O Pacto Do Namorado Bilionário - Um
Romance Sobre a Família Kavanagh #3
Kendra Little
Traduzido por Tânia Nezio
“O Pacto Do Namorado Bilionário - Um Romance Sobre a
Família Kavanagh #3”
Escrito por Kendra Little
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Traduzido por Tânia Nezio
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O PACTO DO NAMORADO BILIONÁRIO
Um Romance Sobre a Família Kavanagh # 3
Kendra Little
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Índice Analítico
Página do Título
Página dos Direitos Autorais
Página dos Direitos Autorais
Sobre O PACTO DO NAMORADO BILIONÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
Fim
O ERRO DO NAMORADO BILIONÁRIO
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SOBRE KENDRA
Sobre O PACTO DO NAMORADO BILIONÁRIO
Sophie Mason precisa de dinheiro e ela precisa de dinheiro
rápido. Quando ela despedida de seus
dois empregos acabam repentinamente e seu pai está
devendo dinheiro para um bandido,
ela procura a única pessoa que lhe ofereceu uma tábua de
salvação. A única pessoa que ela
tem evitado desde que descobriu que ele é membro da
família que estragou a vida do pai dela.
Ash Kavanagh, bilionário, CEO e um cara legal, precisa de
uma falsa noiva para ajudar a
fechar um contrato, e ele pede a Sophie para desempenhar
esse papel. Ele está oferecendo para
ela muito dinheiro e um guarda-roupa que qualquer mulher
mataria para tê-lo. Odiando-se por
ver que ela está desesperada o suficiente para aceitar o
acordo, e odiando-se porque ela está se
apaixonando por um Kavanagh, ela tenta resistir ao
controlado Ash. Ela também deve
manter a conexão entre suas famílias inacessível.
Mas Ash mostra não ser tão bom quando descobre que ela
está escondendo algo dele. Então é
tarde demais. Sophie está apaixonada por ele.
CAPÍTULO 1
"Então o que lhe parece trabalhar para o inimigo?" eu
perguntei para Liam.
Ele fez uma pausa e olhou para mim, seu copo de cerveja a
meio caminho da sua
boca. "Kavanagh Corporation não é o inimigo, Sophie."
Rolei meus olhos e enchi três copos de vinho para outra
cliente e peguei o dinheiro dela. "Foi
uma piada," eu disse enquanto ela equilibrava os três copos
precariamente e voltava para sua mesa e
para seus amigos embriagados.
"Sim," Liam disse suavemente. "Claro que você estava
brincando."
"Não acredita em mim?"
"Não."
Evitei o olhar dele e concentrei-me na limpeza da cerveja
derramada na bancada perto do seu
cotovelo esquerdo. Olhar para ele só me permitia ver pena
em seus olhos, e eu não queria ver isso. Não havia nenhum
espaço na
minha vida para receber pena de meus amigos ou de
estranhos. Pena me levaria a me chafurdar na
lama, e eu me recusava a isso. Eu acabaria no psiquiatra se
eu o fizesse.
"Você esquece que eu te conheço muito bem, Soph." Liam
não ia desistir agora que o assunto
sobre os Kavanagh tinha sido levantado.
"Ter sido namorado de uma pessoa faz isso," eu disse com
uma risada. Mas já não tinha vontade
de rir. Falar sobre sua nova posição na Kavanagh
Corporation me trouxe de volta antigas lembranças.
Lembranças que eu achei que estavam enterradas. Ainda
não podia acreditar que um dos meus
melhores amigos agora trabalhava para as pessoas que
tinham feito a minha antiga vida
despreocupada ter um fim desastroso acabando por me
empurrar para esta nova vida onde o ponto
alto do meu dia era não levar porrada dos clientes no The
Saloon.
Liam pousou seu copo e colocou as palmas das suas mãos
no balcão. Inclinou-se um pouco mais
perto e fixou em mim seu olhar verde intenso. "Escute
Sophie. Eu sei que você tem algo contra a
Kavanagh Corp. Você está sempre tentando desacreditá-los
para mim, especialmente desde que eu fui
trabalhar para eles. Mas até você me disser do que é que
você não gosta sobre a empresa, eu vou
continuar a defendê-la. Sei que este é apenas o meu
segundo dia, mas já posso te dizer que eu vou
gostar de trabalhar lá." Ele encolheu os ombros como um
pedido de desculpas.
Eu servi outro cliente, um homem de meia-idade com
cabelo espetado que me deu uma
piscadela quando me fez o pedido. Eu dei uma pausa para
pensar. "Estou feliz por você gostar do seu
novo trabalho," eu disse para Liam, quando o cabelo
espetado se afastou depois de me dar outra
piscadela. "Mas eu tenho minhas razões para não gostar da
Kavanagh Corp."
"O que eles fizeram?"
"Meu pai trabalhava lá. Eles o trataram mal."
Liam se sentou e pegou seu copo novamente. Eu poderia
dizer pelo olhar dele que ele queria
colocar a culpa no meu pai. A reação dele era
compreensível. Liam só conhecia meu pai como um
bêbado fracassado. Ele não o tinha conhecido antes da
Kavanagh Corporation tê-lo
mastigado e cuspido como um pedaço de carne podre.
Sabiamente, Liam não disse nada. Ele era um cara bom. Um
cara legal. E foi por isso que não
funcionou entre nós dois. Eu e os caras legais não éramos
bons juntos. Eles eventualmente vinham a
se ressentir com o meu trabalho como garçonete, me
dizendo que eu poderia arrumar coisa melhor e
sair da rotina que eu tinha caído. E depois conheciam meu
pai e ficavam conhecendo melhor a minha
vida e percebiam que estavam errados. Eu não podia fazer
melhor. Minha vida nunca tinha sido de
almoços corporativos e conversas intelectuais como a deles
e nunca seria. Eu morava em um bairro
merda, dirigia um carro de baixa qualidade e mal tinha
dinheiro suficiente para pagar aluguel
e comida. Eu morava com o fracassado do meu pai depois
que ele perdeu o emprego há três anos, e
minha educação tinha terminado no ensino médio.
Trabalhando em dois empregos me deixava sem
tempo para "seguir em frente" como um ex-namorado tinha
colocado.
Não o Liam. Ele nunca tinha agido como um idiota com
relação as nossas diferenças. Ele tinha
apenas discretamente terminado nosso relacionamento um
dia depois de dizer-me que seria melhor
sermos amigos do que amantes. Eu concordava com ele —
agora — mas isso não quer dizer que não
doeu na época, acontecendo logo depois que ele tinha me
ajudado a levar meu pai para casa depois
dele ficar bebendo no bar por doze horas seguidas.
Eu servi outro cliente, e enquanto eu pegava o dinheiro
dele, olhei de relance para a porta. Meu
coração deu uma pequena vibração, quando um homem
parecendo um Deus grego entrou. Ele era
alto e magro, cabelo escuro cortado curto. Seu terno cinza-
carvão era caro, e as linhas bem cortadas
apenas aumentavam a sua sensualidade. Ele estava com a
barba bem feita e ostentava um rosto de
um modelo de catálogo, mas sem parecer infantil. Ele era
tão masculino como um herói de esporte.
Até a maneira como ele olhava em torno do bar, para
alguns frequentadores que tinham se aventurado
a sair em uma molhada terça à noite, era sexy. Ele não
parecia ser arrogante e não havia nada de
olhe-para-mim-e-veja-como-sou-gostoso nele, mas, no
entanto, ele parecia estar no comando.
Como se ele não se importasse se alguém reparasse nele ou
não. Acho que deuses não precisam se
preocupar conosco, meros mortais.
Mas todo mundo notou. The Saloon era barulhento em
primeiro lugar, mas todas as conversas
cessaram e todas as pessoas se viraram para olhá-lo
Homens e mulheres o avaliaram, alguns
com admiração, outros a contragosto, aceitando que eles já
não eram mais os gostosos do pedaço. O
grupo de três advogadas femininas na mesa mais próxima
da porta flertou com ele descaradamente.
Ele olhou para elas rapidamente e seu olhar continuou a
examinar a sala.
"Cristo,” Liam murmurou.
"Você o conhece?"
"Sim. Ele é... amigo."
"Por que eu nunca o vi?"
"Um novo amigo. Eu não o conhecia quando estávamos
namorando." Liam fez um sinal para o
recém-chegado. O cara veio na nossa direção, seu passo
confiante, mas sem orgulho. As advogadas
estudaram a bunda dele quando ele passou pela mesa
delas, rindo e fazendo piadinhas. Eu tentei
parecer sexy e sofisticada, mas desisti. Não há nada de
sofisticado sobre servir cervejas.
"Você conseguiu chegar," disse Liam, apertando a mão do
outro cara.
Ele se sentou em um banquinho e inclinou o cotovelo no
balcão. "Você falou tão bem deste
lugar e do serviço, que eu pensei que era melhor dar uma
olhada." Ele olhou ao redor da sala de
novo, mais devagar desta vez. "Atmosfera agradável.
Tranqüilo. Isso é raro por aqui."
"Ele é meio escondido," disse Liam. "Só os freqüentadores
conhecem. Tenho vindo aqui desde
que conheci Sophie."
Liam acenou para mim, e ele seguiu o olhar dele. Opa.
Aqueles olhos! Eles eram da cor do
oceano na parte mais profunda — azul com uma pitada de
verde escuro e cinza mal-humorado. Uma
garota poderia se afogar em olhos como aqueles, se ela não
fosse cuidadosa. Mas o que eu realmente
gostei sobre os olhos dele não foi a cor. Foi a maneira que
eles não percorreram
o meu corpo. Nem uma vez ele olhou para o sul do meu
rosto. Na verdade, seu olhar não deixou o
meu. Foi uma experiência mais intensa do que qualquer
olhar que eu já tinha sido submetida.
"Sophie, este é o Ash," disse Liam. "Ash, conheça Sophie."
Ash estendeu sua mão. "Prazer em conhecê-la. Liam me
disse tudo sobre este lugar,
então eu decidi conhecer. Trabalho não muito longe daqui,
mas eu nunca soube que ele existia."
"Oh?" Eu apertei sua mão. Seus dedos eram longos, fortes,
com pequenos calos nas palmas que
não combinavam com sua imagem de homem de negócios.
"Onde você trabalha?"
"Em um dos arranha céus na Quinta Avenida.”
"Ash trabalha para ele mesmo," Liam falou.
Ash levantou ambas as sobrancelhas e olhou para Liam.
Liam deu de ombros. "Posso te pagar uma bebida?"
"Cerveja." Ash me assistiu servindo a cerveja e aceitou o
copo quando eu o deslizei para ele.
"Você trabalha há muito tempo aqui, Sophie?"
"Muito tempo." Eu sorri. Ele sorriu de volta. Caramba, mas
ele também tinha dentes perfeitos e
um sorriso fácil, como se fosse algo que ele fazia sempre.
"Preciso sair mais, espalhar um pouco as
minhas asas." O que diabos eu estava dizendo? Eu parecia
uma idiota.
"Você e eu precisamos," murmurou Ash. "Alguns dias sinto
como se eu nunca deixasse a minha
mesa de trabalho. Ainda não comi uma refeição direita esta
semana, só comida pedida pela minha
P.A. (Personal Assistant – Assistente Pessoal) antes de ela ir
embora para casa."
"O que ela pensa de seus hábitos de trabalho?" eu
perguntei.
"Uma vez ela me disse que eu precisava começar a viver."
"Seus empregados falam assim com você?"
"Só os que me conhecem bem o suficiente. Acho que os
outros acham que sou uma máquina, uma
vez que eu já estou lá quando eles chegam de manhã e
continuo lá quando eles saem à noite. O fato é
que a minha P.A. está certa. Tenho que começar a viver."
"Você está aqui hoje."
Ele suspirou. "É verdade, eu precisava de uma bebida.
Problemas familiares. Não importa o
quanto eu trabalho, não consigo escapar."
"Temos algo em comum." Evitei olhar para Liam enquanto
ele calmamente tomava um gole de sua
cerveja.
Dei-lhe um olhar simpático. "Não um irmão, um pai. Eu sou
a única filha."
"Às vezes eu gostaria de ser filho único," ele murmurou
olhando para eu copo.
"Seu irmão está lhe dando trabalho?"
"Indiretamente, sim. Meu irmão mais velho. Ele consegue
causar problemas mesmo não
morando mais em Roxburg."
"Isso é uma façanha. Quantos irmãos você tem?"
"Quatro."
"Quatro! Irmãs?"
"Nenhuma. Talvez esse seja o problema. Uma irmã iria
suavizar as nossas reuniões de família e
dar um toque feminino. Por outro lado ela poderia ser como
a minha mãe. Ela não tem nem um grão
de instinto maternal no corpo dela."
Fiquei quieta. Eu estava gostando de conversar com Ash e
não queria jogar água fria no humor
dele, trazendo a morte da minha mãe para a conversa.
"Então onde você se encaixa na hierarquia
da testosterona?"
"No meio. E é tão ruim quanto parece, e não, eu não tenho
nenhuma síndrome de filho do meio.
Não muito.” Ele sorriu.
Eu ri, então tive que atender outro cliente. Ash se virou ao
mesmo tempo e eu dei a Liam
um aceno de aprovação com a cabeça. Liam sorriu.
Eu fiquei ocupada nos vinte minutos seguintes, mas
consegui me esgueirar na conversa deles de
vez em quando. Eles falavam de uma maneira fácil um com
o outro, principalmente sobre esporte e as
pessoas que ambos conheciam, mas sem malícia. Liam não
tinha um osso malicioso em seu corpo, e
parecia que Ash era muito parecido com ele. Não era a toa
que eles eram amigos. Ambos tinham um
temperamento fácil, pacato, de homens bem ajustados. Ash
podia ter feito piada sobre seus
problemas familiares e sobre ser o filho do meio, mas eu
suspeitava que fosse somente isso — uma
piada. Ele parecia normal para mim e isso significava ter
tido uma educação normal com pais
amorosos. Invejei a sortuda que tinha roubado seu coração.
Ele não usava aliança, mas isso não
significa que ele não era casado ou comprometido. Por outro
lado, ele não tinha
falado de uma mulher quando ele falou sobre suas noitadas
no trabalho. Talvez ele não tivesse tido
tempo ainda para encontrar a mulher certa.
Olhei em torno do bar. As três jovens advogadas ainda
estavam lá e ainda olhavam de vez em
quando para Ash. Ele ainda não as tinha visto, mesmo elas
sendo tão óbvias. Talvez ele fosse uma
máquina. Ou gay.
Não, eu não acreditava que ele fosse gay. Ele era muito
masculino para ser gay.
Talvez eu estivesse estereotipando, mas trabalhando em um
bar por mais anos do que eu gostava de
contar tinha me dado um bom instinto para as pessoas. Ash
definitivamente não era gay.
De repente ele se virou e me apanhou olhando para ele. Eu
corei até as raízes do meu
cabelo, mas para minha surpresa, ele ficou mais vermelho
do que eu. No entanto ele não desviou o
olhar, então ele não devia estar tão envergonhado.
"Talvez sua namorada possa dar uma solução a esse nossa
discussão," ele disse para Liam.
"Ela não é minha namorada," Liam disse ao mesmo tempo
em que eu murmurei um protesto.
"Não mais," acrescentei. "Costumávamos sair, mas eu
decidi que ele era bom demais para mim."
O sorriso de Liam desvaneceu-se e ele balançou a cabeça,
advertindo-me silenciosamente.
"Agora somos apenas amigos. Venho aqui tomar uma
bebida de vez em quando enquanto ela está
trabalhando."
Eu me agachei no balcão e baixei a minha voz. "Isso é o que
ele diz, mas eu sei que ele está
aqui pela cerveja de graça ocasional, que eu dou para ele."
Eu pisquei e sorri para Ash.
"Cerveja de graça," Liam falou. "Você me deu talvez três
cervejas de graça nestes últimos
meses. A verdade é que eu gosto da atmosfera deste lugar."
"E do serviço," Ash disse sorrindo para mim. "Até agora, foi
excelente." Apesar de sua resposta
casual, senti que algo havia mudado dentro dele. Não era
algo óbvio e eu não podia dizer o que, mas
ele parecia diferente desde que Liam lhe tinha dito que não
éramos um casal.
Ele ficou até que o bar fechou, apesar de Liam ter ido
embora mais cedo. Ele me ajudou
a expulsar um bêbado chorando com sua cerveja e me
esperou enquanto eu trancava tudo. Ele se
ofereceu para me acompanhar até o meu carro.
"Está bem ali," eu disse, acenando para o sedan Ford verde
desbotado.
"Não se pode ser demasiado cuidadoso por aqui." Ele não
parecia estar brincando quando olhou
para o estacionamento. "Alguém pode estar esperando
atrás do carro, ou perto dessas lixeiras
para atacá-la."
Eu o deixei me acompanhar até o meu carro. Liam
costumava fazer isso quando nós estávamos
namorando, mas parou quando percebeu que era uma área
segura com inúmeras câmeras de
vigilância. Eu abri a porta e joguei minha bolsa e o casaco
no banco do passageiro. "O que você
acha Ash? Se não é seguro para mim, então também não é
seguro para você."
Ele me deu um sorriso torto que algumas horas atrás me fez
decidir que eu realmente gostava
dele. Ele ficava ainda mais sexy o que parecia impossível a
princípio. Ele já era muito sexy. Ele
tinha tirado o paletó e eu pude que ver como seu peito e
ombros deixavam as costuras da sua
camisa tensas. Não me importaria de vê-lo sem camisa,
sem as calças também.
Eu engoli e aguardei, uma parte de mim esperando que ele
me convidasse para ir para sua
casa. Não poderia pedir-lhe para ir para a minha com o meu
pai lá. Mas ele não me convidou, e a
decepção vibrou no meu estômago, apesar da minha
convicção de não me apaixonar por um cara
legal de novo. Não creio que caras como Liam e Ash sejam
para longo prazo,
mas quem era eu para eles de qualquer maneira. Talvez
fosse o simples fato de que eles não
podiam ser para mim por um longo tempo era o que me
atraía para eles. Eu podia ter uma
noite (ou várias noites) com Ash e gozar os prazeres de um
corpo bem feito e um rosto bonito.
"Eu posso cuidar de mim mesmo," ele disse, inclinando-se
preguiçosamente contra a porta do
meu carro.
Esperei um momento mais, esperando que ele se
aproximasse para me dar um beijo. Nada.
Apenas um pequeno sorriso que parecia menor do que
qualquer um que ele tinha me concedido
durante toda a noite. E ele tinha me concedido muitos.
"Aposto que você pode," disse sem fôlego.
Seu sorriso aumentou. “Boa noite, Sophie. Foi bom te
conhecer."
"Foi bom te conhecer também, Ash." Entrei no carro,
quando ficou claro que ele não ia
oferecer nada mais do que um sorriso. Eu tentei fingir que
eu era legal, e tão elegante quanto às
mulheres que ele devia namorar.
Ele fechou a porta e acenou. Pelo espelho eu o vi
caminhando pela rua, o paletó pendurado
sobre o ombro e o sorriso ainda no rosto. Em seguida, ele
acenou novamente.
Eu fui para casa andando nas nuvens, mas tudo
rapidamente se evaporou quando entrei no
apartamento que compartilhava com o meu pai.
"Você chegou cedo," ele disse da pequena sala de estar que
também servia como sala de jantar e
ocasionalmente de quarto se eu não conseguisse tirar meu
pai do sofá.
"É quase meia-noite." Eu joguei minha bolsa e as chaves na
mesa ao lado da porta e fui para a
cozinha. Me servi de um copo de água e tomei um gole,
depois tirei meus sapatos.
Eu estava prestes a preparar algo para comer quando
avistei os papéis da faculdade em cima da
geladeira. Estendi a mão para agarrá-los e dar de novo uma
olhada para os requisitos de admissão,
mas meu pai entrou na cozinha e arrotou.
"Você vai fazer um sanduíche para o seu velho?" ele
perguntou.
Eu me virei e com a faca de manteiga na mão falei para ele:
"vá em frente e faça você
mesmo. Você é capaz."
Ele bufou e ignorou a faca, em vez disso, abriu a porta da
geladeira e pegou outra cerveja. Ele
jogou a vazia no lixo, mas errou e a lata foi para o chão,
deixando para trás uma linha de pingos da
cerveja.
"Então, Soph, me dá um empréstimo?"
"Não!" Eu continuava com a faca em sua direção. "Não me
pagaram ainda."
"E aquele dinheiro que você esconde?"
"É para uma emergência." E talvez para a taxa de inscrição
da faculdade. Se eu me matriculasse.
"Isto é uma emergência." Ele baixou a voz. As pupilas se
dilataram e ele passou a mão na boca.
"Eles estão atrás de mim, Soph. Bandidos. Se eles vierem
aqui, não os deixe entrar, está bem?"
Eu suspirei. "Certo." Eu não tinha certeza se acreditava nele
ou não. Ele parecia sério, mas ele
gostava de fazer um drama e eu não podia dizer se era um
problema como ele fazia parecer.
"Não quero que minha garotinha se machuque. Você é tudo
que me resta neste mundo."
Então por que ele não conseguia um emprego para me
ajudar? Ah certo, porque ele era um
bêbado sem esperança, que tinha sido despedido do seu
último trabalho, depois que minha mãe
morreu. Meu pai tinha desmoronado e começou a beber
excessivamente depois da morte dela.
Kavanagh Corporation não tinha perdido tempo e o tinha
despedido, deixando-o à
deriva com o sofrimento dele. Meu pai não tinha sido o
mesmo desde então.
***
Ash foi ao bar toda quinta, sexta e sábado à noite, durante o
mês seguinte. Ele me convidou para
acompanhá-lo numa festa, algo sobre o lançamento de um
novo telefone, mas eu tinha que
trabalhar. Meu arrependimento foi palpável. Eu queria sair
com ele, mas o trabalho tinha que vir em
primeiro lugar. Eu recebia por hora trabalhada e precisava
das gorjetas então eu não podia me dar ao
luxo de não aparecer, a menos que eu estivesse morrendo.
Além disso, uma festa corporativa me
parecia demais para um primeiro encontro. Eu estaria fora
da minha zona de conforto no meu único
vestido social preto e sapatos de salto alto. Eu gostava de
Ash e queria estar com ele, mas num lugar
mais íntimo, apenas nós dois. Como a sua cama.
Ele não me convidou para sair de novo. Acho que estraguei
a minha oportunidade. Nada parecia
ter mudado, no entanto. Ele ainda era amigável e ainda me
levava até o meu carro no estacionamento
ao final do meu turno. Mesmo que eu estivesse ocupada
demais para conversar e Liam não estivesse
lá para lhe fazer companhia, ele esperava pacientemente,
com sua cerveja, até que eu ficasse livre.
Ainda assim ele parecia hesitante de alguma forma, como
se ele não tivesse certeza se devia me
convidar para sair de novo. Talvez. Eu não tinha certeza. Eu
era muito boa para ler caras,
mas Ash era um mistério que eu não estava acostumada.
Seus sinais não eram evidentes. Ou
talvez não houvesse sinais e por isso eu não conseguia ver
nada em seu rosto. Talvez ele estivesse
matando tempo no The Saloon.
"Tem algo errado com Ash?" Perguntei para Liam uma noite
quando ele estava lá e Ash não.
"Como diabos eu deveria saber?" ele surtou.
"Está tudo bem?"
Ele suspirou e arrastou a mão pelo cabelo. "Sim. Não. Eu
não sei. Só um problema de trabalho."
"Quer falar sobre isso?"
"Ela não é um isso."
"Oh. Um problema com uma colega de trabalho." Inclinei-
me com ambos os cotovelos no balcão,
toda ouvidos. "Fale-me sobre ela."
Ele fez e eu não fiquei com ciúmes. Só provava que eu já o
tinha superado. Eu não poderia me
sentir mais livre e tinha que agradecer Ash por isso.
Ultimamente ele tinha ocupado
meus pensamentos dia e noite. Não havia mais lugar para
Liam, ou para qualquer outra pessoa.
Droga. Eu tinha feito outra vez. Me apaixonado por um cara
legal. Ash era totalmente
inadequado, totalmente fora do meu alcance, exceto para o
quarto. Mas parecia que ele não me queria
no quarto dele.
Ele voltou ao The Saloon na noite seguinte e eu podia dizer
imediatamente que ele ia me convidar
para sair de novo. Ele pegava nervosamente o copo dele,
torcendo-o entre as duas mãos, sem beber.
Nem encontrou meu olhar. A única vez que ele olhou para
mim foi quando ele pensou que eu não
estava olhando para ele. Meus nervos estavam agitados a
noite toda e eu derramei algumas bebidas.
A espera foi muito dura para o meu nível de estresse.
Finalmente, após Liam e a maioria dos outros bebedores
saírem, ele tomou coragem. Ele limpou
a garganta. Eu tentei não sorrir, mas admito que eu tenha
gostado de ser o motivo de seu nervosismo.
Era lisonjeiro como o diabo ser o objeto de desejo de um
gostosão como ele.
"Soph, há algo que quero lhe perguntar."
"Vá em frente." Peguei um copo do escorredor de pratos e
comecei a secá-lo. Eu precisava
fazer algo com as mãos ou eu iria pegar o rosto dele e forçá-
lo a me beijar.
Ele limpou a garganta novamente. "Vou te fazer um pedido
estranho."
Eu parei de secar. Ah, Ah! Ele ia me dizer que ele era uma
alfa dominante à procura de uma
submissa. Ou pior, um submisso em busca de uma fêmea
dominante para amarrá-lo com sua gravata
cinza e fazer loucuras com sua bunda.
"Eu preciso de uma noiva."
Eu abaixei o copo. "Huh?" Muito sofisticado, Sophie.
Ele segurou suas mãos. "Eu não me expliquei direito. Preciso
de uma mulher para agir como
minha noiva por alguns dias, talvez umas duas semanas.
Estou tentando fechar um acordo com um
cliente que é um pouco conservador sobre trabalhar com
rapazes da minha idade que não são
casados."
"Oh. Certo. Eu entendo." Suas palavras entraram por um
ouvido e saíram pelo outro. Estava presa
na idéia de ser noiva dele, mesmo que fosse apenas por
algumas semanas. A idéia me emocionou —
e mergulhou no meu coração e meus dedos ao mesmo
tempo. "Obrigada por pensar em mim, mas não
tenho certeza se é uma boa idéia."
"Não diga não ainda," ele disse rapidamente. "Por favor,
pense um pouco nisso." Ele pegou
no bolso de trás um cartão de negócios. Ele escreveu um
número de telefone na parte de trás. "Esse é
meu número de celular privado. Eu não dou esse número
para muitas pessoas, mas quero que você
me ligue quando você tiver pensado sobre isso. Você
provavelmente vai ter algumas perguntas
e vou te responder todas as que você fizer."
Ele entregou o cartão para mim e nossos dedos se tocaram.
Nossos olhares se conectaram. Um
pequeno choque passou ao longo do meu braço e através
de todo o meu corpo, acordando partes
de mim que eu não sabia que estavam dormindo. "Certo" eu
finalmente disse. "Eu te telefono amanhã
quando eu tiver a oportunidade de pensar bem sobre isso.
Mas ainda não acho que seja uma boa
idéia."
Ele vacilou e soltou o cartão. "Eu realmente espero que você
mude de idéia." Ele brincava com
sua gravata. "O cliente é muito importante para o meu
negócio e..." Ele limpou a garganta. "E eu
gostaria de passar algum tempo com você, longe daqui."
Eu engoli. Eu queria gritar para ele me convidar para sua
casa, se ele realmente queria ficar
comigo, e não me pedir para fazer algo que me faria me
sentir tão desconfortável que provavelmente
eu iria vomitar meu almoço assim que entrasse em
qualquer reunião social com seu cliente.
Mas eu não disse nada. Peguei o cartão para colocá-lo no
meu bolso, mas o logotipo chamou a minha
atenção.
E o nome abaixo do logotipo. Ash Kavanagh, CEO –
Kavanagh Corporation.
CAPÍTULO 2
“Kavanagh!" Meu coração parou. Meu corpo ficou frio.
"Você... é um Kavanagh?"
Ele ficou pálido com a minha reação. "Eu pensei que você
soubesse. Por isso eu conheço Liam.
Ele
começou
trabalhar
para
mim
antes
daquela
primeira
noite
que
eu vim aqui. Isso é um problema?"
Peguei outro copo e comecei a secá-lo, mesmo ele estando
seco. "Claro que não. É só que
eu não tinha idéia."
Ele estreitou os olhos. "Então por que você tem um olhar
estranho no seu rosto?"
Eu balancei minha cabeça e guardei o copo. Peguei outro.
"O que me surpreende é um
Kavanagh ter dificuldade em encontrar uma
acompanhante."
Ele soltou uma respiração mais forte. "Certo, eu entendi.
Você está assustada com o meu
pedido. Olha, Sophie, eu sei que a proposta parece
estranha, mas prometo que vai ser estritamente
um acordo de negócios." Ele olhou para o copo vazio. "Se
você quiser isso."
Eu queria dizer-lhe que não era, mas isso levaria a
perguntas sobre o que eu queria dele. E eu não
estava pronta para dizer que eu só queria um bom sexo
com um cara legal. Esse era o problema. Não
seria apenas sexo. Seria algo mais, porque ele não era o
tipo de cara que tinha apenas uma noite de
sexo com uma garota e depois sumia e eu era o tipo de
garota que se apaixonava por caras
como ele, só para ter o coração machucado no final.
"Não posso," foi tudo o que eu disse me afastando. "Eu
tenho que trabalhar quase todas as noites
e você vai precisar de mim e eu não vou poder te fazer
companhia."
"Você tem férias vencidas? Liam disse que você nunca tira
tempo para descansar."
"Isso é porque eu não posso me dar ao luxo de tirar férias.
Desculpe-me, Ash, mas não é viável."
"Mas —" ele parou de falar dando um suspiro. "Olha, se é
uma questão de dinheiro, eu vou pagar
você pelo seu tempo."
Eu olhei para ele embasbacada. "Você está falando sério?
Você vai me pagar? Por quê?
Porque você tem pena de mim?"
"Não," ele se levantou da banqueta e tentou segurar a
minha mão, mas eu estava muito longe. Ele
deixou a mão em cima do balcão. "Eu não tenho pena de
você, Sophie. Longe disso."
"Oh, eu entendi. Então você acha que eu sou uma prostituta
que faz qualquer coisa por dinheiro."
"Não!" ele falou. Seu maxilar tornou-se ainda mais rígido.
"Não é nada disso."
Eu cruzei meus braços e dei-lhe um olhar desafiador. Talvez
se eu ainda não estivesse em
choque por ter descoberto que ele era um Kavanagh, não
teria falado de uma maneira tão severa. Eu
não estava zangada com ele, eu estava com raiva de mim.
Eu tinha me permitido gostar de um
Kavanagh, depois de tudo o que tinham feito com o meu
pai. A família era mais rica que Deus e tão
poderosa quanto. Eles tinham poder para esmagar pobres
almas como o meu pai, ficando ainda mais
ricos ao longo do caminho. Nós, pessoas comuns, não
significávamos nada. Ash podia gostar de mim
agora, mas logo ele ficaria cansado, ou ficaria com
vergonha de mim em público, e então ele iria me
descartar. Eu não permitiria que isso acontecesse. Não
dessa vez.
Ele arrastou a mão pelo cabelo dele. "Estou fazendo papel
de bobo," ele disse. "Sinto muito que
eu tenha sugerido isso. Foi uma idéia idiota."
"Não foi nada inteligente," eu admiti. "Vá fazer a proposta
para uma garota mais adequada. Uma
que não trabalhe em um bar.” Uma com uma boa educação,
uma com um guarda-
roupa mais adequado. Uma cujo pai não vai causar
problemas quando descobrir que ela está
brincando de ser noiva de um Kavanagh.
De repente ele ficou de pé de frente para o balcão do bar.
"Adeus, Sophie. Cuide-se." Ele saiu, e
eu fiquei olhando para ele, meu coração na garganta, as
lágrimas queimando nos meus olhos. Eu
não entendi porque ele ir embora me chateou. Acho que eu
ia sentir falta dele. Eu sabia que ele não ia
voltar. Eu sabia no meu coração que nunca o veria
novamente. Eu olhei para o seu cartão e passei o
dedo em cima do nome dele.
