Costa Alc Me Rcla
Costa Alc Me Rcla
1
551.302 Costa, Ana Lúcia Carneiro da
C837e Estudo da vulnerabilidade à erosão com a aplicação da Equação
Universal de Perda do Solo na Alta Bacia Hidrográfica do Rio
Jacaré Pepira, utilizando SIG/SPRING / Ana Lúcia Carneiro da
Costa. – Rio Claro : [s.n.], 2005
166 f. : il., tabs., fots., gráfs., + mapas
Comissão Examinadora
_______________________________
______________________________
_______________________________
Resultado: APROVADO
2
Dedico ao Júnior, pela sua coragem e amor à Natureza que me inspira.
3
AGRADECIMENTOS
Ao meu Orientador, Prof. Dr. Carlos de Almeida Nóbrega, pela orientação e amizade.
À Fundação Instituto de Terras- ITESP pela liberação de horas semanais durante dois anos,
ao Flávio Rossi.
À minha família pelo estímulo e carinho, em especial à minha filha Catarina e aos meus
Aos amigos, parentes, colegas de trabalho, e todos que direta ou indiretamente contribuíram
4
Foi sempre necessária muito mais imaginação para aprender a realidade do que para ignorá-la.
J. Giradoux. Citado por Vivian, Jorge in: Agricultura & Florestas: princípios de uma interação vital. Rio de Janeiro: Ed. Agropecuária,
1998.
5
RESUMO
Palavras chaves: erosão, Equação Universal de Perdas de Solo, bacia hidrográfica, banco de
dados.
6
ABSTRACT
Territorial expansion of agrobusiness and urban areas in the Jacaré Pepira River
watershed impact its natural resources. Erosion stands out as a physical environment
process that has a close relationship with land use. The study of erosion vulnerability was
accomplished on a natural and human factors segmented analysis, based on Universal Soil
Loss Equation (USLE) model. Physical environmental was shared on the sub-basin belong
to APA de Corumbataí (Corumbataí Environmental Protection Area). Sub-basins were
considered as units of analysis, witch the morfometric parameters measurements. Field
work was used on human factor study, aiming the management characterization for main
crops, including the identify of areas affected by gullies. Data about land use were obtained
by automatic classification of 1988 (TM/Landsat) and 2004 (CBERS) satellite images with
field control. Zoning of the area was accomplished based on natural erosion potential
(PNE), erosion vulnerability and wishing land use. Data input to a GIS/SPRING database
can provide tools for environmental management.
7
LISTA DE TABELAS
Páginas
32
Tabela 1. Índice de tolerância de perdas de solo.
35
Tabela 2. Valores adotados de erodibilidade dos solos (K)
Tabela 3. Valores adotados do fator uso-manejo para as classes de uso
39
do solo.
39
Tabela 4. Valores adotados do fator práticas conservacionistas.
54
Tabela 5. Características das Imagens de satélite TM/LANDSAT.
76
Tabela 6. População rural e urbana dos municípios de Brotas e Torrinha.
Tabela 7. Pessoal ocupado na agricultura nos municípios de Brotas e
76
Torrinha.
Tabela 8. Número de pés plantados de café e laranja nos municípios de
77
Brotas e Torrinha.
Tabela 9. Cultura da cana de açúcar nos municípios de Brotas e
78
Torrinha.
78
Tabela 10. Pastagem nos municípios de Brotas e Torrinha.
79
Tabela 11. Florestas plantadas nos municípios de Brotas e Torrinha.
79
Tabela 12. Matas naturais nos municípios de Brotas e Torrinha.
86
Tabela 13. Classificação da declividade (%).
92
Tabela 14. Classificação dos índices de erodibilidade.
93
Tabela 15. Classificação dos valores do fator topográfico.
93
Tabela 16. Classificação do Potencial natural de erosão (PNE).
98
Tabela 17. Classificação do grau de vulnerabilidade à erosão.
8
LISTA DE QUADROS
Páginas
9
LISTA DE FIGURAS
Páginas
Figura 1. Localização da área de estudo. 56
Figura 2. Mapa de geologia. 62
Figura 3. Sistema de relevo das cuestas. 63
Figura 4. Mapa das formas de relevo. 67
Figura 5. Mapa dos níveis planálticos. 68
Figura 6. Médias pluviométricas mensais de postos localizados na área
de estudo com diferentes séries históricas. 70
Figura 7. Mapa pedológico. 74
Figura 8. Carta das classes de declividade. 87
Figura 9. Unidades de análise. 88
Figura 10. EI-Potencial de erosividade médio mensal. 91
Figura 11. Carta de erodibilidade. 94
Figura 12. Carta do fator topográfico. 95
Figura 13. Carta do Potencial natural de erosão. 96
Figura 14. Grupos das unidades de análise. 102
Figura 15. Ocupação do solo no Cenário de 1988. ANEXO
Figura 16. Ocupação do solo no Cenário de 2004. ANEXO
Figura 17. Carta de vulnerabilidade à erosão-1988. 120
Figura 18. Carta de vulnerabilidade à erosão-2004. 121
Figura 19. Carta do zoneamento da adequação do uso do solo. ANEXO
Figura 20. Abrangência da APA de Corumbataí sobre a área de estudo. ANEXO
10
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Páginas
Foto 1. Terraço embutido em canavial. 123
Foto 2. Destruição de terraços em renovação de canavial. 124
Foto 3. Remoção do solo causada por erosão a montante. 124
Foto 4. Erosão na encosta da Cachoeira de Santa Maria. 125
Foto 5. Desenvolvimento de feições erosivas em carreador de cana. 125
Foto 6. Floresta plantada de eucalipto. 126
Foto 7. Pomar adulto de laranja. 128
Foto 8. Erosão decorrente de superpastejo. 128
Foto 9. Área de concentração do rebanho. 129
Foto 10. Erosão linear em pastagem. 130
Foto 11. Assoreamento do Córrego da Lagoa Seca. 131
Foto 12. Erosão urbana. 131
Foto 13. Foto aérea com destaque de ravina em pastagem 133
Foto 14. Ravina em pastagem. 133
Foto 15. Foto aérea de ravina. 135
Foto 16. Ravina em pomar de laranja. 135
Foto 17. Pomar de laranja plantado sem considerar a curva de nível. 136
Foto 18. Foto aérea com destaque da voçoroca 137
Foto 19. Voçoroca em estágio avançado. 138
Foto 20. Detalhe dos drenos para contenção da voçoroca 139
Foto 21. Feições erosivas em pastagens. 140
Foto 22. Sulcos de erosão em pastagem. 141
11
LISTA DE FÓRMULAS
12
LISTA DE ABREVIATURAS
EUPS= índice que representa a perda de solo por unidade de área (toneladas/ha)
R=índice de erosividade da chuva (tm.mm/ha.h.ano)
K=índice de erodibilidade do solo (ton/ha.ano tm-1 ha-1mm)
L=índice relativo ao comprimento da encosta (metros)
S=índice relativo à declividade da encosta (%)
LS = fator topográfico
C=índice relativo ao fator uso e manejo do solo
P=índice relativo à prática conservacionista adotada
Y= aporte de sedimentos em determinado exutório da Bacia após evento chuvoso
Q=volume de escoamento superficial (m3)
qp= vazão-pico (m3)
EI= Média mensal do índice de erosividade, em tm.mm/ha.h.ano
