Introdução à microbiologia
Profa. Lívia de Souza Ramos
Apresentação
Você vai estudar o histórico e a evolução da microbiologia, a partir do
detalhamento da classificação dos microrganismos e a descrição de
estruturas características que diferenciam os vários tipos de
microrganismos. Tudo isso tem o objetivo de fornecer uma
compreensão abrangente da origem e do desenvolvimento da
microbiologia como uma disciplina científica, bem como dos princípios
subjacentes à classificação e à morfologia dos microrganismos.
Propósito
Objetivos
Módulo 1
Microbiologia
Descrever o histórico e a evolução da Microbiologia.
Módulo 2
Microrganismos
Identificar a classificação dos microrganismos.
Módulo 3
Células procarióticas
Reconhecer a morfologia e as estruturas das células procarióticas.
meeting_room
Introdução
Neste tema, exploraremos a Microbiologia, uma ciência que
estuda os microrganismos. Você sabia que os microrganismos
surgiram na Terra bilhões de anos antes das plantas e dos
animais e que, sem eles, nós não estaríamos aqui?
Apesar de serem as menores formas de vida existentes, os
microrganismos, em conjunto, compõem a maior parte da
biomassa do nosso planeta e são responsáveis por fazer reações
químicas indispensáveis para a sobrevivência dos organismos
superiores.
Além disso, você sabia que as células microbianas são
ferramentas de grande utilidade para o desenvolvimento da
ciência básica? Por meio delas, os microbiologistas conseguiram
entender as bases químicas e físicas da vida, descobrindo que as
diferentes células apresentam muitas características em comum.
Teremos a oportunidade de estudar a origem da vida em nosso
planeta e como a Microbiologia evoluiu como ciência. Veremos
também como os microrganismos são classificados, as
características de cada grupo e os aspectos morfológicos deles.
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1 - Microbiologia
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever o histórico e a evolução da Microbiologia.
Origem da vida na terra
Explore neste vídeo a origem da vida na Terra, e seu o estado inicial
ardente, assim como a condensação de água em oceanos e as
condições adversas iniciais que levaram à hipótese de que a vida
começou em fontes hidrotermais oceânicas.
Evidências sugerem que a Terra tenha surgido há mais ou menos 4,6
bilhões de anos, e acredita-se que, durante mais de 500 milhões de anos
após sua formação, as condições terrestres eram extremamente
ardentes e inóspitas. Nosso planeta se formou a partir de uma nuvem
de poeira nebulosa em formato de disco e por gases liberados pela
supernova de uma estrela muito antiga. O nosso Sol, uma estrela nova,
formou-se dentro dessa nuvem de poeira, resultando na liberação de
grandes quantidades de calor e luz. A partir daí, o conteúdo da nuvem
nebulosa começou a se agrupar e a se fundir, como consequência das
colisões e da atração gravitacional, formando agregados pequenos que
foram crescendo e deram origem aos planetas. Enquanto a Terra se
formava, a energia liberada foi capaz de aquecê-la e a tornou um planeta
de magma muito quente.
Supernova explodindo e formando uma nebulosa.
Supernova
Pode ser definida como um evento astronômico representado por uma
explosão durante o fim da vida de algumas estrelas.
Inicialmente, a água na Terra estava presente apenas na forma de vapor
(por causa do calor), tendo se originado de colisões com cometas e
asteroides glaciais e de gases vulcânicos vindos do interior do planeta.
A Terra, que antes era quente, passou por um processo de resfriamento,
em que foram formados um cerne metálico, um manto rochoso e uma
crosta superficial. Além disso, a água que se encontrava no estado de
vapor foi condensada, formando os oceanos. A existência de água
líquida na Terra ocorreu há cerca de 4,3 bilhões de anos e, desde então,
já havia em nosso planeta condições compatíveis com a vida.
Porém, como surgiu a vida na Terra?
Essa questão ainda é um grande mistério para os cientistas. Os
organismos conhecidos são formados pelos mesmos constituintes
básicos:
filter_1 Proteínas (formadas por monômeros de
aminoácidos)
filter_2 Ácidos nucleicos (DNA e RNA, formados por
nucleotídeos)
filter_3 Polissacarídeos (formados por monossacarídeos)
filter_4 Lipídios
Evidências científicas sugerem que esses precursores orgânicos das
células podem, em certas condições, ser formados espontaneamente,
oferecendo as condições necessárias para o surgimento dos primeiros
sistemas vivos.
Como as condições ambientais na superfície da Terra na época eram
muito adversas, com temperaturas extremamente elevadas e intensa
radiação ultravioleta, existe uma hipótese de que a vida tenha se
originado em fontes hidrotermais no leito oceânico, local em que as
condições ambientais seriam menos hostis e apresentariam compostos
orgânicos reduzidos, como hidrogênio (H2) e sulfeto de hidrogênio (H2S)
como fontes de energia.
Sistemas autorreplicantes são considerados os precursores da vida
celular. Por isso, uma das hipóteses mais aceitas é que a vida tenha
começado em um Mundo de RNA. Cientistas acreditam que o RNA
tenha surgido antes do DNA, pois o RNA possui duas propriedades
essenciais para a manutenção de uma célula primitiva.
Algumas moléculas de RNA são capazes de catalisar sua própria
síntese a partir de açúcares, bases nitrogenadas e fosfato, ou seja,
participam de sua própria replicação (moléculas autorreplicantes).
As moléculas de RNA também podem catalisar a síntese de proteínas.
Molécula de RNA (ácido ribonucleico).
Assim, acredita-se que, de alguma forma, uma molécula de RNA acabou
dando origem a uma molécula de DNA, e, como esta última molécula
oferece maior estabilidade estrutural, ela foi selecionada para ser a
principal fonte de informação genética da célula.
Outro evento importante foi a compartimentalização das células, com a
presença da membrana plasmática, protegendo o conteúdo intracelular,
mantendo a estrutura da célula e permitindo a troca seletiva de
substâncias com o ambiente.
Como na atmosfera da Terra primitiva não havia oxigênio, as primeiras
células que surgiram provavelmente apresentavam metabolismo
totalmente anaeróbio para gerar energia. Microrganismos capazes de
armazenar energia a partir da luz do sol (fototróficos) eram muito
simples, como as bactérias púrpuras e bactérias verdes. A oxigenação
da Terra começou a acontecer apenas após a evolução da fotossíntese
oxigênica das cianobactérias, revolucionando a química do planeta.
Esse processo foi longo, mas, a partir dele, as células foram se
adaptando ao ambiente agora rico em oxigênio, resultando no
surgimento dos organismos aeróbios.
Acredita-se que todas as células tenham se originado de uma célula
ancestral comum, chamada de o último ancestral comum (LUCA - Do
inglês Last Universal Common Ancestor), uma vez que os diferentes
tipos celulares apresentam uma constituição muito semelhante. Durante
milhões de anos após o surgimento das primeiras células, novas células
foram surgindo, formando populações microbianas que foram
interagindo umas com as outras e se adaptando da melhor forma ao
ambiente para garantir sua sobrevivência. Hoje, nós já conseguimos
observar os resultados de todo esse processo, através da imensa
variedade de microrganismos existentes, com as mais variadas
características e capazes de viver perfeitamente nos lugares mais
diversos do nosso planeta.
LUCA (último ancestral comum).
Atividade 1
Refletindo sobre as condições ambientais e químicas que
caracterizavam a Terra primitiva, é fundamental considerar os
elementos e processos que poderiam ter fomentado o surgimento da
vida. Com base nesse contexto, qual das alternativas a seguir melhor
descreve um aspecto fundamental que contribuiu para o
desenvolvimento das primeiras formas de vida?
A formação da Terra a partir de uma nuvem de poeira
nebulosa não teve impacto significativo na origem da
A
vida, pois os organismos primitivos se desenvolveram
independentemente das condições planetárias iniciais.
A presença de oxigênio na atmosfera da Terra primitiva
foi essencial para o surgimento das primeiras formas
B
de vida, facilitando o desenvolvimento de organismos
complexos desde o início.
As moléculas de RNA, devido à sua capacidade de
catalisar sua própria síntese e a síntese de proteínas,
C são consideradas precursoras essenciais da vida
celular, sugerindo que a vida pode ter começado em um
“mundo de RNA”.
Acredita-se que a vida na Terra tenha surgido
exclusivamente em terra firme, pois as condições secas
D
e expostas foram ideais para a formação de compostos
orgânicos complexos necessários para a vida.
A hipótese de que a vida surgiu a partir de eventos
astronômicos distantes, como a colisão de galáxias, é a
E mais aceita entre os cientistas, pois explica a
complexidade dos sistemas biológicos encontrados na
Terra.
Parabéns! A alternativa C está correta.
As condições da Terra primitiva teriam fornecido um cenário ideal para
a formação e estabilização de moléculas orgânicas complexas como o
RNA. Essas condições permitiriam que o RNA explorasse suas
propriedades catalíticas e de replicação, eventualmente levando à
emergência de sistemas vivos.
História da microbiologia como
ciência
A microrrevolução científica e os primeiros microscópios
Como os microrganismos são seres invisíveis a olho nu, é de se
imaginar que a invenção dos primeiros microscópios tenha causado
uma revolução no pensamento científico da época. Durante muitos e
muitos anos, diferentes explicações para grandes epidemias surgiram,
geralmente com explicações de cunho religioso, devido ao grande poder
e à influência que a Igreja Católica exercia sobre as pessoas.
Conheça alguns dos eventos essenciais para a evolução da ciência:
biotech Invenção do primeiro microscópio
Em 721 a.C., os romanos já utilizavam lentes de
aumento para observar objetos. As lentes foram
sendo aperfeiçoadas com o passar dos anos, até
que, por volta de 1590, surgiu o primeiro modelo de
microscópio. Ele foi criado por Hans e Zacharias
Janssen, fabricantes de lentes; o microscópio era
cilíndrico e continha duas lentes, que aumentavam
o tamanho dos objetos.