Em seguida amassei e joguei no lixo.
***
“Liam?" Eu falei no telefone quando cheguei ao meu carro
depois do trabalho.
"Hein? Soph? É você?" Parecia que eu o tinha acordado.
Bom. "Está tudo bem?"
"Por que diabos você não me disse que Ash é Ash
Kavanagh?"
"Jesus, isso é tudo? Já passa da meia-noite. Não podia ter
esperado até amanhã?”
"Não. Eu quero uma resposta. Por que você não me disse?"
Ele fez uma pausa e ouvi seus lençóis farfalhando enquanto
ele se sentava ou saía da cama. Ele
suspirou. "Porque o Ash é um cara legal e você é uma ótima
garota e você pareceu se dar bem com
ele na primeira noite. Eu sabia que se eu dissesse quem ele
era, você seria capaz de correr
uma maratona só para não conhecê-lo melhor."
"É isso? E você acha que está tudo bem? Eu agi como uma
tola esta noite quando eu descobri."
"Diga-me o que aconteceu."
Eu coloquei o celular no alto-falante e o deixei no meu colo
para ligar o motor. "Ele me pediu
para fingir ser sua noiva por causa de um grande negócio
da empresa dele."
Ele riu. Riu!
"O que é tão engraçado?"
“Isso é o que te ofende? Deixe-me ver se entendi. Você está
brava porque ele não pediu para
você sair com ele num encontro normal, ou porque ele quis
combinar trabalho com prazer e você o
quer todo para você?"
"Nenhuma das opções acima, seu espertalhão. Estou puta
porque ele acha que pode me comprar.
Deixou claro que não seria um encontro. Ele se ofereceu
para me pagar."
"Ai. Sim, isso é péssimo, eu acho. Estou surpreso com ele.
Isso é uma idiotice de um cara
inteligente. Você tem certeza?"
"Total certeza. Então quando eu disse não, ele saiu do The
Saloon como se eu o tivesse
ofendido."
"Desculpe Sophie. Não pensei que ele fosse fazer algo
assim. Tem que haver uma explicação
para isso."
"Sim, ele é um Kavanagh. Eles fazem coisas sem coração o
tempo todo." Eu saí do
estacionamento e me dirigi para casa, o telefone ainda no
meu colo.
Ele suspirou. "Então você pensou em me acordar e me punir
pelo erro do Ash?"
"Você manteve a identidade dele escondida de mim, Liam.
Se você não tivesse feito isso, nós não
teríamos flertado durante essa semana e ele não teria feito
a oferta." Eu suspirei também. Eu não
estava sendo justa e eu sabia disso. "Sinto muito. Estou
cansada e decepcionada."
"Você ficará bem?"
"Sim. Não se preocupe comigo. A vida é curta demais para
se preocupar com o que poderia
ter sido." Eu me foquei na estrada à frente e agarrei o
volante na tentativa de conter as lágrimas
que pairavam nos meus olhos. Foi bobagem eu ficar
chateada por uma coisa que não tinha existido
e nunca existiria. Se as coisas continuassem como elas
tinham acontecido entre eu e Ash, em algum
momento ele voltaria a ter juízo eventualmente. Talvez
depois de uma ou duas noites quentes em sua
cama. "Desculpe por ter te acordado, Liam. Volte a dormir."
Ele riu. "Tudo bem. Não é como se tivesse alguém comigo."
"E aquela garota do trabalho que você gosta?"
"Quem me dera!"
Nós dissemos boa noite e desligamos. Cheguei em casa
alguns minutos depois e fui direto
para a cozinha preparar um lanche. Meu pai me perguntou
como foi o trabalho, mas não tinha certeza
se ele tinha ouvido a minha resposta. Ele não parou de olhar
para a TV para a reprise do filme
Die Hard (Duro de Matar).
Eu estava fazendo uma salada para mim quando alguém
bateu na porta. Que diabo? Era
quase uma hora da manhã. Alguém batendo tão tarde
deveria ser a Sra. Jackson que morava no fim
do corredor. Ela tinha provavelmente ficado trancada do
lado fora novamente.
"Deixe, Soph," o pai falou.
Eu o ignorei e abri a porta. "Está bem, Sra. Ja —" engoli o
resto da minha frase quando o Golias
na minha porta removeu seus óculos escuros e me olhou
com olhos tão pretos que pareciam
vazios, mortos.
"Onde está ele?" ele rosnou.
Atrás de mim, ouvi o meu pai se levantar do sofá com um
grunhido e um som de latas de
alumínio. Ele tinha acumulado uma grande montanha delas
perto de seus pés ao longo do dia,
enquanto eu estava fora.
"Quem?" Eu disse, fingindo que não sabia por que ele
estava ali, e que eu era mais corajosa do
que o gigante na minha frente. Eu até coloquei as mãos na
minha cintura.
Mas isso não fez diferença. Golias simplesmente cutucou-
me de lado com um golpe de seu braço
e passou por mim como se eu não existisse. Como se eu
não importasse. Ele caminhou até o meu
pai e agarrou a sua camiseta, bem onde o logotipo de uma
marca de surf desbotado ainda era
visível após vinte anos de desgaste constante. Meu pai
lutou para ficar de pé enquanto ele tentava se
livrar das enormes patas do Golias. Eu não tinha certeza
que um urso como Golias poderia mostrar
medo. Se ele pudesse, magricelas perdedores como papai
não iam ser os únicos a conseguir fazê-lo.
Papai, no entanto, parecia que correria se o bruto deixasse.
Mas não havia nenhuma chance disso
acontecer. Eu já tinha visto caras como este bandido antes.
Eles vinham aqui em casa de vez em
quando, coletando as dívidas que meu pai se esquecia de
pagar, ou não podia honrar.
Honra. Não era uma mercadoria que meu pai possuía.
Meu pai me olhou em pânico. "Soph, isto não tem graça!"
"Quer que eu chame a polícia?"
"Não!"
O punho do bandido torcia a camiseta do meu pai, ainda
mais apertado. O rosto do meu pai foi
ficando cada vez mais vermelho, até que se assemelhava a
uma espinha prestes a explodir na
minha sala minúscula.
"Onde está o dinheiro?" o bandido rosnou.
Papai parou de tentar repelir o gigante e encolheu os
ombros em vez disso. "Não tenho."
O Golias deu um soco no estômago dele. Eu engasguei, mas
cobri minha boca para abafá-lo
enquanto meu pai se curvava da melhor maneira possível
com alguém segurando ele. Isto era
novo. Geralmente, havia apenas a ameaça de violência e
meu pai cedia e pagava seu credor com o
dinheiro que ele tinha escondido debaixo do colchão.
Golias não estava brincando. "Eu disse, onde está o
dinheiro?"
"E eu disse que não tenho o dinheiro!" Papai falou
lentamente, suas palavras um pouco arrastadas
por causa da cerveja. "Diga ao Chefe que eu preciso de
mais uns dias."
Quem era o Chefe? Meu pai não tinha jeito. Ele não
trabalhava desde que tinha sido mandado
embora da Kavanagh Corporation três anos atrás.
O bruto estava vestido com um terno escuro, o colarinho da
camisa apertava seu pescoço
grosso. A gravata fina parecia um pedaço de corda e o anel
no dedo mindinho provavelmente
era grande demais para caber no meu dedo polegar. Seu
rosto pálido embaixo de sua careca
parecia uma bola de bilhar no topo de uma montanha.
"Ele já te deu mais alguns uns dias," ele rosnou. "E esses
dias já se passaram. Pague o que você
deve Mason."
"Eu te disse, que não tenho o dinheiro!" A voz do meu pai
estava um pouco atrapalhada. Seus
olhos se mudaram do Golias para mim.
Eu olhei para ele, meus olhos ainda mais abertos. O que ele
esperava que eu fizesse? Eu tinha
desistido das aulas de kickboxing, quando a academia
aumentou a mensalidade e eu não mantinha
armas em casa, exceto o par de facas de cozinha na gaveta
que estavam sem amolar fazia anos.
Golias rosnou baixinho. Então ele deu outro soco no meu
pai.
"Papai!" Corri para ele, mas Golias, de repente, tomou
conhecimento de mim e colocou a mão
para me afastar.
"Isto não tem nada a ver com você, então fique fora disso.
Não vou machucar você... a menos
que seu pai aqui não pague." Seus lábios estampavam um
sorriso torcido.
Eu engoli em seco e dei um passo para trás. "Pai? Você está
bem?"
"Estou." Ele tossiu novamente e ofereceu-me um sorriso que
eu não compraria nem por todo ouro
do mundo. Seu rosto estava cinzento e seus olhos
vermelhos e lacrimejantes. "Preciso de um
segundo para —"
Golias não lhe deu um segundo. Ele deu novamente um
soco no estômago do meu pai. Desta vez
meu pai vomitou no chão.
"Pare!" Eu gritei. "Pare!" Para o inferno com isso. Era hora
de chamar a polícia. Esse cara estava
fora de controle, e eu não o queria em minha casa. Da
próxima vez, eu não abriria a
porta para batidas agressivas.
Fui pegar minha bolsa na mesa, mas Golias era rápido para
um homem grande. Ele soltou o meu
pai e agarrou o meu pulso. Meu pai caiu amassado no chão
como uma boneca de pano. "A não ser
que você vá pegar dinheiro para pagar o Chefe, não se
mova."
Meu estomago se revirou e eu pensei que fosse vomitar
também. Eu olhei de relance
para meu pai, de joelhos no chão, piscando para mim com
olhos em pânico. Eu sabia que ele
tinha dito a verdade quando disse que não tinha o dinheiro.
"Soph?" Ele não precisa dizer mais alguma coisa para eu
saber o que ele estava
pedindo. Ele sabia que eu tinha uma pequena poupança
escondida no meu quarto e ele estava
me pedindo para pagar o Chefe do bandido.
Os dedos em torno do meu pulso se apertaram. Golias
também sabia.
"Por favor, Sophie, querida. Só desta vez. Não vai voltar a
acontecer, prometo."
"Quanto?" Eu perguntei.
"Mil dólares."
Era tudo que eu tinha. A soma total da minha poupança que
fiz trabalhando à noite no The Saloon
e de dia no café. Eu só precisava de mais quinhentos
dólares para pagar a matrícula da escola à
noite. Sorte que eu ainda não tinha assinado os papéis.
"Eu vou te pagar," meu pai me disse.
"Sim," eu murmurei sombriamente. "Vai sim."
Golias me soltou e me seguiu até o quarto. Eu vasculhei
meu armário até que achei os sapatos
onde eu tinha enchido as notas de 50 dólares. Meu corpo
ficou dormente quando eu entreguei o
dinheiro. Era tudo o que eu tinha. Ele lambeu o dedo e
começou a contar as notas, seus lábios se
movendo silenciosamente enquanto ele contava. Quando
terminou, ele embolsou o dinheiro, acenou
para mim e caminhou para fora do apartamento. Sem mais
palavras ou ameaças. Nada. Fechei a porta
e a tranquei.
Então virei para enfrentar meu pai. "O que diabos foi isso?"
Eu gritei. Todas as minhas
frustrações e medo fluíram para fora de mim enquanto eu
dirigia minha raiva
contra a pessoa que tinha se tornado a perdição da minha
vida. O homem que eu costumava
admirar, mas agora tinha pena.
Ele se atirou de joelhos no chão e estendeu os braços para
mim. Eu me virei e fui para a cozinha.
"Não faça isso," eu disse para ele. "Não tente me bajular.
Esse era todo o dinheiro que eu tinha. Você
me entende? Agora não tenho mais nada."
"É só dinheiro."
Eu parei. "Só dinheiro! Só dinheiro!" Eu caminhei até ele e
bati em seu peito, bem onde
Golias tinha pegado sua camiseta. "Pelo amor de Deus, pai,
eu trabalho em dois empregos ruins e
levei um ano para guardar essa quantia. Você acha que eu
gosto de trabalhar em um bar? Você acha
que eu quero ser garçonete o resto da minha vida?"
Ele segurou suas mãos em sinal de rendição. "Se você não
gosta você deve fazer outra coisa."
"O que diabos você acha que eu ia fazer com o dinheiro?"
Ele deu de ombros e me deu um olhar vazio. Ele realmente
não sabia por que eu tinha poupado.
Ele sabia alguma coisa sobre mim ou minha vida?
"Eu precisava do dinheiro para ir para a escola. A faculdade
oferece aulas noturnas de
contabilidade para adultos."
Ele fechou a cara, formando rugas mais profundas na sua
testa e ao redor dos seus olhos.
"Contabilidade? Por que diabos você quer estudar
contabilidade?"
"Então eu posso ter uma vida decente sentada numa mesa
de trabalho ao invés de ficar de pé o
dia inteiro. Onde eu possa me orgulhar de dizer às pessoas
o que eu faço para ganhar a
vida. Então vou poder abrir uma conta bancária e declarar
meus impostos. E nunca mais ser pobre
novamente!" Minha voz estava alta, mas não me importei.
Deixei os vizinhos ouvirem. Eu queria que
o mundo inteiro ouvisse.
Infelizmente, meu pai parecia ser o único que não me ouvia.
Não realmente. Ele ouviu as minhas
palavras, mas não o significado por trás delas. "Mas
contador?" Ele balançou a cabeça, fazendo os
frágeis fios de cabelo de sua cabeça balançar como a grama
perto do rio. "É um trabalho para
homens e para pessoas chatas".
Eu comecei a vasculhar os papéis em cima da geladeira.
"Adivinha: eu sou chata."
"Não, você não é, querida. Você é engraçada, bonita e
inteligente. Não sei por que você ainda
não encontrou um namorado legal para cuidar de você."
"Não quero ninguém para tomar conta de mim. Eu quero
cuidar de mim."
Ele suspirou. "Teimosa como a sua mãe." Ele agarrou meus
ombros, mas eu tirei as mãos dele.
"Não fale nela."
"Se ela estivesse aqui, nada disto teria acontecido. Tudo
estaria bem."
Eu não lhe disse que ele estava nesta confusão, porque ele
se amparava demais nela quando ela
estava viva. Ele tinha razão — a mamãe mantinha o
equilíbrio, reduzia seus excessos, o mantinha na
linha quando ele queria se desviar. Ele tinha se acabado
rapidamente após sua morte, culminando
com a perda de seu emprego na Kavanagh Corp. Em vez de
tomar isso como um sinal e refazer sua
vida, ele tinha tomado o caminho mais fácil de um
vagabundo desempregado que vivia à custa de sua
filha.
Encontrei os papéis que eu estava procurando e joguei na
cara dele. Eu tinha mais um mês
para entregar os papéis. Eles estavam em cima da geladeira
há três semanas e eu ainda não tinha
preenchido. Toda vez que eu ia fazer isso, surgia um
imprevisto e eu simplesmente deixava no mesmo
lugar. Desta vez, eu rasguei e joguei os pedaços no lixo.
De qualquer maneira eu não tinha nascido para ser um
contador. Perder o dinheiro tinha sido um
bom sinal. Que tipo de contabilista não tem uma conta
bancária? Eu tinha completado
o ensino médio, mas tinha abandonado a faculdade depois
de um semestre porque eu detestava.
Naquela época eu queria liberdade depois de estudar que
nem uma louca para conseguir boas notas.
Eu não tive nenhuma vontade de voltar a estudar até a
morte da mamãe, assim que meu pai se mudou
para a minha casa. Eu tinha vinte e seis anos e não queria
ser uma garçonete a minha vida toda.
Mas eu queria ser um contador? Talvez o meu pai tivesse
razão e eu não fosse talhada para
trabalho de escritório. Eu nunca tinha tido um emprego num
escritório, então eu não sabia, mas eu
sabia que ele tinha odiado trabalhar para Kavanagh
Corporation como analista. Talvez eu
também fosse detestar esse tipo de ambiente. Apesar de
sermos muito diferentes,
havia também muitas semelhanças entre meu pai e eu. Nós
dois odiávamos ficar presos, e restritos a
um ambiente. Quando eu tinha idade suficiente, eu havia
saído de casa, tinha deixado a faculdade,
deixado a minha vida antiga para trás e feito uma nova.
Apesar de eu não ser um sucesso no sentido
exato da palavra, eu não odiava a minha vida e eu não tinha
machucado ninguém na minha vida.
Meu pai tinha. Ele me machucava, repetidamente.
"Vou para a cama," eu disse. "Limpa essa bagunça. Não
quero ver essa sujeira quando eu
acordar." Eu apontei para sua pilha de vômito e as latas.
"Amanhã, você pode procurar trabalho para
que você possa me pagar de volta."
"Claro que sim, querida. Eu vou te pagar." Ele agarrou
minha mão e deu um beijo na minha
bochecha. "Prometo."
Eu tirei minha mão e meu rosto. Eu já não acreditava na
palavra dele.
"Onde está a toalha de papel e as esponjas?" ele me
chamou.
"No armário da cozinha. Procure você mesmo. Eu não sou
sua mãe."
"Credo," eu o ouvi murmurar quando eu fechei a porta do
meu quarto.
Eu caí na cama e soquei meu travesseiro. Todas as minhas
economias se foram. Não havia como
meu pai me pagar de volta. Ele não ia conseguir um
emprego, apesar do que ele tinha dito. Ele não
era o tipo que as pessoas gostavam de contratar. Ele bebia
demais, era preguiçoso e não tinha
responsabilidade. Ele não era o mesmo homem desde que
tinha perdido seu emprego na Kavanagh.
Pensar nos Kavanaghs me fez pensar sobre Ash e a
proposta que ele tinha feito. Eu estava
flertando com a idéia de aceitá-la, mas mudei de idéia. Eu
tinha perdido minhas economias,
mas ainda assim eu ia conseguir sobreviver sem ir contra os
meus princípios. Se nada mais
desse errado.
***
Eu não esperava que Ash aparecesse no bar na noite
seguinte, apesar de ser uma sexta-feira. Mesmo
assim eu olhava para a entrada a cada cinco segundos, na
esperança de vê-lo entrar da
forma confiante que ele andava, sorrindo enquanto olhava
para mim.
Ele não foi, e meu coração se partiu muito mais do que eu
pensei que ele poderia.
Eu me odiei por ver o quão magoada e com raiva eu fiquei
por ele não ter aparecido. Não queria me
importar tanto, mas eu me importava. Sentia falta da sua
companhia, do seu sorriso, seu modo fácil
de ser. Eu gostava dele, apesar de ele ser um Kavanagh. E
eu desejava não ter gostado. Os
Kavanaghs machucavam pessoas como eu, mesmo as
aparentemente agradáveis, seja por vontade ou
por acidente. Seria apenas uma questão de tempo antes
que ele fizesse ou dissesse
algo que me colocasse no meu lugar. Eu deveria agradecer
minha estrela da sorte por eu não ter
dormido com ele porque eu cairia com mais força. Pelo
menos assim eu tinha ficado com um pouco
da minha dignidade.
Meu chefe chegou perto do final do meu turno. Era
incomum vê-lo lá no bar e ainda mais com
outro homem. Eles vieram até mim quando o último cliente
saiu e me disseram que eles tinham boas
notícias.
Acontece que a notícia não era boa para mim. Meu chefe
tinha vendido o negócio. Apesar
de dizer as coisas certas e me falar que eu fazia um bom
trabalhado e que eu sempre teria
emprego enquanto eu quisesse, fui dispensada uma semana
depois. O novo proprietário tinha
funcionários leais do outro bar que ele tinha vendido e que
precisavam de trabalho.
Nesta noite eu dirigi para a minha casa dormente. Era como
se meu cérebro estivesse desligado.
Eu não conseguia pensar direito. Não conseguia superar o
fato de que eu precisava encontrar outro
emprego na parte da noite para complementar o meu
salário. E eu precisava disso agora.
A dormência tinha desaparecido na manhã seguinte. Eu
chequei as vagas no jornal e na internet.
Eu escrevi uma carta, detalhando minhas experiências e fui
a alguns bares locais além de colocar
meu pedido em algumas agências de emprego. Uma
semana depois, e eu ainda não tinha sequer uma
entrevista marcada. Ninguém estava contratando.
E então aconteceu o pior. O gerente do café disse a todos
nós que o negócio não estava indo bem
o suficiente para continuar aberto. O café ia fechar em
menos de uma semana.
Aí fudeu.
O aluguel estava atrasado. A geladeira estava vazia. E o
meu pai estava me pedindo dinheiro
novamente.
"Ele vai voltar!" meu pai disse segurando as minhas mãos.
Seus olhos estavam um pouco
vitrificados e seu rosto estava suado. Ele tinha voltado para
casa em pânico e só Deus poderia dizer
onde ele tinha estado. Ele estava assustado e isso me
preocupava mais do que a sua preguiça.
"Quem?"
"O Chefe."
Eu arranquei minhas mãos das dele. "Por que você pediu
dinheiro emprestado para ele
novamente?"
Ele me deu um olhar vazio. "Porque eu preciso de dinheiro.
Você perdeu seu emprego, lembra?"
Ele balançou a cabeça como se ele não pudesse acreditar
que eu tinha esquecido.
"Pai. Ouça-me. Nós não podemos pagar de volta."
"Suas economias —"
"Não tenho mais nada! Nós demos tudo para aquele cara
grande e assustador da última vez."
"Quer dizer que era tudo o que você tinha?"
"Sim." Eu trouxe minhas mãos até o meu cabelo
pressionando os meus dedos no meu couro
cabeludo. Logo fiquei com dor de cabeça. "Não temos
dinheiro suficiente para viver e muito
menos para pagar alguém os seus malditos empréstimos."
"Então arranje outro emprego."
Eu poderia matá-lo. Eu realmente poderia. Ninguém notaria
que ele estava morto, e eu poderia
fazê-lo enquanto ele dormia. Eu empurrei para o lado os
meus pensamentos assassinos e balancei
a cabeça em consternação. Não era culpa dele, ele era tão
patético. Perder a mamãe e o seu trabalho
no mesmo ano tinha sido um grande golpe que o enviou
para a bebida e pior ainda, é que tinha
fritado suas células cerebrais.
"Afinal no que você gasta o dinheiro?" Eu perguntei.
Ele encolheu os ombros. "Cerveja, desde que você parou de
comprá-la. E às vezes recebo uma
boa dica para as corridas."
"Não quero saber mais nada."
"Então você acha que você pode conseguir outro emprego?"
"Eu não sei. Eu vou continuar tentando."
"Olha. Sei que não é o ideal, mas lembra do meu amigo
Mick?"
"Não."
"Bem, ele se lembra de você. Ele disse que se você precisar
de trabalho, ele tem um
emprego para você."
Eu reduzi o meu olhar. E tinha um mau pressentimento
sobre isso. "Onde?"
"Ele é dono de um clube de strip-tease."
"Pai!"
"Você não vai ter que tirar a roupa. Você vai trabalhar no
bar. Você é boa barman, Soph."
Eu gemi. "Pai, eu nunca trabalhei num clube de strip-tease
antes, mas eu tenho certeza que as
mulheres que trabalham no bar usam biquínis minúsculos."
"Não é tão mal usar um biquíni. Você sempre usa para ir à
praia."
Eu balancei minha cabeça. Eu não podia estar tendo esse
tipo de discussão com o meu pai. "Eu
vou conseguir outro emprego," eu disse. "Em algum lugar
que não queira que eu use menos roupa do
que eu estou usando agora."
"Verdade? Você sabe de algum bar que esteja contratando?"
Eu desisti e simplesmente ignorei a sua pergunta. Não tinha
porque eu responder. Ele sabia muito
bem que eu tinha mandado meu currículo para todos os
lugares que eu podia me candidatar. Não tinha
nenhuma maneira de conseguir dinheiro em curto prazo.
A não ser passando por noiva de Ash Kavanagh.
CAPÍTULO 3
Tive que pegar o número do telefone de Ash com Liam
porque eu tinha jogado no lixo o cartão que
ele tinha me dado.
"Tem certeza que isso é o que você quer?" ele perguntou.
Eu podia ouvir a incredulidade na sua
voz.
"Não, mas estou desesperada. Eu preciso do dinheiro e eu
preciso o mais rápido possível."
"Eu posso te emprestar o que você precisa," ele disse
suavemente.
"Obrigada, mas eu não sou um caso de caridade. Vou
trabalhar para ter o meu dinheiro, obrigada.
Contanto que eu possa manter as minhas roupas," eu disse,
pensando sobre a oferta do amigo do meu
pai.
"Uau," Liam falou. "Olha, Ash é um bom rapaz. Ele não vai
fazer nada que você não queira
fazer. Tenho certeza que ele vai manter o trato puramente
profissional. Se é o que você quer."
"Eu não estava me referindo a isso, mas obrigada por me
lembrar novamente sobre Ash ser tão
maravilhoso," eu disse ironicamente. "Não acho que já ouvi
bastante sobre ele ainda."
Eu devo tê-lo ofendido porque houve silêncio do outro lado
por vários segundos. "Eu não sei o
que está errado em ser um cara legal."
"Nada," disse com um suspiro. "Mocinhos são fantásticos.
Você é um mocinho, Ash também..."
"Soph, estou ouvindo sarcasmo na sua voz. Você tem algum
problema com caras legais ou algo
semelhante?"
"Não. Sinto muito. Eu estou tendo um dia ruim e estou
descontando em você. Sinto muito, Liam."
"Tudo bem. Se você quiser que eu fale com o Ash para você,
eu posso. Talvez eu possa
definir algumas regras básicas para ambos, ou explicar a
história da sua família com a
Kavanagh Corp."
"Não, obrigado. Não fale com ele sobre mim, ou sobre meu
pai ou qualquer outra coisa. Está
bem?"
"Certo. Pode deixar."
"Olha, eu tenho que ir. Falo com você mais tarde." Desliguei
antes que ele pudesse se oferecer
para fazer alguma coisa por mim, eu cedesse e deixasse.
Falar com Ash era algo que eu tinha
que fazer, e não deixar a tarefa para outra pessoa.
Liguei para o número que Liam tinha me dado e deixei meu
nome com a mulher que atendeu. Ash
não ligou de volta antes que eu deixasse o meu turno no
café, e não pude atender meu celular até
depois do turno ter terminado. Eu tinha quatro chamadas de
Ash perdidas no meu celular e
recebi outra enquanto eu caminhava até o meu carro.
"Desculpe por que não ter podido atender sua ligação mais
cedo," ele disse.
Ao invés de continuar a dirigir, fiz um desvio para o parque
e me sentei em um banco. "Tudo
bem. Tenho certeza que você está muito ocupado com o
funcionamento de uma grande empresa."
"E algumas funções familiares," disse ele. "Meu irmão mais
velho vai se casar em breve e outro
irmão voltou para Roxburg depois de estar fora por anos. Eu
tenho brincado de ser o fazedor de paz
entre ele e meus pais e a nossa vizinha, e não foi nada fácil.
Desculpe," ele murmurou. "Foi muita
informação sem necessidade."
Eu ri, apesar da minha ansiedade. Ele parecia tão nervoso
quanto eu. "Reece é o irmão que vai se
casar e Blake é o irmão que voltou para casa, certo?"
"Sim," ele disse, com surpresa na voz. "Você se lembrou."
Claro que sim. Lembrava-me de tudo o que Ash tinha dito
para mim e como ele tinha me olhado
quando me contava. Lembrei-me como ele falou com amor
de sua família, mas com exasperação
também. Por nenhum momento ele quis que eu me
lembrasse que ele era O Kavanagh. Era difícil eu
ligar essas estórias com a família sobre a qual eu lia nos
jornais. A família que era dona da metade
de
Roxburg
vivia
numa
propriedade
milionária,
no
subúrbio
super-rico
de Serendipity Bend. Eles inclusive eram os donos do prédio
onde eu trabalhava.
"Sophie, gostaria de te convidar para sair para tomarmos
um drinque. Ou para
jantar. Podemos marcar? Estou livre hoje à noite."
"Obrigada pelo convite." Eu limpei minha garganta. "Eu
aceito."
Silêncio.
"Hum, o emprego," esclareci. "Para ser sua noiva para
impressionar o seu cliente.
“Sim. O trabalho. Certo."
Eu pressionei meus dedos contra minhas têmporas. Eu
esperava que essa conversa fosse ser
constrangedora, mas não esperava que ele tivesse se
esquecido de ter me oferecido o trabalho. A
oferta não tinha saído da minha cabeça desde que ele a
tinha feito, era difícil imaginar que ela não
era tão importante para ele. "O trabalho ainda está
disponível ou você encontrou outra pessoa? Se for
isso, tudo bem, eu vou apenas —"
"Não! Não encontrei ninguém. A oferta ainda está na mesa
e eu adoraria que você a aceitasse.
Você é perfeita."
"Então..."
"Podemos discutir os detalhes no jantar esta noite? Seria
melhor do que falar ao telefone."
"Claro. Hoje à noite." Eu lambi meus lábios que de repente
ficaram secos. Não importava
onde ele sugerisse, seria um lugar muito grã-fino e eu não
teria nada adequado para vestir. "Onde?"
"Kavanagh Corporation comprou um restaurante novo que
abriu na Rua Gilbert. Vai ser um
jantar informal, então não tem necessidade de você se
produzir muito."
Eu consegui respirar. Eu podia comparecer a um jantar
informal.
"Você vai ter oportunidades suficientes para se vestir a
rigor, quando estivermos noivos,"
ele disse com uma risada. "Modo de falar."
Eu ri também apesar de estar passando mal por dentro. Eu
me sentia numa montanha-
russa, meu estômago subia e descia, minha cabeça estava
tonta. "Qual é o endereço?"
"Rua Gilbert nº 5. O restaurante chama-se The Servery e eu
vou fazer a reserva para as sete
horas. Eu vou pegar você em casa."
"Não. Tudo bem. Obrigada, mas vou te encontrar lá."
"Claro. Vai ser muito bom te ver de novo." A voz dele baixou
para um murmúrio suave. "Eu
estava
mesmo
querendo
te
ligar
pedir
desculpas
pela
maneira
como fui embora àquela noite. Agora vou fazê-lo
pessoalmente."
Ele desligou. Eu olhei para as árvores no parque, vendo-as
pela primeira vez. Eu amava esse
parque, muitas vezes ia até lá quando o dia estava
agradável, depois de trabalhar no café. No outono
as cores vermelhas ferrugem das folhas eram
reconfortantes, sempre acalmando o meu estresse. Eu
respirei e respirei novamente, repetindo a conversa na
minha cabeça. Ash tinha soado tão nervoso
quanto eu? Mas isso não era possível. Caras como ele não
ficam nervosos quando falam com garotas
como eu.
Pelo menos essa primeira conversa tinha terminado. Agora,
o que eu tinha que fazer era jantar
com ele e estabelecer algumas regras para esta farsa.
***
Podia ser apenas um jantar casual, mas demorei duas horas
para me preparar. Meu guarda-roupa
era limitado, mas eu experimentei tudo o que tinha nele,
duas vezes, antes de ficar satisfeita com uma
calça preta, um top verde, casaco branco e salto alto. Meu
cabelo era outra história. Depois de
amarrar as tranças pretas em estilos diferentes, eu os deixei
cair solto no meu ombro. Fiquei
aliviada quando cheguei ao The Servery e vi que estava
usando o tipo de roupa correto para o local.
Eu me encaixava no lugar... até que a recepcionista
percebeu que eu estava com Ash.
Ela me recebeu como se eu fosse uma rainha e me mostrou
a mesa onde Ash estava sentado me
esperando. Felizmente ela nos deixou em paz, mas acho
que foi porque Ash deu-lhe um olhar firme
quando ela lhe entregou a carta de vinhos.
Ele colocou o cardápio em cima da mesa e me deu um
sorriso. "Você me parece bem, Sophie.
Ótimo. Obrigado por ter vindo." Ele franziu a testa, mas seu
sorriso permanecia no rosto.
"Você também está muito bem."
