PROCESSO SELETIVO PARA RESIDÊNCIA MÉDICA 2021
ANOS ADICIONAIS E ÁREAS DE ATUAÇÕES
PSICOGERIATRIA
Nome Inscrição
Assinatura Sala Carteira
INSTRUÇÕES
• Verifique se este caderno contém 20 (vinte) questões de múltipla escolha;
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aceitas reclamações posteriores.
• Confira seus dados impressos e assine no campo indicado;
• Leia cuidadosamente cada questão e escolha a resposta que você considera
correta;
• Cada questão possui apenas uma resposta correta, mais de uma letra
assinalada implicará anulação dessa questão;
• Responda todas as questões;
• Marque, de acordo com as instruções contidas na Folha de Respostas, com
caneta de tinta preta, a letra correspondente à alternativa que você escolheu;
• A duração da prova é de 2 (duas) horas, já incluído o tempo para o
preenchimento da Folha de Respostas;
• Só será permitida a saída da sala após 1 (uma) hora do ínicio da prova,
podendo levar apenas o documento contendo suas respostas anotadas;
• Durante a realização da prova não será permitida qualquer consulta ou
comunicação entre os candidatos, nem a utilização de aparelhos eletrônicos
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QUESTÃO 01
Homem, 84 anos, viúvo, aposentado. Chega ao Pronto-Socorro trazido pela filha. Vinha
tendo esquecimentos há seis meses, com piora progressiva. No mês anterior perdeu-se
perto de casa e depois disso deixou de sair desacompanhado. Três dias antes deixou de
tomar banho só e passou a ficar desorientado no tempo e espaço no período da tarde,
quando relatava estar “vendo bichos”. Na noite anterior não dormiu. Ao exame se
encontrava desorientado no tempo e espaço, desatento, memória comprometida,
lentificado. Ao exame físico mostrava-se desidratado. Qual é a hipótese diagnóstica mais
provável e qual deve ser a conduta imediata?
(A) Demência de Alzheimer – anticolinesterásico.
(B) Depressão – antidepressivo.
(C) Demência por corpúsculos de Lewy – anticolinesterásico.
(D) Delirium – hidratação.
QUESTÃO 02
Mulher, 60 anos, solteira, chegou ao ambulatório trazida por uma colega de trabalho.
Professora do ensino secundário, sem histórico de problemas adaptativos ou licenças
médicas por causas psiquiátricas. A colega conta que vinha tendo problemas no trabalho
por dificuldade de relacionamento, sendo esse desajuste de início recente. Também
deixou de cuidar da casa, que estava desorganizada, suja e repleta de objetos inúteis e
resíduos alimentares. No exame com teste de rastreio cognitivo (MMSE) mostrava-se
orientada, com memória discretamente comprometida, algo desatenta, mas pontuou
27/30. Na entrevista, parecia visivelmente aflita e desconfiada, e disse estar irritada
porque algumas pessoas estavam roubando os seus pertences. Também afirmava ter
receio de que quisessem prejudicá-la, embora não soubesse referir o motivo. O psiquiatra
solicitou exames gerais para esclarecimento. Com os dados disponíveis no momento, qual
seria a sua hipótese diagnóstica e a conduta medicamentosa imediata?
(A) Transtorno delirante – antipsicótico.
(B) Depressão bipolar – antidepressivo + lítio.
(C) Comprometimento cognitivo leve – observação.
(D) Doença de Alzheimer – anticolinesterásico + memantina.
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QUESTÃO 03
A questão 3 baseia-se no relato de caso clínico abaixo.
Identificação: Homem, 87 anos, viúvo, industrial aposentado, 3 filhos. Natural e
procedente de São Paulo-SP. Mora em residência própria, contando com a ajuda de uma
empregada. Os dados de anamnese baseiam-se em informações providas por uma das
filhas.
QD: episódios de confusão principalmente à noite, há cerca de dois meses; não tem
dormido bem e fala coisas sem sentido sobre pessoas e acontecimentos, quando acorda
no meio da noite.
