Universidade José Eduardo Dos Santos
Faculdade de Ciências Agrárias
Departamento de Produção e Proteção Vegetal
DOCENTE
Eng.º José Domingos, MSc.
= Professor Auxiliar=
[1]
Temas
• Etimologia e Conceito de Fitopatologia
• Importância da disciplina
• História: Períodos de Desenvolvimento da Fitopatologia;
• Conceito e Importância das Doenças de Plantas.
a. Triângulo da doença;
b. Postulados do Koch;
c. Sintomas e Sinais da doença;
d. Classificação dos sintomas da doença.
Fitopatologia: origem grega: Phyton = planta; Pathos = doença; Logos = estudo.
Fitopatologia: estuda doenças de plantas, abrangendo todos seus aspectos, desde diagnose,
sintomatologia, etiologia, epidemiologia, até o controlo.
• Ciências Auxiliares
Botânica, Microbiologia, Micologia, Virologia, Bacteriologia, Nematologia, Fisiologia Vegetal,
Ecologia, Bioquímica, Genética, Biologia Molecular, Engenharia Genética, Horticultura,
Pedologia, Química, Física, Meteorologia, Estatística.
• Importância da fitopatologia
Doenças de plantas afectam: directa ou indirecta/te e provocam:
estragos;
custos de controlo;
limitações às espécies e variedades.
Conhecer:
microrganismos infecciosos,
desenvolvimento,
disseminação entre plantas
evitar presença ou atenuar impacte.
[2]
Desafios:
controlo racional e sustentável, limitando uso de pesticidas.
Utilização de tecnologia, genética molecular, melhoramento vegetal como ferramentas de
controlo.
História
Doenças de plantas - desde primórdio da agricultura;
1º fenómenos de causas místicas (religiosas);
Bíblia - repositório de referências antigas “castigos divinos”.
Fitopatologia: 5 estágios ou períodos:
1) Período Místico;
2) Período da Predisposição;
3) Período Etiológico;
4) Período Ecológico
5) Período Fisiológico..
Período místico
Desde antiguidade até começo do século XIX. Antiga Grécia:
Aristóteles - especulação sobre origem das doenças e métodos de cura;
Teophrastus (pai da Botânica) – classificação em doenças externas e internas.
Roma antiga
Plínio e Columella (agrónomos):
Ferrugem e carvão (trigo) - castigo de deuses Robigo (feminino) e Robigus (masculino).
Festa - "Robigalia“: sacrifício de animais, em louvor a Robigo, pedindo clemência e protecção.
Idade Média: associação fungo-planta doente (despertou atenção):
Tillet (1714-1791) - fungo causa cárie do trigo.
Targioni-Tozzetti, (1767) - fungos subepidérmicos das folhas causam ferrugens e carvões.
[3]
Referência bíblica sobre doenças de plantas:
“Eu vos feri com um vento abrasador e com ferrugem a multidão de vossas hortas e das vossas
vinhas. Aos vossos olivais e aos vossos figueirais, comeu a lagarta; e vós não voltaste para mim,
diz o Senhor”. (Amós 4:9)
Período predisposição
Início século XIX: associação fungo-plantas (patente)
Prevost ,1807 (suíço) - Tilletia carie, agente da cárie do trigo, confirmando Tillet (1755 - então
refutado por paladinos de geração espontânea).
Alemão Unger, (1833): desordens nutricionais predispunham tecidos da planta a produzir
fungos, por geração espontânea.
Virtude: relacionar doenças com ambiente.
Demérito: Doenças produziam fungos e não estes que provocavam as doenças.
Até meados do séc. XIX – doenças em plantas causadas por factores ambientais
• Período Etiológico
De Bary (1853): natureza parasitária de doenças (ex: fungo Phytophthora infestans - requeima
da batata.
Louis Pasteur (1860): destruição da teoria de geração espontânea (origem bacteriana de várias
doenças em homens e animais).
Koch (1874): estabelece seus postulados.
Infecciosidade de microrganismos
Fitopatologia: ciência.
Invenção do Microscópio (1881)
Fim: geração espontânea.
Doenças: ferrugens, carvões, oídios, míldios
Calda Bordalesa (sulfato cobre) - Millardet -1882.
Período Ecológico
Sorauer (1874): início período ecológico “Handbook of Plant Diseases”.
Separação: doenças parasitárias; abióticas
[4]
Admissão: influência factores ecológicos
Ambiente influencia desenvolvimento das doenças (solo, água , temperatura, ar, humidade).
Período Fisiológico
Gaümann, (1946), inicia período fisiológico: doenças baseadas nas relações fisiológicas
hospedeiro-patogénio, como processo no qual ambos se influenciam mutuamente.
Período Fisiológico (actual? )
Engenharia genética: avanço da Fitopatologia e pode marcar início de um novo período,
período biotecnológico.
Cultura de tecidos: regenerar plantas ou obter híbridos livres ou resistentes a doenças
FITOPATOLOGIA EM ANGOLA
Referência não conhecida sobre primeira evidência das doenças de plantas no nosso País.
Qualquer cronologia peca: poucas informações.
Era colonial: doenças de algodão, cana-de-açúcar, cafeeiro, batata, cereais) – base da
economia
Concentração de pesquisadores:
Maioria - Centrop - Centro de estudos tropicais de Lisboa
Poucos – docentes de escolas agrárias.
Doenças de Plantas - CONCEITO
Sem definição rigorosa. Várias acepções ilustram o conceito:
DOENÇA
É toda alteração fisiológica ou morfológica que modifica o desenvolvimento da planta de
tal forma que os sinais externos de perturbação sejam evidentes.
• DOENÇA: Conceito abrangente
“É o mal funcionamento de células e tecidos do hospedeiro (planta) que resulta da sua contínua
irritação por um agente patogénico ou factor ambiental e que conduz ao desenvolvimento de
sintomas.
É uma condição envolvendo mudanças anormais na forma, fisiologia, integridade ou
comportamento da planta. Tais mudanças podem resultar em dano parcial ou morte da planta ou
de suas partes” (Agrios, 2005)
[5]
Doenças de Plantas
Doenças bióticas: parasitas como fungos, bactérias, insectos, vírus, nematóides, protozoários
com habilidade de interferir nos processos fisiológicos das plantas para sua alimentação e
desenvolvimento;
Alguns fungos, bactérias e algas podem causar doenças mas não precisam viver nos tecidos das
plantas. Ex: fumagina
Factores abióticos podem predispor plantas: climas frios ajudam ocorrência de Phytophthora
infestans (requeima) e climas quentes a Ralstonia solanacearum, (murcha bacteriana).
Doenças abióticas: ocasionadas por condições ambientais desfavoráveis, não são
transmissíveis de planta doente para planta sã;
Deficiências por solos de baixa fertilidade, estresse hídrico, ou condições desfavoráveis geram
irritações celulares. Em casos extremos podem levar a morte da planta.
• Triângulo da doença
Descreve interacção de componentes da doença. Cada componente ocupa um vértice:
Componentes da doença:
1. Patogénio (agente causal) = precisa ser virulento;
2. Hospedeiro (planta) = precisa ser susceptível;
3. Ambiente (clima) = precisa ser favorável
Representação do triângulo da doença em plantas, conforme Gaümann (1946)
A ideia de triângulo da doença é aplicável em ecossistemas naturais, onde não há a
interferência humana.
• Severidade das doenças
Depende da interacção entre os três componentes dos vértices do triângulo.
[6]
i. Sem ocorrência de doença (não há interacção)
ii. Baixa severidade (baixo nível de interacção)
iii. Elevada severidade (alto nível de interacção)
EPIDEMIAS FAMOSAS
FERRUGEM DE SOJA – Phakopsora pachyrhizi
1902 - Japão
1947 – Brasil
1998 - Zimbábue (perdas 60 % a 80 %) produção.
2001 (Paraguai e Brasil).
CANCRO CÍTRICO - Xanthomonas axonopodis pv. citri
Brasil: (1957 - São Paulo) hoje em todo país.
REQUEIMA DA BATATA: Phytophthora infestans Irlanda (1845/46) - plantios de
batateira devastados:
Mortes - ~2 milhões;
Emigrantes - 1,5 milhões
Pop.- 8,3→5,2 milhões
FERRUGEM DO CAFEEIRO – Hemileae vastatrix
Ceilão (200.000 ha -1835 e 500 ha –1870 substituição por chá);
MAL DO PANAMÁ – Fusarium oxysporum f. sp. cubense
Brasil (1930) - 1 milhão de pés de bananeira Maçã (4 anos).
MAL DA FOLHA DA SERINGUEIRA – Microcyclus ulei (P. Henn.) v. Arx. Brasil 1917 -
Queda precoce de folhas.
LEPROSE DOS CITROS - Citrus leprosis virus (CiLV)
Queda de folhas e frutos; morte de ramos. Morte da planta (2 – 3 anos);
Controle: acaricidas ~80 milhões de dólares/ano
FERRUGENS DO TRIGO E DOS CEREAIS – Castigo divino.
[7]
Os romanos celebravam a "Robigalia“, em louvor a Robigo, sacrificando animais.
Importância das Doenças de Plantas
Causam danos às culturas e produtos;
Interferem na rentabilidade.
As perdas e/ou prejuízos, directos ou indirectos, originadas pelas doenças de plantas são,
geralmente estimativas.
Redução da quantidade e qualidade
1. Quantitativa: plantas/produtos (campo ou armazém = podridões de frutos, hortaliças,
sementes)
2. Qualidade de produtos (manchas, sarnas, pústulas, etc. de frutos, hortaliças e ornamentais)
reduz valor de mercado
Limitar culturas ou variedades
Destruição: espécies/variedades susceptíveis numa área geográfica.
Determinar: tipo de indústria e nível de desemprego de uma zona (tipo e quantidade para
processamento)
Criação: nova indústria de fitofármacos e equipamentos
[8]
Tornar as plantas venenosas
Grãos/sementes com micotoxinas: induzem doenças em órgãos internos e sistema nervoso no
homem ou animais.
Causar perdas económicas
Cultivar variedades/espécies resistentes, menos produtivas ou pouco aceitáveis
Adoptar medidas de controlo (gastos com pesticidas, máquinas e espaço para estocagem);
Triagem de produtos (evitar disseminação).
CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS DE PLANTAS
Doença: advém da interacção hospedeiro, agente causal e ambiente.
Diversos critérios: hospedeiro ou agente causal.
Critério hospedeiro - espécie botânica/grupo taxonómico (parte ou idade da planta).
Classificação prática e útil para técnicos.
Ex: doença da soja, dos cereais, raiz, colo, da parte aérea, do viveiro, etc.
Critério patogénio - doenças bióticas (inadequada, agrupa parasitas com distintos modos de
actuação).Define os grupos de doenças bióticas , classificação
[9]
Ex. bactéria da murcha (Ralstonia solanacearum), controlo: forma idêntica da murcha fúngica
(Fusarium oxysporum); bactéria da podridão em órgãos de reserva (Erwinia carotovora),
controlo similar ao do fungo da podridão, Rhizopus.
