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Capitulo-Pitagoras

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Instituto Federal de Brası́lia

Teorema de Pitágoras
Prof Dr Edgar Almeida

Resumo
Essas notas devem ser usadas como material de apoio, revisão e aprofundamento das aulas de
Matemática Básica ministradas pelo prof. Edgar Almeida às turmas do curso técnico subse-
quente em Edificações do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brası́lia, cam-
pus Samambaia. Recomenda-se fortemente que todos estudantes interessados em matemática
estudem cuidadosamente os exemplos resolvidos e tentem resolver o maior número possı́vel de
exercı́cios. As seções marcadas com asterisco podem ser consideradas opcionais, embora não
sejam de modo algum supérfluas. Caso surjam dúvidas ou problemas, procure ajuda tanto nos
atendimentos quanto nas monitorias de matemática. Caso problemas de digitação sejam detec-
tados, por gentileza entre em contato através do endereço de e-mail [email protected].
Última atualização: 30 de setembro de 2022.

Neste capı́tulo revisamos o enunciado do importante teorema de Pitágoras e apresentamos


uma série de exercı́cios resolvidos. Apresentamos também uma breve contextualização histórica e
propomos uma série de exercı́cios, todos com respostas.

1 Enunciado do teorema de Pitágoras

O teorema de Pitágoras é um enunciado que vale, única e exclusivamente, para triângulos retângulos.
Um triângulo é um triângulo retângulo quando possui um ângulo reto, isto é, um ângulo de 90°.
Nesses triângulos o ângulo reto é denotado pelo sı́mbolo ⊡. O enunciado do teorema de Pitágoras
é:
Em todo triângulo retângulo o quadrado do comprimento da hipotenusa é igual
a soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos.

Para que esse enunciado faça sentido precisamos estabelecer o significado das palavras “hipo-
tenusa” e “cateto”, admitindo que conhecemos o significado das demais palavras do enunciado.
Para fixar esses significados apelamos à etimologia, isto é, ao estudo e análise da origem e da
evolução das palavras. Cateto vem de “katetos”que significa “vertical”(ou perpendicular) e hipote-
nusa deriva-se de “hypoteinousa”, que significa “estender-se sobre”e deve ser entendida como lado
que se estende sobre o ângulo reto. Consequentemente, não faz sentido empregar as expressões
cateto e hipotenusa à triângulos que não sejam triângulos retângulos.
Na prática, dado um triângulo retângulo não é difı́cil identificar a hipotenusas e os catetos. A
hipotenusa é o lado oposto ao ângulo reto e os demais lados do triângulo são os catetos, conforme
ilustrado na figura a seguir.
Matemática Básica Edificações, IFB

Nos triângulos acima o ângulo  é reto e consequentemente o lado BC é a hipotenusa pois é o


lado oposto ao vértice do ângulo reto. Os lados restantes, AB e AB são os catetos do triângulo. De
modo análogo, no triângulo DEF a hipotenusa é o lado DE - pois este é oposto ao ângulo reto F̂ - e
os lados DF e EF são os catetos.
Nos exemplos a seguir estudaremos como empregar o teorema de Pitágoras para, a partir das
medidas de dois lados de um triângulo retângulo, obter a medida do terceiro lado.

Exemplo 1. Os catetos de um triângulo retângulo medem 5 cm e 8 cm. Determine a hipotenusa.

Resolução. O teorema de Pitágoras assevera que em um triângulo retângulo o quadrado da medida da


hipotenusa é igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. Essa afirmação pode ser esquematizada
por
hipotenusa2 = cateto2 + cateto2 .

As medidas dos catetos são dadas: 6 cm e 8 cm. Já a medida desconhecida, x, é a da hipotenusa.
Substituindo os valores no esquema acima temos:

x2 = (6 cm)2 + (8 cm)2 ⇒ x2 = 36 cm2 + 64 cm2


⇒ x2 = 100 cm2 .

Como x deve ser um número positivo - afinal, é a medida de um lado de um triângulo -,


podemos extrair a raiz quadrada em ambos os lados da última igualdade:

x2 = 100 cm2 ⇒ x= 100 cm2
⇒ x = 10 cm.

Resposta: a medida da hipotenusa é 10 cm.

Nos próximos exemplos, e quando você estiver resolvendo exercı́cios, se as unidades dos lados
conhecidos são as mesmas, não é necessário incorpora-las no processo de resolução (a unidade do
lado desconhecido será a mesma unidade dos lados conhecidos). De fato, no exemplo acima as
medidas dos catetos foram expressas em centı́metros e, consequentemente, a medida da hipotenusa
foi expressa em centı́metros. Se em um problema as medidas conhecidas estiverem em unidades
distintas, basta convertê-las para uma mesma unidade, como ilustrado a seguir.

