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Ouro e Conflitos no Brasil Colonial

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ECONOMIA MINERADORA

1. GUERRA DOS EMBOABAS (1709)

- Descoberta do Ouro ! Paulistas x Emboabas ! Extração do Ouro

A notícia da descoberta do ouro atraiu pessoas de várias partes da


Colônia e da Metrópole, gerando desentendimentos acerca da questão do direito
de explorar as minas. Pertenceria aos descobridores paulistas ou aos
“invasores” (emboabas)?

- Capão da Traição

Com a vitória dos Emboabas Portugal criou algumas vilas com o objetivo
de controlar a extração do ouro, tendo em vista que, segundo o pensamento
metropolitano, o ouro pertencia a Portugal por ter sido encontrado em seu
território.

2. O CONTROLE SOBRE O OURO


A descoberta das jazidas e o início da extração aurífera no Brasil
impunham a Portugal a necessidade de uma administração mais rígida,
compatível com os interesses da Coroa. Uma administração que assegurasse os
privilégios da metrópole, facilitasse a política fiscal e impusesse absoluto
controle sobre tudo que dissesse respeito à mineração.

2.1. Regimento de 1702

• Intendência das Minas: Órgão responsável por controlar a extração do


ouro, além de cobrar impostos e julgar crimes relacionados à mineração.
• Divisão em Datas (lotes)
• O tamanho das Datas variava de acordo com o número de escravos que o
pretendente possuísse.

2.2. Modalidades de Extração

• Lavras – Grandes unidades de extração formadas por importantes jazidas.


• Faisqueiras – Unidades menores onde a extração do ouro era feita por
garimpeiros que trabalhavam sozinhos ou com um pequeno número de
escravos.

3. CONTROLE SOBRE OS DIAMANTES

• Criação do Distrito Diamantino.


• Contratador
• Intendência dos Diamantes.

OBS: Em 1771, o Marquês de Pombal extinguiu o sistema de contratação e


determinou que a exploração do diamante seria feita unicamente pela Coroa.
4. TRIBUTAÇÃO SOBRE A MINERAÇÃO
a) Quinto
O regimento determinava que 20% de todo o ouro extraído no Brasil era
da Coroa. Em 1730, o governo reduziu o quinto para 12%.

b) Casas de Fundição
Local onde o ouro seria quintado, transformado em barras e selado. O
objetivo era diminuir o contrabando, pois, a partir desse momento, ficava
proibida a circulação do ouro em pó ou em pepitas.

c) Capitação (1735)
Imposto pago por cada escravo que o minerador possuísse. Na verdade,
herança medieval, esse imposto correspondia a obrigatoriedade do pagamento
de uma taxa sobre o conjunto dos bens que o indivíduo possuía.

d) Derrama
O Governo Português estipulou em 100 arrobas anuais o mínimo
arrecadado. Se essa quantia não fosse atingida processar-se-ia a derrama, isto é,
a cobrança complementar, que geralmente era praticada com requintes de
violência.

OBS: Para fugir desse pesada tributação, os mineiros criaram formas para burlar
o pagamento dos impostos e contrabandear o ouro. Uma das mais famosas ficou
conhecida como “Santinho do pau oco”. Há autores que afirmam que cerca de
20% do ouro exportado saiu do Brasil via contrabando.

OBS 2: O excesso da carga tributária gerava, consequentemente, um aumento no


preço dos produtos, especialmente dos alimentos. Fica claro, portanto, o
descontentamento e insatisfação popular frente ao Governo Português.

OBS 3: Existiam ainda alguns impostos residuais, que não tributavam


diretamente o ouro, por exemplo, pedágios, como impostos de entrada e
passagem pela região das Minas.