Microscópio de Hans e Zacharias Janssen.
microbiology Primeira descrição de um microrganismo
Os microscópios continuaram evoluindo e, em
1665, o historiador inglês e microscopista Robert
Hooke (1635-1703) publicou um famoso livro, que
contém a primeira descrição conhecida de um
microrganismo (ele descreveu estruturas de
frutificação de bolores). O termo célula (do inglês
cell) foi criado pelo próprio Hooke ao analisar no
microscópio finas camadas de cortiça; ele observou
estruturas semelhantes a alvéolos vazios, como
favos de uma colmeia, dando o nome de cell a cada
um desses alvéolos.
Observações de cortes de cortiça de Robert Hooke
Observações de cortes de cortiça de Robert Hooke.
coronavirus Primeira descrição de bactérias
Já a primeira descrição de bactérias foi feita em
1676 pelo comerciante e microscopista amador
holandês Antoni van Leeuwenhoek. Ele construiu
microscópios muito simples para examinar
substâncias naturais, descobrindo as bactérias ao
analisar infusões aquosas de pimenta e observar a
presença de “pequenos animálculos”, como ele
mesmo se referia às bactérias observadas.
Antoni van Leeuwenhoek
A experiência de Redi
Apesar da descoberta dos microrganismos, pouco avanço foi observado
na área da Microbiologia por longos anos. Na segunda metade do
século XIX, entretanto, a Microbiologia voltou a ganhar fôlego por
questões relacionadas às doenças infecciosas e à Teoria da Geração
Espontânea (ou Teoria da Abiogênese). Muitos cientistas e filósofos da
época defendiam que algumas formas de vida poderiam surgir de
matéria morta ou inanimada, mas alguns não acreditavam nessa
possibilidade, como:
Van Leeuwenhoek (1632-1723)
Francesco Redi (1626-1697)
Em 1668, Redi desenvolveu uma experiência que ficou muito famosa,
para demonstrar que a vida não poderia surgir da matéria inanimada. Ele
colocou pedaços de carne em frascos de vidro, deixando alguns frascos
abertos e outros cobertos com gaze. Com o passar do tempo, ele
observou que os pedaços de carne dos frascos que ficaram abertos
estavam repletos de larvas, e, nos frascos tampados, os pedaços de
carne estavam livres de larvas, as quais foram encontradas apenas
sobre as gazes que tampavam os frascos.
Experimento de Redi.
Ficou o questionamento: se a vida poderia vir de matéria sem vida, como
sugeria a Teoria da Abiogênese, por que larvas surgiram apenas sobre a
carne dos frascos abertos?
Mesmo diante das evidências da experiência de Redi, a Teoria da
Abiogênese não perdeu força. Ela só foi derrubada muitos anos depois,
graças ao cientista Louis Pasteur (1822-1895), que desenvolveu uma
experiência controlada, provando de uma vez por todas que nenhum
organismo poderia surgir espontaneamente.
O experimento de Pasteur
Em um primeiro momento, Pasteur demonstrou que a fervura de um
caldo nutritivo seguida da vedação do frasco impediria que ele
“estragasse”. Na época, os defensores da geração espontânea diziam
que o frasco fechado impediria a entrada de ar fresco (contendo o que
eles chamavam de “força vital”, que seria o oxigênio) e,
consequentemente, os microrganismos não conseguiriam surgir ali
espontaneamente. Foi então que Pasteur solucionou de vez a questão
de maneira brilhante, construindo um frasco com pescoço de cisne.
Esse frasco, também conhecido como frasco de Pasteur, tinha o gargalo
em formato de S, que impedia que a poeira e os microrganismos do ar
alcançassem o caldo nutritivo fervido, mas o oxigênio ainda conseguia
chegar até ele. Assim, o caldo nutritivo não “estragava”, mesmo após
muitos dias, sendo observada a contaminação do caldo apenas após o
contato dele com a poeira acumulada no gargalo em forma de S ou
após este gargalo ser quebrado, enquanto o caldo dos frascos fervidos
e mantidos abertos ficavam contaminados rapidamente.
Experimento de Louis Pasteur.
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A descoberta dos microrganismos e a
evolução do pensamento científico
Neste vídeo, a Professora Lívia Helena fala sobre a descoberta dos
microrganismos e a evolução do pensamento científico.
Esses achados foram fundamentais para o desenvolvimento posterior
de técnicas de esterilização eficazes, beneficiando, inclusive, a indústria
alimentícia, com o processo de pasteurização do leite, por exemplo.
Curiosidade
Pasteur foi responsável por outros grandes feitos e descobertas. Dentre
elas, podemos citar o desenvolvimento de vacinas contra raiva, cólera
aviária e antraz, e pela identificação de que leveduras eram as
responsáveis pela fermentação em cervejas e vinhos.
Os Postulados de Koch
Após a descoberta dos microrganismos, passou-se a acreditar que eles
eram os causadores de diversas doenças, mas não havia comprovação
disso. O conceito de doença infecciosa foi desenvolvido apenas depois
dos trabalhos do médico alemão Robert Koch (1843-1910), que criou a
Teoria do Germe da Doença e os Postulados de Koch.
Tudo começou quando Koch estudava uma doença chamada antraz,
que acometia o gado e os humanos. Analisando ao microscópio
amostras de sangue de um animal doente, ele notou a presença de
bactérias (depois denominadas Bacillus anthracis), e, para ter certeza de
que aquelas bactérias eram as causadoras da doença, realizou
experimentos utilizando camundongos.
Robert Koch.
Koch injetou sangue de um camundongo doente em um sadio,
observando o rápido desenvolvimento da doença no animal; o mesmo
aconteceu quando ele injetou o sangue deste último animal em outro
animal sadio. Koch descobriu, ainda, que as bactérias do antraz podiam
ser cultivadas em meios de cultura de laboratório.
Os Postulados de Koch foram definidos para estabelecer a relação de
causa e efeito de uma doença infecciosa:
1º postulado
O patógeno suspeito de causar a doença deve estar presente em
todos os casos da doença, mas ausentes nos animais sadios; ou
seja, deve haver uma associação constante entre patógeno e
hospedeiro.
2º postulado
Uma cultura laboratorial pura do patógeno deve ser obtida.
3º postulado
Células do patógeno provenientes de uma cultura pura devem ser
capazes de causar doença em um animal saudável (para isso, o
agente infeccioso deve ser inoculado em um animal sadio, e o
desenvolvimento da doença deve ser observado).
4º postulado
O patógeno suspeito precisa ser “reisolado” em cultura pura, com
o intuito de demonstrar ser o mesmo patógeno inoculado
inicialmente (em outras palavras, o agente infeccioso dos
animais doentes/mortos precisa ser novamente isolado).
A imagem a seguir ilustra os postulados de Koch:
Postulado de Koch.
Essas descobertas tiveram grande impacto no desenvolvimento da
ciência e da medicina clínica. Koch ainda realizou outros grandes feitos,
como a identificação do agente causador da tuberculose
(Mycobacterium tuberculosis) e da cólera (Vibrio cholerae), dentre
outros. Graças aos avanços nas técnicas de biologia molecular, hoje nós
sabemos que alguns microrganismos não crescem em cultura
laboratorial, mas isso não desmerece os achados valiosos dos trabalhos
de Koch.
Desafio
Você, como estudante de microbiologia, está envolvido em um debate
virtual sobre as origens da vida. O desafio proposto é desenhar um
experimento que possa diferenciar entre a viabilidade da teoria da
geração espontânea e a da biogênese na origem da vida microbiana.
Três experimentos teóricos são sugeridos e você deve escolher o mais
adequado entre eles.
1. Criar um ambiente estéril dentro de um biorreator que simule as
condições da Terra primitiva, incluindo uma atmosfera primordial e
compostos orgânicos, para observar a possível emergência
espontânea de vida microbiana.
2. Expor meios de cultura estéreis em câmaras seladas a diversos
ambientes naturais, verificando se microrganismos surgem sem
introdução direta de material biológico existente.
3. Realizar um experimento de duas fases em ambientes controlados
estéreis, em que, na primeira fase, um ambiente estéril sem
qualquer forma de vida é monitorado por um período prolongado
para verificar a ausência de desenvolvimento de vida microbiana.
Na segunda fase, introduzir deliberadamente microrganismos
conhecidos nesse ambiente para observar se eles se reproduzem e
colonizam o hábitat, demonstrando a necessidade de vida
preexistente para o surgimento de nova vida.
Agora que já fez a sua escolha, vamos conhecer a resposta que
corresponde a cada uma dessas opções. Vamos lá!
Primeira opção expand_more
Incorreto. Embora esse experimento possa ser visto como uma
tentativa de simular as condições para o surgimento espontâneo
da vida, a teoria da biogênese, apoiada por evidências científicas,
sugere que a vida se origina de formas de vida existentes. A
geração espontânea não é apoiada pelas evidências
experimentais atuais.
Segunda opção expand_more
Incorreto. A simples observação de microrganismos em meios
de cultura após exposição ao ambiente não valida a geração
espontânea, pois não exclui a possibilidade de contaminação por
vida já existente. Esse experimento não pode diferenciar entre as
duas teorias de forma conclusiva.
Terceira opção expand_more
Correto. Esse experimento demonstra efetivamente o princípio
da biogênese: sem a introdução de formas de vida existentes,
não há surgimento de nova vida. A reprodução e colonização
subsequente do ambiente estéril, após a introdução de
microrganismos, reforçam a ideia de que a vida provém de vida
preexistente, em conformidade com a teoria da biogênese.
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História da microbiologia como
ciência
Explore neste vídeo a microrrevolução científica desencadeada pela
invenção do microscópio, destacando a evolução do pensamento
científico desde crenças religiosas até fundamentos científicos na
interpretação de epidemias.
Aplicando o conhecimento
A BrewTech, uma cervejaria artesanal renomada, enfrentava um
problema crítico: a inconsistência na qualidade e no sabor de suas
cervejas. Essa situação preocupava tanto os mestres cervejeiros quanto
a administração, visto que a reputação e a fidelização dos clientes
dependiam diretamente da qualidade consistente de seus produtos. Em
resposta a esses desafios, a BrewTech decidiu aplicar princípios
históricos da microbiologia para encontrar soluções práticas.