Exemplo 2. Dado o triângulo retângulo ABC abaixo, retângulo em A, determine a medida do cateto
AB.

2
Matemática Básica Edificações, IFB

Resolução. No triângulo estão indicadas as medidas do cateto AC e da hipotenusa BC, respecti-


vamente 20 centı́metros e 0,3 metro. Para compatibilizar as unidades, converteremos 0,3 metros
em centı́metros e, para isso, basta observar que 1 m = 100 cm:

0, 3 m = 0, 3 × 1 m ⇒ 0, 3 m = 0, 3 · 100 cm
⇒ 0, 3 m = 30 cm.

Deste modo, a medida x do cateto desconhecido será expressa em centı́metros e, pelo teorema de
Pitágoras temos:
hipotenusa2 = cateto2 + cateto2 ⇒ 302 = 202 + x2 .

Realizando as operações indicadas na última igualdade temos:

302 = 202 + x2 ⇒ 900 = 400 + x2


⇒ 900 − 400 = x2 ⇒ 500 = x2 .

Para obter a medida x devemos extrair a raiz quadrada de 500 e, para isso, precisamos de seus
fatores primos.
x2 = 500 ⇒ x2 = 5 · 2 · 5 · 2 · 5

⇒ x= 5·2·5·2·5

⇒ x=5·2 5

⇒ x = 10 5.

Resposta: o cateto AB tem medida 10 5 cm.

Quanto ao exemplo 2 cabem duas observações. A primeira, que embora duas das medidas
dos lados fossem números inteiros, a medida do terceiro lado é um número irracional. Isso será
bastante comum pois, como os dois primeiros exemplos deixam claro, a determinação da medida
do terceiro lado envolve a extração da raiz quadrada de um número, exceto quando esse número
é um quadrado perfeito, a raiz quadrada não será um número inteiro. Por exemplo, de 1 a 400,
apenas os números 1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, 100, 121, 144, 169, 196, 225, 256, 289, 361 e 400 tem
por raiz quadrada um número inteiro.
A segunda observação diz respeito à “exatidão” dos números irracionais. É um equı́voco

comum considerar que 5 não é um número “exato”, que seria apenas um “numero aproximado”.

Essa impressão é incorreta: o status numérico de 5 é tão legı́timo quanto o do número 1, do

número 2, do número 1.245 e de 13
37 . No entanto, na prática profissional, o número 5 é utilizado
com apenas algumas casas decimais, em geral duas casas (A quantidade de casas depende dos

dados e contexto especı́fico do problema.) Assim, é comum que 5 seja aproximado para 2,24.

3
Matemática Básica Edificações, IFB

Algo similar ocorre com a aproximação 0, 35 para 1339 . Com relação ao exemplo 2, a medida da

hipotenusa é 10 5 e na prática cotidiana essa medida é aproximada para 10 × 2, 24 = 22, 4 cm. De

modo abreviado: 10 5 ≈ 22, 4.
Antes de continuarmos o estudo do teorema de Pitágoras, enunciaremos alguns fatos básicos
acerca de triângulos. O primeiro diz respeito aos ângulos internos do triângulo e os outros dois
relacionam as medidas dos ângulos com a medida dos lados.

Três fatos básicos acerca de triângulos:

1. A soma dos ângulos internos de um triângulo é 180°.

2. Em todo triângulo, o maior lado é oposto ao maior ângulo e o menor lado é oposto ao menor
ângulo.

3. Em todo triângulo, o maior ângulo determina o vértice oposto ao maior lado e o menor ângulo
determina o vértice oposto ao menor lado.

O terceiro fato é recı́proco ao fato 2. Algumas consequências imediatas desses fatos são:

• Consequência 1: pelo fato 1, a soma dos ângulos internos é 180°. Em um triângulo retângulo
o ângulo reto tem medida 90° e portanto a soma dos outros dois ângulos é 90°. Consequen-
temente, o ângulo reto é o maior maior ângulo de um triângulo retângulo.

Observação: você, estudante, pode considerar que essa conclusão já era “óbvia”, e não
estará equivocada. Mas note que agora você você tem um argumento, sustentado em fatos
sobre triângulos, para justificar sua intuição. Esse salto conceitual não é desprezı́vel e você
aprofunda sua

• Consequência 2: pelo fato 2, se todos os lados possuem a mesma medida então todos os
ângulos possuem mesma medida. Pelo fato 1, como a soma de três ângulos de mesma
medida deve ser 180°, a medida dos ângulos é 60°.

