
pesada. O prazer se enroscava mais e mais a cada segundo que passava, até
que Alessio abruptamente afastou minha cabeça dele.

Limpei minha boca com as costas da mão. — O que...

Antes que eu pudesse terminar a frase, ele me pegou e me


empurrou contra a janela, com toda a cidade de Montreal se estendendo à
nossa frente.

— Vou gozar com o meu pau enterrado bem fundo na sua boceta,
— ele sussurrou, sua boca quente contra a minha orelha. Rude. Exigente.

O vidro esfriou minha pele quente, mas não fez nada para aliviar
o fogo dentro de mim. Então ele estava dentro de mim em um único impulso
forte, e eu gritei seu nome.

Ele se aquietou, seus dentes roçando o lóbulo da minha orelha. —


Eu a machuquei?

Minha boceta se apertou em torno dele enquanto ele me preenchia


até ao fim. A sensação de estiramento ardia, mas era muito boa. Apesar de
nossa diferença de tamanho, nos encaixamos perfeitamente. Ele estava tão
fundo dentro de mim que eu podia senti-lo em meu estômago.

— É tão bom, — ofeguei. — Eu quero mais.

Seus dedos me agarraram com selvageria pelos quadris e ele se


retirou lentamente, apenas para me penetrar com força.

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— Sua boceta apertada está sufocando meu pau, — ele gemeu. —
Tão gananciosa.

Mais uma investida, e eu absorvi cada movimento de seus quadris


com gemidos e sussurros incoerentes de seu nome. Com as palmas das mãos
pressionadas contra o vidro e a respiração acelerada, embaçando a janela, eu
olhava para a cidade enquanto ele me fodia.

De forma selvagem. Brutalmente. Consumindo-me.

— Alessandro, — eu implorei. — Oh. Meu. Deus.

Nossos olhos se encontraram no vidro fraco. Era surreal, quase


invisível. Mas, mesmo assim, estava lá. Enquanto ele me fodia com força e
profundidade, meus gritos enchendo cada canto de sua cobertura, eu
observava seu rosto no vidro.

Expressão possessiva.

— Estou transando com você, — ele rosnou. — Não Deus. Você


grita meu nome.

E foi o que fiz. Seus dedos se cravaram em meus quadris, seu


comprimento esticou meus músculos internos enquanto eu o levava mais
fundo e com mais força. Meus mamilos rasparam contra o vidro frio e
observei sua expressão se desfazer para mim no vidro por meio de meus
olhos semicerrados.

Respirações ásperas. Choramingos de necessidade. Carne batendo


contra carne.

A suavidade de seu pau penetrando em mim.

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— Você me leva tão bem, — elogiou ele, com suas investidas
brutais dificultando o processamento de suas palavras. — Sua boceta foi feita
para mim. Só para mim.

Minhas respirações ofegantes embaçaram a janela e meus olhos se


fecharam enquanto Alessio me golpeava com brutalidade. Eu estava
chegando cada vez mais alto em direção ao prazer que só ele poderia me dar.

— Alessandro, eu preciso... — Outro gemido atravessou o ar. Ele


enrolou um punhado de meu cabelo em sua mão e puxou minha cabeça para
trás, de modo que não tive escolha a não ser virar o rosto. Sua boca se chocou
contra a minha e, o tempo todo, ele continuou a empurrar.

Ele capturou meu lábio superior entre os seus, beijando e


mordiscando com um doce puxão. Um gemido vibrou no fundo de seu peito
e foi direto para o meu. Suas mãos ásperas me seguraram exatamente como
ele queria. Vulnerável a ele. Mas também protegida.

— Por favor... por favor... — O prazer doce e quente estava se


formando. Eu estava tão perto. — Eu preciso...

— Do que você precisa? — Suas respirações ásperas combinavam


com as minhas.

— Você. — Sua boca deixou a minha e ele pressionou o rosto


contra minha garganta enquanto um gemido de satisfação saía de seu peito.
Ele inclinou o pau e foi mais fundo dentro de mim, atingindo o ponto mais
prazeroso. — Oh... ohhh... eu estou...

Ele fez isso de novo e minhas costas se arquearam, seus dedos


agarraram meus quadris e bateram em mim de novo e de novo, atingindo

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meu ponto G. Ele aumentou a sensação cada vez mais, deixando-a mais
quente a cada investida, até eu ver estrelas. E no ápice, meu orgasmo saiu do
controle. O sangue em minhas veias se acendeu com faíscas e enviou uma
onda de eletricidade até à ponta dos meus dedos dos pés.

Gritei seu nome e o prazer se prolongou até que me senti tonta.


Minha boceta se apertou em torno de seu pau quando ele o penetrou durante
meu orgasmo. Uma vez. Duas vezes. Seus músculos ficaram tensos contra
minhas costas e ele gozou com um gemido alto, derramando-se dentro de
mim.

Meu corpo ainda flutuava em algum lugar entre sua cobertura e o


céu enquanto seu pau pulsava dentro de mim.

Os braços de Alessio me envolveram por trás, sua testa encostada


em meu ombro e sua boca em minha pele.

Eu me senti como se tivesse sido fodida. Literalmente e


figurativamente.

Com a testa encostada na janela e a respiração ainda ofegante,


murmurei baixinho: — Se eu soubesse que o sexo era tão bom, teria feito
antes.

Ele me puxou pelos cabelos, com a mão enlaçando minha


garganta. — O sexo é tão bom assim porque somos nós, — ele sussurrou
com força em meu ouvido. — Porque eu sou seu dono.

Sua reivindicação deveria enviar um alerta para mim. Mas não foi
o que aconteceu. Tudo o que eu sabia era que cada toque e cada gosto dele
me penetravam tão profundamente que ele talvez já tivesse se alojado em

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meu coração.

— Se você é meu dono, — ofeguei, meu corpo flexível em seus


braços, — eu também sou sua dona.

Uma pausa.

— É isso mesmo. — Arrepios percorreram minha pele e um


desejo, uma necessidade, cresceu em meu peito. Ele estava rapidamente se
tornando alguém importante.

Ele me virou e me levantou em seus braços, depois me levou para


o banheiro. Eu queria ficar com ele para sempre. Mas havia uma vida
esperando, a que eu sempre quis. Só que agora ela não parecia tão atraente.

Eu nos vi de relance no banheiro. Nós dois nus. Ele, maior do que


a vida. Eu, pequena em seus braços, com os cabelos desgrenhados e a
expressão em meu rosto que dizia que eu estava completamente fodida e que
também tinha gostado.

Nossos olhares se encontraram no espelho e minha respiração


ficou presa nos pulmões. Algo suave e vulnerável cintilou em seus olhos
cinzentos.

— Eu gosto de você, — sussurrei, embora em algum lugar no


fundo eu achasse que poderia ser muito mais profundo do que isso. Mas eu
não estava pronta para admitir isso para mim mesma, muito menos para ele.

Ele me abaixou gentilmente sobre o balcão. Seus lábios roçaram


nos meus, suavemente e em contraste com nosso sexo bruto e descontrolado
de antes.

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— Eu também gosto de você.

Meus lábios se curvaram em um sorriso enquanto eu pressionava


nossas bocas uma contra a outra. Em seguida, ele se afastou e abriu a água.
Despejou um líquido na água da banheira e logo o banheiro inteiro ficou com
cheiro de eucalipto.

— É o da sua última namorada? — perguntei secamente, com o


ciúme me mordendo.

Ele soltou um suspiro sardônico. — Não, foi o presente de Natal


de Branka, — ele respondeu ironicamente. — Ela achou que eu iria querer
uma porcaria de banheiro feminino aqui.

Um riso sufocado escapou de mim. — Não é uma má ideia. Está


se tornando útil agora.

— Ela me deu essa merda há dois anos, — ele resmungou. —


Espero que não tenhamos uma erupção cutânea.

— Bem, você acabou de tornar atraente tomar banho com você, —


brinquei. A expressão dele era de divertimento, mas ele não disse nada.

Eu o observei despejar o conteúdo da garrafa na banheira. Ficou


claro que ele nunca havia preparado um banho antes, pois despejou a garrafa
inteira na banheira grande.

Ele me ajudou a entrar na banheira e depois deslizou para trás de


mim, de modo que me sentei entre suas pernas longas e musculosas.
Recostei-me em seu peito e suspirei.

— Melhor?

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— Muito, obrigada.

Sua mão chegou aos meus ombros e seus dedos começaram a


massageá-los. Fechei os olhos e apreciei sua ternura. Meus músculos se
soltavam a cada segundo que passava, saboreando esse momento íntimo com
ele.

Minha cabeça caiu para trás contra seu ombro e meus olhos se
fecharam. Suas mãos desceram para os meus quadris e depois para a parte
interna das minhas coxas.

— Deveríamos ter ido com calma, — ele murmurou em meu


ouvido. — Você é nova nisso.

Não abri meus olhos. — Não estou reclamando. Você está?

Seu peito vibrou contra o meu. — Definitivamente, não.

Suas mãos encontraram o caminho entre minhas pernas quando


elas se abriram por vontade própria. Seus dedos fortes massageavam minhas
coxas doloridas, fazendo círculos e pressionando meus músculos. Ele se
aproximou do meu núcleo sensível, mas toda vez que eu pensava que ele me
tocaria ali, ele parava. Depois, retomava em um ritmo mais lento.

— Quando você tem que ir para o seu trabalho? — Sua pergunta


me surpreendeu e, por um momento, fiquei em silêncio.

— Mais alguns dias.

Seus dedos subiram e tocaram meu sexo. — Isso ainda não acabou.

Virei a cabeça para olhá-lo por cima do ombro. — O quê


exatamente?

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A intensidade de suas feições escurecidas deveria ter me alertado
para ser cautelosa. Mas não foi o que aconteceu. — Você. Eu. Nós. — Seu
dedo roçou meu clitóris, depois deslizou para dentro de minha boceta e um
gemido baixo encheu o ar, vibrando contra os azulejos. — Quero seu
itinerário. Vou visitá-la nos seus dias de folga.

Porra, eu estava derretendo. Seja por suas palavras ou por seu dedo
que entrava e saía de mim preguiçosamente.

— Está bem, — concordei. Talvez eu devesse me fazer de tímida,


mas não vi motivo para isso. Eu o queria. Queria vê-lo mais. — Pode me dar
seu número de telefone?

O sorriso que ele me deu fez meu coração vibrar como uma
borboleta recém-nascida. — Eu lhe enviarei uma mensagem quando sairmos
da banheira. Guarde esse número e memorize-o.

Revirei os olhos, fingindo irritação, mas meu sorriso de felicidade


estragou tudo. A mão de Alessio ainda estava em minha boceta, seus dedos
esfregando habilmente meu clitóris.

— Você está dolorida. — Suas palavras pareciam mais para ele


mesmo do que para mim.

— Mas adoro suas mãos em mim, — admiti suavemente. Não era


algo novo para ele. Ele podia ver que isso acontecia com cada gemido e
aperto de minhas coxas.

— Você está animada? — Sua boca em meu pescoço e suas mãos


em meu corpo dificultaram o raciocínio. Sua mão não estava mais em meu
sexo, mas ele ainda me mantinha envolta em seus braços.

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— Com a perspectiva de fazer sexo novamente ou...

Sua risada profunda me pegou de surpresa, e eu torci o pescoço


para vê-la em seu rosto. Deus, aquele homem deveria ter bebês porque ele
era gostoso como o pecado.

— Quero dizer, você está animada para viajar e tirar fotos?

Sorri e me virei para trás, depois me encostei nele. — Estou. Adoro


fazer isso. Congelar momentos em algo que todos possam vivenciar. Tenho
sorte de ter tido essa oportunidade. É uma oportunidade única na vida.

O silêncio se seguiu e eu me perguntei o que ele estava pensando.


— Você sempre quis ser... — Eu não sabia como perguntar. — Hummm.
Você queria ser bombeiro quando era criança ou algo assim?

Ele riu de novo. Meu Deus, eu adorava fazê-lo rir. Talvez eu


fizesse o propósito de fazê-lo rir mais. Metas de hashtag - tome essa rede
social.

— Bombeiro, hein?

Ok, talvez eu não o visse como bombeiro. — Piloto? Médico? Não


sei. O que os meninos sonham em ser?

Prendi a respiração, esperando. Não sabia por quê. Era uma


pergunta simples, mas parecia algo muito maior. Tocar em uma ferida ou ir
a um lugar onde ninguém tinha permissão.

— Eu só queria continuar vivo. — Uma resposta tão simples, mas


que falou muito. E meu coração doeu por ele. Branka deu a entender que teve
uma infância difícil. Tive a sensação de que a de Alessio foi ainda mais

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difícil. Minhas mãos se enrolaram em suas mãos fortes e as puxei com mais
força ao meu redor.

— Fico feliz que esteja, — sussurrei, virando a cabeça para beijar


seu pescoço. Deus, ele cheirava bem. Mesmo com esse perfume de banho de
eucalipto maluco, ele ainda cheirava como ele. Sândalo e especiarias.

Ficamos na banheira por mais alguns minutos até que ambos


começamos a ficar ansiosos. Juntos, saímos da banheira e ele me enrolou na
toalha primeiro. Em seguida, sentou-me no balcão antes de enrolar uma
toalha em sua cintura.

Um suspiro de lamento saiu de mim, enquanto seus olhos se


divertiam. — O quê?

— Adoro ver você nu.

Ele riu. Uma risada quente e profunda que era tão sexy que fez
meus dedos dos pés se curvarem de felicidade.

— Gosto mais de ver você nua, — ele respondeu. Minhas


bochechas ficaram vermelhas, mas não fiz nenhum movimento para tirar a
toalha. Eu não era tímida, mas também não estava exatamente andando nua
pela cobertura.

Então me sentei no balcão, enquanto ele estava em frente à pia e


começou a passar creme de barbear no rosto. Recostei-me em minhas mãos
e observei seus movimentos seguros. Seus músculos se moviam
graciosamente a cada movimento.

— Quer que eu o ajude? — Eu ofereci e a surpresa cintilou em

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seus olhos. Quando ele não recusou, eu o puxei gentilmente para mim e
coloquei minhas pernas em cada lado dele. Ele me entregou a lâmina de
barbear e eu me inclinei para mais perto dele, colocando a lâmina em sua
garganta. Ele ficou tenso. — Não se preocupe, Alessandro. Gosto muito de
sua garganta e de seu pulso para deixar que algo aconteça com você.

Um canto de seus lábios se ergueu.

— Isso é reconfortante, — ele murmurou, mal mexendo os lábios.


Ele não parecia preocupado, então comecei a depilá-lo.

— Gosto de sua barba por fazer, — murmurei enquanto passava a


lâmina de barbear em sua mandíbula. — Dá a você um ar de bad boy. —
Repeti o movimento, com os olhos concentrados na tarefa que tinha em mãos
e tomando cuidado para não cortá-lo.

— Não gosto de ver as marcas que minha barba por fazer deixa
em sua pele.

Meu movimento parou e meus olhos se arregalaram. — Ela deixa


uma marca?

— Sim, marcas vermelhas. Como se alguém tivesse machucado


você.

Continuei a barbeá-lo, com as sobrancelhas franzidas. — Você me


mordeu no ombro. Isso deixa uma marca, não sua barba por fazer.

— Eu mordi você para marcá-la, para que todos saibam que sou
eu que estou transando com você e para não a tocarem. Isso é diferente.

Meus lábios se contraíram. — Você não precisa me marcar. Não é

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como se eu fosse correr para outro homem.

— Se você fizer isso, ele é um homem morto.

Revirei os olhos, mas a verdade é que eu adorava sua


possessividade.

— Suas tatuagens significam alguma coisa? — perguntei,


mudando de assunto. Sua respiração parou por um segundo antes de retomar.
— Parece um leão e uma coroa. — Meus dedos desceram até a área de seu
umbigo. Uma tatuagem de uma caveira com asas de águia.

Eu queria lhe perguntar sobre as cicatrizes, mas não queria trazer


à tona nenhuma lembrança dolorosa. Por isso, me limitei à tinta e, se ele
quisesse me contar, o faria.

— É. — Não parei meu movimento, mas meu coração parou de


bater, esperando. — Um leão derruba os inimigos que usam a coroa. Ele é o
rei da selva, mas sempre vai adorar sua leoa.

Eu queria ser sua leoa, mas não conseguia admitir isso. Não para
ele.

— Você é o leão? — Eu perguntei em vez disso.

Ele deu de ombros.

— Quem usa a coroa? — Perguntei suavemente. Ele permaneceu


em silêncio, mas a tensão em seus músculos não me escapou. Meu primeiro
palpite seria que talvez ele tivesse algo contra a decisão de seu pai, mas eu
não podia ter certeza. — Você quer usar a coroa?

— Na verdade, não. — Eu acreditei nele.

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— E a caveira? — murmurei, traçando-a com meus dedos.

— Representa a morte.

— Você tem muitos inimigos?

— Apenas dois que importam.

Terminei de barbeá-lo e me endireitei, encontrando seu olhar


cauteloso em mim.

— Estou surpresa que qualquer inimigo seu continue respirando,


— disse eu casualmente, enquanto descartava a lâmina de barbear e pegava
uma toalha de mão para limpar qualquer resquício de creme de barbear.

Meus dedos desceram até suas costelas, que não tinham tatuagens,
apenas a pele lisa e bronzeada.

— Um dia, — ele murmurou, depois me beijou, mordiscando de


leve meu lábio inferior e me deixando sem fôlego. Ele se afastou e passou o
polegar em minha bochecha. — Eu gosto de você na minha casa.

Meu peito se aqueceu. Aproximei-me dele, sentindo seu tesão e


aquela dor familiar que se instalou entre minhas coxas. Inclinei-me para a
frente, meus lábios separando os dele e sua língua roçou na minha.

— Eu quero você de novo, — respirei enquanto um arrepio


percorria minha espinha.

— Insaciável, — disse ele, com a voz rouca.

Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele


empurrou dentro de mim tão profundamente que um suspiro saiu de minha
garganta.

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Dessa vez, ele me comeu em movimentos lentos e demorados, com
nossos lábios a centímetros de distância. Ele me penetrou profundamente,
com o punho em meu cabelo, mantendo-me no lugar. Isso fez com que a
sensação fosse mais íntima e crua. Exposta.

— Você é minha propriedade, porra, — ele sussurrou em meu


ouvido e meu peito explodiu. — Vou arruiná-la para qualquer outro homem.
— Meu corpo estremeceu com seus lábios pressionados contra meus
ouvidos, sua voz causando um arrepio na minha espinha. — Sua boceta está
estrangulando meu pau. Meu paraíso pessoal.

Foi o que bastou para que meu corpo se desmanchasse e o prazer


irrompesse em mim. Eu nunca conseguiria tirar este homem do meu sistema.
Não com suas palavras sujas soando em meus ouvidos. Não com o desejo
que eu sentia em meu íntimo.

Depois disso, ele me levou para a cama e conversamos sobre


planos. Dele. Meus. Nossos. Ele me encontraria em cada país, me levaria
para jantar. Iríamos visitar um templo. Ele disse: Tudo o que você quiser.

— Alessio?

— Hmmm.

— Acho que não devemos dizer nada a Branka, — sussurrei.


Ajoelhei-me entre suas pernas abertas e senti que ele estava tenso. Minhas
mãos se estenderam para cobrir suas bochechas. — Não é o que você está
pensando. — Quando suas sobrancelhas se ergueram, expliquei. — Não
quero que Branka pense que vai ter menos de você ou menos de mim.

Eu não tinha ideia se estava fazendo sentido. Mas ele acenou com

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a cabeça.

— Está bem. — Mas algo em seu olhar me disse que ele não estava
feliz com isso.

Ele saiu da cama enquanto eu permanecia em meu lugar, enrolada


no edredom e observando-o se vestir. Eu achava cada movimento dele sexy
e muito fascinante.

Quando ele pegou seu terno preto-carvão característico, eu o


detive. — Use jeans. — Sua mão congelou no ar e seus olhos de nuvens
tempestuosas se encontraram com os meus. Ele ergueu uma sobrancelha
como se esperasse uma explicação.

— Sua bunda fica bem com eles, — acrescentei, sorrindo e


olhando para a bunda dele.

Com seu passo vigoroso, ele foi até ao armário, pegou um par de
jeans e o vestiu.

— Está bom? — perguntou ele, com um toque de humor em sua


voz.

Eu sorri. — Muito melhor.

Ele balançou a cabeça, soltando um suspiro sardônico entre os


dentes. Talvez ele tenha me achado ridícula. Mas, como ele estava me
agradando, não poderia ser assim.

Em seguida, ele vestiu uma camiseta. Seguiu-se o relógio.

Nunca pensei que ver um homem colocar um relógio fosse sexy,


mas com Alessio Russo era. Suas mãos eram tão sensuais quanto o resto do

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corpo e eu não me cansava delas. Meus olhos se voltaram para seu rosto e o
vi me observando.

— O quê? — Eu lhe perguntei.

O sorriso devastadoramente lindo que se espalhou em seu rosto fez


com que algo quente e hesitante ganhasse vida em meu estômago e em meu
peito. Eu queria desesperadamente que ele me beijasse novamente. Ele era
como um ímã, como um vício, do qual eu não conseguia me cansar e não
tinha certeza de que isso seria um bom presságio para mim.

Ele deu cinco passos largos e voltou para perto da cama. Quando
se sentou, o colchão se inclinou e me rolou para ele, e seus braços me
envolveram.

— Envie-me sua programação agora, — ele exigiu. — Vou


reservar meu piloto imediatamente. Isso está longe de terminar.

Um sorriso estúpido se espalhou em meu rosto e a alegria de uma


colegial me invadiu.

Mais tarde, eu culparia minha ingenuidade e meus ideais


românticos. Mas, no momento, eu brilhava como o sol.

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CAPÍTULO 15

AUTUMN

Sentamos no McLaren de Alessio, estacionado a uma rua da casa


de meus pais. Eram quase dez da noite e eu me preocupava com a
possibilidade de meus pais ainda estarem acordados. Eu não me cansava
dele, então, como uma adolescente excitada, eu me acomodei em seus
quadris, com o volante às minhas costas.

— Mais um beijo, — implorei.

Ele soltou um suspiro áspero, observando-me com preguiça. Mas


ele me apaziguou, sua mão agarrou minha nuca e pressionou minha boca
contra a dele. — Você vai me arruinar.

Sorri contra seus lábios. — Idem, — murmurei, me esfregando


contra ele. A fricção entre nossos corpos estava tão intensa que tudo o que
precisávamos era de um fósforo para acendê-la. — Agora me beije.

Passei as mãos pelo seu peito, pelo pescoço e pelos cabelos

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grossos, enroscando meus dedos em seus cabelos. Minhas unhas raspavam
em seu couro cabeludo.

Agarrando meus quadris, ele me puxou para mais perto e sua


ereção dura foi pressionada contra minha entrada quente.

Nós dois gememos. Encontrei seus olhos, as piscinas estáveis de


metal. E então ele me beijou. Preguiçoso e lento. Deslizou a língua em minha
boca e puxou meu lábio inferior entre os dentes. Seu beijo foi tão profundo
e intenso que fez minha cabeça girar.

Sua mão em minha nuca se apertou e a onda nebulosa de luxúria


se acumulou em meu estômago. Eu gemi em sua boca. Ele terminou o beijo
cedo demais.

— Porra. — Sua voz era áspera, rouca, como se ele estivesse à


beira de perder o controle. Suas mãos se moviam por toda parte - descendo
pela minha coluna, subindo pelos meus quadris, sobre meus seios. — Nós
vamos acabar transando no carro se ficarmos aqui, — ele sussurrou,
mordiscando o lóbulo da minha orelha. — Eu acompanho você até lá.

Mordisquei o lábio inferior. Eu queria prolongar nosso tempo


juntos e, eventualmente, meus pais descobririam com quem eu estava saindo.
Mas eu tinha que falar com eles sobre a máfia da Córsega e essa suposta
conexão que tínhamos com eles.

Suspirei. Eu não estava pronta para isso. — Você não pode evitar
isso para sempre, — ele disse suavemente, enrolando minha mecha em seu
dedo.

Não me surpreendeu o fato de ele ter me lido tão bem.

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— Não precisa me acompanhar até à porta, — murmurei, roçando
meus lábios.

— Não vou deixar você andar sozinha no escuro, — resmungou


ele.

Afastando-me dele, puxei meu vestido para baixo. Ele me ajudou


a ajustar o vestido, com seu toque suave. Depois, abriu a porta e me ajudou
a sair do carro. Ele veio logo atrás de mim.

Pegando minha mão na sua, como se já tivéssemos feito isso


milhares de vezes, nossos dedos se entrelaçaram e descemos a rua em
silêncio.

Paramos a três metros da cerca branca dos meus pais.

— Você salvou meu número? — ele exigiu saber.

— Sim. — Levantei-me na ponta dos pés e aproximei minha boca


da dele. — É bom que você tenha o meu salvo também. Com pequenos
símbolos sensuais ao lado do meu nome.

Sua risada retumbou e me fez sorrir. — Símbolos sensuais ao lado


de seu nome. Devidamente registrado.

Mais um beijo.

Depois, entrei correndo com uma última olhada por cima do


ombro. Ele estava no mesmo lugar, com as mãos enfiadas nos bolsos, me
observando. Acenei com a mão.

— Autumn. — A voz de minha mãe me assustou e eu me virei


para encontrá-la me observando. — Para quem você está acenando?

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— Ninguém.

— Você e Branka se divertiram? — perguntou ela ao fechar a porta


atrás de nós.

A lembrança de nosso almoço malsucedido fez com que meu


sorriso caísse. — Mamãe?

— Sim, ma chérie.

— Estamos ligados à máfia da Córsega? — Minha mãe congelou


na hora. Ok, eu poderia ter feito um trabalho melhor na introdução.

— Onde você ouviu isso? — perguntou ela, com a voz baixa.

Eu não queria lhe dizer que descobri isso pelo pai de Alessio. Ela
ficaria chateada se soubesse que eu havia falado uma palavra com aquele
idiota.

— Então é verdade?

— Christian, — gritou ela, com um leve pânico na voz.

— Mamãe, são dez horas da noite, — eu a repreendi em um tom


abafado. — Papai provavelmente está dormindo.

— Não, aqui. Bem acordado, — ele apareceu na porta da cozinha.


— Há sobras do jantar, querida. Você está com fome?

Balancei a cabeça. Eu já havia jantado com Alessio, mas é claro


que não podia dizer isso. Fiquei de pé, para a frente e para trás, evitando
olhar para os olhos de papai. Ele sempre foi muito perspicaz e,
estupidamente, eu me preocupava que ele visse a verdade em meus olhos.
Que eu estava louca por Alessio Russo.

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— Sua filha perguntou sobre nossa ligação com a máfia da
Córsega! — disse Maman de forma incisiva.

O ar se acalmou e os dois trocaram um olhar. O silêncio se


estendeu, a tensão aumentou.

— Oh, meu Deus, é verdade, — ofeguei em voz baixa. — Como...


— passei as mãos pelos cabelos. — O que...

— Talvez seja melhor irmos nos sentar? — recomendou Maman.

Meu Deus, a situação estava tão ruim que tínhamos que nos sentar?
O rosto de papai era mais difícil de ler do que o de mamãe, mas nenhuma
das expressões deles acalmava os nervos dentro de mim.

Nós três fomos até à sala de estar. Fotos da minha infância feliz
nos olhavam de todos os cantos da sala. Nós três na praia. Nós três em uma
fazenda de jacarés. Visitando Paris, o lugar favorito de Maman no mundo.

Sentei-me em uma poltrona e cruzei as pernas, com a expectativa


aumentando.

— Eles se aproximaram de você? — Papai quebrou o silêncio.

— Quem? — Perguntei, confusa.

— Os Blanchets. — Balancei a cabeça.

— Eles estão vivos? — Meus olhos se moviam entre meus pais,


tentando entender o que estava por vir.

Maman respirou fundo e soltou um suspiro pesado. — Talvez


devêssemos começar do início, — recomendou ela.

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— Droga, eu não queria que nossa filha se preocupasse com uma
merda dessas, — resmungou o pai. Os dois estavam sentados juntos, como
sempre, papai segurando a mão demamãe. Seu olhar, tão parecido com o
meu, veio até mim. — Acho que vamos começar dizendo que sim, é verdade.
O pai da mamãe era chefe da máfia da Córsega.

— Ele ainda é, — ela apontou.

Meu pai revirou os olhos e teria sido cômico se o assunto não fosse
este. — Sim, ele ainda é. De qualquer forma, eles eram o meu caso. Para
prendê-los por causa da distribuição de drogas que estavam fazendo entre a
França e os Estados Unidos. — Esperei pacientemente. Maman sempre dizia
que eles se conheceram enquanto ela cantava em um bar. — Eu havia
monitorado a família Blanchet por semanas. Uma noite, vi uma garota
escalando o muro e pulando antes de desaparecer na noite. — Os olhos de
meu pai se voltaram para os de minha mãe e eles se suavizaram
instantaneamente. Era sempre assim com eles. — Eu a segui até um bar.
Acontece que sua mãe tinha um emprego, com um nome falso, tocando piano
e cantando em um bar. Nós nos apaixonamos, mas eu sabia que não seria
possível manter meu emprego e conseguir a mulher dos meus sonhos. Então,
larguei meu emprego, mas mantive todas as ferramentas que me ajudaram a
fazer isso.

— Hã?

— Querida, desenvolvi um software que me permitia acessar a


casa do presidente. Era uma ferramenta útil para manter sua mãe segura.

— Acho que estou impressionada, — murmurei.

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— Não seja assim, porque quando sua mãe e eu decidimos fugir,
trouxemos problemas à nossa porta. Não apenas do submundo, mas também
do serviço secreto.

Meus olhos se voltaram para as mãos deles. Eles sempre se


tocavam, davam-se as mãos, beijavam-se. Como se não se cansassem um do
outro. Mas agora, ao ver os nós dos dedos da minha mãe ficarem brancos
enquanto ela segurava a mão do meu pai, percebi que ele também era a força
dela.

— O que aconteceu? — Sussurrei, como se tivesse medo de que


alguém nos ouvisse.

— Saímos desse mundo, — disse papai. — Deixei meu emprego.


E fugimos. Seus avós não aceitaram isso de ânimo leve. Nem meus
superiores. Eles nos perseguiram. No início, nos saímos bem ao despistá-los.
Mudávamos toda semana de um lugar para o outro. Mas quando você foi
concebida, diminuímos o ritmo. — Mamãe e papai compartilharam um olhar
angustiado. — Fiquei muito convencido. Achei que tinha o controle sobre
eles. Monitorei criminosos e agentes especiais que vinham atrás de mim. Eu
me achava invencível, mas então os homens do seu avô nos alcançaram.

Um gemido suave saiu dos lábios de mamãe e meus olhos se


voltaram para ela. Quando nenhum dos dois disse nada, eu quase não queria
saber o que aconteceu depois.

— E depois? — perguntei hesitante.

Mamãe engoliu, abriu a boca e depois a fechou. Ela balançou a


cabeça. — Eu não posso.

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Meu pai acenou com a cabeça como se entendesse. — É a razão
de você ter nascido em agosto, em vez de novembro, querida.

Maman empalideceu visivelmente e seus lábios tremeram,


enquanto meus olhos se arregalaram entre meus pais.

Pisquei os olhos. — Não estou entendendo.

— Eles induziram o parto de sua mãe e depois a abriram. Para


colocar as mãos em você, Autumn. — A voz de meu pai soou em meus
ouvidos. Eu compreendi as palavras, mas não consegui processá-las.

— Mas por quê?

— Para garantir que eu atendesse às exigências deles, — explicou.


— Eles prenderam a mulher que eu amava e minha filha ainda não nascida.
Eu tinha informações sobre eles que poderiam acabar com toda a
organização. A primeira informação que enviei ao Procurador Geral foi o
que os levou ao limite. Foi o que os levou a abri-la para que nos fizessem
pagar.

Uma coisa era certa. Eu não quero conhecer meus avós. Nunca,
porra!

— Se eles tinham a Maman e eu, como você nos trouxe de volta?


— Eu gritei.

Papai passou a mão no cabelo salpicado de fios brancos. — Eu


arrisquei. — Então, vendo que eu não estava entendendo, ele continuou: —
Eu não tinha nada a perder. Sem sua mãe e você, não havia nada para mim
na vida. Então, eu os ameacei. Ou eles me devolviam vocês duas ou eu

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divulgaria todo o crime deles, detalhes e provas, na imprensa. Eles tinham
contatos com autoridades estaduais, mas não com o público. Se as pessoas
vissem os crimes que eles cometeram, haveria um tumulto.

— Isso não é uma chantagem ruim, — murmurei. — Inteligente.

Papai balançou a cabeça. — Na verdade, não, mas era tudo o que


eu tinha. Eles sabiam que se eu divulgasse tudo, isso afetaria sua mãe
também. Havia negócios ilegais em nome dela, então isso também a afetaria.

Meus olhos se voltaram para Maman. — Você também era uma


criminosa? — Eu engasguei com o choque.

— Ajudei meu pai uma ou duas vezes em alguns negócios, —


admitiu ela, com vergonha no rosto. — Eu estava na fila para assumir seu
império, e ele achava que eu deveria ser forte e implacável. Como um
homem.

Com a boca aberta, olhei para minha mãe. A mãe gentil que
adorava cantar e sempre se prontificava a ajudar qualquer pessoa. Eu não
conseguia ver a mulher letal e implacável que poderia liderar uma
organização criminosa.

Ela deve ter visto isso em meu rosto. — Eu gostaria que não fosse
assim, ma chérie, — ela murmurou suavemente. — Mas esse foi o mundo
em que nasci. Foi o que eu vi enquanto crescia. Aos quinze anos, eu poderia
matar um homem de nove maneiras diferentes e fazer com que parecesse um
acidente.

Tique. Taque. Tique. Taque.

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— Mas você não sabe nem cozinhar? — Eu disse sem nenhuma
razão aparente. Papai deu uma leve risada, mas deu um tapinha na mão de
mamãe, como se estivesse preocupado que minhas palavras a tivessem
incomodado.

— Agora, chérie, estou melhorando com os ovos, — protestou ela.


— E a torrada não está mais queimada quando você a pega. — Fiz um aceno
de cabeça. Isso era verdade, mas as pessoas não conseguiam sobreviver com
torradas. — Cozinhar não era algo considerado importante em meu mundo.
Pelo menos não para mim, na fila para assumir a organização do meu pai.

— O que fez você querer ir embora?

Os olhos de Maman se voltaram para meu pai e havia tanto amor


neles que me senti engasgada. Sempre achei que meu pai mataria por minha
mãe. Agora percebi que também era verdade o contrário. Maman mataria por
ele.

— Seu pai, — ela murmurou suavemente. — Em seus olhos, eu vi


o que minha vida poderia ser. Mais do que a violência que eu cresci vendo.
Mais do que um casamento arranjado.

Pisquei os olhos. — Um casamento arranjado?

Ela assentiu com a cabeça. — Sim. Meus pais formaram uma


aliança por meio de um casamento arranjado. O mesmo aconteceu com os
pais deles antes deles. É um estilo de vida. Os maridos têm muitos casos.
Alguns são mais violentos do que outros. Mamãe teve sorte. Meu pai não era
tão brutal com a esposa quanto os outros homens, mas ele tinha um olhar
errante.

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— A história sobre como vocês se conheceram era real? —
perguntei. Isso era uma sobrecarga de informações.

— Sim, nós nos conhecemos no pub em que eu tocava. Ninguém


me conhecia lá. Eu sempre gostei de tocar e cantar. Foi uma coisa que herdei
de minha mãe. O resto de mim foi moldada por meu pai. Mas no momento
em que vi seu pai, tudo se tornou um ruído de fundo. Foi como se a vida
tivesse recomeçado e ele me amasse apesar de todas as coisas feias que fiz.
Ele me mostrou como as coisas poderiam ser - para nós, para o nosso futuro.

— Jesus, eu não sei se é uma história de amor ou... — Meus dedos


mexeram no meu cabelo, muito parecido com o que meu pai fazia quando
estava estressado. — Ou talvez uma história de terror.

Maman sorriu suavemente. — É definitivamente a melhor história


de minha vida.

Meu peito se aqueceu ao ver o amor. Não é de se admirar que eles


não conseguissem manter as mãos longe um do outro. Eles passaram por
alguns obstáculos para ficarem juntos.

— Então, como você conseguiu trazer Maman e eu de volta, pai?


— perguntei a ele, voltando à história.

Mamãe e papai franziram a testa ao mesmo tempo e, pela primeira


vez, vi o medo cintilar em seus olhares.

Foi Maman quem respondeu. — Quero que você se lembre de que


nunca tivemos a intenção de deixar que eles ficassem com você. Jamais!

Suas palavras não faziam sentido, mas, mesmo assim, assenti com

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a cabeça.

— Fizemos um acordo, ma chérie, — disse Maman, com os dedos


agarrados ao pai. Ou ele estava segurando os dela? Eu não sabia mais dizer,
mas uma coisa era certa. Sozinhos, eles eram fracos, mas juntos, eram uma
rocha. Fortes.

— Que tipo de negócio?

— No seu aniversário de 18 anos, eles começariam a prepará-la


para assumir o controle da máfia da Córsega. Ou você a dominaria ou alguém
que eles designassem para você se casar.

Levantei-me de meu lugar como se alguém tivesse me queimado.

— O quê? — Eu gritei. — Eles não podem decidir com quem eu


vou me casar! — Então, percebi o significado completo. — No meu
aniversário de 18 anos? Mas isso foi há quatro anos. — Os dois acenaram
com a cabeça. Senti que algo estava faltando aqui. — Eles estão mortos?

— Não, — respondeu Maman. — Eles disseram que não estão


prontos.

— Eles não estão prontos, — repeti lentamente. Essa conversa


estava ficando mais estranha a cada segundo.

— Acho que talvez, depois de todos esses anos, meu pai tenha
percebido que é melhor deixar os sobrinhos governarem.

— Meus primos? — murmurei. Maman acenou com a cabeça. —


Acho que isso é bom. — Voltei a me sentar em minha poltrona. Não sabia o
que pensar de tudo isso. — E se eles mudarem de ideia e exigirem que eu...

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— Procurei palavras. — Não posso ser uma criminosa, — murmurei. — Eu
não saberia nem por onde começar.

A mamãe deu um pulo e veio até meu assento. Como quando eu


era uma garotinha, ela se sentou ao meu lado e me abraçou.

— Se eles vierem atrás de você, nós desapareceremos. Sabemos


como fazer isso. Eles não terão você. Eu amo a mulher que você se tornou.
A garotinha que sempre quis salvar o mundo está finalmente em movimento
e não deixarei que ninguém a impeça. Por favor, não me odeie, chérie.

Um nó se formou em minha garganta e meus olhos arderam.


Envolvi minhas mãos ao redor dela. — Eu nunca poderia odiar você ou o
papai.

Na verdade, eu os apreciava ainda mais.

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CAPÍTULO 16

ALESSIO

Tap.Tap.Tap.

Bati os dedos na minha mesa enquanto estudava as fotos que


Autumn postou em seu Instagram. Ela estava no Afeganistão.

Nos últimos dois meses, eu a segui por todo o mundo.

Kuala Lumpur. Sydney. Tóquio. Taiwan. Camboja. E agora o


Afeganistão.

Fotos do nascer do sol do topo das Torres Gêmeas Petronas.


Sydney Opera House. Sensō-ji em Tóquio. Comida de rua em Taiwan.
Angkor Wat, no Camboja. O contraste do deserto e das montanhas no
Afeganistão.

Eu ia a cada destino todo fim de semana. Para ver as duas. Minha


irmã e Autumn viviam sua melhor vida e aproveitavam cada minuto dela.
Eu, nem tanto. Eu havia envelhecido cerca de cinco anos nos últimos dois

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meses me preocupando com as duas.

Eu estava sentado em meu escritório em Abu Dhabi, contando as


horas para ver Autumn. Estava programado para ela e minha irmã chegarem
hoje à noite. Eu já havia programado o traslado delas e instruído meu
motorista a levar Autumn ao meu quarto. Conhecendo Branka, ela estaria
cansada demais para me ver ou falar comigo até amanhã.

Meu celular emitiu um bipe, sinalizando uma mensagem de texto,


e eu o abri.

— Droga, — resmunguei. A mensagem era de papai. Que diabos


ele estava fazendo aqui?

Não deveria haver motivo para ele estar neste lugar. Eu tinha
negócios aqui, ele não. Ele mal mantinha seus contatos em Montreal.

Ignorando sua mensagem, voltei ao trabalho. Que se dane se eu ia


vê-lo hoje à noite. Eu estava contando as horas até à noite.

Eu iria ver minha garota.

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CAPÍTULO 17

AUTUMN

Os últimos dois meses foram de felicidade.

Era hora de admitir, eu estava apaixonada por Alessandro Russo.


Forte e rápido. Não havia como voltar atrás.

Fiel à sua palavra, Alessio me encontrava quase toda semana.

Lençóis desgrenhados. Mãos na pele. Suor brilhante.

Um arrepio percorreu minha espinha. Só de pensar nele, um desejo


ardente me percorria as veias. Fazia apenas duas semanas que eu não o via e
parecia dois anos. Eu ansiava por seu toque todas as noites e por seu sorriso
todas as manhãs.

Todos os países que eu tinha visto até agora eram incríveis.


Mágicos e lindos. Porque Alessandro Russo veio. Mesmo quando ele só
podia passar vinte e quatro horas comigo, ele fazia uma longa viagem para
vir me ver. Éramos apenas nós.

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Eu estava ocupada com o trabalho, mas, nos fins de semana, ele
dava um jeito de ir até onde quer que estivéssemos e passava o tempo comigo
e com a irmã. Mas as noites eram só para mim.

Não havia nada que eu gostasse mais do que ver Alessio se despir
enquanto eu me sentava na beirada da cama. Ele tirava o relógio caro e
elegante e o colocava na cômoda do hotel. Em seguida, as abotoaduras
saíam. Depois, a gravata, e eu prendia a respiração enquanto ele soltava o
nó. Seus dedos fortes começavam a mexer nos botões da camisa e,
geralmente, era aí que eu cedia e o alcançava.

Meus movimentos não eram tão graciosos quanto os dele. Eu me


atrapalhava com os botões, ansiosa para ver seu abdômen. Encostava minha
boca em seu peito, passando os lábios sobre sua pele. Quando eu sentia suas
cicatrizes, ele não se enrijecia mais. Eu passava mais tempo nelas, beijando-
as, lambendo-as.

Eu o amava tanto que chegava a doer. Mas era um tipo bom de


dor. Então deixei que doesse. Eu podia sentir suas mãos em mim mesma
agora. Seus dedos se enroscavam em meus cabelos enquanto eu beijava cada
centímetro de sua pele. Eu ia descendo cada vez mais, até tomá-lo em minha
boca.

E ver Alessandro se desfazer para mim se tornou meu mais novo


vício.

Junto com os momentos roubados que compartilhamos em todo o


mundo.

Nós dois embaixo de uma cerejeira em Tóquio. Nós dois na

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Sydney Opera House. Nós dois em Batu Caves e depois comendo no Central
Market em Kuala Lumpur em um ambiente ao ar livre.

As mulheres o olhavam em todos os lugares que íamos. Mas seus


olhos nunca se desviaram e permaneceram em mim. Se eu achava que
Alessio ficava bem de terno ou jeans, não se comparava ao modo como ele
ficava de bermuda preta e camiseta polo branca. Isso realçava sua estrutura
alta e musculosa, dava dicas de suas vibrações de bad boy e das tatuagens
escondidas sob aquela polo branca.

Independentemente do que usasse, ele sempre finalizava o visual


com óculos de aviador preto.

Olhei em volta para me certificar de que Branka não havia mudado


de ideia e decidido me seguir. Ela tendia a desaparecer durante nosso tempo
livre. Provavelmente estava fazendo o papel de casamenteira para todos que
conhecíamos, mas funcionava perfeitamente. Isso me deu mais tempo com
o irmão dela. O restante do nosso grupo de trabalho ficou em outro hotel.
Tivemos o luxo de ficar aqui apenas graças a Alessio.

Uma pontada de culpa percorreu minhas veias. Meus pais ainda


não sabiam. Nem Branka. Eu deveria contar à minha melhor amiga que
estava dormindo com o irmão dela. Ou namorando. Isso era definitivamente
um namoro. Meus lábios se curvaram em um sorriso suave. Quem diria que
Alessio era do tipo namorador?

Passei correndo pelo saguão do Shangri-La Hotel em Abu Dhabi,


que estava cheio de vida. E tantas nacionalidades diferentes. Era como uma
meca para pessoas de várias nacionalidades se misturarem. Algumas

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mulheres cobriam seus cabelos com hijab, outras os deixavam soltos. Alguns
homens usavam os tradicionais kandura e ghutra longos, enquanto outros
usavam ternos.

Entrei no elevador, com a empolgação aumentando a cada andar.


Bing. Em algum lugar no canto mais distante da minha mente, percebi que
havia música tocando. Uma música suave do elevador. Bing. Meus lábios se
curvaram em um leve sorriso.

A última vez que uma música suave tocou, Alessio e eu dançamos


nas ruas de Kyoto, no Japão. Mamãe sempre pregou que Paris era a cidade
do amor. Para mim, era Kyoto. Em algum lugar ao longe, uma música triste
tradicional tocava em tons suaves, mas eu nunca havia sido tão feliz quanto
naquele momento. A paisagem montanhosa que cercava a cidade revestia as
ruas de paralelepípedos com vermelhos, amarelos e laranjas outonais.
Caminhamos pelas ruas tranquilas, com uma leve garoa cobrindo nossos
cabelos.

Alessio era tão alto que sua cabeça roçava em alguns dos tetos. A
chuva caía e a rua estava vazia, mas as músicas tocavam em perfeita
harmonia com a chuva. Antes que eu percebesse, minhas mãos envolveram
a cintura de Alessio e eu o fiz dançar. 'Para minha foto do Instagram,' eu
disse a ele enquanto tirava uma foto de nossos pés contra o chão molhado,
folhas de outono e pétalas de cerejeira.

Bing.

Era para mim. Para nós. Ele me apaziguou, nossos corpos


balançando lentamente. Dançamos enquanto as gotas de chuva rolavam por

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seu rosto e meu coração tremia de felicidade.

Bing. Eu estava no andar de Alessio.

Saí correndo do elevador, ansiosa. Meu coração flutuava em uma


nuvem enquanto um sorriso feliz dançava em meu rosto. Minha sobrancelha
se franziu, normalmente Alessio esperava por mim na frente do elevador.

Porque não posso perder um segundo a mais para ver você, disse
ele.

Não importa. Corri pelo corredor. Só havia um quarto aqui em


cima. A suíte presidencial.

Mas, a cada passo que eu dava, o medo no fundo do meu estômago


aumentava. Ignorando-o, dei mais um passo. E mais um.

A porta do hotel entreaberta.

Prendi a respiração. E se alguém tivesse vindo atrás de Alessio?


Ele me avisou sobre seus inimigos. Seu pai. Seus amigos.

Nada disso me dissuadiu.

Outro passo suave e eu abri a porta.

Pisquei os olhos uma vez. Duas vezes. Três vezes.

Bastou uma fração de uma única respiração para que meu coração
se despedaçasse em um milhão de pedaços. Para que o sangramento
começasse. Meu estômago se revirou. Uma faca invisível cravou seus
punhais em meu peito e se recusou a soltar. Eu iria me esvair em sangue.
Atordoada, meus olhos baixaram para o chão, quase esperando ver pedaços
do meu coração ao meu redor. Não havia nada.

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No entanto, a dor era diferente de tudo o que eu já havia
experimentado. Ela arranhou meu peito, me abriu e me deixou sangrando.
Um grito borbulhou em minha garganta, mas não consegui ter forças para
fazê-lo.

Seus olhos ficam castanhos quando você está triste, disse Alessio
uma vez, as palavras estúpidas ecoando em minha mente enquanto as
lágrimas quentes picavam e queimavam.

Fiquei congelada enquanto observava Alessio, esparramado no


chão, e uma mulher entre suas pernas, balançando a cabeça para cima e para
baixo. O cabelo preto como carvão caía por suas costas. Alessio não o
agarrou como fazia quando me ajoelhava diante dele.

A bile subiu em minha garganta. Eu era estúpida. Apenas mais um


corpo macio para ele, enquanto ele era tudo para mim. Com quantas
mulheres ele já havia transado desde que começamos a namorar? Desta vez,
eu ri da ideia. Nós não estávamos namorando. Eu era apenas uma mulher
estúpida.

Preste atenção às advertências de seus pais. Minha mãe disse que


não queria fazer parte desse mundo. Os homens desse mundo mentiam,
enganavam e matavam. Seu pai havia feito isso com sua mãe, Maman queria
algo melhor. Eu também queria.

Mas Alessio parecia tão certo. Como uma extensão de mim.


Quando ele me tocava, meu corpo se derretia. Quando ele estava perto de
mim, eu me sentia completa. Mas acho que a piada estava em mim.

Eu não conseguia mais assistir. Eu não podia estar aqui.

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A luz em minha alma se apagou. A dor em meu coração tornava
difícil pensar. Para sentir qualquer outra coisa. Mas eu sabia que tinha que
sair daqui.

Girei sobre meus calcanhares e voltei para o elevador. Não


conseguiria ficar ali observando aquele homem nem por mais um segundo.

Eu não queria ver Alessio Russo novamente.

Foi só quando voltei ao meu quarto que meu corpo entrou em


colapso.

Soluços sacudiram meu corpo enquanto eu deslizava pela porta do


hotel e afundava no chão. A enxurrada de lágrimas e meu peito se apertou
tanto que ficou difícil respirar.

A imagem do rosto de Alessio enquanto aquela mulher lhe dava


prazer me atormentava. Boca aberta. Olhos fechados. Ele parecia tão
relaxado, enquanto a dor me atormentava ao ver a boca de outra mulher no
homem que amo. Parecia que alguém estava arrancando pedaços do meu
coração e triturando minha alma com um moedor.

Apertei os olhos, tentando apagar a imagem do rosto de Alessio


deitado no chão.

Esta agonia rasgou minhas entranhas. Meu coração havia se


fragmentado em mil pedaços afiados, cortando-me por dentro. Doía tanto

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que eu esperava que o sangue manchasse minha pele a qualquer momento.

Coloquei os joelhos junto ao peito e enterrei a cabeça nos joelhos.

Só de pensar nele, apenas alguns andares acima, senti um arrepio


na espinha.

Estúpida, estúpida, estúpida. Eu sou estúpida, minha mente


cantava. Sou tão estúpida.

Eu sabia que a diferença de idade entre nós acabaria por levar a


um fim, mas eu estava muito envolvida com a emoção de me apaixonar. Pela
primeira vez.

Desde o dia em que ele entrou no meu quarto rosa e cheio de


babados, eu o esperava. Ninguém jamais havia feito meu corpo vibrar com
sua simples presença. Bastou um único olhar dele para despertar algo
adormecido dentro de mim e eu era dele.

Para sempre dele.

Com soluços ofegantes, tentei puxar oxigênio para os pulmões.


Não consegui.

Eu estava com tanto medo que me engasgaria com meus próprios


soluços. Meu corpo tremia. Minhas costelas doíam. E minha garganta se
apertou tão dolorosamente que eu não conseguia respirar.

Uma batida.

Engoli instantaneamente meus soluços. E se fosse Alessio? Será


que ele me viu?

Outra batida.

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— Autumn? — Ouvi a voz de Branka. Outra batida veio em
seguida. — Abra a porta, Autumn. Estou ouvindo você.

Eu não queria me mexer. Não conseguia explicar a ela o que tinha


visto. Esta dor estava me engolindo por inteiro. Eu tinha que ficar sozinha.

A porta tremeu e eu me afastei dela para que Branka pudesse


entrar. Cada fibra de mim estava doendo. Meus músculos. Meus órgãos.
Tudo.

Mas, acima de tudo, meu coração e eu não sabíamos nada sobre


como consertá-lo.

— Oh, meu Deus. — Os braços de Branka me envolveram,


fazendo círculos suaves em minhas costas. — O que aconteceu? Pensei que
você tinha ido ver seu estranho misterioso.

Encostei a cabeça em seu peito e tive outra onda de soluços


sufocantes. Eu não conseguia respirar. Eu precisava dele. Meu coração
estúpido o queria, mesmo depois do que eu tinha acabado de ver.

Não havia cola suficiente neste mundo para recompor meu


coração. Mas Alessandro Russo que se preparasse se achava que eu sairia de
Abu Dhabi sem lhe causar algum dano.

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CAPÍTULO 18

ALESSIO

Acordei com um gosto familiar em minha boca.

Do tipo que eu não tinha tido que suportar por quase duas décadas.

Pânico. Vergonha. Nojo.

Pisquei, a dormência em meus membros e o apagão em minha


memória confirmaram minha suspeita de que eu havia sido drogado.

Quando eu colocasse minhas mãos em quem ousou fazer isso, eu


o mataria. Eu lhes arrancaria membro por membro.

Não poderia ser meu pai. Ele não se atreveria. Além disso, eu não
o tinha visto.

Esperei até que minha visão clareasse para olhar o relógio.

Dezenove horas. Hora militar10.

10
Termo americano usado para descrever um método de cronometragem conhecido como relógio de 24

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Eram sete da noite.

Autumn. Ela já deveria estar aqui. Inspirei profundamente. Não


havia nenhum cheiro dela. Normalmente, seu perfume de outono permanecia
no ar muito depois de ela ter ido embora. Ele permanecia em minha pele, em
minhas roupas e em meu cabelo.

Nada. Apenas um Chanel No. 5 pesado que eu desprezava.

O pressentimento se abateu sobre mim. Junto com o terror


absoluto.

Levantei-me, com a bile queimando minha garganta como ácido.


Rolei bem na hora de vomitar tudo o que estava no meu estômago,
vomitando uma fina corrente de vômito. Exatamente como antes.

Fiz uma pausa, deixando a sala se acomodar ao meu redor. Os


pelos de minha nuca se arrepiaram em sinal de alerta. Dei dois passos em
direção ao quarto da suíte do hotel. Ela não estava lá. No banheiro. Não
estava lá.

Ignorando os pontos negros em minha visão, desci correndo as


escadas até ao andar de Branka e Autumn. Durante toda a descida de
elevador, o pânico cego percorreu minhas veias como veneno. Todos os tipos
de cenários surgiram em minha mente.

Eles pegaram minha mulher? Eles pegaram minha irmã?

Bati na porta do hotel. — Autumn! — Nada. A porta de Branka


estava bem ao lado. — Branka!

horas.

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Ainda nada.

Bati novamente. — Abra a porra da porta!

Porque a alternativa era inimaginável.

A porta de Branka se abriu. Meus olhos percorreram a pequena


estrutura de minha irmã. Ela me encarou com desconfiança, mas estava ilesa.
Fiquei aliviado. Ela estava a salvo.

— O que está fazendo, Alessio? — Branka sibilou. — Nós


deveríamos almoçar, não jantar, porra! Você me deixou na mão. Sua própria
irmã.

A névoa em meu cérebro tinha que desaparecer. Almoço com


Branka. Isso era amanhã. Hoje era para ser minha noite com Autumn.

— Nosso almoço é amanhã. — Minha voz saiu mais calma do que


eu sentia.

Enquanto os olhos de minha irmã percorriam meu estado, eu podia


sentir tudo. Minha gravata estava torta. Meu cabelo estava uma bagunça. Não
tinha paletó. Minha camisa estava metade para fora da calça.

A expressão de preocupação no rosto de minha irmãzinha não era


um bom presságio. — Não, Alessio. Era hoje.

Minha mandíbula se contraiu. — Onde está sua amiga?

Branka deu uma olhada na porta ao lado de seu próprio quarto. —


Ela fez o check-out hoje. Foi ficar com a nossa equipe.

— Onde?

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As delicadas sobrancelhas de Branka se franziram. — Isso
realmente não importa, — disse ela. — Ela aceitou um trabalho extra e voou
hoje.

Meu estômago ficou apertado. Que diabos aconteceu ontem?

Deixei a quietude tomar conta de mim. Não seria nada bom para
Branka se eu perdesse a cabeça. — Você quer jantar comigo? — Ofereci,
esperando que ela dissesse não.

Os jantares em Abu Dhabi eram mais tarde devido ao calor


extremo. Ainda tínhamos mais duas horas antes de começarem a servir o
jantar.

— Claro.

— Restaurante no andar de baixo, — eu disse. — Em duas horas.

Eu me virei para ir embora quando a mão de Branka se fechou em


meu pulso. Ou metade dele. — Alessio, o que aconteceu? — Minha irmã me
observou com uma expressão preocupada. — Eu nunca o vi assim.

Porque ela ainda era um bebê na última vez que alguém me


drogou.

— Vejo você lá embaixo, — eu disse.

Assim que voltei ao meu quarto de hotel, liguei para o número do


celular de Autumn.

Sem resposta.

Eu tinha que ouvir sua voz. Assim, eu saberia que ela estava
segura. Saberia que ela estava bem. O desespero para ouvir sua voz se

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instalou pesadamente em meu peito. Quase como se alguém estivesse
sentado em meu peito com a intenção de acabar com meus pulmões.

Liguei para ela novamente. E mais uma vez. E outra vez. E mais
uma.

— O que você quer, Alessio? — Congelei com o som de sua voz.


Estava diferente de antes. Sua voz vacilou ao ouvir meu nome.

— Você está bem? — Ela era minha rocha. Eu estava obcecado


por Autumn Corbin há quatro anos e o medo se apertava em meu peito com
a ideia de perdê-la agora.

Sua risada sem humor foi uma punhalada em meu coração, mas
ela não respondeu.

— Preciso ver você, — disse eu, com desespero em minha voz.


Uma sensação estranha ardeu em meu peito e atrás dos olhos.

— E eu não preciso ver você. — Suas palavras me perfuraram


diretamente no peito. Uma faca no coração doeria menos.

Meu coração se despedaçou ao meu redor e, desta vez, não haveria


Autumn para consertar os pedaços.

— Por favor, Autumn. — Minha voz estava distorcida com a


crueza de minhas emoções.

— Depois do que aconteceu, nunca mais quero vê-lo, Alessio. —


Meu coração se partiu com suas palavras. A faca em meu peito se retorcia
cada vez mais. Pensei que um pequeno soluço tivesse soado na linha, mas
devo ter ouvido mal, pois suas palavras seguintes foram calmas. — Não me

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ligue. Não me mande mensagens. Não me siga nas redes sociais.

A linha caiu junto com meu coração.

Eu estava sozinho até ela. Agora eu ficaria sozinho pelo resto de


minha vida.

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CAPÍTULO 19

ALESSIO

Eu fiquei olhando para a mensagem.

Três meses de nada e agora isso. Ela queria me ver.

Podemos nos encontrar, por favor? É importante. Estou na


Europa por uma semana. Apenas me diga onde.

Três meses de porra nenhuma. Silêncio total. Então ela me manda


esta mensagem.

E, como um cachorrinho apaixonado, eu estava pronto para correr


até ela. Fiquei arrasado por não ter respondido. Eu estava olhando para a
mensagem há duas horas.

Patético.

Dei uma olhada em meu calendário. Eu tinha alguns negócios,

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mais como uma caçada, em Londres em dois dias. Eu poderia me enganar e
pensar que não a veria, mas se ela me pedisse para ir a uma maldita zona de
guerra hoje, eu largaria tudo e correria.

Enviei uma resposta com o endereço da minha casa em Londres.

Saindo de meu escritório em casa, fui em busca de uma bebida. Eu


precisava de uma bebida forte. Meus passos ecoaram no piso de mármore
preto que refletia minha alma e meu humor. Eu odiava meu quarto. Ainda
havia algumas coisas na mesinha de cabeceira da última vez que ela passou
a noite em minha cobertura - um laço de cabelo, seu anel e um perfume de
viagem.

— Talvez ela queira aquela merda de garota de volta, — murmurei


para o copo vazio. Eu não tinha a menor ideia quando servi a bebida.
Observei o líquido amarronzado se agitar no gelo. Lembrava-me de seus
olhos quando ela estava triste ou assustada. Aquela maldita cor. Eu teria que
mudar para outro veneno. Talvez alguma bebida rosa feminina.

Engoli a bebida, com o líquido amargo em minha garganta. Ou


talvez fosse apenas eu. A amargura e a dormência me engoliram por inteiro.

Era irônico o que alguns meses podiam fazer com um homem. Ela
trouxe uma luz para minha vida e depois a apagou, levando meu coração e
minha alma com ela.

