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História Dos Reinos Africanos

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História social dos Reinos

Africanos
Prof. Dr. Paulo Teles
@prof_pauloteles
profpauloteles
PodTeles
O que o Enem nos trouxe?

(ENEM - 2021) No seio de diversos povos africanos, nomeadamente no antigo Reino


do Congo, existem testemunhos gráficos de que a escrita tomava várias formas.
Exemplo disso são as tampas de panela esculpidas em baixo-relevo do povo Woyo
(região de Cabinda), com cenas e provérbios do cotidianos, desenhos na terra ou
areia, imagens gravadas ou inscritas nos bastões de chefe ou em pedras sagradas ,
mas, sobretudo, movimentos do corpo humano inscritos num gestual familiar. Entre
Woyo existia o costume de os pais oferecerem aos filhos testos ou tampas de panelas
entalhados, transmitindo uma espécie de recado, com signos codificados que
traduziam orientações para conseguir uma boa relação conjugal, ter sensatez na
escolha do cônjuge e estar alerta para as dificuldades do casamento.
RODRIGUES, M. R. A. M; TAVARES, A. C. P; Singularidades museológicas de uma tábua com esculturas em
diálogo: do alambamento ao casamento em Cabinda (Angola). Anais do Museu Paulista, n.2, maio-ago. 2017
(adaptado).
Para o povo Woyo, os artefatos culturais
mencionados no texto cumprem a função de uma

a) pedagogia dos costumes sociais.


b) imposição das formas de comunicação.
c) desvalorização dos comportamentos da juventude.
d) destituição dos valores do matrimônio.
e) etnografia das celebrações religiosas.
As várias Áfricas
África: Como era e como é
Os Faraós
negros

A Civilização de Kush (1700


a.C-325) ou Reino Núbio.

Professor Paulo Teles –


Interdisciplinaridade Crítica e Humana
Localização
Estrutura sociopolítica
• Estrutura política:
• Monarquia teocrática;
• Estrutura social:
• Estamental;
• Estratificada;
• Sociedade kushita foi
caracterizada por permitir
que suas mulheres
ocupassem posições de
poder;
Aspectos
econômicos

A região se destacou como um


corredor de comércio entre o Egito
e a África tropical;
Principais produtos eram:
marfim, madeira de ébano, ouro,
cobre, animais exóticos, peles de
leopardo, ovos e plumas de
avestruz provenientes da África
tropical.

Professor Paulo Teles –


Interdisciplinaridade Crítica e Humana
• Guerreiros núbios foram reconhecidos como exímios arqueiros e
participaram no combate egípcio contra os hicsos contribuindo para
tornar o Estado egípcio uma potência militar.

Professor Paulo Teles –


Interdisciplinaridade Crítica e Humana
A Cultura Kush

Professor Paulo Teles –


Interdisciplinaridade Crítica e Humana
Professor Paulo Teles –
Interdisciplinaridade Crítica e Humana
Benim, Daomé e
Congo
XVI - XIX
Obá (Dadá) de Benim
Estrutura política
• Os monarcas eram
denominados de Obá e
possuíam direito divino de
governar;
• O rei detinha o monopólio
de todo o comércio
estrangeiro e da maior
parte dos bens como peles
de leopardo, pimenta,
corais e marfim. Máscara de marfim ornamentada da Rainha Idia
(Iobá ne Esigie, que significa: Rainha-mãe do obá
Esigie), corte do Império do Benim, século
XVI (Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque)
Aspectos socioeconômicos
• O reino realizou um comércio
regional e atuou como um
intermediário entre outros
reinos;
• Principais produtos eram:
algodão e pedras
semipreciosas, peixe, sal,
inhames e gado;
• Acredita-se na utilização de Moeda de latão
moedas feitas de metais como
cobre, latão e bronze.