Observação: quando os três lados do triângulo possuem a mesma medida, trata-se de um


triângulo equilátero; quando dois lados do triângulo possuem a mesma medida, tem-se um
triângulo isósceles e quando os três lados do triângulo possuem medidas diferentes entre si o
triângulo é chamado de triângulo escaleno.

• Consequência 3: reciprocamente, pelo fato 3 se os três ângulos do triângulo medem 60°, então
os três lados possuem a mesma medida.

Observação: quando os lados de um triângulo possuem a mesma medida, os lados são ditos
lados congruentes. Do mesmo modo, quando ângulos possuem a mesma medida, eles são
chamados de ângulos congruentes.

No próximo exemplo combinamos a consequência 2, acima, com o teorema de Pitágoras.

Exemplo 3. Qual a altura de um triângulo cujos lados medem 1 m?

4
Matemática Básica Edificações, IFB

Resolução. Observe que, pela consequência 2, uma vez que os lados possuem a mesma medida, os
ângulos internos do triângulo são 60° e não podemos aplicar diretamente o teorema de Pitágoras.
Entretanto, se traçarmos a altura, temos o surgimento de dois ângulos retos, como ilustrado na
figura abaixo:

Na figura à esquerda representamos o triângulo ABC de lado 1 metro. Na figura central traçamos,
pelo vértice A, a altura AD. Com isso, temos dois triângulos retângulos, CDA e CDB. Em ambos,
há os mesmos ângulos (30°, 60° e 90°) e lados de medida 1 metro e altura AD = x. Com isso,
AD = DB = 1
2 m.
Podemos, com isso, aplicar o teorema de Pitágoras ao triângulo BDC, em que a hipotenusa é
CD = 1 e os catetos são BD = 1
2 e CD = x.

 1 2
hipotenusa2 = cateto2 + cateto2 ⇒ 12 = x2 +
2
Resolvendo a última equação obtemos a medida x da altura:

 1 2 1 1 4−1
12 = x2 + ⇒ 1 = x2 + ⇒ 1− = x2 ⇒ = x2
2 4 4 4
Da última equação temos
r √
3 3 3 3
= x2 ⇒ x2 = ⇒ x=± ⇒ x= ≈ 0, 866.
4 4 4 2

3
Resposta: A altura do triângulo é precisamente metro e, aproximadamente, 0, 866 metro.
2
O próximo exemplo mostra como podemos utilizar o teorema de Pitágoras para determinar se,
dado um triângulo e as medidas de seus lados, se esse triângulo é retângulo ou não.

Exemplo 4. Em um triângulo ABC, as medidas dos lados AB, BC e CA são, respectivamente, 4 cm,
5 cm e 7 cm. Faça um esboço desse triângulo e determine se esse triângulo é ou não triângulo
retângulo.

Resolução. Um esboço do triângulo é apresentado abaixo:

5
Matemática Básica Edificações, IFB

Como o maior lado é AC = 7 cm, se o triângulo for retângulo, então AC é hipotenusa e os outros dois
lados são catetos. Vamos verificar se este é o caso:

hipotenusa2 = cateto2 + cateto2 ⇒ 72 = 42 + 52 .

Assim, se o triângulo retângulo for retângulo, a última igualdade deve ser verdadeira. Mas,

72 = 42 + 52 ⇒ 49 = 16 + 25
⇒ 49 = 41,

o que é sabidamente falso. Por que chegamos a conclusão falsa 49 = 41? Porque aplicamos o
teorema de Pitágoras a um triângulo que não é retângulo. Resposta: ABC não é triângulo retângulo
porque nele não vale o teorema de Pitágoras.

Uma pergunta natural, neste momento, é: se o ângulo B̂ do exemplo acima não é reto, então
qual a sua medida? Essa pergunta pode ser respondida com o emprego da lei dos cossenos mas,
antes de estudar essa lei há ainda muito a ser dito sobre o teorema de Pitágoras.

Exemplo 5. Determine a medida da hipotenusa de um triângulo em que o maior cateto é 3 2 cm
e a hipotenusa é o dobro do menor cateto.

Resolução. Para nos auxilia a visualizar o problema vamos desenhar um triângulo retângulo
abaixo. Note que

• O cateto maior mede 3 2 cm;

• Não sabemos a medida do cateto menor, vamos então representar por x;

• A hipotenusa é o dobro do cateto menor; como o cateto menor é x, a hipotenusa é 2x.