E realmente ele parecia muito bem. Ele estava vestido
casualmente com jeans e uma
camisa preta com as mangas arregaçadas até os cotovelos,
um caro relógio de ouro no pulso. Seus
antebraços estavam bronzeados, os músculos neles maiores
do que eu esperava. Eu me perguntei
se isso era por causa do surf. Uma vez ele me disse que ele
e seus irmãos surfavam toda semana.
"Este é um lugar agradável. Sua empresa sempre investe
em restaurantes?" Ugh. Eu parecia uma
repórter tentando preencher uma coluna disponível no
jornal.
"Não, mas este é administrado por um amigo."
"Que bom que você pode fazer coisas assim para os seus
amigos."
"É" ele disse, com cautela. "Caso contrário, a vida não vale
à pena?"
Somente alguém que nunca passou por dificuldades
financeiras diria isso. "Acho que sim."
"Vinho?"
"Claro. Você escolhe."
Ele chamou a garçonete e pediu uma garrafa de vinho tinto
sem olhar para a carta de vinhos.
Quando ela se foi, ele fixou seu olhar azul intenso em mim.
"Olha, Sophie, quero me desculpar pela forma como fui
embora àquela noite."
"Você já o fez quando nos falamos ao telefone."
Ele balançou a cabeça. "Não foi suficiente. Eu queria dizer
olhando nos seus olhos." Seus
dedos acariciaram o garfo. "Eu devia ter te ligado no dia
seguinte."
"Você não tinha o meu número."
Um lado da boca dele se atrapalhou num sorriso. "Tenho
vergonha de pensar como deve ter
parecido para você. Não sabia na época que minha oferta
podia parecer como..." Ele limpou a
garganta. "Você sabe."
"Tudo bem," eu disse, dando de ombros. A verdade era que
eu estava com vergonha de ter tido
uma conclusão que não tinha passado na cabeça dele.
"Talvez eu tenha exagerado. Liam disse-me
que você não é grosseiro. Vamos esquecer isso, está bem?"
Ele parecia aliviado. "Então porque você mudou de idéia?"
Nosso vinho chegou. Eu observei atentamente a garçonete
enquanto ela servia uma
pequena quantidade na taça de Ash e aguardava sua
aprovação. Em seguida ela encheu as duas taças
deixando a garrafa sobre a mesa. Quando ela saiu, eu decidi
que não queria que Ash soubesse que
tinha perdido meus dois trabalhos. Eu tinha feito um baita
estardalhaço sobre ele me oferecer
dinheiro para ser sua noiva, não podia dizer-lhe que era por
essa razão que eu tinha mudado a
minha decisão. Ele pensaria que eu era uma hipócrita. E ele
estaria certo.
O fato é que eu precisava do dinheiro. Seria um ato de
equilíbrio, entre manter minha
dignidade e ele me pagar o suficiente para viver.
"Eu quero ganhar alguma experiência no mundo
empresarial." As palavras saíram sem eu
realmente pensar o que eu estava dizendo. "Eu pensei que
eu poderia fazer alguns contatos,
aprender algo sobre os grandes negócios... esse tipo de
coisa." Peguei minha taça e tomei um gole,
sem olhar para ele. Eu não podia. Certamente ele ia ver que
eu estava mentindo.
"Você está pensando em mudar de carreira?" ele perguntou,
também pegando sua taça.
"Vou estudar contabilidade, assim que eu poupar o
suficiente para as aulas da faculdade." Pronto.
Consegui falar. Não podia voltar atrás. Foi como liberar um
animal em cativeiro na selva —
não sabia o que aconteceria depois, ou se era a coisa certa
a fazer, mas era tarde demais para mudar
de idéia.
Eu arrisquei um olhar para ele. Ele sorriu de volta. "Estou
feliz por poder ajudá-la na sua nova
carreira." Ele levantou sua taça. "Vamos brindar a
faculdade."
Nós brindamos com as nossas taças e bebemos o vinho.
"Deve ser difícil poupar o suficiente," ele disse. "Não
consigo imaginar você recebendo um bom
salário no The Saloon."
"Além do o segundo trabalho, que também não paga bem."
"Então estou feliz que você tenha conseguido tirar umas
férias. Planejo fazer isso valer à
pena." Ele deu um sorriso enorme para mim e foi fácil
esquecer que nós não estávamos em um
encontro, e que ele era um Kavanagh.
Mantenha seus pensamentos firmes, Soph, e não estrague
nada. Especialmente a sua vida.
Olhamos o cardápio e fizemos o pedido, quando a garçonete
voltou. A princípio achei que ela
estava escrevendo o pedido de Ash, mas depois que ele
terminou, ela não se voltou para mim para
saber o que eu queria. Ela se arrumou para que Ash tivesse
uma bela vista da sua bunda e do seu
rosto. Ele pareceu não ter notado, mas ficou claro para mim
que ela estava tentando chamar a atenção
dele. Ficou ainda mais claro para mim quando ela sorriu
para ele antes de sair e não sorriu para
mim. Eu acho que ser um Kavanagh e ser bonito era uma
das vantagens da vida.
"Então vamos falar de negócios," disse Ash. Ele me deu sua
total atenção, algo que tinha me
enervado quando nos conhecemos, mas eu estava ficando
acostumada. "Quanto você recebe no
The Saloon?"
Eu lhe disse.
"Eu dobro este valor."
Minhas sobrancelhas quase se soltaram da minha testa.
"Por quê?"
"Porque ser minha noiva não vai ser fácil. Nós vamos ter
que entreter o meu cliente e ele não é
um cara divertido. Na verdade, sua cultura e status o fazem
muito conservador."
"Posso ser conservadora. Meu guarda-roupa é conservador
de qualquer maneira."
"Esqueça o que você já possui. Eu vou te levar às compras e
você vai ter um guarda-roupa
totalmente novo."
"Minhas roupas não são boas o suficiente para o seu
cliente? Ou para você?"
Ele segurou suas mãos, na defensiva. "Não! Não é isso que
eu estou falando. Meu Deus."
Ele estremeceu. "Eu fiz de novo, não fiz?"
Eu ri. O pobre homem parecia genuinamente preocupado
que ele tivesse me ofendido. "Tudo
bem, eu estava brincando. Eu vou ser totalmente guiada por
você, se é o que você quer. Ele é seu
cliente e este é o seu arranjo. Acho apenas estranho você
me pagar e me comprar roupas novas.
É mais do que eu esperava. Obrigada."
"Você não precisa me agradecer.
"Quando você quer começar?"
"Amanhã. Eu vou levá-lo para jantar amanhã à noite."
"Você pode limpar sua agenda tão rapidamente para fazer
compras?"
"Minha P.A. vai cuidar disso. Não há nada urgente na minha
agenda."
"Então me fale sobre o seu cliente. Qual é o nome dele?"
"Sheik El Habib."
Um sheik! Não me admirava que ele quisesse que eu usasse
roupas adequadas — e mais caras,
sem dúvida. Minhas roupas de brechó seriam uma
vergonha. Ash começou a me contar sobre
o acordo que eles estavam tentando fechar, e por que ele
era importante para a sua companhia. Para
minha surpresa, eu entendi tudo. Ele era bom para explicar
seus negócios porque ele era paciente e
usava palavras que qualquer pessoa conseguia entender.
"Então você é o chefe da Kavanagh Corporation, certo? O
CEO (Chief Executive Officer –
Diretor Presidente)?"
"Mais ou menos." Quando minha sobrancelha levantou, ele
disse, "alguns dos nossos associados
mais velhos preferem lidar com meu pai. Ele ainda não
conseguiu se aposentar totalmente. Problemas
de controle," ele acrescentou com um sorriso. "O papai
tinha todo o controle quando ele era o chefe
da KC e não mandava nada lá em casa. Agora, ele ainda não
manda em casa, e manda muito
pouco na KC. Minha mãe às vezes pode ser um dragão, mas
não lhe diga que eu falei isso."
Eu sentei na minha cadeira e simulei uma risada. Mas a
verdade era que ele estava se movendo
rápido demais. Quando eu poderia contar à mãe dele que
ele tinha me dito isso? Certamente ele não
estava planejando meu encontro com os pais dele. A
menção de seu pai também fez minha cabeça
girar. O Kavanagh Senior foi quem despediu o meu pai. Era
difícil não ter ressentimento por sua
ação precipitada e sem coração, mesmo que eu nunca o
tenha conhecido. Rezei para que eu nunca o
conhecesse. Era mais fácil não gostar de uma pessoa à
distância.
"Deve ser difícil ocupar o lugar do seu pai," eu disse, mais
para preencher o período de calmaria
na conversa sem ter qualquer interesse na sua resposta
Ele deu um suspiro. "Nem sempre foi fácil. As pessoas
esperam que eu seja como ele, e embora
eu seja em alguns aspectos, nós somos muito diferentes em
outros. Meu pai é extremamente
competente, mantendo a calma sob pressão. Espero que eu
seja metade da pessoa que ele é." Ele fez
uma careta. "Sinto muito. Não quero soar como se eu
estivesse me lamentando."
"Você não está."
"Eu sei que tenho sorte, e agradeço tudo o que eu recebi na
vida."
"Talvez nós devêssemos nos conhecer melhor para fazermos
isso direito," eu disse. "Um casal
de noivos deve saber tudo um do outro. Eu já sei um pouco
sobre você, mas gostaria de saber mais.
Qual é sua comida favorita?"
"Nenhuma em particular, minha mãe não sabe cozinhar."
Eu ri. "Pode ser mais específico?"
Ele torceu a boca para o lado. "Bife mal passado."
"Oh, certo."
"Estava esperando que eu dissesse caviar?" O brilho nos
olhos dele se suavizou com a acusação,
mas eu me senti um pouco mal por estereotipar as pessoas.
"Foie gras." O que quer que isso fosse. "Bebida preferida?"
"Café pela manhã, forte e preto, cerveja à noite, e uísque
com gelo bem tarde da noite."
Eu me inclinei e brinquei com o meu copo de vinho. "Lugar
favorito?"
"Os Alpes Suíços.”
Eu senti meus olhos aumentarem e ele riu.
"Estou brincando. Só estive nos Alpes uma vez. Eu não sou
muito bom no esqui. Eu prefiro surfar
com meus irmãos. Sobre meu lugar favorito, eu teria que
dizer qualquer lugar que não tenha conexão
de internet."
"Você acha difícil se desligar do trabalho?"
"Acho mais impossível do que difícil. Minha P.A. é
incrivelmente eficiente, o que eu
não achava ser um problema até que um dia eu não quis
ser encontrado."
"Por que você não quis ser encontrado?"
"Na época eu estava tendo um dia romântico com a minha
namorada."
De repente não sabia para onde olhar. Eu não tinha certeza
porque eu me sentia tão estranha.
Claro que um cara como o Ash tinha que ter uma ex. Ele
provavelmente tinha dezenas. E não havia
nenhuma razão por que ele não deveria mencioná-las para
mim.
Ele pegou seu copo e tomou um longo gole de vinho.
"Então, hum, você é uma pessoa que gosta de cão ou de
gato?" Eu continuei.
"Tanto faz, eu acho, mas no momento eu tenho peixes. Não
tenho tempo para animais de
estimação mais exigentes. Você?"
"Eu gosto de todos os animais, mas não tenho nenhum
animal de estimação. Não seria justo
mantê-los dentro do meu minúsculo apartamento."
"Você mora sozinha?"
"Com meu pai. Ele se mudou há alguns anos e nunca mais
foi embora."
"É bom você ter alguém por perto com quem você possa
contar," ele disse. "Às vezes sinto
falta de não ter pessoas ao meu redor. Pode ser muito
solitário ir para casa, para um apartamento
vazio."
Para mim soou como o céu. Algumas noites eu mataria para
ter alguma paz e sossego, em vez
de ter meu pai roncando no meu sofá, acumulando uma
montanha de latas de cerveja.
"Talvez você devesse pensar em ter um gato," eu disse. "Ou
um cão pequeno. Você pode receber
uma saudação amigável de um animal de estimação canino
ou felino, mas não de um peixe."
"Verdade. Embora eu prefira uma saudação humana." Seus
olhos brilharam tão azuis que chegava
a ser hipnotizante. Não pude deixar de sorrir junto com ele.
"Você não consideraria viver com um dos teus irmãos, ou se
mudar para a casa dos seus pais?"
Ele fez uma careta. "Meus pais me deixariam louco, mas eu
sempre os visito. Meus dois
irmãos mais velhos vivem com suas parceiras. Meus dois
irmãos mais novos ficam em casa muito
menos tempo do que eu, por isso seria mais solitário viver
com eles. Vivi com a minha ex durante
um mês antes que decidíssemos que não estava dando
certo." Ele disse isso com tanta naturalidade,
como se fosse apenas algo que tinha acontecido e não pôde
ser evitado. Não havia nenhum
arrependimento, ou olhos tristes, nada. Ele estava tão certo
sobre o que tinha acontecido que chegava
a ser meio assustador. "Então, não há nenhuma namorado,
que eu tenha que me preocupar?"
ele continuou.
"Não. Liam foi o último cara que eu namorei."
E terminou amigavelmente, certo?"
"Sim. Eu pensei que nós tínhamos lhe contado."
"Você contou, é só que... Acho que estou apenas checando
de novo. Não quero pisar em
ninguém, especialmente num amigo."
"Eu e o Liam definitivamente terminamos. Não se preocupe,
não haverá ninguém tentando
quebrar o seu nariz por ciúme. Embora eu tenha certeza
que você pudesse acabar com qualquer
pessoa." Novamente olhei para seus antebraços nus.
Ele riu suavemente. "Blake iria discordar de você."
"Ele é o irmão número dois, certo?"
"Muito bom. Não é fácil lembrar todos os Kavanaghs. Há
muitos de nós. Alguns diriam que têm
até demais."
'Alguns' deveria ser eu e meu pai.
As nossas refeições chegaram e conversamos amenidades
enquanto comíamos, falamos sobre
filmes, livros e assuntos atuais. Tínhamos mais em comum
do que eu esperava e por um tempo eu me
esqueci com quem eu estava falando. Ele era apenas Ash
novamente, ele não era Ash Kavanagh. Foi
agradável, amigável e não foi intimidante.
Quando ele me perfurou com aqueles olhos azuis intensos
dele, deixou de ser agradável para se
tornar elétrico. Era como se o restaurante tivesse ficado
escuro e só houvesse nós dois. Ninguém
mais existia. Eu não podia arrancar meus olhos dele e
parecia que ele não podia tirar seu olhar
de mim também. Ele estudava meu rosto como se ele
estivesse me vendo pela primeira vez. O calor
subiu pela minha garganta, pelas minhas bochechas, e
vibrou no meu couro cabeludo. Eu nunca me
senti mais bonita, mais interessante, do que naquele
momento.
Foi emocionante e irritante ao mesmo tempo. Foi quase
assustador porque eu não sabia como
reagir. Eu queria atravessar a mesa e acabar com a
distância entre nós, mas não queria me mover e
quebrar a conexão também.
Ele acariciou seu polegar lentamente sobre sua taça de
vinho. Eu queria sentir seus dedos
passeando pelo meu corpo, suas mãos quentes explorando-
o, gastando seu tempo para acalmar
meus nervos até que eu me contorcesse com o seu toque.
A chegada da garçonete quebrou o feitiço. Rapidamente
olhei para fora, enquanto ela recolhia
nossos pratos. Embora eu não estivesse olhando
diretamente para Ash, vi pelo canto do meu olho
que ele se recostou na cadeira dele, e eu o ouvi dar uma
respiração longa e profunda como se
ele apenas tivesse acabado de se lembrar que devia
respirar.
Depois de um momento ele se moveu na cadeira e limpou a
garganta. "O que ele está fazendo
aqui?"
Eu segui seu olhar para a porta onde um casal entrava. Ele
era alto e bronzeado com uma cara
tão impressionantemente bonita como a de Ash. Sua
companheira era tão alta quanto ele no seu salto
alto vermelho, e um vestido preto um pouco elegante
demais para um restaurante casual. Seu rabo de
cavalo preto lustroso, puxado para trás fazendo com que
suas maçãs do rosto ficassem proeminentes.
"Quem são eles?" eu perguntei.
"Meu irmão, Zac e sua mais recente namorada. Zoe ou Zara
ou Zena. Não me lembro."
"Eles namoram há muito tempo?”
"Um mês. Mais do que a maioria das namoradas do Zac."
Ash fez um sinal para o mais novo dos
Kavanagh e Zac veio na nossa direção, puxando uma
inexpressiva Zoe/Zara/Zena atrás dele. "Faça o
que quiser, mas não o encoraje."
Não poderia perguntar-lhe o que ele quis dizer por que os
dois Zs chegaram a nossa mesa.
Zac sorriu para o irmão e vi a semelhança da família em seu
sorriso e seus olhos azuis.
Ash disse "Oi" para a namorada de Zac. Ela acenou de volta,
em seguida olhou para os outros
fregueses do restaurante, me ignorando.
Ash me apresentou para Zac cujo sorriso se alargou. "Você
deve ser a garçonete," ele disse me
estendendo a mão. "Já ouvi muito sobre você."
Ash pigarreou. "Não muito."
Zac continuou sorrindo. "Então você é a noiva do Ash." Ele
piscou. "Estamos felizes que ele
finalmente decidiu se aquietar e com uma garota normal."
Normal. Garçonete. Era assim que Ash tinha me descrito
para sua família? Eles sabiam sobre
noivado
falso,
que
foi
um
alívio.
Mas
será
que
ele
tinha
que
me fazer ser tão apropriada quando eu não era?
"Esta é a Zoe."
Mas Zoe não estava ouvindo. Ela ainda estava olhando ao
redor do restaurante. A expressão dela
tinha mudado de branda para ligeiramente horrorizada, o
lábio em desdém.
"Zoe? Esta é a Sophie, noiva de Ash."
De repente, a inanimada Zoe se tornou positivamente viva.
Sua boca se abriu. Seus olhos
afiados me inspecionando da cabeça aos pés. Parecia que
ela não estava gostando do que via,
porque a expressão inanimada voltou. "Noiva? Por que não
nos conhecemos antes?
Você me disse que eu conhecia toda sua família."
Zac hesitou um momento antes de dizer, "ela é nova."
"Como nova?"
"Foi meio um romance repentino. Eles não namoram há
muito tempo."
"Mais tempo do que nós?"
"Eu, er, não sei." O sorriso do Zac desapareceu. Ele pediu
uma ajuda para seu irmão.
Ash pegou o copo dele e segurou no alto. "Saúde,
irmãozinho. Aproveite sua noite. Zoe,
certifique-se de experimentar o Servery Megaburger. É
delicioso".
Zoe o ignorou. Seus olhos foram diretos para a minha mão
esquerda. "Onde está o anel?"
Eu enrolei meus dedos. E agora, o que fazer?
"Não tivemos chance de comprar um ainda," Ash disse.
"Amanhã vamos às compras e com
certeza vamos comprar o anel, não é querida?" Ele chegou
do outro lado da mesa e colocou sua mão
por cima da minha. Seu polegar esfregando meus dedos
calmamente até que relaxei e soltei meus
dedos. Ele sorriu para mim. Eu sorri de volta.
"Eu estou ainda me acostumando com a idéia de ser noiva,"
eu disse para Zoe. "Como Ash disse,
tudo aconteceu muito rápido. Não tivemos tempo de
comprar um anel ainda."
Zoe me olhou como se eu fosse louca e virou-se para Zac. A
garçonete se aproximou e se
ofereceu para mostrar-lhes a mesa. Ash deu uma piscadela
para mim e disse para o irmão, "Falamos
mais tarde."
"Temos que comer aqui?" Eu ouvi Zoe dizer choramingando
enquanto eles se afastavam. "Não
é o tipo de lugar que frequento. É mais o dela." Ela
empurrou a cabeça em minha direção.
Vaca.
"Não sei o que ele vê nela," Ash disse com um suspiro e
agitando a cabeça.
"Ela é modelo"?
Ele assentiu. "E quer ser apresentadora de televisão."
"Então aí está sua resposta."
Ele franziu a testa.
Eu me abstive de dizer que ela parecia ainda mais bonita de
braço dado com Zac e era por isso
que eles estavam namorando. Não queria insultar Ash. Além
disso, eu poderia pensar em coisas mais
contundentes para lhe dizer sobre sua família, nenhuma
que envolvia Zac e sua namorada modelo.
Ash pagou a conta e saímos do restaurante. Eu comecei a
fantasiar em jogar acidentalmente vinho
em Zoe ao passar por sua mesa, mas isso não ia acontecer.
Ela nos deu um sorriso de má vontade
quando nos despedimos.
Ash me levou até o meu carro e combinamos de nos
encontrar pela manhã. Ele queria me
pegar, mas eu recusei. Quando eu estava prestes a entrar
no meu carro, ele me deu várias notas
de cinquenta dólares.
Olhei para o dinheiro. "Mas eu não fiz nada para merecer
ainda."
Ele riu. "Você tem muito que aprender sobre negócio, Soph.
Sempre pegue o pagamento
adiantado. Demonstra boa fé e é uma maneira de se
assegurar que ambas as partes estão dispostas a
se comprometer com o arranjo. Além disso, você ficou aqui
algumas horas esta noite e você teve o
desprazer de ter que conhecer Zoe." Ele dobrou as notas e
pegou a minha mão, deslizando as notas na
palma da minha mão. "Obrigado," ele disse baixinho. Adorei
esta noite."
Eu queria dizer-lhe que eu tinha me divertido muito, mas eu
não disse. Seu olhar estava muito
intenso, seu corpo muito perto, seu aroma muito inebriante.
Eu tinha medo que se eu dissesse como eu
tinha me divertido, abriria uma lata de vermes que não
podia ser fechada novamente.
Eu coloquei o dinheiro na minha bolsa e entrei no meu carro
antes que ele pudesse chegar mais
perto. "Até amanhã," ele disse alegremente pela janela. Eu
acenei enquanto ia embora, deixando-
o em pé no estacionamento, mãos nos bolsos, olhando eu
me afastar.
CAPÍTULO 4
"O que posso dizer?" Ash disse sentado na poltrona de
veludo vermelho, suas longas pernas
estendidas, tornozelos cruzados. Ele bateu em sua
bochecha com um dedo e considerou a roupa que
eu estava experimentando.
"Que pareço uma prostituta," eu terminei a frase para ele,
olhando meu reflexo no espelho.
Nós estávamos na sala privada de uma boutique em
Riverside Drive, a Rodeo Drive de
Roxburg. A assistente da loja enquanto se ocupava em nos
mostrar todas as roupas da loja jorrava
elogios para Ash, assegurando-lhe que ela conseguiria
qualquer coisa — tudo — o que ele quisesse.
Tive a impressão que ela não estava se referindo as roupas
uma vez que ela
mal olhava para mim. Ela começou a buscar roupas que
eram totalmente erradas para o meu tipo.
O ‘look’ de prostituta, uma micro-saia e um pequeno top
que não cobria nada, foi na verdade apenas
um passo para ela começar a mostrar vestidos duas vezes
maiores que o meu tamanho.
Eu estudei Ash que estava me estudando no reflexo do
espelho. Ele inclinou a cabeça para o
lado e seu olhar provocava fumaça quando ele viu o
comprimento da roupa. "Você parece...
perigosa."
"Perigosa não é apropriado para o seu cliente." Eu voltei
para o provador. "Não acho que vamos
encontrar alguma coisa aqui. Vamos tentar em outro lugar?"
Ouvi um suspiro fraco de algum lugar além da sala.
Suspeitei que a assistente estivesse prestes a
ter um ataque de nervos quando percebeu que Ash e sua
carteira estavam prestes a ir embora. A
próxima coisa que eu vi foi ela batendo na porta do
provador e anunciando que tinha mais roupas
para eu experimentar.
Essas eram muito mais adequadas. O olhar de Ash quase
lançava fogo com calor e
intensidade e eu me senti a vontade nas calças creme
elegantes com camisa preta e jaqueta creme. Eu
era definitivamente uma mulher que ficava melhor usando
calça do que saias ou vestidos, mas
também resolvi levar uma saia lápis elegante e um vestido
de cocktail. Com o cabelo, sapatos e
maquiagem adequados, eu poderia passar por uma mulher
sofisticada. Não manter a minha
boca fechada é que poderia se transformar num problema.
Meus tópicos de conversa eram limitados.
Se o sheik me envolvesse em uma conversa sobre viagens,
iatismo, ou negócios, eu ficaria
em apuros.
"Eu gostaria que nós não precisássemos comprar sapatos,"
Ash disse encarando meus pés
descalços, enquanto eu experimentava as roupas.
Eu tentei esconder meus pés e mordi meu lábio. O que
estava errado com meus pés?
"Eles são um pouco grandes, mas geralmente não tenho
dificuldade em encontrar sapatos que se
encaixem."
Ele riu. "Eu quis dizer que eles são muito bonitos. É uma
pena mantê-los escondidos em sapatos
desconfortáveis de saltos.”
Eu mexi os dedos dos pés. "Oh. Certo."
A assistente de loja riu um pouco alto, cobrindo os lábios
vermelho-sangue com a mão. Nós dois
olhamos fixamente para ela.
Eu corri para o provador e voltei a vestir as minhas roupas
normais. Eu lancei o vestido por cima
da porta da cabine, e ele foi levado embora. Quando eu saí,
Ash tinha pagado tudo e estava me
aguardando com as sacolas na mão. A assistente da loja
inclinou-se no balcão, seus seios mal se
contendo em sua camisa branca. Eu juro que ela tinha
desabotoado outro botão só para se mostrar um
pouco mais. Ash não parecia notar, ou talvez ele estivesse
apenas fingindo.
“Pronta?" ele perguntou, gesticulando para que eu andasse
na frente dele até a saída. "Há uma
loja de sapatos logo ali na esquina."
"Volte breve," a assistente disse enquanto saíamos.
Eu não precisava de uma percepção extra-sensorial para
saber que ela estava falando para Ash e
não para mim, mas de qualquer maneira dei-lhe um aceno.
"Tenha certeza de que vou dizer a todos
quão útil você foi," disse-lhe com um sorriso. "E como seu
gosto é... único."
O rosto dela mostrava sua arrogância. Foi impagável.
Ash levantou uma sobrancelha para mim quando como eu
passei por ele. Eu lhe dei um sorriso.
"Desculpe," eu murmurei. "Minha vadia interior não pôde se
controlar."
"Não se desculpe. A vadia interior dela merecia."
"Obrigada, Ash."
"Pelo quê?"
Por não mostrar nenhum interesse por ela. Por não comprar
nenhuma das roupas que ela achou que estavam boas para
mim. "Por me levar às compras. Não existem muitos
homens que ficariam
calmos fazendo compras durante toda a manhã sem se
queixar."
"Estou surpreso comigo mesmo. Não me lembro quando foi
a última vez que fui às compras, e
definitivamente não me lembro a última vez que eu gostei."
"Deixe-me adivinhar. Sua P.A. geralmente compra suas
roupas?"
Ele riu. "Estou tão estereotipado?"
"Não tanto quanto pensei que você estaria."
Seu rosto se suavizou e seus cílios pretos e longos pareciam
um leque sobre seus olhos.
"Deve ser a sua companhia. Você faz tudo ficar agradável,
Sophie.
Ah, inferno. Foi demais e muito, muito bom de ouvir. Eu
caminhei até seu carro estacionado nas
proximidades, e ele me seguiu. Ele jogou as compras na
parte detrás da Mercedes elegante junto
com as outras roupas que já tínhamos comprado. Em
seguida, fomos para a loja de sapatos e comprei
três pares de sapatos para diferentes trajes e ocasiões. Os
sapatos se juntaram as roupa na parte
de trás da Mercedes.
Ele fechou o porta-malas. "O que vamos fazer em seguida?
Almoço ou o anel?"
"Espere, o que é? Você quer me comprar um anel? Vai ser
um falso, certo?"
"Não." Ele encolheu os ombros. "Ele precisa ser autêntico.
Acho que o sheik saberá se ele é
verdadeiro ou falso."
"Mas vai custar uma verdadeira fortuna."
Ele ficou parado como se esperasse que eu falasse algo que
realmente importava. Como se
o custo não devesse ser levado em consideração. Acho que
para um Kavanagh, não era. Mas era para
mim, e um anel real era um pouco demais. Algumas roupas
eu podia aceitar como parte dos meus
honorários, mas não uma jóia.
"Você não vai comprar um anel para mim, Ash. Por uma
simples razão, se formos a um joalheiro,
a imprensa toda vai ficar sabendo."
"Eu não sou tão interessante como Reece, ou como meus
irmãos mais novos para ser uma matéria
de jornal."
"O noivado de um Kavanagh, de qualquer Kavanagh, é uma
boa matéria para as páginas de fofoca
de qualquer jornal.”
Ele ficou calado. Seus adoráveis cílios nem mesmo
vibravam. "Então?"
"Então, então você terá que enfrentar todas as perguntas
da imprensa depois do término do
nosso acordo. Vai ser confuso."
"Estou acostumado com confusões. Minha família é perita
em fazer confusões." Ele suspirou.
"Para o seu bem, vamos manter nosso noivado o mais
discreto possível. Nenhum joalheiro."
Eu estava prestes a dizer-lhe que isso não importava para
mim, mas eu não disse. Porque
importava. Eu não planejava dizer para os meus amigos
sobre o meu falso noivado, e certamente não
ia dizer ao meu pai. Enquanto meus amigos podiam manter
suas bocas fechadas, meu pai não
conseguiria. Ele iria chamar a imprensa e dizer-lhes como a
sua única filha o tinha traído e ficado
noiva de um de Kavanagh. Ou ele ia querer dinheiro em
troca de seu silêncio.
"Podemos dizer para o seu cliente que não tivemos tempo
para comprar um anel ainda," eu disse.
"Ou que ele está sendo confeccionado de acordo com os
seus desejos. Um diamante gigante que
vai pesar muito na sua mão." Seus olhos brilharam com
malícia: rosa, amarelo ou branco?
Eu sorri. "Os três."
"Agora sim é um anel de diamante, que a nossa amiga
assistente de loja poderia apreciar."
***
Pôr os pés no restaurante Kibuye era como entrar em outro
mundo. Plantas tropicais
exuberantes forneciam privacidade e um toque suave ao
contrário das superfícies de madeira polida,
aço inoxidável e vidro. Muito vidro. O restaurante ocupava o
último andar do edifício mais alto de
Roxburg e a vista fornecia trezentos e sessenta graus das
luzes da cidade abaixo. Era como flutuar
numa nuvem acima das estrelas.
Dentro do restaurante, as luzes estavam baixas, mas eu
ainda conseguia ver alguns clientes enquanto
nos levavam a nossa mesa. Eu reconheci um ator, uma
modelo e vários outros rostos famosos. Me
senti como a Cinderela quando foi ao baile, arrancada de
sua vida normal e empurrada
para uma vida extraordinária. Mas aposto que Cinderela não
se sentiu fora de lugar como eu. Na
frente do príncipe ela sem dúvida lidou com a situação sem
problemas. Eu estava paranóica achando
que eu podia fazer papel de boba com o sheik. Meus passos
estavam nervosos e
minha cabeça estava girando de ver tantas celebridades em
um só lugar.
"Relaxe, Sophie," sussurrou Ash. "Seja você mesma. Você
vai se sair bem. Você é ótima."
Sua confiança em mim teve o efeito oposto. Em vez de me
acalmar, minha pressão arterial subiu
até a estratosfera. Se eu dissesse algo errado, seria ruim
para Ash, e eu não queria que nada de ruim
acontecesse para ele. Eu podia não gostar da família
Kavanagh, mas eu gostava de Ash demais para
querer fazê-lo de tolo.
Ele pegou minha mão e seus dedos se fecharam em torno
dos meus. Ele deu um aperto suave na
minha mão, enviando arrepios pela minha coluna e fazendo
meu coração bater descontroladamente.
Ótimo, agora eu estava mais nervosa do que nunca.
Sheik El Habib se levantou quando nos aproximamos. Ele e
Ash apertaram as mãos, em seguida
Ash apresentou-me como sua noiva. O sheik curvou-se. Ele
não era o que eu esperava. Acho que isso
provava como eu era ignorante, porque eu pensei que ele
estaria usando uma túnica branca
e um pano na cabeça, talvez tivesse uma barba cheia. Mas
ele estava vestido com um terno assim
como Ash e não tinha barba. Sim, eu era uma idiota
ignorante.