r = precipitação média mensal (mm)
P = precipitação média anual (mm)
PNE = Potencial Natural de Erosão
CP = Potencial Antrópico
A = área de drenagem da bacia hidrográfica (km2)
Lt=comprimento total dos canais da bacia hidrográfica (km)
T= Índice de Tolerância de Perda de Solo (ton/ha)
CPt= Índice do Potencial Antrópico Tolerável
Kf= índice de forma da bacia hidrográfica
Lc = comprimento do curso d’água mais longo (km)
Dd = densidade de drenagem (km/km2)
De = declividade (%)
Dh = distância vertical (metros)
Dl = distância horizontal (metros)
Rr = relação de relevo (m/m)
13
Hm = amplitude topográfica máxima (metros)
Ld = comprimento máximo medido paralelamente ao canal principal (metros)
Eps = extensão do percurso superficial (km)
GVE = Grau de Vulnerabilidade à erosão
14
SUMÁRIO
Páginas
06
RESUMO
07
ABSTRACT
08
LISTA DE TABELAS
09
LISTA DE QUADROS
10
LISTA DE FIGURAS
11
LISTA DE FOTOGRAFIAS
12
LISTA DE FÓRMULAS
13
LISTA DE ABREVIATURAS
17
1. INTRODUÇÃO
20
2. OBJETIVO
21
3. REVISÃO BIBILIOGRÁFICA
21
3.1. EROSÃO: Fundamentação teórica
30
3.2. Equação Universal de Perdas de Solo
42
3.3. As sub-bacias como unidade de análise
47
3.4. Estudos de erosão em SIG- Sistema de Informação Geográfica
52
3.5. Processamento de imagens digitais
55
4. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
55
4.1. A Bacia Hidrográfica do Rio Jacaré Pepira
57
4.2. Área de Proteção Ambiental- APA
59
4.3. Geologia
63
4.4. Geomorfologia
69
4.5. Clima
71
4.6. Pedologia
75
4.7. O histórico da ocupação segundo dados censitários do IBGE
80
5. MATERIAIS E MÉTODO
80
5.1. MATERIAIS
81
5.2. MÉTODO
100
6. RESULTADOS
100
6.1. DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO
15
6.2. USO E MANEJO DO SOLO 112
7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 142
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 146
ANEXOS 154
16
I. INTRODUÇÃO
O Estado de São Paulo, ao longo de cinco séculos, sofreu uma drástica devastação
florestal. Assim, inúmeras formações vegetais foram reduzidas a pequenos fragmentos
dispersos, sobretudo no interior do território, acarretando expressiva redução da
biodiversidade. Analisando-se o processo de ocupação do Estado de São Paulo, verifica-se
que algumas áreas permanecem preservadas por se terem mantido relativamente à margem
dos ciclos econômicos que nortearam a história da ocupação no Estado (SÃO PAULO,
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, 2001).
A porção alta da Bacia Hidrográfica do Rio Jacaré Pepira, objeto deste estudo,
localiza-se na região central do Estado de São Paulo e se encontra parcialmente abrangida
pela APA - Área de Proteção Ambiental de Corumbataí. Trata-se de uma região que viveu
uma fase de prosperidade durante a época da expansão do café para o interior paulista, fase
que durou até o declínio do ciclo do café no início da década de 30. A crise do café trouxe
um período de estagnação econômica, resultando em um processo de migração que se
reverteu somente na década de 80. Esta situação, que levou a região à margem do
desenvolvimento econômico durante décadas, criou condições favoráveis à preservação de
suas qualidades ambientais.
O interesse ambiental pela Bacia do Jacaré Pepira foi despertado no final da década
de 80, quando se implantou o Consórcio Intermunicipal do Rio Jacaré Pepira. Favorecida
pelas características naturais, localização, e baixos níveis de poluição, resultado do
reduzido desenvolvimento industrial, a região apresentava um forte potencial para o
desenvolvimento do ecoturismo como alternativa econômica.
Nesta época surgiu a ONG Movimento Ecológico Rio Vivo na cidade de Brotas,
fruto da mobilização da comunidade contra a instalação de um curtume que trabalhava com
técnicas altamente poluidoras. Com apoio do Poder Público Municipal, o município passou
a fomentar o ecoturismo como alternativa econômica de geração de empregos através da
valorização da qualidade ambiental do lugar, redefinindo assim sua vocação.
Durante a década de 90, Brotas viveu uma fase de intensa transformação de seu
perfil sócio-econômico. Com uma economia até então baseada quase que exclusivamente
17
na agropecuária, a cidade passou por um forte desenvolvimento do ecoturismo com ênfase
para os esportes aquáticos, sendo hoje considerada a capital do turismo de aventura.
A vocação turística da região está relacionada diretamente com suas características
geomorfológicas: o Rio Jacaré Pepira possui corredeiras próprias à prática de esportes de
aventura e o relevo de cuestas forma diversas cachoeiras e exibe uma paisagem de beleza
cênica.
A dinamização da economia na região em parte é promovida pelo crescimento do
ecoturismo e por outro lado, ocorre pela expansão territorial das explorações agropecuárias
aliadas aos Complexos Agroindustriais, em que se destaca o setor sucro-alcooleiro,
impulsionado pelo programa Pró-Álcool das últimas décadas do século XX.
Entre os impactos ambientais relevantes na atual fase de desenvolvimento sócio-
econômico da região, a erosão se destaca como um processo do meio físico que possui uma
relação estreita com a forma de uso do solo, apresentando como conseqüência o
assoreamento dos cursos d’água.
Entende-se por erosão o processo de “desagregação e remoção de partículas do solo
ou de fragmentos e partículas de rochas, pela ação combinada da gravidade com a água,
vento, gelo e/ou organismos (plantas e animais)” (IPT, 1986). Em geral, distinguem-se duas
formas de abordagem para os processos erosivos: “natural” ou “geológica”, que se
desenvolve em condições de equilíbrio com a formação do solo, e a erosão “acelerada ou
“antrópica”, cuja intensidade, sendo superior à da formação do solo, não permite a sua
recuperação natural. (SALOMÃO; IWASA, 1995).
O processo de erosão hídrica inicia-se com a desagregação das partículas do solo
sob ação do impacto das gotas de chuva. A enxurrada transporta os sedimentos ao longo
das vertentes até atingir os mananciais causando assoreamento dos cursos d'água O
assoreamento reduz a profundidade dos canais, causa poluição das águas e aumenta o risco
de ocorrência das cheias, alterando a dinâmica fluvial.
Segundo Bertoni e Lombardi Neto (1985), a erosão hídrica é o principal problema
da agricultura paulista, compromete a qualidade dos recursos naturais da água e do solo e
causa elevados prejuízos à produção econômica, empobrecendo o solo pela remoção da
camada fértil.
