A
Megera
Domada
Roteiro
PERSONAGENS (até o
momento)
BATISTA Minola, Ana Beatriz
CATARINA Minola, Mariana
BIANCA Minola, Julianne
PETRÚQUIO, João Pedro
GRÚMIO, Ana Laura
GRÊMIO, Vinicius
HORTÊNSIO, Isac
LUCÊNCIO, Enzo Vinicius
TRÂNIO, Isabela
BIONDELLO, Antony
VINCÊNCIO, Beatriz
PADRE, Enzo G
Sumário
PRIMEIRO ATO
CENA |: RUA DIANTE DA MANSÃO DE BATISTA
MINOLA.
Tranio entra na frente do palco e se dirige ao público.
TRANIO: Olá senhoras e senhores. Sejam bem-vindos a Pádua,está linda
cidade de Lombardia. Meu nome é Tranio e serei seu guia nesta linda
história de amor. O legal do teatro é quem está aqui prega uma peça em
quem está aí (indica). Boa peça a todos.
Lucencio entra e olha em volta, maravilhado.
TRANIO: Tudo começou quando meu amado amo Lucencio, que é de Pisa,
aquela cidade com a torre inclinada, veio a Pádua para estudar, e quem
sabe, amar!
Tranio se junta a Lucencio.
LUCENCIO: Onde está Biomdello? Preciso achar logo um lugar para morar,
e me concentrar nos estudos.
TRANIO: Claro que precisa, amo. Mas lembre-se que nesse mundo
também existe o amor e não só os estudos.
LUCENCIO: Não tente me desviar dos meus objetivos. É impossível que eu
me apaixone....
Lucencio vê alguém se aproximando, põe a mão sobre o coravo.
LUCENCIO: Acho que fui atingido!
TRANIO: No coração?
LUCENCIO: Não. Por um cupido.
TRANIO: Ah... O Deus do amor! Parece que o impossível acabou de
acontecer.
Entram Batista, Catarina, Bianca, Hortêncio, e Gremio.
HORTENCIO: meu caro senhor!
GREMIO: Amigo Batista!
BATISTA: Chega! Vocês não me farão mudar de ideia! Ninguém poderá se
casar com Bianca, minha filha caçula, isso acontecerá só depois que
Catarina, a mais velha se casar.
CATARINA: Pare de me humilhar papai...
BIANCA: Irmãzinha...
BATISTA: Para melhor educação de minhas filhas, contratarei professores
particulares. Se quiserem recomendar bons professores, fiquem a vontade
senhores!
HORTENSIO: É claro! Mas pense melhor sobre o casamento, senhor
Batista.
GREMIO: Não castigue a fada por conta de uma bruxa.
BATISTA: Chega! Já está decidido.
Batista, Bianca e Catarina saem.
Gremio: o que vamos fazer? Não podemos deixar isso assim!
HORTENSIO: Já sei! Vamos achar um marido para a megera.
GREMIO: Só se acontecer um milagre.
Grêmio e HORTENSIO saem.
LUCENCIO: Oh Tranio! Vou morrer se não tiver aquela mulher como
esposa!
TARNIO: Lucencio veio a Pádua para estudar, como vai estar na faculdade
e na vida dela ao mesmo tempo?...
LUCENCIO: Já sei! Você será eu, eu serei o professor e o Biomdello será
você!
Eles trocam de chapéus.
CENA ||: NA FRENTE DA CASA DE HORTENSIO.
Petruquio e Grúmio vem chegando.
TRANIO: Este é Petrúquio, que acabou de chegar em Verona.
HORTENSIO: Querido amigo Petrúquio! O que te trouxe a Pádua?
PETRUQUIO: A vontade de me casar com alguém de grande dote.
HORTENSIO: Tenho a moça perfeita. Mas só tem um problema.
PETRUQUIO: Sempre tem que ter um, mas o que é?
HORTENSIO: Ela é muito antipática. Catarina Minola. Se você se casar com
ela te pago uma recompensa.
PETRUQUIO: Então me leve para onde minha futura esposa mora!
HORTENSIO: Só peço que me ajude em uma coisa, me apresente ao pai
dela como professor de música, para com que eu possa me declarar para
Bianca, sua filha mais nova.
PETRUQUIO: Pode deixar!
Hortensio e Petruquio vão para casa de Batista, onde encontram Grêmio,
Tranio e Lucensio.
TRANIO: Minhas saudações, sou Lucencio, de Pisa. Gostaria de saber o
caminho mais curto para casa de Batista Minola e de suas filhas.
HORTENSIO: Antes da resposta, gostaríamos se saber quais as suas
intenções.
TRANIO: Minhas intenções? Soube que ele queria um professor e tenho
comigo um (indica Lucêncio).
GRUMIO: Quem conseguir a mão de Bianca, deverá pagar uma
recompensa à Petrúquio (indica), que será responsável por domar o
dragão. Todos de acordo?
HORTENSIO: Com toda certeza.
TRANIO: Pode deixar!
FIM DO PRIMEIRO ATO.
SEGUNDO ATO
CENA|: INTERIOR DA MANSÃO BATISTA.