HPMA: A filha diz não ter notado alterações até recentemente. Explica que há 6 anos,
após ficar viúvo, o paciente foi morar no interior e acabou arrumando companheira bem
mais jovem. Esta filha não tinha contato frequente com o pai até que, há
aproximadamente 4 meses, ele voltou a morar em São Paulo, pois a companheira disse
não aguentar mais sua agressividade e suas crises de ciúmes. No início, as filhas não
perceberam alterações significativas, mas, nos últimos 2 meses, perceberam que o pai
passou a ter dificuldades com o sono; segundo relato das mesmas, “parecia que via
coisas”, mas afirmam também que isso aconteceu poucas vezes. Nas últimas 3 semanas
esteve agressivo com a empregada e as confusões aumentaram substancialmente (sic).
Por isso procuraram ajuda de um psiquiatra.
AP: É cardiopata grave, com distúrbio importante do ritmo cardíaco (FA) e distúrbio da
condução. Faz uso de Marevan, Carvedilol, Doxasozina e PuranT4.
AF: é o 5º entre 9 irmãos. Apenas 4 estão vivos. Os outros faleceram em decorrência de
IAM, câncer de próstata e AVC.
Exame psíquico: Confuso, desorientado no tempo e no espaço. Irritado, impaciente,
repetitivo e fabulando durante a avaliação. Escore no Mini-exame do Estado Mental
(MMSE) de 13 pontos. Fluência Verbal de 5 animais em um minuto. Não consegue fazer o
teste do Relógio.
Neuroimagem: tomografia de crânio com atrofia generalizada importante, com alterações
compatíveis com glicose. O exame de imagem cerebral por ressonância magnética foi
contraindicado pelo cardiologista.
Sobre o caso clínico descrito acima, pergunta-se: qual o diagnóstico provável do paciente
e a conduta imediata mais pertinente?
(A) Demência na doença de Alzheimer; inibidor de colinesterase e memantina.
(B) Demência por corpos de Lewy; inibidor de colinesterase.
(C) Demência mista (componente vascular associado a demência degenerativa primária
do tipo Alzheimer); observar e tratar sintomas comportamentais.
(D) Demência vascular; inibidor de colinesterase e memantina.
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ATENÇÃO: O caso seguinte se refere às questões 04 e 05:
Identificação: Mulher de 75 anos de idade, comerciante, casada, 3 filhos, 3 netos.
Instrução superior.
QD: Nervosismo, tonturas, tremores, dores no corpo, desânimo, dificuldades com o sono
(despertar precoce), insegurança e choro fácil, há aproximadamente 4-5 meses.
HPMA: Refere que, em 2010, sofreu assalto em casa, tendo sido amarrada e vendo o
marido ser agredido. Depois disso passou a ficar ansiosa, sentindo pressão na cabeça e
muito medo de tudo. Na ocasião procurou psiquiatra sendo medicada com alprazolam e
escitalopram, ficando bem melhor. Permaneceu com essa medicação por 1 ano, na dose
de 20 mg/dia de escitalopram. Como estava bem, o médico reduziu a medicação até
retirar. Em setembro de 2015 voltou a apresentar sintomas de ansiedade, sendo então
feito diagnóstico de síndrome do pânico e medicada com paroxetina 20 mg/dia e
alprazolam 0,25 mg 3x/dia. Após algumas semanas estava bem melhor, retomando suas
atividades normais. Usou essa medicação por 3 anos ininterruptos e, como estava
assintomática, foi retirada. Em 2019 fez cirurgia de coluna e, posteriormente, teve
trombose no MID, ficando 1 semana hospitalizada. Foi medicada com Xarelto; também foi
prescrito escitalopram porque estava muito ansiosa (sic). Voltou ao psiquiatra, após alta
hospitalar, e este mudou a medicação para fluoxetina 20 mg/dia e
clonazepam 0,25mg/dia. Usou a medicação por 40 dias mas sentia-se esquisita,
impaciente, irritada, triste e “sem vontade para nada” (sic). Por conta própria voltou a usar
escitalopram 10 mg/dia, substituindo a fluoxetina. Em novembro de 2019 procurou
neurologista pois se sentia com tonturas (como que “flutuando”), além de apresentar
desequilíbrio, insônia, tristeza e queixar-se muito de dificuldades de memória, não
conseguindo fazer tudo o que fazia antes. Em alguns dias ficava um pouco melhor,
piorando posteriormente. Continuava usando escitalopram 10 mg/dia. Foi pedido exame
de imagem cerebral por ressonância magnética e espectroscopia. Estava muito
preocupada e acreditava estar “com Alzheimer” e que nada iria se resolver, mesmo após
exames estarem normais. No inicio de fevereiro foi atendida neste serviço, com o quadro
acima descrito.