"É um prazer conhecê-la, Miss Mason," o sheik disse com
uma voz doce. "Desde que o Sr.
Kavanagh mencionou sua noiva, eu quis conhecer a mulher
que finalmente conseguiu fisgá-lo." Ele
sorriu com seus dentes incrivelmente brancos.
Ash puxou uma cadeira para mim e eu me sentei. "É um
prazer conhecê-lo também." Pronto, foi
um bom começo. Agora era ficar calada e deixar Ash falar.
"Admito que fiquei surpreso com o seu noivado," o sheik
prosseguiu.
"Você não acha que alguém iria querer se casar comigo?"
Ash disse com uma risada.
O sheik riu também. "Nada disso. Não, não vi um anúncio."
O riso de Ash morreu. "Você lê os nossos jornais"
"É claro. Leio notícias do mundo todo no meu iPad, incluindo
as fofocas. Eu li sobre o noivado
de ambos os seus irmãos, mas não sobre o seu,
Sr.Kavanagh."
"Nós ainda não o anunciamos formalmente," Ash disse
rapidamente. "Estamos esperando o
anel ficar pronto antes de contar para o mundo."
Coloquei minha mão em cima da mesa para o sheik ver
meus dedos nus. Os anéis de ouro do
sheik brilharam quando ele apertou os dedos em cima da
mesa na frente dele. "Ah, sim, claro. As
damas gostam de desenhar essas coisas elas mesmas.
Tenho duas filhas casadas, Miss Mason,
e ambas são muito exigentes quando se trata de jóias".
Ele olhou para meus brincos de pérola, uma das poucas
coisas que minha mãe tinha me deixado e
eu tinha escondido do meu pai. Ele tinha vendido quase
todo o resto. Eu estava feliz de ter
decidido usá-los. Nada mais que eu possuía parecia
bastante elegante. Eu não usava nenhuma outra
jóia, nem mesmo um relógio, porque eu estava certa que
meus itens baratos mostrariam a minha
falta de dinheiro para este homem.
"Diga-me como vocês dois se conheceram, Miss Mason,"
disse o sheik. "Sr. Kavanagh me falou
muito pouco sobre vocês."
Graças a Deus tinha ensaiado nossa história no carro no
caminho para o restaurante. "Foi numa
festa," eu disse. "Na casa de um amigo meu que trabalha
para Ash."
"Toda a minha vida gira em torno de trabalho," Ash disse
com um suspiro teatral que fez o sheik
acenar concordando. "Até a minha vida privada."
Pedimos bebidas — não-alcoólicas, desde que a religião do
sheik proíbe álcool — e olhamos o
cardápio. Depois de fazer os nossos pedidos, os dois
homens começaram a conversar
sobre
negócios
mercado
global.
Eu
tentei
seguir,
mas
estava
fora
do meu alcance. Havia tantas palavras que eram
desconhecidas para mim. Quando a nossa refeição
chegou o tópico sobre assuntos que não eram sobre
trabalho voltou para que eu pudesse
me envolver na conversa.
Ou não. Meus medos provaram estar corretos quando eles
falaram sobre as cidades que ambos
conheciam. Depois de alguns minutos pude sentir Ash
percebendo a minha falta de contribuição. Ele
mudou o tema para esportes americanos, mas o interesse
desportivo do sheik se estendia apenas até o
clube de futebol europeu que ele era dono. Eu não sabia
nada sobre futebol.
Literatura também foi um fracasso. O sheik tinha lido
poucos livros da língua inglesa. Filmes foi
um pouco mais fácil, até que esgotamos todos os filmes que
assistimos. Infelizmente, discutir filmes
levou a conversa para o festival de cinema de Cannes e
para a própria cidade francesa. O sheik
tinha ancorado o iate dele lá muitas vezes, assim como Ash.
Ele admitiu isso olhando para mim com
um olhar que parecia quase como um pedido de desculpas.
Eu escutei a conversa tranquila deles até o final da noite
quando o sheik quis ir embora. Ele
levantou e se curvou sobre minha mão.
"Tenho certeza de que verei mais sobre você nas páginas de
fofoca, Miss Mason," ele disse com
um brilho em seus olhos dourados.
Eu quase engasguei e não consegui falar.
"Pretendemos manter segredo", Ash disse, colocando a mão
na minha cintura, o braço nas
minhas costas. Desta vez seu toque me acalmou o
suficiente para que eu pudesse me recuperar. "Os
jornais provavelmente não irão encontrar nada de
interessante para publicar. Nós quase não saíamos,
não é querida?"
"Somos pessoas muito chatas." Eu confirmei. Deus, eu
parecia um idiota novamente. Claramente,
eu era muito ruim para improvisar.
"Mas o casamento do seu irmão é em breve, não é?" o sheik
perguntou para Ash.
Ash não hesitou. "Claro que a Sophie vai estar lá."
"Espero que sim!" O sheik riu. "Eu quis dizer que os
fotógrafos também vão estar lá, certo?"
"Sim." Ash olhou para mim. "Nem o local nem a data são
um segredo. Os fotógrafos estarão
lá." Parecia que ele tinha acabado de perceber o problema
que os paparazzi poderiam nos causar.
Ash Kavanagh não poderia ir ao casamento do irmão sem
sua noiva. Embora esperássemos que a
imprensa não ficasse ciente do nosso compromisso, o sheik
prometeu me procurar nas fotos que sem
dúvida
apareceriam
nos
sites
de
fofoca
nos jornais no dia seguinte. Se eu não aparecesse no braço
de Ash, minha ausência seria notada.
Talvez o negócio já pudesse estar fechado quando o
casamento fosse realizado, e Ash poderia
dizer para o sheik que nosso noivado tinha acabado, caso o
assunto surgisse.
Após as despedidas eu e Ash nos sentamos novamente
após o sheik ter saído. Dois homens
que estavam sentados numa mesa próxima a nossa se
juntaram a ele. Seus seguranças.
"Você o deixou encantado," Ash disse sorrindo. "Eu sabia
que você conseguiria."
"Não acho encantado a palavra certa. Ele é um homem
muito educado." Muito educado para
mostrar que ele tinha ficado entediado com a minha
companhia.
"Não seja tão dura consigo mesma. Você foi perfeita." Ele
chamou o garçom. "Eu preciso
de um uísque. Você quer alguma coisa?"
Eu hesitei, em seguida, acenei com a cabeça. "Você pede
alguma coisa para mim."
Ash pensou e pediu um brandy. Eu nunca tinha bebido
brandy antes. "O sheik está
surpreendentemente bem informado sobre a vida privada
da sua família para alguém que não vive
neste país," eu disse.
"Pelo menos ele não mencionou meus irmãos mais novos e
suas façanhas."
"Oh? Eles têm algo a esconder?"
"Demais para contar," ele murmurou. "Especialmente
Damon. Mas não quero falar sobre meus
irmãos." Os olhos dele estavam presos aos meus. "Eu quero
falar sobre você."
Eu engoli. "E o nosso noivado," eu disse rapidamente. "Acho
que o sheik suspeitou de algo. Você
e eu nunca aparecemos juntos em público até agora."
"Isso pode ser facilmente corrigido. Você vai ao casamento
do meu irmão."
"Não posso!"
"Por que não?"
"É um assunto de família. Eu não sou da família."
"Eles não vão se importar."
"Mas eu me importo!" Mastiguei meu lábio. "E haverá
fotógrafos lá."
Ele sorriu. "Este é o ponto."
Para ele, sim, mas para mim significava explicar as
fotografias no dia seguinte para o meu pai e
para meus amigos. Não estava preparada para isso. Eu
nunca estaria.
Nossas bebidas chegaram e Ash passou os próximos quinze
minutos tentando me convencer que
seus pais e irmãos iriam gostar de ter sua falsa noiva no
casamento. Quando ele pagou a conta, eu
ainda não tinha certeza porque, mas eu tinha concordado
em ir. Quando saímos do restaurante, eu me
perguntei como ele tinha me convencido. Deve ter sido o
conhaque que mexeu com a minha
cabeça. Ela estava girando um pouco, e meu corpo estava
quente. Ou talvez pudesse ser por Ash
estar muito perto quando descemos no elevador. Eu sentia
sua presença sólida nas minhas costas,
sua
mão
descansando
levemente
no
meu quadril. Um gesto íntimo, apropriado para um casal de
noivos de verdade.
Em um momento de loucura, eu apoiei minha cabeça contra
seu ombro e inclinei-me contra seu
corpo. Os músculos de seu peito ficaram tensos, quando ele
foi pego de surpresa. Não sei o que
me
fez
fazer
isso.
Foi
provavelmente
combinação
do
álcool
o
dia incrível com tantas experiências esmagadoras
amontoados em poucas horas —
compras em Riverside Drive, minhas roupas novas, jantar
com dois dos homens mais
ricos do mundo, e a atenção de um cara gostoso, incrível. O
braço de Ash me embalava. Seu perfume
enchia o ambiente. Sua presença magnética me sugou para
o seu campo de força.
Ele acariciou meu braço com as pontas dos dedos,
levemente acariciando minha pele até que fui
inundada com arrepios por todo o meu corpo. Ele abaixou a
cabeça e suavemente
mordeu minha orelha com os lábios.
"Venha para minha casa comigo, Sophie".
Eu deveria dizer não. Eu deveria ir embora, manter nosso
arranjo puramente profissional. Eu
não devia encorajá-lo, ou a mim mesma. Mas eu era uma
grande tola, quando se tratava de caras
como Ash.
"Sim," Eu me ouvi dizendo. "Eu gostaria muito!
CAPÍTULO 5
Eu mal registrei o apartamento dele. Eu estava muito
concentrada no homem e não no imóvel.
Havia um segurança no térreo do edifício. Ash
cumprimentou-o com um amigável "Ei, George." Nós
entramos no elevador. O apartamento dele ficava num
andar bem alto. Havia uma porta, eu me
lembro. Ash não conseguiu abri-la rápido o suficiente. Mas
uma vez lá dentro, eu não notei nada a
não ser a cama. E eu a notei porque ele me levou para ela
no momento em que ele fechou a porta.
Eu poderia permanecer feliz em seus braços, mas ele me
colocou sobre o colchão macio e se afastou.
Cada movimento foi gentil, amoroso, como se ele estivesse
tomando cuidado para fazer tudo no
momento certo.
Parte de mim apreciava a gentileza, mas parte de mim
desejava que ele arrancasse minha roupa e
viesse para perto de mim. De repente eu não sabia o que
fazer. Tarde demais para voltar atrás agora
— e eu não queria — mas ele estava esperando que eu
assumisse a liderança? Caras legais sempre
esperavam isso. Mas Ash era o CEO de uma
megacorporação. Ele controlava milhares de
funcionários e bilhões de dólares. Com certeza ele iria
querer assumir o controle no quarto também.
"Importa-se eu acender a luz bem baixinho?" ele perguntou.
A voz dele tinha um tom
grave profundo que eu gostava. "Quero ver você."
"E eu quero ver você."
A luz se acendeu momentaneamente me cegando até que
ele a diminuiu. Eu o vi olhando para
mim. Os olhos dele tinham aquele olhar confuso e sem foco,
como se ele ainda não estivesse
bastante consciente de si mesmo. Era como se ele estivesse
totalmente imerso na cena. Comigo.
Meu vestido estava na altura das minhas coxas, e uma das
alças tinha caído do meu
ombro. O tecido de seda agarrava-se ao meu corpo e eu
desejei que eu não estivesse usando sutiã. Eu
queria sentir seu olhar quente nos meus seios.
Eu chutei meus sapatos e ele abriu a boca como se
estivesse prestes a protestar, mas calou-se
novamente. Talvez ele tivesse decidido que era cedo demais
me pedir para eu ficar com
meus sapatos de salto enquanto nós fazíamos amor.
Ele se aproximou da cama e sentou-se na borda perto do
meu quadril sem tirar os olhos de mim.
"Você é linda, Sophie. Muito linda."
Eu peguei a mão dele na minha... e senti o choque elétrico
entre nós. Ele deve ter sentido também
porque seus olhos se arregalaram. Ele não se afastou, mas
me permitiu guiar sua mão até o
meu estômago, depois sobre minhas costelas até os meus
seios. Seu polegar me acariciava através
do sutiã de renda, circulando o meu mamilo. Eu senti
cócegas, estava tão gostoso, uma combinação
enlouquecedora que me fez contorcer e sentir meu corpo
quente.
Escorreguei a outra alça do vestido para fora do meu ombro
e puxei o vestido para baixo para
revelar a parte superior do meu sutiã e parte dos meus
seios. Ele se inclinou e apertou os lábios
entre eles e gemeu baixinho de prazer.
"Esperei tanto tempo para fazer isso," ele murmurou contra
a minha pele. Seu beijo foi leve, seu
hálito quente e gostoso.
Eu arqueei as costas e estendi os braços para abrir meu
sutiã, mas ele pegou minha mão.
"Ainda não." Ele gentilmente puxou a renda para baixo,
revelando um pouco mais do meu seio o
que me fez sentir sexy, desejável.
Eu não tinha seios grandes, mas usar sutiã taça com arame
os empurrava para cima. Ele
continuou sua lenta descida até a borda roçando meus
mamilos. Eles apareceram como dois frutos
maduros e rapidamente se inflamaram sob seu olhar
intenso.
Os dedos dele acariciavam e esmiuçavam, sem tocar meus
mamilos, mas acariciando em torno
deles até que eles se tornaram dois pontos que doíam e
formigavam. Eu arqueei minhas costas
novamente, desta vez para me aproximar ainda mais de
suas mãos. Mas não foram suas mãos que
me consumiram, mas a sua boca. Ele chupava um mamilo,
acariciando-o com a língua, até que eu
tinha me tornado uma poça palpitante.
Eu tirei sua gravata e abri sua camisa, puxando-a para fora
de seu ombro. Os botões abertos
revelaram
seu
peito
macio.
Levantei
seu
rosto
para
o
meu
beijei.
Não foi um beijo delicado, doce. Eu estava muito excitada
para beijar com doçura. Foi um beijo
exigente e desesperado. Eu queria muito ele, e ele tinha
que saber que eu o queria,
De repente, ele parou de me beijar e se levantou. "Sem
vestido. Agora." Sua voz estava
rouca, pesada. Ele me ajudou a ficar de pé e abriu o meu
vestido. O tecido de seda caiu aos meus
pés, deixando-me só de calcinha e sutiã.
Ele deu um passo para trás, seu olhar quente sobre mim,
passeou da minha cabeça até os meus
pés e voltou. Havia admiração em seus olhos, mas desejo
também, e esse desejo dissolveu qualquer
ansiedade que eu sentia em estar nua em frente a este
homem. Não havia nada de julgamento da
maneira que ele olhava para mim.
Cheguei perto dele e tirei meu sutiã. Ele caiu no chão e tirei
minha calcinha também, chutando-
a. "Sua vez," eu disse.
Ele me deu um sorriso torto, e em seguida, tirou suas
roupas com pressa. Ficamos em
frente um ao outro, ambos nus, sem nos movermos. Seu
corpo era tão elegante e próximo a perfeição
como eu imaginava que seria. Ele era mais musculoso do
que um CEO tinha o direito de ser, seus
ombros e braços, com músculos perfeitos em todos os
lugares. Seu estômago era definido, e seu pau
era o tipo mais maravilhoso que podia existir e se erguia
duro, com orgulho.
"Vem cá," eu murmurei. "Me beije.”
Ele o fez. Desta vez, o beijo foi mais suave. A urgência foi
substituída por exploração, porque
nós
dois
queríamos
descobrir
tudo
sobre
outro.
Nossos
corpos
pressionados
juntos,
calor
desejo
nos
fundindo.
pau
dele
inchou contra meu estômago, duro e me querendo. Eu
abaixei a minha mão e o acariciei.
Ele gemeu bem baixinho. "Sophie," ele sussurrou contra
meus lábios. "Eu quero muito você.”
"Eu também te quero."
Ele me pegou e me colocou na cama outra vez. Ele voltou a
me beijar, mas não a minha boca.
Ele desceu em uma linha reta do meu queixo, pelos meus
seios, minhas costelas e meu estômago,
até a parte interna das minhas coxas, evitando a minha
vagina. Seus dedos acariciavam
meus quadris e minhas coxas, até que eu já não agüentava
mais esta ‘dança’
maluca.
Minhas
entranhas
estavam
tensas,
apertadas
como
uma
mola, implorando para ser desenrolada. Me lamba agora, já!
Então ele lambeu, e foi incrível. Meu corpo inteiro vibrou em
resposta. Levantei-me para tentar
trazê-lo para mais perto, sua língua mais funda. Ele se
sentiu obrigado. Ele sabia onde tocar-me
para me dar prazer e onde lamber para eu suspirar muitas
vezes o nome dele. Ele sabia como fazer
para eu ficar ainda mais excitada. Ele sabia que eu estava
aprovando totalmente suas manobras e
levou-me próxima a um orgasmo.
"Ash!" Eu falei ofegante, agarrando a colcha em meus
punhos enquanto um frio na barriga tomava
conta de meu corpo. Eu estava literalmente na beira de um
penhasco e me sentia muito bem.
Quando me recuperei, ele tinha se posicionado acima de
mim. Seus olhos estavam vidrados,
sua boca uma linha de tensão, tensa como se ele estivesse
segurando tudo o que ele tinha. Eu
embalava seu rosto em minhas mãos e sorri.
"Camisinha," eu sussurrei.
Ele assentiu com a cabeça e abriu a gaveta ao lado da
cama. Numa fração de segundos ele pegou
a camisinha, colocou e reposicionou-se acima de mim. Ele
lentamente colocou o pau dele dentro
de mim. Houve algum atrito e resistência que foi facilmente
superado. Eu arqueei meus joelhos e
empurrei meu corpo para cima. Ele entrou com mais força,
mais rápido e, em seguida, se virou
ficando de costas, me levando para cima dele.
Eu montei-o, cavalgando-o, saboreando cada pedacinho de
seu pau, cada vibração dos seus
cílios. Eu o beijei, e degustei sua boca e o abracei quando
ele gozou.
Ficamos deitados por vários momentos, ele ainda dentro de
mim. Sua respiração arrepiou meu
cabelo, seu coração bateu contra minha bochecha até seu
ritmo se estabilizar. Ele colocou
seus braços ao meu redor e apenas me abraçou. Foi
maravilhoso.
Eu não pensaria sobre as implicações disso. Ainda não. Hoje
à noite eu queria gostar de sua
companhia e da sensação de plenitude que foi fazer amor
com ele. Amanhã haveria consequências,
mas esta noite seria apenas prazer.
***
Acordei de manhã, meu corpo agarrado ao corpo de Ash,
minha cabeça no seu peito.
Seus braços ainda em volta de mim, como se ele não
quisesse me deixar ir embora. Fiquei
alguns minutos sem me mover, não querendo acordá-lo.
Gostei da maneira que o coração dele batia
num ritmo constante, sem problemas, e como senti seu
corpo relaxado e quente contra
minha pele. Gostei que não tivéssemos falado sobre o que
ontem à noite tinha significado para "nós".
Minha atitude de enterrar a cabeça-na-areia para esquecer
o perigo não durou. Ele acordou.
"Ei," ele murmurou, sua voz grave do sono. Ele beijou o topo
da minha cabeça, em seguida
colocou suas mãos no meu rosto, virando-me para olhar
para ele. Ele sorriu para mim com
preguiça e acariciou a minha bochecha. "Ontem à noite foi
incrível. Você quer ir para o terceiro
round ou quer tomar café da manhã?"
Sentei-me, puxando o lençol. Uma onda de confusão passou
pelo rosto dele, então seus lábios se
franziram e ele deixou suas mãos caírem na cama.
Eu desviei meu olhar, não querendo ver o olhar dele.
"Ontem à noite foi um erro, Ash. Não
deveríamos ter dormido juntos."
"Não concordo," ele disse numa voz firme. "Meu único
arrependimento é não termos feito antes."
Fechei os olhos. Isto não ia ser fácil. Parecia que ele
realmente gostava de mim. Agora. Mais
tarde, na luz fria da realidade, ele ia ver a verdade.
Se ao menos não doesse tanto falar o que eu tinha que
falar. Senti como se fosse bater-lhe
na cara. "Vamos manter o nosso arranjo," eu disse. "Não
mais isto." Indiquei a cama e sua nudez. Ele
não se preocupou em se cobrir. O bronzeado dourado da
sua pele era ainda mais bonito à luz do
dia. Eu engoli pesadamente e desviei o olhar.
Eu comecei a me levantar da cama, mas ele agarrou minha
mão. "Espere, Sophie. O que há
de errado?" O polegar suavemente acariciando meus dedos.
"Eu pensei que estávamos indo bem,
e não estou me referindo ao sexo. Quero dizer tudo. Gosto
muito de você e quero ver até
onde isso vai."
Eu sabia onde ele estava indo. Direto para o lixo como todos
os meus outros relacionamentos
com caras maravilhosos como ele. Ele só precisava
perguntar a Liam. Eu sempre arruinava o
relacionamento quando ele estava indo bem, mostrando-lhe
como a minha vida era realmente, e
então levando séculos para esquecê-lo, quando ele fosse
embora. Ele tinha quebrado o meu coração
e ele não ficou curado até Ash entrar em cena. De jeito
nenhum eu deixaria Ash quebrá-lo
novamente. Desta vez, seria ainda mais confuso e a minha
queda ainda mais profunda, e o pouso mais
difícil.
"Não é algo que eu possa mudar." Me levantei e saí da
cama. "Não somos
compatíveis, e é melhor não nos envolvermos."
"Tarde demais."
"Me desculpe, mas é o melhor que temos a fazer."
Ele não falou por um longo tempo, forçando-me a olhar para
ele. Seu maxilar era uma rocha
sólida, seu olhar direto e brutal. Ele era o implacável CEO e
não mais parecia o Ash suave que eu
conhecia. "Entendi," ele disse com uma voz mais controlada
do que eu jamais tinha ouvido. "Você
quer manter nosso relacionamento... profissional."
Soou tão mercenário quando ele disse, soou tão errado.
Ontem à noite teve tanta paixão e
emoção, nada foi distante e formal. "É realmente o melhor,"
ouvi-me repetir.
Ele saiu da cama e pegou meu vestido. Estendeu-me e eu
aceitei. Vesti-me rapidamente, sentindo-
me como uma puta barata.
Amarrei meus sapatos e peguei minha bolsa, mas não saí.
Eu odiava sair com uma nuvem escura
pairando entre nós. Mas ele não parecia estar com humor
para tentar esclarecer as coisas. "Você nunca mencionou se
haveria
outras festas ou jantares com o Sheik para eu comparecer.”
"Quer saber se ainda preciso de você?" ele perguntou.
"Sim."
Vários minutos se passaram antes de ele colocar as mãos
na cintura e abaixar a cabeça. "O
casamento do meu irmão é este fim de semana. Eu quero
você lá caso haja fotógrafos."
Ele ainda queria que eu fosse ao casamento? Ele estava
louco? Sua família estaria lá. Pareceu-me
uma forma muita extrema para convencer o sheik. Então,
realmente, o negócio que envolvia as
duas empresas era enorme. Um monte de dinheiro devia
estar envolvido. Sem dúvida o resto dos
Kavanaghs acharia que o fim sempre justifica os meios.
"Você tem alguma coisa para vestir?" ele perguntou.
Olhei para meu vestido novo. Poderia usá-lo novamente,
exceto que o sheik poderia pensar
porque alguém com um noivo tão rico não estaria vestindo
algo diferente. Eu tinha um vestido
que podia ser apropriado. Era até o joelho com perolas na
cintura e um decote baixo. Só que era
vermelho, e eu me lembrava vagamente que vestido
vermelho para um casamento era uma gafe, algo
impensável. Ou era um mito? Diabo, eu não sabia.
"Eu vou mandar um vestido para sua casa," ele disse. "Ou
você prefere que eu mande para
o bar?"
Ele me pegou de surpresa. Não esperava que ele fosse se
oferecer para me comprar mais roupas.
"No bar não," disse para ele. Ele não podia descobrir que eu
estava sem emprego. Só me faria
sentir mais desesperada. Já estava me sentindo como uma
puta esta manhã — não queria que
ele pensasse isso também.
"Qual é o seu endereço?"
Eu disse para ele, e foi só depois que eu pensei. Eu
esperava que ele não levasse o vestido
pessoalmente.
"Vejo você sábado," eu disse, só para ter certeza.
Ele assentiu com a cabeça, em seguida, pegou a calça.
"Aqui." Ele sacou um maço de
dinheiro do bolso. "Por ontem à noite. Pelo jantar."
Peguei e coloquei na minha bolsa. "Obrigada pela grande
noite." Ugh. Acho que não é isso que
um amante diz para outro após um orgasmo maravilhoso. E
um amante não deve dar ao outro um
monte de dinheiro quando ela vai embora. Estava tudo
errado, sórdido. Mas precisava ser assim.
Saí antes de dizer qualquer outra coisa que eu pudesse me
arrepender, e antes que a expressão
dele se suavizasse. Foi difícil deixá-lo, vendo-o tão frio e
distante. Seria impossível ele ficar doce
de novo.
Um táxi esperava por mim quando eu cheguei na portaria.
Ash deve ter pedido ao porteiro para
chamar. Graças a Deus meu pai não estava em casa quando
cheguei. Eu me joguei numa cadeira
com um suspiro profundo e joguei minha bolsa na mesa da
cozinha. O dinheiro saiu e eu fiquei
olhando. Ele tinha me pagado em notas de cem dólares, e
não em notas de cinqüenta. Era muito
mais do que tínhamos combinado. Muito mais.
***
Ash não me procurou no dia seguinte, nem qualquer vestido
chegou na minha casa. Imaginava-
o fazendo compras sozinho na Riverside Drive, conversando
com as assistentes paqueradoras e
tentando descrever meu corpo para elas. Ou provavelmente
ele pediria para a P.A. ir na
loja para ele.
Admito que me senti deprimida. O tempo se arrastava. O
fim de semana parecia estar muito
longe. Gostaria de saber se eu tinha cometido um erro e
deveria ter incentivado Ash. Realmente
seria uma má idéia? Só porque tinha sido sempre ruim no
passado não queria dizer que seria ruim no
futuro.
Toda vez que eu começava a pensar assim, meu pai vinha
para casa bêbado, ou pior —
desesperado por dinheiro. Ele vivia reclamando como a vida
era injusta para ele, como ele nunca
conseguia ter uma pausa nos problemas por mais que ele
tentasse. Às vezes ele estava mal-
humorado e pouco comunicativo. Eu gostava dessas noites.
Eram noites tranquilas. Uma
vez, ele dormiu na porta da frente, tendo conseguido chegar
somente até as
escadas. Se a Sra. Jackson não tivesse me contado que ele
estava no corredor, eu poderia tê-
lo deixado lá a noite toda. Talvez tivesse sido melhor se eu
tivesse deixado.
Na quinta-feira à tarde foi diferente. Em vez de entrar
mancando ou rastejando pela porta da
frente, ele bateu a porta rapidamente e a trancou. Seus
olhos estavam enormes e vermelhos como se
ele estivesse totalmente desarmado, encarando o avanço
de um leão. Ele esfregou uma mão
sobre o queixo.
“Não responda," ele disse com a voz tremendo.
"Não responda o que?"
Como num passe de mágica, alguém bateu na porta. Meu
pai tropeçou para trás como se um
punho o tivesse atingido. "Ele está aqui."
"Quem?" Mas o pavor que enchia meu estômago me disse
quem. O Chefe. Ou se não fosse ele,
alguém como ele. Alguém a quem meu pai devesse
dinheiro.
Bateram novamente, desta vez com mais urgência. "Abra a
porta, Mason! Eu sei que você
está aí dentro." Eu reconheci a voz. Era o mesmo Golias da
última vez, o homem que trabalhava para
o Chefe.
Meu pai se apoiou em mim com tanta força que acabou
batendo na mesa da cozinha. Eu fiquei no
mesmo lugar, mas minhas pernas pareciam geléia. Meu
coração bateu. "Quanto?" Perguntei-lhe.
"Huh?" ele disse sem olhar para mim.
"Quanto você está devendo"
"Só uns 2 mil."
"Jesus, por que você pegou emprestado dele novamente?
Você sabia que não poderia pagá-lo."
"Eu pensei que agora você já teria um emprego."
"Bem não tenho. Mesmo que eu tivesse, não teríamos o
suficiente para pagar dois mil dólares." Eu
esfregava minha testa com meus dedos quando Golias
bateu na porta novamente.
"Eu vou contar até três, Mason, e então eu vou arrebentar
essa porta. Um!”
Papai olhou para mim. "Tem um plano, Soph?"
Dei-lhe um olhar fulminante. "Algo que envolva te expulsar
do meu apartamento e nunca mais
atender suas chamadas?"
"Ha ha." Ele pensou que eu não estava falando sério. Só
brincando com ele.
"Dois!" O bandido gritou.
"Abra," Eu disse ao meu pai. "Não podemos consertar a
porta, bem como não temos como pagá-
lo." Eu fui para o meu quarto.
"Três!"
" Espere!" Papai gritou. "Já vou, já vou. Fique calmo."
Encontrei o esconderijo do dinheiro que Ash tinha me dado
e folheei as notas. Mil dólares. Eu
esperava que o Chefe aceitasse parte do pagamento. Eu
tinha comprado comida no dia anterior então
pelo menos tínhamos o suficiente para comer durante uma
semana. Tudo o que eu tinha que fazer era
evitar que o meu pai comprasse cerveja e pedisse mais
dinheiro emprestado.
Eu fui para a sala de estar e entreguei o dinheiro para o
bandido. "Isso é tudo o que eu
tenho. Pago o resto em breve.”
Ele me respondeu. "Você tem uma semana."
Eu engoli. "Mas você precisa dizer ao Chefe algo. Ele não
pode mais emprestar dinheiro para o
meu pai."
"Sophie!" Meu pai gritou. "Você não vai me dar ordens. Eu
sou seu pai."
Virei para ele e bati no seu peito com a minha mão. "Já
estou cheia. Você está me ouvindo?
Quando esta dívida for quitada, não darei nem mais um
dólar para você. Não me importo se o Chefe
enviar uma dúzia de homens para arrancar seus braços e
pernas. Se você sobreviver, já não será bem
vindo aqui. Eu não vou ser uma escrava de suas dívidas."
Os olhos do meu pai se arregalaram e ele me encarou, seu
rosto um pouco pálido. Ele me olhou como
se estivesse vendo um fantasma. Eu tinha esperança que
minhas palavras o fizessem sossegar.
O Golias dobrou o dinheiro e o colocou no bolso da sua
jaqueta. "Da próxima vez,
quero o resto. E se você não entregar..." Inclinou-se mais
para perto do meu pai e sussurrou algo no
ouvido dele, sem tirar o olhar de mim. Ele piscou e me deu
um sorriso que fez minhas entranhas se
agitarem.
Meu pai engoliu pesadamente e olhou para mim. Ele
assentiu rapidamente. "Diga ao Chefe que
ele vai ter a dívida paga na próxima semana. Eu prometo."
Foi o tom mais sério, sóbrio, que vi nele
há muito tempo. Se não tivesse vindo em resposta a
qualquer coisa bruta que o bandido tinha dito
sobre mim, eu teria ficado feliz. Eu fiquei preocupada
porque meu pai estava preocupado, e ele
conhecia o Chefe bem melhor do que eu.
O Golias saiu e meu pai bateu a porta. "Obrigado, Sophie.
Fico te devendo. Desta vez, não vou te
desapontar."
"Você não vai mencionar trabalho no clube de strip-tease do
Mick de novo, vai?"
Ele balançou a cabeça e sentou à mesa. Ele começou
folheando a seção de vagas de emprego do
jornal. "Eu fui até o clube. Você estava certa. As mulheres
que ficam atrás do bar estavam sem a parte
de cima do biquíni: topless. Minha filha é melhor do que
isso." Ele me deu um sorriso triste, em
seguida, olhou de volta para o jornal.