Critério causa: Parasitária (biótica) - interacção patogénio-hospedeiro sob influencia do
ambiente
Fúngicas (Micoses) - causadas por fungos;
Bacterianas (Bacterioses) - causadas por baterias;
Viróticas (Viroses) - causadas por vírus e viróides;
Doenças causadas por nematóides;
Fitoplasmoses - causadas por fitoplasmas;
Protozoarioses - causadas por protozoários;
Doenças causadas por plantas superiores parasitas.
Critério causa: abiótica – doenças não infecciosas:
condições desfavoráveis do ambiente
deficiências e/ou desequilíbrios nutricionais
efeito de factores químicos.
Processos fisiológicos do hospedeiro interferidos
Armazenamento de nutrientes - Doenças pós-colheita (podridões mole ou seca)
Formação de tecidos jovens - “Damping-off”;de plântulas
Absorção de água e nutrientes - Podridão de raízes e colo;
Transporte de água e nutrientes - Murchas vasculares;
Fotossíntese - Manchas e crestamentos; Míldios; Oídios e Ferrugens;
Utilização das substâncias elaboradas – Carvões; Galhas; Viroses e Amarelos
ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO PATOGÉNIOS
Etiologia - origem grega, aetia = causa + logos = estudo. Estuda causas das doenças de plantas
com o objectivo de estabelecer as medidas correctas de controlo;
[10]
Patogénio - organismo capaz de causar doença infecciosa (fungos, bactérias, vírus, viróides,
nematóides e protozoários);
Patogenicidade - capacidade que um patogénio possui, de, associando-se ao hospedeiro, causar
doença.
• Agentes infecciosos
Os agentes bióticos podem causar doenças:
1) Debilitando o hospedeiro por absorção contínua de nutrientes das células para seu uso;
2) Destruindo ou causando distúrbios no metabolismo da planta através de toxinas, enzimas ou
substâncias reguladoras de crescimento por eles secretadas;
3) Bloqueando o transporte de alimentos, nutrientes minerais e água através de tecidos
condutores;
4) Consumindo o conteúdo da célula do hospedeiro mediante contacto.
[11]
TESTE DE PATOGENICIDADE
Para confirmar ou descartar um agente causal desconhecido é essencial o Teste de
Patogenicidade, seguindo as etapas efectuadas por Robert Koch (1881) para patogénios
humanos, designadas POSTULADOS DE KOCH.
Postulados de Koch
1. Associação constante do patogénio-hospedeiro: um determinado microrganismo deve estar
presente em todas as plantas de uma mesma espécie que apresentam o mesmo sintoma ou seja
deve-se poder associar sempre um determinado sintoma a um patogénio particular;
2. Isolamento do patogénio: o organismo associado aos sintomas deve ser isolado da planta
doente e multiplicado artificialmente e suas características descritas;
3. Inoculação do patogénio e reprodução dos sintomas: a cultura pura do patogénio obtida,
deve ser inoculada em plantas sadias da mesma espécie que apresentou os sintomas iniciais da
doença e provocar a mesma sintomatologia observada anteriormente
4. Reisolamento do patogénio: o mesmo organismo deve ser reisolado das plantas submetidas à
inoculação artificial e cultivado novamente em cultura pura.
5. Se todas etapas forem cumpridas e as características do organismo reisolado forem
exactamente as observadas anteriormente, pode-se considerar que o mesmo é o agente
patogénico, responsável pelos sintomas observados.
[12]
Teste para parasitas obrigatórios
1. Associação constante patogénico-hospedeiro: um determinado microrganismo deve estar
presente em todas as plantas de uma mesma espécie que apresentam o mesmo sintoma.
2. Inoculação do patogénico e reprodução dos sintomas: extrato de folhas doentes (caso de
vírus) ou suspensão de esporos ou esporângios (caso de fungos causadores de ferrugens, carvões,
oídios e míldios) deve ser inoculado em plantas sadias da mesma espécie que apresentou os
sintomas iniciais da doença e provocar a mesma sintomatologia observada anteriormente.
CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS
Parasitismo: fenómeno complexo que abrange vários níveis;
Existem várias classificações para patogénios de plantas agrupando-os em:
Parasitas obrigatórios = Biotróficos: vivem as custas do tecido do hospedeiro. Não são
cultivados em meio de cultura. Ex: fungos de míldios, oídios, ferrugens e carvões; vírus,
viróides, nematóides e algumas bactérias.
Saprófita facultativos: vivem maioria do tempo ou maior parte de ciclo de vida como parasitas
e em certas circunstâncias, sobrevivem em matéria orgânica morta. Podem ser cultivados em
meio de cultura. Ex: fungos de manchas foliares: Alternaria spp. Colletotrichum spp. e
Cercospora spp.
Parasitas facultativos: saprófitas - capazes de passar parte ou todo ciclo como parasitas. São
facilmente cultivados em meio de cultura. Ex: Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii .
Parasitas acidentais: saprófitas- exercem parasitismo em determinadas condições (Ex.: planta
com estresse). Ex: Pseudomona fluorescens que causa podridão em alface.
[13]
FORMA DE COLONIZAÇÃO DOS PATÓGENOS
Obrigatórios: intercelular e facultativos: intracelular;
Essa diferença torna os testes de patogenicidade específicos. O teste de parasitas facultativos
observa 4 Postulados de Koch, e parasitas obrigatórios só dois postulados são aplicados.
DENOMINAÇÃO DOS PATÓGENOS
Nome género: maiúscula e sublinhado. Espécie: minúscula e sublinhado.
patovar (pv.), subespécie (subsp.), variedade (var.) e forma specialis (f.sp.): minúscula e
sublinhado;
Abrevia-se nome genérico a partir segunda citação;
Classificador deve ser citado, na primeira referência, podendo ou não ser abreviado.
spp.: várias espécies; sp. = espécie desconhecida.
Ex: Colletotrichum gloeosporioides Penz; Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum (Atk.) Snyder
& Hansen; Uromyces phaseoli var. typica Arth.; Erwinia carotovora subsp. atroseptica (van all)
Dye.; Xanthomonas campestris pv. campestris (Pammel) Dowson.: Cercospora sp. Pseudomonas
spp.
• SINTOMATOLOGIA DAS DOENÇAS
Sintomatologia: A sintomatologia estuda os sintomas apresentados pelas plantas referentes a
doenças ou factores abióticos;
Considera sintomas perceptíveis pela visão, tacto, olfacto e paladar, com vista à diagnose da
doença.
SINTOMAS DE DOENÇAS
Sintoma: manifestação das reacções da planta a um agente nocivo.
[14]
CLASSIFICAÇÃO DOS SINTOMAS DAS DOENÇAS DE PLANTAS
Quadro sintomatológico: Sequência completa dos sintomas que ocorrem durante o
desenvolvimento de uma doença. Depende do grau de resistência da variedade e de condições
ambientais.
Durante o desenvolvimento de uma planta diferentes sintomas podem aparecer e podem ser
classificados de acordo com vários critérios ex: de acordo com a localização, severidade,
estrutura e outros.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO:
1. A localização em relação ao patogénio;
2. As alterações produzidas no hospedeiro;
3. A estrutura e/ou processos afectados.
[15]
[16]
[17]
Classificação com base na estrutura ou nos processos afectados
Alterações da estrutura ou processos do hospedeiro: bioquímicos, histológicos, fisiológicos e
morfológicos.
Processos Bioquímicos
conteúdos hormonais (hipoauxina ou hiperauxina) e enzimáticos.
Falta de auxinas: raízes crescem, o caule não.
Alta concentração: crescimento do caule e raízes pouco desenvolvidas.
Alterações (hipoauxina e hiperauxina) e enzimáticas.
Processos Citológicos
• citólise (disjunção celular);
• vacuolose (formação anormal de vacúolos);
• cariólise (degeneração do núcleo);
• plasmólise (contracção protoplasmática por perda de água)
ALTERAÇÕES A NÍVEL CELULAR
Vacuolose: formação anormal de vacúolos no protoplasma das células, levando à degeneração.
[18]
Plasmólise: Podridão mole da alface
(Pectobacterium spp.)
Plasmólise: perda de turgescência das células pela perda de água devido distúrbios na
membrana citoplasmática. Ex.: podridões moles de órgãos de reserva, causadas por Erwinia spp.
Plasmólise
Podridão mole da batata
(Pectobacterium spp.)
Granulose: produção de partículas granulares ou cristalinas em células degenerescentes do
citoplasma. Ex.: melanose em folhas e frutas cítricas, causada por Diaporthe citri.
[19]
Granulose
Melanose dos citros
(Phomopsis citri)
PROCESSOS HISTOLÓGICOS
Alterações nos tecidos:
atrofia (hipotrofia) = falta de crescimento celular e de tecidos;
hipertrofia = excesso de crescimento celular e de tecidos;
hiperplasia = excesso de multiplicação celular
Processos Fisiológicos
Alteração nas taxas respiratórias ou fotossintéticas da planta. Ex. fumagina
[20]
Doença: Oídio da soja Doença: Fumagina citrus
Agente causal: Microsphaera diffusa Agente causal: Capnodium sp
ALTERAÇÕES NA FISIOLOGIA
Utilização directa de nutrientes do hospedeiro: o patogénio subtrai carbohidratos e proteínas.
Ex.: em centeio: produção de grãos inversamente proporcional à produção de esclerócios de
Claviceps purpurea, agente do esporão.
Aumento na respiração do hospedeiro: infecção nos tecidos gera aumento na taxa de
respiração das células atacadas e adjacentes.
Ex.: plantas de trigo atacadas por Ustilago tritici, (carvão) aumentam a taxa de respiração em
relação a plantas sadias (20% ).
ALTERAÇÕES NA FISIOLOGIA DO HOSPEDEIRO:
Alteração na transpiração do hospedeiro: o hospedeiro pode apresentar alta ou baixa taxa de
transpiração.
Ex.: bananeira e tomateiro, infectados por Fusarium oxysporum, (murchas vasculares), exibem
alta taxa de transpiração no início e, depois a respiração reduz e inibe a transpiração.
Interferência nos processos de síntese: directa como nas doenças foliares ou indirecta em
processos que afecta o metabolismo.
[21]
Ex.: tomateiro atacado por Ralstonia solanacearum, apresenta descoloração vascular (acúmulo
de melanina) e produz raízes adventícias (excesso de auxinas).
SINTOMAS MORFOLÓGICOS
Mudanças na forma ou na anatomia (aparência) das plantas: manchas, murchas, podridões,
cancros, galhas, cloroses e mosaicos são sintomas morfológicos e podem ser classificadas em
necróticos e plásticos.
SINTOMAS NECRÓTICOS
Necroses: causam degeneração do protoplasma, seguida de morte de células, tecidos e órgãos:
• Plesionecróticos: antes da morte do protoplasma
• Holonecróticos: após a morte do protoplasma.
PLESIONECRÓTICOS
a) Sintomas Plesionecróticos: degeneração do protoplasma e desorganização funcional das
células.
É o mais frequente
SINTOMAS PLESIONECRÓTICOS
Amarelecimento: destruição da clorofila e cloroplastos. Episódio de distintas doenças foliares
desde leves descolorações do verde normal até amarelo brilhante Ex: Xanthomonas em diversas
plantas e Fusarium oxysporum f. sp. cubense em bananeira,
Amarelecimento – Mal-do-Panamá
Agente causal: Fusarium oxysporum f. sp. cubense
Encharcamento ("anasarca“ ou hidrose): tecido encharcado, pela expulsão de água para
espaços intercelulares.