AP: Hipertensão arterial, osteoporose leve. Não relata antecedentes psiquiátricos
anteriores aos descritos na história.
AF: Pais falecidos por IAM e AVC, mãe diabética e pai hipertenso. 1 irmã saudável.
Alguns parentes mais distantes também hipertensos. Desconhece antecedentes de
transtornos de humor ou outra doença mental na família.
Medicamentos em uso: Olmetec 20mg (1 cp. pela manhã); Condroflex (1x/dia);
Fosamax 70 (1 cp./semana); pantoprazol 20mg (1 cp. pela manhã); domperidona (1 cp.
pela manhã); escitalopram 10mg (1 cp. pela manhã).
Exames laboratoriais: sem alterações dignas de nota.
RM e espectroscopia do encéfalo: normais.
Exame psíquico: Apresentação um tanto descuidada, higiene aparentemente preservada.
Bom contato verbal. Ressoa afetivamente. Humor rebaixado, lentificação psicomotora,
tensa, demonstra preocupação moderada, queixas somáticas múltiplas e inespecíficas
(dores, sensação de tontura).
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QUESTÃO 04
Qual seria seu diagnóstico atual para este caso?
(A) Transtorno do pânico + transtorno depressivo maior.
(B) Depressão subsindrômica + transtorno de ansiedade generalizada.
(C) Depressão subsindrômica + transtorno do pânico.
(D) Transtorno bipolar + transtorno depressivo maior.
QUESTÃO 05
Qual seria o melhor tratamento, inicialmente?
(A) Trocar de imediato o antidepressivo em uso por um antidepressivo de ação dual.
(B) Associar outro antidepressivo ao que já se encontra em uso.
(C) Ajustar a dose do antidepressivo em uso e trocá-lo futuramente se não houver
resposta.
(D) Manter a dose do antidepressivo em uso e associar lítio.
QUESTÃO 06
Em relação à epidemiologia das demências de início precoce, podemos afirmar que:
(A) Embora a doença de Alzheimer seja inequivocamente a forma mais comum de
demência em idosos, se considerarmos apenas as formas pré-senis, ela é menos
prevalente do que doença de Pick.
(B) As demências degenerativas primárias, tais como doença de Alzheimer,
degeneração lobar frontotemporal e demência por corpos de Lewy, são as formas
mais prevalentes entre as demências pré-senis.
(C) Em homens de meia-idade, a demência vascular é mais frequente do que a doença
de Alzheimer, dada a elevada prevalência de doença cardiovascular.
(D) A demência na síndrome de Down é considerada uma forma variante da demência
na doença de Parkinson, geneticamente determinada.
QUESTÃO 07
No processo fisiopatológico da doença de Alzheimer (DA), da demência por corpos de
Lewy (DCL), e da degeneração lobar frontotemporal (DFT) destacam-se, respectivamente,
os seguintes achados:
(A) DA: peptídeo beta-amiloide e proteína tau; DCL: alfa-sinucleína; DFT: tau, ubiquitina,
TDP-43 e FUS.
(B) DA: ubiquitina; DCL: neurofilamento de cadeia leve; DFT: amiloide cerebral.
(C) DA: placas senis e emaranhados neurofibrilares; DCL: corpúsculos de Pick; DFT:
corpúsculos de Lewy.
(D) DA: apolipoproteína E; DCL: proteína 14-3-3; DFT: proteína priônica.
