INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E GESTÃO
INTRODUÇÃO A CONTABILIDADE
TEXTO DE APOIO
V CAPITULO – CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES
V. CAPITULO – CONTABILIZACAO DE OPERACOES
5.1 – Noções Gerais
5.2 – Modelo Básico da Escrituração Comercial
5.3 – Livros Obrigatórios, Facultativos e sua Legalização
5.4 Lançamentos
5.4.1 – Classificação dos Lançamentos
5.4.2 – Lançamentos no Diário geral
5.4.3 – Lançamentos no Razão Geral
5.5 – Balancete
- Exercícios de Aplicação
5.6 – Estorno
5.6.1 – Tipos de Erros Passíveis de Estorno
5.6.2 – Métodos de estorno
– Exercícios de Aplicação
1
5.1 – Noções Gerais
De acordo com o artigo no 42 do código comercial, todo o empresário comercial é
obrigado a ter escrituração organizada adequada à sua actividade empresarial,
que permita o conhecimento de todas as suas operações, bem como a elaboração
periódica de balanços e inventários.
O que será então a Escrituração Comercial? A Escrituração Comercial, é uma
técnica que permite registar as variações patrimoniais das unidades económicas.
No entanto, e para se proceder a escrituração comercial, é necessário conhecer
os conceitos contabilísticos, as diversas massas patrimoniais, as contas, as regras
de movimentação das contas, a sua sistematização, os critérios de valorimetria,
etc. para o efeito, as empresas deverão dispor de um plano de contas operacional
que tenha como sua base de suporte o plano standard.
São, portanto, peças fundamentais da escrituração, os livros onde se registam as
operações e os documentos, que sustentam as operações e comprovam a
ocorrência de um facto susceptível de registo contabilístico.
5.2 – Modelo Básico da Escrituração Comercial
Documentos Diário Razão Balancete Inventário e
Balanço
São a base de De acordo com o Escritura o Quadro De acordo com o
todo o registo no 1 do Artigo no movimento de recapitulativo de Artigo no 46 do
contabilístico, 45 do Código todas as todas as contas Código
sem os quais o Comercial, no operações do do Razão, onde Comercial, o livro
mesmo não se Diário são Diário, ordenadas consta a soma do de inventario e
poderá lançados, por débito e debito e do balanços abre
processar. Alias, individual e crédito, em credito de cada com o Balanço
as empresas diariamente, relação a cada conta e os inicial e
estão sujeitas a todos os actos uma das respectivos detalhado da
incorrerem em relacionados com respectivas saldos devedores empresa nele são
sanções se a actividade contas, isto é as ou credores lançados os
procederem ao empresarial. operações são balanços a que o
registo de factos sistematizadas empresário
não devidamente ou agrupadas de comercial esta
documentados. acordo com a sua obrigado por Lei.
natureza.
2
5.3 – Livros Obrigatórios, Facultativos e sua Legalização
1. Livros Obrigatórios e Facultativos – Artigo n o 43
No 1 – O empresário Comercial é obrigado a ter os livros de diário e de
inventário e balanço. Bem como outros livros fixados por lei.
No 2 – os empresários comerciais, pessoas colectivas, para além dos livros
indicados no número anterior, devem ter outros livros para actas.
No 3 – os livros obrigatórios podem ser substituídos por fichas,
procedimentos contabilísticos ou outros que possibilitem a utilização de
novas técnicas de escrituração nos termos que forem legalmente
estabelecidos.
No 4 Para auxiliar a escrituração das suas operações, o empresário
comercial pode utilizar livros, fichas e outros procedimentos contabilísticos
facultativos.
No 5 – Os pequenos empresários podem ser dispensados de alguns dos
livros mencionados no presente artigo.
2. Legalização dos Livros – Artigo No 44
No 1 – Os livros obrigatórios, fichas e instrumentos utilizados na
escrituração devem ser submetidos à legalização na entidade
competente para o registo comercial.
No 2 – A legalização consiste na assinatura dos termos de abertura e de
encerramento, bem como na colocação, na primeira folha de cada um,
do número de folhas do livro e, em todas as folhas de cada livro, do
respectivo numero e rubrica.
No 3 – a rubrica das folhas pode ser posta por chancela
No 4 – As assinaturas e rubricas referidas nos números anteriores
podem ser feitas pelos funcionários competentes para assinar certidões.
No 5 – A entidade competente para o registo deve ter um livro de
legalizações.
3
5.4 – Lançamentos
Chama-se lançamento ou assento, à notação de qualquer facto patrimonial nos
livros próprios de contabilidade. E, compõe-se dos seguintes elementos:
a) Data (dia, mês e ano);
b) Titulo ou cabeçalho, que é a indicação da (s) conta (s) a debitar e da (s)
conta (s) a creditar;
c) Descrição ou histórico, que consiste na explicação sucinta do facto
patrimonial que dá origem ao lançamento;
d) Importância ou valor, que é o montante correspondente às variações
provocadas nas contas.
Em regra, apenas no diário se encontram todos estes elementos.