Início de doenças necróticas: pequenas manchas circulares com halo aquoso que vão
adquirindo formato irregular, sobretudo na face abaxial.
[22]
Encharcamento
Míldio da videira (Plasmopara viticola)
Murcha: plantas flácidas, caídas, devido a ausência de água, por obstrução dos vasos,
mormente xilema, definhando tecidos e órgãos e levando à morte ramos ou toda planta.
Ex. doenças com esse sintoma: Fusarium spp, Ralstonia solanacearum e Verticilium spp.
Murcha
Murcha bacteriana do tomateiro
(Ralstonia solanacearum)
b) Sintomas Holonecróticos: refere-se à morte das células, com mudanças de coloração do
órgão afectado, podendo desenvolver- se em qualquer parte da planta.
Mancha: tecidos mortos tornam-se secos e pardos. Formatos: circular, com zonas concêntricas
(mancha de Alternaria em tomateiro), angular, delimitada pelos feixes vasculares (mancha
angular do feijoeiro, por Phaeoisariopsis griseola) ou irregular (helmintosporiose do milho, por
Exserohilum turcicum).
[23]
Mancha Mancha
Cercosporiose do pimentão Alternariose da couve-chinesa
(Cercospora capsici) (Alternaria brassicicola)
Mancha Mancha anelar Mancha
Sigatoka-amarela da bananeira. Mancha anelar da cana-de-açúcar. Helmintosporiose do
sorgo.
(Pseudocercospora musae) (Leptosphaeria sacchaii) (Exserohilum turcicum)
Crestamento (requeima ou queima): necrose repentina nos tecidos aéreos, começa pelos
bordos, passando para toda a folha, fruto e brotações.
Início: manchas escuras, aspecto húmido nas bordas ou ápices de folíolos.
Fase avançada: lesões necróticas e ressecadas.
Ex.: requeima do tomateiro, por Phytophthora infestans.
Crestamento: crestamento das folhas do tomateiro por (Phytophthora infestans)
[24]
Morte dos ponteiros (morte descendente): inicia produzindo exsudados gomosos nas gemas
vegetativas e morte de folhas.
Penetração: foliar - bordas (necrose cor de palha com halo escuro); tronco e ramos:
rachaduras e fendas, causando anelamento.
Doença: Morte descendente da mangueira
Agente causal : Lasiodiplodia theobromae)
Seca: infecção pela copa ou raízes.
Através da copa - inicia nos galhos finos da parte externa e progride em direcção ao tronco.
Pode atingir toda a parte aérea da planta.
Seca de mangueiras, causada por Ceratocystis fimbriata.
Escaldadura: descoramento da epiderme e de tecidos adjacentes, em órgãos aéreos. O sintoma
caracteriza-se pela queima das folhas, como se a planta tivesse sido escaldada.
Ex.: escaldadura da folha da cana-de-açúcar, por Xanthomonas albilineans.
Sintoma: Escaldadura da cana-de-açúcar
Agente causal: Xanthomonas albilineans)
[25]
Estria: lesão alongada, estreita, paralelinérvia.
Início: estrias finas e longas de coloração avermelhada.
Evolução: “podridão de topo” no ápice, expelindo forte odor. Ex: folhas de cana-de-açúcar
com estria vermelha, causada por Pseudomonas rubrilinens.
Estria vermelha da cana-de-açúcar
(Pseudomonas rubrilineans)
Lista: manchas pequenas nas folhas que podem adquirir formato de estrias paralelinérveas de
coloração parda com halo amarelo. Observadas contra a luz verifica-se que são manchas
translúcidas e encharcadas (meladas).
Doença: Lista
Agente causal: Xanthomonas translucens pv. Undulosa
Podridão: desintegração de tecidos devido a necrose e extravasamento celular.
Pode ser podridão mole, podridão dura, podridão negra, podridão branca, etc.
Podridão azul da laranja Podridão radicular do feijoeiro
[26]
Mumificação (Múmia): seca rápida de frutos apodrecidos e enrugamento e escurecimento,
formando uma massa dura, na fase final da doença.
Ex.: podridão parda do pessegueiro, causada por Monilinia fructicola.
Mumificação: Podridão parda do pessegueiro
(Monilinia fructicola )
Tombamento: (damping-off) - podridão de tecidos tenros na base do caule que enfraquece a
plântulas, resultando no seu tombamento;
antes da emergência - "tombamento de pré-emergência“;
após emergência - "tombamento de pós-emergência".
Ex.: tombamentos causados por Rhizoctonia solani e Pythium spp.
Doença/sintoma: Rhizoctoniose do caupi
Agente causal: Rhizoctonia solani
Cancro: manchas necróticas deprimidas nos tecidos do floema, caules, raízes e tubérculos,
podendo ocorrer em folhas e frutos.
Ex. cancro em folhas e frutos de plantas cítricas, causado por Xanthomonas campestris pv.
citri.
[27]
Cancro: Rhizoctoniose do caupi Cancro cítrico: Xanthomonas campestris pv. citri
(Rhizoctonia solani)
Perfuração (shot-hole) - Queda de tecidos necrosados. Ramos: pequenas manchas deprimidas,
castanho-roxas. Flor: lesões circulares púrpuras, com centro claro. Folhas: pequenas áreas
circulares roxa-avermelhadas. Camada de abcisão permite queda do tecido afectado, deixando
perfurações nas folhas.
Perfuração na follha Perfuração no fruto Perfuração no ramo
(Clastosporium carpophilum)
Gomose: exsudação de substâncias viscosas a partir de lesões provocadas por patogénios do
córtex ou o lenho de espécies frutíferas. Ex.: frutos de abacaxi com gomose, causada por
Fusarium subglutinans.
Fusariose do abacaxi Podridão gomosa do meloeiro
(Fusarium subglutinans) (Didymella bryoniae)
Resinose: exsudação marrom-avermelhada, a partir de rachaduras na base da planta, causando
incrustações enegrecidas na fase adiantada.
[28]
reflexo: redução de emissão e de tamanho de folhas; afinamento do tronco no ápice e folhas
amareladas, pardacentas e frágeis; manchas marron e tecido fibroso no caule e lesões necróticas
nas raízes.
Sintoma externo de resinose. Sintomas internos da resinose
Pústula – pequena mancha necrótica, com elevação da epiderme, que se rompe por produção e
exposição de esporos do fungo.
Ferrugem do feijoei Ferrugem da goiabeira Ferrugem branca do rabanete
(Uromyces appendiculatus (Puccinia psidii) (Albugo candida)
Anomalias no crescimento, multiplicação ou diferenciação de células ou órgãos da planta.
Redução ou supressão: sintomas hipoplásticos.
Superdesenvolvimento, - hipertrofia (aumento do volume) ou hiperplasia (multiplicação
exagerada): sintomas Hiperpláticos.
SINTOMAS PLÁSTICOS
Anomalias no crescimento, multiplicação ou diferenciação de células ou órgãos da planta.
Redução ou supressão: sintomas hipoplásticos.
Superdesenvolvimento, - hipertrofia (aumento do volume) ou hiperplasia (multiplicação
exagerada): sintomas Hiperpláticos.
[29]
SINTOMAS HIPOPLÁSTICOS
Clorose (Mancha clorótica, clorose sistémica): falta de clorofila, uma vez que os sintomas se
intercalam com a coloração das folhas
Clorose variegada dos citros (Xylella fastidiosa) Clorose sistémica
Mosqueado: variegação difusa em tecidos foliares.
Sintomas: mosqueado clorótico e bolhas em folhas novas, que reduzem com senescência das
folhas. Associado ao vírus do mosaico pode causar distorção foliar, nanismo e necrose do topo
das plantas.
Doença: Mosqueado do tomateiro
Agente causal: Pseudomonas syringae
Enfezamento (nanismo ou atrofia): redução no tamanho da planta toda ou de seus órgãos.
Ex.: plantas de milho com nanismo, causado pelo conhecido vírus do nanismo.
Enfezamento Nanismo do milho
(Spiroplasma kunkelli)
[30]
Linhas e anéis cloróticas (leprose): presença nas folhas de linhas de cor amarela ou branca,
formando figuras de contorno circular, ás vezes irregulares.
Doença: Leprose
Agente causal: CiLV = Citrus leprosis virus
Roseta: encurtamento dos entrenós, brotos ou ramos, resultando no agrupamento de folhas em
rosetas.
Roseta da roseira
(Vírus)
Estiolamento: sintoma complexo, classificado como hipoplástico pela não produção de
clorofila, envolve hiperplasia das células, com alongamento do caule.
Estiolamento do caupi
(Deficiência de luz)
Albinismo: falta da produção de clorofila, mostrando variegações brancas na folha ou
abrangendo todo o órgão.
Ex.: escaldadura da folha de cana-de-açúcar causada por Xanthomonas campestris pv.
albilineans.
[31]
Albinismo
Agente causal: Virose da catléia (Vírus)
SINTOMAS HIPERPLÁSTICOS
Galha (tumor, cecídia, hérnia): crescimento exagerado dos órgãos, resultante da hipertrofia
ou hiperplasia de suas células.
Ex.: Galhas em raízes de hospedeiros: Meloidogyne spp. e galhas em rosáceas: Agrobacterium
tumefaciens
Meloidoginose da cenoura Meloidoginose do quiabeiro Meloidoginose do quiabeiro Meloidoginose do
brócolis
(Meloidogyne spp.) (Meloidogyne spp.) (Meloidogyne spp.) (Meloidogyne spp.)
Calo cicatricial: hiperplasia de células em torno de uma lesão.
Reacção da planta no esforço para cicatrizar o ferimento.
[32]
Encarquilhamento ( encrespamento, crespeira) deformação de órgãos, devido hiperplasia ou
hipertrofia exagerado de células, em apenas uma parte do tecido.
Ex.: folhas de pessegueiro
Sintoma: Encarquilhamento Crespeira do pessegueiro
Agente: Taphrina deformans)
Enrolamento: curvatura anormal dos brotes ou folhas pelos seus bordos para dentro ou para
fora.
Doença/sintoma: enrolamento das folhas de batata Doença/sintoma: enrolamento de folha de vinífera tinta Cabernet Franc
Agente causal: Potato leafroll virus – PLRV Agente causal: Grapevine leafroll-associated virus, - GLRaV
Epinastia: curvatura para baixo da folha ou ramo devido ao crescimento mais rápido da
superfície adaxial.
O ângulo entre o pecíolo ou ramo e o caule resulta do seu crescimento assimétrico.
Sintoma: Epinastia da mostarda
Agente causal: Beet curly top virus
[33]
Bolhosidade: saliências de aparência bolhosa, no limbo foliar.
Ex.: bolhosidade causada pelo vírus do mosaico severo em folhas de caupi.
Sintoma: Bolhosidade
Mosaico severeo do caupi: Cowpea severe mosaic virus
Bronzeamento: mudança de cor da epiderme, que atinge matizes cúpricas, comum no início da
doença vira-cabeça.
Ex.: plantas de tomateiro infectadas pelo vírus do vira-cabeça, no estádio inicial da doença.