Esses informações todas estão condensadas na figura abaixo:

6
Matemática Básica Edificações, IFB

Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo acima:



hipotenusa2 = cateto2 + cateto2 ⇒ (2x)2 = x2 + (3 2)2

⇒ 4x2 = x2 + 9 · ( 2)2
⇒ 4x2 = x2 + 9 · 2
⇒ 4x2 − x2 = 18
⇒ 3x2 = 18

⇒ x2 = 6 ⇒ x = 6.

Resposta. Como a hipotenusa é 2x, a hipotenusa mede 2 6 cm.

O próximo exercı́cio representa uma situação presente no dia a dia profissional.

Exemplo 6. Márcia deve fazer o orçamento de uma escada com cinco degraus 5 degraus de mesma
altura, como ilustrado no croqui abaixo.

Naturalmente, ela deverá estimar o custo do material do corrimão. Para isso, suponha que, por
norma, corrimões devem ter um suporte a cada 70 cm. Se o preço de cada suporte é R$ 15,00 e que
custo do material do corrimão é R$ 45,00 por metro, qual o valor que Márcia deve colocar para o
corrimão no orçamento da escada?

Resolução. Para efetuar o orçamento Márcia do corrimão Márcia precisa, naturalmente, determi-
nar o comprimento do corrimão. Isso pode ser realizado com o auxı́lio do teorema de Pitágoras e
da figura a seguir:

7
Matemática Básica Edificações, IFB

Observe que o comprimento da parte inclinada do corrimão coincide com a hipotenusa a do


triângulo verde cujos catetos são b e c. Observando o croqui notamos que a medida b é de 90 cm
e que a medida c é 24 cm × 5 = 120 cm. Logo, aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo
destacado temos:

hipotenusa2 = cateto2 + cateto2 ⇒ c2 = a2 + b2 ⇒ a2 = 902 + 1202 .

Resolvendo a última equação, temos:



a2 = 902 + 1202 ⇒ a2 = 8.100 + 14.400 ⇒ a2 = 22500 ⇒ a = 22500 ⇒ a = 150.

Como as medidas estão todas em centı́metros, a = 150 cm. Observe que esta não é a medida do
corrimão! A medida do corrimão são os 150 cm inclinados, que acabamos de calcular, acrescido das
partes paralelas ao solo. Desse modo,

comprimento do corrimão = 150 cm + 30 cm + 30 cm = 210 cm.

Por norma, precisamos de um suporte a cada 70 cm. Como o corrimão possui 210 cm, serão
necessários
210 cm 21
= = 3 suportes.
70 cm 7
Como cada suporte custa R$ 15,00, serão necessários R$ 45,00 para adquirir os suportes. Mas o
metro do material do corrimão custa R$ 45,00 e sabendo que 210 cm são 2, 1 m, obtemos:

R$ 45, 00
custo do material do corrimão = · 2, 1 m = R$ 94, 50.
m

Finalmente, o custo de material a ser orçado é o custo do material do corrimão acrescido do custo
dos suportes, isto é,

custo do corrimão = R$ 45, 00 + R$ 94, 50 ⇒ custo do corrimão = R$139, 50.

Resposta: O custo do material do corrimão é R$ 139,50.

Exemplo 7. Em um triângulo retângulo isósceles os catetos medem x + 1 metros e, a hipotenusa,


x + 2 metros. Determine x.

Resolução. Pelo teorema de Pitágoras,

hipotenusa2 = cateto2 + cateto2 ⇒ (x + 2)2 = (x + 1)2 + (x + 1)2 .

Há um equı́voco bastante comum que é cometido nessa etapa e que devemos evitar: (x + 2)2 não
é x2 +22 ! Afinal, elevar um número ao quadrado é multiplicar esse número por ele mesmo e,

8
Matemática Básica Edificações, IFB

consequentemente,

(x + 2)2 = (x + 2) · (x + 2) ⇒ (x + 2)2 = x · x + 2 · x + x · 2 + 2 · 2
⇒ (x + 2)2 = x2 + 4x + 4.

De modo análogo,

(x + 1)2 = (x + 1) · (x + 1) ⇒ (x + 1)2 = x · x + 1 · x + x · 1 + 1 · 1
⇒ (x + 1)2 = x2 + 2x + 1.