Eu pisquei os olhos, não tinha certeza se este era o meu pai
ou um impostor. A mudança
nele aconteceu muito de repente. Poderia ser possível o
Chefe ter finalmente o assustado?
Parecia algo tão improvável, no entanto, a prova estava
sentada à minha mesa, olhando para
os anúncios de emprego.
Sentei e li os anúncios com ele. Depois de quinze minutos,
tínhamos feito um círculo em
cinco anúncios. Era um milagre.
"De onde veio o dinheiro?" ele perguntou quando nos
recostamos na cadeira após olhar mais uma
vez para a lista. "Você conseguiu o trabalho?"
"Só uma coisa temporária."
"Onde?"
"Através de um amigo. Lembra do Liam?"
"Sim. Um cara legal. Você deveria ter ficado com ele,
especialmente se ele tem mil dólares para lhe
dar um salário antecipado."
Eu não me incomodei de corrigi-lo. Era melhor deixá-lo
pensar que foi Liam que tinha me dado
DADOS DE ODINRIGHT
Sobre a obra:
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seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer
conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos
acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da
obra, com o fim exclusivo de compra futura.
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aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo.
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dominio publico e propriedade intelectual de forma
totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a
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poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a
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um emprego e me pagava o salário adiantado.
"Eu vou pagar você de volta, Sophie. Sem mais
perturbações do Chefe. Eu prometo."
Eu beijei sua bochecha e fui colocar a chaleira no fogo. Eu
tentei não deixar minha esperança
aumentar, desde que esta era provavelmente outra
promessa vazia.
Outra batida na porta me fez dar um salto e meu pai pulou
da cadeira dele. Nossos olhares se
cruzaram.
"Talvez o Chefe ache que mil não é o suficiente." Mastiguei
meu lábio. "Talvez ele tenha voltado
para receber o resto."
"Você tem mais dinheiro?"
Eu balancei minha cabeça e fui abrir a porta.
Meu pai pôs o braço para fora e me parou. "Eu vou." Ele
abriu a gaveta e tirou uma faca
de cozinha.
"Pai, não! Coloca a faca de volta na gaveta."
Mas ele já estava abrindo a porta, a faca escondida nas
suas costas, as articulações da sua mão
brancas.
CAPÍTULO 6
"Entrega para Miss..." O entregador olhou para a etiqueta de
endereço. "Miss Mason." Ele
levantou suas sobrancelhas para o meu pai. "Ela mora
aqui?"
"Sim," eu disse. "Obrigada." Eu assinei o recibo e ele me
entregou uma caixa retangular e saiu.
Eu fui direto para o meu quarto e fechei a porta.
"Soph" ele me chamou. "O que é isso?"
"Um uniforme para o emprego temporário." Meu Deus, eu
estava ficando cada vez mais enrolada
nessa confusão.
Aparentemente isso o deixou satisfeito. Ouvi seus passos se
afastando e a cadeira da cozinha
raspando sobre o assoalho. Eu dei um longo suspiro e abri a
caixa. Uau. Não era apenas
um vestido era um modelo exclusivo de um costureiro
famoso, o tipo que você vê as atrizes usando
no tapete vermelho. Era sem alças e feito de um tecido
prateado que capturava a luz em seus fios. Era
longo, mas com o comprimento perfeito para mostrar os
sapatos de salto altos prata que estava
na
parte
inferior
da
caixa.
Eu
experimentei
me
apaixonei. Eu nunca tinha usado algo tão bem feito que se
encaixasse perfeitamente. Até
mesmo os sapatos eram do tamanho certo.
Ash sabia meu tamanho perfeitamente. Mesmo que ele
tivesse feito sua P. A. escolher o vestido e
sapatos, ele deve ter lhe dado minhas medidas. Isso era
impressionante para um homem. Um pequeno
bolo se formou em minha garganta, mas eu o engoli.
Sentimentalismo não era para mim. Eu não era
Cinderela. Era para Cinderela que as coisas aconteciam. De
certa forma, ela foi uma vítima.
Eu queria ser a garota que fazia as coisas acontecerem.
Aquela que salvava a si mesma.
Começaria por usar o dinheiro de Ash para me matricular na
faculdade como
sempre tive intenção — depois que pagasse o Chefe. Mas
primeiro, eu tinha o casamento de um
Kavanagh para agüentar.
***
O casamento de Reece Kavanagh e Cleo Denny aconteceu
nos jardins de veludo verde
da mansão de Serendipity Bend dos Kavanagh. Rosas
brancas e lírios se derramavam nos enormes
vasos colocados nos cantos e no altar onde o casal trocou
os as alianças. Nuvens de organza branca
escondiam os suportes de metal do jardim coberto onde os
convidados estavam sentados e me fez
sentir que eu estava sob um céu de nuvens branquinhas.
Havia menos convidados do que eu esperava
apenas uns cem, alguns dos quais eu conhecia. Ash tinha
enviado um carro para me buscar no meu
apartamento
eu
tinha
sido
conduzida
para
a
casa
onde
noivo
seus
irmãos
estavam
se
preparando.
Ash
me
encontrou
na
porta
da
frente e me apresentou à sua família antes de todos
voltarem para seus respectivos quartos para
terminar de se preparar. Foi muito formal, muito parecido
com negócios. Eu odiei. Ash não me olhou
nem uma vez, embora eu tenha pegado ele me olhando
quando ele pensou que eu estava distraída.
Durante meia hora eu fiquei sozinha com a equipe da festa
Eles estavam muito ocupados
para me dar atenção. Finalmente fui salva pela Zoe,
namorada do Zac. Trocamos gentilezas e ficamos
em silêncio. Eu teria tentado ter uma conversa se ela não
tivesse abertamente me escrutinado e logo
depois franzido seu nariz. Eu achei que foi um pouco de
inveja uma vez que o vestido que Ash tinha
comprado para mim era lindo.
Zoe eventualmente se afastou quando os convidados
começaram a chegar e eu descobri que
estava com saudades dela depois de ficar cinco minutos
sozinha. Esses cinco minutos pareceram
durar uma hora. Ninguém veio falar comigo. Todos pareciam
conhecer todo mundo.
Graças a Deus não tive que esperar muito tempo antes de
Ash e seus irmãos chegarem ao espaço para
convidados. Eram cinco homens muito bonitos. Mas era Ash
sozinho que exalava calma e
dignidade. Reece, o noivo era certamente impressionante
com um ar de autoridade que ele devia ter
por ser o mais velho, no entanto, era isso que o tornava
menos atraente para mim. Blake, o padrinho
era o maior, seus ombros pareciam montanhas. Ele parecia
um pouco mal-humorado enquanto
vasculhava a multidão, sua sobrancelha ficava com sulcos
cada vez mais profundos uma vez que
a pessoa que ele procurava não podia ser encontrada.
Quando uma ruiva bonita entrou apressada no
local, ele finalmente sorriu. Ela beijou-o, em seguida deu um
beijinho em cada um dos seus irmãos,
antes de sentar-se com o Sr. e a Sra. Kavanagh. O quarto
irmão Kavanagh, Zac, era o mesmo cara
charmoso que eu tinha encontrado no The Servery. A
maioria dos olhares femininos estava nele, mas
achei-o muito amigável. Ele era o último da linha no altar,
cumprimentando tantos
convidados quanto podia antes de Blake agarrar seu
cotovelo e levá-lo para frente. O único
convidado feminino que Zac não saudou com entusiasmo foi
sua própria acompanhante, Zoe. Ela
estava sentada com uma pose de manequim com seus
lábios carnudos e braços cruzados.
O último irmão, Damon, parecia que estava passeando até o
altar. Sombras se escondiam nos
seus profundos olhos azuis e sua boca estava apertada,
soturna. Ele não olhava para ninguém.
Contra a tradição, a noiva estava na hora. Ela não era o que
eu esperava. Acho que eu esperava
um clone de Zoe, alguém com aparência de modelo e um
rosto que poderia decorar telas de TV. Cleo
era muito bonita, mas ela não tinha a perfeição glamorosa
de Zoe. Ela era real, e ela estava radiante
olhando para o seu futuro marido. Reece só tinha olhos para
ela, e eu admito que achei a afeição
dele por ela tão linda que meus olhos se encheram de
lágrimas
A cerimônia foi simples e rápida. Depois disso, tive que
suportar mais tédio com a festa de
casamento enquanto a família se dirigiu para fazer as
fotografias oficiais nos jardins. Eu me divertia
contando o número de mulheres que usavam jóias de
diamante, safira, ou esmeraldas — dezoito,
quatorze e seis respectivamente, e outras com uma
combinação de duas pedras preciosas ou
pérolas. Eu estava tentando pensar em outra maneira de
preencher o tempo quando a ruiva veio até
mim.
"Você é Sophie, não é?" ela disse, sorrindo.
Balancei a cabeça. "Vim com Ash."
"Eu sei. Ele me disse para encontrá-la. Vamos lá." Ela pegou
minha mão e não me deu nenhuma
chance de perguntar-lhe onde estávamos indo. "Eu sou
Cassie, a noiva de Blake."
"Muito prazer."
Ela me levou para longe do jardim coberto, por um caminho
pavimentado entre duas sebes e em
direção a uma cerca mais alta. Senti-me como Alice no País
das Maravilhas, sendo levada pelo
Coelho Branco para uma terra estranha. Passamos por um
bonito jardim com um fluxo de luz fluindo
sobre uma cama de seixos. As fotos do casamento seriam
feias debaixo de um carvalho com um
banco de pedra na sua base. A noiva estava sentada, seu
noivo o lado dela e suas
madrinhas e padrinhos rodeando-os de ambos os lados. O
fotógrafo tirou várias fotos, em
seguida, o grupo se dispersou.
Ash acenou e se juntou a nós. "Estou contente da Cassie ter
te encontrado," Ash disse olhando
para mim. "Você ficou bem sozinha?"
"Fiquei."
"Eu odiei deixar você sozinha. Não é algo que eu
normalmente faria, mas não consegui escapar."
"Ash, eu disse que fiquei bem."
Ele limpou a garganta e olhou ao redor. Deus, isto era
estranho. "Obrigada pelo vestido," eu
disse, me agarrando a um tópico que não o ofendesse ou
causasse constrangimento.
"Eu sabia que lhe serviria quando eu o vi." Então ele tinha
comprado ele mesmo e não mandou
sua P.A. Um pequeno formigamento de alegria atravessou o
meu corpo. Seu olhar suavizou e ele me
deu um sorriso hesitante, como se tentasse que eu também
sorrisse. "Estou feliz porque você gostou."
"É um lindo vestido," Cassie disse. Eu tinha esquecido que
ela estava com a gente, porque eu estava
totalmente focada em Ash. "você está divina nele, Sophie.
Você tem um corpo incrível."
"Obrigada. Ash tem bom gosto."
Seus olhos brilharam com malícia. "Muito bom. Ele também
sabe o que quer e quando quer algo
ele faz qualquer coisa para obter, custe o que custar. É
típico da família Kavanagh."
Não acho que ela quis dizer para eu me lembrar de Ash e o
acordo, mas suas palavras me
perturbaram. O vestido e eu éramos apenas duas coisas
que Ash queria e ele comprou.
Eu deveria estar feliz porque ele me queria, mas eu não era
boba. Ele só me queria
para enganar o sheik e dormir com ele quando tivesse
vontade.
"Sophie será que podemos conversar?" ele perguntou.
Ele quase não conseguiu falar porque Blake se juntou a nós
e escorregou o braço em volta da
cintura da sua noiva. Ele esticou o dedo para tentar afrouxar
o colarinho. "Não sei como você
usa gravatas todos os dias para trabalhar, Ash. Sinto que
estou sufocando"
Ash piscou lentamente, mudando seu foco para seu irmão.
A seriedade em seus olhos
desapareceu, substituída por uma fagulha de humor. "Isso é
porque você tem um pescoço mais grosso
do que o meu."
Os olhos de Blake se estreitaram. "Ou talvez o seu seja
apenas delicado."
"Ignore-os," Cassie me disse com um sorriso. "Eles brigam o
tempo todo, mas isso não
significa nada."
Eu tentei sorrir, mas foi um sorriso forçado. Eu não estava
acostumada às brincadeiras de irmãos,
mas nem Ash nem Blake pareciam ofendidos, então eu
acreditei em Cassie.
Ash inclinou-se e baixou a voz. "Não olhe agora, mas ela
vem em nossa direção."
Eu queria virar e olhar, mas não queria ser apanhada por
quem ele se referia.
Blake suspirou. "Sem dúvida ela vai fazer com que a gente
tire mais fotos."
Só então sua mãe apareceu, posicionando-se entre seus
filhos. Já conhecia Ellen Kavanagh, mas a
apresentação tinha sido breve. Agora eu podia observá-la
plenamente e ela a mim. Eu tentei ser
discreta, mas ela não se incomodou de esconder sua
curiosidade. Seu olhar afiado se arremessou por
cima de mim e eu senti como se eu tivesse sido picada por
mil agulhas. Ela finalmente parou nos
brincos de pérola da minha mãe como se ela estivesse
calculando seu valor e pensando, como uma
garçonete humilde podia ter uma jóia como essa.
Ash abriu a boca para falar com ela, mas ela falou antes
dele. "Você está muito bonita,"
ela me disse, soando um pouco surpresa. Também fiquei
surpresa. Foi um elogio que eu não esperava
receber. Talvez minha avaliação inicial tenha sido feita
muito rapidamente. "Jóia simples combinam
com você."
Ou talvez não.
"Mamãe," Ash disse firmemente, "terminamos com as
fotos?"
"Eu me pareço com o fotógrafo para você?"
"Não, mas eu não espero que termine até você dizer a ele
que terminou."
Ela piscou em surpresa com sua resposta cáustica. "Você se
tornou bastante franco nestas
últimas semanas. E eu que pensava que você fosse o meu
filho mais fácil."
"Talvez eu não queira mais ser o mais fácil." Ele atirou um
olhar por cima do ombro para a
noiva e o noivo. "Eu estou pensando em pegar o manto de
Reece agora que ele se casou.
Talvez até eu faça uma tatuagem. Tenho certeza de que
Damon poderia me apresentar seu tatuador."
"Não se atreva! E se o sheik descobrir?"
"Não me importo se ele, você ou qualquer outra pessoa
descubra mãe. Vou fazer o que me der
vontade, pode ser uma tatuagem ou sair com quem eu
quiser."
"Se você não se importa, porque você precisava de uma
falsa noiva?"
Ash jogou a cabeça para trás. Ele não olhou para mim, mas
meu rosto ficou vermelho.
Ellen tinha um olhar triunfante no rosto, como se ela tivesse
ganhado um argumento. As palavras
dela pesavam fortemente no ar entre nós até que Ash
finalmente quebrou o silêncio.
"Posso não mais ser o filho mais fácil, mas eu sempre vou
ser seu favorito." Ele mostrou a ela um
sorriso vencedor, derretendo o gelo que tinha aparecido
sobre o nosso pequeno grupo. Eu gostaria
de saber qual seria sua resposta se eu não estivesse lá.
Blake limpou a garganta. "Vamos comer. Estou morrendo de
fome."
Zac se juntou a nós e pegou o meu braço antes de Ash.
Andamos atrás de Blake e Cassie enquanto
nos dirigimos para o jardim coberto. "Meu irmão está te
tratando bem?"
"Eu mal o vi," disse resistindo ao impulso de olhar por cima
do ombro para ver se Ash ouviu o
que eu tinha dito.
"Tenho certeza de que isso vai mudar, agora que as fotos
foram feitas." Ele inclinou a cabeça para
perto da minha. "Ele não tira os olhos de você."
Agora queria mesmo olhar por cima do meu ombro. "É o
vestido," eu disse automaticamente.
"Se é verdade, por que ele tem falado de você desde que a
conheceu?"
Meu passo vacilou e ele apertou meu braço, equilibrando-
me. Olhei para ele e ele
piscou de volta.
"Cuidado ao andar com esses sapatos," ele murmurou. "Eles
são assassinos." Para minha
surpresa, ele me deu um beijo na testa e saiu.
Fiquei olhando para ele até que Ash veio para o meu lado.
Ele olhava para seu irmão também. "O
que ele disse?"
"Nada!" Talvez eu tenha dito em uma voz muito alta, mas
não pude evitar. Eu ainda me sentia
um pouco abalada com o que Zac tinha dito. Ash não parou
de falar sobre mim para seus
irmãos, mas o que? Isso era bom ou ele teria me
humilhado? Ele disse que tínhamos dormido juntos?
Claramente
os
Kavanaghs
sabiam
sobre
nosso
acordo.
Era
menos
claro
que eles pensavam. Se eles pensavam que era estranho
que ele tivesse me escolhido ao invés de
alguém mais adequado, nenhum deles demonstrou.
Exceto Ellen. Era óbvio que ela não gostava de mim. Quem
poderia culpá-la?
Eu era uma estranha que tinha aparecido sem ser
convidada para o casamento do filho mais velho.
Após o sheik assinar os contratos, eu voltaria para a
obscuridade de novo. Ela sabia disso e não me
devia nenhum tratamento especial.
Passamos por um buraco nas sebes altas e logo Ash estava
me dirigindo através do labirinto.
Nós fizemos uma pausa enquanto a festa de casamento
continuava animada com muita conversa
e riso em desacordo com o meu próprio coração que não
parava de martelar.
"Preciso me desculpar pela outra noite," ele disse.
"Não, não. Você não fez nada errado."
Com os olhos arregalados ele me encarou. "Não?"
"Não é você, sou eu."
Seus lábios se fecharam. "É assim que sempre se termina
um relacionamento." Ele parecia amargo.
"Você tem que estar namorando para terminar."
Ele apertou meus ombros. Suas mãos aqueciam a minha
pele nua. "Fiz tudo errado, não foi?"
Ele estourou uma respiração. "Eu quero namorar você,
Sophie. Você quer sair comigo?"
Minha garganta inchou, meu peito se apertou. Por que ele
tinha que ser tão bom o tempo todo?
Por que ele precisava fazer tudo tão difícil para mim? Parte
de mim o odiava por me fazer me sentir
como uma puta. Mas mesmo esse sentimento desapareceu
rapidamente. Eu nunca poderia odiá-lo. Ele
era muito, muito maravilhoso.
Eu saí de perto dele. "Como eu disse na outra noite, é
melhor se mantivermos o arranjo
do jeito que está agora."
Seus olhos se tornaram cinza. Suas narinas se alargaram.
"Como um negócio," ele disse
categoricamente.
Eu me virei porque olhar pra ele me machucava demais.
Balancei a cabeça. "Não daria certo
entre nós, Ash, e eu prefiro ter você como amigo."
Ele bufou. "Sim, já ouvi isso antes também."
"É sério. Não quero perder sua amizade. Também significa
muito para mim. "Eu cruzei meus
braços e esfreguei as mãos ao longo deles, tentando
afugentar o frio repentino que tinha se
estabelecido em meus ossos. "Namorar você vai estragar
isso. Confie em mim, eu sei."
"Você não pode saber," ele falou entre dentes cerrados.
"Sim eu posso." Não queria catalogar todos os meus
relacionamentos que fracassaram então eu
deixei ficar assim mesmo. "Por favor, vamos ser amigos."
Ele caminhou, em seguida, voltou. Suas mãos estavam
apertadas e seu rosto parecia feito de
pedra. Nunca o tinha visto tão zangado. Eu não pensei que
alguma vez eu veria. "Você pode ser
capaz de ser minha amiga, mas eu não posso. Não quero
que sejamos amigos, Sophie." Parecia que
ele queria dizer outra coisa, mas ele fechou a boca e saiu de
perto de mim.
Lágrimas queimaram meus olhos. "Ash," eu sussurrei.
Pensei que não tivesse sido
suficientemente alto para ele ouvir, mas ele parou. Ele não
se virou. "Eu não vou suplicar por sua
amizade, mas vou pedi-la. Eu sei que não é muito, mas
amizade é tudo que posso te oferecer." Soou
patético e completamente inadequado. O sangue que corria
pelas minhas veias exigia que eu fizesse
mais, eu devia implorar o perdão dele, ou tentar tirar seu
mau humor com um beijo, e dizer
que eu dormiria com ele, seria sua namorada, qualquer
coisa que ele quisesse.
Mas era assim que eu costumava falar. Atualmente eu não
implorava e certamente não me atirava
para os homens. Eu queria ganhar o respeito de Ash, não
queria a piedade dele ou até mesmo
sua afeição. Desejo sem respeito não era uma base sólida
sobre a qual se pudesse construir qualquer
coisa. No final, seria eu quem iria se machucar novamente.
Olhando para seus punhos e a tensão em seus ombros, eu
quase quis ser a única a se machucar ao
invés dele. Eu odiava que minha rejeição o tivesse
machucado.
Mas era apenas temporário, lembrei-me. Nós não
deixaríamos o que aconteceu entre nós se
tornar uma lesão permanente.
Ele não falou, mas foi embora. Eu o segui e me sentei numa
mesa com Cassie, Zoe e algumas
outras pessoas que logo me esqueci quem eram logo depois
de terem sido apresentadas
para mim. Ash sentou-se com seus irmãos na mesa nupcial.
Eu não estava no clima para festas e a noite se arrastou.
Após os discursos terminarem,
Ash pairou nas proximidades, puxando-me muitas vezes em
suas conversas. Ele era todo sorrisos e
risos, o amigo perfeito e um cavalheiro. Mas eu o conhecia
bem o suficiente agora para saber que era
tudo falso. A dor nos olhos dele ainda estava lá. Ele não me
pediu para dançar e não falamos em
particular novamente. Tudo o que fizemos, fizemos pelo
bem de nosso público. Embora ele não
tivesse me apresentado como sua noiva, ficou claro que
estávamos namorando sério por causa da
minha presença em um casamento da família. Ou assim as
pessoas pensaram.
Durante o resto da noite, cada um de seus irmãos veio até
mim e me perguntou o que estava
errado com Ash. Até mesmo Reece. Fingi não saber. Todos
eles caminharam, franzindo a testa e
sacudindo a cabeça.
Somente no final da noite, depois dos noivos irem embora,
Ash falou comigo longe dos
outros. "Eu levo você em casa?"
Ele ainda não tinha visto o meu apartamento, e eu não
queria que ele visse. Nem eu queria que
meu pai olhasse pela janela e visse Ash, abrindo a porta do
carro para mim, como eu sabia que ele
faria. "Eu vou pegar um táxi."
“Há fotógrafos lá fora. Devemos deixá-los tirar nossa foto
juntos."
"Oh. Certo. É claro." Peguei seu braço e senti seus músculos
tensos.
Eu disse boa noite para os restantes Kavanaghs, terminando
com Ellen. Fingindo beijar
minha bochecha, ela sussurrou no meu ouvido, em vez
disso. "Não machuque meu filho."
Meus lábios se separaram e um pequeno chiado de ar
escapou. Ela se afastou com seu porte
ereto, como se ela não tivesse me dado uma ordem direta
com uma ameaça subjacente a ela.
Ash colocou a mão nas minhas costas e guiou-me para fora,
mas seu pai pediu para que
esperássemos. Harry Kavanagh era um homem bonito, com
cabelos grisalhos e características
agradáveis. Foi difícil conciliar este homem com quem tinha
despedido meu pai sem aviso. "Como
você disse que era o teu nome?"
"Sophie," eu disse.
"Qual é o seu sobrenome?" Havia uma rigidez na sua voz,
como se ele soubesse que eu
estava evitando responder. Lembrou-me Ash — suave e
gentil até que você fizesse algo que ele não
gostasse e aí sua atitude mudava.
"Mason." Eu me preparava para mais perguntas, mas
nenhuma veio. Os olhos de Harry cintilaram
sobre o meu rosto, e por um momento pensei que ele o
tinha reconhecido, mas em seguida ele recuou.
"Boa noite, Sophie. Espero que tenha se divertido."
"Obrigada, eu me diverti. Boa noite, Harry."
Ash e eu saíamos e uma explosão de flashes, brilhantes
como fogos de artifício, fotógrafos
tirando fotos do casal. Eu coloquei minha mão para proteger
meus olhos e Ash circulou o braço ao
redor dos meus ombros, como proteção como se fosse meu
guarda-costas. Me senti como
uma estrela do rock quando ele me empurrou para o seu
carro particular que o estava aguardando
nas proximidades.
“Quem é sua namorada, Sr. Kavanagh?" perguntou um dos
paparazzi.
Ash não respondeu.
"Vamos lá, Ash," disse outro. "Diga o nome dela. Precisamos
do nome para colocar
com as fotos."
Ainda assim Ash não respondeu enquanto entrava no carro
atrás de mim.
"Pense como vai ficar se ela não tiver seu nome incluído," o
mesmo fotógrafo persistiu. "Vai
fazê-la ser apenas mais uma namorada de uma noite de um
dos Kavanaghs, especialmente pela
maneira que você está tentando escondê-la de nós."
Ash colocou a mão para fora, antes de o motorista fechar a
porta. "É Sophie Mason."
"Há quanto tempo vocês namoram?" A questão foi abafada
pelo fechamento da porta. Os
flashes continuavam a disparar através do vidro escuro.
"Eles são persistentes," eu disse enquanto nós fugíamos.
"Me desculpe, Soph," ele disse com um suspiro profundo.
"Não é sua culpa, e não foi tão ruim." Só que agora eles
sabiam o meu nome. E amanhã sairia
nos jornais. Eu tinha que mantê-los longe do meu pai.
CAPÍTULO 7
“Espero que não tenha sido muito doloroso," Ash disse
enquanto passávamos pelas ruas elegantes
de Serendipity Bend. "Eu sei que minha família pode ser
arrogante às vezes. Especialmente
minha mãe."
"Há um monte deles." Eu não estava tecendo um
comentário sobre sua mãe. Suas
palavras de despedida ainda soavam nos meus ouvidos —
não machuque meu filho. "Todo mundo
me tratou muito bem."
Ash bateu em seu joelho e olhou pela janela. Uma grande
extensão de couro do assento do carro
nos separava. Muito grande. Depois de fazer amor com ele
na outra noite, parecia errado não ter
alguma intimidade entre nós. Silêncio pairava no ar
ameaçando nos puxar para ele.
O resgate veio na voz do motorista pelo alto-falante.
"Senhor, um dos fotógrafos está
nos seguindo. O que o senhor quer que eu faça?"
Ash olhou pela janela traseira. "Droga." Ele se virou para
mim. "É apenas um, mas ele vai
descobrir onde você mora, e não acho que é uma boa idéia
ele saber. Ele não vai te deixar em paz."
Eu mordia meu lábio inferior. Se o fotógrafo descobrisse que
meu pai tinha trabalhado na
Kavanagh Corporation... ele poderia desenterrar todos os
tipos de coisas. Coisas que eu queria
manter enterradas.
A mão de Ash cobriu a minha. Seu calor passou através da
minha pele, me reconfortando. "Quer
dar um passeio em vez de ir para casa?"
Eu concordei com a cabeça.
Ele apertou um botão no console central. "Continue
dirigindo até que eu fique entediado."
O carro acelerou, mas após dez minutos depois, o fotógrafo
ainda estava nos seguindo.
Conversamos sobre o casamento e a família dele. Ele falou
sobre seus irmãos com
entusiasmo
amor,
até
mesmo
sobre
selvagem
Damon,
eu
fiquei
com
inveja, apesar da minha convicção de não me envolver com
ele e sua vida. Ash
tinha um bom coração, e eu sabia que ele faria qualquer
coisa por sua família. Pensei sobre a
relação que eu tinha com meu pai. Ele era minha única
família, e ainda assim nós vivíamos as turras.
Os Kavanaghs não eram nada como eu esperava. Não, os
irmãos de qualquer forma. Ellen era
mais da maneira que eu imaginava a família, perfeita até a
unha do dedinho do pé e bruscamente
distante. Eu mal tinha falado com Harry, mas de acordo com
o meu pai, ele era totalmente eficiente
no que se relacionava a trabalho.
"Você acha que Zac vai continuar namorando Zoe?" eu
perguntei. Eu tinha achado seu irmão mais
novo interessante, com seu charme descontraído e a
namorada irritadiça. Eles não combinavam em
nada e eu esperava que ele encontrasse outra pessoa.
"Por quê?" Ash retrucou bruscamente.
Eu franzi a testa. "Só pensando. Ele é tão legal e ela é...
distante, diferente."
Só pude distinguir sua carranca através da luz que entrava
pela janela. "Não sabia que você
gostava dele."
"O que tem para não gostar? Ele é amigável e fácil de
conversar."
“Sim," ele disse silenciosamente. "Assim me disseram."
"Quem disse?"
"Todo mundo. Suas namoradas."
"Ele tem um monte delas?"
"Você está querendo adicionar seu número no celular dele?"
Ele falou casualmente, mas
a amargura estava lá presente como se talvez uma antiga
namorada tivesse se mudado para o
irmão mais jovem, mais encantador.
"Não!" Era tão ridículo que eu comecei a rir. "Zac não faz o
meu tipo."
Ele engoliu audivelmente. "Não acho que já ouvi alguém me
dizer isso antes."
"Tenho certeza de que nem toda mulher cai de amores a
seus pés. Algumas de nós são
imunes ao seu charme e simplesmente gostei de sua
companhia sem necessariamente querer subir na
cama dele."
"Estou feliz em ouvir isso." Seus olhos brilhantes e
entediados se focaram em mim. "Qual é o seu
tipo?"
Você. Eu me virei e olhei pela janela, mas as luzes da rua
tornaram-se turvas e não eu conseguia
ver nada. "Caras que no começo parecem ser maravilhosos,
mas são em última
análise ruins para mim."
Houve um longo silêncio, antes que ele dissesse, "Você teve
seu coração partido."
Eu queria dizer que tinha acontecido mais de uma vez, e
que eu tinha jurado nunca mais deixar
acontecer de novo, e não ser uma vítima de novo. "Não foi
culpa deles," eu me ouvi dizendo.
"Deve ter sido. Você não pode quebrar seu próprio coração."
Eu sorri para a sua lógica. "Eles eram caras legais. Você
conhece o Liam. Ele não machucaria
uma mosca."
Ouvi sua respiração, como se eu tivesse apertado uma
ferida dolorosa. "Você não era a mulher
certa para eles, Sophie."
Eu fechei meus olhos contra algumas lágrimas e inclinei
minha cabeça contra o encosto do carro.
Mesmo ele estando do outro lado do carro, parecia que ele
estava perto. Sua presença era tão forte,
como um ímã. Eu abri meus olhos apenas uma fração de
segundos... e vi que ele estava mais perto de
mim. Ele estava apenas a alguns centímetros de distância.
"Você está cansada," ele disse depois de um longo minuto.
Eu percebi que estava. Tinha sido um dia longo. "Um
pouco."
"Descanse enquanto nós passeamos. Eu te acordo quando
estivermos perto da sua casa."
Eu bocejei e inclinei a cabeça para conseguir uma posição
melhor. Não pensei que eu conseguiria
dormir com ele tão perto, mas dormi. Quando percebi, o
carro estava andando mais devagar e nós
estávamos na minha rua. Ah, e eu estava envolvida nos
braços de Ash, minha cabeça no seu peito,
dobrado ordenadamente sob o queixo.
O coração dele batia constantemente, seu ritmo, como um
canto de sereia para o meu próprio
coração. Minha frequência cardíaca estava alta, tremulando
contra minhas costelas.
Não queria me mexer, mas eu sabia que precisava. O carro
tinha parado na minha portaria, mas
eu gostava de ser abraçada por Ash.
"Chegamos." A voz de Ash soou pesada na escuridão. O
poste de luz em frente ao meu
apartamento estava quebrado há muito tempo, então não
consegui ver a expressão dele. Seus
olhos, no entanto, brilhavam como diamantes olhando
fixamente para mim.
"Que horas são?" Eu perguntei.
"Quase três da manhã."
Eu boquiaberta. "Nós dirigimos por tanto tempo?"
Um sorriso revelou um flash de dentes brancos. "Eu não
queria acordá-la. Só paramos porque eu
me preocupei com David que está ficando cansado."
"David?"
"O motorista."