18
O estudo da vulnerabilidade à erosão é a proposta deste trabalho. Seu
desenvolvimento se deu pela comparação e mensuração dos fatores naturais e antrópicos
atuantes no processo erosivo, utilizando principalmente a aplicação do modelo matemático
da Equação Universal de Perda de Solo.
Segundo conceituação do Manual da Defesa Civil (1999), a vulnerabilidade é uma
condição intrínseca ao corpo receptor que, em interação com a magnitude do evento, define
os efeitos adversos, medidos em termos de intensidade dos danos previstos.
A definição de vulnerabilidade está em construção, amplamente utilizada embora
pouco precisa. Encontra-se, porém, predominantemente associada à capacidade de resposta
aos danos ou resiliência (MARANDOLA JR; HOGAN, 2003).
Já o conceito de risco representa a medida de danos e prejuízos potenciais, expressa
em termos de probabilidade de ocorrência de um acidente, associada à intensidade de suas
conseqüências econômicas e sociais (BRASIL, DEFESA CIVIL, 1999).
A principal finalidade do estudo ambiental é capacitar o homem para a ação sobre
uma dada região ao identificar suas potencialidades de uso e vulnerabilidades. Dessa
maneira, favorece decisões visando ao ecodesenvolvimento.
19
2.OBJETIVO
20
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
21
Christofoletti (1974) afirma que no processo de escoamento pluvial, as gotas
atingem a velocidade terminal, qualquer que seja o diâmetro, quando a distância percorrida
ultrapassa oito metros. O escoamento pluvial é um importante fator de esculturação das
vertentes, podendo ocorrer de forma difusa, quando as águas escorrem sem hierarquia e
fixação de leitos, anastomosando-se constantemente ou de forma concentrada ou enxurrada,
quando as águas se concentram, possuindo maior competência erosiva e fixando o leito,
deixando marcas sensíveis na superfície topográfica.
Segundo Guerra e Cunha (1996), as chuvas representam o principal elemento
climático altamente relacionado com os desequilíbrios que se registram na paisagem das
encostas. A variação espacial da intensidade das precipitações (volume) associada à sua
freqüência (concentração em alguns meses do ano) é o fator primordial a ser avaliado em
situações críticas.
Bertoni e Lombardi Neto (1985) explicam que a freqüência das chuvas é um fator
que também influi nas perdas de terra pela erosão. Se os intervalos entre elas são curtos, o
teor de umidade do solo é alto, e assim as enxurradas são mais volumosas, mesmo com
chuvas de menor intensidade. Outro aspecto importante é a ação de compactação que as
gotas de chuva causam ao solo, que perde sua capacidade de infiltração; fator responsável
pelo grande volume de enxurrada durante as chuvas mais intensas. Quando a superfície está
sendo golpeada pelas gotas de chuva, a velocidade de infiltração de água no solo diminui
rapidamente com a proporção do tamanho das gotas, e vai diminuindo progressivamente à
medida que aumenta o grau de declive do terreno.
O entendimento dos processos erosivos permite destacar dois importantes eventos
iniciais, envolvendo, por um lado, o impacto das gotas de chuva na superfície do solo,
promovendo a desagregação e liberação das suas partículas; e, por outro, o escoamento
superficial das águas permitindo o transporte das partículas liberadas. Dependendo da
forma em que se dá o escoamento superficial ao longo da vertente, pode-se desenvolver
dois tipos de erosão: erosão laminar ou em lençol, quando causada por escoamento difuso
das águas de chuva, resultando na remoção progressiva e relativamente uniforme dos
horizontes superficiais do solo; e erosão linear, quando causada por concentração das linhas
de fluxo das águas de escoamento superficial, resultando em pequenas incisões na
22
superfície do terreno, em forma de sulcos, que podem evoluir por aprofundamento a ravinas
(SALOMÃO; IWASA, 1995).
Magalhães (2001) explica que a erosão hídrica desenvolve-se em quatro estágios:
formação de canal onde há concentração de escoamento; incremento rápido em
profundidade e largura onde a cabeceira move-se para montante; declínio do aumento com
início de crescimento da vegetação natural; e eventual estabilização com o canal locado
num perfil de equilíbrio com paredes estáveis e vegetação desenvolvida “segurando” o
solo.
Salomão (1994) diferencia a erosão linear por sulcos e ravinas das voçorocas. Os
primeiros são provocados apenas pelo escoamento concentrado superficial concentrado das
águas de chuvas. Já as voçorocas resultam da conjunção do escoamento concentrado
superficial com o sub-superficial (“piping”), capaz de promover importantes mobilizações
de terra.
O processo conhecido como erosão interna ou “piping”, que ocorre na evolução das
voçorocas, avança para o interior do solo na forma de tubos. Quando os vazios criados no
interior do solo tornam-se significativos, podem dar origem a colapsos do terreno, com
desabamentos que alargam a voçoroca ou criam novos ramos. Estão associados também aos
processos de erosão interna, os descalçamentos e solapamentos da base das paredes da
voçoroca que provocam desmoronamentos ou escorregamentos de solos (IPT,1989).
A erosão em profundidade ou subterrânea, por fluxos tubulares, acontece pela
existência de um gradiente hidráulico (diferença de nível), favorecido por perfurações
abertas pelo sistema radicular de plantas, animais escavadores, movimento de dessecação
do manto rochoso pelo intemperismo, deslizamentos nos depósitos colúvio-aluvionares de
encostas ou nas estruturas reliquiares das rochas originais, impressas na massa de solo
residual. A coesão e granulometria dos solos são determinantes para a evolução da erosão
(MAGALHÃES, 1995).
Queiroz Neto (2001) explica que nos sopés das vertentes ou em rupturas de declive
nas vertentes, com substrato rochoso aflorante ou a pouca profundidade, os fluxos de água
sub-superficiais adicionam-se aos superficiais concentrados, originando sulcos e ravinas; ao
encontrarem os lençóis permanentes mais profundos podem originar voçorocas.
23
Diversos processos estão presentes na voçoroca, dentre eles podemos citar os
relacionados com o escoamento pluvial (lavagem superficial e formação de sulcos), de
erosão interna do solo (piping), solapamentos e escorregamentos dos solos, além da erosão
feita pela água do escoamento pluvial. No interior da voçoroca há surgências d′água, que
durante o ano são alimentadas pelo lençol freático (BACCARO, 1994 apud
MAGALHÃES, 2001).
Oliveira (1994) cita que as forças de percolação na voçoroca são capazes de arrastar
as partículas de solo e assim formar vazios subterrâneos que se podem propagar a distâncias
de vários metros, provocando colapsos e subsidências do terreno.
O processo erosivo não ocorre da mesma forma em solos com diferentes
propriedades. O comportamento de um solo frente à ação das águas varia principalmente
em função de sua permeabilidade, estrutura, densidade e textura, que definem o grau de
erodibilidade do solo. Estas características conferem maior ou menor resistência das
partículas do solo à desagregação e capacidade de absorver e infiltrar água pluvial,
aumentando o limite para início do escoamento pluvial (BERTONI ; LOMBARDI NETO,
1985).