Substituindo as expressões acima obtemos:

(x + 2)2 = (x + 1)2 + (x + 1)2 ⇒ x2 + 4x + 4 = (x2 + 2x + 1) + (x2 + 2x + 1)


⇒ x2 + 4x + 4 = 2x2 + 4x + 2.

Um modo de resolver a última equação é:

x2 + 4x + 4 = 2x2 + 4x + 2 ⇒ x2 + 4x + 4 − 2x2 − 4x − 2 = 0
⇒ x2 − 2x2 + 4x − 4x + 4 − 2 = 0
⇒ −x2 + 2 = 0
⇒ −x2 = −2
⇒ x2 = 2
√ √
⇒ x = − 2 ou x = 2.

Observe que o valor x = − 2 não serve como solução, pois caso contrário os catetos mediriam

x + 1 = − 2 + 1 ≈ −0, 414 m, o que é absurdo, pois o comprimento do lado de um triângulo não

pode ser um número negativo. Resposta.x = 2.

2 Triângulos Pitagóricos

Nessa seção veremos como podemos empregar noções já estudadas razão e proporção para, a
partir das medidas de um triângulo retângulo conhecido, determinar as dimensões de um triângulo
proporcional ao triângulo dado.
Uma terna pitagórica é uma sequência de três números ⟨a, b, c⟩, em que a, b ec são números
inteiros positivos, b não é menor que a e c2 = a2 + b2 . O nome “terna” deriva do fato de serem
consideradas sequências de três números e “pitagórica” do fato de triângulo com lados a, b e c ser
retângulo e portanto satisfazer o teorema de Pitágoras. Desse modo,

• ⟨3, 4, 5⟩ é uma terna pitagórica pois 3 ≤ 4 < 5 e 32 + 42 = 52 ;

• ⟨2, 3, 4⟩ não é uma terna pitagórica pois, embora 3 ≤ 4 < 5, não é o caso que 22 + 32 = 42 ;
√ √ √
• ⟨1, 1, 2⟩ não é uma terna pitagórica pois, embora 1 ≤ 1 < 2 e 12 + 12 = 22 , não é o caso

que 2 é número inteiro.

9
Matemática Básica Edificações, IFB

As ternas pitagóricas podem ser empregadas, em conjunto com as noções de razão e proporção,
para resolver problemas de maneira bem rápida, sem “os quadrados e as raı́zes´´ que aparecem
quando empregamos o teorema de Pitágoras.

Importante: claro, essa “rapidez” tem um custo - não é todo problema que pode ser resolvido
com essa estratégia mais eficaz.

Nos exemplos e exercı́cios anteriores determinamos as medidas dos catetos e da hipotenusa de


alguns triângulos. Podemos usar as medidas de um triângulo retângulo conhecido para determinar
as medidas de um triângulo que tenha dois lados proporcionais ao triângulo conhecido. Para isso,
basta usar a relação de proporcionalidade entre os lados apropriados do triângulo e a noção de
razão discutida nas aulas presenciais.

Se T1 e T2 são dois triângulos retângulos, então


cateto menor T1 cateto maior T1 hipotenusa T1
= = =k
cateto menor T2 cateto maior T2 hipotenusa T2
Um dos casos mais importantes ocorre quando o triângulo com medida desconhecida é pro-
porcional a terna pitagórica ⟨3, 4, 5⟩, ilustrado a seguir.

Exemplo 8. Em um triângulo retângulo ABC, retângulo em A, o seguimento AC = 18 cm e BC =


30cm. Faça um esboço desse triângulo e calcule a medida do lado AB.

Resolução. Um esboço do triângulo ABC é apresentado abaixo.


Observe que o cateto AC e a hipotenusa BC são proporcionais aos números 3 e 4, pois

AC BC
= = 6.
3 5

Como sabemos que o triângulo de catetos 3 e 4 e hipotenusa 5 é retângulo, temos que

AC AB BC AB
= = =6 ⇒ = 6 ⇒ AB = 6 · 4 ⇒ AB = 24.
3 4 5 4

A medida do lado AB é Resposta.24 cm.

Observação 1. O exemplo acima também poderia, naturalmente, ser resolvido aplicando o teorema
de Pitágoras diretamente:

cateto2 + cateto2 = hipotenusa2 ⇒ AB2 + AC2 = BC2


⇒ AB2 + 182 = 302
⇒ AB2 + 324 = 900
⇒ AB2 = 900 − 324
⇒ AB2 = 576
√ √
⇒ AB = − 576 ou AB = 576
⇒ AB = 24.

