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1.

A multidisciplinaridade do sistema turístico


O turismo é dividido em subsistemas (cultural, natural, social e econômico).
Segundo a teoria do Sistema de Turismo apresentado por Beni, para atingir um
desenvolvimento (sustentável) do turismo, através do planejamento, é
necessário compreender a interligação dos quatro vértices. Estes serão os
subsistemas identificados nas Relações Ambientais, na Organização Estrutural e
nas Ações Operacionais do Sistur, assim os subsistemas são ecológico,
econômico, social e cultural da superestrutura, da infra-estrutura, do mercado,
da oferta, da demanda, de produção, de distribuição e de consumo. Dessa
forma, o turismo não é uma atividade isolada. Este apresenta um sistema
estrutural da localidade, e sua sustentabilidade depende de todo o Sistema
Turístico, organizado e consciente. O conceito de Sistema Turístico tem sua
fundamentação na Teoria Geral dos Sistemas (TGS), que propõe o método
holístico (holos: relacionado com o todo), que busca conhecer a complexidade
organizada e a totalidade e inicia o desenvolvimento de um método multi, inter e
transdisciplinário. Assim, a TGS apresenta vantagens em relação ao
planejamento do turismo, já que permite elaborar um conceito global de turismo,
aborda o turismo de uma maneira integral (as partes que o compõem e as
relações entre as partes: a complexidade organizada) e oferece uma linguagem
que facilita a comunicação entre profissionais que se formaram em distintas
áreas científicas. O planejamento turístico é dinâmico e probabilísticos, logo, se
opõe do conceito da planificação tradicional, que é mecânica, reducionista e
determinista. Segundo Molina (1997), a planificação sistemática do turismo
desempenha funções orgânicas no sistema turístico, pois apresenta planos
flexíveis e não mecânicos capazes de promover a evolução direcionada a
alcançar níveis qualitativos superiores e passíveis de adaptação às variações
ambientais. Além disso, para que a planificação do turismo assuma efetivamente
natureza e caráter orgânico, necessita a participação ativa, influente e
negociadora dos planificadores, das comunidades locais receptoras, dos
membros do setor privado com real interesse no turismo e nos turistas. Dessa
maneira, é necessário o planejamento do turismo. Assim, é fundamental o
envolvimento do poder público no processo de planejamento. É ele que deve ter
a visão global e pensar na comunidade como um todo, buscando o benefício de
todos.
2. O planejamento do turismo
Para Beni (2001, p. 189) o planejamento, do ponto de vista governamental, é
“um processo que estabelece objetivos, define linhas e ação e planos detalhados
para atingi-los e determina os recursos necessários à sua consecução” e segue
afirmando que o processo deve ser contínuo, permanente e dinâmico: “é ele que
mantém o Sistur ativo continuamente, pois sofre uma perene realimentação,
visto a atividade revelar enorme interdependência e interação dos elementos
que a compõe”. E chama atenção para as etapas do processo: “planejamento é o
processo de interferir e programar os fundamentos definidos do Turismo que,
conceitualmente, abrange em três pontos essenciais e distintos:
estabelecimento de objetivos, definição de cursos de ação e determinação da
realimentação.” Barretto (2002, p. 12), destaca que as definições do termo têm,
em comum, duas ideias: a complexidade (sistema, processo, mecanismo) e a
ação voltada para o futuro. Logo, o planejamento é um sistema, um processo,
um mecanismo de ação voltado para o futuro.
3. O papel do governo no planejamento do turismo
Segundo Beni (2001, p. 82) o Estado é a ‘mão oculta’ que dirige a política da
área, ao mesmo tempo em que assegura que os serviços turísticos que mais
satisfazem os visitantes sejam oferecidos pelos mais capacitados a fornecê-los.
Isso fica claro na realidade dos municípios, pois estes têm sua política
direcionada pelas Secretarias de Turismo ou pelos departamentos correlatos,
ligados à Prefeitura, mas são afetados pelas políticas regionais ou federais e
pelas organizações internacionais (OMT, por exemplo). Ruschmann (2001, p. 29)
afirma que é papel do Estado “cumprir uma série de obrigações a favor de um
desenvolvimento ordenado dessa atividade, a fim de evitar seus impactos
negativos nas comunidades e no meio natural”. A União Internacional de
Organizações de Viagens, precursora da OMT, destaca que o papel do Estado no
turismo poderia ser dividido em cinco áreas de desenvolvimento: coordenação,
