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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

SECRETARIA DA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE


DEPARTAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

1 ª E TA PA D O P L A N O D E B A C I A D O R I O C A Í :
CONSOLIDAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE RECURSOS HÍDRICOS
E ENQUADRAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS

RELATÓRIO DA ETAPA A
Junho/2007
APRESENTAÇÃO

O presente relatório consiste do RELATÓRIO DA


ETAPA A do Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Caí
- REA. Este documento faz parte do escopo da
Primeira Etapa do Plano de Bacia do Rio Caí
contratado pela Secretaria Estadual do Meio
Ambiente - Termo de Contrato 001/2006.

Porto Alegre, junho de 2007.


EQUIPE TÉCNICA

COORDENAÇÃO DO PROJETO

Secretaria de Estado do Meio Ambiente - SEMA


Departamento de Recursos Hídricos - DRH
Engenheiro Civil Paulo Renato Paim
Arquiteta Maria Celina Oliveira

Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz


Roessler - FEPAM
Engenheira Civil Maria Salete Cobalchini

ACOMPANHAMENTO

Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Caí -


Comitê Caí
Engenheira Química Tânia Regina Molina Zoppas

EQUIPE EXECUTORA

Profill Engenharia e Ambiente Ltda.


Engenheiro Civil Mauro Jungblut (Coordenador Geral)
Engenheiro Civil Carlos Ronei Bortoli (Coordenador Técnico)
Bióloga Lisiane Ferri (Coordenadora Técnica)
Engenheiro Agrônomo Eliseu Weber (Coordenador Técnico)
Geógrafa Gherta Caimi
Engenheiro Mecânico Walter Collischonn
Engenheiro Civil Bruno Collischonn
Engenheiro Civil Rafael Souza
Engenheira Civil Graziela Zim
Geólogo Luis Otávio Betiol Prates da Cunha
Engenheiro Civil César Bastos
Geólogo Luiz Fernando Spinelli
Tec. Hidrologia Jéssica Monguilhot
Governador do Estado do Rio Grande do Sul - RS
Yeda Crusius

Secretário de Estado do Meio Ambiente - RS


Carlos Otaviano Brenner de Moraes

Diretor do Departamento de Recursos Hídricos do RS - DRH


Ivo Mello

Diretor-Presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental do RS - FEPAM


Ana Maria Pellini
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO 1
1.1. Aspectos gerais 1

1.2. Aspectos de localização, divisão política e hidrográfica da Bacia do Rio 1


Caí
II. OBJETIVOS 5
3. CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS E SÓCIO-CULTURAIS, EVOLUÇÃO
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, DEMOGRAFIA E INDICADORES 6
ECONÔMICOS
3.1. A História da ocupação e os habitantes 6

3.2. A formação dos municípios 7

3.3. Indicadores demográficos 9

3.4. Indicadores sociais 10

3.5. Indicadores econômicos 11

IV. DISPONIBILIDADE HÍDRICA SUPERFICIAL - AVALIAÇÃO DA


14
QUANTIDADE
4.1. Caracterização hidrometeorológica da Bacia 14

4.2. Determinação da disponibilidade hídrica quantitativa (vazões nos rios e 19


arroios)
4.3. Efeito da Transposição de vazões do Sistema Salto para a bacia do 21
Sinos
4.3.1. O Sistema Salto 21

4.3.2. Quantificação do impacto 22

4.4. Barragem Rio Branco 24

4.5. Inundações 26

4.5.1. Introdução 26

4.5.2. Histórico do problema em Montenegro 26

4.5.3. Análise da eficiência do canal extravasor 27

4.5.4. Impactos das inundações 27

V. QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL 32


5.1. Dados utilizados 32

5.2. Metodologia 34

5.3. Resultados da qualidade atual da água 35

5.3.1. Pontos monitorados pela CORSAN 35

5.3.2. Pontos monitorados pela FEPAM 36

5.3.3. Ponto monitorado pelo DMAE/POA 38

5.3.4. Pontos monitorados pelo Plano de Bacia 38

5.3.4. Classificação final dos pontos monitorados 41

5.3.5. Variação dos parâmetros de qualidade da água ao longo do Rio Caí 43

p-0222-Tx826- Cap 0 - Sumário


5.3.6. Resultados para metais e parâmetros especiais monitorados 48

VI. PROCESSOS SEDIMENTOLÓGICOS E PROCESSOS EROSIVOS 49


6.1. Processos sedimentológicos 49

6.2. Estudo do Potencial erosivo e processos erosivos 51

6.2.1. Resultados do levantamento pontual de processos erosivos 51

6.2.2 Mapeamento do potencial erosivo 55

VII. ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 57


7.1. Geologia 57

7.2. Hidrogeologia 59

7.2.1 Sistemas Aqüíferos 59

7.2.2 Aspectos da Qualidade das Águas Subterrâneas 62

VIII. EVOLUÇÃO DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS E DA POLARIZAÇÃO


64
REGIONAL
8.1. Áreas de influência dos principais núcleos urbanos 64

8.2. Tendência de crescimento dos núcleos urbanos 66

8.2.1. Tendência geral de crescimento das cidades 66

8.2.2. Perfil do crescimento das manchas urbanas dos municípios da 67


Bacia do Rio Caí
IX. USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL 68

9.1. Categorias de uso e cobertura do solo 68

X. ÁREAS DE PROTEÇÃO LEGAL 72

10.1. Introdução 72

10.2. Unidades de Conservação e Zonas de Amortecimento 72

10.3. Áreas de Preservação Permanente 74

10.4. Reserva da Biosfera da Mata Atlântica 75

10.5. Terras Indígenas e Remanescentes das Comunidades dos Quilombos 75

10.6. Área de Mata Atlântica (Decreto Federal N° 750/1993) 75

10.7. Parques Turísticos 75

XI. USOS MÚLTIPLOS DAS ÁGUAS 76

11.1 Saneamento ambiental 76

11.1.1 Abastecimento Público 76

11.1.2 Esgotamento Sanitário 80

11.1.3. Resíduos Sólidos Domiciliares 85

11.1.4 Drenagem Urbana 89

11.1.5 Resíduos Sólidos Industriais 90

11.2 Agropecuária e Irrigação 91

11.2.1 Orizicultura 91

11.2.2 Outras culturas 93


p-0222-Tx826- Cap 0 - Sumário
11.2.3 Agropecuária 95

11.3 Geração de Energia 97

11.4. Transporte Hidroviário 100

11.5. Uso Industrial 102

11.5.1. Abastecimento Industrial 102

11.5.2. Lançamento de Efluentes Industriais 104

13.5.3. Considerações sobre carga poluidora máxima lançada na Bacia 106


do Rio Caí
11.6 Recursos Minerais 107

11.7. Pesca e Aqüicultura 109

11.7.1 Aqüicultura 109

11.7.2 Pesca 110

11.8. Turismo e Lazer 113

11.9. Síntese das demandas de água na Bacia 115

XII. BALANÇO HÍDRICO SUPERFICIAL 118

XIII. MOBILIZAÇÃO SOCIAL NA FASE A 122

13.1 Eventos e sistemática adotada 122

13.2. Resultados da Mobilização Social 124

XIV. PRÉ-ENQUADRAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS 125


DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAÍ

p-0222-Tx826- Cap 0 - Sumário


I. INTRODUÇÃO
1.1. ASPECTOS GERAIS

Tendo em vista o a Lei 10.350/1994 de 30 de dezembro de 1994,


que estabelece a Política Estadual de Recursos Hídricos, está sendo construído
o Plano da Bacia do Rio Caí.

O Plano da Bacia do Rio Caí consiste, no seu todo, de três fases:


(A) diagnóstico e prognóstico da situação atual dos recursos hídricos; (B)
compatibilização e articulação dos usos múltiplos das águas e; (C) formulação
dos planos de ações.

A Primeira Etapa do Plano de Bacia do Rio Caí, objeto do contrato


atual da Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA, através do
Departamento de Recursos Hídricos - DRH, cumprirá duas das fases do Plano
de Bacia do Rio Caí, quais sejam:

• Fase A - Diagnóstico e Prognóstico e;

• Fase B - Compatibilização e Articulação.

O presente documento - RELATÓRIO DA ETAPA A - apresenta


uma síntese dos diagnósticos apresentados nos Relatórios Temáticos A1, A2,
A3, A4 e A5.

1.2. ASPECTOS DE LOCALIZAÇÃO, DIVISÃO POLÍTICA E


HIDROGRÁFICA DA BACIA DO RIO CAÍ

A Bacia Hidrográfica do Rio Caí corresponde à Bacia G 030 da


Região Hidrográfica do Guaíba, subdivisão hidrográfica do Sistema Estadual de
Recursos Hídricos. A área de drenagem da Bacia é de 4.983,38 km2.

A Bacia Hidrográfica do Rio Caí limita-se a Oeste e Norte com a


Bacia Taquari-Antas (G 040), ao Sul com a Bacia Baixo Jacuí (G 070) e a
Oeste com a Bacia do Sinos (G 020). O mapa 1.2.1 apresenta a situação e
localização da Bacia Hidrográfica do Rio Caí.

Considerados aspectos geográficos e hidrográficos, a Bacia


Hidrográfica do Rio Caí atinge total, ou parcialmente 42 (quarenta e dois
municípios), conforme apresentado no quadro 1.2.1. Uma peculiaridade da
Bacia é que algumas sedes municipais (áreas urbanas) estão localizadas no
divisor de águas, esta situação também é apresentada no quadro 1.2.1.

P-0222-Tx826- Cap 1 e 2 - Introdução e Objetivos

1
Quadro 1.2.1 - Municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Rio Caí.

Área da sede municipal Área do município na


Município
na Bacia (%) Bacia (%)

Alto Feliz 100% 100%


Barão 30% 56%
Bom Princípio 100% 100%
Brochier 100% 70%
Canela 91% 41%
Capela de Santana 100% 98%
Carlos Barbosa 25% 46%
Caxias do Sul 44% 47%
Dois Irmãos 100% 92%
Estância Velha 0% 5%
Farroupilha 28% 39%
Feliz 100% 100%
Gramado 82% 68%
Harmonia 100% 100%
Igrejinha 0% 7%
Ivoti 100% 95%
Lindolfo Collor 100% 100%
Linha Nova 100% 100%
Maratá 100% 100%
Montenegro 100% 88%
Morro Reuter 100% 100%
Nova Hartz 0% 2%
Nova Petrópolis 100% 100%
Nova Santa Rita 0% 57%
Pareci Novo 100% 100%
Picada Café 100% 100%
Poço das Antas 0% 0,7%
Portão 0% 14%
Presidente Lucena 100% 100%
Salvador do Sul 100% 66%
Santa Maria do Herval 100% 98%
São Francisco de Paula 46% 29%
São José do Hortêncio 100% 100%
São José do Sul 100% 100%
São Pedro da Serra 100% 63%
São Sebastião do Caí 100% 97%
São Vendelino 100% 100%
Sapiranga 0% 39%
Três Coroas 0% 5%
Triunfo 0% 8%
Tupandi 100% 100%
Vale Real 100% 100%

P-0222-Tx826- Cap 1 e 2 - Introdução e Objetivos

2
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450000 500000 550000
-2200000 -600000 1000000 2600000

10800000
10000000

9200000
8400000

7600000
6800000
Caxias do Sul

6000000
São Francisco de Paula RS
Farroupilha

-2200000 -600000 1000000 2600000


Carlos Barbosa
Alto Feliz Gramado
6750000

6750000
Nova Petrópolis
Barão São Vale Canela
Vendelino Real

São Pedro
da Serra Bom
Linha Nova
Poço das Antas Salvador Princípio Picada Café
Feliz
do Sul Tupandi Santa Maria -200000 0 400000
do Herval Três Coroas

7000000
São José Presidente
Brochier São José do Hortêncio Lucena Morro Reuter
Harmonia
do Sul

6800000
Maratá Igrejinha
São Sebastião Ivoti Sapiranga
Lindolfo
do Caí Collor Dois Nova Hartz

6600000
Irmãos Bacia
Pareci Novo do Caí

6400000
Estância Velha

6200000
Capela de
Santana
Portão
-200000 0 400000
Montenegro
6700000

6700000
Triunfo

Nova Santa
Rita

0 5 10 20 30 40 Legenda
Km
Limite da Bacia Hidrográfica
1:750.000
Municípios
450000 500000 550000
Limites municipais
Mapa 1.2.1 - Situação e localização da Bacia do Rio Caí
¯
450000 500000 550000
-2200000 -600000 1000000 2600000

10800000
10000000

9200000
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Perene
450000 500000 550000

Mapa 1.2.2 - Hidrografia da Bacia do Rio Caí


Do ponto de vista hidrográfico, a Bacia do Rio Caí caracteriza-se
por apresentar um curso de água principal (Rio Caí), dividido em alto, médio e
baixo Caí, e alguns afluentes de maior porte, como, por exemplo, do trecho
alto para o trecho baixo: Arroio Piaí, Arroio Forromeco, Arroio Cadeia e Arroio
Maratá. Além disso, existe também um conjunto de barramentos, ou seja,
Barragem do Salto, Blang e Divisa. O mapa 1.2.2 apresenta a hidrografia da
Bacia do Rio Caí.

II. OBJETIVOS

Os objetivos da Primeira Etapa do Plano da Bacia do Rio Caí são


os seguintes:

• Fornecer as informações básicas quanto à disponibilidade quali-


quantitativa dos recursos hídricos na Bacia;

• Determinar as demandas de usos das águas superficiais e


subterrâneas na Bacia;

• Disponibilizar estas informações em linguagem acessível à


sociedade da bacia, através do Comitê de Gerenciamento da
Bacia Hidrográfica do Rio Caí;

• Subsidiar e estabelecer as diretrizes para a implementação dos


instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos previstos em Lei,
em especial apontar para uma Proposta Final de
Enquadramento dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do
Rio Caí;

• Fornecer elementos para a elaboração da Segunda Etapa do


Plano de Bacia, os Planos de Ações.

Todo o processo de elaboração da Primeira Etapa do Plano da


Bacia do Rio Caí tem como objetivo geral a ampla participação da sociedade
em todas as etapas e decisões que precisam ser tomadas.

P-0222-Tx826- Cap 1 e 2 - Introdução e Objetivos

5
3. CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS E SÓCIO-
CULTURAIS, EVOLUÇÃO POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA, DEMOGRAFIA E
INDICADORES ECONÔMICOS
3.1. A HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO E OS HABITANTES

Os habitantes da Bacia do Caí possuem sua origem marcada pela


influência dos povos indígenas, luso-brasileiros, açorianos, alemães e italianos,
o que atribui á sociedade da região uma multiplicidade de tons a sua relação
com a água, e por conseqüência, com o rio e seus afluentes.

Em períodos remotos, entre os anos 1600 a 1640, a região Norte


e Nordeste da Bacia foi ocupada pelos povos indígenas Guaianás e
Caingangues, que aos poucos foram aprisionados e quase exterminados.

Por volta do Século XVIII é identificada a ocupação luso-brasileira


no Vale do Caí, principalmente na região de Capela de Santana,. Eram ex-
tropeiros de origem paulista e conviviam com os povos indígenas que ainda
habitavam a região.

A chegada dos açorianos à região sul do Brasil se deu no final do


século XVIII, quando a Coroa Portuguesa promove a transferência dos colonos
que fundaram as cidades de Cachoeira, Taquari, Santo Amaro, Gravataí e
Triunfo. Inicialmente as colônias viviam da agricultura e posteriormente
introduziram a criação de gado, que se estendeu até a Depressão Central do
Estado.

Por volta de 1820 os imigrantes alemães começaram a chegar ao


Rio Grande do Sul e inicialmente foram instalados pelo Governo Imperial na
região de São Leopoldo e Torres. Após a Guerra dos Farrapos, entre 1844 e
1874 são fundadas colônias nos vales dos rios Jacuí, Pardo, Taquari, Caí e
Sinos. Ao mesmo tempo foi iniciada a colonização alemã mais ao norte da
bacia, onde hoje são os municípios de São Vendelino, Barão e Carlos Barbosa.

Em 1870 terras localizadas entre as bacias dos rios Caí, Antas e


Taquari foram concedidas pelo Ministério da Agricultura para implantação de
novas colônias agrícolas, iniciando a colonização italiana em terras gaúchas.
Também era objetivo dessas concessões a abertura de estradas que ligassem
o planalto com a parte central do Estado, para facilitar a entrada dos
tropeiros. O desenvolvimento das colônias italianas foi semelhante das
alemãs, com agricultura de subsistência, pequena produção excedente
comercializável, difícil escoamento comercial e pequenas oficinas de artesãos.

P-0222-Tx826- Cap 3 - Hist Demografia Economia 6


Durante o período de colonização da Bacia, o Rio Caí se constituiu
em importante rota para os mercadores espanhóis e portugueses, que vinham
pela Lagoa dos Patos e pelo Rio Jacuí, para explorar e dominar as terras e
procurar índios para a atividade de mineração e para os engenhos de açúcar
nas capitanias localizadas no norte.

A falta de estradas dificultou o desenvolvimento econômico de


muitas colônias, somente após a instalação da Barragem Rio Branco, entre
Montenegro e São Sebastião do Caí, no início do século XIX, o Rio Caí passa a
ser francamente navegável até a capital, promovendo grande
desenvolvimento.

Outro ponto marcante na história de ocupação da Bacia diz


respeito à implantação da linha férrea. Com a inauguração da linha que ligava
Caxias do Sul a Porto Alegre (1910) e a instalação de energia elétrica (1913),
a região inicia seu desenvolvimento industrial.

Foi o transporte ferroviário que proporcionou às colônias a


entrada na fase industrial, superando a agricultura comercial. A partir da
década de 1930, os investimentos em infra-estrutura rodoviária reforçam a
tendência industrial da região.

No final do século XX a região apresenta duas vocações


econômicas, a agricultura e a expansão industrial, com tendência de
urbanização ao longo das BR 116 e da RS 122 que ligam os principais pólos
industriais do Estado, Porto Alegre e Caxias do Sul.

Na Bacia do Caí existem dois pólos principais, o primeiro


representado pelos municípios de Caxias do Sul e Farroupilha, e o segundo
pelos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Os
municípios dessa região apresentam característica de grandes regiões
metropolitanas, onde seus habitantes se deslocam para outros municípios para
trabalhar e estudar, e ao fim do dia retornam aos seus municípios de origem.
Este fenômeno se apresenta mais fortemente em Triunfo, Caxias do Sul,
Gramado, Igrejinha e São Sebastião do Caí.

3.2. A FORMAÇÃO DOS MUNICÍPIOS

Todos os municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí originam-se


de Porto Alegre ou Santo Antônio da Patrulha. Na figura 3.2.1 é apresentada a
evolução político-administrativa dos municípios que compõem a Bacia
Hidrográfica do Rio Caí.

P-0222-Tx826- Cap 3 - Hist Demografia Economia 7


Triunfo (1831) --- Montenegro (1873) ------------- Bento Gonçalves (1890) ----------- Garibaldi (1900) -------------- Carlos Barbosa (1959)
Salvador do Sul (1963) --------- Barão (1988) --------------- Boa Vista do Sul (1995)
Poço das Antas (1988)
São José do Sul (1996)
Brochier do Maratá (1988) ----- Maratá (1992)
Harmonia (1988)
Pareci Novo (1992)

São Leopoldo (1846) São Sebastião do Caí (1875) --- Caxias do Sul (1890) ----------- Farroupilha (1934)
Nova Petrópolis (1954) -------- Picada Café (1992)
Feliz (1959) --------------------- Alto Feliz (1992)
Porto Alegre (1809)

Linha Nova (1992)


Rio Grande de São Pedro (1767)

Vale Real (1992)


Portão (1963)
Bom Princípio (1982) ----------- São Vendelino (1988)
Tupandi (1988)

Capela de Santana (1987)


São José do Hortêncio (1988)

Sapiranga (1954) --------------- Nova Hartz (1987)

Dois Irmãos (1959) ------------- Santa Maria do Herval (1988)


Morro Reuter (1992)

Estância Velha (1959)----------- Ivoti (1964) --------------------- Lindolfo Collor (1992)


Presidente Lucena (1992)

Gravataí (1880)----- Canoas (1939) --------------------- Nova Santa Rita (1992)

Taquara (1886) ---- São Francisco de Paula (1902)


Santo Antônio
da Patrulha

Canela (1944)
(1809)

Gramado (1954)
Três Coroas (1959)
Igrejinha (1964)

Fonte: Assembléia Legislativa. Comissão de Assuntos Municipais. Estado do Rio Grande do Sul. Evolução Municipal - Rio Grande do Sul 1809-1996. Porto Alegre, 2001.
Os municípios pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio Caí estão em negrito.

Figura 3.2.1 – Ano de criação e origem dos municípios.

P-0222-Tx826- Cap 3 - Hist Demografia Economia 8


3.3. INDICADORES DEMOGRÁFICOS

A população total estimada para os 42 municípios que compõem a


Bacia Hidrográfica do Rio Caí, em 2006, é de 1.120.290 habitantes, dos quais
50,8% são homens e 49,2% são mulheres.

Entretanto, a população moradora na Bacia é estimada em


537.658 habitantes, correspondendo a 5,0% da população do Rio Grande do
Sul.

O quadro 3.3.1 apresenta a população, a taxa de crescimento e a


densidade demográfica dos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí.

Quadro 3.3.1 - População dos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí em


2006, taxa de crescimento geométrico médio anual (2000-2006) e densidade
demográfica estimadas.
População estimada para a Tx de Dens. demog.
bacia (2006) crescim hab/km²
Município
(%)
Total Urbana Rural 2000-06 2006
Alto Feliz 2.869 721 2.148 0,205 36,6
Barão 2.386 676 1.710 -0,283 42,5
Bom Princípio 10.989 8.039 2.950 2,467 125,0
Brochier 3.606 1.272 2.334 0,873 42,0
Canela 34.823 33.421 1.402 2,999 158,1
Capela de Santana 11.832 7.459 4.373 2,917 65,1
Carlos Barbosa 7.185 4.375 2.809 2,365 102,9
Caxias do Sul 182.230 167.707 14.523 2,256 250,6
Dois Irmãos 28.139 27.950 188 3,858 425,9
Estância Velha 44 0 44 2,298 763,6
Farroupilha 19.209 13.613 5.596 2,185 174,0
Feliz 12.974 9.143 3.831 2,305 135,1
Gramado 26.524 22.342 4.182 2,622 141,5
Harmonia 4.091 1.991 2.100 1,877 93,0
Igrejinha 102 0 102 2,690 230,3
Ivoti 18.287 16.540 1.747 3,083 297,5
Lindolfo Collor 5.366 4.155 1.211 3,309 162,2
Linha Nova 1.642 380 1.262 0,814 25,6
Maratá 2.599 667 1.932 0,562 32,7
Montenegro 59.776 54.096 5.680 1,711 143,8
Morro Reuter 5.548 4.626 922 1,803 63,5
Nova Hartz 55 0 55 3,905 303,5
Nova Petrópolis 19.513 14.103 5.410 2,434 67,1
Nova Santa Rita 3.054 0 3.054 4,142 92,3
Pareci Novo 3.583 710 2.873 1,681 61,5
Picada Café 5.528 4.694 834 2,840 64,5
Poço das Antas 11 0 11 -1,037 29,3
Portão 782 0 782 2,430 177,9
Presidente Lucena 2.173 1.023 1.150 0,821 44,2
Salvador do Sul 4.982 2.816 2.166 -2,069 61,8
Santa Maria do Herval 6.438 4.572 1.866 1,590 46,4
São Francisco de Paula 7.944 5.744 2.201 0,294 6,1
São José do Hortêncio 3.958 2.446 1.512 2,631 62,0
São José do Sul 1.895 875 1.020 0,186 31,3

P-0222-Tx826- Cap 3 - Hist Demografia Economia 9


Quadro 3.3.1 - População dos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí em
2006, taxa de crescimento geométrico médio anual (2000-2006) e densidade
demográfica estimadas.
População estimada para a Tx de Dens. demog.
bacia (2006) crescim hab/km²
Município
(%)
Total Urbana Rural 2000-06 2006
São Pedro da Serra 2.665 1.432 1.233 2,971 94,6
São Sebastião do Caí 22.066 17.976 4.090 2,006 198,9
São Vendelino 1.848 1.172 676 1,581 57,5
Sapiranga 1.516 0 1.516 2,234 573,7
Três Coroas 138 0 138 2,581 121,0
Triunfo 847 0 847 2,230 30,7
Tupandi 3.426 2.323 1.103 2,478 57,0
Vale Real 5.015 4.271 744 2,439 110,4
Total 537.658 443.331 94.327 2,326 106,6
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 e Estimativas das Populações Residentes, em 01.7.2006.

A tendência observada na região da Bacia Hidrográfica do Rio Caí


é de taxas de crescimento da população estimada em 2,32% a.a. para o
período 2005-2006 (IBGE, 2004), superior a do Estado que é de 1,23% a.a.

No que se refere à proporção entre a população urbana e rural,


verifica-se que, no geral, os percentuais são crescentes para a população
urbana e decrescentes para a rural.

Os municípios de Dois Irmãos, Ivoti, Estância Velha, Sapiranga,


Montenegro, Igrejinha e Três Coroas apresentam população urbana muito
superior à rural. Nos municípios de Alto Feliz, Pareci Novo, Harmonia, Linha
Nova, Presidente Lucena, Salvador do Sul e Brochier, a população rural é
ainda bastante superior à urbana.

Dos 42 municípios que compõem a Bacia, 12 (Alto Feliz, Barão,


Brochier, Harmonia, Linha Nova, Maratá, Pareci Novo, Poço das Antas,
Presidente Lucena, Salvador do Sul, São José do Sul e São Pedro da Serra)
têm grau de urbanização inferior a 50%, o que os caracteriza como
essencialmente rurais.

3.4. INDICADORES SOCIAIS

O Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE, 2003)


calculado pela Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser
(FEE,2006) resulta da agregação de quatro blocos de indicadores: educação,
renda, domicílios e saneamento e saúde. O índice varia de 0 a 1, quanto mais
próximo da unidade, melhor a situação do município.

Dos 42 municípios que compõem a bacia, somente Caxias do Sul


é considerado de alto desenvolvimento (0,831) todos os demais são
considerados de desenvolvimento médio.

P-0222-Tx826- Cap 3 - Hist Demografia Economia 10


Seis municípios da região estão entre os 50 melhor classificados
no Estado: Caxias do Sul (1°), Ivoti (16°), Carlos Barbosa (18°), Montenegro
(24°), Farroupilha (48°) e Dois Irmãos (49°). Entretanto, somente sete
municípios apresentam índice superior ao do Estado (0,757) e 23 apresentam
índice inferior a 0,700.

3.5. INDICADORES ECONÔMICOS

O cenário da Bacia Hidrográfica do Rio Caí aponta para a


existência de pelo menos quatro recortes espaciais, onde se destacam as
atividades urbano-industriais, ou seja, os municípios pertencentes à Região
Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), os municípios que constituem o eixo
turístico do Estado, a aglomeração polarizada por Montenegro e a
aglomeração urbana do Nordeste (IPEA, 2000).

A Região Metropolitana, juntamente com a Região Nordeste do


Estado, constituem-se nas regiões com a economia mais dinâmica do Rio
Grande do Sul. Na composição do Produto Interno Bruto (PIB) da região o
setor industrial é o mais expressivo, mas observa-se o crescimento do setor
de serviços. O setor agropecuário tem pequena participação.

Os municípios inseridos na economia da Região Metropolitana 1,


localizados ao Norte da RMPA, (Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti, Nova
Hartz, Portão e Sapiranga) são especializados no setor de calçados, fazendo
parte desta cadeia produtiva os segmentos de couros, peles e similares e
papelão. A produção é direcionada tanto para o mercado interno quanto para a
exportação (IPEA, 2000).

Na região polarizada por Montenegro destacam-se as atividades


industriais. Os municípios localizados ao Norte e Nordeste da RMPA (Bom
Princípio, Brochier, Feliz, Igrejinha, Maratá, Montenegro, Poço das Antas,
Salvador do Sul, Santa Maria do Herval, São Sebastião do Caí, São Vendelino
e Três Coroas) têm sua economia rural e urbana baseada na pequena e média
produção, destacando-se o setor coureiro-calçadista.

O município de Montenegro localiza-se em um dos vetores de


expansão industrial da RMPA, onde se destacam quatro gêneros: produtos
alimentares, bebidas, química e calçados. A competitividade da indústria local
revela-se através do mercado internacional de algumas empresas.

O município de Triunfo mostra uma situação distinta dos demais


municípios, pois apresenta um crescimento na participação do setor industrial,
devido à instalação do Pólo Petroquímico na década de 1980, que, entretanto,
não estabelece interdependência técnica com as atividades locais. (IPEA,
2000). O recorte espacial que forma o eixo turístico é constituído pelos
municípios de Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula e a
sua economia, baseada no turismo, vem se consolidando nas últimas décadas.
As atividades terciárias ligadas ao turismo como: hotelaria, comércio,
gastronomia, eventos nas áreas de negócios, artes, cinema, etc. concentram-
se em Gramado e Canela.

P-0222-Tx826- Cap 3 - Hist Demografia Economia 11


O setor industrial do eixo, com o predomínio de pequenas e
médias empresas, destaca-se nos gêneros vestuário, calçados e artefatos de
tecidos, madeira, mobiliário, mecânica e metalurgia, estando estes dois
últimos inseridos no contexto metal-mecânico de Caxias do Sul. A indústria da
madeira faz parte da história da região e tem na indústria do mobiliário a sua
extensão. Outro gênero que vem se destacando é o de produtos alimentares,
sendo os “chocolates de Gramado” reconhecidos nacionalmente (IPEA, 2000).

Na aglomeração urbana do Nordeste (AUNE) destacam-se os


municípios de Caxias do Sul e Farroupilha em que a economia é mais
diversificada e a rede urbana mais densa. Estabelece-se importante estrutura
agroindustrial com destaque para a vitivinicultura. O parque industrial é
diversificado e com segmentos dinâmicos como material de transporte,
elétrico e comunicações, metalurgia e mecânica (IPEA, 2000).

O setor agropecuário, na Bacia Hidrográfica do Rio Caí,


desenvolve inúmeros sistemas de produção, desde a bovinocultura de corte
nos Campos de Cima da Serra, que convive com silvicultura para celulose e
indústria moveleira até, mais recentemente, o uso intensivo dos solos para
bataticultura e, na região serrana, onde predominam a fruticultura (videiras,
frutas de caroço, morango), olericultura, avicultura, suinocultura e gado de
leite. No Rio Cadeia convivem olericultura, bovinocultura de leite com
acacicultura. Quando o Arroio Forromeco encontra o Rio Caí inicia a
citricultura, que convive com acacicultura. Próximo à foz está a região
orizícola. Nas nascentes, em São Francisco de Paula, no sistema de
bovinocultura de corte e silvicultura e na foz, no sistema arroz irrigado é que
existe a agricultura patronal, no restante predomina a agricultura familiar em
pequenas propriedades.

Em relação à participação da economia dos municípios que


compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Caí no Produto Interno Bruto Estadual –
PIB total em 2003 (FEE, 2005), sete municípios estão classificados entre as 50
melhores economias do Estado (Caxias do Sul (2°), Triunfo (4°), Montenegro
(21°), Farroupilha (22°), Sapiranga (27°), Portão (35°) e Estância Velha
(44°).

O gráfico 3.5.1 ilustra como se distribui a participação dos


diversos setores na economia regional. O mapa 3.5.1 ilustra a tipologia dos
municípios.

Gráfico 3.5.1 - Distribuição da participação dos setores produtivos na economia da


Região da Bacia do Caí

P-0222-Tx826- Cap 3 - Hist Demografia Economia 12


450000 500000 550000

!
¯
Caxias do Sul
!