Trânio vai para frente do palco.
TRANIO: Estamos agora em frente à casa de Batista Minola.
Entram Hortênsio, Grêmio, Lucêncio e Petrúquio , Trânio se junta a eles.
GREMIO: Olá, meu querido vizinho.
Batista se junta
BATISTA: Bom dia cavalheiros.
PETRUQUIO: Um bom dia para você também cavalheiro, dou Petruquio e
acabo de chegar de Verona e ouvi falar sobre sua amada filha mais velha,
trouxe comigo um professor de música, seu nome é Lício.
BATISTA: Muito obrigado senhor Petruquio.
GREMIO: Querido vizinho, eu também trouxe um professor: Câmbio, um
sábio professor de línguas e literatura.
BATISTA: Seja bem-vindo, caro Câmbio. E quem é você, cavalheiro?
TRANIO: Sou Lucencio, filho de Vicêcio, de Pisa. Aceite esse alúde de livros
com presente.
BATISTA: Um homem de grande influência você e seus livros são bem-
vindos.
PETRUQUIO: Senhor, caso eu consiga a mão de Catarina, qual seria o
dote?
BATISTA: Vinte mil coroas agora, e metade das minhas terras depois da
minha morte.
PETRUQUIO: Justo. Da minha parte sua filha herdará todas as minhas terra
e propriedades. Que tal assinarmos um documento?
BATISTA: Ótima ideia... Depois que você conseguir o mais importante: o
amor de Catarina.
PETRUQUIO: Pode contar com isso.
Sai Batista. Tranio vai para frente do palco.
TRANIO: Enfim chegou a hora das declarações!
Entra Catarina.
CATARINA: Quem é você? Outro Professor?
PETRUQUIO: Não Cata, sou o homem que roubará seu coração.
CATARINA: Nossa que brega!
Petruquio tenta abraçá-la, ela o estaria.
PETRUQUIO: Juro que vou revisar se você me bater de novo.
CATARINA: Isso prova que você não é um cavalheiro.
PETRUQUIO: Ah, não precisa fazer essa cara de nojo, querida Cata. Me
aceite!
CATARINA:Não! Sua lesma.
Entram Batista, Grêmio e Tranio.
PETRUQUIO: aí vem seu pai. Não ouse me recusar.
BATISTA: E então, estão se dando bem?
PETRUQUIO: Maravilhosamente bem, senhor.
BATISTA: E você? Está mais calma, minha filha?
CATARINA: Filha? Como pode me chamar assim? Um pai que empurra a
filha para os braços de um desconhecido.
BATISTA:Mas você não quer se casar com ele?
CATARINA: Eu prefiro ver ele enforcado na torre da igreja!
BATISTA: Eu não entendo, Petruquio. Enquanto você diz uma coisa minha
filha diz outra.
PETRUQUI: É que nós combinamos que em público minha Cata iria
continuar sendo rude, mas vocês não imaginam o quanto ela me ama.
PETRUQUIO: Cata, minha paixão. Irei agora para Veneza, comprar trajes
para a cerimônia. Planeje a festa.
BATISTA: Eu não sei o que dizer, muito menos o que fazer.
TRANIO: Abençoe os pombinhos, senhor Batista.
BATISTA: Está bem, vocês têm minha permissão e minha bênção. Vivam os
noivos!
TODOS, MENOS CATARINA: Viva!
Catarina sai bufando e batendo os pés.
FIM DO SEGUNDO ATO
TERCEIRO ATO
CENA|: INTERIOR DA CASA DO SIGNOR BATISTA
Entram Lucêncio, com livros, como o professor de línguas, Câmbio,
Hortênsio, com um alaúde, como o professor de música, Lício e Bianca
(Hortênsio segura a mão de Bianca para ensinar o dedilhado)
LUCÊNCIO: pare, frívolo. É muito atrevimento seu, senhor.
Já esqueceu a recepção que sua irmã Catarina lhe deu?
HORTÊNSIO: mas, esta Bianca é a padroeira da harmonia
celestial. Então permita – me ter a prerrogativa, e quando
passarmos uma hora com música, sua lição também terá
licença pra tanto.
LUCÊNCIO: seu tolo que nunca leu o bastante pra saber
por que a música foi instituída! Não foi para refrescar a
mente após o cansaço? Então me dê licença para ler e,
quando eu descansar, sirva sua harmonia.
HORTÊNSIO: rapaz, eu não tolerarei tuas bravatas.
BIANCA: cavalheiros, vocês me ofendem ao batalhar por
minha escolha. Tomarei minhas lições ao meu prazer. E pra
findar os conflitos, paramos por aqui. (A Hortênsio) Pegue o
instrumento, toque um pouco. A lição acabará antes que o
afine.
HORTÊNSIO: você deixará a aula quando estiver afinado?
LUCÊNCIO: isso nunca será. Afine seu instrumento.
Hortênsio vai [para o lado] afinar seu alaúde. Lucêncio abre um livro
LUCÊNCIO: aqui, senhora.
