Sistemas de Proteção em Estruturas
Metálicas em Situação de Incêndio
Introdução
A monografia intitulada 'Sistemas de Proteção em Estruturas Metálicas em Situação de
Incêndio', de Caio Augusto Ribeiro Moreira, investiga os desafios e soluções relacionados à
proteção de estruturas metálicas, em particular o aço, contra incêndios. A pesquisa abrange
aspectos históricos, técnicos e normativos, apresentando um panorama dos principais
sistemas de proteção passiva utilizados no Brasil para aumentar a resistência do aço
quando exposto a altas temperaturas. Além disso, o estudo combina uma profunda revisão
bibliográfica com a análise de casos históricos de incêndios devastadores e seus impactos
sobre estruturas metálicas.
1. Contexto Geral e Importância do Tema
Com o crescimento do uso do aço em edificações, impulsionado pela Revolução Industrial,
surgem também preocupações sobre sua vulnerabilidade em situações de incêndio. Apesar
das suas vantagens, como alta resistência mecânica e leveza, o aço perde suas propriedades
estruturais em temperaturas elevadas, tornando-se suscetível ao colapso. Este fator é
crucial para a segurança de edificações e dos seus ocupantes.
O autor enfatiza que, ao atingir temperaturas de aproximadamente 550°C, o aço perde cerca
de 40% da sua resistência, o que pode resultar em falhas estruturais. Tais colapsos têm
consequências trágicas, tanto em termos de vidas humanas quanto de perdas materiais, o
que justifica a crescente importância do tema, especialmente à luz das normas de segurança
contra incêndios que se tornam cada vez mais rigorosas.
2. Histórico do Uso do Aço e de Incêndios em Estruturas Metálicas
A monografia traça um histórico do uso do aço em edificações, destacando seu crescimento
a partir do século XVIII. Um marco importante foi a construção, em 1885, do primeiro
edifício totalmente metálico nos Estados Unidos, pertencente à The Home Insurance
Company. Com o aumento do uso do aço, incêndios em estruturas metálicas também se
tornaram mais frequentes, revelando a vulnerabilidade do material às altas temperaturas.
Entre os desastres históricos mencionados, destacam-se o incêndio de 1906 em São
Francisco, causado por um terremoto, e o incêndio no Edifício Grande Avenida, em São
Paulo, em 1981. O autor também cita o colapso do Edifício Wilton Paes de Almeida, em
2018, que trouxe à tona a urgência de melhorias nas normas de proteção de estruturas
metálicas no Brasil.
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3. Características do Aço em Situações de Incêndio
O comportamento do aço em situações de incêndio é detalhado no estudo. Quando exposto
a temperaturas acima de 500°C, o material começa a perder suas propriedades mecânicas, o
que compromete sua resistência estrutural. Alterações na estrutura cristalina do aço e a
dilatação térmica excessiva são fatores que contribuem para o colapso de edifícios,
especialmente em função da flambagem e das deformações resultantes.
4. Proteção Passiva: Métodos e Comparação
Para mitigar esses riscos, o autor discute os principais sistemas de proteção passiva, que
são essenciais para prolongar a resistência ao fogo das estruturas metálicas. Esses sistemas
retardam a propagação das chamas e minimizam a elevação da temperatura no aço,
aumentando o tempo de segurança para evacuação e combate ao incêndio. Os métodos
analisados são:
4.1. Tintas Intumescentes
As tintas intumescentes expandem-se ao serem expostas ao calor, formando uma camada
isolante que protege o aço por mais tempo. Oferecem boa estética e são relativamente fáceis
de aplicar. No entanto, são mais caras e requerem manutenção periódica.
4.2. Materiais Projetados (Argamassas e Fibras)
Materiais projetados, como argamassas à base de gesso ou cimento, são aplicados
diretamente sobre o aço e proporcionam excelente resistência térmica. São econômicos e
podem oferecer proteção de até 240 minutos, embora o acabamento estético seja inferior ao
das tintas intumescentes.
4.3. Placas de Gesso Acartonado
Placas de gesso acartonado são amplamente utilizadas em ambientes internos. Elas são
fixadas diretamente sobre o aço, fornecendo uma barreira física contra o fogo. Apesar de
oferecerem um acabamento estético satisfatório, são frágeis e exigem cuidados especiais na
instalação.
4.4. Placas de Lã de Rocha
As placas de lã de rocha são feitas de fibras minerais que resistem a altas temperaturas e
proporcionam isolamento térmico eficiente. Embora sejam leves e fáceis de manusear, seu
custo é elevado, e a instalação pode ser complexa.
5. Normas Técnicas e Regulação
O trabalho aborda as normas brasileiras de proteção contra incêndio, como a NBR 14323 e
NBR 14432, que estabelecem critérios para o dimensionamento de estruturas metálicas em
situação de incêndio. Apesar de serem essenciais, o autor alerta que a aplicação dessas
normas no Brasil ainda é insuficiente. A tragédia da Boate Kiss, em 2013, que resultou na
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morte de mais de 200 pessoas, é um exemplo da falta de fiscalização e conscientização no
cumprimento das normas de segurança.
6. Considerações Finais
A escolha correta dos sistemas de proteção passiva é fundamental para garantir a segurança
de edificações em caso de incêndio. O autor destaca que a decisão sobre qual método
utilizar deve considerar fatores como custo, facilidade de aplicação, estética e manutenção.
Embora existam soluções técnicas eficazes, a conscientização e a fiscalização no Brasil ainda
são limitadas, e muitos projetos de construção carecem de sistemas adequados de proteção
passiva.
O autor sugere que as autoridades brasileiras intensifiquem a fiscalização e revisem as
normas técnicas, garantindo que a segurança contra incêndios se torne uma prioridade em
todas as edificações.
7. Contribuição do Trabalho
A monografia contribui significativamente para o campo da engenharia civil e da segurança
contra incêndios ao fornecer uma análise detalhada dos sistemas de proteção passiva no
Brasil. Além disso, alerta para a necessidade de maior atenção por parte das autoridades e
profissionais da construção civil quanto à segurança contra incêndios, especialmente em um
cenário onde as normas são frequentemente aplicadas de maneira insuficiente.
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