São Francisco de Paula


Farroupilha

Carlos Barbosa
Alto Feliz Gramado
6750000

6750000
Nova Petrópolis
Barão !
São Vale ! Canela
! ! !
Vendelino ! Real
!
!São Pedro
! da Serra Bom
Linha Nova !
! das Antas Princípio ! !
Poço Salvador
do Sul Tupandi
Feliz !
Picada Café Legenda
! Santa Maria
! Três Coroas
!do Herval
São José Presidente
! ! Limite da Bacia Hidrográfica
Brochier São José !
do Hortêncio Lucena Morro Reuter
Harmonia !
do Sul !
!
! Maratá !
São Sebastião Ivoti Igrejinha Sedes municipais
Lindolfo Sapiranga !
!
Dois Nova!Hartz
! do Caí Collor !
! Irmãos Tipologia
Pareci Novo

! Estância!Velha ! Predominância Agropecuária

! Capela de Maioria Agopecuária


Santana! !
Portão
Montenegro Predominância Indústria

Maioria Indústria
6700000

6700000
Triunfo
Maioria Serviços
Nova Santa !
Rita
Equilíbrio Agropecuária e Indústria

0 5 10 20 30 40 Equilíbrio Agropecuária e Serviços


! km
Equilíbrio Indústria e Serviços
1:750.000

450000 500000 550000 Equilíbrio Três Setores

Mapa 3.5.1 - Tipologia econômica municipal na Bacia Hidrográfica do Rio Caí Fonte: Elaborado a partir de IBGE, PIB dos Municípios 2003.
IV. DISPONIBILIDADE HÍDRICA SUPERFICIAL -
AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE
4.1. CARACTERIZAÇÃO HIDROMETEOROLÓGICA DA BACIA

Na caracterização hidrológica e climática da Bacia do Rio Caí


foram utilizadas as seguinte informações (maiores detalhes, dados e
consistência dos dados podem ser vistos no RT A.2):

• 03 (três) postos fluviométricos (com medição de vazão em:


Nova Palmira, Barca do Caí e Costa do Rio Cadeia - dados
disponibilizados no Banco de Dados de Informações
Hidrológicas da Agência Nacional de Águas (Hidroweb/ANA);

• 46 (quarenta e seis) postos pluviométricos (com medição de


precipitação) - dados fornecidos pelo Hidroweb/ANA, CEEE,
INMET e FEPAGRO/RS;

• 11 (onze) estações climatológicas (com medição de


precipitação, temperatura, umidade, pressão atmosférica, etc.)
- dados fornecidos pela Superintendência de Portos e Hidrovias
(SPH), INMET e FEPAGRO/RS. Os dados climáticos foram
compilados por MAGNA (1997).

De uma forma geral, a pior disponibilidade de dados se refere a


medições de vazão na bacia, neste caso, pode-se destacar: (i) a reduzida
quantidade de dados disponíveis; (ii) a ausência quase completa de dados de
vazão na parte mais alta da bacia; (iii) a dificuldade de obter informações no
trecho inferior, pelo efeito de jusante; (iv) carência de informações de vazão
dos principais afluentes do Rio Caí. As séries de medições de chuva
(precipitação) são mais adequadas, especialmente porque foi possível contar
com dados da CEEE que disponibilizou informações de 11 (onze) estações de
medição de chuva. A modelagem hidrológica da Bacia do Caí foi favorecida
pela utilização destes dados. As estações climatológicas, por sua vez, situam-
se no interior da mesma ou próximas do divisor de águas.

Os quadros 4.1.1 a 4.1.6 apresentam a compilação de dados


climatológicos. No mapa 4.1.1 é apresentada a localização de todos os postos
hidroclimatológicos utilizados no estudo. No mapa 4.1.2 são apresentadas
isoietas de precipitação média anual em mm. Conforme este mapa as maiores
médias anuais de precipitação ocorrem na porção nordeste da bacia entre
Nova Petrópolis e São Francisco de Paula.

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

14
440000 480000 520000 560000

¯
!
!
!
!
6780000

6780000
!
!

!
Caxias do Sul
! !! !

Farroupilha
!
! !
!
!
!
Carlos Barbosa ! !
! !!
! !
! !
!
! !
6750000

6750000
São Vendelino Canela
Barão Nova Petrópolis
!
!! !! ! !!
Gramado
Alto FelizVale Real ! ! !
!
São Pedro da Serra
! ! !
! Salvador do Sul
Picada Café
!
Poço das Antas ! Feliz São Francisco de Paula
!
! !! Linha Nova !
Tupandi !
! !
!
Bom Princípio Santa Maria do Herval !
São José do Hortêncio
!
Presidente Lucena !
!
Três Coroas Legenda
! Morro Heuter
BrochierMaratá Harmonia !
! ! ! !
Dois Irmãos Nova Hartz !
Igrejinha Estações Climatológicas
São Sebastião
! do Caí Ivoti! ! !
!! Lindolfo Collor !
! !
! ! Medições de Cota/Nível
!
6720000

6720000
Pareci Novo Sapiranga
!
! !
Estância Velha !!
! ! ! Medições de Precipitação
!
Montenegro ! !
! Portão ! ! Medições de Vazão
! !Capela de
! Santana
! !
Limite da Bacia Hidrográfica
! Sedes Municipais
! !
Nova Santa Rita
!
!
!
6690000

6690000
Triunfo
!
! !
! 0
1:750.000
!
440000 480000 520000 560000

Mapa 4.1.1 - Localização da rede hidroclimatológica utilizada no estudo


440000 480000 520000 560000

00 1600
¯
6780000

6780000
16

1650
00
16

16
Caxias do Sul

00
!

Farroupilha
!

00

170
Carlos Barbosa 1850

18
!

1550
0
1550

175
6750000

6750000
São Vendelino Canela

0
Barão ! Nova Petrópolis !
Gramado

15
! Alto Feliz Vale Real ! !

50
! !
São Pedro da Serra
! Salvador do Sul
Picada Café
Poço das Antas ! Feliz !
São Francisco de Paula
! ! !
Linha Nova
Tupandi !
!
15!Bom Princípio Santa Maria do Herval
00 ! Três Coroas
Presidente Lucena
São José do Hortêncio
! !
! Morro Heuter
BrochierMaratá Harmonia !
! ! !
Dois Irmãos Igrejinha
São Sebastião do Caí Nova Hartz !
Ivoti ! !
! Lindolfo Collor
!
!
14

17
6720000

6720000
00

Pareci Novo Sapiranga

50
! 12 Estância Velha !
0
160
!
50

16
Montenegro
!

50
Capela de SantanaPortão
! !

17
00
135

130
0 Legenda
0

1550
1350
! Sedes Municipais
Nova Santa Rita 1300
!
0
140
6690000

6690000
145 00 Isoietas - Precipitação Média anual (mm)
1450

0 12
0
1450
1400

125

0 5 10 20 30 40
1450

Triunfo
0
1400

135

!
135

150 115
00

0 0 0
15km Limite da Bacia Hidrográfica
13

1
1:750.000

440000 480000 520000 560000

Mapa 4.1.2 - Isoietas de precipitação média anual


Quadro 4.1.1 – Temperatura média mensal (ºC) nas estações selecionadas

Estação Período Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Barr. Rio Branco 1972/1982 24,2 24,2 22,3 18,6 16,0 13,3 13,5 14,2 16,2 18,6 20,3 22,9 18,7
Campo Bom 1985/1994 24,7 24,4 23,3 20,2 16,1 14,0 13,5 15,1 16,5 19,7 21,9 24,0 19,5
Canela 1979/1988 19,7 20,0 18,8 15,9 13,3 11,3 11,0 11,9 12,2 15,0 16,7 18,3 15,3
Caxias do Sul 1961/1990 20,6 20,7 19,2 16,3 13,9 12,1 12,4 12,7 14,2 15,9 18,0 19,6 16,3
Novo Hamburgo 1986/1995 24,3 24,1 23,0 20,3 17,3 14,7 14,6 15,5 16,5 19,9 21,6 23,5 19,6
São Fco. de Paula 1947/1958 19,1 18,4 17,6 13,9 12,4 11,3 10,2 11,0 12,3 13,3 15,8 17,5 14,4
Triunfo 1971/1981 24,8 24,7 22,9 19,1 16,3 13,4 13,8 14,8 16,7 19,2 21,1 23,7 19,2
Porto Alegre 1961/1990 24,6 24,7 23,1 20,1 16,8 14,3 14,5 15,3 16,8 19,2 21,3 23,2 19,5

Quadro 4.1.2 – Umidade relativa média mensal (%) nas estações selecionadas

Estação Período Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Barr. Rio Branco 72/82 72,6 76,5 80,5 82,1 84,4 85,4 84,6 83,7 79,9 76,5 74,9 74,0 80,1
Campo Bom 85/94 73,0 77,0 79,0 84,0 84,0 84,0 82,0 80,0 79,0 75,0 73,0 73,0 78,6
Canela 79/88 73,4 84,4 84,0 88,0 85,0 82,0 81,0 84,0 82,0 72,0 82,0 83,0 81,7
Carlos Barbosa 53/62 80,6 83,0 84,1 87,1 86,9 88,7 87,2 83,1 85,7 82,7 76,2 76,6 84,1
Caxias do Sul 61/90 77,0 79,0 82,0 81,0 80,0 80,0 78,0 78,0 77,0 78,0 75,0 76,0 78,4
Novo Hamburgo 86/95 76,0 77,0 78,0 83,0 82,0 82,0 81,0 79,0 79,0 77,0 72,0 72,0 78,2
São Fco. de Paula 61/90 71,0 74,0 75,0 77,0 81,0 82,0 81,0 79,0 78,0 74,0 71,0 69,0 76,0
Triunfo 47/58 83,0 85,0 85,0 86,0 85,0 85,0 81,0 79,0 83,0 85,0 82,0 79,0 83,2
Porto Alegre 71/81 72,8 76,5 79,1 80,8 84,5 84,0 84,5 83,2 79,6 75,8 72,9 72,2 79,4

Quadro 4.1.3 – Insolação média mensal (horas) nas estações selecionadas

Estação Período Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Cachoeirinha 1976/1984 253 217 218 198 163 129 142 152 178 206 220 255 2329
Farroupilha 1964/1984 217 198 187 182 161 129 146 148 160 189 204 233 2154

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

17
Quadro 4.1.4 – Pressão atmosférica média mensal (mbar) nas estações selecionadas

Estação Período Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Barr. Rio Branco 1972/1982 1008 1009 1010 1012 1014 1014 1015 1014 1014 1011 1009 1008 1011
Caxias do Sul 1961/1990 926 926 928 929 930 930 931 930 929 928 926 926 928
Porto Alegre 1961/1990 1008 1009 1010 1012 1014 1015 1016 1014 1014 1011 1009 1008 1012
Triunfo 1971/1981 1010 1010 1012 1014 1015 1016 1017 1016 1016 932 1012 1010 1007

Quadro 4.1.5 – Evaporação média mensal (mm) nas estações selecionadas

Estação Período Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Barr. Rio Branco 1972/1982 57 45 43 36 29 23 27 29 35 44 47 51 466
Cachoeirinha 1976/1984 106 91 80 65 51 45 45 51 65 80 88 99 865
Campo Bom 1985/1994 125 96 94 63 56 48 61 66 73 96 117 132 1026
Canela 1979/1988 118 121 107 93 123 105 130 140 146 157 174 163 1577
Caxias do Sul 1961/1990 89 74 67 61 58 59 70 74 72 77 87 95 884
Farroupilha 1964/1984 72 60 54 47 40 39 47 51 57 62 65 76 669
Porto Alegre 1961/1990 120 101 97 73 55 45 50 57 68 92 101 124 983
São Fco. de Paula 1947/1958 80 58 85 48 50 46 68 62 56 65 70 72 759
Triunfo 1971/1981 64 51 42 36 27 26 25 30 38 47 56 61 503

Quadro 4.1.6 – Radiação solar global média mensal (cal/cm2/dia) nas estações selecionadas

Estação Período Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Cachoeirinha 1976/1984 517 471 398 321 237 199 201 243 330 412 487 520 361
Farroupilha 1964/1984 470 431 365 307 238 197 216 243 312 383 437 466 339

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

18
4.2. DETERMINAÇÃO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA
QUANTITATIVA (VAZÕES NOS RIOS E ARROIOS)

O modelo hidrológico MGB-IPH é um modelo distribuído


desenvolvido para aplicações em grandes bacias (áreas superiores a,
aproximadamente, 10.000 km2). Maiores detalhes da modelagem matemática
de cálculo das disponibilidades hídricas podem ser obtidas no RT A.2.

A calibração do modelo hidrológico contemplou três postos


fluviométricos (ver item anterior sobre dados hidrometeorológicos): Nova
Palmira e Barca do Caí,no Rio Caí, e Costa do Cadeia, no Rio Cadeia.

Esta calibração consiste comparar os valores calculados pelo


modelo matemático com os resultados de camp das medições de vazão. A
calibração do modelo hidrológico foi realizada para os três postos que
apresentavam medições de vazão na Bacia. Um exemplo desta calibração
pode ser visto na figura 4.2.1 que compara as curvas de vazão x freqüência
para o Posto Nova Palmira.

Figura 4.2.1 – Curvas de permanência observada e calculada em Nova Palmira,


referentes ao período de 1/1/1961 a 31/12/2004 (exemplo da calibração d modelo
hidrológico)

A figura 4.2.1 mostra que há uma tendência do modelo


superestimar levemente as vazões baixas e médias, obtendo um bom ajuste
nas vazões altas. Os resultados podem ser considerados bons, de forma que o
modelo representa bastante bem a disponibilidade hídrica na bacia. Os
resultados da calibração do modelo hidrológico podem ser considerados
satisfatórios. As limitações do modelo são devidas aos seguintes fatores: (i)
pouca disponibilidade de dados de vazão para calibração; (ii) complexidade do
Sistema Salto; (iii) escassez de dados.

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

19
Os parâmetros ajustados nas bacias calibradas foram
extrapolados para as demais, e o modelo foi rodado para toda bacia, de forma
a conseguir uma estimativa da série de vazões na foz do Caí, que representa a
disponibilidade hídrica da bacia como um todo. A vazão média de longo
período, calculada de janeiro de 1961 a dezembro de 2004, é de 110 m3/s na
foz. Esta vazão considera a bacia com o Sistema Salto, de forma a
reproduzir os resultados reais de operação do sistema. Além disso, os
resultados do monitoramento nos postos fluviométricos também
trazem consigo a influência do Sistema Salto já que opera a mais de
40 anos.

Por fim, foram geradas vazões características em cada um dos


segmentos definidos para análise no âmbito do Plano. As vazões
características são estatísticas das séries de vazões geradas em cada
segmento. Particularmente importantes são a Q90 e a Q95, por serem vazões
mais baixas, que podem ser esperadas em períodos de estiagem. As vazões
características, em m3/s, são apresentadas no quadro 4.2.1. Estas vazões são
calculadas considerando o Sistema Salto.

Quadro 4.2.1 – Vazões características nos segmentos definidos para o Plano de Bacia
do Rio Caí
Segmento da bacia Qlp Q50 Q90 Q95 Q97

Alto Caí/Barragens 11,9 7,8 2,0 1,3 1,0


Alto Caí/Lava-Pés 10,5 5,6 1,2 0,72 0,52
Alto Caí - Caracol/Juá 19,4 10,8 2,5 1,5 1,0
Alto Caí - Macuco/Forqueta 28,6 16,1 3,9 2,2 1,5
Arroio Piaí 9,2 5,1 1,1 0,58 0,40
Arroio Pinhal 2,5 1,3 0,26 0,15 0,10
Arroio Belo 2,1 1,1 0,20 0,11 0,07
Alto Caí - Trecho baixo 45,8 25,9 6,2 3,6 2,5
Arroio do Ouro 3,2 2,4 0,71 0,57 0,51
Médio Caí - Trecho alto 54,8 33,5 9,0 5,8 4,4
Forromeco 8,5 6,0 1,9 1,5 1,3
Médio Caí - Tupandi 67,7 43,7 12,7 8,8 7,1
Alto Cadeia 14,7 11,3 3,2 2,2 1,7
Arroio Feitoria 6,7 4,9 1,0 0,65 0,51
Baixo Cadeia 23,3 17,7 4,7 3,2 2,5
Arroio Maratá 6,0 3,9 0,62 0,39 0,32
Médio Caí - Trecho baixo 98,5 67,5 19,0 13,2 10,5
Baixo Caí - Trecho alto 104,5 72,0 19,9 13,8 11,0
Baixo Caí -Trecho médio 107,1 74,1 20,4 14,1 11,3
Baixo Caí - Trecho baixo 110,0 76,6 20,9 14,6 11,7

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

20
4.3. EFEITO DA TRANSPOSIÇÃO DE VAZÕES DO SISTEMA
SALTO PARA A BACIA DO SINOS

4.3.1. O Sistema Salto

O Sistema Salto é constituído de 3 barragens (Barragem Divisa,


Barragem do Salto e Barragem do Blang) no trecho superior da bacia do Caí,
cuja função única é a regularização das vazões para a geração de energia na
bacia do Rio dos Sinos, através de uma transposição de vazões. Duas
barragens (Divisa e Salto) encontram-se no Rio Santa Cruz e uma (do Blag)
encontra-se no Arroio da Divisa.

Estas três barragens não geram energia no próprio eixo do rio.


Toda vazão regularizada é transposta para a bacia do Sinos através de um
túnel, cuja tomada de água encontra-se na ombreira esquerda da Barragem
de Salto. Este túnel tem 2.080 m de comprimento e leva água para a UHE
Bugres, no Rio Santa Maria, com geração de 11,5MW. A vazão na UHE Bugres
é totalmente proveniente da Bacia do Caí, não havendo praticamente
nenhuma contribuição da própria bacia do Sinos, e daí para a UHE Canastra.
Esta já recebe vazão natural da bacia do Paranhana, tendo uma capacidade de
42,5MW. A representação esquemática de todo Sistema é mostrada na figura
4.3.1.

Figura 4.3.1 – Representação esquemática do Sistema Salto (Fonte: CEEE)

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

21
4.3.2. Quantificação do impacto

O sistema Salto de geração de energia elétrica tem um efeito


importante nas vazões do Rio Santa Cruz a jusante do sistema. Basicamente,
são três os impactos esperados: redução de vazões de cheia, aumento das
vazões de estiagem e diminuição da vazão média. Para quantificar os efeitos
mencionados, foi ajustado o modelo hidrológico, introduzindo-se os
reservatórios com uma operação simplificada e representando-se a
transposição de vazões de forma explícita.

Efeito nas vazões médias: o Sistema Salto acarreta numa


redução de 15% na vazão média em Nova Palmira. Os reservatórios produzem
uma diminuição na vazão média devido ao aumento da superfície evaporativa.

Efeito nas vazões máximas: os reservatórios de Blang e Salto


possuem alguma capacidade de amortecer cheias, de forma que pode-se
considerar que o Sistema Salto reduz um pouco as vazões máximas.

Efeito nas vazões mínimas: os reservatórios do sistema


possuem alguma capacidade de regularização, porém esta é anulada pela
transposição.

O quadro 4.3.1 sintetiza os efeitos do sistema em Nova Palmira.

Quadro 4.3.1 – Síntese dos efeitos do Sistema Salto sobre as vazões em Nova Palmira

Vazão caracte- Simulada com Simulada sem Impacto do


Observada
rística (m3/s) Sistema Salto Sistema Salto Sistema
Média (QLP) 46,0 47,1 55,3 -15%

Máxima maximorum 1129 1182 1252 -6%

Q95 3,5 3,8 5,2 -26%

O posto de Nova Palmira é localizado no Rio Caí a montante da cidade de Vale Real,
entre os arroios Belo e Ouro, a aproximadamente 130 km da foz do Rio Caí

Deve ser ressaltado que existe alguma incerteza nos resultados


mostrados, uma vez que o coeficiente de Nash-Suttcliffe obtido para a
calibração em Nova Palmira não foi muito alto (0,75). No entanto, a ordem de
grandeza dos impactos parece ter sido bem quantificada.

O quadro 4.3.1 mostra os efeitos da operação do Sistema em


Nova Palmira, pois este é o primeiro posto fluviométrico a jusante do Sistema,
sendo um local onde é possível aferir os resultados no modelo com base em
dados medidos. O posto de Nova Palmira é localizado no Rio Caí a montante
da cidade de Vale Real, entre os arroios Belo e Ouro, a aproximadamente 130
km da foz do Rio Caí. Como a área incremental entre Salto e Nova Palmira é
bastante grande, o impacto nas vazões neste ponto é menos significativo.

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

22
De fato, o maior impacto ocorre no Rio Santa Cruz, logo a
jusante dos reservatórios, onde as vazões médias, máximas e mínimas
são fortemente alteradas.

Em termos de curva de permanência tem-se uma alteração


significativa entre a curva que seria esperada no Rio Santa Cruz sem o
Sistema Salto e a curva com o Sistema. Estas curvas de permanência são
mostradas na figura 4.3.1.

Figura 4.3.1 – Curvas de permanência no Rio Santa Cruz a montante do Arroio Cará,
obtidas de séries simuladas com e sem o Sistema Salto

Como se vê, há uma diminuição significativa em toda a faixa de


vazões. A área situada entre as duas curvas representa a vazão média perdida
pela bacia, tanto pela transposição como pela evaporação dos reservatórios.

O quadro 4.3.2 mostra os impactos do Sistema sobre as


principais vazões características do Rio Santa Cruz.

Quadro 4.3.2 – Síntese dos efeitos do Sistema Salto sobre as vazões no Rio Santa
Cruz, a montante da foz do Arroio Cará
Vazão característica Simulada com Simulada sem Impacto do
(m3/s) Sistema Salto Sistema Salto Sistema
Média (QLP) 3,8 11,7 -67%
Q50 1,4 7,5 -81%
Máxima maximorum 281,6 337,5 -17%
Q95 0,2 1,2 -83%

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

23
4.4. BARRAGEM RIO BRANCO

Na época da construção da barragem (1895-1906), toda a


movimentação de mercadorias e passageiros de São Sebastião do Caí e Porto
Alegre era feita por águas, através de barcos à vapor. No verão, quando o rio
ficava com seu nível abaixo do normal, havia muitos baixios onde esses barcos
encalhavam. A Barragem Rio Branco possibilitou a navegação no Rio Caí
durante todo o ano.

No projeto inicial do Eng. José da Costa Gama eram previstas


duas barragens móveis afastadas entre si 2,00 Km, com 0,70 m de
represamento cada uma e situadas a 80 Km da Capital. As obras tiveram início
em 1895, mas apenas uma das barragens foi construída, a Barragem Rio
Branco, cuja obra foi finalizada em 1906. A barragem constava, basicamente,
de diversos passos reguladores fechados por sistemas móveis; um passo
central de 13 m de largura era fechado por um barco-pêndulo ligado por meio
de correntes a duas amarrações situadas a cerca de 100 m à montante. Era
nesse passo central que ocorria a passagem das embarcações. As fotos 4.4.1
e 4.4.2 mostram fotos da barragem na época de sua operação.

Foto 4.4.1 – Barragem Rio Branco no Rio Foto 4.4.2 – Barragem Rio Branco (vista
Caí de jusante)

Com o decréscimo da navegação e o modesto dimensionamento


da obra, a Barragem Rio Branco perdeu seu maior significado para a
navegação fluvial de maior porte. Além disso, a rápida construção da rede
rodoviária paralisou toda a navegação à montante de Montenegro. A Barragem
Rio Branco localiza-se a 65,30 Km da foz do Rio Caí, entre Montenegro e
Pareci, no distrito de Capela de Santana (mapa 4.4.1) e apresenta as
seguintes características:
Comprimento: 30,30 m
Largura: 9,40m
Profundidade: 1,50 m
Calado permissível: 1,20 m

Uma questão importante a ser tratada na Fase B do Plano de


Bacia é a condição de navegabilidade do Rio Caí. Nas Sonsultas Públicas de
Pré Enquadramento o uso navegação foi votado no trecho a montante de
Montenegro sugerindo que a sua viabilização deva ser buscada.

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

24
450000 500000 550000

R io
Barragem da Divisa

Pi aí
Rio ruz
Ri o ta C
C an

S

Barragem do Salto
Barragem Blang
Arro
6750000

6750000
io
F orq
ueta

Arroi o Mauá

deia
o Ca
A Ri
ro i o
r

Ma
rat

#
á

Legenda
6700000

6700000
Limite da Bacia Hidrográfica

Rio
C
Barragem do Rio Branco no Rio Caí
# Barragem Rio Branco

Hidrografia

í Intermitente
Rio J acu
0 5 10 20 30 40
km Perene
1:750.000

450000 500000 550000


Mapa 4.4.1 - Localização da Barragem do Rio Branco
4.5. INUNDAÇÕES

4.5.1. Introdução

No âmbito da primeira etapa do plano de bacia não está prevista


a execução de obras hidráulicas ou de engenharia. No entanto, o
planejamento dos recursos hídricos deve contemplar o problema das
inundações e dar diretrizes sobre a melhor estratégia para o controle ou
mitigação dos impactos das enchentes, especialmente se for considerada a
grande preocupação que o Comitê possui para com o problema.

As inundações na bacia do Rio Caí são, sem dúvida, um dos


aspectos mais críticos no que concerne aos recursos hídricos. A característica
dos imigrantes de ocuparem o vale, ou a região próxima à calha do rio, aliado
ao bom potencial agrícola das regiões de várzea, acarretou uma ocupação
bastante significativa da chamada planície de inundação do rio. Não por acaso,
esta preocupação já foi manifestada reiteradas vezes pelo Comitê de Bacia.

4.5.2. Histórico do problema em Montenegro

O município de Montenegro se situa na margem direita do Rio


Caí, no local onde o rio faz uma longa curva, na realidade um meandro,
conforme pode ser visto na figura 4.5.1.

Montenegro
Rio Caí

Rio Caí

Figura 4.5.1 – Imagem de alta resolução mostrando o meandro no Rio Caí, junto ao
qual se encontra a cidade de Montenegro

Já há algum tempo se discute na comunidade a construção de um


canal ligando os pontos A e B na figura 4.5.1, de forma a diminuir o risco de
enchentes da zona urbana. A localização dos pontos A e B varia de acordo com
a proposta, bem como a dimensão do canal.

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

26
Este canal supostamente teria três efeitos principais:
i) afastamento da cidade em relação à calha do canal em eventos de cheia; ii)
diminuição do trajeto dos hidrogramas de cheia e conseqüente aceleração da
passagem da água e iii) aumento da declividade do leito do rio, pela redução
do comprimento, e conseqüente aceleração da passagem da água.

4.5.3. Análise da eficiência do canal extravasor

Vários projetos que mencionam o canal extravasor do meandro


de Montenegro já surgiram, entre os quais: Projeto de Agrar- und
Hydrotechnik GMBH (1970), Projeto do DNOS (1988), Projeto da Prefeitura de
Montenegro.

Para verificar a eficiência do projeto, foi feita uma simulação


hidrodinâmica do sistema. A simulação realizada indica que o canal
extravasor é uma solução apenas parcial para as enchentes no
município de Montenegro. Embora diminua em algumas dezenas de
centímetros o nível d’água para cheias características e reduza a freqüência de
extravasamento do Rio Caí, a cidade de Montenegro continuará inundando em
enchentes maiores.

Já o projeto de proteção contra cheias, que inclui o canal


extravasor e um sistema de diques ao longo de Montenegro, aparentemente é
uma solução tecnicamente correta, que evitaria danos mesmo no caso de uma
cheia da magnitude da ocorrida em maio de 1941.

Por fim, há a componente ambiental. O projeto do canal


extravasor, seja qual for a concepção que for considerada, deve ter impactos
significativos na morfologia fluvial, qualidade de água e nos ecossistemas do
Rio Caí. Deve ser considerada a adoção de medidas não-estruturais para a
mitigação dos impactos das enchentes do Rio Caí em Montenegro. O
zoneamento de cheias é uma delas, delineando áreas inadequadas para
prédios residenciais. Neste sentido, deve ser reconhecido que o crescimento
da cidade em direção à várzea do Rio Caí foi grandemente contido, e o leito
maior permanece em grande parte desocupado. A remoção de famílias
carentes das áreas alagáveis, apesar de sofrer resistência das próprias
populações atingidas e ser relativamente cara, é significativamente mais
barata do que a solução estrutural do canal extravasor (o projeto do canal
equivaleria à construção de 400 a 2.000 casas populares a R$ 20.000 cada
uma).

A previsão antecipada de cheias também é uma alternativa não-


estrutural que poderia ser implementada. Para tal, no entanto, é necessária
maior quantidade de dados de monitoramento, no mínimo, uma observação a
cada duas horas.

4.5.4. Impactos das inundações

O Quadro 4.5.1 apresenta dados recentes de eventos de


enchentes e alagamentos ocorridos nos municípios da Bacia do Rio Caí.

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

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Quadro 4.5.1 – Eventos de enchentes e alagamentos nos municípios da bacia (2003-2007)

Pessoas
Município Data Evento Locais Atingidos Danos
Atingidas
Área urbana nas seguintes
9/7/2003 Inundação localizades: Bairros Piedade, Bom 0
Fim e Bela Vista
Desabamento de uma residência
e interdição de outra no Morro
Tico-tico. Danos às estradas
vicinais, sem pavimentação
asfáltica ou de pedra, impedindo
Bom Princípio Estradas municipais, residências, alunos de comparecerem às
comércio indústrias e áreas escolas e funcionários às fábricas
23/9/2007 Enchente 5000
agrícolas nas áreas próximas ao e ao comércio. Danificação de
Arroio Forromeco e ao Rio Caí acessos às propriedades rurais
que impede o escoamento da
safra e de abastecimento de
aviários e pocilgas e aos
produtores que atuam na criação
de aves e suínos.
Interrupção de bueiros, estragos
Bairro Vila Nova nas ruas: José
na rede pluvial e inundações nos
Carlos Barbosa 8/7/2003 Alagamento Raimundo Carlotto, Antônio Prado e 20
porões de 3 residências
Vinte e um de Abril.
resultando danos.
10.000 metros de rede pública
de esgoto, vias rurais e urbanas,
Grande parte da zona urbana e 30 postes com luminárias além
Caxias do Sul 14/3/2007 Enxurrada 1000
algumas localidades da zona rural. de 5 escolas municipais incluindo
muros, telhados e instalações
elétricas foram danificados.
Igrejinha 23/9/2007 Alagamento bairros alagados 0 alagamentos

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

28
Quadro 4.5.1 – Eventos de enchentes e alagamentos nos municípios da bacia (2003-2007)

Pessoas
Município Data Evento Locais Atingidos Danos
Atingidas
Bairros: Olaria, Ferroviário,
Industrial, Tanac, Passo do
Manduca, São Paulo, Santo Antônio, Foram danificadas 10
9/7/2003 Enchente Santa Rita, Imigração, Cinco de 40 residências, resultando em 40
Maio, Municipal, São João e parte da pessoas desalojadas
área central (elevação do nível das
águas do rio Caí).
Montenegro
Prejuízo nas áreas residenciais e
estabelecimentos comerciais,
Bairros Olaria, Ferroviário,
ocasionando perdas de grande
Industrial, Tanac, Passo do Manduca
20/9/2007 Enchente 5000 proporção, bem como
municipal, Centro e parte da área
estragando bens patrimoniais,
central.
sistema viário e gêneros de
primeira necessidade.
Danos materiais: 01 pontilhão
danificado R$ 10.000,00.
Nova Petrópolis 20/2/2003 Inundação Vale do Caí 0
Prejuízo econômico: perda na
agricultura valor não estimado
Distrito Bananal, Porto Maratá,
Matiel, e a sede do Municipio. No 62 Residências danificadas, 02
distrito de Matiel a situação é públicas, 08 particulares. O
Pareci Novo 24/9/2007 Enchente emergencial pois é divisa com Caí. 255 município ficou isolado, não
Na área Central da cidade, o Bairro havendo sistema de transporte
da Várzea e as ruas ribeirinhas ao para fora dos limites municipais.
Rio Caí estão inundadas.
12/6/2003 Enchente Vila São Luis 0 30 residências danificadas
Portão
23/9/2007 Enxurrada 75 25 Casas Atingidas

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

29
Quadro 4.5.1 – Eventos de enchentes e alagamentos nos municípios da bacia (2003-2007)

Pessoas
Município Data Evento Locais Atingidos Danos
Atingidas

100 pessoas desalojadas. 300


pessoas afetadas. Danificadas:
10 residencias populares
R$ 1.200,00. 129 outras
R$ 7.740,00. 03 de ensino
R$ 360,00. 08 edificaçõs
comunitarias R$ 1.200,00 Danos
Ambientais: dano de intensidade
média no desmatamento R$
Bairros Quilombo, Navegantes, Vila
São Sebastião do Caí 20/2/2003 Enchente 1022 4.500,00. Prejuízos econômicos:
Rica e Rio Branco
pecuária: 10 unidades
R$ 7.000,00. outros 03
R$ 10.000,00. Prejuízos Sociais:
energia elétrica 2.000 m de rede
de distribuição R$ 3.000,00 e
300 consumidores sem energia
R$ 1.500,00. Alimentos básicos
02 estabelecimento
R$ 1.000,000
Devido à elevação do nível de água Foram danificadas 138
do Rio Caí, acima de sua vazão residências e uma comunitária.
normal, os bairros Quilombo, Também foram afetados os
9/7/2003 Enchente 1159
Navegantes, Vila Rica e Rio Branco serviços essenciais como:
entre outros, foram os mais abastecimento de água, energia
afetados do município. e o sistema de transporte.