Sintoma: Bronzeamento
Causa: infecção por vírus TSWV
Avermelhamento: manifestação de pigmentos vermelhos no limbo da folha por destruição da
clorofila, ficando as nervuras com verde normal.
Sintoma: folha avermelhada de videira
Agente causal: Grapevine leafroll-associated virus.
[34]
Antocianescência (arroxeamento): aumento generalizado de áreas da folha ou do caule do
pigmento roxo antociánico.
Sintoma: Plantas arroxeadas de milho Sintoma: Plantas arroxeadas de tomateiro
Causa: Deficiência de fósforo Agente causal: Tomato Chlorotic spot virus (TCSV)
Filodias: órgãos florais transformados em folhas modificadas: pétalas, sépalas, estames,
brácteas, etc., por mutações regressivas.
Esses órgãos modificados são chamados filódios.
Planta de frutilla com sintoma de filodia causado pelo fitoplasma ASP, pertencente ao grupo
16SrVII-C (amarelos de cinza)
Virescência: formação de clorofila nos tecidos ou órgãos aclorofilados.
Ex.: crescimento de flores verdes em plantas ou formação de clorofila em tubérculos de batata.
ex. Fitoplasmoses.
Virescência: A e B e sintomas Virescência em tubérculos de batata
de variegação (A) em plantas pervinais. armazenados com presença de luz
[35]
Gigantismo: aumento do número ou do tamanho de células.
Planta de girassol com 5 m de altura A folha-de-mamute (Gunnera manicata)
e 12 cm de diâmetro (regado com vinho) pode ultrapassar 3 m de largura
Fasciação: estado achatado, ramificado e unido de órgãos da planta geralmente cilíndricos.
Pode ocorrer no caule, na raiz, no fruto ou nas flores.
Verrugose (sarna): lesões salientes e ásperas da epiderme e córtex de frutos, tubérculos e
folhas devido ruptura e suberificação das paredes celulares. Ex.: verrugose em citros por
Elsinoe spp., lixa do coqueiro por Sphaerodothis torrendiella e sarna da batata por
Streptomyces scabies.
Verrugose de laranja Lixa do coqueiro Verrugose de laranja Verrugose de
laranja
(Elsinoe spp.) Sphaerodothis torrendiela (Elsinoe spp.) (Elsinoe spp.)
ABSCISÃO
Abscisão: queda das folhas, flores e de frutos de uma planta por aumento do nível de etileno.
[36]
Pode ocorrer em resposta a sinais do meio ambiente adversos ao desenvolvimento vegetal.
Queda de folhas originada pelo desenvolvimento da camada de súber
SINAIS
Sinais: patogénio, suas estruturas/produtos (células bacterianas, micélio, esporos e corpos de
frutificação fúngicos, ovos nematóides, exsudações/cheiros de lesões)
Sinais: está associado aos sintomas na fase avançada do processo infeccioso.
Crescimento micelial de Geotrichum candidum Esclerócios e micélio de Sclerotium
rolfsii
(Podridão-azeda da batata-baroa) (Murcha de esclerócio do feijoeiro)
[37]
CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA COM BASE NO PROCESSO AFECTADO
O processo doença baseia-se nos sistemas citológicos, histológicos e fisiológicos vitais da
planta interferidos pelos patogénios.
CLASSIFICAÇÃO COM BASE NAS INTERFERÊNCIAS DOS PATOGÉNIOS
[38]
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O GRAU DE AGRESSIVIDADE, PARASITISMO E
ESPECIFICIDADE DO AGENTE CAUSAL
[39]
[40]
[41]
[42]
[43]
[44]
[45]
[46]
[47]
[48]
[49]
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[51]
[52]
[53]
[54]
[55]
[56]
[57]
[58]
[59]
[60]
[61]
[62]
[63]
DESEQUILÍBRIOS NUTRICIONAIS
As doenças nutricionais de plantas podem ser causadas tanto pela falta ou pelo excesso de
nutrientes.
Os sintomas de desequilíbrio dos nutrientes dependem da sua função e mobilidade na planta.
Os nutrientes podem ser divididos em macro e micronutrientes.
• Macronutrientes N, P, K, Ca, Mg, e S, são necessários em grandes quantidades e têm função
estrutural;
• Micronutrientes Cl, Fe, B, Mn, Zn, Cu, Ni e Mo, têm função reguladora, sendo necessários
em quantidades menores.
1. Deficiência do Nitrogénio
• folhas inferiores pálidas e amareladas, planta com tom verde mais claro e ramificação
reduzida
• Inibe o crescimento das raízes e da planta
• Reduz a produtividade de grãos e frutos
• Reduz o crescimento dos frutos
2. Excesso do Nitrogénio
folhas com tom verde mais escuro e a floração é retardada, pode influenciar o sabor final.
[64]
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Nitrogénio:
Cana de açúcar, milho, arroz, soja, café, feijão, citros, algodão, trigo, forrageiras, etc.<
3. Deficiência do Fósforo
• Coloração púrpura/avermelhada das folhas mais velhas
• Deficiências extremas levam as folhas a terem uma cor verde-escura sem brilho ou
verde azulada.
• Menor crescimento da planta
• Redução da quantidade e do tamanho de frutos
• Redução na produção de sementes
4. Excesso do Fósforo
São raros e não são de recear, a sua presença acelera a maturação e aumenta a estabilidade dos
caules.
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Fósforo:
Cana de açúcar, milho, arroz, soja, café, feijão, citros, algodão, trigo, forrageiras, etc.
5. Deficiência do Potássio
• Acamamento das plantas
• Inibe o crescimento das raízes e da planta
• Clorose das folhas mais velhas
• Necrose na borda das folhas. Quando atinge a nervura, a folha curva-se para baixo e cai
(é conhecido como “bronzeamento da folha” ou “fome de potássio”).
• Atrasa a floração
[65]
• Reduz o crescimento dos frutos
6. Excesso do Potássio
• são raros mas podem interferir com a absorção de Magnésio
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Potássio:
• Cana de açúcar, milho, arroz, soja, café, feijão, citros, algodão, trigo, banana,
forrageiras, etc.
7. Deficiência do Cálcio
• Afeta o crescimento da raíz
• Dificulta a germinação do grão de pólen
• Na soja é um sintoma comum vagens chochas
• No milho é um sintoma comum as folhas enroladas
• Aspecto gelatinoso nas pontas da folhas e nos pontos de crescimento
• pontas das folhas queimadas, as folhas perdem estrutura, no caso do tomate causa uma
podridão no final do fruto
8. Excesso do Cálcio
• pode interferir com a absorção de magnésio e de Potássio;
[66]
• pode reagir com Enxofre e Fósforo e criar compostos
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Cálcio:
• Soja, milho, amendoim, citrus, algodão, banana, hortaliças e leguminosas em geral (em
especial o tomate), etc .
9. Deficiência do Magnésio
• Clorose entre as nervudas, espalhando-se das margens para o centro da folha
• Redução do crescimento
• Inibição da floração
• Necrose e morte prematura das folhas
• Degeneração de frutos
10. Excesso do Magnésio
• sintomas raros
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Magnésio:
• Soja, milho, amendoim, algodão, hortaliças e leguminosas em geral (em especial o
tomate), etc .
11. Deficiência do Enxofre
• Clorose uniforme ou nas folhas mais novas
• Redução do crescimento da planta e das folhas
• Redução do florescimento
• Coloração verde-amarelada nas folhas
[67]
12. Excesso do Enxofre
• folhas mais pequenas do que o normal, podem cair
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Enxofre:
• Algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, citros, feijão, milho, repolho, soja, sorgo e trigo,
entre outras.
13. Deficiência do Cloro
• murcha dos ápices foliares, seguida por clorose e necrose generalizadas.
• As folhas podem exibir crescimento reduzido, eventualmente assumindo uma coloração
bronzeada "bronzeamento"
14. Excesso do Cloro
• queima das bordas das folhas, bronzeamento, amarelecimento e senescência prematura
das plantas
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Cloro :
• Espécies vegetais que possuem células-guardas com cloroplastos pouco desenvolvidos.
15. Deficiência do Ferro
• folhas delgadas e amareladas, quebradiças e vitrificadas, nas partes mais altas e na
ponta dos ramos, devido a pouca mobilidade do Ferro pela planta;
[68]
• somente as nervuras das folhas permanecem verdes, enquanto os limbos ficam
amarelados
• ocorre necrose e queda de folhas, podendo chegar ao desfolhamento total, em casos
graves;
• em plantas anuais, inibe o crescimento da planta;
• em arbóreas (frutíferas, em especial), ocorre a queda das folhas, diminuição do tamanho
dos frutos e amadurecimento precoce.
16. Excesso do Ferro
• é raro
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Ferro :
• Soja, arroz, frutíferas em geral, café, cacau, coco e dendém, entre outros.
17. Deficiência do Boro
• Redução do crescimento e deformação nas zonas de crescimento;
• diminuição da superfície foliar (folhas jovens deformadas, espeças, quebradiças;
• acúmulo de compostos nitrogenados nas partes mais velhas;
• crescimento reduzido de raízes e abortamento floral;
• fendas em ramos, pecíolos e frutos;
• diminuição da concentração de clorofila;
• diminuição da resistência às infecções;
[69]
18. Excesso do Boro
• O excesso de Boro causa toxidez, aparecendo folhas manchadas de verde e amarelo e,
em casos graves, ocorre queima dos bordos foliares
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Boro:
• Algodão, uva, cítricos (laranja e limão), milho, cana-de-açúcar, morango, verduras e
leguminosas em geral.
19. Deficiência do Manganês
• redução no crescimento de raízes
• atinge as folhas jovens e folhas intermediárias
• clorose entre as nervuras
• manchas necróticas
20. Excesso do Manganês
[70]
• Ocorre acúmulo de Manganês (Mn) em plantas cultivadas em solos ricos em húmus,
com pH menor ou igual a 5,5
• manchas marrons em folhas de plantas jovens
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Manganês:
• Soja, batata, algodão, milho, sorgo, cana-de-açúcar, café, citrus, aveia e outros cereais.
21. Deficiência do Zinco
• as folhas jovens apresentam zonas cloróticas que terminam necrosadas
• as folhas ficam menores, mas não causa o desfolhamento
• em geral plantas com deficiência de Zn apresentam folhas com elevados conteúdos de
Fe, Mn, P e NO3–
22. Excesso do Zinco
• as folhas apresentam pigmentação vermelha no pecíolo e nas nervuras, sendo comum
também a clorose pela baixa concentração de Ferro.
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Zinco:
• Arroz, milho, cacau, banana, café, cana-de-açúcar, citrus, eucalipto, maçã, maracujá,
soja, uva, cereais, amêndoas e oleaginosas, etc .
23. Deficiência de cobre
[71]
• folhas jovens murchas, enroladas, quebradiças
• leva a inclinação de pecíolos e talos
• clorose (deficiência de clorofila, deixando as folhas pálidas ou amareladas
• reduz a lignificação (os xilemas são comprimidos por tecidos vizinhos, reduzindo o
transporte de água e solutos pela planta)
• em cereais provoca o abortamento de flores, produzindo espigas com pouco grão
24. Excesso de cobre
• raízes sem vigor, escuras e grossas, com crescimento paralisado
• o excesso de cobre pode provocar deficiência em Ferro (Fe)
• reduz a absorção de Fósforo (P)
Principais plantas que sofrem com a deficiência de Cobre:
• Soja, cítricos (laranja e limão), milho, cana-de-açúcar, cereais e folhagens em geral.