5.4.1 Classificação dos lançamentos
Quanto ao número de contas movimentadas
No método digráfico, todo o facto patrimonial dá origem à variação de duas
ou mais contas, de tal forma que um débito (s), corresponde sempre a um
crédito (s) de igual valor. Sendo assim, os lançamentos classificam-se em:
- 1a Formula – um debito = um credito – lançamentos simples;
- 2a Formula – um debito = vários créditos – lançamentos compostos;
- 3a Formula – Vários débitos = a um crédito – lançamentos compostos;
- 4a Formula – Vários débitos = Vários créditos – lançamentos compostos.
Quanto a natureza dos movimentos
Lançamentos de Abertura Dizem respeito á registos dos valores no inicio da
actividade de um agente económico;
Lançamentos Correntes Dizem respeito ao registo das operações realizadas
durante o exercício económico;
Lançamentos de estorno Tem por finalidade rectificar as omissões, duplicações e
erros cometidos nos registos efectuados durante o
4
exercício económico.
Lançamentos de Regularização Visam rectificar o saldo das contas que não
correspondem à realidade; normalmente efectuam-se
no fim de cada ano económico antes de se proceder ao
apuramento de resultados e elaboração do balanço.
Lançamentos de apuramento Tem como finalidade transferir os saldos das contas de
de Resultados custo e proveitos para as contas de resultados,
permitindo a posterior determinação dos resultados da
empresa.
Lançamentos de encerramento São efectuados depois do apuramento de resultados e
da elaboração do balanço e permitem fechar as contas
que apresentam saldos (devedor ou credor)
Lançamentos de Reabertura Regista, no início de cada ano económico os valores
iniciais das contas (saldos finais das contas no ano
anterior)
5.4.2 – Lançamentos no Diário Geral
O Diário Geral servira para os empresários comerciais registarem, dia a dia, por
ordem de datas, em assento separado, cada um dos actos que modificam ou que
possam a vir modificar a estrutura do seu património.
Modelo Clássico do Diário
a) b) c) d) e) f)
– Número de ordem do lançamento;
– Preposição a – que indica as contas a creditar;
– Corpo do Diário onde se inscreve a data do lançamento, as contas a
debitar e a creditar (código e o titulo da conta) e o descritivo ou histórico;
– Numero dos fólios do Razão Geral referentes às contas movimentadas –
cada conta corresponde a um fólio do razão e atribui-se uma e única vez
por toda a vida da empresa;
5
– Coluna auxiliar das importâncias (utilizada somente nos lançamentos
compostos ou seja da 2a, 3a e 4a formulas);
– Coluna principal das importâncias.
O uso técnico do Diário manda que no cabeçalho do lançamento se inscreva
primeiramente o local e a data, a conta debitada e depois a creditada, esta, numa
linha imediatamente inferior àquela, antecedido do respectivo titulo e da
preposição a.
Dado que o mesmo acontecimento pode originar variações em mais do que duas
contas, quando tal acontece são os títulos das diversas contas substituídos
primeiramente pela palavra <<Diversos>>. Os títulos dessas contas entram no
corpo do lançamento imediatamente após o histórico, obedecendo a ordem
anteriormente indicada entre as contas debitadas e creditadas.
Cada lançamento no Diário Geral é fechado por um traço descontínuo em cujo
intervalo se escreve a data (dia e mês) do lançamento seguinte. Contudo, se o
lançamento anterior for feito no mesmo mês poderá indicar-se apenas o dia no
lançamento seguinte. Caso o lançamento seguinte seja efectuado no mesmo dia
do lançamento anterior, coloca-se apenas dois traços (//).
5.4.3 – Lançamentos no Razão Geral
O Razão na sua forma clássica, apresenta-se como um livro de folhas designadas
por fólios. Cada folio, é reservado a uma conta, em cuja pagina esquerda se
escreve <<DEVE>> ou <<DEBITO>> da mesma e na direita <<HAVER>> ou
<<CREDITO>>. Os registos a debito levam a preposição <<a>> significando
<<DEVE a>>; os a credito a preposição <<de>>, significando <<HAVER de>>.
O Razão servira para escriturar o movimento de todas as operações do Diário,
ordenados a debito e credito, em relação a cada uma das contas, para se
conhecer o estado e a situação de qualquer delas sem necessidade de recorrer ao
exame de todos os lançamentos no Diário.
Modelo Clássico do Razão Geral
a b) c) d) e) f) a b) c) d) e) f)
) )
a) e b) – Data (ano, mês e dia), respectivamente;
c) – Preposição a (lado esquerdo) e preposição de (lado direito);
6
d) Contrapartida da conta movimentada;
e) Número do lançamento no diário;
f) Importância.
5.5 – Balancete
Utilizando o método digráfico, toda a operação é simultaneamente lançada a
débito de uma conta (s) e crédito de outra (s). Para se verificar a igualdade dos
débitos e dos créditos de todas as contas depois do registo das respectivas
variações, utiliza-se um dispositivo designado Balancete.
O Balancete é um quadro recapitulativo de todas as contas do Razão, onde consta
a soma do débito e do crédito de cada conta e os respectivos saldos (Devedor e
Credor).
