Ecologia - 1° NPC
Ecologia - 1° NPC
A definição mais atual da ecologia define-a como um estudo do meio ambiente, focando as
inter-relações entre os organismos e seu meio circundante (Ricklefs, 1980). Também pode ser definida
como o estudo da estrutura e da função natural (Odum, 1963). Ela busca responder 3 perguntas: onde
estão os organismos? em quantos indivíduos ocorrem? por que eles estão ou não estão lá?
Contexto Histórico
Os egípcios e os babilônios aplicaram métodos ecológicos para combater as pragas que assolavam
suas culturas de cereais no rio Nilo e na Mesopotâmia. (Odum, 1977). Passada a Idade Média,
Antonie Van Leeuwenhoek, conhecido pela criação do microscópio, evidenciou a relevância das
cadeias alimentares e a regulação das populações (Dubois, 1988). Gaunt reconheceu a importância da
determinação quantitativa das taxas de natalidade, mortalidade, razão sexual e estrutura de idade das
populações. Outro naturalista, Buffon, assinalou que existem forças capazes de contrabalançar o
crescimento populacional. Malthus determinou que as populações podem crescer em ritmo
exponencial e os recursos em ritmo aritmético. Verhulst derivou a curva logística de crescimento
populacional. Fart descobriu a relação existente entre taxa de mortalidade e densidade populacional.
Darwin e Malthus mudaram a ideia platônica de que a natureza esteve em equilíbrio perfeito após
estudarem que muitas espécies foram extintas ao longo do tempo, concluírem que existem
competições causadas por pressão populacional e assegurarem a seleção natural.
Na Alemanha, Ernst Haeckel propôs o termo ecologia pela primeira vez: oikos (casa) e logie (estudo).
Mobius introduziu a noção de biocenose estudando uma comunidade de organismos existentes em um
banco de ostras. Forbes propôs que o lago é um sistema ecológico independente e é considerado,
juntamente com Forel e Thienemann, pioneiros da ecologia aquática. Ligados ao Brasil, Warming
estudou o Cerrado, focando nos estudos dos fitossociológicos em comunidades (exploração de
madeira) e constituiu um dos primeiros estudos sobre ecologia terrestre mundial. Nos Estados Unidos,
Crowley descreveu a sucessão ecológica nas dunas ao sul do lago Michigan. Clements desenvolveu o
conceito de evolução das comunidades e Tansley propôs o ecossistema como unidade básica de estudo
da ecologia.
Enfoques da Ecologia
A ecologia possui relação direta com outras ciências biológicas cuja doutrina é essencial para o
desenvolvimento moderno. São exemplos dessas ciências a microbiologia e a zoologia. Também
conecta-se à ciências que fornecem dados e ferramentas de trabalho metodológicas, são essas a
informática, estatística e demografia. Além disso, é utilizada na medicina, nos direitos (Art. 225. –
Cap VI: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.) e nas engenharias. Podemos dividir os
enfoques dessa área abrangente em duas categorias: descritivo, que consiste em levantamentos da
fauna e flora, e experimental, baseada em testes de hipóteses conduzidas sob o ponto de vista
científico e rígido. Antigamente, dividia-se a ecologia em vegetal, estudando apenas o nível trófico e
animal, excluindo-se os produtores autótrofos. Mas, atualmente, pode ser dividida em autoecologia:
ecologia das populações, e sinecologia: ecologia das comunidades.
Unidades Ecológicas
Sistema: conjunto cujos elementos unem-se por meios de propriedades calcadas na interação, na
interdependência e na sensibilidade a certos mecanismos reguladores, de tal modo que formam um
todo unificado. (Odum, 1963).
Ecossistema: conjunto de organismos que vivem em determinado local e interagem entre si e com o
meio, formando um sistema estável.
Espécie: Conjunto de indivíduos capazes de se reproduzir entre si.
População: Conjunto de indivíduos da mesma espécie que vivem em um território cujos limites são
em geral delimitados pelo ecossistema presente.
