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Providncias Cautelares

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Providências Cautelares
Created @April 21, 2024 4:00 PM

Class D. Processual Civil

Type Lecture

Reviewed

Existe, por vezes, a necessidade de acautelar uma ação.

Providências Cautelares
Surgem no Art. 362ºCPC, o processo pode demorar algum tempo, o que causa
transtornos a quem procura assegurar a ação. Quando a demora pode ser
prejudicial ao processo entram as providências cautelares permitindo que o litígio
não se torne inútil.
O processo deve garantir tudo aquilo a que o titular tem direito.
Ex: Há um direito de crédito de A para B, que começa a alienar os seus bens de
forma a que a garantia desapareça. Pode A instaurar uma providência cautelar
Temos dois polos justificativos de garantias,

1. assegurar justiça

2. garantia de efetividade do direito

Se o direito for afetado, entram em jogo as providências cautelares, evitando-se


assim lesões com uma solução rápida, a summaria cognitio, assegura-se a
efetividade do direito.
A procedência basta-se com a mera justificação, Art. 365ºCPC, e prova sumária -
prova-se apenas que a questão em discussão é verosímil, ou seja, há uma
probabilidade séria do direito.

Providências Cautelares 1
Há um critério de proporcionalidade apropriada para acautelar o efeito útil da
ação principal, Art. 368º/2CPC, desde logo não deverão ser concedidas quando o
prejuízo dela resultantes exceda consideravelmente o dano que se pretende evitar
– Art. 387º/2 do Código de Processo Civil, trata-se, ao contrário do que a letra da
lei pode pretender sugerir ao usar a expressão "a providência pode não ser
concedida" de um "dever jurídico", do reconhecimento que a intromissão na
esfera privada de outrem é sempre algo que deve fazer-se com cautela. É este o
entendimento que emerge dos princípios constitucionais e mesmo do espírito que
no fundo domina a regulamentação da matéria neste domínio.

➡️ O proferimento depende, depois, de uma ponderação do juiz.

As providências não estão sujeitas ao mesmo regime de caso julgado. Há uma


tutela provisória pois existe necessidade de prevenir de forma imediata a
inutilidade da ação.
Se a providência for considerada procedente é absorvida pela tutela principal,
mas se ocorrer o contrário a tutela cautelar caduca, esta pode ter objeto diferente
da instância principal.
O julgamento cautelar não tem nada a ver com o julgamento principal, Art.
364º/4CPC. Existe uma dependência, contudo, entre a instância principal e a
cautelar - dependência instrumental, isto pois acautela a ação principal. Esta só
faz sentido quando já existe uma ação principal.
Também pode ser preliminar, Art. 364º/1CPC, sendo posta antes da ação
principal. Se assim for deve ser posta, dentro de trinta dias, a ação principal sob
pena da providência se caducar.
Se a providência cautelar acontecer a par da instância temos um incidente,
devendo esta correr por apenso, Art. 365º/3CPC.

Esta instrumentalidade não se verifica quando não leva a uma tutela definitiva,
mas isso não acontece quando há inversão de contencioso.

Grupos de Providências Cautelares


Existem algumas,

Providências Cautelares 2
conservatórias, previnem a ocorrência de danos do direito do que se tutela na
ação principal

antecipatórias, evitar o dano causado pela retardação do dano, antecipam os


efeitos jurídicos

Ex: O arresto é providência cautelar conservatória

Seguem como fins,

1. garantia de direitos, pretendem conservar um determinado direito

2. regulação provisória de uma situação jurídica, conservatória + antecipatória

3. antecipação provisória de um efeito jurídico

A lei prevê um procedimento cautelar comum, sempre que não exista cabimento
para questão específica.

Providência Cautelar Comum


As providências podem ser especificadas/nominadas ou não, dependendo da sua
tipificação. Os tipificados não contemplam, como compreendemos, todas as
situações possíveis e por isso, pretendendo proteger outras questões não
presentes no regime, podemos requerer uma providência cautelar inominada
adequada ao processo em causa. A providência cautelar comum é subsidiária,
surgindo apenas se não for possível utilizar uma já tipificada, Art. 362º/3CPC.

