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ISLAMISMO

AULA 5

Prof. Emílio Sarde Neto


CONVERSA INICIAL
A profissão de fé e a cosmogonia islâmica

Nesta aula, estudaremos os cinco pilares do islã: a shahada, ou profissão


de fé; o salat, as orações, a zakat, prática da caridade; o zawm, jejum de
Hamadam; e o hajj, a peregrinação a Meca. Trabalharemos a cosmogonia
islâmica e as crenças nos anjos e gênios, a predestinação e o céu e o inferno,
concluindo com o juízo final e a destruição do mundo.
Também abordaremos o significado da jihad, e apresentaremos um
panorama da cultura, nos aspectos da arte nas arquiteturas, nos trabalhos
artesanais, na tapeçaria e culinária. Finalizaremos abordando a importância dos
lugares sagrados do islamismo, com seus templos, mausoléus e mesquitas
sagradas.

TEMA 1 – OS CINCO PILARES DO ISLAMISMO E A PROFISSÃO ISLÂMICA DE


Anteriormente, mencionamos de forma breve os cinco pilares da fé


islâmica: shahada (profissão de fé); salat (oração); zakat (caridade); zawm
(jejum); e hajj (peregrinação para Meca). Agora daremos mais ênfase aos
conceitos.
A shahada é a “profissão de fé” do islamismo. Deve ser recitada como
forma de confirmação de aceitação da unidade de Alá e da autoridade de Maomé
como seu profeta.
É o primeiro pilar do islã, e também é a forma para que alguém se converta
ao islamismo. Para isso se deve repetir três vezes da mão de uma pessoa e
diante de testemunhas que já sejam muçulmanas. Uma vez feito isso com
intenção, a pessoa em questão será considerada muçulmana.
As palavras da shahada em português: “Testemunho que não há outra
divindade a não ser Alá, e testemunho que Maomé é o mensageiro de Deus”.
Sua transliteração do árabe: Ashadu na la ilaha ila Allah, wa ashadu anna
Muhamad rasulullah.
Dessa maneira, a shahada é o testemunho com a fala, mediante a
repetição de uma fórmula, de que se crê com o coração que não existe outro
Deus que não Alá, e Maomé é seu servo e mensageiro.

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Para os muçulmanos, em reconhecimento da existência de Alá em suas
vidas, se realiza a salat, ou “oração”. É um ato necessário para a conexão
contínua com o Criador, momentos em que se conversa com Ele e que
revelamos nossos problemas.
Alá está constantemente entre as pessoas com seus conhecimentos, e
sabe o que está no profundo dos corações. Ele conhece os desafios e os
problemas enfrentados, e não necessita que se expresse, pois ele sabe tudo,
mesmo antes de ser dito.
Mesmo com sua onisciência, é necessário que se fale, porque é preciso
tirar os sentimentos de dentro de si, o que nos alivia. Os serviços de oração
devem ser realizados todos os dias da semana e em momentos específicos do
dia.
Os horários são o fayar, o alvorecer; duhor, ao meio dia, quando o sol
atinge o ponto máximo; asar, a oração da tarde, até o pôr do sol; maghrib, a partir
do pôr do sol; e a oração da noite, isha, que deve ser realizada a partir de uma
hora após maghrib, até antes da alvorada.
A caridade, ou zakat, é o terceiro pilar do islã. Trata-se de uma obrigação,
não somente dar esmola a qualquer pessoa em qualquer momento, mas o
compromisso de dar em uma quantidade exata, estipulada pela lei islâmica como
equivalentes a 2,5% de 85 g de ouro, verificando o valor na época em que se faz
a doação.
Essa doação é para aqueles que possuem bens que ultrapassem os 85%
estipulados em ouro, sendo proporcional à quantidade de riqueza que o
muçulmano possua. Se num período de um ano se juntou uma determinada
quantidade, o muçulmano deverá retirar desse valor o destinado para zakat e
doar em muharab (décimo dia do primeiro mês lunar).
O jejum do mês de Hamadam, zawm, é o momento que coincide com a
primeira revelação do Alcorão recebida pelo profeta Maomé. Instante de
purificação dos crentes, em que se deve abster de prazeres físicos como comer,
beber, fumar, de ter relações sexuais com seu par, do começo do dia até o
anoitecer, quando se encerra o jejum. O zawn testa a força e a paciência dos
fiéis, sendo encerrado com uma celebração.
O último dos pilares do islã é o hajj, a peregrinação para Meca, obrigatória
para todos os muçulmanos ao menos uma vez na vida. É uma maneira de nivelar

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todos os crentes, sendo mais um dos pilares que tenta mostrar aos fiéis a
igualdade.