Ecótipo: Populações de uma mesma espécie que apresentam grande dispersão geográfica.
Hábitat: Lugar onde a espécie vive.
Nicho Ecológico: Entende-se por nicho ecológico todo conjunto de características e condições que
permite a sobrevivência de uma determinada espécie no ambiente. Em outras palavras, representa o
“papel ecológico” de um indivíduo e seus costumes no ambiente em que ele se encontra.
Nicho Espacial: Espaço físico ocupado por determinada espécie.
Nicho Trófico: Posição do organismo dentro de uma cadeia alimentar.
Nicho Hipervolumétrico: Posição dentro do gradiente ambiental. Leva em consideração as condições
bióticas e abióticas e pode ser dividido em duas subcategorias: nicho fundamental, que é o conjunto
de todas as faixas de variações potencialmente exploráveis por uma certa espécie, e nicho realizado,
que aborda condições ambientais e topográficas.
Generalidades
Fator ecológico é todo elemento do meio suscetível de agir diretamente sobre os seres vivos, ao
menos em uma fase do ciclo de desenvolvimento. Esse fator pode agir sobre a distribuição geográfica
dos seres vivos eliminando certas espécies dos territórios cujas características climáticas ou
físico-químicas não lhes convém, pode agir modificando as taxas de fecundidade e mortalidade
atuando sobre o ciclo de desenvolvimento e provocando migrações, e pode agir favorecendo o
aparecimento de modificações adaptativas.
A lei do mínimo ou do fator limitante diz que o crescimento dos vegetais é limitado pelo elemento
cuja concentração é inferior a um valor mínimo, abaixo do qual as sínteses não podem mais acontecer.
Portanto, um fator ecológico desempenha papel de fator limitante quando está ausente ou reduzido
abaixo de um nível crítico ou se
excede a nível máximo tolerável.
O conceito dos limites de
tolerância foi incorporado na Lei
de Tolerância por V.E. Shelford
em 1913.
A valência ecológica/grau
relativo de tolerância é a
possibilidade de uma espécie
povoar meios diferentes
caracterizados por variações
maiores ou menos dos fatores
ecológicos. Esteno (estreito)
suporta variações limitadas e
Euri (largo) suporta muita
variação. Assim:
estenotérmico-euritérmico se
refere à temperatura, estenoídrico-euriídrico se refere à água, estenoalino-eurialino se refere à
salinidade, estenofágico-eurifágico se refere ao alimento, estenoécio-euriécio se refere à seleção do
habitat e estenotópica-euritópica se refere à expansão dos seres vivos.
Fatores Ambientais
Antrópicos
“A natureza é um depósito infinito de lixo”, “a energia é gratuita”.
A perda de habitat é a diminuição da área adequada para a sobrevivência de uma determinada espécie
e é, muitas vezes, causada por agentes antrópicos. Tais agentes, conhecidos por serem a espécie
humana, degradam as áreas naturais com frequência e causam impactos, na maioria negativos, para a
ecologia vigente. Também causam conversões no solo, entre eles podemos citar as áreas
transformadas em parques, ou para cultivo de animais e plantas (que têm como nalidades de gerar
desde alimento, madeira e látex, até energia), ou ainda para moradia, ocorrendo o processo de
urbanização. As alterações causadas pela conversão de habitat incluem a redução da abundância,
perda de espécies e alterações na composição de espécies, sendo que algumas dessas “respostas” dos
organismos só são percebidas vários anos após o início dos distúrbios. Outro fator bem presente nas
ações humanas é o desmatamento, que pode ser definido como a prática de retirada de cobertura
vegetal parcial ou total de ambientes florestais. O desmate tem vários objetivos, como para dar lugar a
urbanização, agropecuária ou exploração de madeira. Por fim, e não menos preocupante, a
urbanização contribui efetivamente para a degradação ambiental, pois é o processo de conversão de
áreas naturais ou rurais em cidades. Essa conversão resulta em uma rápida alteração das condições
ambientais, por meio da poluição do ar, pesticidas, aumento da densidade humana, alteração climática
e construção de obras de infraestrutura como estradas e rodovias. De forma resumida, isso pode levar
a eventos de extinção ou extinção local, alteração na abundância, composição, riqueza e respostas
evolutivas. Mesmo que busquemos avaliar esses eventos de forma isolada, muitos deles podem
ocorrer ao mesmo tempo, de maneira não excludente.