O conteúdo de matéria orgânica pode alterar a estrutura do solo, melhorando a
porosidade nos solos argilosos e promovendo a aglutinação de partículas que firmam a
estrutura nos solos arenosos. Primavesi (1987) menciona a agregação do solo, denominada
bioestrutura do solo, a qual é caracterizada pelos agregados secundários ou grumos
formados pelos microorganismos a partir de agregados primários, de formação química.
Magalhães (1995) cita que os solos mais propícios à erosão são os arenosos,
sobretudo os finos, secos, ácidos, pouco coesivos, coluviais e porosos.
O manejo dos solos e a cobertura vegetal podem alterar significativamente a
resistência dos solos à erosão. Segundo Bertoni e Lombardi Neto (1985), são vários os
efeitos da vegetação: proteção direta contra o impacto das gotas de chuva, interceptação da
água, decomposição das raízes das plantas que contribuem na infiltração, melhoramento da
estrutura do solo pela adição de matéria orgânica e diminuição da velocidade de
escoamento da enxurrada pelo aumento do atrito na superfície.
Segundo Oliveira (1994) o início do desmatamento no Planalto Paulista remonta os
séculos XVII e XVIII, quando a vegetação nativa era francamente derrubada para a
24
implantação das lavouras de subsistência como café, algodão, pastagens, que alavancaram o
povoamento do interior do País. O autor cita que vários pesquisadores observaram
alterações importantes nas taxas de erosão após desmatamentos, principalmente quanto ao
comportamento hídrico do meio físico, promovido pela eliminação da cobertura vegetal.
A mudança do regime de escoamento superficial e subterrâneo, consequência do
desmatamento e das diversas formas de uso do solo, é apontada como principal causa dos
processos erosivos. Essa mudança implica maior velocidade de escoamento superficial e,
ao menos nos primeiros anos após os desmatamentos, num aumento de infiltrações que
aumentam os gradientes e desencadeiam o fenômeno de erosão interna tubular
(FORNASARI FILHO; INFANTI JR., 1998).
Os trabalhos de preparo do solo destroem a estrutura natural da camada arável e, se
realizados sob condições úmidas, provocam a compactação que reduz as taxas de
infiltração e aumenta o volume de escoamento superficial, em solos com declividade. Nos
solos planos a redução das taxas de infiltração provocada pela compactação reflete-se no
aumento do tempo de encharcamento destes, reduzindo consideravelmente o tempo
disponível para preparo do solo (BELTRAME et al., 1981).
As operações de motomecanização aumentam o nível de compactação,
comprometendo a capacidade natural de infiltração do solo. Trabalhos realizados por
Estandislau et. al. (1999) demonstraram o efeito da cobertura vegetal em diferentes graus
de compactação através de curvas de infiltração para três tipos de solo. Sob diferentes
formas de cobertura vegetal, o grau de compactação alterou significativamente a infiltração
dos solos.
O tema erosão tem sido intensivamente estudado sob vários pontos de vista em
todas as partes do mundo e crescem as pesquisas visando à compreensão de mau manejo do
solo e de drásticas alterações ambientais. (SILVA et al, 2003).
Salomão e Iwasa (1995) afirmam que para o estudo da erosão linear (sulco, ravina e
voçoroca) em áreas urbanas, é fundamental conhecer o comportamento das águas de chuva
e do lençol freático em coberturas pedológicas ao longo das vertentes.
A erosão linear profunda, nas áreas urbanas, está associada à concentração do
escoamento das águas superficiais através das ruas, rede de galerias pluviais e de esgotos
25
que, quando lançados de forma inadequada nos talvegues receptores, resultam na abertura
de grandes ravinas e mesmo voçorocas (IWASA; FENDRICH, 1988).
Queiroz Neto (2001) aponta que faltam estudos sobre erosão que integram as
erosões por escoamento superficial e sub-superficial das águas pluviais ao universo da
dinâmica global da água no solo, incluindo as drenagens internas, vertical e lateral. Entre as
propostas para incrementar as pesquisas sobre o tema, o autor cita o cadastramento das
erosões, relacionando-as aos fatores condicionantes do meio físico e de manejo, procurando
identificar as áreas mais sensíveis.
Em trabalho realizado pelo IPT (1989) de cadastramento de ravinas e voçorocas na
Bacia do Peixe-Paranapanema, verificou-se que o desenvolvimento destas feições depende
da conjugação de fatores naturais com antrópicos. Os fatores naturais condicionantes são
basicamente o tipo de solo e relevo e, de forma mais indireta, o tipo de substrato rochoso na
medida em que está intimamente associado às coberturas pedológicas. As características do
solo que se mostraram importantes são a textura, pois há uma relação exclusiva com solos
de textura arenosa a média; a estrutura, com maior incidência em solos de estrutura
prismática ou em blocos, o que facilita a concentração das águas de escoamento em filetes
coincidentes com a disposição das macroestruturas; e a profundidade, pois o
aprofundamento das feições depende da espessura do solo. Quanto ao relevo, em linhas
gerais, há correlação com relevos acentuados e/ou com menores interflúvios e as cabeceiras
de drenagem.
As principais medidas para minimizar a realimentação do processo de erosão na
cabeceira da voçoroca são: terraceamento; canais de desvio; beiras com vegetação ou
cordões de pedra. As águas provenientes do escoamento pluvial devem ser conduzidas
desde a cabeceira da voçoroca até o fundo, de tal forma que haja uma diminuição da
energia da água. A formação de um maciço arbóreo diminui a evolução do processo da
voçoroca, pois auxilia na estruturação do solo, na redução de velocidade das águas
superficiais e na regularização da infiltração. O isolamento da feição é importante de forma
que evite a passagem de animais, pessoas, veículos, etc. Para controle das águas
subterrâneas e subsuperficiais, responsáveis pela erosão tubular no interior das vertentes e
pela liquefação do material no rodapé das paredes da voçoroca, podem ser adotados drenos
com material filtrante e drenos de bambu, entre outros (MAGALHÃES, 2001).
26
Oliveira (1995) explica, porém, que a perda de solos de uma bacia não significa
necessariamente produção de sedimentos, pois há vários fatores que influem nesta relação,
ou seja, na transformação da perda de solos em sedimentos que saem de uma bacia como: o
tamanho das áreas-fonte e sua proximidade da saída da bacia, o tamanho das partículas que
se relacionam com o tipo de solo, a declividade e a forma do relevo, a forma dos canais e
sua composição litológica. Todos estes fatores são ativados pelo uso do solo e pelo clima,
especialmente as chuvas que geram a dinâmica de transporte das partículas desde as áreas-
fonte até as drenagens permanentes (transporte por enxurradas) e destas até a saída ou
exutório da bacia (transporte fluvial).
Foster et al.(1982, apud OLIVEIRA, 1994) salientam que a produção de sedimentos
de uma bacia pode ser mais indicativa da capacidade de transporte do escoamento
superficial que da própria intensidade dos processos erosivos.