De repente a porta se abriu e David ficou ali parado. Eu me
encolhi e olhei para a janela do
meu apartamento. Se meu papai estivesse vendo, ele não
apareceria. Mesmo assim, eu odiava Ash ter
visto onde eu morava. Num dia bom, eu podia dizer que o
meu bairro era eclético, mas na
realidade, era eu tentando achar o bom lado das coisas. A
maioria dos edifícios residenciais era
composta de altos blocos de apartamentos sem nenhuma
personalidade. Para ser justa, seria difícil
dar personalidade a um bloco retangular de tijolo e vidro.
Cada janela era do mesmo tamanho, não
havia varandas ou pátios e alguns moradores mostravam
não ter orgulho por seu imóvel. Eu tinha
alguns vasos plantados com ervas empoleirados em minha
janela da cozinha, mas eu era a
única. Algumas casas se refugiavam nas sombras dos
blocos de apartamento, as cercas oferecendo
um pequeno refúgio para os olhares indiscretos. Eu odiava o
meu bairro e queria me mudar.
E agora Ash sabia como parcamente eu vivia em
comparação a ele. Eu tinha que sair do carro
rapidamente — quanto mais cedo eu saísse, mais rápido ele
poderia ir — mas ele pegou minha mão.
“Espere!" A voz dele soou com pânico que me fez virar a
cabeça para olhar para ele.
"Não vá ainda."
Meu coração ficou num impasse. Será que ele ia perguntar
se podia entrar? Me dar um beijo?
"Sim?" eu perguntei, sem fôlego.
"Seu dinheiro." Ele colocou a mão dentro do bolso do paletó.
Ele entregou-me algum dinheiro.
Olhei para ele. Eu queria dizer-lhe para mantê-lo, que a
noite tinha sido agradável e que era
simplesmente um privilégio conhecer sua família e fazer
parte de uma reunião tão íntima. Mas eu não
disse. Eu peguei o dinheiro sem encontrar o seu olhar e
coloquei na minha bolsa. "Obrigada."
"Sophie..." Ele não disse mais nada e eu não o pressionei.
Eu suspeitei que ele estivesse prestes a
perguntar quando me veria de novo, ou se ele poderia me
telefonar. Era uma conversa que eu
queria evitar.
"Boa noite, Ash."
Ele suspirou. "Boa noite."
Afastei-me do carro sem olhar para trás.
***
Não foi fácil manter meu pai longe da seção de fofocas dos
jornais, mas consegui dissecá-lo
antes que ele procurasse os anúncios de emprego. No final
do dia, era óbvio que ele não tinha visto
ou ouvido nada sobre Ash e eu. Ele estava totalmente
calmo.
Meus amigos eram um assunto diferente. O primeiro
telefonema veio no meio da manhã e meu
celular buzinou e tocou o dia todo. Eu tinha que responder
as chamadas longe dos olhares indiscretos
do meu pai, mas ele notou.
"Você está popular hoje," ele disse.
"Jen tem um namorado novo," disse para ele. "Você sabe
como ela é. Ela não pára de falar
sobre ele." Às vezes são precisas muitas mentiras para
sustentar apenas uma.
Ele pareceu aceitar minha explicação e voltou a ver TV.
"Tenho uma entrevista para um trabalho
mais tarde. Trabalhar em um bar, assim como a minha
garota." Ele atirou-me um sorriso.
Eu dei um sorriso. "Você não achou nada para alguém com
sua experiência empresarial?"
Ele balançou a cabeça. "Estou muito velho e parei de
trabalhar na indústria há muito tempo.
Trabalhar em um bar serve-me perfeitamente bem. Como
diz o ditado: cavalo dado não se olha os
dentes."
Eu odiava ele ter sido reduzido a pegar um trabalho bem
abaixo de sua educação e
experiência. Mas ele estava certo. Ninguém contrataria
alguém da idade dele que não trabalhava há
anos. E eu não acreditava que os Kavanaghs lhe dariam
uma boa referência.
"Além disso, eu sei me portar dentro de um bar." Ele piscou
para mime e eu dei-lhe um
sorriso genuíno em troca. Se isso não o incomodava então
eu não deixaria que me incomodasse.
Embora eu não tivesse certeza que ter fácil acesso a tanto
álcool fosse uma boa idéia.
"Obrigada," Eu disse, beijando o topo da sua cabeça.
"Pelo quê"?
Por voltar para mim. "Por estar disposto a compartilhar
comigo um pouco da carga."
Meu telefone tocou novamente, mas desta vez eu não
reconheci o número. Eu respondi com um
cauteloso, "Alô?"
"Miss Mason? Miss Sophie Mason?"
"Sim."
"Meu nome é Caroline Cosgrove sou do jornal The Morning
Herald. Será que você se importaria
em responder a algumas perguntas para mim sobre o seu
relacionamento com Ash Kavanagh?"
"Sim, eu me importaria." Eu desliguei e olhei para o
telefone. Ele tocou quase que
imediatamente com o mesmo número. Eu desliguei e
joguei-o na minha bolsa onde ficou o
resto do dia.
Uma pequena foto. Era tudo o que o The Morning Herald
tinha imprimido sobre Ash e eu.
Ainda assim o jornal tinha criado uma tempestade. Meus
amigos queriam saber como eu tinha
conseguido ter ido com um Kavanagh ao casamento do
irmão, e agora os repórteres queriam
arrancar ainda mais. Como eles tinham conseguido meu
número tão rapidamente? Acho que não tinha
sido tão difícil uma vez que eles sabiam o meu nome.
Quanto tempo levaria antes que um deles
aparecesse na minha porta?
Felizmente meu pai saiu no meio da tarde então se algum
repórter aparecesse, ele não ia vê-lo.
Eu estava armada e pronta com uma resposta não-
comprometedora quando alguém bateu na porta por
volta das seis. Eu abri, e vi Ash lá, segurando um buquê de
rosas cor de rosa.
"Ei," ele disse suavemente.
"Oi." Procurei atrás dele, mas não havia mais ninguém.
"Eu liguei, mas seu telefone cai direto na caixa postal".
"Eu desliguei o telefone. Está tocando sem parar."
Ele estremeceu. "Não me surpreende. Fico feliz que você o
tenha desligado. Você me forçou a vir
aqui e falar com você pessoalmente. Para pedir desculpas,"
ele esclareceu.
"Você não tem que pedir desculpas."
"Eu tenho. Eu te forcei a este acordo e agora a imprensa
não vai te deixar em paz."
"Você não me obrigou, Ash. Eu escolhi aceitar. Além disso,
ele está me beneficiando." Eu
engoli e ele desviou o olhar. Parecia que ele não gostava,
tanto quanto eu, de ser lembrado de
que ele estava me pagando para sair com ele. "Não se
preocupe com os repórteres. Eu posso
lidar com eles."
"Eles vão embora quando eles perceberem que você não vai
informar nada para eles," ele
disse. "Espere alguns dias."
Estávamos ali como dois estranhos que tinham acabado de
se conhecer, nossa conversa
desajeitada e artificial. Ele de repente pareceu se lembrar
das flores e passou-as para mim.
"Parte do pedido de desculpas," ele disse. "E outra razão
que me deixou alegre do seu telefone
estar desligado." Ele olhou por mim para dentro do
apartamento.
Eu cruzei o limiar para o corredor e fechei a porta atrás de
mim. "Obrigada. São lindas." O
silêncio cresceu tão espesso que era difícil respirar.
"O sheik ligou. Ele viu a foto."
"Oh! Que ótimo." Quase tinha esquecido a pessoa por trás
da razão da nossa charada. "Ele ficou
convencido?"
Ele assentiu. "Ele também nos convidou para acompanhá-lo
amanhã num almoço no barco dele.
Eu disse que eu ligaria de volta para confirmar." Ele
levantou as sobrancelhas, esperando por
minha resposta. "Eu sei que está em cima da hora e é à
hora de maior movimento do dia, mas será
que o café pode lhe dar folga?"
Antes que eu soubesse o que estava fazendo, concordei.
"Tudo bem."
Ele sorriu. "Ótimo. Eu te apanho as onze. Você não enjoa em
barco, não é?"
"Não que eu saiba. Eu nunca estive em um barco antes."
As sobrancelhas dele levantaram-se em surpresa.
"Desculpa, eu não deveria ter assumido."
Eu gemia baixinho. No que eu tinha me metido? E se eu
passasse a viagem inteira vomitando?
Não precisaria de outro motivo para me sentir inadequada.
Ash se inclinou e beijou minha bochecha. Os lábios dele se
demoraram no beijo, mas eu não
me importei. Eu gostei do cheiro do seu perfume e do calor
do seu beijo.
Os passos caminhando pelas escadas tinham me deixado
alerta. Eu conhecia esses passos
pesados. Meu pai. Mais um lance de escadas e ele ficaria
cara a cara com Ash.
CAPÍTULO 8
"Amanhã às onze. Eu vou te encontrar lá em baixo." Antes
que ele pudesse responder, eu entrei de
volta no apartamento. Eu me encostei contra a porta
fechada e fiquei tentando ouvir qualquer
conversa do lado de fora.
Não escutei nenhuma voz, apenas passos se aproximando e
outros em retirada. Ouvi meu pai
colocar a chave na fechadura e eu fui para a cozinha.
"Quem era?" Meu pai perguntou quando entrou, carregando
uma sacola de compras.
"Quem?"
"Aquele cara lá fora. Ele me pareceu vagamente familiar."
Dei de ombros enquanto abria a porta do armário e
alcançava um vaso. "Um cara da floricultura.
Ele trouxe essas flores."
Meu coração parou enquanto esperava para ver se meu pai
se lembrava onde ele tinha visto Ash
antes, mas ele apenas disse "você tem um admirador? Não
me surpreende. Quando vou
poder conhecê-lo?"
"Eu não sei. Não é tão sério." Eu olhei de relance para ele,
mas ele estava desempacotando as
compras, meu admirador misterioso e o familiar
'entregador' já tinham sido esquecidos.
***
"Vocês me divertem," disse o sheik, depois que terminamos
nosso almoço. Um garçom tirou
nossos pratos e nós três nos sentamos no deck, felizes com
o almoço de deliciosos frutos do mar que
tinha sido preparado pelo cozinheiro. A comida e o vinho me
embalaram em sonolência e eu me
desliguei da conversa, até que o sheik me atraiu de volta
para ela.
"Por que isso?" Ash perguntou, sorrindo. Ele tinha sido o
perfeito cavalheiro desde que me encontrou
na portaria do meu edifício onde eu o esperava. Enquanto
eu me sentia estranha sobre entrar no
seu carro, me preocupando se eu estava usando a roupa
certa para o almoço em um barco, ele
havia conduzido a conversa, falando sobre tudo e todas as
coisas. Alguns tópicos tinham sido
leves, como Robbie o amigo de Blake que tinha
recentemente raspado uma sobrancelha por causa de
um desafio. E alguns tinham sido graves. Seu irmão mais
novo, Damon, tinha sido avisado
novamente pela polícia para manter o nariz fora de
problemas. Eu não disse nada sobre isso, até
porque eu queria aliviar suas preocupações. Então,
novamente, ele tinha me confidenciado algo
sobre ele. Tudo isso mostrava que uma amizade entre nós
ainda podia funcionar.
"Vocês não agem como noivos e ainda assim o amor que
um sente pelo outro é evidente, mesmo
para este velho." O sheik riu, mas nem eu nem Ash nos
juntamos a ele.
Eu desejei que o barco gigante me engolisse... ou que eu
caísse no mar. Pelo menos criaria uma
distração da humilhação que ameaçava me engolir.
Ash se recuperou primeiro. Ele enfiou a mão por cima da
minha e a apertou delicadamente. "Para
ser honesto, estamos um pouco inseguros como devemos
agir na sua frente. Nós já cometemos um
erro por termos sido cautelosos, como você salientou."
O sheik passou o guardanapo nos cantos de sua boca. "Não
se preocupem comigo. Minha cultura
não proíbe carinhos entre noivos felizes prestes a se casar."
Ele se levantou da cadeira. "Ajam como
seu coração mandar. Agora, com licença enquanto eu me
retiro para meus aposentos para tirar
uma soneca."
Eu o vi pisar cautelosamente nas escadas estreitas,
íngremes. Quando eu já não podia vê-lo, falei
para Ash. "Você acha que ele vai voltar?"
Ele encolheu os ombros. "Eu não sei. Eu esperava que ele
nos acompanhasse durante todo o
passeio."
Nós ficamos sentados, esperando, mas o sheik não voltou.
"Acho que temos à tarde para nós
mesmos" Ash disse esticando as pernas. Sem o sheik
presente, me senti um pouco menos nervosa.
Sempre que ele estava por perto, eu ficava consciente da
nossa mentira e mantinha as
aparências, mas sozinha, eu podia ser eu mesma.
Ash se levantou e estendeu a mão para mim. "Quer apreciar
a vista, Miss Mason?"
"Eu gostaria, Sr. Kavanagh." Eu peguei a mão dele e ele me
levou para frente do barco. Eu
estava de bom humor assim como ele, provavelmente
graças ao vinho e a conversa amigável que
tínhamos compartilhado vindo para a marina. Foi um alívio
muito grande ver que ele não tinha
guardado rancor.
Estávamos lado a lado no convés e vimos à vista
espetacular do litoral e outros barcos que
estavam de passagem. Vimos os peixes seguindo o nosso
barco e Ash jurou que tinha visto um
grupo de golfinhos na distância, mas eu brinquei que ele
devia estar vendo coisas.
"Mas eles estavam lá," ele brincou olhando o mar. "Olha! Lá
estão eles outra vez!"
Eu pude ver um punhado de golfinhos cinzento elegantes,
saltando fora da água bem diante dos
nossos olhos. "Mágico," eu sussurrei. "Eles são tão graciosos
e belos."
"Muito belos" ele sussurrou no meu ouvido.
Eu me virei para vê-lo olhando para mim, seus olhos cheios
de calor. Uma tempestade de
emoções se formou dentro de mim, desejo e necessidade na
maior parte, mas o medo que me
espreitava logo abaixo da superfície também. Medo que
tudo se desfizesse em pedaços se eu agisse
por meus desejos. Eu me afastei dele e me virei para ver os
golfinhos novamente.
"Você acha que o sheik orquestrou tudo isso para o nosso
benefício?" Eu perguntei com um
sorriso que eu tentei fazer tão verdadeiro quanto possível.
Ash deu um suspiro e me olhou. "Não acho que nem mesmo
um homem com a riqueza
dele pode comandar as criaturas do mar."
"Não? E eu achando que o dinheiro podia comprar tudo!"
"Nem tudo," ele disse baixinho. "Não pode comprar as
melhores coisas."
Eu engoli para tentar desalojar o caroço na minha garganta,
mas não consegui. Porcaria. Que tipo
de idiota eu era? Porque eu tinha que sempre trazer a tona
o nosso acordo quando as coisas estavam
tão bem entre nós? Senti como se eu tivesse trazido meu
amigo de volta, e logo depois mandado ele
embora.
Nenhum de nós falou por um longo tempo. Ficamos juntos
no convés, o vento e o mar soprando
nos nossos rostos, até que finalmente o barco diminuiu a
velocidade ao se aproximar das águas mais
calmas da marina. Eu mantive meus olhos para frente até
que outro barco passou por nós. Alguém a
bordo acenou e Ash acenou de volta.
"Seus amigos?" eu perguntei.
"Mamãe e papai. É o barco deles." Ele se posicionou atrás
de mim, em seguida apontou para os
barcos ancorados na marina. O braço estava muito próximo
ao meu rosto e apesar do vento e do mar,
senti o cheiro do perfume deliciosamente masculino que
Ash usava. "Aquele com uma linha azul
pintada no lado é do Reece, e o menor é de Blake. Ele não o
usou muitas vezes, mas agora que ele
está de volta com Cassie, eles vai usá-lo mais."
"Todos têm barcos?"
Mesmo que ele estando atrás de mim, eu sabia que ele
estava sorrindo. "O Damon não, mas o Zac
tem. Segundo ele, barcos são ótimos lugares para sedução."
Claro que eram. Eu estava de repente grata que o vento
estava conseguindo fazer com que meu
rosto não ficasse muito quente com a sua proximidade.
"Cadê o seu?"
"Aquele à direita do barco do Blake."
"É um belo barco." Eu olhei para o elegante barco. "Diga-
me, Ash, você já recriou seu próprio
Titanic?"
Ele começou a rir e eu me juntei a ele, incapaz de parar de
rir imaginando ele e seus irmãos
tentando sair do barco na cena memorável. Ainda sorrindo,
ele mudou sua posição e ele se reclinou
sobre o parapeito. Sua pele estava bronzeada do sol, seus
músculos, firmes e fortes.
Depois de um momento, seu sorriso desvaneceu-se e seus
olhos se amaciaram quando ele olhou
para mim. "Eu gosto de ver você rir, Sophie. Quero que você
seja feliz."
"Eu sou feliz." Mas ouvi a falta de convicção na minha voz, e
eu acho que ele ouviu também.
"Se houver alguma coisa que você queira, qualquer coisa
que você precise, prometa que você
vai falar comigo."
Concordei, o meu coração e a minha garganta apertados.
"É sério. Você diz que quer ser minha amiga... Eu posso ser
o melhor amigo que você já teve. Os
amigos vêm uns aos outros quando precisam de apoio.
Deixe-me ser o teu apoio. Você pode me
telefonar, de dia ou de noite, e vamos só falar se é o que
você quer. Ou... tanto faz." Ele desviou o
olhar.
Eu cruzei meus braços no meu peito e os esfreguei.
"Obrigada. Mas não há nada que
eu precise agora."
Talvez se eu continuasse a dizer isso para mim mesmo,
eventualmente eu acreditaria.
***
As sombras da tarde eram extensas quando Ash me deixou
em casa. Não o convidei para entrar e não
parecia que ele queria. Eu acenei para ele e entrei. Minha
pele estava fria e salgada,
mas meu corpo estava quente por ter ficado tão perto de
Ash. Minha cabeça estava cheia de
pensamentos sobre ele e do nosso dia agradável juntos,
então deixei de notar a carranca do meu
pai até que ele acenou o jornal na minha cara.
"Ei!" Eu protestei. "O que foi isso?" Então eu percebi. Ele
tinha visto a foto.
Ele apontou a página com o dedo. "O que diabo você está
fazendo, Sophie?"
"Acalme-se. Eu posso explicar." Eu passei por ele e me dirigi
para a cozinha, mas ele
bloqueou meu caminho.
"Eu não vou me acalmar até você explicar o que estava
fazendo com um Kavanagh. E num
maldito casamento de um Kavanagh!" Seus olhos estavam
brilhantes e dilatados, sua voz um pouco
arrastada. Ele tinha bebido outra vez. "Então?"
“Eu passei por ele. Ele ainda era mais alto que eu e muito
mais volumoso, mas pelo
menos ele sabia que eu não me encolhia sob a sua fúria.
Sua atitude em relação aos Kavanaghs
realmente
estava
me
irritando.
"Posso
sair
com
quem
eu
quiser. Não preciso da sua permissão. Sim, eu saí com Ash
algumas vezes. E daí?"
"Então ele é um Kavanagh! Eles não têm moral, Sophie. Eu
não confio neles."
“Bem, eu confio. Eu confio em Ash. Ele é um cara legal, e se
eu quero vê-lo, eu vou. Está bem?
Agora saia do meu caminho."
Ele ficou de boca aberta e me encarou até que passei por
ele. Não sei se ele estava mais chocado
porque eu estava discutindo com ele ou porque eu estava
defendendo um Kavanagh. "Quão sério é o
relacionamento de vocês?"
Parte de mim queria mentir e dizer que estávamos noivos.
Mas isso foi só o lado teimoso. Não
pude fazê-lo. Eu não poderia mentir sobre algo tão
importante para o meu próprio pai.
Eu inclinei meu quadril contra a bancada da cozinha e
suspirei. "Eu vou te dizer o que está
acontecendo, se você me contar a história completa sobre
por que você foi demitido da Kavanagh
Corporation. Está bem? A verdade pela verdade."
Ele hesitou, em seguida, inclinou a cabeça em um aceno.
"Acho que você tem idade
suficiente agora."
"O que isso significa?"
"Você primeiro."
Eu soltei um suspiro. "Eu conheci o Ash no The Saloon um
tempo atrás. Nos tornamos amigos. De
qualquer forma, ele precisava de uma mulher para agir
como sua noiva, para ele poder fechar
um acordo com um sheik."
" O quê?" Era metade explosão de incredulidade e metade
de uma risada. "Ele falou essa
merda para você?"
Eu pressionei meus lábios juntos. "O sheik é de um país
muito conservador e não respeita um
homem solteiro da idade do Ash. E combinei agir como sua
noiva. Usamos o casamento do seu irmão
para tirar uma foto juntos para parecer mais real. Não
contamos a ninguém sobre o noivado, só para
ele. Não queremos que nossas vidas fiquem complicadas."
Ele me estudou por um longo instante, como se ele
estivesse tentando reconhecer a menina que
ele tinha criado e que agora era uma mulher de pé diante
dele. "O que você ganha em troca?"
"Dinheiro."
As sobrancelhas dele se levantaram. "Foi assim que você
pagou o Chefe?"
Balancei a cabeça. "É a nossa única fonte de renda agora,
então eu não criticaria se eu fosse
você."
Ele segurou suas mãos em sinal de rendição. "Eu não vou.
Eu estou... feliz por saber que você
não está envolvida com ele romanticamente. Não estou
exagerando quando digo que os Kavanaghs
são cruéis."
"Você não conhece Ash."
"Ele é o cabeça da Kavanagh Corporation agora, não é?"
"Sim."
"Então ele tem um lado cruel que provavelmente tem
escondido de você até agora. Não me
surpreenderia se ele inventasse esta coisa toda de falso
noivado como parte de um esquema
elaborado para você dormir com ele."
Meus dedos se fecharam em torno da borda da mesa da
cozinha. "Por que você diz isso?"
"Porque não consigo imaginar que um negócio tem alguma
coisa a ver com ele ser casado
ou não. Parece tão desnecessário."
"Você não conheceu o sheik. Além disso, é muito elaborado
e desnecessário se sua única intenção
é dormir comigo. Há maneiras mais fáceis de fazer isso."
"Eu não estou discutindo sua vida sexual com você. Isso é
problema seu."
"Foi você quem começou!" Eu rolei meus olhos. "Agora você
pode me dizer por que você foi
demitido da Kavanagh Corporation."
Ele arrastou a mão pelo cabelo dele e suspirou. Quando ele
puxou a mão, fiquei impressionada
como ele parecia velho e abatido. Seu rosto estava cinza, as
linhas em torno da sua boca e
de seus olhos estavam mais profundas, como se ele tivesse
gasto um tempo de sua vida franzindo
testa.
"Harry
Kavanagh
me
demitiu
porque
ele
pensou
que eu estava tendo um caso com sua esposa".
"Ellen!" Desatei a rir. "Sério? Mas ela é tão dura e
arrogante."
"Ela é uma grande mulher, sob a altivez. Você só tem que
conhecê-la."
"Oh meu Deus. Você estava tendo um caso com ela?"
"Não! Nós nos dávamos muito bem. Ela foi muito boa para
mim, depois que sua mãe morreu.
Ela vinha ao meu escritório para ver se eu estava bem ou se
eu precisava de alguma coisa. Não havia
nada de romântico entre nós." Ele deu uma longa respiração
e expirou lentamente. "Eu estava
muito preocupado com sua mãe para olhar para outra
mulher. Eu precisava de um amigo, outro adulto
para conversar. Mas Harry ficou com ciúme. Ele é dedicado
à sua esposa e ele nos viu passar
tanto tempo juntos que ele pensou de uma maneira errada."
"Você disse isso para ele? A Ellen disse?"
"É claro. Mas ele não se importou. Ele me demitiu sem aviso
prévio e sem me ouvir."
"Isso parece duro. Eu conheci Harry e ele me pareceu um
cara legal."
"Admito que na época eu não fosse um funcionário muito
fácil de lidar. Eu não estava muito bem
emocionalmente, e meu trabalho estava sofrendo as
conseqüências. Mas ele não me deu tempo
para me recuperar e não levou em consideração a minha
perda. Um dia que eu estava trabalhando na
Kavanagh Corporation e na manhã seguinte me foi negado
acesso ao prédio como se eu tivesse
cometido um crime. Essa era à maneira de Harry. Cruel,
como eu te disse."
Eu levei alguns minutos para digerir o que ele disse. O
amigável Harry Kavanagh realmente teria
feito isso ao meu pai quando ele precisava de seu emprego
e estabilidade? Ellen realmente não podia
ter qualquer influência sobre seu marido e pedir-lhe para
reconsiderar?
Eu mesma me ocupei em fazer o jantar para meu pai. Eu
me senti um pouco aliviada ao
descobrir que ele não tinha sido despedido por
incompetência, mesmo ele tendo se transformado
num ser humano não muito confiável nos últimos anos.
Ainda assim, era muita coisa para eu aceitar.
Parecia que meu pai também estava pensando sobre a
nossa conversa. Quando nos sentamos para
jantar, ele disse, "Sophie, se você e aquele Kavanagh eram
amigos —"
"Seu nome é Ash."
"Se você e o Ash Kavanagh eram amigos antes que ele te
pedisse para ser sua falsa noiva, porque
você só lhe pediu dinheiro quando você perdeu seu
emprego? Certamente um amigo rico como ele
iria te emprestar dinheiro até você arrumar outra coisa."
"Eu não disse para ele que perdi meu emprego. Eu ainda
não disse."
Ele fez uma pausa com uma garfada de batata purê a meio
caminho da boca. "Por que não?"
Dei de ombros e olhei para o meu prato. "Porque já me sinto
uma fracassada. Ele saber me faria
eu me sentir pior."
"Se ele faz você se sentir assim —"
"Ele não faz. Eu me sinto assim, pai.”
Ele colocou sua faca e garfo no prato. "Querida, você não é
uma fracassada."
Eu acenei minha faca no ar. "Olhe para mim. Não consegui
nada. Eu poderia ter ido para a
faculdade, mas não fui. Eu trabalhava em dois empregos
braçais, e agora nem eles eu tenho. Fui
péssima em tudo o que eu coloquei a minha mão. Não é de
admirar que Liam tenha rompido comigo."
"Liam? O que ele tem a ver com isso?"
Dei de ombros. "Liam é um cara legal. Ash também, mesmo
que você ainda não saiba. Por que
eles gostariam de entrar em um relacionamento em longo
prazo com alguém como eu?"
"Mas você é incrível! Você é bonita, engraçada, carinhosa.
Você é uma pessoa verdadeira em
um mundo cheio de pessoas falsas. Vamos, Sophie, você
sabe tudo isso. Não é?"
Cortei minha salsicha. "Basta desta festa de piedade," eu
resmunguei. "Vou ter minha vida de
volta nos trilhos, começando por me matricular na
faculdade. Agora eu tenho o dinheiro para pagar a
taxa graças ao Ash."
Ele estendeu a mão e acariciou minha mão. "Essa é minha
garota. Você não é o tipo de chafurdar
na autopiedade como seu velho pai. Mostre para este
Kavanagh e para Liam que você é melhor do
que eles."
Eu suspirei. Ele não entendeu. "Não é sobre eles, pai, é
sobre mim. Preciso provar para mim
mesma que eu posso fazê-lo." E então talvez eu pudesse ter
um relacionamento de verdade com Ash,
em igualdade de condições. Se ele não encontrasse alguém
melhor nesse meio tempo.
Uma batida na porta me fez levantar da cadeira. "Quem é?"
eu perguntei.
"É o Chefe," veio uma voz grossa do outro lado.
Meu pai se juntou a mim na porta. "Você disse que me daria
tempo para pagar o resto," ele gritou.
"Sim, mas as coisas mudaram. Coisas como a sua linda
filhinha namorando um Kavanagh porra."
Papai e eu nos olhamos. "O que você que dizer?" ele falou
de volta.
"Quero dizer, abra a porta ou coloco ela abaixo. Não
esconda mais seu dinheiro de mim."
"Não temos dinheiro."
"Verdade? Então que tal se eu pedir para o namorado da
sua filha? Acho que os Kavanaghs
gostariam de saber sobre a escória miserável com quem
eles estão se associando."
CAPÍTULO 9
Eu estava me sentindo doente. O Chefe deve ter visto a
minha foto no jornal também. Nossa
tentativa de fazer o sheik acreditar em nós foi um tiro que
saiu pela culatra. Eu não queria nem
pensar na reação de Ash se o Chefe se aproximasse dele
para falar sobre meu pai e as nossas
dívidas. Seria melhor morrer de humilhação.
Abri a porta antes que meu pai me impedisse. Golias entrou
com sua careca familiar e seu porte
grande, seguido de perto por um homem que achei que era
o Chefe. Ele era tão musculoso quanto
Golias, apenas mais baixo e tinha uma cicatriz esculpida em
sua bochecha em forma de lua crescente.
Ele sorriu, revelando um dente de ouro. O bandido fechou a
porta com o pé.
"Entregue o que você me deve," disse o Chefe. "Com vinte
por cento de juros."
" O quê?" Meu pai explodiu. "Isso não é justo. Não
concordamos com esses vinte por cento."
"Pare de choramingar, ou eu vou fazer os vinte virarem
quarenta por cento." Ele me cutucou com
os dedos. "Venha, menina, eu sei que você me entendeu.
Me dê meu dinheiro."
Cruzei meus braços e coloquei meus pés um pouco
separados. Meu show de rebeldia só fez
o Chefe e seu capanga sorrirem com mais força. "Vou te dar
o resto que o meu pai te deve e nada
mais. Acredito que são mil dólares.”
O chefe deu uma risada fria, frágil. "Você acha que você
pode me dizer o que fazer menina?"
"Não, mas Ash Kavanagh pode e Ash vai fazer qualquer
coisa que eu lhe peça. Incluindo chamar
a polícia ou comprar seus interesses dos seus negócios e
arruiná-lo. Você é muito pequeno, Chefe,”
eu zombei, "e os Kavanaghs não são. Estou disposta a pagar
as dívidas do meu pai para você
justamente porque somos os Masons e um Mason sempre
paga as suas dívidas. Mas não somos
tão orgulhosos em pedir ajuda para o meu namorado se for
necessário."
O sorriso dele sumiu do seu rosto e seu olhar ficou sem
brilho olhando para mim, desta
vez com mais respeito. Eu fui até o meu armário e peguei o
resto do dinheiro que Ash tinha me
dado por assistir o casamento. Foi naquele momento que eu
percebi que ele não tinha me pagado pelo
dia que passeamos no barco do sheik. Parte de mim gostava
que nós dois tivéssemos esquecido, mas
parte de mim estava preocupada. Não tínhamos dinheiro
sobrando.
Entreguei todo o dinheiro para o Chefe. Nós estávamos
pobres novamente. Adeus taxa da
faculdade.
***
Sentei-me de pernas cruzadas na minha cama e olhei para o
meu celular, meu
coração na garganta. Ash não tinha ligado o que significava
que ele ainda não tinha lembrado que
devia me pagar pelo dia anterior. Ou significava que ele
odiava me pagar tanto quanto eu odiava ser
paga por passar tempo com ele? Ele poderia ter decidido
parar a prática mercenária, já que ele não
tinha como saber o quanto eu precisava do dinheiro.
Mas ele não faria isso sem me consultar primeiro. Ash era
um cara honesto. Um acordo era um
acordo e ele iria honrá-lo.
Sim, ele era maravilhoso, sexy e perfeito. Não havia como
ele permanecer solteiro enquanto eu
tentava fazer algo por mim. Isso podia levar anos, e ele ia
ser agarrado num piscar de olhos por uma
mulher bonita e bem sucedida, com uma vida e uma
carreira gratificante. Além disso, não tinha mais
o dinheiro para me inscrever no curso de contabilidade, a
menos que eu lhe pedisse o pagamento do
passeio de barco com o sheik, e eu ia detestar fazer isso. Eu
tinha gostado que ele tivesse esquecido.
Gostei de saber que ele tinha curtido passar tempo comigo
e que ele não sentia o passeio
como parte do nosso negócio.