TEMA 2 – A JIHAD

Existe a má interpretação do termo jihad como sendo “guerra santa”. Na


realidade, a religião identifica-se com a paz, com a harmonia e a união com Alá:
é a irmandade e a fraternidade entre os homens. É uma obrigação servir às
pessoas, incluso as não muçulmanas; servir pessoas necessitadas, lutando
contra a injustiça e a opressão.
Apesar de tudo isso, a guerra é uma condição humana, necessária
quando se ultrapassam os limites, quando se convertem em opressores, tiranos
e egoístas. Dessa maneira, é uma obrigação defender os oprimidos em defesa
da justiça, em defesa própria e sem outras possibilidades de remediar – nesse
caso deve-se defender os necessitados.
Às vezes deve-se usar a violência como forma defensiva para encerrar
um estado de injustiça. Essa ação de luta para encerrar a tirania se denomina
pequena luta, e a grande luta é aquela que se trava no caminho de Alá contra as
tendências negativas da alma (uma obrigação no islã, refletida nos atos e
demonstrações de fé como as orações, os jejuns, a peregrinação etc.).
O conceito da grande luta, e não o que os leigos difundem como as
guerras de conquistas, a imposição da fé ao mundo por meio da espada, é
desvirtuado por falsidades e mentiras. A vida do profeta é o maior exemplo da
verdadeira jihad.
Ele foi atacado; assim, depois de muito tempo, Alá permitiu que ele se
organizar militarmente, não para impor ou conquistar, mas para a defender-se
dos seus inimigos.
Dentre as passagens mais famosas do Alcorão que mencionam a luta e
podem ser interpretadas de diferentes maneiras está: “Não obedeças aos que
se recusam a crer, lute contra eles, exortando-os ao Alcorão” (25:22).
Outra que ganhou bastante atenção entre os religiosos e intérpretes do
Alcorão está “Lute pela causa de Alá contra aqueles que te combatem, mas não
ultrapasse os limites, pois é certo que Alá não ama os que se excedem” (Corão
2:90).
Também podemos destacar: “Aos que são injustamente oprimidos foi
concedido permissão para defenderem-se” (22:39).
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Assim, percebemos que muitas das interpretações dependem do grupo
religioso que as interpreta e das pessoas não muçulmanas.
A jihad é a luta íntima de cada pessoa contra suas más inclinações, uma
batalha para abandonar o pecado. Constitui-se no esforço em praticar as
ordenanças da religião, em estudar e trabalhar para lograr o melhor para sua
família; é também o enfrentamento em resistir as tentações. “Se esforça por fazer
que adoreis a algo que não tenhas conhecimento, não obedeça, mas
acompanha-os nesse mundo como é devido” (31:15).

TEMA 3 – A CRENÇA ISLÂMICA – ANJOS E DEMÔNIOS (GÊNIOS) E O JUÍZO


FINAL

Na cosmogonia islâmica, Alá criou os céus e terra, os animais e três seres


inteligentes: os anjos, os gênios e os seres humanos. Dentre esses, os anjos e
gênios não são do plano da esfera material, pois habitam o mundo espiritual.
As primeiras criaturas criadas foram os anjos. Originados na Luz, são
seres dotados de pureza, e por isso não contradizem as vontades de Alá. Não
possuem-livre arbítrio e não são visíveis as pessoas comuns.
Os gênios pertencem ao folclore árabe, e provavelmente sua crença é
anterior ao islã. Porém, são aceitos dentro da tradição islâmica e no Alcorão. São
originados no fogo, e não possuem a pureza dos anjos. São dotados de livre-
arbítrio, e também habitam o mundo invisível. Foram criados para viver na Terra;
porém, Iblis, o mais destacado dentre os gênios, solicitou a Alá para viver nos
céus junto com os anjos.
Mais tarde Alá criou o ser humano do barro da terra, considerando-o mais
valioso dos que havia criado. Deu-lhe livre-arbítrio e pediu para que todas as
criaturas do céu se ajoelhassem perante sua obra. Todos os anjos se prostraram
de joelhos, mas Iblis, que vivia entre eles, não atendeu.
Ao ser questionado, Iblis respondeu que ele, o mais poderoso dos gênios,
feito de fogo, jamais se ajoelharia para um humano, feito de barro (7:11-15).
Como castigo, Alá o reenviou à Terra para viver junto dos seres humanos;
porém, com sentimento de inveja, porque Alá deu mais sopro de vida aos
humanos.
A soberba os fez descerem da sua condição de anjo. Pela sua condição
de criaturas invisíveis e feitas de fogo, vivem desde então a discriminar as