— Uma pequena ladra, — resmunguei. Ela não poderia tê-lo


deixado naquela maldita conta de cinco milhões de dólares que deixou para
trás. Ela tinha que levar meu coração também. A pequena Autumn Corbin
me deixou uma surpresa quando fiz o check-out no hotel em Abu Dhabi.

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Aparentemente, ela convenceu os funcionários de que eu insistia em pagar a
conta de todo mundo.

Como agradecimento, porque a equipe foi tão complacente com


suas necessidades, a recepcionista sorriu, mas um lampejo de preocupação
residia em seus olhos. Eu poderia ter sacaneado todos eles, mas estava muito
cansado. Então paguei a conta.

Cinco milhões de dólares para filhos da puta que eu nunca tinha


visto.

Mesmo assim, eu não conseguia ficar bravo com Autumn.

A porta do meu quarto se abriu silenciosamente e eu me afundei


na mesma cadeira que usei para vê-la dormir em nossa primeira noite juntos.
O quarto estava escuro, seu perfume suave ainda pairava no ar. Ou talvez
fosse apenas minha imaginação me pregando peças.

Inclinei a cabeça para trás e fechei os olhos.

Eu poderia forçá-la a se casar comigo. Eu tinha esse contrato com


seus avós. Eu poderia aplicá-lo e ela seria minha. Por que eu não o tinha
usado? A única resposta que consegui encontrar foi que eu havia me
transformado em um perdedor patético e melancólico que queria fazer o
certo por ela.

Eu queria que ela me escolhesse. Que merda!

Minha memória ainda estava ruim desde aquela noite de três meses
atrás. O que quer que fosse, tinha de ser ruim, a julgar pela reação de
Autumn. Eu estava cavando e cavando para encontrar a informação sobre

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quem havia colocado aquela droga na minha bebida.

Finalmente, eu tinha um nome. Dois nomes. E ambos estavam em


Londres.

Isso é carma.

Dois dias depois, eu estava em um porão em Londres, examinando


o desgraçado e sua mulher. Ambos estavam amarrados com algemas, com os
braços abertos em uma posição em V. Eu me senti um pouco criativo, então
preguei pregos em suas palmas.

Meus ouvidos não me agradeceram, porque eles gritaram como se


fossem cadelinhas. Eu ainda podia ouvir o zumbido em meus ouvidos. Ainda
bem que o porão da minha casa em Londres, no coração de Chelsea Barracks,
no centro da cidade, era à prova de som.

Meus olhos se voltaram para seus pés, que estavam manchados de


sangue. Eu me senti generoso e os deixei pendurados, só para que eles
pudessem sentir aquele prego esticando aquele buraco em suas palmas.
Embora eu tenha quebrado suas rótulas antes.

Afinal de contas, eu não poderia ser muito generoso.

— Deveria ter feito uma dieta, — disse aos dois, e depois estalei a
língua.

Eu estava ainda mais agitado, contando as horas até à chegada de

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Autumn. Mais quatro horas.

Meus olhos percorreram seus corpos, manchados de hematomas


pretos e azuis. Eu nunca gostei de torturar uma mulher. Na verdade, nunca
havia torturado uma antes. Mas havia uma primeira vez para tudo.

Ela me custou tudo.

— Ok, vamos tentar de novo, — comecei, calçando um par de


luvas e depois me dirigindo à mesa com as ferramentas. Facas. Chaves de
fenda. Soqueiras de latão. Pistola de pregos.

O que você quiser, eu tinha.

Ricardo estava comigo, com os braços cruzados sobre o peito e


uma expressão de tédio no rosto. Ele queria começar a sessão de tortura horas
atrás. Eu queria que eles pensassem um pouco sobre isso. A tortura
psicológica era muito pior quando deixada para apodrecer na mente de
alguém.

— Eu escolheria uma pistola de pregos, — murmurou Ricardo. —


Daria a ele um piercing. Ou dois.

Eu sorri. Ricardo podia ser sádico quando queria.

— Vamos usá-la para cada resposta errada, — eu disse a ele. —


Quero fazer você feliz. Sei que está ansioso para usar essa pistola de pregos.

— Cara, você é o melhor chefe. — Ricardo pegou a pistola de


pregos e se certificou de que ela continha pregos, enquanto eu escolhi uma
faca. Era mais fácil cortar uma pessoa com uma faca do que com uma pistola
de pregos.

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Encarei o filho da puta espancado e sorri.

— Vamos começar, sim? — Não esperei que ele respondesse e


pressionei a ponta da faca em seu pescoço. — Seu nome e quem o enviou?

— Vá se foder, — ele cuspiu.

Dei uma olhada para Ricardo. — Quer usar a pistola de pregos e


depois eu o corto? — Fingi uma expressão pensativa. — Ou você pode enfiar
a pistola de pregos na cadela e ele pode assistir?

Ricardo deu de ombros. — Ou você a abre e ele fica olhando? Se


ele não responder, então eu a remendo com uma pistola de pregos.

Ricardo e eu sorrimos cruelmente. Esta era a merda que acontecia


quando as pessoas cruzavam com você.

— Um bom plano. — Pressionei a ponta da faca em seu esterno,


meus olhos nela enquanto ela tremia de medo. Ela continuava olhando para
o homem, esperando que ele a salvasse.

— Eu lhe dei permissão para me tocar em Abu Dhabi? —


Perguntei com calma. Mas tudo era um disfarce. Por dentro, a fúria ardia e
algo escuro se enraizava em meu peito. — Diga-me o que aconteceu e quem
está por trás disso?

Seus olhos se arregalaram, mas ela continuou balançando a


cabeça. Ela não estava assustada o suficiente. De mim, pelo menos. Então,
pressionei a lâmina com mais força contra sua pele e arrastei a faca pelo seu
tronco. Ela gritou enquanto o sangue jorrava e escorria por seu corpo.

E não senti nada. Nada, porra.

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Eu estava prestes a enfiar a lâmina em sua barriga, mas o homem
dela gritou a resposta. — Foi seu pai, — ele gritou. — Ele queria que minha
esposa transasse com você. Ele pagou um milhão adiantado e um milhão
quando o trabalho foi feito. Ele queria que a garota fosse embora.

Algo gelado se enraizou em meus pulmões. Todos neste porão


sabiam quem era a garota. Aquele maldito não podia deixar uma coisa boa
florescer. Ele era destrutivo por natureza. Tudo o que ele tocava se
transformava em cinzas.

— Até onde ela foi? — Perguntei com a raiva apertada em meu


peito. Quando os dois ficaram em silêncio, eu gritei. — Até onde ela foi?

— Até ao fim.

Três pequenas palavras.

Foram apenas essas três palavras que transformaram a bile da


minha garganta em ácido e eu vomitei em cima dela. O simples fato de ela
estar com as mãos em mim me fez vomitar.

Ricardo apontou a pistola de pregos para o peito dela e puxou o


gatilho. Mas o tempo todo meus ouvidos zumbiam e eu imaginava Autumn
vendo tudo.

— Qual é o seu nome? — perguntei ao homem.

— E-Ernest Sizzling. — Seus olhos se voltaram para a mulher. —


René.

A raiva primordial atravessou meu peito. A ideia de que Autumn


viu tudo. A ideia de que eles poderiam ter machucado Autumn.

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— Ela viu? — Perguntei, com a voz fraca para meus próprios
ouvidos.

— Sim.

— A culpa não é da minha esposa, — seu marido tentou se


defender. — Se ela não tivesse feito isso, eu teria que fazer isso com a garota.
Se recusássemos, ele teria outros. Eles seriam piores.

Foi quando eu perdi o controle. A raiva explodiu, cegando-me. Só


de pensar nele tocando Autumn, apagando aquela luz que sempre brilhava
em seus olhos.

A mulher que adorava dançar na chuva. A mulher que beijou


minhas cicatrizes. A mulher que começou a me curar.

Enfiei a lâmina afiada na barriga da mulher e depois atirei nele. Eu


alternava o corte da lâmina nele e depois nela. De alguma forma, a pistola de
pregos estava em minha mão e eu alternava entre esfaqueá-los e disparar a
pistola de pregos. Perfurei o peito dele e depois o dela e os vi engasgarem
com o próprio sangue.

Um uivo agonizante dividiu o ar.

Dela. Dele.

Eu não tinha a menor ideia, mas quando parei, meu peito estava
pesado e suas gargantas estavam cortadas, suas cabeças pendiam
frouxamente para o lado e eu estava coberto de sangue.

Fiquei olhando para o massacre que havia cometido.

— Você não me deu a vez. — A voz calma de Ricardo fez com

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que eu me virasse para encará-lo. Não havia pena em sua voz. Apenas uma
leve curiosidade.

— Ela é a primeira mulher que matei, — murmurei. Eu encontraria


a primeira mulher que amei em poucas horas.

Um estranho tipo de calma tomou conta de mim. O contraste com


a loucura e a raiva que experimentei minutos atrás foi chocante.

Ele nunca me deixaria ficar com ela. Se eu lhe explicasse,


presumindo que ela acreditaria em mim, e a mantivesse comigo, poderíamos
fugir. Mas meu pai iria nos perseguir. Ele nunca desistiria, até que um de nós
estivesse morto.

Eu morreria por ela. Levaria um tiro por ela. Mas não conseguiria
lidar com o fato de Autumn estar em perigo. Isso era algo pelo qual eu nunca
poderia me perdoar.

Observei as tripas penduradas nas duas pessoas que acabei de


matar e percebi.

Eu simplesmente sabia.

Não havia a menor chance de eu conseguir manter Autumn


comigo. Mesmo sabendo que ela era minha única chance de ser feliz.

Eu tinha que deixá-la ir.

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CAPÍTULO 20
AUTUMN

Olhei para o meu reflexo no espelho.

Eu usava um vestido de suéter que escondia minha pequena


barriga. A pequena vida que criamos em algum lugar da Ásia, talvez em
Kyoto. Eu gostaria disso. Era onde eu me sentia mais feliz quando dançava
com ele sob o céu chuvoso, nós dois rindo.

Alessio havia me surpreendido. Confundiu minha mente. Fez com


que eu perdesse todos os meus sentidos. Saí do Canadá sem tomar a injeção
Depo. E sem pílulas. Jesus Cristo. Tive meses de sexo com Alessio sem
pensar em proteção.

Isso era o que acontecia quando você perdia a cabeça. No entanto,


não conseguia me arrepender.

Mesmo depois de todas essas semanas, meses, meu corpo tremia


toda vez que eu pensava nele. O vazio desde que saí de casa permanecia em

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meu peito e em minha pele. Eu sentia tanta falta dele que cada batida do
coração doía. Meu coração doía por algo que poderíamos ter tido, mas que
agora nunca teremos.

Havia tantos dias e noites que eu queria ligar para ele. Esse amor
por ele ficou grande demais para o meu peito, pronto para explodir. Para
implorar que ele me amasse. Eu queria ser suficiente para ele, assim como
ele era para mim.

Felizmente, meu orgulho se manteve firme. Eu era melhor do que


isso. Eu sobreviveria a isso. Um dia, as lembranças não causariam mais dor.
Um dia.

Meus olhos castanhos me encaravam. Eu odiava essa cor. Odiava


o fato de ela trair o que eu sentia. Eu queria esconder minha dor do mundo.
Especialmente de Alessio. Ele preencheu minhas lacunas tão perfeitamente,
apenas para usar uma marreta e causar danos irreparáveis.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu a limpei com um


suspiro frustrado.

As lágrimas não ajudavam. Só me fariam parecer mais patética.


Minha mão passou pela parte inferior da barriga e meu peito se agitou. Um
bebê. Nosso bebê.

Meus olhos percorreram meu corpo. Era o mesmo, mas depois não
era mais. Alessio perceberia isso? Meu estômago se revirou em um nó. Meu
peito se apertou. Meu Deus, eu ainda nem o tinha visto e já estava
desmoronando.

Talvez eu deva mudar?

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Passei por cinco roupas. Comecei com jeans, mas eles acentuavam
minha barriga de grávida. Eu estava com três meses de gestação. Era peculiar
como um pequeno sinal de mais rosa podia mudar tanto.

Eu chorei. Depois chorei mais um pouco. Nunca havia chorado


tanto em minha vida.

Meu peito não parava de doer. A felicidade se transformou em


amargura. E então chorei novamente.

Mas eu sabia que não poderia manter esse segredo de Alessio. Ele
merecia saber. Ele deveria saber. Antes que eu pudesse trocar minhas roupas
estúpidas novamente, saí do quarto de hotel com a determinação que não
sentia.

Cada passo que eu dava em direção ao seu endereço parecia mais


pesado do que o anterior.

Eu tinha medo de vê-lo. A dor ainda era crua. Fresca. As semanas


se passaram e eu esperava que ela diminuísse. Mas isso não aconteceu. A
gravidez me deixou ainda mais emotiva. A chuva me fazia chorar. O sol me
fazia chorar. Ver jeans rasgados me fazia chorar. Tudo me fazia chorar.

Antes que eu percebesse, estava na porta do endereço que Alessio


me deu. Ficava a apenas dez minutos de meu hotel. Eu queria que fosse mais
longe. Queria que fosse mais perto.

Tinha que ser outro sintoma da gravidez e dos hormônios.


Indecisão.

Deus, estávamos condenados desde o início.

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Eu era ingênua demais para ter esperança. Para querer o que meus
pais tinham. Para sonhar com ele.

Inspirei profundamente e depois expirei lentamente, formando


pequenas baforadas brancas no ar. Puxei meu casaco com mais força e subi
o primeiro degrau da elegante casa no centro de Londres. Fevereiro em
Londres não era uma ocasião tão alegre. O frio e o clima sombrio refletiam
meu humor.

Antes que eu tivesse a chance de tocar a campainha, a porta se


abriu.

Levantei os olhos e vi o cara de Alessio, Ricardo, parado na minha


frente. Franzindo a testa. Uma expressão sombria em seu rosto.

Ele nunca falava muito quando eu o via. Na maioria das vezes, ele
acompanhava Alessio em suas viagens. Um guarda-costas ou algo assim.
Felizmente, ele nunca aparecia em nossos encontros.

— Humm, ei, — murmurei. — Alessio está aqui?

A expressão de Ricardo era cautelosa, mas algo na escuridão de


seus olhos me enervou. Ele inclinou o queixo para o andar acima. — No
quarto.

Pisquei os olhos e dei uma olhada hesitante para o alto da escada.


— No quarto? — Repeti lentamente, meu corpo subitamente quente. O
maldito corpo traidor, com vontade própria.

Ricardo murmurou algo em voz baixa. Meus olhos se voltaram


para ele, mas a única palavra que se seguiu foi: — Sim.

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Eu queria lhe perguntar se Alessio estava feliz nos últimos meses.
Se ele sentia minha falta. Mas meu nível de patetismo ainda não havia
chegado a esse nível. Felizmente, Ricardo me contornou e saiu antes que
minha determinação enfraquecesse.

— Ah, tudo bem, — murmurei para suas costas, que se retiravam.

Entrei no amplo e luxuoso saguão. O mármore brilhava. O lustre


brilhava. Pinturas que valiam milhões estavam penduradas nas paredes. Mas
eu não conseguia me concentrar em nada disso. A porta se fechou atrás de
mim com um clique suave quando cheguei ao segundo degrau.

Olhei por cima do meu ombro, sabendo que Ricardo não estava
mais lá. O homem se movia rápida e silenciosamente. Voltei a atenção para
a minha frente. Dei mais um passo, e mais outro. Até que me vi no topo da
escada. Uma porta entreaberta.

Ignorei a dor que estava brotando em meu peito com a lembrança


da última vez em que espreitei por uma porta entreaberta. Eu tinha que fazer
isso. Pelo bebê.

Expirando pesadamente, caminhei em direção à porta com uma


certeza que não sentia.

Toc. Toc.

Prendi a respiração enquanto esperava. — Entre.

Meu Deus, aquela voz. Meu pulso martelava em meus ouvidos.


Meu coração disparou em antecipação. Meus pensamentos se tornaram um
ruído branco indiscernível quando abri a porta e fiquei cara a cara com ele.

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Meu demônio. Meu selvagem. Meu cavalheiro.

Ele estava sentado na pequena escrivaninha e, no momento em que


seus olhos encontraram os meus, esqueci-me de respirar por alguns
segundos. A escuridão em sua expressão sóbria me consumiu. Queimava.

Olhos de aço derretido olharam de volta para mim.

Minha pele se acendeu como um fio elétrico e meu coração se


encheu de um zumbido desesperado. Ele abriu caminho em meu peito para
voltar a ele. Seus pecados não eram mais registrados. Sua traição foi
esquecida por uma fração de momento. Eu queria correr até ele e me jogar
em seus braços. Como eu fazia toda vez que ele vinha me ver em uma cidade
ou país diferente.

Exceto por Abu Dhabi.

Meu coração estalou mais um centímetro. Meus pés


permaneceram imóveis.

Ele se levantou e passou a mão pela gravata, observando-me com


aquele olhar que podia me iluminar ou me destruir. Ele tinha tanto poder
sobre mim. Será que ele sabia disso?

Algo profundo cintilou em seus olhos, mas foi substituído por um


olhar de aço frio. Uma máscara.

Eu amo você, eu queria gritar. Você me machucou, eu queria gritar.


Você prometeu não partir meu coração.

Não disse nenhuma destas palavras. Em vez disso, fiquei parada


enquanto meu coração disparava e o buraco em meu peito ficava cada vez

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maior. Não haveria remendo grande o suficiente para enfaixar aquela ferida.

— Autumn. — Ele se dirigiu ao pequeno frigobar. Seus


movimentos eram suaves e seguros enquanto enchia o copo. — Quer beber
alguma coisa?

— Não, — vociferei quando meu coração começou a bater forte


novamente. Eu não sabia o que esperava. Talvez um pedido de desculpas.
Talvez algum arrependimento. Alguma coisa. Mas não este silêncio
constrangedor e indiferente. — Não, obrigada.

— Sempre tão correta, — ele murmurou. — Exceto quando você


me empurrou aquela conta do hotel.

Ele tomou seu drinque e serviu-se de outro.

Será que ele estava bebendo porque sentia minha falta? Era um
pensamento idiota. A esperança que se acendeu em meu peito com essa
possibilidade era ainda mais idiota.

— Você podia pagar, — murmurei baixinho.

— E como você sabia?

— Um palpite, — respondi secamente, observando seus ombros


largos e suas costas tensas.

Ele não se incomodou em olhar em minha direção e mal me


poupou um olhar ao passar por mim no caminho de volta à sua cadeira, com
o cheiro de sândalo e especiarias no ar. Meus pulmões se contraíam a cada
respiração enquanto eu o via desabotoar o paletó e sentar-se novamente.

Seus olhos voltaram para mim. Inacessível.

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Foi então que ouvi. Uma descarga de banheiro. Água corrente.
Passei a língua no lábio inferior e olhei na direção do barulho. Tinha que ser
o banheiro.

— Por que está aqui? — A voz fria de Alessio chamou minha


atenção de volta para ele.

— Tenho algo a lhe dizer, — murmurei.

Seus olhos cinzentos se fixaram em mim. Eu costumava pensar


neles como prata derretida. Mas agora, eles eram cinza como pedra. Meu
peito pesou enquanto meu coração se contorcia.

— Não quero ouvir o que você tem a dizer, — respondeu ele


friamente.

Uma faca no coração deve doer menos do que isso. Eu estava com
medo. Queria que ele estivesse em minha vida por causa desse bebê. Nosso
bebê merecia o melhor. No entanto, naquele momento, eu não tinha certeza
do que era o melhor.

— Namoramos por dois meses, — falei baixinho. — O mínimo


que você poderia me dar são dois minutos.

— Nós não namoramos, — respondeu ele em um tom tão frio que


fez com que o gelo chegasse à minha medula óssea. — Foi uma transa. Eu
transei com você. Apesar de meu bom senso, não consegui resistir a uma boa
foda. Isso foi tudo o que aconteceu.

A dor, crua e intensa, agarrou-me pela garganta. Eu deveria ter me


virado, ali mesmo e naquele momento. Deveria ter lhe dado um tapa e

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seguido meu caminho. Mas não o fiz. O desespero e a esperança roubaram
meu orgulho.

— É importante, — eu me engasguei com um soluço. — O que eu


tenho para lhe dizer... é importante.

Ficamos olhando um para o outro. Seu rosto ainda era o mesmo,


bonito e hipnotizante, mas aquela crueldade letal permanecia em seu olhar.
De repente, não me senti mais quente. Algo no fundo de seus olhos congelou
minha alma e meu coração.

— Diga a alguém que se importe.

Outra rachadura em meu coração. Só que essa o dividiu em dois.

Tom gélido. Olhar duro. Palavras simples. No entanto, elas


atingiram profundamente. Elas me cortaram. Quebraram-me. Meus joelhos
tremeram e temi que não conseguissem me segurar. Esse cenário eu não
havia previsto. Esse buraco em meu peito se expandiu até eu temer que ele
me engolisse e eu me afogasse nessa dor.

— Alguma coisa disso foi real? — Eu disse, com a garganta


ardendo.

Sua mandíbula se contraiu.

A porta do banheiro se abriu e recebi minha resposta. Uma mulher


saiu. Uma camisolinha minúscula. Cabelos loiros compridos. Bagunçados.
Do tipo que você fica depois de ser completamente fodida.

Meu coração se transformou em cinzas. Como se tivesse sido


arrancado do peito e cortado com uma lâmina.

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Nada disso era real. Era apenas uma transa para ele. Eu não
precisava disso. Eu queria mais. Eu poderia ter mais.

Só que eu o queria. Eu o amava.

— Adeus, Alessandro.

Dei meia-volta e coloquei um pé na frente do outro. Fui embora


sem dar uma olhada para trás. Não corri.

Foi só quando eu estava do lado de fora e vi minha mãe que um


soluço me atravessou. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha. Depois
outra. Até que meu rosto ficou molhado, com a temperatura fria picando
minha face. Minhas pernas fraquejaram. Antes que meus joelhos caíssem no
chão frio, Maman me pegou.

Os soluços assolaram meu corpo. Meu coração se contorcia no


peito e, durante todo o tempo, meus soluços ofegantes enchiam o casulo dos
braços de Maman.

E o tempo todo ela me abraçou, sussurrando palavras que só uma


mãe poderia dizer. — Quer que eu o mate?

E então chorei mais, porque a morte de Alessio seria o inferno


definitivo nesta terra. Eu me apaixonei por um homem ruim. Ele me
prometeu o céu e me entregou o inferno.

A vida sem ele era um inferno e estava apenas começando.

— Não o mate, mamãe, — choraminguei. Deveria me surpreender


que ela soubesse, mas de alguma forma não me surpreendeu. — Onde está
papai?

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— Só eu, — ela murmurou em meu cabelo.

Meu coração sangrou, acompanhando a enxurrada de lágrimas. O


homem por quem me apaixonei não existia. A prata derretida se transformou
em um metal frio.

— Está tudo bem, ma chérie. — A boca de Maman se moveu


contra meu cabelo. — Deixe tudo sair.

— Ele não me ama, mamãe, — falei baixinho. Era uma estupidez.


Eu era uma mulher adulta e chorava como um bebê. Meu peito doía tanto
que achei que fosse morrer.

— Ele não merece você. — Sua voz era dura. Fria. Levantei minha
cabeça de seu peito e a encarei. E, pela primeira vez, tive um vislumbre da
mulher que ela era antes de encontrar meu pai. Ela segurou minhas
bochechas e beijou meu nariz. — Ele não é bom o suficiente para você, ma
petite11.

— Estou grávida, — sussurrei.

Ela não pareceu surpresa. — Quer falar sobre o que aconteceu? —


Balancei a cabeça. — Bien. Quando quiser falar, você nos dirá. Por
enquanto, vou cuidar do meu bebê. E papai, você e eu cuidaremos do seu
bebê.

Enterrei meu rosto em seu peito e meu coração se despedaçou. A


dor no meu peito era insuportável. A náusea se acumulou em meu estômago.
Meu coração se apertou com tanta força que eu tinha certeza de que pararia

11
Minha pequena.

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de bater.

Foi só agora que a perda dele penetrou totalmente em meus ossos.

Alessio partiu meu coração, e eu não consegui encontrar forças


para acabar com ele.

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CAPÍTULO 21

AUTUMN
Quatro anos depois

Cidade de Nova Iorque.

O mundo através de minhas lentes. Minha própria exposição de


fotografias que tirei nos últimos quatro anos.

Foi estressante, emocionante, surreal e totalmente estimulante.

Anos de instantâneos - momentos inesquecíveis, cantos da Terra


de tirar o fôlego, crianças em países devastados pela guerra, famílias em
países famintos, o mundo sobre o qual ninguém queria falar. Uma criança
faminta oferecendo seu pão a outra que não tinha nada. Um ser humano
compartilhando seu casaco com uma criança. Esses eram os momentos que
davam esperança ao nosso mundo.

Emoções cruas estavam refletidas em cada foto. Ou talvez fosse


apenas eu, porque me lembrei de cada coisa que senti quando tirei as fotos.

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Admiração pela beleza deste planeta. Tristeza. Felicidade.
Consciência.

Eu me orgulhava de cada fotografia. Era assim que eu via o


mundo. Um reflexo de minhas emoções.

Coração partido. Cura. Sobrevivência.

De pé no canto da galeria, encostei-me na parede e observei as


pessoas estudando cada peça. Sussurros suaves. Olhares críticos. Mais
exames.

Meus olhos percorreram a grande galeria. Nunca, em um milhão


de anos, eu havia sonhado em ter minha própria exposição na cidade de Nova
Iorque. Esse era o mais próximo que eu ousava me aventurar. Eu havia
evitado o Canadá nos últimos quatro anos. Até mesmo Nova Iorque era
muito próxima de Montreal, mas eu não podia deixar passar essa
oportunidade.

Eu sabia que ainda havia muito a aprender, mas estava muito


orgulhosa do que havia conseguido. Ninguém poderia me tirar isso. Eu vivi
cada momento dessas fotografias.

— Estamos muito orgulhosos de você. — Mamãe e papai vieram


ao meu lado. Minha mãe estava mais linda do que nunca em seu longo
vestido vermelho. Papai não conseguia desviar os olhos dela por tempo
suficiente para ver minhas fotos.

Isso me fez sorrir. Isso me fazia feliz. Mesmo depois de todos os


anos juntos, eles se amavam. Isso me deu esperança, apesar da dor que ainda
persistia em meu peito. Mesmo depois de todos esses anos.

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— Obrigada, mamãe. — Ela depositou um beijo em minha
bochecha. — E obrigada por ter vindo até Nova Iorque para ver Kol.

Meu maior tesouro. Meu filho.

— É claro, — respondeu papai, com os olhos brilhando. — É


nosso trabalho cuidar de nossa filha e de nosso neto.

Minha família. Eu não teria sobrevivido sem eles.

— Como você se sente em relação à sua exposição? — perguntou


Maman. — Acho que cada fotografia é magnífica. E pensar que você esteve
em algumas dessas áreas! Só de pensar nisso, fico assustada.

Meus pais têm sido incríveis nos últimos anos. Sempre que eu
tinha que ir a locais remotos ou potencialmente perigosos, eles me
encontravam em qualquer lugar do mundo, levavam Kol e cuidavam dele até
eu voltasse.

Eu não tinha voltado a Montreal nenhuma vez. Kol ainda não havia
pisado no Canadá. Ele havia visitado quase todos os continentes, mas não
havia pisado lá. Era melhor prevenir do que remediar. Especialmente
considerando a ameaça.

Meus pais nunca insistiram em saber o que aconteceu. Papai não


exigiu saber quem era o pai. Às vezes eu me perguntava se ele suspeitava.
Olhares preocupados quando ele falava sobre os Russos. Como se ele tivesse
falado demais. Ou talvez não o suficiente.

— Espero que as pessoas gostem, — admiti. — Mas se não


gostarem, tudo bem também. Gostei de tirar cada uma dessas fotos.

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Era verdade. A fotografia era algo que eu fazia por mim. Ela me
deixava feliz. Às vezes, parecia que eu via um mundo totalmente novo por
meio de uma lente. Um mundo mais rico e detalhado.

— Eu escutei alguns dos visitantes, — disse o pai, de forma


conspícua. — Ainda não ouvi um comentário negativo. Embora se eles
ousarem dizer isso, eu quebrarei seus pescoços.

Maman jogou a cabeça para trás e riu, depois deu um tapinha na


mão dele. Era difícil imaginar meu pai como um assassino. Embora ele
tivesse que ter matado alguém durante sua carreira. Não que ele me contasse.

— Vamos lá, matador, — murmurou mamãe, com sua voz


carinhosa. — Vamos tirar nosso neto das mãos de Branka para que ela possa
aproveitar um pouco de sua noite também.

Com outro beijo na minha bochecha por ambos, eles me deixaram,


enquanto eu os observava melancolicamente.

Isso era tudo o que eu queria. Envelhecer com alguém que olhasse
para mim da mesma forma que meu pai olhava para minha mãe. Mas cheguei
à conclusão de que o que meus pais tinham era tão raro quanto diamantes
vermelhos.

Uma dor surda ainda era uma presença oca em meu peito. Como
mamãe prometeu, ela melhorou, mas nunca sarou. Alessio era um sussurro
constante em minha alma.

Risos se espalharam pela galeria e meu olhar se dirigiu a eles. Sem


surpresa, era a equipe do National Geographic que me acolheu há quatro
anos. Eles insistiram em vir aqui para mostrar seu apoio. Eles eram o grupo

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mais incrível que eu já havia conhecido.

Assim como eu, eles não se preocuparam em se vestir bem.


Quando você passa meses na estrada, acaba preferindo o conforto à
elegância. Optei por usar jeans, sapatilhas esmeralda e uma blusa verde de
gola alta. Combinava com toda vibração do verão em Nova Iorque.

Os quatro membros da equipe chegaram até mim.

— Como está nossa estrela? — exclamou Loren, e eu não pude


resistir a revirar os olhos. — O quê? Você é uma estrela. Nenhum de nós
teve uma exposição em uma galeria antes. E estamos aqui há mais de três
décadas do que você.

— Duas décadas pode ser exagero, — respondi, sorrindo. —


Vocês não são muito mais velhos do que eu.

— Aff. Você é um bebê, — comentou Loren.

— Tentei comprar uma de suas fotos, mas me disseram que está


esgotado, — reclamou Alex, e meus olhos se voltaram para ele em choque.

— O quê?

A coisa toda começou agora. Eu certamente esperava que meus


pais não tivessem uma ideia brilhante e comprassem a exposição inteira. Eles
iriam à falência. Nós estaríamos falidos.

— Sim, — disse Sarah. — Como diabos perdemos essa


oportunidade? Mal pisquei os olhos e puf, tudo está esgotado.

Uma consciência escorreu pelo meu pescoço e virei a cabeça. Por


um momento, fiquei paralisada. Reconheci aquele rosto.

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Cassio King.

Desviando meus olhos dele, olhei freneticamente ao redor,


procurando os olhos cinzentos que assombravam todos os meus sonhos.

Nada.

Ao me afastar do grupo, fui até ao mafioso. Jesus Cristo. Eu


deveria estar correndo na direção oposta, não na direção de Cassio King. Foi
só quando eu estava a dois metros de distância que vi uma mulher em seu
braço e outro casal ao lado dele.

Um encontro duplo. Que fofo.

Meus olhos percorreram os quatro. Parece que Cassio e seu amigo


preferiam ruivas.

A mulher ruiva no braço de Cassio tinha olhos azuis como o


oceano. Mas a outra tinha os olhos mais incomuns que eu já havia visto. A
menos que a iluminação estivesse me confundindo, eles eram violetas. Eu
nunca tinha visto nada parecido com isso.

— O que você está fazendo aqui? — Eu deixei escapar, voltando


meus olhos para Cassio e olhando para ele. É, eu não ganharia o prêmio de
hospitalidade.

— Olá, Autumn, — Cassio me cumprimentou, sem se incomodar


com minha grosseria. — É bom vê-la novamente.

— Não posso dizer o mesmo, — resmunguei, depois me repreendi


imediatamente. Isso foi muito rude. E mesmo assim, nenhum pedido de
desculpas saiu de minha boca. — Então, o que está fazendo aqui?

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Corajosa ou estúpida. Isso ainda estava em debate.

— Sou o dono do espaço, — respondeu Cassio.

— Oh. — Sério? De todos os prédios da cidade de Nova Iorque,


minha exposição foi parar no prédio de Cassio King! O maldito mafioso. —
Desculpe, — murmurei meu pedido de desculpas. — Eu não quis dizer que
não estou feliz em vê-lo.

Mentirosa, mentirosa, meu nariz crescendo.

A mulher que estava no braço de Cassio deu uma leve risada. —


Sim, você quis. — Minhas bochechas queimaram. Possivelmente
derreteram. — Não se preocupe com isso. Isso acontece com mais frequência
do que você imagina. — Minha sobrancelha se arqueou. Interessante.

— Bela exibição. — A outra mulher elogiou.

Meus olhos olharam para as paredes. — Obrigada. — Então,


percebendo que eu não fazia ideia de quem ela era, estendi a mão. — Sou
Autumn. — Depois fiz o mesmo com a outra mulher.

— Autumn, esta é minha esposa, Áine. E meu amigo, Luciano


Vitale e sua esposa, Grace, — Cassio nos apresentou e apertamos as mãos.
Eu não conseguia decidir quem era mais assustador. Cássio ou Luciano. Não
que isso fosse uma competição.

Voltei meu olhar para Grace e Áine. Elas eram uma alternativa
mais segura e, por enquanto, nos estudamos mutuamente com curiosidade.
As duas pareciam tão bem-vestidas para alguém tão tatuado como seus
maridos. Mas Alessio também escondia muita tinta. As lembranças me

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aqueceram o rosto, mas com elas sempre vinha a amargura. Esta última parte
era o que eu odiava.

— Ouvi dizer que toda a sua exposição foi vendida, — comentou


Grace, com seus olhos violeta voltados para mim. — Parabéns. Este é o
ganho de dois milhões mais rápido que já vi.

Minha boca se abriu com o choque. Eu não havia pensado no que


uma exposição esgotada significava para mim. Dois milhões.

— Você comprou tudo? — perguntei a Cassio.

Ele balançou a cabeça. — Não, Áine pegou uma.

— Qual delas? — Perguntei distraidamente. A consciência


escorreu pelo meu pescoço. Meus olhos se deslocaram para a esquerda,
depois para a direita, atrás de mim. Havia pessoas ao nosso redor, mas os
olhos de todos estavam voltados para as fotografias. Não em nós.

Havia um único espelho na parede mais distante e mesmo esse


reflexo confirmava que ninguém prestava atenção em nós.

Voltei minha atenção para os quatro.

— A peça que você chamou de Woman with broken eyes, —


respondeu Áine.

Essa foi uma de minhas peças favoritas. E uma das mais


comoventes. As emoções da mulher se refletiram tão vividamente em seus
olhos - tortura, dor, horror, mas também a força. Ela prevaleceu. O homem
que ousou envergonhá-la, destruí-la porque ela ousou amar fora do
casamento não venceu essa.

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Minha garganta engasgou. — Essa é uma das minhas favoritas, —
admiti com voz rouca.

— Eu paguei mais, — admitiu Áine. — Tive que pagar mais do


que esse idiota que achava que deveria ficar com todas as suas fotos.

Eu não tinha ideia de quem era aquele idiota. Se fosse Alessio, eu


não achava que Cassio permitiria que ela o chamasse de idiota.

— Obrigada, — eu disse. Eu também estava falando sério. — Cada


centavo que você pagou por essa foto será revertido para a mulher e para o
abrigo que ela fundou.

— Que coincidência, — comentou Grace. — Áine tem uma coisa


toda voltada para o resgate de mulheres e sua colocação em abrigos.

Não era algo que eu esperava ouvir.

— Hmmm. O mundo é pequeno, não é?

Essas duas mulheres pareciam ter um propósito.

Em alguns dias, eu sentia que tinha um propósito. Em outros dias,


meu propósito parecia estar à deriva, porque sempre voltava para ele. Sem
Alessio, eu apenas vagava pela vida.

O feedback do microfone se espalhou pelo ar e nós três nos


viramos em sua direção. Os passos de todos pararam e a multidão se
aquietou.

Que diabos Branka estava fazendo lá em cima?

Ela subiu no palco, vestida com um vestido rosa esvoaçante, com


os cabelos brilhando nas cores vermelho, dourado e marrom sob as luzes.

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Nossos olhos se encontraram e ela sorriu com aquele olhar malicioso que eu
já conhecia tão bem. Seus olhos me lembravam tanto o irmão dela que, às
vezes, chegava a doer.

— Senhoras e senhores, eu só queria tirar um momento para


anunciar que tudo está esgotado. — Um murmúrio de desapontamento
percorreu a galeria. — Mas... — Branka fez uma pausa para o efeito ou algo
assim, sorrindo para todos como uma anfitriã perfeita. — Mas se vocês
estiverem interessados em mais fotos, sinta-se à vontade para conferir nosso
site ou nossas publicações nas redes sociais.

Ela sorriu, seus olhos percorrendo a galeria. Enquanto eu gostava


de me misturar nas sombras. Branka adorava brilhar. No entanto, nossas
personalidades se combinavam bem. Quando eu assumia o controle no
campo, ela me apoiava. Quando chegava a hora de vender a nós mesmas e a
nossa marca, ela assumia o comando e eu a apoiava.

— Espero que acompanhem Autumn em sua próxima exposição.


Nós a anunciaremos com bastante antecedência em nosso site.

Com isso, ela desceu graciosamente do palco e acenou para um


homem que estava no canto. Juntos, eles se dirigiram a nós.

— Quem é? — perguntou Grace com curiosidade.

— Não faço ideia.

Dei uma olhada de relance para o acompanhante de Branka. Pelo


menos eu achava que era o acompanhante dela. Magro. Alto. Totalmente
fora de seu tipo.

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— Olá, — ela me cumprimentou sorrindo. — Adivinha quem está
aqui?

Ela olhou para a direita e todos nós seguimos seu olhar. Ergui uma
sobrancelha e segui seu olhar até ao acompanhante. Ela agia como se eu o
conhecesse. Eu não me lembrava de tê-lo conhecido antes.

— Hmmm, seu par? — Eu adivinhei.

Ela balançou a cabeça. — Não, este é Jaymes Young. — Pisquei


os olhos, depois pisquei novamente. — Autumn, este é Jaymes Young.

— Oh, meu Deus, — murmurei, meus olhos se movendo entre


Branka e ele. Então, em uma tentativa de me recompor, estendi minha mão
para apertar a dele. — É um prazer conhecê-lo. — Em seguida, soltei uma
pequena risada. Eu me senti como uma adolescente. — Não acredito que
estou realmente apertando sua mão.

— Igualmente a você, — respondeu ele, sorrindo. — Branka me


encurralou quando entrei e insistiu que eu deveria falar com você sobre
algumas fotos que me interessavam.

Minha mão foi até minha bochecha. — Sim, sim. Claro que sim.
Tudo o que você quiser.

Senti cócegas na parte de trás da cabeça e me virei, mas não havia


ninguém atrás de mim.

Branka deu uma risadinha e eu voltei meu olhar para ela.

— Bem, nada que ele goste. — Eu franzi a testa para ela. — Certas
fotos que você disse que nunca venderia. Então... — ela justificou. Ela

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franziu os lábios. — Isso significa que ele não pode ter nada que goste. Ele
não pode ter você.

Eu franzi a testa. Branka se comportava como se eu quisesse


namorar esse cara. Normalmente, ela não era tão espertinha quando se
tratava de homens. Nem uma bloqueadora de pau. Não que eu quisesse este
cara. Alessio me arruinou para qualquer outro. Eu ficava comparando todos
os homens a ele - muito baixo, muito alto, muito loiro, muito cabelo, pouco
cabelo, muito feliz, pouco feliz.

Já usei todas as desculpas possíveis.

Portanto, não, eu não estava interessada nesse cara. Além de me


abanar como uma colegial conhecendo seu ídolo.

— Adoro suas músicas, — murmurei.

— E eu adoro suas fotos.

— Quem é Jaymes Young? — Áine sussurrou alto o suficiente


para que todos ouvissem. Lancei-lhe um olhar de lado e vi Grace encolher
os ombros. Sua expressão indicava claramente que ela não tinha a menor
ideia de quem era.

— Há algumas fotos específicas nas quais eu estava interessado,


— explicou Jaymes.

— É claro. Tenho algumas coisas no meu celular que posso lhe


mostrar também, — deixei escapar. — Apenas fotos RAW12 de algumas das
coisas em que ainda estou trabalhando. Elas estão armazenadas em meu

12
É um tipo de ficheiro de foto que preserva todos os dados da foto capturada, mantendo maior
qualidade. Para que a foto deva ser editada deve ser feito em ficheiro Raw.

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disco rígido seguro.

Ele acenou com a cabeça e eu dei uma olhada para Cassio e seus
convidados. — Com licença. — Voltei minha atenção para Branka. — Quer
vir comigo?

Ela apenas balançou a cabeça. — Vá você.

Nós dois nos dirigimos ao canto da exposição com a janela que dá


para a rua.

A galeria parecia não se dar conta de quem estava ao meu lado. Na


verdade, eu também não o teria reconhecido. Havia tantas noites que Branka
e eu passávamos tocando pianos enferrujados e cantando em lugares pouco
conhecidos deste mundo. Quando o único entretenimento que tínhamos
éramos nós mesmas.

— Branka me disse que você é uma cantora talentosa, —


comentou Jaymes, e foi preciso tudo o que eu tinha para não começar a me
abanar.

— Na verdade, não, — admiti. — Minha mãe é muito melhor. Ela


adora isso. Eu adoro as lembranças que vêm junto com ela.

— Você parece próxima de sua família, — ele comentou.

— Eu sou.

Agora, mais do que nunca, pensei em silêncio. Era Branka quem


sempre me lembrava silenciosamente de que eu era uma garota de sorte por
ter meus pais. Nós duas aprendemos a pegar o que precisamos uma da outra.
Seu relacionamento com a mãe era agridoce. Trágico, ela o chamava.

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Ela não podia ficar perto de alguém que não a protegeria quando
ela não podia se proteger. Pelo pouco que Branka disse, seus irmãos nunca
tiveram o que precisavam de seus pais. Ela disse que isso prejudicou Alessio,
embora não tenha entrado em detalhes.

Seu irmão.

Alessio nunca saiu da porra do meu coração, por mais que eu


tentasse expulsá-lo. A essa altura, ele era um inquilino relutante. Parte de
cada respiração e de cada batida do meu coração.

Meus pensamentos pareciam se desviar com frequência quando se


tratava de Alessio. O luto. O coração partido.

— E você? — Tentei mudar de assunto, olhando em volta. Por que


eu tinha a sensação de que alguém estava me observando? Muitas pessoas
circulavam por ali, mas ninguém prestava atenção em nós. — Você
coleciona fotos?

— Apenas algumas, — ele admitiu. — Gostei de seu estilo não


convencional. Você captura sentimentos com suas fotos. Eu gosto disso.

Um grupo de pessoas se aproximou de nós, rindo e bebendo. —


Quer me mostrar quais são as que lhe interessam? E eu posso lhe mostrar
mais algumas que ainda não publiquei.

Ele sorriu. — Adoro a ideia de ter algo que ninguém mais viu.

— Eu adoraria ter um álbum secreto que você tenha e que ninguém


mais tenha ouvido, — sugeri com esperança. — Embora seja um aviso justo,
eu não resistiria a compartilhá-lo com algumas pessoas.

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— Na próxima música que eu escrever, vou pedir que você a ouça
primeiro, — brincou ele. Ou não, eu não tinha certeza.

— Ok, vamos voltar aos negócios, — eu disse a ele. — Então, não


estou atrasando você.

Vimos algumas fotos. Meus pensamentos se voltaram para


Alessio. Eles sempre pareciam girar em torno dele. Mesmo depois de quatro
anos.

— Então, essas três, — concluiu Jaymes. — Elas se encaixarão


muito bem em meu estúdio.

Meu olhar se desviou para a janela, a rua cheia de pedestres,


quando meu coração parou de bater. Uma figura alta. Cabelos escuros.
Ombros largos. Perfil familiar.

Pisquei os olhos. E ele havia desaparecido.

— Sim, sim. Dê seu endereço para Branka, — murmurei, meus


passos já me levando para fora da porta. — Nós as enviaremos.

Em seguida, passei correndo pela multidão e saí correndo pela


porta da frente para a noite quente de verão. A brisa de verão varreu meu
cabelo contra minha bochecha. Meus olhos procuravam freneticamente. O
brilho das luzes da cidade de Nova Iorque. O som da cidade - carros
buzinando, pessoas conversando, música tocando. Mas tudo isso era ruído
de fundo.

Ele se foi.

— Eu o vi, — sussurrei para mim mesma. — Certo?

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Quatro anos era um período muito longo. Quatro anos sem ele
pareciam uma vida inteira.

Uma vida muito solitária.

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CAPÍTULO 22

ALESSIO

Eu assisti enquanto eles baixavam meu pai no chão frio coberto


pela geada de novembro e não senti nada. Absolutamente nada. Ouvi
fungadas, choros suaves e sabia com certeza que eram todos falsos. Meu pai
era odiado pela maioria, se não por todos.

Os únicos que não se incomodaram com as lágrimas falsas foram


Branka, eu e meu meio-irmão. E os pais de Autumn. Fiquei surpreso ao vê-
los. A menos que estivessem aqui por Branka, já que Autumn não pôde vir.

Autumn.13

Minha estação favorita. A única mulher que amei. E perdi. Da


última vez que a vi, fiz seus olhos ficarem castanhos. Não a vejo há quatro
anos. A não ser que você conte com minha atividade de perseguição.

Não houve um dia sequer em que eu não tivesse pensado nisso.

13
Seu nome significa Outuno.

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Mil quatrocentos e sessenta dias. Não havia passado um único dia sem que
eu pensasse nela. Lamentando aquelas últimas palavras. Ela nunca foi apenas
uma transa, mas eu sabia que, se não acabasse com aquilo, se não acabasse
conosco, meu pai bastardo nunca deixaria de ir atrás dela.

Assim, ela se tornou meu passado, embora ainda permaneça em


meu presente. Meu futuro.

Ela se tornou conhecida. Tentando salvar o mundo, enquanto eu o


corrompia ao mesmo tempo. Suas fotos eram procuradas e vendidas por
muito dinheiro. Ela não apenas capturava momentos que o National
Geographic reservava. Ela se tornou uma freelancer. Ela visitou os cantos
do mundo que outros fotógrafos hesitavam em visitar. As fotos que ela tirou
tornaram o público ciente de tópicos sobre os quais ninguém falava.

Meninas maltratadas no Afeganistão. Fome em Gana. Abuso de


crianças. Discriminação.

Uma imagem vale mais que mil palavras.

Ela e Branka acabaram criando um blog e esse era o lema delas.


Era muito apropriado que minha irmã e o amor da minha vida tivessem o
objetivo de salvar o mundo, enquanto eu o corrompia distribuindo armas e
drogas.

Sim, não é de se admirar que nossa história tenha terminado da


maneira que terminou. Uma tragédia. Um desastre total.

Folhas coloridas cobriam o terreno ao nosso redor, criando um


belo cenário, mas não havia nada de sereno no momento atual. A brisa de
outono soprava, levantando as folhas do chão, criando uma dança ao vento.

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Girando em torno do Senador Ashford, como bruxas lançando
feitiços ao redor de uma fogueira. Desejei que um feitiço de morte fosse
lançado sobre aquele maldito também.

Se eu pudesse me safar atirando em meu pai biológico aqui e


agora, eu o faria. Isso me pouparia tempo. Dois funerais ao mesmo tempo.
Seria a porra do meu ano. Mas isso não funcionaria com meus meios-irmãos.

O olhar de Branka continuava se voltando para os pais de Autumn.


Ela queria ir até eles. Sinceramente, eu não estava nem aí. Éramos uma
família desorganizada, cortesia do homem que estávamos enterrando.

O homem que eu matei. Eu deveria ter feito isso anos atrás. Teria
poupado muita dor a todos nós. O empurrão final foi saber que ele estava
prestes a trocar minha irmã por um carregamento de drogas.

Bastou um tiro certeiro no cérebro de meu pai para acabar com ele.
Cortesia do meu meio-irmão, Royce Ashford. Byron planejou a logística;
Royce puxou o gatilho. Era incrível o que unia as pessoas.

Agora, eu estava em dívida com ele. Com relutância. Ainda não


éramos amigos, e eu não os considerava da família.

— Autumn. — A exclamação suave de Branka me acalmou antes


que eu seguisse seu olhar.

Foi então que eu a vi. Ela estava de pé ao lado, com as bochechas


levemente coradas. Ela deve ter acabado de chegar. Respirei fundo, quase
esperando sentir aquele cheiro único dela. Maçãs, canela e folhas frescas
caídas. A necessidade de inalar o cheiro dela subiu pelo meu peito, mas, em
vez disso, o oxigênio queimou meus pulmões. Sua fragrância não chegou até

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mim.

Quatro anos, porra. O som de seus gemidos e seu corpo macio


embaixo de mim nunca deixaram de me assombrar. Ela nunca deixou de me
assombrar.

Observei a mulher que parecia a mesma, mas diferente.

Forte. Suave. Bonita. Tão perfeita.

Como mariposas atraídas pela chama, os olhares dos homens a


seguiam. Algumas coisas nunca mudam, pensei com amargura. Isso me deu
vontade de arrancar os olhos de todos eles e jogá-los na terra para que nunca
mais vissem minha mulher.

Como não podia gritar para que todos desviassem o olhar,


descarreguei meu mau humor em meu meio-irmão.

— Pare de olhar para a minha mulher antes que eu lhe dê um soco


na cara, — sussurrei baixinho.

Sim, minha mulher. Autumn era minha. Se eu tivesse que esperar


mais quatro anos, eu o faria porque não havia mais ninguém para mim. A
maior ameaça para ela havia finalmente desaparecido. Agora, eu queria outra
chance. Uma maneira de voltarmos a ser como éramos antes.

Lancei um olhar amargo para o caixão do bastardo. Ele merecia


ter morrido há muito tempo.

Foi ele quem me custou minha mulher. Foi ele que me custou
minha infância, minha mãe e o bem-estar de minhas duas irmãs. Meu único
arrependimento foi não ter matado o velho décadas atrás.

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Voltando meus olhos para a mulher que finalmente havia voltado,
deixei meu olhar percorrer seu corpo. Seu vestido preto simples abraçava
suas curvas e só chegava até acima dos seus joelhos. Cada vez que a brisa
passava pelo túmulo, ela dava um vislumbre de suas belas curvas.

Porra, se isso trouxesse o aroma dela para mim. Eu só precisava


de uma dose dela para me levar até tê-la de volta. Em minha cama. Em minha
casa. Em minha vida.

A voz do padre penetrou em meus pensamentos.

Do pó viemos ao pó voltaremos.

Espero que você queime nas chamas eternas do inferno, pai,


acrescenteisilenciosamente enquanto um punhado de terra caía sobre o seu
caixão.

Observei os cachos pretos de Autumn dançarem com a brisa,


emoldurando seu rosto pálido. Seu cabelo estava mais curto, mas ainda era
longo o suficiente para envolver minha mão. Era uma coisa que eu sentia
falta em todas as suas postagens. Ela raramente aparecia em suas fotos e,
quando aparecia, nunca era só ela. Isso tornava difícil ver seu corpo, seu rosto
e seus olhos.

Mas agora, eu podia ver aqueles olhos cor de avelã.

Seus olhos vasculharam a multidão até que ela avistou seus pais
ao lado. Eu a observei como um predador enquanto ela andava pelo cemitério
para chegar até seus pais. Seus rostos se iluminaram no momento em que
viram a única filha e Autumn os abraçou, depositando um beijo em suas
bochechas.

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Então ela se ajoelhou e cada centímetro de mim congelou. Um
garotinho de cabelos negros segurava sua mão. Ela sussurrou palavras para
ele. O menino sorriu e depois abraçou os pais dela também.

Ela teve um filho?

A vigilância de Nico sobre ela nunca disse nada sobre uma criança.
Que. Porra. É. Esta? Quando eu colocasse minhas mãos em meu amigo, eu
o estrangularia até à morte.

— A melhor amiga de sua irmã? — Byron refletiu. Eu estava tão


fascinado em olhar para Autumn que nem percebi que Branka havia nos
deixado para ir ao encontro da amiga. — Só um conselho: nunca é bom
transar com a melhor amiga de sua irmã.

Lancei-lhe um olhar fulminante e voltei a olhar para Autumn.


Quatro anos sem ela foram longos demais. Viver sem seu toque era
torturante. E dormir era um tipo especial de tormento. Meus pesadelos eram
substituídos por sonhos com ela. Era um alívio temporário, mas, ao acordar,
eu percebia que não a tinha mais. Era como perdê-la de novo - todos os dias.
Por isso, eu ficava acordado até tarde e ficava muito cansado para não sonhar
com ela.

Mas Autumn Corbin sempre entrava em meus sonhos. Assim


como havia entrado em meu coração.

As duas mulheres se abraçaram com força e, em seguida, Branka


se ajoelhou para abraçar o garotinho. O garoto sorriu amplamente e retribuiu
o abraço. Minha irmã nunca mencionou que Autumn tinha um filho. Não que
eu tenha perguntado, mas pelo amor de Deus. Não posso depender de

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ninguém?

Não era como se eu tivesse pedido à minha irmã os segredos mais


profundos e sombrios de Autumn. Mas ter um filho era de conhecimento
público. Ela deveria ter me contado isso. E o maldito Nico deveria ter
incluído isso em sua verificação de antecedentes que eu exigi há alguns
meses.

Os pais de Autumn beijaram Branka, abraçando-a com força em


sinal de conforto. Eu tinha certeza de que eles sabiam que a morte de nosso
pai não era grande coisa. Não com essa crueldade. Sua morte foi uma bênção.

Minha irmã murmurou algo para a amiga e Autumn assentiu,


depois se ajoelhou e sussurrou palavras para o menino. Eu não conseguia
ouvir suas palavras, mas pela forma como seus lábios se moviam, eu sabia
que as palavras eram ditas suavemente. Da mesma forma que ela costumava
murmurar palavras suaves quando eu a comia.

Autumn ficava suave depois de um orgasmo. Era meu momento


favorito com ela, quando sussurrava palavras doces e passava a boca em meu
pescoço enquanto seus dedos deslizavam sobre minha pele e minhas
cicatrizes. Ela era a única mulher a oferecer esse toque suave, e eu o aceitava
avidamente.

O que quer que Autumn tenha dito, o menino levantou os olhos e


olhou em volta. Seus olhos encontraram os meus por uma fração de segundo.
Cinza com manchas verdes.

No fundo de minha mente, algo me cutucou. Uma voz sussurrou,


mas eu a afastei e me concentrei no rosto do garoto. Ele tinha o cabelo e os

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olhos de sua mãe com aquelas manchas verdes, mas sua estrutura facial era
diferente. Deve ser de seu pai. Eu já odiava o sortudo.

Eu não havia previsto ter um filho.

Eu mataria Nico por não mencionar o garoto. Por que diabos eu


lhe paguei?

Autumn segurou suavemente o queixo do filho e trouxe o rosto do


menino de volta para si. Um sorriso suave permaneceu em seus lábios
enquanto ela falava novamente. O que quer que ela tenha dito trouxe um
sorriso feliz ao rosto do menino e ele assentiu com entusiasmo. Ela se
inclinou, beijando-o na bochecha, e ele envolveu-a com seus braços
gordinhos.

Ela se endireitou e acenou com a cabeça para os pais. O menino


estendeu as mãos para os avós e os três saíram, deixando Branka e Autumn
para trás.

Aos poucos, as pessoas começaram a se aproximar de mim,


oferecendo suas condolências, mas meu foco permaneceu em Autumn.
Mesmo depois de quatro longos anos, eu ansiava por seu calor, sua maciez e
seu sabor. Fiquei parado, sem ousar me mover ou correr o risco de perder o
autocontrole.

Ela finalmente estava de volta e eu não ia perdê-la de vista. Eu


estava prestes a cobrar uma dívida. Ela tinha um contrato a cumprir.

Com ou sem filho.

O bastardo que representava uma ameaça para ela estava

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enterrado. Para sempre.

Maldito seria se a deixasse ir dessa vez. Ela era minha agora.

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CAPÍTULO 23

AUTUMN

Isso não funcionou exatamente como planejei.

O objetivo era chegar à casa dos meus pais antes do funeral e


deixá-los ficar com Kol. Mas os planos mais bem elaborados acabam sendo
frustrados. Nosso voo atrasou e, quando finalmente aterrissei, era perder o
funeral ou fazer com que meus pais me encontrassem lá.

Na verdade, eu não estava nem aí para o pai de Branka ou seu


funeral. Mas eu queria estar lá para minha melhor amiga.

No momento em que saí do táxi, senti os olhos de Alessio em mim.


Forcei-me a não olhar, concentrei-me em meu filho e tentei desacelerar meus
batimentos cardíacos. Há quatro anos, jurei que nunca mais o veria.

Mas o homem continuava visitando meus sonhos. E agora eu o via


no rosto de meu filho.

Tudo o que eu tinha que fazer era olhar para o meu filho e perceber

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que toda a dor valeu a pena. Ela me deu o ser humano mais lindo do mundo.
Meu filho. Só por isso, eu suportaria uma centena de humilhações e uma
centena de desgostos.

Isso só me fortaleceu. E eu conseguia resistir totalmente a Alessio


Russo. Eu estava mais velha e mais sábia agora. Eu sabia o que ele era e a
dor que vinha junto com ele.

Observei meus pais caminhando para o carro com meu filho entre
eles. Eu sabia que Kol viraria a cabeça mais uma vez para se certificar de
que eu ainda estava aqui. E ele virou, assim que chegaram ao carro do vovô.
Ele parou e olhou por cima do ombro. Meu peito se aqueceu e eu acenei,
sorrindo tranquilizadoramente. Ele era a cara chapada do pai, sem o cabelo
preto como carvão e os pequenos pontos verdes nos olhos.

Mas ele era meu. Todo meu. Alessio perdeu sua chance.

— Ele é demais, — Branka murmurou suavemente.

Sim, ele é. Meu melhor tesouro.

Um último aceno enquanto meu pai se afastava e eu me virei para


Branka. — Como você está se aguentando?

Ela me abraçou novamente, e eu retribuí o abraço. — Agora que


você está aqui, ótima. Senti sua falta.

Inclinei minha cabeça. — Faz apenas uma semana, — observei.

No momento em que seu pai foi declarado morto, por


circunstâncias misteriosas, Alessio enviou-lhe uma mensagem de texto e ela
voou enquanto eu terminava a sessão de fotos. A última missão nos levou à

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África Central, e estivemos lá nos últimos três meses. A edição da vida
selvagem. Nós nos divertimos muito com ela, tanto para o National
Geographic quanto para a edição do nosso blog.

Foi um sonho que se tornou realidade, embora com o pequeno Kol


ficando mais velho a cada dia, era hora de pensar em um local mais
permanente para criar meu filho. Com o fim do velho Russo, Montreal era
agora uma possibilidade. Se ao menos Alessio não estivesse aqui.

— Você deve voltar para o seu lugar, Branka, — eu a incentivei


suavemente. — Vou esperar por você aqui.

— Eu não quero, — reclamou ela. Mas ela sabia que era a coisa
certa a fazer. — Venha comigo.

Isso sim seria uma ironia. Ficar sobre o túmulo do homem que veio
atrás de mim e tentou matar meu filho. Eu queria dançar sobre o túmulo do
maldito, sem manter a cara séria.

— Vou esperar por você aqui, — disse-lhe com firmeza, sorrindo


de forma encorajadora e, em seguida, empurrando-a para a frente.

Observei Branka tomar seu lugar ao lado do irmão. E, como um


ímã, meus olhos se desviaram para o rosto dele. Nenhum tipo de preparação
seria suficiente para me acostumar com Alessio Russo.

Bonito, mas duro. Implacável. Letal.

Diga a alguém que se importe. As últimas palavras que ele me


disse. As palavras que mudaram tudo. Eu ainda as ouvia nos sussurros do
vento. Às vezes, no calor de um sol escaldante. As palavras deixaram uma

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marca permanente em meu coração e em minha mente.