5. REVOLTA DE FELIPE DOS SANTOS (VILA RICA, 1720)


A principal causa foi a criação das casas de fundição, que apertaram o
cerco para os mineradores. Além disso, o sentimento de insatisfação com a carga
tributária era evidente e a crise social era perceptível, pois os impostos
encareceram o custo de vida na região das Minas.
Um grupo de mineiros e escravos, liderados por Felipe dos Santos,
dominou Vila Rica, apresentando uma petição ao Governador, o Conde de
Assumar, com várias exigências, entre as quais o fim das casas de fundição e o
respeito à liberdade dos revoltosos, além da diminuição do preço dos
alimentos. O governador, para ganhar tempo, fingiu aceitar as condições dos
revoltos. Assim que conseguiu reunir as forças militares necessárias, reprimiu a
revolta, prendeu alguns rebeldes e condenou Felipe dos Santos à morte por
garroteamento.
6. DESTINO DO OURO BRASILEIRO
Se de um lado a Restauração da Monarquia Portuguesa significou a
recuperação da independência política da nação lusitana, de outro implicou o
início de um processo de dependência econômica que durou séculos. Arruinada
economicamente, a Coroa Portuguesa foi obrigada a fazer alianças e assinar
tratados, especialmente com a Inglaterra.

6.1. Tratado de Methuen (1703)


Tratado, segundo o qual, determinava que a Inglaterra seria obrigada a
comprar o vinho português, enquanto Portugal teria a obrigação de comprar
produtos têxteis da Inglaterra.

• Na prática, a Inglaterra já visava o ouro brasileiro, tendo em vista que


seria exportado muito mais produtos têxteis do que importado o vinho.
• Esse tratado aniquilou a possibilidade de Portugal desenvolver a
indústria manufatureira.
• Autores afirmam que em 50 anos extraiu-se mais ouro do Brasil do que na
América Espanhola em 350 anos. Toda essa riqueza, que em grande parte
chegava na Inglaterra, serviu para financiar o crescimento econômico
inglês e permitiu que ela atravessasse as guerras napoleônicas com êxito.

7. MUDANÇAS OCORRIDAS DEVIDO À MINERAÇÃO

• Ocupação e povoamento do interior brasileiro.


• Crescimento populacional.
• Florescimento da vida urbana.
• Desenvolvimento de uma classe média.
• Mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro.
• Consolidação do Mercado Interno.

OBS: Segundo nos informa Darcy Ribeiro (1995, p.194), em fins do século XVI, a
colônia possuía 3 cidades, a maior delas, Salvador, então sede do Governo Geral,
contava com aproximadamente 15 mil habitantes; no final do século XVII,
salvador tinha em torno de 30 mil habitantes e Recife tinha 20 mil. Ao final do
século XVIII, enquanto cidades centenárias como Salvador e Recife tinham por
volta de 40 mil e 25 mil habitantes, respectivamente, a jovem cidade de Vila Rica,
hoje Ouro Preto, elevada à categoria de Vila somente em 1711, já possuía cerca
de 30 mil habitantes.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. São Paulo:


Companhia das Letras, 1995, p. 194.
8. SOCIEDADE MINERADORA

9. A ÉPOCA DE POMBAL (1750 – 1777)

Embora não tenha alcançado plenamente seu objetivo de salvar Portugal da


dependência britânica, o ministro português Marquês de Pombal adotou várias
medidas nesse sentido. Pretendia, assim, anular os desastrosos efeitos do
Tratado de Methuen.

a) Estimulou as manufaturas portuguesas.


b) Proibiu a exportação do ouro.
c) Combateu o contrabando.

Criou a Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão e a


Companhia do Comércio de Pernambuco e Paraíba, ambas dotadas do direito
de monopólio por 20 anos do comércio e da navegação naquelas regiões.
A ideia de se criar de se criar uma companhia de comércio para o Rio de
Janeiro esbarrou na reação dos ingleses, que não admitiam perder a liberdade
de comerciar com a rica região escoadora do ouro das Minas Gerais.

• Entrou em choque com a Companhia de Jesus.


• Promoveu uma reforma no Ensino, retirando dos padres a educação
escolar e colocando-a nas mãos de professores leigos contratados pelo
Estado. O nível do ensino caiu em virtude da falta de preparo desses
professores contratados.
• Transferiu a capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763.
• Foi responsável por instituir a primeira derrama (1762-1763).
OBS: Considerado um déspota esclarecido e influenciado pelas ideias liberais
da época, o Marquês de Pombal, em relação à colônia, sempre foi um opressor
radical.

REVISANDO E SE PREPARANDO...