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QUESTÃO 08
Em 1880, um eminente neurologista francês relatou o caso de uma mulher de meia-idade
que acreditava “não ter mais cérebro, nem seios, nem pulmões ou entranhas” restando-lhe
apenas pele e os ossos em um corpo desorganizado”. Assinale a alternativa que associa a
designação dessa síndrome e uma condição clínica onde pode ser encontrada.
(A) Síndrome de Capgras; melancolia involutiva.
(B) Despersonalização; parafrenia tardia.
(C) Síndrome de Otelo; histeria.
(D) Delírio de Cotard; depressão psicótica.
QUESTÃO 09
Homem de 74 anos, com 8 anos de escolaridade, comerciante, queixa-se de que está
tendo maior dificuldade para fixar informações novas; precisa anotar lembretes. Filha diz
que ele tem estado mais repetitivo. Ambos negam que os lapsos de memória tenham
prejudicado o desempenho no trabalho ou em atividades em casa. O desempenho nos
testes de rastreio cognitivo, realizados na consulta, foram os seguintes: MoCA, 23 pontos
em 30; Fluência Verbal semântica 10 animais em um minuto; e Teste do Desenho do
Relógio; 8 pontos em 10. Levando-se em conta esses dados, qual das alternativas abaixo
é correta?
(A) Trata-se de diagnóstico de declínio cognitivo subjetivo pois o paciente não tem
repercussão funcional. Deve-se reagendar nova consulta em 1 ano e observar se há
evolução clínica.
(B) Trata-se de diagnóstico de demência de Alzheimer devido à faixa etária típica, e à
queixa predominantemente de memória. Deve-se solicitar exame de ressonância
magnética de encéfalo e introduzir tratamento com medicamento inibidor das
colinesterases.
(C) O diagnóstico pertinente é de comprometimento cognitivo leve e, considerando-se
que a queixa é predominantemente de memória, a hipótese etiológica é de doença
de Alzheimer prodrômica, devendo-se introduzir de imediato o tratamento
anticolinesterásico.
(D) Trata-se de um caso de comprometimento cognitivo leve; deve-se dar seguimento à
investigação etiológica, com exames laboratoriais e de neuroimagem.
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QUESTÃO 10
No que se refere à depressão geriátrica, é correto afirmar:
(A) A depressão no idoso costuma trazer menos prejuízo funcional do que aquela que
ocorre em adultos jovens, por essa população não estar mais em idade
economicamente ativa.
(B) Sua apresentação clínica é semelhante à depressão que ocorre em adultos jovens,
sendo sempre caracterizada por tristeza, choro fácil e sentimento de menos valia.
(C) A depressão de início tardio pode ser a primeira manifestação clínica de uma doença
neurodegenerativa em curso.
(D) Sobre o tratamento da depressão geriátrica, preconiza-se manter as doses dos
antidepressivos 50% mais baixas que no adulto jovem devido às alterações
farmacodinâmicas que ocorrem naturalmente com o envelhecimento.
QUESTÃO 11
São fatores de risco conhecidos para a parafrenia tardia:
(A) Sexo feminino, déficits sensoriais como hipoacusia ou redução da acuidade visual e
doença cerebrovascular.
(B) Sexo masculino, antecedente familiar positivo para esquizofrenia de início precoce,
déficits sensoriais como hipoacusia ou redução da acuidade visual.
(C) Sexo feminino, isolamento social e antecedente familiar positivo para esquizofrenia
de início precoce.
(D) Sexo masculino, isolamento social e doença cerebrovascular.
QUESTÃO 12
Acerca do comprometimento cognitivo leve (CCL), assinale a alternativa correta.
(A) O CCL é caracterizado pela presença de prejuízo cognitivo discreto, afetando
diversos domínios cognitivos, com impacto sobre a funcionalidade básica.
(B) O termo CCL é utilizado exclusivamente para a nomeação do comprometimento
cognitivo resultante do processo patológico da doença de Alzheimer.
(C) Exames laboratoriais, biomarcadores liquóricos e de neuroimagem são ferramentas
úteis apenas quando há apresentação clínica compatível com demência e não
fazem parte do arsenal de investigação etiológica nos casos diagnosticados com
CCL.