19
Aspectos socioculturais
• Sociedade escravagista;
• Religião vodum.

Placa de latão Vodum

Guerreiros, placa de latão 20


XVII - XIX
Estrutura política
• O Reino do Daomé foi
fundado por volta de 1600 pela
etnia fons (possivelmente
resultante do casamento entre
os povos Aja e o Gedevi);
• O rei fundador do Daomé é
frequentemente
considerado Uebajá (c. 1645-
1685) e estabeleceu um Estado
“absolutista”.
Aspectos socioeconômicos

• Estrutura política
caracterizada pela
comercialização de pessoas
escravizadas.

23
Aspectos
socioculturais -
Amazonas: O
exército feminino
do Reino do
Daomé
24
Professor Paulo Teles –
Interdisciplinaridade Crítica e Humana
Principal prática religiosa: Vodum
1390 - 1914
• Fundado no século
XIV, o Reino ou
Império do Congo foi
independente até
1888, ano que se
tornou vassalo de
Portugal.
Estrutura política

• O Reino do Congo possuía


uma estrutura centralizada e
dominava a parcela centro-
ocidental da África;
• Seu território era marcado
pela presença das etnias
bantos e bakongos.
O manicongo Anginga a
Ancua se converteu
ao cristianismo adotando o
nome de João I em 1491.
• Sua estrutura administrativa
possuía administradores locais
provenientes de antigas
famílias ou escolhidos pela
própria autoridade monárquica.
Aspectos socioeconômicos
• Destacaram-se pelo
comércio de sal, metais,
tecidos e produtos de origem
animal, além das práticas
comerciais escravistas;

• O comércio era realizado


pelo escambo ou através da
moeda local (nzimbu.
Missionário Capuchinho com sua comitiva rumo ao Reino do Congo.
30
Aspectos socioeconômicos

• Caracterizado por uma


estrutura de sucessão
matrilinear;
• As mulheres poderiam
assumir cargos importantes
no governo e na guerra.

Nzinga Mbandi Ngola Kiluanji (1582-1663) 31


Palavras do
autor…
“Ela recusava o título de rainha e
fazia questão de ser chamada rei. Por
isso que decidiu tornar-se
socialmente homem e ter um harém,
com os concubinos vestidos de
mulher. Por isso que lutava como um
soldado, à frente do exército. Na
realidade, Jinga estava a criar a sua
tradição, a sua legitimidade, os
precedentes que permitiriam a suas
netas e bisnetas ascenderem, sem
contestação do sexo, ao poder.”
(Costa e Silva, p.438)
Aspectos culturais

• O Reino do Congo tinha por


base cultural a etnia banto,
cuja origem está ligada às
narrativas míticas sobre a
cidade de Ifé;
• Inicialmente politeísta, o
Reino do Congo se converteu
ao cristianismo a partir do
contato com os portugueses.
Voltemos à questão ENEM

(ENEM - 2021) No seio de diversos povos africanos, nomeadamente no antigo Reino


do Congo, existem testemunhos gráficos de que a escrita tomava várias formas.
Exemplo disso são as tampas de panela esculpidas em baixo-relevo do povo Woyo
(região de Cabinda), com cenas e provérbios do cotidianos, desenhos na terra ou
areia, imagens gravadas ou inscritas nos bastões de chefe ou em pedras sagradas ,
mas, sobretudo, movimentos do corpo humano inscritos num gestual familiar. Entre
Woyo existia o costume de os pais oferecerem aos filhos testos ou tampas de panelas
entalhados, transmitindo uma espécie de recado, com signos codificados que
traduziam orientações para conseguir uma boa relação conjugal, ter sensatez na
escolha do cônjuge e estar alerta para as dificuldades do casamento.
RODRIGUES, M. R. A. M; TAVARES, A. C. P; Singularidades museológicas de uma tábua com esculturas em
diálogo: do alambamento ao casamento em Cabinda (Angola). Anais do Museu Paulista, n.2, maio-ago. 2017
(adaptado).
Para o povo Woyo, os artefatos culturais
mencionados no texto cumprem a função de uma

a) pedagogia dos costumes sociais.