(Lucêncio lê um trecho de um livro em mãos)
LUCÊNCIO: Ibat simois, hic est
BIANCA: traduza isso.
LUCÊNCIO: Ibat simois; sou Lucêncio; hic est, filho de
Vincêncio.
HORTÊNSIO: senhora, meu instrumento está afinado.
BIANCA: vamos ouvir.
(Hortênsio toca)
BIANCA: oh não, o agudo está desafinado
LUCÊNCIO: cuspa na cravelha, homem, e afine de novo.
(Hortênsio afina seu instrumento novamente)
HORTÊNSIO: senhora, agora está afinado.
(Hortênsio toca)
LUCÊNCIO: exceto o grave.
HORTÊNSIO: o grave está correto, é o biltre baixo que destoa.
(À parte, para a plateia) quão atrevido és este professor! Agora, eu juro, o
biltre corteja minha amada. Que professorzinho, irei vigiá-lo mais ainda.
BIANCA (a Lucêncio): mais tarde eu acreditarei; ainda não confio.
LUCÊNCIO (para Bianca): não desconfie disso, [em voz alta] * é certo que
o Eácida era Ajax, chamado assim por causa do avô.
(*Lucêncio fala em voz alta para distrair Hortênsio da conversa dele com
Bianca)
BIANCA: eu devo acreditar em meus mestres ou então ainda estaria
discutindo essa afirmação. Mas deixe assim. Caros mestres, não levem a
mal, eu rogo, que eu tenha sido brincalhona com ambos.
HORTÊNSIO (para Lucêncio): vá caminhar e nos deixe em paz. Minhas
lições não são para música em três partes.
LUCÊNCIO: para que tão detalhista, senhor? Bem devo
aguardar.
(À parte, para a plateia) E vigiar também, pois, a menos que eu esteja
errado esse professor está muito romântico.
Lucêncio fica de lado no palco
Entra às pressas no palco um mensageiro
MENSAGEIRO: senhora, teu pai roga que deixe os livros e
ajude a decorar o quarto de sua irmã. Sabe que amanhã é o
dia do casamento.
BIANCA: até logo a vocês, caros mestres. Devo ir.
LUCÊNCIO: pois é, senhora. Então não tenho por que ficar.
Saem Bianca, Mensageiro e Lucêncio
HORTÊNSIO: mas eu tenho razão para espiar este
professor, ele parece apaixonado. Mas, se teus, Bianca,
forem tão baixos que lança teus vagantes olhos em todo
engodo, agarra quem te queira. Se eu te vir errante,
Hortênsio retribuirá sendo inconstante.
Hortênsio sai
CENA ||: NA EM FRENTE À CASA DE BATISTA
Entram Batista, Grêmio, Trânio como Lucêncio, Catarina, Bianca, criado e
outros.
BATISTA (à Trânio): Signor Lucêncio, hoje é dia combinado do casamento
de Petrúquio e Catarina, porém, não temos notícias de nosso genro. O que
será dito, que escárnio haverá, sobre a falta do noivo quando o pároco
chegar pra celebrar os rituais do matrimônio? O que Lucêncio diz sobre
nossa vergonha?
CATARINA: a vergonha é só minha. Eu devo ser forçada a dar minha mão
sem meu coração pra um bruto insano cheio de capricho, que cortejou
com pressa e quer casar com calma. Eu lhes disse, eu sabia que ele era um
tolo desvairado, e para ser notado como engraçado ele cortejar mil,
marcar o casamento, fará amizades, os convidará, mas jamais se casará
com quem cortejou.
TRÂNIO: paciência, Catarina, e Batista também. Juro que Petrúquio só
quer o bem; embora seja tosco, eu sei que é muito sábio e honesto.
BATISTA: vai, filha, não posso culpar-te pelo choro. Tal injúria vexaria até
um santo, muito mais uma megera de ânimo agitado.
Entra Biondello, o outro criado de Lucêncio
BIONDELLO: patrão, patrão, notícias - velhas noticiais, e
notícias tais das quais nunca ouviu falar.
BATISTA: são novas e velhas também? Como isso é
possível?
BIONDELLO: ora, não é notícia saber da vinda de
Petrúquio?
BATISTA: ele veio?
BIONDELLO: ora, não, senhor.
BATISTA: o que, então?
BIONDELLO: ele está vindo.
BATISTA: quando ele estará aqui?
BIONDELLO: quando ele estiver onde estou e vê-lo aí.
TRÂNIO: mas diz, qual é a tua velha notícia?
BIONDELLO: ora, Petrúquio está vindo de chapéu novo e
jaqueta velha, um par de calças velhas virada três vezes do
avesso, um par de botas velhas, uma espada enferrujada
com o punho quebrado, e sem a ponta da bainha.
BATISTA: quem vem com ele?
BIONDELLO: oh senhor, seu lacaio, está trajado mesmo
como um mostro.
Entram Petrúquio e Grúmio, seu criado, fantasticamente
trajados
PETRÚQUIO: Onde estão os cavalheiros? Quem está em
casa?
BATISTA: seja bem-vindo, senhor.