1/9/2005 Enchente Comunidades de ribeirinhas 150 Aproximadamente 51 famílias


desalojadas. (51 residências de
ribeirinha atingidas). 163

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

30
Quadro 4.5.1 – Eventos de enchentes e alagamentos nos municípios da bacia (2003-2007)

Pessoas
Município Data Evento Locais Atingidos Danos
Atingidas
pessoas desabrigadas
encaminhados aos abrigos
provisórios da Assiste Social.
1200 Pessoas desalojadas. 1500
desabrigadas. 338 deslocadas,
totalizando 280 Residências 04
públicas 03 comunitárias 120
particulares (Ind. e Com). Nas
Bairros Quilombo, Navegantes, Vila
propriedades rurais, grande
24/9/2007 Enchente Rica, Rio Branco, além da zona 3038
parte da produção de hortaliças
central da cidade.
foi perdida, além das áreas
adubadas com plantio nas
várzeas do Rio Caí, afetando as
fontes de receita e sustento de
inúmeras famílias.
Área urbana e nas localidades de 3 residências destruídas,
Piedade, Linha Neis, Forromeco, instalações rurais e urbanas,
São Vendelino 8/7/2003 Inundação 0
Morro Canastra, Morro Carrard, instalações elétricas e de
Linha Griebler e Vale Suíço. abastecimento de água.
Três Coroas 23/9/2007 Enxurrada 0 90 Pessoas desabrigadas
Ilha da Paciência, Ilha do Araújo, Danos no setor primário.
19/12/2003 Enchente Ilha do Fanfa, Praia Grande, Barreto 0 Prejuízos em torno de
e Pontal. R$111000,00.
Triunfo
300 Pessoas 120 Residências
25/9/2007 Enchente Toda zona Ribeirinha do município 300 Abastecimento de Água Sistema
de Transporte
Fonte: adaptado de http://www.defesacivil.rs.gov.br/

P-0222-Tx826- Cap 4 - Águas Superficiais-QUANTIDADE

31
V. QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL
Neste capítulo, será realizada uma avaliação dos resultados das
análises de qualidade da água existentes para a Bacia Hidrográfica do Rio Caí.
Os resultados dessas análises existentes serão comparados aos padrões de
qualidade da Resolução No 357/05 do CONAMA que estabelece a classificação
das águas doces no território nacional.

5.1. DADOS UTILIZADOS

Para avaliação da qualidade da água, foram considerados os


dados de qualidade do programa PRÓ-GUAÍBA (FEPAM, DMAE/POA e CORSAN)
e os dados de quatro campanhas de análises realizadas durante a elaboração
deste Plano de Bacia. Quanto às séries de dados do programa Pró-Guaíba,
foram utilizados apenas os dados das campanhas realizadas nos últimos dois
anos, ou seja, 2005 e 2006 tendo em vista o objetivo de retratar a qualidade
atual das águas da bacia.

O quadro 5.1.1 apresenta a descrição dos pontos de


monitoramento da qualidade das águas superficiais de mananciais localizados
na bacia hidrográfica em questão. O mapa 5.1.1 apresenta a localização dos
pontos de amostragens utilizados na classificação dos cursos de água da Bacia
Hidrográfica do Rio Caí.
Quadro 9.1.1 – Pontos de monitoramento utilizados para avaliação da qualidade
Distância da foz do curso
Ponto Curso d’água Fonte
d'água (Km)
FE 1,2 Arroio Feitoria** 1,2 PLANO BACIA
PA 2,1 Arroio Pinhal* 2,1 PLANO BACIA
PI 0,1 Arroio Piaí* 0,1 PLANO BACIA
BE 0,1 Arroio Belo* 0,1 PLANO BACIA
OU 0,1 Arroio do Ouro* 0,1 PLANO BACIA
CC 2,6 Arroio Caracol* 2,6 PLANO BACIA
FQ 3,5 Arroio Forqueta* 3,5 PLANO BACIA
FR 4,0 Arroio Forromeco* 4,0 PLANO BACIA
MT 0,1 Arroio Maratá* 0,1 PLANO BACIA
BJ 2,64 Arroio Bom Jardim* 2,64 PLANO BACIA
CD 27,2 No Rio Cadeia* 27,2 PLANO BACIA
CD 16,7 No Rio Cadeia* 16,7 PLANO BACIA
CD 5,5 No Rio Cadeia* 5,5 PLANO BACIA
CA 001 Rio Caí 1,0 DMAE
CA 052 Rio Caí (ETA Montenegro Velha) 52,0 CORSAN
CA 060 Rio Caí (ETA Montenegro Nova) 60,0 CORSAN
CA 14,1 Rio Caí (Pólo Petroquímico) 14,1 CORSAN
CA 018 Rio Caí 18,0 FEPAM
CA 070 Rio Caí 70,0 FEPAM
CA 092 Rio Caí 92,0 FEPAM
CA 136 Rio Caí 136,0 FEPAM
CA 210 Rio Caí 210,0 FEPAM
CA 245 Rio Caí 245,0 FEPAM
* Foz no Rio Caí; ** Foz no Rio Cadeia

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

32
450000 500000 550000

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Limite da Bacia Hidrográfica


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CA 14.1
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km
1:750.000 # FEPAM

# PLANO BACIA
450000 500000 550000

Mapa 5.1.1 - Localização dos pontos do monitoramento da qualidade da água


5.2. METODOLOGIA
A caracterização da qualidade das águas superficiais da bacia
hidrográfica foi realizada de acordo com os padrões estabelecidos na
Resolução CONAMA No 357/05.

Para cada conjunto de dados (entidade monitoradora) foram


classificados todos os parâmetros monitorados cuja Resolução CONAMA
No 357/05 apresenta padrões de classificação. A partir da classificação por
parâmetro foi considerado o percentual de parâmetros que atende aos padrões
de cada classe da referida resolução. Quando 85% ou mais dos parâmetros
monitorados atendiam aos padrões da Classe 1, então esse ponto seria,
inicialmente, classificado como Classe 1. Secundariamente, para esses pontos
inicialmente classificados como Classe 1, foram verificados os parâmetros
diferenciadores entre as Classes 1 e 2, ou seja, cor, DBO, OD, fósforo além de
coliformes fecais por ser este o mais importante indicador de contaminação
por efluentes domiciliares.

Quando menos de 85% dos parâmetros monitorados atendem


aos padrões da Classe 1, foram avaliados os parâmetros que diferenciam as
Classes 1 e 2, principalmente DBO e coliformes que são os parâmetros que
mantêm relação com os principais tipos de efluentes lançados nas águas da
bacia. Como regra geral, observou-se a classe predominante nos resultados
desses dois parâmetros para realização da classificação dos pontos.

No intuito de verificar a presença de efluentes industriais foram


incluídos os parâmetros especiais Vanádio e Titânio entre os metais analisados
nas campanhas realizadas em alguns pontos (PA2,1; BE0,1; OU0,1; FR0,4;
BJ2,64) no Plano de Bacia. Os parâmetros especiais Glifosato, Fenitrotiona e
Acefato, característicos de contaminação por agrotóxicos, foram monitorados
nas campanhas realizadas pela empresa consultora para verificar a presença
de agrotóxicos nos seguintes pontos: PA2,1; PI0,1; BE0,1; OU0,1 e FR0,4.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

34
5.3. RESULTADOS DA QUALIDADE ATUAL DA
ÁGUA
5.3.1. Pontos monitorados pela CORSAN

Pontos CA 052 e CA 060


Rio Caí (Montenegro: na cidade e a montante)

CA052 = CLASSE 2
CA060 = CLASSE 2

Nos dois pontos, menos de 85% dos parâmetros atendem à


Classe 1 da Resolução No 357/05 do CONAMA, de modo que não poderiam ser
classificados como Classe 1. Considerando-se apenas os parâmetros diferentes
entre as Classes 1 e 2, para nenhum parâmetro surgiu mais de 50% dos
resultados acima (maiores) de Classe 1 para o ponto CA 052, ou seja, nesse
ponto mais de 50% dos parâmetros diferenciais atendem não atende à
Classe 1. Dessa forma o ponto CA 052 recebeu classificação de Classe 2. No
ponto CA 060, nenhum parâmetro diferencial surgiu mais de 50% com
resultados acima da Classe 2; esse ponto, portanto, foi classificado em
Classe 2.

Os dois pontos são localizados na sub-bacia Médio Caí - trecho


baixo, o CA052 na altura da área urbana de Montenegro. O baixo resultado de
OD registrado no ponto CA052, que eleva a Classe para Classe 2 é indicativo
da presença dos esgotos domésticos de Montenegro. Um fator importante, a
ser ressaltado, se refere ao fato de que o Rio Caí já está em Classe 2 a
montante da área urbana de Montenegro (CA60). Neste contexto não há piora
na qualidade da água no trecho, tampouco há melhora, apesar dos 8 km de
rio que separam os dois pontos.

Ponto CA 14,1

CA 14,1 = CLASSE 1

Nesse ponto localizado no Rio Caí, menos 85% dos parâmetros


atendem à Classe 1. No entanto, todos os parâmetros com padrões diferentes
para as Classes 1 e 2, com exceção de OD, são de Classe 1. A Classe 2 é
determinada tendo em vista, justamente, o parâmetro OD que nos seis
resultados considerados apresenta 4 resultados de classe 2.

O Ponto CA 14,1 fica a 4 km a jusante do arroio Bom Jardim e


não recebe mais contribuições significativas de esgoto ou poluição industrial. O
uso do solo nas imediações se caracteriza pela presença de lavouras de arroz
irrigado, sem, no entanto que pudesse ser verificada influência desta atividade
diretamente sobre a qualidade da água. O que ocorre neste ponto, muito
provavelmente, é a recuperação do Rio Caí tendo em vista que se aproxima da
foz.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

35
5.3.2. Pontos monitorados pela FEPAM

No quadro 4.1.7 são apresentadas a classificação por parâmetro e


a classificação final dos pontos monitorados pela FEPAM.

Pontos CA 018, CA 070, CA 092, CA 136


Arroio Bom Jardim, Pareci Novo, Bom Princípio e Arroio Pinhal.

CA018 = CLASSE 1
CA070 = CLASSE 3
CA092 = CLASSE 3
CA136 = CLASSE 3

Embora a maior parte dos parâmetros monitorados para esses


quatro pontos tenha obtido resultados de Classe 1, parâmetros diferenciadores
entre as classes (OD, turbidez, coliformes) além do fósforo apresentaram
valores não condizentes com a Classe 1, de modo que esses pontos foram
classificados em Classe 3.

O ponto CA 018 recebeu classificação Classe 3 devido aos


parâmetros OD, Turbidez e Fósforo. Este ponto localiza-se imediatamente a
jusante da foz do arroio Bom Jardim que drena a área do pólo Petroquímico. O
sistema de tratamento dos efluentes do Pólo Petroquímico imprime um
tratamento em cinco estágios que culmina com o lançamento no solo.
Entretanto, tendo em vista a piora da qualidade da água do Rio Caí neste
ponto (no ponto CA52 em Montenegro é Classe 2), bem como os resultados do
arroio Bom Jardim (de Classe 4 serão tratados a seguir), o possível que haja
influência deste lançamento no solo na qualidade da água dos recursos
hídricos de jusante.

O ponto CA70 (Classe 3) fica a montante da sede de Pareci Novo


e está localizado imediatamente a jusante da Foz do Rio Cadeia. Sua
classificação em Classe 3 em função de baixo OD e elevada concentração de
coliformes é indicativa da presença de esgotos domésticos. A análise dos
resultados para a DQO (parâmetro não classificável pela Res. 357/2005)
indicam concentrações da ordem de 10 a 15 mg/L poderia indicar a presença
de efluentes industriais, trazidos pelo Rio Cadeia. Também deve-se registrar
que a medição é realizada neste ponto a cerca de 4 km da área urbana de São
Sebastião do Caí que lança seus efluentes diretamente no rio, sem
tratamento.

O ponto CA092 (Classe 3) localiza-se a jusante da sede municipal


de Bom Princípio. O ponto recebeu a classificação de Classe 3 em função de
Coliformes o que é indicativo da presença de esgotos domésticos, bem como
dejetos de outros animais de sangue quente. Os níveis elevados de DQO
(máximo de 20 mg/L) também são indicativos da presença de dejetos da
agropecuária. A região do município de Tupandi apresenta alguma
concentração de criação suína o que pode indicar a influência desta atividade
sobre a qualidade da água do recurso hídrico.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

36
O ponto CA136 (Classe 3) está localizado imediatamente a
jusante da foz do arroio Pinhal. Sua classificação em Classe 3 se deu
especialmente em virtude de baixo OD, elevada concentração de coliformes.
Os níveis de DQO também são elevados (máx. 23 mg/L) e foram verificadas
em algumas campanhas níveis elevados de COBRE. Os indicativos são de que
a "chegada" do arroio Pinhal que drena parte da área urbana de Caxias do Sul
e recebe esgotos sanitários e efluentes industriais são determinantes na
qualidade da água do Rio Caí neste ponto.

Os pontos CA 070, CA 092 e CA 136 apresentaram repetidas


vezes os parâmetros OD, coliformes e fósforo não condizentes com os padrões
de Classe 1.

O Parâmetro Fósforo foi desconsiderado para a classificação em


todos os pontos do monitoramento da FEPAM tendo em vista que o valor
estabelecido na Resolução do CONAMA estar em discussão quanto a sua
aplicabilidade.

Ponto CA 210 e CA 245


Canela, jusante das Barragens e Alto Caí - barragens

CA210 = CLASSE 1
CA245 = CLASSE 1

Os dois pontos, localizados no Rio Caí, receberam classificação de


Classe 1 tendo em vista que, em ambos, mais de 85% dos parâmetros
monitorados atendem a essa classe.

Os dois pontos localizam-se em região da Bacia em que há menor


pressão das atividades de uso do solo sobre os recursos hídricos, bem como
menor intensidade de usos da água.

Alem disso, o ponto CA210 (chamado de Passo do Inferno),


localiza-se numa área de vale, com relevo encaixado e vegetação abundante e
ocupação antrópica de pequena intensidade. Neste ponto, o leito pedregoso e
a presença de corredeiras facilita a oxigenação da água e a depuração da
carga poluidora que porventura atinja o curso d'água.

O ponto CA245 localizado a montante das Barragens do Sistema


Salto tem por característica principal a pequena interferência antrópica em
toda a sub-bacia a montante do ponto o que justifica a boa qualidade da água
verificada.

Reitera-se que o Parâmetro Fósforo foi desconsiderado para a


classificação em todos os pontos do monitoramento da FEPAM tendo em vista
que o valor estabelecido na Resolução do CONAMA estar em discussão quanto
a sua aplicabilidade.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

37
5.3.3. Ponto monitorado pelo DMAE/POA

No quadro 4.1.8 são apresentadas a classificação por parâmetro e


a classificação final dos pontos monitorados pelo DMAE/POA.

Ponto CA 001

CA001 = CLASSE 3

Nesse ponto localizado no Rio Caí e monitorado pelo DMAE, cerca


de 85% dos parâmetros analisados atendem aos padrões de Classe 1,
entretanto, cinco dos seis resultados considerados para Coliformes, são de
classe 3, por este motivo o ponto recebeu classificação de Classe 3.

A posição da amostragem, imediatamente a montante da foz no


Rio Jacuí pode ter influência no resultado do monitoramento tendo em vista a
existência de refluxo causado pelo Rio Jacuí no Rio Caí.

5.3.4. Ponto monitorado pelo Plano de Bacia

No quadro 4.1.9 são apresentadas a classificação por parâmetro e


a classificação final dos pontos monitorados pela empresa consultora durante
a elaboração do Plano de Bacia.

Pontos PI0,1 PA2,1 BE0,1 OU0,1 e FR 3,5


Foz dos Arroios Piai, Pinhal, Belo, Ouro e Forromeco

PI 0,1 = CLASSE 4
PA 2,1 = CLASSE 4
BE 0,1 = CLASSE 3
OU 0,1 = CLASSE 1
FR 4,0 = CLASSE 4

Esta seqüência de pontos apresenta os resultados para os


importantes afluentes da margem direita do Rio Caí que drenam áreas
urbanas de Caxias do Sul, Farroupilha e Carlos Barbosa, bem como drenam
áreas de produção intensa de hortifrutigranjeiros (hortaliças em geral).

No ponto PI 0,1 localizado no Arroio Piai, 75% dos resultados


para DBO são de Classe 4 e 75% dos resultados de coliformes são de
Classe 3. A presença de DBO e coliformes elevados pode ser explicada pela
contribuição de esgotos de parte da área urbana de Caxias do Sul que se faz
presente no noroeste da sub-bacia, num trecho curto até a foz onde foi
monitorada a qualidade da água.

O ponto PA 2,1, a 2km da foz do arroio Pinhal é de Classe 4 em


função de coliformes de DBO. No arroio Pinhal são lançados esgotos sanitários
da área urbana de Caxias do Sul, presente nas nascentes do arroio, bem como
contribuições de efluentes industriais. Os níveis de DQO (parâmetro não
classificável pela Res. 357/2005 do CONAMA) atingem até 73 mg/L.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

38
No ponto BE 0,1 é monitorada a foz do arroio Belo. Os resultados
de DBO e coliformes são elevados e indicam Classe 3 em praticamente todas
as campanhas. Mais uma vez, as contribuições de carga poluidora originadas
em Caxias do Sul são responsáveis pela piora na qualidade da água. Tanto o
arroio Pinhal quanto o arroio Belo, ao que tudo indica, são cursos d'água que
não tem porte suficiente para receber tamanha quantidade de carga poluidora.

O arroio do Ouro (OU 0,1), por sua vez, apresenta Classe 1 na


foz. Esse ponto recebeu classificação de Classe 1 pois mais de 85% dos
resultados obtidos nas campanhas de monitoramento são característicos de
Classe 1. Além disso, não houve nenhum parâmetro classificável que se
estabeleceu em dois resultados em classe maior do que 1. Diferentemente do
arroio Pinhal e Belo, o tamanho da sub-bacia é maior, a disponibilidade hídrica
no arroio do Ouro é maior e por este motivo as cargas orgânicas provenientes
dos lançamentos de Farroupilha parecem estar sendo depuradas no próprio
arroio.

Pontos CC 2,6 e FQ3,5


Arroio Caracol e Arroio Forqueta

CC 2,6 = CLASSE 3
FQ 3,5 = CLASSE 4

Os arroios Caracol e Forqueta drenam as áreas urbanas de Canela


e Gramado, respectivamente. Duas cidades importantes na margem esquerda
do Rio Caí, no seu trecho médio.

O monitoramento no Arroio Caracol (Canela) indicou elevadas


concentrações de DBO e Coliformes, bem como baixos níveis de OD em duas
das quatro campanhas realizadas. Estes resultados indicam que o arroio
Caracol é diretamente influenciado pelo lançamento dos esgotos domésticos
de Canela e não se recupera no trecho de 6 ou 7 km que separam o ponto do
monitoramento da área urbana. Três dos quatro resultados de coliformes são
de classe 3, bem como outros dois resultados de DBO são de classe 3 para o
arroio Caracol.

O arroio Forqueta foi classificado em Classe 4 porque três dos


quatro resultados de DBO são de Classe 4. Além disso, dois resultados de OD
indicam Classe 3 e o conjunto de resultados de Coliformes é indicativo de
Classe 4. De forma similar ao arroio Caracol, o Forqueta recebe as
contribuições de esgotos não tratados de Gramado. Ambos são cursos d'água
de pequeno porte que não tem condições de depuração da carga poluidora que
recebem.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

39
Ponto MT 0,1
Foz do Arroio Maratá

MT 0,1 = CLASSE 3

O ponto de monitoramento no arroio Maratá foi classificado em


Classe 3. A maior parte dos parâmetros classificáveis para o arroio Maratá são
de Classe 1. A sub-bacia não apresenta grandes áreas urbanas (Brochier e
Maratá são pequenas cidades), no entanto três resultados de DBO são
indicativos de Classe 3, bem como 1 resultado de Coliformes. O OD também
se mostrou em nível de Classe 2 na campanha de dezembro de 2006. A
explicação para a pior qualidade da água verificada pode estar relacionada
com o setor de agropecuária. Mesmo em menor intensidade que é Tupandi e
Harmonia do Sul, Maratá apresenta importante concentração de produção
pecuária.

Pontos CD 27,2 CD 16,7 CD 5,5 e FE 1,2


Alto Cadeia, Médio Cadeia, Baixo Cadeia e foz do Arroio Feitoria

CD 27,2 = CLASSE 4
CD 16,7 = CLASSE 4
CD 5,5 = CLASSE 3
FE 1,2 = CLASSE 4

O conjunto de Pontos no rio Cadeia e arroio Feitoria foram


dispostos de modo a facilitar a compreensão da influência do arroio Feitoria no
rio Cadeia. O ponto CD 24,2 está localizado no Alto Cadeia, antes da foz do
Arroio Feitoria. Ponto CD 16,7 está localizado imediatamente a jusante da foz
do arroio Feitoria e o ponto CD 5,5 no Baixo Cadeia. O Ponto FE 1,2 monitora
o arroio Feitoria antes da foz no Cadeia.

As seguintes situações foram verificadas para este conjunto de


pontos:

O arroio Feitoria foi classificado em Classe 4 em função de


elevadas concentrações de DBO e coliformes, bem como baixos níveis de OD
verificados em duas campanhas e elevados níveis de Nitrogênio total
verificado também em duas campanhas. Os níveis de DQO também são
elevados (média de 40 mg/L e máximo de 80 mg/L). As contribuições de
cargas dos diversos setores presentes neste trecho: indústrias, lançamento de
esgotos, agropecuária são responsáveis pela deterioração da qualidade da
água.

O rio Cadeia também apresentou baixos níveis de qualidade em


praticamente toda a sua extensão com resultados muitos elevados para DBO e
Coliformes. A rigor, no alto Cadeia (CD 27,2) o ponto de monitoramento fica a
jusante das sedes urbanas de Santa Maria do Herval, Picada Café e São José
do Hortêncio. Contudo, são pequenas áreas urbanas e a explicação para
tamanha perda de qualidade da água deve estar na presença de indústrias e
lançamento de efluentes industriais.
P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

40
No ponto CD 16,7, no rio Cadeia a jusante da foz do arroio
Feitoria a situação piora do ponto de vista de qualidade da água. Não e função
da classe, que se mantém em 4, mas sim em função dos valores encontrados
para os parâmetros de qualidade. Os valores de DBO, por exemplo:

Ponto CD 27,2: 12 mg/L (jun/06), 12 mg/L (set/06), 20 mg/L


(dez/06) e 13 mg/L (mar/07)

Ponto CD 16,7: 19 mg/L (jun/06), 26 mg/L (set/06), 38 mg/L


(dez/06) e ligeira melhora na campanha de verão deste ano, 6
mg/L (mar/07).

No ponto CD 5,5 há uma pequena melhora da qualidade da água


que pode ser classificada em Classe 3 em função, ao que parece a diluição da
carga poluidora.

Ponto BJ 2,6
Arroio Bom Jardim

Embora a maior parte dos resultados do monitoramento


apresentar características de Classe 1, o ponto BJ 2,6, localizado no Arroio
Bom Jardim, recebeu classificação Classe 4. Ocorreu que 75% dos resultados
de DBO são de Classe 4; além disso 100% dos resultados de coliformes
caracteriza águas de qualidade Classe 3.

O arroio Bom Jardim drena a área do Pólo Petroquímico de


Triunfo. Conforme mencionado na avaliação do ponto CA018, não é possível
fazer uma correlação direta dos efluentes do SITEL/CORSAN (Sistema de
Tratamento de Efluentes da CORSAN que opera no Pólo Petroquímico) e a
qualidade da água no arroio. Especialmente, tendo em vista que o tratamento
é avançado e o efluente é lançado no solo. Entretanto, a alta carga de DBO é
indicativa de presença de poluição de origem orgânica que por exclusão (não
há centros urbanos ou produção pecuária intensiva na sub-bacia) deve ter sim
relação com o lançamento no solo dos efluentes. O que colabora para esta
conclusão é também o elevado nível de DQO (parâmetro não classificável) que
atinge em média 50 mg/L e um máximo de 72 mg/L.

5.3.4. Classificação final dos pontos monitorados

O mapa 5.3.1 apresenta espacialmente os pontos de


monitoramento classificados conforme o resultado dos parâmetros
monitorados e a Resolução 357/2005 do CONAMA.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

41
440000 480000 520000 560000

6780000

6780000
Arroio Belo
Arroio Piaí ¯
Alto Caí - Caracol/Juá Alto Caí - Lava Pés
Arroio Pinhal

CA 210
PI 0,1
!
Arroio do Ouro
PA 2,1 ! Alto Caí - Macaco/Forqueta !
CC 2,6

!!
BE 0,1

CA 136 ! Alto Caí - trecho baixo


FQ 3,5
! Alto CaÍ - Barragens
CA 245
OU 0,1 !
Arroio Forromeco
!
6750000

6750000
Médio Caí - trecho alto

FR 4,0
! Alto Cadeia

!
Médio Caí - Tupandi
CA 092

Arroio Maratá CD 27,2


CD 16,7
! !! FE 1,2
Arroio Feitoria
Baixo Cadeia

! CD 5,5 Legenda
MT 0,1 !CA 070
6720000

6720000
! Limite da Bacia Hidrográfica
!CA 060
Médio Caí - trecho baixo

CA 052 ! Segmentação/Sub-bacias

Res. 357/2005 CONAMA


Baixo Caí - trecho alto

! CLASSE 1

Baixo Caí - trecho médio


! CLASSE 2

CA 018
! CLASSE 3
BJ 2,6
!!
! CA 14.1 10 5 0 10 ! CLASSE 4

Km
Baixo Caí - trecho baixo
6690000

6690000
1:400.000
CA 001
!
Mapa de Classificação da qualidade atual da água
nos pontos do monitoramento existente

440000 480000 520000 560000


Escala de apresentação: 1:400000 Mapa 5.3.1
5.3.5. Variação dos parâmetros de qualidade da água ao
longo do Rio Caí

De modo a avaliar o comportamento da qualidade da água do rio


Caí ao longo de seus trechos: alto, medo e baixo serão avaliados os
parâmetros DBO, DQO, OD e Coliformes nos pontos do monitoramento.

Os gráficos 9.1.1 a 9.1.4 apresentam os resultados para DBO,


DQO, OD e Coliformes, respectivamente.

A avaliação dos gráficos que mostram a variação dos parâmetros


de qualidade ao longo do Rio Caí serve, especialmente, para que se possa
avaliar a contribuição dos arroios poluídos na qualidade do curso d'água
principal.

Dois pontos têm destaque com relação a esta análise, quais


sejam: CA136 e CA070. O CA136 encontra-se imediatamente a jusante das
contribuições dos arroios Pinhal e Belo e o CA070 imediatamente a jusante da
contribuição do Rio Cadeia.

No Caso do CA136 (a 136,0 km da foz do Rio Caí) nota-se uma


piora generalizada na qualidade da água, identificada pelo aumento das
concentrações de DQO, DBO e E,COLI e diminuição do Oxigênio Dissolvido.
Esta situação indica que o conjunto de arroios Pinhal e Belo contribuem de
forma desfavorável para a qualidade da água do Rio Caí. Os arroios Pinhal e
Belo drenam a área urbana de Caxias do Sul e recebem carga poluidora de
origem doméstica e industrial. No entanto, cabe destacar, que o CA136 está
também a jusante do arroio Caracol e Forqueta que recebem as contribuições
das sedes urbanas de Gramado e Canela e provavelmente também tem
participação na piora da qualidade da água verificada a jusante no Rio Caí.

A mesma situação é verificada no caso do ponto a jusante do Rio


Cadeia (CA070, a 70 km da foz do Rio Caí) em que são nos parâmetros DBO,
OD e E,COLI que são verificadas as maiores perdas de qualidade. O Rio Cadeia
recebe contribuições de carga poluidora de origem industrial do setor de
couros e calçados provenientes do arroio Feitoria, especialmente nas
proximidades das cidades de Ivoti e Dois Irmãos. As sedes urbanas de Ivoti e
Dois Irmãos também contribuem com esgotos domésticos para o Arroio
Feitoria que deságua no Rio Cadeia.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

43
10,0
Classe 3

9,0
DBO MÉDIA DBO MÍNIMO DBO MÁXIMO
8,0

7,0
CA060 CA052
6,0

5,0
Classe 2
CA018
4,0
CA245 CA136
3,0 Classe 1 CA14,1
CA092 CA001
CA210 CA070
DBO (mg/L)

2,0

1,0

0,0
300 250 200 150 100 50 0
Caracol

Pinhal
Forqueta

Belo

Ouro

Cadeia

Maratá
Piaí

Forromeco

B. Jardim
Distância até a foz em km

Gráfico 9.1.1 - Variação do Parâmetro DBO ao longo do Rio Caí

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

44
30,0

DQO MÉDIA DQO MÍNIMO DQO MÁXIMO

25,0
CA001

CA136 CA018
20,0
CA245 CA092

CA070
15,0
CA210

10,0
DQO (mg/L)

5,0

0,0
300 250 200 150 100 50 0
Caracol

Pinhal
Forqueta

Belo

Ouro

Cadeia

Maratá
Piaí

Forromeco

B. Jardim
Distância até a foz em km

Gráfico 9.1.2 - Variação do Parâmetro DQO ao longo do Rio Caí

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

45
10,0
CA245 CA136 CA092 CA001
9,0 CA060
CA210 CA070
CA052 CA14,1
8,0
CA018
7,0

6,0
Classe 1

5,0
Classe 2

4,0 Classe 3

3,0

2,0
OD (mg/L)

OD MÉDIA OD MÍNIMO OD MÁXIMO

1,0

0,0
300 250 200 150 100 50 0
Caracol

Pinhal
Forqueta

Belo

Ouro

Cadeia

Maratá
Piaí

Forromeco

B. Jardim
Distância até a foz em km

Gráfico 9.1.3 - Variação do Parâmetro OD ao longo do Rio Caí

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

46
10000

CA001
CA136 CA070
Classe 3
CA245
1000
CA210

Classe 2

Classe 1 CA018
100

10
E,Coli (NPM)

CA092

E,Coli MÉDIA E,Coli MÍNIMO E,Coli MÁXIMO

1
300 250 200 150 100 50 0
Caracol

Pinhal
Forqueta

Belo

Ouro

Cadeia

Maratá
Piaí

Forromeco

B. Jardim
Distância até a foz em km

Gráfico 9.1.4 - Variação do Parâmetro E,Coli ao longo do Rio Caí

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

47
5.3.6. Resultados para metais e parâmetros especiais
monitorados

Conforme mencionado no item de 9.1.3 os monitoramentos no


âmbito do Plano de Bacia (quatro campanhas de amostragem), realizados nos
principais arroios que contribuem para o Rio Caí tiveram também por objetivo
monitorar parâmetros especiais que permitissem identificar cargas poluidoras
provenientes de setores específicos das atividades antrópicas realizadas na
Bacia.

Sobre o Vanádio e o Titânio (parâmetros especiais para


monitoramento da poluição industrial)

Os parâmetros Vanádio e Titânio foram monitorados nos Arroios


Pinhal, Belo, Ouro, Forromeco e Bom Jardim. Os resultados não apontaram a
presença destes dois elementos na água dos afluentes do Rio Caí.