Primeiramente, inspirando-se na invenção do microscópio por Antoni
van Leeuwenhoek, a BrewTech investiu em equipamentos de
microscopia avançados. Essa ação permitiu que os mestres cervejeiros
monitorassem de perto a qualidade das leveduras e outros
microrganismos envolvidos no processo de fermentação. Com essa
tecnologia, foram capazes de identificar com precisão variações na
composição microbiana, o que estava diretamente afetando a qualidade
da cerveja.
A segunda grande iniciativa foi a implementação de uma estratégia
baseada nos postulados de Koch, adaptados ao contexto da cervejaria.
A equipe começou a isolar diferentes cepas de leveduras e bactérias
presentes em lotes de cerveja com variações de qualidade. Cada cepa
foi testada individualmente em pequenos lotes de fermentação para
identificar aquelas que resultavam em sabores desejáveis e
consistência na qualidade do produto final. Esse processo minucioso de
eliminação e seleção permitiu à BrewTech desenvolver uma cultura de
levedura altamente eficiente e adaptada às suas necessidades
específicas.
Como resultado dessas ações, a BrewTech, além de superar o problema
da inconsistência na qualidade de suas cervejas, também estabeleceu
um novo padrão de excelência em seu processo de produção. A
aplicação prática dos fundamentos da microbiologia transformou um
desafio crítico em uma vantagem competitiva no mercado de cervejas
artesanais.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos!
Questão 1
Explique como a adaptação e aplicação dos postulados de Koch no
contexto da cervejaria BrewTech contribuíram para a identificação e
seleção de cepas microbianas que otimizam a fermentação.
Digite sua resposta aqui
Chave de respostaexpand_more
A adaptação dos postulados de Koch pela BrewTech
permitiu um método sistemático para vincular cepas
específicas de microrganismos aos efeitos observados na
fermentação da cerveja. Isso envolveu isolar e testar
diferentes microrganismos em pequenos lotes para
identificar quais contribuíam positivamente para o sabor e a
qualidade.
Questão 2
Avalie a importância da inovação baseada em conhecimento histórico e
científico para empresas em setores tradicionais, como o da cervejaria
artesanal. Considere como a BrewTech utilizou esses princípios para
superar desafios de qualidade e se diferenciar no mercado.
Digite sua resposta aqui
Chave de respostaexpand_more
A abordagem da empresa, além de ajudar a resolver
problemas específicos de qualidade na produção de
cerveja, serviu como um diferencial de mercado,
posicionando a BrewTech como uma marca que valoriza
tanto a tradição quanto a inovação. Além disso, ao aplicar
princípios históricos de microbiologia de maneira prática, a
BrewTech demonstrou como o conhecimento científico
pode ser diretamente aplicado para melhorar processos,
produtos e, consequentemente, alcançar sucesso comercial
em setores tradicionais.
Questão 3
Explique como as descobertas de Antonie van Leeuwenhoek,
particularmente a invenção do microscópio e a identificação dos
"animáculos", transformaram a compreensão dos microrganismos, e
discuta como a BrewTech aplicou esses conhecimentos para aprimorar
a observação e o controle dos processos de fermentação em sua
produção de cerveja.
Digite sua resposta aqui
Chave de respostaexpand_more
A invenção do microscópio por Antonie van Leeuwenhoek e
sua subsequente descoberta dos microrganismos, ou
"animáculos", revolucionaram a compreensão humana dos
processos biológicos, fundamentando a microbiologia
moderna. A BrewTech aplicou essas descobertas ao
incorporar tecnologia de microscopia em sua produção de
cerveja, possibilitando um controle preciso sobre a
fermentação ao observar e gerenciar as leveduras e outros
microrganismos envolvidos. Esse avanço permitiu à
BrewTech assegurar a qualidade e a consistência de seus
produtos, destacando o impacto duradouro das
descobertas de Leeuwenhoek na solução de problemas
contemporâneos e no aprimoramento de processos
produtivos.
Atividade 2
Ao discutir a validação de um microrganismo como causador de uma
doença específica, os postulados de Koch fornecem critérios rigorosos
para estabelecer essa relação causal. Baseando-se nos postulados de
Koch, que servem para vincular um agente microbiano a uma doença
específica, qual das alternativas a seguir descreve um desses
postulados?
O microrganismo suspeito deve ser encontrado apenas
A em organismos saudáveis, não em organismos
doentes.
O microrganismo deve ser observado e sua presença
B
correlacionada com a ausência de sintomas da doença.
O microrganismo deve ser isolado do organismo
C
doente e cultivado em cultura pura.
Uma vez cultivado em cultura pura, o microrganismo
não precisa causar a doença quando reintroduzido em
D
um organismo saudável para ser considerado o
causador.
O microrganismo causador da doença não precisa ser
E
reisolado e identificado após a infecção experimental.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Um dos postulados de Koch exige o isolamento do microrganismo de
um organismo doente e seu cultivo em cultura pura. Esse processo é
essencial para demonstrar a relação causal entre um microrganismo
específico e uma doença, permitindo estudá-lo isoladamente e verificar
se reproduz a doença em um novo hospedeiro, confirmando sua
responsabilidade pela infecção.
2 - Microrganismos
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a classificação dos microrganismos.
Classificação nominal dos seres vivos
Você consegue imaginar qual é a utilidade dos sistemas de
classificação dos seres vivos?
A classificação dos seres vivos tem como objetivo organizá-los em
grupos de acordo com suas semelhanças fenotípicas ou com suas
relações evolutivas. Dessa forma, os organismos vão sendo colocados
em grupos cada vez mais inclusivos. Assim, um conjunto de espécies
semelhantes são agrupadas dentro de um mesmo gênero; gêneros
semelhantes são agrupados dentro de uma mesma família; famílias
semelhantes, dentro de uma mesma ordem; ordens semelhantes, dentro
de uma classe; classes semelhantes, dentro de um filo, e, por fim, filos
semelhantes, dentro de um domínio. O domínio engloba todos os
organismos dentro de uma hierarquia.
Hierarquia de classificação biológica.
Além disso, a nomenclatura envolve a utilização de regras para
denominar os organismos. Tendo isso em mente, estudaremos a
evolução dos sistemas de classificação:
1735 expand_more
O botânico, zoólogo e médico sueco Carolus Linnaeus é
considerado o pai da taxonomia moderna. Em 1735, ele propôs o
sistema de classificação binominal tradicional, no qual os
organismos recebem o nome de gênero e um epíteto (Nome) de
espécie. No sistema binominal, os nomes dos gêneros são
escritos primeiro com letra maiúscula, e os nomes das espécies
são escritos em seguida com letra minúscula; os nomes são
geralmente derivados do latim e devem ser escritos em itálico ou
sublinhados nos textos escritos à mão.
Além disso, a escolha dos nomes costuma se basear em alguma
propriedade ou característica do organismo, podendo ser traços
de morfologia, fisiologia ou ecologia essenciais. Linnaeus
sugeriu a existência de dois reinos: Animalia (Formado por
animais e protozoários – seres que não realizam fotossíntese,
móveis e sem parede celular) e Plantae (Formado por algas,
plantas, bactérias e fungos – seres fotossintéticos, imóveis e
com parede celular). Assim, alguns organismos não se
encaixavam em nenhuma dessas classificações, como, por
exemplo, os microrganismos fotossintéticos móveis.
1866 expand_more
Ernst Haeckel sugere a criação do reino Protista, para incluir os
organismos unicelulares com organização simples, como
bactérias, algas, fungos e protozoários.
1969 expand_more
Robert Whittaker propôs a classificação dos seres vivos em
cinco reinos: Monera (Compreendendo procariotos), Fungi
(Fungos), Protistas (Algas e protozoários), Plantae (Plantas) e
Animalia (Animais). Essa classificação teve como base a
estrutura das células e a forma de obtenção de nutrientes.
1990 expand_more
Carl Woese sugeriu a classificação dos organismos em três
domínios: Bacteria (Bactérias), Archaea (Arqueias) e Eukarya
(Eucariotos – fungos, algas, protozoários, plantas e animais). A
separação dos procariotos em dois domínios diferentes se
baseou na sequência de nucleotídeos do RNA ribossomal;
embora as arqueias sejam seres procariotos (não possuem
núcleo), os lipídios e os ácidos nucleicos ribossomais são
diferentes tanto das bactérias quanto dos eucariotos.
Domínio e reinos dos animais.
Características gerais dos procariotos e dos eucariotos
Veja a seguir as características dos procariotos e dos eucariotos:
Procariotos
Não possuem um núcleo envolto por membrana nuclear, ou seja,
não possuem um compartimento nuclear para abrigar seu DNA.
As bactérias e arqueias são microrganismos procariotos.
Eucariotos
Possuem um compartimento intracelular envolto por uma
membrana, chamado núcleo, onde seu DNA é mantido. As algas,
os protozoários e os fungos são eucariotos, apresentando
estrutura celular igual à das células dos organismos superiores.
De maneira geral, as células procarióticas são pequenas e simples,
podem apresentar diferentes formatos (células em forma de bastonetes,
esféricas, espiraladas etc.) e medem poucos micrômetros de
comprimento. Costumam viver como organismos independentes ou,
ainda, em comunidades organizadas de maneira livre, mas não como
organismos multicelulares. Além disso, as células procarióticas
possuem vários componentes obrigatórios:
filter_1 A membrana plasmática envolve um compartimento
citoplasmático único contendo DNA, RNA e
ribossomos.
filter_2 Proteínas e pequenas moléculas importantes para a
vida da célula também são encontradas no
citoplasma.
filter_3 A maioria das células procarióticas também
apresenta uma capa protetora denominada parede
celular, que se encontra acima da membrana
plasmática.
Algumas estruturas celulares são opcionais e não estão presentes em
todas as células procarióticas, como cápsula, flagelo, fímbrias,
membranas internas, inclusões citoplasmáticas, plasmídeos e
endósporos, dentre outras. As células procarióticas apresentam
capacidades bioquímicas muito variadas, mais que as células
eucarióticas, e, consequentemente, podem ser encontradas em
ambientes muito variados. Na figura a seguir, estão demonstradas as
principais estruturas presentes em uma célula procariótica:
Estrutura geral da célula procariótica.
As células eucarióticas, por sua vez, são maiores e mais complexas que
as células procarióticas, assim como seus genomas. Além disso,
classes de células eucarióticas podem formar desde microrganismos
unicelulares, como fungos e protozoários, até organismos multicelulares
extremamente complexos, como plantas e animais.