Bióticos
A interação e a interdependência entre os seres vivos que compõem um ecossistema é a condição
essencial para sua sobrevivência. Mesmo as plantas verdes que sintetizam seu próprio alimento
necessitam de insetos para a polinização. Portanto, de acordo com a classificação de Bary, a relação
entre os organismo chama-se simbiose e é dividida em
Disjuntiva: os organismos não mantêm contato constante. Pode ser social, como o efeito das
plantas no que tange o sombreamento, umidade e vento, e pode ser nutritiva, sendo dividida entre
antagônica, tendo como exemplo o pastoreio e o predatismo entre animal e vegetal, e recíproca, como
a polinização provocada pelo inseto ao colher o néctar e pólen das plantas e o cultivo de fungos pelas
formigas.
Conjuntiva: os organismos diferentes vivendo em contato recíproco. Pode ser social, como o
epifitismo (planta se desenvolve em um organismo sem parasita-lo), e pode ser nutritiva antagônica
(parasitismo) ou recíproca (simbiose - benefício mútuo entre espécies diferentes).
Píricos
Antigamente o homem aprendeu a utilizar o fogo não só para aquecer-se, e sim para produzir um
rebrote novo que atraía animais. Assim, esse fator foi bastante utilizado no cenário agrícola. As
plantas adaptaram-se ao fogo, desenvolvendo grossa camada de cortiça ou posicionando suas gemas
sob a superfície do solo (gramíneas, além de ter parte aérea facilmente “descartável”). O fogo tem
sido utilizado como instrumento de remoção de macegas (Arbusto rasteiro encontrado em pastagens
de qualidade inferior). Todavia, o manejo inadequado do fato acarreta queimadas e colabora para o
efeito estufa.
Espécies com pequena resistência: lenhosas, arbustivas, com caule lignificado, e com pontos de
crescimento afastados do solo.
Espécies com grande resistência: herbáceas, caules não lignificados, subterrâneas, com pontos de
crescimento junto ao solo, e que possuem gemas sob o solo (gramíneas).
Desvantagens do uso do fogo: aumenta a perda por erosão em terrenos declivosos, afeta o conteúdo da
água, causa prejuízo em regiões áridas, elimina insetos (inimigos das pragas), expõe o solo a
intemperismo, etc.
Vantagens do uso do fogo: remove macega, estimula novos brotamentos, destroem ectoparasitas,
combate plantas invasoras, previne incêndios, prepara o solo para germinação de sementes, estimula o
crescimento de gramíneas, eleva produção de massa verde.
Raunkjaer (1903) propôs um sistema baseado no
grau de proteção das gemas. a- Fanerófitas:
brotos (gemas) localizados nas pontas dos ramos;
b- Caméfitas: formas de vida prostrada; c-
Hemicriptófitas: brotos (gemas) e propágulos
semi-serrados no solo; d- Criptófitas:
brotos(gemas) e propágulos totalmente
enterrados no solo; e- Terófitas: plantas anuais
que se reproduzem por sementes.
Fisiográficos
Altitude: é medida em metros acima do mar e
determina a amplitude ecológica das espécies
vegetais, por seus efeitos sobre a temperatura e pluviosidade. A altitude máxima de uma espécie é
determinada pela temperatura mínima noturna, enquanto a altitude mínima é determinada pela
disponibilidade de água. Muitas vezes ocorre que as plantas típicas de elevações alcancem os vales
seguindo o trajeto do curso da água e se originam no alto da serra, formando florestas de galeria.