Talvez fosse o melhor cenário para o nosso final, porque todas as


histórias que li sobre ele nos últimos quatro anos o pintaram com cores
escuras. Também não achei que estivessem exagerando. O criminoso de
Montreal que comandava o submundo ao lado de Cassio e Luca King, Nico
Morrelli, Raphael Santos e outros mafiosos.

A única característica boa - todos eles eram contra o tráfico de


pessoas.

O único problema em relação a esse homem era meu corpo traidor


que ainda reagia ao homem que despedaçou meu coração. Um arrepio
percorreu minha espinha. O homem que colocou minhas expectativas
sexuais tão altas que era impossível que alguém as atingisse. Isso me levou
a suportar um período de seca nos últimos quatro anos.

Tantas noites longas e solitárias.

Minha mente sabia que ele era ruim para mim. Ele me deixou no
inferno depois daquelas palavras, mas meu corpo não se importava. Estava
viciada em Alessandro - seu toque, sua escuridão e sua boca. Se houvesse
uma cura para essa atração condenatória, eu a aceitaria. Sem fazer perguntas.

Os olhos de Alessio se desviaram da pessoa com quem ele estava


falando e nossos olhares se fixaram. Sua mandíbula se contraiu e seus olhos
ilegíveis se fixaram em mim. Meu coração estúpido e bobo gaguejou em meu
peito.

Ele era tão lindo e bruto, que fazia lava derreter em minhas veias.

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Mas ele não era meu. Ele nunca foi meu. Na verdade, não foi.

Eu estava mais esperta agora. Tinha que pensar no meu filho.

Meses de lágrimas e um coração partido me ensinaram a não


sonhar com o impossível. Alessio estava sempre fora de meu alcance.
Honestamente, eu não o queria em minha liga. Não era o tipo de
relacionamento pelo qual eu sempre me esforcei.

Os meses em que a dor se tornava excessiva e a terrível sensação


de que eu havia perdido algo insubstituível sobrepujava a razão. Eu ouvia a
respiração suave de Kol. Uma pequena vida que dependia de mim. Ele era
todo o meu foco. Minha vida.

Esse era o melhor cenário para meu filho. Nosso filho, meu
coração corrigiu.

Não, Kol era todo meu.

Branka, seu irmão e outro rapaz começaram a caminhar em minha


direção e eu pisquei. A cerimônia terminou. A maioria das pessoas havia se
retirado enquanto eu estava perdida em meus pensamentos.

Ao ver Alessio caminhando em minha direção, mais alto e mais


sombrio do que eu me lembrava, tive que controlar a necessidade de fugir.
Em vez disso, fui ao encontro deles no meio do caminho.

— Olá, Autumn. — A voz de Alessio ainda era a mesma. Suave.


Profunda. Puxando-me para suas profundezas âmbar. Outro arrepio
percorreu minha espinha.

— Alessio. — Minha voz mal era um sussurro. Ele parecia maior,

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mais alto. — Sinto muito por sua perda.

Sua expressão ficou mais sombria. Sua mandíbula se cerrou com


tanta força que os músculos de seu pescoço se destacaram. Sua respiração
ficou mais difícil. Ele avançou um passo em minha direção e tive que lutar
contra a vontade de dar um passo para trás. Ele estava perto demais. A
eletricidade crepitava entre nós enquanto ele mantinha meu olhar fixo. Por
uma fração de momento, uma luxúria carnal brilhou em seu olhar de aço.

Minha pele formigou em resposta. O desejo e a luxúria familiares


percorreram minhas veias.

As últimas palavras que ele havia me dito sussurraram em minha


mente. Conte para alguém que se importe.

Este foi todo o lembrete de que eu precisava.

— Alguém vai me apresentar? — Uma voz desconhecida penetrou


no silêncio.

Pisquei os olhos. Toda a expressão de Alessio voltou a ser uma


máscara. Uma máscara sem expressão. Mas seus olhos permaneceram em
mim e parecia que ele não estava prestes a me apresentar.

— Esta é minha melhor amiga, Autumn. — Branka acabou


fazendo as apresentações. — Autumn, este é Byron Ashford.

Minhas sobrancelhas se ergueram. — Senador Ashford? —


Perguntei, estudando-o. Terno caro feito sob medida. Cabelos escuros. Olhos
azuis penetrantes. Puxa vida, ele era bonito. — Presumi que você fosse mais
velho.

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O cara deu uma risadinha. — Esse é o meu pai.

Ele estendeu a mão e eu aceitei seu aperto de mão. Não me


surpreendeu o fato de a família Russo ter conexões na política. A corrupção
era profunda em todos os níveis do governo. Alguns de meus ideais
morreram, mas eu ainda lutava por outros.

— Talvez você possa dizer ao seu pai que o voto dele nos assuntos
do Oriente Médio significa vida ou morte para algumas pessoas, — respondi
secamente. — Mas ele parece mais preocupado em fazer campanha e aceitar
subornos de criminosos.

Seguiu-se um silêncio constrangedor. Ok, foi um pouco sem tato


e não foi um bom momento. Mas, por outro lado, eu não achava que
provavelmente encontraria o cara de novo.

Os lábios carnudos de Byron se curvaram em um sorriso severo.


— Devidamente anotado e eu me certificarei de passar a mensagem adiante.
Ou você mesma pode dizer a ele. — Era difícil dizer pela expressão em seu
rosto se ele estava irritado. — Admiro muito seu trabalho.

Minhas sobrancelhas se ergueram. Branka não havia lhe fornecido


meu nome completo. Ele deve ter percebido a suspeita em meu rosto. — Eu
vi uma foto sua durante sua exposição há alguns meses, — explicou ele. —
A fotógrafa que salvará o mundo.

Eu não conseguia decidir se ele estava zombando de mim ou não.


Independentemente disso, meu sexto sentido me avisou que este homem era
igualmente bom em esconder suas emoções e pensamentos. Meus olhos se
voltaram para Alessio, depois para Byron e minhas sobrancelhas se

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franziram. Com exceção dos olhos, os dois homens eram muito parecidos.

Estrutura facial semelhante. O mesmo nariz. A mesma boca cheia.


Olhos diferentes.

— Aquele era seu filho? — A pergunta de Byron foi casual, mas


um alerta me atravessou. Consegui fazer um aceno conciso com a cabeça. —
Ele é um menino bonito.

— Obrigada.

Branka se mexeu em seus pés, seu olhar hesitante viajando entre


Byron, Alessio e eu. Como se ela esperasse a detonação de uma bomba. Não
que eu a culpasse. O modo como Byron me observava dava a entender que
ele conhecia todos os meus segredos. Bem, um segredo. Aquele que eu
protegeria a todo custo. Depois de Londres, decidi que ele continuaria sendo
meu segredo.

Talvez eu estivesse apenas paranoica. Sim, provavelmente


paranoica.

— Byron, você pode levar Branka para minha casa? — Alessio


exigiu, seus olhos sem se desviarem de mim.

Toda vez que eu estava perto deste homem, ele ordenava que
alguém levasse Branka para casa.

— Branka e eu podemos pegar um táxi, — acrescentei. — Para


minha casa.

— Não.

Pisquei os olhos. Ele não fez isso!

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Será que ele percebeu que não tinha voz na vida de nenhuma de
nós? Nós duas éramos adultas e estávamos morando sozinhas nos últimos
quatro anos. Bem, Branka recebeu uma infusão do dinheiro de seu irmão,
mas ainda assim. Ele não podia mandar nela daquele jeito.

— Tudo bem, Autumn, — disse Branka, provavelmente sentindo


a tensão no ar. — Por que você não vem para nossa casa? — Sua pergunta
soou esperançosa. Eu queria dizer não; eu precisava dizer não. — Por favor,
Autumn.

Com um suspiro pesado e sabendo que estava cometendo um erro,


respondi. — Sim, claro. Por um pouco.

Dei um passo para segui-los quando a voz de Alessio me deteve.


— Eu levo você.

Minha cabeça se moveu em sua direção. — Isso não é necessário.

— Sim, é.

Minha mandíbula se cerrou. — Não vou de carona com você,


Alessandro, — afirmei.

Percebi meu erro imediatamente. Ninguém chamava Alessio pelo


seu nome completo. Branka nos observava, com curiosidade e diversão em
seus olhos. Às vezes, ela me lembrava tanto o irmão que não era nem
engraçado.

— Temos coisas a discutir, — disse ele, com a voz calma e firme.

Estava na ponta da língua para lhe dizer que fosse discutir o


assunto com alguém que se importasse. Mas não o fiz. Em vez disso, fiquei

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olhando para ele. Irritada com ele por estar tão calmo. Chateada comigo
mesma por ter ficado tão agitada minutos depois de vê-lo.

— Eu tenho um carro esporte, então é melhor que você vá com


Alessio, — Byron disse. Traidor de merda.

— Então, está decidido, — concluiu Alessio com um sorriso.

— Vejo você lá, — murmurou Branka, dando um beijo na minha


bochecha.

Branka e Byron se afastaram, deixando-me frente a frente e


sozinha com Alessio.

Alessandro mais duro, mais severo.

Uma coisa estava clara. Ficar longe de Alessio por quatro anos não
era tempo suficiente. Eu não o havia esquecido e ainda sentia sua falta.
Apesar disso, eu não o havia perdoado. Não podia. Não que ele jamais tivesse
pedido perdão.

Essa força invisível, que me puxava para ele, seria o meu fim.
Mesmo depois de todo esse tempo, as lembranças de nós dois eram
agridoces.

Ficamos próximos o suficiente para que seu aroma único e picante


de sândalo invadisse meus sentidos.

Nos últimos quatro anos, tentei esquecer seu toque. Seu cheiro.
Suas mãos ásperas. Seu desejo ardente. As doces palavras que ele sussurrava.
Mas era tudo uma mentira.

O homem por quem me apaixonei não existia.

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Ele permaneceu imóvel, como uma estátua de pedra. Como se
estivesse esperando por algo. Mas seus olhos ardiam com palavras que eu
entendia muito bem. Só que seu olhar me enganou. Eu não podia me dar ao
luxo de cair em sua armadilha novamente. Os riscos eram maiores.

Tentei dar um passo para trás, para colocar alguma distância entre
nós. Em um momento, havia espaço entre nós e, no momento seguinte, ele
colocou uma mão áspera em meu cabelo e inclinou minha cabeça para trás.
Um suspiro suave escapou por meus lábios e meus olhos se arregalaram.

Sua outra mão envolveu minha cintura, puxando-me contra seu


corpo. Antes que eu pudesse pronunciar uma única palavra, sua boca desceu
sobre a minha. Ele estava a apenas um fôlego de distância e meu corpo vibrou
com aquela sensação familiar. As partes de mim que estavam mortas há
quatro anos voltaram à vida. Como gotas de chuva no deserto.

Minha boca se abriu e seus lábios tocaram os meus quando a razão


veio à tona em minha mente. As palmas das minhas mãos chegaram ao seu
peito e dei um passo para trás.

— Não. — Uma palavra tão simples, mas com tanto poder. Sim,
fui eu quem a disse, mas isso não impediu que a decepção me invadisse.

O olhar feroz e possessivo em seus olhos me fez estremecer. Eu


sabia como ele beijava. Com força. Rude. Selvagem.

— Você quer isso, Autumn, — disse ele com desejo em sua voz.
Ou talvez minha mente estivesse me pregando peças. — Eu quero. Apenas
deixe acontecer.

Sua mão envolveu minha cintura e ele me puxou para mais perto.

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Minhas palmas encostaram na parede de pedra de seu peito, mas, em vez de
afastá-lo, meus dedos agarraram o paletó de seu terno, prendendo-o
firmemente a mim.

Eu me odiava por isso. Eu o odiava por isso. Meu corpo adorava


isso, assim como meu coração estúpido. Apesar da dor, ele continuava
batendo por ele.

— Você e eu. Fazemos sentido, — ele disse.

Minha mente gritou. Minha razão protestou. Mas meu corpo me


traiu, moldando-se a ele.

Balancei a cabeça. Eu precisava manter a cabeça fria.

— Não, — repeti, minha voz firme apesar de meu interior estar


tremendo com a necessidade de tê-lo. — Eu queria você há quatro anos e
deixei que isso acontecesse. Nós dois sabemos como terminou. Você não
pode simplesmente recomeçar algo que quebrou.

Ele nos quebrou. Ele destruiu o que poderíamos ter.

Meu coração batia forte e rápido contra meu peito, ameaçando


romper minha caixa torácica e saltar até ele. Parecia que ele arranhava
minhas entranhas para chegar até ele.

Eu sempre o quis. Ele era tudo para mim. Até que ele não era mais.

Minha morte. Minha felicidade. Minha queda.

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CAPÍTULO 24

ALESSIO

Autumn estava silenciosa enquanto eu dirigia, deixando aquele


maldito cemitério para trás.

Ela mal havia se sentado em meu Bugatti e seu aroma de outono


já enchia o carro. Ela cheirava exatamente como eu me lembrava. Meu pau
endureceu. Era o que bastava quando se tratava dela. Eu queria ficar olhando
para ela. Transar com ela. Tê-la em cada um dos meus espaços.

Alguns homens queriam espaço e limites. Eu sóqueria ela.

Meu coração ficou congelado nos últimos quatro anos. Ele se


transformou em um bloco de gelo congelado no momento em que seus olhos
se tornaram castanhos por minha causa, por causa do que fiz propositalmente
a ela para salvá-la. Eu me tornei seu vilão por necessidade, mas os anos não
foram suficientes para que eu pudesse seguir em frente. Nunca serei capaz
de seguir em frente. Desde que a vi pela primeira vez, não havia mais volta

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para mim. Ela me consumiu desde o momento em que nos cruzamos.

Seu toque. Foi tudo o que precisei. De repente, eu não conseguia


imaginar a vida sem ela. Em meu mundo de violência, tortura e dor, ela era
a prova de que havia vida fora do submundo. Uma vida feliz.

Ela ofereceu muito mais do que apenas um corpo quente. Eu não


era um santo, mas nunca gostei de proximidade física. Nem de toque. Esta
era a razão pela qual eu sempre transava com as mulheres por trás. Ver seus
rostos era pessoal demais. Os fantasmas, pelo menos os que eu lembrava,
voltavam rápido demais.

Mas com Autumn, eu queria ver essa felicidade em seu rosto. Eu


queria o prazer dela antes do meu. E eu queria lhe dar todos os meus pedaços
quebrados. Esse era o ponto principal, não era? Meu pai me quebrou antes
mesmo de eu me tornar um homem, mas, com ela, eu não me lembrava de
nada disso.

Com ela, eu me sentia vivo. Inteiro.

Sem ela, apenas a frieza residia em meu peito. Sem ela, eu não era
nada. Com ela, eu era tudo.

Eu queria cada pedaço dela. Ser o motivo de seus sorrisos. Poder


enxugar suas lágrimas. Ser dono de sua lealdade.

Balancei um pouco a cabeça. Eu estava tão fodido.

Isso é que é ironia. Ela não queria ficar perto de mim e eu estava
obcecado por ela. Ela virou meu mundo de cabeça para baixo no momento
em que me empurrou para fora de seu quarto. Eu dizia a mim mesmo que ela

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era apenas um incômodo, mas por que eu não conseguia deixá-la ir embora?
Não na primeira vez que a conheci. E certamente não agora.

Agora que o bastardo estava morto.

Ela quebrou as paredes que compunham minha vida e, lentamente,


as recompôs durante esses dois meses. Ela me tornou completo. Mas então,
puf. Ela se foi e minha pressão arterial nunca mais foi a mesma.

— Então, o que tem feito nos últimos quatro anos? — Jesus Cristo,
eu realmente acabei de fazer conversa fiada?

Ela também deve ter percebido isso, pois riu.

— E o que você tem feito, Alessandro? — Ela me lançou um olhar


fixo, mas seus olhos não eram castanhos. Eles estavam em algum lugar no
meio. — Ou eu deveria dizer quem? — Ela quase rosnou.

— Tenho estado ocupado. — Fiquei tentado a responder com algo


sarcástico, mas não adiantaria nada. Não com a bomba que eu estaria jogando
sobre ela antes que o dia terminasse. Eu precisava que ela estivesse de bom
humor.

— Posso imaginar, — ela zombou. — Eu conheço seu tipo de


ocupação.

Meus lábios se contraíram ao ouvir seu golpe. Autumn não era


exatamente uma gata selvagem, mas definitivamente não era um capacho.

— Eu me lembro de quando você era flexível e mais amável em


nossas conversas, — pensei, sem querer discutir com ela. — Ou, melhor
ainda, como fazer com que você fosse uma boneca flexível enquanto eu

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chupava você...

— E eu me lembro vagamente de quando você não era um babaca,


— ela disse, interrompendo-me. Embora o rubor em suas bochechas não
tenha me escapado.

Ela se virou de costas para mim, com a teimosia evidente na forma


como cerrou a mandíbula.

— Eu vi suas exposições, — mudei de assunto. Sua cabeça girou


em minha direção, com surpresa em seus olhos. Aqueles olhos
impressionantes que tinham tanto poder sobre mim! Bastava ela olhar para
mim e eu caía de joelhos. Meu coração batia apenas por ela. Apesar da dor e
de todas as merdas fodidas, ele não podia deixar de bater porque estava
esperando por ela.

Ela tinha tanto poder sobre mim e nem sequer sabia disso.

— Suas fotos são muito boas, — continuei.

— Hmmm.

— O quê? Você não concorda? — desafiei.

Ela revirou os olhos daquela maneira conhecida, só que não havia


nenhuma brincadeira maliciosa curvando seus lábios cheios.

— Estou surpresa que você goste delas, só isso, — respondeu ela


secamente.

— Por quê?

— Ah, eu não sei. — Ela fingiu confusão, mas seus olhos


brilharam irritantemente para mim. — Será que é porque muitas das minhas

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fotos tratam de armas ilegais, tráfico de mulheres e drogas? E todos nós
sabemos como você é um cidadão íntegro.

— Eu não mudei, — zombei, não querendo que ela soubesse que


suas palavras atingiram o alvo pretendido. — Meu negócio não mudou. Isso
não a incomodava antes. — Seus olhos se estreitaram e seus lábios se
afinaram em desagrado. Ela odiava a lembrança de nosso passado. Então,
naturalmente, continuei a lhe trazer mais lembranças. — Na verdade, eu me
lembro de você estar bastante entusiasmada comigo antes. Gritando meu
nome no topo de uma montanha...

— Jesus Cristo, você poderia parar? — sibilou ela, com o rubor


descendo pelo pescoço e desaparecendo sob o vestido.

— Estou tentando conversar, Autumn, — disse-lhe calmamente.


— Quero saber como você tem passado. Quero saber sobre seu filho. — E o
pai dele, pensei com amargura. — O mundo que você viu. Quero saber tudo
o que perdi nos últimos quatro anos.

— Não faço ideia de por que você se importaria, considerando a


forma como nos separamos da última vez que o vi, — ela resmungou. Ela
segurou as mãos no colo, os nós dos dedos ficando brancos. — Eu já vi muito
do mundo. Meu filho não é da sua conta e nem o que aconteceu depois de
você...

Ela se interrompeu. Suas sobrancelhas estavam franzidas, sua boca


apertada e sua respiração superficial. Eu estava tão tentado a estender o braço
e passar a mão em sua testa. Eu nunca quis ver angústia em seu rosto.
Infelizmente, foi tudo o que eu lhe trouxe.

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— Desculpe-me, — eu disse.

Ela nunca entenderia completamente o quanto eu estava


arrependido. Como foi difícil abrir mão dela. Eu poderia ter aceitado os
riscos para mim, mas nunca para ela. Minha morte era aceitável, a dela não.

Ela foi a cura para toda a minha dor.

Seus olhos encontraram os meus. Castanhos. Droga, eu odiava


aquela cor.

— Desculpo pelo quê? — ela exigiu saber com sua voz suave.
Mesmo quando irritada, ela falava suavemente. Droga, por onde eu poderia
começar?

Lamento que ela não tenha conseguido alguém melhor do que eu.
Sinto muito por tê-la machucado. Sinto muito por não ter conseguido manter
meu pai afastado para que a vida dela não corresse perigo. Sinto muito por
ter falhado com ela.

Mas nenhuma dessas palavras foi dita.

— Desculpas não são suficientes, Alessio, — ela sussurrou, depois


se virou para olhar pela janela, sinalizando que nossa conversa havia
terminado.

Ela não sabia que isso nunca acabaria. Não para nós dois. Eu era
inútil sem ela, então eu a levaria agora. Cuidaria dela e de seu filho, quem
quer que fosse seu pai. O ódio corria em minhas veias ao pensar que outra
pessoa tocou sua pele macia, ouviu seus gemidos ou sentiu sua boceta
apertada. Mas eu nunca seria como meu padrasto. Nunca causaria dor a uma

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criança que não tinha controle sobre sua paternidade. Eu era um homem
melhor.

Deus, eu esperava ser um homem melhor do que aquele bastardo


que me criou.

Chegamos à minha casa, situada em um terreno de muitos hectares


e cercada de proteção. Eu havia comprado o lugar décadas atrás para minha
irmã, para lhe dar alguma aparência de segurança. Um dia, eu esperava que
fosse um lugar feliz para sua família, minha família. Nossa família.

Autumn saltou do carro e subiu correndo as escadas de mármore


sem olhar para trás.

— Por favor, entre, — resmunguei baixinho.

Ela não pôde me ouvir, pois já estava fora do carro quando


desliguei a ignição. Fiquei um momento admirando suas curvas. Ela ainda
era magra, mas havia mais suavidade nela. Acho que era o resultado de ter
um filho.

Quando eu descobrisse quem tinha se atrevido a tocá-la, ele seria


um homem morto. Eu já havia enviado um recado para Nico.

Meu celular apitou, sinalizando uma mensagem de texto, e eu olhei


para ele.

— Ah, por falar no diabo, — murmurei, depois liguei para ele.

— Por que diabos sua verificação de antecedentes não incluiu o


filho dela? — Eu exigi saber. Não havia motivo para perder tempo e fazer
rodeios.

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— Você disse que queria saber sobre ela, não sobre a família e o
filho dela, — respondeu Nico, imperturbável.

— Por que diabos eu não gostaria de saber sobre o garoto? — Eu


gritei. Já podia imaginar Nico encolhendo os ombros e bebendo seu
conhaque ou uísque. Qualquer que fosse sua escolha de veneno.

— Quero o nome do pai, — exigi, com os dentes rangendo. —


Agora.

Vozes agudas de crianças pertencentes a meninas e meninos


soavam ao fundo. — Meninas, parem com isso. Vocês também, meninos. Ou
não haverá filme hoje, — alertou Nico. Ele tinha dois pares de gêmeos.
Sinceramente, não sei como Nico conseguia manter a sanidade. Sua casa
estava sempre cheia de vida e de choros, gritos e birras de crianças.

— Você realmente quer saber quem é o pai da criança? —


perguntou Nico. Ele deve ter colocado seus filhos sob controle.

— Eu perguntei, não perguntei?

— Olhe-se no espelho, Alessio. — Pisquei, e meus olhos


realmente se voltaram para o espelho retrovisor. — Você é o pai da criança.

Meus ouvidos zumbiram e o mundo inteiro se deslocou em seu


eixo.

Eu era o pai. E eu a havia abandonado. Foda-se.

Entrei em minha casa e encontrei Branka e Autumn se servindo de

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um copo do meu melhor uísque. Como se isso não fosse ruim o suficiente,
Branka serviu outro copo generoso, excessivamente grande, e o ofereceu a
Byron.

— Tome, isso é por ter me trazido, — disse Branka secamente. —


Foi a viagem mais chata para casa.

— Aposto que minha carona é melhor que a sua, — murmurou


Autumn distraidamente. Ela parecia cansada. Seus cílios escuros se agitavam
contra as bochechas em um leque escuro enquanto ela tomava um gole do
meu uísque.

Branka seguiu bebendo seu próprio copo. Acho que nenhuma das
duas se importou com o fato de que era um uísque de quase duzentos anos
de idade do jeito que estavam bebendo. Era para ser saboreado. Byron pelo
menos tomou um gole. Ele não devia estar com vontade de socializar, pois
desapareceu em meu escritório.

— É ruim que eu esteja feliz por aquele homem estar morto? —


Branka murmurou.

Autumn colocou sua mão gentilmente sobre minha irmã. —


Esqueça isso. Provavelmente é melhor.

Ela não fazia a menor ideia. Aquele homem havia transformado


tantas vidas em um inferno.

— Será bom ficar aqui por um tempo, — Branka sorriu.

— Por enquanto. — Autumn tomou outro gole do uísque.

— O que você quer dizer com por enquanto?

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— Vou ver como vai ser, — ela observou o líquido em seu copo.
— Eu meio que gosto de estar em campo.

— Mas você não pode continuar fazendo isso com Kol.

Autumn suspirou profundamente. Kol. Meu filho. Branka não


havia mencionado nenhuma vez que sua melhor amiga tinha um bebê. Será
que minha irmãzinha sabia? Ou isso era algo que Autumn guardava para si
mesma? Ficamos nos esgueirando pelas costas de Branka durante esses dois
meses.

— Eu sei, — ela murmurou. — Mamãe já marcou uma entrevista


para inscrevê-lo em algumas horas de creche. Ela disse que é bom para a
socialização. — É mesmo? Eu teria que dar uma olhada. Jesus, eu sabia
muito pouco sobre crianças. Será que eu teria que aprender a trocar fraldas?
— Meu Deus, não acredito que estou de volta em casa. A mamãe deixou meu
quarto exatamente do jeito que estava.

— O meu também? — Branka ficou chocada.

— Sim. — Autumn passou a mão por sua espessa juba. —


Deveríamos ter voltado mais cedo, mas... — ela se interrompeu. — De
qualquer forma, não tenho certeza de quanto tempo isso vai durar.

— Sobre o que Alessio queria falar com você? — Branka lhe


perguntou com curiosidade.

Ela encolheu os ombros magros. — Minhas fotos.

A expressão no rosto de Branka mostrou claramente que ela não


acreditava nela. — Sim, porque todo homem quer falar sobre artes e

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artesanato.

Autumn lançou-lhe um olhar irritado. — Bem, acho que seu irmão


gosta. Talvez ele tenha uma alma artística.

Branka revirou os olhos. — Sim, suas artes e ofícios terminam na


fabricação de móveis e na tortura... — Minha irmã seria a minha morte. —
De qualquer forma, ele gosta de fazer móveis. Embora eu não me lembre da
última vez que o vi fazer isso.

— Ele constrói móveis com suas próprias mãos? — perguntou


Autumn, com a descrença clara em seu rosto. Branka assentiu com a cabeça.
— Nossa, eu não sabia que ele era tão bom com as mãos.

— Você deveria testar as mãos dele, — murmurou Branka. — A


menos que já tenha feito isso.

— De que diabos estamos falando? — Autumn resmungou.

— Das mãos do meu irmão, — respondeu Branka inocentemente


com aquele olhar que conheço tão bem. Tinha problemas escritos por toda
parte. — E o que há com vocês dois? Não consigo decidir se vocês não se
suportam ou se querem se fo...

— É melhor você não dizer isso, — Autumn sibilou sua


advertência. — Sei que enterramos seu pai hoje, mas se você disser isso, juro
que vou perder a cabeça.

Branka sorriu. Esse era todo o desafio de que ela precisava. — O


quê? Está se sentindo um pouco excitada? Seu último encontro não foi muito
bom.

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Seu último encontro? A fúria me atingiu em cheio.

— Branka...

— Só quero saber o que está acontecendo, — resmungou Branka.


— Deve haver algo mais por trás da insistência do meu irmão para que você
vá com ele.

— Tudo bem, ele falou sobre minhas fotos e quis saber o que
fizemos nos últimos quatro anos.

— Talvez ele esteja buscando informações? — Branka ponderou


e meu instinto alertou que havia algo que minha irmãzinha estava
escondendo. — O que você disse a ele?

— Nada. — Autumn parecia muito defensiva. — Não havia nada


para contar.

— Sério? — Branka a observou criticamente. — Como se não


houvesse absolutamente nada para contar?

— Eu deveria ter contado a ele todos os meus sonhos e desejos?


— Autumn retrucou sarcasticamente.

Dessa vez, Branka riu. — Sim, como aquele sonho que você teve
no ensino médio.

Autumn revirou os olhos. — Você terá de ser um pouco mais


específica. Esses sonhos mudavam semanalmente. Às vezes, diariamente.

As duas riram. — É verdade, — concordou Branka. — Aquele em


que você insistiu que só se casaria com um rapaz local porque queria ficar
perto de seus pais. E então aquele idiota chamou você de mente fechada e eu

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tive que dar um soco nele por você.

Eu certamente esperava que Branka estivesse brincando, mas a


maneira como Autumn engasgou com a bebida me disse que ela não estava.
— Ele correu para a mamãe chorando. — As duas riram. — A única razão
pela qual nada foi dito foi por causa de quem era seu irmão.

Branka balançou a cabeça. — Não, eles não chamaram ninguém


por causa de quem era meu pai. Alessio é assustador, mas ele sempre me faz
fazer a coisa certa. Meu pai era uma história diferente.

Ambas permaneceram em silêncio por um momento.

— Por que você não se casa com Alessio? — sugeriu Branka.

Dessa vez, Autumn engasgou com sua bebida. — Bom, seria um


duro não.

Não houve hesitação na voz de Autumn, mas suas bochechas


coradas não me escaparam.

Branka deu uma risadinha. — De alguma forma, eu sabia que você


diria isso.

As duas se serviram de mais um drinque, bateram os copos e


continuaram bebendo.

— Certo, ele não faz seu tipo, — comentou Branka, embora eu


tenha detectado sarcasmo em seu tom.

Errado, irmã. Eu era totalmente o tipo dela e ela era o meu.

— Acho que sim.

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Branka já encheu seu copo novamente. E o seu próprio. Aquela
garrafa desapareceria esta noite, a menos que eu a trancasse.

— Como assim, você acha? — Branka perguntou ao pousar a


garrafa e depois tomou outro gole.

Autumn deu uma risadinha. — Vamos, Branka. Ele é gostoso.


Assustador como a merda, mas gostoso mesmo assim.

— Você transaria com ele?

— Branka!

— O quê? É uma boa pergunta. — Branka se defendeu enquanto


as bochechas de Autumn ficavam vermelhas.

— Definitivamente, há algo errado nessa conversa. Se eu tivesse


um irmão, não gostaria de saber se você transaria com ele.

Branka encolheu os ombros. — O fato de você estar evitando a


pergunta me diz que você transaria.

Autumn exalou. — Não, eu não transaria. E eu não estava evitando


a pergunta. Estava apenas apontando o quanto ela era inadequada.

— Você deveria transar com ele.

— Veja, é por isso que eu não digo a você quando os homens são
gostosos, — ressaltou Autumn. — Você entra no modo casamenteiro total.
Sinceramente, deveria abrir um desses negócios. Você é muito boa em juntar
casais.

Branka sorriu e inclinou a cabeça para trás. — Eu sei. Até agora,


me saí muito bem. Graças a mim, dois dos membros de nossa equipe se

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casaram.

— Sim.

— Então, Alessandro é seu tipo? — Branka tentou novamente.

— Jesus, você está me matando. — Autumn cuspiu irritada. —


Não, ele não faz meu tipo. Atualmente, ninguém faz meu tipo.

— Está bem, está bem. Ele não faz seu tipo. — Branka encheu
novamente suas bebidas. — O fundo do poço está pronto, irmã.

As duas riram e beberam a bebida, depois se serviram de outra.

Deixando as duas amigas por conta própria, fui procurar meu


meio-irmão. Byron e eu havíamos chegado a uma trégua relutante depois que
ele me ajudou a me livrar do velho.

A porta do escritório se fechou atrás de mim com um clique


silencioso. Encontrei Byron sentado confortavelmente na área de estar do
meu escritório, tomando um gole de uísque.

Atravessei o escritório, com passos lentos e deliberados, até chegar


à minha mesa. Sentei-me atrás dela, com um músculo de minha mandíbula
pulsando. Décadas de ressentimento eram difíceis de superar e, na verdade,
Byron me fez um favor. Eu estava em dívida com ele por esse favor, e eu
odiava ficar em dívida com alguém.

— Ela é bonita, — comentou Bryon, despreocupado. Eu não


comentei, mas meus dentes se cerraram. — É a esposa perfeita para um
político em ascensão. E mais próxima da minha idade do que da sua.

A raiva ardia em meu peito. Byron era apenas dois anos mais novo

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do que eu, mas ele e Autumn eram mais compatíveis. Apenas no papel. Os
dois eram bem-educados. Ambos tinham ideais. Mas havia algo em ver
Byron e Autumn juntos que me fazia querer esmagar a cabeça do meu meio-
irmão contra a parede mais próxima. Byron, assim como Autumn, queria
salvar o mundo. Essa era a razão pela qual ele trabalhava nas costas do pai -
limpando a bagunça de negócios corruptos que ele havia deixado em seu
rastro.

— Você percebe que está rosnando, certo? — Byron tomou um


gole preguiçoso de sua bebida. Minha maldita bebida.

— E você está me irritando. — A inquietação zumbia sob minha


pele. Eu estava ansioso para colocar meu plano em ação e, agora que soube
que Kol era meu, estava obcecado em colocá-lo em prática. Jesus, ele era
meu. Eu tinha um filho. Uma pessoa mais inteligente ficaria furiosa por ela
ter escondido isso de mim, mas o meu lado obsessivo e ligeiramente
psicótico estava entusiasmado por haver algo nos unindo. Um vínculo que
não podia ser quebrado.

Aquela última cena de nós dois juntos, há quatro anos, passou em


minha mente. Repetidamente. Como um disco quebrado. Ela me procurou,
pedindo para falar comigo, e eu a rejeitei. Será que ela ia me contar sobre o
bebê quando veio me ver? Nunca lhe dei essa chance. Mais uma coisa para
acrescentar à minha lista de coisas a lamentar.

Ela me perdoaria?

Porque deixar para lá não era uma opção.

Eu deveria ter estado lá para ela. Eu deveria estar lá por ela.

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Concentrei-me nos aspectos positivos. Autumn fez um bom
trabalho ao esconder meu filho do meu pai. Isso me fez amá-la ainda mais,
se é que isso era possível. Ela o protegeu daquele velho bastardo durante os
últimos quatro anos.

Eu mal podia esperar para tê-la em minha cobertura. Em minha


cama. Porque havia outro órgão que funcionava somente para ela. Meu pau
se recusava a aceitar a ideia de qualquer outra mulher. Apenas ela.

Quatro anos era muito tempo para abstinência e masturbação


constante.

— Você sabe que ela é o seu ponto fraco, certo? — Não havia
necessidade de perguntar de quem estávamos falando. Autumn Corbin, que
logo se tornaria Russo, era meu ponto fraco. E eu não dou a mínima. Eu a
manteria segura.

Ela e nosso filho.

Ela era o quebra-cabeça do qual meus batimentos cardíacos


sentiam falta. Esse órgão só funcionava adequadamente quando ela estava
por perto.

Por enquanto, deixei de lado os pensamentos sobre os cachos


pretos e os olhos cor de avelã. Não havia necessidade de transmitir minha
fraqueza.

— Cuide de sua própria vida, Byron.

— E eu que pensei que você me amaria e seria gentil comigo para


sempre por ter matado seu pai por você. — Byron fingiu estar magoado, com

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sarcasmo pesado em sua voz. — E você tem aquele negócio de armas com
meu primo, Dante.

— Sim, eu adoraria que você ficasse para sempre fora da minha


vista, — resmunguei, depois meus lábios se curvaram em um sorriso
sardônico. — Aposto que uma mulher específica também está exigindo que
você fique longe da vista dela, — eu disse suavemente.

A surpresa passou por seus olhos, seguida de irritação e uma pitada


de fúria. — Você realmente achava que seu irmão mais velho não saberia
seus segredos, não é? Que tipo de irmão eu seria?

— É a primeira vez que você me chama de irmão, e já fez isso duas


vezes em menos de um segundo, — ele gritou.

Eu podia ver sua raiva pulsando em sua jugular. Não era contra
mim; era contra um tipo diferente de mulher. Se Autumn era minha fraqueza,
aquela mulher ruiva era a dele.

Byron, apesar de sua aparência limpa, era tão cruel quanto eu. A
última pessoa que ousou tocar em algo dele, em uma mulher para ser exato,
acabou em coma, com dedos das mãos e dos pés faltando e um rosto que
jamais se recuperaria.

Isso deve ter arruinado a vontade de Byron de conversar, porque


ele se levantou, abotoando seu caro terno Brioni. Eu odiava o fato de nós
dois gostarmos daqueles malditos ternos. Talvez eu mudasse
permanentemente para jeans, porque Autumn mencionou que minha bunda
ficava sexy em jeans. Assim, seria mais difícil para ela me resistir.

Certo? Que droga! Eu acabaria entrando em uma fase de

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insegurança nos meus quarenta anos. Que bom.

— Russo, eu já tenho irmãos chatos, — Byron resmungou, com


uma expressão irritada. — Não preciso de mais um.

Estávamos na metade do caminho do grande saguão quando


paramos, no momento em que o som das risadas de Branka e Autumn chegou
até nós do terraço.

— Acho que sou um peso leve, — anunciou Branka, balançando


os pés e dando risadinhas bêbadas. — Eu costumava beber uma garrafa
inteira e não sentia esse impacto.

— Bem, o álcool era escasso nas selvas, — comentou Autumn,


com seu próprio tom ligeiramente arrastado.

Eu podia ver Autumn perfeitamente daqui. Ela e Branka estavam


sentadas no piso de mármore do terraço, com as cabeças inclinadas para trás
contra os trilhos. Os raios prateados da lua brilhavam em seus rostos. Minha
irmã parecia mais feliz. Mas foi minha mulher que me fez não conseguir
desviar o olhar.

Sua pele de marfim refletia perfeitamente na escuridão. Seus


cachos pretos se misturavam com a noite, deixando seu pescoço exposto. Eu
desejava sugar seu pulso, lamber sua pele para poder sentir seu gosto... como
fiz há quatro anos.

Ela era tão linda que doía só de olhar para ela.

— Temos que parar de beber, — disse Autumn, com a fala mais


lenta, como se estivesse cansada demais para falar. Mesmo com a fala

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arrastada, sua voz ainda era melodiosa. — Se eu ficar bêbada, posso fazer
alguma besteira. Como deixar seu irmão nu. — Então, como se tivesse se
dado conta do que havia dito, ela balançou um pouco a cabeça. — Isso seria
muito ruim.

Fiquei quieto diante dessa admissão. Minha irmã levou algumas


batidas de coração para perceber o que Autumn havia dito.

— Então, você está caidinha por ele, — Branka disse, sorrindo


estupidamente.

Como se Autumn tivesse percebido seu erro, ela tentou voltar


atrás. Ela abriu os olhos, olhando para sua melhor amiga. — Não estou.
Qualquer homem serviria, na verdade.

— É por isso que sua vida amorosa é tão abundante, — retrucou


Branka. Enquanto eu tentava distinguir se minha irmã estava sendo
sarcástica ou não, ela perguntou: — Você ainda fala com o pai de Kol?

Autumn encolheu um ombro magro, mas não lhe respondeu.


Então, minha irmãzinha também não sabia que eu era o pai. Eu gostaria de
pensar que ela teria me contado. Branka era jovem, mas era ferozmente leal
e, quando era preciso, ela preferia a família aos amigos. Em breve, Autumn
também seria sua família.

— Talvez eu deva me oferecer para ser o homem dela, — pensou


Byron ao meu lado.

— Talvez eu devesse matá-lo com um tiro agora mesmo, — eu


disse sombriamente.

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A risada de Byron soou muito depois de ele ter saído pela porta.

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CAPÍTULO 25

AUTUMN

Era o momento perfeito para confessar meu segredo.

No entanto, as palavras se recusavam a sair de meus lábios. Eu


nunca havia percebido como as palavras de Maman eram verdadeiras.
Quanto mais tempo você retém a verdade, mais difícil é admiti-la.

E eu escondi a verdade dela por muito tempo. Quatro anos, para


ser exata. O problema é que, se eu lhe contasse, sabia que ela contaria ao
irmão. Branka e Alessio eram muito próximos. Ele era o irmão mais velho
que a protegia do pai deles, que era obscenamente cruel com a família.

O olhar que ela me lançou me deixou nervosa. — Por que você


não quer falar sobre o pai de Kol?

Não era a primeira vez que ela perguntava isso. Às vezes eu me


perguntava se ela sabia, mas queria que eu admitisse. Embora eu achasse
que, se ela soubesse, contaria ao irmão. E eu não poderia culpá-la se ela

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corresse para Alessio no momento em que soubesse quem era o pai de Kol.
Se eu tivesse um irmão, contaria a ele também.

— Porque não há muito o que dizer. Nós transamos. Ele não queria
mais nada. Depois, ele não quis nem isso, — resmunguei, depois peguei meu
celular, sentei-me no corrimão de mármore e verifiquei a hora. — Oh, droga,
— murmurei, levantando-me. O mundo estava um pouco tonto. — Vamos
encerrar a noite.

— Passe a noite aqui, — protestou Branka fracamente.

— Ou você poderia voltar para a casa dos meus pais? — sugeri.

Essa era minha primeira vez aqui. Na casa de Alessio. Há quatro


anos, ficamos em sua cobertura no centro da cidade. Além disso, a última
coisa que eu queria era ficar sob o mesmo teto que Alessio Russo.

— Acho que devo ficar com Alessio, — murmurou Branka. —


Para garantir que ele esteja bem.

Acenei com a cabeça. Fazia sentido. Embora o homem não


parecesse muito chateado por enterrar seu pai hoje.

— Tem certeza de que não posso convencê-la a passar a noite


aqui? — Branka tentou mais uma vez.

— Não quero que Kol acorde sem eu estar lá, — respondo


suavemente. — Vou chamar um táxi.

Eu não tinha mais meu carro. Para começar, ele era velho e eu não
tinha voltado desde que partira. Meus pais me encontraram em diferentes
cidades da Europa para comemorar o Natal, para ver Kol e passar um tempo

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conosco.

Tudo porque me recusei a voltar para Montreal e encontrar meu


primeiro amor. O pai do meu filho. O homem que me traiu. Mas, acima de
tudo, para nunca mais ver o pai de Alessio.

— Eu a levarei para casa. — O sotaque preguiçoso da voz


profunda e familiar causou arrepios em minha espinha.

Lentamente, como se eu precisasse de tempo para me ajustar,


virei-me e inclinei o pescoço para seu corpo de um e noventa e seis. Maçãs
do rosto esculpidas e olhos cor de aço. Pecado e crueldade, tudo embrulhado
em um caro terno preto carvão.

Mesmo depois de todos esses anos e sabendo o que ele havia feito,
meu corpo ainda ansiava por seu toque. Eu tinha que me perguntar para onde
foi meu orgulho. Senti que no momento em que vi Alessio novamente, meu
feminismo foi pela janela.

Os olhos de Alessio se voltaram para sua irmã. — Branka, é


melhor você ir dormir e para de beber meu uísque de duzentos anos. Eu
levarei Autumn para casa.

Quando ela não se mexeu, ele soltou um suspiro. — Não vá


embora, — ele me ordenou. Ele deu três passos vigorosos e alcançou Branka,
depois a empurrou gentilmente na direção da grande escadaria que levava
aos quartos.

Por alguns instantes, os dois desapareceram de minha vista, e


fiquei no meio do grande saguão, com o lustre bem acima de minha cabeça,
ponderando se deveria ficar ou ir embora. Na verdade, eu não queria ficar

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sozinha com Alessio.

Era muito arriscado - para minhas coxas traidoras não se abrirem


e o receberem. Especialmente sob o efeito de álcool.

— Não dirija14 sob a influência de nada, — murmurei baixinho.


— Especialmente Alessandro Russo.

— Que pena. — O timbre profundo e suave de sua voz causou um


arrepio quente em minha espinha. — Acho que nós dois gostaríamos disso.

Meus punhos se apertaram e eu me forcei a afrouxar os dedos ao


mesmo tempo em que expirava. As coisas que esse homem fazia comigo.

Assim como antes, mudei lentamente de posição, consciente de


seu calor contra minhas costas. Encontrar seu olhar era sempre um choque
para meu sistema. A adrenalina corria em minhas veias junto com esse desejo
constante que nunca diminuía.

Exceto quando eu estava perto dele.

— Seu filho nunca passou a noite longe de você? — Sua pergunta


saiu do lado esquerdo e, por um momento, fiquei confusa, olhando para ele.

Seu filho, disse ele. Nosso filho, minha mente gritou. Ele era nosso
filho. Eu pensava nele como nosso filho. Mas, pela segunda vez nesta noite,
não consegui fazer com que a admissão saísse de meus lábios.

— Passou, — eu disse suavemente. — Ele passou noites com


Branka e meus pais. Só isso. — Meu peito se aqueceu, como sempre
acontecia quando eu pensava em Kol. — Kol é bastante exigente. Mais ou

14
Trocadilho com a palavra riding que também significa “cavalgar.”

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menos como o pai dele.

Era o mais próximo da verdade que eu ousava chegar. Dois


batimentos cardíacos e Alessio assentiu, com compreensão em seus olhos.

— Vamos para o meu carro, — disse ele finalmente, colocando a


mão na parte inferior das minhas costas e me guiando para fora da porta.

Um carro já estava esperando por nós. Diferente do seu carro


esportivo sofisticado.

— O que aconteceu com o outro carro? — Eu lhe perguntei.

— Há mais espaço neste carro.

Eu me perguntava para quê, mas não me dei ao trabalho de lhe


perguntar. Isso realmente não importava.

Assim que me acomodei nos caros assentos de couro, a porta do


carro se fechou e Alessio deu a volta no carro. Ele deslizou para o assento do
motorista com aquela graça letal que eu costumava adorar.

Não mais. Sim, totalmente não mais.

O carro tinha o cheiro dele. A colônia apimentada e aquele cheiro


de madeira que passei a associar apenas a Alessio Russo.

Sem dizer uma palavra, Alessio colocou o carro em marcha e


passou por sua luxuosa entrada, conduzindo-o para fora de sua propriedade.

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Ele dirigia com firmeza e controle. Assim como respirava, falava
e transava. Sim, eu realmente não precisava me lembrar do último. Inspirei
profundamente e expirei lentamente, depois me amaldiçoei por ter sido tão
estúpida a ponto de deixá-lo me levar para casa.

Aquele uísque estúpido tinha mais álcool do que eu esperava. Não


ajudou o fato de eu ter bebido dois copos. Ou seriam três? Em um
determinado momento, comecei a despejar o conteúdo do meu copo sobre a
balaustrada. Branka já havia passado da fase de perceber.

O desejo de tocá-lo era tão forte que tive de me forçar a manter


minhas mãos plantadas no colo. Observei seus dedos se enroscarem no
volante, e minha memória se prendeu às imagens de nós dois na última vez
em que os senti sobre mim.

Camboja. Logo antes de Abu Dhabi.

— Estamos indo para onde nessa coisa? — perguntei a Alessio,


olhando para a pequena motocicleta.

— Estamos indo ver o interior de Camboja. Em toda a sua glória


colorida, — respondeu ele. Ele se comportou como se uma viagem ao
interior de Camboja fosse uma ocorrência cotidiana. — Você disse que
precisava de uma foto para o seu blog e não conseguiu encontrá-la.

Coloquei as mãos nos quadris e olhei para Alessio com um olhar


fixo. — Mas e quanto ao sexo? Já se passou uma semana inteira.

Sua boca se contraiu. — Teremos tempo para sexo.

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Eu o observei com desconfiança. — Jura?

— Juro de coração e tudo mais. — Ele deu vida à Honda e sorriu


largamente. Meu olhar o percorreu. Camisa polo preta lisa. Calça jeans.
Deus, ele ficava bem de jeans. E botas de combate. — Pronta?

Ele estendeu a mão e eu coloquei meus dedos em sua palma. —


Nunca consigo resistir a você de jeans, — murmurei. — Esta é a única razão
pela qual você os usou, não é?

Ele não respondeu. — Precisamos de capacetes?

— Não estarei indo rápido. — Seus olhos me observaram. Eu


usava uma camiseta rosa e shorts jeans. Assim como ele, optei por botas. Só
que as minhas eram rosa. — Nunca deixarei que nada aconteça com minha
mulher.

Minhas bochechas ficaram coradas. Eu adorava quando ele me


chamava de sua. — Você quer ver um templo ou algumas paisagens de
cortar a respiração?

— Paisagem, — respondi. Sempre preferi a paisagem. — Mas


preciso de meu equipamento.

Ele deu um tapinha na bolsa pendurada na moto. — Tenho tudo


aqui.

— Está bem, então, — suspirei. — Aqui vamos nós.

Enganchei a perna sobre a moto e deslizei atrás de Alessio,


envolvendo meus braços em sua cintura. Estávamos na cidade ribeirinha de
Battambang e seguíamos para o sul. Chegamos às exuberantes montanhas

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Cardamom ao cair da noite.

— Onde vamos dormir? — perguntei quando ele estacionou.


Minhas coxas estavam doendo de tanto tempo na garupa da moto e do
terreno acidentado. Estiquei minhas pernas.

— Há uma cabana no alto daquela colina.

Alessio pegou a bolsa da moto, segurou minha mão e subimos a


colina. Os sons da noite vibravam no ar. Seguimos o caminho, iluminado
pelo luar. Meus dedos se entrelaçaram com os dele.

Éramos apenas nós dois neste momento. Ninguém mais.

Quando chegamos ao topo da colina, vi a cabana. Simples.


Pequena. Perfeita.

— Lar, doce lar, — murmurei.

Ele me pegou no colo e um grito suave escapou de mim, enquanto


eu dava uma risadinha de alegria.

— O que está fazendo? — Eu o questionei enquanto ele abria a


porta com o pé e entrava. — Não estamos indo apreciar as vistas?

— Amanhã, vistas, — ele sussurrou contra minha boca. — Hoje


você pediu sexo, e eu pretendo fazer isso.

Ele me colocou em uma cama de solteiro pequena, feita com


lençóis limpos que cheiravam a nascentes frescas das montanhas.

Minhas entranhas se apertaram e meu peito se aqueceu quando


ele se ajoelhou para abrir minhas botas. Depois de tirá-las de meus pés, ele
as colocou aos pés da cama e, em seguida, tirou suas próprias botas. Em

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seguida, tirou as botas e o coldre com uma faca preso em seu tornozelo.

Seus olhos percorreram meu corpo. — Tire a roupa para mim.

E foi o que fiz. Sempre me senti mais ousada com ele por causa da
maneira como ele me olhava. Com admiração. Como se eu fosse sua
salvação.

Puxei a camiseta por cima da cabeça. Meus seios subiam e


desciam, meus olhos absorvendo sua expressão. Eu usava um sutiã branco
rendado. Ele sabia que era para ele. Certa vez, ele disse que foi o meu sutiã
e a minha calcinha brancos que o fizeram perder a concentração quando
nos conhecemos. Percebi que ele se lembrava disso pela forma como
respirou fundo. Aquela fome familiar e primitiva em seu olhar me deixou em
chamas. Ele estendeu a mão e eu lhe entreguei a camiseta. Ele a colocou
cuidadosamente sobre a única cadeira da cabana. Em seguida, tirei meu
short. Eu me despi dele e o entreguei a ele.

— O sutiã e a calcinha também, — exigiu ele, com a voz rouca.

— Eu também quero você pelado, — ofeguei. Ele puxou a camisa


por cima da cabeça. Em seguida, tirou a calça jeans e ficou gloriosamente
nu na minha frente. O tremeluzir das velas lançava sombras sobre ele, mas
nem mesmo a escuridão conseguia esconder sua beleza.

Estendi a mão para trás e abri o fecho do meu sutiã. Em seguida,


puxei a calcinha para baixo das coxas, dando-lhe um vislumbre de minhas
dobras. Brilhantes e úmidas.

Minha calcinha mal tinha saído de mim quando Alessio agarrou


minhas coxas e enrolou minhas pernas em sua cintura.

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— Ahhh, — gemi, sentindo-o em minha entrada quente. Pressionei
meu clitóris sensível ao longo dos sulcos de seu pau duro. Ele viu a ponta de
seu pau desaparecer dentro de mim e nós dois gememos ao mesmo tempo.

— Senti sua falta, — ele gemeu. Minhas mãos envolveram seu


pescoço, puxando-o para mais perto.

— Senti mais sua falta, — murmurei contra seus lábios. Então sua
boca tomou a minha, áspera e úmida. Meus seios roçaram em seu peito. Ele
me empalou em um único impulso forte e minhas unhas se cravaram nos
ombros musculosos de Alessio.

— Porra. — Sua boca percorreu meu queixo, meu pescoço. —


Você me leva tão bem.

As paredes de minha boceta se apertaram em torno de seu pau,


ansiando para que ele começasse a se mover. Ele rugiu quando começou a
bombear para dentro e para fora de mim. Com força e profundidade. O
prazer se enroscou com força. Cada batida implacável dele me levava cada
vez mais alto. Eu estava tremendo, a necessidade de liberação fazia parte de
cada grito e gemido.

Alessio prendeu meu mamilo em sua boca quente e meus olhos se


reviraram enquanto meus gemidos se tornavam roucos.

Seu ritmo ficou cada vez mais acelerado, transformando-me em


uma bagunça e, durante todo o tempo, sua língua provocava meus mamilos.

— Alessandro, por favor, — eu implorei. Eu estava tão perto do


meu orgasmo. Minhas pálpebras se fecharam, a emoção aumentando a cada
estocada forte.

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— Olhe para mim, Autumn, — ele exigiu.

Abrindo os olhos, encontrei a adoração em seu olhar enquanto


meu corpo explodia em um orgasmo de arrepiar a terra. Ele continuou a
empurrar, bombeando com força para dentro de mim e com a pélvis batendo
em meu clitóris. Tremores e mais tremores percorreram meu corpo.

Depois que todos os tremores foram drenados de mim, o pau de


Alessio deslizou para fora de minha boceta encharcada e a insegurança me
atingiu. Ele ainda estava duro como uma rocha.

— Ainda não terminamos. — Sua voz estava rouca; seus olhos


cheios de luxúria. — De quatro. Agora.

Eu me esforcei para obedecer, com as mãos e os joelhos batendo


no pequeno colchão. Sua mão levou meu cabelo para o lado e eu inclinei a
cabeça. Observei quando suas mãos chegaram aos meus quadris, aqueles
dedos graciosos agarrando minha carne. Minha boceta se apertou quando
ele puxou meus quadris para cima, de modo que minha bunda foi empurrada
para o ar.

— Com força e rápido, certo? — O tom rouco de sua voz causou


um arrepio em meu corpo.

— Sim. — A palavra mal saiu de minha boca quando ele entrou


de volta em mim em um único impulso forte. Gritei seu nome, minha boceta
se apertando em torno de seu pau. Ele parecia estar mais profundo dentro
de minha boceta do que nunca. Sua outra mão foi até meu cabelo e apertou
meu rabo de cavalo. Ele puxou meu cabelo para que minha boca ficasse
mais perto dele. Seus lábios se chocaram contra os meus, sua língua

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invadindo minha boca com força enquanto seu pau entrava e saía de mim.

Outro orgasmo se aproximava rapidamente. Fogos de artifício se


formaram em minha corrente sanguínea. Seus grunhidos enchiam a cabana.
O suor escorregadio cobria minha pele. Ele entrava em mim, as investidas
eram tão fortes que as molas rangiam. Pode ser que a cabana inteira
estivesse se mexendo.

Cada centímetro dele me preencheu até ao fim. Eu rebolava os


quadris para cima, ávida por mais, causando fricção.

— A quem você pertence? — ele arfou enquanto as chamas do


desejo ardiam cada vez mais dentro de mim. Seus dedos se cravaram em
minha carne. — A quem?

Sua voz beirava o limite do controle. Suas investidas ganharam


um ritmo acelerado.

— A você, — eu gritei. — S-sempre a você. — Sua respiração


áspera se misturou à minha. Ele acertou o ponto que fez minhas costas se
curvarem. E durante todo o tempo, Alessio apertou meu cabelo. Meu
orgasmo se abateu sobre mim e, enquanto isso, Alessio me fodia com mais
força e profundidade. Minha garganta estava seca por causa dos meus
gritos. O prazer rugiu em meu corpo e ele mordeu meu ombro, seu próprio
corpo estremecendo com sua liberação. Seu pau latejante jorrou esperma
quente dentro do meu corpo e eu me perdi nele.

Essa deve ser a sensação de estar no meio de um furacão. Cada


grama de minha força foi arrancada de mim. Meu corpo tremia em seus
braços e ele passou a mão pelas minhas costas, sua palma áspera seguindo

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o caminho da minha coluna.

— Eu tenho você, — ele sussurrou em meu ouvido, nos deslocando


para que ele se deitasse de costas comigo aninhada em segurança em seus
braços. — Eu sempre terei você.

Naquela noite, dormi em seus braços, com seu corpo abraçado ao


meu, sonhando com nosso futuro.

O futuro que se desfez em cinzas pouco tempo depois de eu ter


tirado as fotos da paisagem mais deslumbrante e o homem que era tão
selvagem quanto as exuberantes montanhas Cardamom.

— Autumn. — A voz de Alessio afastou a lembrança, enquanto


minhas unhas se cravavam nas palmas das mãos. Pelo menos fui esperta o
suficiente para não tocá-lo. — Autumn?

— Hmmm.

— Você me ouviu? — perguntou ele.

A irritação me atingiu em cheio. — Sim. — Droga, o que ele disse?


Eu não estava ouvindo nada, as lembranças me arrebatavam. Ugh, às vezes
a amnésia seria bem-vinda.

A neblina começou a subir, escondendo o brilho da lua. Isso me


fez lembrar de nós.

Alessio fez o carro parar com o barulho dos pneus e eu enrijeci.


Não achei que tivesse perdido nada importante. Será que perdi?

O silêncio se seguiu. Não consegui decifrar se era sinistro ou

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apenas tenso. Talvez estressante.

— O quê? — Finalmente, eu disse, com a pele tensa.

Eu não conseguia suportar tanta tensão. E esse maldito carro era


pequeno demais para nós dois. Graças a Deus que ele não dirigia seu Bugatti.
Ele era ainda menor que esse Land Rover.

— Você vai se casar comigo.

Seguiu-se um silêncio sinistro. Com o chilrear de alguns grilos,


como punhais que prometem a morte.

— Respire. — Não percebi que estava prendendo a respiração até


aquele exato momento. Um forte sopro de ar saiu de meus pulmões de uma
maneira nada lisonjeira. Respirei fundo e depois soltei novamente, meus
pulmões se expandindo com o oxigênio.

— Você. Está. Louco. Porra? — sibilei. Certamente não era assim


que eu imaginava que a proposta de um homem aconteceria. Se é que isso
poderia ser chamado de proposta. — Antes de mais nada, Alessandro, suas
habilidades de pedido de casamento são péssimas. Muito ruins, — vociferei.
— E, em segundo lugar, eu preferiria cortar minha própria garganta a me
casar com alguém como você.

Seus olhos, com partes iguais de gelo e fogo, se encheram de fúria


e um músculo de sua mandíbula se contraiu. Seus olhos escureceram e algo
amargo passou por sua expressão.

Quando ele não disse nada, continuei. — Diga a alguém que se


importe, — eu disse friamente, repetindo as palavras que ele havia me dito

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há quatro anos. — Estas foram as últimas palavras que você me disse há
quatro anos. E agora você acha que eu vou simplesmente esquecer tudo.

Uma risada saiu de meus lábios. Alessio fechou os olhos por uma
fração de segundo, com uma expressão de dor.

A parte mesquinha e estúpida de mim se encheu de satisfação por


tê-lo atingido. O fato é que ele me magoou e nem sequer se importou o
suficiente para pedir desculpas. E agora ele achava que eu me casaria com
seu traseiro traidor.

Não, obrigada.

— Se você se recusar a morar comigo e se casar comigo, você


violará o contrato.

Fiquei quieta e lhe lancei um olhar confusa. Grande erro, porque


um sorriso de satisfação pessoal apareceu. Aquele sorriso de bad boy - do
tipo que eu adorava e moldava meus lábios aos dele para que eu pudesse
sentir seu sorriso.

— Você vem da máfia da Córsega. Fiz um acordo com seus avós.

Isso não pode ser bom. — Pelo quê?

Minha voz soou estranha para meus próprios ouvidos. Lembrei-


me das palavras de minha mãe. O acordo que eles fizeram com meus avós.
Mas eles nunca vieram cobrar.