PETRÚQUIO: no entanto, não chego bem.
BATISTA: no entanto, não manca.
TRÂNIO: Não tão bem trajado como eu gostaria.
PETRÚQIO: não seria melhor eu entrar assim mesmo? Mas
onde está Kate? Onde está minha linda noiva? Como vai
meu sogro? Ilustre estão franzindo a testa. E por que todos
os amigos miram como se vissem algum cometa ou augúrio
incomum?
BATISTA: ora, senhor, hoje é teu casamento e tu vieste de
forma tão inadequada, isso é uma vergonha para teu posto,
e uma ofensa ao nosso festim solene.
TRÂNIO: não vejo a noiva em tão desrespeitosas vestes. Vá
pra meus aposentos e vista roupas minhas.
PETRÚQUIO: nem pensar, creia-me. Eu a verei assim.
BATISTA: mas, penso, assim, você não cassara com ela.
PETRÚQUIO: chega de palavras, comigo ela se casa, não
com minhas roupas. Mas que tolo sou eu parlando com
vocês quando eu devia dar bom dia pra minha noiva, e
selar o acordo com um terno beijo!
Sai Petrúquio [com Grúmio]
TRÂNIO: deve ter seu motivo para esse traje louco. Se for
possível nós o convenceremos antes de ir à igreja.
Sai Trânio com Grêmio
BATISTA: eu vou segui-lo, pra ver o desfecho disso.
Saem Batista, Biondello e criados
CENA |||: AINDA EM FRENTE À CASA DE BATISTA
Entra Lucêncio como Câmbio e Trânio como Lucêncio, que agora falam
livremente como eles mesmos.
LUCÊNCIO: se não fosse pelo outro professor vigiar os
passos de Bianca tão de perto, seria bom, me parece, me
casar em segredo, uma vez que diga não todo mundo, ela
será minha.
TRÂNIO: vamos passo por passo. Vamos enrolar a barba
branca do Grêmio, o pai de Minola, tudo pelo seu bem
patrão Lucêncio.
Entra Grêmio
TRÂNIO: Signor Grêmio, você veio da igreja?
GRÊMIO: Com a mesma ânsia com que sempre vim da
escola.
TRÂNIO: e a noiva e noivo, estão vindo para casa?
GRÊMIO: um noivo, você diz? Está mais prum criado – um
servo resmungão, e a moça notará.
TRÂNIO: o que disse Kate quando ele se ergueu de novo?
GRÊMIO: tremia e agitava, pois Petrúquio pateava e
xingava como se o vigário fosse enganá-lo. Mas após o final
da cerimônia pede um vinho. Depois ele pediu um brinde
como se estivesse com marujos. Isto feito, agarrou a noiva
e começou a beijá-la com tal estalos que ecoou a igreja
toda. Fiquei com vergonha vendo isso e fui embora, atrás
de mim uma imensa multidão
Música toca
GRÊMIO: escutem, escutem, eu ouço os menestréis
tocando
(dependo qual for o som “menestréis” poderá ser
substituído)
Entram Petrúquio, Catarina, Bianca, Batista, Hortênsio como
Lício, Grúmio, criados e outros.
PETRÚQUIO: cavalheiros e amigos, sou grato pelo esforço.
Eu sei que querem cear comigo, mas o problema é que
minha pressa me pressiona e por isso peço licença a vocês.
TRÂNIO: imploramos que fique até após a ceia.
PETRÚQIO: não pode ser.
GRÊMIO: permita-me implorar.
PETRÚQIO: não tem como ser.
CATARINA: permita-me implorar.
PETRÚQIO: fico contente.
CATARINA: fica contente em ficar?
PETRÚQIO: estou contente em implorar que eu fique, mas
não posso ficar, por mais que implore.
CATARINA: agora, se me ama, fique.
PETRÚQIO: Grúmio, meu transporte.
GRÚMIO: sim, senhor, está pronto.
CATARINA: não, então, faça o que quiser, não irei hoje,
não, nem amanhã - não até estar satisfeita. A porta está
aberta, senhor, aí está seu caminho.
PETRÚQIO: oh Kate, te acalma. Rogo, não fiques com
raiva.
CATARINA: eu ficarei com raiva. O que tens a ver com
isso?
-Pai, fique tranquilo. Ele aguardará minha hora.
GRÊMIO: certo que sim, senhor. Agora a coisa ferve.
CATARINA: cavalheiros, prossigam pra ceia de casamento.
Saem Petrúquio, Catarina e Grúmio.
GRÊMIO: se não saíssem rápido eu morreria de rir.
TRÂNIO: nunca houve um casamento tão insano como
esse.
LUCÊNCIO: senhora, qual sua opinião sobre esse
casamento de sua irmã?
BIANCA: que sendo insana, está insanamente casada.
BATISTA: caros, embora a noiva e noivo estejam ausentes
de seus lugares à mesa, sabem que não falta quitutes no
banquete. Lucêncio, tu tomaras o lugar do noivo, e que
Bianca tome o de sua irmã.
Todos saem.
Quarto Ato
CENA |- ESTRADA PARA CASA DE CAMPO DE
PETRUQUIO.