As células eucarióticas apresentam algumas características que as
diferenciam das procarióticas:
filter_1 Possuem núcleo definido, ou seja, seu DNA se
encontra envolto por uma membrana de camada
dupla que o separa do citoplasma.
filter_2 Possuem outras membranas internas que são
estruturalmente semelhantes à membrana
plasmática, delimitando diferentes organelas que
participam de vários processos celulares, como
mitocôndrias e cloroplastos, por exemplo, que
participam de processos de obtenção de energia.
filter_3 O citoplasma dos eucariotos também possui um
citoesqueleto responsável por fornecer sustentação
e força mecânica à célula e controle da forma e de
seus movimentos.
Os principais componentes típicos das células eucarióticas, além do
núcleo, são as mitocôndrias, o aparelho de Golgi e o retículo
endoplasmático.
Um gene é uma sequência de DNA capaz de codificar proteínas ou RNA,
e o conjunto de genes de uma célula forma seu genoma. É importante
saber que o genoma controla os processos fundamentais para a vida da
célula, assim como suas características e as atividades vitais para sua
sobrevivência. O genoma das células procarióticas e eucarióticas são
organizados de diferentes maneiras. Enquanto os procariotos típicos
possuem um único cromossomo com DNA circular (poucos procariotos
possuem cromossomo linear) contendo todos ou quase todos os genes
da célula, os eucariotos apresentam inúmeros cromossomos com DNA
linear. Além disso, o genoma das células eucarióticas é, muitas vezes,
maior que o das células procarióticas.
Estrutura geral da célula eucariótica animal.
Você pode se perguntar: “Como surgiram as células eucarióticas?”
Uma explicação muito aceita atualmente na Biologia é a hipótese
endossimbiótica. Todas as células eucarióticas possuem ou já
possuíram em algum momento mitocôndrias, por exemplo. Acredita-se
que as mitocôndrias tenham se originado de bactérias de vida livre que
eram capazes de metabolizar o oxigênio (bactérias aeróbicas) e que
foram endocitadas (Engolfadas) por uma célula ancestral que era
incapaz de usar o oxigênio (célula anaeróbica).
Essas células evoluíram em simbiose, ou seja, as duas eram
beneficiadas por essa associação: a célula bacteriana aeróbica
engolfada gerava energia para a célula predadora anaeróbica e, em
troca, recebia abrigo e alimento.
A origem da mitocôndria.
Com o passar do tempo, a bactéria aeróbica, que antes era de vida livre,
tornou-se parte da célula eucariótica. Essa hipótese se baseia no fato de
as mitocôndrias apresentarem muitas características em comum com
pequenas bactérias: tamanho semelhante, genoma próprio se
apresentando como uma molécula de DNA circular, ribossomos próprios
(diferentes dos outros ribossomos da célula eucariótica), além de
possuírem seus próprios RNA transportadores.
Mitocôndria.
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Classificação nominal dos seres vivos
Explore neste vídeo a classificação nominal dos seres vivos, um sistema
importante para selecionar organismos com base em semelhanças
fenotípicas e relações evolutivas. Veja também como características
específicas influenciam a classificação em grupos, desde espécies a
domínios, revelando a complexidade e a utilidade dessa prática
científica primordial.
Atividade 1
Enquanto bactérias e arqueias são seres procariontes, os outros
organismos vivos, como animais, plantas, fungos e protozoários são
seres eucariontes. Qual das seguintes características é exclusiva das
células eucarióticas e não é encontrada em células procarióticas?
A Presença de membrana plasmática.
B Capacidade de reprodução.
C Presença de DNA como material genético.
Organização do DNA em cromossomos dentro de um
D
núcleo delimitado por membrana.
E Presença de ribossomos para síntese proteica.
Parabéns! A alternativa D está correta.
As células eucarióticas se distinguem das procarióticas principalmente
pela presença de um núcleo delimitado por membrana, que contém
DNA organizado em cromossomos. Enquanto as células procarióticas
carregam seu DNA em uma região aberta chamada nucleoide, sem
essa separação. Ambos os tipos de células compartilham outras
características básicas, como a membrana plasmática, a presença de
DNA como material genético e ribossomos para síntese proteica, mas
somente as eucarióticas têm um núcleo definido.
Características gerais de bactérias,
arqueias e protozoários
A partir do último ancestral universal comum (LUCA), o processo
evolutivo seguiu caminhos diferentes, resultando na formação dos
domínios Bacteria e Archaea; posteriormente, o domínio Archaea acabou
se distinguindo entre os domínios Archaea e Eukarya. Com o avanço dos
estudos filogenéticos ao longo dos anos, dois fatos muito importantes
foram revelados: as bactérias e as arqueias, apesar de serem
estruturalmente parecidas, são filogeneticamente diferentes, sendo as
arqueias mais relacionadas aos eucariotos do que às bactérias.
Agora vamos conhecer algumas características gerais das bactérias,
das arqueias e dos protozoários. Vamos lá!
Domínio Bacteria
O domínio Bacteria é formado pelas bactérias, organismos procariotos
encontrados nos mais variados ambientes. Este domínio é composto
por mais de 80 filos, porém mais de 90% dos gêneros e das espécies de
bactérias já caracterizados pertencem a apenas quatro filos. Além de
serem encontradas na água e no solo, as bactérias também fazem parte
da microbiota normal dos animais e dos seres humanos (condição em
que os dois organismos são beneficiados), mas também podem causar
as mais variadas doenças, desde condições facilmente tratáveis até
doenças extremamente graves e fatais. Também apresentam formas,
tamanhos e metabolismos muito variados; podem ser móveis ou não.
Elas se reproduzem assexuadamente (por fissão binária), mas também
possuem estratégias para trocas de material genético entre diferentes
bactérias, através de mecanismos de transformação, conjugação e
transdução.
Imagem ilustrativa de bactérias em formato de bastonete.
As bactérias se multiplicam por fissão binária, pois as membranas
formam septos. Para isso, a célula se alonga, o material genético é
replicado, e a parede celular e a membrana plasmática se dividem.
Paredes intermediárias se formam, separando as duas cópias de
material genético, e as células se separam. O período de divisão celular
depende do tempo de geração (tempo necessário para cada uma das
células se dividirem) de cada bactéria.
Classificação das bactérias
As bactérias podem ser classificadas de acordo com diferentes
critérios. Os principais são:
Morfologia expand_more
De acordo com a forma, as bactérias podem ser classificadas
em cocos, bacilos, espiroquetas, espirilos e vibriões.
Parede celular expand_more
De acordo com a composição da parede celular, as bactérias
podem ser classificadas em gram-positivas e gram-negativas.
pH expand_more
De acordo com o pH ótimo de crescimento, as bactérias podem
ser classificadas como neutrófilas (crescem em pH neutro –
faixa ótima de pH > 5,5 e < 8), acidófilas (pH < 5,5) e alcalifílicas
(pH > 8).
Temperatura expand_more
De acordo com a temperatura ótima de crescimento, as bactérias
podem ser classificadas em psicrófilas (abaixo de 20ºC),
mesófilas (entre 20 e 40ºC), termófilas (entre 45 e 80ºC) e
hipertermófilas (acima de 80ºC).
Metabolismo expand_more
De acordo com a fonte de energia utilizada para o metabolismo
energético, as bactérias podem ser classificadas em
quimiotróficas (aquelas que utilizam compostos químicos para
obter energia) e fototróficas (aquelas que utilizam a luz solar). As
bactérias quimiotróficas ainda podem ser classificadas de
acordo com os compostos químicos que utilizam: bactérias
quimiorganotróficas usam compostos químicos orgânicos
(como glicose -C6H12O6, acetato etc.), e as quimiolitotróficas,
por outro lado, utilizam compostos químicos inorgânicos (como
H2, H2S, Fe2+ etc.). Por fim, também existe a classificação de
acordo com a origem do carbono utilizado nos processos de
obtenção de energia (lembrando que o carbono é fundamental
na produção de materiais para a célula). Assim, bactérias
heterotróficas obtêm carbono de compostos químicos
orgânicos, enquanto as bactérias autotróficas utilizam como
fonte de carbono o dióxido de carbono (CO2); dessa forma, uma
bactéria quimiorganotrófica é também heterotrófica.
Respiração / fermentação expand_more
As bactérias podem ser classificadas como aeróbias (quando
precisam de oxigênio para o processo de respiração), anaeróbias
(quando não utilizam o oxigênio, vivendo da fermentação,
respiração anaeróbia, fotossíntese ou metanogênese) ou
facultativas (quando são capazes de realizar os dois tipos de
metabolismo: na presença de oxigênio, realizam a respiração
aeróbia e, na ausência, realizam respiração anaeróbia ou
fermentação).
As bactérias são capazes de gerar uma série de infecções como
pneumonia, meningites, infecções urinárias, bacteremia, apendicite,
entre outras. Para conhecer mais sobre as principais infecções
bacterianas não deixe de visitar o explore mais.
Domínio Archaea
O domínio Archaea é composto por vários filos e inclui microrganismos
procariotos, geralmente com metabolismo quimiorganotrófico ou
quimiolitotrófico. Também são comuns espécies aeróbias e anaeróbias
neste domínio. Apresentam como principal característica a capacidade
de viver em condições extremas, ou seja, são extremófilos. Assim,
existem arqueias que vivem em ambientes com temperaturas muito
elevadas (acima de 100°C) e também temperaturas próximas ao ponto
de congelamento, altas concentrações de sal (arqueias halófilas
extremas, por exemplo, precisam de aproximadamente 9% de sal para
seu crescimento), valores de pH extremos, fontes termais, lugares ricos
em enxofre etc. Além disso, existem arqueias metanogênicas, ou seja,
conservam energia pela produção de metano.
Quimiorganotrófico
Utilizam compostos químicos orgânicos (como glicose, acetato etc.)
para obter energia.
Quimiolitotrófico
Utilizam compostos químicos inorgânicos (como H2, H2, Fe2+ etc.)
para obter energia.
Diversidade morfológica do domínio Archaea.