— Fiz um acordo com eles, — disse ele, com a expressão


presunçosa em seu rosto me alertando. — Para garantir sua presença em
Filadélfia, forneci-lhes o produto de que precisavam. O maior desejo deles é

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que você domine a máfia da Córsega, como sua mãe foi criada para fazer.
Como suas habilidades são escassas, o melhor a fazer era casarem você. Foi
aí que eu entrei em ação. Então, assinei um contrato de casamento que a
vincula a mim.

— Um contrato? — repeti estupidamente, minha mente incapaz de


compreender.

— Sim, um contrato. Ele me custou quase um bilhão, mas tenho


muitos outros bilhões de sobra, — disse ele, satisfeito com sua vitória.

Um riso sufocado escapou de mim. — Você é louco pra caramba,


sabia? — Eu fervia. — Meus avós não têm nenhum direito sobre mim. Eu
nem sequer os conheço. E, em segundo lugar, se você acha que eu honraria
algo tão ridículo, não me conhece.

Lá estava ele novamente. Aquele sorriso arrogante que eu tanto


odiava. Ou amava. Eu não conseguia decidir.

Ele se recostou casualmente em seu assento de couro caro, puxou


um cigarro e o acendeu, inalando profundamente. Observei sua boca,
lembrando-me daquela primeira noite com ele. Em sua cobertura. Depois
que eu lhe dei minha virgindade.

— Você já se perguntou por que nenhum dos rapazes se


aproximou de você na faculdade? — ele perguntou casualmente. Pisquei os
olhos. A súbita mudança de assunto estava me causando uma reação
alucinante. Era difícil me manter atualizada. — Porque você é minha desde
que a vi pela primeira vez. Porque se um único homem tivesse tocado em
você, eu o teria esfolado vivo.

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— Você está definitivamente louco, — sussurrei.

— Você não faz ideia, — ele respondeu secamente. — Você e eu


vamos passar muito tempo juntos. Portanto, acostume-se com isso.

Uma risada sufocada preencheu o espaço entre nós. — Este é um


país livre e eu sou uma mulher livre. Portanto, obrigada, mas não obrigada.
Vou seguir meu caminho e não passarei tempo com você.

— Você já se perguntou? — perguntou ele.

Enrosquei meus dedos em meu colo, irritada e furiosa. Com ele.


Comigo mesma. — Você vai ter que ser um pouco mais específico. Eu me
pergunto sobre muitas coisas.

— Você já se perguntou onde estaríamos hoje se as coisas


tivessem terminado de forma diferente há quatro anos?

Ele estava falando sério?

— Por que está fazendo isso? — Havia uma ponta de


vulnerabilidade em minha voz. Ele causou isso. Eu odiava isso.

— Eu me perguntava todo maldito dia, — ele retrucou. — Todas


as malditas noites em que eu ficava acordado na cama e todas as manhãs em
que eu acordava. — Engoli, com as emoções levando a melhor sobre mim.
Eu não podia deixar que ele me afetasse. Não podia deixar que ele partisse
meu coração novamente. No entanto, senti o maldito órgão vibrar em meu
peito. O coração traidor, frágil e quebradiço que o desejava nos últimos
quatro anos. — Eu quero você, Autumn. E farei o que for necessário para
ficar com você desta vez.

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— Não sou um objeto, — retruquei. — Você não pode obrigar
alguém a fazer o que você quer. Só porque você quer.

— Mas você também quer. — Ele parecia tão seguro de si que me


fez odiá-lo e ao meu coração estúpido. — Nada nunca foi tão bom quanto
você e eu juntos. Você faz sentido. Nós fazemos sentido juntos.

— Não fazemos absolutamente nenhum sentido, — eu disse,


minha voz muito suave. Muito baixa. Eu deveria estar gritando com ele.
Dizendo para ele queimar no inferno. Mas não consegui.

— Você está mentindo para si mesma e para mim. Você me quer.


Pelo menos seu corpo quer. — Maldito seja ele por mudar de tática comigo.
— Por enquanto, vou aceitar isso. Até que eu possa consertar todo o resto.

— Não há como nos consertar.

Sua mão se aproximou e colocou um pedaço de cabelo atrás da


minha orelha. Seus dedos permaneceram ali, roçando em minha pele
sensível, e um arrepio percorreu minha espinha,

— Ainda me lembro de como sua boceta estrangulava meu pau.


Como você tremia embaixo de mim, implorando para que eu fosse mais forte
e mais rápido. Lembro-me de cada momento com você. Posso fazer com que
seja bom para você novamente.

De repente, eu não conseguia ouvir nada além do tamborilar do


sangue em meus ouvidos. Cada centímetro de minha pele zumbia e se
inflamava como se estivesse pegando fogo. A necessidade vibrava sob minha
pele, seu cheiro quente entorpecendo todos os meus sentidos razoáveis. Um
peso se instalou entre minhas pernas e tive vontade de implorar para que ele

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o aliviasse.

Eu estava tão tensa que achei que fosse explodir ou queimar até
virar cinzas como aquele maldito cigarro. Quatro anos sem sexo era um
tempo muito longo.

— Não. — Minha voz estava rouca, revelando o quanto ele me


afetava. — Não a tudo isso. Ao casamento. A você. Eu. Nós. Não a tudo.

Ele emitiu um som áspero de raiva ou talvez de decepção.

— Você vai se casar comigo, Autumn Corbin. — Sua voz


profunda finalmente interrompeu o momento. — Quer saber por quê?

Não caia nessa. Não caia nessa. — Por quê? — Eu inspirei,


enquanto seu olhar me queimava.

— Porque eu destruirei tudo o que você ama se você se recusar.


— Ele colocou o carro de volta na direção e se afastou do acostamento da
estrada. — Confie em mim, amor, eu tenho os meios para isso. — Ele me
mostrou aquele sorriso de bad boy que prometia problemas e, como uma tola,
eu caí nessa. — Arrume suas coisas hoje à noite. Vou levar você e Kol para
minha casa.

E era por isso que era mais seguro odiá-lo. Ele preferia me destruir
a me amar. Ele já havia provado isso uma vez. Como se eu precisasse me
lembrar disso.

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CAPÍTULO 26

ALESSIO

Não havia como escapar de mim.

Não desta vez.

Parei na residência dos Corbin e Autumn saiu do carro, batendo a


porta atrás de si.

Enquanto se afastava de mim, ela me deu um olhar de reprovação


por cima do ombro. Certo, ela estava chateada.

Ela superaria isso. Eventualmente. Eu esperava.

Ela entrou na casa de seus pais e levou apenas um segundo para


que sua mãe aparecesse na porta.

Para uma mulher que cresceu cercada de luxo e de uma fortaleza,


a Sra. Corbin teve um rebaixamento significativo. Embora, pelo que parece,
ela não se importasse nem um pouco com isso.

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A charmosa casa de dois andares, com trezentos metros quadrados,
era cercada por uma cerca branca. Havia uma grande horta de um lado, com
árvores frutíferas espalhadas pelo quintal, enquanto no lado oposto uma
ampla abertura de gramado verde se estendia por dois acres, cada centímetro
coberto por folhas. Era o paraíso do outono.

O pai de Autumn certamente mudou seu estilo de vida. De um


homem que perseguia criminosos e os prendia a um consultor de segurança
que passava a maior parte do tempo cuidando do jardim ao lado da esposa.

O Sr. e a Sra. Corbin eram um desses casais queridos e sua própria


felicidade era projetada para todos ao redor. Não é de se admirar que Branka
tenha se apaixonado pelo charme deles. Talvez a Sra. Corbin pudesse
entender Branka melhor do que a maioria. O fato de ter crescido na máfia da
Córsega a expôs à crueldade do submundo. Porra, ela lutou contra os
DiLustro e outros criminosos ao lado de seu pai algumas vezes.

Saí do carro e a Sra. Corbin ficou me esperando na porta.

— Sra. Corbin, — eu a cumprimentei quando cheguei à residência.

— Alessio Russo. — Sua voz era fria e seus olhos se estreitaram


para mim. — O que está acontecendo?

— Sua filha e Kol ficarão comigo, — disse-lhe com frieza.

— Então, você é o motivo pelo qual eles não vieram, — disse ela
com naturalidade.

Não me dei ao trabalho de responder-lhe. Ela poderia perguntar


aos pais sobre os detalhes. Tudo o que me importava era que Autumn e Kol

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estivessem comigo.

Seus olhos escuros, ao contrário dos de sua filha, olharam para o


horizonte. Demorou um segundo até que ela voltasse seu olhar para mim. —
Ouça-me, Alessandro Russo. — Eu me enrijeci diante de sua advertência.
Ninguém nunca se atreveu a me advertir. — Deixei aquela vida para trás.
Mas se você fizer minha filha chorar novamente, ou meu neto, não hesitarei
em usar as habilidades que meu pai me ensinou uma última vez.

Meus lábios se contraíram. Eu gostava da mãe de Autumn. —


Devidamente registrado.

O marido dela apareceu, com uma expressão sombria. Fiquei


surpreso por ele ter demorado tanto. Mas sua esposa não estava exatamente
desamparada. Ele também não parecia feliz. Que pena. Autumn era minha
mulher e aquele garotinho era meu filho.

Jesus, levaria um tempo para me acostumar a dizer isso. Meu filho.

No entanto, cada vez que eu pensava nisso, um sorriso tocava


meus lábios e meu peito inchava. Acabei de o descobrir e já morreria por ele.
Por ambos.

Mas seria melhor que Autumn não soubesse disso. Ela pode
acelerar minha morte.

— O que pensa que está fazendo? — gritou o pai de Autumn. Ok,


isso não demorou muito.

— Derek, não é assim que tratamos as visitas, — repreendeu-o sua


esposa. Aparentemente, ela havia se esquecido de que, segundos atrás, ela

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mesma havia me ameaçado.

— Sr. Corbin, estou aqui para levar Autumn para casa.

— Não me venha com essa de Sr. Corbin, Russo! — gritou ele. Eu


não sabia que o homem de temperamento equilibrado tinha essa atitude. —
Ela está em casa. — Ele não esperou pela minha resposta. — Para onde está
levando minha filha e meu neto?

— Para minha casa, — eu lhe disse calmamente. — Eles estarão


seguros lá e você poderá visitá-los sempre que quiser. E eles poderão visitá-
lo sempre que desejarem.

— Esta é a casa deles, — disse ele.

— A casa deles é comigo, — eu disse friamente. — E não hesitarei


em fazer com que qualquer um que tente tirá-los de mim pague.

Parecia uma ameaça. Para seus pais. A verdade é que eu nunca os


machucaria porque Autumn os amava muito. Mas um pouco de incentivo
nunca fez mal a ninguém.

— Isso estava fadado a acontecer, — murmurou a Sra. Corbin,


depois pegou a mão do marido e deu um tapinha gentil. Eles se olharam, com
um entendimento silencioso entre eles. — Ele nos machuca, nós o
machucamos. Isso realmente não importa. Desde que Autumn tenha decidido
e concordado em ir com ele, temos que respeitar isso. Mas se ele a fizer
chorar, nós a tiramos de lá.

Jesus Cristo. Era assim que um casamento normal se parecia?

Eu não saberia dizer. Eu não tinha visto um único relacionamento

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normal em toda a minha vida. A única normalidade em minha vida foi aquele
curto período com Autumn.

— É melhor você ser bom para ela, — advertiu o pai de Autumn


em voz baixa. — Para ela e para Kol. — Ou então, isso pairava no ar. Eu não
podia culpá-lo e isso me fez respeitá-lo ainda mais. — Se eu vir minha filha
chorar, vou atrás de você, Russo. Não me importa quem são seus amigos.

Meus lábios se contraíram. Duas vezes em menos de cinco


minutos. Isso deve ser um recorde. — Anotado, Sr. Corbin.

Autumn apareceu atrás de seus pais com Kol nos braços e uma
grande mala de viagem. Os olhos atentos de Kol me observaram com
curiosidade. Meu peito se encheu de tantas emoções. Eu temia me tornar um
maldito maricas e não podia dar a mínima.

Ele era meu filho. Meu filho. E era perfeito. Enquanto ele me
estudava, eu o estudava. Ele tinha o cabelo de sua mãe, mas definitivamente
tinha meus olhos. Meu rosto também. Nas poucas fotos que eu tinha visto de
mim mesmo quando era criança, Kol era a minha imagem perfeita.

— Olá, Kol, — eu disse, mantendo minha voz baixa. Meu próprio


pai sempre gritava e eu odiava isso. — Eu sou Alessio.

— Oi. Você é amigo da Maman?

Eu engoli. Meu Deus, era normal se sentir tão emotivo? Ele não
parecia estar com sono. Eram apenas sete da noite. Achei que era um pouco
cedo para dormir, não que eu soubesse muito sobre crianças.

— Sim, sou amigo de sua mãe, — confirmei. Meus olhos se

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voltaram para Autumn, que estava nos observando com uma expressão
cautelosa. Seus olhos brilhavam e ela mordiscava o lábio inferior. Como se
estivesse tentando se controlar.

Peguei as alças da mala de ombro de Autumn e senti um tremor


em minha mão. Minha maldita mão tremia pela necessidade de tocar meu
filho. Fechei-a rapidamente e deslizei a grande mala de viagem para fora do
ombro de Autumn.

— Precisa que eu pegue mais alguma coisa? — Perguntei a ela,


mantendo meus olhos em Kol.

— Nossas malas de viagem ainda estão prontas, — ela murmurou.


— Quero deixar algumas coisas aqui.

O pulso em seu pescoço batia descontroladamente e eu me


perguntei se ela já estava pensando em fugir. Senti uma amarga diversão. Ela
não havia passado nem uma noite comigo e já planejava fugir.

— Então, deixe, — eu disse a ela, minha voz calma enquanto meu


interior fervia. — Vou pedir todo o resto.

Eu pesquisaria o que uma criança de três anos precisava. —


Alessio, você pode ficar com minha cadeirinha de carro para Kol, —
ofereceu a Sra. Corbin, que recebeu um olhar de reprovação do marido e da
filha. — Não se preocupem, queridos. Ele sabe que terei sua cabeça em um
espeto se algo acontecer à minha filha ou ao meu neto.

— Obrigado. — Ok, eu começaria comprando o assento de carro


mais seguro hoje.

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Cinco minutos depois, Kol estava preso com segurança na
cadeirinha do carro e os pais de Autumn permaneciam na varanda da frente
enquanto fechávamos a porta.

Abri a porta do meu Land Rover, mas antes que ela pudesse entrar
no carro, minha mão envolveu seu pulso fino.

— Se você fugir, queimarei este maldito mundo para encontrá-la,


— disse a ela com voz suave, mantendo meu tom baixo. — Você e Kol me
pertencem.

Eles eram meus agora. Eu nunca os deixaria ir embora.

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CAPÍTULO 27

AUTUMN

Alessio estava me chantageando.

O desgraçado estava me chantageando. Primeiro as ameaças de


seu pai e agora isso. Fiquei livre por cinco minutos e depois Alessio me
prendeu novamente. A porra de um contrato. Mas ele que se preparasse se
achava que eu o aceitaria. Eu não dava a mínima para o que meus avós
acordaram. Eles não eram nada para mim. Dois estranhos que nunca conheci.

Chegamos à cobertura de Alessio, e ele nos mostrou o quarto de


Kol.

Ele se virou para sair, quando minha voz o impediu. — Onde fica
meu quarto? — exigi saber, mantendo minha voz baixa.

Seu olhar me encontrou e um arrepio percorreu minha espinha.


Jesus, talvez o álcool ainda estivesse em meu organismo. Ou talvez fosse
apenas ele. Esse maldito homem.

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— Você sabe onde fica o nosso quarto, — respondeu ele.

— Quero meu próprio quarto, — insisti.

— Não. — Fiquei muito agitada, mas antes que eu pudesse dizer


mais alguma coisa, ele desapareceu em seu escritório.

Maldito seja!

Durante a hora seguinte, Kol percorreu a cobertura de Alessio,


seus olhos explorando curiosamente cada centímetro dela. E eu com ele. O
lugar estava exatamente como eu me lembrava. Era como se ele não tivesse
mudado nada em todos esses anos.

Quantas mulheres ele trouxe para cá desde então? pensei com


amargura.

Preparei um jantar simples para mim e para Kol. Seu prato favorito
era macarrão com queijo e ervilhas, enquanto eu comia um sanduíche de
queijo grelhado. Kol gostava de comer sem pressa, então aproveitei a
oportunidade para editar algumas fotos em meu laptop enquanto ele comia,
fazendo um desastre em seu assento.

Depois disso, tive que carregá-lo para o banheiro como um saco


de batatas e, durante todo o tempo, ele gritava alegremente, deixando um
rastro de ervilhas e macarrão pelo caminho.

— Alessio não vai ficar feliz com o fato de sua prestigiosa madeira
de bambu ficar toda manchada, — eu disse ao meu filho suavemente. — Mas
ele exigiu que ficássemos aqui, então ele está merecendo. Não é mesmo? —
Eu sorri quando ele soltou outro grito agudo de felicidade.

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Quando entrei no banheiro, fechei a porta e deixei que ele ficasse
andando por ali enquanto enchia a banheira. Em seguida, tirei suas roupas e
o coloquei na banheira com as bolhas. No momento em que seu dedo do pé
tocou a água, ele começou a espirrar e a gritar alegremente.

Essas eram as minhas partes favoritas do dia. Momentos simples


em que eu me ajoelhava ao lado da banheira enquanto Kol balbuciava e
espirrava com entusiasmo. Era sempre novo e emocionante para ele.

Kol acenou com as mãos e as abaixou, fazendo outro respingo e


me deixando toda molhada. Isso me fez rir - alto e despreocupado.

— Você está fazendo uma grande bagunça, Kol, — eu o repreendi


suavemente. — Alessio vai nos expulsar.

Não é uma má ideia. Era uma maneira de encurtar a estadia.

— Não há nenhuma chance de isso acontecer. — Uma voz grave


veio de trás de mim e olhei para trás para encontrar Alessio encostado no
batente da porta, com os olhos no pequeno Kol, que estava agitando as mãos
com entusiasmo.

Alessio deu dois passos e ficou de pé sobre a banheira, olhando


para Kol. Era como se o estivesse estudando. Segui seu olhar até meu filho.
Alessio estudou a cicatriz de Kol. Bem acima de seu coração. Cada vez que
eu a via, uma pontada de terror me atravessava.

Os gritos. A dor. A fumaça. Eu ainda podia sentir o gosto dela.

— É uma cicatriz, — sussurrei, com a voz rouca e o coração preso


na garganta.

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A lembrança. O terror. Eu ainda podia sentir o gosto em minha
língua.

O grito agudo do meu bebê ressoou em meus ouvidos por dias


depois disso.

O pai de Alessio empurrou o cigarro aceso em direção ao meu


bebê e um grito ecoou pelo quarto do hospital. De Kol. Meu.

— Saia de perto dele! — Eu me joguei sobre ele, meus punhos


batendo em suas costas.

Ele me empurrou com facilidade, e minhas costas e crânio


bateram no azulejo frio do hospital. Pontos pretos passavam por minha
visão. Meu corpo estava fraco, mas eu o chutava e arranhava, tentando
chegar ao meu filho.

Seus dedos apertaram meu cabelo, meu couro cabeludo ardia


enquanto ele o puxava, depois levantou minha cabeça e a bateu com força
contra o azulejo. A fumaça encheu meus pulmões. Minha mão envolveu seu
pulso, com as unhas cravadas em sua pele.

Minha cabeça bateu novamente no chão frio e, dessa vez, girei a


cabeça e mordi sua mão. Com força.

Ele me deu um tapa forte no rosto e meu corpo voou pelo chão em
direção ao pequeno berço do hospital.

— Atreva-se a tocá-lo e eu o matarei, — eu disse, com o gosto


metálico de sangue e medo pesado em minha boca. Eu era a única que estava

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entre ele e meu filho. Na verdade, estava ajoelhada, já que minhas pernas
estavam fracas demais para me sustentar de pé. — Vou me certificar de que
meus pais e meus avós saibam o que você fez com o herdeiro deles. Você é
capaz de lutar contra a máfia da Córsega?

Eu estava me agarrando a palhas. Não fazia ideia de onde vinha


a ideia. Mas isso o assustou. Eu podia ver isso em seu rosto.

— Então, você finalmente se conformou com isso, hein? — ele riu.


— Sua mãe teria sido uma coisa e tanto como chefe daquela família. Letal e
eficiente. Ouça-me, pequena Autumn. Aproxime-se de Alessio e eu queimarei
toda a sua família. Começando por seu pai e terminando com seu filhinho
bastardo.

Com essa última ameaça, ele deixou a mim e a Kol para trás.

— Quem fez isso com Kol? — A voz de Alessio estava calma,


mas uma pitada de veemência transparecia.

O homem estava morto. Ele não era mais uma ameaça. Eu deveria
lhe contar? Eu confiava que Alessio nunca machucaria Kol. Meu coração era
uma coisa totalmente diferente. Eu sabia em meu coração que ele nunca
machucaria Kol. Ele nunca me machucaria. Fisicamente. Meu coração era
diferente.

Às vezes, é melhor deixar os fantasmas onde eles pertencem. No


passado.

Eu estava mais velha agora. Com sorte, um pouco mais inteligente.

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Agora eu reconhecia as cicatrizes de Alessio porque a cicatriz de Kol era
exatamente igual. Pontas de cigarro. Fiquei com o coração apertado ao
pensar no que Alessio teve de suportar quando criança.

Ele era o produto de uma família fodida. Isso me fez apreciar ainda
mais minha própria família. A confissão de que Kol era dele ardia em minha
garganta. Havia algo em ver Alessio no mesmo banheiro com seu filho que
me fez querer confessar-lhe que Kol era dele.

Não era algo que eu pretendia esconder dele. Eu queria que Kol
ficasse com nós dois, mas as coisas foram diferentes.

Uma pontada de culpa me atingiu.

Eu deveria lhe contar agora. Eu sabia que deveria. No entanto, as


últimas palavras que ele me disse em Londres me impediram. Ele me
machucou. Partiu meu coração. Ele nunca admitiu nem pediu desculpas. Era
uma via de mão dupla. Eu não lhe devia nada.

No entanto, manter seu filho longe dele parecia muito pior. A


menos que ele não quisesse um filho.

Nunca conversamos sobre isso.

— Você vai confiar em mim algum dia, Autumn?

Uma pergunta simples. Uma resposta complicada.

— Confiei em você uma vez, — engasguei-me com uma voz


suave, virando-me de costas para ele. — Não estou disposta a fazê-lo
novamente. Além disso, você nunca confiou em mim.

Era verdade. Ele me fez feliz há quatro anos. Meu coração era dele

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e, durante todo esse tempo, ele se manteve bem fechado atrás de uma parede.

Passei os dedos sobre o cabelo molhado de Kol, aquele rosto


inocente olhando para mim com tanto amor. Gostaria de pensar que Alessio
tinha pelo menos isso quando tinha essa idade.

— Precisa de ajuda? — ofereceu Alessio, com a voz rouca.

Virei a cabeça para observá-lo por cima do ombro, um pouco


chocada com sua oferta. Fiquei olhando para ele com a boca entreaberta.
Sem esperar pela minha resposta, Alessio desabotoou o paletó e o tirou dos
ombros largos, depois o jogou no balcão do banheiro.

Ele se juntou a mim no piso de mármore inclinado, com os olhos


fixos em Kol.

— Ei, amigo, — Alessio cumprimentou Kol suavemente. — Está


se divertindo?

Kol assentiu com a cabeça, sorrindo largamente. — Teremos que


construir um quarto legal para você aqui, — disse Alessio suavemente. — Já
faz algum tempo que não faço móveis. Mas talvez uma cama no formato de
um carro? — Alessio fazendo móveis? Isso sim era algo que eu precisava
ver. Kol balançou a cabeça. — Certo, nada de carro. Que tal uma cama no
formato de um avião?

Kol soltou um grito animado e começou a espirrar água com as


mãos e as perninhas.

— Está bem, então. — Alessio sorriu e eu fiquei olhando para seu


rosto, hipnotizada. Eu nunca o tinha visto tão relaxado. Feliz. — Vamos

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construir para você a melhor cama de avião que qualquer garoto tem nesta
cidade.

Ficamos ali sentados por mais algum tempo, nenhum de nós


falando, enquanto Kol continuava a balbuciar palavreado de bebê. Foi um
momento perfeito em família e todos os sentimentos que eu enterrei tão
profundamente dentro de mim começaram a se libertar.

As asas se agitaram. O amor que eu me convenci de que não sentia


se manifestou. Mas eu não conseguia perdoá-lo. Aquelas palavras que ele
cuspiu em mim foram profundas.

— Muito bem, amigo, — comecei, levantando-me. — Está na hora


de sair.

Rapidamente, Alessio se levantou. — Deixe-me, — ele ofereceu e


tirou Kol da água, sem se importar com a água que pingava em seu terno
caro.

Juntos, nós o secamos e o colocamos em seu pijama com aviões e


trens por toda parte. Depois, lemos uma história para ele juntos. A cada
página que passava, Kol exigia que Alessio lesse outra página.

É muito fácil ser rebaixada por seu filho, pensei ironicamente


comigo mesma.

Os olhos de Kol caíram, pesados de sono.

— Muito bem, última página, — sussurrei baixinho para Alessio.


Seus olhos baixaram para Kol e, por um momento, pensei ter visto o orgulho
cintilar em seu olhar.

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Orgulho e amor. Do tipo que faria você sacrificar o mundo por
uma criança.

Minha respiração ficou presa em meus pulmões e congelei,


esperando. Não sabia o que esperar.

Alessio finalmente encontrou meu olhar. Havia algo cru e


vulnerável em seus olhos. O olhar em seus olhos não mais queimava, mas se
agarrava e se mantinha firme.

Ele se inclinou sobre o corpo pequeno de nosso filho e me puxou


gentilmente pela nuca.

Beijo suave. Coração pesado. Possessão sombria como o pecado.

— Eu nunca vou deixar você ir. — Uma declaração simples


envolta em tantas camadas de complicação.

Ele saiu com pressa, deixando-me sem palavras e olhando para ele.
Será que eu estava magoada por ele ter ido embora na minha primeira noite
de volta? Ele insistiu que fôssemos hoje à noite. Imediatamente. Sem fugir.

Que. Porra. É. Essa!

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CAPÍTULO 28

ALESSIO

A música tocava suavemente ao fundo enquanto eu caminhava por


um corredor da loja. Eu tinha dois homens vigiando a cobertura para garantir
que Autumn e Kol estivessem seguros. E que ela não fosse embora. Eu tinha
que deixá-los - para ter um pouco de espaço e, mais importante, para
conseguir tudo o que precisávamos para o meu filho.

Nosso filho.

Ricardo insistiu em vir junto.

— Você sabe que um dos homens poderia ter feito isso, — ele
resmungou.

Eu não me importava. Kol era meu e eu conseguiria o que


precisávamos.

Com o celular em uma das mãos e um aplicativo aberto, adicionei


coisas ao meu carrinho on-line e, ao mesmo tempo, empurrei um carrinho

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pelo corredor. Era seguro dizer que eu nunca na minha vida havia empurrado
um carrinho de compras pelo corredor de uma loja.

— Então, ela vai ficar dessa vez? — Ricardo não abandonava o


assunto. Ele podia ser um filho da puta persistente.

— Se você disser eu avisei, vou nocauteá-lo com a porra desse


assento de carro, — resmunguei.

Há quatro anos, ele deixou minha casa na cidade assim que


Autumn apareceu. Eu tinha um plano de levá-la para uma armadilha. Ele
discordou. Achava que deveríamos levar meu pai para uma armadilha. Eu
estava disposto a matar meu pai, exceto pelo fato de que isso colocaria
Autumn em um perigo ainda maior. Seus comparsas a seguiriam. Nós a
teríamos colocado no meio de tudo isso.

Meu pai não hesitou em mandar alguém atrás dela uma vez. Se eu
tivesse ficado com ela, ele não teria parado.

— Eu não ia dizer isso, — disse ele secamente. — Você acabou


de dizer.

A essa altura, o carrinho estava cheio. Cadeiras de carro, portões


de bebê, capas de segurança para recipientes, roupas, brinquedos e mais
roupas. E, ao mesmo tempo, eu continuava clicando no botão 'Comprar' para
comprar coisas que eu precisaria para construir uma cama para meu filho,
conforme prometido.

— Eu nunca lhe disse que fiquei do lado de fora da sua casa


naquele dia, — ele começou. Não havia necessidade de perguntar em que
dia. Quando ele voltou, não havia um único item naquela casa que não

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estivesse danificado. A loira saiu correndo pela porta dos fundos. Ela foi
paga para fazer um papel e nada mais. Eu nunca a toquei.

— Se você está disposto a relembrar os velhos tempos ruins, vou


realmente enfiá-lo no banco do carro, — avisei, escondendo o tumulto dentro
de mim. Aquele dia em Londres me assombrava todos os dias. Fui eu que
causei a tristeza em seus olhos naquele dia. Seu lábio tremia, mas ela tentava
se manter forte. Ela estava tão cheia de orgulho.

Ele ignorou minha ameaça e continuou. — Quando ela saiu de sua


casa, eu a segui por alguns passos. Queria ter certeza de que ela voltaria para
o hotel em segurança. Ela teve um colapso. — Meu coração se contorceu. —
A mãe dela estava lá para pegá-la. — Não era de se admirar que a mulher
me odiasse. Fiquei surpreso por ela não ter vindo e acabado comigo naquele
dia. Afinal de contas, eu não tinha dúvidas de que o pai dela havia lhe
ensinado como matar e fazer com que parecesse um acidente. — Autumn
estava em péssimo estado.

E fui eu que causei isso. Ela me disse que tinha algo importante
para compartilhar comigo. Era o fato de ela estar grávida? Se eu soubesse,
teria mudado tudo. Eu teria ido atrás do meu pai, sem consequências.

Mas esse era o problema. Não havia como mudar o que aconteceu.
Apenas nosso presente e futuro.

Duas horas depois, passei por dois dos meus homens no saguão e

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peguei o elevador para a cobertura. Eu pediria a eles que trouxessem as
coisas amanhã. Não queria acordar Kol tentando desempacotar as malas e
caixas que enchiam meu Land Rover. Se eu conhecesse Autumn, ela
provavelmente iria querer ir para a casa dos pais.

Quando entrei na cobertura, fui direto para o bar e me servi de um


copo de uísque. A cobertura estava envolta em escuridão, o único brilho
vinha das luzes da cidade de Montreal que atravessavam as janelas do chão
ao teto.

A inquietação percorreu minha espinha. A tensão se enroscou em


minha pele, e eu sabia que tinha algo a ver com a mulher de cabelos pretos
que estava em minha cama.

Pelo menos é bom que ela esteja lá. Eu não a merecia. Eu estraguei
tudo há quatro anos. Mas ainda a queria. Sempre foi ela.

Engolindo a bebida de um só gole, fui ver como estava Kol em seu


quarto. Ele dormia tranquilamente, esparramado por toda a cama e com um
leve sorriso nos lábios. Ele deve estar tendo bons sonhos.

Outra coisa que Autumn fez bem.

Ela permitiu que nosso filho tivesse sonhos tranquilos. Nada de


pesadelos para ele. Sinceramente, eu não me lembrava de ter dormido tão
tranquilamente quando era criança. Há quatro anos, durante esses curtos
meses, eu dormia profundamente quando Autumn estava em meus braços.
Kuala Lumpur. Japão. Camboja. Não importava, desde que ela estivesse
comigo.

Kol se mexeu na cama e riu enquanto dormia. Meus lábios se

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contraíram suavemente. Deus, eu o amava. Tanto que me assustava. Eu
mataria qualquer um que tentasse manchar uma única partícula de sua
inocência. As cortinas estavam meio abertas e a lua era a luz natural da noite.

Meu peito doeu com a bela visão. Eu me abaixei e beijei sua testa,
depois o cobri para que ele não ficasse com frio. As temperaturas do outono
podem ser brutais aqui.

Deixando a porta ligeiramente aberta, fui para o meu quarto. A


cama estava vazia. Não fiquei surpreso. Decepcionado, mas não surpreso.

Fui para o próximo quarto vago. E depois o próximo. Eu a


encontrei no quinto quarto, dormindo profundamente de lado, de frente para
a janela. Lembrei-me de quando ela também adorava dormir de frente para
a janela em minha cama. E de todos os hotéis em que dormimos juntos.

Eu a peguei com cuidado e a levei de volta para o meu quarto,


colocando-a do mesmo lado em que ela dormia antes. Ela mal se mexeu
enquanto eu a cobria.

Ela esticou um pé, deixando uma coxa para fora das cobertas. Seus
lábios estavam ligeiramente entreabertos. Sua respiração era uniforme e
suave, com os cílios escuros espalhados pelas bochechas, fazendo-a parecer
uma Madonna caída na minha cama.

A satisfação tomou conta de mim e meu peito retumbou com uma


sensação que eu não sentia há quatro anos.

Era a este lugar que ela pertencia.

Em minha cama. Em minha casa. Em minha vida.

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No entanto, acho que Autumn não concordava. Mesmo quando
estava dormindo, ela tentava se distanciar de nós. Ela se mexeu novamente
e se aproximou tanto da beirada da cama que, mais um centímetro e ela
cairia.

Entrei no meu closet e tirei a roupa até à cueca, me lavei e depois


deslizei para debaixo das cobertas.

Olhando para o teto escuro, respirei fundo, deixando seu perfume


de outono penetrar em meus pulmões. Esse cheiro já estava em toda parte.

Em meu carro. Na cobertura. No meu banheiro. Em minha cama.

Virei a cabeça e observei sua pequena silhueta curvada de lado, de


costas para mim. Aquele cabelo preto se espalhava por todos os travesseiros
e meus dedos se coçavam com a necessidade de tocá-la.

Apenas um toque.

Estendi a mão e enrolei uma mecha sedosa e preta como azeviche


em meu dedo. Era tão macio quanto eu me lembrava.

Porra, ela era perfeita. E agora eu estava duro como uma rocha.

Deixei que o pedaço escorregasse do meu dedo e caísse de volta


no travesseiro de penas macias. Eu deveria dormir, mas com meu pau
dolorosamente duro, pressionando por ela, seria impossível encontrar o sono.

Talvez eu não devesse ter insistido para que ela dormisse em


minha cama.

O carma era realmente uma droga.

O desejo se enfureceu dentro de mim, queimando todos os

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pensamentos razoáveis até que restaram apenas o seu cheiro quente e as
visões de como ela ficaria se contorcendo embaixo de mim. Seu padrão de
respiração mudou ligeiramente, mas meu cérebro não conseguiu processar
essa percepção.

Minha virilha pulsava, exigindo liberação.

Ela estava muito perto de mim. Não o suficiente.

Autumn estava enterrada tão profundamente em minha alma há


tanto tempo que ela era a única coisa que eu sempre quis. A única mulher
que me deixava mais duro. Os últimos quatro anos tinham sido um inferno
sem ela. A possibilidade de viver o resto da minha vida sem ela me fez querer
acabar com tudo. Em vez disso, acompanhei suas fotos e sua carreira.

Eu a perseguia nas plataformas sociais. A tentação era muito


grande e eu precisava ter certeza de que ela estava bem. Cada postagem de
foto me dava essa certeza. Branka também, mas minha irmã mais nova era
mesquinha com as informações.

Olhei de relance para Autumn. Ela ainda não havia se mexido.


Porra, isso era uma tortura. Se eu ao menos a colocasse de costas, poderia
deslizar entre suas coxas. Sentir o gosto de sua boceta. Será que ela me
receberia de volta?

Voltei a olhar para o teto, tentando aliviar meus batimentos


cardíacos e parar de pensar para conseguir dormir. Talvez eu devesse contar
carneirinhos, pensei, mas já sentia minha mente à deriva.

Fechei os olhos e envolvi meu pau com a mão. Eu estava duro e

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inchado, com gotas de pré-sêmen já espalhadas sobre ele. Lembrei-me de
seus gemidos suaves. Seu corpo macio. Sua ânsia e como ela se debateu sob
mim, implorando por mais.

Um gemido baixo vibrou em meu peito enquanto eu apertava o


meu pau e segurava minhas bolas, exatamente como ela costumava fazer.
Meu punho se apertou e uma respiração áspera atravessou a névoa em meu
cérebro. Não era minha respiração.

Meus movimentos pararam e meus olhos se abriram para


encontrar os olhos de Autumn fixos na minha mão em volta do meu pau.

Suas bochechas estavam coradas, sua boca entreaberta. Seus


olhos eram tão verdes que eu poderia me perder neles.

Meu pau pulsou, reconhecendo a mulher que me deu tanto prazer.

— Você cheira tão bem, — grunhi, retomando. Eu bombeava para


cima e para baixo. Com força e rápido. Porra, eu precisava tanto dela. Se
ela sentisse uma fração disso, eu estaria enterrado dentro dela agora.

— Idem, — ela respirou e ergueu aquele lindo olhar, encontrando


o meu. Foi então que eu vi. Sua própria luxúria refletida em suas
profundezas cor de avelã.

Nossos olhares se cruzaram e ela se moveu para mim, apenas um


centímetro, mas eu aceitei. Inspirei profundamente e a observei com meu
olhar semicerrado.

— Quatro anos me masturbando com você na cabeça, —


sussurrei, apertando o punho cada vez mais rápido.

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Ela se aproximou um pouco mais e, antes que eu percebesse o que
ela estava fazendo, sua mão chegou até à minha, retirando-a e envolvendo
o meu pau com sua mão pequena.

— Droga. — Um gemido alto vibrou no quarto escuro e minha


cabeça caiu para trás. Ela começou a bombear, para cima e para baixo. Sua
mão macia era muito melhor do que a minha. Meus olhos se fecharam e
minha respiração ficou mais rápida. — É isso mesmo, amor.

Ela fez uma pausa em seus movimentos. Droga, eu queria tanto


tocá-la. Isso mexeu com meu peito. Seu toque era uma cura que me deixaria
ainda mais viciado nela.

Abri os olhos e nossos olhares se encontraram. Necessidade.


Desejo. Dor.

Tudo o que eu sentia por ela se refletia em seus próprios olhos.


Ou talvez minha mente estivesse projetando.

Mas havia algo mais em seus olhos. Algo que não estava lá antes.

Ferida. Paredes. Ela se continha.

— Eu não perdoo você. — E ali estava minha confirmação do


dano que causei. — Por nada disso. — Assenti com a cabeça. Havia tanto a
dizer e nenhuma palavra era boa o suficiente para explicar. — Você é
apenas uma coceira que preciso coçar.

Um suspiro sardônico saiu de mim. Ok, essa doeu. — Então, coce-


a, amor.

— Eu só quero sair daqui. — A língua dela passou sobre o lábio

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inferior. — E acontece que você está aqui.

— Então, me use, — gritei. — Eu lhe darei o que você precisar.


Tudo. — Observei seu pescoço delicado balançar enquanto ela engolia,
depois pegou o lábio entre os dentes. Ainda me lembrava de como era boa a
sensação de sua boca envolvendo meu pau. — Aceitarei qualquer migalha
que você jogar em mim, Autumn.

Ela piscou, com confusão e desejo lutando em seus olhos.

— Eu também quero que você se sinta bem, — ela murmurou. E


esse era o motivo pelo qual ela era diferente de mim. Eu tomava e tomava.
Ela tomava e dava. Era assim que ela era.

— Tudo o que você fizer comigo será bom, — assegurei a ela


enquanto meu pau latejava dolorosamente. Só o fato de vê-la já era o
suficiente para me derramar. Sua mão em mim já me deixava pronto para
gozar. Eu só precisava de outra bombada e, como um viciado, estava pronto
para implorar a ela por isso.

— Posso ficar em cima de você? — Um pedido quase inaudível,


mas minhas mãos o registraram antes da minha mente.

Agarrei sua cintura e a coloquei em cima de mim, com os joelhos


abertos, um de cada lado.

Eu podia sentir sua boceta quente tão perto do meu pau. Tudo o
que eu precisava fazer era empurrar sua calcinha para o lado e penetrá-la.
Gotas de suor se formaram em minha testa, um tremor me percorreu com a
necessidade de me enterrar dentro dela.

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Mas eu não podia fazer isso com ela. Não a menos que ela
quisesse. A menos que ela estivesse pronta.

— Você pode me tocar? — ela implorou, com nossos olhos fixos e


nossos rostos a centímetros de distância.

Empurrei sua calcinha para o lado ao mesmo tempo em que sua


mão envolveu meu pau novamente. Seu gemido e meu grunhido se
misturaram. — Não vou demorar muito, — rosnei. — Tudo o que tenho de
pensar é em sua boceta quente sufocando meu pau.

— Alessandro, — ela gemeu, seus quadris balançando em meu


toque enquanto eu esfregava seu clitóris.

Nossos movimentos de alguma forma se sincronizaram. Nossos


olhos baixaram entre nossos corpos, minha mão tocando sua boceta e
dedilhando-a. Sua mão pequena envolveu meu pau reluzente, masturbando-
me. Bombeando com mais força e mais rápido.

Eu podia sentir sua boceta quente se apertando para receber meu


dedo ou meu pau, assim como meu pau pulsava para receber sua boceta.
Minha mulher gananciosa se movia contra meu pau. Seus movimentos eram
bruscos e pouco práticos e, enquanto sua mão continuava a me bombear,
meu pau roçava em sua entrada quente.

Levantei os quadris e um gemido escapou de seus lábios rosados


e cheios. — Porra, mais, — ela respirou.

Então, fiz de novo. Eu estava tão duro que poderia explodir a


qualquer momento, mas me recusei a gozar antes que ela tivesse seu prazer.
Eu queria ver aquele olhar de felicidade em seus olhos quando ela chegasse

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ao orgasmo, sabendo que eu tinha proporcionado isso a ela.

Com a calcinha em meu caminho, peguei minha outra mão e a


arranquei dela. Ela nem sequer parou seus movimentos. Nem eu. Nossa
respiração pesada e grunhidos eram os únicos sons que preenchiam a
escuridão.

Ela roçou sua boceta no meu pau e eu a dedilhei com mais força
e rapidez. Sua umidade escorria pelo meu pulso. Minha mão livre agarrou
sua nuca e a puxou para perto do meu rosto.

— Minha, — grunhi, esfregando seu clitóris como se minha vida


dependesse disso. — Sua boca é minha. Seus seios são meus. Sua boceta é
minha.

— Porra, — ela gemeu. Sua boceta estava encharcada.

— Sua bunda é minha. — A suavidade de seu clitóris enquanto eu


a tocava mais rápido, a suavidade do meu esperma enquanto ela me
bombeava com mais força. — Diga que você é minha.

— Por favor, — ela implorou sem fôlego. — Por favor, eu


preciso...

Seus olhos baixaram entre nós e eu segui seu olhar. Vi nós dois
nos masturbando um ao outro. Ela abaixou o corpo apenas um centímetro e
meu eixo deslizou para dentro de sua entrada quente.

— Porra! — Eu não fazia ideia de quem tinha dito isso. Ela. Eu.
Talvez nós dois.

Seus estremecimentos a empurraram ainda mais para baixo e a

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cabeça do meu pau pressionou sua entrada. Ela gemeu. Longo e alto. Eu
grunhi. Com força e brutalidade. Seu corpo tremia enquanto eu jorrava meu
esperma por toda a sua boceta, nossos sucos se misturando. Fazia anos que
eu não gozava com tanta força ao me masturbar.

E o tempo todo nós dois observávamos nossos corpos quase


conectados.

Mas não unidos.

Levantei-me, com as bolas doendo. E meu maldito pau duro como


metal.

Autumn deve ter rolado e agora estava de frente para mim. Ela
ainda estava dormindo profundamente, com os lábios ligeiramente
entreabertos e a respiração uniforme e superficial. Ela parecia tão tranquila.
Tão o oposto de mim. Meus próprios sonhos eram sempre imagens
desconexas de coisas que eu havia feito. Coisas que eu não conseguia
lembrar quando estava acordado. Coisas das quais eu provavelmente nunca
me lembraria.

Minha garganta se apertou e meu olhar a encontrou novamente.


Aquela dor familiar em meu peito, a dor que sempre existiu ali, diminuiu
lentamente.

Autumn curava minhas cicatrizes invisíveis e ela nem sabia disso.

Não havia uma boa versão de minha vida sem ela.

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CAPÍTULO 29

AUTUMN

Acordei com lençóis amarrotados e o cheiro de sândalo e


especiarias no ar. Como fui parar na cama dele? Eu tinha ido dormir no
quarto de hóspedes. Estar muito perto dele, sem falar em dormir em sua cama,
era tentador demais para quebrar minha determinação.

E isso deixaria um gosto ruim em minha boca. Depois de tudo o


que aconteceu entre nós.

Pelo menos Alessio tinha saído. Eu o ouvi se levantar de


madrugada e sair. Enterrando meu rosto no travesseiro, as imagens do meu
sonho da noite passada passaram pela minha mente.

Jesus.

Menos de um dia de volta a Montreal, e eu já estava na cama de


Alessio. Sonhando em chupá-lo. Não que ele não retribuísse essa fantasia.

Ugh.

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Meu corpo inteiro se aqueceu. Como pude deixar minha mente ir
tão longe na noite passada? Eu tinha que me lembrar de que ele era um
trapaceiro. Eu tinha que encontrar uma maneira de sair dessa confusão.

Ele pediu desculpas depois do funeral de seu pai, meu coração


mole sussurrou. O coração estúpido. Ele deixou isso em aberto. 'Desculpe-
me' não explicou nada.

Levantei-me rapidamente da cama e me arrumei. Coloquei uma


calça jeans e um suéter cor de ferrugem, além de um par de botas, bem na
hora, antes que Kol acordasse.

Quando entrei no quarto de Kol, eu o encontrei sentado no meio


da cama, sorrindo e bem acordado.

— Aí está meu lindo menino, — eu sorri para ele. — Você está


pronto para ir ver a vovó e o vovô?

— Sim, sim, sim.

Eu sorri. — Vou mandar uma mensagem para eles e pedir que nos
preparem um café da manhã e um café forte. Sim?

Um aceno de cabeça.

Vinte minutos depois, Kol e eu estávamos no saguão, com sua mão


pequena na minha, nossos passos lentos e nos dirigindo para a saída, quando
uma estrutura imponente bloqueou minha saída.

— Humm, com licença, — murmurei e tentei me desviar dele. Ele


bloqueou meu caminho novamente. — Ei!

— Para onde você está indo? — ele exigiu saber e eu franzi a testa.

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— Não é da sua conta, — sussurrei. Eu o reconheci de quatro anos
atrás. — Agora saia da minha frente antes que eu chame a polícia, —
ameacei, já sacando meu celular e passando o dedo sobre a tela.

— O chefe não disse que você iria a lugar algum, — ele murmurou.

Meus dedos pararam sobre o primeiro número. — Chefe?

Eu sabia o que ele queria dizer. Ou melhor, a quem ele se referia.


Mas não conseguia acreditar que aquele idiota me manteria prisioneira.

— Alessio.

Oh, ele não fez isso.

Meus olhos se estreitaram na estrutura grande e imponente e minha


mão com o celular disparou para o peito dele.

— Diga a Alessio que ele não pode controlar meus movimentos,


— sussurrei, com as bochechas quentes de frustração e o tempo todo
cutucando seu peito. — Na verdade, não importa. Eu mesma direi a ele.

Antes que eu percebesse o que estava fazendo, peguei o número


dele e liguei para ele.

— Autumn. — Meu rosto ficou vermelho. Imagens de nós dois na


noite passada passaram por minha mente. Maldito seja. — Fico feliz que
você ainda tenha meu número.

Nunca tive coragem de excluí-lo. Não porque eu ainda o amasse.


Mas porque ele era o pai do meu filho.

— Diga ao seu brutamontes para me deixar passar, — resmunguei,


irritada porque, mesmo pelo celular, Alessio conseguiu me deixar toda

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nervosa. — Vou visitar meus pais no café da manhã.

Seguiu-se uma longa pausa.

A cada segundo que passava, minha irritação aumentava ainda


mais. Abri a boca, pronta para explodir com ele. Gritar com ele.

— Ricardo vai levar você.

— Não precisa, — protestei. — Posso pegar um táxi.

— Ou Ricardo leva você ou você fica em casa.

A raiva me consumiu. Arranhava minha garganta. Queimava


minhas bochechas. Viajei pelo mundo nos últimos quatro anos sozinha.
Selvas. Desertos. Zonas de guerra. Eu não precisava de uma maldita escolta.
Eu era uma mulher adulta.

— Isso ainda não acabou, — eu disse em voz baixa, tentando


desesperadamente manter minha razão. Eu lidaria com ele mais tarde.
Encerrei a ligação e olhei para Ricardo. O pobre rapaz estava recebendo o
peso da minha raiva. — Alessio disse que você nos levará até meus pais.

Isso era uma grande besteira. Eu viajei o mundo inteiro e agora


não podia atravessar a cidade para ver meus pais sozinha.

Foda-se. Esta. Merda.

O celular de Ricardo apitou naquele momento. Devem ter sido as


instruções de Alessio. Se eu deixasse a raiva ferver, acabaria ficando
vermelha e explodindo. Então, inspirei profundamente e soltei o ar. Depois,
repeti novamente.

Ricardo nos levou em um Ford Espedition preto, à prova de balas,

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que tinha uma cadeirinha nova. E a antiga para devolver à minha mãe. Eu
nem sequer perguntei. Apenas contei os minutos para chegar à casa dos meus
pais. Antes de pararmos em frente à casa deles, meu celular tocou.

Era uma mensagem de Branka, perguntando onde eu estava. Ela já


estava na casa dos meus pais. Como é que as coisas sempre acabavam
acontecendo de uma vez? Nunca com calma e devagar. Eu não tinha dúvidas
de que mamãe e papai tinham dado a ela uma versão do irmão dela me
levando para a casa dele.

Jesus Cristo!

Digitei uma mensagem rápida para avisá-la que Kol e eu


estávamos a caminho.

Passamos a manhã toda ao ar livre.

Uma forte tensão permeava o ar, dançando entre as folhas que


giravam em torno de nossos pés quando as pegávamos. Graças a Deus
estávamos do lado de fora, porque a tensão era tão sufocante que eu mal
conseguia obter oxigênio suficiente para respirar.

Mamãe foi esperta ao nos colocar para trabalhar, ajudando na


limpeza das folhas e do jardim. Papai estava mal-humorado. Mamãe estava
preocupada. Branka estava - eu não tinha certeza. Talvez uma combinação
de um pouco de raiva, um pouco de decepção e muita preocupação.

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O único que parecia perfeitamente relaxado era Kol. Ele
empurrava todas as folhas para uma pilha que estávamos construindo e
depois se jogava nela. Isso foi parte do motivo pelo qual demoramos muito
tempo para limpar o quintal.

Provavelmente este era o plano de Maman desde o início. Cansar


a todos nós e depois conversaríamos. Ela até nos fez almoçar enquanto
trabalhávamos com as malditas folhas que continuavam caindo.
Sinceramente, eu não via sentido em limpá-las.

Foi quando Kol finalmente foi tirar um cochilo que meu pai
finalmente disse algo.

— Ele a machucou? — Pisquei os olhos em confusão.

Não era exatamente a primeira pergunta que eu esperava. Balancei


a cabeça. Papai queria dizer fisicamente e esta era uma resposta verdadeira.
Ele não havia me machucado fisicamente. Há quatro anos, quando o peguei
traindo, fiquei arrasada. Quando ele me disse que eu era apenas uma foda
para ele, eu quis odiá-lo. Não consegui.

Mas fisicamente ele nunca me machucou.

— Alessio nunca bateria em uma mulher. — Branka parecia


insultada em nome de seu irmão. Ela tinha o direito de estar.

Meu pai não parecia acreditar em nenhuma de nós.

Foi Maman que tentou acalmar a tensão. — Sabemos que seu


irmão não é seu pai, Branka. Ontem foi apenas inesperado. A maneira como
tudo aconteceu e Alessio levando Autumn e Kol...

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— Como é que isso aconteceu? — Os olhos da minha melhor
amiga se estreitaram em mim, aqueles cinzas quase brilhando em prata. —
Porque minha melhor amiga nunca deu a entender que tinha algo com meu
irmão.

Suspirei. — Branka...

Ela levantou a palma da mão. — Como é que isso aconteceu? —


ela repetiu.

Seguiu-se um silêncio tenso. Sinceramente, eu não sabia por onde


começar. Este era o problema de esconder algo por tanto tempo.

— Que parte? — Finalmente perguntei. — Quatro anos atrás?


Ontem? Oito anos atrás?

— O quê? — Papai sibilou, a fúria deixando seu rosto vermelho.


— Se ele a tocou quando você era menor de idade, ele é um homem morto.

— Jesus Cristo, você escondeu isso de mim por oito anos? —


Branka gritou.

— Vocês podem parar? — Eu os repreendi. — A primeira vez que


vi Alessio foi há oito anos. Aqui, na verdade. Lembram-se da festa de
aniversário?

— Sob a porra do meu teto? — O pai rugiu, seu rosto ficando


vermelho.

— Putain de merde15, — xingou Maman. Seu palavrão favorito.


Pelo amor de Deus. Eu não poderia concordar mais. Papai estava levando as

15
Puta merda.

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coisas a um nível totalmente desnecessário. — Deixe Autumn terminar!

— Obrigada, mamãe. — Definitivamente, isso não estava indo


bem. Na minha idade, eu realmente achava que não precisava explicar nada
aos meus pais. Isso era ridículo pra caramba. Sem falar que era
constrangedor. — Eu só o conheci naquela festa de aniversário. Apenas por
uma fração de momento. — Isso era praticamente verdade. Não havia
necessidade de dizer a eles que eu estava seminua. — Depois não o vi mais
até ao funeral de sua mãe. Eu juro.

Meus olhos ficavam passando entre as três pessoas que sempre


estiveram ao meu lado. Não menti abertamente para elas nos últimos quatro
anos, mas uma omissão ainda era uma mentira. Eu escondi a verdade.

— Então, quando foi que você transou com ele? — Branka


resmungou.

Minhas bochechas arderam. Meu pai parecia estar pronto para


matar alguém. Provavelmente Alessio.

— Humm. — Mudei do pé esquerdo para o direito e depois de


volta, enquanto meus dedos agarravam o ancinho como se isso fosse me
salvar da resposta. — Temos que entrar em detalhes?

— Acho que é melhor não fazermos isso. — Maman veio em meu


socorro. Ela nunca havia me dito abertamente que sabia que Alessio Russo
era o pai de Kol, mas considerando que ela me encontrou em Londres, do
lado de fora da casa dele, e se ofereceu para matá-lo, eu sabia que ela sabia.
— O que está feito, está feito.

Os olhos de Branka examinaram minha mãe. — Você também

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sabia, não sabia?

Maman deu de ombros. — Uma mãe sempre sabe, — explicou ela.


— Autumn nunca quis dizer, mas não foi preciso ser um gênio para perceber
tudo. — Maman olhou de relance para mim. Ela estava sendo vaga de
propósito.

— Kol é a cara de Alessio, — anunciou Branka, surpreendendo-


me com sua declaração.

Engoli. Se isso fosse verdade, Alessio provavelmente já sabia. Foi


por isso que ele insistiu que ficássemos com ele? Ele queria Kol, mas não a
mim? Será que ele tentaria me tirar Kol? Esse pensamento me aterrorizou.

— Preciso de mais tempo para processar isso, — meu pai


resmungou e foi para a frente da casa. — Mais folhas para recolher.

Maman me deu um olhar exasperado e o seguiu até lá, deixando-


me sozinha com Branka.

Eu a encarei com um suspiro pesado. — Então, você sabia? — Ela


assentiu com a cabeça. — Desculpe-me por não ter lhe contado, —
murmurei. — Ele é seu irmão e eu não queria que você guardasse um segredo
dele. Vocês dois são muito próximos.

Eu não conseguia saber o que ela estava pensando. Foi aí que


surgiram nossas diferenças. Branka, tendo crescido da maneira que cresceu,
era boa em manter a cara de poker. Eu, nem tanto.

— Quando... há quanto tempo você sabe? — Eu lhe perguntei.

Seus lábios se franziram e, em seguida, um lampejo de raiva

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brilhou em seus olhos. Para mim ou para outra pessoa, eu não tinha certeza.
— Abu Dhabi, — respondeu ela, com a voz calma.

Deus, eu odiava me lembrar de Abu Dhabi. Eu me odiava ainda


mais por ainda desejá-lo e sucumbir ao meu desejo por ele. Minhas coxas se
apertaram ao lembrar da noite passada. Eu não achava que seria forte o
suficiente para lhe resistir se passasse outra noite na cama com ele.

Mulher estúpida, minha razão sussurrou.

— O que aconteceu? — ela perguntou. — Quero ouvir de você.

Balancei a cabeça e meu lábio inferior tremeu. Malditas emoções.


Elas não levam você a lugar nenhum, eu juro.

Branka pegou minha mão livre com a sua e apertou. — Alessio


nunca me disse nada. Comecei a juntar as peças por conta própria. Quando
Kol nasceu, isso confirmou minha suspeita. Como nem você nem Alessio
disseram nada, fiquei esperando. Não sei o que aconteceu entre vocês dois,
mas acho que está na hora de confessar. Vocês dois.

Deixando escapar um suspiro trêmulo, senti um tremor no peito,


no coração e nos membros. Quatro malditos anos e ainda estava doendo
como no primeiro dia.

— Fui ao quarto dele, — eu disse, com a voz baixa. — Ele tinha


outra pessoa lá.

Sua expressão incrédula me encarou. — Alessio? Traindo?

Dei de ombros, escondendo o quanto aquilo realmente doía. —


Nós nunca estabelecemos que estávamos namorando.

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Ela balançou a cabeça. — Não, não, não. — Eu não tinha ideia se
ela estava dizendo 'não' à minha suposição de namoro ou 'não' à traição de
Alessio. — Alessio nunca trairia.

Bem, ele traiu. Mas mantive essas palavras em meus lábios. Eu vi


com meus próprios olhos, nas duas vezes; caso contrário, eu seria persuadida
pela convicção na voz da minha melhor amiga.

— Não, Autumn, você não está entendendo, — continuou Branka


quando fiquei em silêncio. Ela deve ter visto em meus olhos que eu não
acreditava nela. — Ele viu o que papai fez com nossa mãe. Alessio nunca
teve um relacionamento com uma mulher. Nunca. Não posso lhe dizer por
quê. Ele terá que dizer. Mas aposto que isso foi obra do meu pai.

Franzi a testa. — O que você quer dizer com isso?

— Não importa o meu pai, — ela respondeu secamente. — Que


ele apodreça no inferno. — Eu não poderia concordar mais. Ele era um filho
da puta assustador e cruel. As pequenas partes do que ele havia feito com
Branka eram suficientes para revirar qualquer estômago. Sua visita ao
hospital quando dei à luz foi motivo suficiente para querer assassiná-lo. —
Em Abu Dhabi, depois que você foi embora. No dia seguinte, Alessio veio
ao nosso andar. Ele estava batendo na minha porta como um louco. Ele
estava péssimo. Quando o acusei de me deixar na mão no almoço, ele me
olhou como se eu estivesse louca. Ele achou que era o dia em que tínhamos
chegado.

Eu ainda não conseguia entender o que ela estava dizendo. —


Então, ele estava com jet lag? — perguntei. — Isso não explica o fato de ele

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ter recebido um boquete de outra mulher na noite em que deveríamos nos
encontrar.

Eu odiava como minha voz soava amarga. Quatro anos deveriam


ser suficientes para não me importar e seguir em frente. Só que eu não me
importava. Eu não tinha saído com mais ninguém. Saí para jantar com alguns
homens aqui e ali, mas tudo terminou após o primeiro encontro. Eu
comparava todos eles com ele. Alessio Russo, o homem que partiu meu
coração.

Eu não havia beijado outro homem. Amigos não contavam. Não é


de admirar que eu sonhasse em fazer sexo com ele e ficasse toda quente e
incomodada. Sonhos molhados eram uma droga quando você não fazia sexo
há quatro anos.

Deus, suas mãos sabiam exatamente como me excitar em meu


sonho. E sua boca...

Instantaneamente, meu interior se incendiou. Esse foi, sem dúvida,


o melhor sonho. Foi digno de um pornô quente. A maneira como ele
bombava em mim, exigindo meu prazer antes do dele. E quando ele se
derramou dentro de mim, grunhiu meu nome ao terminar. Sim, foi um sonho,
mas eu o guardaria para as noites em que precisasse me masturbar. As
mulheres pagariam muito dinheiro para ver um homem tão bonito gozar.