Sobre os agrotóxicos monitorados

Tendo em vista a extensiva utilização agrícola que é realizada no


uso do solo da Bacia Hidrográfica do Rio Caí, buscou-se determinar as
concentrações de elementos que indicassem a presença de agrotóxicos na
água dos contribuintes do Rio Caí: Arroios Pinhal, Piai, Belo, Ouro e
Forromeco. Os parâmetros monitorados foram: Glifosato, Fenitrotiona e
Acefato. Estes agrotóxicos foram escolhidos de modo que representassem
aqueles que tem maior utilização em função do tipo de cultivo realizado em
cada sub-bacia. Nenhum destes parâmetros foi detectado nas campanhas
realizadas. A dificuldade para a detecção destes elementos está no fato de
serem rapidamente degradados, sendo inclusive solúveis e água.

Sobre os demais metais monitorados

Do ponto de vista dos metais monitorados: Cádmio, Cobre,


Chumbo, Cromo, Mercúrio, Níquel e Zinco, em praticamente todas as
campanhas realizadas no âmbito do Plano de Bacia não houve concentrações
superiores a Classe 1 (Resolução 357/2005 do CONAMA). Apenas a registrar
que em uma das campanhas (junho de 2006) nos pontos do arroio Piai,
Pinhal, Belo, Ouro, Caracol, Forqueta e Forromeco foram identificadas altas
concentrações de Cobre, Cromo e Níquel (de Classe 4). A não repetibilidade do
resultado associada à dificuldade de associar os resultados a uma causa
temporal (algum acidente, alteração no regime hidrológico, etc.) não permitiu
que fossem consideradas estas medições. Nas demais três campanhas estes
mesmos metais, nestes pontos, não foram detectados ou apresentaram
concentrações abaixo do limite de Classe 1.

P-0222-Tx826- Cap 5 - Águas Superficiais-QUALIDADE

48
VI. PROCESSOS SEDIMENTOLÓGICOS E
PROCESSOS EROSIVOS
6.1. PROCESSOS SEDIMENTOLÓGICOS

O estudo dos processos sedimentológicos numa determinada


bacia hidrográfica tem por objetivo o conhecimento do real estado de
degradação causado pela descarga sólida a que são submetidos os cursos
d’água.

Na Bacia Hidrográfica do Rio Caí existe o monitoramento histórico


em 01 (uma) estação sedimentométrica, localizada no Rio Caí.

O cálculo da descarga em suspensão é feito considerando que o


sedimento se movimenta com a velocidade da corrente em toda a seção
transversal. Desta forma, a descarga sólida em suspensão é obtida pelo
produto da concentração pela descarga líquida (vazão).

O gráfico 6.2.1 apresenta a descarga sólida anual por hectare


equivalente as medições no posto sedimentométrico Passo Montenegro.

100000,0

10000,0
Descarga sódida - t/ha/ano equivalente

1000,0 média histórica 816 t/ha/ano equivalente

percentil 80 = 248 t/ha/ano equivalente

100,0

10,0

1,0

0,1
18/2/1982 14/11/1984 11/8/1987 7/5/1990 31/1/1993 28/10/1995 24/7/1998 19/4/2001 14/1/2004 10/10/2006 6/7/2009

Data

Gráfico 6.2.1 - Descarga sólida de sedimentos no posto sedimentométrico Passo


Montenegro (t/ha/ano)

P-0222-Tx826- Cap 6 - Sedimentos e Erosão

49
A área da bacia de contribuição a montante da estação
sedimentométrica Passo Montenegro representa cerca de 90% da área total da
Bacia Hidrográfica do Rio Caí. Levando em consideração também que são as
porções mais elevadas da Bacia, onde se encontram as maiores declividades e
onde ocorre a maior suscetibilidade natural à erosão, pode-se dizer que as
medições realizadas correspondem a mais de 90% dos sedimentos gerados na
bacia.

A descarga sólida calculada em toneladas/hectare/ano indica uma


condição consideravelmente desfavorável na Bacia do Rio Caí. O gráfico 9.2.1
mostra que em 80% das medições realizadas obtêm-se descargas superiores a
200 t/ha/ano.

Esta geração de sedimentos, de acordo com o que será tratado


no item referente ao potencial erosivo está associada, fundamentalmente, a
ação antrópica: atividades agropecuárias, atividades em áreas urbanas,
abertura de estradas, entre outras.

P-0222-Tx826- Cap 6 - Sedimentos e Erosão

50
6.2. ESTUDO DO POTENCIAL EROSIVO E PROCESSOS
EROSIVOS

O estudo do potencial erosivo e dos processos erosivos ocorrentes


na Bacia Hidrográfica do Rio Caí foi realizado sob dois enfoques:
primeiramente foram levantados em campo as situações típicas de
interferência antrópica que estão associadas a geração de processos erosivos
e secundariamente foi realizado mapeamento do potencial erosivo da bacia.

6.2.1. Resultados do levantamento pontual de processos


erosivos

Os processos erosivos e de assoreamento dominantes foram


divididos em cinco grupos principais: processos relacionados à atividade
agropecuária, processos relacionados às estradas vicinais, processos
relacionados às atividades urbana e periurbana, processos relacionados à
dinâmica superficial dos terrenos. As fotos 6.2.1 a 6.2.20 ilustram as várias
situações de processos erosivos e de assoreamento verificadas em campo.

Foto 6.2.1 - Processos erosivos instalados em Foto 6.2.2 - Outro flagrante de plantio em
virtude do desmatamento da encosta – terreno de alta declividade junto a rodovia –
Periferia de Harmonia Trecho São Vendelino – Nova Milano

Foto 6.2.3 – Horticultura na base de encosta. Foto 6.2.4 – Plantio de videiras em curvas de
Observa-se a mata ciliar preservada protege nível. Apesar da prática conservacionista e seus
arroio - Trecho Nova Milano – Feliz. efeitos na quebra da energia erosiva, a
exposição do solo aos processos erosivos é
evidente – Trecho Caxias do Sul – Santa Lúcia
do Piai.
P-0222-Tx826- Cap 6 - Sedimentos e Erosão

51
Foto 6.2.5 – Sinais de degradação superficial Foto 6.2.6 – Criação de gado e florestamento
do solo sob vegetação campestre por em encosta. Detalhe do terreno degradado por
atividade pastoril em encosta – área rural de erosão (centro-esquerda da foto) e açude que
Montenegro recebe carga de sedimentos da drenagem (à
esquerda na foto) – Trecho Bom Princípio – São
Vendelino.

Foto 6.2.7– Desmatamento e ocupação da


encosta com criação de gado e pastagens. Foto 6.2.8 – Degradação da encosta por erosão
Sistema de drenagem assoreado por laminar e ocorrência (pouco comum) de erosão
sedimentos – Trecho Santa Lucia do Piaí – por fluxo concentrado (ravinas) ao longo da
Oliva. vertente – Trecho RS476 – São Francisco de
Paula.

Foto 6.2.9 – Corte de madeira na encosta Foto 6.2.10 – Florestamento associado a outras
expondo o solo local em condição altamente práticas agrícolas em encostas adjacentes a
desfavorável – Trecho Nova Milano – Feliz. arroio. Mata ciliar preservada – Trecho Nova
Milano – Feliz.

P-0222-Tx826- Cap 6 - Sedimentos e Erosão

52
Foto 6.2.10 – Geração de sedimentos finos a Foto 6.2.11 – Detalhe do processo incipiente de
partir de estrada vicinal. Drenagem em assoreamento do arroio decorrente da
direção ao arroio à esquerda da foto – área drenagem da estrada vicinal referida.
rural de Montenegro.

Foto 6.2.11 – Movimento de massa tipo rastejo Foto 6.2.12 – Degradação da encosta por erosão.
junto à rodovia (RS-122). Detalhe árvores Exposição do solo decorrente de movimentos de
inclinadas - Trecho Bom Princípio – São rastejo do colúvio – Trecho Bom Princípio – São
Vendelino. Vendelino.

Foto 6.2.12 – Processos em área de Foto 6.2.13 – Processos erosivos em área de


terraplenagem visando ocupação urbana. extração de solo da Formação Rosário do Sul.
Problemas com drenagem do terreno – RS124 Geração de sedimentos finos – Margem da RS124.
próximo viaduto BR386.

P-0222-Tx826- Cap 6 - Sedimentos e Erosão

53
Foto 6.2.14 – Erosão laminar em área preparada Foto 6.2.15 – Ocupação urbana em áreas
a ocupação urbana (loteamento) - Sede íngremes – Periferia de Caxias do Sul.
municipal de Harmonia.

Foto 6.2.17 – Margens do Rio Caí na área urbana


Foto 6.2.16 – Urbanização (calçadão e porto) de Feliz. Mata ciliar preservada.
das margens do Rio Caí em Montenegro.

Foto 6.2.17 – Ocupação agrícola das encostas e Foto 6.2.18 – Extravasamento do rio Caí alagando
várzea do rio Caí. Sinais do acúmulo de áreas adjacentes – área de várzea próxima ao
sedimentos (assoreamento) – Vale Real. morro Montenegro – Montenegro.

P-0222-Tx826- Cap 6 - Sedimentos e Erosão

54
Foto 6.2.19 – Açude mostrando grande carga de Foto 6.2.20 – Outra situação de açude com grande
sedimentos finos em suspensão – Trecho Nova carga de sedimentos em suspensão – Trecho
Milano – Feliz. Santa Lúcia do Piai – Oliva.

6.2.2 Mapeamento do potencial erosivo

Para avaliação do potencial erosivo, será aplicada a metodologia


do IPT. A Metodologia do IPT para avaliação do potencial erosivo de solos
(Salomão, 1992) consiste na determinação da suscetibilidade à erosão e do
potencial erosivo dos solos através da aplicação da Equação Universal de
Perda de Solo – USLE (Wischmeier e Smith, 1978). A aplicação da metodologia
consiste em gerar os mapas referentes a cada um dos fatores constantes na
USLE e realizar o cruzamento desses mapas por meio de um software de
geoprocessamento em ambiente SIG (Sistemas de Informações Geográficas).
O software utilizado neste trabalho foi o software IDRISI. Maiores detalhes da
aplicação desta metodologia, bem côo os mapeamentos intermediários ao
Potencial Erosivo são apresentados no Relatório Temático A.2.

O Mapa 6.2.1 apresenta o potencial erosivo na bacia do Rio Caí.


No mesmo mapa estão locados os pontos em que foram identificados focos
erosivos.

As áreas classificadas com baixo potencial erosivo predominam na


Bacia, representando 59% da área total. Estas áreas podem ser descritas
como aquelas onde o relevo apresenta-se suave a plano, com a presença de
cobertura vegetal, quer seja arbórea ou rasteira, incidindo ainda sobre as
áreas de baixa suscetibilidade a erosão.

Foram classificadas como médio potencial erosivo cerca de 32%


da área total, ocupando a região central da Bacia. As áreas com médio
potencial erosivo ocorrem principalmente nas proximidades dos recursos
hídricos, com relevo mais ondulado (isodeclividades de 15 a 50%).

Quanto às áreas com alto potencial erosivo, representam apenas


8% da área total da Bacia, concentrando-se também junto aos recursos
hídricos, com declividades acentuadas (isodeclividades de 50 a 100%), sem a
cobertura vegetal de porte ou com pouca recobertura do solo e ainda com a
incidência de processos de uso e ocupação dos solos inadequados.

P-0222-Tx826- Cap 6 - Sedimentos e Erosão

55
440000 480000 520000 560000

6780000

6780000
Legenda

Hidrografia perene

Limite da Bacia Hidrográfica


&IVa

!Ia

" III
Arroio Piaí
# II

¯
Segmentação/Sub-bacias Arroio Belo
!Alto Caí - Caracol/Juá
! !
Ia
Ia/V Alto Caí - Lava Pés
Arroio Pinhal Ia/V

!Ib

Arroio do Ouro
Alto Caí - Macaco/Forqueta

&
IVa
! !
Ia/Ib

! ! $
Ia V Ia/Ib
Ia Alto Caí - trecho baixo Alto CaÍ - Barragens

! &IVa

!
Ia
Arroio Forromeco Ia

!
6750000

6750000
Ia/Ic

" III !
Ia/V

!
Ia

Médio Caí - trecho alto

!!
Ia !Ia/V
Ia/III

"
III &
IVb !Ia

Alto Cadeia
! Ib
! Ia

!&
Médio Caí - Tupandi
IVa

Focos Erosivos levantados em campo

!Ia ! Ia, Desmatamento e plantio em encostas de elevada declividade

Arroio Maratá !
& Ia
!Ia
! Ia/Ib, Desmatamento e plantio/Criação de gado em encosta
Arroio Feitoria
& & !
IVa
IVb
Ia/Ic, Desmatamento e plantio/Reflorestamento
Baixo Cadeia

&
IVa

& IVa ! Ia/III, Desmatamento e plantio/Dinâmica natural das encostas


6720000

6720000
! Ia/V, Desmatamento e plantio/Processos de assoreamento

Médio Caí - trecho baixo ! Ib, Criação de gado em encostas

& IVb
! Ic, Reflorestamento

Baixo Caí $ #
V
II, Processos erosivos relacionados às estradas vicinais
! - trecho alto
# II/V, Processos erosivos estradas vicinais/assoreamento

# " III, Processos erosivos relac. à dinâmica natural de encostas


!
II/V
Ib

&
&Baixo Caí - trecho médio
IVa
IVa & IVa, Ocupação em áreas periurbanas
Potencial a Erosão
& IVa
& IVb, Ocupação das áreas marginais dos rios Baixo
Médio
10 5 0 10 $ V, Processos de assoreamento Alto
Muito Alto
!Baixo Caí - trecho baixo Km
6690000

6690000
1:400.000

Mapa Potencial Erosivo e Mapeamento


de Focos erosivos

440000 480000 520000 560000


Escala de apresentação: 1:400000 Mapa 6.2.1
VII. ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
7.1. GEOLOGIA

Os dados de geologia apresentados são o resultado da


compilação, análise e seleção da bibliografia disponível em especial do Projeto
RADAM, Folha Porto Alegre/Uruguaiana/Lagoa Mirim, escala 1:1.000.000
(IBGE, 1986), da Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (CPRM, 2004),
Mapas digitais na escala 1:2.500.000 denominado Geologia, Tectônica e
Recursos Minerais do Brasil (CPRM, 2001), Mapa Geológico para o Programa
Pró-Guaíba (CPRM-FEPAM, 1998) e o Mapa Geológico do Brasil e da Área
Oceânica Adjacente incluindo Depósitos Minerais, escala 1:2.500.000 (DNPM,
1981). Foram utilizados também cartas do exército na escala 1:50.000 e
1:250.000.

A bacia hidrográfica do rio Caí encontra-se inserida quase que


totalmente sobre rochas que compõem a seqüência vulcano-sedimentar da
Bacia do Paraná. Depósitos aluvionares e lacustres, de idades quaternárias,
localizam-se junto ao rio principal, em seus cursos médio e inferior, como
também nos dos rios Cadeia e Feitoria (SEPLAN/IBGE, 1986 & AGRAR, 1971).

A litologia mais antiga, dentre as que afloram na bacia, é a que


constitui a Formação Rio do Rasto, cuja ocorrência restringe-se à foz do Rio
Caí, mais precisamente à localidade de Morretes.

Prosseguindo na coluna estratigráfica, situa-se a Formação


Rosário do Sul, composta por sedimentos de origem fluvial. A seqüência fluvial
é sucedida imediatamente por deposição eólica, vindo a constituir a Formação
Botucatu e os primeiros derrames basálticos da Formação Serra Geral
(SEPLAN/IBGE, 1986). Esta unidade é formada predominantemente por rochas
vulcânicas básicas e, secundariamente por rochas ácidas a intermediárias, que
ocorrem restritas à região de planalto, correspondendo aos municípios de
Caxias do Sul e São Francisco de Paula.

De idade quaternária aparecem terraços, que são subdivididos em


mais antigo e mais recente, limitando-se aos vales dos rios Caí, Cadeia e do
arroio Feitoria.

Os bens minerais explorados na bacia têm emprego imediato na


construção civil. Os arenitos da Formação Botucatu dão origem às lajes do tipo
“pedra Grés”. As rochas efusivas são utilizadas como britas ou pedras
ornamentais. O terraço mais antigo fornece argilas para a confecção de tijolos
e cerâmicas. Os depósitos de cascalhos e as areias que formam depósitos no
curso inferior do rio, constituem o terraço mais recente. O mapa 10.1.1
apresenta as unidades geológicas existentes na Bacia do Rio Caí.

P-0222-Tx826- Cap 7 - Geologia e Hidrogeologia

57
440000 480000 520000 560000

6780000

6780000
Arroio
Lava
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K1_alfa_ cx
Arroio Cara

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K1_alfa_ cx

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Arroio Fuzil

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6750000

6750000
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Arroio Forromeco
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K1_alfa_ cx

Arro ia
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Arroio Feitoria

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Limite da Bacia Hidrográfica
ia
de

Arro Depósitos aluvionares


Ca

io M ar
ata
Rio
6720000

6720000
Depósitos colúvio-aluviais

Coluna Estratigráfica Depósitos de barreira holocênica - turfeiras


J3K1bt
Eon Era Período Época Litologia
Dep. barreira holocênica
Arroio dos Carros NQca Holoceno Dep. aluvionares Caxias
ro

Quartenário
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Dep. colúvio-aluviais
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Mioceno
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Formação Serra Geral


Fanerozóico
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Fácies Caxias
Cretáceo
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Formação Serra Geral


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Pirambóia
io

Jurássico Formação
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P3T1rr Botucatú
Formação Rio do Rasto
P3T1rr Paleozóico Permiano
Pirambóia
Formação Rio do
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10 5 0 10
Km
6690000

6690000
Q2tf 1:400.000
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Rio
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Rio Ja Mapa de geologia

440000 480000 520000 560000


Escala de apresentação: 1:400000 Mapa 7.1.1
7.2. HIDROGEOLOGIA

O comportamento hidrogeológico de uma dada região subordina-


se a algumas considerações específicas, as quais irão determinar que papel a
água subterrânea desempenha dentro do ciclo hidrológico regional.

Para realizar o estudo dos sistemas aqüíferos da Bacia


Hidrográfica do Rio Caí foi analisada uma série de trabalhos anteriores afins ao
tema executados na região e proximidades. Após, foram levantados os dados
secundários de poços tubulares, através de suas fichas litológicas e
construtivas, bem como as análises físico-químicas das águas. As fontes
consultadas foram: SIAGAS- CPRM (www.cprm.gov.br), CORSAN, SOPS-PAP,
e Hidrogeo.

O mapeamento hidrogeológico busca agrupar as ocorrências de


água subterrânea, conforme os tipos de rochas e das estruturas abertas que
servem de espaço armazenador de água.

7.2.1 Sistemas Aqüíferos


As unidades mapeadas na Bacia do Rio Caí (Mapa 10.2.1) foram
definidas tendo por base a litologia, a estrutura e a permeabilidade (tipo
ordem e grandeza).

Aquitardo Rio do Rasto

Esta unidade vem sendo amplamente explorada, constituindo


uma fonte alternativa de abastecimento. Normalmente tais poços apresentam
vazões muito baixas ou estão secos. As capacidades específicas são
geralmente menores que 0,1 m3/h/m. Sua ocorrência na Bacia do Rio Caí se
dá no município de Nova Santa Rita, Triunfo e sul de Montenegro.

Sistema Aqüífero Pirambóia

Em geral, esta unidade apresenta grande quantidade de finos


(arenitos argilosos) sendo desfavorável para o armazenamento de grande
quantidade de água.

Os poços que captam esta unidade apresentam vazões muito


variáveis atingindo até 18 m3/h, mas com média de 4 m3/h. As capacidades
específicas raramente excedem a 0,5 m3/h /m.

Sua área de afloramento abrange praticamente todo o município


de Capela de Santana, e a porção setor central do município de Montenegro.

P-0222-Tx826- Cap 7 - Geologia e Hidrogeologia

59
440000 480000 520000 560000

6780000

6780000
Arroio
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6750000
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Arroio Feitoria

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Hidrografia perene
ia
de

Arro Limite da Bacia Hidrográfica


Ca

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Rio
6720000

6720000
Lineamentos
Arroio

Aquitardo Rio do Rasto


dos Carr

Sistema Aquifero Serra Geral a


ro
ei
in
os

Arroio Pim
enta Sistema Aquifero Serra Geral b
io
ro
Ar
e

Sistema Aquifero Aluvionar


laf at
Ca

Sistema Aquifero Piramboia


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Sistema Aquifero Botucatu


Jardim
Bom
Arroio Não Aquifero
ai
Rio C

10 5 0 10
Km
Rio
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6690000

6690000
1:400.000
Rio

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J
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ac

Rio Jacuí


í

Jac
Rio
cu í
Rio Ja Mapa dos sistemas aqüíferos - Hidrogeologia

440000 480000 520000 560000


Escala de apresentação: 1:400000 Mapa 7.2.1
Sistema Aqüífero Botucatu

Na área de afloramento seu comportamento hidrogeológico é


mediano. As capacidades específicas giram em torno de 0,2 m3/h/m e as
vazões dos poços na maioria das vezes variam de 5 a 10 m3/h com média de
8,6 m3/h. Esta porção do aqüífero se comporta também como área de recarga
da porção confinada.

Sua área de afloramento abrange os municípios de Montenegro,


Bom Princípio, São Sebastião do Caí, Feliz, Vale Real, Pareci Novo, Maratá e
Lindolfo Collor.

A porção do aqüífero confinado pelas rochas basálticas da


Formação Serra Geral apresenta melhores características hidrogeológicas que
na área aflorante. Seus poços têm profundidades de até 300 m com
capacidades específicas entre 0,2 a mais de 0,5 m3/h/m. Sua recarga provém
da área aflorante e das fraturas nas rochas basálticas. O Aqüífero Botucatu
confinado ocorre principalmente nos municípios da porção central da bacia, até
Morro Reuter, Dois Irmãos, Picada Café e Presidente Lucena.

Sistema Aqüífero Serra Geral-a

Neste sistema aqüífero a água subterrânea acumula e flui por


descontinuidades (vazios) formados por disjunções relacionadas ao
resfriamento da lava e à tectônica frágil que atingiu a região.

Os poços que captam esta unidade apresentam profundidades


entre 50 e 200 m, predominando poços com 100 m. Suas vazões são muito
variáveis. Há uma predominância de vazões de até 10 m3/h, podendo ocorrer
poços com mais de 30 m3/h.

É o sistema aqüífero com maior ocorrência na bacia, e


possivelmente o mais utilizado, principalmente nas comunidades rurais.
Abrange os municípios do setor central da bacia.

Sistema Aqüífero Serra Geral-b

Grandes fraturas geológicas ampliam a potencialidade deste


sistema aqüífero, podendo se encontrar poços com vazões superiores a 20.000
l/h. Tais estruturas também constituem uma área potencial de recarga indireta
por drenança do Sistema Aqüífero Botucatu (Lisboa et al., 2005). Devido ao
baixo tempo de residência, suas águas são de excelente qualidade, com baixos
teores de sais dissolvidos.

Ocorre nos municípios localizados nas porções norte e nordeste


da Bacia, coincidindo com as áreas mais elevadas.

Sistema Aqüífero Aluvionar

Trata-se de um sistema aqüífero livre a semiconfinado com


relação direta com o Rio Caí.
P-0222-Tx826- Cap 7 - Geologia e Hidrogeologia

61
As profundidades do aqüífero, em geral, não ultrapassam os
40 m. O sistema aqüífero é capaz de fornecer vazões altas com capacidades
específicas superiores a 0,3 m3/h/m.

Suas águas apresentam problemas de qualidade físico-químicas,


(ferro, manganês e sulfatos) e são altamente vulneráveis à contaminação a
partir da superfície devido as suas características e posição.

Não Aqüífero

Esta unidade hidrogeológica refere-se a zonas desfavoráveis ao


armazenamento de água subterrânea. É composta por morros isolados de
basaltos ou arenitos com encostas de alta declividade e praticamente ausência
de solo, que favorecem o escoamento superficial. São áreas em que o
armazenamento de água subterrânea é muito prejudicado. O aproveitamento
da água, quando necessário, deve ser feito por captação de fontes.

Aqüífero Guarani na Bacia do Rio Caí

Segundo Machado (2005), o SAG pode ser tratado sob duas


formas: área aflorante e área confinada. Ele aflora na região correspondente à
depressão central do Rio Grande do Sul desde Santana do Livramento até
Santo Antônio da Patrulha. Seu confinamento é feito pelas rochas vulcânicas
da Formação Serra Geral.

O SAG no Rio Grande do Sul é compartimentado em quatro


blocos: Oeste, Leste, Central-Missões e Norte-Alto Uruguai (Machado, 2005).

A Bacia do Rio Caí está localizada no compartimento Leste, onde


o SAG é composto pelas unidades hidroestratigráficas Pirambóia e Botucatu. A
base do SAG corresponde ao Aquitardo Rio do Rasto e o topo ao Sistema Serra
Geral. As cotas potenciométricas variam de 150 m, próximas a Caxias do Sul,
até 50 m em Montenegro, com as águas descarregando na bacia de norte para
sul. A salinidade das águas varia de 200 a 300 mg/l.

7.2.2 Aspectos da Qualidade das Águas Subterrâneas

A avaliação da qualidade da água subterrânea foi realizada a


partir da compilação de 130 análises, sendo 83 análises físico-químicas do
Laboratório da CORSAN e 47 análises físico-químicas de outros laboratórios
como Quimioambiental, Laborquimica e IQA. As análises são das mais
variadas épocas, e geralmente foram realizadas na época de conclusão dos
poços tubulares.

Inicialmente foi calculado o balanço iônico e determinado o erro


analítico para cada análise físico-química, sendo descartadas as análises
imprecisas.

P-0222-Tx826- Cap 7 - Geologia e Hidrogeologia

62
Para o estudo da qualidade das águas adotou-se o estudo clássico
de hidroquímica visando os diferentes tipos geoquímicos de águas
subterrâneas existentes na bacia, através do pacote computacional Qualigraf
v1.0. Esses tipos geoquímicos foram determinados através do gráfico de Piper,
plotando-se os percentuais de mili-equivalentes dos principais cátions e
ânions.

Hidroquímica dos Sistemas Aqüíferos

Aquitardo Rio do Rasto

Em linhas gerais, nesta unidade hidrogeológica as águas podem


ser duras, com grande quantidade de sais de cálcio e magnésio, devido
provavelmente às concreções calcárias, inerentes a esta formação.

O diagrama de PIPER para as três amostras indica águas


bicarbonatadas sódicas.

Sistema Aqüífero Pirambóia

Este sistema aqüífero apresenta água com teores de sais


dissolvidos um pouco elevado (média de 440 mg/l) atingindo em alguns
poços, valores superiores a 800 mg/l. Suas águas são predominantemente
bicarbonatadas sódicas (43,8 % das amostras), bicarbonatadas cálcicas ou
magnesianas (37,5 % das amostras) e sufatadas ou cloretadas sódicas (18,8
% das amostras).

Sistema Aqüífero Botucatu

A água do Sistema Aqüífero Botucatu, na bacia, raramente


apresenta problemas de dureza ou teor excessivo de F. Predominam águas
bicarbonatadas cálcicas ou magnesianas, indicando que a recarga ocorre pela
precipitação pluviométrica com tempo de residência relativamente curto.
Também ocorrem em menor número, água bicarbonatadas sódicas. Podem
ocorrer problemas locais de excesso de Fe e Mn.

Sistema Serra Geral a

A maioria das águas deste sistema é do tipo bicarbonatada


cálcica-magnesiana (87,5%) seguida de águas bicarbonatadas sódicas (8,3%).

Sistema Serra Geral b

Em geral, suas águas apresentam excelente qualidade, com


baixos teores de sais dissolvidos e na maioria das vezes são bicarbonatadas
cálcicas. Nas amostras estudadas, 71, 25 % das águas são bicarbonatadas
cálcicas magnesianas, 19,7 % bicarbonatadas sódicas e 7,6 % são sulfatadas-
cloretadas cálcicas-magnesianas. As águas bicarbonatadas sódicas alcalinas e
as sulfatadas- cloretadas podem estar sendo influenciadas pelas águas
ascendentes do Sistema Aqüífero Guarani.

P-0222-Tx826- Cap 7 - Geologia e Hidrogeologia

63
VIII. EVOLUÇÃO DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS E
DA POLARIZAÇÃO REGIONAL
8.1. ÁREAS DE INFLUÊNCIA DOS PRINCIPAIS NÚCLEOS
URBANOS

A avaliação da influência dos núcleos urbanos aqui apresentada


se baseia no estudo “Caracterização e Tendências da Rede Urbana no Brasil”
de 2001 (IPEA, 2001), mais especificamente no seu estudo Regic (Regiões de
Influência das Cidades), que elabora um mapeamento da rede de cidades
brasileira a partir da definição de um conjunto de funções – chamadas funções
centrais – que possibilitam refletir sobre os diferentes níveis de centralidade.
Conforme o estudo, a área de influência dos principais núcleos urbanos pode
ser definida a partir das relações de dependência mantidas entre os pólos de
comércio e serviços estabelecidos.

A análise da estrutura da rede de cidades da Bacia do Caí


demonstra a polarização dos municípios em dois grandes recortes a partir de
dois pólos principais. O primeiro recorte, a norte, ocupa as porções altas da
Bacia e tem seu pólo representado pelos municípios de Caxias do Sul e
Farroupilha de maneira secundária. O segundo recorte, constituído pelos
municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) e pelos municípios
diretamente polarizados por eles, abrange as partes baixas da Bacia e toda
sua porção sul. Em termos de hierarquia, Porto Alegre permanece como pólo
regional nos dois casos, articulado principalmente ao longo da BR-116 e da
RS-122, eixo de desenvolvimento do eixo norte da RMPA e, de maneira menos
expressiva, pela BR-386.

Na figura 8.1 apresentada a seguir pode-se distinguir os dois


recortes descritos. Em tons de azul são apresentados os municípios que
compõem o recorte norte da Bacia, polarizado por Caxias do Sul, enquanto
que em tons verde são apresentados os municípios componentes do recortes
sul, polarizado pela RMPA. As diferentes tonalidades representam o nível de
centralidade do município apontado pelo Regic, que, para os municípios da
Bacia, varia de forte a muito fraco e é inexistente para dois municípios que
não são dotados de centralidade mínima (Santa Maria do Herval e São Pedro
da Serra). O Município de São José do Sul não consta do estudo, pois foi
criado em 1996 e instalado somente em 2001. No presente estudo, os três
municípios citados foram incluídos no recorte sul, pois se emanciparam de
municípios que pertencem a este recorte.

P-0222-Tx826- Cap 8 - Polariz regional

64
Figura 11.1.1. – Área de influência dos principais pólos regionais.

P-0222-Tx826- Cap 8 - Polariz regional

65
8.2. TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO DO S NÚCLEOS
URBANOS

8.2.1. Tendência geral de crescimento das cidades

Segundo Villaça (1998), parece haver íntima relação entre as vias


regionais de transporte e o crescimento físico das cidades. Entretanto, não
apenas as vias, mas também o sítio natural é fator determinante nas direções
preferenciais de crescimento urbano, conforme veremos a seguir.

As vias regionais

As vias de transporte têm enorme influência não só no arranjo


interno das cidades, mas também sobre os diferenciais de expansão urbana.

Na região da Bacia do Caí, o papel das vias regionais de


transporte foi determinante para o crescimento e para a formação atual.
Primeiramente, a presença do Rio definiu um padrão de ocupação das cidades
vinculado a pontos estratégicos em relação ao transporte fluvial. Nesta fase
surgiram ocupações urbanas nas margens do Rio, tais como Montenegro e São
Sebastião do Caí. Depois disto, as picadas coloniais, o trem e posteriormente
as rodovias foram determinantes de ocupações mais distantes do Rio e no
topo dos morros. O resultado foi uma distribuição urbana muito disseminada
pela área da Bacia, onde até meados do século XX cada cidade mantinha sua
autonomia. A partir da década de 1960, alguns pontos começam a unir-se
através de processo de conurbação.