De acordo com os cientistas, as arqueias ajudam a estabelecer os
limites de tolerância dos organismos às condições ambientais, uma vez
que são capazes de viver em lugares que a maioria dos outros seres
vivos jamais conseguiria. Entretanto, vale ressaltar que muitas espécies
de arqueias não são extremófilas, vivendo no solo, em sedimentos, nos
oceanos, nos lagos e até nos intestinos de humanos.
Domínio Eukarya
Pertencem ao domínio Eukarya os organismos eucariotos, ou seja,
aqueles cujo material genético se encontra envolvido por uma
membrana, formando o núcleo celular. Esse domínio é composto por
organismos muito variados, desde microrganismos, como protozoários,
fungos e algas unicelulares, até organismos multicelulares de
organização extremamente complexa, como plantas e animais.
Vamos estudar cada um dos diferentes grupos de microrganismos que
fazem parte deste domínio?
Protozoários
Os protozoários incluem microrganismos unicelulares de distribuição
ampla na natureza, podendo ser encontrados na água, no solo, vivendo
em simbiose com outros organismos e parasitando e causando
doenças em diversos hospedeiros (inclusive humanos). Apresentam
morfologias muito variadas e diversidade filogenética muito grande.
Geralmente, são quimiorganotróficos e podem se movimentar através
de flagelos, cílios ou pseudópodes. Alguns possuem alvéolos, que são
bolsas localizadas abaixo da membrana plasmática que auxiliam na
regulação osmótica da célula. A maioria deles possui apenas um núcleo,
mas alguns podem apresentar dois ou mais núcleos. A reprodução pode
ser assexuada ou sexuada.
Tipos de locomoção dos protozoários.
A nutrição geralmente se dá pelo englobamento de partículas orgânicas
do ambiente ou através da predação de outros microrganismos; a
digestão ocorre através da formação de um vacúolo digestivo, enquanto
a excreção de resíduos pode ocorrer por difusão na superfície da célula
ou através de organelas chamadas vacúolos contráteis ou pulsáteis.
Os protozoários parasitas geralmente apresentam formas diferentes
durante o processo de infecção; como muitos precisam passar por
diferentes hospedeiros para completar seu ciclo de vida, a mudança de
forma é necessária, a fim de que eles consigam sobreviver no
hospedeiro e causar doença.
video_library
Características gerais de bactérias,
arqueias e protozoários
Explore neste vídeo as características distintas dos principais grupos de
microrganismos nos domínios Bacteria, Archaea e Eukarya.
Destacaremos as diversidades estruturais e metabólicas entre bactérias
e arqueias, tendo como foco as capacidades extremófilas de arqueias e
a complexidade dos eucariotos.
Atividade 2
Apesar de a maioria dos microrganismos ser unicelular, existem
diferenças marcantes entre eles. Considerando o exposto, qual das
seguintes características é encontrada em protozoários, mas não em
bactérias?
A Reprodução assexuada por fissão binária.
Ausência de um núcleo celular delimitado por
B
membrana.
C Capacidade de locomover-se utilizando pseudópodes.
D Ausência de organelas membranosas internas.
E Formação de esporos em condições desfavoráveis.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Os protozoários se distinguem de bactérias pela capacidade de se
locomover usando pseudópodes, extensões temporárias do citoplasma
que permitem movimento e captura de alimento. Essa forma de
locomoção é exclusiva de protozoários, organismos eucarióticos, e não
é observada em bactérias, que são procariotas e se movem de outras
maneiras, mas não formam pseudópodes.
Características gerais de fungos,
algas, vírus e príons
Fungos
Em primeiro lugar, a área da ciência que estuda os fungos é chamada de
Micologia. Os fungos formam um grupo de microrganismos grande,
bastante diverso e amplamente distribuído. Já foram descritas mais ou
menos cem mil espécies fúngicas, mas acredita-se que existam muito
mais.
Os principais representantes dos fungos são:
Leveduras
Bolores
Cogumelos
Geralmente, estão presentes no solo e na matéria vegetal e animal em
decomposição. Alguns fungos podem viver em associação com plantas,
ajudando-as a obter nutrientes do solo, enquanto outros são benéficos
também ao seres humanos, como algumas leveduras que realizam a
fermentação e são utilizadas na indústria alimentícia e de bebidas
(como o gênero Saccharomyces, que participa do processo de
fermentação da cerveja), além de fungos que são capazes de sintetizar
antibióticos (como fungos do gênero Penicillium, que sintetizam a
penicilina, por exemplo). Entretanto, várias espécies fúngicas também
estão envolvidas em doenças que acometem plantas, animais e seres
humanos. As doenças causadas por fungos são denominadas micoses.
Agora que já conhecemos um pouco dos principais grupos de
microrganismos dos diferentes domínios, chegou a hora de falarmos
sobre seres que não pertencem a nenhum desses domínios: os vírus e
os príons.
Vírus
Em primeiro lugar, os vírus não são células. Isso mesmo, você não leu
errado! Eles são elementos genéticos que dependem de uma célula
hospedeira para que ocorra sua replicação e, por isso, são considerados
parasitas intracelulares obrigatórios. Eles possuem seu próprio genoma
de ácido nucleico (que pode ser formado por DNA, RNA ou ambos), que
é independente da célula hospedeira.
Os vírus são capazes de infectar células procarióticas (como bactérias e
arqueias) e eucarióticas (como animais, plantas e protozoários),
causando muitas doenças.
Os vírus que infectam bactérias são chamados de bacteriófagos. Os
vírus são muito pequenos, medindo de 0,02 a 0,3 µm e são visíveis
apenas com o auxílio de um microscópio eletrônico. Seus genomas
também são muito menores que os das células.
A forma extracelular de um vírus que permite que ele passe de uma
célula para outra é chamada de vírion. Geralmente, os vírus que
infectam animais possuem uma camada externa formada por lipídios e
proteínas, chamada de envelope; já os vírus que infectam bactérias não
costumam apresentar camadas adicionais.
Vírion
O vírion de um vírus é composto pelo capsídeo, um envoltório
proteico que contém o genoma viral. O vírion é muito importante,
pois protege o genoma do vírus quando este não está dentro de uma
célula hospedeira, e as proteínas da superfície do vírion participam
do processo de ancoragem do vírus à célula hospedeira.
Estrutura de um vírus.
Os vírus que possuem envelope são chamados de envelopados e
apresentam uma estrutura chamada nucleocapsídeo, que é formado por
ácido nucleico e pelas proteínas do capsídeo.
Os vírus são simétricos, o que significa que, quando girados em torno de
um eixo, a mesma forma é visualizada em todas as posições. Assim, os
vírus podem apresentar formato cilíndrico ou esférico, sendo que os
cilíndricos possuem simetria helicoidal, e os esféricos, simetria
icosaédrica.
Príons
Os príons são agentes infecciosos ainda mais simples que os vírus,
sendo constituídos apenas por proteínas. Em outras palavras, os príons
não possuem DNA ou RNA. Mesmo assim, causam doenças
neurológicas em animais, chamadas coletivamente de encefalopatias
espongiformes transmissíveis. O exemplo mais conhecido é o “mal da
vaca louca”, que acomete o gado bovino. Em humanos, são capazes de
causar uma doença degenerativa que pode causar demência e morte,
chamada “variante da doença de Creutzfeldt-Jakob”, relacionada à
ingestão de produtos cárneos oriundos de gado acometido por
encefalopatia espongiforme bovina.
Imagem representativa de estrutura tridimensional de uma proteína príon.
É importante ressaltar que os príons possuem duas conformações, uma
forma celular nativa e sua forma patogênica. A forma patogênica é
codificada pela própria célula hospedeira, através da conversão das
células priônicas nativas em patogênicas. Ou seja, a célula hospedeira
codifica o príon nativo (que não causa doença) e, por algum motivo, o
príon nativo é convertido na forma patogênica, causando doença.
Desafio
É importante ressaltar que os príons possuem duas conformações, uma
forma celular nativa e sua forma patogênica. A forma patogênica é
codificada pela própria célula hospedeira, através da conversão das
células priônicas nativas em patogênicas. Ou seja, a célula hospedeira
codifica o príon nativo (que não causa doença) e, por algum motivo, o
príon nativo é convertido na forma patogênica, causando doença.
Você é um estagiário em um renomado laboratório de microbiologia.
Durante a análise de amostras coletadas de um ambiente aquático, você
visualiza um microrganismo interessante ao microscópio ótico. Sob o
microscópio, a amostra apresenta organismos unicelulares com formas
variadas, incluindo formas esféricas e alongadas. Eles possuem uma
estrutura celular simples, sem núcleo definido. Além disso, uma parede
celular espessa e complexa é claramente visível. Baseando-se em suas
observações e no conhecimento adquirido durante seu estágio, você
precisa identificar corretamente o tipo de microrganismo para informar
ao seu supervisor e direcionar as próximas etapas do estudo. Os
microrganismos em questão referem-se às(os):
1. Bactérias, pois não apresentam núcleo e possuem parede celular.
2. Fungos, pois podem ou não apresentar núcleo e possuem parede
celular.
3. Vírus, pois apresentam núcleo e podem ou não possuir parede
celular.
Agora que já fez a sua escolha, vamos conhecer a resposta que
corresponde a cada uma dessas opções. Vamos lá!
Primeira opção expand_more
Correto. A descrição da amostra observada combina com as
características das bactérias – formas variadas, estrutura celular
simples sem núcleo definido, e a presença de uma parede celular
composta por peptidoglicano (polímero composto por açúcares
e aminoácidos que forma uma estrutura de rede complexa,
sendo um componente essencial da parede celular de muitas
bactérias). Essas observações são indicativas de organismos
procarióticos, direcionando corretamente as próximas etapas do
estudo para a microbiologia bacteriana.
Segunda opção expand_more
Incorreto. Embora fungos possam ser unicelulares ou
multicelulares e se alimentem de matéria orgânica, a estrutura
observada na amostra – especificamente a ausência de um
núcleo definido – não corresponde à de fungos, que são
eucarióticos. A amostra indica uma organização procariótica.
Terceira opção expand_more
Incorreto. Vírus são entidades microscópicas que não possuem
estruturas celulares próprias e são muito pequenos para serem
visualizados ao microscópio ótico comum. A presença de uma
estrutura celular visível e a parede celular sugerem que a
amostra não é viral.