Uma estranha possessividade me invadiu. Eu teria que arrancar os


olhos de qualquer pessoa que o visse se desfazer. Talvez eu devesse
conversar com ele e dizer que, se compartilhássemos a cama, não teria
nenhuma outra mulher. Ou eu teria que me transformar em uma assassina.

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Muito bonito. De salvar o mundo a uma assassina.

Nada como ir de um extremo a outro.

— Cortarei meu dedo mindinho se ele traiu, — Branka tentou


novamente. — Fale com ele.

Revirei os olhos. — Estou lhe dizendo, mulher. Eu o vi com meus


próprios olhos. — Sem mencionar o que havia acontecido em Londres. —
Parece que seu mindinho terá que ir embora.

— Nem tudo é o que parece, Autumn. — A voz de Branka tinha


aquele tom de vulnerabilidade. O mesmo que ela normalmente tinha quando
falava sobre seu pai. — Confie em mim. Fale com Alessio. Peça a ele que
explique aquela noite.

Suspirei. Não faria mal... eu acho. Pelo menos para conseguir sua
admissão. Ou ele poderia negar, mas eu sabia o que tinha visto. Sem
mencionar que ouvi aquelas malditas palavras que ele me disse em Londres.

— Tudo bem, — eu cedi. — Vou confrontá-lo. Você me perdoa?


— perguntei. Não suportaria perder minha melhor amiga. — Kol é seu
sobrinho e você sempre o tratou como tal. E ele já a considera sua tia. Mas
nada disso faz com que esteja certo. Que eu o tenha mantido longe de você.
— Na verdade, eu o escondi ainda mais de Alessio.

Supondo que ele ainda não soubesse.

— Eu a perdoarei se você falar com ele, — disse ela com uma


convicção que eu não sentia exatamente. — Ele está na vida de Kol agora.
Mantenha-o lá. Alessio merece isso. Ele merece Kol e você.

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Branka amava seu irmão e sua lealdade às vezes era cega. Não que
eu dissesse isso a ela. Ele foi seu salvador quando ela era uma garotinha.
Quando sua mãe a abandonou, seu irmão mais velho apareceu como um
cavaleiro.

Nada nem ninguém persuadiria Branka de que seu irmão tinha uma
escuridão implacável sobre ele, independentemente do fato de que isso era
claro como o dia. Ele podia usar ternos caros e polidos e se comportar como
um cavalheiro, mas, por baixo de tudo, usava sua crueldade como uma
segunda pele.

— E eu não estou brava, Autumn. — Branka me abraçou com


força. — Eu mesma guardei alguns segredos que nunca contarei a Alessio.
— Hã? Ela deve ter visto o choque em meu rosto. — Ele iria atrás dele e
provavelmente o mataria. Ou mataria meu irmão. Não é um bom cenário de
qualquer maneira.

Branka guardar um grande segredo de seu irmão mais velho não


poderia ser uma coisa boa. De forma alguma.

— Você quer me contar? — perguntei, quase com medo de ouvir


sua resposta.

Nuvens cinza-escuras refletiam em seus olhos. Eram da cor do céu


logo antes da chuva. A mesma cor dos olhos de Alessio. A mesma cor dos
olhos de Kol. Exceto que meu filho tinha um pontinho verde adicionado a
eles, o que dava um pouco de cor a seus olhos.

— Você quer saber? — Eu sabia o que ela queria dizer. Quando


nos tornamos amigas e todos no ensino médio me alertaram sobre a garota

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Russo, fizemos um pacto. Ela não me contaria o que eu não quisesse saber.
Mas o que quer que ela me contasse, eu teria de manter entre nós.

E, nesse momento, Branka Michelle Russo parecia estar


precisando descarregar algo de seu peito.

— Sim.

Ela sempre estava lá para mim. O mínimo que eu poderia fazer era
estar ao seu lado quando ela obviamente precisava de alguém para conversar.

— Vou me casar.

Seguiu-se o silêncio. As palavras se misturaram ao farfalhar das


folhas que balançavam suavemente com a brisa.

Pisquei os olhos e depois pisquei novamente. Talvez a mente


estivesse me pregando peças.

— Eu não entendi isso. Você pode repetir?

A expressão em seu rosto me disse que eu havia entendido direito.

— Vou me casar, — repetiu ela.

— O quê? Quem? Quando? — Ok, eu não conseguia pensar em


uma pergunta coerente. — Eu não sabia que você estava saindo com alguém.

Ela engoliu. — Não estou.

— Estou confusa.

— Alessio arranjou um casamento para mim, — explicou ela.


Todo o seu comportamento era calmo, como se estivéssemos discutindo o
evento mais natural do mundo. A porra de um casamento arranjado. — Bem,

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na verdade, ele me deixou escolher entre os candidatos aceitáveis. Falei com
todos eles. Esse cara e eu... bem, chegamos a um acordo mútuo. Ele me
ajudará e eu o ajudarei. Meu pai conseguiu fazer muitos inimigos e esse cara
vai me proteger. Durante anos, achei que havia uma saída, mas...

O choque de sua declaração me desequilibrou. Tive dificuldade


em acompanhá-la.

— Como assim, uma saída? — Perguntei com uma voz


preocupada. — Branka, se você precisar de ajuda, ou se precisar fugir, meus
pais podem ajudar.

Afinal, mamãe e papai haviam travado mais do que algumas


batalhas e não gostariam de ver Branka infeliz. Eles a consideravam da
família. Ela é da família.

A fúria brilhava em seus olhos, lembrando-me de Alessio irritado.


Talvez Branka fosse mais durona do que eu pensava. Fazia sentido,
considerando a pessoa com quem ela cresceu. — O que eu quero é fazer
aquele desgraçado do Sasha Nikolaev pagar.

Sua voz era calma. Mortal. Resoluta.

Jesus Cristo. Branka escondia sua selvageria sob seu sorriso lindo
e fofo.

— Sasha Nikolaev? — Eu repeti. O nome me pareceu vagamente


familiar, mas não consegui localizá-lo.

— Sim, — ela sibilou, claramente furiosa. — Ele me fez prometer


que esperaria e então eu o encontro com uma garota olímpica. Mais nova do

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que eu!

Eu devia estar perdendo alguma coisa. Ou meu cérebro ainda


estava fritando por causa do orgasmo da noite passada. Eu não conseguia
entender nada do que ela estava dizendo.

— Estou confusa, — murmurei.

— Bem-vinda ao maldito clube, — respondeu ela, com o tom seco


como gim. — Primeiro o idiota me persegue. Depois, me deixa bem excitada.
— Ela começou a se abanar. Embora mal estivessem 10 graus aqui fora. E
era considerado um dia quente para novembro. — Mas ele me diz que não
estou pronta para ele. Foda-se. Essa. Merda. Estou tão pronta que se minha
boceta tivesse bolas, elas seriam azuis.

Um riso estrangulado escapou de mim, apesar de sua fúria. —


Desculpe-me, — engasguei. — A imagem de uma boceta com bolas azuis...

Ela soltou um suspiro frustrado, fazendo voar uma mecha de seu


cabelo castanho quente.

— Sim, eu sei. Mas Autumn, eu tenho que ser a virgem mais velha
do Canadá, — ela gemeu. — Porra, de toda a América do Norte!
Possivelmente do mundo inteiro.

Ok, isso era definitivamente um exagero. — Bem, o que


aconteceu? E o que uma garota olímpica tem a ver com isso?

— Aparentemente, o desgraçado encontrou uma mulher mais


jovem. Wynter Flemming, a patinadora artística olímpica. Dos Estados
Unidos. — Meus lábios formaram um O silencioso.

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Não havia como confundir a amargura em seu rosto.

— Bem, você sabe que essas atletas não podem fazer sexo durante
o treinamento, — murmurei a primeira coisa que me veio à mente. — Então,
ele deve ter um grande saco azul. — Seu rosto se iluminou com esta
afirmação. — E... — acrescentei, feliz por fazê-la se sentir melhor. — Que
tipo de nome é Wynter Flemming para uma patinadora artística?

— Não é? — Ela concordou ansiosamente, então nossos olhares


se encontraram. — Na verdade, é um nome legal, — ela resmungou.

Eu tive que concordar. Era um nome muito legal, mas tínhamos


que acabar com aquela garota. — Além disso, ela não é uma patinadora
artística canadense, — eu disse. — E todos nós sabemos que temos os
melhores patinadores artísticos canadenses. Basta olhar para Scott Moir e
Tessa Virtue. Essa Wynter Flemming, de quem nunca ouvi falar, não pode
ser melhor do que Scottie e Tessa.

Ela acenou com a mão no ar. — Exatamente. Embora eu também


não tenha a menor ideia de quem são Scottie e Tessa.

Era seguro dizer que nem Branka nem eu gostávamos de esportes.

— Mas quem é Sasha Nikolaev? — perguntei. — Por que o nome


soa familiar?

Os olhos de Branka escureceram e sua expressão se tornou


assassina.

— O homem que vai se arrepender de ter me conhecido, — ela


sibilou. — Antes de morrer, vou gravar minhas iniciais em seu coração. Ele

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queria ser psicótico, ele vai conseguir, porra.

Jesus Cristo, porra.

Eu não tinha certeza se deveria sentir pena de Sasha Nikolaev ou


não, mas uma coisa era certa.

Branka Russo o faria pagar.

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CAPÍTULO 30

ALESSIO

Cheguei à residência dos Corbin no meio da tarde e encontrei


todos eles do lado de fora.

Era um dia mais quente do que o normal, e parecia que todos


estavam trabalhando. Inclusive minha irmã. Autumn e Branka sussurravam
uma para a outra, ambas encostadas em seus ancinhos e relaxando. Eu podia
ver que elas adoravam o trabalho pesado, mesmo vindo daqui.

Passei pelo pequeno portão. O Sr. Corbin e Kol olharam para cima
e, imediatamente, o rosto de Kol se iluminou e ele correu em minha direção.
Seu avô não parecia muito feliz com isso, mas isso não importava para mim.

Nada poderia superar essa sensação. Eu me ajoelhei para que


ficássemos em uma altura semelhante, assim que Kol se jogou em meus
braços e eu o peguei.

— Olá, amigo. — Eu ainda não conseguia acreditar que este ser

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humano minúsculo e perfeito era meu filho. — Senti sua falta hoje.

Ele sorriu. — Eu quero uma história.

Dei uma risadinha. — Claro, podemos ler outra história para você
hoje à noite. Tenho mais alguns livros.

— Você sabe cantar?

Autumn e seus pais adoravam cantar. Não era minha praia. Nem a
de qualquer pessoa que tivesse a infelicidade de me ouvir cantar.

— Que tal se sua mãe cantar e eu ler? — sugeri. Se ele exigisse


que eu cantasse, eu o faria, mas ele provavelmente se arrependeria
rapidamente.

— Oui.16

Foi outra coisa que notei. Kol falava francês e inglês de forma
intercambiável.

Eu me levantei. Autumn e Branka ainda estavam em seu próprio


mundo, no canto mais distante do pátio. Nenhuma delas havia me notado. O
Sr. e a Sra. Corbin, no entanto, notaram e vieram até mim.

— Alessio, — a mãe de Autumn me cumprimentou primeiro.

— Sra. Corbin.

— Estou preparando um jantar cedo, — continuou ela. Seu marido


imediatamente respondeu com um resmungo. — Você vai ficar? — Sim, isso
seria difícil de aceitar. — Estou fazendo o prato favorito de todos. — Ainda

16
Sim.

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assim, uma recusa difícil. — Por favor. — Recusa ligeiramente enfraquecida.

Ela olhou para o marido.

— Querido, você não quer que Alessio fique? — A mãe de


Autumn era uma mulher teimosa. — Ele poderia ajudá-lo com o conjunto de
brinquedos em que você está trabalhando há um mês e que está parado na
garagem.

Dessa vez, nós dois resmungamos. — Isso é um sim, certo? — Ela


olhou para nós dois com olhos arregalados. A mulher era uma exímia
manipuladora. Muito diferente de minha própria mãe, que sempre teve medo
até de olhar para cima. Meu pai matou seu espírito.

— Claro, — murmuramos o pai de Autumn e eu ao mesmo tempo.

Tirei meu paletó e o joguei sobre a grade da cerca.

— Indique o caminho, Sr. Corbin, — eu disse ao velho. — Se eu


o ajudar com o conjunto de brinquedos, você terá que me ajudar com a cama
de avião que vou fazer para Kol.

Kol e sua avó gritaram de alegria. O pai de Autumn resmungou.

— Ei, irmão! — A voz de Branka provavelmente podia ser ouvida


em toda a rua.

— Irmã, sutil como sempre. — Meus olhos se voltaram para


Autumn e, instantaneamente, aquela inquietação que era uma companhia
constante diminuiu. Procurei seus olhos. Verdes. Ótimo, ela não estava triste
nem infeliz.

Seu olhar encontrou o meu e, instantaneamente, suas bochechas

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coraram. Não pude evitar a presunção que me invadiu. Talvez sua
determinação estivesse enfraquecendo. O sonho da noite passada era difícil
de apagar. Eu tinha ficado com tesão o dia inteiro. Meu pau queria a boceta
dela. Minha maldita língua queria sentir o gosto de seus sucos.

Que ótimo, eu acabaria com as bolas azuis.

— Autumn, — eu a cumprimentei. Ela resmungou algo que se


assemelhava a um cumprimento ou talvez a 'vá se foder,' não tinha certeza.
— Como foi seu dia, querida? — Ela estreitou aqueles lindos olhos cor de
avelã para mim, com uma clara irritação. Meus lábios se contraíram. Sem
resposta. — Seus pais me convidaram para jantar, — eu disse.

Seus olhos se voltaram para o pai e depois para a mãe. O primeiro


resmungou; a segunda sorriu alegremente. — Vai ser ótimo. O favorito de
todos. Vamos ver se Alessio vai gostar.

— Tenho certeza de que estará delicioso, Sra. Corbin, — eu disse.


— Branka me disse que suas habilidades culinárias são incomparáveis.

Risadas e gargalhadas tomaram conta do ar. Minhas sobrancelhas


se ergueram. Minha irmã passou muitos jantares aqui. Ela não teria comido
aqui se a comida fosse ruim. Será que sim?

Droga, talvez ela tivesse. Era melhor do que ficar sozinha em


minha casa ou aguentar a companhia de nossos pais.

— Claro, — Branka riu, e eu tive certeza de que teríamos que


jantar novamente.

A Sra. Corbin bateu palmas com entusiasmo, empurrando seu

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marido, Kol, e eu em direção à garagem. Fomos até lá, com a mão de Kol na
minha.

— A vovó acha que eu não consigo construir um brinquedo ao ar


livre, — resmungou o pai de Autumn ao abrir a porta larga. — Mas nós
vamos mostrar a ela, não é mesmo, Kol?

Meu filho assentiu com entusiasmo, sem intenção de soltar minha


mão. Então, ele começou a pular para cima e para baixo, gritando. O
garotinho era uma bola de energia.

Eu me agachei e sorri para ele. — Vamos ajudar o vovô, está bem?


— Ele acenou novamente com a cabeça. — Certo, você carrega esta sacola.
— Eu lhe entreguei a sacola com parafusos e porcas. — Perfeito. Vovô e eu
vamos pegar as vigas.

Levantei-me e vi o pai de Autumn nos observando com aqueles


olhos tão parecidos com os de sua filha. Autumn tinha a beleza de sua mãe,
mas os olhos de seu pai.

Arregacei as mangas e começamos a trabalhar. Kol ficou colado


em mim, seguindo todas as minhas orientações. Tiramos todas as peças do
conjunto de brinquedos da garagem.

— Aqui, — ordenou o pai de Autumn, apontando para o meio do


quintal. Meus lábios se curvaram. Não me lembrava da última vez que
alguém me deu uma ordem. Meu conselho de administração e meus amigos
iriam se divertir com isso. — Este é o melhor lugar. Podemos vê-lo de todos
os cantos do quintal e da sala de estar.

Acenei com a cabeça. Fazia sentido. — Ele não deveria estar lá

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fora sozinho, — comentei. O pai de Autumn se enrijeceu. Eu não dei a
mínima. Kol era meu filho e eu não arriscaria que algo acontecesse com ele.

— Criei minha filha, — ele acabou comentando. — Segura e feliz.


Durante todo o tempo em que filhos da puta como você tentaram nos
eliminar.

— Entendo, — eu lhe disse calmamente. — Mas que tipo de pai


eu seria se não fizesse o mesmo por meu filho?

Seguiu-se o silêncio. A surpresa brilhou em seus olhos. Ele achou


que eu não sabia. Ou talvez ele esperasse que eu não soubesse.

— Você e minha filha terão que resolver isso, — disse ele


finalmente. — Minha esposa me contou sobre o contrato que você tem com
os pais dela. — Eu não conseguia decidir se aquilo soava como uma acusação
ou não. — Você está buscando mais poder?

Minha mandíbula se contraiu. — Não estou nem aí para mais


poder, — eu disse.

— Então, o que você vai fazer quando o velho Blanchet passar as


rédeas para Autumn?

— Eu as passarei para outra pessoa.

A curiosidade cintilou nos olhos de seu pai, mas foi a tensão em


seus ombros que o traiu. — Quem?

Ele achou que eu prepararia Kol para liderá-la. — Esses sobrinhos


franceses. Dei uma olhada neles e são bastante decentes.

O silêncio tomou conta do ar no final da tarde.

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— Acho que você e eu estamos na mesma página, — disse ele
finalmente. Houve um entendimento entre nós. Uma aliança. — Você não é
seu pai, Alessio, — acrescentou o pai dela, chocando-me. — Nenhum dos
dois.

De alguma forma, não me chocou o fato de o velho saber. Afinal


de contas, a coleta de informações contra a organização criminosa mais
poderosa era sua especialidade.

Trabalhamos em silêncio durante as duas horas seguintes e


terminamos o playground. Um navio pirata estava no meio do gramado e Kol
ficou olhando para ele, impressionado.

— Você gosta? — Eu lhe perguntei, sorrindo. Seus olhos


arregalados ficavam olhando para a esquerda e depois para a direita. Ele não
sabia para onde olhar primeiro.

— Oui.

— É muito legal, — eu disse a ele. — Quer dar uma olhada no


interior?

Ele assentiu, puxando-me com entusiasmo. Curvei minha estrutura


alta e foi o suficiente para que ele começasse a explorar.

— Isto é meu? — Sua voz gritou do interior do navio pirata.

— É todo seu, amigo, — respondeu o avô. Ele se virou para mim


e continuou: — Foi difícil montar algo permanente quando Autumn se
recusou a voltar para casa. Mas agora que ela está aqui, nada está me
impedindo.

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Meus lábios se curvaram. — Se precisar de ajuda com outro
projeto de construção, me avise.

Ele sorriu presunçosamente. — Certifique-se de ter coisas legais


de menino em sua casa. Assim será mais difícil ir embora.

— Pretendo fazê-lo. — Na verdade, já fiz um pedido de todo o


material para construir a cama de avião personalizada de Kol. — Estamos
hospedados em minha cobertura no momento, mas vamos ficar indo e
voltando entre a casa fora da cidade e a cobertura. Achei que ela gostaria de
ficar perto de vocês.

Ele acenou com a mão. — Mesmo antes de voltar, ela já falava em


ir embora. — Ele me olhou de lado. — Acho que ela vai ficar agora.

— Esse é o plano.

É claro que o contrato que eu havia estabelecido para ela era


apenas uma segurança. Dessa vez, não haveria como deixá-la ir embora. Eu
conquistaria seu amor e nos traria de volta. Do jeito que éramos. Autumn e
Kol eram minha família. Envelheceríamos juntos. Discutiríamos,
transaríamos e faríamos amor.

Resumindo, seríamos felizes. Eu me certificaria disso. Eu lhe daria


tudo o que ela quisesse. Ela ficaria perto de seus pais. Criaríamos uma vida
para nós mesmos, como os pais dela.

Meus olhos percorreram a casa aconchegante. Era uma casa de


bom tamanho, embora nada parecida com minha propriedade. E nada como
a residência dos Blanchet em Filadélfia.

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— Mamãe disse que o jantar está quase pronto. — Autumn veio
por trás de nós com uma bandeja de bebidas para todos. Ela deve ter tomado
um banho, pois seu cabelo ainda estava úmido e vestiu uma calça jeans com
um suéter rosa. — E se você vai ficar fedido, tome um banho.

O pai dela tomou um copo da bandeja. — Essas são as palavras de


sua mãe ou as suas, Autumn? — retrucou o pai secamente.

Ela o ignorou e esticou o pescoço para encontrar meu olhar. — O


mesmo vale para você, Alessio. — Então, seus olhos percorreram meu corpo.
— Você não tem roupas de reserva aqui, então talvez tenha que voltar para
a cobertura.

Um suspiro sardônico saiu de mim. Autumn tinha garras. Na


verdade, eu não me importava com as brincadeiras. Seria uma ótima
preliminar para o sexo.

— Não se preocupe, amor, — pensei, pegando um copo da


bandeja. — Tenho uma muda de roupa no carro.

— Claro que sim, — comentou ela, revirando os olhos. — Você


está sempre preparado?

— Seja gentil com nosso convidado, — defendeu-me o pai dela,


surpreendendo-me. — Ele acabou de construir o conjunto do navio pirata
para Kol.

— Eu poderia ter contratado um homem da Home Depot17 para


fazer isso, — resmungou ela.

17
Companhia varejista norte-americana que vende produtos para o lar e construção civil.

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— Mas será que um homem da Home Depot construiria o
playground e o levaria para casa? — pensei.

Autumn revirou os olhos. — Estou vendo como é. Homens contra


mulheres. Vou deixar você comer o jantar cozinhado pela Maman. A parte
cozinhada por mim será apenas para os amigos, — disse ela, mas seu
pequeno sorriso não me escapou.

Algo estava errado com a comida de sua mãe.

— Kol, vamos lá, amigo, — ela o chamou. — Vamos comer as


coisas que a mamãe cozinhou. Vamos deixar a comida da vovó para o vovô
e Alessio.

— Grand-mère18 canta? — Kol murmurou.

— Provavelmente. Agora vamos antes que a tia Branka coma tudo


o que há de bom. — Ela pegou Kol e começou a caminhar em direção à casa.
— Vocês dois têm vinte minutos para tomar banho. Ou nada de comida para
vocês.

Quinze minutos depois, estávamos todos sentados em volta da


mesa na sala de jantar. Fotos de Autumn sorridente decoravam as paredes
para onde quer que eu olhasse. Havia algumas de Branka e Autumn de seus
anos de ensino médio.

Havia uma que se destacava mais. Autumn, Kol, sua mãe e Branka
com os rostos inclinados para o céu, pegando gotas de chuva com a Torre
Eiffel ao fundo. Eles pareciam tão felizes que me deixaram feliz e com

18
Vovó.

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inveja.

— Vamos fazer uma oração, — anunciou a Sra. Corbin. Ela estava


brincando ou era de verdade? A mulher era uma grande assassina em sua
juventude.

Dei uma olhada para minha irmã e depois para Autumn. As duas
simplesmente deram de ombros e continuaram, murmurando a oração. Kol
também o fez, alternando entre inglês e francês. Eu era o único que não fazia
a menor ideia de como era a oração.

— Seus desejos por orações vêm e vão, — sussurrou Autumn entre


duas palavras da oração.

Ergui uma sobrancelha. — Salvação e glória eterna, — ela


engasgou, com as palavras cheias de humor.

— Autumn Michelle Corbin, — repreendeu-a sua mãe. Essa era


outra coisa que Autumn e Branka tinham em comum. O mesmo aniversário
e o mesmo nome do meio.

Autumn lançou um olhar para a mãe. — O quê? A tendência vem


e vai. Até você tem de admitir isso.

Sua mãe resmungou algumas palavras em francês e eu tinha


certeza de que não eram palavras boas.

— Por quê Autumn? — Perguntei com curiosidade, afastando o


calor da minha mulher. — Seu aniversário é em agosto.

Os pais dela se olharam, com uma ponta de angústia entre eles. —


Autumn estava prevista para novembro. Os pais de minha esposa a

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sequestraram, induziram seu parto prematuro e tentaram roubar Autumn.

Que. Porra. É. Esta?

Os avós de Autumn sequestraram a própria filha e arriscaram não


apenas a vida da filha, mas também a de Autumn, fazendo uma merda dessas.
Esses filhos da puta estariam mortos antes que a semana acabasse.

— Não vamos esquecer o acordo de me entregar no meu


aniversário de 18 anos, — respondeu Autumn secamente.

— Não íamos deixar que eles simplesmente levassem você, —


disse o pai dela.

— Exatamente, — concordou sua mãe. — Tudo isso agora faz


parte do passado.

— E eu que pensava ter encontrado uma família normal, —


Branka riu baixinho.

— Ok, este não é um tópico para nosso adorável dia. Somos todos
um pouco anormalmente normais. — Ela riu como se fosse engraçado,
enquanto Branka e Autumn reviraram os olhos. — Todos podem comer, —
anunciou a Sra. Corbin. Eu mal pisquei, Autumn e Branka foram para o
manicotti da direita. As duas riram, roubando a comida do garfo uma da
outra. E o tempo todo o manicotti da esquerda permaneceu intocado.

Kol gritou, esmagando seu prato de plástico contra a mesa. —


Comida, — ele exigiu.

— Tia má, — Autumn repreendeu Branka entre risos. — Temos


um bebê para alimentar aqui. Coma o manicotti da mamãe.

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— Vocês duas são as piores, — resmungou a Sra. Corbin. — Meu
manicotti é igualmente bom.

Peguei a travessa que ninguém queria tocar, mas antes que eu


pudesse colocá-la no meu prato, a mão de Autumn foi até à minha e ela
balançou a cabeça.

— Confie em mim, — disse ela, olhando para mim com firmeza.


— Você vai morrer.

Meus lábios se curvaram, divertidos com a brincadeira dela. Isso


me fez lembrar dela há quatro anos.

— Estou feliz por você me querer vivo, — comentei em voz baixa,


para que ninguém mais pudesse me ouvir.

Seus olhos cor de avelã caíram em meus lábios e escureceram.


Porra, isso foi o suficiente para fazer meu sangue correr com um calor
poderoso. Eu queria explorar seu corpo, sentir cada centímetro dela
novamente. Já havia passado muito tempo. Afastei uma mecha de cabelo de
seus olhos com o dedo.

Ela não recuou. Ela não se afastou.

— Kol, não! — Branka sibilou e o momento foi interrompido. Nós


dois viramos a cabeça bem a tempo de ver minha irmã varrer toda a comida
do prato de Kol e dar a ele seu próprio prato.

— Ora, — exclamou a Sra. Corbin. — Foi intoxicação alimentar


apenas duas vezes.

Congelei. Intoxicação alimentar?

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Seguiu-se um monte de grunhidos. — Certo, talvez quatro. Cinco,
no máximo, — acrescentou a Sra. Corbin, exasperada. — Mas em vinte e
cinco anos. Isso é normal.

— Mamãe, uma vez na vida é normal, — Autumn riu. — Duas


vezes é tentativa de assassinato.

A Sra. Corbin soltou uma série de palavrões em francês. Branka e


Autumn riram. Autumn cobriu as orelhas de Kol enquanto seu sorriso se
estendia de orelha a orelha.

Finalmente pude ver em primeira mão o motivo pelo qual minha


irmã adorava vir aqui. Era uma atmosfera descontraída, acolhedora e
relaxante.

Mesmo com a ameaça de intoxicação alimentar.

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CAPÍTULO 31

AUTUMN

Alessio carregou o corpo adormecido de Kol já vestido com seu


pijama. Seus favoritos eram os aviões. Graças a Deus pela vovó.

— Deveríamos ter chegado em casa mais cedo, — murmurei


baixinho quando passamos pela porta da cobertura. Meus pés pararam. Será
que acabei de chamar a cobertura do Alessio de casa?

Em apenas um dia. Isso estava acontecendo rápido demais. Ele me


chantageou para me trazer aqui, pelo amor de Deus.

— Kol estava se divertindo, — respondeu Alessio. — Eu também


estava. Finalmente posso entender o que atraiu Branka para a casa de seus
pais durante todos esses anos.

Eu rio baixinho e começamos a nos dirigir ao quarto de Kol. —


Quer dizer, além da comida ruim?

A porta do quarto de Kol estava entreaberta e minha respiração

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ficou suspensa quando olhei para dentro.

— Oh, meu Deus, — sussurrei, meus olhos grudados nas paredes.


O cômodo inteiro foi reformado. O quarto foi pintado de azul escuro com
aviões brancos nas paredes e um céu azul claro no teto. A moderna cômoda
preta havia desaparecido e, em seu lugar, havia uma cômoda infantil com
aviões como puxadores.

— Você acha que ele vai gostar? — A voz de Alessio era suave e
baixa.

Inclinei minha cabeça para o lado, meu olhar encontrando o dele.


— Gostar? — Ofeguei.

— Vou construir para ele aquela cama de avião, mas terei que fazer
isso em minha oficina na propriedade.

Ao voltar meu olhar para o quarto, meu peito se aqueceu e meus


olhos arderam. — Ele vai adorar, — eu disse, com minhas emoções me
sufocando. — Obrigada.

O olhar que ele me lançou era sombrio e quente. Continha


promessas que eram assustadoras demais para acreditar. As palavras de
Branka passaram em minha mente. Fale com Alessio. Essa era
provavelmente uma conversa que deveria ter acontecido há quatro anos.

— Vamos colocá-lo na cama, — murmurei suavemente.

Ele o deitou na cama e eu puxei as cobertas sobre ele. Ele parecia


tão tranquilo, com um pequeno sorriso no rosto. Ele sempre foi um bebê tão
bom e fácil. Eu tive muita sorte. Dei um beijo em sua testa. O olhar de

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Alessio era tão intenso que minhas entranhas tremeram. Ele seguiu meu
exemplo, deu um beijo na testa de Kol e nós dois saímos de seu quarto.

Nos encontramos na cozinha, frente a frente. Tive que olhar para


cima para encontrar seu olhar, nos prendendo um ao outro. O tempo passou,
como sempre acontecia quando eu estava com ele. Seus dedos apertaram
meu suéter e puxaram meu corpo para junto do seu.

Prendi a respiração, sua cabeça se inclinou lentamente, cada vez


mais para baixo, até que sua boca ficou a um sopro de distância da minha.

Eu esperei. Ele esperou. Eu o queria. Ele me queria. No entanto,


nada era tão simples. Não mais. Sua boca roçou em meus lábios, seu beijo
foi gentil e suave.

Meu coração disparou. O calor floresceu sob minha pele. Meu


peito ficou pesado com aquela sensação familiar de consumo. E, o tempo
todo, ele me beijava como se eu fosse algo precioso para ele.

Mas se isso fosse verdade, ele não teria me traído. A lembrança


me inundou como uma ducha fria.

As palmas das minhas mãos encostaram em seu peito e eu o


afastei.

Balancei a cabeça. — Não, — disse a ele com firmeza. Eu não


poderia me aventurar pelo mesmo caminho e deixar que ele me queimasse
novamente. — Estou aqui porque você me chantageou, Alessio. Mas isso
não significa que vou deixar você repetir a história. Não podemos repetir o
passado.

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Seguiu-se uma longa pausa. A frágil esperança que as palavras de
Branka acenderam dentro de mim ameaçava explodir e, o tempo todo, minha
alma tremia como uma folha ao vento. Não havia sentido em negar. Eu o
queria. Sempre o quis. Desde o momento em que ele entrou em meu quarto
em meu aniversário de 18 anos.

— Eu não traí você. — Uma declaração simples. A sinceridade em


seus olhos. A honestidade no tom de sua voz.

Eu poderia ter acreditado, se não tivesse visto com meus próprios


olhos. Era a prova mais contundente. Mesmo que, em meu esquecimento e
estupidez, eu quisesse acreditar nele, não poderia esquecer o que tinha visto.

— Eu vi você, Alessandro. — Meu tom era distante. Cansado.


Magoado. Mas a centelha de esperança se recusava a se apagar. — As duas
vezes. E aquelas palavras...

Ele se aquietou. A dor que transpareceu em sua expressão perfurou


meu coração. E ele já havia sido ferido pelo mesmo homem que estava diante
de mim, lutando contra suas próprias cicatrizes - visíveis e invisíveis. Eu
sabia que ele as tinha. Eu as senti em primeira mão.

Virei-me para sair quando os dedos de Alessio envolveram meu


pulso, segurando-me.

— Vou lhe contar uma história, — disse ele com amargura, seu
olhar se enchendo de algo sombrio e sardônico. — Não é uma história bonita.

Sua palma esquerda, áspera e grande, segurou minha bochecha e a


tristeza preencheu seu olhar cinzento. Era como olhar para o céu
escurecendo, quando uma tempestade estava prestes a se formar. Eu não

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gostava de ver dor em sua expressão, mas sabia que não conseguiríamos
superar o que havia acontecido há quatro anos. Não a menos que ele
explicasse - embora eu não conseguisse nem imaginar o que poderia
justificar uma traição.

— Minha mãe era jovem quando se casou com meu pai. — A


amargura encheu sua voz, girando em torno de nós como os velhos fantasmas
que se escondiam em seus olhos. Assombrando-o. — Ela já estava grávida.
Do filho de outro homem. — Prendi a respiração, esperando. Não tinha
certeza de onde essa história iria parar. — O Senador George Ashford é meu
pai biológico. É claro que ele não era senador naquela época. Ele era um
cretino ambicioso, disposto a destruir tudo e todos enquanto subia na
hierarquia. Até mesmo uma jovem inocente e ingênua.

Um suspiro agudo escapou de mim. Eu nem tinha percebido que


havia me abaixado em uma cadeira. Ele andou para o lado oposto da mesa.
Como se precisasse de distância de mim. A grande cozinha parecia muito
grande e, ao mesmo tempo, muito pequena.

Alessio soltou um suspiro, com o arrependimento à espreita em


seus olhos. Ele já se arrependia de ter contado esta história para mim e a
incerteza cresceu em meus pulmões. Mas eu ainda permanecia, esperando.
Esperando por um milagre. Ou talvez por algo que me curasse dessa
necessidade dele.

— De qualquer forma, ele se recusou a se casar com ela ou a


reconhecer seu filho. Eu. Então, os pais dela se esforçaram para casá-la. Com
o homem que me criou. — O ódio em sua voz não me escapou. Só que eu

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não sabia dizer se era dirigido ao seu pai biológico ou ao homem que o criou.
Talvez ambos. — O filho da puta que me criou, o pai de Branka, era um
bastardo sádico. Ele batia em minha mãe por ela ter dado sua virgindade a
outra pessoa. Ele me batia por não ser seu filho. Ele batia em Mia e Branka
por serem meninas em vez dos meninos que ele queria. Sua forma favorita
de entretenimento era apagar cigarros em mim, nelas. Mas seu ódio por mim
era mais profundo do que a maioria.

A incerteza corria em minhas veias. Eu sabia que o pai dele era


sádico, mas tinha a sensação de que isso não chegava nem perto da
superfície.

— Eu tinha cerca de treze anos quando as surras do meu pai se


transformaram em algo pior. — Engoli um caroço na garganta enquanto o
pavor crescia dentro de mim. — Ele traficava mulheres. Tão jovens quanto
ele conseguia pegá-las. E adorava quebrá-las. — Meu peito ficou frio
enquanto o terror e o medo borbulhavam dentro de mim. — A primeira vez
que ousei enfrentá-lo, ele me drogou. Rohypnol e Viagra. Na manhã
seguinte, acordei nu com uma garota espancada e com as coxas
ensanguentadas.

O horror cresceu em meu peito. A parte de trás de meus olhos


ardia. Os olhos de Alessio brilharam com desprezo. — Não tenha pena de
mim.

Eu não conseguia dizer uma palavra, então apenas balancei a


cabeça. Não tive pena dele, mas meu coração doeu pelo menino que teve de
passar por isso. Sozinho.

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— Levei um tempo para aprender a nunca tomar uma bebida do
meu pai. Ou de qualquer um de seus homens. — O silêncio se estendeu. Não
ousei lhe perguntar quanto tempo era um tempo. — Há muitos homens como
ele neste mundo, Autumn. Então, prometi a mim mesmo que me tornaria
mais forte, mais poderoso e mais cruel do que ele. Por fim, acabei com o
tráfico dele, mas não há nada que me absolva desses pecados. Aquelas
mulheres, virgens, eu nem consigo me lembrar.

Jesus Cristo.

Eu não sabia nem mesmo o que dizer. Como confortá-lo. Mas eu


não podia culpá-lo. Ele era uma criança. Deveria ter sido protegido.

Uma careta tocou seus lábios enquanto ele continuava: —


Infelizmente, esqueci a maldita lição. Eu me achava invencível. Quatro anos
atrás, aquele bastardo sádico subornou um casal - marido e mulher - para me
dar a mesma droga.

Alessio Russo não traiu. Ele foi... Jesus, ele foi estuprado. E eu
simplesmente o deixei. Meu Deus, eu poderia tê-lo salvado. Em vez disso,
eu o abandonei.

Meu rosto empalideceu e cobri minha boca. O ácido se agitou em


meu estômago, subindo pela garganta. Ele soltou uma risada amarga diante
da minha expressão.

— Três meses depois, quando você me viu em Londres, —


continuou ele, com a voz cansada. — Eu tinha acabado de matar aqueles
dois. Mas percebi que aquele bastardo, meu pai, não pararia de vir. E eu não
conseguia suportar a ideia de ele destruir sua inocência. Então, desta vez, eu

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encenei tudo para que você me odiasse. Nunca mais quisesse me ver.

— Aquela mulher... — Eu disse.

— Eu não tinha a menor ideia do nome dela. Nunca a toquei. —


Ele passou a mão pelo cabelo. — Porque eu sabia que não seria forte o
suficiente para ficar longe de você. Eu precisava que você me odiasse e
nunca mais me quisesse.

Uma expiração suave saiu de mim enquanto as lágrimas picavam


meus olhos. — Eu me importo, Autumn. Eu me importava naquela época e
ainda me importo. Tanto que isso me aterroriza.

— Você se importa? — sussurrei em choque.

— Você é a primeira pessoa que me faz sentir digno. — Meu Deus,


a expressão em seus olhos estava partindo meu coração. Eu não gostava de
vê-lo sofrer. — Todas as minhas partes quebradas de alguma forma se
curaram perto de você. Por muito tempo, meus demônios dominaram minha
alma. Eles me dilaceraram por tanto tempo que eu não sabia o que era
felicidade até vivenciá-la com você.

Eu sempre amarei suas partes quebradas. Suas cicatrizes. Cada


pedaço de você.

Minha garganta estava apertada demais para pronunciar uma única


palavra.

— Eu menti há quatro anos. Menti quando disse que você era


apenas uma foda. Que eu não me importava. Eu a machuquei e sinto muito,
amor, — ele sussurrou. A dor em seu rosto era de doer as entranhas. Eu não

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gostava de vê-lo sofrer. — Só me sinto vivo quando estou com você. Um
homem mais forte deixaria você ir. Eu não sou tão forte assim. Não posso
deixá-la ir. Você é minha única esperança de ter uma vida boa. De felicidade.
Você e Kol. — Havia um brilho de umidade cobrindo seus olhos cinzas. Isso
me lembrou as nuvens em um dia chuvoso. Como se o céu estivesse
derramando lágrimas que ele tentava conter. — Mas não vou mais forçá-la a
dormir na minha cama.

Seu dedo foi até minha bochecha e ele afastou uma única lágrima
com o polegar. — Você sempre foi a melhor coisa que essa vida de merda
me ofereceu.

Sem dizer mais nada, Alessio se levantou e desapareceu. Alguns


momentos depois, pude ouvir sua voz vinda do escritório em sua casa.

E o tempo todo permaneci imóvel, meu corpo ainda em choque


por ter ouvido tudo aquilo.

Eu falhei com Alessio. Eu deveria ter sido mais forte e ficado com
ele. Eu deveria tê-lo protegido.

O pior de tudo é que mantive nosso filho em segredo para ele.

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CAPÍTULO 32

ALESSIO

Meus olhos se fixaram no horizonte da cidade a partir do meu


escritório na cobertura e, de repente, me senti tão velho. A ironia da minha
confissão foi que eu estava fadado a perdê-la, quer eu admitisse minha
vergonha ou não. Maldito seja se admitisse; maldito seja se não admitisse.

Talvez eu não devesse ter dito nada. Talvez eu devesse tê-la


deixado acreditando que traí o que tínhamos.

Apesar de termos criado o menino mais lindo.

Kol era meu.

Isso era uma coisa que ninguém poderia me tirar. E eu me casaria


com Autumn. Faria dela minha esposa, mas não a forçaria a ser minha esposa
em todos os sentidos da palavra. Embora eu quisesse muito. Meu pau ansiava
por ela. Meu coração e minha alma ansiavam por ela.

Eu não tinha tido outra mulher desde nossa última vez juntos. Eu

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não contava com aquele dia em Abu Dhabi. Depois que o efeito da droga
passou, os velhos sentimentos de sujeira e indignidade voltaram dez vezes
mais. Não importava a idade que eu tinha.

A única maneira de me curar depois de perdê-la da última vez foi


caçar. Matei o homem e a mulher que aceitaram o suborno de meu pai. Ela
não era uma vítima inocente do tráfico. Ela era uma vadia gananciosa. E seu
marido ainda mais, por ter cogitado passar a droga para Autumn.

Deus, aquela expressão no rosto de Autumn. A maneira como seus


olhos ficaram castanhos e brilharam. Eu a deixei triste novamente. Eu odiava
vê-la triste. Isso me deixava arrasado. Era pior do que uma faca atravessando
meu coração.

Eu deveria saber que Autumn teria testemunhado o que aconteceu


em Abu Dhabi. Talvez tenha sido meu maldito orgulho que esperava que ela
não tivesse visto. Ou talvez eu tenha esperado o tempo todo que ela
percebesse que era muito melhor do que eu e fosse embora. Quando ela foi
embora sem dizer uma palavra, eu me convenci de que ela não me queria.
Afinal de contas, eu não era digno. Eu tinha sido indigno a porra da minha
vida inteira. Achei que se eu a amasse o suficiente, ela ficaria.

Mas, três meses depois, fui eu quem acabou com tudo.

Seus pais se esforçaram tanto para mantê-la longe do submundo.


Sua mãe desistiu de tudo e, caramba, ela era bem feliz. Com intoxicação
alimentar e tudo mais. O pai de Autumn a salvou. Talvez o idiota em mim
esperasse que Autumn fosse minha salvação.

Meus olhos baixaram para minhas mãos. Não havia sangue nelas,

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mas estavam manchadas, da mesma forma.

Nada disso importava mais, porque eu perdi Autumn do mesmo


jeito.

Não haveria salvação para mim.

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CAPÍTULO 33

AUTUMN

A culpa era um sentimento poderoso.

Ela corroía você. Ela comia suas entranhas e a virava do avesso.

Não salvei Alessio enquanto ele estava sendo agredido


sexualmente diante dos meus olhos. A imagem de quatro anos atrás passou
em minha mente e comecei a analisar cada detalhe.

Porra, doía pensar nisso, mas eu me forçava a lembrar de cada


detalhe. As imagens viviam em minha cabeça. Esse era o motivo pelo qual
eu adorava fotografia. Era assim que minha memória funcionava. Exceto
quando se tratava de algo que eu não queria lembrar.

A grande estrutura de Alessio estava esparramada no piso de


mármore da suíte presidencial. Seu paletó ainda estava vestido,
desabotoado. A calça estava puxada até à metade dos joelhos. A camisa
branca estava meio rasgada, com uma mancha marrom. O vidro estilhaçado

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no chão.

Pisquei os olhos. Havia vidro no chão. Ao redor dele. Como não


percebi isso antes?

A cabeça da mulher balançava para cima e para baixo, para cima


e para baixo. O ácido queimou em meu estômago com a lembrança e meu
coração se apertou de dor, mas eu o ignorei, concentrando minha mente em
cada detalhe.

As mãos de Alessio estavam relaxadas, espalhadas por seu corpo.


Ele não agarrou o cabelo da mulher. Ele não estava fazendo nenhum
barulho. Todos os gemidos e grunhidos eram dela.

A mão dela segurou as bolas dele e ele se moveu. Foi lento. Como
se seu corpo fosse pesado demais para se mover.

Oh, meu Deus.

Ele estava drogado. E tudo o que eu fiz foi ficar com autopiedade.
Eu me afastei dele quando poderia tê-lo salvado.

Eu deveria tê-lo salvado. Eu me perguntava se ele me culpava,


como eu o culpava. Ou se eu lhe dissesse que Kol era seu filho, ele me odiaria
para sempre? Roubei de Alessio os primeiros anos de vida de nosso filho.
Foi errado e cruel.

Perdemos quatro anos. Eu também havia roubado o pai do meu


filho.

Eu não tinha ideia de quanto tempo fiquei parada, perdida em meus


pensamentos. Quatro anos passando pelos meus olhos. O primeiro sorriso de

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Kol. O primeiro engatinhar. Os primeiros passos. O primeiro aniversário. Eu
roubei tudo isso de Alessio. Como eu poderia compensá-lo?

Levantando-me, fui até ao quarto de Kol para ver como ele estava.
Alessio havia adquirido os trilhos de encaixe para que ele não caísse da
grande cama de mogno.

Até que eu construa uma cama para ele, disse ele. Apenas um dia
com ele e ele já havia provado que seria um pai digno. E agora, quando eu
lhe contasse, correria o risco de machucá-lo novamente. Quebrando esse
vínculo frágil.

A menos que ele soubesse, pensei. Mas, então, ele me atacaria.


Alessio não tinha medo de lutar pelo que era dele.

Minha mão tremia quando afastei seus cachos escuros da testa. Kol
dormia tranquilamente, com um sorriso sonhador nos lábios. Essa deveria ter
sido a infância de Alessio também.

Eu falhei com ele há quatro anos. Eu queria lhe dizer o quanto


estava arrependida. Precisava pedir perdão a ele. Ele sobreviveu a um
pesadelo e eu fui embora sem olhar para trás. Acima de tudo, eu queria lhe
dizer o quanto eu o amava. Eu sempre o amaria.

Beijando a testa de meu filho e deixando a porta aberta, saí do


quarto dele e entrei no quarto de Alessio.

Nosso quarto.

Eu o encontrei lá. Ele deve ter terminado sua ligação de negócios.


Não olhou para cima quando abri a porta. Mas suas costas ficaram tensas.

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Como se esperasse que eu o machucasse. De novo e de novo.

Ele se sentou na lateral da cama com os cotovelos nos joelhos e o


olhar no chão. Só de cueca preta. Seus músculos esculpidos. Sua tinta
tentadora. A lua prateada se filtrava pelas grandes janelas do chão ao teto,
mas a escuridão de sua admissão e meu fracasso se escondiam em cada canto
escuro do quarto.

Esperei um momento, prendendo a respiração. Não tinha certeza


do que estava esperando, mas meu coração batia forte em minha garganta e
em meus ouvidos. A coragem que me trouxe até aqui de repente pareceu se
esvair.

Papai sempre disse que eu tinha a tendência de correr para as


coisas de cabeça erguida. Mas, naquele exato momento, a hesitação
mantinha meus pés colados ao meu lugar e puxava meu coração. Eu me
preocupava em estragar tudo. Magoá-lo novamente. Perdê-lo novamente.

No entanto, não havia como voltar atrás. Sem volta atrás.

Então, dei um passo em sua direção. Puxei o suéter pela cabeça e


deixei-o cair silenciosamente no chão. No passo seguinte, segui com minha
calça jeans.

Cada centímetro do meu corpo tremia, e o tremor em meus dedos


era visível. Era aterrorizante pensar que os próximos segundos poderiam
acabar com isso para sempre. Acabar conosco. Quatro anos e eu nunca havia
deixado de amá-lo. Depois que a aversão diminuiu, por baixo da amargura,
o amor permaneceu. O desejo por ele permaneceu. Porque ele era tudo para
mim.

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Assim como prometeu, ele me arruinou para qualquer outra
pessoa.

Parei na frente dele só de sutiã e calcinha. Branca, sua favorita. Ele


não olhou para mim. Dei mais um passo, forçando-me entre suas pernas
ligeiramente abertas. Ele também não ampliou sua postura para me receber
entre suas pernas.

Será que ele vai me receber novamente? eu me perguntava.


Quando eu lhe contar minha verdade.

Minha respiração era superficial e o bater do meu coração enchia


o ar.

Eu me ajoelhei e peguei seu rosto entre minhas mãos. Nossos olhos


se encontraram, travados em muitos momentos sem fôlego. Aqueles dois
meses foram os melhores de minha vida. Corpos suados. Lençóis de hotel.
Brigas de travesseiros. Apenas para que ele pudesse me pegar e me foder
novamente. Agonizantemente lento, até que eu implorasse para que ele me
fizesse gozar.

— Sinto muito, — sussurrei. Ele soltou um suspiro tenso e


sardônico. Seu calor se derramou sobre ele e eu o absorvi. Eu precisava de
força neste momento. A força dele. Porque ele era um dos homens mais
corajosos que eu já havia conhecido.

— Não tenha pena de mim. — Três palavras. Uma vida inteira de


vulnerabilidade.

— Sinto muito por não ter salvado você há quatro anos, — eu


disse, com as emoções me sufocando. Foi preciso tudo isso para perceber

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que eu não conseguiria viver o resto da minha vida sem ele. — Sinto muito
por ter pensado o pior de você. Sinto muito por não ter conversado com você
sobre isso. E, acima de tudo, desculpe-me por não ter matado aquela mulher
ou seu pai.

Talvez houvesse um pouco dos meus avós mafiosos em mim,


afinal.

Meus dedos se entrelaçaram em seus fios macios, agarrando um


punhado deles. — Eu amo você, — murmurei baixinho, meus lábios
passando pelo seu pescoço. — Do jeito que você é. Cada pedaço. Quebrado
ou não. Sua crueldade de bad boy por baixo desse exterior cavalheiresco. Eu
o amo tanto que me dói respirar quando você não está por perto.

Nossos olhares permaneceram fixos. Minha admissão encheu o ar.


A vulnerabilidade que permanecia em seus olhos combinava com a que havia
em minha voz. Rejeição - nós dois tínhamos medo dela. Não havia nada que
eu não daria para apagar sua dor.

— Alessandro? — Eu murmurei suavemente.

— Sim? — Sua palma se enfiou sob minha calcinha e amassou a


carne da minha bunda.

— Eu também tenho uma confissão a fazer, — sussurrei baixinho.


Ele esperou, com os olhos fixos em mim. — Eu vim para lhe contar. Em
Londres. — Algo sombrio cintilou em seu olhar e ele examinou meu rosto.
— Eu queria lhe contar que estava grávida. — Seus dedos se cravaram em
minha bunda. — Kol é seu.

Algo escuro como o pecado preencheu seu olhar. Possessivo.

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Consumidor.

— Eu sei.

Um suspiro incrédulo saiu de mim. Afinal, ele sabia. — Como?


Quando?

Um meio sorriso surgiu em seus lábios.

— Só ontem. Quando vi Kol no cemitério, liguei para um amigo,


— admitiu. — Kol é meu. Você me incluiu na certidão de nascimento dele.
— Ele levantou a mão para acariciar minha bochecha. — Você deu a ele o
meu nome.

A intensidade de sua voz fez minha garganta se contrair. A


maneira como sua mão tremeu me disse que eu tinha feito algo certo.

— Sim, seu primeiro nome para o nome do meio dele, — respirei.


— Alessandra é o nome da mamãe, então achei que se alguém questionasse,
eu a culparia por isso. — Seus lábios se ergueram, tentando-me a beijá-lo.
— Podemos mudar o sobrenome dele. O que você quiser. — O calor e o
cheiro familiar dele me envolveram como um cobertor. — Sinto muito por
ter escondido isso de você.

— Sinto muito por ter machucado você, amor.

As lágrimas embaçaram minha visão. Tanto tempo perdido. —


Idem.

— Conte-me sobre a cicatriz de Kol.

Como sempre, o terror apertou meu peito. O homem estava morto.


A dois metros de profundidade. Mas a lembrança ainda me aterrorizava.

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— Seu pai apareceu no hospital no dia em que ele nasceu, — falei
baixinho, com aquele velho e familiar medo no peito. — Ele me ameaçou.
Empurrou uma ponta de cigarro em Kol. Eu lutei com ele, mas estava muito
fraca depois de dar à luz. Ele só parou quando eu o ameacei usando a máfia
da Córsega.

Ele encostou o rosto na parte inferior do meu abdômen. Sua boca


deslizou sobre o tecido macio, como se quisesse beijar toda a dor.

— Eu desisti de você e mesmo assim você acabou machucada. —


Sua voz era áspera. Cheia de dor e arrependimento. — Eu falhei com você e
com Kol.

Balancei a cabeça.

— Não, eu falhei com você, — afirmei. — Não quero mais que


vivamos no passado. Temos um ao outro agora. Vamos começar de novo.
Concentremo-nos em nosso presente. Em nosso futuro. Nós três. Meus pais.
Branka. Uma família.

Ele se inclinou para mais perto e seu nariz tocou o meu, sua boca
estava a um sopro de distância da minha.

— Eu amo você, Alessandro. — Um som áspero ressoou em seu


peito. — Não quero perder mais tempo.

— Você não faz ideia de quanto tempo esperei para ouvir essas
palavras. — Sua admissão aqueceu meu peito. Sua testa se aproximou da
minha e seus olhos se fixaram em mim, transmitindo tanta coisa, mas ele não
disse mais nada.

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— Faça amor comigo, — murmurei. — Por favor.

As palavras foram ditas antes que eu percebesse. Não que eu


quisesse retirá-las. Para nós, nunca foi fazer amor. Era fome, desejo, arrancar
roupas. Eu não tinha certeza do que era fazer amor. Mas talvez pudéssemos
aprender. Juntos.

— Se eu fizer amor com você, Autumn, não haverá mais volta.


Serei o último homem a tocá-la. O último homem a sentir sua boceta. O
último homem a sentir seus lábios, sua pele. — Seu aperto de mão ficou mais
forte. — Você me pertencerá. Cada pedaço de você será meu. Eu desisti de
você uma vez. Não farei isso de novo.

Ba-boom. Ba-boom. Ba-boom.

Não era uma declaração de amor. Mas era um começo. Quatro


anos atrás, ele me avisou que não fazia amor. O fato de que ele estava
disposto a tentar dizia muito.

— Você pode ficar com tudo de mim. — Ele merecia isso. Eu


queria dar isso a ele, porque era tudo o que eu sempre quis. — Com uma
condição, — acrescentei.

— Quero o mesmo de você, — arfei. — Serei a última mulher a


tocá-lo, beijá-lo, sentir sua bela bunda de bad boy. — Seu sorriso quase me
tirou o fôlego. — Eu sou toda sua e você é todo meu.

Antes mesmo que eu pudesse piscar, ele me virou de costas contra


o colchão.

— Alessandro, — gritei.

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Sua boca pressionou meus lábios antes que outra palavra pudesse
ser dita. Seus beijos percorreram um caminho pelo meu pescoço.

Sem controle. Machucando. Consumindo.

— Não há nada que eu não faria por você, Autumn. — Meu


coração estava batendo tão forte que eu temia que fosse explodir. — Você e
Kol. Nós três.

— Eu amo você, — sussurrei.

Sua mão deslizou pelo meu quadril, depois seu dedo se enganchou
na minha calcinha. — Adoro branco em você.

O calor consumiu cada centímetro de minha pele. Meu sutiã veio


em seguida.

— Quero que você compre uma calcinha nova para mim, —


murmurei, minha boca procurando a dele. Urgente. Úmida. Minha língua
encontrou a dele e eu gemi de necessidade. Meus quadris se chocaram contra
ele, refletindo cada impulso e deslizamento de nossas línguas.

Era tudo o que ele precisava. Mal tive tempo de piscar. Ele tirou a
cueca antes de me penetrar com um impulso poderoso, enchendo-me até ao
fim. Eu gemia, ele gemia.

Eu havia me esquecido de como ele era grande. Nós dois


estávamos tremendo com a intensidade da situação.

— Casa, — ele sussurrou contra meu pescoço. Minhas palmas


encostaram em sua coluna vertebral e um arrepio percorreu suas costas. —
Finalmente estou em casa.

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Minha pulsação pulsava entre minhas pernas. Ele chupou minha
língua enquanto saía e depois voltava para dentro. O prazer ardia em minha
corrente sanguínea e eu sabia que não duraria muito. Quatro anos sem seu
toque, eu provavelmente explodiria a qualquer momento.

— Deus, é tão bom, — eu ofeguei. Nós dois baixamos os olhos e


observamos seu comprimento desaparecer dentro e fora de mim.

— Não vou conseguir ir com calma, — ele vociferou.

— P-preservativo... precisamos de um preservativo, — gemi


enquanto ele empurrava para dentro de mim.

— Estou limpo.

— O mesmo, — respirei, com os olhos revirando. — Isto não é...


Oh, Deus. — Ele se enfiou profundamente dentro de mim. Eu podia senti-lo
me esticando, atingindo meu ponto. — Precisamos ser responsáveis.

— Eu quero mais filhos. — Outra investida. Forte e profunda.


Nossas respirações pesadas preencheram o espaço entre nós. — Você?

Sua pergunta deveria me assustar, mas não o fez.

— O que você quiser. Mas, por favor, eu preciso de mais. — Seus


olhos se aproximaram dos meus. Prata derretida. — Por favor, Alessandro.
Eu preciso de você.

Ele não precisou de mais nenhum incentivo. Ele me fodeu


profundamente e com força. Meu corpo se lembrou dele. Seu corpo se
lembrou do meu. Meus braços o envolveram, minhas pernas se engancharam
em seus quadris e eu me segurei.

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Cada investida me dava prazer. A onda de calor se formou no
fundo do meu ventre. Meus olhos se reviraram.

Sua mão chegou à minha garganta e sua palma se pressionou


contra o meu pescoço.

— Minha, — ele grunhiu. — Toda minha.

Um arrepio me percorreu. Meus seios roçaram em seu peito.


Minhas pernas o envolveram. Sua pélvis se movendo contra meu clitóris. Era
quente. Erótico. Rápido.

Sua boca veio até à minha, beijando-me. Sua mão ainda estava em
meu pescoço. Ele gemia a cada vez, com um olhar de possessão
enlouquecida em seus olhos.

— Essa boceta é minha, — ele gritou. — Estes peitos. Este corpo.


Tudo meu, porra.

— Sim. Sim. Sim, — gritei sem pensar, enquanto o prazer me


inundava com um inferno. O orgasmo me atingiu com força e as estrelas se
agitaram em minha visão. Minhas unhas arranharam suas costas enquanto eu
me agarrava a ele, com tremores violentos percorrendo meu corpo.

— Foda-se, amor, — ele gemeu, com jatos de esperma saindo de


seu pau latejante. Meu núcleo formigava, meu orgasmo rugia, meu corpo se
esgotou. Seus movimentos diminuíram, mas ele continuou a se mover.

Ele prendeu meu lábio inferior entre os dentes e mordeu. Com


força. Depois, acalmou a picada com a língua. Como se quisesse me punir e
me recompensar ao mesmo tempo.

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Com as pernas ainda enroladas em sua cintura, beijei seu pescoço,
absorvendo seu cheiro. Meus lábios deslizaram sobre sua pele quente,
saboreando-a.

— Isso não foi fazer amor, — murmurei contra sua pele. —


Teremos que fazer isso de novo.

Um ruído áspero soou em seu peito. Parecia quase uma risada.


Levantei a cabeça para encontrar seus olhos, que brilhavam como estrelas.
Meu coração acelerou, meus ouvidos zumbiram.

— Não me descarte ainda, — ele murmurou contra meus lábios.


— Vamos tentar de novo, só preciso de alguns minutos para me recuperar.

Enterrei minha cabeça em seu pescoço e ele nos virou para que se
deitasse, puxando-me para que minha cabeça ficasse encostada em seu peito.
Escutei seu coração bater forte e rápido. Por mim. Assim como o meu batia
por ele. Somente por ele.

Lentamente, o quarto entrou em foco. Nossa respiração ofegante


diminuiu. Seus dedos brincavam com meus cabelos. Nossos corações batiam
juntos. Minhas mãos percorreram seu peito, meus dedos pararam sobre as
cicatrizes escondidas pela tinta.

— Quantos anos você tinha quando ele fez isso?

Seu movimento parou por um segundo antes de voltar a enrolar


uma mecha do meu cabelo em seu dedo.