Nos termos do nº1 temos que esta pode ser instaurada se, além de existir a
aparência de um direito, haja fundado receio de que outrem cause lesão grave e
dificilmente reparável ao direito em causa, 368º/1CPC, não devendo esta ser
aceite se exceder ostensivamente o dano que o requerente tenta evitar, nº2.

Assim, de forma a decretar-se uma providência inominada tem de se verificar,

probabilidade séria de existência do direito

fundado receio da sua lesão

falta de providência cautelar tipificada

prejuízo resultante da providência não exceda o valor do dano que se


pretende evitar

Providência Cautelar Tipificada

Providências Cautelares 3
Dentro destas providências temos dois casos paradigmáticos,

arresto

Surge no Art. 391ºCPC, como meio para um credor que tem receio da perda da
sua garantia patrimonial, Art. 601º e 817ºCC e 619ºCC, por ocultação ou
dissipação e que para isso demonstre a probabilidade de existência de um
crédito.
O arresto abrange todos os bens e direitos de conteúdo patrimonial suscetíveis de
conversão em penhora de bens. O requerente deverá, desde logo, no
requerimento inicial da providência, alegar os factos indiciadores da existência do
crédito, bem como os factos que justificam o receio invocado, relacionando,
desde logo, os bens que pretende ver apreendidos e fornecendo ainda as
indicações necessárias à realização da diligência. Podendo ser intentado contra
um terceiro adquirente dos bens alienados, havendo uma impugnação pauliana,
Art. 392º/2CPC e 610º-618ºCC.

No arresto tem de haver um juízo de certeza no fumus boni juris, a prova sumária
tem de ser de certeza
Após ser produzida prova sumária o arresto de bens é decretado sem audiência
da parte contrária, a fim de não sair gorado o êxito da providência - esta depois
poderá ser requerida por recurso ou oposição.
Devem ser relacionados os bens, cumprindo o princípio da proporcionalidade que
se pede na providência cautelar.

➡️ Aqui, não pode ser negado pelo Tribunal se se verificar o periculum in


mora e o fumus boni juris.

arrolamento

Surge quando alguém que tem direito a receber um bem vê-o ser possivelmente
dissipado, ocultado,…tendo um justo receio dessa dissipação e consequente
perda. Neste caso precisamos de uma prova de verosimilhança.

O fumus boni juris é, aqui, uma unidade de bens. Procuramos que a massa fique
imutada.

Providências Cautelares 4
restituição provisória da posse

Possível nos casos de esbulho violento, tendo isto de ser provado.

suspensão de deliberações sociais que seja contrárias ao contrato de


sociedade

Segundo o Art. 380º/3CPC.

embargo de obra nova

Prejuízo causado a alguém por uma obra nova. Isto pode ser judicial ou
extrajudicial, Art. 398º/2CPC, sendo extra deve ser ratificado pelo Tribunal.

alimentos provisórios

Fixação de quantia mensal para pagamento de prestação antes do pagamento


definitivo.

Ex: Alguém com profundas carências precisa desse pagamento

arbitramento de reparação provisória

Surge no Art. 388ºCPC, dependente da ação de indemnização fundada em morte


ou lesão. Há a fixação de quantia certa sob forma de renda mensal para
reparação de danos, nº4.

➡️ Em todas as providências é possível falar em diferimento do


contraditório visto que, por vezes, concede-lo pode prejudicar o litígio.
Contudo, não fere o princípio do contraditório pois este irá ocorrer mais
tarde.

Em todas as providências, o Tribunal não está adstrito à providência cautelar, Art.


366º/3CPC, as obrigações de vinculação ao princípio do dispositivo não se
aplicam aqui.
Os pedidos de providência cautelar são irrepetíveis, isto evidência a preclusão
dos factos se não invocadas. Isto não pode ser entendido ao surgirem factos
diferentes.
Se for injustificada ou caducar por facto imputável ao requerente este responde
pelos danos que causar ao requerido - requisito de culpa na litigância de má-fé é

Providências Cautelares 5
diminuído.
No Art. 363ºCPC está referido o que foi dito.

Uma providência cautelar pode ser levantada se existirem factos extintivos


apresentados pelo requerente.