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Características gerais de fungos,
algas, vírus e príons
Acompanhe neste vídeo uma visão geral sobre os fungos, destacando
seu estudo na micologia e sua diversidade. Exploraremos as
características dos fungos como decompositores, sua reprodução
assexuada e sexuada, e sua importância para a natureza e os seres
humanos.
Aplicando o conhecimento
Na cidade de Vale das Flores, um evento culinário anual celebrado por
sua inovação e uso de ingredientes locais enfrentou um desafio
inesperado. O estabelecimento Sabores da Terra, conhecido por seus
produtos artesanais e inovadores, lançou um patê especial de ervas, que
rapidamente se tornou um sucesso entre os clientes. No entanto, esse
sucesso foi ofuscado quando, após algumas semanas, 37 clientes
reportaram sintomas severos de intoxicação alimentar após
consumirem o produto.
Investigações das autoridades de saúde pública apontaram para as
condições de armazenamento do patê como a causa do surto.
Amostras do produto revelaram a presença de Staphylococcus aureus,
uma bactéria mesófila conhecida por sua capacidade de produzir
toxinas em alimentos mantidos em temperatura ambiente por períodos
prolongados. Esse microrganismo é particularmente insidioso, pois
pode se multiplicar rapidamente em condições inadequadas de
armazenamento, tornando os alimentos inseguros para consumo.
Diante dessa revelação, o estabelecimento agiu prontamente, retirando
o patê de circulação e implementando uma revisão rigorosa de suas
práticas de armazenamento. A decisão foi tomada para refrigerar todos
os produtos susceptíveis ao crescimento microbiano, uma mudança
significativa na política do estabelecimento, que anteriormente
valorizava o armazenamento em temperatura ambiente por acreditar
que isso preservava melhor o sabor dos alimentos.
Além disso, foram realizados investimentos em treinamento intensivo
para os funcionários, com ênfase especial na importância do controle
de temperatura para a segurança alimentar. Essas medidas
demonstraram ser eficazes: nos três meses seguintes à implementação
das novas políticas de armazenamento e manipulação, não houve mais
relatos de intoxicação alimentar relacionados ao consumo de produtos
do estabelecimento.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos!
Questão 1
Discuta como a temperatura influencia o crescimento microbiano e de
que maneira a refrigeração pode ajudar a prevenir surtos de intoxicação
alimentar.
Digite sua resposta aqui
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A temperatura afeta diretamente o crescimento de
microrganismos, com mesófilos como o Staphylococcus
aureus crescendo bem em temperaturas moderadas (20°C a
40°C). A refrigeração desacelera ou inibe o crescimento
desses microrganismos, diminuindo o risco de intoxicação
alimentar ao retardar a reprodução microbiana e a produção
de toxinas. Assim, a refrigeração é essencial para manter a
segurança alimentar, prolongando a segurança do consumo
dos alimentos.
Questão 2
Além da temperatura, quais outras características do alimento e do
ambiente influenciam o crescimento microbiano, e como elas afetam a
segurança e a qualidade dos alimentos?
Digite sua resposta aqui
Chave de respostaexpand_more
Além da temperatura, o pH, a presença de oxigênio e os
nutrientes disponíveis são características importantes que
influenciam o crescimento microbiano em alimentos. O pH
pode favorecer ou inibir certos microrganismos. A presença
ou ausência de oxigênio é indispensável, com
microrganismos aeróbios necessitando de oxigênio e
anaeróbios proliferando sem ele. A disponibilidade de
nutrientes, como carboidratos, proteínas e lipídios, também
afeta o crescimento microbiano. Esses fatores são
essenciais para a segurança e qualidade dos alimentos,
impactando o risco de deterioração e contaminação.
Questão 3
Como as técnicas de embalagem e conservação de alimentos podem
ser otimizadas para inibir o crescimento de microrganismos
patogênicos e prolongar a vida útil dos produtos?
Digite sua resposta aqui
Chave de respostaexpand_more
As técnicas de embalagem e conservação de alimentos
podem ser otimizadas através do uso de métodos que
limitam a exposição dos alimentos a fatores que promovem
o crescimento microbiano. Isso inclui embalagens a vácuo,
que reduzem a presença de oxigênio, retardando o
crescimento de microrganismos aeróbios. O uso de
conservantes naturais ou artificiais que alteram o pH ou
inibem o crescimento microbiano também é eficaz. Além
disso, técnicas como o congelamento podem preservar a
qualidade dos alimentos ao inibir a atividade microbiana
através da redução drástica da temperatura.
Atividade 3
Diferentemente de qualquer outro microrganismo, os vírus não
possuem células, sendo formados fundamentalmente por material
genético, uma capa proteica e, às vezes, um envelope externo
composto majoritariamente por lipídios. Qual alternativa a seguir
apresenta outra característica desses microrganismos?
Vírus podem se reproduzir de forma independente, fora
A
de uma célula hospedeira.
B
Todos os vírus possuem DNA como seu material
genético.
Vírus são considerados seres vivos pela maioria da
C
comunidade científica.
Vírus podem infectar apenas seres humanos e outros
D
animais.
Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios que
E
necessitam de uma célula hospedeira para se replicar.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Os vírus são únicos por serem parasitas intracelulares obrigatórios,
necessitando inteiramente de uma célula hospedeira para replicar seu
material genético. Eles não conseguem se reproduzir fora de células
vivas, o que os diferencia de outros organismos.
3 - Células procarióticas
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a morfologia e as estruturas das células
procarióticas.
Morfologia da célula procariótica e
membrana plasmática
Morfologia da célula procariótica
Quando nos referimos à morfologia celular, estamos falando sobre a
forma da célula. Em procariotos, muitas morfologias diferentes são
conhecidas e foram descritas ao longo do tempo, e as principais serão
discutidas a seguir:
filter_1 Cocos
Células com formato esférico ou oval; representa o
grupo mais homogêneo com relação ao tamanho
celular; de acordo com o arranjo (agrupamento) que
apresentam, os cocos recebem denominações
diferentes, como, por exemplo, diplococos (dois
cocos), tétrades (quatro cocos), estreptococos
(longas cadeias de cocos), estafilococos (conjuntos
de cocos agrupados de maneira irregular,
semelhantes a cachos de uvas), sarcina
(agrupamento de cocos em forma cúbica). Como
exemplos de cocos, podemos citar os gêneros
Streptococcus e Staphylococcus.
filter_2 Bastonetes ou bacilos
Células que apresentam formato cilíndrico, ou seja,
são mais longas em uma direção que em outra; os
diferentes gêneros e as espécies de bactérias
exibem variação na forma e no tamanho dos
bacilos, existindo bacilos mais largos ou mais finos,
mais longos ou mais curtos etc. Bacillus e
Escherichia são gêneros bacterianos que
apresentam forma de bacilos.
filter_3 Espiraladas
Células com formato espiralado, existindo dois
tipos, espirilos e espiroquetas; os espirilos são
bastonetes rígidos com formato helicoidal, com
número de espirais variados, capazes de se
movimentar por meio de flagelos; as espiroquetas
são células muito espiraladas, finas e flexíveis, que
se movimentam de maneira incomum, através de
torções na célula, que permitem que elas
atravessem tecidos e materiais viscosos.
Leptospira interrogans, bactéria causadora da
leptospirose, é um exemplo de espiroqueta.
filter_4 Cocobacilos
São bacilos muito curtos. Bordetella pertussis é um
cocobacilo que causa coqueluche.
filter_5 Vibrião
Células curvadas com formato parecido com uma
vírgula. Como exemplo, podemos citar o Vibrio
cholerae, causador da cólera, popularmente
conhecido como “vibrião colérico”.
É importante ressaltar que não é possível prever outras características
das células com base apenas na sua morfologia. Por exemplo, o
conhecimento da morfologia de uma célula por si só não permite prever
sua fisiologia, sua filogenia, seu potencial para causar doença ou
qualquer outra propriedade. A morfologia de uma célula é resultante da
adequação daquele organismo ao seu habitat, sendo geneticamente
codificada para aumentar suas chances de sobrevivência.
video_library
Morfologia do domínio Eubactéria
Neste vídeo, a Professora Lívia Helena explica a Morfologia do domínio
Eubactéria.
Estruturas fundamentais
Você sabe o que são estruturas fundamentais a uma célula?
São todas aquelas estruturas essenciais à vida da célula e à sua
sobrevivência, estando presentes em todos os organismos.
Neste tópico, abordaremos as estruturas fundamentais das células
procarióticas.
Membrana plasmática
A membrana plasmática é uma barreira de permeabilidade existente em
todas as células, sendo responsável por separar o citoplasma do
ambiente externo. É uma estrutura extremamente importante.
Citoplasma
Corresponde à área intracelular formada por uma substância
coloidal, semi-fluida, chamada de citosol, na qual estão dispersas as
organelas celulares.
Um comprometimento da membrana plasmática pode
resultar em perda da integridade da célula,
extravasamento do conteúdo citoplasmático e,
consequentemente, morte celular.
A membrana plasmática é uma estrutura fina (possui de 8 a 10 nm de
espessura) e fluida, composta tradicionalmente por uma bicamada
fosfolipídica e por proteínas. Os fosfolipídios contêm componentes:
Hidrofóbicos
Que não possuem afinidade por água, ou seja, são hidrofóbicos, como
ácidos graxos.
Hidrofílicos
Que apresentam afinidade por água, como glicerol-fosfato.
Por esse motivo, os fosfolipídios da membrana formam uma bicamada:
como se agregam em uma solução aquosa (as células são ricas em
água), os ácidos graxos dos fosfolipídios ficam direcionados para o
interior, voltados uns para os outros, dando origem a um ambiente
hidrofóbico, enquanto as partes hidrofílicas ficam expostas ao
citoplasma ou ao exterior da célula, ambientes ricos em água. Certas
bactérias possuem moléculas semelhantes aos esteróis em sua
membrana plasmática, conhecidas como hopanoides. Os esteróis
reforçam a membrana das células eucarióticas, e os hopanoides
realizam essa mesma função nas bactérias.
Estrutura da membrana plasmática de um eucarioto.