b) imposição das formas de comunicação.
c) desvalorização dos comportamentos da juventude.
d) destituição dos valores do matrimônio.
e) etnografia das celebrações religiosas.
O Império de Gana (750 – 1240)
Estrutura política

• Gana não possuía uma


cultura militarizada ou
expansionista;
• O Estado era mantido
através de um eficiente
sistema de cobrança de
impostos.
Aspectos socioeconômicos
• A economia comercial de
Gana atingiu seu auge no
século VIII, ao interligar
as regiões do Norte da
África, Egito e Sudão.
• Entre os principais
produtos comercializados
estavam o sal, tecidos,
cavalos, tâmaras,
escravos e ouro.
Aspectos culturais
• “O rei [de Ghana] adorna a si mesmo como se fosse uma
mulher, usando colares no pescoço e pulseiras nos braços.
Quando se senta diante do povo, coloca-se em um lugar alto
decorado com ouro e usando um turbante de algodão fino.
(…) Há dez cavalos cobertos com mantas bordadas a ouro.
Atrás do rei ficam dez pajens segurando escudos e espadas
decorados com ouro. À sua direita ficam os filhos dos
vassalos do país do rei, vestindo esplêndidas roupas e com
os cabelos trançados com ouro. (…) Na entrada do pavilhão
estão os cães (…) que usam ao redor de seus pescoços
colares de ouro e de prata enfeitados com sinos do mesmo
metal.” (…) A audiência é anunciada pela batida em um
longo cilindro oco que se chama “daba”. Quando os povos
que professam a mesma religião se aproximam do rei, caem
de joelhos e polvilham suas cabeças com pó, uma forma de
mostrar respeito por ele. Quanto aos muçulmanos, eles
cumprimentam-no somente batendo suas mãos.”

(Al-Bakri. Description de l’Afrique septentrionale, século X.)

Uma estatua simbólica do povo Soninquê


O Império de Mali (1235 – 1670)
Timbuktu—A capital do Império Mali que,
no século XIV, foi a cidade mais rica
do mundo
Introdução
• O Império de Mali foi
constituído por diversos
povos dentre eles: soninkés,
fulas, dogons, sossos, bozos
e os mandingas, sendo estes
os mais importantes);
• Com administração
flexível, o império se
assemelhava a uma
federação de reinos.
Figura de terracota criada por um escultor do Império do Mali.
Yale University Art Gallery, Charles B. Benenson, B.A. 1933, Collection
(2006.51.111)
Estrutura política

• O regime de governo era


monárquico, exercido pelos
mansas (espécie de
imperador);
• Eles eram assessorados por
um conselho de anciãos.

Imperadores de Mali
Aspectos econômicos

• Destacou-se pela rica


atividade comercial
aurífera devido a sua
excelente localização
geográfica;
• Também destacava-se a
atividade agrícola e a
criação de gado.
Cavaleiros de Mali, estatuetas, terracota, séculos XIII a XV. Museu
Nacional de Arte Africana (Washington DC, EUA). A figura da
esquerda traz, às costas, a aljava (estojos para as flechas). Os
cavalos estão equipados com freios e adornos em volta do pescoço.
Aspectos culturais
• Mali era um reino islâmico e suas cidades possuíam
mesquitas, bibliotecas – e escolas para o estudo do
Corão;
• A Grande Mesquita de Djené, erguida em 1280, é o
maior edifício em adobe do mundo. Suas grossas
paredes mantêm uma temperatura interior agradável
durante todo o dia, mesmo sob o Sol abrasador de 40
graus.