25. Deficiência do Níquel
• em grãos, como a cevada, reduz significativamente a germinação de sementes
• em leguminosas, a deficiência de Níquel leva ao acúmulo de uréia, provocando necrose
dos folíolos
• folhas com teores tóxicos de uréia apresentam sintomas de necrose
• no tomate, ocorre a clorose em folhas jovens evoluindo para uma posterior necrose
[72]
26. Excesso do Níquel
• clorose, devida à menor absorção de ferro;
• crescimento reduzido das raízes e da parte aérea
• deformação de várias partes da planta
Principais plantas que sofrem com a deficiência do Níquel :
• Soja, batata, algodão, milho, sorgo, cana-de-açúcar, café, citrus, aveia e outros cereais.
27. Deficiência de Molibdênio
• as folhas, apesar de manter a cor verde, deformam-se, devido a morte de algumas das
células do parênquima
• as folhas mostram tamanho mais reduzido
• apresenta clorose e mosqueados de cor marrom (em toda ou parte da folha)
• zonas necróticas na ponta das folhas, que se estendem aos bordos
• a folha morre, provocando queda prematura
[73]
28. Excesso de Molibdênio
• raros casos de toxicidade, sendo apenas notado em plantas crescidas em zonas de
extracção mineira, mas sem apresentar sintomas visíveis
Principais plantas que sofrem com a deficiência de Molibdénio:
• Soja, milho, arroz, feijão, tomate e outras leguminosas, cereais, plantas forrageiras, etc .
EPIFITIA
Desde o tempo em que os primeiros agricultores começaram a cultivar plantas, as pessoas
preocupam-se em reduzir as perdas causadas pelas doenças. As decisões de quando, onde e o
que plantar, assim como o desenvolvimento de práticas culturais específicas têm sido baseadas
nas tentativas e erros de incontáveis gerações.
É chamado epifitia (grego epi, sobre, Phyton planta) - fenómeno em que uma doença afecta
grande número de plantas da mesma espécie, da mesma região.
Designação dada à uma patologia vegetal com carácter infeccioso que ataca de forma
generalizada plantas de uma espécie, numa mesma região.
Uma epifitia surge quando as condições ecológicas favorecem a rápida expansão de um agente
patogénico sobre populações vegetais, causando sintomas severos e amplamente difundidos de
uma doença, ou o incremento da prevalência da enfermidade, nas populações vegetais
afectadas.
EPIFITIOLOGIA
O estudo das epifitias e dos factores que as influenciam é chamado de epifitiologia.
Ao lidar com doenças que afectam plantas, seres humanos ou outros animais, são usadas as
palavras "epifitia", "epidemia" e "epizootia“, respectivamente.
A incongruência da distinção entre os dois últimos tem a ver com a imposição de usos médicos
e veterinários no léxico da ciência.
O estudo do desenvolvimento e da disseminação das doenças em populações de plantas e das
condições ambientais que regulam esses processos.
Conhecer a epifitiologia de uma doença permite antever a sua severidade sob determinadas
condições, com base a natureza da relação hospedeiro-patogénio, as formas de produção,
libertação e disseminação do inóculo.
EPIDEMIA
[74]
Em Fitopatologia usa-se “epidemia” para referir-se a um nível alto de doença, indicar a sua
dinâmica, que é a mudança na intensidade (incidência – nº de plantas ou partes afectadas, e
severidade - quantidade de tecido afectado ou uma combinação de ambas ) ao longo do tempo.
Também para denotar um repentino, rápido ou extensivo desenvolvimento de uma doença, o
que significa que se o desenvolvimento é lento ou espacialmente limitado não há epidemia.
O termo “epidemia” tem sido tão amplamente usado em referência a doenças de plantas e está
tão incrustado na literatura que os fitopatologistas são forçados a desistir e deixar “epifitia”
para os puristas da etimologia.
EPIDEMIOLOGIA
Aceitando-se que “epidemia” se aplica à populações de plantas, então, por definição, a
“epidemiologia” é o estudo das epidemias e dos factores que as influenciam", ou, em conceito
mais complexo, é o "estudo de populações de patogénios em populações de plantas e da doença
resultante desta interacção, sob a influência do ambiente e a interferência humana.
• Objectivos da epidemiologia
a) Estudar a evolução das doenças em populações do hospedeiro;
b) Avaliar os prejuizos absolutos e relativos causados pelas doenças nas cultuiras;
c) Avaliar os efeitos e as interacções entre resistência do hospedeiro, medidas sanitárias,
uso de fungicidas e outras medidas de controlo das doenças;
d) Avaliar a eficiência técnica e económica das medidas de controlo em cada etapa sobre
os sistemas agrários;
e) Estabelecer estratégias de controlo das doenças e aperfeiçoá-las para a protecção das
cultura.
FASES DO CICLO DAS RELAÇÕES PATOGÉNIO-HOSPEDEIRO
A ocorrência de uma doença é precedida por uma sequência de eventos entre o patogénio e o
hospedeiro, conhecido como ciclo das relações patogénio-hospedeiro. Cada fase apresenta
características próprias e função definida:
Disseminação;
Penetração;
Germinaçáo;
Infecção;
Colonização;
[75]
Reprodução;
Sobrevivência.
FASES DO CICLO DAS RELAÇÕES PATOGÉNIO-HOSPEDEIRO
O desenvolvimento de uma doença inicia-se pela presença do patogénio, do hospedeiro
susceptível e das condições climáticas favoráveis.
O patogénio pode estar de várias formas: esporos de fungos, células bacterianas,
nematóides, vírus dentro de um vector, ou qualquer outro propágulo, dentre outras formas
de sobrevivência.
• Disseminação
Todos os patogénios produzem um grande número de propágulos que são disseminados de
várias formas, contribuindo para o aumento das doenças nos campos de cultivo.
O inóculo produzido é disseminado e atingindo o hospedeiro, ocorre a penetração.
• Penetração
As principais formas de penetração de patogénios ocorrem através de aberturas
naturais presentes nos órgãos dos hospedeiros. As principais aberturas naturais utilizadas pelos
patogénios são estomas e hidatódios das folhas, estigmas e nectários das flores e lenticelas em
órgãos suberificados. A penetração também pode ocorrer em ferimentos causados por picadas
de insectos, vento, práticas culturais como poda, desbrote, etc.
Os vírus penetram por feridas com auxílio de vectores.
A penetração também pode ocorrer directamente pela superfície intacta da planta. Bactérias do
solo, não penetram directamente, mas possuem propágulos com flagelos e se deslocam em
direcção às raízes das plantas, atraídos pelos exsudatos produzidos por elas. Os fungos podem
penetrar por meio de estruturas de penetração, chamadas apressórios, capazes de vencer
barreiras, como cutícula e epiderme, na parte aérea ou periderme em raízes e ramos lenhosos.
Os nematoides usam a sua estrutura bucal para abrir entradas nas raízes de plantas.
• Vias De Penetração
[76]
• Infecção
É o processo de estabelecimento de relações parasitárias entre patogénios e hospedeiros e
ocorre após o contacto dos propágulos com o hospedeiro.
• Germinação
Para iniciar a germinação, os patogénios necessitam de condições climáticas adequadas e
específicas para cada espécie como alta humidade e temperatura.
• Colonização
A colonização consiste na retirada de água e nutrientes do hospedeiro, pelos patogénios para
seu desenvolvimento e podem ser classificados em biotróficos, quando as fontes de nutrientes
são tecidos vivos da planta, necrotróficos, se as fontes são tecidos mortos e hemibiotróficos,
quando inician infecção como biotróficos e colonizam a planta na condição de necrotróficos.
Há mais patogénios, de vida biotrófica, porém hemibiotróficos só os fungos do género
Colletotrichum e necrotróficos os dos géneros Sclerotinia, Penicillium e Aspergillus.
Os patogénios necrotróficos localizam-se apenas ao redor do ponto de infecção, após a morte
dos tecidos. Os biotróficos e hemibiotróficos podem apresentar distribuição sistémica, através
[77]
dos vasos do floema (principalmente vírus, viróides, fitoplasmas e espiroplasmas) ou do xilema
(exemplos: Fusarium oxysporum, Verticillium albo-atrum, Ralstonia solanacearum).
Alguns biotróficos apresentam distribuição localizada nas plantas, restrita às células adjacentes
ao ponto de infecção como, por exemplo, as ferrugens.
• Reprodução
A produção de inóculo ou reprodução do patogénio pode ocorrer no interior ou na superfície do
hospedeiro, sob condições ambientais próprias para cada espécie. Em muitos casos é necessário
um período de humidade mais longo para a esporulação que para a infecção. Em outros casos, a
humidade foliar chega a inibir completamente a esporulação, como no caso dos oídios.
FASES DO CICLO DAS RELAÇÕES PATOGÉNIO-HOSPEDEIRO
FASES DO CICLO DAS RELAÇÕES PATOGÉNIO-HOSPEDEIRO
O patogénio desenvolve-se no hospedeiro e começa a produzir inóculo novo, o qual pode ser
disperso para novos sítios susceptíveis e dar início a novas infecções. A primeira geração do
patogénio na cultura corresponde ao ciclo primário das relações patogénio-hospedeiro e as
gerações subsequentes no mesmo ciclo da cultura são os ciclos secundários.
[78]
FASES DO CICLO DAS RELAÇÕES PATOGÉNIO-HOSPEDEIRO
As epidemias de doenças de plantas são fenómenos cíclicos. Consistem em ciclos repetidos de
aumento do patogénio em relação ao hospedeiro e o meio.
NATUREZA CÍCLICA DAS EPIDEMIAS
Epidemia Poliética – com o agente ser monocíclico ou policíclico, o inóculo produzido numa
estação é transferido para a estação seguinte, e pode haver o seu aumento durante anos, i é, as
epidemias necessitam de anos para mostrar significativo aumento de intensidade.
p. ex. plantas perenes ou culturas anuais cultivadas em monocultura ano após ano; Nos
trópicosas epidemias podem ser contínuas por muitos anos por não haver intervalos claros entre
estações de cultivo.
Endemia – caracteriza uma doença sempre presente numa determinada área, sem estar em
expansão (patogénio e hospedeiro estão em constante interacção e equilíbrio)
Epidemia – aumento na incidência-severidade e/ou na área geográfica ocupada pela doença.
Pandemia – refere-se a epidemia progressiva que ocupa uma área extremamente grande.
Uma doença endémica, por factores como modificação momentânea do microclima, pode
tornar-se epidémica, vindo a afectar muitos indivíduos, com grande intensidade, numa
determinada área e num determinado tempo. Este fenómeno é referido como sendo um surto
epidémico de uma doença normalmente endémica e, caso ocorra periodicamente, é chamado de
epidemia cíclica.
Monocíclicas - Os agentes patogénicos produzem apenas um ciclo de desenvolvimento (um
ciclo de infeção) por ciclo de colheita da cultura.
Policíclicas – os agentes patogénicos produzem mais do que um ciclo de infeção por ciclo de
colheita.