Carvalho (1994) cita o parâmetro de informação hidrossedimentométrica que é o
coeficiente de remoção de sedimentos, ou razão de transferência. Trata-se da relação entre a
quantidade de carga sólida medida na seção transversal do curso d’água e a quantidade total
de erosão da bacia contribuinte. Os fatores que mais afetam esse parâmetro são: relevo, área
de drenagem, razão relevo-comprimento e densidade de drenagem.
Segundo Dunne e Leopold (1978), o transporte de sedimentos é uma característica
natural dos sistemas fluviais necessária à manutenção da estabilidade relativa entre os
processos de erosão e deposição. Dependendo do clima, geologia e vegetação, mesmo sem
a interferência antrópica, o sistema fluvial possui uma carga de sedimentos natural e
adequada às suas características.
Carvalho (1994) explica que um fluxo de água tem a capacidade de transportar uma
certa quantidade máxima de material sólido que é conhecido como valor de saturação. Esse
valor depende de vários fatores como vazão, declividade do rio, granulometria e peso
específico do sedimento. Caso a quantidade de material seja maior que o valor de saturação,
haverá formação de depósito. Neste caso, com a carga sólida do rio elevada, o leito começa
a se elevar devido a grande sedimentação, sendo que enchentes podem tornar mais
freqüentes devido à diminuição de capacidade da calha. Caso haja um reservatório, este
passará a reter todo o sedimento, assoreando-se.
27
Oliveira (1995) afirma que, de um ponto de vista amplo, o assoreamento deve ser
considerado num quadro de desequilíbrio ambiental de vários caracteres: geomorfológico,
porque o assoreamento faz parte do conjunto de processos de modelado do relevo;
pedológico, porque o assoreamento responde à erosão que acompanha transformações
importantes dos solos, tanto físicamente quanto quimicamente, e também hidrológico,
porque todos os processos respondem a alterações significativas do comportamento hídrico
dos terrenos, especialmente a relação entre taxas de escoamento superficial e de infiltração.
Portanto, o assoreamento constitui aspecto de um problema maior, que pode ser designado
como degradação dos recursos naturais (solos e águas), provocada por formas inadequadas
de uso do solo urbano ou rural.
Bordas e Semmelmann (1993) afirmam que, com o passar do tempo, os processos
em ação no ciclo hidrossedimentológico acabam por moldar as feições das bacias
hidrográficas. Estas alterações resultam de um demorado processo de adaptação, produto da
degradação lenta do relevo sob ação dos processos presentes no ciclo
hidrossedimentológicos. No sistema fluvial predominam a erosão no trecho superior da
rede de drenagem, o transporte no trecho médio e os depósitos no curso inferior. Onde
existe solo, a erosão nas vertentes processou-se em ritmo compatível com a formação deste,
garantindo dessa forma a evolução equilibrada do sistema, mantidas as condições tectônicas
e climáticas. Já, com a presença e ação do homem, há uma aceleração da erosão natural dos
interflúvios, aumentando as agressões às calhas dos rios, aumentando os depósitos e a
instabilidade dos leitos fluviais.
Dunne e Leopold (1978) explicam que uma mudança na descarga de sedimentos
não produz uma alteração imediata no curso d’água, mas inicia uma mudança que se
estende por um determinado período. O canal se altera tanto pela mudança na vazão, como
pela mudança na produção de sedimento, e estas duas alterações podem não ocorrer ao
mesmo tempo. O canal fluvial pode exibir diferentes respostas às mudanças das condições
superficiais na Bacia Hidrográfica, dependendo da magnitude. Assim, é importante
determinar o grau de alteração na relação chuva-escoamento-erosão necessária para realizar
uma mudança significativa no canal fluvial. A resposta do canal fluvial não irá depender
somente do tipo de mudança na cobertura vegetal e condição do solo, mas na porcentagem
28
afetada da Bacia, no clima da região, na topografia, forma das vertentes, e em outras
características interrelacionadas na Bacia Hidrográfica.
Oliveira (1995) aponta que o assoreamento não responde de forma linear nem
concomitante à progressão da erosão. As características dos depósitos e seu entalhe
mostram que não há uma condição contínua de erosão, transporte e deposição, mas sim
saltos qualitativos que definem fases bem marcadas da evolução do meio físico. O autor
considera, que a caracterização da dinâmica superficial de uma bacia hidrográfica e do
comportamento dos canais de drenagem constituem etapa essencial para a elaboração de
modelos de assoreamento mais realistas, que podem auxiliar na avaliação e interpretação
dos dados sedimentométricos disponíveis e, na falta destes, permitindo caracterizar
qualitativamente a produção de sedimentos de uma bacia hidrográfica. Nesta análise,
salienta a importância do conhecimento das características da Bacia, especialmente de sua
dinâmica ante o uso do solo, de forma a enriquecer o estudo do assoreamento, qualificando
o ambiente como atual para destacar que os processos atuais são acelerados e relativos à
transformação tecnogênica da paisagem ou morfogênese antrópica, extremamente veloz e
intensa.
29
3.2. Equação Universal de Perda de Solo
30
Não levando em conta a erosão linear ou por escoamento concentrado, que provoca
a formação de sulcos, ravinas e voçorocas, a EUPS, segundo Oliveira (1994), exclui os
processos mais eficientes para o transporte de sedimentos.
Segundo Stein (1999), a EUPS representa quantificações de perdas de solo
admitidas contínuas ao longo da encosta, desconsiderando a deposição parcial nas
vertentes, que sabidamente ocorre, e também a complexidade imposta pela intervenção da
dinâmica fluvial, com erosão e deposição associadas.
Usualmente, a Equação Universal de Perda de Solo é avaliada frente ao Índice de
Tolerância de Perdas de Solo. Segundo Bertoni e Lombardi Neto (1985), o estabelecimento
desta tolerância é de difícil determinação, pois envolve aspectos econômicos e ambientais
nesta avaliação. Conceitualmente, este índice pode ser definido como a intensidade máxima
de erosão do solo que mantém a produtividade de uma exploração agrícola
economicamente viável e a capacidade de formação do solo para recompor as perdas.
Os autores procuraram estabelecer padrões de tolerância de perdas para solos
considerando principalmente a profundidade do solo favorável ao desenvolvimento do
sistema radicular e a relação textural dos horizontes superficiais. Solos com gradiente
textural entre os horizontes apresentam um menor valor de tolerância, pois têm uma
profundidade pequena no horizonte superficial que fica mais sujeito ao processo de erosão.
Os solos profundos, sem diferença textural, apresentam maior permeabilidade e assim os
limites são mais elevados.
O limite de tolerância de perdas de solo por erosão é estabelecido para cada classe
de solo. A Tabela 1 apresenta os valores da média ponderada em relação à profundidade
dos limites de tolerância para as classes de solo encontradas na área de estudo.
31
Tabela 1. Índice de tolerância de perdas de solo.