Nesse último modo não há “novidade” no modo de resolução mas, em contrapartida, há mais
passos a serem seguidos.

10
Matemática Básica Edificações, IFB

É importante destacar que a estratégia acima só pode ser empregada quando sabemos que o
triângulo cuja medida queremos descobrir é proporcional aos números 3, 4 e 5.

Exemplo 9. Em um triângulo retângulo ABC, retângulo em A sabe-se que AB = 21 cm e AC = 24 cm.


determine a medida do lado BC.

Resolução. Observe inicialmente que, como o ângulo A é reto, as medidas AB e AC dadas cor-
respondem aos catetos e precisamos determinar a hipotenusa BC. Para aplicar a estratégia acima,
precisamos verificar se os catetos são proporcionais a 3 e 4:

cateto menor cateto maior AB AC 21 24


= ⇒ = ⇒ = ⇒ 7 = 6, contradição!
3 4 3 4 3 4

Como a suposição dos lados AB e AC serem proporcionais a 3 e 4 conduziu a uma contradição,


conclui-se que os lados não são proporcionais. Desse modo, não podemos aplicar a estratégia mais
simples e a saı́da é aplicar o teorema de Pitágoras:

hipotenusa2 = cateto2 + cateto2 ⇒ BC2 = AB2 + AC2


⇒ BC2 = AB2 + 182
⇒ BC2 = 212 + 242
⇒ BC2 = 441 + 576
⇒ AB2 = 1017
√ √
⇒ AB = − 1017 ou AB = 1017
√ √ √
⇒ AB = 1017 = 3 · 3 · 113 = 3 113

⇒ AB = 3 113 ≈ 10, 63.

Resposta.AB = 3 113 cm, ou seja, AB é aproximadamente 10, 63 cm.

3 Nota histórica

Há muito pouco se sabe com certeza sobre Pitágoras, embora este nome esteja cercado por muitas
lendas. Nenhum documento original sobreviveu do perı́odo em que ele viveu, então temos que
confiar em histórias que foram transmitidas por vários séculos antes de serem documentalmente
registradas. Tudo indica que ele nasceu em Samos, uma ilha grega perto da costa do que hoje
é a Turquia, por volta de 580 anos antes de Cristo, isto é, aproximadamente 2.600 anos atrás.
Pitágoras viajou para a cidade vizinha de Mileto, onde aprendeu matemática com Tales (624–547
aC), tradicionalmente considerado o fundador da matemática grega.
Tales é considerado o fundador da matemática grega pois foi o primeiro a sustentar que re-
sultados matemáticos só deveriam ser aceitos quando demonstrados a partir de princı́pios mais
simples. Desse modo, embora Egı́pios, Sumérios e Chineses usassem que “a soma dos quadrados
dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”, esse resultado era fruto de medidas empı́ricas.
Quando Tales defende que resultados matemáticos devem ser demonstrados, e Pitágoras prova
que “a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa” ocorre uma profunda
revolução conceitual na história e nasce a matemática como disciplina estudada até hoje.