Grande Mesquita de Djenné, do século XIII, o


Manuscrito de matemática e astronomia do maior edifício em adobe do mundo.
séc. XIV, Tombuctu.
O Homem mais
rico do mundo

O homem mais rico do mundo, Mansa


Musa, foi o imperador do império Mali,
que no século XIV cobria o Mali,
Senegal, Guiné e Gâmbia. Quando
morreu, Musa valia o equivalente a 400
bilhões de dólares, valor esse que nunca
foi superado na história da humanidade.
Nessa época o império Mali produzia
mais da metade do abastecimento
mundial de ouro e sal.

Professor Paulo Teles –


Interdisciplinaridade Crítica e Humana
Império de Songhai (1464-1591)
Tombuctu, apelidada de “cidade dos 333 santos”, foi
capital intelectual e religiosa, e centro de difusão do
islamismo na África subsaariana nos séculos XV e XVI.
Estrutura política
• O governante era um
monarca absoluto;
• No entanto, dos nove
governantes da história do
Império Songai, seis foram
depostos por rebeliões ou
morreram violentamente,
frequentemente por seus
tios ou irmãos. Sunni Ali Ber. Pintura de Leo Dillon, para uma série patrocinada pela
Anheuser-Busch de pinturas de grandes líderes africanos
Os imperadores
de Songhai

“O Império Songhai foi profundamente


original quanto à organização política e
administrativa. A forte estruturação do
poder, a centralização sistemática e o
absolutismo real são características que
atribuíram uma coloração moderna à
monarquia de Gao, distinguindo-a do
sistema tradicional de federação de
reinos vigente nos impérios de Gana e
Mali”.
Askia Muhammed Toure. Pintura de Leo Dillon
realizada para a mesma série.
Aspectos econômicos

Destacou-se pela rica atividade


comercial das caravanas saarianas.
Principais produtos eram:
• pedras de sal e artigos de luxo
como tecidos finos;
• vidraçaria, açúcar e cavalos para
a região do Sudão em troca de
ouro, marfim, especiarias, nozes-
de-cola, peles e escravos.

Cavalaria songhai.
Outros aspectos econômicos

• Também destacava-se a atividade agrícola e a criação de


gado.
• A fome foi um evento raro na primeira metade do reino
Songai, e não há nenhum registro de revoltas camponesas.
ATENÇÃO

• Apesar do desenvolvimento técnico-científico dessas


civilizações, é preciso destacar a importância das
tradições orais.
Aspectos culturais

• Nas escolas islâmicas de Tombuctu, Djenné e Gao aprendia-se


além de teologia, linguística, literatura, filosofia grega, direito,
matemática, astronomia, medicina e outras ciências;
• Havia intenso intercâmbio com as universidades do Cairo e de
Damasco.
O Império da Etiópia (1270 - 1974
Introdução

• Descendentes do antigo
Reino de Aksum (Axum)
datado do século VII a.C, os
etíopes se consideram
herdeiros da dinastia
salomônica e da rainha de
Shabat
• No entanto, a fundação da
dinastia etíope se deu em
1270 e se estendeu até
meados do século XX.

Retrato contemporâneo de Yekuno


Amlak ou Tasfas Iyasus, fundador do
Império Etíope, na igreja Genneta
Maryam, Lalibela
• De acordo com a tradição
etíope, a arca da aliança se
encontra na Etiópia.

Igreja de Nossa Senhora Maria do


Sião
• Cerca de 70% da
população etíope
é cristã.

Igreja de São Jorge, Etiópia


Características gerais

• Sua estrutura política foi semelhante ao modelo de


império feudal europeu, no qual, nobres (Ras) juravam
lealdade ao imperador;
• A economia etíope foi caracterizada pela rica atividade
comercial, dentre eles destacam-se as atividades
relacionadas ao ouro e ao marfim;
• A lenda do Prestes-João
Cerâmica etíope
“É importante que os
descendentes de
africanos saibam que
eles têm uma história
tão bonita quanto a
história da Grécia. Que
eles não eram bárbaros,
que não são
descendentes de
escravos. São
descendentes de
africanos que foram
escravizados.” Alberto
da Costa e Silva.

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