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pessoas pela sua origem, jurando que até o fim dos tempos levariam os humanos
para o mau caminho.
Sem poder para causar danos aos humanos, podem viver sussurrando e
influenciando negativamente com o poder da tentação. São uma espécie que
não pertence aos anjos, com sua pureza, nem à humanidade. São seres
intermediários entre o céu e Terra, mais poderosos que os habitantes da Terra.
Assim como em outras crenças, o livre-arbítrio possui uma limitação que
se restringe aos desígnios das leis naturais criadas por Alá: nada poderia sair da
esfera da sua vontade, desde as estrelas no firmamento aos mistérios do
universo e da criação.
Nessa perspectiva, a crença no inferno – yahannames – está dentro das
leis universais: um lugar criado como prisão para abrigar almas pecadoras e
transgressoras das leis do Alcorão. Nos portais dos vales dos sete infernos se
encontram os 19 anjos guardiões, denominados zabaniya.
Todas as almas, tanto as que se encontram aprisionadas quanto aquelas
que conseguiram alcançar o paraíso, deverão esperar o dia do juízo final. Porém,
após, o julgamento virá a destruição do Universo, que dará origem a uma Nova
Vida, num Paraíso eterno.

TEMA 4 – CULTURA, ARTE E ARQUITETURA ISLÂMICA

O apogeu da cultura islâmica se inicia no período do Império Omíada, no


século X, entrando na sua era de ouro em fins do século XIII. Esse período é
também é conhecido como da Idade da Ciência Árabe.
A principal característica da arte islâmica – a mistura da arte e da
arquitetura – é a sua originalidade. Alguns elementos são muito importantes nos
edifícios muçulmanos, como a união da água com a arquitetura e a vegetação,
carregados de grande sentido decorativo, sendo reflexos da criação de Alá.
Os arcos da arquitetura são muito variados e misturados entre si, em
formas de ferradura, retilíneos, triangulares e geométricos, entre outros.
Em todas as construções islâmicas a grande característica é o incremento
da beleza nas decorações em todos os diferentes espaços: não deixam
nenhuma parte sem decoração.
O Alcorão orienta que as decorações devem ser abstratas, em formatos
geométricos, e nunca representar formas animais e humanas. Muitas das
decorações são realizadas com as letras árabes reproduzindo partes do Alcorão,
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numa perfeição e leveza que não destoam das outras decorações dos edifícios.
Além do estilo caligráfico, há também linhas entrecruzadas formando estrelas e
polígonos de inspiração vegetal; este são denominados arabescos.
Nos tetos não utilizavam as tradicionais abóbadas do mundo greco-
romano – elaboravam-nos com madeira toda trabalhada em formas delicadas,
causando uma sensação de leveza refletida nas próprias estruturas das
construções. É possível notar as influências dos elementos da arte bizantina,
persa e hindu.
A literatura árabe é um dos principais veículos da civilização islâmica, e
surgiu de reflexões religiosas e acadêmicas. A obra mais destacada na literatura
árabe é o Alcorão. Dele surge a própria suna, o hadith e outros livros de
legislação, liturgia, biografias dos grandes profetas e de personagens
proeminentes do islã.
Na literatura também se encontra a mitologia. Várias obras da filosofia
grega da Antiguidade, como as de Aristóteles e Platão, foram traduzidas e
atualizadas; importantes trabalhos de matemática, astronomia, física e medicina
também foram traduzidos.
A partir dessa valorização e das inúmeras traduções na língua árabe,
organizaram dicionários em árabe, e ocorreu o investimento nos estudos
dramáticos com a compilação de crônicas de viagem como as de Ibn Batuta,
além de prosas fictícias que expressavam algum drama da vida coletiva e
popular.
Dentre as mais famosas podemos citar As Mil e Uma Noites, Aladim e a
Lâmpada Maravilhosa, Ali Babah e os 40 Ladrões, Simbá o Marinheiro, além do
investimento nos costumes religiosos.
Os muçulmanos desenvolveram técnicas de trabalhos em metal, com
fundição, e trabalhos em cerâmica, marfim, tecelagem e comércio de obras de
arte e instrumentos de música. Há canções em árabe produzidas em variados
estilos, como o clássico, o sentimental, o tradicional, temas populares, seculares
e religiosos, além das melodias e ritmos homófonos, com miscelâneas de várias
culturas orientais, além dos ritmos europeus e africanos berberes e suaíli, entre
outros.
Como não podia deixar de ser, há uma importante expressão na
gastronomia. São inúmeros os pratos, muitos inclinados aos sabores cítricos e

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fortes odores. São comuns as comidas apimentadas, influenciada por culturas
como a indiana, a pérsica e a africana.