— A mais antiga de que me lembro foi quando eu tinha quatro


anos, mas eu tinha cicatrizes de antes. — Meu coração ficou preso na

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garganta. Jesus Cristo.

Mudei de posição e pressionei minha boca contra ela. — Sua mãe


não brigou com ele?

Ele soltou um suspiro sardônico com um toque de amargura. —


Não. Ela tinha pavor dele. Ela o deixava fazer o que quisesse comigo, com
Mia e com Branka.

— Branka não fala muito sobre Mia, — observei suavemente. —


Você era próximo a ela?

— Sim. — Era apenas uma palavra, mas a dor crua vibrava em


suas sílabas. — Ela era cinco anos mais nova do que eu. — Minha palma
percorreu seu peito em um movimento circular. — Eu não podia protegê-la.
A única coisa que eu podia fazer era irritá-lo ainda mais para que sua raiva
se concentrasse mais em mim. Ele a culpava por ser uma menina. Gostava
de humilhá-la, fazê-la andar nua na frente de seus homens, mostrando-lhes
as marcas de queimadura que ela ganhou por desobediência.

— Deus, — sussurrei. — Eu sabia que ele era cruel, mas isso é


sádico.

— Sua mãe deveria tê-los pegado e fugido, — murmurei. — Ou


ter atirado nele.

Ele soltou um suspiro sarcástico. — A única vez que nossa mãe


foi corajosa o suficiente para fazer algo foi quando eu tinha quinze anos, —
disse ele. Tive um mau pressentimento. — Ela tentou colocar fogo em todos
nós em seu quarto. Branka era apenas um bebê.

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Meu coração congelou. Eu não conseguia imaginar uma mãe
machucando seus próprios filhos. — Foi assim que Mia morreu?

— Não, ela sobreviveu. Todos nós sobrevivemos. Mas mamãe


nunca me perdoou por ter nos tirado de lá. Cada grito, cada dor que Branka
e Mia sofreram a partir de então foi culpa minha.

Levantei-me, com as palmas das mãos em seu peito quente. — A


culpa não é sua, — falei baixinho. — Você salvou a vida delas. Olhe para
Branka. Ela é forte e corajosa. E uma verdadeira durona, se me permite dizer.
Tudo graças a você.

Ele pegou um cigarro na mesa de cabeceira e acendeu.

— Alguns dias eu me perguntava. Mia tinha muita vergonha de


seu corpo, mas se recusava a deixar que o pai a dominasse, — continuou ele,
perdido no passado. — No momento em que ela completou dezoito anos, eu
a ajudei a ir para os Estados Unidos e a se alistar no exército. Quando ela foi
aceita, ele não conseguiu tirá-la de lá. Quer saber qual foi a maior ironia?

Eu não tinha certeza de que sim, mas assenti de qualquer forma.


Ele nunca havia me confidenciado nada assim antes.

— Ela cometeu suicídio. — Um suspiro suave saiu de meus lábios.


— Um grupo de idiotas a estuprou e ela simplesmente surtou. Não conseguiu
se recuperar.

— Meu Deus, Alessio, — murmurei baixinho, depositando um


beijo em sua bochecha. — Eu sinto muito. Sinto muito mesmo. — Ele teve
tanta tragédia em sua vida.

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— No funeral de Mia, dei uma surra em meu pai e depois levei
Branka para morar comigo. Jurei que pelo menos um de nós, nessa família
miserável, teria alguma aparência de normalidade.

Isso me fez admirá-lo ainda mais. Ele levava sua responsabilidade


a sério. Encostei meu rosto em seu peito quente e beijei seus abdominais
esculpidos. Seu perfume estava em mim e ao meu redor. O cheiro de sândalo,
especiarias e fumaça. Familiar e íntimo.

— Você está fumando muito? — Perguntei sem motivo.

— Eu vou parar.

Levantei minha cabeça de seu peito. — Você vai?

Ele acenou com a cabeça. — Não é bom para o bebê. Ou para você.

Meus lábios se curvaram em um sorriso suave. — Nem para você.


— Mudei de posição e pressionei minha boca contra a dele. Eu nunca me
cansaria dele.

— Eu amo você.

Sua mão agarrou minha nuca e ele mordiscou meu lábio inferior.
— Nunca mais pare, Autumn. Não há muita coisa que possa me matar, mas
você... você pode. — Suas últimas palavras saíram ásperas, mas o olhar em
seus olhos dizia tudo.

— Idem, — murmurei. Outro beijo. Molhado. Possessivo. Tão


certo, porra.

— Esqueça o contrato e a chantagem, — ele sussurrou contra


minha boca. — Case-se comigo porque você quer.

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Ainda tínhamos muitas coisas para resolver. Meus próprios pais
trabalhavam em seu relacionamento todos os dias. Nós também. Muitos
fantasmas para enterrar e feridas para curar. Mas faríamos tudo isso juntos.
Finalmente eu o tinha de volta. Senti sua falta com muita dor nos últimos
quatro anos.

— Sim, — murmurei, enterrando meu rosto em seu pescoço. Ele


cheirava tão bem, como calor e especiarias. E casa. — Mas não há
necessidade de apressar as coisas. E nada grande. Deixe o grande casamento
para Branka.

— Tudo o que você quiser. — Seus lábios passaram sobre minha


cabeça. — Ela lhe contou, não foi?

— Sim.

— Ela lutou contra isso durante anos. Não tenho certeza do que a
fez mudar de ideia de repente.

Essa definitivamente não era minha história para contar a Alessio.

— Não tenho certeza se casamentos arranjados são inteligentes, —


murmurei. — Ela deveria se casar por amor.

— Mais do que tudo, ela precisa de proteção, — ele respondeu


secamente. — Nosso pai conseguiu fazer muitos inimigos.

Fiquei tensa. — E quanto a você?

— Eu também tenho muitos inimigos. — Eu lhe lancei um olhar


preocupado. — Eu protegerei você e Kol. Sempre.

Eu não duvidava dele. Sempre me senti segura com ele, mas isso

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não significava que eu concordasse com seus negócios ilegítimos.

— Você teria muitos inimigos se fosse apenas um empresário


comum? — perguntei hesitante.

— Provavelmente.

Balancei a cabeça. — Provavelmente?

— Herdei todos os inimigos de meu pai. Além disso, acabei com


o tráfico humano em nosso território e ganhei mais alguns porque
prejudiquei os negócios deles.

— Então, você não pode sair?

— Se eu sair, haverá alguém assumindo o controle do território e


possivelmente restabelecendo o tráfico humano. Meus amigos e eu
trabalhamos duro e nos sacrificamos muito para acabar com isso. Não posso
simplesmente jogar fora.

— Mas o tráfico de armas e drogas... — Ele ficou tenso e a


incerteza me percorreu. Eu não queria estragar este momento, então mudei
de assunto. — Então, já sabemos quando será o casamento de Branka? —
Perguntei e ele assentiu com a cabeça. — Quem é o noivo sortudo?

— Killian Brennan.

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CAPÍTULO 34

ALESSIO

Autumn dormia escondida debaixo das cobertas, com uma coxa


lisa para fora das cobertas e a bunda nua me tentando. Suas sobrancelhas
estavam franzidas enquanto ela dormia de lado, de frente para a janela. Passei
a mão em sua testa e ela se inclinou para o meu toque.

Ela era linda.

Eu ainda não conseguia acreditar que ela estava aqui. Comigo.

Ela veio até mim de bom grado. Oito anos de espera e sacrifício
nos trouxeram até aqui. Eu faria tudo de novo - se isso significasse a
segurança dela e de Kol.

Ela era meu primeiro e último amor. Meu único amor. Sem ela, eu
estava apenas existindo. Com ela, eu estava vivendo.

Observei-a dormindo até que o clarão do amanhecer começou a


amenizar a escuridão em nosso quarto. Estava ansioso para acordá-la e me

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perder nela novamente. Não deveria. Já a tomei várias vezes esta noite.

Ela tinha a bunda mais perfeita, implorando para que eu a


mordesse. Meu pau endureceu e não consegui resistir à tentação.

Coloquei minha mão em sua coxa e depois a mergulhei entre suas


pernas. Ela abriu as pernas em sinal de convite e, no momento em que meus
dedos tocaram seu clitóris, um gemido suave encheu o ar. Ela já estava
encharcada.

Minha boca percorreu seu corpo macio, sua pele cheirava


exatamente como eu me lembrava. Outono. Maçãs. Tão gostoso. Passei
minha língua em seu clitóris e depois o lambi. Lentamente, saboreando seus
sucos.

— Oh, meu Deus.

O gemido de Autumn vibrou na escuridão de nosso quarto. Seus


dedos agarraram meus cabelos, suas pernas se ergueram sobre meus ombros
enquanto ela pressionava sua boceta contra minha boca. Lambi seu clitóris
como se fosse o último gosto do paraíso.

Seus dedos se apertaram. — Por favor, por favor, não pare.

— Acabei de começar, amor, — eu disse, depois dei outra lambida


lânguida em seu clitóris. Suas coxas tremeram, apertando minha cabeça.
Chupei seu broto inchado em minha boca e outro gemido sem fôlego se
seguiu.

Eu a senti tremer e sua boceta estava molhada. Para mim. Eu


adorava comer sua boceta. Adorava seu cheiro. Adorava saboreá-la.

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Observei seu rosto quando enfiei um dedo em sua entrada e ela gritou de
prazer.

— Quer minha língua dentro da sua boceta? — Sua resposta foi


um gemido. Dei um leve tapa em sua boceta e seus olhos se abriram. —
Palavras, — rosnei.

— Sim.

— Sim, o quê? — Eu a incentivei. Porra, aquele rubor em suas


bochechas era tão atraente. Não havia uma única coisa que eu não achasse
perfeita quando se tratava dela.

— Quero sua língua na minha boceta, — disse ela em um gemido.

Eu sorri. — Esta é a minha garota.

No momento em que minha língua tocou sua boceta, ela se


contorceu novamente e seus olhos ficaram semicerrados. Sempre gostei de
observá-la quando comia sua boceta. Aquele olhar de felicidade em seu rosto
era a melhor visão. Comecei a comê-la com minha língua. Com mais força
e mais rápido. Do jeito que ela gostava.

— Você tem o gosto que eu me lembro, — arfei contra ela. — Tão


bom.

Eu não conseguia me fartar daquele gosto que era exclusivo dela.


Ela se contraiu contra minha boca, com os músculos tensos e os gemidos
cada vez mais altos. Eu nunca teria o suficiente dela. Introduzi minha língua
mais profundamente nela e depois a tirei. Para dentro e para fora. Eu podia
sentir sua boceta se apertando, ávida por mais.

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Mordisquei seu clitóris, depois enfiei meus dedos com força. Ela
estava tão apertada, suas paredes se apertando ao redor dos meus dedos.

— Oh, meu Deus, Alessandro, — ela gritou. — Eu... eu vou...

Empurrei meus dedos de volta até que estivesse com os nós dos
dedos dentro dela. — Isto mesmo, amor. Goze.

Ela estremeceu, com os olhos fixos em mim, observando-me cheia


de luxúria enquanto eu abaixava a cabeça novamente e a devorava,
saboreando-a. Suas costas se curvaram para fora da cama enquanto ela
gritava meu nome, seus dedos se enroscando em meu cabelo.

Seu corpo inteiro vibrou com a força do orgasmo. Eu me levantei


e subi por seu corpo, tomando sua boca. Deixei que ela sentisse o gosto de si
mesma em minha língua.

Então, em um só impulso, empurrei profundamente dentro dela.


Seu gemido alto subiu pela minha espinha, e eu comecei a penetrá-la, cada
vez mais rápido, até que os únicos sons eram as nossas respirações
irregulares. Carne batendo contra carne. Ela era o meu paraíso. Eu a fodia
com tanta força e sem controle que temia quebrá-la. Machucá-la.

— Não pare, porra, — ela gemeu com um pequeno rosnado.


Mesmo que eu quisesse parar, não conseguiria. E eu não queria parar de
transar com ela. Observei seus olhos vidrados de prazer, sua boca me
incitando a ir mais rápido e mais fundo.

Ela se despedaçou quando outro orgasmo a atingiu, sua boceta me


apertando com força até que eu me desmanchasse, jorrando meu esperma em
sua boceta. Estremeci contra ela, beijando sua boca, seu nariz e sua testa.

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Porra, eu esperava que ela engravidasse para se casar comigo mais
cedo.

Quando desci, encontrei os lábios de Autumn curvados em um


sorriso suave. — Isto foi fazer amor, certo?

Encostei minha testa na dela. — Sim, foi.

Seu sorriso se alargou, mas seus olhos se fecharam. — Eu sabia.

Um ronco suave soou e me encheu de diversão. Talvez eu não


devesse tê-la acordado. Eu a mantinha acordada até tarde da noite na maioria
dos dias, saboreando cada centímetro dela. Ela começava a me tocar. Eu
começava a tocá-la. Era como se estivéssemos tentando compensar os
últimos quatro anos.

Eu a puxei para perto e ela se enroscou em mim, murmurando algo


ininteligível.

Sete dias.

Fazia sete dias que Autumn e Kol haviam se tornado parte da


minha casa.

Observei a mulher que preenchia todos os meus pensamentos nos


últimos quatro anos dormir em meus braços, e ainda não conseguia acreditar
que ela estava comigo. Não tínhamos mais falado sobre a chantagem. Ela
concordou em se casar comigo, mas pediu para não apressar as coisas.

Agora que eu estava tão perto de tê-la, eu me preocupava em


perdê-la. A vontade de forçá-la a aceitar meu nome ainda me atormentava,
mas ignorei. Eu esperaria que ela marcasse a data. Eu queria fazer tudo certo.

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Por ela. Pelo nosso filho.

O sol ainda não havia nascido, mas anos de insônia eram difíceis
de quebrar. Levantei-me da cama e fui até à janela. Fiquei observando-a
dormir enquanto acendia um cigarro. O hábito havia piorado desde que ela
foi embora, há quatro anos.

A necessidade da fumaça havia diminuído desde que ela voltou.


Ela parecia ser a única cura de que eu precisava. Ela e Kol. Quando
estávamos juntos, eu me esquecia do passado fodido. Com ela, eu tinha uma
família.

Branka, Autumn, Kol e eu. No entanto, eu não conseguia entender


minha irmã. Algo a incomodava. Ela não estava feliz com esse arranjo de
casamento, mas sua falta de protesto me intrigava. Não conseguia entender
direito.

Lentamente, o sol nasceu e lançou seus raios sobre Autumn em


minha cama. Ainda parecia surreal. Autumn Corbin dormia em minha cama.
De bom grado. O lençol chegava até sua cintura e os raios irradiavam sobre
sua pele macia e cremosa. Aquele lindo cabelo preto como azeviche se
espalhava pelo travesseiro e o sol também refletia nele.

Depois de quatro anos de inquietação e raiva, finalmente encontrei


a paz. E que se dane, eu estava com medo de perdê-la. Perdê-la porque agora
eu sabia como seria a vida sem ela.

Desanimadora. Sem sentido.

Mas meu estilo de vida ainda estava entre nós. Ela estava salvando
o mundo; eu o estava corrompendo. Mais cedo ou mais tarde, precisaríamos

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esclarecer nosso caminho a seguir.

Apagando o cigarro meio fumado, dirigi-me à cozinha para


preparar o café da manhã. O pequeno Kol adorava ovos mexidos. A melhor
parte do meu dia eram as manhãs em que nos sentávamos todos juntos para
tomar o café da manhã e as noites em que eu me enterrava dentro da minha
mulher.

Comecei com a cafeteira. Meus lábios se curvaram em um sorriso


ao me lembrar de como Autumn ficou irritada ontem antes de tomar seu café.
Ela era mesmo viciada em café.

Liguei o moedor de grãos quando um par de mãos macias


envolveu minha cintura por trás e aquele aroma único me envolveu. Seu
toque sempre causava um pequeno arrepio em minha espinha. Eu vivia para
o toque dela.

Eu me virei e ela encostou o rosto em meu peito.

— Um cara sexy sem camisa me preparando café, — ela


murmurou em meu peito, inalando profundamente. — É um sonho que se
tornou realidade.

Um sorriso tocou meus lábios. — Eu vivo para servi-la.

Suas bochechas ficaram coradas. Deus, havia tanta coisa que eu


queria dela. Seus sorrisos. Sua felicidade. Mais filhos. Eu queria tudo dela.
Mas sua relutância em marcar a data me incomodava.

Talvez eu não fosse bom o suficiente. O que eu sentia por ela era
tão profundo, parte de cada respiração e batimento cardíaco, que às vezes eu

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me preocupava em não funcionar sem ela. A única coisa que me manteve
firme nos últimos quatro anos foram algumas informações que Branka me
deu.

Patético, eu sei.

Sim, eu poderia ter pedido a Nico que me fornecesse um relatório


diário detalhado sobre ela, mas não o fiz. Achei que era melhor para ela que
eu a deixasse ir. Até que fiquei sabendo o que meu pai havia feito. Ao nosso
filho. Eu deveria ter estado lá para protegê-la.

Resumindo, eu estava disposto a tudo.

Embora eu me perguntasse o que Autumn faria se soubesse até


onde ia minha obsessão. Desde o momento em que a vi, há oito anos, em seu
quarto, enquanto a festa de aniversário abaixo de nós estava em pleno
andamento.

Ela era muito independente. Normal demais. Talvez tenha sido


exatamente isso que me atraiu a ela. Ela consertava todas as minhas partes
quebradas e rachadas apenas com seu toque ou um sorriso. Ela era a minha
cura. Minha cura começou quando a conheci.

— Alguns dos meus amigos estão chegando, — eu disse a ela. —


Seus pais podem cuidar de Kol para que você possa ir junto? Nós o
pegaremos quando voltarmos do restaurante.

Seus olhos cor de avelã encontraram os meus. — Eles não


preferem apenas ver você? — perguntou ela.

Balancei a cabeça. — Você é parte de mim.

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Ela me estudou. — Os homens não costumam preferir sair sem
mulheres por perto?

Eu sorri. — Eu não sei. Nem meus amigos. — Quando você passa


a vida inteira sem alguma coisa e finalmente a encontra, não há como deixá-
la ir. Autumn era isso para mim. Áine era isso para Cassio. Aurora, minha
meia-irmã, era isso para Alexei. — Suas esposas estarão lá.

— O que devo vestir? — ela perguntou.

Meus olhos percorreram seu corpo. Ela usava uma de minhas


camisas de manga longa. A gola estava saindo de seu ombro e as mangas
estavam enroladas nos antebraços. Ela parecia perfeita. E minha.

Ela ficou na ponta dos pés, passou a língua no canto da minha boca
e respirou contra meus lábios. — Eu realmente gosto quando você olha para
mim. Como se eu fosse a melhor coisa que você já viu.

A satisfação correu quente em minhas veias. — Você é a melhor


visão que eu já tive.

A única visão que eu queria ter para o resto de minha vida.

Ela e nossos filhos.

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CAPÍTULO 35

AUTUMN

Alessio e eu tínhamos entrado em uma rotina.

Ele preparava o café da manhã. Quando Kol acordava, comíamos


juntos. Depois, nos arrumávamos juntos e o acompanhávamos ao trabalho,
enquanto Kol e eu íamos visitar meus pais. Ou nos encontraríamos com
Branka.

Hoje não foi exceção.

Depois do café da manhã, nós três entramos no carro dele, com


Kol seguro na cadeirinha entre nós. No momento em que Alessio disparou a
divisória entre seu motorista e nós, virei-me para encará-lo.

— A que horas devo estar pronta para o jantar? — Perguntei-lhe,


retomando nosso assunto original.

— Chegarei em casa às cinco horas.

Casa. Passei a considerar a cobertura como minha casa. Alessio e

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Kol eram minha casa.

Peguei meu celular e digitei uma mensagem rápida para meus pais.

A resposta foi imediata.

— Está tudo pronto, — disse-lhe sorrindo.

Alessio se inclinou sobre o assento do carro e eu o encontrei no


meio do caminho, nossas bocas se conectando. Um beijo suave e fugaz. No
entanto, ele sacudiu minha alma como nada antes. O braço de Alessio
repousou atrás da cadeirinha de nosso filho e se estendeu atrás de mim. Sua
palma repousou em meus ombros e seus dedos brincaram com meu cabelo.
Torcendo-o e desenrolando-o ao redor de seu dedo. E senti um pequeno
formigamento que me percorreu enquanto seu motorista nos levava pela
cidade até meus pais.

— Você tem que trabalhar hoje? — murmurei. — Poderíamos


fazer algo divertido.

Sua boca se curvou. — Como o quê?

Eu sorri. — Tenho certeza de que podemos encontrar algo.

Minhas bochechas se aqueceram com a insinuação em minhas


palavras. E tive a confirmação do meu rubor quando seu polegar passou
sobre elas.

— Tenho que voar para Filadélfia esta manhã, mas amanhã sou
todo seu.

— Jura.

— Juro de coração, amor, — prometi. — Que tal se seus pais

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viessem à minha propriedade? Você pode decidir qual quarto deve ser o de
Kol. E os materiais estão sendo entregues hoje para que eu possa construir
para Kol a cama que prometi a ele.

Kol começou a balançar as pernas e os braços com entusiasmo. —


Cama de avião.

— É um encontro, — eu sorri. — Nós três amanhã o dia todo.

Eu não diria exatamente que estava nervosa.

Não estava. Mas eu queria que Branka viesse conosco. Ela se


juntaria a nós mais tarde com seu homem. Killian Brennan.

Parecia irlandês, mas que diabos eu sabia?

Usei um vestido de cocktail19 vermelho sem alças que acentuava


minhas curvas. Meus cabelos caíam pelas costas em cachos suaves e até fiz
meus olhos com uma sombra esfumaçada.

No momento em que Alessio me viu, a expressão de espanto em


seus olhos me disse que ele havia gostado.

Suas palavras seguintes confirmaram isso. — Diga-me que você


tem uma calcinha vermelha por baixo desse vestido.

Ele segurou Kol com o braço direito e eu peguei o esquerdo. —

19
É uma código de vestimenta.

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Você vai ter que descobrir, — eu disse a ele, brincando.

Não demorou muito para atravessar a cidade e deixar Kol em


segurança com meus pais. Não me passou despercebido que os homens de
Alessio estavam à espreita em cada esquina.

Quando entramos de volta em seu Land Rover, perguntei-lhe


casualmente: — Seus homens estão sempre aqui?

— Sim.

Soltei um pequeno suspiro, mas não disse mais nada. Meu pai
provavelmente os notou. Poucas coisas escapavam a ele ou a Maman. Força
do hábito e anos de prática. Mas se eles não reclamavam, eu também não
reclamaria.

No momento em que Alessio e eu entramos no grande restaurante,


o ambiente se acalmou. O restaurante era decorado em dourado e vermelho
e tinha um motivo festivo. Na parede mais à direita, havia um longo bar de
vidro com uma variedade de bebidas e um barman pronto para servir. No
centro da parede, havia uma grande televisão sem som, mas as legendas eram
muito difíceis de ver.

Meus olhos percorreram o restaurante cheio de mafiosos e suas


esposas. Eles fecharam o restaurante inteiro para o público.

A mão de Alessio envolveu minha cintura e me puxou para mais


perto. Era toda a segurança de que eu precisava. Eu sabia que ele me
entendia.

Cassio e Áine, juntamente com Luciano e sua esposa, foram os

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primeiros a chegar.

— Prazer em vê-la novamente, — Grace me cumprimentou.

— Sim, faz muito tempo que não nos vemos, — comentou Áine
de forma provocante. — Foi apenas em junho que vimos você. Parece que
faz tanto tempo. — As duas pareciam muito felizes em me ver.

— Oi de novo, Autumn, — acrescentou Luciano. — Espero que


esteja mais feliz em nos ver desta vez. Pelo menos nós, Cassio, ainda pode
estar na sua lista de merda, — ele elaborou, referindo-se à exposição em que
nos conhecemos.

— Luciano, Grace. — Alessio os cumprimentou. Ele era mais alto


do que Luciano, mas algo nas tatuagens deste último o fazia parecer
completamente assustador. Não que eu achasse que Alessio fosse menos
cruel. Ele escondia isso sob seu exterior de cavalheiro polido. — Como está
o pequeno Matteo?

— Ele está se saindo muito bem, — disse Grace com alegria. —


Teremos que trazê-lo aqui da próxima vez.

— Concordo. Matteo e Kol têm idades próximas, eles brincariam


bem juntos. É claro que Kol fala mais francês e Matteo italiano, mas eles vão
se entender.

Seguiu-se uma rodada de risadas.

Outro casal se aproximou, e foi preciso tudo o que eu tinha para


não me encolher. Olhos azuis frios como o Ártico. Rosto sem emoção. E, ao
lado dele, uma mulher de cabelos escuros sorrindo como se o mundo todo

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estivesse certo.

— Olá, — ela me cumprimentou, estendendo a mão. — Você deve


ser Autumn. — Assenti com a cabeça, meus olhos voltando para o encontro
dela. Não confiava que ele não me mataria antes de eu piscar. — Este é meu
marido, Alexei. Eu sou Aurora, sua esposa.

Engoli, olhando para Alessio. Ele não parecia preocupado.

Tudo bem, então. Nem eu. Talvez?

O sobrenome registrado. Nikolaev!

— Você é parente de Sasha Nikolaev? — Eu disse sem rodeios.

A sobrancelha de Alessio se ergueu de surpresa.

— Irmão, — respondeu Alexei. Voz rouca. Voz fria. Jesus, ele era
assustador pra caramba.

— Oh, veja isso. Você se lembra de mim. — Um homem alto, de


terno de três peças, veio até nós. Um sorriso de tubarão em seu rosto e um
olhar ligeiramente perturbado em seus olhos, que se lançaram para trás de
mim. Como se estivesse esperando alguém. — Devo ter deixado uma
impressão duradoura.

E a lembrança me atingiu em cheio. Eu me lembrei dele. Quatro


anos atrás, estávamos sentados em um restaurante com ele e seu irmão.

Sasha Nikolaev. Este foi o cara que partiu o coração de Branka?

Puta merda! Branka precisava que seus olhos fossem examinados.


Será que ela não viu que ele era um filho da puta assustador?

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Ela precisaria de ajuda para arrancar seu coração. Ou para matá-
lo. Eu a ajudaria. Eu era uma garota pacífica e de bom coração, mas este
cara... Sim, eu abriria uma exceção porque queria que minha melhor amiga
vivesse. Meu filho precisava de uma tia.

Lancei-lhe um olhar fulminante. Isso deve tê-lo pego de surpresa,


pois suas sobrancelhas se ergueram.

— Não tão duradoura, — murmurei. — A menos que você


considere as pessoas que nunca mais quis ver como uma impressão
duradoura.

Seus dedos marcados deslizaram para os bolsos e ele deu mais um


passo em minha direção. — Onde está sua irmã, Russo? — Sasha perguntou
a Alessio, mas seus olhos permaneceram em mim.

— Atrasada, como sempre, — respondeu Alessio secamente. —


Ela nunca deixaria de sair com Autumn. Essas duas são inseparáveis.

— Isso é tão doce, — exclamou uma voz suave. Outro Nikolaev.


Era muito difícil não notá-los, com suas estruturas altas e seus estranhos
olhos azuis pálidos. Um homem imponente se aproximou com uma mulher
pequena nos braços. Eu também já o havia conhecido antes. Eles eram como
noite e dia. Um rosto assustador e um rosto sorridente. A tempestade e o sol.
— Olá, eu sou Isabella. A esposa de Vasili.

— Hmmm. — A disparidade de idade entre os dois parecia ainda


maior do que a de Alessio e a minha. De fato, todos eles pareciam ter esposas
muito mais jovens. Acho que quando eu me casasse com Alessio, eu não
seria a mais jovem. Quando, pensei sonhadoramente. Teria de falar com ele

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para marcar uma data. — Prazer em conhecê-la. Conheci seu marido
brevemente há alguns anos, — respondi. Você podia ver isso em Isabella,
ela era um amor.

— Como está Tatiana? — perguntou Alessio, deixando-me a


imaginar quem era Tatiana.

— Ela precisa de tempo para se recuperar, — respondeu Isabella.


— Ela está brava.

— Tatiana precisa chutar alguns traseiros, — Sasha resmungou.


— E ela vai superar tudo isso.

— Tatiana e você precisam ser separados, — disse Vasili. — Os


dois juntos começarão uma maldita guerra.

Isabella deu um tapinha na mão gigante do marido em uma


tentativa de acalmá-lo.

— Autumn, conheça Nico e sua esposa Bianca, — Alessio


continuou as apresentações, enquanto Sasha e Vasili começavam a discutir
em russo. — E você se lembra de Byron.

O meio-irmão.

— Olá, Autumn, — ele me cumprimentou. — E antes que você


pergunte, não, não falei com o Senador Ashford.

— Bem, uma garota pode ter esperança, — murmurei. — Embora


eu sugira enfaticamente que você ou alguém dê a esse homem uma instrução
sobre acordos de comércio de armas e atividades humanitárias no mundo.
Ele não tem noção de nada.

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— Eu gosto dela. — Minha cabeça girou na direção da voz áspera
e fria. Ela pertencia a Alexei. Espero que seja uma coisa boa ser apreciada
por Alexei. Ou talvez não. Sua esposa sorriu.

— Sim, eu também, — acrescentou. Ela se inclinou e deu um beijo


na bochecha de Alessio. — Boa escolha, irmão. — Franzi a testa. Ela acabou
de chamá-lo de irmão? Ela percebeu meu olhar confuso. — Byron é meu
irmão.

— Oh. — Inclinei minha cabeça, estudando-a. — Branka sabe?

Os olhos de Aurora se voltaram para Alessio e os meus também.


Ele balançou a cabeça. — Você tem que contar a ela, — murmurei. Voltei
minha cabeça para Aurora. — Então é só você e seu irmão...

— Não, eu tenho outra meia-irmã. Alessio e Byron, é claro. E mais


três irmãos. — Uau, essa era uma família grande. — E quanto a você?

— Humm, só eu. E Branka, — respondi. — Meus pais dizem que


isso é como ter dez filhos.

Uma risada suave percorreu o restaurante. — Meu pai costumava


dizer a mesma coisa, — disse Bianca, a esposa de Nico. — Às vezes fico
imaginando o que ele diria se visse nossos gêmeos. — Um sorriso suave
curvou seus lábios. Eu me identificava com aquele sorriso. Era o mesmo que
eu sentia toda vez que falava sobre Kol.

Os olhos de todos permaneceram em mim, estudando-me com


curiosidade. Mas, para crédito deles, não fizeram nenhuma pergunta. Todos
nos sentamos ao redor de uma mesa grande, com apenas dois lugares ainda
vagos. Eles pertenciam a Branka e Killian, que eu ainda não conhecia.

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A refeição foi servida e eu a apreciei bastante. Alessio sentou-se
ao meu lado conversando com os homens, com a mão em minha coxa.
Isabella e Bianca discutiam receitas. Pelo que parecia, Isabella era ruim de
cozinha.

— Ela é melhor em salvar vidas do que em cozinhar, — comentou


Aurora. — Ela é médica.

— Oh. — Dei uma olhada para Isabella. Ela estava fazendo


anotações com a testa franzida, murmurando que era mais fácil cortar um
humano do que uma galinha. Era quase cômico. — Ouvi dizer que suas
fotografias são muito procuradas.

— Oh, elas são, — disseram Grace e Áine ao mesmo tempo. —


Eu mal consegui pegar uma, — acrescentou Áine. — Alessio comprou a
galeria inteira.

— O quê? — Eu deixei escapar.

Áine e Grace compartilharam um sorriso. — Sim, ele foi um


babaca, — brincou Grace em um tom abafado. — Eu estava tão irritada. Eu
queria algumas daquelas fotos. Mas Alessio deve ser um babaca obsessivo.
Cassio disse que ele escondeu todas elas em sua mansão.

Uma risada percorreu o nosso lado da mesa. — Eu me pergunto


onde ele as tem, — murmurei. — Eu não as vi em sua cobertura.

— Ele provavelmente está escondendo-as até ter certeza de que


você não vai fugir, — disse Áine, inclinando o queixo para os homens. —
Todos eles são obsessivos e possessivos.

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Dei uma olhada para os homens e depois para as mulheres. —
Acho que posso ver isso, — comentei baixinho. Embora eu não me
importasse com isso. Não com Alessio. Eu adorava seu lado sombrio.
Adorava seu lado possessivo. Eu adorava tudo nele.

— Vou ter que dar uma olhada nisso, — disse Aurora. — Alexei
tem uma cobertura em D.C.20 e ela é tão sem graça, tão básica. Quero deixá-
la mais aconchegante para que, quando a visitarmos, não pareça que estamos
em um hotel.

Meus lábios se curvaram para cima. — Não tenho certeza se você


vai querer o meu tipo de fotos.

— Por que não?

— A maioria delas é mais... hummm... — Procurei as palavras


certas, mas não consegui. — Algumas são para aumentar a conscientização.
Outras são um pouco sombrias. Há algumas fotos de alguns dos lugares
incríveis deste planeta que pude visitar.

Os olhos de Aurora se iluminaram.

— Eu gostaria de ver todas elas.

Grace pegou seu celular e começou a folhear suas fotos. — Eu tirei


fotos durante a exposição em Nova York. Ela também tem algumas em seu
site.

Não precisei dar uma olhada nelas. Eu conhecia todas. Nunca me


esqueci de uma única foto que tirei. Todas as mulheres olharam para o celular

20
Washington, D.C., capital dos EUA.

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de Grace e minha atenção se desviou.

Meus olhos se ergueram para a televisão que exibia o noticiário e


eu me enrijeci. O caos no Afeganistão era exibido na tela. Vi um ou dois
rostos de amigos que eu havia feito. Levantei-me rapidamente e me vi em
frente à televisão.

— Pode aumentar o volume? — perguntei ao garçom.

Assim que ele o fez, meu telefone, ainda na mesa, começou a tocar.
Eu o ignorei. Ele tocou novamente. E mais uma vez.

Áine o trouxe para mim. — Pode ser importante.

— Obrigada. — Sorri com gratidão e atendi a ligação.

— Você está vendo? — Era Loren.

— Sim.

— Você quer ir?

— Sim.

— Se fizermos isso, estaremos por nossa conta, — resmungou


Loren. — O editor não quer aprovar.

Franzi a testa. Os gritos. Pessoas. Crianças. Chorando.

— Por que não?

— Veio de cima. — Balancei a cabeça. Alguém sempre tinha um


objetivo. Não podia ser apenas simples: fazer uma reportagem, tirar fotos e
fazer a diferença.

— Ok, me avise. — Encerrei a ligação, com os olhos grudados na

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televisão.

Droga, os humanos podiam ser tão cruéis. Não me importava a


etnia, o continente ou o idioma que falavam - eram sempre os inocentes que
pagavam o preço.

— Está tudo bem? — Alessio veio por trás de mim, envolvendo-


me com suas mãos.

— Sim, a equipe quer ir, — murmurei, mantendo meus olhos na


tela. — Mas eles não terão autorização para ir.

Pensei que ele tivesse soltado um suspiro de alívio, mas Nico


chamou minha atenção. — Provavelmente é melhor assim. A coisa vai ficar
feia por lá.

— Isso não significa que não deva ser relatado.

Nico inclinou o queixo para a tv. — Isso está sendo relatado.

Estreitei meus olhos para ele. — Não, não está. Dê uma olhada
nisso. — Minha mão se estendeu para a televisão. — Está informando apenas
a área ao redor do aeroporto. E quanto à porra do país inteiro? As pessoas
inocentes que serão deixadas à mercê dos ditadores. Os meninos que eles
colocarão para lutar.

— Essa é uma maneira de colocar as mãos em uma arma, —


comentou Sasha. Meus dedos se curvaram nas palmas das mãos e lutei contra
a vontade de lhe dar um tapa no rosto. Suas mãos se levantaram. — Estou
brincando.

— Está? — Eu disse. — Você sabe o que acontece com os meninos

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que colocam as mãos nessas armas? Eles geralmente morrem antes mesmo
de atingir a idade adulta.

— É melhor torcermos para que nenhuma de nossas armas chegue


a essa área geral, — Sasha resmungou. — A mulher de Alessio pode nos
matar.

— Suas armas? — sussurrei. — Você acha que controla para onde


vão suas armas ilegais?

— Nós sempre verificamos nossos compradores. — Vasili saiu em


defesa de seu irmão.

Eu zombei. — O quê? Você os fez assinar um NDA? 21 Um


contrato de revenda? — Dei um passo em direção a Vasili, meu dedo
apontando para seu peito. — Admita. Você não tem absolutamente nenhum
controle sobre o destino de suas armas. Elas vão para países desesperados
como aquele. Para quem der o maior lance. — Inclinei meu queixo em
direção à televisão. — Para as mãos de garotinhos. Ou para criminosos
adultos. Não sei o que é pior.

Minha raiva aumentava a cada segundo, com tantas palavras


borbulhando dentro de mim. — Da próxima vez que vender uma arma, Sr.
Nikolaev, imagine seu próprio filho segurando-a. — Vasili rosnou, sua
expressão escurecendo. — Sim, você não gosta disso, não é? Bem, nem os
pais desses meninos, — eu disse, apontando por cima do meu ombro, de
volta para a TV.

— Jesus, esta garota é pior do que os abraçadores de árvores, —

21
Acordo de Não Divulgação.

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murmurou Sasha. — Ela vai salvar o mundo.

— Sasha... — Vasili e Alessio falaram ao mesmo tempo, mas eu


já estava tão longe que não consegui segurar minha língua.

Dei um passo ameaçador em direção ao assustador homem tatuado


que me observava como se eu fosse uma mosca irritante na parede.

— Um dia, Sasha Nikolaev, — empurrei minha mão contra o peito


dele, mas o cara era como uma pilha de pedras grandes, — ...alguém vai
apunhalar este seu coração negro, — eu disse a ele, controlando minha raiva.
— E eu vou ter um lugar na primeira fila para assistir a isso. E a porra da
pipoca.

Eu quase deixei escapar que Branka gravaria as iniciais dela no


coração dele. E que se dane, com certeza eu a ajudarei. Duas cabeças eram
melhores do que uma.

— Ainda estamos falando de distribuição de armas ou de outra


coisa? — Luciano resmungou. — Sinto que algo mais está sendo preparado.

— Bem, sabemos que Isabella não está cozinhando, — disse


Sasha, mandando um beijo para a cunhada, que acabou de lhe dar uma
bronca. Então, seus olhos se voltaram para mim, aqueles azuis pálidos me
fazendo querer me contorcer.

— Eu realmente gosto da garota, Alessio, — disse Alexei, e eu


acenei com as mãos, exasperada.

— Obrigada, — sorri docemente. Pobre Alessio, provavelmente


eu o despistei. Voltei minha atenção para o encrenqueiro. — Sasha, peça

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ajuda a seu irmão. Porque você é um grande idiota, — resmunguei, vendo
que não adiantava discutir. Além disso, eu não queria que ninguém ficasse
especulando.

— Onde está seu reforço, Autumn? — Sasha falou


preguiçosamente. — Ela deixou você, a garota que quer salvar o mundo,
sozinha para os lobos comerem?

De fato. Um. Pau. No. Cu.

Não consegui pensar em outro nome adequado para ele. Mas então
eu vi. A inquietação por trás daquele olhar pálido. A maneira constante com
que seus olhos se voltavam para a entrada. Olhei ao meu redor, mas os
homens estavam discutindo a distribuição de suas armas, a mão de Alessio
ainda na parte inferior das minhas costas, e as mulheres estavam
murmurando algo entre si.

Voltando minha atenção para Sasha, meus lábios se curvaram em


um sorriso presunçoso. Não tão rápido, Sasha-garoto. Ok, talvez não seja um
garoto. Sasha-homem? Sasha idiota? Sim, tanto faz.

Dei um pequeno passo à frente e baixei o tom de voz.

— Na verdade, Branka e seu namorado estão passando um tempo


sozinhos. — A expressão assassina que apareceu no rosto de Sasha me faria
cagar nas calças se a mão de Alessio não estivesse me protegendo.
Felizmente, ela estava. — Eles estão se conhecendo, — acrescentei com
doçura.

Eu não disse que ela planejava se juntar a nós em breve. Mas isso
fez com que Sasha saísse correndo de lá.

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— O que aconteceu? — perguntou Vasili, olhando para mim com
desconfiança.

Pisquei os olhos inocentemente, mantendo minha expressão vazia.


— Não faço ideia. Eu disse que iria arrancar seu coração e ele ficou chateado.

Os risos percorreram o restaurante.

Mas não enganei os irmãos Nikolaev. Ambos ficaram de olho em


mim pelo resto da noite.

É uma pena que eles tenham entendido tudo errado.

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CAPÍTULO 36

AUTUMN

O jantar foi realmente muito divertido quando Branka chegou.

Finalmente conheci Killian Brennan, e ele era um cara muito


gostoso. Com G maiúsculo. Oh, meu Deus, aqueles olhos. Aquele cabelo.
Aquele bronzeado. Se eu não estivesse tão apaixonada por Alessio, teria
babado.

Então, Branka falou sobre nossas fotos de viagem. E vídeos.

Aquele em que dançamos em Paris, inclusive minha mãe, ao som


da música de Katy Perry sobre beijar uma garota.

A mesa inteira riu. — Ah, isso não é nada, — Branka sorriu, pronta
para revelar mais sujeira. Eu sabia exatamente o que estava por vir.

— Não faça isso, — eu a adverti.

— Ah, agora eu quero fazer isso ainda mais, — ela sorriu.

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— Queremos vê-lo, — anunciou Áine. — Vocês duas seriam um
problema se se juntassem à minha prima, Margaret.

Balancei a cabeça. — Não sei se isso é bom. Digamos que Paris


não vai nos receber novamente. — A mesa riu, até mesmo os dois homens
Nikolaev. — Onde sua prima mora? Por favor, não diga Paris.

Ela riu. — Ela está atualmente na Irlanda.

Branka e eu trocamos um olhar. — Ainda não fizemos nada


embaraçoso lá.

Ela jogou a cabeça para trás e riu. — Mamãe ameaçou que não vai
mais viajar conosco.

Dei de ombros, com um sorriso malicioso no rosto. — Bem, não


vamos lhe contar nossos planos. Dançar no meio de Dublin parece
encantador.

— Podemos fazer com que as pessoas joguem algum dinheiro em


um chapéu para nós. Seremos como ciganas viajantes.

Alessio resmungou. — Nada de ciganas viajantes nesta família, —


advertiu ele.

— Tarde demais, — dissemos as duas ao mesmo tempo e


começamos a rir.

— Ok, aqui está a música favorita de Maman, — anunciou Branka,


conectando seu telefone à televisão que projetava seu videoclipe.

O final da música de Katy Perry mostrou Maman, Branka e eu


dançando. Kol ainda era um bebê, em meus braços.

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— Olhe para Kol, — pensou Branka. — Aquele olhar ali. Ele
ainda o tem. Aquele olhar de 'oh, merda, onde diabos eu fui parar.' O pobre
garoto percebeu cedo que acabou com mulheres loucas em sua família.

Os olhos de Kol estavam arregalados observando a dança de


Maman, que continuava tentando arrastar o pai para a roda de dança. Ele
estava gravando então a câmera sacudia todas as vezes.

— Sua mãe parece gostar de Paris, — comentou Aurora.

Meus olhos estavam grudados na tela. De vez em quando, eu via


o papai de relance. Estávamos todos felizes. Sim, meu coração estava
partido. E sim, parece que talvez o de Branka também estivesse. Mas nos
tínhamos uns aos outros.

— Sim, ela disse que Paris sempre terá um lugar especial em seu
coração, — respondi, com os olhos ainda grudados na tela. Meu Deus, aquele
amor no rosto da minha mãe. O mesmo que eu via no rosto de meu pai
quando a câmera acidentalmente passava para ele. Ele se dizia um
cinegrafista experiente. — Ela convenceu papai de que o seguiria aonde quer
que ele fosse.

A música mudou para 'Die For Me,' e no exato momento em que


começou a tocar, Branka e eu trocamos um olhar.

— Eu conheço esse olhar, — observou Alessio. — Problemas.

— Nós? Nunca! — Branka e eu respondemos.

O olhar confuso de Maman na tela era inconfundível. Seus lábios


se mexiam, mas não era possível ouvir sua voz porque Branka aumentou a

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música ao máximo. Então, nós duas gritamos as palavras enquanto Maman
nos perseguia.

— Não diga palavrões, — ela advertiu. Ok, ela gritou enquanto


olhava ao redor freneticamente. — Os franceses já não gostam de
americanos.

Branka e eu cantamos com todo o nosso coração naquele dia.


Agora eu me perguntava se ela estava cantando para Sasha. Ou será que foi
só recentemente que ela percebeu que ele estava mentindo para ela.

— Não somos americanas. — Nós duas fizemos um rap com nosso


comentário como se fosse parte da música.

— Mon Dieu! — exclamou Maman, jogando as mãos para o alto


junto com alguns xingamentos em francês. — Tapem os ouvidos de Kol para
que ele não ouça os palavrões. Vocês duas são piores exemplos agora do que
quando eram adolescentes.

Meu pai percebeu nossas expressões fingidas de abatimento. Mas


Branka e eu não conseguimos manter a expressão por muito tempo.
Começamos a rir, depois puxamos Maman para o nosso círculo e dançamos.

— Autumn Michelle Corbin! — exclamou ela. — O mesmo vale


para você, Branka.

As gotas de chuva começaram a cair. Eu ainda podia sentir o cheiro


do ar da primavera em Paris. Era como o ar fresco do outono com uma
fragrância floral. É claro que Maman disse que eu havia entendido tudo
errado.

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Rimos muito. Até mesmo Kol, quando cobri sua cabeça com o
capuz, enquanto ele tentava colocar a língua para fora e pegar as gotas da
chuva. Todos quatro inclinamos o rosto para a chuva e colocamos a língua
para fora para pegar a chuva.

A mamãe tinha essa foto pendurada na sala de estar.

— Foi um bom dia. — A mão de Branka me envolveu. Assenti


com a cabeça, observando meus pais na tela. Em algum momento, Branka
ou eu assumimos o controle da câmera. Mamãe e papai dançavam juntos. E
aquele amor, aquela maldita devoção, estava em seus rostos. Como se eles
fossem destruir o mundo inteiro um pelo outro.

E eu sabia que eles fariam isso. Meu pai já havia feito isso uma
vez. Ele o faria novamente em um piscar de olhos.

— É assim que uma vida normal se parece? — Aurora murmurou.

— Provavelmente, — Byron resmungou. — Não que nós


saibamos.

Meu olhar curioso percorreu a mesa. — Acho que o mais próximo


de uma infância normal foi vivido por Bianca, — comentou Grace.

Meus olhos se voltaram para a esposa de Nico.

— Se você contar que não ter uma mãe por perto porque ela estava
ocupada pagando uma dívida, — observou Bianca suavemente. — Mas sim,
tive sorte de ter minha avó e meu pai.

Foi então que pude ver isso em cada um dos rostos daquela mesa.
Todos os homens e mulheres carregavam um pouco de tragédia e de

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sofrimento em seus olhos. Muito parecidos com os de Alessio.

— Você é uma garota de sorte, — comentou Vasili.

— Sim, — concordou sua esposa. — Eu tinha minha mãe, mas até


ela tinha seus problemas.

— Sinto muito que você não tenha tido isso, — eu disse. Eu


também estava falando sério. Talvez tivéssemos um mundo melhor se
começássemos com nossos filhos. Eu sabia que meus pais lutaram para me
criar longe de toda a crueldade que viram em suas vidas. — Todo mundo
merece uma infância feliz e segura.

E enquanto eu dizia essas palavras, a mão de Alessio apertou a


minha embaixo da mesa. Não precisávamos de palavras, porque eu sabia
exatamente no que ele estava pensando. Passei meu polegar sobre o polegar
dele, esperando que ele entendesse o quanto eu o amava.

— É isso que eu quero, — disse Branka, interrompendo o


momento. Todos nós olhamos na direção do dedo dela, apontando para a tela
que estava congelada nos rostos dos meus pais. — Do jeito que ele a está
olhando, é como se tivessem acabado de se conhecer. Como se ela fosse o
sol dele. Mesmo que a comida dela não preste e ela o tenha levado ao hospital
algumas vezes.

Meus lábios se curvaram. Risos encheram o restaurante. Mas meus


olhos estavam fixos na tela.

Meus pais, felizes para sempre, olhavam para nós.

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Estávamos voltando para casa. Para casa.

Estranhamente, a cobertura era casa. Alessio era casa. Foi quando


vi a felicidade de meus pais olhando para mim do clipe de Branka que
percebi que ele era o meu 'felizes para sempre.' Todos os seus pedaços
quebrados, sua escuridão. Tudo isso.

Eu só queria ele.

— É melhor que não esteja fantasiando com o maldito Killian


Brennan, — grunhiu Alessio.

Killian Brennan era de dar água na boca, isso era certo. Mas ele
não fazia o tempo parar, nem o mundo desvanecia quando eu olhava para
ele. Ele não me deixava sem fôlego.

Isso era tudo culpa de Alessio.

Meus lábios se curvaram. — Alessandro Russo, você está com


ciúmes?

— Não. — Afiado. Cortado.

Coloquei minha mão em sua coxa. — Ninguém se compara a você,


— disse-lhe com seriedade. — Não para mim.

A luz da lua realçava seus traços marcantes. Ao contrário dos


Nikolaev ou até mesmo dos irmãos King, Alessio era mais elegante. Mais ou
menos como Nico Morrelli. E Byron Ashford. Embora eu soubesse que todos
eles eram igualmente cruéis.

Alessio era mais o meu tipo. Eu gostava de sua aparência limpa,

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mas também da crueldade de bad boy por trás de tudo. Não havia uma única
parte dele que eu não amasse.

— Eu amo você, — murmurei baixinho.

Tomei apenas uma taça de vinho quando Branka chegou, mas


achei que isso me relaxou. Em apenas uma semana, eu havia me acostumado
a viver em sua cobertura. Mas, mais do que isso, eu me acostumei à nossa
rotina. Eu adorava acordar em seus braços. Adorava vê-lo com Kol. Depois,
o beijo quando ele nos deixava na casa dos meus pais. E, acima de tudo, eu
adorava nossos jantares e o que acontecia depois que colocávamos Kol para
dormir.

Seus olhos ficaram escuros, então estendeu a mão e pegou a


minha. — Eu amo você ainda mais.

Meu coração vibrou. Ele me ama. Alessandro Russo me ama.

— Mesmo que os homens Nikolaev estejam irritados comigo? —


Eu brinquei com ele.

Seus olhos se voltaram para mim e depois para a estrada. — Não


estão, mas acham que você está escondendo alguma coisa, — disse ele. —
Com Sasha. — Eu zombei, mas não respondi. — Seja o que for, vai se
revelar.

— E quando isso acontecer? — perguntei com curiosidade. Eu


nunca denunciaria Branka, mas concordava com Alessio. As coisas
acabariam sendo reveladas. Seria difícil esconder que Branka estava
esculpindo o coração de Sasha Nikolaev.

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Eu ainda a assistiria, pensei comigo mesma, divertida.

Ele apenas deu de ombros. — Acho que veremos. Mas você é


minha mulher e sempre estará em primeiro lugar. Você e Kol.

Meu peito se aqueceu. — Você sempre estará em primeiro lugar


também, — sussurrei. — Você e Kol. — Um momento de silêncio passou
entre nós.

— Alessio? — A hesitação me invadiu.

— Hmmm.

— Espero que seus amigos não tenham se ofendido, — murmurei.


— Quando eu perdi a cabeça com o contrabando de armas e tudo mais.

Ele deu de ombros. — Tenho certeza de que eles já ouviram isso


antes.

— E você? — questionei. — Eu sei que você distribui coisas. —


Eu não conseguia nem dizer a palavra. Armas e drogas. — O fato de eu
discordar disso o irrita?

— Não, eu adoro sua moral e a esperança de um mundo melhor,


— respondeu ele com um toque de diversão seca. — Sempre gostei deles.
Sua vontade de ver o melhor que este mundo tem a oferecer. Para salvá-lo.

— Você também quer salvá-lo, — sussurrei. — Se não quisesse,


você não teria acabado com o tráfico de pessoas. Não teria salvado suas
irmãs.

Seus olhos se voltaram para mim com um lampejo de humor seco.


— Talvez você me dê crédito demais? Você perceberá quem eu realmente

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sou e se arrependerá de nós.

Balancei a cabeça. — Não faça isso, Alessio, — disse a ele com


uma voz suave. — Eu vou ficar. Todo o resto vai se resolver sozinho. Sim,
temos discordâncias, mas todo mundo tem.

— Sobre a distribuição de armas ilegais? — ele respondeu


secamente. — Ou minha necessidade de matar qualquer um que toque em
você? Caçar qualquer homem que tenha tocado no que era meu nos últimos
quatro anos?

Engoli.

— Não deixarei ninguém me tocar, — prometi. — E talvez você


também não se sinta bem com seus negócios paralelos. Você foi forçado a
isso. Primeiro por seu pai, depois como uma forma de sobrevivência para se
tornar mais forte do que ele. Mas não importa o que aconteça, eu vou ficar
com você.

Deixei que as palavras preenchessem o silêncio.

— Eu deveria puni-la por ser tão boa, — disse ele, por fim,
secamente. — E por me corromper.

Dei uma risadinha. — Eu aceito o castigo.

— Boa menina. — Minhas coxas se apertaram com seu elogio.


Não importava o que Alessio dissesse ou fizesse, meu corpo apenas
respondia. — Quando chegarmos em casa...

Ele deixou o significado perdurar e o calor floresceu entre minhas


coxas, pulsando e latejando. Meus dedos desejavam tocar sua barba rala e

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começar a beijá-lo agora. Meus mamilos se contraíram dolorosamente e o
olhar de Alessio baixou para eles como se pudesse ler meu corpo.

Olhei para o painel, observando a hora. — Devemos pegar Kol


amanhã? — Suspirei. — Não quero acordá-lo. — E eu queria Alessio dentro
de mim no momento em que chegássemos em casa.

Sua mão direita se esticou, enquanto a esquerda permaneceu no


volante.

— Seus pais não se importarão com isso?

Eu dei uma risadinha. — Está brincando comigo? Eles ficariam


com ele dia e noite e me dariam direito de visita se pudessem.

Peguei meu celular e digitei uma mensagem rápida para meus pais.
Tínhamos um bate-papo em grupo há anos. Como eu suspeitava, a resposta
foi instantânea.

— Eles ficarão com ele e estão indo para a cama neste momento,
— eu disse a ele. Meu celular apitou novamente e apareceu a foto de um Kol
dormindo.

Eu a mostrei a Alessio. Suas feições se suavizaram quando ele a


observou por um momento. — Você é uma boa mãe. — Eu o olhei. — Não
se surpreenda, você sabe que é.

— Obrigada, — murmurei. — Meus pais e Branka ajudaram


muito. Não sei o que eu teria feito sem eles.

Ele assentiu com a cabeça e não pude deixar de sentir que ele
estava esperando por algo. Eu só não sabia o quê. Seu polegar roçou meu

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lábio inferior e meus lábios se separaram.

— Você namorou muitos homens nos últimos anos? — A pergunta


dele foi casual, o tom foi suave, mas minha espinha enrijeceu. Não houve
ninguém para mim. Depois que Kol nasceu, tudo girava em torno dele e da
minha carreira. Havia pouco tempo para qualquer outra coisa.

— Não. — Eu queria lhe fazer a mesma pergunta, mas temia que


descobrir a resposta me deixasse arrasada. Encontros para jantar aqui e ali
não contavam em meu livro.

— Quais são seus nomes?

Suspirei.

— Alessio, acho que não devemos falar sobre isso, — disse-lhe


calmamente. Seus ombros ficaram visivelmente tensos e eu odiei isso. Essa
nuvem negra cheia de fantasmas que nos espreitava. — Estou aqui. Com
você. Quero ficar com você.

Sua mão deslizou pela minha garganta, apertando-a com força,


quase dolorosamente. Ele nem percebeu que estava fazendo isso. Eu não
choraminguei. Não fiquei com medo. Depois de nossa última semana juntos,
eu confiava nele. Ele compartilhou grandes partes de si mesmo e eu queria
que fôssemos assim pelo resto de nossas vidas.

Eu não queria me preocupar com os quatro anos que passamos


separados. Não queria sentir ciúmes.

— Você já marcou a data? — ele exigiu saber.

Eu já era dele. Sempre fui dele. Dizer 'sim' não iria mudar isso.

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— Não quero apressar as coisas, — murmurei. Sua mandíbula se
contraiu e a preocupação invadiu minha mente. — Você ainda quer se casar
comigo? — Perguntei.

A surpresa transpareceu em seus olhos. Eu não tinha percebido que


estávamos em casa até que ele entrou na garagem subterrânea. Ele estacionou
o carro e se virou para me encarar. Sua palma ainda segurava meu rosto.
Passou o polegar sobre meu lábio inferior novamente.

Minha língua se lançou para lamber a almofada de seu polegar e


ele gemeu de aprovação.

— Você é a única mulher com quem quero me casar, Autumn.

Um leve sorriso surgiu em meu rosto. — Idem.

— Você poderia ter conseguido melhor, — ele disse tão


lentamente, como se lhe doesse até mesmo pronunciar aquelas palavras. —
Você quer salvar o mundo. Eu o estou destruindo há anos. — Sua voz era de
cascalho e a vulnerabilidade em seus olhos poderia me destruir.

— Você é a única pessoa que eu quero, — eu disse suavemente,


mordiscando seu polegar. — A única que eu sempre vou querer.

Ele pegou minha mandíbula entre os dedos, quase engolindo-a


com o tamanho de sua palma.

— Não gosto quando você fica olhando para outros homens, —


resmungou ele. — Me dá vontade de bater em você. — Um suspiro suave
preencheu o espaço de seu carro. Meu coração martelou com a nota sombria
em sua voz e minhas coxas latejaram.

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Apertei-as, na esperança de aliviar a pulsação, e os olhos de
Alessio se voltaram para baixo.

— Foda-se. — Uma palavra. — Você gosta do som da palavra


surra?

Minha temperatura corporal subiu cerca de vinte graus. — Eu... —


Eu poderia mentir, mas o fato é que eu queria experimentar. Com ele. —
Sim, — inspirei.

Ele saiu do carro, deu a volta para abrir a porta para mim e
corremos para a cobertura. A distância parecia muito longa. Nós dois
estávamos de mãos dadas, com o coração disparado.

Se alguém me perguntasse como chegamos ao nosso quarto ou


como nos despimos, eu não saberia responder. Meu corpo e minha mente
estavam concentrados nele e somente nele.

— Dobre-se sobre a cama, com as palmas das mãos abertas sobre


o colchão, — ordenou Alessio em uma voz rouca. — Abra bem as pernas.

Obedeci sem pensar duas vezes, ansiosa pelo prazer que seus olhos
prometiam. Seu peito nu cobriu minhas costas. Suas mãos chegaram aos
meus ombros e depois desceram pelos meus braços. Arrepios se seguiram e
calafrios percorreram minha espinha.

— Se você quiser que eu pare, — ele sussurrou, com a voz cheia


de promessas sombrias, — basta dizer Kyoto.

— O quê? — gaguejei.

— Kyoto, — ele grunhiu. Lancei-lhe um olhar por cima do ombro.

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— Eu já estava apaixonado por você quando estávamos lá.

Deus, era possível sentir tanta felicidade? A intensidade em seus


olhos deixou minhas emoções em alerta máximo.

Lentamente, suas mãos percorreram meus seios, seus dedos


passando sobre meus mamilos. Sua outra mão continuou o caminho cada vez
mais baixo, até chegar às minhas dobras molhadas. Minha pele formigava,
zumbindo de expectativa.

— Vou brincar com você. — Sua voz era rouca, cheia de luxúria.
Ele enfiou dois dedos dentro de mim ao mesmo tempo em que puxava meus
mamilos. — Vou fazer você implorar. Gritar. Desmoronar para mim. —
Arqueei as costas, esfregando-me contra ele enquanto meu gemido ecoava
pelo ar. — Você será meu brinquedinho.

— S-sim...

Cada grama de mim ganhou vida sob seu toque. Seus dedos se
enroscaram dentro de mim, fazendo com que meus dedos do pé se curvassem
com a sensação de vibração no fundo do meu estômago.

Sua boca se agarrou à minha garganta por trás, sugando a pele


sensível. Beliscando e marcando minha pele. A fricção entre nossos corpos
era suficiente para incendiar toda a maldita cobertura.