Declividade: é medida em graus ou porcentagem e afeta a vegetação pelo seu efeito sobre a
distribuição da energia solar e umidade. Quanto maior o declive, menor a temperatura alcançada pelo
solo. Tal fato afeta as perdas de água por evaporação e aumenta a velocidade do escorrimento
superficial e o processo de erosão. A declividade determina o grau de intensidade do manejo do solo e
da vegetação em função da necessidade de controle da erosão. Assim, conforme recomendações
técnicas, de 0 - 10% de declividade podem ser mínimas as práticas de conservação do solo na
exploração agrícola; de 10 - 25% a construção de cordões de contorno, terraços e patamares é
condição essencial ao estabelecimento de atividades agrícolas; acima de 25%, a exploração deve ser
cessada e somente atividades silvipastoris de baixa intensidade são recomendadas.
Exposição: diz respeito à direção para a qual está voltada a vertente da serra. Seus efeitos se
fazem na precipitação, temperatura e disponibilidade de água. Ecologicamente, a altitude e a longitude
são auto compensáveis e, assim, determinada espécie vegetal que próxima do equador só aparece em
elevadas altitudes ocorre em altitudes cada vez mais baixas na medida em que alcançam uma latitude
cada vez mais elevada.
Edáficos
O solo, além de servir como meio de fixação das plantas, lhes fornece a maior parte dos nutrientes
necessários para a sua existência. Do ponto de vista ecológico, solo e vegetação evoluem juntos, se
auto-influenciando. Para cada tipo de solo tem-se uma comunidade vegetal específica, mas alguns
autores consideram o solo como um complexo composto de elementos minerais, húmus e organismos,
sendo uma ponte entre componentes bióticos e abióticos. A conservação das características físicas,
químicas e biológicas do solo e a proteção contra erosão e escassez hídrica constituem pontos de
manejo comum da pastagem nativa. Os solos formam-se a partir das decomposições de rocha sob a
ação do intemperismo e organismos. Uma visão mais complexa dos agentes de formação do solo é
dada pela equação S/V = f (cl, o, r, m, t), S/V = solo/vegetação; cl = clima; o = organismos; r = relevo;
m = matéria de origem da rocha motriz; t = tempo.
No início do processo de formação, as características do solo e vegetação são determinadas pela
natureza do material de origem. Porém, ao amadurecer, o clima - principalmente temperatura e
precipitação - passa a ser fator dominante. Como determinantes da comunidade vegetal, são
importantes a textura, a estrutura, a profundidade, a porosidade, a densidade, a acidez, a fertilidade e a
capacidade de retenção de água.
Climáticos
O clima é um conjunto de condições atmosféricas que caracterizam uma região pela influência que
exercem sobre a vida na Terra. Significa inclinação e é determinado pela inclinação do eixo da terra
em torno do sol que determina a quantidade de energia solar que alcança a superfície da Terra ao
longo de sua órbita, afetando, assim, as estações. O clima é composto por precipitação, temperatura,
luz solar e atmosfera.
Precipitação é a fonte principal de oferta de água para plantas e animais. Ocorre em forma de
chuva, neve e granizo. As chuvas formam-se pela condensação do vapor d'água atmosférico em
função do gradiente térmico da camada gasosa que envolve a Terra. Esse gradiente é causado pela
diminuição da densidade do ar com a altitude, aumento da distância da Terra, fonte de calor para a
atmosfera e aumento das fontes de calor à medida que o ar se torna menos denso. Para que haja essa
condensação é preciso que uma massa de ar seja elevada e isso pode ocorrer de três maneiras: frontal,
orográfica e convectiva.
Frontal: refere-se às chamadas frentes e pode ser fria ou quente. A primeira são enormes massas de ar
frio e seco que se deslocam dos polos para o equador e funcionam com o objetivo de elevar a força de
ar quente e úmido, resultando em condensação, formação de nuvens e precipitações. Possuem grande
abrangência geográfica, baixa intensidade, longa duração e proporcionam queda de temperatura.