Som de chuva. Petruquio entra puxando Catarina.
Ela se recusa a andar.
CATARINA: Eu não posso mais andar. Pode me largar aqui, pode me matar
que eu não vou me mexer.
PETRUQUIO: Que drama é esse? Cadê aquela mulher raivosa?
CATARINA: Ficou em Pádua. Meu pés doem, minhas pernas doem, meu
orgulho dói.
PETRUQUIO: Aposto que é preguiça que dá essa falsa sensação de dor.
CATARINA: Falsa? Eu cai na estrada!
PETRUQUIO: Porque é uma desastrada.
Petruquoo puxa Catarina, que vai chorando.
Tranio entra na frente do palco. Enquanto ele fala, atrás dele é armada a
casa de Petruquio.
TRANIO: (Para o público) A doação da megera continua na casa de
Petruquio.
PETRUQUIO: Fique a vontade, Cata, a casa é sua.
Catarina se senta na mesa com seis cadeiras, os únicos móveis da sala
PETRUQUIO: Cadê vocês bando de incompetentes?
NICOLAS: Estamos aqui...
PETRUQUIO : Parem de ficar olhando e vão logo preparar o jantar.
CATARINA: Jantar? Já está na hora da ceia.
PETRUQUIO: E então, o que achou do nosso lar?
CATARINA: muito bom.
Os criados entram com o jantar.
CATARINA: Posso beber um copo de água?
PETRUQUIO: Certamente sim Cata. Você é a rainha deste castelo.
Nicolas trás um copo de água. Petruquio pega com raiva e derruba boa
parte.
PETRUQUIO: Olha o que você fez!
NICOLAS: Perdão senhor.
CATARINA: Calma, foi um acidente .
PETRUQUIO : Não foi.
CATARINA:Claro que foi.
Catarina vai pegar o copo, mas Petruquio pega antes e joga toda a água
em nicolas.
NICOLAS: Desculpe, senhor
PETRUQUIO: Vamos comer, Cata? Que lixo é esse? (para nicolas)
NICOLAS: É o jantar senhor.
PETRUQUIO: essa gororoba fria?
CATARINA : Acho que vou comer mesmo assim...
PETRUQUIO: Não, não vai. Levem essa porcaria daqui (para nicolas)
CATARINA: Nós vamos passar fome?
PETRUQUIO: Melhor que ingerir essa gororoba.
CENA ||- INTERIOR DA MANSÃO BATISTA.
Tranio e HORTENSIO ( disfarcados)
TRANIO: Não é possível, Licio, eu sou o preferido de Bianca!
HORTENSIO: É mesmo? Esse professorzinho barato?
Entram Bianca e Lucencio.
HORTENSIO: (Para tranio) Vou abrir o jogo. Meu nome não é Licio e sim
Hortencio, e não sou professor de nada.
TRANIO: Já tinha percebido.
HORTENSIO: É mesmo?No entanto, me recuso a continuar lutando por
uma garota que não está nem aí para mim.
TRANIO: Sabe que eu também? Prometo nunca me casar com essa moça.
Hortensio e Tranio saem.
LUCENCIO: E então, minha querida aluna, está apreciando a leitura?
BIANCA: Antes de responde, me diga, o que estamos lendo?
LUCENCIO: Meu livro de cabeçeira: a arte de amar.
BIANCA: Espero que seja especialista nessa matéria.
LUCENCIO: Sendo ou não você é a dona do meu coração.
Tranio entra.
TRANIO: Cara Bianca, eu e Hortensio, desistimos de competir sua mao.
Bianca: É mesmo, Lucencio?
TRANIO: Hortensio foi buscar uma viúva dinamarquesa rica para
conquistar.
BIANCA: Tudo de bom para ele.
Bianca sai e biomdello entra.
BIONDELLO: Mestre, mestre, até que enfim achei um candidato.
TRANIO: Ele parece um mercador?
BIONDELLO: Parece.
TRANIO:E tem idade para ser o pai do nosso amo?
BIOMDELLO: Tem, mas não é o pai dele, viu?
LUCENCIO: Claro que não seu abobado. Qual é a sua ideia?(para Tranio)
TRANIO: Pretendo fazer com que ele finja que é o seu pai e legitimar a
herança de Batista, como nossa mestra Vicencio faria.
LUCENCIO: É um plano astuto. Boa sorte amigão.
LUCENCIO SAI, E O MERCADOR ENTRA.
TRANIO: Minhas saudações, senhor viajante.
MERCADOR: Que Deus te proteja, meu rapaz.
TRANIO: O senhor está de passagem?
MERCADOR: Vou ficar alguns dias aqui, depois parto para Roma.
TRANIO: Seria falta de educação perguntar de onde o senhor é?
MERCADOR: De maneira alguma. Sou de Mântua.
TRANIO: Oh, céus, espero não ter ouvido o senhor dize Mântua!
MERCADOR: Foi o que eu disse. Por quê?
TRANIO: O senhor quer morrer?
MERCADOR : Não. Por que?