Setores industriais

No Rio Grande do Sul, a indústria tendeu a se localizar no eixo da


conexão rodo-ferroviária de Porto Alegre com a região colonial ao norte,
passando pela região da Bacia. A BR-116 acabou sendo o principal eixo de
expansão das indústrias no Estado, dentro de um processo que hoje configura
um continuum entre a Capital e Caxias do Sul. Entretanto, com a crescente
acessibilidade através da RS-122, percebe-se um incremento das atividades
industriais, especialmente em Portão, e entre Farroupilha e Caxias do Sul,
podendo tal processo intensificar-se.

O papel dos centros

Toda aglomeração sócio-espacial humana desenvolve centros


principais. Segundo Villaça (1998), o centro situa-se no ponto de otimização
dos deslocamentos, ou seja, de acessibilidade.

Na região da Bacia do Rio Caí, observa-se, ao longo do século XX,


um certo deslocamento na localização dos centros regionais. No início do
século, São Leopoldo destacava-se como o principal pólo de centralidade em
toda a região. Aos poucos outras cidades vão assumindo o papel de apoio para
a região: São Sebastião do Caí, Montenegro, depois Caxias do Sul.

P-0222-Tx826- Cap 8 - Polariz regional

66
Atualmente têm papel de importantes centros regionais, além das
cidades citadas, Gramado, Farroupilha e em menor medida, Nova Petrópolis e
Carlos Barbosa.

8.2.2. Perfil do crescimento das manchas urbanas dos


municípios da Bacia do Rio Caí

A análise do crescimento das áreas urbanas dos municípios da


Bacia do Rio Caí tem por objetivo observar a intensidade do processo de
urbanização, como este processo se apropriou do território da Bacia e como se
dá a relação das áreas urbanas com os recursos hídricos. Busca-se apontar
tendência para o crescimento das manchas urbanas a partir da análise dos
aspectos geográficos e dos vetores de expansão.

O estudo do crescimento das manchas urbanas dos municípios da


Bacia do Rio Caí apontou um grande salto das áreas urbanizadas no período
1975-2004. Em termos gerais, pode-se afirmar que a área de mancha urbana
foi multiplicada por 4 em um período de aproximadamente 30 anos. Deve-se
considerar que nesta época ocorre, na região, o processo de concentração de
populações nas cidades, e que o crescimento populacional atual também se dá
em parâmetros menores. Por isto, se acredita que esta relação de crescimento
não tende a se repetir nos próximos anos.

Ressalta-se a configuração fragmentada da maioria dos


incrementos de áreas urbanizadas no período, que se deve principalmente às
características do relevo da Bacia, que conduz à ocupação das áreas planas
entre ou no topo dos morros.

Nota-se que no período o crescimento das manchas urbanas dos


municípios localizados na porção baixa do Rio Caí desvinculou-se da ocupação
das áreas próximas às margens, num movimento que passou a ser estimulado
pela mudança de estratégia de transportes, que deixou de ser em grande
parte fluvial para ser quase que exclusivamente rodoviário.

À implantação das principais rodovias pode-se creditar o


surgimento de vários municípios recentes, que têm suas áreas urbanizadas
vinculadas diretamente a estas vias, tais como Morro Reuter, Bom Princípio e
Vale Real. Também a este fator pode ser relacionado o atual movimento de
crescimento das manchas urbanas dos municípios de maior porte, como
Caxias do Sul, Farroupilha, Nova Petrópolis, São Sebastião do Caí, Canela,
entre outros.

O Relatório Temático A.3 contém um estudo pormenorizado da


evolução do crescimento das cidades incluindo o mapeamento das áreas
urbanas antigas e atuais das principais cidades com avaliação da direção dos
vetores de crescimento.

P-0222-Tx826- Cap 8 - Polariz regional

67
IX. USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL
Para o mapeamento do uso do solo e cobertura vegetal foram
utilizadas duas imagens do satélite Landsat 5, necessárias para cobrir a bacia:
221/080 e 221/081, datadas para setembro de 2003 e fevereiro de 2004.

Para levantar amostras dos principais tipos de cobertura do solo


foram realizadas quatro saídas a campo nos meses de agosto e setembro de
2006, totalizando 130 pontos de amostragem.

9.1. CATEGORIAS DE USO E COBERTURA DO SOLO

Foram mapeadas 10 categorias de uso do solo para a Bacia


Hidrográfica do Rio Caí (Prancha 4.1.2), quais sejam: 1) mata nativa; 2)
silvicultura; 3) vegetação arbustiva; 4) campo seco/ pastagem; 5) banhado/
campo úmido; 6) agricultura – arroz irrigado; 7) agricultura (outros cultivos)/
solo exposto; 8) área urbanizada; 9) mineração; 10) corpo d’água.

O predomínio da cobertura vegetal de porte arbóreo para a bacia


sobre as demais categorias pode ser visualizado no gráfico 9.1.1 (53% da
área). A maior representatividade de mata nativa é confirmada pelos valores
encontrados por Magna (1997) para a realidade da Bacia Hidrográfica do Rio
Caí nesta data.

3% 1%
12%
1%
3%

48%

24%

3% 5%

mata nativa silvicultura


veg.arb campo/pastagem
banhado/campo úmido agric.- arroz
agric.- outros cultivos/solo exposto área urbana
mineração corpo d'água

Gráfico 9.1.1 – Distribuição (%) das categorias de uso do solo mapeadas para a Bacia
Hidrográfica do Rio Caí.

P-0222-Tx826- Cap 9 - Uso Solo 68


Quadro 9.1.1 – Representação das unidades de uso do solo e cobertura vegetal em cada Segmento da Bacia Hidrográfica do Rio Caí. 1-mata nativa; 2-silvicultura; 3-vegetação arbustiva; 4-campo
seco/pastagem; 5-banhado/campo úmido; 6-agricultura/arroz irrigado; 7-agricultura (outros cultivos)/solo exposto; 8-área urbanizada; 9- mineração; 10- corpo d’água.

Área (ha) por categoria de uso do solo em cada Segmento % por categoria de uso do solo para cada Segmento
Segmento
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1. Alto Caí-Barragens 6142,94 6193,88 1555,77 30644,37 1382,20 0,00 4367,46 228,49 0,00 1079,66 11,91 12,00 3,02 59,39 2,68 0,00 8,46 0,44 0,00 2,09

2. Alto Caí-Lava Pés 7126,28 1530,90 946,34 19471,78 887,94 0,00 1614,84 0,00 0,00 119,21 22,48 4,83 2,99 61,43 2,80 0,00 5,09 0,00 0,00 0,38

3. Alto Caí–Caracol/Juá 15745,75 3915,58 786,14 6348,37 464,91 0,00 1455,17 1427,40 5,95 125,46 52,01 12,93 2,60 20,97 1,54 0,00 4,81 4,71 0,02 0,41

4. Alto Caí–Macuco/ Forqueta 21121,28 1040,68 663,65 3041,17 572,56 0,00 1553,07 556,08 0,00 239,49 73,37 3,61 2,31 10,56 1,99 0,00 5,39 1,93 0,00 0,83

5. Arroio Piaí 19594,77 982,13 828,88 7070,61 672,19 0,00 2518,98 1178,12 0,00 93,73 59,49 2,98 2,52 21,47 2,04 0,00 7,65 3,58 0,00 0,28

6. Arroio Pinhal 4840,21 444,45 137,32 814,97 127,76 0,00 615,15 1552,21 0,00 3,22 56,71 5,21 1,61 9,55 1,50 0,00 7,21 18,19 0,00 0,04

7. Arroio Belo 4761,20 270,61 146,46 1044,01 119,09 0,00 536,76 693,89 0,00 8,72 62,81 3,57 1,93 13,77 1,57 0,00 7,08 9,15 0,00 0,12

8. Alto Caí–trecho baixo 8411,69 161,11 168,12 730,39 205,37 0,00 675,87 279,61 0,00 116,90 78,26 1,50 1,56 6,79 1,91 0,00 6,29 2,60 0,00 1,09

9. Arroio do Ouro 8844,41 376,58 274,78 2358,75 243,14 0,00 1096,23 355,88 0,00 19,87 65,18 2,78 2,02 17,38 1,79 0,00 8,08 2,62 0,00 0,15

10. Médio Caí–trecho alto 17676,04 188,22 409,21 2352,26 727,74 0,00 3497,12 726,61 0,00 227,91 68,50 0,73 1,59 9,12 2,82 0,00 13,55 2,82 0,00 0,88

11. Arroio Forromeco 25326,56 644,87 569,55 5545,00 771,94 0,00 4476,21 951,62 13,28 46,04 66,05 1,68 1,49 14,46 2,01 0,00 11,67 2,48 0,03 0,12

12. Médio Caí–Tupandi 12270,68 726,37 512,66 2815,19 850,14 0,00 4303,11 909,78 5,37 166,08 54,39 3,22 2,27 12,48 3,77 0,00 19,07 4,03 0,02 0,74

13. Alto Cadeia 38991,58 349,23 1182,53 4316,25 1497,53 0,00 6101,74 620,99 3,32 42,80 73,42 0,66 2,23 8,13 2,82 0,00 11,49 1,17 0,01 0,08

14. Arroio Feitoria 17898,89 186,50 698,12 2388,57 805,46 0,00 2938,60 1936,39 1,67 20,47 66,60 0,69 2,60 8,89 3,00 0,00 10,93 7,21 0,01 0,08

15. Baixo Cadeia 3837,49 127,58 405,26 2058,91 357,64 0,00 2070,19 89,06 5,46 13,69 42,80 1,42 4,52 22,97 3,99 0,00 23,09 0,99 0,06 0,15

16. Arroio Maratá 20066,79 704,08 1121,46 6166,12 1523,63 0,00 5635,67 254,98 1,66 129,35 56,36 1,98 3,15 17,32 4,28 0,00 15,83 0,72 0,00 0,36

17. Médio Caí–trecho baixo 3457,36 508,30 368,46 2854,71 319,03 0,00 1565,03 978,85 1,17 166,85 33,83 4,97 3,61 27,93 3,12 0,00 15,31 9,58 0,01 1,63

18. Baixo Caí–trecho alto 4699,30 5693,79 1158,78 13354,11 1064,83 1533,25 7410,98 662,13 56,58 357,53 13,06 15,82 3,22 37,10 2,96 4,26 20,59 1,84 0,16 0,99

19. Baixo Caí–trecho médio 1703,61 1591,80 716,13 5849,89 523,34 723,88 3886,65 314,29 0,00 313,53 10,90 10,19 4,58 37,44 3,35 4,63 24,88 2,01 0,00 2,01

20. Baixo Caí–trecho baixo 972,62 394,63 728,56 1718,76 624,03 1221,55 2125,68 303,17 0,00 231,95 11,56 4,74 8,76 20,66 7,50 14,68 25,55 3,64 0,00 2,79

TOTAL NA BACIA 243489 26031,29 13378,18 120944,19 13740,47 3478,68 58444,51 14019,55 94,46 3522,46 - - - - - - - - - -

P-0222-Tx826- Cap 9 - Uso Solo_Quadro 9.1.1(A3)


440000 480000 520000 560000

6780000

6780000
¯
/"
" /
"
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Arroio Fuzil
Ar

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440000 480000 520000 560000


Escala de apresentação: 1:400000 Mapa 9.1.1
A observação da distribuição da cobertura do solo permite a
subdivisão da paisagem em trechos principais.

A região mais próxima às nascentes do Rio Caí (Segmentos Alto


Caí – Barragens e Lava Pés e parte do Alto Caí – Caracol/Juá e Arroio Piai) tem
como matriz áreas abertas (campos de altitude) com relevo suave e aspecto
homogêneo, utilizadas na agricultura e pecuária extensiva. Núcleos de mata
de araucária (“capões”) são comuns junto às nascentes. São notáveis grandes
manchas de florestas plantadas para o cultivo de pinus.

Na porção inferior do Segmento Alto Caí – Caracol/ Juá a mata de


araucária e os plantios de pinus ocupam as encostas e o vale encaixado do Rio
Caí não permite sua ocupação.

Os Segmentos Alto Caí – Macuco/ Forqueta, Arroio Piai, Arroio


Pinhal, Arroio Belo e Arroio do Ouro ainda apresentam os centros urbanos
situados distantes do centro da Bacia. Remanescentes de mata nativa são
encontrados nas encostas.

O início e posterior alargamento da várzea do Rio Caí e afluentes,


permite a prática de atividades agrícolas e a expansão da ocupação urbana
para o centro da bacia.

A silvicultura é praticada no plantio de acácia-negra e eucalipto


em áreas menores do que as encontradas nos trechos anteriores. A mata
nativa ocupa as porções mais íngremes do terreno, e na base destas elevações
mesclam-se diferentes usos em pequenas propriedades (plantio de hortaliças,
fruticultura, áreas em recuperação), conferindo aspecto misto à paisagem.

Nos Segmentos do Baixo Caí as áreas abertas (campo/ pastagem)


voltam a predominar. A várzea é bem desenvolvida e abriga áreas agrícolas,
irrigadas e não irrigadas - o cultivo de arroz divide espaço com áreas de
banhado e campo úmido.

P-0222-Tx826- Cap 9 - Uso Solo 71


X. ÁREAS DE PROTEÇÃO LEGAL
10.1. INTRODUÇÃO

O principal objetivo das áreas de proteção legal é a manutenção


ou ampliação dos serviços ambientais, sendo que a conservação da
biodiversidade e a preservação da qualidade das águas são os objetivos mais
difundidos, podendo incluir ainda manutenção da quantidade de água
disponível, principalmente no caso de preservação de nascentes.

O uso antrópico destas áreas é proibido, restrito ou controlado,


de acordo com as normas legais específicas para cada caso. Na área da Bacia
Hidrográfica do Rio Caí existem 17 unidades de conservação, apresentando
administração pública (federal, estadual ou municipal) e privada (Reserva
Particular do Patrimônio Natural).

No Relatório Temático A.3 - RTA3 é apresentado mapa (Mapa


4.2.3) em escala 1:250.000 com as Áreas de Preservação Legal existentes na
Bacia do Caí.

10.2. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ZONAS DE


AMORTECIMENTO

A descrição sucinta das unidades de conservação é apresentada a


seguir.
Floresta Nacional de Canela
Localização: Localidade de Tiririca, município de
Canela (29°18’S e 50°53’W)
Área total: 517,73 hectares
Criação: 1968
Administração: Federal (IBAMA).

Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do


Jacuí
Localização:Canoas, Nova Santa Rita, Triunfo e
Eldorado do Sul
Área total: 22.826,39 hectares
Criação: 2005
Administração: Estadual (DEFAP/SEMA)

É uma unidade de conservação de uso


sustentável, criada pela Lei Estadual nº 12.371,
em 11 de novembro de 2005.

Fonte: Google Earth

P-0222-Tx826- Cap 10 - APLegal

72
Parque Estadual do Delta do
Jacuí
Localização: Canoas, Nova Santa Rita,
Eldorado do Sul e Triunfo
Área total: 14.242,05 hectares
Criação: 2005
Administração: Estadual
(DEFAP/SEMA)

(foto obtida no site www.popa.com.br)

Além das unidades de conservação estaduais e federais


apresentadas, existem também na bacia unidades de conservação municipais,
conforme apresentado no quadro 10.2.1.

Quadro 10.2.1 – Unidades de conservação municipais existentes na BH do Rio


Caí, em 2006

Município Unidades de conservação municipais Área (hectare)

Canela PARQUE MUNICIPAL DO PINHEIRO GROSSO 3,00


APA DOS ARROIOS NOVE E DEZENOVE 2.200,00
Carlos Barbosa
PARQUE MUNICIPAL LEANDRO GUERRA 44,00
Caxias do Sul PARQUE ECOLÓGICO CRUZEIRO DO SUL 4.12
Estância Velha RESERVA ECOLÓGICA LEOPOLDO ALBERTO BAECKEL 3,19
Farroupilha PARQUE DOS PINHEIROS 22,00
PARQUE DOS PINHEIROS 133,0
Gramado PARQUE DA GRUTA 3,5
PARQUE DA VINICOLA 1,1
Morro Reuter APA MORRO DA EMBRATEL 2,00
Nova Petrópolis PARQUE ALDEIA DO IMIGRANTE 10,00
Pareci Novo PARQUE MUNICIPAL DE PARECI NOVO 18,00
São Francisco de Paula PARQUE MUNICIPAL DA RONDA 1.200,00
Total 3.639,79

A análise das informações obtidas indica que existem 13 unidades


de conservação municipais na Bacia Hidrográfica do Rio Caí, ocupando 0,73%
da área total da Bacia Hidrográfica do Rio Caí. Na Bacia Hidrográfica do Rio Caí
foi identificada também uma Reserva Particular de Proteção Natural (RPPN)
denominada Bosque de Canela.

P-0222-Tx826- Cap 10 - APLegal

73
RPPN Bosque de Canela
Localização: Canela
Área total: 6,0 hectares
Criação: 1998
Administração: Privada (ASSECAN).
Conforme ASSECAN (2006), a Reserva Particular do
Patrimônio Natural Bosque de Canela, oficializada
pela Portaria 118 do IBAMA, em 21.08.98, está
elaborando o seu Plano de Proteção e de Gestão.

Fonte: site da ASSECAN (www.assecan.org.br)

As Unidades de Conservação ocupam uma superfície de 3771,04


hectares, o que representa cerca 0,76% da área da bacia. Deste total,
1706,56 hectares são compostos por unidades de proteção integral (0,34%),
625,76 hectares (0,13% da BH do Rio Caí) são compostos por unidades de uso
sustentável, e 1.438,72 hectares (0,29 %) são compostos por unidades não
enquadradas nos grupos de uso do SNUC.

10.3. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

As áreas de preservação permanente são definidas no Código


Florestal Federal (Lei Federal n° 4771, de 15 de setembro de 1965), no Código
Estadual do Meio Ambiente (Lei n° 11.520, de 04 de agosto de 2000), na
Resolução do CONAMA n° 303, de 20 de março de 2002, considerando
também os aspectos abordados na Resolução CONAMA n° 369/06. No
presente estudo, foram avaliadas as seguintes áreas de preservação
permanente que incidem na Bacia Hidrográfica do Rio Caí:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu


nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima é:
• de 30 metros para os cursos d'água de menos de 10 metros de largura;
• de 50 metros para os cursos d'água que tenham de 10 a 50 metros de
largura;
• de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a
200 (duzentos) metros de largura (o Rio Caí tem 75m de largura na altura de
Montenegro e chega a 113m próximo a foz)

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou


artificiais, em faixa marginal mínima de:
• de 30 metros para as lagoas em área urbana;
• de 50 metros para as lagoas em área rural com superfície inferior a 20
hectares;
• de 100 metros para as lagoas em área rural com superfície superior a 20
hectares;
• nas nascentes, num raio mínimo de 50 metros de largura;
• nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a
100% na linha de maior declive;
P-0222-Tx826- Cap 10 - APLegal

74
A área total de preservação permanente ligadas aos corpos
hídricos (vegetação ciliar) é de 40.968,93 hectares, o que representa 8,24%
da Bacia Hidrográfica do Rio Caí.

10.4. RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA

A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica ocupa 341.043,93


hectares na Bacia do Rio Caí, representando 68,58% da área total. Portanto,
pode-se afirmar que mais da metade da Bacia encontra-se em área protegida
pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), devendo ser
regida por modelo de gestão e zoneamento específicos.

10.5. TERRAS INDÍGENAS E REMANESCENTES DAS


COMUNIDADES DOS QUILOMBOS

Pelo levantamento realizado não foram identificadas terras


indígenas demarcadas ou em processo de demarcação na área da Bacia do Rio
Caí. Na Bacia do Rio Caí, não foram identificadas comunidades de quilombolas,
segundo o levantamento efetuado junto ao Sistema de Informações de
Comunidades Afro-Brasileiras, vinculado à Fundação Palmares (Ministério da
Cultura).

10.6. ÁREA DE MATA ATLÂNTICA (DECRETO FEDERAL N°


750/1993)

Considerando-se as formações florestais existentes na Bacia


Hidrográfica do Rio Caí e o Decreto Federal n° 750/1993 que estabelece áreas
com restrição de uso nos ambientes florestais observa-se que, na bacia, são
protegidas as seguintes formações florestais: Floresta Ombrófila Mista e de
Florestas Estacionais Deciduais e Semi-deciduais.

A área de mata atlântica protegida por este Decreto foi


delimitada e inclui parte do território da Bacia do Rio Caí, totalizando
341.825,70 hectares, atingindo uma parcela significativa da área total
(68,74%).

10.7. PARQUES TURÍSTICOS

A área da Bacia Hidrográfica do Rio Caí abriga diversos parques


turísticos, que mantém áreas naturais conservadas (ecoturismo ou ao turismo
de aventura). Os detalhes destas unidades serão tratados enquanto usos da
água no Diagnóstico do setor de Lazer e Turismo.

P-0222-Tx826- Cap 10 - APLegal

75
7642

XI. USOS MÚLTIPLOS DAS ÁGUAS


11.1. SANEAMENTO AMBIENTAL

11.1.1 Abastecimento Público

Do ponto de vista de atendimento da sede municipal, os


municípios da Bacia do Caí, são atendidos por água superficial ou subterrânea.
Os sistemas de abastecimentos são operados pelas prefeituras municipais ou
pela Companhia Riograndese de Saneamento ou por associações de
moradores. As diversas situações quanto ao manancial de abastecimento e a
localização da sede urbana dos municípios estão apresentadas no quadro
11.1.1.

Quadro 11.1.1 - Distribuição dos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí por
manancial de abastecimento público.
Tipo de
Município Operador Nome do manancial
manancial
Com sede na Bacia abastecido por recursos hídricos da Bacia hidrográfica
Alto Feliz Prefeitura Subterrâneo
Bom Princípio Prefeitura Subterrâneo
Brochier Prefeitura Subterrâneo
Capela de Santana CORSAN Subterrâneo
Dois Irmãos CORSAN Subt./superf. Arroio Feitoria
Feliz CORSAN Subterrâneo
Harmonia Prefeitura Subterrâneo
Ivoti CORSAN Subterrâneo
Lindolfo Collor Assoc. Moradores Subterrâneo
Linha Nova Prefeitura Subterrâneo
Maratá Prefeitura Subterrâneo
Montenegro CORSAN Superficial Rio Caí
Morro Reuter CORSAN Subterrâneo
Nova Petrópolis CORSAN Subt./superf. Arroio Ackermann, arroio Santa Isabel
Pareci Novo Prefeitura Subterrânea
Picada Café Prefeitura Subterrânea
Presidente Lucena Prefeitura Subterrânea
Santa Maria do Herval CORSAN Subterrânea
São José do Hortêncio Prefeitura Subterrânea
São José do Sul Prefeitura Subterrânea
São Sebastião do Caí CORSAN Superficial Rio Caí
São Vendelino Prefeitura Subterrânea
Tupandi Assoc. Moradores Subterrânea
Vale Real Prefeitura Subterrânea
Com sede parcial na Bacia abastecido por recursos hídricos da Bacia hidrográfica
Barão CORSAN Subterrânea
Canela CORSAN Subt./superf. Rio Santa Cruz
Gramado CORSAN Superficial Rio Santa Cruz
São Francisco de Paula CORSAN Superficial Arroio Querência
Com sede na Bacia hidrográfica e abastecido por recursos hídricos de outra Bacia hidrográfica
Salvador do Sul CORSAN Superficial Arroio Pimenta (TA)
São Pedro da Serra CORSAN Superficial Arroio Pimenta (TA)
Com sede parcial na Bacia hidrográfica e abastecido por recursos hídricos de outra Bacia

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água


76
7742

Quadro 11.1.1 - Distribuição dos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí por
manancial de abastecimento público.
Tipo de
Município Operador Nome do manancial
manancial
hidrográfica
Caxias do Sul* Pref. /SAMAE Superficial Represas (TA)
Carlos Barbosa CORSAN Subterrânea
Farroupilha CORSAN Superficial Rio Burati, arroios da Colônia e da Cidade (TA)
Com sede fora da Bacia hidrográfica e abastecido por recursos hídricos de outra Bacia
Estância Velha CORSAN Subterrânea Bacia do Rio dos Sinos
Igrejinha CORSAN Superficial Rio Paranhana (S)
Nova Hartz Prefeitura Subterrâneo Bacia do rio dos Sinos
Nova Santa Rita CORSAN Superficial Rio dos Sinos
Poço das Antas Prefeitura Subterrâneo Bacia do Taquari-Antas
Portão CORSAN Superficial Bacia do Sinos (via Novo Hamburgo)
Sapiranga CORSAN Superficial Rio dos Sinos (abastecido por Campo Bom)
Três Coroas CORSAN Superficial Rio Paranhana (S)
Triunfo CORSAN Superficial Rio Taquari (TA)
(TA) Taquari-Antas
(S) Sinos
*abastecimento também por águas da Bacia do Rio Caí (Galópolis);

O abastecimento público nos municípios é de responsabilidade


das próprias prefeituras municipais, sendo exercido diretamente por elas ou
através da concessão à Companhia Estadual de Saneamento (CORSAN).
Nos casos em que a Prefeitura Municipal é a responsável, o
abastecimento é realizado por autarquias municipais, como o caso do SAMAE,
em Caxias do Sul, por setores da administração municipal, ou por Associações
de Moradores, como ocorre em Lindolfo Collor e Tupandi.

Um caso diferenciado é o do Pólo Petroquímico, que é abastecido


pela CORSAN através de uma captação no Rio Caí. No entanto, este sistema
conduz água tratada também para um pequeno contingente de população do
entorno do Pólo Petroquímico. Neste caso, por não se tratar da área urbana da
sede do município, o caso do Pólo Petroquímico será considerado junto à
avaliação das demandas industriais. A área urbana do município de Triunfo
está fora da Bacia e tem seu abastecimento no Rio Taquari, que faz parte da
Bacia Taquari-Antas. O mapa 11.1.1 apresenta os pontos de captação de água
(superficial) na Bacia Hidrográfica do Rio Caí.
O quadro 11.1.2 apresenta os dados de vazões retiradas pelos
diversos operadores de abastecimento de água nos 28 municípios que captam
na Bacia.
Nos municípios de Bom Princípio, Harmonia e Picada Café, para os
quais não havia informação quanto à vazão de água retirada, foi estimado o
consumo considerando como consumo per capita 150 l/hab.dia.

Para abastecimento público, são retirados da bacia hidrográfica


9.539.640 m3/ano de água subterrânea e 25.039.584 m3/ano de águas
superficiais. Deve-se considerar que em alguns dos sistemas que captam água
superficial há também captação subterrânea.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água


77
7842

Quadro 11.1.2 - Dados consolidados de vazões retiradas de mananciais da Bacia


Hidrográfica do Rio Caí para uso de abastecimento público

Vazão Vazão
Município Captação Sub-bacia
(m3/s) (m3/ano)

Alto Feliz Subterrânea - 0,0033 104.069


Barão Subterrânea - 0,0029 91.454
Bom Princípio* Subterrânea 0,0141 444.658
Brochier Subterrânea - 0,0031 97.762
V
Canela Superficial Alto Caí-Lava Pés 0,2800 8.830.080
Capela de Santana Subterrânea - 0,0007 22.075
Caxias do Sul** Superficial Arroio Pinhal 0,0050 157.680
Dois Irmãos SuperficialV Arroio Feitoria 0,0450 1.419.120
Feliz Subterrânea - 0,0120 378.432
Gramado*** Superficial Alto Caí-Lava Pés - -
Harmonia* Subterrânea - 0,0035 110.376
Ivoti Subterrânea - 0,0371 1.169.986
Lindolfo Collor Subterrânea - 0,0092 290.131
Linha Nova Subterrânea - 0,0056 176.602
Maratá Subterrânea - 0,0056 176.602
Montenegro Superficial Médio Caí-trecho baixo 0,2870 9.050.832
Morro Reuter Subterrânea - 0,0024 75.686
V
Nova Petrópolis Superficial Alto Caí-trecho baixo 0,0590 1.860.624
Pareci Novo Subterrânea - 0,0067 211.291
Picada Café* Subterrânea - 0,0083 261.749
Presidente Lucena Subterrânea - 0,0083 261.749
Santa Maria do Herval Subterrânea - 0,0022 69.379
São Francisco de Paula Superficial Alto Caí-Barragens 0,0620 1.955.232
São José do Hortêncio Subterrânea - 0,1157 3.648.715
São José do Sul Subterrânea - 0,0222 700.099
São Sebastião do Caí Superficial Médio Caí-Tupandi 0,0560 1.766.016
São Vendelino Subterrânea - 0,0053 167.141
Tupandi Subterrânea - 0,0238 750.557
TriunfoIV Superficial Baixo Caí-trecho médio 0,0300 946.080
Vale Real Subterrânea - 0,0105 331.128
Total água subterrânea - - 0,3025 9.539.640
Total água superficial - - 0,7940 25.039.584
TOTAL GERAL - - 1,0965 34.579.224
*vazão estimada **Incluído apenas Galópolis ***Gramado é abastecido pelo sistema de Canela IV Captação
do Pólo para abastecimento humano, V Sistemas mistos interligados, predominantemente superficial, o
valor informado é de captação superficial FONTE: CORSAN e Prefeituras Municipais (2006)

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água


78
450000 500000 550000

¯
* #
# *
#
* #
* Caxias do Sul

São Francisco de Paula


Farroupilha

Carlos Barbosa
#
*
Alto Feliz Gramado
6750000

6750000
Nova Petrópolis
Barão
#
Canela
*
São Vale
Vendelino Real
#
*
#
* São Pedro

#
Poço das Antas
da Serra
Salvador
Bom
Princípio
Feliz
Linha Nova
Picada Café
*
do Sul Tupandi Santa Maria

Brochier São José


São José Presidente
Morro Reuter
do Herval
#
*
Três Coroas

Harmonia do Hortêncio Lucena


do Sul
Maratá Igrejinha
São Sebastião Ivoti Sapiranga
Lindolfo
#
*
Pareci Novo
do Caí Collor
#
*
Dois
Irmãos
Nova Hartz

Estância Velha Legenda


#
*
#
*
Capela de Limite da Bacia Hidrográfica
Santana
Portão
Montenegro #
* Captações da CORSAN

#
* Captação SAMAE Caxias do Sul
6700000

6700000
Triunfo Tipo de Manancial

#
*
Nova Santa
Rita
#
*
Abastecidos por recurso hídrico de outra bacia

Manancial subterrâneo da bacia


0 5 10 20 30 40
Km Manancial superficial da bacia
1:750.000
Manancial superficial e subterrâneo da bacia
450000 500000 550000
Mapa 11.1.1 - Tipo de Manancial de abastecimento da sede municipal e localização dos pontos de
captação de água superficial na Bacia do Rio Caí
8042

11.1.2. Esgotamento sanitário

O quadro 11.1.3 apresenta a relação dos 29 municípios que


apresentam sede urbana, integral ou parcialmente incluídas na Bacia do Rio
Caí, e que não dispõem de rede coletora de esgotos.