Para a providência cautelar podemos individualizar três requisitos,

1. summaria cognitio, não pode não promover uma apreciação sumária da


situação. Ex: A pede arresto de forma a paralisar os bens de B

2. periculum in mora, há um perigo concreto que surge da demora possível do


processo - permite diferir o contraditório devido à urgência

3. fumus boni juris, o decretar da providência implica demonstrar que a


pretensão de quem a faz é justa - subjacente à aparência de um direito

Estes três requisitos são comuns a todas as providências cautelares, contudo,


variam a nível de prova necessária e intensidade, como vemos com o arresto.

Outros autores falam ainda do interesse processual, não havendo interesse


existem dúvidas que se motive a decisão do magistrado para proferir a
providência. Ou seja, tem de se provar que é a melhor forma de o fazer.

Ex: A intenta ação em Tribunal contra B. Mas A já tinha um título executivo contra
B logo podia intentar ação executiva contra este, uma penhora e simultaneamente
um arrolamento? Sim, porque o quer fazer

Alguns autores consideram que isto não faz grande sentido visto que não ia existir
interesse processual. O magistrado tem de observar o interesse processual e não
o mero interesse. Os autores que o defendem consideram essencial este
interesse para intentar a providência.

É ainda relevante observar o Art. 366ºCPC, o requerido deve ser ouvido. Contudo,
pode esse momento ser diferido se isto for importante para permitir o
funcionamento pleno da providência, Art. 393ºCPC.

➡️ O requerido pode opor-se mas, em princípio, só quando os bens já estão


apreendidos.

Providências Cautelares 6
O requerente sabe que pode incorrer em responsabilidade visto que se a urgência
for falsa irá responder por negligência ou dolo. Se os bens forem arrestados ou
arrolados podemos ter uma situação do Art. 375ºCPC.

Quando temos dois processos, instância principal e providência cautelar, que têm
uma relação entre si temos várias hipóteses,

já está a correr uma ação principal quando o autor percebe que os bens foram
dissipados logo a providência surge como incidente da ação, Art. 292ºCPC

a providência cautelar é proposta antes da própria instância principal. Esta


situação implica uma relação entre as duas, Art. 374ºCPC, logo serve apenas
como situação preliminar. Se não existir depois ação principal, Art. 373ºCPC,
esta caduca no tempo de 30 dias

Assim, fazendo um rápido resumo de toda a matéria em causa, as providências


cautelares, como sabemos, existem para que se evite um prejuízo grave
(periculum in mora), que ameaça um direito subjetivo e que é de tal forma
eminente que não pode esperar pela solução final de uma ação declarativa e que
exige a adoção de medidas urgentes, depois de um breve exame e instrução da
causa (summaria cognitio), durante o qual o juíz tem de convencer-se pela
probabilidade ou verossimilhança e do perigo invocados (fumus boni juris).
As providências podem ser especificadas/nominadas ou não, dependendo da sua
tipificação. Os tipificados não contemplam, como compreendemos, todas as
situações possíveis e por isso, pretendendo proteger outras questões não
presentes no regime, podemos requerer uma providência cautelar comum
adequada ao processo em causa. A providência cautelar comum é subsidiária,
surgindo apenas se não for possível utilizar uma já tipificada, Art. 362º/3CPC.

Nos termos do nº1 temos que esta pode ser instaurada se, além de existir a
aparência de um direito, haja fundado receio de que outrem cause lesão grave e
dificilmente reparável ao direito em causa, 368º/1CPC, não devendo esta ser
aceite se exceder ostensivamente o dano que o requerente tenta evitar, nº2.
Assim, de forma a decretar-se uma providência inominada tem de se verificar,

probabilidade séria de existência do direito

fundado receio da sua lesão

falta de providência cautelar tipificada

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prejuízo resultante da providência não exceda o valor do dano que se
pretende evitar

Tal como dito supra, as providências cautelares são dominadas pelo princípio da
proporcionalidade; desde logo não deverão ser concedidas quando o prejuízo
dela resultantes exceda consideravelmente o dano que se pretende evitar – Art.
387º/2 do Código de Processo Civil, trata-se, ao contrário do que a letra da lei
pode pretender sugerir ao usar a expressão "a providência pode não ser
concedida" de um "dever jurídico", do reconhecimento que a intromissão na
esfera privada de outrem é sempre algo que deve fazer-se com cautela.

Providências Cautelares 8

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