TRANIO: Os Duque estão em pé de guerra e qualquer um de Mândua que
puser os pés em Pádua está condenado a morte.
MERCADOR: Oh, não! Eu preciso ficar aqui pelo menos um dia.
TRANIO: O senhor já ouviu falar em Vicencio?
MERCADOR: Sim, ela é famosa e rica.
TRANIO: É a minha mãe. Sabe que a senhora se parece com ela?
MERCADIR: Sério??
TRANIO: Cara senhora, estou disposto a fazer uma armação para que você
passe alguns dias aqui sem correr o perigo de morrer.
MERCADOR: EU aceito e serei grata.
TRANIO: Então vamos para combinarmos os detalhes.
A mercadora, Biondello e Tranio saem.
CENA |||- UMA SALA NA CASA DE PETRÚQUIO EM
VERONA
Entram Catarina e Grúmio em meio a uma conversa
GRÚMIO: não, não, de verdade. Eu não ouso, por minha vida.
CATARINA: quanto maior minha injustiça, maior sua maldade. Que, ele
casou comigo pra me matar de fome? Os mendigos que vão a casa de meu
pai recebem esmola e caridades. Mas eu, que nunca precisei pedir estou
sem alimento. Vá e me traga algum repasto.
GRÚMIO: o que me diz de um pé de boi?
CATARINA: é muito bom. Eu rogo, deixe-me comê-lo.
GRÚMIO: temo que seja uma carne por demais colérica. O que me diz
sobre uma buchada bem grelhada?
CATARINA: eu gosto muito. Meu bom Grúmio, traga-me.
GRÚMIO não sei, o que me diz de um bife com mostarda?
CATARINA: um prato que eu adoro degustar.
GRÚMIO: mas a mostarda é um pouco picante.
CATARINA: ora, me traga qualquer coisa, que alimente apenas com o
nome de carne. Te manda daqui (batendo nele).
Entram Petrúquio e Hortênsio, com carne
PETRÚQUIO: como vai minha Kate? O que, querida, exasperada?
HORTÊNSIO: senhora, como vai?
CATARINA: mais fria possível...
PETRÚQIO: cria coragem, mostra um sorriso. Veja amor, como sou
diligente, pra preparar a carne e eu mesmo lhe trazer. O que? Nenhuma
palavra? Ok, leva esse prato.
CATARINA: eu rogo, deixe-o aqui.
PETRÚQIO: O pior serviço merece graças. E assim o meu antes que toque a
carne.
CATARINA: eu lhe agradeço, senhor.
HORTÊNSIO: signor Petrúqio, que vergonha, você é o culpado. Venha,
senhora Kate, far-lhe-ei companhia.
PETRÚQIO (À parte): come tudo, Hortênsio, se tu me estimas.
PATRÚQIO (Para Catarina): muito bem isso faz ao teu suave coração. Kate,
come rápido; e agora, doce amor, iremos retornar a casa de teu pai, e
curtiremos finalmente.
Entra alfaiate
PETRÚQIO: Venha, alfaiate, vamos ver o orçamento.
Entra chapeleiro com um chapéu
CHAPELEIRO: eis o chapéu que sua excelência pediu.
PETRÚQIO: ora, isso foi moldado numa tigela. Que vergonha, é ruim e
barato. Fora com isso! Vamos, traga-me um maior.
CATARINA: não quero um maior. Isto está na moda, e madames usam
chapéus como este.
PETRÚQIO: Quando virar uma dama, você terá um também, e não até
então.
HORTÊNSIO (À parte): isso não será logo.
CATARINA: Bem, senhor, espero ter licença pra falar, e eu falarei. Não sou
criança, nem bebê. Homens melhores suportaram minha expressão e se
você não pode é melhor tapar os ouvidos, minha língua dirá a raiva do
meu coração, mas eu serei livre ao máximo, como eu quiser, em palavras.
PETRÚQIO: Ora, tu dizes a verdade. É um chapéu péssimo, uma crosta de
torta, uma torta de seda. Eu te amo por não gostares dele.
CATARINA: me ame ou não, eu gosto do chapéu, e eu o terei, ou não terei
nada disso.
Sai chapeleiro
PETRÚQIO: Teu vestido? Ora, sim. Vou vê-lo com o alfaiate. O que é isso?
(encara o vestido) todo entalhado como uma torta de maçã, parece
tesoura numa barbearia. Pelo diabo, como chama isso alfaiate?
HORTÊNSIO (à parte): acho que pelo visto nem o vestido terá.
ALFAIATE: você mandou fazer com muito esmero, de acordo com a moda e
momento.
PETRÚQIO: pela virgem, mandei, mas se você lembrar, eu não mandei
arruiná-lo para sempre. Não quero nada disso. Vá, faça o que quiser dele.
CATARINA: Eu nunca vi um vestido mais bem modelado, mas lindo, mais
vistoso, nem mais admirável.
HORTÊNSIO: certo alfaiate, amanhã te pagarei pelo vestido. Não leves a
mal suas palavras raivosas.