Orográficas: resulta da presença de serras e montanhas. Dois são os efeitos orográficos sobre a
precipitação pluvial-média de uma região - efeito de aproximação é observado do lado dos ventos
dominantes (barlavento) quando há aumento das chuvas com relação à média regional. E efeito de
sombra de chuva é observado do lado oposto aos ventos dominantes (sotavento) quando se observa
um decréscimo das precipitações com relação à média regional.
Convectivas: resulta do aquecimento desuniforme da superfície terrestre em função das variações da
cobertura do solo (pedras, vegetação verde e seca, água, solo nu, etc). É a principal causa de chuvas
no sertão e as precipitações são caracterizadas por fenômenos atmosféricos (ventos fortes, trovões,
raios), curta duração, alta intensidade e pequena abrangência geográfica. A camada de ar sobre as
superfícies mais quentes dilata-se e se torna menos densa que as vizinhas e forma as “bolhas” que
flutuam e são forçadas para cima pelo ar circunvizinho, gerando resfriamento, condensação e
precipitação.
As nuvens são divididas em Cirrus, brancas de elevada altitude formada por cristais de gelo; Cumulus,
de origem convectiva de desenvolvimento vertical e pode ter como base a partir de 1000m e alcançar
até 9000m formada por gotículas de água; Stratus, nuvens planas que dão aparência de mosaico e são
compostas por gotículas; e Nimbus, nuvens de chuva de baixa altitude e de grande desenvolvimento
horizontal e vertical.
A eficiência da precipitação depende de seis fatores: intensidade, duração, distribuição, temperatura
do ar e do solo, velocidade dos ventos e umidade relativa do ar. A precipitação anual média de uma
área tem efeito direto sobre seu tipo de vegetação, podendo indicar que de 0 a 250 mm/ano é uma
região desértica; de 250 a 750 mm/ano é boa para pastagem, savanas e matas abertas (predominância
de gramíneas); de 750 a 1250 mm/ano é florestas seca (predominância de arbustos); e acima de 1250
mm/ano é floresta úmida (predominância de árvores).
Temperatura afeta os organismos por sua influência sobre a química e fisiologia. Cada função
fisiológica é delimitada por três fatores de temperatura cardeais: mínima, abaixo da qual a função
fisiológica é paralisada; ótima, onde a função tem seu desenvolvimento máximo; máxima: acima da
qual a função também paralisa. A temperatura é um fator muito importante na distribuição latitudinal
da vegetação. Ela opera de duas maneiras: de regiões quentes para frias, sendo a distribuição das
plantas governada pela temperatura mínima noturna que delimita a amplitude ecológica das espécies
vegetais, e de regiões frias para quentes, sendo a umidade o fator mais importante associado à
temperatura.
Luz Solar alcança comprimentos de onda que variam de 290 a 5000 milimicrons. Seu
espectro é composto por violeta (400 - 424m), azul (424 - 491m), verde (491 - 575m), amarelo (575 -
585 m), laranja (585 - 647m) e vermelho (647 - 700m). Essa luz é a fonte de energia para as plantas e
sua fotossíntese. O efeito da luz sobre a planta é exercido pela qualidade, intensidade, total acumulado
anual (n° de horas anuais) e comprimento do dia (afeta metabolismo e comportamento animal e regula
a produção das aves). A radiação azul é a melhor absorvida pelas plantas e a verde é totalmente
refletida por elas, o que lhes dá a cor característica. A intensidade da luz, definida como a quantidade
de energia recebida por área, afeta as espécies vegetais que podem ser classificadas em heliófitas, que
toleram e crescem em plena luz, e esquiófitas ou umbrófilas, que se desenvolvem na sombra. A
manipulação da vegetação lenhosa com o objetivo de incrementar a produção de forragem do estrato
herbáceo afeta a quantidade e a qualidade da luz disponível para este. Isto porque, na competição por
luz, as espécies dominantes diminuem a quantidade e alteram a qualidade da radiação luminosa para
uso pelas subornadas.