As proteínas podem se apresentar na membrana plasmática de
diferentes maneiras. Muitas se encontram embebidas na membrana,
sendo conhecidas como proteínas integrais de membrana; outras
apresentam apenas uma parte ancorada à membrana, enquanto
algumas partes estão voltadas para dentro ou para fora da célula; outras
apresentam firme associação com a superfície da membrana, mas não
estão embebidas nela, sendo denominadas proteínas periféricas.
Algumas dessas proteínas periféricas possuem uma cauda lipídica que
faz essa ancoragem à membrana (lipoproteínas).
As proteínas de membrana geralmente possuem
superfícies hidrofóbicas nos locais em que atravessam
a membrana e superfícies hidrofílicas nos locais que
mantêm contato com o ambiente externo e com o
citoplasma.
As membranas plasmáticas das células procarióticas possuem mais
proteínas do que as células eucarióticas, pois, como os procariotos não
possuem organelas e estruturas especializadas (como retículo
endoplasmático, complexo de Golgi e mitocôndrias), muitas atividades
bioquímicas necessárias à sobrevivência da célula ocorrem na
membrana. Assim, diversas proteínas que participam de processos de
síntese, de transporte, de respiração celular e de movimentação de
flagelos, por exemplo, estão presentes nesta estrutura.
Em suma, a membrana plasmática desempenha importantes funções,
como:
Compartimentalização expand_more
Separa o interior da célula do ambiente externo.
Transporte de substâncias expand_more
A membrana permite a interação da célula com o ambiente;
bactérias e arqueias obtêm nutrientes do meio externo através
da permeabilidade da membrana e também por sistemas de
transporte localizados nessa estrutura; além disso, substâncias
(como produtos do metabolismo) podem ser excretadas pela
membrana. Alguns tipos de transporte não requerem energia,
sendo chamados de transporte passivo (exemplos: difusão
passiva, osmose e difusão facilitada), enquanto outros tipos
requerem energia na forma de ATP, força próton-motiva ou
mediante reações de fosforilação (exemplos: transporte ativo,
translocação de grupo e sistema ABC).
Atividades bioquímicas e de síntese expand_more
Na membrana de procariotos, ocorre a síntese de importantes
compostos, como, por exemplo, lipopolissacarídeos de bactérias
gram-negativas e parte da síntese da parede celular.
Geração de energia expand_more
Na membrana de procariotos, ocorrem reações que resultam na
geração de energia, como a respiração.
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Morfologia da célula procariótica e
membrana plasmática
Explore neste vídeo a morfologia de células procarióticas, destacando
formas variadas, como cocos, bacilos, espiraladas e vibriões.
Abordaremos as características únicas dessas formas e sua
funcionalidade em diferentes contextos biológicos.
Atividade 1
Independentemente de serem procariontes ou eucariontes, todas as
células contêm membrana plasmática. Entretanto, membranas
plasmáticas podem apresentar algumas diferenças entre tipos
celulares distintos. Sobre a membrana plasmática bacteriana, pode-se
afirmar o seguinte:
A membrana plasmática de bactérias é composta
A exclusivamente por proteínas, fornecendo rigidez
estrutural à célula.
Em bactérias, a membrana plasmática serve apenas
B como barreira física, sem participação ativa no
transporte de substâncias.
A membrana plasmática bacteriana contém grandes
C
quantidades de colesterol para manter fluidez.
A membrana plasmática bacteriana contém lipídios
D
denominados hopanoides.
Bactérias utilizam sua membrana plasmática para
E
realizar a fotossíntese, assim como as plantas.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A membrana plasmática de bactérias é composta por uma bicamada
lipídica que, além de incluir fosfolipídios e proteínas, pode conter
lipídios especiais chamados hopanoides. Esses compostos
desempenham um papel semelhante ao colesterol nas células
eucarióticas, ajudando a regular a fluidez e a estabilidade da
membrana.
Parede celular, ribossomos e material
genético
Parede celular
A parede celular é uma estrutura relativamente permeável que se
encontra localizada acima da membrana plasmática. Em procariotos,
ela é responsável por proteger a célula contra a lise osmótica e
mecânica, além de conferir à célula forma e rigidez. Por ser a estrutura
mais superficial, ela age como um receptor que permite a interação de
proteínas e moléculas com a bactéria. Além disso, como as células
humanas não possuem parede celular, muitos antibióticos que
apresentam como alvo a síntese dessa estrutura foram desenvolvidos;
esses antibióticos tornam a célula bacteriana mais susceptível à lise,
resultando na morte da bactéria. O uso desses antibióticos é
extremamente vantajoso para o tratamento das infecções bacterianas.
Nas bactérias, o principal componente polissacarídico da
parede celular é denominado peptideoglicano, que é o
responsável por conferir a rigidez da estrutura.
De acordo com a estrutura e composição química da parede celular, as
bactérias podem ser classificadas em dois grandes grupos:
Gram-positivas expand_more
As bactérias gram-positivas possuem uma parede celular
formada por uma camada espessa de peptideoglicano, e muitas
apresentam ainda moléculas ácidas chamadas de ácidos
teicoicos.
Parede celular gram-positiva. 1- membrana plasmática, 2- peptideoglicano, 3-
fosfolipídeo, 4- proteína, 5- ácido teicoico.
Gram-negativas expand_more
As bactérias gram-negativas possuem uma fina camada de
peptideoglicano sobre a qual se encontra uma camada
composta por lipoproteínas, fosfolipídios, proteínas e
lipopolissacarídeos (LPS), chamada de membrana externa, que
corresponde a uma segunda bicamada lipídica. A membrana
externa é permeável a pequenas moléculas por possuir porinas,
que são proteínas que atuam como canais que permitem a
entrada e saída de solutos; em geral, a membrana externa
também possui componentes tóxicos para as células de
mamíferos, capazes de causar sintomas gastrointestinais (como
diarreia, gases e vômitos) graves em humanos. Diferente das
bactérias gram-positivas, nas bactérias gram-negativas, existe,
ainda, uma região chamada periplasma, localizada entre a
membrana plasmática e a membrana externa; essa região
contém diferentes proteínas envolvidas em sistemas de
transporte de substâncias.
Parede celular gram-negativa. 1- membrana plasmática, 2- periplasma, 3- membrana
externa, 4- fospolipídeo, 5- peptideoglicano, 6- lipoproteína, 7- proteína, 8- LPS, 9-
porinas.
A divisão das bactérias nesses dois grupos apresenta grande
importância taxonômica.
A diferenciação das bactérias gram-positivas e gram-negativas é
realizada através de uma técnica conhecida como Coloração de Gram.
Ao final do procedimento, as bactérias gram-positivas ficam coradas de
roxo, e as gram-negativas, de Vermelho/rosa.
A coloração de Gram, é um método de diferenciação de espécies bacterianas em dois grandes
grupos: Gram-positivas (roxo) e Gram-negativas (vermelho/rosa).
Diferentemente das bactérias, as paredes celulares das arqueias não
possuem peptideoglicano, sendo formadas principalmente por
polissacarídeos, proteínas ou glicoproteínas. A parede celular de
arqueias metanogênicas, por exemplo, é formada por um polissacarídeo
chamado pseudomureína, que é bem parecido com o peptideoglicano.
Outras arqueias podem apresentar, ainda, uma parede celular espessa
formada por polímeros de glicose, de ácido glicurônico, de ácido urônico
galactosamina, dentre outros. Outro tipo comum de parede celular em
arqueias é a denominada camada S, que é uma superfície paracristalina
formada por moléculas de proteínas e glicoproteínas entrelaçadas. A
camada S é resistente o suficiente para aguentar pressões osmóticas
variadas e estabelecer a forma da célula, mas ela pode estar presente
em bactérias junto a outros componentes da parede celular.
Ilustração de bactérias vistas através de um microscópio.
Ribossomos
Os ribossomos são estruturas presentes no citoplasma e são formados
por ácido ribonucleico e proteínas. São responsáveis por sintetizar todas
as proteínas indispensáveis à vida, participando como sítio de tradução
do RNA mensageiro na síntese de proteínas. As proteínas sintetizadas
nesse processo podem apresentar as mais variadas funções, como, por
exemplo, função estrutural ou enzimática.
A forma e a função dos ribossomos dos procariotos são semelhantes à
dos eucariotos, porém os ribossomos dos eucariotos são maiores e
apresentam composição de proteínas diferentes. Veja a seguir:
Procariotos
Apresentam ribossomos 70S, que são formados pelas subunidades 30S
e 50S.
Eucariotos
Possuem ribossomos 80S formados pelas subunidades 40S e 60S.
A informação para a síntese de proteínas está no DNA cromossômico;
cada gene é um segmento de DNA que contém a informação necessária
para a síntese de uma proteína. A informação do gene é transcrita (ou
copiada) para o RNA mensageiro, e este se complexa com o ribossomo
no local determinado para a síntese da proteína. O RNA de transferência
(ou transportador) traduz a informação do RNA mensageiro e coloca os
aminoácidos em sítios específicos do ribossomo. O RNA transportador
se liga a um aminoácido por uma extremidade, enquanto a outra
extremidade se liga ao códon (composto por três nucleotídeos) que está
no RNA mensageiro. Os aminoácidos vão sendo adicionados até que a
síntese termine em uma sequência específica. Para que a síntese de
proteínas ocorra, as duas subunidades do ribossomo devem estar
acopladas.
Ribossomo.
Material genético
Todos os organismos possuem material genético ou genoma e, no
momento da divisão celular, ele é transmitido aos descendentes. Nos
microrganismos procariotos, o material genético pode ser formado por
dois elementos distintos: DNA cromossômico e DNA
extracromossômico (também conhecido como plasmídeo, que
estudaremos no próximo tópico).
Material genético
A informação genética se encontra na sequência de monômeros dos
ácidos nucleicos, que são moléculas informacionais. Os ácidos nucleicos
são formados por sequências polinucleotídicas, e cada nucleotídeo é
formado por três constituintes: um resíduo de açúcar-pentose (ribose no
RNA e desoxirribose no DNA), uma base nitrogenada e um grupamento
fosfato.
Desenho esquemático de uma bactéria. (1) DNA cromossómico. (2) Plasmídeos.