A Equação Universal de Perda dos Solos foi modificada por Willians em 1975, com
o objetivo de criar um modelo para prever o aporte de sedimentos na Bacia Hidrográfica. A
equação MUSLE (Modified Universal Soil Loss Equation) utiliza os mesmos fatores da
equação anterior, com exceção do fator R (erosividade da chuva), o qual foi substituído por
fatores que contemplam os processos hidrológicos da Bacia (SILVA et.al.,2003). A
equação é:
Y= 89,6 (Q*qp)0,56 K LS C P (2)
onde,
Y= aporte de sedimentos em determinado exutório da Bacia após evento chuvoso
Q=volume de escoamento superficial (m3)
qp= vazão-pico (m3)
32
meio físico, intervenientes no processo de erosão e Equação do Potencial Antrópico, com
os fatores que dependem das ações antrópicas sobre o meio físico.
Este fracionamento, que permite realizar uma análise segmentada do processo
erosivo, já foi realizado em diversos trabalhos por Stein et al. (1987), Pinto (1991), Valério
Filho (1994) e Oliveira (2000).
A equação do Potencial Natural de Erosão é:
PNE= R K L S (3)
onde,
R = erosividade da chuva, em tm.mm/ha.h.ano;
K = erodibilidade do solo, em ton/ha ano tm-1ha-1mm;
LS = fator topográfico
33
EI= 6,886 (r2 / P )0,85 (4)
onde,
EI= média mensal do índice de erosividade, em tm.mm/ha.h.ano;
r = precipitação média mensal, em milímetros;
P = precipitação média anual, em milímetros.
Para obtenção do índice de erosão médio anual, somam-se os valores mensais dos
índices de erosão em um período mais longo possível e, desta forma, estima-se com relativa
precisão os valores médios de EI de um local usando somente totais de chuva.
O fator erodibilidade do solo é a relação das perdas de solo por unidade do índice de
erosividade da chuva, em solo preparado convencionalmente, no sentido do declive,
mantido continuamente descoberto, com 9% de declividade e 25 metros de comprimento de
rampa.
Vários métodos vêm sendo desenvolvidos para determinação indireta da
erodibilidade, com base nas características físicas e químicas de cada solo (SILVA et.al.,
2003). A aplicação do nomograma de propriedades do solo desenvolvido por Wischmeier
em 1971, não se apresentou satisfatório para os solos tropicais, com elevados teores em
óxidos (CASSOL et. al., 1981).
Bertoni e Lombardi Neto (1975, apud BERTONI; LOMBARDI NETO, 1985)
estudaram perfis de solos com horizonte B textural e latossólico para determinação da
erodibilidade de acordo com o método de Middleton, que se baseia nas propriedades físicas
do solo. O índice de erodibilidade foi definido como sendo a razão entre a relação de
dispersão (teor de argila natural/ teor de argila dispersa) e a relação argila dispersa/umidade
equivalente. Os trabalhos realizados no Estado de São Paulo normalmente utilizam os
valores de erodibilidade obtidos neste estudo, com algumas modificações.
34
Tabela 2. Valores adotados de erodibilidade dos solos (K).
35
Williams e Berndt (1976 apud RISSO; CHEVALLIER, 1992) descrevem a
aplicação da EUPS a bacias hidrográficas. Para determinação do comprimento da vertente,
considerou-se a bacia como sendo retangular com um canal no centro deste retângulo, na
direção longitudinal. A largura da bacia é igual a razão da área do retângulo pelo
comprimento do canal. Como o canal está localizado no centro da bacia, a distância
percorrida pela água corresponde à metade da largura do retângulo. Desta forma o
comprimento médio da vertente para bacia de maior complexidade é estimado pela
equação:
L=0,5 A /Lt (6)
onde,
A =área de drenagem da bacia em km 2;
Lt=comprimento total dos canais da bacia em km.
A Equação do Potencial Antrópico considera apenas os fatores na EUPS que
dependem do uso e manejo dos solos, podendo ser usada para avaliar níveis de impacto
sobre o meio físico em função de diferentes formas de uso do solo. A equação do Potencial
Antrópico é:
Potencial Antrópico = C P (7)
onde,
C = índice relativo ao fator uso e manejo do solo;
P = índice relativo à prática conservacionista adotada.
36
portanto, depende da quantidade de chuvas erosivas que ocorrem durante o período da
estação chuvosa, quando a cultura e as práticas de manejo apresentam uma proteção
mínima por se encontrarem na fase de plantio ou início do desenvolvimento. O fator C
mede o efeito combinado de todas as relações das variáveis de cobertura e manejo.
Os valores atribuídos ao fator C adotados na presente pesquisa, baseiam-se em
médias anuais, pois para algumas regiões e conforme o tipo de vegetação, há variação
sazonal da eficácia da cobertura do solo em função do estado de estresse hídrico, existência
ou não de cobertura morta sobre a superfície, entre outros fatores (SILVA et. al., 2003).
A cultura da cana de açúcar, por exemplo, durante seu ciclo vegetativo semiperene,
atravessa várias fases em que apresenta diferentes níveis de proteção ao solo. Na fase
adulta, a cultura oferece boa proteção ao solo, o que não acontece durante as etapas de
plantio e início de seu desenvolvimento. Nos canaviais, porém, as áreas mais sujeitas à
erosão são os carreadores entre talhões, intensamente compactados, desprovidos de
cobertura vegetal e posicionados normalmente no sentido do declive (STEIN, 1999).
Em culturas anuais, o preparo do solo, determinando maior ou menor desagregação
de suas partículas, tem sensível efeito nas perdas de solo e água. Estudos apontam a
necessidade de revolvimento reduzido da camada arável, de forma a limitar a desagregação
das partículas de solo. Bertoni e Lombardi Neto (1985) salientam a importância do manejo
de resíduos da cultura após colheita, pois quando são deixados na superfície oferecem alta
proteção ao solo, a exemplo da prática de plantio direto, ou plantio na palha.
As culturas perenes, como laranja e café, conferem de média a alta proteção ao solo
em virtude do baixo grau de revolvimento da terra após implantação da lavoura. O tipo de
manejo da cultura pode aumentar o nível de proteção do solo. A redução das capinas e
substituição pela ceifa do mato, de forma a manter os sistemas radiculares das ervas
invasoras, preserva a capacidade de infiltração da água, reduzindo o risco de erosão.
Entre as formas de exploração agropecuária, as pastagens são consideradas como o
tipo de ocupação agrícola que confere alta proteção ao solo. Segundo Bertoni e Lombardi
Neto (1985), as gramíneas formadoras das pastagens são plantas, cuja densidade de hastes e
sistema radicular adaptam-se bem no controle da erosão. Pela sua capacidade de diminuir a
intensidade da enxurrada e prender as partículas de solo contra a pressão da água, formando
37
pequenas rugosidades no terreno, agem como minúsculas barragens e retardam o
movimento da água.
O tipo de manejo da cultura pode alterar a expectativa de proteção do solo atribuída
à cobertura vegetal. As pastagens extensivas, em geral, apresentam superpastejo devido à
baixa capacidade de suporte da gramínea, cultivada em solos de baixa fertilidade e
manejada sem rotação. Este superpastejo diminui a massa vegetal e, conseqüentemente,
expõe mais o solo aos processos erosivos.