Atmosfera é o invólucro gasoso que envolve a terra. É dividida em troposfera (0 a 12 km),
estratosfera (12 a 50 km), mesosfera (50 a 95 km) e termosfera (acima de 95 km). Os fenômenos
climáticos ocorrem na troposfera. Considerando a uniformidade da mistura gasosa, divide-se em
homosfera (até 80 km) e heterosfera (acima de 80 km), onde os componentes tendem a se estratificar
com base nas densidades. A atmosfera é composta por nitrogênio, oxigênio, argônio, dióxido de
carbono e outros gases como o ozônio. Esse último, em altitudes de 25km, funciona como filtro para a
radiação ultravioleta.
O nitrogênio não é disponível para as plantas como ele se encontra. Todavia, pode ser absorvido por
bactérias nitrificantes e chegar ao solo. Já o oxigênio, que participa do processo respiratório, queima
compostos energéticos e produz energia para os organismos. O ciclo do oxigênio e do gás carbônico,
por estarem em constante uso, são interdependentes. Esse gás é fundamental para fotossíntese,
decomposição química, síntese de compostos orgânicos e para a liberação de oxigênio na atmosfera.
Como o dióxido de carbono deixa passar as radiações solares e retém as emissões caloríficas da terra,
colabora para o efeito estufa. Além disso, a umidade colabora na distribuição vegetal, podendo ser
higrófitas: de ambiente úmido, saturado ou próximo a saturação (aguapé, vitória-régia); mesófitas:
possuindo uma necessidade moderada de água, suportando as alternâncias de seca e umidade; e
xerófitas: de ambientes secos, com deficit hídrico (cactáceas).
O vento é um fenômeno de movimento horizontal e vertical das massas de ar que se deslocam de
áreas frias para quentes. O movimento vertical ascensional forma nuvens e precipitações e o
horizontal causa furacões, tufões e tempestades. O vento é responsável pela dessecação, nanismo,
deformação, modificações anatômicas, acamamento, derrubada de abrasão da vegetação e erosão do
solo, além de ter papel na polinização e disseminação de propágulos vegetais.
Sucessão Ecológica
É um processo gradativo de colonização de um ambiente em que a composição das comunidades vai
se alterando ao longo do tempo, e também pode ser definida como mudanças unidirecionais da
substituição de comunidades vegetais em uma mesma área. As condições iniciais são desfavoráveis:
iluminação causando altas temperaturas, ausência de solo dificultando fixação dos vegetais e água
evaporando rapidamente.
● ECESE: inicia-se com plantas pioneiras capazes de sobreviver em locais inóspitos e que, com
o passar do tempo, vão modificando as condições ambientais do local para que outras
espécies sejam inseridas. Tais plantas não são exigentes e sobrevivem a pouca água, como os
líquens (algas + fungos). Possuem baixa diversidade de espécies e sua PPB é superior ao
consumo, além de crescerem em rochas e absorver a umidade nela existente, seu metabolismo
produz ácidos que reagem com os minerais das rochas e promovem sua degradação,
permitindo acúmulo de água e estabelecimento de musgos e vegetais de pequeno porte. Já as
gramíneas colonizam dunas de areia e suas sementes são trazidas pelo vento. Conseguem
suportar calor, escassez de água e solo pouco estável. Essa ECESE promove as seguintes
alterações: reduz as variações de temperatura no solo, promove intemperismo, estabiliza o
solo e aumenta a umidade, a disponibilidade de matéria orgânica e de nutrientes e a retenção
de água.
● SÉRIE: é a comunidade intermediária que possui uma biodiversidade um pouco maior em
consequência da ação da comunidade pioneira. Tem comunidades herbáceas e arbustivas
competindo por luminosidade e nutrientes onde as árvores começam a se desenvolver e
surgem as comunidades de animais.
● CLÍMAX: ambiente estável e equilibrado com elevada biodiversidade e nichos ecológicos
especializados. Há o estabelecimento de múltiplas relações ecológicas e a PPL é próxima de
0. Todo alimento produzido pelos autótrofos é consumido pelos heterótrofos e todo oxigênio
produzido na fotossíntese é consumido na respiração.