Ele mordeu a pele de minha garganta e uma onda de prazer


percorreu cada célula de mim. Ele retirou os dedos e minhas paredes se
apertaram, ansiosas por mais. Antes que um protesto pudesse sair de minha
boca, ele os enfiou novamente.

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— Você é minha. — Seu sussurro rouco estava quente contra a
concha de minha orelha. Inclinei minha cabeça para trás e Alessio capturou
meus lábios com brutalidade possessiva. Sua língua dominou cada
centímetro de minha boca.

Ele enfiava e tirava os dedos, com o polegar acariciando meu


clitóris.

Tapa.

Meu coração disparou para a frente, assim como meu corpo.


Minha boceta se apertou.

Tapa.

O som reverberou pelo ar enquanto minha bunda queimava.


Parecia que o fogo lambia as bochechas da minha bunda. Caramba, todo o
meu corpo estava em chamas.

— A-Alessio... — Minha voz era rouca. Minhas pernas tremeram.

Sua palma desceu até minha bunda e ele aliviou a picada,


esfregando minha pele em movimentos circulares. Meus olhos se fecharam
e minha bunda aquecida se empurrou avidamente contra seu toque.

— Você gosta disso? — Ele deu outro tapa em minha pele


aquecida e meu gemido ofegante foi sua resposta. — Minha mulher gosta
disso, — ele ronronou, deslizando o dedo pelas minhas dobras escorregadias.

— S-Sim, — eu gemi. Ele voltou a enfiar dois dedos dentro de


mim e deu um tapa na minha bunda ao mesmo tempo. Uma vez. Duas vezes.

O orgasmo me atingiu em cheio. Parecia que havia eletricidade em

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minhas veias, chocando todas as células do meu corpo. Gritei o nome dele.
Meus olhos se reviraram e as estrelas se espalharam por trás de minhas
pálpebras.

Minha respiração entrava e saía pesadamente, como se eu tivesse


acabado de correr uma maratona.

Ele encostou seu peito em minhas costas, sua boca em minha


orelha. — Lembre-se disso, amor. — Minha boceta latejava, seus dedos
ainda enterrados profundamente em meu núcleo encharcado. — Nenhum
outro homem pode fazer isso. Nenhum outro homem poderia fazer você
gozar assim. — Sua voz estava cheia de possessividade. — Se eu pegar
qualquer um desses homens, vou cortar seus paus. Vou fazê-los desaparecer.
Você é minha. Você sempre foi minha.

Virei a cabeça para vê-lo. Aqueles lindos olhos prateados faziam


meu coração bater cada vez mais rápido. Por mim.

— Não houve ninguém. — A confissão foi fácil. Sua respiração se


acalmou. Coloquei meus lábios nos dele e murmurei: — Não tem havido
mais ninguém para mim. Você foi o meu primeiro e último. Meu único.

A crueza dessas emoções parecia uma lixa em minha pele. Isso me


deixou exposta, mas eu confiava que ele não me deixaria cair. Não dessa vez.
Não depois de tudo.

— Não toco em outra mulher desde você. — Por um momento,


talvez mais, ficamos olhando um para o outro. Nossas vulnerabilidades, dor
e passado dançavam no ar. — Sempre foi você, Autumn.

Lágrimas brotaram em meus olhos. Das emoções. Do orgasmo.

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Ele era parte de mim, uma peça-chave que meu coração precisava para se
sentir completo.

— Sempre você, — eu disse, repetindo suas palavras.

Colocando a mão na parte inferior da minha barriga, ele ajustou


minha posição e minha bunda se projetou mais alto no ar.

— Eu vou transar com você. Com força e rápido. Do jeito que você
gosta.

O tom de sua voz fez com que um arrepio percorresse minha


espinha. Então, a cabeça de seu pau estava na minha entrada escorregadia e
ele me penetrou com um impulso rápido. Eu gemi. Ele grunhiu. E então sua
mão agarrou meu quadril enquanto a outra apertava meu cabelo.

Ele me dominou, empurrando-me com força e rápido. Exatamente


como havia prometido. O prazer enrolado estava cada vez mais quente. Seu
aperto em meus cabelos ficou mais forte. Ele inclinou minha cabeça para trás
e sua boca se chocou contra a minha.

Sua língua invadiu minha boca com a mesma intensidade com que
seu pau atacava minha boceta. O ritmo de nosso beijo aumentou, assim como
suas investidas. Seu beijo dominou minha boca. Suas investidas dominaram
minha boceta. Alessio dominou meu corpo.

Sua mão passou pela minha frente e segurou minha boceta. — Isso
é meu, — ele grunhiu com a respiração difícil. — Tudo isso é meu.

Ele bateu fundo dentro de mim, enchendo-me até ao fim. Seu ritmo
era tão implacável que fez meu corpo deslizar sobre o colchão. Eu o sentia

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em toda parte, ávida por cada investida forte e cada movimento de seus
quadris.

— Eu sou seu dono, — ele gemeu em meu ouvido. — E você é


minha dona.

Eu estava delirando enquanto o prazer aumentava cada vez mais.


Suas estocadas se tornaram mais fortes e duras. Seu pau batia em mim e o
prazer me atingia. O orgasmo foi imediato e tão violento que fez meus dentes
baterem. As chamas pulsavam na parte inferior do meu estômago e se
espalharam para fora.

Os grunhidos de Alessio vibraram no ar com o último impulso e


seu esperma quente jorrou dentro de mim, enchendo-me até escorrer pela
parte interna de minhas coxas.

Nós dois estávamos ofegantes, com os corpos suados unidos e


pulsando com a sensação mais estimulante.

Quando eu estava prestes a mudar de posição, ele me puxou pelos


cabelos e sua voz, escura como o pecado, sussurrou em meu ouvido: —
Estamos apenas começando.

E minhas paredes internas se fecharam de ansiedade.

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CAPÍTULO 37

ALESSIO

Ela me surpreendeu.

Ela se desfez ao meu redor, sempre atendendo às minhas


necessidades de frente. Sempre me dando tudo.

Ela sempre esteve destinada a ser minha. Kol, ela e eu. Com sorte,
mais filhos. Muitas meninas que se pareçam com ela. Kol será um irmão
mais velho protetor.

No entanto, o medo de que minha infância problemática afetasse


minhas habilidades como pai me atormentava. Que eu não fosse digno de ser
pai. Que eu arruinaria nosso filho. Que eu transferisse meu pesadelo para
meu filho.

Uma mistura de fúria, arrependimento e animosidade ardia em


meu peito.

Não contra ela. Nunca contra ela.

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Era contra essa coisa de merda chamada destino que me
prejudicou. Eu falei sério quando disse que ela merecia algo melhor. Ela
poderia ter tido algo melhor. Em vez disso, ela me teve. Mas, que Deus me
ajude, não havia como desistir dela. Eu odiava sentir uma pontada de
arrependimento por tentar ser decente.

Eu não era. A decência foi arrancada de mim.

Afastei uma mecha de cabelo de seu rosto suado. Ela estava


dormindo profundamente, nua em nossa cama. Suas curvas suaves tinham as
marcas das minhas mãos, onde eu agarrava seus quadris e a fodia com força.
Sua bunda também estava marcada por mim. E ainda assim ela parecia
inocente, esparramada como a escória imunda que eu era.

Puxando um lençol sobre seu corpo nu, um gemido suave saiu de


seus lábios entreabertos e meu pau endureceu instantaneamente.

Eu me endireitei e ajustei minhas abotoaduras, em vez de tocá-la


novamente. Se eu a tocasse de novo, eu a acordaria e a pegaria de novo. Se
eu tirasse a roupa e transasse com ela, chegaria atrasado.

E eu tinha um maldito DiLustro para conhecer.

Dante DiLustro.

É claro que o Lago Ontário em novembro não foi a melhor ideia.


Encontrar um maldito chefão de Chicago no meio do lago, menos ainda.

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Mas eu queria me livrar da última remessa de armas e então estava
fora.

Por Autumn. Por nosso filho. Por nossa família.

Nosso futuro. Eu me casaria com minha mulher, a engravidaria e


teríamos uma grande família. Veríamos o mundo juntos. Porra, eu até
cantaria e dançaria na chuva ao som de uma música detestável, desde que ela
sorrisse feliz como naquele vídeo.

Houve algum outro homem que colocou aquele sorriso em seu


rosto naquela época?

Ela brilhava naquele vídeo. E quando seus olhos se voltaram para


o nosso pequeno Kol, havia muito amor em seu rosto. O tipo incondicional
que dizia que ela queimaria o mundo por ele.

E eu incendiaria o mundo por eles.

As temperaturas despencaram durante a noite e eu jurei que


minhas bolas congelaram no momento em que saí da cabine do meu iate.
Teria sido muito melhor ficar na cama e acordar com sexo matinal, depois
preparar o café da manhã de Autumn e Kol.

Talvez eu até me torne um pai que fica em casa, rio internamente.


Hmm. Não é uma ideia tão ruim.

Observei os raios de sol se espalharem pela superfície do lago e


uma calma tomou conta de mim. Tornar-me totalmente legal foi a decisão
certa, sentia isso profundamente em meus ossos. Eu ainda nos manteria
seguros. Ainda teria homens vigiando minha família. Construí negócios

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suficientes ao longo dos anos para nos sustentar por muitas vidas.

Ontem à noite, avisei meus amigos. Eles não ficaram surpresos.


Isso não mudaria nossa amizade e eu ainda planejava manter afastado o
tráfico de pessoas nos territórios.

— Russo.

Dante desceu de seu iate para o meu. — DiLustro.

Assim como seu primo, que causou estragos na cidade de Nova


York, Dante criou o caos em Chicago, enquanto seu irmão, Priest, fez o
mesmo em Filadélfia. Era realmente cômico, porque Dante e Basilio
pareciam mais irmãos e Priest deveria ser o primo.

O primo russo, eu zombei.

Que. Porra. É. Essa.

A bagunça familiar deles não era problema meu.

Cruzei os braços sobre o peito e o observei. O jovem idiota era


bom, mas qualquer coisa que remotamente tocasse a conexão com Ashford
sempre me irritou.

Não que os DiLustros e eu estivéssemos ligados. A ligação deles


vinha do lado da mãe de Byron.

Ele me entregou uma mala grande que passei para Ricardo.

— Da próxima vez, eu preferiria fazer uma transferência


eletrônica, — respondeu Dante secamente.

Ignorando seu comentário, inclinei meu queixo em direção aos

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degraus que levavam ao convés. — Não haverá uma próxima vez, — eu disse
friamente. — Mande seus homens tirarem as armas do meu navio.

Ele deu uma ordem sem palavras aos seus homens, que
começaram a se mover. Meus homens estavam espalhados por todo o iate,
então não havia chance de se perderem.

— Como assim, não haverá uma próxima vez? — Dante


questionou, enquanto eu compartilhava um olhar com Ricardo. Eu disse a
ele no caminho para cá que estava saindo. Isso já estava em minha mente há
algum tempo, mas Autumn estava certa. Enquanto meu pai estava vivo, o
que importava era a sobrevivência e o poder. E a única maneira de conseguir
isso era superando-o.

O desgraçado estava morto. Eu trabalharia com Ricardo e, aos


poucos, transferiria o lado ilegal do negócio para ele. Ele havia sido leal e
me apoiado durante todos esses anos.

— Significa que estou saindo, — eu disse secamente. — Ou você


precisa de mais esclarecimentos?

— Puta que pariu, — cuspiu Dante. — Acabei de comprar


suprimentos para um ano inteiro e você está me abandonando.

— Não sabia. — Também não me importava.

No momento em que as armas foram retiradas do meu iate, o


mesmo aconteceu com Dante.

Ele me deu uma bronca enquanto estava no convés de seu iate.

Eu ri, mais leve do que me sentia há muito tempo.

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Se ao menos eu soubesse que não seria o último a rir.

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CAPÍTULO 38

AUTUMN

Acordei com um zumbido incessante.

No momento em que me movi, a dor aguda explodiu em todo o


meu corpo. Uma dor surda pulsava entre minhas coxas e minha bunda doía.

Buzz. Buzz.

— Alessio, pegue isso, — murmurei sonolenta enquanto rolava


para o lado, apenas para estremecer. Meu corpo inteiro estava dolorido.

Então, as lembranças da noite passada vieram à tona e minha


boceta latejou como se estivesse pronta para outra rodada. Puta merda.

Eu precisava de alguns dias para me recuperar disso.

Buzz. Buzz.

Mal consegui abrir as pálpebras.

— Vazio, — eu disse. Isso foi estranho. Alessio geralmente me

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acordava antes de sair para o trabalho.

Buzz. Buzz.

Finalmente reconheci a vibração. Era o meu celular. Pegando-o na


mesinha de cabeceira, atendi sem olhar o identificador de chamadas.

— Alô?

Oh, Deus, também doía mexer minha boca. Talvez as atividades


da noite passada tenham exigido muita prática para aumentar a força.

Uma bufada suave escapou de mim.

— Autumn?

— Sim? — Meu cérebro estava cansado demais para distinguir a


voz.

— Por que você está bufando? — Loren! Era a ele que a voz
pertencia.

— Por que está ligando tão cedo? — Em vez disso, perguntei.

— Você não costuma acordar cedo? — ele respondeu secamente.

— Tive uma noite longa. Por que está ligando?

— Consegui um voo para nós, — respondeu ele, e eu me levantei


e me sentei, com o lençol escorregando do meu corpo. Uma lembrança,
talvez um sonho, cintilou. Alessio me cobrindo.

— Quando?

— Saindo de LaGuardia hoje à noite.

— Merda, — murmurei. — Isso significa que eu teria de ir embora

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agora. Tenho que verificar os voos para Nova York saindo de Montreal.

Loren deu uma risadinha. — Eu já fiz isso e consegui uma


passagem para você. Você tem que estar no aeroporto em duas horas. Eu sei,
você me ama.

— Duas horas! — exclamei e pulei da cama. Eu estava com a


bunda nua e ele esperava que eu estivesse no aeroporto em duas horas?

Senti arrepios na pele. Brrr.

— Vá até ao balcão da Air Canada. Eles terão seu cartão de


embarque.

Liguei para meus pais. Kol estava pronto. Não que eu tenha lhes
contado todos os detalhes. Fui chamada para um trabalho e tinha que voar
imediatamente. Alessio estava fora, mas viria buscar Kol.

Em seguida, liguei para Branka. Essa conversa não foi muito boa.

— Tenho que ir para o aeroporto. — Fui direto ao assunto. — Você


pode me levar, por favor?

Eu a ouvi bocejar. — Com certeza. Quando?

— Agora.

— Jesus, isso é que é aviso. Para onde este trabalho a está levando?

— Afeganistão.

— Você está louca? — gritou ela. — E Alessio não se importa


com isso?

Passei a mão no cabelo. Eu ainda estava nua, correndo em busca

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de roupas. Não trouxe muita coisa para cá.

— Você pode vir me buscar? — Eu implorei. — Todas as minhas


coisas estão com meus pais. Não posso empacotar as coisas que Alessio me
comprou.

— Então ele não está deixando você ir?

— Branka! — Eu exclamei. — Ele não está aqui. Não sei onde ele
está. Tenho que estar no aeroporto em menos de duas horas.

— Jesus, Autumn, você vai me colocar na lista de merdas do meu


irmão. — Sua voz soou um pouco chorosa. A falta de sono sempre a deixava
irritada. Super irritadiça.

— Por favor, Branka. Isso é importante, — implorei. — Vou ligar


para Alessio e explicar.

— Quer que eu vá junto? — ela ofereceu.

— Não, você fica aqui. Eu voltarei em menos de uma semana.


Apenas fique aqui por Kol, Alessio e meus pais. — Quando ela ficou quieta,
acrescentei suavemente: — Por favor.

— Tudo bem, tudo bem, — ela cedeu. — Estou indo buscá-la.

Então, um pensamento surgiu em minha mente. — Lembra quando


você mencionou que Sasha disse que você ainda não estava pronta para o
que ele tinha para lhe dar?

Eu podia ouvir sua risada amarga. — Sim, eu me lembro de todas


as mentiras que aquele desgraçado disse.

Limpei minha garganta. — Não estou defendendo-o, mas e se ele...

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— Eu não sabia como dizer isso com delicadeza. Limpei minha garganta
mais uma vez. — E se ele gostasse de coisas mais brutas e não quisesse
assustar você?

— Hã?

— E se ele estivesse...

— Eu ouvi, mas de onde diabos veio isso? Você e... — Ela não
conseguiu terminar a frase, mas eu sabia para onde estava indo. — Oh, meu
Deus, não me diga. Há certas coisas que ninguém quer saber sobre seu
próprio irmão e melhor amiga.

— Hummm, foi só um pensamento, — murmurei, minhas


bochechas ardendo como se eu estivesse no inferno. — É possível. Você era
jovem quando o conheceu.

— E aquela patinadora olímpica tem a mesma idade que eu, e


parece que ele não está mantendo as mãos para si mesmo, — ela resmungou.
— Ligue para o meu irmão, — acrescentou com frieza. Sim, Sasha Nikolaev
era história no livro de Branka. — Ou ele terá minha cabeça.

Tentei ligar para ele. Tentei mesmo.

Nunca consegui falar com ele. Então, deixei uma mensagem de


voz para ele.

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CAPÍTULO 39

ALESSIO

No momento em que meu iate atracou, meu telefone sinalizou uma


mensagem de correio de voz.

Digitei meu código e escutei.

— Alessio, sou eu. A equipe está fazendo um trabalho rápido.


Estarei de volta em menos de uma semana. Kol ainda está com meus pais.
Você o manterá com você? Ele já se acostumou com você e com a nossa
rotina. Meus pais se ofereceram para cuidar dele sempre que você tiver que
ir trabalhar. Branka disse que também vai ajudar. — Ela limpou a garganta.
— Mantenha meu bebê seguro. Está bem? Amo você.

Liguei para ela imediatamente. Ela não havia me dito exatamente


para onde estava indo.

O pavor formou um vinco em minha testa. Meu sexto sentido


emitiu um alerta. As notícias de ontem vieram correndo à minha mente. Só

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que ela disse que a viagem não foi aprovada.

Liguei para Nico. — Alessio.

— Preciso de um grande favor, — comecei. — Verifique se o


National Geographic aprovou uma expedição ao Oriente Médio.
Afeganistão, especificamente.

— Merda, não me diga...

— Ela saiu enquanto eu estava fora, — resmunguei. — Ela não


disse para onde.

— Levou Kol?

— Não, ela me pediu para ficar com ele. — Droga, por que meu
telefone estava desligado?

— Isso é bom, — respondeu Nico. — Ela vai voltar. Ah, aqui


vamos nós. O National Geographic suspendeu todos os seus artigos e
expedições ao Oriente Médio.

— Ótimo. — Só que o medo no fundo do meu estômago se


recusava a diminuir.

— Estou feliz por você, Alessio, — disse Nico. — Parece que


aquela coisa jovem e proibida era exatamente o que você precisava.

— Não me diga.

Mas ele estava certo.

Autumn era exatamente o que eu precisava.

Depois de décadas de espancamentos, gritos e cicatrizes, ela me

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deu o melhor que a vida tinha a oferecer. Seu toque suave curou minhas cic-
atrizes.

Naquela noite, Kol e eu preparamos nosso jantar juntos. Meu filho


jogou os legumes em uma tigela com um grande sorriso, enquanto eu lia a
receita.

— Diz que misturamos ervilhas, milho e cenouras, — eu disse a


ele. Nós dois torcemos o nariz ao ouvir a menção de cenouras. — É, eu
também não gosto de cenoura.

— Purê, — murmurou Kol.

Dei uma risadinha. — Você quer purê de batatas? — Ele acenou


com a cabeça ansiosamente. — É isso mesmo. Purê de batatas com ervilhas
e milho, talvez um acompanhamento de frango confitado. — Outro aceno de
cabeça. — Que tal pedirmos, amigo? — perguntei. — Papai só começou a
cozinhar recentemente. Eu sei fazer ovos, mas o jantar vai precisar de um
pouco de prática.

— Papai.

Fiquei paralisado.

A palavra 'papai' escapou de mim, mas não consegui me


arrepender. Não agora que a ouvi ser repetida. Nada tinha soado tão doce
quanto ouvir Kol me chamar de papai.

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Meu peito se encheu e minha mão começou a tremer. Em toda a
minha vida, eu nunca havia pensado em ter filhos. Não até Autumn voltar à
minha vida.

O amor e a proteção, diferentes de tudo o que já havia acontecido


antes, cresceram rápido e fortemente. Esse sentimento entrou em meu
coração no momento em que soube da existência de Kol, mas a força dessas
emoções me surpreendeu.

Rápido. Invisível. Puxando as linhas do meu sangue. Um impulso


protetor brotou em meu peito.

Kol foi a coisa mais linda e pura que poderia ter acontecido
comigo. Ele e Autumn foram um presente precioso para mim.

Meu sangue. Minha vida. Minha razão.

Se alguém tentasse manter qualquer um deles longe de mim, eu os


destruiria.

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CAPÍTULO 40

ALESSIO

Três malditos dias.

Os pais de Autumn também estavam preocupados. Ela costumava


dar notícias. Ela não ligou para eles nenhuma vez. Também não me ligou.

Eles disseram que isso só aconteceu uma vez antes. Quando ela
ficou presa na Guerra Civil da República Centro-Africana.

Nico não conseguiu localizá-la. Havia apenas uma passagem em


seu nome que a levava para a cidade de Nova York. Depois disso, o rastro
desapareceu. Branka afirmou que também não tinha tido notícias dela. Ela
não poderia ter desaparecido no ar. Por que diabos ela não havia dito para
onde estava indo?

A angústia me incomodava no peito. Passei as mãos pelos cabelos,


enquanto a preocupação constante irradiava em meu âmago.

Eu estava com muito medo. Medo de perdê-la. Com medo de que

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fosse mais uma coisa tirada de mim.

Mas eu me mantive firme. Pelo nosso filho.

Eu trouxe Kol para minha mansão. Os pais de Autumn passavam


muito tempo aqui, junto com Branka. A cobertura teria sido mais fácil para
o Sr. e a Sra. Corbin, mas eu não queria nem eles nem Branka lá. Era ridículo,
mas era o espaço para Autumn, Kol e eu. Mais ninguém.

— Você vai manter o negócio de distribuição de drogas? —


perguntou Vasili.

Balancei a cabeça. — Não, estou fora.

— DiLustro está furioso, — disse Alexei com sua voz fria.

— Não estou nem aí. — Autumn e Kol eram a única coisa que
importava. — Ricardo assumirá a parte dos negócios ilegais. Eu o ajudarei
na transição, mas estou fora.

— Se precisar de alguma coisa, estamos sempre aqui, — ofereceu


Nico. — Byron ofereceu sua agência de segurança. Os Ashfords sempre
estarão com você.

— Você sempre pode contar conosco, — Cassio repetiu as


mesmas palavras de antes. Quando lhe contei pela primeira vez, ele não
tentou me dissuadir. Ele apoiou minha decisão.

Balancei a cabeça. — Obrigado. Da mesma forma.

Eles eram amigos, mas também familiares. Eles me apoiaram e eu


os apoiaria.

— Ricardo é uma boa escolha, — Cassio mudou de assunto. —

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Seus valores são semelhantes aos nossos.

— Esta é a razão pela qual eu o escolhi.

— Você tem notícias de Autumn? — perguntou Nico. Balancei a


cabeça e passei a mão no cabelo. De novo. Fiquei com vontade de acender
um cigarro. Mas não o fiz. Não queria que Kol sentisse o cheiro dele em
mim. — Ela sabe mesmo como apagar seus rastros, não é?

Ou isso ou ela viajou com um nome diferente. Ou sua equipe


alugou um carro particular.

Não cheguei a concluir o pensamento porque Branka invadiu meu


escritório em casa, ignorando que eu tinha uma sala cheia de homens.

Cassio, Luca, Nico, Alexei e Vasili ergueram as sobrancelhas.


Nossas mulheres sabiam que não deveriam se intrometer em uma reunião.
Não que elas não fossem bem-vindas, mas geralmente preferiam ficar fora
do lado ilegal dos negócios.

O cabelo desgrenhado de minha irmã, combinado com o olhar


frenético em seus olhos, fez com que eu me endireitasse na cadeira. Kol
estava em seus braços, gritando a plenos pulmões. Ela devia estar
assustando-o com seu pânico.

— Alessio, ligue o noticiário.

Não era hora de dar notícias. Levantei-me rapidamente e fui em


direção a ela. Ela deveria estar cuidando de Kol, não assustando-o.

— Branka...

— Ligue a porra do noticiário, — ela gritou.

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Kol soltou outro grito agudo, e eu o tirei dela e voltei a me sentar
em meu lugar.

— Alessio...

Inclinei o queixo em direção ao controle remoto que estava sobre


a mesinha de centro. Eu raramente ligava a TV em meu escritório, mas
gostava de tê-la à mão para o caso de ter que acompanhar alguma notícia
importante.

— Aqui, amigo, — eu disse suavemente, entregando-lhe um giz


de cera. Sim, de repente minha mesa do escritório estava cheia de lápis de
cor e brinquedos. Eu tinha muito o que fazer. — Sua tia é um pouco maluca.

Suas mãos gordinhas o alcançaram e ele se acalmou


instantaneamente. Ele começou a chutar as mãos e os pés. O garoto adorava
desenhar. Autumn disse que isso sempre o acalmava.

— A paternidade combina com você, — disse Nico. Eu também


achava isso. Na verdade, eu mal podia esperar para ter mais filhos com
Autumn. Uma casa cheia. Mas primeiro eu tinha que me casar com ela. Se
ao menos seu maldito trabalho não a chamasse.

Eu teria que pensar em comprar o National Geographic para


garantir que todas as tarefas de Autumn estivessem a uma distância de carro
de nossa casa.

— Papai. — Eu nunca me cansaria de ouvir essa palavra. Nada,


porra, nada se comparava a ela.

As notícias começaram a chegar. Oriente Médio. Afeganistão.

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Multidões de pessoas, caos.

— Quando você começou a se preocupar com a situação no


Oriente Médio? — Luca perguntou secamente. — Você não é casamenteira
ou blogueira? Alguma coisa estranha assim.

Algumas risadas suaves percorreram a mesa. Meus amigos podem


não ter visto Branka crescer, mas já me ouviram falar muito sobre ela.
Provavelmente era por isso que eles a conheciam tão bem.

— Autumn está em apuros. — Meus olhos se voltaram para minha


irmãzinha. — Eu disse a ela para não ir, — murmurou ela, com a mão com
o controle remoto visivelmente tremendo.

— Do que você está falando? — exigi, com o medo se acumulando


no fundo do meu estômago. Branka normalmente não ficava tão
desorientada.

— Onde está Autumn? — Perguntei, embora em meu coração eu


soubesse.

Antes que Branka tivesse a chance de responder, a beleza que era


minha obsessão desde seu aniversário de 18 anos apareceu na tela.

As multidões gritando, os tiros disparados, os cadáveres cobertos


com lençóis imundos. O choro. A miséria. Uma guerra e minha mulher
estava lá.

— Você sabia que ela estava indo para o Afeganistão? — Eu gritei,


olhando para minha irmãzinha.

Kol se assustou em meu colo e seus olhos cinzentos com sardas

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verde-avelã se voltaram para mim. Forcei-me a me acalmar e sorri para o
garoto.

— Está tudo bem, — assegurei a ele, mantendo meu tom de voz


nivelado, embora algo pesado tenha se instalado em meu peito. O medo.

Isso era pior do que acordar depois de ser drogado e saber o que
havia sido feito comigo. Isso era muito pior. Eu aguentaria mais cem
episódios disso, se ao menos Autumn estivesse aqui. Segura. Protegida.

Não na tela, no meio de uma maldita guerra.

A câmera de Autumn estava pendurada pesadamente em seu


pescoço. A exaustão pesada permanecia em seu rosto.

— Como ela está lá se a viagem não foi aprovada? — exigi saber,


mantendo a fúria sob controle.

— Eles foram como freelancers, — murmurou Branka. — Eles são


bons e tendem a fazer filmagens e fotos que ninguém mais faz. Às vezes,
eles são chamados para entrevistas.

— Maman. — As duas mãos de Kol bateram na mesa, vendo sua


mãe na tela. — Maman.

— Sim, é a Maman. — As palavras sufocaram minha garganta.


Meu maldito coração doía como se alguém o tivesse pegado e o tivesse feito
em pedaços.

Autumn parecia calma. Alguém a estava entrevistando. Suas


palavras e compaixão ressoavam em seus olhos, juntamente com o brilho de
lágrimas não derramadas.

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E terror.

O terror puro brilhava em seus olhos cor de avelã, que agora


pareciam mais castanhos do que nunca. Isso pode não ser evidente para os
outros, mas para mim era claro como o dia. Meus ouvidos zumbiram, suas
palavras mal foram registradas.

Ela usava calças cargo pretas simples e uma camiseta branca, que
não estava tão branca assim. Havia manchas de sujeira e sangue nela. Seu
cabelo preto como azeviche estava preso em um rabo de cavalo alto. Ela
parecia mais jovem do que seus 26 anos. Jovem demais para salvar um
maldito mundo. Seu peito tinha manchas vermelhas e os nós dos dedos que
seguravam o microfone estavam brancos como giz.

Ela estava morrendo de medo.

— Como você não me disse que ela estava indo para o


Afeganistão? — sussurrei em voz baixa, olhando para minha irmãzinha. —
Há uma maldita guerra acontecendo lá. Ela não pode estar lá.

— Ela já esteve lá antes, — justificou. — Sim, é perigoso, mas as


tropas estão lá. Achei que ela estaria segura. Ela sempre mantinha uma
escolta de segurança com ela.

— Bem, onde diabos está a escolta de segurança agora? — Eu


gritei. Os olhos de Kol se desviaram entre Branka e eu. A última coisa que
eu queria fazer era assustá-lo.

— Eu não sei, Alessio, — ela esbravejou. — Não sou a babá dela,


você sabe. Ela é uma mulher adulta e quer salvar a porra do mundo. Então,
em vez de me criticar por não tê-la denunciado, faça algo a respeito da

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situação dela.

— Sasha tem experiência militar, — ofereceu Vasili. Não me


passou despercebido o fato de Branka ter se enrijecido. — Mas não tenho
certeza se ele tem conexões com alguém no Oriente Médio.

Ele já começou a digitar uma mensagem.

— Sasha tem se ocupado em criar problemas, — disse Luca,


revirando os olhos. — Acho que ele está querendo acabar com os DiLustros.

— Não se atreva a lhe dar essa ideia, — Cassio grunhiu, com uma
advertência clara em sua voz. — Sasha pode ser um louco quando está
irritado.

— Não me diga, — murmurou Vasili, a contragosto. — Tenho


pavor de ver Luca e Sasha na mesma sala em Portugal. Estou rezando para
que um deles não apareça.

Ignorando o tópico de Sasha e DiLustros, as engrenagens do meu


cérebro começaram a girar. Logística para chegar ao Afeganistão.

— Meu avião pode me levar até lá. — Eu teria que pedir ao meu
piloto para preparar o avião imediatamente.

— Eles não estão permitindo a entrada de nenhum voo, —


respondeu Nico. — Eles até mesmo abateram um voo militar. Eles abateriam
seu avião, com certeza. É um desastre danado por lá. É o pior momento para
alguém ficar preso naquela bagunça.

Cassio se virou para me olhar. — Que tal Byron? Ele pode ter uma
maneira de chegar lá.

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Meu pai biológico teria conexões para me levar até lá. Senador
Ashford. O cara que eu odiava com todas as fibras do meu ser. Mas, para
tirar Autumn de lá, eu me ajoelharia e imploraria àquele desgraçado que me
levasse ao Afeganistão. Ou que tirasse minha mulher de lá.

Peguei meu celular e comecei a digitar uma mensagem. Uma para


Byron.

Outra para Dante DiLustro.

Preciso do nome do seu contato afegão. Preciso de uma


maneira de entrar no país. Diga seu preço.

Dante DiLustro era um dos raros caras que lidava diretamente com
os afegãos. Ele achava que era sorrateiro com essa merda, mas eu tinha meus
próprios recursos. Ele comprava as drogas deles e as trocava por armas.
Minhas armas. E eu tinha muitas delas. Sim, eu estava fora, mas se isso
significasse salvar Autumn, eu lhe daria mais armas.

A porta se abriu. A mãe e o pai de Autumn entraram. E, pelo jeito,


eles também não sabiam que ela estava indo para o Afeganistão. O rosto de
sua mãe se voltou para a televisão e sua mão voou para a boca, cobrindo-a,
impedindo que um soluço saísse.

— Enviei mensagens para meus contatos. — A voz de seu pai


estava rouca. — Eles estão todos em uma capacidade oficial e não podem
ajudar.

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— O que ela estava pensando? — A Sra. Corbin se engasgou. —
Ela prometeu, depois da África Central, que não correria riscos.

— Acho que ela não pensou que as coisas ficariam ruins tão
rápido, — Branka sussurrou.

— Ela lhe contou? — A Sra. Corbin exigiu saber. A resposta


estava no rosto de Branka. — Oh, Branka. Por que você não disse nada? —
A mão da Sra. Corbin foi até sua testa. — Por que ela teve que herdar as
tendências de seu pai para salvar o mundo?

— Estou bem aqui, você sabe, — respondeu o pai dela secamente.


— Autumn é teimosa como a mãe dela.

— A pior combinação, — disse a Sra. Corbin, com os olhos


grudados na televisão. — Alessio, você tem contatos? Eu poderia entrar em
contato com meus pais...

Quem eu pretendia matar.

— Absolutamente não! — Seu pai interrompeu. Eu concordei. —


Eles nunca a trariam de volta.

— Eu poderia entrar em contato com alguns dos meus antigos


contatos, — sugeriu a Sra. Corbin. — Eles se lembrarão de mim.

— Vamos mantê-los como último recurso, — comentei. — Estou


usando todos os meus recursos.

O significado por trás disso não passou despercebido por nenhum


deles. Eles eram recursos ilegais.

Meu celular emitiu um bipe e eu abri a mensagem, mas antes que

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eu pudesse lê-la, gritos e tiros vieram da televisão.

Autumn estava sendo entrevistada, com um microfone na mão e


uma câmera pendurada no pescoço.

— Atrás de você, — alguém gritou para ela e seu corpo se virou


para olhar para trás. Uma arma apontada para uma mulher segurando uma
criança.

Horrorizada, observei Autumn largar o microfone e empurrar seu


corpo em meio à multidão de pessoas frenéticas e gritando. Seu objetivo era
a mulher com a criança.

— Jesus Cristo, querida, — eu disse. — Corra para o outro lado.


Não salve o mundo hoje. Porra, hoje não.

Eu deveria ter ficado na cama naquela manhã. Que se dane a


distribuição de armas. Que se dane tudo. Eu deveria ter ficado na cama.
Impedido que ela fosse embora, mesmo que isso significasse trancá-la.

— Ei. Ei. Ei! — Sua voz normalmente suave gritava tão alto,
penetrando no ar mesmo através da televisão, que quase parecia que ela
estava aqui. O ar em meu escritório se acalmou, o silêncio estava cheio de
tensão. Nem mesmo Kol se atreveu a se mexer. Todos nós prendemos a
respiração, ou talvez tenha sido só eu.

— O que está fazendo? — Autumn repreendeu o soldado. — Você


não pode fazer isso! Tire essa arma de perto dela e do bebê.

— Afaste-se, mulher. Ou você será a próxima. — O homem de


sotaque carregado desviou sua atenção para Autumn, sua arma agora

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apontada para a estrutura esguia dela. Observei enquanto mais armas eram
apontadas para ela - de ambos os lados. Os militares dos EUA atrás dela e as
forças rebeldes locais à sua frente.

Através da névoa, eu podia ouvir os suspiros no escritório. Os


gemidos da Sra. Corbin. Kol chamando por sua mãe.

Em meio a toda a morte e caos na tela e aos murmúrios no meu


escritório, a única coisa em que eu conseguia me concentrar era na minha
mulher. Ela era uma luz em meio à escuridão do mundo. Quem quer que
estivesse gravando a cena inteira deu um zoom na arma e meu coração
congelou. Ele congelou em meu peito.

Essas eram minhas armas. O símbolo da letra 'A' com a caveira.

Fechei os olhos, esperando que eu estivesse vendo errado. Não


podia ser. Minhas próprias armas. Eu sabia que elas estavam indo para o
Afeganistão. Eu não me importava.

Até agora.

E, pela primeira vez em toda a minha vida fodida, eu orei.

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CAPÍTULO 41

AUTUMN

Eu não tinha imaginado em um milhão de anos que estaria olhando


para o cano de uma arma.

E, como diz a frase, minha vida passou bem na frente dos meus
olhos. O primeiro dia em que vi Alessio. A imagem de mim olhando para ele
de cabeça para baixo. A primeira vez que ele me levou para casa e não
chegamos à casa de meus pais. Em vez disso, passamos a noite mais louca
de minha vida em sua cobertura. Os dias e as noites que passamos juntos em
todo o mundo. O nascimento de nosso filho. Aquele sentimento de solidão
quando segurei Kol pela primeira vez e o arrependimento de não tê-lo
compartilhado com Alessio. Até a última manhã em que saí sem vê-lo, três
dias atrás.

Três dias de um desastre atrás do outro. Meu telefone foi roubado.


Depois, o voo nos deixou no aeroporto errado. Deveríamos ter sido deixados
em Bagram. Fomos deixados em Cabul. O centro do desastre.

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A AK-47 apontada para mim. Meu coração martelava contra
minhas costelas. Clique. Clique.

Meus olhos se fixaram na ponta da arma. Parecia que estava


olhando para um túnel escuro e não havia luz no fim do caminho. Prendi a
respiração.

Alessio. Kol. Meu 'felizes para sempre.' Meus pais.

Eu não estava pronta para morrer. Eu não podia morrer.

Minhas mãos se ergueram no ar.

— Não atire, — gritei. — Por favor, não atire. — Minha voz


tremeu, soando distante para meus próprios ouvidos. Como se eu estivesse
embaixo d'água e houvesse todo aquele tumulto ao meu redor.

Pisquei os olhos e depois pisquei novamente. O choro de um bebê


e a voz chorosa de uma mãe foram registrados atrás de mim. Gritando ao
longe. Implorando. Ouvi soldados, de ambos os lados, gritando para que os
outros baixasse as armas. Nenhum deles o fez.

Olhei por cima do ombro para a mãe que chorava. Uma mãe muito
jovem.

— Shhh. Vai ficar tudo bem. — Cada palavra raspou em meu


peito, emaranhada com um medo que dificultava a respiração.

Eu não tinha ideia se a mulher me entendia. Eu não tinha a menor


ideia se ficaríamos bem. Mas eu tinha que acreditar nisso. Era a única coisa
que me mantinha de pé agora, enquanto meus joelhos tremiam.

Mas me mantive firme. Encontrei os olhos escuros do soldado que

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apontou sua arma para mim. Uma das armas de Alessio. Ele era jovem, ainda
mais jovem do que eu. E, no entanto, tudo o que vi foi ódio em seus olhos.
Meu coração se apertou.

Eu queria implorar para que ele nos poupasse. Queria lhe dizer que
tinha uma família para a qual voltar. Mas as palavras ficaram presas em
minha garganta. De qualquer forma, acho que não teria funcionado. A
amargura naqueles olhos escuros era profunda demais.

E ainda me perguntava o que teria levado este homem a vir aqui.


Apontar uma arma para uma simples estranha. Em toda a minha vida, eu
nunca havia machucado fisicamente outro ser. Nunca entendi como um ser
humano poderia ferir outro. E, no entanto, naquele momento, eu me
perguntava. Se fosse ele ou nós, eu poderia matá-lo? Será que eu conseguiria
puxar o gatilho se tivesse uma arma?

A resposta foi assustadora. Foi o modo de autopreservação que fez


o mundo girar. Todos nós queríamos sobreviver, de uma forma ou de outra.
Mas alguns humanos eram mais cruéis do que outros. Como este cara que
não tinha problemas em atirar em uma mulher com uma criança pequena,
nem em mim, por exemplo.

— Você não quer fazer isso. — Encontrei minha voz. Talvez as


palavras certas. — A câmera ainda está rodando. — Olhei para os operadores
de câmera que estavam atrás da parede que significava segurança. Apenas
uma parede dividindo o caos de alguma aparência de segurança. — Deixe-
nos ir.

Eu não poderia morrer. Não assim. Não com a arma estampada

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com o símbolo de Alessio.

O destino não seria tão cruel ao me deixar morrer com a mesma


arma que Alessio vendeu. Certo? Embora, se eu conseguisse voltar, teria uma
conversa franca com ele. Minha frustração e medo aumentavam a cada
segundo.

Seu dedo apertou o gatilho e eu prendi a respiração. Era isso.

Fechei os olhos. Os rostos sorridentes de Alessio e Kol apareceram


em minha mente. O ar quente do Afeganistão beijou minha pele. Homens e
mulheres que falavam línguas desconhecidas se espalharam pelo ar. Gritos.
Tiros. Avisos. Em algum lugar ao longe, uma melodia ritualística familiar
ecoava pelo ar.

Uma oração.

Respirando fundo, deixei que as palavras suaves que eu não


conseguia entender enchessem meus pulmões. Era calmante,
independentemente do tipo de oração que fosse. E eu não dava a mínima para
qual religião era, mas considerei isso um bom sinal.

Qualquer oração era bem-vinda, porque eu acreditava firmemente


que nenhuma religião na Terra desejaria a morte de alguém.

Eram os humanos que causavam ferimentos e matavam.

E como se quem quer que estivesse ouvindo meus pensamentos lá


em cima quisesse provar seu ponto de vista, um tiroteio disparou no ar.

Um corpo duro se chocou contra o meu. Meus olhos se abriram. O


mundo se moveu rápido demais. Tudo o que eu podia ver era uma barba

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cinza prateada enquanto um perfume masculino inundava meus pulmões.

E o pensamento mais idiota permaneceu.

Pelo menos eu morreria com um cara bem cheiroso em cima de


mim.

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CAPÍTULO 42

ALESSIO

A porta do elevador se abriu, parando no último andar do hotel.

A porta do grande salão de baile se abriu, revelando uma sala cheia


de políticos e pessoas que acreditavam neles. Ou, mais provavelmente,
pessoas que poderiam se beneficiar deles.

Estes eventos eram repletos de sorrisos e apertos de mão falsos.

O cômodo inteiro estava totalmente aberto. Em um dos lados da


sala havia uma porta de vidro deslizante que dava acesso ao deck do terraço.
As portas de vidro estavam fechadas, pois as temperaturas do início de
dezembro eram muito frias para se misturar ao ar livre.

Um garçom imediatamente se aproximou de mim com uma


bandeja cheia de bebidas. Eu não tinha intenção de beber esta noite, mas
peguei um copo cheio de um líquido de cor marrom.

Examinei a multidão, procurando meu alvo. Senador Ashford.

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Demorei um pouco para identificá-lo. Com uma loira que parecia
mais jovem que sua filha. Uma vez jogador, sempre um maldito jogador.

Três semanas e três dias.

O mundo havia se calado sobre a situação no Afeganistão. Eu


estava recebendo algumas informações sobre um grupo escondido nas
montanhas. A montanha Noshaq escalava a fronteira entre o Afeganistão e o
Paquistão.

Encontrei meu caminho para o Paquistão. Procurei nas montanhas


cobertas de neve. Mas toda vez que tentava entrar no Afeganistão, deparava-
me com um bloqueio.

Byron examinou todos os seus recursos e amigos de sua época de


militar. Parecia que o mundo inteiro estava impedido de entrar no país.

— Alessio, — Byron me cumprimentou.

— Byron.

— Alguma coisa? — Ele estava ajudando. Tentando, de qualquer


forma. Mas estávamos sempre chegando a becos sem saída.

— Nada de novo, — sussurrei, com os olhos fixos no Senador


Ashford, que estava rindo, despreocupado, provavelmente bebendo seu
conhaque. — Apenas rumores sobre mercenários que ficaram presos no país
e estão se escondendo nas montanhas. Dizem que há mulheres estrangeiras
com eles.

Só que não havia absolutamente nenhum detalhe sobre as


mulheres. Nem sobre os mercenários. Para quem eles estavam trabalhando?

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Vi meu pai tirar um charuto do bolso e alguém já estava
empurrando a mão para acendê-lo. Aparentemente, a regra de não fumar não
se aplicava ao bastardo. Ele inalou e depois soltou, criando um redemoinho
de fumaça ao seu redor.

— Ele disse alguma coisa? — Perguntei a Byron, que estava


observando seu pai.

— Não, apenas que, se você quiser saber, deve ir diretamente a


ele.

A única razão pela qual eu vim foi por Autumn e nosso filho. Eu
queimaria o mundo por eles. Rastejaria de joelhos por eles. Resumindo, não
havia nada que eu não fizesse por eles. Portanto, se o Senador Ashford
quisesse que eu fosse diretamente até ele - por eles, eu iria.

Como se sentisse meu olhar sobre ele, o Senador Ashford virou a


cabeça e nossos olhos se encontraram. Era a segunda vez que eu estava na
mesma sala que ele. A última vez foi há dez anos, quando ele me procurou.

Por dinheiro para sua campanha.

Ele se desculpou, deixando a jovem vadia para trás, e se


aproximou. Quanto mais ele se aproximava, mais eu apertava o copo que
segurava.

Eu era um homem de quarenta e dois anos e ainda não conseguia


esquecer o fato de que o maldito abandonou minha mãe quando ela mais
precisava dele. Deixou-me para ser criado por um bastardo sádico.

— Alessio, — ele me cumprimentou.

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— Senador Ashford. — Suas sobrancelhas espessas se franziram.
Ele desprezava o fato de eu me recusar a chamá-lo pelo primeiro nome. —
Não vou desperdiçar seu tempo, — comecei. — Nem o meu. Minha esposa...

— Ela não é sua esposa, — ele me interrompeu.

Meus dentes se cerraram com tanta força que parecia que meus
molares estavam prestes a se partir ao meio.

— Ainda não. Mas é a mãe do meu filho, — eu disse. — Se ela


não estivesse presa no Afeganistão, seria minha esposa agora mesmo.
Portanto, você vai me perdoar se eu não virar as costas para uma mulher tão
facilmente quanto outras pessoas.

Sua mandíbula tremeu. Ah, finalmente! Atingi um ponto sensível.


— Eu não dei as costas para sua mãe.

Meus olhos percorreram o salão, aparentemente casualmente. —


É isso que você diz a si mesmo para dormir melhor? Imagino que mentir para
si seja ainda mais fácil do que mentir para todo mundo.

— Alessio, sua mãe estava melhor sem mim.

Dei um passo à frente, ficando mais ereto. Minha estrutura se


elevava sobre ele. — Sim, minha mãe ficou muito melhor sendo espancada
por um bastardo sádico. Ela ficou muito melhor sendo chicoteada e
estuprada. Ela ficou muito melhor vendo seus próprios filhos sendo
aterrorizados e sendo tão espancados que ela não conseguia nem reunir
forças para defendê-los.

— Se eu soubesse...

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— Não faça isso, — sussurrei, com os músculos rígidos. Eu estava
pronto para estourar e isso não ajudaria Autumn. — Poupe-nos de suas
mentiras. Quero saber se você pode me ajudar ou não, — continuei em um
tom frio. — Fora isso, não estou interessado em mais nada de você.

O silêncio gélido se seguiu e permeou o ar, juntamente com a


compreensão que cruzou a expressão do Senador Ashford. Também poderia
ter havido alguma dor em seu rosto, mas não me importei. Era tarde demais.
Quarenta e dois anos tarde demais.

Não haveria como consertar este relacionamento.

— Eu fiquei de olho em você, — disse ele, com a voz


repentinamente marcada pelo cansaço. — Você e Autumn Corbin. — Fiquei
tenso, e os lábios do Senador Ashford se ergueram. Por pouco. — Quando
recebi a notícia de que ela estava partindo para o Afeganistão, entrei em
contato com um velho amigo que me deve um favor. Ele é dono de uma
agência de proteção de segurança. Eles mantiveram o controle sobre ela.
Infelizmente, quando todo o caos se instalou lá, todas as minhas
comunicações com eles também foram interrompidas. Mas o último relatório
que recebi dele indicava que ele a tinha e que ela estava em segurança.

— Quando? — Perguntei baixinho.

— Há duas semanas.

— Para onde eles estavam indo? — Eu exigi saber.

— Para as montanhas, — respondeu meu pai. — Com toda a


tecnologia deixada para trás, o novo regime tem uma maneira de monitorar
todas as comunicações. Meu amigo disse que não conseguiria ligar

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novamente até que eles encontrassem um local seguro.

Meu coração afundou.

Se ele não tivesse mais notícias dele, isso significava que não
estavam seguros.

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CAPÍTULO 43

AUTUMN

Seis semanas longe de meu filho. Seis semanas longe de Alessio.

Outra caverna. Estávamos nos escondendo em cavernas, mudando


de lugar a cada poucos dias. Eu estava cansada de cavernas e montanhas. E
desse frio que se infiltrava em meus ossos.

Meus músculos doíam. Meu coração doía ainda mais. E eu estava


com uma fome danada. Eu não tinha ideia de que horas eram. Era noite.
Estava escuro lá fora. Meus dentes rangiam por causa do frio.

Uma fungadela. Depois, outra fungadela. Limpei o nariz com as


costas da mão.

Havia pessoas que viviam assim a vida inteira. Estávamos nisso há


seis semanas e eu estava caindo aos pedaços. Não demorou muito, cerca de
uma semana. Mas eu era orgulhosa demais para deixar isso transparecer. A
jovem com a criança não chorou. Ela estava grata, até sorrindo, por ter sido

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protegida daqueles homens. Eu também estava agradecida. No momento em
que o inferno começou em Cabul, foi somente graças a esse grupo de quatro
homens que escapamos. Eles nos cercaram e nos levaram para fora da área,
enquanto as balas voavam ao nosso redor.

Fechei os olhos, com a parte de trás ardendo e ameaçando deixar


as lágrimas escorrerem. Eu sabia que, quando elas se soltassem, não haveria
nada que as contivesse. Coloquei os joelhos contra o peito, deitei-me no chão
duro da caverna e envolvi os braços ao meu redor para me aquecer.

A burca e as roupas que eu usava por baixo dela quase não me


aqueciam. Um dos seguranças me deu uma de suas camisas. Todas as nossas
coisas foram deixadas para trás. Eu tinha minha câmera, eles tinham suas
armas e todos nós tínhamos apenas as roupas do corpo.

Era isso.

Enquanto viajávamos a pé pelos vilarejos, na calada da noite,


fugindo do grupo de homens que havia colocado um preço em nossas
cabeças e ameaçado qualquer morador que nos ajudasse.

E ainda assim encontramos bondade nos lugares mais


improváveis.

Em um dos vilarejos, uma mulher me ofereceu sua burca. Eles não


tinham quase nada e, mesmo assim, ela me ofereceu sua melhor burca para
que eu pudesse me passar por uma moradora local. Outro homem nos deu
comida para levar. Não nos atrevemos a ficar na casa de ninguém e trazer
problemas para sua porta.

A primeira lágrima rolou pelo meu rosto. Era véspera de Natal em

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casa. Aqui era dia de Natal.

Seria meu primeiro Natal longe de minha família. O primeiro


Natal sem Kol. Um nó se formou em minha garganta. Ele apertou e apertou,
até que eu não conseguia respirar. Um chiado escapou de mim e rapidamente
engoli o soluço que se formou em meus lábios.

Mas depois veio outro.

E meu corpo começou a tremer a cada novo soluço que me invadia.


Minhas mãos cobriram minha boca, meus dedos tremiam. Apertei os olhos
com força, na esperança de me recompor antes que alguém acordasse.

E o bebê de Salma precisava dormir.

Este era o nome da mulher com o bebê. Salma e sua filhinha,


Azaia.

Ela era uma repórter afegã em ascensão. E quando a merda


começou a acontecer, eles vieram atrás dela. Ela não conseguiu chegar ao
portão que garantiria sua segurança e a do bebê.

Não me arrependi de ter ido em seu socorro. Realmente não me


arrependi.

Mas nunca, em um milhão de anos, pensei que acabaríamos aqui.


Isolados do mundo. Isolados da segurança.

— Nós vamos sair daqui. — A voz grave e rouca veio de trás de


mim.

Kian. Sem sobrenomes.

O homem de cinquenta e poucos anos que havia salvado minha

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vida. Por quê? Eu não fazia a menor ideia. Acho que era mais ou menos
como se eu não tivesse ideia de por que pulei na frente de Salma. Kian mal
falava. Ele era um daqueles tipos silenciosos e misteriosos.

Seis semanas juntos e eu só sabia seu nome.

— É Natal, — sussurrei, olhando por cima do ombro e


encontrando seu olhar sombrio. Seus olhos tinham a cor da noite mais escura
e sem estrelas. Eu podia ver o cinza prateado em seu cabelo e na barba por
fazer, o que me fez pensar novamente no que ele estava fazendo aqui.

Ele era um cara bem de vida. Chame isso de intuição, mas eu


apostaria minha vida nisso. Ou poderia ser a qualidade de suas roupas, armas
e o relógio em seu pulso.

— Você comemora o Natal?

— Sim. — Mas não era isso que dificultava as coisas. — E você?

— Já faz algum tempo.

Voltei a me virar e olhei para a parede da caverna enquanto um


arrepio percorria minha espinha. Estava úmida e muito fria, mesmo com o
fogo aceso. — É o maior tempo que já fiquei longe do meu filho, — falei
baixinho, com a voz quase não saindo de um sussurro.

— Hmmm.

Seguiu-se uma longa pausa.

— Você tem filhos? — perguntei. Eu deveria descansar um pouco,


nós dois precisávamos disso. Provavelmente teríamos que caminhar
novamente amanhã. Mas eu não fazia ideia de para onde iríamos caminhar.

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Kian se recusava a compartilhar seus planos.

— Não. — Senti que havia uma história em sua resposta, mas sabia
que ele não a contaria. Levei uma semana inteira para saber o nome dele.
Kian era o único que ficava comigo, como se fosse meu guarda-costas
pessoal. Mas as conversas eram inexistentes. Outro arrepio percorreu minha
espinha. — Você está com frio?

— Não, — menti.

Ele suspirou e me puxou para junto dele. — Você não faz meu
tipo, — grunhi, embora o calor do corpo dele fosse tão bom. — E estou
apaixonada por outra pessoa, — acrescentei. — Eu ia me casar com ele. Nem
sei ao certo por que não o levei ao cartório imediatamente. Foi tudo estúpido.
Com quatro anos de distância, eu finalmente o recuperei e não consegui
marcar a data. A melhor parte foi eu estar correndo para cá e agora isso.

A vibração de seu peito pressionado contra minhas costas me fez


virar a cabeça. Ele estava rindo. — O que é tão engraçado?

— Não se preocupe, Autumn, — disse ele, fechando os olhos. —


Você também não faz meu tipo. Estamos apenas compartilhando o calor dos
nossos corpos. Durma.

Meu corpo relaxou, envolvido em seu calor.

O último pensamento que ficou em minha mente antes de


adormecer foi que nenhum de nós tinha mais um cheiro tão bom.

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Oh, meu Deus.

Esta não poderia ser minha vida. Mais um maldito mês. Talvez
mais. Eu não conseguia acompanhar os dias. Os militares locais estavam
atrás de nós. Tivemos que voltar atrás, descer a montanha e depois subir de
novo. Se eu nunca mais visse outra maldita montanha em minha vida, seria
muito cedo.

— Em que mês estamos? — perguntei a Salma. — Janeiro?

— Fevereiro, eu acho, — ela resmungou. — As Olimpíadas


estavam programadas para fevereiro, — comentou ela sem nenhuma razão
aparente. Olhei para ela, perguntando-me de onde teria vindo isso. Ela
simplesmente deu de ombros. — Meus pais adoram assistir à patinação no
gelo. — Pisquei os olhos. Ok, isso era bizarro. — E acabei de terminar minha
menstruação. Sim, definitivamente fevereiro.

Menstruação. Não tenho menstruado desde então...

Pisquei os olhos. Devia ser por causa de todo o estresse. E a falta


de comida. Meu estômago roncou.

— Você quer meu pão? — ela ofereceu, mas eu imediatamente


balancei a cabeça. Ela estava amamentando seu bebê. Ela precisava de
comida mais do que eu. — Tem certeza?

— Sim, obrigada, — murmurei, embora minha boca estivesse


salivando.

Se algum dia voltarmos, eu imploraria a Maman para fazer um pão

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fresco para mim. Sem nada, apenas pão. Pensando bem, talvez seja mais
sensato ir a uma padaria. Não posso me arriscar a ter uma intoxicação
alimentar.

— Seus pais estão nos Estados Unidos? — Perguntei a ela.

Ela acenou com a cabeça. — Eles foram embora há trinta anos. Eu


nasci nos Estados Unidos, mas há cinco anos tive a brilhante ideia de voltar
para cá. Minhas raízes e tudo mais. Achei que seria seguro. Acho que a piada
está em mim.

— Acho que ninguém pensou que terminaria assim, — murmurei.


— Eu mataria por um bom banho quente agora mesmo.

— E uma refeição de cinco pratos, — acrescentou ela,


melancolicamente.

Nós duas rimos, mas não havia humor nisso.

Seu bebê dormia tranquilamente em seus braços. Passei meus


dedos por seus cabelos escuros. Tivemos sorte de o bebê ter dormido. Nos
poucos momentos em que tivemos de nos abrigar e nos esconder, pude sentir
a tensão dos homens, lançando olhares ansiosos na direção do bebê. Um grito
e teríamos morrido. Mas a pequena Azaia não acordou.

— O que você vai fazer quando voltar? — perguntou Salma. Os


homens mal falavam conosco, então só restava nós duas para nos
conhecermos. Senti que não havia mais segredos entre nós, não que eu
tivesse muitos. Apenas um.

O som do tiroteio recomeçou em algum lugar ao longe. Nem

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Salma nem eu estremecemos. Já estávamos acostumadas com isso. Sabíamos
reconhecer quando estava muito perto ou quando era seguro o suficiente à
distância para não nos preocuparmos com isso.

Levou apenas alguns dias para nos acostumarmos com esses sons.

Olhei para o horizonte. O vale e a cidade de Bagram se estendiam


à nossa frente. Acho que podemos chamá-la de cidade. Já foi uma cidade
antiga, localizada na junção dos vales de Ghorband e Panjshir. Salma
também era boa em história. A vista seria de tirar o fôlego se não fosse pelo
medo constante que pairava sobre nossas cabeças.

A câmera ainda estava pendurada no meu pescoço. Eu não havia


tirado uma única foto desde aquele dia em Cabul. Mas enquanto olhava para
o horizonte e as montanhas do outro lado do vale, peguei a câmera e olhei
através da lente.

— Vou me casar com Alessio, — murmurei, olhando para a vista.


— Se ele ainda me aceitar.

Salma deu uma risadinha. — Ele vai aceitar você.

Apertei o botão para tirar as fotos e, pela primeira vez em meses,


o clique da câmera me acalmou.

Salma e eu ouvimos os passos atrás de nós ao mesmo tempo e nos


levantamos.

Um sopro de ar deixou meus pulmões. — Kian, você nos assustou


até à morte.

Ele me entregou um dispositivo. Um dispositivo volumoso que

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parecia um telefone antigo. Sem fios.

— O que é isso?

— Telefone via satélite. Ligue para seu filho.

Meus olhos se voltaram para ele, encontrando seu olhar escuro.

— Por que não o usamos antes? — sussurrei. — Poderíamos ter


saído deste inferno.

— Tivemos que chegar a uma área segura para que eu pudesse me


conectar a um satélite não rastreável. O regime local está rastreando todas as
chamadas para fora do país.

Para mim, isso soava totalmente grego. — Mas agora é seguro?

— Enviei nossas coordenadas de localização para alguém que,


com sorte, virá nos buscar. — Ele não parecia muito certo disso. — Faltam
alguns minutos. Ligue para seu filho.

Ele não precisou dizer isso duas vezes. Peguei o telefone e o virei
em minha mão. Havia teclas numeradas ali.

Sem perder tempo, digitei o número de Alessio com os dedos


trêmulos.

Tiros soaram ao longe, enchendo o ar. Meus olhos se fixaram no


horizonte e esperei, prendendo a respiração. Cada toque fazia meu coração
afundar um pouco. E se Alessio não atendesse?

Meu coração se apertou no peito. Semanas sem Kol e Alessio


pareciam uma vida inteira.