Lágrimas pairavam a beira das minhas pálpebras, deixando
a minha visão desfocada. Senti-me
tão desesperada, e eu odiava me sentir sem esperança. Eu
queria falar com Ash, confiar a ele meus
problemas e deixá-lo me ajudar, como ele tinha se
oferecido. Mas parte de mim sabia que, se eu não
resolvesse os problemas eu mesma, eu nunca seria
verdadeiramente digna dele. Do seu amor.
Sim. Amor. Eu tinha me apaixonado por ele. A dor no meu
coração me dizia isso. Não era
como
que
aconteceu
com
Liam.
Nunca
me
sentira
tão
horrível
maravilhosa ao mesmo tempo antes, durante ou após essa
relação. Nunca me sentira como se eu fosse
me quebrar em mil pedaços se ele conhecesse todos os
meus segredos sujos. Liam sabia tudo
sobre mim no final, e apesar de ter sido terrível na época,
eu sabia que eu ia me
recuperar. Se Ash visse o meu pai bêbado, com seu humor
sombrio, ou se ele descobrisse que eu
tinha mentido sobre perder meu emprego, eu iria querer me
esconder numa caverna e nunca mais sair.
Ele era perfeito, e eu estava tão longe da perfeição que era
risível. Uma vez que ele
descobrisse as coisas que eu tinha tentado manter
escondidas dele, ele correria uma milha na direção
oposta a mim.
Era mais difícil sair da minha autopiedade do que jamais
tinha tentado. Eu odiava me sentir tão
indefesa
—
por
causa
de
um
cara
esforcei-me
para parar de olhar para o telefone e sair da cama. Eu tinha
acabado de escovar os
dentes, quando ouvi uma batida na porta da frente.
Eu abri a porta e meu coração bate mais apressado. Não era
Ash, era sua mãe. "Ellen!
Er, bom dia."
Ellen entrou sem ser convidada. Ela usava uma saia preta
com camisa preta e branca, batom
vermelho que proporcionava a única cor na sua aparência.
O cabelo dela estava assustadoramente
perfeito, mas acho que ela era uma Kavanagh e todos eles
eram perfeitos. Exceto talvez Harry e seu
ciúme, se meu pai tinha dito era verdade.
"Sophie." A rápida saudação de Ellen levantou as minhas
defesas. "É bom te ver de novo."
Levantei uma sobrancelha para ela, mas ela não reparou.
Ela estava muito ocupada, lançando um
olhar crítico ao redor do meu apartamento. Graças a Deus
meu pai não estava em casa. Eu o tinha
ouvido sair uma hora antes, mas não sabia para onde, ou
quanto tempo ele ficaria fora. Uma vez que
eu não tinha certeza qual seria a reação dele ao ver Ellen,
eu esperava que ele ficasse fora enquanto
ela estivesse aqui.
Seu desgosto pelo meu apartamento apareceu claramente
no seu nariz franzido e sua boca
franzida.
"Há algo que posso fazer por você?" Eu perguntei.
"Você é Sophie Mason."
"Sim, e?"
"E é um sobrenome bastante comum. Quase não pensei
mais sobre ele até que eu o vi
mencionado no jornal de ontem."
O jornal? Então Harry não tinha dito nada para ela. Ele tinha
sido o único que tinha perguntado
meu sobrenome no casamento. Se ele tivesse me ligado ao
meu pai, ele não tinha dado nenhum sinal.
"Mas então eu não consegui parar de pensar," ela
prosseguiu. "Então comecei a cavar."
Eu balancei minha cabeça. "Eu não estou te entendendo.
Pensando sobre o que. Procurando o
que?"
"Não tente jogar comigo, Sophie. Tenho jogado muito mais
que você e não sou nenhuma amadora.
Você não pode vencer."
"Não estou tentando ganhar nada, eu estou tentando
descobrir o que você está fazendo aqui."
"Gostei de você quando te conheci." O olhar dela encontrou
o meu, os olhos azuis, assim como os de
Ash, presos em mim. "Gostei de você muito. Toda a minha
família gostou. Então se você está
fazendo isso como uma espécie de vingança, eu ficarei
muito infeliz."
Seu brilho e suas palavras me obrigaram a dar um passo
para trás. Eu pisquei para ela. "É isso
que você acha? Que isso tem algo a ver com seu marido
destruindo meu pai? Por
que diabos eu faria isso?"
"Eu já disse. Vingança."
Eu rolei meus olhos. "Uau, você é a rainha do drama, não
é?"
Meu sarcasmo pareceu chocá-la. Seus lábios franzidos se
abriram e ela expulsou um pequeno
suspiro. Felizmente, o choque parecia ter roubado suas
palavras.
"E se eu estiver com raiva o suficiente para me vingar de
toda a sua família? Porque diabos eu
iria fingir um falso noivado com Ash? Como é que funciona?
Oh espere, você acha que eu
vou humilhá-lo na frente do sheik. Ou que eu vou terminar
com ele publicamente, talvez contar
aos jornais como ele beija mal ou algo assim. É isso?"
Seus lábios se uniram novamente. "Não, não é isso o que eu
penso."
"Então o que?" Eu coloquei minhas mãos nos meus quadris,
furiosa porque ela tinha vindo a
minha casa para me acusar de todos os tipos de coisas. Sua
família podia possuir metade
de Roxburg, mas ela não tinha o direito de insinuar que eu
era uma vadia.
Ela inclinou o queixo, desafiadora. "Eu acho que você está
tentando machucar meu filho para
ferir Harry e eu."
Era minha vez de processar as palavras. Eu pisquei os olhos
lentamente para ela e abaixei
minhas mãos para os lados. "Machucar Ash? Como eu posso
fazer isso?" Minha voz soou firme,
uma prova do quanto eu queria ouvir a resposta dela.
O olhar dela se estreitou. "Se você ainda não percebeu que
ele te ama então você é uma tola."
"Eu... nosso relacionamento é apenas negócios." Se eu não
tivesse ouvido a minha voz, eu não
teria percebido o que eu estava falando. As palavras
pareciam sair por sua própria vontade.
Os lábios dela se fecharam de novo. "É isso? Talvez para
você, mas não para ele. Duvido
que alguma vez tenha sido. O sheik não se importa se seus
sócios são casados ou não. Ash não
precisava de uma noiva."
Ah, inferno. Eu me sentia tonta e meu estômago estava
embrulhado. Eu queria vomitar. "Não
quero machucá-lo," disse pateticamente.
"Então desista, se você não vai transformar seu acordo em
algo mais pessoal. Faça isso hoje."
Ela se virou e agarrou a maçaneta da porta. "A propósito,
como está seu pai?"
Levei um momento para reunir meus pensamentos. "Ele
está bem."
Ela assentiu com a cabeça. "Bom." Ela empurrou a porta e
saiu. Eu escutei seu salto alto fazendo
barulho escada abaixo. Assim que parei de ouvi-los, eu me
inclinei contra a porta e soltei um
suspiro. Se eu não tivesse ficado tão chocada por suas
palavras, provavelmente a teria desafiado.
Senti que eu deveria ter dito algo para me defender.
Eu ainda estava um pouco abalada quando Ash me ligou
uma hora mais tarde. Eu tinha saído para
passear, incapaz de ficar dentro de casa por mais tempo. O
dia estava fresco e nublado e as folhas
estavam esparramadas pelo chão, amaciando minhas
passadas. A brisa forte varria as teias de
aranha do meu cérebro e me ajudava a pensar direito.
Mas o telefonema de Ash bagunçou tudo de novo.
"Esqueci de te dar o dinheiro," ele disse depois de uma
estranha troca de gentilezas.
"Oh, certo, você se esqueceu." Eu estava calma e tranquila.
"Quando você puder está bem para
mim."
"Que tal hoje à noite?"
Eu mordia o meu lábio inferior. Se eu dissesse que sim, isso
me faria parecer desesperada? Mas
se eu dissesse que não... Eu não queria dizer não. "Claro.
Onde eu te encontro?"
"Eu vou pegar você. Nós vamos jantar com o sheik. É sua
última noite aqui em Roxburg."
"Oh. Certo. Está bem." Meu coração martelava no meu
peito, mesmo sabendo que eu
estava sendo boba.
"É um jantar formal. Eu vou pegar você às oito horas."
"Ótimo."
"Estou ansioso para vê-la novamente, Sophie. Ontem foi
muito bom." Ele desligou. Não houve
nenhuma menção sobre sua mãe então ele não sabia que
ela tinha vindo me visitar, graças a Deus. Eu
não sabia o que eu teria dito se ele tivesse falado.
Passei o resto do dia temendo a noite e ao mesmo tempo
aguardando-a com expectativa. Não foi
até o meio da tarde que percebi — Ash tinha dito que esta
seria a última noite do sheik em Roxburg –
que Isso significava que o nosso acordo estava chegando ao
fim. Depois desta noite, eu poderia
nunca mais tornar a vê-lo novamente. Parecia que Ellen ia
conseguir o que ela queria.
Sentei-me no sofá, sem fôlego. O que eu faria se Ash
simplesmente desaparecesse da minha
vida?
A enormidade desta verdade era demais e eu não queria
pensar nisso. Eu ainda tinha essa noite
com ele e eu ia aproveitá-la, apesar do tumulto dentro de
mim, apesar do aviso da mãe dele e apesar
da raiva do meu pai.
Ele me apanhou as oito em ponto, desta vez dirigindo um
conversível vermelho
brilhante. "É um pouco exagerado," ele disse com um
sorriso adorável onde eu queria colocar meus
lábios. "Zac de alguma forma me convenceu a comprá-lo."
Eu ri. Só um Kavanagh compraria um carro chamativo por
capricho e depois se arrependeria.
Em vez de ligar o carro, ele pegou seu casaco no banco de
trás e vasculhou os bolsos.
"Isso é por ontem, o passeio de barco" ele disse, tirando um
monte de notas de 50 dólares. "E isto
é por hoje à noite."
"Você pode me pagar mais tarde," eu disse, pegando a
primeira pilha, mas deixando a
segunda. "Vou me sentir melhor após realizar meu
trabalho."
Seu rosto ficou aflito quando ele pegou de volta a segunda
pilha. "Peço desculpa por ter me
esquecido ontem."
"Tudo bem. Também me esqueci."
Seu sorriso torto estava de volta, mas desta vez era
inseguro, hesitante. "Isso significa que você
se divertiu?"
"Muito. Obrigada. Eu me diverti muito, desde que me tornei
sua noiva." Eu sorri. "Tenho
muita sorte por você ter me escolhido."
O sorriso dele desapareceu e ele balançou a cabeça. "Você
faz parecer que eu a escolhi na
prateleira do supermercado."
Eu me foquei na estrada e mordi meu lábio.
"Espero que você realmente não ache isso." Ele tocou o
dedo no meu queixo, gentilmente me
forçando a olhar para ele. "Talvez algum milagre nos tenha
colocado juntos neste acordo, mas isso
é tudo. Você era a única mulher que eu teria pedido para...
me ajudar."
Isso levava a verdade que os outros tinham alegado: que
um noivado não era necessário para
fechar o acordo com o sheik, mas vendo-o admitir roubou o
meu fôlego. "E se eu dissesse não? O
que o sheik faria?"
"Eu acho que nós nunca vamos descobrir."
Seus olhos ficaram escuros com desejo, seus cílios se
abaixaram quando ele se inclinou mais
perto. Ele colocou seus lábios levemente nos meus, o beijo
mais doce que eu já tinha experimentado.
"Venha para minha casa comigo esta noite," ele murmurou
contra a minha boca. "Eu
quero fazer amor com você. Lentamente."
Ele acariciou meu peito através de meu vestido, provocando
tanto meu mamilo que ele ficou
dolorido. Calor dançou pela minha pele e se agrupou entre
as minhas coxas. Cada parte de mim tensa
com antecipação, esperando ele me tocar lá, querendo
muito que ele me tocasse lá. Ele não me
decepcionou. Sua mão encontrou a bainha do meu vestido e
ele acariciou minha coxa subindo cada
vez mais, até as pontas dos dedos encontrarem minha
calcinha úmida.
"Quero te tocar em todos os lugares," ele sussurrou com
uma voz rouca. "Gosto de você. Eu
quero que você fique maluca e eu quero ficar louco com
você. E então eu quero te abraçar até de
manhã e não deixar você ir embora nunca mais. Para o
inferno com o que eles pensam."
O que? Eu pisquei saindo da névoa do desejo e inclinei-me,
longe de seus dedos experientes e de
sua boca deliciosa. Eu limpei a palma da minha mão na
minha testa e tentei reagrupar meus
pensamentos dispersos.
"Talvez eles estejam certos," eu disse. "Nós não deveríamos
deixar isto ir mais longe do que já
foi."
"Sophie, não é o que eu quis dizer. Eu não devia ter dito
nada." Ele chegou para mais perto de
mim, mas eu balancei minha cabeça e ele deixou sua mão
cair no seu joelho. Ele parecia pálido, os
olhos confusos.
"Isso não vai funcionar de qualquer forma," eu disse para
ele, tentando colocar o máximo de
convicção que eu podia. "Você é um Kavanagh pelo amor de
Deus."
"E daí?" ele falou, abrindo os olhos.
"Então, nós não estamos juntos, e sua família sabe disso."
"O que diabos eles sabem?" Mas ele disse calmamente,
como se ele não acreditasse nele próprio.
Eu senti como eu tivesse levado um soco no peito. "Nós
nunca devíamos ter feito amor na
outra noite. Aquela noite complicou tudo e levou a isto —
nos levou — para além de amizade. Não
podemos voltar agora. Desculpa. Depois do jantar desta
noite, precisamos dar uma parada e deixar
de nos encontrar. É o melhor a fazer."
Ele ligou o carro, enfiou o pé na embreagem. "Certo. Se
você diz. Covarde."
Eu me virei para enfrentá-lo. "Perdão?"
"Você me ouviu," ele disse sem tirar seus olhos da estrada.
"Você é uma covarde, Sophie. Você
tem medo do que possa acontecer, você tem medo de algo
que pode nunca vir a acontecer. Você tem
medo
do
que
outras
pessoas
pensarão
sobre
você
eu
estarmos
juntos,
do que vão dizer os meus pais. Eles apenas querem que eu
seja feliz. Você sabia? Essa é a razão pela
qual eles estão preocupados e porque olharam estranhos
para você no casamento. Eles estão tentando
determinar o quão séria você é porque eles sabem o quanto
eu sou —" ele engoliu
pesadamente e flexionou os dedos no volante. "Eles sabem
o quanto eu quero estar com você e eles
estão preocupados que você possa me machucar."
Ele não disse nada sobre a sugestão de sua mãe de que eu
estava com Ash por vingança. Ele
não sabia. Quanto pior tudo seria se ele soubesse?
CAPÍTULO 10
Nós jantamos como se nada estivesse errado. Ash falou
sobre negócios com o sheik e eu entrava na
conversa quando eles mudavam de assunto. Nós sorrimos e
ficamos de mãos dadas na frente do
sheik, rimos quando ele brincou sobre como nossos filhos
seriam lindos.
Mas era tudo mentira e insinceridade, até nossos sorrisos.
Meu estômago estava muito
embrulhado para comer e eu deixei a deliciosa comida
intocada no meu prato. Os olhos de Ash
tinham uma dureza que me preocupava. Geralmente sua
raiva ou tensão se dissolvia tão rapidamente
quanto começava, mas não desta vez. A dureza o perseguia
como uma sombra e deixava sua
boca puxada. Eu queria beijá-lo para que ela fosse embora
uma vez que tinha sido eu que a tinha
colocado lá.
A noite se arrastava. Minhas entranhas estavam dando nós
e meus nervos estavam tensos quando
Ash pagou a conta. Era isto. A última vez que ficaríamos
juntos como um falso casal. Nosso
próximo passo seria decidido em poucos minutos — se eu
iria sucumbir ao meu desejo e iria para
casa com Ash, ou se eu diria adeus a ele, possivelmente
para sempre.
Ainda não tinha decidido quando saímos do restaurante. Só
chegamos até a porta, e nosso
caminho foi bloqueado pela última pessoa que eu esperava
ver. A última pessoa que eu queria ver no
restaurante.
Meu pai.
"Te encontrei," ele rosnou para mim.
A mão do Ash se endureceu contra as minhas costas. Ele se
aproximou, protetor. "Quem é você?"
O olhar inflexível do meu pai perfurou Ash. "O pai de
Sophie." Para meu horror, ele enfiou
o dedo na cara de Ash. "E você, senhor, é um Kavanagh
sujo, sem coração."
Ah Deus. Meu coração pulava no meu peito. Isto não estava
acontecendo. Como se minha
vida não estivesse se desintegrando o suficiente, agora
tinha que colocar meu pai longe de Ash.
E do sheik também.
O sheik limpou a garganta. "Talvez eu deva sair."
"Não," meu pai surtou. "Você precisa ouvir o que eu tenho
para dizer."
Eu agarrei o braço dele. "Não, ele não precisa. Pai, saia
daqui. Você está me envergonhando."
"Sim?" Seu hálito cheirava a cerveja e seus olhos estavam
nublados. "Bom, porque parece que a
única maneira de chegar até você é te envergonhando. Eu
tentei argumentar com você, quando eu vi a
foto. Eu disse para ficar longe dos Kavanaghs. Mas aqui está
você novamente."
Eu tentei levá-lo para a porta, mas ele não se mexia. Ele
estava bloqueando a saída. "Pai. Vá
embora. Agora."
Ash veio para o meu lado. "Vamos discutir isso lá fora," ele
disse silenciosamente. "O
gerente está olhando nervoso e ninguém mais precisa saber
o que está te preocupando."
"Então eu vou dizer-lhes, posso?"
"Pai," eu murmurei através de lágrimas quentes. "Por favor,
porque você não vai embora? A gente
conversa mais tarde."
Mas ele não estava ouvindo. Não acho que ele me ouviu. Ele
olhou para Ash. "Ela só está com
você pelo dinheiro."
Nós não estávamos nos tocando, mas senti o corpo inteiro
de Ash endurecer. O sheik deu um
passo para trás para nos dar privacidade, mas ele ainda nos
ouvia. Ele ouvia tudo. Ele ia descobrir
que o noivado era uma farsa. A pouca comida que eu tinha
comido no jantar se embrulhou no meu
estômago. Talvez passar mal no exclusivo restaurante iria
distrair todos, do que meu pai estava
prestes a dizer.
"Você sabia que ela perdeu seus dois empregos?" ele disse
para Ash.
Ouvi Ash engolir, mas ele não parou de olhar para mim.
"Ela precisa do dinheiro. É por isso que ela está saindo com
você. É a única razão pela qual ela
está saindo com você, um maldito Kavanagh. Minha garota
é uma boa garota, e ela não chegaria perto
de você e da sua família sem uma boa razão. Não depois de
todos os avisos que eu dei para ela e das
coisas que sua família fez para mim."
"Pai," eu falei. "Isso é o suficiente. Agora vá. Por favor."
"Sophie?" Ash franziu a testa para mim e balançou sua
cabeça. Ele tinha uma nuvem de confusão
em seus olhos. Uma fúria interior ameaçava explodir. "O que
ele quer dizer? O que a minha
família fez para ele?"
"Não se preocupe com isso agora," eu disse dando um olhar
sobre o sheik. "É uma história antiga. Eu
vou te contar mais tarde."
Suas narinas se alargaram, mas ele absteve-se de fazer
mais perguntas, embora eu achasse que
ele estava testando sua paciência.
"Eles realmente não estão noivos," meu pai disse para o
sheik. "Ela só quer o dinheiro dele, e
ele só quer seu dinheiro." Ele mostrou os dentes num sorriso
macabro quando o sheik lhe deu
atenção. "Os Kavanaghs são uma família sem escrúpulos.
Eles estão te enganando, senhor, e vão
pegar todo o dinheiro que eles puderem espremer de você
com este falso noivado
entre minha filha e o filho deles. Mas eu não acho certo. Eu
sou o pai dela e não quero que
minha filha seja usada assim para que eles possam ganhar."
Os músculos da mandíbula do sheik se cerraram. Os lábios
dele ficaram brancos. "Isso é
verdade?" ele perguntou para Ash. "Você mentiu para
mim?"
Ash inclinou a cabeça em um aceno.
O sheik empurrou meu pai e caminhou para fora.
Tinha acabado. A mentira tinha chegado ao fim. Tinha
estragado tudo. Meu pai tinha estragado
tudo, e agora ele ia ficar repreendendo a família de Ash na
cara dele. Eu não ia aguardar e deixá-lo
machucar Ash assim, mas não parecia que ele estava indo a
qualquer lugar. A única maneira de fazê-
lo parar foi dar-lhe um motivo para sair. Então eu saí.
Eu corri. As lágrimas escorrendo pelo meu rosto borrando
minha visão para que eu não soubesse
para qual direção eu me dirigia. Tudo o que eu sabia era que
eu estava fugindo do restaurante, do
meu pai e de Ash. Longe da minha vida confusa.
Senti-me doente, com meu coração em pedaços. Como meu
coração ainda conseguia bater
era um mistério para mim porque doía muito. Esfreguei
meus olhos, mas mesmo assim as lágrimas
vieram. Eu continuei a correr. O ar frio acalmou um pouco a
minha pele quente... e o vento varria o
meu cabelo. Meu ombro bateu num poste de luz e quase
tropecei em uma seção desigual do
pavimento.
Então uma mão agarrou meu braço e me empurrou de
volta. "Pare, Sophie!" Ash. Ele parecia
preocupado e aliviado e com raiva ao mesmo tempo. "Jesus.
Você está indo para a estrada.”
Olhei através de meus cílios molhados e vi que eu tinha
quase entrado na pista que levava a
estrada. Meu corpo começou a tremer. Não conseguia parar.
O ar fresco da noite se infiltrou em meus
ossos e alojou-se lá.
Ash me largou e minhas lágrimas começaram a jorrar
novamente. Eu queria o seu toque, mas
precisava de sua ira. Era bem-vinda. Eu merecia depois do
jeito que eu tinha enganado ele.
"Não acredito," ele rosnou. "Não acredito que eu não vi
como realmente você é. É por isso que
você estava fingindo gostar de mim? Foi por isso que você
dormiu comigo? Para se vingar?"
"Não! Meu pai é quem quer se vingar, eu não."
Ele resmungou. "Não me importo com os motivos dele, só
com os seus. Você é a única que
importa para mim."
Soou amargo, mas as próprias palavras me deram algo
positivo para eu me agarrar. Eu precisava
disso, já que tudo ao meu redor estava em movimento,
como um mar tempestuoso.
"Então foi por dinheiro” ele zombou. Não havia nada do
homem gentil e amável que eu
conhecia naquela voz cruel. Os olhos dele brilhavam como
diamantes frios contra a luz ofuscante dos
postes. Ele era o cruel e feroz CEO. "Eu sabia, mas parte de
mim sempre quis acreditar que eu
estava errado." Ele enfiou a mão no bolso do paletó e tirou
algum dinheiro. "Aqui. O pagamento final
pelo seu tempo."
Ele empurrou o dinheiro e tirou sua mão. "Não quero seu
dinheiro. Não é sobre dinheiro."
Eu abri minha bolsa e encontrei o maço que ele tinha me
dado mais cedo. Eu estendi-lhe as notas.
"Eu vou te pagar o resto quando eu tiver. Tudo o que você
me deu."
Ele não aceitou, mas olhou para mim, assim que enfiei o
dinheiro no bolso do paletó. Algumas
notas se derramaram pela calçada e o vento as levou
embora.
Era difícil ver na luz fraca da rua, mas achei que seus olhos
se amoleceram e sua mandíbula
relaxou. "Eu não queria te pagar também. Me sentia sujo e o
que senti por você não era sujo."
Eu queria chegar perto dele e abraçá-lo, dizer a ele que o
amava e que não me importava com
o dinheiro dele. Mas seu corpo se enrijeceu novamente, e
quando ele falava, sua voz era desafiadora
e implacável.
"Por que, Sofia? Por que você fez isso se não era o que você
queria?"
Era o que eu queria! Eu queria gritar para ele, mas se hoje
eu tinha aprendido alguma coisa
era que eu estava certa. Uma relação entre nós não iria
suportar as tempestades jogadas em nós
pelo comportamento de um bêbado e vingativo - meu pai.
Havia muita história ruim sob a ponte
Kavanagh-Mason e não ia levar a lugar nenhum
"Se não é sobre o dinheiro a única razão que posso pensar é
vingança," ele disse. "Porque você
não quer ficar comigo. Você já deixou isso claro em várias
ocasiões." A tristeza e a decepção em sua
voz me machucavam. Eu odiava que ele pensasse isso de
mim, mas talvez fosse melhor. O que
tornou mais fácil para ele ir embora. "Deus, eu sou um tolo.
Confiei em você, Sophie. Eu me
apaixonei por você."
Meu coração parecia morto no meu peito. As palavras dele
pairavam no ar entre nós, uma bela
promessa e uma prisão ao mesmo tempo. Eu segurei um
soluço, mas as lágrimas voltaram.
Ele limpou a palma da sua mão na boca. "Espero que você
esteja dando uma boa risada às
minhas custas." Ele se virou e caminhou de volta para seu
carro. Papai estava pairando à distância, e
agora que ele tinha me visto, vinha na minha direção.
Eu entrei num táxi e fiquei aliviada que ele chegou antes do
meu pai.
CAPÍTULO 11
Eu consegui evitar meu pai naquela noite. Ele bateu na
porta do meu quarto, mas eu pedi para ele
ir embora. Na manhã seguinte, ele me deu um sorriso
tímido quando eu apareci para o café da manhã.
"Você está bem?" ele perguntou, espiando meu rosto com
preocupação.
"O que você acha?"
"Eu acho que você tinha que escapar daquele Kavanagh."
"Pare com isso! Pare com isso, pai. Ash não é o pai ou a mãe
dele. Não o culpe pelos problemas
que você teve com seus pais. Você não tinha o direito de
invadir o restaurante daquele jeito. Você nos
deixou embaraçados e arruinou seu negócio. Você estragou
tudo!"
Ele segurou suas mãos. "Acalme-se."
"Eu não vou me acalmar! Ash não merece isso. Ele é um
cara legal."
"Sim? Então por que ele te pagava para dormir com ele?"
"Ele não estava me pagando para dormir com ele! Ele me
pagou para agir como sua noiva,
nada mais. Eu dormi com ele porque eu quis, não é da sua
conta. Sou uma mulher adulta e posso
fazer o que me der vontade. Incluindo te colocar para fora
do meu apartamento."
"Ei, agora você está sendo precipitada. Acho que eu bebi
um pouco demais na noite passada. Não
vai acontecer de novo."
"Não, não vai porque nós não veremos Ash novamente de
qualquer maneira." Ele não vai querer
nem ser meu amigo depois da noite passada. Meu Deus,
que confusão. "E você vai para o AA."
Ele suspirou. "Está bem."
Sua anuência rápida me pegou de surpresa. "Você vai?"
Ele mostrou um pedaço de papel sobre a mesa. "Eu peguei
o número esta manhã. Tem uma reunião
perto daqui hoje a noite." Ele suspirou novamente. "Eu não
queria que ontem à noite
acontecesse daquela forma. Você é a minha garotinha. Você
é tudo o que me resta no mundo.
E sinto que estou perdendo você."
Minha garganta ficou apertada. "Ah, pai."
"E para um Kavanagh."
Eu o abracei. Não pude evitar. Depois de tudo o que ele
tinha feito e dito, ele era apenas um
desastre emocional confuso como eu. E ele tinha razão — só
tínhamos um ao outro. "A única maneira
que você pode me perder é se você fizer uma proeza que
nem essa, e se você parar de ter
responsabilidade
por
suas
ações,
incluindo
empréstimos
de
dinheiro
com
um vagabundo como o Chefe. Empurrar meus namorados
para longe não vai nos aproximar. Vai
apenas abrir uma brecha ainda maior entre nós. Você
entende?"
Ele me apertou e não disse nada por um longo instante.
Tive um pressentimento que ele também
estava engasgado para falar. Finalmente ele acariciou
minhas costas. Seus olhos brilhavam com
lágrimas.
"Eu sei. Eu tive que ficar sóbrio antes de perceber isso, mas
eu vejo as coisas mais claras hoje.
É por isso que eu vou ao AA. É um sincronismo perfeito
também. A reunião vai terminar antes do
meu primeiro turno."
"Você conseguiu um emprego," eu disse feliz.
Ele assentiu. "Você não está feliz por mim?"
"Pai, é um bar. Não acha que vai ser muita tentação?"
Ele franziu a testa. "Você provavelmente está certa. Mas eu
não posso aceitar o trabalho e desistir
em seguida. Eu vou até lá hoje e vou falar com o meu novo
chefe sobre isso e explicar sobre minha
desistência."
Eu o abracei novamente. "Estou muito feliz por que você
está conseguindo se reerguer."
"Sinto muito, Sophie. Agora, sobre a noite passada — talvez
eu possa telefonar e pedir
desculpas."
"Não faça isso. Você não disse nada que ele não fosse
descobrir eventualmente. Não teria
funcionado entre nós de qualquer maneira. Somos muito
diferentes." Dei de ombros e virei para
esconder as lágrimas que vinham aos meus olhos
novamente.
"Você é boa o suficiente para ele, Sophie. Nunca se esqueça
disso. Dinheiro não compra classe
ou um bom coração, e você tem ambos em abundância."
Eu beijei sua bochecha, mas não disse nada. Não havia
nada mais a dizer.
Eu admito que eu estivesse pensando na possibilidade de
ligar para Ash e me desculpar. Tinha
até pegado meu telefone e olhado o número nos contatos.
Mas não liguei. As feridas que nós dois
tínhamos nos causado ontem à noite eram profundas e
precisavam de tempo para curar. Falar seria
apenas mantê-las frescas e abertas. Mesmo assim, colocar o
telefone de lado era a coisa mais
difícil que eu já tinha feito.
Papai foi para a sua reunião dos Alcoólicos Anônimos depois
do nosso jantar de arroz frito. Era
tudo o que podíamos pagar, mas não me arrependi de ter
dado para Ash seu dinheiro de volta. Passar
fome por alguns dias era melhor do que ter Ash achando
que eu era uma puta, achar que eu fiquei com
ele por causa do seu dinheiro, ou por vingança.
Eu me sentia doente quando eu pensava sobre a cena no
restaurante e sobre o que aconteceu do
lado de fora e no olhar no rosto de Ash quando meu pai
falou sobre o nosso acordo. Sem dúvida ele
deveria ter perguntado a seus pais o que tinha acontecido e
agora ele já sabia da estória toda. Ele
parecia tão magoado e tão zangado também. Quanto tempo
ia demorar para ele me perdoar? Será que
algum dia ele ia me perdoar?
A batida na porta me fez dar um pulo. Não. Certamente ele
não tinha voltado para mim. Eu
abri a porta com os dedos tremendo e engasguei quando vi
Harry e Ellen Kavanagh parados na minha
porta. Eles pareciam um casal perfeito, que tinham acabado
de sair de um anúncio de
planos de aposentadoria.
"Podemos entrar?" Ellen perguntou.
Harry olhou por cima da minha cabeça.
"Ele não está aqui," eu disse. "Tenho certeza de que você
sabe que ele vive comigo agora. Parece
que vocês são capazes de descobrir essas coisas."
"Ele vai voltar para casa em breve?" Harry perguntou.
"Não. É ele que você quer ver?" Eu tentei combinar a
rapidez de Ellen, mas desisti. Eu estava
mais curiosa do que qualquer outra coisa.
"Não particularmente," ela disse. "Mas se ele estivesse aqui,
ele mataria dois coelhos com uma
cajadada."
Harry disse: "Por assim dizer," com um pequeno sorriso.
"Podemos entrar?"
Eu me afastei e deixei-os passar. Fiquei feliz porque meu pai
não estava em casa. Ele podia ter
dito as coisas certas para mim, mas o arrependimento dele
era muito recente para testar com as
pessoas que ele tinha ódio há tanto tempo.
"Sente-se na sala de estar," eu disse. "Ela está limpa," eu
adicionei quando Ellen hesitou.