Saem todos
CENA ||||- EM FRENTE À CASA DO SENHOR
BATISTA
Entram Trânio, como Lucêncio, e o Mercador, trajado como Vincêncio
(opcional: usando botas e sem chapéu)
TRÂNIO: Senhor, esta é a casa. Gostaria que eu batesse?
MERCADOR: sim, claro. E a menos qu eu esteja enganado, Signor Batista
poderá se recordar de mim quase vinte anos atrás em Gênova - onde nós
fomos hóspedes na Pégaso-
TRÂNIO: está bem, e mantenha seu papel de qualquer modo, com tal
austeridade como cabe a um pai.
Entra Biondello
MERCADOR: eu lhe prometo. Mas, senhor, aí vem seu rapaz. Seria bom se
ele fosse instruído.
TRÂNIO: não o tema. [Para Biondello] Biondello, rapaz, agora faça todo o
seu dever, eu o aconselho. Imagine que fosse o verdadeiro Vivêncio.
BIONDELLO: Oh, não receie.
TRÂNIO: Mas deste o teu recado ao Batista?
BIONDELLO: eu lhe disse que seu pai estava em Veneza e que você o
esperava hoje em Pádua.
TRÂNIO (dando dinheiro a Biondello): tu és um cara bom. Toma isso pra
uma bebida. [ao Mercador] aí vem Batista. Entre no personagem, senhor.
Entram Batista e Lucêncio, como o professor Câmbio
TRÂNIO: Signor Batista, que sorte encontrá-lo.
(ao Mercador) - senhor, este é o cavalheiro que eu mencionei. Rogo que
seja um bom pai para mim agora. E me deixe Bianca como herança.
MERCADOR: calma, filho. (a Batista) - senhor, licença, tendo vindo a Pádua
cobrar algumas dívidas, meu filho Lucêncio deu-me conhecimento de um
assunto sério de amor entre sua filha e ele, e pelas boas coisas que ouvi de
você, e pelo amor que ele tem por sua filha, estou contente como um bom
pai de vê-lo unido, se você aprova isso, e se chegarmos a um acordo, você
me verá pronto e desejoso em mútuo consenso.
BATISTA: senhor, me perdoe no que eu tenho a dizer. É bem verdade que
este seu filho Lucêncio de fato ama minha filha, e ela o ama, ou ambos
dissimulam totalmente seus afetos. Portanto, se não tem nada mais a
dizer, que como api você cuidara dele e dará à minha filha um dote
suficiente, o arranjo está feito, e tudo está pronto. Seu filho permissão terá
pra ter minha filha.
TRÂNIO: agradeço, senhor. Tem alguma sugestão de onde fazer o noivado,
e tenhamos garantias que bancaremos as partes do acordo?
BATISTA: não em minha casa, Lucêncio, pois tu sabes que lá tenho muitos
criados. Além disso o Grêmio está sempre à espreita.
TRÂNIO: no meu aposento então, se preferir. Mande esse seu criado¹ aqui
buscar sua filha. Meu servo logo buscará o tabelião. Isso é o pior, fazendo
tudo sem aviso, você provavelmente terá um banquete exíguo.
(¹Lucêncio, como professor Câmbio, que foi apresentado a Batista como
servidor; Trânio pisca para ele, sinalizando a deixa.)
BATISTA: isto me convém. Câmbio, vá depressa em casa e peça à Bianca
que se apronte logo, e se puder, diga o que aconteceu.
Sai Lucêncio.
BIONDELLO: de todo coração, eu rogo aos deuses que ela possa.
TRÂNIO: Não te atrases com os deuses, te manda daqui.
Sai Biondello
TRÂNIO: Signor Batista, venha, melhoraremos isso em Pisa.
BATISTA: eu o sigo.
Saem
CENA |||||- NA ESTRADA DE VERONA PARA
PÁDUA
Entram Petrúquio, Catarina, Hortênsio, Grúmio e criados a caminho da
casa do Signor Batista
PETRÚQUIO: Vamos, por Deus. De novo pra casa do sogro. Bom senhor,
como brilha a lua clara e bela!
CATARINA: A lua? O sol! Não tem luar agora.
PETRÚQUIO: eu digo que é a lua que brilha tanto.
CATARINA: eu sei que é o sol que brilha tanto.
PETRÚQUIO: agora pelo filho da minha mãe - que eu sou - será a lua,
estrela ou o que eu quiser antes de viajar pra casa de seu pai.
HORTÊNSIO (Para Catarina): diga como ele diz, ou nunca iremos.
CATARINA: Ok, é a lua...
Entra o velho Vincêncio, o verdadeiro pai de Lucêncio
PETRÚQUIO (À Vincêncio): bom dia, gentil senhora, aonde vai? - diz-me,
doce Kate, e diz-me de verdade, já contemplaste uma madame mais
formosa?
HORTÊNSIO (à parte): ele o deixará louco, tratando-o como mulher.
PETRÚQUIO: perdoe, bom ancião, e, por favor, nos diz que direção tu
segues. Se na mesma nossa, ficaremos alegres com tua companhia.