Quadro 11.1.3 - Municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí sem rede coletora de
esgoto sanitário
Lançamento
Tipo de Manancial de lançamento do
Município na rede
tratamento** efluente
pluvial
Alto Feliz TS sim não informado
Barão não informado não informado não informado
Bom Princípio* TS não informado não informado
Brochier TS sim Arroio Brochier
Capela de Santana* TS não informado não informado
Carlos Barbosa TS não informado não informado
Farroupilha TS não informado não informado
Feliz não informado não informado não informado
Harmonia TS sim cursos d'água
Ivoti* TS não informado não informado
Lindolfo Collor TS coletivos não informado não informado
Linha Nova fossa negra não informado cursos d'água
Maratá fossa negra sim não informado
Montenegro* TS não informado não informado
Morro Reuter TS não informado não informado
Nova Petrópolis TS sim não informado
Pareci Novo TS não informado não informado
Picada Café TS sim não informado
Presidente Lucena TS sim não informado
Salvador do Sul não informado não informado não informado
Santa Maria do Herval* TS não informado não informado
São Francisco de Paula TS sim Arroio Rolantinho da Areia/Sta.Cruz
São José do Hortêncio TS sim não informado
São José do Sul TS sim não informado
São Pedro da Serra TS sim Arroio São Pedro
São Sebastião do Caí TS sim Rio Caí
São Vendelino TS sim não informado
Tupandi não informado não informado não informado
Vale Real TS não informado não informado
Fonte: questionários, SOPS.
TS = Tanque Séptico - *dados inferidos - **nenhum dos municípios possui rede coletora

No quadro 11.1.4 estão apresentados os resultados do


levantamento da cobertura de rede coletora de esgotos e do sistema de
tratamento adotado nos municípios de Canela, Caxias do Sul, Dois Irmãos e
Gramado.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água


80
8142

Quadro 11.1.4 - Situação dos municípios com rede coletora e estações de tratamento
de esgotos na Bacia do Rio Caí.
Rede Pop. Vazão Manancial
Município Operador coletora Atend. Tipo de tratamento tratada lançamento
(m) (hab) (m3/dia) efluente
RALF/leitos de Arroio Sta.
Canela CORSAN 23.851 8.269 1.038,0
Secagem Teresinha
Caxias do Sul SAMAE 63.000 18.216 Diversos 1.249,3 -
Tanque séptico e
Dois Irmãos Prefeitura 4.000 2.000 300,0 Arroio Feitoria
filtro anaeróbico
RALF/filtros biológicos/leito
Gramado CORSAN 1.660 6.252 848,0 Arroio Grande
de secagem
TOTAL - 92.511 34.737 - 3.435,3 -
Fonte: SNIS, CORSAN, SAMAE, Prefeituras

Caxias do Sul apresenta um sistema de esgotamento sanitário


mais complexo, dispondo de várias estações de tratamento de esgotos e
planejamento para ampliação do sistema existente. No quadro 11.1.5 está
detalhada a situação das estações de tratamento de esgotos em operação e
em implantação no município de Caxias do Sul.

Quadro 11.1.5 - Estações de tratamento de esgoto do município de Caxias do Sul, em


operação e em implantação, em 2006.
Vazão de Local de
Processo de População atendida projeto
Nome da ETE lançamento do
tratamento (bairros)
(l/s) efluente
Digestor anaeróbio,
Século XX, Mariland, São
filtro biológico, Bacia Dal Bó
ETE Dal Bó Ciro I e parte de São Ciro II 31,00
banhado construído, (Taquari-Antas)
(11000 pessoas)
leitos de secagem
Reator RALF, filtro
Capivari e parte do São
anaeróbio banhado Arroio Maestra
ETE Serrano Ciro II, Jardim Eldorado e 18,00
construído e leito de (Taquari-Antas)
Serrano (10.000 pessoas)
secagem
Tanques sépticos, Núcleo habitacional
ETE Marianinha filtros anaeróbios de Marianinha de Queiroz (800 1,14 Arroio Espelho (Caí)
fluxo ascendente pessoas)
Loteamento Vittoria e parte
Não Bacia do Moschem
ETE Vittoria Não informado do São Victor-Cohab (4.500
informado (Caí)
pessoas)
100 mil pessoas Não Arroio Tega (Bacia
ETE Tega Em projeto
(na 3a etapa) informado Taquari-Antas)
Santa Fé, Canyon, Belo
Não
ETE Canyon Em licitação Horizonte e parte do Vila Não informado
informado
Ipê (28.000 pessoas)
Fonte: SAMAE

Estimativa das cargas de esgotos sanitários urbanos na


Bacia do Caí

Para essa avaliação, foram considerados apenas as contribuições


dos municípios que têm área urbana parcial ou integral na Bacia Hidrográfica
do Rio Caí.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água


81
8242

A contribuição, em termos de carga de matéria orgânica dos


esgotos domésticos, foi estimada com base na população urbana na bacia
hidrográfica ou a que contribui para a bacia hidrográfica, quando se dispunha
de dados mais específicos.

Para o cálculo da carga em termos de Demanda Bioquímica de


Oxigênio (DBO5) foi utilizado o valor de 54 g/hab.dia, conforme recomendação
da ABNT, NBR 9649 – Projetos de redes coletoras de esgoto sanitário (1986).

Para os três municípios da bacia em que os efluentes domésticos


recebem tratamento foi considerado abatimento de 90% das cargas brutas.
Destaca-se que a redução de carga lançada devido ao tratamento dos
efluentes foi considerada apenas para a parcela da população atendida pelos
sistemas de tratamento.

As contribuições brutas e remanescentes estimadas para os 33


municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí com área urbana na bacia em
termos de esgotos domésticos, estão apresentadas no quadro 11.1.5. Este
cálculo considera as cargas brutas dos 29 municípios constantes do quadro
11.1.3 e considera também, quando for o caso, abatimentos relativos ao
tratamento que é realizado pelos quatro municípios listados no quadro 11.1.4.

A geração total de matéria orgânica nas áreas urbanas dos


municípios com sede na bacia é de 23,94 ton DBO5/dia. Considerando-se a
depuração que ocorre com os efluentes urbanos ao passar pelos sistemas de
tratamento existentes, a carga orgânica que efetivamente contribui para a
Bacia Hidrográfica do Rio Caí é de 22,76 ton DBO5/dia, o que corresponde a
8.308,71 ton DBO5/ano.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água


82
Quadro 11.1.6 - Contribuições de esgotos sanitários oriundos da área urbana estimadas para os municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Caí

Carga Carga
População na Carga Bruta
Município Remanescente Remanescente Sub-bacias que recebem os efluentes
bacia (hab) DBO5 (Kg/dia)
DBO5 (Kg/dia) DBO5 (ton/ano)
Alto Feliz 721 38,93 38,93 14,21 Arroio Forromeco, Médio Caí – Trecho Médio
Barão 676 36,50 36,50 13,32 Arroio Forromeco
Bom Princípio 8.039 434,11 434,11 158,45 Baixo Caí – Tupandi, Arroio Forromeco
Brochier 1.272 68,69 68,69 25,07 Arroio Maratá
Canela 33.421 1.804,73 1.359,03 496,05 Alto Caí – Caracol/Juá
Capela de Santana 7.459 402,79 402,79 147,02 Baixo Caí – Trecho Alto
Carlos Barbosa 4.375 236,25 236,25 86,23 Arroio Forromeco
Alto Caí – Macuco/Forqueta, Médio Caí – Trecho Alto,
Caxias do Sul*
167.707 9.056,18 8.770,51 3.201,24 Arroio do Ouro, Arroio Piai, Arroio Pinhal, Arroio Belo
Dois Irmãos** 27.950 1.509,30 1.401,50 511,55 Arroio Feitoria
Estância Velha 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia
Farroupilha 13.613 735,10 735,10 268,31 Arroio do Ouro, Arroio Forromeco
Feliz 9.143 493,72 493,72 180,21 Médio Caí – Trecho Alto
Gramado*** 22.342 1.206,47 869,49 317,36 Alto Caí – Macuco/Forqueta, Alto Caí – Caracol/Juá
Harmonia 1.991 107,51 107,51 39,24 Médio Caí - Tupandi
Igrejinha 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia
Ivoti 16.540 893,16 893,16 326,00 Arroio Feitoria
Lindolfo Collor 4.155 224,37 224,37 81,90 Arroio Feitoria
Linha Nova 380 20,52 20,52 7,49 Médio Caí – Trecho Alto
Maratá 667 36,02 36,02 13,15 Arroio Maratá
Montenegro 54.096 2.921,18 2.921,18 1.066,23 Baixo Caí – Trecho Alto, Médio Caí – Trecho Baixo
Morro Reuter 4.626 249,80 249,80 91,18 Arroio Feitoria
Nova Hartz 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água


83
Quadro 11.1.6 - Contribuições de esgotos sanitários oriundos da área urbana estimadas para os municípios da Bacia do Rio Caí

Carga Carga
População na Carga Bruta
Município Remanescente Remanescente Sub-bacias que recebem os efluentes
bacia (hab) DBO5 (Kg/dia)
DBO5 (Kg/dia) DBO5 (ton/ano)
Alto Cadeia, Alto Caí –Trecho Baixo, Médio Caí –
Nova Petrópolis
14.103 761,56 761,56 277,97 Trecho Alto
Nova Santa Rita 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia
Pareci Novo 710 38,34 38,34 13,99 Arroio Maratá
Picada Café 4.694 253,48 253,48 92,52 Médio Caí – Trecho Baixo
Poço das Antas 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia
Portão 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia
Presidente Lucena 1.023 55,24 55,24 20,16 Alto Cadeia
Salvador do Sul 2.816 152,06 152,06 55,50 Arroio Maratá, Médio Caí - Tupandi
Santa Maria do Herval 4.572 246,89 246,89 90,11 Alto Cadeia
São Francisco de Paula 5.744 310,18 310,18 113,21 Alto Caí – Barragens
São José do Hortêncio 2.446 132,08 132,08 48,21 Alto Cadeia
São José do Sul 875 47,25 47,25 17,25 Arroio Maratá
São Pedro da Serra 1.432 77,33 77,33 28,22 Médio Caí - Tupandi
Médio Caí – Tupandi, Baixo Cadeia, Médio Caí –
São Sebastião do Caí
17.976 970,70 970,70 354,31 Trecho Baixo
São Vendelino 1.172 63,29 63,29 23,10 Arroio Forromeco
Sapiranga 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia
Três Coroas 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia
Triunfo 0 0,00 0,00 0,00 Fora da Bacia
Tupandi 2.323 125,44 125,44 45,79 Médio Caí - Tupandi
Vale Real 4.271 230,63 230,63 84,18 Arroio do Ouro, Médio Caí – Trecho Alto
TOTAL 443.330 23.939,82 22.763,67 8.308,74 -
* Da população urbana do município na bacia, o esgoto doméstico de cerca de 5.300 habitantes é tratado (ETE Marianinha e ETE Vittória);
** Da população urbana do município na bacia, o esgoto doméstico de cerca de 2.000 habitantes é tratado;
*** Da população urbana do município na bacia, o esgoto doméstico de cerca de 6.250 habitantes é tratado.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água


84
11.1.3. Resíduos sólidos domiciliares

Dos 42 municípios da Bacia, 31 destinam seus resíduos sólidos


domiciliares para aterros fora da Bacia. Dos 11 municípios que dispõem seus
resíduos no próprio município em apenas sete a área de destinação pertence à
Bacia Hidrográfica do Rio Caí. Além das áreas em que os resíduos sólidos são
dispostos atualmente, há seis áreas desativadas (não recebem resíduos) a menos
de 3 anos e que, portanto, continuam gerando carga orgânica. Essas áreas
localizam-se nos municípios de Bom Princípio, Capela de Santana, Gramado, Ivoti,
Nova Petrópolis e Santa Maria do Herval. As fotos 11.1.1 a 11.1.4 ilustram as
áreas ativas de disposição de resíduos sólidos urbanos na bacia. O mapa 11.1.2
ilustra a situação de disposição de resíduos sólidos domiciliares dos municípios da
Bacia.

Foto 11.1.1 - Carlos Barbosa Foto 11.1.2 – Linha Nova

Foto 11.1.3 – São Pedro da Serra Foto 11.1.4 –Picada Café

Quantificação da carga orgânica decorrente da decomposição


dos resíduos sólidos na Bacia

Os quadros 11.1.7 e 11.1.8 apresentam a carga remanescente


gerada pelos resíduos sólidos dispostos em área da Bacia. No total a carga
orgânica gerada por estes resíduos é de aproximadamente 250 t/ DBO/ano
(poluição medida em termos de demanda bioquímica de oxigênio necessária para
decompor a matéria orgânica).

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

85
450000 500000 550000

¯
Caxias do Sul
!
São Francisco de Paula
Farroupilha
!
!
Carlos Barbosa
Alto Feliz Gramado
6750000

6750000
Nova Petrópolis
Barão São Vale # Canela
Vendelino Real

São Pedro ! #
!
da Serra
Salvador
Bom
Princípio
Linha Nova #
Poço das Antas Feliz Picada Café
do Sul Tupandi
# !
Santa Maria
do Herval Três Coroas
São José Presidente
Brochier São José do Hortêncio Lucena Morro Reuter
Harmonia
do Sul
Maratá Igrejinha
Ivoti
São Sebastião !
Lindolfo Sapiranga
Legenda
do Caí Collor # Dois
Irmãos
Nova Hartz
Pareci Novo
Limite da Bacia Hidrográfica
Estância Velha
Resíduos Sólidos
Capela de
Santana
Aterro Controlado
Montenegro
# Portão

Aterro Sanitário

Aterro Sanitário do município de Canoas


6700000

6700000
Triunfo

Nova Santa Aterro Sanitário do município de Minas do Leão


Rita
Aterro Sanitário no município mas fora da bacia
0 5 10 20 30 40
km Recuperação com uso

1:750.000 # Área de disposição desativada a menos de 3 anos

450000 500000 550000 ! Área de disposição em atividade


Mapa 11.1.2 - Situação de destinação dos resíduos sólidos domiciliares dos municípios da Bacia
Quadro 11.1.7 - Quantificação da carga poluidora decorrente dos resíduos domiciliares
RURAIS (carga DIFUSA)
Peso do Carga orgânica
Área ocupada Carga orgânica bruta
Município resíduo remanescente
ton/dia m2/ano ton DBO/ano ton DBO/ano
Alto Feliz 0,860 209 1,42 1,42
Barão 0,683 166 1,13 1,13
Bom Princípio 1,195 290 1,97 1,97
Brochier 0,937 228 1,54 1,54
Canela 0,570 139 0,94 0,94
Capela de Santana 1,777 432 2,93 2,93
Carlos Barbosa 1,137 277 1,87 1,87
Caxias do Sul 5,876 1.429 9,69 9,67
Dois Irmãos 0,077 19 0,13 0,13
Estância Velha 0,018 4 0,03 0,03
Farroupilha 2,263 551 3,73 3,73
Feliz 1,550 377 2,56 2,56
Gramado 1,696 413 2,80 2,80
Harmonia 0,848 206 1,39 1,39
Igrejinha 0,041 10 0,07 0,07
Ivoti 0,711 173 1,17 1,17
Lindolfo Collor 0,493 120 0,81 0,81
Linha Nova 0,506 123 0,83 0,83
Maratá 0,813 198 1,34 1,34
Montenegro 2,311 562 3,81 3,81
Morro Reuter 0,372 91 0,61 0,61
Nova Hartz 0,022 5 0,04 0,04
Nova Petrópolis 2,191 533 3,61 3,61
Nova Santa Rita 1,252 305 2,06 2,06
Pareci Novo 1,159 282 1,91 1,91
Picada Café 0,339 82 0,56 0,56
Portão 0,064 16 0,11 0,11
Poço das Antas 0,017 4 0,03 0,03
Presidente Lucena 0,462 112 0,76 0,76
Salvador do Sul 1,054 256 1,74 1,74
Santa Maria do Herval 0,752 183 1,24 1,24
São Francisco de Paula 0,881 214 1,45 1,45
São José do Hortêncio 0,613 149 1,01 1,01
São José do Sul 0,409 100 0,67 0,67
São Pedro da Serra 0,501 122 0,83 0,83
São Sebastião do Caí 1,652 402 2,72 2,72
São Vendelino 0,272 66 0,45 0,45
Sapiranga 0,613 149 1,01 1,01
Três Coroas 0,056 14 0,09 0,09
Triunfo 0,343 83 0,57 0,57
Tupandi 0,447 109 0,74 0,74
Vale Real 0,301 73 0,50 0,50
Total 38,130 9.276 62,87 62,85

Outros detalhes do cálculo das cargas poluidoras remanescentes da


presença de depósitos de resíduos sólidos na Bacia do Caí podem ser obtidos no
Relatório Temático A.3.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

87
Quadro 11.1.8 – Quantificação da carga poluidora decorrente dos resíduos domiciliares
URBANOS (carga CONCENTRADA)

Peso do Área Carga orgânica


Forma de tratamento e ocupa (t DBO/ano)
Município resíduo
destinação final da
ton/dia bruta remanescente
m2
Alto Feliz 0,57 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Barão 0,18 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Leva para fora da bacia mas tem um
Bom Princípio 6,51 Aterro controlado desativado a menos de 1.426 9,67 9,67
1 anos e CT
Brochier 1,02 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Canela 29,86 Aterro sanitário em atividade 3.633 24,62 2,46
Leva para fora da Bacia a menos de 3
Capela de Santana 6,06 2.765 18,74 18,74
anos
Carlos Barbosa 14,17 Aterro controlado em atividade e CT 3.103 21,03 21,03
Caxias do Sul 308,40 Área de disposição fora da Bacia - - 0,00
Dois Irmãos 22,87 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Estância Velha 31,87 Área de disposição fora da Bacia - - 0,00
Farroupilha 39,32 Recuperação com uso em atividade e CT 9.568 64,84 64,84
Feliz 7,40 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Leva para fora da Bacia a menos de 3
Gramado 22,09 4.033 27,33 27,33
anos; CT e compostagem coberta
Harmonia 1,60 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Igrejinha 24,29 Área de disposição fora da Bacia - - 0,00
Leva para fora da Bacia mas tem Aterro
Ivoti 13,45 controlado desativado a menos de 3 anos, 2.947 19,97 19,97
e CT.
Lindolfo Collor 3,38 Aterro sanitário em atividade e CT 371 2,51 2,51
Linha Nova 0,30 Aterro sanitário em atividade, CT 56 0,38 0,38
Maratá 0,56 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Montenegro 44,02 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Morro Reuter 3,73 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Nova Hartz 13,26 Área de disposição fora da Bacia - - 0,00
Leva para fora da Bacia mas possui Aterro
Nova Petrópolis 11,42 sanitário desativado a menos de 3 anos, 2.085 14,13 14,13
com CT e compostagem.
Nova Santa Rita 12,08 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Pareci Novo 0,57 Leva para fora da bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Picada Café 3,81 Aterro sanitário em atividade com CT 696 4,72 0,47
Portão 14,10 Área de disposição fora da Bacia - - 0,00
Poço das Antas 0,54 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Presidente Lucena 0,82 Leva para fora da bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Salvador do Sul 2,25 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Santa Maria do Leva para fora da Bacia a menos de 3
3,68 1.681 11,39 11,39
Herval anos
São Francisco de
10,00 Área de disposição fora da Bacia - - 0,00
Paula
São José do
1,98 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Hortêncio
São José do Sul 0,70 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
São Pedro da Serra 1,16 Aterro sanitário em atividade 142 0,96 0,10
São Sebastião do
14,52 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Caí
São Vendelino 0,94 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Sapiranga 60,76 Área de disposição fora da Bacia - - 0,00
Três Coroas 16,12 Leva para fora da Bacia - - 0,00
Triunfo 11,90 Área de disposição fora da Bacia - - 0,00
Tupandi 1,88 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Vale Real 3,45 Leva para fora da Bacia a mais de 3 anos - - 0,00
Total 769,3 - 32.506 220,29 193,02

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

88
11.1.4 Drenagem Urbana

A drenagem urbana caracteriza-se como um uso não-consuntivo


dos recursos hídricos, significando que não existe retirada (derivação) de água
de mananciais, porém trazendo repercussões à gestão das águas tanto no
aspecto quantitativo como qualitativo.

Os municípios da Bacia, em sua maioria, não possuem sistema de


tratamento de esgoto doméstico, de modo que a carga gerada pela drenagem
urbana deve ser pouco significativa frente às cargas do esgotamento
doméstico. Em virtude dessa pouca significância, que se apresenta na grande
diferença de magnitude entre as cargas da drenagem urbana e as demais
cargas geradas na Bacia (efluentes domésticos, pecuária, industriais e de
resíduos sólidos) optou-se por desconsiderar os efluentes da drenagem urbana
na quantificação das cargas poluidoras lançadas na Bacia Hidrográfica.

São poucas as informações disponíveis referentes aos serviços de


drenagem urbana existentes, mesmo porque não se caracterizam como
sistemas e poucos municípios dispõem de cadastro de rede, mesmo quando as
têm.

As informações levantadas permitem, em termos gerais, obter


uma análise da situação geral do esgotamento pluvial da Bacia. Reunindo os
dados obtidos das diferentes fontes consultadas, foi montado o quadro 14.1.8
que permite visualizar o nível de cobertura com rede de drenagem pluvial e o
recebimento de esgotos domésticos na rede, por município da Bacia.
Verifica-se que a maioria dos municípios da Bacia Hidrográfica
apresenta cobertura de rede de drenagem pluvial superior a 50% da área
urbana. No entanto, não se dispõem de informações quanto às condições de
operação e manutenção desses sistemas.
Constata-se também que a rede pluvial é utilizada para o
escoamento dos esgotos domésticos, em vista da deficiência da cobertura de
rede coletora do tipo separador absoluto. Apenas em alguns municípios, que
dispõem de rede coletora de esgotos, não foi registrada essa condição.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

89
11.1.5 Resíduos Sólidos Industriais

Sabe-se que os Aterros de Resíduos Sólidos Industriais


implantados e licenciados pela FEPAM são obras seguras em termos
ambientais, devido às rigorosas condições exigidas pelo órgão ambiental.
Pode-se citar, como exemplo destas exigências, a camada de argila
compactada na base do aterro, nunca inferior a 1 metro de espessura, sobre a
camada de argila tem-se a geomembrana de PEAD de espessura igual a 2 mm
bem como uma cobertura móvel enquanto a célula de aterramento estiver em
operação. Em face destes dispositivos de segurança, a geração de chorume
dentro destas células é mínima, ou quase nula. Além disso, quando há geração
de efluentes estes devem ser tratados no local ou enviados para tratamento.

Dadas as condições de segurança ambiental e produção de


efluentes expostas, considera-se no presente estudo que os aterros industriais
licenciados não contribuem com carga poluidora para as águas da Bacia.

Foi realizado um levantamento de dados de todas as licenças


existentes no Banco de Dados da FEPAM para os municípios da Bacia. Dos
empreendimentos licenciados pela FEPAM, foram considerados aqueles com
Licença Ambiental de Operação (LO) em vigor, revogada e vencida.

Para os empreendimentos localizados em municípios cuja área


não está totalmente incluída na Bacia do Rio Caí foi determinada a sua exata
localização de modo a excluir os empreendimentos localizados em área de
outras Bacias.

Na área da Bacia Hidrográfica do Rio Caí foram encontrados 9


(nove) aterros de resíduos sólidos licenciados, conforme apresentado no
quadro 11.1.9.
Quadro 11.1.9 – Aterros de resíduos sólidos industriais na Bacia

Município Número de aterros de resíduos sólidos industriais


Caxias do Sul 2
Dois Irmãos 1
Ivoti 1
Linha Nova 1
Montenegro 1
Nova Petrópolis 1
Picada Café 1
Triunfo 1
Total 9

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

90
11.2 AGROPECUÁRIA E IRRIGAÇÃO

11.2.1 Orizicultura

A demanda hídrica associada ao cultivo do arroz irrigado na Bacia


do Caí foi calculada com base no mapeamento de uso do solo que identificou
áreas cultivadas. Os resultados foram checados com informações do IRGA,
EMATER e banco de dados do Licenciamento ambiental da FEPAM.

Os resultados das áreas e demandas hídricas por município


obtidas por este método são apresentados no quadro 11.2.1. O cálculo de
demanda hídrica foi realizado com base na mesma taxa de 9.500 m3/ha/safra
aplicado aos dados do censo. No mapa 11.2.1 são apresentadas as áreas
mapeadas como sendo de arroz irrigado na Bacia do Caí.

Quadro 11.2.1 - Áreas irrigadas e demanda hídrica do arroz irrigado, por município,
calculada a partir do mapa de uso e ocupação do solo atual
Taxa de utilização
Áreas irrigadas Demanda hídrica
Municípios de água (total)
(ha) (m3/safra)
(m3/ha/safra)
Capela de Santana 9.500 1.306,94 12.415.890
Montenegro 9.500 266,78 2.534.411
Nova Santa Rita 9.500 1.713,23 16.275.684
Triunfo 9.500 192,09 1.824.894
Total Bacia Caí - 3.479,04 33.050.880
Fonte: mapa de uso atual do solo.

Conforme quantificação apresentada no quadro 14.1.10, a demanda


atual associada à orizicultura é de aproximadamente 33 milhões de m3 por safra.

O gráfico 11.2.1 mostra a distribuição desta demanda ao longo do ciclo


da cultura. O mapa 11.2.1 apresenta as áreas e arroz irrigado obtidas no mapa de uso
atual do solo.
15/out 05/jan 28/fev

6.000.000

5.000.000

4.000.000

3.000.000

2.000.000

1.000.000

-
lo

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n

Fo

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Pa
Pa
ha

1a
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Fl
do

at
o

o
f il
Em

M
ar

o

to
er


ep

G
en

G
P
Pr

gm
on
Al

Gráfico 11.2.1 - Distribuição da demanda de água para o cultivo de arroz irrigado na Bacia do
Rio Caí (m3).

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

91
450000 475000
Médio Caí - trecho baixo

Baixo Caí - trecho alto

Montenegro
Capela de Santana
Portão ¯
Baixo Caí - trecho médio
6700000

6700000
Nova Santa Rita

Triunfo

Baixo Caí - trecho baixo

Ri
o
Ca
í
Legenda
Limite da Bacia Hidrográfica

Municípios Rio Ja cuí


Limite Municipal

Sub-bacias

Hidrografia
0 2.500
Perene m
Áreas de Irrigação de arroz
1:250.000

450000 475000
Mapa 11.2.1 - Áreas de Irrigação de Arroz da Bacia Hidrográfica do Rio Caí obtidas do mapa de Uso atual do Solo
Potencial poluidor do cultivo do arroz irrigado

A cultura do arroz irrigado emprega agroquímicos, em especial os


herbicidas. No quadro 11.2.2 são apresentados os dados do censo do IRGA de
2004/05 sobre o percentual de uso de fungicidas, inseticidas e herbicidas.

Quadro 11.2.2 - Percentual da área semeada que utilizou agroquimicos na safra


2004/05 no Vale do Caí.
Fungicidas Inseticidas Herbicidas
Município
(%) (%) (%)
Capela de Santana 43,8 59,9 99,2
Montenegro 0,0 7,5 97,5
Nova Santa Rita 29,9 89,6 90,2
Triunfo 19,3 56,8 86,4
Rio Grande do Sul 15,8 49,6 91,4
Fonte: IRGA, Censo da Lavoura de Arroz Irrigado do Rio Grande do Sul: safra 2004/05, equipe de
política Setorial e Núcleo de Assistência Técnica e Extensão (Nate).

No quadro 11.2.3 é apresentada a relação dos agroquímicos mais


utilizados no arroz irrigado, segundo informado por Pesquisador do IRGA,
Eng°Agr°Valmir Gaedke Menezes. Os agroquímicos utilizados são controlados
pelo Ministério da Agricultura.

Quadro 11.2.3 - Relação dos agrotóxicos utilizados na orizicultura na Bacia do Caí


Época / modo de Classe Classe
Ingrediente ativo Função
aplicação Tox.* ambiental**
Imazapic +Imazethapyr Pos restrito a var. tol. Herbicida arroz vermelho III III
Clomazone Pré-emergente Herbicida II II
Bispyribac-sodium Pós-emergente Herbicida II II
Propanil Pós-emergente Herbicida II Não aval.
Pyrazosulffuron-ethyl Pós-emergente Herbicida IV III
Triflox+ propic Sist. persistente Fungicida II II
Azoxystrobin Sist. Per. Org.aq. Fungicida III III
Tricyclazole sistêmico Fungicida II
Fipronil / Pirazol Inseticida II
Carbofurano sistêmico Inseticida I
Fipronil inseticida IV
Fonte: Entrevista concedida pelo Eng°Agr°Valmir Gaedke Menezes (IRGA) 28/08/06
*Classes toxicológicas: I= Extremamente tóxico; II=altamente tóxico; III=medianamente tóxico; IV=
pouco tóxico.
**Classes ambientais: I=produto altamente perigoso; II=produto muito perigoso; III=produto
perigoso; IV=produto pouco perigoso.

11.2.2 Outras culturas

Reflorestamento

Foram identificados 26.034,56 ha de reflorestamento na Bacia do


Rio Caí. Esta área corresponde a 5,24% da área total da Bacia. As florestas
exóticas não necessitam de irrigação e extraem água do solo proporcional ao
volume de biomassa que mobilizam.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

93
Fruticultura

As principais espécies frutíferas (citros, uva, pêssego e maçã)


ocupam cerca de 27.370 hectares, com exceção da maçã cultivada em São
Francisco de Paula e parte de Caxias do Sul o restante das espécies frutíferas
é cultivado em regime de agricultura familiar. Com exceção da maçã, nas
lavouras muito adensadas (que representam pequenas áreas), onde é
utilizada a irrigação por gotejamento, o restante da fruticultura é conduzida
sem o uso de irrigação.

Olericultura
As áreas de olericultura foram estimadas com base em projeções
do cadastro realizado por MAGNA (1997). Os índices de crescimento utilizados
foram os do IBGE (2004): morango – 5% a.a, olericultura da várzea – 0,10%
a.a. e olericultura na serra – 0,17% a.a. A separação olericultura na serra e na
várzea deve-se ao fato de que na serra utiliza-se água de
açudes/reservatórios para irrigação enquanto na várzea a água para irrigação
é retirada diretamente dos cursos d’água superficiais, ou seja, no Rio Caí e
seus afluentes.
Para cálculo da demanda hídrica associada a atividade
considerou-se que em média os agricultores usam irrigação por aspersão
durante 7 meses por ano, 4 dias por semana, 2,2 horas de rega por dia, em
uma vazão média de 0,003733 m³/s/ha. Resultando numa necessidade hídrica
de 3.311 m³/hectare/ciclo. Ainda segundo a EMATER, quando é empregado o
método de irrigação por gotejamento o consumo é 50% inferior, o que
representaria uma taxa unitária de 1.656 m³ de água por hectare por ano. O
quadro 11.2.4 apresenta a situação atual (2006) de irrigação da cultura
olerícola na Bacia do Rio Caí.

Quadro 11.2.4 - Necessidade de água na olericultura do Vale do Caí

Tipo/atividade Método de irrigação* Área (ha) Volume (m³/ano)


2/3 área p/ Aspersão 1.562,80 5.175.951,62
Olericultura serrana diversificada
1/3 área p/ Gotejamento 781,40 1.293.987,91

Olericultura/ morango Gotejamento 1.208,97 2.002.047,02

3/4 área p/ Aspersão 224,03 741.980,76


Olericultura da várzea
1/4 área p/ Gotejamento 112,01 185.495,19
Total 3.889,21 9.399.462,50
Fonte: Taxas unitárias de uso da água estimada a partir do Cadastro MAGNA (1997), Informações dos
Escritórios municipais da EMATER (2006). *As culturas onde predomina a irrigação por gotejamento
são: Morango, tomate, pepino, melão, abobrinha, italiana e de pescoço, brócolis, couve-flor, berinjela,
pimentão. As culturas onde predomina a irrigação por aspersão são: alface, pepino, repolho, beterraba,
cenoura, folhosas em geral.

Frutas cítricas

No Vale do Caí são cultivados 13.852 hectares de frutas cítricas


que produzem 207.895 toneladas de frutas (bergamota, laranja e limão) ano.
Os municípios que mais produzem são: Montenegro, São Sebastião do Caí,
Pareci Novo e Harmonia. Entre as frutas cítricas as bergamotas são as que
têm maior área, 7.942 hectares, e maior produção 113.381 toneladas.
P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

94
A citricultura praticamente não usa irrigação. Um aspecto
importante, do ponto de vista de demanda hídrica, se refere à utilização de
agroquímicos.

11.2.3 Agropecuária

As demandas de água para criação animal correspondem não


somente ao consumo de água para dessedentação animal, mas a toda
demanda de água associada à sua criação.
A estimativa da demanda hídrica para o setor é realizada a partir
do número efetivo de cabeças por rebanho na Bacia Hidrográfica e do
consumo diário per capita de água por espécie criada. A quantificação da
demanda associada ao setor foi realizada a partir de índices de consumo per
capita diário para criação de cada espécie animal, conforme apresentado no
quadro 11.2.5.

Quadro 11.2.5 – Consumo médio per capita para criação animal, por espécie

Rebanho (espécie) Bovinos Suínos Aves

Consumo (l/cabeça/dia) 40 100 0,4


Fonte: Plano Nacional de Recursos Hídricos (1998)

A partir do número de cabeças por rebanho existente na área da Bacia e


do consumo per capita por espécie criada, foi determinada a demanda hídrica
associada à criação animal nos municípios da Bacia Hidrográfica apresentada no
quadro 11.2.6.