As florestas artificiais de pinus e eucalipto ou áreas de reflorestamento, em estágio
de completa formação arbórea, apresentam alta densidade de cobertura vegetal com
acúmulo de matéria orgânica na superfície do solo, favorecendo a proteção do solo.
Em condições naturais, as copas das árvores, a vegetação de sub-bosque e,
principalmente, a serrapilheira de uma floresta, fazem o papel de “amortecedores” da
energia cinética contida na gota d’água da chuva, impedindo o contato direto entre a gota
d’água e as partículas do solo, evitando o salpicamento (SILVA et. al., 2003).
A cobertura vegetal nativa na área de estudo consiste na Mata Tropical Caducifólia
de encosta que ocupa as escarpas das cuestas basálticas e o Cerrado com suas variações,
outrora dominante, atualmente ocupa áreas esparsas e restritas (MAIER, 1983).
A fisionomia do Cerrado é de uma savana mais ou menos densa com uma cobertura
herbácea contínua, e com um dossel descontínuo de elementos arbóreos e arbustivos, de
galhos retorcidos, cascas espessas e, em algumas espécies, folhas coreáceas.
Ecologicamente, os dois principais fatores determinantes da presença dos Cerrados são os
solos ácidos, de baixa fertilidade, e o clima estacional. Quando estas condições ambientais
combinam com a ocorrência de solos arenosos, litólicos ou hidromórficos, as fisionomias
resultantes tendem a formas mais abertas, localmente chamadas de campo cerrado, campo
sujo ou campo limpo. Ao contrário, quando ocorrem condições ambientais que implicam
em compensações parciais, hídricas ou edáficas, as fisionomias tendem a formas mais
densas como cerrado denso ou cerradão (ADÁMOLI et. al. , 1983).
Os valores do fator C foram baseados em informações da Seção de Conservação dos
Solos do Instituto Agronômico de Campinas, com modificações que surgiram em trabalhos
posteriores, conforme Tabela 3.
38
Tabela 3. Valores adotados do fator uso-manejo para as classes de uso do solo.
39
O plantio em contorno é aquele em que as linhas de cultura acompanham as curvas
de nível, promovendo uma barreira no caminho da enxurrada e aumentando a oportunidade
de infiltração da água. Em declives acima de 3%, o plantio em contorno não é suficiente
para conter o potencial erosivo da enxurrada, havendo necessidade da construção de
terraços. Os cordões de vegetação permanente são fileiras de cultura perene e crescimento
denso plantadas em contorno com determinado espaçamento horizontal, formando barreiras
vivas para controle da erosão (BERTONI ; LOMBARDI NETO, 1985).
Amaral (1978) define o terraceamento como prática agrícola que consiste no
levantamento de uma série de embarcamentos que acompanham a curva de nível cortando o
declive, cujas funções consistem em captar a enxurrada antes que atinja velocidades
desastrosas. De acordo com a faixa de movimento da terra, evidenciam-se três tipos de
terraços de drenagem ou em nível: terraços de base estreita, base média e base larga.
Bertoni e Lombardi Neto (1985) explicam que o terraceamento é uma prática
eficiente no controle de erosão, sendo o terraço de base larga, indicado para terrenos até
12% de declividade e o terraço de base estreita indicado em terrenos de maior declividade e
em culturas perenes, já que a forte inclinação dos taludes do camalhão e da valeta dos
terraços de base estreita dificulta o cruzamento de máquinas, não sendo indicados para
culturas anuais. Quando o tipo de solo apresenta boa capacidade de absorção de água, os
terraços são construídos em nível absoluto para retenção total da água de chuva: esse tipo
de terraço é denominado de retenção. Nas terras pouco permeáveis, é necessário construí-
los com um pequeno gradiente no sentido dos canais escoadouros. Esse tipo é denominado
terraço de drenagem.
Já o terraço embutido é construído de modo que o canal tenha a forma triangular,
ficando o talude que separa o canal do camalhão praticamente na vertical. Este tipo de
terraço normalmente é feito com motoniveladora ou trator com lâmina, de maneira a
permitir o máximo aproveitamento da área cultivada com plantio tanto no canal como no
camalhão (IPT, 1989). Sua implantação é mais onerosa, sendo comumente utilizado em
áreas de declive acentuado.
Quando os terraços e as curvas de nível não são dimensionados adequadamente,
favorecem a formação rápida de sulcos devido ao rompimento pelas águas pluviais, cuja
velocidade acelerada nesse ponto provoca tal formação, caracterizando o processo de
40
ravinamento (MAGALHÃES 1995). Bertoni e Lombardi Neto (1985) explicam que nestes
casos, as leiras, rompendo-se, podem soltar a água que estava acumulada, e o volume da
enxurrada, aumentando em cada leira sucessiva, causa um prejuízo acumulativo.
Os índices de tolerância de perda de solo estabelecem limites que podem orientar as
escolhas técnicas quanto ao uso e manejo do solo. A partir deste conceito, definiu-se o
índice CP tolerável, que consiste no valor em que a relação de uso e manejo do solo, aliada
às práticas conservacionistas, permite respeitar estes limites (BERTONI; LOMBARDI
NETO, 1985). O valor do CP tolerável é obtido através da equação:
CPt=T/PNE (8)
onde,
T= índice de tolerância de perda de solo, em ton/ha;
PNE=potencial natural de erosão
Cavalieri (1998) definiu o risco de erosão como sendo a razão entre a perda de solo
e a perda tolerável do solo, conforme equação:
Risco de erosão = EUPS/ T (9)
onde,
EUPS = índice que representa a perda de solo por unidade de área (toneladas/ha);
T= índice de tolerância de perda de solo (toneladas/ha).
Considerando que o CP tolerável permite a medição do Potencial Antrópico (CP),
envolvendo a avaliação das ações antrópicas de uso do solo frente às condições do meio
físico de susceptibilidade natural à erosão, a razão entre os valores de CP e CP tolerável foi
identificada neste estudo como grau de vulnerabilidade à erosão, sendo obtido através da
equação:
Vulnerabilidade à erosão = CP/CPt (10)
onde,
CP = Potencial Antrópico (adimensional);
CPt = Potencial Antrópico tolerável (adimensional).
Neste estudo optou-se pelo uso do conceito de vulnerabilidade por estar mais
adequado como medida da capacidade de resposta dos solos ao processo erosivo, não
envolvendo a análise das conseqüências do evento, inerentes ao conceito de risco.
41
3.3. As sub-bacias como unidade de análise
A bacia hidrográfica, definida por Christofolleti (1974), como a área drenada por
um determinado rio ou por sistema fluvial, constitui-se na unidade de análise ambiental
mais adequada aos propósitos de planejamento, pois se caracteriza como uma unidade
física bem definida, em razão da interdependência dos atributos bióticos e abióticos no seu
interior (RESENDE, 1995).