[79]
P. ex. Em climas temperados geralmente existe apenas um ciclo da cultura por ano, e os termos
"monocíclico" e "policíclico" baseiam-se no número de ciclos por ano. Em climas tropicais ou
subtropicais, pode haver mais de um ciclo de colheita por ano, e os termos "monocíclico" e
"policíclico" baseiam-se em um único ciclo cultural.
TIPOS DE EPIDEMIA
Explosiva – ocorre um aumento rápido na intensidade da doença;
Tardívoga – a intensidade do aumento da doença é lenta;
Progressiva – a epidemia tem um crescimento em extensão;
[80]
• AGENTES PATOGÉNICOS
• Fungos;
• Virus e viroides;
• Bactérias;
• Nematóides;
• Riketsias;
• Micoplasmas;
• Protozoarios;
• plantas superiores parasitas
DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS OU ABIÓTICAS
• Temperaturas muito altas ou muito baixas;
• Falta ou excesso de humidade no solo;
• Falta ou excesso de luz;
• Falta de oxigénio;
• Contaminação atmosférica;
• Deficiência de nutrientes;
• Toxicidade mineral;
• Acidez ou alcalinidade do solo;
• Toxicidade dos praguicidas
• Práticas agrícolas inadequadas
INTENSIDADE DE DOENÇAS
[81]
Desde os primórdios da agricultura moderna, o homem preocupa-se em reduzir as perdas
causadas pelas doenças. Através da evolução das tecnologias de produção, os meios de luta,
contra as doenças de plantas vêm sendo traçados.
As decisões de quando, onde e o que plantar, assim como o desenvolvimento de práticas
culturais específicas baseam-se nas tentativas e erros de incontáveis gerações.
Os métodos de cultivo bem sucedidos dependiam da capacidade do homem em suprimir o
desenvolvimento dos fitopatogénios, mesmo que o agricultor não tivesse noção exacta dos
mecanismos biológicos que o levaram ao sucesso.
ELEMENTOS DE UMA EPIDEMIA (EPIFITIA)
Para que a doença de plantas se desenvolva em proporções epidémicas, é necessário que ocorra
uma perfeita interacção entre uma população de plantas susceptíveis, uma população de
patogénios virulentos e agressivos, sob condições ambientais favoráveis, num determinado
tempo.
A modificação num desses factores provoca redução na intensidade ou na taxa de
desenvolvimento da doença.
[82]
Diagrama esquemático das interrelações dos factores envolvidos em epidemias de doenças de
plantas [adaptado de Agrios (1997), por Michereff (2001)].
ONDE PODE OCORRER UMA EPIDEMIA (EPIFITIA)?
• Susceptibilidade do hospedeiro e a virulência do patogénio;
• Condições ambientais aproximas ao nível óptimo de crescimento, reprodução e
propagação do patogénio;
• Duração de todas combinações favoráveis prolongada.
CONDIÇÕES QUE AFECTAM O DESENVOLVIMENTO DE EPIDEMIAS
(EPIFITIAS)
• Factores Do Hospedeiro:
• Factores Do Patogénio
[83]
• Factores Do Ambiente
• Outros Factores
1. FACTORES DO HOSPEDEIRO QUE AFECTAM O DESENVOLVIMENTO DE
EPIDEMIAS
Vários factores internos e externos de plantas hospedeiras exercem importantes funções no
desenvolvimento de epidemias:
1. Níveis de resistência genética ou de susceptibilidade do hospedeiro;
2. Grau de uniformidade genética das plantas hospedeiras;
3. Tipo de cultura;
4. Idade das plantas hospedeiras.
• Níveis de resistência genética ou de susceptibilidade do hospedeiro
Quanto maior a susceptibilidade do hospedeiro, maior a possibilidade da ocorrência de
epidemias em presença de patogénio virulento e condições ambientais favoráveis.
• Grau de uniformidade genética das plantas hospedeiras
Maior uniformidade genética de plantas, conduz a maior possibilidade de ocorrência de
epidemias.
Plantas hospedeiras geneticamente uniformes, sobretudo em relação à genes referentes a
resistência à doenças, cultivadas em grandes áreas, facilitam que uma nova raça de patogénio
apareça e infecte.
• Tipo de cultura
Em culturas anuais, como feijão, arroz, milho, algodão e hortaliças, as epidemias desenvolvem
muito mais rapidamente (em poucas semanas) que em culturas perenes.
• Idade das plantas hospedeiras
Em certas interações patogénio-hospedeiro, os hospedeiros (ou suas partes) são frágeis apenas
no estádio inicial de crescimento, tornando-se resistente no estádio adulto. Em doenças como
ferrugens e infecções virais, partes de plantas são resistentes, quanto muito jovens, tornando-se
vulneráveis durante o crescimento, e depois tornam-se novamente resistentes quando atingem o
estado adulto.
2. FACTORES DO PATOGÉNIO QUE AFECTAM O DESENVOLVIMENTO DE
EPIDEMIAS
[84]
1. Níveis de virulência e agressividade;
2. Quantidade de inóculo próximo dos hospedeiros;
3. Tipo de reprodução;
4. Ecologia do patogénio e modo de disseminação do patogénio.
• Níveis de virulência e agressividade
Quanto maior a intensidade da doença, mais virulento é o agente. A virulência do agente está
associada à quantidade de doença induzida no hospedeiro e a agressividade refere-se a
velocidade no aparecimento dos sintomas, ou seja, patogénio mais agressivo leva ao rápido
surgimento de sintomas nas plantas.
• Níveis de virulência e agressividade
Raças virulentas de um patogénio são capazes de infectar uma ou mais variedades de um
mesmo hospedeiro, mas não todas as variedades.
Patogénio com raças agressivas tem a capacidade de infectar todas as variedades de um
mesmo hospedeiro, variando apenas no grau de patogenicidade.
• Quantidade de inóculo próximo dos hospedeiros
Maior quantidade de propágulos do patogénio (céluas bacterianas, esporos ou esclerócios
fúngicos, ovos de namatóides , plantas infectadas por virus, etc.) dentro ou próximo das áreas
com plantas hospedeiras, proporciona maior número de inóculo a chegar ao hospedeiro e com
maior rapidez.
[85]
• Tipo de reprodução
Microrganismos com alto poder reprodutivo e de produção de inóculos e com ciclos de vida
curtos e sucessivos, características de patogénios policíclicos (ex: fungos de ferrugens, míldios
e manchas foliares), têm capacidade de causar grandes e frequentes epidemias, ao contrário dos
patogénios que não possuem ciclos de vida sucessivos, como os patogénios monocíclicos (ex:
fungos causadores de murchas vasculares e carvões).
• Ecologia do patogénio e modo de disseminação
Agentes que produzem inóculos na superfície da parte aérea de hospedeiros (ex: fungos de
ferrugens, míldios e manchas foliares), têm a facilidade de dispersar a infecção e a várias
distâncias, causando epidemias frequentes e sérias do que aqueles que se reproduzem dentro de
plantas (ex: fungos e bactérias que infectam o sistema vascular, fitoplasmas, virus e
protozoários) ou que necessitam de vectores para a sua disseminação.
3. AMBIENTE
A presença, na mesma área, de plantas susceptíveis e patogénios virulentos não é sinónimo de
numerosas infecções ou de surgimento de epidemias. O ambiente afecta a disponibilidade,
estágio de crescimento e susceptibilidade genética do hospedeiro. Afecta sobrevivência,
multiplicação, esporulação, distância de disseminação do patogénio, germinação dos esporos e
penetração. Afecta ainda número e actividade de vectores do patogénio.
FACTORES DO AMBIENTE QUE AFECTAM O DESENVOLVIMENTO DE
EPIDEMIAS
1. Humidade;
2. Temperatura;
3. Luminosidade;
4. Areação;
5. Edafologia;
Humidade
Humidade abundante, prolongada ou frequente, (chuva, orvalho, ou humidade relativa) é factor
predominante na evolução de epidemias causadas por fungos, bactérias e nematóides, por
facilitar a reprodução e disseminação desses agentes. A humidade afecta indirectamente as
[86]
epidemias causadas por vírus e fitoplasmas, por o efeito ser sobre a actividade dos vectores,
que pode aumentar (fungos e nematoides) ou reduzir (insectos).
• Temperatura
A temperatura (alta ou baixa) influencia as epidemias por reduzir o nível de resistência das
plantas.
As temperaturas também reduzem a porção de inóculos de fungos, bactérias e nematóides que
sobrevivem ao frio intenso ou de vírus e fitoplasmas que sobrevivem a temperaturas muito
quentes. O frio reduz o número de vectores bem como a actividade dos mesmos na época de
cultivo.
O maior efeito da temperatura sobre o agente fitopatogénico nota-se durante as fases de
germinação de esporos, eclosão de nematóides, penetração no hospedeiro, crescimento ou
reprodução, colonização e esporulação. Com temperatura favorável nestas fases, os patogénios
policíclicos completam o seu ciclo em menos tempo, produzindo vários ciclos da doença
durante a época de cultivo.
• Luminosidade
A luz disponível ao hospedeiro afecta a fotossíntese e, consequentemente, as reservas
nutritivas, afectando também a sua reacção a uma determinada doença.
• Edafologia
pH – pH desfavorável a planta, poderá favorecer o patogénio. pH de fungos = 4,5 a 6,5, e de
bactérias = 6,0 a 8,0.
Fertilidade do solo – nível de nutrição é indicador da susceptibilidade e resistência de plantas.
patogénios há que atacam plantas subnutridas e outros as vigorosas. Altos teores de Nitrogénio
aumentam a susceptibilidade, e os de Potássio reduzem a susceptibilidade.
4. TEMPO
A doença é afectada pelo ponto específico em tempo, no qual um evento particular ocorre e a
duração desse evento.
[87]
As doenças de plantas iniciam em um nível baixo – uma planta infectada e uma pequena
quantidade de tecido afectado constituem o “foco” – com incidência e a severidade próximas de
zero, aumentando depois os padrões da sua evolução ao longo do tempo.
TEMPO COMO FACTOR QUE AFECTA O DESENVOLVIMENTO DE
EPIDEMIAS
O efeito do tempo no progresso da doença torna-se aparente quando:
1. se considera a relevância da época do ano (condições climáticas e o estágio de
crescimento quando o hospedeiro e o patogénio podem coexistir);
2. A duração e a frequência de temperatura e pluviosidade favorável;
3. O tempo de chegada de vectores;
4. A duracão do ciclo de infecção da doença.
5. HOMEM
Muitas actividades humanas têm efeito directo ou indirecto nas epidemias. O homem pode
afectar o tipo de cultura numa área, o grau de resistência, a época e a densidade de plantio,
pode reduzir a predominância de patogénios e raças patogênicas, afectando a quantidade de
inóculo primário e secundário disponível e modificando o efeito do ambiente sobre o
desenvolvimento da doença.
FACTORES DO HOMEM QUE AFECTAM O DESENVOLVIMENTO DE
EPIDEMIAS
1. Selecção e preparo do local de plantio
2. Selecção do material de propagação
3. Práticas culturais
4. Disseminação de patogénios
5. Introdução de novos patogénios
Selecção e preparo do local de plantio
[88]
Campos mal drenados e, consequentemente, com má aeração do solo, especialmente se
próximos a outros campos infestados, tendemafavorecero aparecimento e desenvolvimento de
epidemias.