Modelo Clássico do Balancete
Movimentos Saldos
Folio Contas Debito Credito Devedor Credor
O Balancete é pois, um resumo do Razão onde a soma dos totais do débito e do
crédito devem ser iguais ao total do Diário. Consequentemente, os totais das
somas dos saldos devedores e credores devem ser iguais.
Se qualquer das igualdades não se verificar, então pode ter havido erro, sendo
necessária uma análise do trabalho efectuado. Os Balancetes não evidenciam
erros cometidos no Diário, tais como substituição de contas, inversão de contas,
omissão de lançamentos e duplicação de lançamentos. Portanto, as quantias
registadas a débito e a crédito das contas podem ser iguais. Só quando isto não
acontece, isto é, quando se regista num e não no outro, os erros são detectados
pelo Balancete.
A comparação entre o total do Balancete e o total do Diário, permite verificar se os
lançamentos foram completamente passados ao Razão. Normalmente, se o total
do Balancete for inferior ao total do Diário, poderá haver um ou mais lançamentos
do Diário não lançados no Razão, inversamente, poderá haver duplicação na
passagem dos lançamentos do Diário ao razão (total do Balancete superior ao
total do Diário).
7
Durante o exercício económico, são elaborados periodicamente Balancetes,
geralmente todos os meses com dupla finalidade:
1) Conferir as passagens do Diário ao Razão;
2) Verificar a situação da empresa ainda que duma forma preliminar se é boa
ou má.
Exercício de aplicação no 1
A Sociedade ARTIGOS DOMÉSTICOS, LDA, sediada em Maputo, apresentava os
seguintes elementos para o inicio da sua actividade Comercial no dia 01 de Maio
do corrente ano:
1.1.1 CAIXA ……………..…………………………………….. 25.000,00
1.2.1 BANCOS Terra...……………………………………. 400.000,00
2.2.3. Mercadorias em armazem…………………………50.000,00
4.2.1 Tivane Comercial, Lda …………………………………..50.000,00
4.3.1.2. Empréstimo de medio e longo prazo……………..250.000,00
5.1.1 Capital Inicial …………………………………………….. ?
Durante mês realizou as seguintes operações:
Dia 04 – Recibo no 23 da Tivane Comercial, lda pela sua divida. Conforme Cheque
no 1000001 do Banco Terra;
Dia 08 – Factura no 60 de Djondzane Lda, pela compra de mercadorias no valor de
85.000,00 (Mais IVA 16%);
Dia 12 – Venda a Dinheiro no 83 de Boss Lda, por um computador para a empresa
no valor de 30.000,00 (mais IVA 16%). Conforme Cheque no 1000002 do MBIM.
Dia 15 – Venda de mercadorias no valor de 60.000,00 (mais IVA 16%) nas
seguintes condições: 50% pronto pagamento (VD. no 786) e o restante factura no
120 com pagamento aos 30 dias de data.
Dia 20 – Factura n° 45 dea FIPAG pelo consumo de água do mês anterior no valor
de 3.000,00 ( mais IVA, de acordo com a taxa em vigor para a água em
Moçambique.
8
Dia 25 – Prrocessamento de salários do mês anterior no valor de 50.000,00,
sendo 10% para o IRPS e o INSS foi calculado de acordo com a taxa em vigor no
Pais.
Pretende-se:
a) Determinação do Capital Inicial
b) Lançamento de abertura no Diário Geral e no Razão Geral
c) Lançamentos correntes no Diário e no Razão Geral
d) Balancete de Verificação
Exercício de Aplicação no 2
A Sociedade Vocacionados Lda, que se dedica a venda de diversos produtos,
apresentava a seguinte informação em 02 de Abril último.
1.1 CAIXA……………………. 40.000,00
1.2 BANCOS ………………. 120.000,00
4.1 CLIENTES C\C - BETA ……………….15.000,00
4.2 FORNECEDORES C\C - ALFA……. 10.000,00
5.1 CAPITAL ……………….165.000,00
Dia 04 – Talão de Deposito no 1 do BCI no valor 10.000,00
Dia 06 – Recibo no 8 ao Cliente Beta pelo pagamento da sua divida.
Dia 10 – Recibo no 3 do Fornecedor Alfa pelo pagamento da nossa divida.
Dia 15 – Factura no 1 pela venda de mercadorias no valor de 10.000,00 (mais IVA
16%)
Dia 20 – Factura-Recibo no 11 pela compra de compra de mercadorias no valor de
5.000,00 (mais IVA 16%)
Dia 23 – Nota de Crédito n o 9 pelos Juros de Depósito a prazo no valor de
2.000,00
Dia 25 – Factura n° 234 da EDM pelo consumo de energia do mês anterior no
valor de 4.000,00 ( mais IVA, de acordo com a taxa em vigor para a electricidade
em Moçambique.
Dia 27– Prrocessamento de salários do mês anterior no valor de 40.000,00, sendo
10% para o IRPS e o INSS foi calculado de acordo com a taxa em vigor no Pais.
9
Pretende-se:
1) Lançamento de Reabertura das contas no Diário e Razão Gerais
2) Lançamentos Correntes no Diário e Razão Gerais
3) Balancete de Verificação
10