(D) A identificação da assinatura patológica da doença de Alzheimer no LCR, ou a
positividade dos exames de imagem molecular do amiloide por PET, sinalizam um
elevado risco de evolução para demência em indivíduos com CCL.
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QUESTÃO 13
Com relação à doença de Alzheimer (DA), assinale a alternativa correta.
(A) É sabido atualmente que as alterações neuropatológicas da DA se iniciam décadas
antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Um achado neuropatológico é o
definidor exclusivo dessa etiologia: as placas neuríticas, resultantes de acúmulo e
agregação do peptídeo beta-amiloide.
(B) São exemplos de biomarcadores da DA: ressonância magnética (RM) de crânio
revelando atrofia de regiões mediais do lobo temporal; tomografia por emissão de
pósitrons com fluordeoxiglicose (FDG-PET) revelando hipometabolismo em regiões
têmporo-parietais e na porção posterior do giro do cíngulo; e a redução das
concentrações do peptídeo β-amiloide (Aβ1-42) e aumento da proteína tau (total e
hiperfosforilada) no líquido cefalorraquidiano (LCR).
(C) Existem duas formas de DA: a DA precoce, que ocorre antes dos 65 anos de idade,
e a DA tardia ou esporádica, que ocorre após os 65 anos de idade. Os estudos da
genética da DA esporádica ou tardia revelaram que os genes responsáveis pelo
processo patológico são os mesmos da DA precoce e ambas apresentam
incidências semelhantes.
(D) Os anticolinesterásicos rivastigmina, galantamina, donepezila e memantina atuam
pelo aumento da disponibilidade da acetilcolina na fenda sináptica dos neurônios do
hipocampo e do córtex cerebral e são recomendadas como primeira linha para
tratamento medicamentoso da DA leve a moderada, juntamente com intervenções
não-farmacológicas.
QUESTÃO 14
Sobre os sintomas neuropsiquiátricos e comportamentais nas demências, podemos
afirmar que:
(A) Há evidências suficientes de que o tratamento efetivo da depressão no idoso com
comprometimento cognitivo leve devido à doença de Alzheimer estabilize a curva de
deterioração da cognição e evite que ele progrida para demência.
(B) Alterações psicológicas e de comportamento, que ocorrem tardiamente no paciente
idoso com demência vascular dependem, essencialmente, dos traços de
personalidade que ele traz de longa data, portanto, sem a interferência direta das
alterações corticais e subcorticais determinadas por doença cerebrovascular.
(C) O conceito de comprometimento comportamental leve (MBI - sigla em Inglês)
engloba um conjunto de alterações persistentes de comportamento ou mudanças de
personalidade que ocorrem tardiamente, antecipam um quadro de declínio cognitivo,
e podem ser consideradas como consequência de um processo neurodegenerativo
em curso.
(D) O conceito de comprometimento comportamental leve (MBI- sigla em Inglês) é um
constructo abrangente que engloba alterações de comportamento e de
personalidade decorrentes de condições psiquiátricas primárias do tipo depressão
maior, transtorno de ansiedade generalizada, transtornos delirantes ou transtornos
de personalidade.
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QUESTÃO 15
Paciente de 75 anos, portador de HAS e Demência Vascular leve. É internado na
enfermaria para a realização de colonoscopia diagnóstica no contexto de anemia
ferropriva com alteração do hábito intestinal. Por conta de preparo inadequado dos cólons,
o endoscopista não conseguiu visualizar apropriadamente as áreas estudadas, optando-
se por manter o paciente internado por mais 24 horas, realizando-se no preparo para
colonoscopia marcada no dia seguinte. Porém, na noite que se segue ao primeiro exame
o paciente começa a ficar inquieto, saca o acesso venoso periférico e fala para a
cuidadora que quer ligar para a mãe (falecida há muitos anos) pois precisa ir à feira.
Durante a visita médica na manhã seguinte, a cuidadora e a equipe de enfermagem
referem que o paciente recusou o café da manhã e desejou continuar dormindo. Na escala
de coma de Glasgow, o paciente pontua 3 na abertura ocular, 4 na resposta verbal e 6 na
resposta motora. Qual a principal alteração a ser procurada neste momento para fazer o
diagnóstico da principal hipótese para o caso?