TEMA 5 – OS LUGARES SAGRADOS DO ISLÃ

Na cultura islâmica, o próprio deserto surge como sagrado: foi onde o


profeta Maomé recebeu muitas revelações, e antes deles o próprio patriarca teria
visto e recebido anjos. Muitas tribos receberam bênçãos em seus oásis. Além do
próprio deserto, algumas cidades em específico são consideradas abençoadas
e muito importantes pelo valor histórico e cultural que possuem.
A Caaba (Cubo), templo localizada em Meca, é considerado o lugar mais
sagrado do islamismo, pois abriga a Pedra Negra, presente de Alá para Ismael,
entregue por meio do arcanjo Gabriel – ela teria ficado negra por causa do
pecado da humanidade. Meca está localizada na Arábia Saudita, lugar
majoritariamente sunita.
O segundo lugar se encontra em Medina: a mesquita de Al-Masjid an-
Nabawi, mausoléu onde estão sepultados o profeta Maomé, suas esposas e
companheiros. Foi a primeira Mesquita construída no islamismo.
A terceira é Al Aqsa, ou Cúpula da Rocha, erigido sobre as ruínas do
Templo de Jerusalém, dos judeus. Ali o profeta Abraão teria sido instado a imolar
seu filho primogênito, Ismael, e também foi o lugar onde Maomé ascendeu aos
céus em suas primeiras revelações.
O quarto lugar mais sagrado, porém, nos territórios da fé xiita, a mesquita
e mausoléu de Husayn, filho de Ali, o último califa hashidum, e Fátima filha do
profeta. Anualmente festejam o sacrifício de Husayn.

NA PRÁTICA

Elabore um quadro com os cinco pilares do islamismo, destacando seus


pontos mais importantes.

FINALIZANDO

Nesta aula, trabalhamos o significado da profissão de fé islâmica, a oração


como forma de conexão com Alá, a caridade como forma de reconhecimento da
bondade do Criador, o jejum de Hamadam como momento de pureza e reflexão.

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Abordamos sobre os significados da jihad, como sendo o esforço de cada
muçulmano em vencer suas más inclinações; é a luta pelo sustento da família,
pelo estudo do Alcorão e também a batalha pela justiça e pela proteção dos mais
fracos.
Descrevemos a cosmogonia, os mitos da criação dos anjos, dos gênios,
e da criação do ser humano, as leis universais, o inferno, o juízo final.
Finalizamos com a apresentação de alguns aspectos da cultura dos povos
muçulmanos, como sua arte, arquitetura e lugares sagrados.

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REFERÊNCIAS

AZEVEDO, M. S. de. Mística islâmica: atualidade e convergência com a


espiritualidade cristã. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

BARBOSA, E. S. A encruzilhada das civilizações: católicos, ortodoxos e


muçulmanos no velho mundo. São Paulo: Moderna, 1997.

BENDRISS, E. Y. Breve historia del islam. Madri: Nowtilus, 2013.

BRANCA, P. Pagine di letteratura araba. Milano: Educatt, 2009.

CLARK, M. Islã para leigos. Rio de Janeiro: Altabooks, 2018.

DELCAMBRE, A-M. Mahomet: la parole d’ allah. Itália: Gallimard, 1987.

EL-KAYEK, S. O alcorão sagrado. Foz do Iguaçu: Centro Cultural Beneficente


Árabe Islâmico de Foz do Iguaçu, 2016.

HAMIDULLAH, M. Introdução ao islã. Rio de Janeiro: Sociedade Beneficente


Muçulmana do Rio de Janeiro, 1993.

HOURANI, A. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das
Letras, 1999.

HUSAIN, S. O que sabemos sobre o islamismo? São Paulo: Callis, 1999.

NABHAN, N. N. Islamismo: de Maomé a nossos dias. São Paulo: ática, 1994.

SARDAR, Z.; MALIK, Z. A. Muhammad for beginners. Cambridge: Icon, 1994.

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