Ela e o marido trocaram um olhar, em seguida, sentaram-se
no sofá.
"Vocês aceitam alguma coisa?"
"Não, obrigado." Harry limpou a garganta. "Espero que você
não ache que estamos te sufocando
por nós dois termos vindo, mas eu insisti. Queremos
esclarecer quaisquer mal-entendidos que
possam existir entre nossas famílias."
Eu puxei uma das cadeiras da cozinha para a sala de estar e
sentei-me. "Continue."
Ellen assumiu o lugar de seu marido. "Quando eu passei
aqui, eu te avisei para não machucar
Ash. Pedi para você ficar longe dele, se as suas intenções
fossem baseadas em vingança."
"Eu me lembro," disse firmemente.
"Parece-me que já era tarde. Ele já estava apaixonado por
você. Você já o tinha machucado de
qualquer maneira."
Eu dobrei minhas mãos no meu colo. Eu não tinha certeza
quanto mais eu suportaria antes de
cair num choro convulsivo, mas eu queria continuar a ouvir
um pouco mais. Ser repreendida por
essa mulher me fazia me senti bem, de alguma forma.
Como se fosse uma limpeza.
"Mas você tinha que ter dito para ele por que você não
podia ficar com ele?"
"O que você que dizer?"
"Ele veio conversar com a gente hoje," Harry disse,
assumindo. "Ele nos perguntou por que seu
pai estava com tanta raiva e porque ele achou que
precisava se vingar em um membro da nossa
família".
Eu não agüentava mais. Não podia deixar essas pessoas
acharem que eu era tão fria. "Eu não fiz
isso por vingança."
“Viu?" Harry disse para Ellen. "Eu avisei que ela não era
assim."
"Você só tem a palavra dela," Ellen sussurrou.
Ele acariciou a mão dela e ela não as afastou dele. Foi o
primeiro sinal de afeto que eu tinha
visto entre eles. "Então por que deixou Ash pensar que foi?"
Harry perguntou.
Eu suspirei. "É complicado."
"Estamos ouvindo."
"Resumindo é que não sou boa o suficiente para Ash."
Ambos piscaram para mim.
"Eu acho que você vai concordar com essa avaliação, depois
que meu pai bêbado arruinou
seu negócio além de ter se feito de tolo. Tenho certeza de
que Ash lhe contou o que aconteceu."
"Foi o seu pai que fez a besteira," Ellen disse. "Não foi
você."
"Não, mas ele não vai mudar. Ele vai ser sempre meu pai."
Ela deu uma risada. "Você acha que nos importamos com
isso? Acredite, há muito pior em
nossa família. Um bêbado não é nada."
As palavras dela me chocaram. Do que ela poderia estar
falando? Os olhares que eles
trocaram me deixaram curiosa. Qual Kavanagh estava
causando problemas?
"Além disso, não é só meu pai," eu disse. "Eu sou apenas
uma garçonete. Na verdade, nem isso
eu sou. Eu sou uma garçonete desempregada. Eu não sou
inteligente ou sofisticada. Não me lembro
qual garfo usar para peixes, e minha conversa é limitada.
Pessoas como o sheik me acham sem
graça."
"Na verdade ele gostou de você," Harry disse. "Eu falei com
ele hoje. Ele me disse que ficou
decepcionado porque você e Ash não são um casal de
verdade e como ele achava que vocês tinham
sido feitos um para o outro."
Eu engoli, mas o caroço na minha garganta não ia embora.
"Eu vivo em uma lixeira," disse. "Não
tenho nada meu."
"Ash não liga para isso," Ellen disse.
"Isso não nos interessa," ecoou Harry.
Eu funguei. Por que estavam sendo tão legais comigo
depois da maneira como eu tratei
o Ash? "Papai nunca vai te perdoar," eu disse agarrando a
única coisa odiosa que pude pensar.
A mão de Harry apertou a mão da esposa. "O que seu pai
disse para você porque ele deixou a
Kavanagh Corporation?"
"Que você o demitiu depois de descobrir..." Não podia dizer.
Eles pareciam um casal feliz e o
problema que eles tiveram no passado ficou no passado.
Não queria trazê-lo de volta ao presente.
"Não despedi seu pai porque eu pensei que ele estava
tendo um caso com a Ellen," Harry disse.
Eu olhei para ele. "Não?"
"Não! Ellen é tão leal a mim como eu sou para ela."
Ela assentiu com a cabeça.
Harry suspirou. "A verdade é que, seu pai estava passando
por uma fase muito difícil depois que
sua mãe morreu. Eu ignorei alguns erros que ele fez, mas
em seguida ele custou à empresa uma
grande quantidade de dinheiro em um projeto que ele
estava gerenciando. Confiei em Ellen naquela
época como sempre e pedi para ela falar com seu pai, mas
ele negou ser o responsável pelo erro.
Não foi o erro que me incomodou, mas a sua negação.
Tínhamos de ter uma base sólida, ter uma
relação de confiança. Dei-lhe todas as oportunidades para
vir até mim e admitir seu erro, mas ele não
o fez. Ele era orgulhoso demais para pedir ajuda. Foi nessa
época que percebi que ele estava
bebendo muito, e nós tentamos convencê-lo a ter
aconselhamento. Ele se recusou e entrou no meu
escritório, me chamando de todos os tipos de nomes. Senti
o cheiro de bebida nele e eu deveria
ter feito vista grossa. Mas não fiz. Eu o despedi." Ele
arrastou a mão pelo cabelo e não me olhou.
"Eu gostaria de ter sido mais piedoso."
Meu coração estava na minha garganta, batendo num ritmo
rápido. Eu não podia falar, só podia
olhar. Eu deveria saber que seria em parte —
principalmente — culpa do pai, mas eu acho que eu
não queria acreditar.
"Harry ficou mais calmo no dia seguinte," Ellen disse. "Ele é
como Ash. Rápido para ficar com
raiva, mas rápido também para deixar de ficar. Ele ligou
para seu pai, mas não conseguiu encontrá-
lo. Eu fui até a casa dele, mas ele tinha ido embora. Tinha
feito as malas e tinha se mudado. Ele não
deixou endereço."
"Ele veio para cá viver comigo," eu disse calmamente. "Ele
estava mal. Ele está mal desde
então." Eu enterrei minha cabeça em minhas mãos e dei
uma respiração profunda. "Me
desculpe. Sinto muito por todos os problemas que ele
causou no passado e agora."
"Ele não está bem?" Harry perguntou calmamente.
Dei de ombros. "Ele está melhor. Acho que ontem foi um
soco no estomago dele para o início
da recuperação dele, mas acho que no futuro haverá menos
socos. Ele está indo as reuniões do AA
e ele quer voltar a trabalhar."
"Ele amava muito a sua mãe," Ellen disse.
Meu queixo e lábio inferior tremiam. "Eu sei. Obrigado por
terem vindo me contar tudo. Eu
precisava saber a verdade."
"Não foi por isso que viemos."
Balancei a cabeça. "Você queria me dizer o quanto eu
magoei Ash. Bem, vocês não precisam. Eu
sei. Vi nos olhos dele." Puxei uma respiração para acalmar
meus nervos. "Mas ele vai ficar bem.
Ele só precisa de tempo. Não deixamos nossa relação ir
muito longe."
"Você pode continuar pensando assim," Ellen falou. "Mas
não é verdade."
"Ouça," Harry disse antes que eu pudesse perguntar o que
ela quis dizer. Ele se inclinou para
frente. "Ash surgiu com este acordo de um falso noivado,
não por causa do sheik, mas porque ele
não sabia como se aproximar de você."
Pisquei rapidamente através de minhas lágrimas. "Eu não
entendi. Ash pode ter a mulher que ele
quiser. Tudo o que ele tem que fazer é ir até a um bar e ela
vai cair a seus pés."
"Não é isso o que ele quer."
Olhei para ela. Não queria dizer que era isso o que eu queria
fazer, mesmo antes de saber que
ele era um Kavanagh.
"Ash é um workaholic (viciado em trabalho) e não sabe
como convidar uma mulher para sair,"
Harry disse. "Eu sei que soa estranho quando ele tem tanto
para oferecer, mas é verdade."
"Ele puxou o pai." Ellen deu a seu marido um doce sorriso
que me pegou desprevenida. Esse tipo
de sorriso era muito estranho nela.
"Ash está muito mal, miserável," Harry continuou. "Falamos
com ele esta manhã e ele... não está
bem. Será que você pode ligar para ele?"
Eu agarrei meus dedos mais apertados. Depois de tudo o
que tinha acontecido, eles queriam que
eu ficasse com Ash? Era bom demais para acreditar. Senti
como se algo dentro de mim estivesse
desmoronando, e com o choque, percebi que era o muro
que eu tinha construído em torno de meu
coração.
"Foi apenas um acordo financeiro," eu me ouvi dizendo.
"Não é um relacionamento verdadeiro"
"É verdade?" Ellen disse. "Porque eu vi o jeito que você
olhou para ele e ele para você no
casamento. Você quer mais do que um acordo financeiro
como você colocou. E não me venha
com essa bobagem sobre não ser digna dele. Admito que
meu filho seja uma pessoa maravilhosa,
mas ele não é perfeito. Além disso, em comparação com as
mulheres que alguns dos meus filhos
trouxeram para casa de vez em quando, você positivamente
é uma princesa. Você conheceu Zoe."
Eu sorri através de minhas lágrimas e limpei minhas
bochechas.
"E da maneira que o nosso filho mais novo está vivendo,
precisamos de boas notícias," Harry
disse com um toque irônico.
O sorriso de Ellen se tornou soturno. "Acho que você vai ter
que ligar para Ash. Eu não
acredito numa mulher perseguindo o homem, mas é a única
forma desta vez. Ele ainda se sente muito
magoado e vai se sentir assim por algum tempo. Ele pode
ser um homem gentil, mas ele tem o
orgulho dos Kavanaghs fluindo em suas veias. Mas ele te
ama, Sophie. Isso é tudo que importa."
Depois que eles saíram, peguei meu telefone e disquei o
número de Ash com os dedos tremendo.
Foi direto para a caixa postal. Desliguei sem deixar uma
mensagem.
Talvez eles estivessem errados. Talvez Ash não me amasse.
Ou ele me amava e eu tinha
destruído o amor ontem à noite.
Tentei ligar novamente, e mais uma vez caiu na caixa
postal. Eu coloquei o telefone na mesa e fui
fazer
uma
xícara
de
chá.
Eu
não
conseguia
dormir
ainda estava acordada quando meu pai chegou em casa por
volta da uma hora da manhã.
"Você ainda está acordada?" ele disse jogando sua chave na
mesa. Ele entrou e beijou o
topo da minha cabeça.
Ele estava de bom humor e não queria vê-lo desaparecer.
Decidi não falar para ele sobre a visita
de Ellen e Harry. Talvez amanhã. Ou talvez nunca. Eu não
tinha certeza se ele precisava ouvir, ou se
ele estava pronto.
"Eu gostaria de saber como foi a sua noite," eu disse para
ele.
"Tudo bem. Ótimo! E a reunião do AA não foi tão ruim. Todo
mundo está realmente
interessado em ajudar."
"Então você vai voltar?"
"Tenho certeza que sim. Por você, querida." Ele foi para a
cozinha e pegou um copo de água
"E o trabalho?"
"Essa é a melhor parte. Meu chefe me disse que eu
provavelmente não deveria trabalhar com
álcool. Começamos a conversar e quando eu lhe contei
minha experiência profissional anterior, ele
decidiu me contratar para trabalhar em seu escritório. Ele
possui alguns bares e disse que precisava
de alguém para supervisionar as operações existentes
enquanto ele continua expandindo seu
negócio. Eu vou ser testado primeiro lugar, é claro. Ele
deixou claro que se eu beber no trabalho ou
fizer alguma besteira, ele vai me despedir sem hesitação."
Eu sorri para ele. Eu ainda me sentia instável e ferida depois
de pensar sobre Ash a noite
toda, era o melhor que eu podia oferecer. "Estou feliz por
você, pai. Realmente, estou muito feliz.
Só não estrague tudo, está bem? Eu posso não ser mais
uma criança, mas às vezes ainda preciso do
meu pai perto de mim."
Ele voltou para a sala e beijou minha testa. "Eu vou fazer o
meu melhor."
"Pai," eu disse, pegando a mão dele antes que ele fugisse.
"Eu preciso de mais uma coisa de
você."
"Qualquer coisa".
"Preciso que você perdoe Harry Kavanagh."
Estreitei meus olhos e me perguntei se eu tinha dado um
passo grande demais, cedo demais. "Por
quê? Você vai sair voltar a sair com o filho dele?"
Eu suspirei e soltei a mão dele. "Eu não sei. Não é esse o
ponto. O ponto é que você está há
muito tempo com raiva. Se você realmente quer seguir em
frente com a sua vida, você tem que
deixar tudo o que aconteceu entre vocês no passado. É hora
de perdoar."
Ele ficou calado por um longo momento. Então ele
finalmente respirou profundamente e assentiu
com a cabeça. "Eu sei. Eu vou tentar, por sua causa.
Prometo que não vou ficar no seu caminho, se
você quiser namorar um Kavanagh."
Eu dei uma risada. Não dependia de mim eu namorar Ash
ou não. Não quando ele não
retornava minhas ligações.
CAPÍTULO 12
Na manhã seguinte eu tentei o telefone de Ash novamente.
Não tive resposta. Se eu
precisasse de um sinal de que ele não queria nada comigo,
era esse o sinal. Eu não tentaria
mais. Minha dignidade estava pendurada por um fio e outra
ligação sem resposta podia cortar o fio
completamente.
Meu sofrimento aflorou por volta do meio da tarde. Meu pai
tinha começado seu
novo emprego naquela manhã, então não tinha ninguém
para conversar, exceto meus próprios
demônios, e eles eram uma triste companhia. Visitei alguns
amigos e perguntei se eles sabiam de
alguma vaga, de qualquer trabalho. Então pedi um
empréstimo para Jen, minha melhor amiga. Eu
nunca tinha pedido dinheiro emprestado para ninguém
antes, mas eu estava desesperada.
"Somente até meu pai receber seu primeiro salário," disse
para ela.
Ela me deu mais do que eu precisava para passar duas
semanas e não aceitou uma parte do
dinheiro quando tentei entregá-lo de volta. "Vai se
matricular no curso que você está sempre falando
que quer fazer."
"Contabilidade?"
Ela assentiu com a cabeça, mordiscando o lábio inferior com
os dentes.
Eu embolsei o dinheiro e dei-lhe um sorriso. "Eu vou.
Obrigada, Jen. Obrigada por sua amizade."
Ela me deu um abraço e foi bom saber que eu tinha amigos
como ela. Eu a tinha negligenciado
ultimamente.
"Deixe-me saber se há alguma coisa que eu possa fazer por
você," eu disse para ela.
"Tem uma coisa." Eu devia ter fugido uma milha, quando ela
me deu um sorriso malicioso.
"Você pode me dizer o que está acontecendo entre você e
Ash Kavanagh."
Eu suspirei. "Não há nada para dizer. Nós namoramos um
pouco, mas acabou."
"Por quê?"
Dei de ombros. "Porque sim."
Ela colocou o cabelo preto atrás da orelha. "Você não parece
feliz com isso."
Dei de ombros novamente. Eu não estava com vontade de
contar-lhe tudo o que tinha
acontecido. Talvez um dia.
"É provavelmente melhor você não ter nada a ver com
aquela família agora," ela prosseguiu.
Eu franzi a testa. Tinha o sheik publicamente chamado o
Ash de mentiroso? Meu coração
começou a bater mais forte. "Por quê?"
Ela virou a capa do seu iPad e tocou na tela. "Aqui." Ela
estava olhando para um artigo em
um site de notícias. Sob a fotografia de Damon Kavanagh
estava escrito: KAVANAGH PRESO POR
ASSALTO.
“Oh meu Deus," eu disse com um suspiro. Li o resto do
artigo, mas dizia muito pouco. Parecia
haver poucos detalhes disponíveis e eu me perguntei se os
Kavanaghs teriam usado sua
influência para suprimi-los. "Eu tenho que ir."
Jen levantou-se e me seguiu até a porta. "Aonde você vai?"
"Ver Ash."
"Mas você disse que estava tudo acabado."
"Está, mas ele provavelmente precisa de um amigo.
Podemos não estar mais namorando,
mas eu quero que ele saiba que eu sempre vou estar com
ele, se ele precisar de mim."
Agora, os problemas entre Ash e eu pareciam
insignificantes. Tudo o que importava era certificar-me
se ele estava bem.
Ela não parecia convencida. "Espero que você saiba o que
está fazendo. Os
homens Kavanagh não são para brincadeiras."
Dei-lhe um aceno triste. "Eu sei. Obrigada, Jen. Você é a
melhor amiga do mundo."
Nos abraçamos e depois corri até o meu carro. Fui direto
para o prédio de Ash. De acordo com o
porteiro, Ash não estava em casa. Eu não tinha como saber
se isso era uma mentira ou se era uma
maneira de Ash me evitar. Tentei ligar-lhe novamente, mas
a ligação caiu direta na caixa postal. Ele
tinha desligado o telefone. Eu tentei o número do trabalho
dele, mas sua P. A. disse que ele não tinha
ido trabalhar e que se eu era da imprensa deveria ter
vergonha de estar perseguindo um homem
honrado e inocente. Eu não me incomodei de corrigi-la.
Droga.
Ele provavelmente estava na sua casa em Serendipity Bend,
falando com os advogados da
família. Eu não queria me intrometer, mas eu também sabia
que Ash poderia ficar lá por muito tempo.
Ele podia até mesmo ficar para dar suporte a seus pais.
Eu briguei comigo mesma por quinze minutos e
eventualmente decidi desistir. Ele estava com
a família, com as pessoas que o amavam. Ele ficaria bem.
Ele não precisava de mim. Tinha sido uma
idéia tola achar que ele precisaria de mim quando ele tinha
tantos entes queridos perto dele.
Amor. Eu ainda não tinha coragem de falar as palavras de
Ellen. Era demais para eu esperar que
fosse verdade.
Fui para casa. Era fim de tarde e o trânsito estava horrível.
Não importava. Eu não estava com
pressa de estar em qualquer lugar. Eu estacionei na
garagem e subi as escadas.
Parei no topo. Vi Ash sentado no chão, suas longas pernas
estendidas, a cabeça encostada na
porta do meu apartamento, seus olhos fechados. Uma
penugem escura sombreava sua mandíbula e
linhas profundas vincavam sua testa. Ele usava um terno,
mas sem gravata, os dois primeiros botões
da camisa estavam abertos.
Eu respirei. E respirei de novo. "Ash."
Ele deu um saltou e ficou de pé num piscar de olhos. Ele me
encarou. "Sophie! Não te ouvi."
Olhei para meus sapatos. Eles tinham um solado macio e
silencioso. "Seu carro não está parado
aí na frente." Parecia uma coisa estúpida de se dizer, mas
tinha dado um branco na minha mente.
"Eu pedi David para me trazer e me deixar aqui. Eu vou
chamá-lo quando estiver pronto para ir."
Ficamos sem falar por um longo instante, até que me
lembrei de ser educada. "Você quer entrar?"
Ele assentiu. "É provavelmente melhor falar onde nós não
podemos ser ouvidos."
Abri a porta, ciente de que estava perto de Ash e que eu
podia sentir o seu perfume e sentir o
seu calor. Assim que a porta estava aberta, eu me arrependi
de tê-lo convidado. O apartamento
estava limpo, mas agora ele ia ver como eu vivia. Eu tentei
colocar o tapete sobre a maior mancha
que ficava perto do sofá, mas ele pegou minha mão.
"Está tudo bem, Sophie," ele disse com aquela voz suave,
melódica que eu sentia tanta saudade.
"Você não precisa esconder nada de mim."
Como ele sabia o que eu estava fazendo? Eu engoli e ele me
soltou. Eu senti a impressão da sua
mão na minha pele depois que ele a soltou.
Nós nos sentamos em lados opostos do sofá até que me
lembrei de perguntar-lhe se ele queria
uma bebida. Ele balançou a cabeça. "Ouviu sobre Damon?"
ele perguntou.
"Sim. Há poucos minutos. Tentei ligar para ver se você
estava bem, mas você não atendeu."
Ele estremeceu. "Eu desliguei meu celular. Os repórteres
não paravam de ligar e estavam me
deixando louco".
"Eu pensei que era o seu número privado".
"Assim como eu. Não sei onde eles conseguem essas
informações. Eu sei que você ligou ontem à
noite também, mas eu... Eu não estava preparado para falar
com você. Me desculpe."
"Tudo bem. Como você está desde que ele foi preso?"
Ele inclinou os cotovelos sobre os joelhos e abaixou a
cabeça. "Não acho que Damon vai sair
dessa." Ele não parecia zangado com seu irmão, nem o
culpava.
"Ele fez isso?"
Ele assentiu. "Ele tinha suas razões, mas não podemos
negar que ele bateu no outro cara."
"E o outro cara está bem?"
"Ele está no hospital em coma induzido, enquanto eles
esperam o inchaço no seu cérebro
diminuir."
Eu soltei um suspiro. "Ah, Ash. Isso é horrível. E o Damon
está bem?"
"Eu não sei. Ele não está falando com qualquer um de nós.
Se o cara morrer... Damon nunca mais
vai ser o mesmo. Ele vai pirar. Nós nunca vamos ter nosso
irmão mais novo de volta." Ele
apertou seus olhos e beliscou a ponta de seu nariz.
Eu me desloquei para mais perto dele e coloquei a mão em
suas costas. Os músculos dele se
contorceram sob a minha palma. "Sua família é forte," eu
disse para ele. "Você vão passar por isso
juntos e vão sair vitoriosos. Só vai levar algum tempo."
"Eu sei,” ele sussurrou. "Obrigado. Eu precisava ouvir isso."
"Há mais," eu disse, tentando aliviar seu humor negro. "Eu
tenho um monte de palavras de
sabedoria, se você quiser ouvi-las. Há um livro inteiro na
minha prateleira se você puder esperar que
eu vá pegá-lo."
Ele inclinou a cabeça e riu suavemente. "Sério Sophie.
Obrigado por me receber hoje. Eu não
tinha certeza se eu devia vir aqui depois da outra noite."
Eu balancei minha cabeça. "O que aconteceu não é culpa
sua, Ash."
"Eu não devia ter gritado com você." Ele se endireitou e
mexeu no bolso do paletó. "E não devia
ter deixado você me devolver isto." Ele estendeu um maço
de dinheiro.
Eu pisquei volta para ele, não tinha certeza do que dizer, ou
até mesmo como me sentir. Eu deixei
Jen me emprestar dinheiro — porque aceitá-lo de Ash era
diferente? Mas não queria
que ele pensasse que era tudo que eu queria dele.
"Ash... Eu.... um amigo me deu algum dinheiro e novo
emprego do meu pai paga a cada duas
semanas. Obrigada, mas não preciso desse dinheiro."
Sua respiração era audível. "Estou preocupado com você,
Sophie." Ele colocou o dinheiro no
sofá e passou as mãos pelo cabelo dele. "Estou tão
envergonhado da minha resposta na outra noite no
restaurante. Eu vivo em minha torre de vidro, como minha
mãe diz e nem sempre vejo as coisas
do ponto de vista das pessoas ao meu redor. Jesus, Sophie,
você me deixou pensar que estava tudo
bem, que tinha dinheiro de seus outros trabalhos e ao
mesmo tempo estava quase morrendo de fome."
Retirei a minha mão. "Você não sabe se eu estava morrendo
de fome," disse rigidamente.
"Falei com Liam. E tivemos a certeza de que você não tinha
muito."
Maldito Liam e todas as vezes que eu tinha confiado nele.
Eu dobrei minhas mãos no meu colo,
torcendo um dedo ao redor do outro. Olhei para eles que já
estavam ficando brancos. "Obrigada
pelo dinheiro. Eu pagarei de volta, Ash."
"Você não precisa."
"Eu preciso. Mas eu só vou aceitá-lo se você me prometer
que agora podemos ser amigos." Parei
de torcer os dedos e os apertei juntos com mais força. "Eu
quero te ver novamente. Não quero que
você saia da minha vida para sempre e nunca mais ouvir
falar de você ou te ver." Eu funguei
enquanto as lágrimas jorravam. "Será que você, por favor,
pode perdoar meu pai por ter estragado
tudo com o sheik? Você pode, por favor, ser meu amigo
novamente?"
Foi tanto tempo antes de ele falar que eu comecei a entrar
em pânico. O que eu tinha dito? Por
que ele não podia ser meu amigo? O que havia de errado
comigo? Eu estava com muito
medo de olhar para ele e ver a resposta em seus olhos.
Além disso, meus olhos estavam cheios de
lágrimas e eu não queria que ele visse.
"Não," ele falou irritado.
Senti uma batida no meu rosto como se ele tivesse me dado
um tapa. Finalmente, eu estava
olhando para ele. Emoção enchia seus olhos e aparecia no
seu rosto. Não sabia o que fazer com a
mudança, mas uma saudade bateu dentro de mim, tão
profunda e poderosa, como um grito cortante.
"Não?" Eu sussurrei.
"Não." Suas narinas se alargaram enquanto ele lutava por
controle. "Não quero ser seu amigo,
Sophie."
Meu coração se rachou em pequenos pedaços Finalmente
explodi. As lágrimas se derramavam
pela minha face, e eu não me importava o quanto eu
desejava que elas parassem porque isso não ia
acontecer. Coloquei minhas mãos sobre o meu rosto, então
ele não me podia ver chorando, mas já era
tarde demais. Ele devia me achar patética.
Mãos quentes abraçaram meu rosto. Seus polegares
acariciaram minhas têmporas. Sobre o som
dos meus soluços, o ouvi dar um suspiro e soltar sua
respiração lentamente. "Não quero ser seu
amigo, Sophie," ele murmurou no meu ouvido. Por que ele
tinha que repetir novamente? Uma vez não
tinha sido ruim o suficiente? "Eu quero ser seu melhor
amigo. Eu quero ser seu amante, seu
confidente, a pessoa que você procura quando precisa de
ajuda, ou quando você vê algo engraçado e
quer compartilhar."
Eu parei de chorar, mas mantive as mãos sobre o meu
rosto. Eu tinha medo de tirá-las e quebrar o
feitiço das palavras maravilhosas que ele estava me
dizendo.
"Eu quero acordar com você na minha cama e dormir com
você em meus braços. Eu quero
segurar a sua mão e andar ao seu lado na rua. Eu quero que
as pessoas saibam como tenho sorte de
estar com você. Eu quero ouvir seu riso e sua voz de
manhã, de tarde e de noite. Quero dizer para
você todos os meus segredos, meus medos, meus desejos."
Ele colocou as mãos por cima da minha e gentilmente
levou-as para longe do meu rosto.
Eu pisquei meus olhos lacrimejantes, mas não confiava em
minha voz ainda. Felizmente, ele
não queria que eu falasse.
"Nós não podemos ser só amigos, Sophie, porque eu quero
tudo. Acho que sou egoísta assim."
O aperto na minha garganta não me deixava dizer uma
palavra. Eu só olhei para ele, tentando
descobrir como eu tinha tido sorte por esse homem
maravilhoso ter se apaixonado por mim, mesmo
depois de ver o pior de mim e da minha família. Parte de
mim queria dizer-lhe que eu não merecia
seu amor, mas eu enterrei essa pequena voz nos confins da
minha alma. Eu merecia. Eu o merecia. A
gente podia fazer esse relacionamento funcionar.
Seus dedos apertaram os meus. "Sophie?" ele sussurrou.
"Por favor. Isso está me matando. Eu só
quero uma chance para te provar o quanto eu amo você."
"Ash." Foi tudo o que eu consegui dizer. Eu joguei meus
braços ao redor dele e beijei-o
profundamente. Depois de um momento em que ele parecia
estar acreditando no que estava
acontecendo, ele me beijou de volta com toda a paixão que
estava em seu coração. Seu beijo era
possessivo e exigente, mas estava cheio de admiração e de
saudade também.
Sem parar de me beijar, ele tirou o casaco. Pus a mão no
peito dele. Ele piscou para mim,
o peito subindo e descendo com a sua respiração irregular.
"O que está errado?"
"Aqui não. Mau pai vai chegar a qualquer momento."
Seus olhos fecharam. "Graças a Deus. Eu pensei que você
tinha mudado de idéia."
Beijei-o novamente e ele sorriu contra a minha boca. Ele
envolveu seus braços ao meu redor,
mantendo-os depois que eu parei de beijá-lo. "Seu
apartamento?”
"Vou pedir ao David para trazer o carro." Ele pegou seu
celular.
"O vidro do carro entre o David e a parte de trás é grosso?"
Ele levantou suas sobrancelhas.
"Eu não sei se eu posso esperar até chegarmos ao seu
apartamento."
Ele riu e discou. Ele deu as ordens ao motorista para buscar-
nos enquanto eu colocava alguns
produtos de higiene pessoal e roupas em uma mala. Peguei
o suficiente para dois dias.
Estávamos prestes a sair quando a porta abriu. Papai ficou
no limiar e olhou para Ash.
Ele congelou com a boca entreaberta, os olhos bem abertos.
Ash pressionou a minha mão. "Eu sou Ash Kavanagh. Prazer
em conhecê-lo, senhor."
O olhar do meu pai parou na mão de Ash. Por um tempo
achei que ele ia destratá-lo, mas
ele apertou a mão de Ash. "É um prazer conhecê-lo
também. Por favor, me desculpe, pela
outra noite."
"Esquece. Todos nós já dissemos algumas coisas que nos
arrependemos depois. Quero
esquecer tudo e começar de novo."
Papai olhou surpreso de ter sido tão fácil. "Eu gostaria disso.
Então vão a algum lugar?" Ele
assentiu com a cabeça em direção a minha sacola na mão
de Ash.
"Vou passar um tempo na casa dele," disse. "Você vai ficar
bem sozinho?" De repente estava
repensando. Papai estava tentando vencer o alcoolismo.
Não queria que ele desistisse. Ele
ainda precisava de mim.
"É claro," disse ele, beijando minha bochecha. "Além disso,
não posso fazer companhia para
você esta noite, de qualquer forma, ou nas próximas
semanas."
"Por que não?"
Ele levantou a pasta que estava segurando. "Eu tenho que
analisar essas contas. Elas estão uma
bagunça. Eu provavelmente vou trabalhar até tarde e sair
cedo para o escritório todas às manhãs."
Eu sorri e depois o abracei. "Não trabalhe demais." Nunca
pensei dizer isso para ele.
Ele riu suavemente. Para Ash, ele disse, "tome conta dela.
Ela é preciosa para mim."
"Eu sei, e eu vou. Ela é preciosa para mim também."
Eu beijei meu pai novamente e fomos embora. David e o
carro estavam nos esperando do lado
de fora, e Ash entregou-lhe a minha sacola. David fechou a
porta, seu rosto uma máscara de
desinteresse o tempo todo.
O carro mal começou a rodar quando Ash retomou de onde
tínhamos parado no meu
apartamento. Ele me garantiu que o vidro escuro entre os
bancos da frente e de trás era grosso o
suficiente para bloquear qualquer imagem ou ruído. Eu
escolhi acreditar nele.
Minhas roupas estavam espalhadas no banco de trás
quando deixamos a minha rua, e nós
estávamos quase chegando à casa de Ash quando eu tive o
melhor orgasmo da minha vida.
Fim
Agora Disponível:
O ERRO DO NAMORADO BILIONÁRIO
Zac é o quarto irmão Kavanagh e o mais encantador. Certa
vez ele disse que podia ter qualquer
mulher na cama dele. Isso o fazia ser o único homem que
Amy não queria ter nenhum tipo de
relacionamento. Isso e o fato de que ele era o irmão mais
velho do homem que ela tinha colocado
atrás das grades. Ela conseguiu resistir ao seu encanto até
por muito tempo, até acordar numa cama
de hotel em Las Vegas com Zac — casada.
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Página do Título
Página dos Direitos Autorais
Página dos Direitos Autorais
Sobre O PACTO DO NAMORADO BILIONÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
Fim
O ERRO DO NAMORADO BILIONÁRIO
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