11
Matemática Básica Edificações, IFB

Além de Mileto, Pitágoras também viajou para o Egito e a Babilônia e, por volta de 540 aC ele
se estabeleceu em Crotona, uma colônia grega no que hoje é o sul da Itália. Lá ele fundou uma
escola cujos membros mais tarde ficaram conhecidos como Pitagóricos. O lema da escola era “Tudo
é número” e os pitagóricos tentaram colocar os domı́nios da ciência, religião e filosofia sob a regra
do número. A própria palavra matemática (“aquilo que se aprende”) é considerada uma invenção
pitagórica. Além da matemática, os pitagóricos tiveram sucesso em música, ao criar a primeira
escala musical (matematizaram a música)
A escola impôs um código estrito de conduta de seus membros, que incluı́a segredo, vegetaria-
nismo e dogmas como não comer feijão, não caminhar em estradas, não partir o pão para comê-lo
e nunca parar em cruzamentos. O código de sigilo significava que os resultados matemáticos eram
considerados propriedade da escola e seus descobridores individuais não eram identificados por
estranhos. Por causa disso, não sabemos quem descobriu se quem provou o teorema de Pitágoras
foi realmente Pitágoras ou algum de seus alunos-discı́pulos.
Fora da matemática o sucesso cientı́fico mais notável da escola pitagórica foi a explicação da
harmonia musical em termos de proporções de números inteiros. Essa escala é estudada em
música até os dias atuais e, à época, esse sucesso inspirou a busca por uma lei numérica que rege
os movimentos dos planetas e o movimento das marés. Em certo sentido podemos dizer que
o pitagorismo está muito vivo hoje. Com o computador digital, o áudio digital e o vı́deo digital
codificando tudo, pelo menos aproximadamente, em sequências de números inteiros, estamos mais
perto do que nunca de um mundo em que “tudo é número”.
Resta ver se a regra completa do número é sábia. Diz-se que, quando os pitagóricos tentaram
estender sua influência à polı́tica, encontraram resistência popular e houve conflito. Pitágoras
fugiu, mas foi assassinado nas proximidades de Metaponto em 497 aC.
No começo deste capı́tulo explicamos o significado de “cateto”, “hipotenusa” e todos os demais
termos presentes no enunciado do teorema de Pitágoras. Acima, dissemos de modo breve quem
foi Pitágoras. Nesse momento talvez você se pergunte: mas qual o significado do termo teorema?
A procura por esse termo dicionário aponta que um teorema é enunciado que se demonstra por um
raciocı́nio lógico a partir de premissas aceitas como verdadeiras. Mas... como se demonstra algo? Quais
são as premissas? Como se dá esse processo de “demonstração”.
Podemos recorrer a uma analogia com sua série de tv predileta sobre tribunais para tentar
elucidar esse ponto. No mundo jurı́dico televisivo, quando se inicia um julgamento um advogado
de defesa diz para o juri algo como “a partir das evidências apresentadas pela acusação e as
evidências que apresentarei ao longo desse julgamento, provarei aos senhores às senhoras do juri
que meu cliente é inocente”. E a partir deste ponto as evidências são as premissas a partir das quais
o advogado elabora a argumentação para, ao final, proclamar: “a partir das evidências conclui-se
que meu cliente é inocente”. De modo similar, o advogado de acusação parte do mesmo conjunto
de evidências e conclui que se trata de alguém culpado.
Em matemática ocorre algo similar, mas dois matemáticos não chegarão a resultados contra-
ditórios caso partam das mesmas premissas (exceto, claro, que um deles cometa erros de raciocı́nio).
Assim, o teorema de Pitágoras pode ser entendido como a conclusão de uma cadeia argumentativa
fundada em algumas premissas de modo que, se aceitamos que as premissas são verdadeiras,

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então estamos comprometidos com a veracidade do enunciado. Em particular, se aceitarmos as


premissas, não podemos duvidar que “em todo triângulo retângulo o quadrado do comprimento
da hipotenusa é igual a soma dos quadrados dos catetos”. Mas... quais são as premissas nas quais
Pitagoras se baseou para concluir a verdade do enunciado?
Não temos registro histórico disso e, com uma rápida na internet você encontrará centenas
de demonstrações distintas baseadas em premissas, isto é, “evidências” distintas. Para que a
demonstração seja robusta deve-se, naturalmente, partir de premissas de algum modo mais simples
e mais “evidentes” do que o resultado que se deseja demonstrar. Um conjunto de premissas bastante
razoável foi enunciado pelo matemático Euclides, da cidade de Alexandria, por volta de 300 aC.
Estas premissas são conhecidas como os axiomas de Euclides para a gemetria1 .

• Dados dois pontos distintos, há uma única reta que passa por esses dois pontos.

• Toda reta pode ser prolongada indefinidamente.

• Dados dois pontos distintos, há um único cı́rculo que contém um dos pontos e tem como
centro o outro ponto.

• Todos os ângulos retos são iguais entre si.

• Dada uma reta e um ponto fora dela, há uma única reta que contém o ponto dado e é paralela
à reta dada.

A partir dessas premissas Euclides constroi uma longa cadeia argumentativa em que uma das
conclusões é o enunciado do teorema de Pitágoras. Assim, se você aceita a veracidade dos axiomas
- e se não aceita é preciso dizer o porquê -, então você está comprometido com a veracidade do
enunciado de Pitágoras.

4 Exercı́cios de fixação

1. Em um triângulo retângulo, determine:

(a) A medida da hipotenusa quando os catetos medem 3 cm e 5 cm.


(b) A medida de um cateto quando a hipotenusa mede 7 cm e um dos catetos mede 4 cm.
(c) A medida da hipotenusa quando ambos os catetos medem 10 cm.
(d) A medida da hipotenusa quando ambos os catetos medem ℓ cm.
(e) A medida dos catetos quando ambos os catetos possuem a mesma medida e a hipotenusa

mede 2 2 cm.