• Selecção do material de propagação
O uso de sementes, mudas e outros materiais de propagação contaminados com patogénios
aumenta a quantidade de inóculo inicial dentro do campo de cultivo e favorece o
desenvolvimento de epidemias.
O uso de materiais propagativos isentos de patogénios ou tratados, pode reduzir drasticamente
as oportunidades de epidemias.
• Práticas culturais
Monocultura contínua, extensos plantios com mesma variedade, excessiva fertilização
nitrogenada e irrigação, restos culturais no campo, plantio adensado, injúrias pela aplicação de
herbicidas, etc., aumentam a hipótese e a severidade de epidemias.
• Disseminação de patogénios
O homem pode disseminar ou transmitir patogénios, através de ferramentas usadas em acções
como desbrota, poda, corte e enxertia. Ao ser usada numa planta doente, a ferramenta é
contaminada com o microrganismo, que é inoculado na próxima planta onde a mesma é
utilizada sem a devida limpeza e esterilização.
• Introdução de novos patogénios
A facilidade e frequência de viagens ao redor do mundo aumentam o movimento de sementes,
tubérculos, estacas e outros materiais.
Esses eventos elevam a possibilidade de introdução de patogénios em áreas onde o hospedeiro
não teve tempo de evoluir para resistência a estes patogénios, o que resulta frequentemente em
epidemias.
[89]
[90]
[91]
[92]
[93]
• Terminologia Básica
Agente causal: organismo ou ente que produz a doenças;
[94]
Vector: agente ou organismo que transmite um agente infeccioso de indivíduos afectados a
outros sãos;
Infecção: é a colonização de um organismo por outro servindo de hospedeiro;
Infestação: é a invasão massiva da agentes a um organismo vivo até causar-lhe a morte.
Virulência: capacidade de um organismo produzir doença;
Patogenicidade: capacidade de um organismo multiplicar-se ou reproduzir-se;
Entomopatogénio: Insecto que produz doença;
Etiologia: estudo das causas de uma doença.
Inóculo: quantidade de organismos susceptíveis de desenvolver-se e reproduzir-se;
Sinal: qualquer manifestação objectiva consequente a uma doença, e que se torna evidente na
biologia do indivíduo doente;
Sintomas: manifestação da planta de que a saúde está ameaçada.
• Dinâmica da doença
Usa-se “epidemia” para indicar a dinâmica da doença, que é a mudança na intensidade da
doença ao longo do tempo. Por intensidade, entenda-se tanto a incidência (número de plantas
ou partes afetadas), a severidade (quantidade de tecido afetado) ou uma combinação de
ambas.
Ocorrem epidemias rápidas ou lentas e até mesmo epidemias “negativas” (decréscimo na
intensidade da doença ao longo do tempo). Por exemplo, se usamos a proporção de folhas
afectadas como uma medida de incidência da doença, pode-se ter uma alteração negativa da
intensidade da doença se, durante um período seco, novas folhas sadias são formadas ao passo
que as infectadas caem.
Dinâmica Espacial e Temporal das Doenças de Plantas
As doenças de plantas não aumentam até o infinito. À medida em que o nível de doença
aproxima-se de 100%, o seu progresso diminui de forma gradual.
As epidemias tendem a ser lineares ou exponenciais nos seus estágios iniciais e também tendem
a nivelar-se quando se aproximam de algum limite.
[95]
Uma doença desenvolve-se com a densidade mais alta de lesões ou de plantas infectadas no
centro e uma diminuição radial em direcção à parte externa.
Avaliação ou quantificação das doenças de plantas
A quantificação de doenças de plantas, também denominada fitopatometria, visa avaliar os
sintomas causados pelos agentes patogénicos nas plantas e seus sinais (estruturas do patogénio
associadas aos tecidos doentes).
• Importância da fitopatometria
A importância da fitopatometria pode ser bem compreendida nas seguintes frases sobre o
assunto:
• "Diagnose e avaliação de doenças de plantas são duas funções igualmente importantes
dos fitopatologistas (JAMES, 1974)".
• "A medida da intensidade de doenças tem o mesmo papel-chave que a diagnose dentro
da fitopatologia (KRANZ, 1988)".
• "De nada adiantaria conhecer o patogénio de uma doença se não fosse possível
quantificar os sintomas por ele causados (AMORIM, 1995)".
[96]
Variáveis para Avaliação de Doenças de Plantas
Incidência- é a percentagem (frequência) de plantas doentes ou suas partes doentes numa
amostra ou população;
Severidade - é a percentagem da área ou do volume do tecido coberto por sintomas e ou sinais
visíveis;
Intensidade- significa o nível da doença.
Fitopatometria
• Acurácia - é a aproximação do valor estimado com o valor real. Descreve o grau de
correspondência de uma avaliação com um determinado diagrama.
• Precisão - é a exactidão de uma operação, onde há rigor ou refinamento na medida.
• REPRODUCIBILIDADE: não variação dos valores estimados por 2 avaliadores
Exemplos de acurácia e precisão
Métodos de Avaliação de Doenças
As doenças podem ser quantificadas por métodos directos e métodos indirectos.
• Métodos Directos
Estimativa da quantidade de doenças feita directamente através dos sintomas (qualquer
manifestação das reacções da planta a um agente nocivo, ou seja, qualquer alteração da
característica normal da planta).
[97]
1. Quantificação da Incidência
Parâmetro de maior simplicidade, precisão e facilidade de obtenção. Consiste na contagem de
plantas ou órgãos doentes. Obtém-se o número e/ou percentagem (frequência) de folhas,
folíolos, frutos, ramos infectados, sem considerar a quantidade de doença em cada planta ou
órgão individualmente.
INCIDÊNCIA
Proporção de plantas ou órgãos doentes. Esta medida só admite duas respostas, sadio ou
doente.
Os dados obtidos são reproduzíveis, por avaliador diferente
Valores expressos em percentagem ou outro índice.
INCIDÊNCIA - % de plantas/órgãos doentes
• Vantagens: facilidade, precisão e rapidez de execução.
• Quando a epidemia está na fase inicial, a incidência é um parâmetro satisfatório para
avaliar a maioria das doenças, uma vez que nesta fase ela está correlacionada com a
severidade.
Ex: Fase avançada da epidemia: Cana-deaçúcar (ex: var. canas cultivadas em SP) incidência -
100% severidade - variável
Desvantagens: pouca precisão para doenças foliares, mostrando uma correlação
duvidosa com a severidade em fases avançadas da epidemia. Só pode ser usada para
doenças que atacam a planta toda, como as viroses sistémicas, as murchas vasculares e
podridões radiculares, ou, para aquelas em que uma única infeção é suficiente para
impedir a comercialização do produto(podridões de fruto).
As avaliações de incidência podem ser feitas de diferentes formas, como nos exemplos a
seguir:
• Tombamento de plântulas – "stand" de plântulas sobreviventes;
• Plantas com e sem podridão do colo;
[98]
• Contagem do número ou % de espigas de milho com carvão;
• Número ou % de frutos com sarna;
• Número ou % de plantas com murcha;
• % de fungos patogénicos em testes de patologia de sementes.
INCIDÊNCIA
Tombamento em soja - Sclerotium rolfsii Murcha (Ralstonia) em batata
Monitoramento do início dos sintomas das manchas preta e castanha do amendoim. Considera-
se infectado cada folíolo da amostra com pelo menos uma mancha visível e bem definida (com
mais de 1,0 mm de diâmetro). Recomenda-se separar as manchas preta e castanha nas
avaliações(Moraes, 1999)
2 - Quantificação da Severidade
Método quantitativo e qualitativo. Procura determinar, através da medição directa da área
afectada, com medidores de área em computador ou com chaves descritivas, diagramáticas,
medição automática e sensores remotos.
É a percentagem da área ou do volume do tecido coberto por sintomas
Estratégias para Avaliação
• Chaves descritivas
• Escalas diagramáticas
• Análises de imagem de vídeo por computador
• Sensoriamento Remoto
• Fundamental que o estádio de desenvolvimento da planta e o órgão amostrado sejam
bem definidos
[99]
Diagrama padrão dos estádios de desenvolvimentode cereais baseado na escala de Feeks.
• A - Chaves Descritivas
Utilizam escalas arbitrárias com certo número de graus para quantificar doenças.
* Metodologia uniforme de colecta de dados
[100]
• B-Escalas Diagramáticas
São representações ilustradas de uma série de plantas ou partes de plantas com sintomas em
diferentes níveis de severidade.
[101]
• Escalas Diagramáticas
Acuidade Visual e a Lei de Weber-Fechner:
“A acuidade visual é proporcional ao logaritmo da intensidade do estímulo “.
A lei de Weber-Fechner tenta descrever a relação existente entre a magnitude física de um
estímulo e a intensidade do estímulo que é percebida;
O estímulo proporcionado pelos sintomas de uma doença deve crescer exponencialmente para
que a vista humana consiga diferenciá-lo.
• Escalas Diagramáticas
Cuidados na elaboração de escalas diagramáticas:
- o limite superior da escala deve corresponder à
quantidade máxima de doença observada no campo;
- a quantidade real de doença no campo e sua representação na escala devem ter alta precisão;
- as subdivisões da escala devem respeitar as
limitações da acuidade visual humana (Lei Weber-
Fechner).
• Escalas Diagramáticas
Problemas das escalas diagramáticas:
- quando são necessárias avaliações muito precisas, o avaliador deve ser treinado previamente,
pois frequentemente a vista humana superestima a doença;
- frequentemente, a quantidade máxima de doença observada no campo está entre 20 e 50%,
mas há a tendência de se elaborar escalas com valores superiores.
• Escala Diagramática
Escala diagramática para avaliação da severidade da mancha foliar de Phaeosphaeria em milho.
Porcentagem de área foliar lesionada.
[102]
Escala para avaliação de severidade de
Fusarium e Diplodia em milho.
Escala para avaliação de severidade de Crestamento
bacteriano comum em vagens de feijoeiros
Escala diagramática para avaliação da severidade da mancha alvo em soja.
[103]
Escala diagramática para avaliação da severidade da mancha de Phoma do cafeeiro;
Porcentagem de área foliar lesionada.
• C) Análise de Imagem de Vídeo por Computador
Obtêm-se a imagem com câmara de vídeo, transferi-la para computador e estimar as áreas
sadias e doentes;
Vantagens:
- Não está sujeito aos problemas inerentes à vista humana, é muito preciso;
- Permite obter estimativas não subjectivas na quantidade de doenças.
• Análise de Imagem de Vídeo por Computador
Limitações
• As imagens do vídeo necessitam intensidade luminosa bem controlada para que o
contraste entre tecido sadio e doente seja o maior possível;
[104]
• O material a analisar deve ser transportado do campo para o laboratório;
• Algumas plantas não resistem ao transporte, deformando-se rapidamente, o que impede
sua posterior avaliação.
Limitações cont.
• A acurácia deste tipo de avaliação é inversamente proporcional ao tamanho da amostra;
• Esta técnica deve ser aplicada apenas para aquelas doenças em que o tecido lesionado é
bem contrastado do tecido sadio.