Quadro 11.2.6 – Consumo de água pela atividade pecuária

Consumo (m3/ano)
Município
Bovinos Suínos Aves
Alto Feliz 3.066,00 110.103,56 87.259,82
Barão 7.358,40 98.655,70 31.269,93
Bom Princípio 7.708,80 268.371,36 100.005,62
Brochier 0,00 205.781,52 32.011,08
Canela 47,89 0,00 0,00
Capela de Santana 1.001,56 25.898,90 3.090,53
Carlos Barbosa 5.507,12 56.334,73 134.866,68
Caxias do Sul 8.893,15 52.549,43 269.087,84
Dois Irmãos 2.478,20 0,00 0,00
Estância Velha 54,75 0,00 0,00
Farroupilha 7.259,85 19.665,23 217.392,36
Feliz 13.183,80 171.540,51 55.478,54
Gramado 5.321,41 3.312,20 12.936,18
Harmonia 2.803,20 680.587,18 95.088,34
Igrejinha 107,31 0,00 91,98
Ivoti 3.127,69 0,00 4.715,80
Lindolfo Collor 3.146,30 0,00 8.784,82
Linha Nova 6.132,00 0,00 23.822,82
Maratá 0,00 345.479,51 61.422,20
Montenegro 963,60 109.786,76 102.275,22

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

95
Quadro 11.2.6 – Consumo de água pela atividade pecuária

Consumo (m3/ano)
Município
Bovinos Suínos Aves
Morro Reuter 6.438,60 0,00 14.892,00
Nova Hartz - -
Nova Petrópolis 53.844,80 0,00 173.883,37
Nova Santa Rita 2.288,55 3.469,85 2.995,92
Pareci Novo 0,00 114.981,57 14.931,42
Picada Café 14.264,20 0,00 33.507,00
Poço das Antas 0,00 8,81 0,00
Portão 511,00 0,00 0,00
Presidente Lucena 4.599,00 0,00 0,00
Salvador do Sul 2.119,92 102.882,73 113.825,25
Santa Maria do Herval 9.843,90 0,00 51.222,64
São Francisco de Paula 9.484,16 11.073,76 5.936,91
São José do Hortêncio 5.840,00 0,00 8.922,06
São José do Sul 0,00 159.094,30 77.397,52
São Pedro da Serra 1.839,60 56.011,26 30.635,78
São Sebastião do Caí 7.435,05 127.825,87 6.595,24
São Vendelino 1.226,40 181.863,73 95.371,58
Sapiranga 284,70 0,00 0,00
Três Coroas 14,60 0,00 0,00
Triunfo 87,60 529,07 0,00
Tupandi 12.045,00 824.820,58 261.872,90
Vale Real 2.963,80 26.853,34 8.349,74
Total 213.291,91 3.757.481,46 2.139.939,11

Do ponto de vista de geração de carga poluidora da criação


animal na Bacia do Caí, considerou-se que apenas 10% da carga bruta gerada
na produção de suínos atingiria os cursos d'água da Bacia. Para os bovinos,
que são criados de forma extensiva e para as aves que tem o manejo seco dos
dejetos não foi considerada nenhuma carga remanescente. Estes índices são
utilizados pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos.

Feita esta consideração a carga poluidora remanescente nos


corpos hídricos da Bacia, com a característica de ser difusa, é de 811,62 t
DBO/ano.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

96
11.3 GERAÇÃO DE ENERGIA

Os levantamentos realizados junto a Companhia Estadual de


Energia Elétrica - CEEE, Banco de Dados do Licenciamento Ambiental da
FEPAM (2006), MAGNA (1997) e FEPAM/GTZ(1997) indicam que três pequenas
Centrais Hidrelétricas (PCH's) operam atualmente na Bacia do Caí, quais
sejam:

• PCH Passo do Inferno, em São Francisco de Paula;

• PCH Toca, em São Francisco de Paula e;

• PCH Herval, em Santa Maria do Herval.

No banco de Dados do Licenciamento Ambiental da FEPAM


constam ainda outras duas PCH's: Barragem do Blang e Galópolis. A primeira
apresenta-se com Licença Prévia revogada e a segunda apresenta-se com
Licença de Instalação em vigor e está em fase de implantação. O mapa 11.3.1
apresenta a localização das PCH's encontradas na Bacia.

O aspecto mais importante do setor de geração de energia na


Bacia do Rio Caí refere-se ao Sistema Salto da CEEE. Fazem parte do Sistema
Salto cinco usinas de pequeno e médio porte: (i) as PCH's referidas acima,
Passo do Inferno, Toca e Herval; e (ii) outras duas Usinas Hidrelétricas -
UHE's: Canastra e Bugres. As UHE's de Canastra e Bugres localizam-se no
município de Canela, na bacia do Rio dos Sinos. No entanto, são abastecidas
pelos reservatórios Blang, Salto e Divisa, localizados no município de São
Francisco de Paula, dentro da Bacia do Caí, através da transposição de vazões
pelo Túnel Salto-Bugres. Os reservatórios e a transposição estão localizados
no mapa 11.3.1.

As características das PCH's que operam na Bacia são


apresentadas no quadro 11.3.1

Quadro 11.3.1 – Localização, ano de inauguração, volume de armazenamento


e área inundada das PCH´s em operação dentro da Bacia do Rio Caí

Potência Área Ano de


PCH Rio Município Volume (hm3)
(MW) (ha) inauguração

São Fco.
Toca Santa Cruz 1,10 0,010 1,5 1929
de Paula
Passo do São Fco.
Santa Cruz 1,00 0,200 6,0 1948
Inferno de Paula
Sta. Maria
Herval Cadeia 1,44 0,153 2,3 1937
do Herval

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

97
450000 500000 550000

PCH Galópolis
¯
PCH Passo do InfernoPCH Toca
Arr Barragem da Divisa
oi

o
Ar PCH Blang

do
ro
io

O
Fo

ur
Barragem do Salto
6750000

6750000
r

o
Barragem Blang
r om
eco

ia
de
Ca
io PCH Herval
R
Transposição para Usina Bugres

PCH Picada 48

Legenda
Limite da Bacia Hidrográfica
6700000

6700000
PCHs - Situação

Desativada/ Em implantação/ LP revogada

Operando
Ri

Caí
o

í Hidrografia
cu
Ri o J a
0 5 10 20 30 40 Intermitente
Km
1:750.000 Perene
450000 500000 550000

Mapa 11.3.1 - Mapa de Localização das PCH's, Barragens e Transposição de águas


O sistema Salto e a transposição de vazões

O Sistema Salto é constituído de 3 barragens no trecho superior


da bacia do Caí, cuja função única é a regularização das vazões para a
geração de energia na bacia do Rio dos Sinos, através de uma transposição de
vazões. São elas: a Barragem do Salto, inaugurada em 1952, a Barragem do
Blang, inaugurada em 1957, e a Barragem Divisa, inaugurada em 1960. As
duas primeiras encontram-se no Rio Santa Cruz, principal afluente do Caí, e a
última encontra-se no Arroio da Divisa, que deságua na Barragem do Blang,
como apresentado no quadro 11.3.2.

Quadro 11.3.2 – Características das barragens do Sistema Salto

Área Ano de
Barragem Volume (hm3)
(km2) inauguração

Salto 12 2,25 1952


Blang 50 7,6 1957
Divisa 11,4 1,1 1960

Estas três barragens não geram energia no próprio eixo do rio.


Toda vazão regularizada é transposta para a Bacia dos Sinos através de um
túnel, cuja tomada de água encontra-se na ombreira esquerda da Barragem
do Salto. Este túnel tem 2.080 m de comprimento e leva água para a UHE
Bugres, no Rio Santa Maria, com geração de 11,5MW. A vazão na UHE Bugres
é totalmente proveniente da Bacia do Caí, não havendo praticamente
nenhuma contribuição da própria Bacia dos Sinos. A vazão liberada por Bugres
aflui à UHE Canastra, a qual já recebe vazão natural do Rio Paranhana, tendo
uma capacidade de 42,5MW.

Ao contrário das PCH´s citadas acima, que praticamente não


interferem no regime hidrológico da Bacia do Caí, o Sistema Salto influencia
significativamente as vazões altas, médias e baixas do Rio Santa Cruz e,
devido à transposição de vazões, torna-se na prática um uso consuntivo da
água da bacia. A vazão média perdida, que representa a soma da vazão
transposta com a vazão perdida por evaporação no reservatório, chega a 8,07
m3/s.

Devido à geração energética na Bacia do Sinos com águas do Rio


Caí, não se pode expressar a potência total da Bacia do Caí de forma exata. A
potência total gerada dentro na Bacia do Caí, de acordo com os dados de CEEE
(2005) é de 3,6 MW. Somando-se as usinas do Sistema Salto no Rio
Paranhana, chega-se a 57,6 MW, porém este valor inclui a Usina Canastra,
cuja vazão provém parcialmente da Bacia do Rio dos Sinos.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

99
11.4. TRANSPORTE HIDROVIÁRIO

Historicamente, a navegação na Bacia Hidrográfica do Rio Caí


restringia-se ao curso inferior do Rio Caí, até os municípios de Montenegro e
São Sebastião do Caí. Nos demais rios componentes da Bacia não se têm o
registro da utilização de transporte hidroviário.

Na Bacia Hidrográfica do Rio Caí, o aproveitamento do Rio Caí,


como via de transporte compreende o trecho entre sua foz e o município de
São Sebastião do Caí.

O trecho inferior do Rio Caí navegável é aproveitado para a


navegação comercial, para o transporte de materiais oriundos da extração de
areia e outros destinados para a construção civil.

Além do transporte de matéria prima para a construção civil,


observa-se ainda embarcações menores, sem motor, utilizadas pela população
ribeirinha para a pratica de pesca artesanal e no auxilio a subsistência das
famílias que moram às margens do curso inferior do Rio Caí.

A SPH que é responsável pela navegabilidade dos rios, conforme


prevê em seu Plano Diretor de Navegação Interior, tem mantido um canal com
profundidade mínima de -1,5m abaixo do nível zero, desde o município de São
Sebastião do Caí até sua foz. Até 1997, em 95% dos dias do ano o nível das
águas mantinha-se acima de +, 0,70 m sobre o nível zero, é possível a
navegação de embarcações com calado de até 2,2m (FEPAM, GTZ, 1997). A
situação reportada em 1997 não é mais verificada, sendo que atualmente o
calado navegável no Rio Caí é de 1,50m em todo o trecho navegável
(informações do setor usuário na Bacia). No mapa 11.4.1 é apresentada a
hidrovia do Rio Caí.

Cargas transportadas

Os atracadouros são utilizados para o descarregamento de areia e


produtos de olarias e são encontrados em vários lugares a jusante de
Montenegro.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente


de Montenegro, duas empresas (dois barcos) realizam a dragagem e
transporte de areia em Montenegro e Capela de Santana, sendo estimadas a
capacidade em cada barco de 50m3. São realizadas 22 a 25 viagens /mês
gerando um volume de 1.200 m3/mês por barco.
No município de Nova Santa Rita, nas margens do Rio Caí, está
localizada a CIMPOR do Brasil onde estão instalados circuitos de moagem de
cimento, sistemas de ensilagem e expedição compatíveis para produção de
900.000t/ano (www.cimpor.com.br). A matéria prima vinda de Pelotas utiliza
a seguinte hidrovia: Lagoa dos Patos, Lago Guaíba e Rio Caí
(aproximadamente 1.500m).

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

100
450000 500000 550000

oi o C avalhada
! Caxias do Sul

Ar r
Farroupilha
!

Carlos Barbosa Rio Barragem da Divisa

S
! a
Barragem do Salto

nt
C aí

aC
Rio
Barragem Blang

ruz
6750000

6750000
Barão São Vendelino Canela
!
! Nova Petrópolis
!
! !
Feliz Vale Real
Alto ! Gramado
São Pedro da Serra !
!
!Salvador do Sul Picada Café São Francisco de Paula
A rroi o Ma uá

!
Feliz
!
!
ia !
Tupandi Linha Nova de
Poço das Antas !

a
! C

Ri o
! Santa
!
Maria do Herval
Bom Princípio
! !
! Morro Heuter Três Coroas
Brochier Maratá Presidente Lucena !
! ! !Harmonia
Dois Irmãos Nova Hartz Igrejinha
!
São Sebastião do Caí ! !
! Lindolfo Collor
! !Ivoti

Pareci Novo! Sapiranga


!
!
"
/ Estância Velha Legenda
Montenegro! Capela de Santana Limite da Bacia Hidrográfica
! !
Portão
Hidrografia

Intermitente
Barragem do Rio Branco
Perene
6700000

6700000
! Sedes Urbanas

!Nova Santa Rita Calado


Rio 1,5 metros
C
0 5 10 20 30 40

Triunfo Km "
/ Barragem do Rio Branco
! Ri o uí
J ac
1:750.000

450000 500000 550000

Mapa 11.4.1 - Hidrovia no Rio Caí e Barragem do Rio Branco


11.5. USO INDUSTRIAL

O banco de dados de licenciamento ambiental da FEPAM aponta o


total de 2.143 indústrias localizadas nos municípios da Bacia Hidrográfica do
Rio Caí das quais 141 são monitoradas pelo SISAUTO - Sistema de Auto
Monitoramento da FEPAM (ver distribuição no mapa 11.5.1). A maior
concentração industrial ocorre nos municípios de Caxias do Sul, Canela,
Gramado, Carlos Barbosa e Farroupilha.

A estimativa de lançamento de carga poluidora (carga


remanescente) será baseada nas indústrias que fazem parte do SISAUTO e
puderam ser localizadas dentro da Bacia do Caí (apresentavam dados de
coordenadas ou endereço que pode ser checado). A demanda para
abastecimento industrial (captações exclusivas para indústrias) será estimada
com base no cadastro de outorgas da água superficial do DRH/SEMA.

11.5.1. Abastecimento industrial

Para a quantificação da demanda para abastecimento industrial


foi utilizado o cadastro de outorgas do DRH/SEMA, do qual foram identificadas
as outorgas para uso industrial que captam água de recursos hídricos
superficiais. Estas são apresentadas no quadro 11.5.1.

Quadro 11.5.1 – Tipologia das indústrias que captam água superficial na Bacia do Caí,
com vazão captada e inserção nos segmentos
Município Tipo Vazão (m3/s) Segmento
Feliz Calçados 0,468 Médio Caí -Trecho alto
Montenegro Química 0,131 Baixo Caí - Trecho alto
Triunfo Petroquímica 1,75 Baixo Caí - Trecho baixo
Montenegro Alimentos 0,06 Médio Caí - Trecho baixo
Nova Santa Rita Alimentos 0,07 Médio Caí - Trecho baixo
Triunfo Minerais não metálicos 0,006 Baixo Caí - Trecho baixo
Montenegro Minerais não metálicos 0,0014 Baixo Caí - Trecho alto
Tupandi Têxtil 0,01 Médio Caí - Tupandi
Fonte: Cadastro de Outorgas DRH/SEMA (2006).

A vazão outorgada total é de 2,4964 m3/s. O maior consumo de


águas superficiais, representando 70% das captações totais, destina-se ao
Pólo Petroquímico de Triunfo, que possui uma tomada de água no km 10 do
Rio Caí, próximo à foz. Todos estes pontos de captação da água superficial são
apresentados no mapa 11.5.1 e um resumo da demanda quantificada por sub-
bacia é apresentado no quadro 11.5.2.

Quadro 11.5.2 – Água superficial para a indústria em cada segmento da Bacia do Caí
Segmento Vazão (m3/s)
Médio Caí -Trecho alto 0.4680
Médio Caí - Tupandi 0.0100
Médio Caí - Trecho baixo 0.1300
Baixo Caí - Trecho alto 0.1324
Baixo Caí - Trecho baixo 1.7560

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

102
450000 500000 550000

131 ! !
743
Caxias do Sul
¯
! !
Farroupilha

Carlos Barbosa
!
!
40
119 87
6750000

6750000
!!
São Vendelino Canela
Barão ! Nova Petrópolis Gramado !
!
!
!
6 Alto FelizVale Real ! ! 47
9 !
!
7 !!
10
5São Pedro da Serra
!
!
Salvador do Sul
Poço das Antas ! 0,468Feliz 19Picada Café São Francisco de Paula
# !
!
!
!
10
12
Tupandi !
!
28 !!
!
!
Linha Nova !
37
Legenda
!!
0,019 Bom Princípio 7
# ! !
42 !
Santa Maria do Herval 49

!
!
Presidente Lucena 10 Três Coroas
São José do Hortêncio !
! ! ! Sedes Municipais
!
! Morro Heuter
BrochierMaratá Harmonia 7 !! 81
13

!
!
11 !2
!
!
! !
10
! Dois Irmãos Igrejinha Limite da Bacia Hidrográfica
São Sebastião do Caí Nova Hartz !
!
!
30
Lindolfo Collor
!
!
7 92 !
!
Ivoti
35
!
62
98
!
!
12

!
municípios

!
Pareci Novo Sapiranga
0,07 ! Estância Velha !
##
!
0,06 4 ! Número de indústrias
84
!
0,131Montenegro
# 56
!
!
!
16
! Portão
Capela de!Santana
! 2 - 19

0,0014
! 20 - 42

# ! 43 - 62
6700000

6700000
#
1,75 !
!
41
Nova Santa Rita
! 63 - 131

!
!
Triunfo
46
#
0,006 30 15 0

1:750.000
30 Km

! 132 - 743

450000 500000 550000


# Captações de indústrias m3/s

Mapa 11.5.1 - Número de indústrias por município (Banco de Dados do Licenciamento Ambiental da FEPAM) e captações (outorgados DRH/SEMA)
11.5.2. Lançamento de efluentes industriais

Como base de dados para o cálculo da carga poluidora dos


efluentes industriais, foi utilizado o banco de dados do Sistema de
Automonitoramento (SISAUTO) da Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Henrique Luis Roessler – FEPAM. O SISAUTO tem as informações
imprescindíveis para o cálculo da carga poluidora gerada: concentrações dos
poluentes no efluente e vazões dos efluentes industriais.

Em que pese o SISAUTO controlar indústrias licenciadas que


apresentam maior potencial poluidor, não contemplando indústrias de menor
porte, ou que não tenham processo formal de licenciamento, contempla cerca
de 87% da carga de DBO e 88% da carga bruta de DQO geradas (FEPAM/GTZ,
1997).

O quadro 11.5.3 apresenta as cargas poluidoras de origem


industrial quantificadas para a Bacia do Caí. No mesmo quadro são
comparadas as cargas lançadas (calculadas a partir dos dados fornecidos pelas
indústrias ao SISAUTO e as cargas licenciadas). A partir da observação do
quadro 11.5.3 é relevante a observação de que a carga de fósforo total
lançada é 6,9 vezes maior que a carga licenciada, assim como a carga de
nitrogênio lançada (NTK) é 5,2 vezes a licenciada, apesar da vazão lançada
ser menor que a vazão licenciada (0,83 vezes).

Tendo em vista esta situação encontrada, e levando em conta que


omo recentemente a Portaria No 128/2006 do CONSEMA elevou os limites de
lançamento de NTK e P (ainda não considerado nas planilhas do SISAUTO e
nas LO's), as cargas lançadas foram re-calculadas para estes novos limites. Os
resultados são apresentados no quadro 11.5.4. Mesmo assim a carga lançada
de P e NTK continua maior do que a licenciada (2,9 e 3,1 vezes,
respectivamente).

Quadro 11.5.4 – Carga de NTK e P considerando a Res. No 128/2006 do CONSEMA


Fósforo (Kg/dia) NTK (kg/dia)
Segmentação Resol. N 0
Resol. N0
SISAUTO SISAUTO
128/2006 128/2006
Alto Cadeia 10,70 5,55 252,97 38,63
Arroio Feitoria 9,59 10,44 229,74 69,60
Alto Caí-Caracol/Juá - - - -
Alto Caí-Trecho Baixo 3,88 10,26 39,43 76,40
Arroio Belo 13,79 3,04 66,46 20,08
Arroio Piai 25,11 4,00 126,53 30,00
Arroio Pinhal 1,75 1,96 5,06 10,50
Arroio Forromeco 7,87 2,61 9,05 16,84
Baixo Caí-Trecho Alto 4,09 3,60 125,84 24,00
Médio Caí-Trecho Alto 0,03 0,80 9,50 4,00
Médio Caí-Trecho Baixo 78,88 13,00 328,59 97,50
Médio Caí-Tupandi 3,59 0,45 5,25 3,00
Total 159,28 55,70 1198,41 390,55
Carga Lançada/Licenciada 2,90 3,10

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

104
Quadro 11.5.3 – Carga de poluentes por segmento da Bacia do Caí

FÓSFORO (kg/dia) NTK (kg/dia) DBO (kg/dia) DQO (kg/dia) SST (kg/dia)
SEGMENTAÇÃO
SISAUTO LO SISAUTO LO SISAUTO LO SISAUTO LO SISAUTO LO
ALTO CADEIA 10,70 2,18 252,97 21,82 166,31 259,18 590,11 814,82 145,72 259,18
ARROIO FEITORIA 9,59 3,48 229,74 34,80 234,01 411,70 863,27 1235,10 174,21 411,70
ALTO CAI TRECHO BAIXO 3,88 5,02 39,43 50,20 98,28 292,20 531,07 963,00 123,96 335,40
ARROIO BELO 13,79 1,00 66,46 10,04 81,44 70,56 246,09 221,40 79,42 110,16
ARROIO PIAI 25,11 2,00 126,53 20,00 224,66 160,00 472,12 480,00 181,50 200,00
ARROIO PINHAL 1,75 0,59 5,06 5,25 64,26 44,28 116,75 360,21 14,83 122,90
ARROIO FORROMECO 7,87 0,84 9,05 8,42 36,79 109,29 99,30 327,87 65,18 109,29
BAIXO CAI TRECHO ALTO 4,09 1,2 125,84 12,00 139,68 112,00 383,68 336,00 53,95015 112,00
MÉDIO CAI TRECHO ALTO 0,03 0,20 9,50 2,00 29,19 21,60 102,48 64,80 10,90 21,60
MEDIO CAI TRECHO BAIXO 78,88 6,50 328,59 65,00 215,16 329,20 566,91 1196,80 245,69 381,50
MÉDIO CAI TUPANDI 3,59 0,15 5,25 1,50 9,87 22,50 38,50 67,50 13,15 22,50
TOTAL 159,28 23,17 1.198,41 231,03 1.299,65 1.832,51 4.010,28 6.067,49 1.108,52 2.086,23
RELAÇÃO CARGA
6,88 5,19 0,71 0,66 0,53
LANÇADA/CARGA LICENCIADA

LO = Licença de Operação

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

105
Deve-se ressaltar, novamente, que estas cargas, e
conseqüentemente as vazões demandadas, estão subestimadas, uma vez que
existe uma série de indústrias que não constam no SISAUTO e
empreendimentos informais que também lançam efluentes nos corpos hídricos
da Bacia. As cargas advindas destas indústrias e empreendimentos, por falta
de dados, não podem ser quantificados.

A disposição dos efluentes do Pólo Petroquímico

Como se vê no quadro 11.5.4, não há nenhum lançamento de


efluentes industriais no município de Triunfo associados ao Pólo Petroquímico,
muito embora este complexo detenha uma outorga significativa para captação
(1,75m3/s, quadro 11.5.1). De fato, os efluentes líquidos do Pólo Petroquímico
não são devolvidos aos corpos hídricos, e sim tratados e aspergidos no solo,
após tratamento bastante avançado.

11.5.3. Considerações sobre carga poluidora máxima


lançada na Bacia do Rio Caí

De acordo com o que foi apresentado nos itens anteriores, a


carga remanescente calculada para o setor industrial da Bacia do Caí refere-se
às indústrias monitoradas pelo SISAUTO, cuja localização foi possível
determinar nos limites da Bacia.

O estudo realizado por FEPAM (2001) apresenta quantificações de


carga poluidora total e remanescente por município. Atualizando estas
informações para o ano de 2006, consideradas as taxas de crescimento anual
do setor industrial (FEE) e as mesmas taxas de redução entre carga bruta e
carga lançada do estudo FEPAM (2001), as cargas de DBO e DQO bruta e
remanescente, por município. No estudo FEPAM (2001) tomado como base
para os cálculos apresentados no quadro 5.5.8, foram considerados apenas os
municípios com geração de carga acima de 100 t/ano para DBO e acima de
200 t/ano para DQO.

Estas cargas poluidoras remanescentes de 1.217 t/ano e


3.735 t/ano para DBO e DQO, respectivamente, podem ser consideradas como
as máximas cargas potencialmente poluidoras provenientes do setor industrial
da Bacia. Não há informações suficientes para determinação precisa de quanto
destas cargas nos municípios é de fato gerada e lançada na Bacia. Também
não está considerada nesta situação a evolução do setor no que se refere às
melhorias nos sistemas de tratamento implementadas e consequentemente na
eficiência da remoção da carga poluidora dos efluentes.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

106
11.6. RECURSOS MINERAIS

Foram encontrados 918 processos registrados no DNPM. Destes


918 processos, sete são de lavra garimpeira, 431 são do tipo registro de
licença e 480 são autorização de pesquisa. Dos 431 processos de registro de
licença, um processo está na fase concessão de lavra, 31 estão em
disponibilidade, 328 estão na fase de licenciamento e 15 estão na fase de
registro de extração. Nos 56 processos restantes não foi possível obter
informações sobre a fase atual dos mesmos.

Os bens minerais requeridos nos 431 processos acima referidos


foram os seguintes: ametista, areia, arenito, fluorita, gnaisse para brita,
granodiorito, seixos, diabásio para brita, gnaisse, siltito, ágata, argila
refratária, granito para brita, quartzito, migmatito, ametista, seixos rolados,
argila para cerâmica vermelha, cascalho, granito, arenito, saibro, argila,
basalto, areia. O percentual de minerais requeridos pode ser visto no gráfico
11.6.1.

Argila
1%1%
1% Basalto
3%3%
4% 26% Areia
5% Saibro
7% Agua Mineral
Carvão
Cobre
9%
Arenito
Ametista
9% 20% Quartzo
Bentonita
11%
Cascalho

Gráfico 11.6.1 – Comparativo percentual entre os minerais requeridos no DNPM na Bacia do Caí

Do ponto de vista da interferência direta sobre os recursos


hídricos, destacam-se as minerações de areia, argila e seixo. O mapa 11.6.1
apresenta os trechos de rios e arroios e que esta interferência pode ser
esperada em virtude da presença de processos de mineração existentes.

A exploração de argila constitui-se na atividade minerária de


maior expressão na Bacia Hidrográfica do Rio Caí, principalmente ligada à
presença de olarias, que empregam a argila na fabricação de tijolos, telhas e
outros artefatos cerâmicos. Esta atividade é bastante característica nos
municípios de Montenegro, Nova Santa Rita, Capela de Santana, São
Sebastião do Caí e Triunfo, observando-se a existência de fábricas/olarias e o
comércio dos artefatos de cerâmica junto a estes municípios, principalmente
ao longo da RS-122 e BR-386.

A extração de areia na Bacia Hidrográfica do Rio Caí está


representada principalmente pelos municípios de Bom Princípio, Feliz e Vale
Real, onde se concentram as maiores áreas requeridas, ou seja acima de 15
hectares.
P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

107
450000 500000 550000

!
(
!
(

Arroio BeloArroio Pinhal


Arroio Piaí

Alto Caí - Caracol/Juá Alto Caí - Lava Pés


¯
!
( Arroio do Ouro A
r ro Barragem da Divisa
Alto Caí - Macaco/Forqueta Barragem do Salto

io
do
O !
( Alto CaÍ - Barragens
Alto Caí - trecho baixo
6750000

6750000
uro
Arroio Forromeco

Ar
(!
!
(
!(!
( Barragem Blang

ro
!
( !
(

io
Médio Caí
!
(( - trecho alto
!

Fo
!
(

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!
(

m
!
(

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!
(
!
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( Alto Cadeia
!
(
!
(
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a
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!
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!
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(

C
!
(

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((!
(

R
Médio Caí !
(
- Tupandi
(!
! !
( !
(!
( (
!
(
Arroio Maratá
Arroio Feitoria
Baixo Cadeia

!
( Médio Caí - trecho baixo
ora

!
( Legenda
Am

!
(
o da

!
(
(!
!
((! (!
(!
(!
! (
! (!
((! (
Arroi ! Limite da Bacia Hidrográfica

Baixo Caí - trecho !


alto
(
!
(
Minerações
!
(!
(!
(!(!
((
!
!(!
!
(!
(
6700000

6700000
!
(( !
( Trechos de rio/locais com mineração de areia
Baixo Caí -!(!
trecho médio
(
!
(!
(! !
(
!
(
!
(
!
(!(!
(
(!
(!
( !
( Trechos de rio/locais com outras minerações
!
(!
(
!
(
!
(
!
Baixo Caí
( - trecho baixo Hidrografia
!
(!
(!
(!
(!
(!
(!
(!(!
(
!
(
!
(!
0 5 10 20 30 40 Intermitente
(
km
Rio Jacuí 1:750.000 Perene

Sub-bacias

450000 500000 550000

Mapa 11.6.1 - Trechos de rio com interferência de minerações (Areia e outras: turfa, argila, etc)
11.7. PESCA E AQÜICULTURA

Para a realização do diagnóstico de pesca e aqüicultura na Bacia,


foram utilizados dados primários e secundários. Os dados primários foram
obtidos através de entrevistas com representantes de diversos segmentos da
sociedade, direta ou indiretamente relacionados com a pesca e ou com a
aqüicultura na Bacia. Os dados secundários foram obtidos através de
cadastros da FEPAM e estudos de impacto ambiental realizados anteriormente
(Magna, 1997).

11.7.1. Aqüicultura

Apesar de ser uma atividade de alto potencial produtivo e de


grande crescimento no Brasil, a aqüicultura ainda se encontra pouco
desenvolvida na Bacia Hidrográfica do Rio Caí. De um modo geral, pode ser
considerada como uma atividade incipiente na região, com os
empreendimentos sendo praticados em poucas propriedades particulares.

No cadastro de licenciamento ambiental da FEPAM (2006)


existem apenas dezoito empreendimentos licenciados, distribuídos em apenas
10 municípios em toda Bacia Hidrográfica do Rio Caí. Apresentam diferentes
portes e objetivos, conforme apresentado no quadro 11.7.1, estando seis
destes atualmente com suas licenças vencidas. Infelizmente, no cadastro,
faltam informações detalhadas quanto à localização (coordenadas
geográficas), a área alagada ocupada pela aqüicultura e a origem desta água.

Os empreendimentos cadastrados são desenvolvidos em


propriedades particulares, sendo mantidos como fonte de renda principal ou
complementar. A atividade vem sendo desenvolvida principalmente em
propriedades pequenas, concentrando-se especialmente em áreas menores
que 50 hectares. Dos 18 empreendimentos, 17 possuem porte mínimo, e 1
porte pequeno. No Relatório Temático A.3 são apresentados os dados dos
empreendimentos cadastrados.

Como citado anteriormente, a aqüicultura na Bacia é


representada exclusivamente por tanques de piscicultura onde são criadas
principalmente espécies exóticas. Apenas em uma propriedade licenciada,
localizada no município de São Francisco de Paula, existe a iniciativa de
criação de espécies nativas.

De um modo geral, as principais espécies cultivadas na Bacia são


exóticas, como a carpa-capim, a carpa húngara e a carpa cabeça-grande.
Também é comum a criação de jundiá, espécie silvestre facilmente adaptável
aos tanques de engorda.

É possível que, em tanques não licenciados e sem grandes


cuidados, existentes na Bacia, sejam criadas também espécies como a traíra
(Hoplias malabaricus) e os carás (Geophagus sp., Gymnogeophagus sp. e
Cichlasoma sp.), devido a sua facilidade de adaptação a açudes artificiais e
grandes biomassas que atingem.
P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

109
11.7.2. Pesca

No Rio Grande do Sul, a pesca em águas interiores apresenta, de


uma maneira geral, pouca importância quando comparada à pesca oceânica
ou realizada nos ambientes aquáticos na Planície Litorânea. Nos mercados do
Estado o pescado é normalmente limitado a certas espécies, estando entre os
mais freqüentemente vendidos, as espécies marinhas. No entanto, a procura
do peixe varia de acordo com a região do Estado (Bertoletti, 1986). A traíra
(Hoplias malabaricus), por exemplo, é um peixe bastante apreciado no
interior, sobressaindo-se inclusive aos peixes marinhos.