VINCÊNCIO: Justo Senhor, e você, minha alegre senhora, que com esse
estranho jeito me espantaram, eu sou Vicêncio, e resido em Pisa [, e estou
indo para Pádua ver meu filho.
PETRÚQUIO: Qual é o nome dele?
VINCÊNCIO: Lucêncio, caro senhor.
PETRÚQUIO: feliz em conhecer-te, e mais feliz pelo seu filho. A irmã de
minha esposa, esta madame, teu filho desposou agora. Ela é de boa
estima, relaxe. Vamos ver teu honesto filho, que ficará alegra com sua
chegada.
Ele abraça Vincêncio.
VINCÊNCIO: mas é verdade isso, ou está apenas pregando uma peça?
HORTÊNSIO: eu te asseguro, pai, que é assim mesmo.
VINCÊNCIO: certo, então vamos e veremos se é verdade.
Saem todos, exceto Hortênsio.
HORTÊNSIO: bem, Petrúquio, isto me deu coragem. Agora minha viúva, e
se ela for ingovernável, então tu ensinaste Hortênsio a ser abominável.
Sai
CENA |- NA FRENTE DA CASA DE LUCÊNCIO.
Lucêncio , Bianca e Biondello entram
BIONDELLO: Posso assistir ao seu casamento amo?
BIANCA: Por que não?
LUCENCIO: Porque precisam dele em casa. Vamos?
BIANCA: Vamos.
Lucencio e Bianca saem
BIONDELLO: Queria tanto assistir.
Biondelo sae, e Gremio entra.
GREMIO: Cadê esse tal de professor Câmbio que não apareceu mais?
Entram Petrúquio, Catarina, Vicencio e Grumio
PETRÚQUIO:Está é a casa de seu filho Lucencio, senhor.
VICENCIO: Por favor fique para beber alguma coisa.
O mercador vestido de Vicencio aparece na janela.
VINCÊNCIO: Lucencio está em casa?
MERCADOR: Está, mas não pode ser perturbado no momento.
VINCÊNCIO: E se essa pessoa trouxer um presente?
MERCADOR; Guarde o presente.
PETRUQUIO: O senhor pode por gentileza avisar Lucencio que seu pai
chegou?
MERCADOR: Queentira mal contada, o pai dele está bem aqui nesta janela
VINCÊNCIO: Você está me dizendo que você é o pai dele?
MERCADOR: Sou sim, segunda a mãe dele.
PETRUQUIO: Isso é roubo! Identidade falsa!
MERCADOR: Pode mandar prender ele!
VINCÊNCIO: Eu?!
Entra Biondello.
VINCÊNCIO; Biondello, venha já aqui.
BIONDELLO: Por que deveria fazer isso? Nem te conheço.
VINCÊNCIO: Como não seu se besta? (Ameaça bater em Biondello)
Biondello sai correndo
PETRUQUIO: O que você acha de ficarmos para ver o que acontece?
CATARINA: SE você ficar eu fico.
GREMIO: Vou ficar também, nunca né diverti tanto.
Entram Tranio e Batista.
TRANIO: Como ousa ameaçar meu criado?
VINCÊNCIO: Como ouso? Como você ousa acreditar nessa mentira.
TRANIO: DO que o senhor está falando?
BATISTA: O que está acontecendo? Esse homem é maluco.
TRANIO: Só pode ser.
VICENCIO: Mas quanta mentira.
BATISTA: O senhor o conhece?
VINCÊNCIO: Como não vou conhecer? Eu crio ele desde os três anos de
idade! Ele é o Tranio.
MERCADOR: Seu doido! Ele é Lucencio, meu filho!
VINCÊNCIO: Lucencio? Filho? Oh céus! Ele matou o amo dele!? Onde está
meu filho??
TRANIO: Alguem chame um guarda!
VINCÊNCIO: Isso é inacreditável!
Entram Lucencio e Bianca.
Biondello, Tranio e o mercador saem correndo.
LUCENCIO: Perdão querido pai.
VINCÊNCIO: Filho? Você está vivo!
BIANCA: Querido paizinho, você pode me perdoar?
BATISTA: Por que? Se aquele não é Lucencio onde está ele?
LUCENCIO: Eu sou Lucencio. Perdão senhor, me casei com sua filha sem
você realmente saber quem sou.
BATISTA: Então você não é o Câmbio?
LUCENCIO: Não. Fiz isso porque amo sua filha.
BATISTA: Quer dizer que vocês se casaram sem minha bênção?
BIANCA: Sim,mas nós perdoe.
VINCÊNCIO: Não se preocupe senhor, o senhor ficará satisfeito depois que
acertamos essa união.
BATISTA: Espero que sim.
Todos saem.
CENA ||- IINTERIOR DA MANSÃO BATISTA.
Tranio vai para frente do palco.
TRANIO: Finalmente está tudo bem, as irmãs estão casadas, Hortêncio
também se deu bem, se casando com uma tal viúva Dinamarquesa... nesta
história o final é feliz!
Todos os atores entram
CATARINA: Eu demorei, mas descobri com ser uma pessoa melhor,
obrigada a todos.
Todos reverenciam.
Fim.