01. Duas atividades econômicas destacaram-se durante o período colonial


brasileiro: a açucareira e a mineração. Com relação a essas atividades
econômicas, é correto afirmar que:
a) na atividade açucareira, prevalecia o latifúndio e a ruralização, a mineração
favorecia a urbanização e a expansão do mercado interno.
b) o trabalho escravo era predominante na atividade açucareira e o assalariado
na mineradora.
c) o ouro do Brasil foi para a Holanda e os lucros do açúcar serviram para a
acumulação de capitais ingleses.
d) geraram movimentos nativistas como a Guerra dos Emboabas e a Revolução
Farroupilha.
e) favoreceram o abastecimento de gêneros de primeira necessidade para os
colonos e o desenvolvimento de uma economia independente da Metrópole.

02. A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas
nas primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como
a) movimentos isolados em defesa de idéias liberais, nas diversas capitanias, com
a intenção de se criarem governos republicanos.
b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento
nacionalista, visando à independência política.
c) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam aspectos da política
econômica de dominação do governo português.
d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites
locais, negando a autoridade do governo metropolitano.

03. Um número considerável de alforrias, a existência de um comércio ilícito,


uma grande quantidade de tributos e uma inflação considerável são alguns dos
traços que caracterizavam:
a) a sociedade colonial brasileira às vésperas da Independência;
b) a economia paulista no auge do século XVII;
c) Pernambuco na segunda metade do século XVI;
d) as missões jesuíticas do Norte;
e) a sociedade mineira do século XVIII.

04. Se bem que a base da economia mineira também seja o trabalho escravo, por
sua organização geral ela se diferencia amplamente da economia açucareira.
(Celso Furtado, "Formação econômica do Brasil") A referida diferenciação se
expressa
a) na relação com a terra que, por ser abundante no nordeste, não se constituía
fator de diferenciação social.
b) na imposição de controle rígido das exportações de açúcar, medida não
tomada em relação ao ouro.
c) na pequena lucratividade da economia açucareira e na rapidez com que os
senhores de engenho se desinteressaram pela mesma.
d) no isolamento da região mineradora, que não mantinha relações comerciais
com o resto da colônia, tal como ocorria no nordeste.
e) na existência de possibilidades de ascensão social na região das minas, uma
vez que o investimento inicial não era, necessariamente, elevado.

05. A exploração de depósitos auríferos nas Minas Gerais provocou uma série de
mudanças na Colônia e nas suas relações com a Metrópole. Com relação aos
efeitos da economia mineradora, é INCORRETO afirmar que:
a) contribuiu para o deslocamento do centro econômico colonial das capitanias
do Nordeste para a região das minas, onde a ação fiscal e administrativa do
governo se tornou menos rígida.
b) deu origem a uma sociedade com maior mobilidade social e distribuição de
riqueza do que aquela que se formou no Nordeste em função da produção
açucareira.
c) foi acompanhada da eclosão de diversas rebeliões, sendo a mais conhecida a
Inconfidência Mineira, considerada o principal movimento de contestação do
estatuto colonial.
d) atraiu legiões de imigrantes de vários pontos do Império Português e de
outros países, contribuindo também para o aumento das importações de
escravos africanos.

06. Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre a tributação do ouro


nas Minas no período colonial, EXCETO:
a) A Derrama era a cobrança dos impostos atrasados quando não eram
preenchidas as cotas anuais.
b) A tributação do ouro se verificou inicialmente sob a forma de cobrança por
bateias.
c) O imposto da Capitação recaía sobre todo escravo empregado nos trabalhos
auríferos.
d) O ouro passou a ser quintado somente a partir da instalação das Casas de
Fundição.
e) O quinto correspondia a uma porcentagem sobre a produção paga pelos
mineradores.

07. A corrida do ouro em Minas Gerais no final do século XVII trouxe uma riqueza
muito grande para a Coroa portuguesa mas também exigiu muitos esforços no
sentido de fiscalizar a produção e punir o contrabando. Assinale a expressão
correta a respeito das medidas fiscais empreendidas por Portugal na área das
minas:
a) apesar dos protestos dos fidalgos encarregados da arrecadação, a Coroa
portuguesa evitava pressionar os produtores através das derramas, limitando-se
a aumentar os impostos.
b) sem conseguir se impor aos proprietários das minas, a administração colonial
passou a permitir a livre comercialização do ouro, arrecadando impostos nos
portos e nas estradas.
c) a administração colonial instalou as casas de fundição para regulamentar a
produção do ouro e arrecadar mais impostos, obtendo total apoio dos
proprietários das minas.
d) ao aumentar a carga fiscal e as casas de fundição, a Coroa logrou aumentar a
arrecadação de impostos, mas provocou a revolta dos proprietários das minas.