Caracterização atual da pesca na Bacia

De uma maneira geral, a pesca na Bacia do Rio Caí não é uma


atividade tradicional e forte como em outras regiões do Estado, apesar de
ainda existirem pescadores que seguem buscando fazer desta atividade sua
principal fonte de renda, como anteriormente seus antepassados fizeram.

Em toda a Bacia do Rio Caí, existe apenas um Sindicato de


Pescadores e uma Associação de Pescadores, os dois localizados em São
Sebastião do Caí. No recadastramento realizado no último ano foram
solicitadas 63 carteiras, mas o ministério ainda não enviou. Além destes,
existem os pescadores amadores e os ilegais, que não estão registrados. Só
na Associação são 198 associados no total. Devido a desentendimentos
políticos, diversos pescadores da Bacia não são vinculados à Associação local,
mas à Colônia dos Pescadores da Ilha da Pintada, de maneira que o número
de pescadores na região certamente está subestimado.

Segundo o presidente do Sindicato dos Pescadores e o antigo


presidente da Associação dos Pescadores, ninguém vive exclusivamente da
pesca na Bacia, devido ao reduzido volume de peixes disponível. Existem
alguns poucos pescadores que procuram se dedicar exclusivamente à pesca,
geralmente aqueles de tradição familiar, mas necessitam realizar outros tipos
de trabalhos esporádicos (na construção civil, geralmente) para
complementação de renda.

Os pescadores que mantém um vínculo econômico com a pesca


vendem seu produto direto ao consumidor, o qual procura o pescador na
própria embarcação ou na sua casa, onde aquele mantém o pescado estocado
em freezer.

Espécies de interesse econômico

Os peixes silvestres mais importantes economicamente são o


grumatã (Prochilodus lineatus), o dourado (Salminus maxillosus), a piava
(Leporinus sp.), a traíra (Hoplias malabaricus), os jundiás (Rhamdia quelen e
R. sapo), o pintado (Pseudoplatystoma sp.) e os cascudos (Hypostomus sp.,
Ancistrus sp. ou Hemiancistrus sp.), mas diversas espécies exóticas,
amplamente adaptadas na Bacia, também são comercializadas, como as
carpas capim (Ctenopharyngodon idella), cabeça-grande (Aristichthys nobilis)
e húngara (Cyprinus carpio).
P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

110
Dentre os peixes com maior biomassa e maior poder de venda,
estão o grumatã (Prochilodus lineatus) e o dourado (Salminus maxillosus),
duas espécies migradoras que sobem o rio para desovar nos riachos de
cabeceira durante a piracema. Estas duas espécies estão extremamente
ameaçadas no Rio Grande do Sul devido ao elevado número e porte das
barragens. Acredita-se que no Rio Caí seja onde elas se encontram em melhor
situação, atingindo biomassas e abundâncias não encontradas mais em outras
bacias devido, justamente, a inexistência de barragens abaixo da região de
São Francisco de Paula.

Potencial da pesca na Bacia

É importante considerar que, as espécies de peixes de água doce


mais importantes economicamente no Estado inteiro estão bem representadas
no Rio Caí do ponto de vista de biomassa individual, pois os espécimes
atingem algumas das maiores dimensões encontradas no Rio Grande do Sul
no momento.

Este fator indica que as espécies estão conseguindo ter tempo de


vida suficiente para atingir estes tamanhos, a despeito da sobrepesca, pesca
com malhas inferiores às permitidas, pesca durante a piracema e alterações
ambientais. Provavelmente, programas de incentivo que visem à recuperação
dos habitats, maior poder de fiscalização dos órgãos competentes durante a
piracema, e licença de pesca (carteira de pescador profissional) apenas para
os pescadores que realmente trabalham na pesca e buscam viver
exclusivamente desta profissão, poderiam ser atitudes suficientes para
reverter o quadro da pesca na região média e jusante da Bacia, dentro do Rio
Caí.

A montante da Bacia, as características geomorfológicas,


hidrológicas e, conseqüentemente, ecológicas dos cursos d’água, naturalmente
não fornecem recursos suficientes para a pesca comercial, pois a comunidade
ictiológica deste ambiente é representada por espécies de pequeno porte, ou
que não tem tradição de comercialização. Pode ser suficiente para
subsistência, mas dificilmente para geração de renda. As alternativas para a
qual estes ambientes próximos às nascentes e em trechos superiores do Rio
Caí são utilizados economicamente e ligados à pesca são recreativas, como os
balneários e os pesque-pague. Estes empreendimentos têm enorme potencial
de crescimento na Bacia, principalmente nos trechos de montante do Rio Caí,
devido aos recantos paisagísticos e qualidade da água disponíveis.

O mapa 11.7.1 apresenta o trecho do Rio Caí conde foi


diagnosticada alguma atividade de pesca.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

111
450000 500000 550000

oi o C avalhada
! Caxias do Sul

Ar r
Farroupilha
!

Carlos Barbosa Rio Barragem da Divisa

S
! a
Barragem do Salto

nt
C aí

aC
Ri o
Barragem Blang

ruz
6750000

6750000
Barão São Vendelino Canela
!
! !
Nova Petrópolis
! !
Feliz Vale Real
Alto ! Gramado
São Pedro da Serra !
!
!Salvador do Sul Picada Café São Francisco de Paula

A rroi o Ma uá
!
Feliz
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!
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Tupandi Linha Nova de
Poço das Antas !

a
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Ri o
! Santa
!
Maria do Herval
Bom Princípio
! !
! Morro Heuter Três Coroas
Brochier Maratá Presidente Lucena !
! ! !Harmonia
Dois Irmãos Nova Hartz Igrejinha
!
São Sebastião do Caí ! !
! Lindolfo Collor
! !Ivoti

Pareci Novo! Sapiranga


!
!
Estância Velha
Montenegro! Capela de Santana Legenda
! !
Portão
Limite da Bacia Hidrográfica

! Sedes Urbanas
6700000

6700000
Trecho de Rio com Atividade de Pesca*

hidrografia_simpl
!Nova Santa Rita
Rio
Aqüicultura
C
Municípios com empreendimento de aqüicultura

Triunfo 20 10 0 20 Km
! Ri o uí Municípios sem empreendimento de aqüicultura
J ac
1:750.000 *O trecho marcado se refere aquele em que foi reportada
a atividade de pesca pela associação de pescadores.
Não foram mapeados pontos em que se faz pesca amadora.
450000 500000 550000

Mapa 11.7.1 - Atividades de pesca e Aqüicultura na Bacia do Rio Caí


11.8. TURISMO E LAZER

Atividades de turismo e lazer foram mapeadas na Bacia do Caí


com base na presença ou não de infra-estrutura. Não houve cadastro da
atividade. O mapa 11.8.1 apresenta estes pontos mapeados. Deve-se
ressaltar também que o objetivo do diagnóstico foi de identificar atividades de
turismo e lazer associados aos recursos hídricos (como os usos relacionados
na Resolução 357/2005 do CONAMA: recreação de contato primário e
secundário e contemplação da paisagem).

Com base na visitação aos municípios da Bacia Hidrográfica do


Caí e nas pesquisas realizadas sobre o seu panorama turístico, verificou-se o
surgimento de novas perspectivas de desenvolvimento turístico, além da
disponibilidade da ampliação deste uso, em virtude de suas enormes
potencialidades.

A região em questão dispõe de uma riqueza histórico/cultural,


ambiental e social que ainda permite o crescimento e utilização turística, em
virtude de estar pouco ou não aproveitada no momento.

As pesquisas apontam que em busca de novas ofertas turísticas,


que atendam à demanda de mercado por produtos ecológicos, que promovam
o desenvolvimento sustentável, tem desencadeado um aumento na oferta de
atividades esportivas que utilizam os recursos hídricos existentes e as matas
de seu entorno, como as práticas de rafting, canoagem, rapel cascading, e
outras associadas a trilhas ecológicas, o que tem despertado a vocação de
vários municípios para o Ecoturismo.

Esta utilização atrai um público voltado para o contato com a


natureza preservada, de modo que configura a necessidade de um ambiente
limpo, equilibrado, com biota nativa e diversa. Este fato leva a uma
preocupação com o enquadramento da qualidade das águas necessários para
um verdadeiro potencial turístico da região, do ponto de vista esportivo e
ambiental.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

113
¯
430000 460000 490000 520000 550000 580000
6780000

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Ca
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A
Caxias do Sul
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Arroio Nicola

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6750000

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Arroio Forromeco

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São Pedro da Serra! Sa Sa

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Poço das Antas ! Feliz io São Francisco de Paula
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! ! oio Sepultura
## io
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Salvador do Sul Arr Arro
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! Santa Maria do Herval Rio Legenda


# # Linha Nova
!Bom Princípio # # Cad
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Arroio Vead
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! # Morro Heuter !
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! !roio Ma ! ## # #
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ro Igrejinha
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Arroio Feitoria Nova Hartz
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!São Sebastião do Caí Sedes municipais


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6720000

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ar

Pareci Novo Sapiranga


# Pontos turísticos
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! Estância Velha !
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Obs.: os pontos turísticos mapeados tem maior


la
Ca

importância no que se refere a: número de usuários,


io

reconhecimento local e infra-estrutura. Podem existir


ro

Jardim outros locais utilizados para turismo não mapeados.


Ar

Bom 0 5 10 20 30 40
Arroio Nova Santa Rita
! Km
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6690000

6690000
ai 1:750.000
Rio Cai
Triunfo #
! Rio jacuí

430000 460000 490000 520000 550000 580000

Mapa 11.8.1 - Localização dos Pontos Turísticos Ligados ao Recurso Hídrico


11.9. SÍNTESE DAS DEMANDAS DE ÁGUA NA BACIA

Os quadros 11.9.1 e 11.9.2 apresentam as demandas consuntivas


e as cargas orgânicas que atingem os recursos hídricos superficiais da Bacia
Hidrográfica do Rio Caí, respectivamente.

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

115
Quadro 11.9.1 - Demandas consuntivas de água na Bacia Hidrográfica do Rio Caí

geração Total
Criação animal Abastecimento Indústria Olericultura Orizicultura
Segmento energia
(m3/s)
(m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s) 3 média (m3/s)
(m /s)

Alto Caí-Barragens 0,0084 0,062 0 0,0001 8,07 0 8,1404

Alto Caí-Lava Pés 0,0004 0,28 0 0,0000 0 0 0,2804

Alto Caí-Caracol 0,0016 0 0 0,0072 0 0 0,2892

Alto Caí-Macuco-Forqueta 0,0003 0 0 0,0333 0 0 0,3228

Arroio Piaí 0,0028 0 0 0,1327 0 0 0,1356

Arroio Pinhal 0,0018 0,005 0 0,0106 0 0 0,0174

Arroio Belo 0,0010 0 0 0,0021 0 0 0,0031

Alto Caí-Trecho Baixo 0,0063 0,059 0 0,0110 0 0 0,5215

Arroio do Ouro 0,0011 0 0 0,0027 0 0 0,0038

Médio Caí-Trecho Alto 0,0356 0 0,468 0,0368 0 0,4640 1,0657

Arroio Forromeco 0,0402 0 0 0,0079 0 0,2190 0,0481

Médio Caí-Tupandi 0,0042 0,056 0,01 0,0259 0 0,3696 1,2099

Total 0,1938 0,8240 2,4904 0,2981 8,07 1,0527 12,9289

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

116
Quadro 11.9.2 – Cargas orgânicas lançadas na Bacia Hidrográfica do Rio Caí

Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Esgotamento Criação


Indústria Total
Segmento Rurais Urbanos Sanitário Animal
(ton/ano) (ton/ano)
(ton/ano) (ton/ano) (ton/ano) (ton/ano)
Alto Cadeia 6,47 11,86 333,20 0,18 60,70 412,41
Alto Caí-Barragens 0,73 0,00 113,21 1,20 0,00 115,14
Alto Caí-Caracol 2,83 2,46 596,37 1,90 0,00 603,56
Alto Caí-Lava Pés 0,62 0,00 0,00 0,72 0,00 1,34
Alto Caí-Macuco/Forqueta 3,40 27,33 237,45 2,29 0,00 270,47
Alto Caí-Trecho Baixo 1,01 0,00 163,11 0,34 35,87 200,33
Arroio Belo 0,97 0,00 691,68 1,14 29,73 723,52
Arroio do Ouro 2,93 64,84 140,41 9,88 0,00 218,06
Arroio Feitoria 3,55 22,48 1.010,62 0,00 85,41 1122,06
Arroio Forromeco 7,03 21,03 381,00 132,41 13,43 554,9
Arroio Maratá 6,74 0,00 74,33 213,68 0,00 294,75
Arroio Piaí 3,94 0,00 989,10 4,54 82,00 1079,58
Arroio Pinhal 1,06 0,00 1.477,96 1,25 23,45 1503,72
Baixo Cadeia 1,81 0,00 9,35 13,81 0,00 24,97
Baixo Caí-Trecho Alto 4,43 18,74 482,13 19,96 50,98 576,24
Baixo Caí-Trecho Baixo 1,32 0,00 0,00 0,43 0,00 1,75
Baixo Caí-Trecho Médio 2,47 0,00 0,00 5,11 0,00 7,58
Médio Caí-Trecho Alto 4,43 24,18 316,03 53,95 10,65 409,24
Médio Caí-Trecho Baixo 1,38 0,00 745,56 9,57 78,53 835,04
Médio Caí-Tupandi 5,73 0,10 546,37 339,16 3,60 894,96

Total 62,85 193,02 8.307,89 811,5 474,37 9.849,63

P-0222-Tx826- Cap 11 - Usos da água

117
XII. BALANÇO HÍDRICO SUPERFICIAL
Para a realização do balanço hídrico na Bacia do Caí, são
comparadas as disponibilidades hídricas com o total dos usos consuntivos
existentes. Como sub-unidade de balanço, foram adotados os 20 segmentos
definidos inicialmente.

A disponibilidade hídrica foi obtida a partir do modelo hidrológico


calibrado durante o diagnóstico de disponibilidade (Relatório Temático A2 -
Disponibilidades Hídricas). Este modelo foi calibrado levando-se em conta o
armazenamento e a transposição de vazões no Sistema Salto. Por ser uma
obra relativamente antiga e representar uma demanda significativa de água, o
Sistema influencia fortemente a disponibilidade hídrica à jusante. Desta forma,
se optou por adotar dois procedimentos distintos, de acordo com o segmento:

ƒ no segmento Alto Caí-Barragens, onde se encontra o Sistema


Salto, foram adotadas as vazões características naturais, ou
seja, aquelas que ocorreriam caso o Sistema não existisse.
Devido à regularização, se adotou a vazão média como
medida da disponibilidade hídrica;

ƒ nos segmentos a jusante, foram calculadas as vazões


características considerando o Sistema Salto, por serem as
vazões que os usuários nestes segmentos efetivamente
observam. A demanda de água da transposição do Sistema
Salto não foi considerada no balanço, por já ter sido
considerada em separado no balanço do segmento Alto
Caí/Barragens.

Nos demais casos, demandas em segmentos mais a montante


eram acumuladas e computadas no balanço dos segmentos a jusante. O
cotejo entre oferta e demanda hídrica é feito em base anual comparando-se as
demandas com a vazão característica natural Q90, ou seja, com a vazão que é
superada em 90% do tempo.

O quadro 12.2.1 apresenta os resultados do balanço hídrico


realizado para cada segmento da Bacia do Rio Caí. De modo a visualizar com
maior clareza os resultados apresentados no quadro 12.2.1, o mapa 12.2.1
aponta o resultado da comparação entre a demanda e a vazões de referência
utilizada (Q90).

O Relatório Temático A.4 apresenta os valores de Balanço Hídrico


realizados para diferentes vazões de referência.

P-0222-Tx826- Cap 12 - Balanço

118
Quadro 12.2.1 – Vazão característica natural (Q90), setores de demanda e percentual de comprometimento da vazão característica com as
demandas atuais
Percentual
Q90 Demandas Abastecimento Dessedentação Abast. Geração Orizi- demandado
Segmento Olericultura Total
(m3/s) a montante humano animal Indus. energia cultura* em relação
à Q90

Alto Caí/Barragens 2,00 0,0620 0,0084 0,0001 8,0700 8,1404 416%

Alto Caí/Lava-Pés 1,20 0,2800 0,0004 0,2804 23%

Alto Caí/Caracol-Juá 2,50 0,2804 0,0016 0,0072 0,2892 11%

Alto Caí/Macaco/Forqueta 3,90 0,2892 0,0003 0,0333 0,3228 8%

Arroio Piaí 1,10 0,0028 0,1327 0,1356 13%

Arroio Pinhal 0,26 0,0050 0,0018 0,0106 0,0174 7%

Arroio Belo 0,20 0,0010 0,0021 0,0031 2%

Alto Caí-Trecho Baixo 6,20 0,4453 0,0590 0,0063 0,0110 0,5215 8%

Arroio do Ouro 0,71 0,0011 0,0027 0,0038 1%

Médio Caí-Trecho Alto 9,00 0,5253 0,0356 0,0368 0,4700 1,0657 12%

Arroio Forromeco 1,90 0,0402 0,0079 0,0481 3%

Médio Caí/Tupandi 12,70 1,1137 0,0560 0,0042 0,0259 0,0100 1,2099 10%

Alto Cadeia 3,20 0,0012 0,0085 0,0097 0%

Arroio Feitoria 1,00 0,0450 0,0024 0,0039 0,0513 5%

Baixo Cadeia 4,70 0,0610 0,0053 0,0038 0,0701 1%

Arroio Maratá 0,62 0,0001 0,0011 0,0012 0%

Médio Caí/Trecho Baixo 19,00 1,2813 0,287 0,0014 0,0059 0,1300 1,7056 9%

Baixo Caí/Trecho Alto 19,90 1,7056 0,0127 0,0021 0,1324 0,4640 2,3167 12%

Baixo Caí/Trecho Médio 20,40 2,3167 0,03 0,0017 0,0020 0,2190 2,5694 13%
*demanda média ao longo do ano

P-0222-Tx826- Cap 12 - Balanço

119
450000 500000 550000

Arroio Piaí
¯
Arroio BeloArroio Pinhal Alto Caí - Caracol/JuáAlto Caí - Lava Pés

Arroio do Ouro
Alto Caí - Macuco/Forqueta
Alto Caí - trecho baixo Alto CaÍ - Barragens
6750000

6750000
Arroio Forromeco

Médio Caí - trecho alto

Alto Cadeia
Legenda
Médio Caí - Tupandi
Limite da Bacia Hidrográfica
Arroio Maratá % da Q90 utilizada pelas demandas atuais
Arroio Feitoria
Baixo Cadeia
0-5%

Médio Caí - trecho baixo 5 - 10 %

Baixo Caí - trecho alto 10 - 20 %

20 - 50 %
6700000

6700000
Baixo Caí - trecho médio
50 - 70 %

Baixo Caí - trecho baixo > 70%


0 5 10 20 30 40
km Obs.: para o Segmento Alto Caí-Barragens foi considerada
a vazão média de longo período
1:750.000
450000 500000 550000

Mapa 12.2.1 - Balanço hídrico para a vazão com 90% de permanência - Q90
Síntese do balanço hídrico

De forma geral, o balanço hídrico na bacia do Caí apresenta


quatro aspectos distintos:

ƒ Por um lado há os segmentos que representam afluentes do


Rio Caí, tanto da margem esquerda quanto da margem
direita, cuja água ainda é pouco utilizada e que se encontram
em situação muito confortável do ponto de vista do uso
consuntivo dos recursos hídricos superficiais. É o caso
principalmente dos segmentos Arroio Belo, Arroio do Ouro,
Alto Cadeia e Arroio Maratá, mas também dos segmentos
Arroio Pinhal, Arroio Feitoria e Baixo Cadeia. Apenas o Arroio
Piaí aponta um comprometimento mais intenso da
disponibilidade hídrica com os usos consuntivos atuais.

ƒ Entre os segmentos que englobam trechos do eixo principal


do Rio Caí, há que se destacar o segmento Alto Caí-
Barragens. Devido à singularidade representada pela
transposição de vazões, optou-se por realizar um balanço em
separado neste segmento, tomando-se a vazão média como
medida da disponibilidade hídrica, devido à regularização.
Mesmo assim, a disponibilidade hídrica já se encontra
significativamente comprometida com usos atuais neste
segmento.

ƒ Nos segmentos intermediários que englobam trechos do curso


principal do Caí, a situação é um pouco mais confortável.
Apenas no segmento Alto Caí/Lava-Pés há uma porcentagem
significativa da disponibilidade sendo usada, devido à
captação da CORSAN para abastecimento de Canela e
Gramado.

ƒ Por fim, nos três segmentos mais de jusante (Baixo Caí-


Trecho Alto, Baixo Caí-Trecho Médio e Baixo Caí-Trecho
Baixo), há a introdução da demanda para irrigação do arroz,
que afeta bastante o balanço. Desta forma, há um grau de
uso acima de 50% da disponibilidade. No entanto, deve-se
levar em conta que a disponibilidade hídrica efetivamente
observada nestes segmentos é maior, uma vez que existe
inversão de fluxo do Caí e entrada de água do Rio Jacuí em
toda a extensão destes trechos. Assim, em boa parte do
tempo os orizicultores podem estar retirando água “gerada”
em outra bacia. Embora atualmente este fato acarrete em
uma situação de relativo conforto para o balanço hídrico
nestes segmentos, futuramente as decisões sobre o uso desta
água devem ser concatenadas com o Plano de Bacia do Baixo
Jacuí (ainda não elaborado) e com o respectivo Comitê de
Bacia.

P-0222-Tx826- Cap 12 - Balanço

121
XIII. MOBILIZAÇÃO SOCIAL NA FASE A
13.1 EVENTOS E SISTEMÁTICA ADOTADA

A Mobilização Social para a Fase A do Plano de Bacia do Rio Caí


foi conduzida pela Comissão de Acompanhamento e pelo Comitê Caí e apoiada
pela consultora.

Os eventos de mobilização social nesta Fase A tiveram por


objetivo a tomada de duas decisões fundamentais do Plano: validar o
Diagnóstico de Usos da Água e; colher as primeiras intenções da sociedade da
Bacia quanto aos usos futuros das águas (Pré-Enquadramento).

A Validação do Diagnóstico de Demandas Hídricas foi realizada no


âmbito do Comitê Caí tendo sido criados grupos temáticos de discussão. Cada
grupo temático foi responsável pela avaliação descritiva de partes do
diagnóstico preliminar, a saber: Abastecimento Público, Esgoto Sanitário,
Geração de Energia, Indústria, Lazer e Turismo, Mineração e Transporte
Hidroviário, Produção Rural. Cada um destes temas coube a um grupo
temático. Além destes grupos temáticos outros dois: (i) das Universidades,
Associações Profissionais e ONG's e; (ii) do Estado, foram responsáveis pela
leitura e opinião a respeito de todo o diagnóstico preliminar. Todas as
contribuições foram avaliadas pela consultora e pela Comissão de
Acompanhamento. As contribuições foram incorporadas ao relatório final do
diagnóstico ou registradas e não incorporadas mediante justificativa técnica.
Os resultados do que foi chamado "diagnóstico validado" foram levados
novamente ao conhecimento do Comitê Caí.

O Pré-Enquadramento foi realizado em dois momentos distintos:


inicialmente foram realizadas 04 (quatro) Consultas Públicas descentralizadas
em Gramado, Caxias do Sul, São Sebastião do Caí e Dois Irmãos. Nestas
consultas públicas foram realizadas oficinas de consulta a comunidade a
respeito dos usos da água. Num segundo momento a consulta foi repetida no
âmbito do Comitê Caí sendo resgatados os grupos temáticos que foram
mobilizados para a Validação do Diagnóstico de Demandas Hídricas.

As figuras a seguir ilustram os dois processos principais da


Mobilização Social na Fase A (Validação do Diagnóstico e Pré-Enquadramento).

P-0222-Tx826- Cap 13 - Mobilização Social

122
Consultora realiza o
diagnóstico em versão
preliminar No Comitê são formados Em oficina de trabalho no
sob orientação da Comissão grupos de trabalho e Comitê é apresentado o
de Acompanhamento definidos Relatores para Diagnóstico Preliminar e
o recebimento e são entregues a ficha de
Consultora prepara ficha de avaliação do Diagnóstico avaliação e material de
avaliação e material de Preliminar apoio
apoio para grupos temáticos
sob orientação da Comissão
de Acompanhamento

Reuniões
temáticas Os resultados são
O
realizadas pelos O relator processados pela
Diagnóstico
Relatores para preenche a Profill sob
Validado é
subsidiar o ficha de orientação da
apresentado
preenchimento do avaliação Comissão de
ao Comitê Caí
material de Acompanhamento
trabalho

Figura 13.1 - Sistemática adotada na Validação do Diagnóstico

COMISSÃO DE
ACOMPANHAMENTO E
CONSULTORA SINTETIZA
PRODUTO DA CONSULTAS
EM 01 (UM) MAPA DAS
Realização de 04 PÚBLICAS:
CONSULTAS PÚBLICAS
(quatro) consultas
públicas 04 (quatro) mapas com
EM CLASSES DE USOS DA
descentralizadas intenções de uso
ÁGUA (Conforme Res.
espacializadas
357/2007)

COMISSÃO DE
ACOMPANHAMENTO E
PRODUTO DOS GRUPOS DE CONSULTORA SINTETIZA
Trabalho dos grupos DISCUSSÃO:
de discussão 09 EM 01 (UM) MAPA
09 (nove) mapas com DOS GRUPOS DISCUSS.
(nove) grupos intenções de usos
espacializados EM CLASSES DE USOS DA
ÁGUA (Conforme Res.
357/2007)

Em reunião do Comitê
os dois mapas
alternativos de foram
ajustados para o MAPA
DE PRÉ-
ENQUADRAMENTO

Figura 13.2 - Sistemática adotada no Pré-Enquadramento

P-0222-Tx826- Cap 13 - Mobilização Social

123
13.2. RESULTADOS DA MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Como resultado da validação do diagnóstico foram colhidos 09


(nove) pareceres dos grupos setoriais de discussão. Cada um dos
aproximadamente 140 (cento e quarenta) itens levantados neste processo de
validação foram contemplados nos relatórios técnicos ou justificados. De
maneira geral entende-se que o objetivo da validação foi alcançado e que o
Comitê Caí e suas categorias foram suficientemente informadas pelo
diagnóstico, bem como participaram de sua elaboração.

Do ponto de vista do processo de Pré-Enquadramento, os


objetivos também foram alcançados. A forma diferenciada de realização da
discussão do Pré-Enquadramento em duas etapas: (i) nas Consultas Públicas
e; (ii) nos grupos setoriais de discussão no âmbito do Comitê Caí ao que tudo
indica, informa, cria consciência e entendimento crítico do processo e permite
consensos como foi aquele obtido na oficina final de Enquadramento.

Todo o processo de mobilização social do Plano da Bacia do Rio


Caí, em sua Fase A, que culminou com o Pré-Enquadramento, foi descrito
pormenorizadamente no Relatório Temático A.5.

P-0222-Tx826- Cap 13 - Mobilização Social

124
XIV.PRÉ-ENQUADRAMENTO DOS RECURSOS
HÍDRICOS SUPERFICIAIS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CAÍ
De acordo com o que foi relatado no item 13 (maiores detalhes
apresentados no Relatório Temático A.5), o Pré-Enquadramento foi obtido a
partir da síntese entre as opiniões obtidas nas consultas públicas de Pré-
Enquadramento (04 consultas públicas) e os pareceres indicativos de Pré-
Enquadramento obtidos no grupos setoriais de discussão no âmbito do Comitê
Caí. O quadro 14.1 apresenta o resultado desta discussão. O mapa 14.1
espacializa as informações.

Quadro 14.1 - Pré-Enquadramento da Bacia do Rio Caí

Pré-Enquadramento (Res.
Trecho 357/2005 CONAMA)
Arroio Maratá - Nascentes CLASSE 1
Baixo Caí - trecho alto CLASSE 2
Médio Caí - Tupandi CLASSE 2
Arroio Forromeco CLASSE 2
Baixo Caí - trecho baixo CLASSE 2
Baixo Cadeia CLASSE 3
Médio Caí - trecho alto CLASSE 1 OU 2*
Arroio do Ouro CLASSE 1
Alto Cadeia CLASSE 2
Arroio Belo CLASSE 2
Arroio Pinhal CLASSE 3
Alto Caí - trecho baixo CLASSE 1 OU 2*
Alto Caí - Lava Pés CLASSE 1
Alto Caí - Barragens CLASSE 1
Médio Caí - trecho baixo CLASSE 2
Arroio Piaí - Oeste CLASSE 2
Arroio Piaí - Leste CLASSE 1
Arroio Maratá CLASSE 2
Arroio Feiroria - Serraria CLASSE 1
Baixo Caí - trecho médio - Bom Jardim CLASSE 2 OU 3**
Baixo Caí - trecho médio CLASSE 2
Alto Caí - Macaco Forqueta - Margem Direita CLASSE 1 (Rio Caí em CLASSE 2)
Alto Caí - Macaco Forqueta - Margem Esquerda CLASSE 2 (Rio Caí em CLASSE 2)
Alto Caí - Caracol Juá - Margem Direita CLASSE 1 (Rio Caí em CLASSE 1)
Alto Caí - Caracol Juá - Margem Esquerda CLASSE 2 (Rio Caí em CLASSE 1)
Arroio Feitoria - trecho alto CLASSE 1
Arroio Feitoria - trecho médio CLASSE 2
Arroio Feitoria - trecho baixo CLASSE 3
* Compatibilizar hortaliças consumidas cruas
** Avaliar Bom Jardim em CLASSE 3

Em alguns trechos foram indicados usos de Classe Especial os


quais serão estudados na Fase de Enquadramento da Bacia (vê mapa 14.1).

P-0222-Tx826- Cap 14 - Pré-Enquadramento

125
-200000 0 200000 400000 600000
440000 480000 520000 560000

7000000

7000000
6780000

6780000
¯

6800000

6800000
Região Hidrográfica
do Guaíba
Região Hidrográfica
do Uruguai
Arroio Piaí - Leste

6600000

6600000
Região Hidrográfica
do Litoral

6400000

6400000
Arroio Belo Arroio Piaí - Oeste Alto Caí - Caracol Juá Alto Caí - Lava Pés
Margem Direita
Arroio Pinhal
Alto Caí - Macaco Forqueta
-200000 0 200000 400000 600000
Arroio do Ouro Margem Direita

Alto Caí - Macaco Forqueta


Alto Caí - trecho baixo Margem Esquerda Alto Caí - Caracol Juá
Alto Caí - Barragens
Arroio Forromeco Margem Esquerda
6750000

6750000
Médio Caí - trecho alto
Alto Cadeia

Alto Cadeia

Arroio Maratá Médio Caí - Tupandi


Nascentes
Alto Cadeia
Arroio Feiroria
Serraria
Arroio Maratá Arroio Feitoria Arroio Feitoria - trecho alto
trecho médio
Baixo Cadeia Arroio Feitoria
trecho baixo
Legenda
6720000

6720000
Limite da Bacia Hidrográfica
Médio Caí - trecho baixo
PRÉ-ENQUADRAMENTO

Baixo Caí - trecho alto CLASSE 1

CLASSE 1 OU 2
Baixo Caí - trecho médio

CLASSE 2
Baixo Caí - trecho médio
Bom Jardim
CLASSE 2 OU 3

Baixo Caí - trecho baixo


CLASSE 3
6690000

6690000
Trechos a estudar Classe Especial

440000 480000 520000 560000

0 5 10 20 30 40
km Mapa de PRÉ-ENQUADRAMENTO da Bacia
1:450.000 Hidrográfica do Rio Caí

Escala de apresentação: 1:450000 Mapa 14.1.1

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