planejamento, legislação e regulamentação, empreendimentos e incentivo.
Sendo que Hall (2001, p. 184) acrescentou mais duas funções: um papel de
turismo social e de proteção de interesses. Dessa forma, o desenvolvimento do
turismo depende muito da atitude dos líderes governamentais e empresariais, se
essa liderança for resistente ou mesmo passiva em relação ao turismo, o
desenvolvimento será lento ou mesmo inexistente. É importante analisar se
existem obstáculos para o desenvolvimento turístico e qual sua importância.
Vias de acesso, meios de hospedagem, serviços turísticos, infraestrutura urbana,
segurança, existência de atrativos e de profissionais qualificados podem ser
motivadores ou obstáculos ao desenvolvimento turístico, dependendo de sua
existência e importância. Dessa forma, o governo deve investir em estrutura de
acesso (estradas, aeroportos ou portos) e urbana básica (ruas, guias, sarjetas,
água, esgoto, luz, asfalto, limpeza pública), além de “prover de uma
superestrutura jurídico-administrativa (secretarias e similares) cujo papel é
planejar e controlar que os investimentos que o estado realiza retornem na
forma de benefícios para toda a comunidade.”(BARRETTO, 2003, p. 33). Já o
setor privado, caberia os investimentos nos equipamentos (meios de
hospedagem, transportadoras, agências de viagens e transportes), nos serviços
(guias, hospedagem, transporte, recreação), nos equipamentos de apoio (postos
de gasolina, rede gastronômica, rede de diversões, hospitais, farmácias, bancos,
casas de câmbio, lojas de suvenires e de objetos afins ao local) e serviços de
apoio (alimentação, assistência médica, serviços mecânicos e de socorro,
expedição de documentos, bombeiros, telefones e rádios PX), sendo que, neste
último item, haveria a participação conjunta do setor público e privado
(BARRETTO, 2002). A complexidade do turismo faz com que todas as ações das
diferentes esferas da administração pública, local, estadual ou nacional
influenciem e sejam influenciadas pelo turismo. É difícil desenvolver turismo num
país ou local com problemas de saúde (epidemias e outros), por isso a
importância da articulação com as secretarias ou ministérios de Saúde.
Igualmente, regiões em guerra ou com problemas de segurança dificultam o
desenvolvimento do turismo, sendo necessário o envolvimento com diversas
corporações e órgãos responsáveis pela segurança (polícia civil e militar,
exército etc.). Também não há turismo sem transporte. Seja ele rodoviário,
ferroviário, aéreo ou fluvial, é necessário que haja boa estrutura e logística para
assegurar o desenvolvimento do turismo. Outra preocupação é com os terminais
de ônibus de turismo. Se o destino optar por esse tipo de turismo, terá que
estruturar áreas para o estacionamento de ônibus e embarque e desembarque,
próximo aos atrativos turísticos, com o cuidado de não afetar o tráfego de
veículos e a estrutura física do local. O turismo também não se desenvolve em
áreas comprometidas ambientalmente. O lixo, a poluição ambiental, o
desmatamento, a construção descontrolada, são condicionantes negativos dos
fluxos turísticos, evidenciando a necessidade do inter-relacionamento entre os
setores públicos responsáveis pelo turismo e pelo meio ambiente ou, ainda, pelo
planejamento público, como um todo. Dessa forma, isso reforça o entendimento
de que é necessário compreender o turismo, como um sistema que afeta e é
afetado por diversos setores e fatores de uma comunidade, sendo fundamental a
observância e intervenção do setor público.
4. O planejador – existe isenção?
O planejamento não é isento, pois em todas as ações, o ser humano deixa o
reflexo de seus valores e princípios. Segundo Barretto (2002, p. 13) “Um bom
planejamento de turismo requer uma profunda pesquisa social, em que toda e
qualquer tentativa de neutralidade seria um desrespeito para com os sujeitos
que necessariamente fazem parte do processo.” O autor Hall (2001, p. 84) cita
Healey (1997, p. 65) que observou: “compreende-se agora no campo de
planejamento que este é um processo interativo, realizado em um contexto
social e não um mero processo técnico de projeto, análise e gerenciamento”.
Hall (2001, p. 86) também referenda a importância de o planejador situar-se
como parte do sistema que está sendo planejado, não um sujeito a parte de todo
o processo. Assim, a área de estudo de onde provém o planejador também
interferirá no produto final.

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