08. (Mackenzie) Duas atividades econômicas destacaram-se durante o período


colonial brasileiro: a açucareira e a mineração. Com relação a essas atividades
econômicas, é correto afirmar que:
a) na atividade açucareira, prevalecia o latifúndio e a ruralização, a mineração
favorecia a urbanização e a expansão do mercado interno.
b) o trabalho escravo era predominante na atividade açucareira e o assalariado
na mineradora.
c) o ouro do Brasil foi para a Holanda e os lucros do açúcar serviram para a
acumulação de capitais ingleses.
d) geraram movimentos nativistas como a Guerra dos Emboabas e a Revolução
Farroupilha.
e) favoreceram o abastecimento de gêneros de primeira necessidade para os
colonos e o desenvolvimento de uma economia independente da Metrópole.

09. (Espm 2012) Em 1720, a Coroa portuguesa decidiu proibir definitivamente a


circulação de ouro em pó, instalando a Casa de Fundição em Vila Rica, onde todo
o metal extraído das minas deveria ser transformado em barras para depois ser
transportado ao litoral.

A medida pretendia acabar com o contrabando e incrementar a arrecadação de


impostos, prejudicando os interesses dos proprietários de lavras auríferas,
comerciantes e profissionais liberais que recebiam ouro em pó pelos seus
serviços, além dos tropeiros que escoavam a produção.

As novas diretrizes foram intensamente discutidas nos bares, nas tavernas, e


críticas ferozes eram lançadas, nas rodas de conversa, contra a administração
local. Uma revolta se levantaria contra as medidas de controle da Coroa.

(Fábio Pestana Ramos e Marcus Vinicius de Morais. Eles formaram o Brasil)

A revolta ocorrida contra as medidas de controle da Coroa portuguesa foi:


a) a Guerra dos Emboabas;
b) a Revolta de Felipe dos Santos;
c) a Inconfidência Mineira;
d) a Guerra dos Mascates;
e) a Revolta de Beckman.

10. (Ufrn 2000) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica,
verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas
como
a) movimentos isolados em defesa de ideias liberais, nas diversas capitanias, com
a intenção de se criarem governos republicanos.
b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento
nacionalista, visando à independência política.
c) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam aspectos da política
econômica de dominação do governo português.
d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites
locais, negando a autoridade do governo metropolitano.

11. (Ufes 2006) A extração do ouro aparentemente simples atraiu milhares de


pessoas para a América Portuguesa cuja população estimada passou de 300.000
habitantes em 1690 para 2.500.000 em 1780. Metade deste aumento
demográfico ocorreu na região mineradora. Considerando essas informações
pode-se afirmar que
a) O denominado "ciclo do ouro" possibilitou uma espécie de atração centrípeta
para o mercado interno desenvolvido pela mineração e assim contribuiu como
fator de integração regional na América Portuguesa.
b) A população atraída para a mineração também desenvolveu intensa atividade
agrária de subsistência propiciando reconhecida auto-suficiência que inibiu
qualquer tipo de polarização.
c) O Regimento dos Superintendentes / Guardas-Mores e Oficiais Deputados
para as Minas que em 1702 instituiu a Intendência das Minas mantinha rigorosa
disciplina militar e constante vigilância na Estrada Real impedindo o ingresso de
emboabas e mascates nas regiões de ouro e diamantes.
d) O denominado "ciclo do ouro" ocasionou uma espécie de atração centrífuga
pois as riquezas auríferas de Goiás e da Bahia contribuíram para financiar
simultaneamente o denominado renascimento agrícola no Nordeste do Brasil no
final do século XVII.
e) A integração regional da América Portuguesa consolidou-se durante a União
Ibérica (1580-1640) quando foi removida a linha de Tordesilhas possibilitando a
convergência das regiões de pecuária para o grande entreposto comercial que
consagrou a região de Minas Gerais.

GABARITO

1. A
2. B
3. E
4. E
5. A
6. D
7. D
8. A
9. A
10. C
11. A

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