O DNA cromossômico é o principal constituinte do genoma dos
procariotos; este DNA se encontra associado com proteínas, formando
os cromossomos. Na grande maioria das bactérias e arqueias, o
cromossomo é formado por uma única molécula de DNA circular de fita
dupla, ou seja, é circular e único, e contém genes que são indispensáveis
para a sobrevivência da célula.
Alguns procariotos possuem mais de uma molécula de DNA
cromossômico e, outros, possuem o cromossomo linear.
As funções do cromossomo incluem transmitir
características hereditárias e codificar proteínas celulares.
Como as células procarióticas não possuem um núcleo envolvendo o
material genético, ele se encontra disperso no citoplasma, mas de uma
maneira compactada e organizada em uma região conhecida como
nucleoide. A compactação do DNA cromossômico ocorre em três níveis
distintos e é extremamente necessária, pois, quando estendido, o DNA é
muito maior do que a célula que o contém. Por exemplo, o cromossomo
da bactéria Escherichia coli é aproximadamente 500 vezes maior que a
célula. O DNA das células procarióticas é aproximadamente 1000 vezes
menor que o das células eucarióticas.
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Parede celular, ribossomos e material
genético
Confira neste vídeo a parede celular, uma estrutura fundamental nas
células procarióticas, oferecendo proteção contra lise osmótica e
mecânica, enquanto fornece rigidez e forma. Detalharemos sua
composição e a distinção entre bactérias Gram-positivas e Gram-
negativas.
Atividade 2
De acordo com a composição da parede celular, as bactérias são
divididas em dois grupos: Gram-positivas e Gram-negativas. De acordo
com essa classificação, pode-se afirmar o seguinte:
Apenas bactérias Gram-positivas possuem uma
A
membrana externa na sua parede celular.
Bactérias Gram-negativas têm uma camada espessa de
B peptidoglicano, enquanto as Gram-positivas possuem
uma camada fina.
Ambos os tipos de bactérias possuem quantidades
C similares de ácidos teicoicos em suas paredes
celulares.
Bactérias Gram-negativas possuem uma membrana
D externa adicional e uma camada relativamente fina de
peptidoglicano, diferentemente das Gram-positivas.
As paredes celulares de bactérias Gram-positivas e
E Gram-negativas são indistintas e funcionam da mesma
maneira.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Bactérias Gram-positivas possuem uma camada espessa de
peptidoglicano, que é uma malha densa de polímeros que oferece
suporte estrutural e proteção. Além disso, elas frequentemente contêm
ácidos teicoicos, que são polímeros de álcool e açúcar que atravessam
a parede celular. Por outro lado, bactérias Gram-negativas
caracterizam-se por ter uma camada de peptidoglicano muito mais
fina, localizada entre duas membranas: a membrana plasmática interna
e uma membrana externa adicional, que contém lipopolissacarídeos
(LPS).
Estruturas acessórias
Agora que já conhecemos as estruturas fundamentais, fica mais fácil
imaginar o que são as estruturas acessórias, não é mesmo? Como o
próprio nome diz, são estruturas que não estão obrigatoriamente
presentes em todas as células, mas oferecem características vantajosas
às células que as possuem. Então, vamos juntos conhecer um
pouquinho sobre as principais estruturas acessórias das células
procarióticas!
Estrutura bacteriana.
Cápsula
A cápsula é uma estrutura presente em muitas bactérias, tanto gram-
positivas como gram-negativas, e se encontra localizada ao redor da
parede celular. Trata-se de uma estrutura fortemente aderida à parede
celular, e, muitas vezes, ela se encontra covalentemente ligada ao
peptideoglicano. A cápsula geralmente é composta por uma grande
variedade de polissacarídeos, mas proteínas também podem ser
encontradas. Ela pode ser descrita como uma matriz compacta, rígida e
espessa, capaz de excluir partículas pequenas, como a tinta nanquim.
Pode ser facilmente observada com o auxílio de um microscópio óptico
utilizando a tinta nanquim, pois, uma vez que este corante não é capaz
de penetrar na cápsula, ela se apresenta como um halo claro contra um
fundo escuro.
Imagem ilustrativa da cápsula de uma bactéria destacada na cor azul.
Assim como outras camadas de superfície externa, as cápsulas
apresentam várias funções, tais como:
Adesão a superfícies sólidas, por vezes formando uma camada
espessa de células, conhecida como biofilme; o biofilme pode ser
formado sobre dispositivos médicos utilizados pelos pacientes,
como os diferentes tipos de cateteres, causando infecções
difíceis de tratar.
II
Adesão a tecidos animais específicos, como, por exemplo, a
adesão da bactéria Streptococcus mutans ao esmalte do dente,
levando à formação da placa dental.
III
Participação na patogênese microbiana (processo através do
qual os microrganismos causam doença), pois participam da
etapa inicial do processo de infecção, que é justamente a adesão
às células do hospedeiro.
IV
Atuação como fator de virulência, como no caso da bactéria
Streptococcus pneumoniae, causadora da pneumonia bacteriana;
essa bactéria possui uma espessa cápsula polissacarídica que
impede que o sistema imune do hospedeiro a reconheça como
um invasor, evitando sua eliminação e, consequentemente,
resultando na instalação da doença.
Proteção da célula contra a dessecação em períodos de seca,
devido a sua capacidade de se ligar à água.
Flagelos
A locomoção dos microrganismos é muito importante, pois permite que
as células ocupem novos ambientes, muitas vezes representando novas
e melhores oportunidades de sobrevivência para determinada espécie.
Muitos procariotos conseguem se deslocar devido à presença de
estruturas denominadas flagelos, que proporciona às células a
motilidade natatória. Os flagelos de bactérias são apêndices muito finos
e longos; uma extremidade se encontra ligada à célula, enquanto a outra
é livre, e sua rotação empurra ou puxa a célula em um meio líquido.
Imagem ilustrativa dos flagelos de uma bactéria, destacados nas cores verde e azul.
Os flagelos estão ancorados na membrana plasmática e na parede
celular, possuem morfologia helicoidal e são formados por cópias da
proteína flagelina. De acordo com o padrão que os flagelos se ligam às
células, elas podem receber diferentes classificações:
filter_1 Flagelação polar monotríquia
Flagelo ligado a uma extremidade da célula.
filter_2 Flagelação polar lofotríquia
Tufos de flagelos localizados em uma das
extremidades da célula.
filter_3 Flagelação polar anfitríquia
Tufos de flagelos localizados nas duas
extremidades da célula.
filter_4 Flagelação peritríquia
Flagelos presentes em vários locais ao longo da
superfície celular.
Fímbrias e pili
A superfície das células procariotas podem conter ainda estruturas
denominadas fímbrias e pili. Trata-se de proteínas filamentosas que se
projetam da superfície celular e desempenham algumas importantes
funções.
As fímbrias estão envolvidas com a adesão a superfícies, tanto inertes
(levando à formação de biofilme em superfícies sólidas) quanto de
animais (no caso de bactérias patogênicas). As fímbrias são
importantes para o desenvolvimento de algumas infecções, como:
Salmonelose
Causada por espécies de Salmonella.
Gonorreia
Causada por Neisseria gonorrhoeae.
Coqueluche
Causada por Bordetella pertussis.
Os pili, por sua vez, são estruturas mais longas presentes em poucas
cópias na superfície da célula. São responsáveis por facilitar a troca
genética entre células durante o processo de conjugação, além de
auxiliar também no processo de adesão. Além disso, a classe de pili
conhecida como pili tipo IV propicia à célula uma forma de motilidade
pouco comum chamada de motilidade pulsante, em que a extensão e
retração dos pili permite a movimentação da célula sobre uma
superfície sólida, além de participar também da transferência genética
em algumas bactérias.
Bactéria com estruturas na sua superfície denominadas fímbrias e pili.
Grânulos de inclusão
Os grânulos de inclusão são normalmente encontrados em células
procarióticas, tendo como principal função atuar como reserva de
energia e nutrientes para as células. São responsáveis pelo
armazenamento de diferentes substâncias, como polissacarídeos,
lipídios, enxofre e polifosfato, que poderão ser usadas pelas células em
situações desfavoráveis. Estas substâncias podem se encontrar
envolvidas por uma membrana de camada única que as deixam isoladas
dentro da célula, mas alguns compostos já ficam isolados por serem
insolúveis em água, não necessitando de uma membrana.
A principal vantagem da existência dos grânulos de
inclusão se deve à redução do estresse osmótico que
seria causado dentro da célula se essas substâncias
permanecessem dissolvidas no citoplasma.
Assim, quando há excesso de carbono no ambiente, por exemplo, seu
acúmulo em bactérias e arqueias pode ocorrer na forma de polímeros
de glicogênio, que é a maior reserva de carboidratos em procariotos, e
também de poli-β-hidroxialcanoato (PHA), que representa uma reserva
de lipídios; ambos são reservas de carbono e energia. Além disso,
fosfato inorgânico pode ser acumulado na forma de grânulos de
polifosfato, que podem ser utilizados quando necessário para a síntese
de ácidos nucleicos, fosfolipídios e ATP. Outros grânulos de inclusão
são conhecidos em procariotos, como o enxofre elementar armazenado
por bactérias sulfurosas, minerais carbonatos armazenados por
cianobactérias e magnetossomos, que correspondem ao acúmulo de
minerais magnetotáticos também por cianobactérias.
Plasmídeos
Muitas bactérias e arqueias possuem, além do cromossomo, moléculas
de plasmídeos ou DNA extracromossômico em seu citoplasma.
Geralmente, os plasmídeos são formados por uma molécula de DNA de
fita dupla circular (mas também existem os de configuração linear) e
são menores que o cromossomo da célula.
A replicação dos plasmídeos ocorre de maneira independente do
cromossomo celular. Além disso, eles variam muito em tamanho,
podem apresentar sequências de nucleotídeos bastante variadas e ser
encontrados em diferentes números de cópias nas células. É comum
que os plasmídeos maiores sejam achados em menor número de
cópias, enquanto os plasmídeos menores são geralmente encontrados
em maior número.
Conjugação bacteriana (transferência de material genético entre duas células) com a
transferência de plasmídeos de resistência.