(A) Alterações da motricidade ocular extrínseca.
(B) Distúrbios da memória procedural.
(C) Dismetria.
(D) Déficit atencional.
QUESTÃO 16
Assinale a afirmativa correta a respeito dos achados de neuroimagem em psicogeriatria.
(A) Em um paciente destro, após um acidente vascular cerebral, um quadro de afasia
motora (dificuldade de expressão da linguagem) deve ser decorrente de lesão no
giro frontal inferior esquerdo (área de Broca); mas, se devido a um evento
cerebrovascular, um paciente demonstre dificuldade de compreensão do significado
da linguagem, ele deve ter sido acometido por lesão na região posterior do lobo
temporal e junção com a região parietal inferior, à esquerda (área de Wernicke) –
lesões essas que são visualizadas no exame de ressonância magnética.
(B) Nos estágios iniciais da degeneração lobar frontotemporal - variante comportamental
(demência frontotemporal), se a ressonância magnética não demonstrar alterações,
os exames do metabolismo glicolítico cerebral (PET-FDG ou PET-CT) são de pouca
utilidade na investigação, uma vez que eles visam a confirmar a atrofia já evidente
no exame estrutural.
(C) De modo geral, a acurácia do diagnóstico de demência vascular (com origem em
microangiopatia subcortical ou infarto cerebral) depende, essencialmente, da história
clínica bem constituída, do exame detalhado do estado mental e do exame
neurológico bem realizado, sendo que a neuroimagem exerce um papel coadjuvante
na identificação da etiologia do quadro.
(D) O principal achado de ressonância magnética nos estágios iniciais da demência com
corpos de Lewy consiste na atrofia substancial da região parieto-occipital, e este
dado é fundamental para o diagnóstico diferencial com doença de Alzheimer -
variante posterior.
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QUESTÃO 17
Você atende em consulta a paciente Vera, de 70 anos, com queixa de memória. Na
consulta, é estabelecido o diagnóstico de doença de Alzheimer e prescrito donepezil 5mg
ao dia. Na consulta de retorno, qual dos parâmetros abaixo deve ser avaliado quanto aos
efeitos colaterais da medicação?
(A) Presença de roda denteada.
(B) Aferição da frequência cardíaca.
(C) Aferição da pressão arterial deitada e em pé.
(D) Tremor de repouso.
QUESTÃO 18
Estudos recentes sobre o uso de antipsicóticos atípicos em idosos mostraram:
(A) Aumento de mortalidade global em pacientes com diagnóstico de demência.
(B) Risco aumentado de internação hospitalar por delirium.
(C) Risco aumentado de acidente vascular encefálico hemorrágico quando associado ao
uso de AAS.
(D) Maior incidência de eventos isquêmicos cardíacos acima dos 75 anos.
QUESTÃO 19
Na terapia não-farmacológica da doença de Alzheimer em fase de demência leve, os
benefícios sintomáticos correlacionam-se com a propriedade da técnica utilizada, com a
indicação correta da intervenção e com a capacitação e experiência dos profissionais
envolvidos. Pergunta-se então: como se pode medir a efetividade destas técnicas?
(A) Observação clínica do médico.
(B) Utilização de ressonância magnética funcional.
(C) Medição de biomarcadores liquóricos.
(D) Avaliações neuropsicológicas periódicas.
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QUESTÃO 20
Técnicas de reabilitação cognitiva devem ser empregadas, sempre que possível, como
parte da terapêutica não-farmacológica de pacientes com demência, principalmente nas
fases leve e moderada. Qual seria a melhor composição de um programa de intervenção
multimodal visando à reabilitação cognitiva em um paciente com doença de Alzheimer
nesse estágio evolutivo?
(A) Musicoterapia e dança circular.
(B) Orientação para realidade, treino memória, terapia de reminiscência, exercícios
físicos e arteterapia.
(C) Psicoterapia individual e atividades lúdicas em grupo, tais como contagem e
interpretação de histórias.
(D) Exercícios físicos dirigidos, ioga, meditação e recreação.
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