2. Com relação a triângulos retângulos, determine:

(a) O comprimento da hipotenusa quando a medida dos catetos é 0,3 cm e 0,4 cm.
(b) O comprimento da hipotenusa quando a medida dos catetos é 1,2 cm e 1,6 cm.
1
Premissas verdadeiras a partir das quais todos os resultados da geometria estudada no ensino médio são obtidos.

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(c) O comprimento da hipotenusa quando a medida dos catetos é 300 cm e 400 cm.
(d) O comprimento do menor cateto quando a hipotenusa mede 15 cm e um cateto 12 cm.
(e) O comprimento do maior cateto quando a hipotenusa mede 60 cm e um cateto 48 cm.

3. Em um triângulo as arestas medem 2 cm, 3 cm e 4 cm. Esse triângulo pode ser triângulo
retângulo? Justifique.

4. Em um triângulo retângulo as medidas são, em ordem crescente e em metros: 3, x + 1 e x + 2.


Qual o comprimento da hipotenusa desse triângulo?

5. Em um triângulo retângulo as medidas são, em metros e em ordem crescente: x − 7, 12 e x + 1.


Qual o comprimento do menor cateto?

6. Em um triângulo retângulo isósceles a hipotenusa mede 10 cm. Qual o comprimento dos


catetos?

7. Em um triângulo retângulo os catetos possuem as mesmas medidas. Determine a medida da


hipotenusa quando

(a) Os catetos medem 1 cm.


(b) Os catetos medem 10 cm.
(c) Os catetos medem ℓ cm.

8. Quantos metros de cabo são necessários para “puxar a luz”de um transformador instalado
em um poste a 6,5 metros de altura, sabendo-se que o relógio de entrada de energia está a um
metro de altura e 12,5 metros distante do poste? (considere que o poste e o relógio de entrada
estão em um terreno plano).

9. Durante um incêndio num edifı́cio de apartamentos os bombeiros utilizaram uma escada


Magirus de dezoito metros para atingir a janela de um apartamento em chamas. A escada
estava colocada a 1,5 metros do chão, sobre um caminhão que se encontra afastado seis metros
do edifı́cio. Qual a altura do apartamento em relação ao solo?

10. Um terreno triângular tem frentes de 13 metros e 19 metros em duas ruas que são perpendi-
culares. Qual a medida do terceiro lado?

5 Exercı́cios complementares

1. Qual deve ser o comprimento mı́nimo de uma escada para que seja possı́vel apoiá-la em um
muro de 7 metros de altura, perpendicular ao solo, a 2 metros da base do muro?

2. A figura abaixo representa um portão de 4 m × 3 m, construı́do com barras de ferro. Para


aumentar a rigidez do portão foi colocada uma barra de apoio. Qual o comprimento dessa
barra?

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barra de apoio

3. Se um retângulo possui dimensões 8 cm e 6 cm, então qual é o comprimento de sua diagonal?

4. Uma formiga que seguiu pelo caminho AC do retângulo ABCD saiu do ponto A e chegou
ao ponto C. Sabendo-se que AB = 3 metros e BC = 4 metros, qual a menor distância que a
formiga esteve do ponto B? E do ponto D?

A D

B C

5. Na figura abaixo ABC, ACD e ADE são triângulos reângulos, respectivamente, nos vértices
B, C e D. Determine x, y e z e o perı́metro de cada um dos triângulos da figura.

E 1
D

z y C

x
1

A B
1

Respostas dos exercı́cios de fixação


√ √ √ √
1a) 34 cm 1b) 33 cm 1c) 10 2 cm 1d) ℓ 2 cm 1e) 2 cm 2a) 0,5 cm 2b) 2,0 cm 2c) 500 cm
2d) 9 cm 2e) 36 cm 3) Não, pois o teorema de Pitágoras não vale para esse triângulo 4) 5 m
√ √ √ √
5) 5 cm 6) 5 2 cm. 7a) 2 ≈ 1, 4142 cm 7b) 10 2 ≈ 14, 1421 cm 7c) ℓ · 2 ≈ 1, 4142 · ℓ cm
8) Aproximadamente 14,1 metros 9) Aproximadamente 18,5 metros 10 ) Aproximadamente 23
metros.

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Respostas dos exercı́cios complementares


√ √ √ √
1) 53 ≈ 7, 3 m 2) 5 m 3) 10 cm 4) 2,4 m e 2,4 m 5) x = 2, y = 3, z = 2, perı́metro △ABC = 2 + 2,
√ √ √
perı́metro △ACD = 1 + 2 + 3 e perı́metro △ADE = 3 + 3.

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