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CAPÍTULO 44

ALESSIO

Dois meses sem ela.

O medo e a fúria do meu fracasso me percorreram com gelo e fogo.


Eu deveria ter conseguido garantir uma entrada naquele maldito país. Eu já
deveria tê-la tirado de lá.

Em vez disso, nada.

Dante DiLustro estava se recusando a me fornecer um contato


direto com seu fornecedor do Afeganistão que pudesse me colocar lá.

Acho que ele estava paranoico com a possibilidade de eu tirá-lo da


equação e fazer um acordo diretamente com eles. Isso nem passou pela
minha cabeça. Eu só precisava de uma maneira de entrar no Afeganistão para
poder tirar minha mulher de lá.

Os relatórios olímpicos sobre as medalhas de ouro foram exibidos


nas telas. Os EUA ganharam o ouro na patinação artística em dupla e o país

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inteiro elogiou a patinadora no gelo. Irritante pra caramba.

Byron queria se encontrar. Ele tinha notícias e estava voltando de


uma visita a um dos DiLustros. Eu esperava que fosse Dante. Eu precisava
de uma maneira de entrar.

Então, aqui estava eu, em uma pequena cafeteria no centro de D.C.


pronto para ouvir as notícias. É bom que sejam boas notícias, porque o
próximo passo seria sequestrar o pequeno maldito e torturá-lo para obter
informações. Eu me arrependi de não ter começado com esse método.
Esperava fazer isso da maneira correta e não ganhar mais inimigos.

— Biscoito? — Kol olhou para a variedade de croissants, biscoitos


de chocolate e de açúcar.

— Que tal um croissant? — sugeri suavemente.

Eu deveria tê-lo deixado com Branka ou com os pais de Autumn,


mas não suportava deixá-lo o dia todo. Algumas horas aqui e ali estavam
bem. Além disso, meu pequeno adorava aviões, e aproveitei a oportunidade
para levá-lo em meu jato particular.

Foi a primeira vez, desde que Autumn se foi, que eu o vi tão


animado. Ele não conseguia decidir por qual janela olhar. E então, quando o
levei para a frente do avião, onde estava o piloto, seus olhos se iluminaram
como a estrela mais brilhante e ele sorriu tão feliz que me fez lembrar de sua
mãe.

— Papai, biscoito. — Kol empurrou as palmas das mãos contra o


vidro que o separava dos biscoitos. — Por favor, por favor, por favor. Papai,
biscoito.

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Eu me ajoelhei. — Ok, biscoito. Mas primeiro vamos almoçar.
Ok?

Ele sorriu, acenando com a cabeça ansiosamente. Preocupei-me


com o fato de ele não ter ouvido uma única palavra depois de ok.

— Ele tem você enrolado no dedo mindinho dele. — A voz


divertida de Byron veio de trás de mim. Kol e eu desviamos nossos olhos
para ele. Assim como eu, meu irmão usava seu terno.

As mãos de meu filho me envolveram no pescoço. Eu me levantei,


erguendo-o comigo e, durante todo o tempo, os olhos de Kol nunca se
desviaram de Byron.

— Está tudo bem, amigo, — eu lhe assegurei. — Este é o tio


Byron.

A surpresa cintilou nos olhos de Byron. Na verdade, isso também


me surpreendeu. As palavras saíram sem pensar duas vezes e, considerando
o que ele e Royce haviam feito por mim, eu lhe devia isso.

— Olá, Kol, — Byron o cumprimentou. — Você se parece com


seu pai.

Kol sorriu. — Meu papai.

Uma risada escapou de mim. — Você acertou.

— Maman? — Eu sabia que ele falaria sobre ela. Ele sentia falta
dela. Nós dois sentíamos.

— A mamãe também é sua, — eu disse. — Nós a traremos de


volta.

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— Nós vamos, — concordou Byron, sorrindo para o sobrinho. —
Nós, Ashfords, podemos nem sempre concordar, mas sempre trazemos a
família para casa.

Kol assentiu seriamente com a cabeça e eu me engasguei. Afinal,


ter um filho fazia isso com um homem. Anos de surras e miséria não me
sufocaram, mas ouvir meu filho me chamar de papai foi o suficiente para me
fazer engasgar com as emoções.

Jesus Cristo, tenho que me fortalecer antes de levar Autumn para


casa e termos mais bebês.

— Você pode encontrar uma mesa para nós, por favor? Vou pegar
o almoço de Kol e um biscoito, — disse a Byron.

Ele acenou com a cabeça. — Pegue um biscoito para mim também,


— respondeu, dando uma piscadela para Kol.

Cinco minutos depois, estávamos sentados à mesa da janela, com


a vida agitada da cidade passando por nós. Kol comeu sua comida, decidido
a almoçar para poder comer seu biscoito. Byron e eu tomávamos xícaras de
café preto.

— O que você tem para mim? — Perguntei-lhe, indo direto ao


assunto.

— Consegui uma entrada para você no Afeganistão, — respondeu


ele.

Meu coração se aquietou por um segundo e depois começou a


trovejar de esperança. — Quando?

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— Talvez você não fique feliz quando souber quanto custou, —
comentou Byron secamente.

— Não dou a mínima... — Eu me impedi de xingar. Não queria


que Kol pegasse o que estava dizendo. — Eu pagarei qualquer preço. Darei
tudo o que tenho.

O rosto de Byron escureceu um pouco. — Este é o problema, —


ele resmungou. — Isso é algo que você não tem. Ainda não. Tentei suborná-
lo, mas eles são teimosos.

— Pequenos idiotas? — Eu tinha um pressentimento de quem ele


estava falando.

— Meus primos, os pequenos idiotas Kingpins 22 . Seus modos


desequilibrados provocarão a próxima guerra mundial.

— Isso pode ser um eufemismo, — eu ri. Mas não importava, o


que quer que eles quisessem, eu daria. Se eu não tivesse, eu conseguiria. Para
Autumn, eu me ajoelharia, mentiria, enganaria e mataria. — Agora me diga
o que eles querem e eu não tenho.

— Quando você se casar com Autumn e a organização da Córsega


for entregue a ela, portanto a você, eles querem que você os tire de Filadélfia.

— Feito. — Foi uma decisão fácil. Eu estava saindo de qualquer


maneira.

— Sem mais nem menos? — Byron me olhou com desconfiança.

— Sem mais nem menos, — confirmei. — Estou saindo desse tipo

22
Kingpins of The Syndicate - série interligada com esta.

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de vida. Autumn foi criada de forma diferente. Ela quer salvar o mundo. Que
Kol tenha uma infância normal e segura, como a dela. E eu também quero.

— Então, será preto e branco de agora em diante?

Um suspiro sardônico saiu de mim. — Nunca é só preto e branco.


Há tantos malditos tons de cinza, e sempre farei o que for preciso para
proteger minha família. Mas não preciso do negócio ilegal nem da
organização da Córsega. Portanto, se ele quiser que eles saiam de Filadélfia,
eles sairão de Filadélfia.

— Está bem, então, — ele pensou. — Isso foi mais fácil do que eu
pensava. Vou enviar uma mensagem a Dante e vamos aguardar as
informações enquanto saboreamos o biscoito. O que você acha, Kol?

— Maman. Biscoito, — murmurou Kol com comida na boca,


como se entendesse que um acordo havia sido feito para recuperar sua
Maman.

Estou indo atrás de você, Autumn. Espere só mais um pouco.

Por Kol. Por mim. Por nós.

Sentei-me à mesa com Nico, Byron e Sasha Nikolaev no escritório


de Nico. Seus filhos gritavam, alguns choravam, outros brincavam. Toda a
mansão de Nico era um zoológico - mas um bom tipo de zoológico. Kol
também estava aqui, atualmente sob o feitiço dos biscoitos de Bianca. Ele

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provavelmente estaria cheio de açúcar graças ao seu cozimento constante.

Finalmente fiz um acordo com Dante DiLustro. Graças a Byron.


Basilio DiLustro sequestrou Wynter, a sobrinha de Liam Brennan. Para
garantir essa passagem para as montanhas do Afeganistão, Byron apoiou os
DiLustros em vez da família de sua meia-irmã... minha meia-irmã, Davina.
E prometi que a máfia da Córsega estaria fora de Filadélfia quando eu me
casasse com Autumn.

Não é preciso dizer que eu estava em dívida com ele. Muito


mesmo.

Finalmente segurei o contato de Dante em minhas mãos. Enviei


uma mensagem ao meu piloto para que estivesse pronto - de dia ou de noite.
Tínhamos uma maneira de entrar, o problema era por onde começar.

Não tínhamos ideia de por onde começar a busca e, a essa altura,


precisávamos de toda a ajuda que pudéssemos obter. O tempo era essencial.

— Se eu tivesse que adivinhar, eles estariam indo para as


montanhas. — Byron apontou para a fronteira entre o Afeganistão e o
Paquistão no mapa. Foi o mesmo caminho pelo qual tentei entrar no
Afeganistão há alguns meses.

— Foi o que pensei também, — resmunguei. — Essa montanha se


estende por quase 160 quilômetros. Ou, se eles estiverem tentando atravessar
para o Paquistão, são mais 2.600 quilômetros. É a proverbial agulha em um
palheiro. Não é só entrar e sair.

Meus olhos percorreram o mapa. — As montanhas são onde eu


apostaria que eles estão se escondendo.

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— Acho que essa é a nossa melhor aposta, — concordou Nico. —
A vigilância por satélite mostra muita atividade nas montanhas por parte dos
militares locais. Eles estão rondando o local como abutres.

Só de pensar em Autumn se escondendo, sendo perseguida como


um cachorro, me deu vontade de sair em uma onda de assassinatos. Punir
cada pessoa que ousasse sequer pensar em machucá-la.

A porta do escritório de Nico se abriu e Bianca entrou com uma


bandeja cheia de biscoitos. Os olhos de Nico se voltaram para sua esposa e
instantaneamente sua expressão se suavizou.

— Algum progresso? — perguntou ela.

— Temos uma maneira de entrar, — disse Byron a ela. — Se ao


menos conseguíssemos reduzir a porra das coordenadas.

— Eu vou com você, — ofereceu Sasha. — Não tenho nada


melhor para fazer. Pelo menos não em um futuro próximo.

— O quê? Não há mais caça aos DiLustro? — Byron perguntou


secamente. Sasha apenas deu de ombros, mas o brilho em seus olhos
prometia problemas. Tantos problemas que fiquei feliz por ele não ser meu
parente.

— Não, eu segui em frente. Tenho um alvo mais atraente, —


respondeu Sasha, com um sorriso de tubarão no rosto que não era um bom
presságio para quem ele tinha em mente.

Eu precisaria das habilidades de Sasha, mas não teria energia para


decifrar suas mensagens enigmáticas. Ou seus modos psicóticos.

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— Vou precisar de suas habilidades de atirador, — eu disse a ele
com relutância. — Apenas habilidades de atirador de elite.

— Tudo bem, vamos usar as habilidades de atirador de elite. —


Ele deu de ombros. — Mas quem perde é você. Sou mais divertido no
combate corpo a corpo.

Deus me ajude, eu não sabia como os irmãos de Sasha lidavam


com este filho da puta maluco. Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma
coisa, meu telefone tocou. Atendi sem dar uma olhada no identificador de
chamadas.

— Russo.

— Alessio. — A voz suave que eu reconheceria em qualquer lugar.

— Autumn, você voltou? — Silêncio. — Autumn?

— Não, — ela se contorceu. — Não tenho muito tempo. Eu queria


ouvir sua voz. E a de K-Kol. — Sua voz se embargou ao dizer o nome do
nosso filho.

— Vai dar tudo certo, — eu disse a ela. — Estou indo buscá-la.

— Não. Prometa-me que vai ficar longe. — Sua voz ficava mais
baixa a cada palavra.

O telefone de Byron tocou ao mesmo tempo, mas eu ignorei tudo.


Fixei os olhos em Nico e disse: — Rastreie meu telefone.

Coloquei a chamada no viva-voz e exibi o número. Sem me avisar,


Byron também digitou o número em seu telefone.

— De quem é esse celular? — Eu lhe perguntei.

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— É um telefone via satélite, — murmurou ela. — Não tenho ideia
de onde Kian o encontrou. Por favor, Alessio. Prometa-me que não virá. —
Ela baixou a voz para um sussurro. — Por Kol.

— É por Kol que estou indo atrás de você, — eu disse. — Não sou
bom sem você.

Eu não me importava com quem ouvia minha admissão. Era


verdade. Eu precisava que ela voltasse para minha casa, minha vida, minha
cama.

— Não. Fique em casa. Fique em segurança.

Meu coração se apertou. Parecia muito com um adeus. Eu não


gostei disso.

— Posso ouvir a voz de Kol? — Sua voz se embargou. — Sinto


muita falta dele. Quero ouvi-lo, só para o caso de eu não conseguir...

— Não diga isso, — rosnei. — Não se atreva a pensar nisso,


Autumn. Estou indo atrás de você. Tenho uma maneira de entrar. Diga-me
onde você está.

— Estamos nos escondendo nas montanhas. — Fixei o olhar em


Byron. A montanha foi a decisão certa.

— Me dê seu código de localização.

— É um telefone via satélite, — explicou ela. — Não acho que


tenha um código. Alessio, preciso que você me ouça; não tenho muito tempo.
Caso eu não consiga voltar, prometa-me que manterá Kol fora do submundo.
Por favor.

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— Você vai conseguir voltar, — prometi, com a voz trêmula. Pelo
amor de Deus, minha voz estava tremendo e suor frio se formou em minha
pele. Este medo era como gelo em meu peito. — Estou indo buscá-la. Nós o
manteremos fora do submundo juntos.

Eu podia ouvir tiros ao fundo. Parecia que estava se aproximando.


Os sons das balas eram mais altos do que quando atendi o telefone pela
primeira vez.

— Por favor, cuide de Kol, — sussurrou ela, com a voz difícil de


ouvir. — Eu deveria ter... — Uma longa pausa. — Quatro anos e depois isso.

— Teremos os próximos quarenta anos. Fique em segurança até


eu chegar lá, — ordenei com teimosia. — Você estará em casa antes do fim
da semana.

Os soluços se seguiram. — Eu não sei... — Sua voz se embargou.

Eu precisava vê-la. Protegê-la. — Você voltará para casa. Pode


até partir meu coração que eu não serei um idiota. Nunca mais. Nós
brigaremos e faremos as pazes. Mas você voltará para casa.

Seus gemidos foram minha resposta. Ela havia perdido a fé. Estava
com medo. E isso estava despedaçando minha alma. Eu podia tolerar a dor
de qualquer pessoa, menos a dela.

— Por favor, posso ouvir a voz de Kol? — ela se engasgou. Mais


soluços suaves se seguiram. — Só para garantir...

Bianca estava na minha frente, com Kol em seus braços. Ela


mastigava o lábio inferior, seus olhos brilhavam com lágrimas. Porra, eu

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também queria chorar. Mas não podia chorar agora.

— Ei, amigo, — murmurei baixinho. — A mamãe está ao telefone.


Você pode dizer oi para ela?

— Maman, — os olhos de Kol fitaram meu telefone.

— Oh, querido. Sim, sou eu, — ela chorou. — Sinto muito sua
falta. Você teve um bom Natal?

— Papai pode ir no avião, — balbuciou Kol. — Trazer mamãe


para casa?

— Eu não sei, querido. — Sua voz tremeu e isso me deixou


arrasado. Ela torceu uma faca invisível em meu coração e me fez sangrar.

— Você vai voltar para casa, — rosnei. — Eu irei atrás de você.


Apenas aguente firme. Estou indo atrás de você. Apenas permaneça viva.
Seja forte, só mais um pouco.

Gritos e berros preenchiam o fundo.

— Autumn, temos que correr. — Uma voz de mulher. Choro de


bebê. Homens gritando. — Os Talibã nos encontraram.

Meu coração congelou. Congelou pra caramba. Eu já havia


passado por muitas coisas, mas este medo era diferente de tudo o que eu
havia experimentado.

Eu podia ouvir sua inspiração profunda, como se ela precisasse de


coragem.

— Kol, a mamãe te ama, — ela sussurrou. — O-okay?

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— Ok, mamãe.

— Bom menino, — disse ela. — Tenho que falar com seu pai.

Acenei com a cabeça para Bianca e ela o levou para fora do


escritório.

— Por favor, cuide de Kol. Meus pais... por favor, mantenha-os na


vida de Kol. Mantenha-o seguro. Que não faça parte do crime. Faça com que
ele se sinta amado e, se ele se esquecer de mim, — a voz dela se embargou
e um soluço escapou, — diga a ele que eu sempre o amarei.

Sua última palavra foi interrompida por um soluço sufocado. —


Você mesma vai contar a ele, — eu disse com firmeza. — Nós vamos criá-
lo juntos. Da maneira certa.

Ela choramingou enquanto as explosões soavam ao fundo. — Eu


estou com medo, Alessio, — admitiu ela com um soluço suave. — Nunca
pensei que isso fosse acabar...

— Isso não é o fim, — rosnei. — É apenas o começo. Você é


minha. Você sempre foi minha. E eu não vou deixar que isso acabe. Eu irei
buscá-la, — prometi. — Vou buscá-la e, que Deus me ajude, Autumn, nunca
vou deixá-la ir. E para onde você for, eu irei. — Ela choramingou. — Não
chore, amor. Estou indo atrás de você.

Um grito agudo soou ao fundo. Tiroteio, tiros, mais gritos.

— Autumn? — Eu gritei.

Mais gritos.

— Cabeça para baixo. — A voz de um homem gritou para ela. Sua

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voz estava distante, trêmula. Eu podia sentir seu medo em meus próprios
ossos.

Uma forte explosão ecoou pela linha. Outra explosão.

— Autumn, ouça-me, — gritei, chamando sua atenção. — Fique


na linha. Precisamos rastrear a chamada. Para que possamos obter a
localização.

Outro rugido de uma explosão soou no receptor. Em seguida,


seguiu-se o temido silêncio.

— Autumn? — Eu gritei. Não houve resposta. — Autumn? — Eu


gritei.

Meus olhos se voltaram freneticamente para procurar Nico. A


expressão dele me encheu de medo no estômago.

— Você conseguiu a localização? — A voz não parecia a minha,


estava muito calma. Muito distante. Mas minha boca se moveu, a pergunta
era minha.

— Eu tenho a área geral, — respondeu Nico. — Deve ser


suficiente para escanear. Algo para começar.

— Deveríamos ir embora hoje, — resmungou Sasha. — Quanto


mais tempo eles ficarem lá, menor será a chance de sobreviverem. — Assenti
com a cabeça. — Se os Talibã os capturarem, eles vão tort...

— Não diga isso, porra, — adverti, com meu controle se esvaindo.


— Não se atreva.

Sasha me lançou um olhar sombrio. — Apenas esteja preparado.

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Ela pode não ser a mesma.

Ele saberia. Ele viu o rosto da minha irmã logo antes de ela tirar a
própria vida.

Quase três meses.

Já se passaram dez semanas e três dias desde a última vez que a


peguei no colo. Ao mesmo tempo em que conversei com Autumn, Byron
recebeu coordenadas do Senador Ashford. Isso foi há três dias. O mercenário
do senador lhe enviou as informações, embora, graças a Nico, soubéssemos
que eles estavam se movendo.

Porque eles estavam sendo atacados.

Minha mulher, que queria salvar o mundo, estava sendo atacada.


Apesar das baixas temperaturas, o suor escorria por minha espinha. Exalei
lentamente, acalmando meu pulso.

Eu só tinha que levar minha mulher para casa. Para o nosso filho.

O ar no helicóptero estava pesado, a tensão era grande. Sasha,


Byron e eu estávamos armados até aos dentes. Nico era mais adequado para
vigiar a área e ser nossos olhos e ouvidos em casa.

Era impossível conversar, pois o motor do helicóptero estava


muito alto. Eu não tinha forças para pronunciar uma única frase. Havia
apenas uma palavra, um nome para ser mais exato, que tocava em minha

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mente. Repetidamente. Autumn.

Quando eu a recuperasse, eu a abraçaria por dias. Depois,


colocaria um microchip nela para que eu sempre pudesse rastreá-la.

Baixei os olhos para o meu celular. Nosso alvo era um ponto verde
na tela do telefone. O dispositivo de rastreamento de Nico estava em todos
os nossos aparelhos. Subindo cada vez mais alto na montanha.

De acordo com Nico, havia seis pessoas para resgatar, incluindo


Autumn. Isso correspondia às informações que Byron recebeu do Senador
Ashford. Nós os salvaríamos, e falhar não era uma opção.

Prometi ao meu filho. Prometi à minha irmã. E aos pais de


Autumn.

— Cinco minutos para o pouso. — A voz do piloto estava baixa


em meu ouvido. Sasha verificou a munição de seu rifle sniper. Ele o chamava
de seu bebê. Estranho pra caralho, mas desde que ele acabasse com cada
ameaça de Autumn, ele poderia chamá-lo de sua amante. Eu não estava nem
aí.

Byron também examinou suas armas, verificando cada uma delas.


O helicóptero aterrissou. Um aceno de cabeça sem palavras. Eu estava na
frente, Byron verificando nossa esquerda e Sasha sendo nossos olhos lá de
cima e eliminando qualquer um que estivesse de olho em nós.

Meu coração trovejou contra minhas costelas. Estava tão perto de


minha mulher e, ao mesmo tempo, tão longe. Esperávamos entrar e sair.
Quando chegassemos a Autumn e aos mercenários, teríamos uma boa chance
de sair daqui.

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Byron e Sasha treinaram para isso. Sasha serviu com minha
falecida irmã, e suas habilidades eram muito procuradas. Byron serviu por
muitos anos em operações especiais. Estávamos vestidos com calças cargo
marrons e coletes de Kevlar pretos sob nossas jaquetas. Viajamos nos
últimos dois dias e todos nós estávamos com a barba por fazer.

O helicóptero pousou, minha respiração se acalmou e estávamos


em movimento. Com nossas armas prontas para disparar e os dedos no
gatilho, nós três saímos do helicóptero e entramos em ação.

Os olhos de Sasha examinaram a área em busca do melhor lugar


para nos proteger. Eu soube no momento em que ele o encontrou. Ele estava
pronto para nos proteger.

— Pegue sua mulher, — disse Sasha com frieza. Comecei a achar


que Nikolaev era viciado em adrenalina. — Volte. Sem desvios.

Um aceno conciso de cabeça.

Descemos a montanha, seguindo o ponto verde que Nico estava


rastreando. Graças a Deus, Nico conseguiu fixar o telefone via satélite depois
de receber as coordenadas do Senador Ashford.

— Apresse-se. — A voz de Nico se projetou em meu ouvido.


Byron e Sasha podiam ouvir o mesmo. — Eles estão cercados.

— Posso começar a eliminar agora, — rosnou Sasha, seu tom


sombrio em meu fone de ouvido.

— Faça isso, — eu disse. — Isso lhes dará uma chance de lutar


contra eles.

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O dedo de Byron estava no gatilho. E o meu também. Se ao menos
já estivéssemos lá para que eu pudesse começar a matar aqueles filhos da
puta. As rochas da montanha retardavam nossos movimentos. A neve
retardava nossos movimentos.

Outro penhasco íngreme na montanha e foi então que eu o vi. Um


grupo de trinta militantes cercando duas mulheres e quatro homens. Autumn.
Eu a reconheceria em qualquer lugar. Ela usava uma burca, mas não tinha a
cabeça coberta.

O medo em seu rosto era de cortar as entranhas. Seus olhos eram


castanhos, as lágrimas molhavam seu rosto magro. Porra, ela estava tão
magra.

Dois batimentos cardíacos, duas respirações silenciosas. Um olhar


compartilhado com meu irmão. Um aceno de cabeça e corremos, a neve
rangendo sob nossas botas. As balas de Sasha voaram pelo ar. Um a um, os
homens começaram a cair.

Minha raiva se misturou à adrenalina. Os mercenários lutaram


contra os homens. Um deles se agarrou a Autumn e, pela primeira vez em
minha vida, eu realmente esperava que o maldito sujeito permanecesse
colado a ela.

A cada passo mais próximo, eu podia ver. Os malditos garotos


usando armas para atacar minha mulher e seu grupo. Estes adolescentes não
deveriam estar aqui nesta montanha, lutando em combate. Deveriam ser
arrancados deste lugar esquecido por Deus e colocados em algum lugar onde
as armas estivessem fora de seu alcance.

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Mas eu não podia pensar nisso agora. Não podia ficar pensando
nisso agora. Eu não podia salvá-los. Eram eles ou a minha mulher.

Byron e eu corremos em direção a eles. Apontamos. Puxamos o


gatilho. Pum. Repetição.

Minha mandíbula estava firme. Meu cenho estava firme com


determinação. Eu tinha que chegar até minha mulher. Tirá-la deste inferno.
Ela ainda não tinha me visto. Seus olhos estavam fixos em uma arma
apontada para ela enquanto seu guarda-costas lutava contra três homens.

— Sasha, mate o desgraçado que está apontando a arma para ela,


— ordenei com aspereza. Graças a Deus, Sasha ouviu. Ele poderia ter uma
maneira de agitar as pessoas na sociedade normal, mas aqui ele era eficiente
e mortal.

Ouvi a bala voar pelo ar. O zumbido fez com que o homem caísse
no chão. Outro homem foi atrás de Autumn. Ela se jogou no chão, pegando
a arma que estava sobre a neve da montanha.

Um bebê gritou de algum lugar. Examinei os arredores, mas não o


vi. Voltei meu olhar para Autumn, que agora tinha apontado uma arma para
um dos homens.

Minha arma. Mesmo daqui, eu podia ver o logotipo nela. Mais dez
passos e eu a alcançaria. Estava muito longe. O inimigo estava diminuindo
lentamente. Sasha era um bom atirador. Byron também. Nós três
conseguimos reduzir o número deles de trinta para dez.

Alguém bateu em mim. Meu corpo caiu na neve, suavizando


minha queda. Caímos um sobre o outro, minha cabeça bateu contra uma das

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pedras.

Cerrei os dentes, ignorando a dor em meu crânio.

— Alessio. — Um grito de mulher. O grito da minha mulher.

Virei a cabeça para ver Autumn coberta por um desgraçado, com


sua arma apontada para o crânio dela.

— Sasha, — sussurrei, dando um soco nas costelas do desgraçado


que estava acima de mim.

— Ela está brigando demais com ele. — Sua voz era calma, tão
oposta ao meu batimento cardíaco irregular. — Um movimento errado e a
bala atingirá o crânio dela em vez do dele.

O desgraçado em cima de mim também se recusava a parar de


lutar. Peguei a faca no coldre da panturrilha e o apunhalei na têmpora.

Um uivo encheu o ar frio da montanha. Ele vibrou em meu crânio,


causando um zumbido em meus ouvidos. Levantei-me e vi Byron lutando
contra homens, tentando chegar até Autumn.

Levantei minha arma. Apontei. Puxei o gatilho. Sasha fez o


mesmo, abrindo caminho em direção à minha mulher. Não era de se admirar
que o cara fosse arrogante como a merda. Suas habilidades de atirador de
elite eram incomparáveis.

Parecia que levava uma eternidade para chegar até ela. Lutando
sob o corpo grande demais para que ela pudesse se livrar dele. Meus dedos
agarraram o cabelo do cara e eu o tirei de cima dela. Sem poupá-lo de um
olhar, apontei a arma para sua têmpora e puxei o gatilho.

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O grito agudo de Autumn percorreu a montanha. O sangue se
espalhou ao nosso redor e os olhos arregalados e cheios de medo se voltaram
para mim. O reconhecimento cintilou neles. Seu rosto estava coberto de
sangue. Não me importei. Ela ainda era a mulher mais bonita que eu já tinha
visto.

— Alessandro? — Ela continuou piscando, como se achasse que


tinha perdido a cabeça.

Os sons de zunidos ao meu redor me disseram que Sasha estava


no modo turbo, eliminando o inimigo ao nosso redor. Fiquei de joelhos e a
abracei.

— Eu disse que viria buscá-la, — eu disse, com a voz rouca. —


Você me deve um casamento.

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CAPÍTULO 45

AUTUMN

— Você me deve um casamento.

Um soluço sufocado saiu de meus lábios. De todas as coisas a


dizer.

— Tudo o que você quiser, — gritei, jogando minhas mãos ao


redor dele e espalhando beijos por todo o seu queixo e pescoço. — Estou
fedendo. Me desculpe.

Ele inalou profundamente e fiquei muito envergonhada.

— Você tem o cheiro da minha mulher, — ele murmurou, depois


encostou os lábios nos meus. Outro soluço miserável escapou de mim. —
Não chore, amor. Vamos para casa, para nosso filho.

Engoli, piscando as lágrimas que permaneciam em meus cílios.


Ele me puxou para cima e depois me empurrou para trás dele. Ouvi uma voz
fraca, mas não consegui localizá-la.

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Alessio assentiu com a cabeça e se virou para mim. — Temos que
correr de volta para o helicóptero e sair daqui. Há mais soldados vindo nesta
direção.

Meus olhos se voltaram para os companheiros que ficaram comigo


nos últimos quatro meses. — Não podemos deixá-los para trás.

— Não estamos deixando ninguém para trás, — ele me


tranquilizou. Segui seu olhar e encarei Byron em choque.

Kian voltou para mim, com a respiração pesada. — Você está


bem?

Peguei sua mão na minha e apertei. — Sim, você? — Senti, mais


do que vi, que tanto Kian quanto Alessio enrijeceram. Kian assentiu com a
cabeça. — Vamos para casa.

Outro homem já estava empurrando Salma em nossa direção. —


O bebê está bem? — perguntei a ela.

— Bebê? — perguntou Alessio.

Salma moveu sua burca, escondendo sua filha por baixo dela.

— Jesus Cristo, eles tinham um bebê com eles este tempo todo?
— Era a voz de Sasha que vinha pelo rádio de alguém. — Acho que não
deveria estar surpreso. Não com Autumn. Não sei se devo ficar
impressionado ou não.

— Fique impressionado, — grunhiu Alessio. Enterrei meu rosto


em seu peito e inspirei profundamente. Sândalo e especiarias. Deus, como
eu sentia falta dele.

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— Kol está bem? Está seguro? — murmurei.

— Sempre. — A boca de Alessio encostou em minha testa. —


Certo, vamos, — ordenou ele, com a respiração difícil. Todos os homens
respiravam com dificuldade. — Há mais soldados a caminho.

Ele não precisou repetir. Com a mão de Alessio na minha, todos


nós corremos. Ignorei a queimação de meus músculos cansados, a dor em
meus ossos.

Apesar do ar frio e da falta de roupas de inverno, o suor escorria


por minha espinha. Mas a mão de Alessio em minha mão derramou sua força
em mim e me fez continuar.

Eu não tinha ideia de quanto tempo estávamos correndo quando


finalmente vi o helicóptero. No momento em que o piloto nos viu, ele o ligou.
As pás giravam em círculos. Cada vez mais rápido.

Uma figura saltou no chão pela direita, assustando Kian. Sua mão
disparou para cima, mirando em...

— Sasha? — Eu deixei escapar, chocada.

— Ele é um amigo, — disse Byron a Kian. — Um louco, mas


ainda assim um amigo.

Sasha sorriu, não poupando Kian de um olhar. Este Nikolaev era


destemido.

— Nada mal para um homem que você veria tendo o coração


esculpido, — disse ele. — Hã?

Eu não tinha muita energia sobrando, mas minhas bochechas

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esquentaram mesmo assim. Diminuí a distância entre nós e o abracei. Alessio
me seguiu, com sua estrutura imponente logo atrás de mim, confortando-me
e protegendo-me.

— Obrigada, — choraminguei, fungando. — Muito obrigada,


Sasha. — Seus braços grandes me envolveram. — Desculpe-me, estou
fedendo, — murmurei meu pedido de desculpas, enquanto fungava. Depois
o abracei novamente. — Obrigada, por...

Minha voz ficou engasgada, trêmula. As palavras me falharam.


Tantas emoções estremeceram em meu peito. Engoli. — Eu-Eu... — Limpei
meu rosto com as mãos trêmulas. — Eu lhe devo muito.

Ele acenou com a cabeça. — Talvez um dia eu faça a coleta.

Virei minha cabeça para Byron. — E obrigada também, —


murmurei, abraçando-o.

Sua mão se aproximou e ele beijou minha bochecha. — Sempre


que quiser. Você é da família. — Eu lhe dei um sorriso trêmulo. — Agora
vamos sair deste lugar, futura cunhada.

Entramos todos no helicóptero, sem que Alessio largasse a minha


mão. Eu queria perguntar sobre Kol. Meus pais. Branka. Mas não havia como
conversar. Então, apenas segurei sua mão e aproveitei seu calor.

Duas horas no helicóptero.

Chegamos a um aeroporto particular no Paquistão. Alessio nos


instruiu a permanecer lá dentro, deixando-nos com Sasha enquanto ele e
Byron saíram.

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— Está tudo bem? — Perguntei enquanto me endireitava em
minha cadeira, meus olhos se voltaram para Sasha e depois para Alessio.
Havia soldados esperando por eles em frente ao grande avião, bloqueando
nossa saída.

— Sim, é melhor que esteja, — disse Sasha. Ele não parecia


preocupado. — Ou o primo de Byron será um maldito DiLustro morto.

— Hã? — Não entendi o que Sasha estava tentando dizer. Eu não


tinha a menor ideia do que ele queria dizer. Mantive meu olhar no aeroporto
vazio, com uma fileira de soldados armados até aos dentes em posição de
sentido. Byron e Alessio tinham apenas revólveres enfiados na parte de trás
de suas calças.

— Byron fez um acordo com um dos chefões, — explicou Sasha,


vendo minha confusão. — Digamos que os pequenos idiotas se saíram muito
bem.

— Oh.

Prendi a respiração, preocupada com a possibilidade de algo dar


errado no momento em que agora a luz no fim do túnel se acendia.

Alessio se virou, acenou com a cabeça e Sasha se levantou.

— Muito bem, senhoras e senhores. Vamos dar o fora daqui.

Sasha e Kian seguiram logo atrás de mim, os outros homens


cercando Salma e seu bebê, enquanto todos nós corríamos do helicóptero em
direção ao avião. Subi as escadas do avião, com os joelhos tremendo a cada
passo.

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— Está tudo bem. — A voz de Alessio estava bem atrás de mim,
com a palma da mão confortando minhas costas. — Basta entrar na cabine e
sairemos deste buraco de merda.

Dei um passo à frente. E mais um.

Parecia demorar uma eternidade, mas finalmente estávamos


dentro da cabine. No momento em que estávamos lá dentro, Alessio fechou
a porta da cabine.

— Vamos, — ele deu a ordem para o piloto.

Dez minutos e já estávamos no ar. Foi só quando pude ver as


nuvens ao nosso redor que um suspiro trêmulo finalmente me deixou e
lágrimas brotaram em meus olhos.

Levantando-me em seus braços, Alessio me levou para a parte de


trás do avião e fechou a porta com o pé.

Foi então que eu desmoronei.

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CAPÍTULO 46

ALESSIO

Um soluço de Autumn sacudiu seu corpo, seu rosto enterrado em


meu peito. Bem acima do coração que pertencia a ela. Ela era dona do meu
coração desde o momento em que nos olhamos, há oito anos, em seu
aniversário de 18 anos.

— Shhh. — Murmurei em seus cabelos pretos. Ela ainda cheirava


a outono e maçãs para mim. Aroma a casa. — Estou aqui agora. Sempre
estarei aqui.

Seus cabelos pretos caíam por seu corpo esbelto. Ele havia perdido
o brilho e seu rosto estava muito pálido, o contraste com o cabelo escuro era
gritante. As olheiras escureciam seus belos olhos cor de avelã, que pareciam
mais castanhos do que nunca. Quase sem vida, mas eu a traria de volta à
vida. Ela viveria feliz e despreocupada, comigo e com Kol.

Porque a alternativa não era uma opção. Eu cometeria um

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assassinato, me ajoelharia e passaria pelo fogo para garantir que os olhos
dela nunca mais ficassem castanhos.

Seu corpo tremia em meus braços. Porra, ela era um monte de


ossos. Sua burca estava dobrada no meio de suas coxas. Ela ainda estava
usando jeans, cada centímetro visível dela estava coberto de sujeira e sangue.

Jesus, sangue.

Até suas mãos estavam sujas de sangue. Seu lábio estava


arrebentado e havia sombras escuras sob seus olhos. Estes hematomas
pareciam ainda mais evidentes contra seu cabelo preto e sua pele pálida.

Foda-se.

Cheguei tarde demais. Cheguei tarde demais, porra.

— Sinto muito, amor, — sussurrei. — Sinto muito por ter


demorado tanto para chegar até você. Ninguém jamais a machucará
novamente.

Passei meus dedos suavemente em seu rosto. A fúria pulsava


dentro de mim, contra mim mesmo. Contra o mundo que ousou machucá-la.

Segurei seu corpo trêmulo perto de mim, agradecendo a todos os


santos por finalmente tê-la em meus braços.

— Você veio me buscar, — ela murmurou em meu peito. — Você


veio me buscar.

— Eu sempre virei buscá-la. Transformarei este mundo em cinzas


para encontrar você e Kol. Sempre.

— Eu pensei que... — ela disse, com a voz trêmula. — Pensei que

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nunca mais veria você. Ou Kol. — Seus dedos finos agarraram minha
camisa. — Eu perdi todos aqueles dias com ele. — Ela ergueu os olhos, seus
avelãs brilhavam em marrom. — Ele ainda se lembra de mim?

Peguei seu queixo entre os dedos e sustentei seu olhar. — Falamos


sobre você todos os dias. Ele nunca se esquecerá de você. E ele está
esperando por você. Seus pais, Branka, Kol. Todos nós esperamos por você.

Pequenos pontos verdes apareceram em seus olhos. — Eu fui tão


estúpida, — ela murmurou. — Imprudente. Eu poderia ter me perdido...

— Não, — murmurei, pressionando minha boca em sua testa. —


Bondosa. Há uma diferença.

Ela estremeceu em meus braços. — Deus, eu mataria por um


banho, — ela murmurou.

— Vamos fazer isso acontecer. — Meu avião particular tinha um


banheiro de luxo completo, então eu a peguei e a levei para o meu banheiro.
Sentei-a no assento almofadado e abri as torneiras da banheira. Abri um
frasco de banho de espuma e o despejei na água.

O cheiro de maçã e hortelã encheu o ar. Seu rosto manchado de


lágrimas observava todos os meus movimentos enquanto eu pegava as
toalhas de pelúcia e as roupas que havia embalado para ela.

Depois voltei para ela e me ajoelhei à sua frente.

— Quer que eu a ajude a tirar a roupa? — ofereci suavemente.

Uma pausa. A insegurança que eu não estava acostumado a ver


passou pelo rosto dela. Isto me deixou arrasado. Se aqueles homens a

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tocaram, eu voltaria e mataria todos eles.

— Alguém... — Droga, eu não conseguia nem dizer as palavras.


Eu suportaria milhões de anos de abuso, se isso a poupasse.

Ela balançou a cabeça e o alívio me inundou como água fresca de


nascente. — Não, Kian me manteve segura. — Suas mãos se envolveram em
torno de si mesma. — Talvez você não goste do que está vendo. — Sua voz
baixa e a vulnerabilidade em seus olhos cortaram meu coração. Isto fez meu
coração sangrar.

— Impossível, — eu lhe disse. — Quando você tiver cem anos de


idade, frágil, com cabelos brancos e coberta de rugas, você ainda será a
mulher mais bonita para mim. A única mulher para mim.

Seus olhos estavam vermelhos, lutando contra as lágrimas, e isto


fez meu coração doer. — Deixe-me ajudá-la, — ofereci gentilmente.

Observei o movimento de seu pescoço esbelto enquanto ela


engolia e, em seguida, fez um pequeno aceno de cabeça. Lentamente, tirei
sua burca. Depois me abaixei e tirei suas botas pretas de combate Tory
Burch. Em seguida, tirei o jeans. Depois, as meias. Sua camisa foi a seguinte.
Uma camisa de homem.

Quando meus olhos se voltaram para os dela, ela explicou: — Kian


me deu porque estava frio.

Assenti com a cabeça e a joguei fora. A próxima era uma camiseta


branca. Eu a reconheci. Era a mesma que ela usava durante o trecho que
passou na televisão. Esse clipe havia se tornado amplamente divulgado.
Tivemos que manter a televisão desligada dos novos canais para que Kol não

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visse sua mãe no meio de um tiroteio.

Um arrepio percorreu seu corpo. Meus olhos percorreram sua pele


pálida. Os ossos de suas costelas eram proeminentes contra sua pele. Os
ossos de seus quadris eram visíveis. Mas havia uma pequena protuberância
na parte inferior de sua barriga.

Meus olhos se voltaram para os dela e depois para sua barriga. —


Você está...

Engoli. Não podia ser. Homens como eu não tinham tanta sorte.
Homens como eu não mereciam isto, não depois de tudo o que eu havia feito.

— Acho que sim, — ela murmurou baixinho. Lentamente,


coloquei minha mão trêmula em seu ventre e a dela veio descansar em cima
da minha. — Mas não tenho certeza. Pode ser apenas estresse. Talvez? Não
sei.

— Está tudo bem, — assegurei a ela. — Nós vamos descobrir


juntos. Vamos superar tudo juntos. — Sua respiração trêmula preencheu o
espaço entre nós. — Juntos, — repeti.

Ela acenou com a cabeça. — Juntos.

Abri seu sutiã e depois ajudei com sua calcinha.

Ela estava nua na minha frente. Ela ainda era a mulher mais bonita
que eu já havia visto. Mas foi a expressão em seu rosto que me abalou.

— Pronta para ficar de molho e relaxar?

— Sim. — Uma sugestão de um sorriso pequeno e suave. Aquele


de que eu me lembrava.

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Segurei sua mão e a ajudei a entrar, sem querer deixá-la ir. Ainda
não. A água espirrou suavemente enquanto seu corpo descia lentamente para
a banheira.

— Ahhh. — Seu suspiro suave saiu de seus lábios.

— Bom?

— Perfeito. Obrigada.

Suas bochechas coraram sob a água morna e meus olhos estudaram


a maneira como sua pele brilhava, as bolhas escondendo seu corpo de mim.
Ela parecia tão pequena na banheira, seus olhos lentamente se tornando mais
verdes a cada segundo que passava.

Peguei o xampu e depois me sentei na borda da banheira. Abri a


tampa do xampu e lavei seu cabelo. O cabelo preto refletia a luz. Mantive
meus movimentos meticulosos, massageando seu couro cabeludo com
movimentos firmes e profundos. Seus olhos se fecharam, com os longos
cílios escuros contra as bochechas. Sua respiração era uniforme e constante,
e percebi que, mesmo que ela me dissesse para parar de tocá-la, eu não
conseguiria.

Meses de tensão e o medo de perdê-la para a maldita guerra se


infiltraram em mim a cada segundo. Eu saboreava cada suspiro suave dela.
Os meses sem ela quase me mataram. Cada segundo tocando-a me trazia de
volta à vida.

Comecei a passar xampu na raíz do cabelo e esfreguei o couro


cabeludo, depois enxaguei lentamente o xampu do cabelo. Em seguida,
apliquei o condicionador em seus fios. Depois que terminei de passar o

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condicionador, enxaguei com água fresca.

— Temos um voo longo. Quer ficar de molho por mais tempo? —


Ela balançou a cabeça.

Eu a ajudei a sair da banheira e depois a enxuguei suavemente com


uma toalha. Em seguida, sequei seu cabelo depois de tirar todos os nós com
cuidado. Fiquei mais tranquilo ao finalmente poder tocá-la. A dor em meu
peito diminuía lentamente a cada inalação de seu perfume.

— Calça de ioga ou jeans? — perguntei a ela. Eu estava com uma


sacola cheia de roupas dela há semanas, arrastando-a comigo para onde quer
que eu fosse. Byron foi o único que se atreveu a comentar sobre isso. E foi
só porque ele me lembrou de levar roupas confortáveis, meias e me entregou
um par de botas Ugg novas do tamanho dela que eu não lhe dei um soco.

— Calça de ioga, por favor, — ela murmurou, observando cada


movimento meu. — Você tem um moletom extra seu que eu possa usar?

Assenti com a cabeça e a ajudei a vestir a calça de ioga, seguida


do meu moletom. A calça ficou solta nela e isso partiu meu coração.
Seguiram-se as meias e depois os Uggs. Seus olhos se fecharam e uma
pequena expiração saiu de seus lábios. Minha camiseta engoliu sua pequena
estrutura, mas ficou bem nela. Deixava claro para qualquer pessoa com dois
olhos que ela era minha.

O silêncio se estendeu. Não era desconfortável, mas havia tantas


coisas que eu queria dizer-lhe. Eu queria começar uma nova vida com uma
lousa limpa.

— Encerrei todos os meus negócios ilegais, — comecei

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suavemente. Seus olhos se abriram e encontraram meu olhar. Verde, depois
marrom, de volta ao verde. — Ver uma das minhas armas apontada para você
foi um sinal de alerta. Eu não me importava com o destino delas, até ver
aquela filmagem. Acabei com tudo isso. Cansei disso tudo.

Sua língua saiu, passando sobre o lábio machucado. Nossos


olhares se cruzaram, os olhos que me cativaram desde o momento em que
nos conhecemos. E neles eu vi tudo o que precisava ver.

— Eu amo você. — Três palavras simples que tinham muito poder.


Mas somente quando ela as dizia.

— Eu não sabia o que era o amor, — eu disse. — Você me ensinou


o significado dele. Você me deu esperança para ele. Eu a amei desde a
primeira palavra que você pronunciou. O primeiro sorriso e eu estava sob
seu feitiço. O primeiro beijo e eu era todo seu.

— Idem, — ela engasgou. — Você foi o cara mais gostoso, e o


único cara, que já pisou no meu quarto.

Meus lábios se inclinaram para cima. — É melhor que eu seja. Ou


haverá alguma surra.

Dessa vez, ela também sorriu. — Prometa, meu velho?

Ali estava a minha garota. Ela podia não ser uma assassina ou
implacável, mas era forte mesmo assim.

— Prometo. — Se ela pedisse estrelas, eu encontraria uma maneira


de trazê-las para ela. Minhas mãos passaram pelos seus ombros e desceram
por sua coluna, e não perdi a maneira como ela se arrepiou sob meu toque.

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Meu pau endureceu instantaneamente, pronto para atacar. — Mas primeiro
vamos alimentá-la, — acrescentei, a necessidade de cuidar dela superando
minhas próprias necessidades.

— Você pode me abraçar? — murmurou ela, com o rosto


encostado em meu peito. — Só mais um pouco.

Enquanto eu a abraçava, nossos corações batiam como um só.

Dez horas depois, o avião aterrissou e a porta da cabine se abriu.


De mãos dadas, saímos e seus passos pararam.

Kol estava com os pais de Autumn, esperando por sua mãe.

Os olhos de Autumn se voltaram para mim. Verdes. Brilhando


com lágrimas de felicidade. As únicas que eu jamais toleraria.

— Eu não queria que você esperasse nem um segundo a mais do


que o necessário, — sussurrei.

— Eu amo você, — ela murmurou. — Muito mesmo.

— Vamos para Kol.

Descendo os degraus, Autumn correu em direção ao nosso filho.


Ele a encontrou no meio do caminho e meu coração se apertou no peito ao
ver minha família. Ela encheu o rosto de Kol de beijos, abraçando-o com
força e as lágrimas brilharam em seus cílios. Mas ela manteve o olhar fixo
nele, depois voltou para mim e novamente para o nosso filho. Como se

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estivesse com medo de que tudo isso desaparecesse.

— Tudo valeu a pena. — Sasha me deu um leve tapa nas costas.


— Lembre-se desta sensação agora mesmo quando a merda for para o
inferno.

Eu não tinha ideia do que ele estava falando.

Tudo em que eu conseguia me concentrar era na minha família.


No meu futuro.

O futuro que valeria cada sorriso, lágrima e tristeza.

Porque eu a tinha ao meu lado. Porque eles eram meus.

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CAPÍTULO 47

AUTUMN

Eu me ajeitei na cama, segurando as cobertas contra o peito e com


o coração acelerado.

Pisquei os olhos e depois pisquei novamente. Estava escuro. Muito


escuro. Eu não conseguia ver nada. Não conseguia ouvir nada. Nada de
armas. Nenhum sussurro em uma língua desconhecida. Seja árabe, espanhol
ou italiano. Estava tudo quieto.

Respirei fundo, o aroma familiar acalmou instantaneamente meus


batimentos cardíacos irregulares.

— Alessio? — gritei, meus olhos ainda tentando se ajustar à


escuridão.

— Estou aqui.

Segui a direção da voz e o encontrei sentado na mesma cadeira em


que se sentou na noite em que perdi minha virgindade com ele. A cintilação

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da borda vermelha do cigarro aceso iluminou seu rosto.

Cansado. Preocupado. — Você está bem?

— Sim.

Eu me mexi na cama, trazendo meus pés até ao peito. — Por que


está fumando, então?

Ele parecia fumar apenas quando estava estressado.

— Tenho medo de que, se eu dormir, acorde e perceba que você é


um sonho. Que você ainda está longe.

Eu entendia o sentimento. Desde o resgate, eu tinha pavor de


acordar e ainda estar em uma daquelas cavernas.

— Estou aqui, — murmurei.

— Venha cá, — ele sussurrou e, sem pensar duas vezes, deslizei


para fora da cama e caminhei pelo chão até ele.

Vesti a camiseta dele que estava pendurada. Precisava de seu


perfume em mim para dormir em paz. Suas mãos chegaram à minha cintura
e me puxaram para seu colo, e meus braços o envolveram.

— Obrigada por ter ido me buscar, — sussurrei pela centésima


vez. Minha mão pousou sobre minha barriga. — Por nós dois.

A primeira coisa que fiz quando chegamos em casa foi fazer um


teste de gravidez. Com ele. Sentamos no chão de azulejos do banheiro,
esperando o resultado. Juntos. O primeiro sinal rosa fez nossos corações
vibrarem. Então, fizemos outro teste. E então chorei lágrimas de felicidade
enquanto ele me abraçava e sussurrava palavras suaves.

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— Para sempre, — ele prometeu e eu acreditei nele. — Nunca
mais vá embora. Não sem mim.

Passei os dedos em seu cabelo. — Prometo.

Seus olhos me observavam, piscinas estáveis de cinza. Eu


costumava pensar que era uma cor fria, mas agora era a cor mais bonita do
mundo.

— Diga-me o que há de errado, — pedi baixinho. Meus olhos


percorreram meu corpo. — Eu perdi muito peso.

— Você ainda é linda. — Sua mão livre pegou minha nuca e ele
pressionou seus lábios contra os meus. — Não me importo com sua
aparência. Eu amo você. Sua alma. Seu coração. Sua força. Suas convicções
sobre salvar o mundo, mesmo quando elas me deixam louco.

— Eu também amo você. — Minha testa se encostou na dele.


Havia paz em seus braços. A sensação de plenitude. — Diga-me o que o está
incomodando.

Ele apagou o cigarro.

— Fiz um acordo para entrar no Afeganistão, — respondeu ele.

— Sim? — Eu insisti.

— Prometi tirar a máfia da Córsega de Filadélfia. — O significado


da frase foi compreendido.

— Então, precisamos nos casar? — Meus lábios se curvaram em


um sorriso. — Estou de acordo. A menos que você não esteja.

Ele soltou um suspiro sardônico. — Estou totalmente a bordo.

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Estive a bordo pelos últimos oito anos.

— Perseguidor, — eu provoquei.

— Casar é a parte fácil, — continuou ele. — A parte difícil é que


eu tenho que eliminar seu avô.

— Oh. — Seguiu-se o silêncio. Um silêncio tenso, mas quase


confortável. — Nós os visitamos e dizemos a eles que é assim que vai ser.

— E como vai ser, amor?

— Você assinou um contrato. Você me contratou. O acordo era


que o negócio deles viria para você. Para nós. Portanto, podemos fazer o que
quisermos com ele.

— Então, você não se importa em doá-lo?

Minhas mãos seguraram as bochechas de Alessio. — Se estou bem


com isso? — Eu disse. — Pensei que nunca mais veria você ou Kol
novamente. Achei que teria este bebê, — ele colocou a mão na minha
barriga, — sozinha. Então, porra, sim, eu estou bem com isso. Eu não quero
isso. E você já deixou isso para trás. Então, vamos fazer o que precisa ser
feito e viver nossas vidas.

Seu nariz roçou no meu. — Nós merecemos, não é mesmo,


querida? — ele murmurou.

— Você merece ainda mais do que eu.

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Dois dias depois, estávamos sentados em uma sala de estar azul e
com estilo do século XVI. Ou talvez fosse um escritório. Eu não sabia dizer
ao certo.

Marcel Blanchet me observava, com aqueles olhos cansados em


seu rosto enrugado. O cara era o chefe da máfia da Córsega, mas parecia
estar quase com os dois pés na cova. Ele tinha quase noventa anos, pelo amor
de Deus.

— Eu poderia ensiná-la como ensinei sua mãe, — resmungou o


velho, com a voz difícil de ouvir. Ou talvez fosse o fato de eu estar nervosa
por estar aqui.

— Não estou interessada, — respondi. — Alessio cuidará deste


negócio.

— Exatamente como seu pai, — cuspiu o velho. — Mas teimosa


e forte como sua mãe, pelo que vejo.

Meus olhos se voltaram para Alessio, imaginando se o velho me


elogiava ou me insultava, mas seu rosto era uma máscara imóvel. Este era o
homem impiedoso que as pessoas temiam.

Meu avô, era tão estranho chamá-lo assim, olhou para Alessio. —
Então, quais são seus planos?

— Estaremos saindo de Filadélfia, — disse Alessio, com um tom


frio. Quase entediado.

Meu avô se levantou rapidamente, e tive que piscar duas vezes


para ter certeza de que meus olhos não estavam me enganando. Alguém tão

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velho deveria se mover tão rápido?

— Nunca, — berrou meu avô, com o rosto ficando vermelho. Ele


estava prestes a ter um ataque cardíaco por nossa causa. — Enquanto houver
fôlego em meu corpo, isso nunca acontecerá.

— Esse acordo salvou a vida de Autumn, — continuou Alessio,


como se meu avô não tivesse falado. — E garantirá que Autumn e nossos
filhos estejam seguros. Um acordo quebrado significa morte. Para alguém.

O avô acenava com as mãos, murmurando palavrões em francês.


Alguns eu entendia. Eram os mesmos que minha própria mãe tinha a
tendência de repetir. Outros, eu não tinha a menor ideia do que significavam.

— Você deveria tê-la deixado morrer lá, — ele sibilou. Eu entendi


esta e Alessio também. — Nós tínhamos seu filho. Ele poderia ter assumido
o controle.

A tensão era tão grande que eu poderia facilmente sufocar se


respirasse fundo. No entanto, Alessio parecia relaxado. Quase feliz.

— Autumn.

— Sim? — Minha voz soou baixa.

— Diga-me, a janela dá para os jardins ou para o rio?

Pisquei os olhos. Minha mente ainda deve estar confusa. Jet lag ou
algo assim. — O quê?

O ar estava tão denso que poderia ser cortado com uma faca.
Estava frio lá fora, mas a temperatura nesta sala subiu 30 graus. Facilmente.

— Por favor, veja a vista da janela, — repetiu Alessio calmamente.

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Nossos olhos se encontraram e ele inclinou a cabeça para a grande janela
atrás de mim.

Um batimento cardíaco. Depois outro. Fiz o que ele pediu. Fui até
à grande janela que ia do teto ao chão, cada passo mais pesado que o anterior.
Minha palma chegou à janela e suspirei de alívio contra sua superfície fria.
Fiquei tentada a empurrar minha bochecha contra ela.

Quem diria que, depois de todas aquelas noites frias no


Afeganistão, eu precisaria de uma janela fresca para refrescar a tensão
palpável nesta sala!

Engoli. — Parece que é para o rio e...

Crunch. Snap.

O som de ossos se quebrando veio de trás de mim. Minha


respiração parou, meus batimentos cardíacos se arrastaram entre as duas
batidas.

— Deixe o escritório. — A voz de Alessio era suave. Calmante.


— Não se vire e saia por aquela porta. Espere por mim lá fora.

Sem questionar ou me sentir tentada a virar a cabeça, fui até à porta


e saí.

Mas foi assim que permaneci até à saída de Alessio.

— Você está bem? — A tranquilidade em sua voz e em seu rosto


era tudo o que eu precisava saber: tudo ficaria bem.

— Com você, sempre.

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EPÍLOGO
Três meses depois

As montanhas nos cercavam. A suave correnteza do rio percorria


o ar, misturando-se com o farfalhar das folhas e o aroma das flores de
cerejeira.

Kyoto na primavera era magnífica.

A última vez que Alessio e eu estivemos aqui foi no outono.


Naquela época, eu adorei. Adorava ainda mais agora.

A luz do sol substituiu a chuva. As ruas vazias agora estavam


cheias. Pétalas de flores de cerejeira tornavam as ruas coloridas. Os templos
estavam cheios de fiéis.

Já se passaram três meses desde o Afeganistão.

O mundo continuou girando. Aprendi a seguir em frente.

A música fraca se espalhava pelo ar, junto com as suaves pétalas


de rosa das flores de cerejeira.

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Todos os olhares se voltaram para mim quando as músicas
mudaram da tradicional música suave local para o coro nupcial.

Papai me levou até ao altar, onde, no final, Alessio me esperava


com nosso filho. Ambos com ternos iguais. Ambos olhando para mim como
se eu fosse o mundo deles.

Lágrimas de felicidade me arderam os olhos.

Os irmãos e irmãs de Alessio estavam conosco. Todos eles. Até


mesmo o Senador Ashford. Alessio chegou a uma paz relutante com ele e
até mudou legalmente seu sobrenome. Não havia mais espaço para o
fantasma sombrio do homem que o machucou, sua mãe, suas irmãs e seu
filho.

Tudo o que importava para mim era que Alessio estivesse feliz e
aceitasse tudo isso. Tudo o mais nós descobriríamos juntos.

Meus pais estavam aqui. Os amigos de Alessio e seus cônjuges.


Todas as pessoas que amamos e com quem nos importamos vieram
comemorar conosco.

Logo haveria um novo membro para dar as boas-vindas à nossa


família.

Minha mão foi até à parte inferior de minha barriga. Eu usava um


vestido de noiva branco simples que não ajudava muito a cobrir a barriga de
grávida. Não me importei. Eu estava orgulhosa disso. Ele sobreviveu. Nós
sobrevivemos.

Grávida de seis meses.

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Apesar da fome e das dificuldades durante o primeiro trimestre, o
bebê era saudável e estava crescendo bem. Eu tive sorte. Nós tivemos sorte.

Como um ímã, meus olhos se voltaram para o homem que estava


no final do corredor, vestido com um elegante smoking preto. Ele estava
esperando por mim. Oito anos.

O amor e a obsessão em seus olhos eram toda a confirmação de


que eu precisava. Não que eu tivesse duvidado de minha decisão.

A cada passo que eu me aproximava dele, o mundo se desvanecia


ainda mais, deixando-me sozinha com ele.

No momento em que fiquei de frente para ele, meu pai sorriu. —


A Sra. Corbin quer que eu transmita uma mensagem. — Um gemido suave
escapou de mim enquanto eu revirava os olhos. — Bem-vindo à família.

— Obrigado, — respondeu Alessio e seus olhos nunca se


desviaram de mim ao pegar minha mão. Nossos dedos se entrelaçaram e meu
coração floresceu como as flores de cerejeira ao nosso redor.

Ao fazermos nossos votos em meio à família e aos amigos,


nenhum de nós hesitou.

Afinal, oito anos era um longo tempo de espera.

Ele me puxou para mais perto. — Meu coração bate em sintonia


com uma música que só o seu coração pode tocar. Sua respiração me dá vida.
Sua cura para minhas cicatrizes. Sou eternamente seu, Autumn Ashford.

Meus lábios tremeram e meus olhos brilharam com o amor e a


felicidade que sinto por este homem.

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Ele ergueu o véu, e aqueles prateados derretidos escureceram e se
transformaram nas mais belas tempestades. Suas mãos seguraram meu rosto,
depois ele inclinou a cabeça, sua boca pairando sobre a minha.

— Seus olhos estão verdes, — ele murmurou.

— Estou feliz. — Meu nariz roçou no dele. — Porque você é meu


agora.

— Eu sempre fui seu. O leão sempre adorará sua leoa.

FIM

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