D) Sensoriamento Remoto
• A imagem é obtida por meio de câmaras e sensores a partir de satélites;
• Usa-se fotografia aérea e radiómetros
Vantagem: Na fotografia aérea as propriedades radiantes de tecidos de plantas sadias diferem
daquelas de plantas doentes.
Desvantagem: não é específico para doenças.
• Quantificação da Severidade:
Vantagens:
- Expressa com mais exactidão a intensidade da doença no campo e os estragos causados;
- Caracteriza melhor o nível de resistência ao patogénio.
- O parâmetro severidade é mais apropriado para quantificar doenças foliares como
ferrugens, oídios, míldios e manchas;
Desvantagens:
• Dificuldade na quantificação precisa da área doente;
• Trabalhoso e demorado;
• Método subjectivo, dependente da acuidade do avaliador e da escala.
Métodos Indirectos
[105]
Os métodos indirectos servem para determinação da população do patogénio, sua
distribuição espacial, seus efeitos na produção (danos e/ou perdas), a desfolha causada.
São usados quando os sintomas envolvem redução de vigor, diminuição de produção ou
enfezamento (comum vírus e nematóides).
• Métodos indirectos
A doença é medida através da população fitopatogênica.
Exemplo de Técnicas de diagnose:
• Testes de Indexação do vírus em plantas indicadoras
• Testes Sorológicos
• Amostragem de solo e raízes
• Plantas armadilhas
• Placas de Petri contendo meio selectivo
• Armadilhas caça esporos
Armadilha Caça-esporos 1
• Dados técnicos: ARMADILHA CAÇA ESPOROS, modelo MA 537, marca
MARCONI:
[106]
- energia: painel solar e bateria de 12 volts, com poste de sustentação
- sistema electrónico para girar o dispositivo caça esporos por um período de 7 dias com
movimento continuo nas 24 horas, chave para selecção do tempo de colecta com ajuste
de 24 horas, 7 dias ou 30 dias.
- - caixa de protecção em alumínio fundido instalada em um tripé com dispositivo de
ajuste de nivelamento e biruta para direccionamento em relação ao vento
- - 2 conjuntos de colecta de esporos composto de: disco colector em acrílico com
gravação em baixo relevo e suporte para transporte
- - sistema de aspiração de ar: 20litros/min
- sistema de aspiração de ar: 20litros/min
- - partes metálicas com pintura electrostática polimerizada
- - 12 volts.
METODOLOGIA DE AMOSTRAGEM PARA AVALIAÇÃO DE DOENÇAS
Técnicas de Amostragem
• Amostragem ao acaso - recomendada para doenças que se distribuem de maneira
uniforme num campo (modelo de dispersão regular);
[107]
• Amostragem sistemática - utilizado em trabalhos que envolvem doenças de distribuição
ao acaso;
* Ambas podem ser feitas em estratos: amostragem estratificada (talhões) recomendada
para população heterogénea = dispersão em agregados.
Unidade Amostrada
Definida de acordo com o objectivo do levantamento:
• Para estimar danos e perdas, deve-se amostrar o órgão da planta e níveis de infeção
que possam se correlacionar com a quebra de produção;
• Para estimar a ocorrência de doenças em uma região, a planta toda;
• Programas de previsão de epidemias, o órgão da planta mais susceptível ao patogénio,
em um determinado momento.
Tamanho da Amostra
[108]
Depende de:
• Objectivo do levantamento;
• Modelo de dispersão da doença;
• Disponibilidade de tempo e recursos
• Nível de acurácia e precisão desejados.
Variação do valores da média (círculos cheios) e desvio padrão (círculos vazios) em
amostras de diferentes tamanhos.
• Métodos directos
Intensidade: expressa incidência ou severidade ou seja o quanto intensa é a doença ou quão
doente está a planta.
A incidência serve para avaliar a intensidade de doenças, como murchas e viroses. A
correlação é alta entre incidência e severidade: a doença afecta a planta toda. Para maioria de
doenças foliares a correlação é baixa (incidência de 100% de plantas com ferrugem, não
reflecte a intensidade real. Ex. se todas as plantas apresentarem pústulas de ferrugem, a
quantidade de pústulas por folha pode ser baixa e causa pouco dano).
• Intensidade
Na epidemia de doenças foliares deve-se considerar que, quando a incidência é elevada
(maioria das plantas com sintomas), a evolução da doença dá-se quase que exclusivamente pelo
aumento do número e tamanho das lesões (severidade).
As avaliações de intensidade/severidade podem ser feitas de diferentes formas:
• I - Medição directa dos sintomas
• II - Medição visual dos sintomas
I - Medição directa dos sintomas
[109]
Método prático para ensaios de pesquisa com número limitado de amostras, por ser
muito trabalhoso e demorado
Medição é feita através da contagem do número de lesões, medição de seu diâmetro,
cálculo da área infectada por folíolo
I - Medição directa dos sintomas
Feita através da contagem do número de lesões, medição de seu diâmetro, cálculo da área
infectada por folíolo:
[Si= No médio de lesões/folíolo x (diâmetro médio das lesões/2) x 3,1416] e
índice de infeção (I%=Si x 100/S total), como nas manchas castanha e preta do amendoim
(Moraes, 1987). É um método prático para ensaios de pesquisa com número limitado de
amostras, por ser muito trabalhoso e demorado.
Medição directa dos sintomas
• Si= No médio de lesões/folíolo x (diâmetro médio das lesões/2) x 3,1416
Ex.
Si = 6x0,2cm/2x3,1416 Si = 1,88496
S total = 5,35 cm
• I%=Si x 100/S total
I% = 1,88496x100/5,35 I% = 35,2
II - Medição visual dos sintomas
Os fitopatologistas usam a fotocélula humana (olho) para estimar as intensidades através da
medição de áreas doentes e valores de infeção.
Neste tipo de medição deve-se considerar a Lei de Weber-Fechner, segundo a qual, a
acuidade visual é proporcional ao logaritmo da intensidade de estímulo. São descritos 12
graus de intensidade ou severidade das doenças:
Medição visual (graus de intensidade ou severidade)
[110]
1 - 0% 7 - 50 – 75%
2 - 0 – 3% 8 - 75 – 87%
3 - 3 – 6% 9 - 87 – 94%
4 - 6 – 12% 10 - 94 – 97%
5 - 12 – 25% 11 - 97 – 100%
6 - 25 – 50% 12 - 100% de doença
As
medições visuais podem ser feitas através do uso de chaves descritivas, classes de
intensidade, diagramas padrões ou escalas diagramáticas.
Chaves descritivas ou classes de severidade da doença
As chaves descritivas são compostas de escalas arbitrárias com um número variável de
graus ou classes que são usados na quantificação de doenças
Escala de notas para a mancha preta do amendoim Onde: 1 = Sem mancha, 2 = Com pouca
doença, ou seja, folíolos com 0,5 a 3,0% de área infectada (1 a 10 manchas/ folíolo), 3 =
Nível regular de doença, folíolos com 6 a 9% de área infectada (ou 11 a 25
manchas/folíolo), 4 = Nível alto de doença, folíolos com mais de 9% de área infectada
(mais de 25 manchas /folíolo).
• Avaliação da verrugose em hastes e pecíolos de amendoim
[111]
Escalas de notas para avaliação de verrugose em hastes e pecíolos do amendoim
(Adaptada de Ribeiro, 1970, em hastes, e elaborada por Sérgio A. Moraes, em
pecíolos).
Escalas de notas
Onde:
1 = ausência de sintomas de verrugose;
2 = baixa severidade - presença de poucas lesões em folhas e pecíolos;
3 = severidade regular - lesões de verrugose evidentes na parte apical das plantas, nos pecíolos,
nas folhas e nas hastes, que se apresentam moderadamente retorcidos;
4 = severidade alta - lesões de verrugose evidentes na planta inteira, com as hastes e os pecíolos
da parte apical, apresentando-se completamente retorcidos e cobertos pelas lesões.
Avaliação da ferrugem
Notas para a avaliação da ferrugem do amendoim
[112]
Onde:
1 = ausência de ferrugem;
2 = baixa severidade (1 a 10 pústulas de ferrugem/folíolo);
3 = severidade regular (10-40 pústulas de ferrugem/folíolo);
4 = severidade alta (mais de 40 pústulas de ferrugem/folíolo)
• Cálculo da nota média e índice de doença
Para determinação da nota média e índice (variando de 0 a 100%) das doenças da parte aérea
(manchas preta e castanha, verrugose e ferrugem), segundo as escalas de notas apresentadas,
podem ser utilizadas as equações :
Nota média = n1 x 1 + n2 x 2 + n3 x 3 + n4 x 4)/N.
Índice de doença (%) = (n1 x 0 + n2 x 25 + n3 x 50 + n4 x 100)/N,
onde:
n1, n2, n3 e n4 = número de folíolos da amostra com as notas 1, 2, 3 e 4;
N = total de folíolos da amostra
• Cálculo da nota média e índice de doença
Nota média = n1 x 1 + n2 x 2 + n3 x 3 + n4 x 4)/N.
Ex. N.M: (14x1 + 8x2 + 12x3 + 5x4)/39 = 8,25641
Índice de doença (%) = (n1 x 0 + n2 x 25 + n3 x 50 + n4 x 100)/N
I.D (%) = (14x0 +8+25 + 12*50 + 5*100)/39 = 33,33
• Escala descritiva de Mazzani & Hinojosa
Escala descritiva proposta por Mazzani & Hinojosa (1961), para avaliar a ferrugem
• R0 = nenhuma folha altamente infectada
• R1 = menos de 25% de folhas altamente infectadas
• R2 = 25 a 50% de folhas altamente infectadas
• R3 = 50 a 75% de folhas altamente infectadas
• R4 = mais de 75% de folhas altamente infectadas
[113]
[114]
• Escalas diagramáticas
São ilustrações de plantas ou partes de plantas (padrões de comparação) que mostram a área
necrosada ou coberta pelos sintomas e sinais do patogénio, em diferentes níveis de severidade.
Exemplos de escalas diagramáticas utilizadas para avaliar a mancha preta (Cercosporidium
[115]
personatum) e a mancha castanha (Cercospora arachidicola) do amendoim são apresentados a
seguir.
Escalas diagramáticas para avaliar a mancha preta (Cercosporidium personatum) do amendoim
Escala diagramática para mancha castanha do amendoim (% de área infectada)
Escalas diagramáticas para avaliar a intensidade das cercosporioses do amendoim
[116]
• III - Uso da incidência para estimar valores de intensidade da doença
Na epidemia de doenças foliares considera-se, incidência elevada se maioria das plantas tem
sintomas e evolução da doença ocorre com aumento do número e tamanho das lesões
(severidade).
Para mancha preta (Cercosporidium personatum) os índices de incidência de 5 a 15% sugerem
baixas intensidades, 0,04 e 0,08 % de área foliar infectada, mas indicam início da epidemia e
apontam a necessidade da primeira pulverização com fungicida para proteger a cultura e
impedir a progressão da doença.
[117]
A incidência de 100% de folíolos com a mancha preta do amendoim, como ilustra o gráfico,
não reflecte a intensidade real no campo, pois apesar de todos os folíolos apresentarem
manchas, a severidade (% da área infectada por folíolo), pode ser baixa causando pouco dano.
[118]