Cunha e Guerra (1996) afirmam que a bacia hidrográfica é uma unidade integradora
dos setores naturais e sociais, devendo ser administrada com esta função a fim de que os
impactos ambientais sejam minimizados, evitando uma visão setorizada dentro do conjunto
de elementos que compõem a paisagem.
Christofoletti (1969) comenta que a análise de aspectos relacionados à drenagem,
relevo e geologia pode levar à elucidação e compreensão de diversas questões associadas à
dinâmica ambiental local.
O estudo da morfometria, que compreende o levantamento de índices, relações e
valores numéricos que definem a natureza de um sistema natural de drenagem, pode
contribuir para o estudo da erosão, uma vez que a análise dos atributos morfométricos do
relevo permite avaliar o seu grau de energia e sua susceptibilidade à ocorrência de
processos erosivos e deposicionais (MOREIRA; PIRES NETO, 1998).
A escolha das sub-bacias como unidade de análise, neste estudo, tem como objetivo
favorecer o diagnóstico ambiental e facilitar um possível monitoramento da área de estudo.
O estabelecimento das unidades de análise considerou o sistema fluvial e sua
hierarquização, através da ordem dos canais.
Os dados morfométricos discutidos aqui foram escolhidos por acrescentar
informações sobre o meio físico que interferem nos processos erosivos como as condições
de infiltração, a capacidade de produção de sedimentos e a energia de relevo.
42
3.3.1. Ordem dos canais
Segundo Christofoletti (1974), a área da bacia (A) é toda a área drenada pelo
conjunto do sistema fluvial, projetada em plano horizontal, em km2.
Oliveira (1994) cita que em estudos de bacias hidrográficas na região leste e central
dos Estados Unidos, detectou-se uma relação inversa da capacidade de produção de
sedimentos com a área, ou seja, bacias menores produzem mais sedimentos. O autor
destaca a importância da caracterização da dinâmica dos processos de erosão e
assoreamento, no qual há um conjunto de fatores inerentes à bacia como o tamanho da área-
fonte e sua proximidade de saída, densidade de drenagem, padrões de relevo e outros.
Uehara e de Jorge (1998) descrevem que o índice de forma (Kf) é a relação entre a
largura média e o comprimento axial da bacia. A largura média é obtida pela divisão da
área da bacia pelo seu comprimento. Quanto menor o índice de forma, mais estreita e
alongada a bacia, e quanto maior for este índice, mais circular a forma da bacia. É obtido
pela fórmula:
Kf=A/Lc2 (adimensional) (11)
Onde,
A = área da bacia, em km2;
43
Lc = comprimento do curso d’água mais longo, em km.
Prandi (1996), em estudo sobre a evolução de feições erosivas de grande porte na
região de Marília, verificou que há tendência de uma relação entre a declividade média do
perfil de fundo da erosão e a área de drenagem da bacia e seu índice de forma, sendo que as
erosões que se estabelecem em menores bacias e/ou com maior índice de forma,
apresentam maiores declividades de fundo. Maiores valores do índice de forma determinam
maiores vazões de enchente, portanto bacias com estas características devem ser mais
sujeitas a fenômenos erosivos.
44
3.3.6. Declividade média
45
3.3.8. Extensão do percurso superficial
46
3.4. Estudos de erosão em SIG - Sistema de Informação Geográfica
47
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), que utiliza o modelo de
campos e objetos de forma unificada, permitindo a existência de múltiplas representações
para um mesmo fenômeno geográfico.
No SPRING, o banco de dados corresponde fisicamente a um diretório e o sub-
diretório é o projeto, onde se delimita a área física de trabalho. Os dados são armazenados
em planos de informação (PIs), também conhecidos como níveis ou camadas de
informação, vinculados ao projeto. Os dados, contidos nos PIs, são divididos em categorias.
As informações pertencem às categorias conforme seu modelo de dados, havendo
categorias temáticas, numéricas, imagem, cadastral, rede ou objeto. A categoria do modelo
temático refere-se a dados que classificam uma posição geográfica quanto a um
determinado tema (tipos de solo, classes de uso do solo). Para as categorias de dados do
modelo temático é necessário definir as classes temáticas, especializações da categoria
temática.
A categoria do modelo numérico refere-se a dados que possuem uma variação
contínua de seus valores numéricos em função de sua posição na superfície (altimetria, pH
do solo, etc). A categoria do modelo imagem refere-se a dados provenientes de
sensoriamento remoto em formato matricial (imagens de satélite, fotografias aéreas
transformadas em imagens digitais através de “scanners”).
Já a categoria de dados do modelo objeto refere-se à especialização de um tipo de
objeto geográfico, como municípios, logradouros, propriedades, etc, e a categoria do
modelo cadastral refere-se aos mapas que contêm a representação de determinado tipo de
objeto, por exemplo: divisão política é a categoria cadastral que conterá o mapa com as
representações dos municípios.
Os objetos são associados a uma lista de atributos, permitindo a realização de
consultas a partir da geração de critérios sobre estes atributos, além da inserção de novos
atributos criados na integração das informações.
A categoria do modelo não-espacial refere-se aos dados que não possuem
representação espacial como, por exemplo, os dados de cadastros rurais e urbanos.
A categoria do modelo rede refere-se aos dados geográficos que possuem relações
de fluxo e conexão entre os inúmeros elementos que se deseja representar e monitorar. Ex:
rede de energia elétrica, esgoto, água, drenagem, telefonia etc.
48
As categorias numéricas também são conhecidas como modelo numérico de terreno
- MNT (em inglês, DTM = Digital Terrain Model), que é uma representação matemática da
distribuição espacial de uma determinada característica vinculada a uma superfície real. A
superfície é em geral contínua e o fenômeno que representa pode ser variado. Para a
representação de uma superfície real no computador, o modelo digital pode estar
representado por equações analíticas ou uma rede (grade) de pontos, de modo a transmitir
ao usuário as características espaciais do terreno. No SPRING, um MNT é criado na forma
de uma grade de pontos regulares e irregulares.
Um mapa de MNT pode ser armazenado na forma vetorial (quando a representação
referente às amostras ou grade triangular existir) ou matricial (quando uma grade regular
existir). A representação matricial é do tipo grade retangular, ou seja, uma dada área será
dividida em células de tamanho fixo, onde cada célula terá um valor de acordo com o tipo
de dado amostrado e o interpolador utilizado. A partir das grades pode-se calcular, entre
outras operações, gerar mapas de declividade, fatiamentos nos intervalos desejados e
perspectivas tridimensionais.
Na modelagem da superfície por meio de grade irregular triangular, cada polígono
que forma uma face do poliedro é um triângulo. Esta modelagem permite que as
informações morfológicas importantes, como as descontinuidades representadas por feições
lineares de relevo (cristas) e drenagem (vales), sejam consideradas durante a geração da
grade triangular, possibilitando assim, modelar a superfície do terreno preservando as
feições geomórficas da superfície. (Ajuda do SPRING).
Risso e Chevallier (1992) estudaram a aplicação do Modelo Numérico de Terreno
(MNT) em ambiente SIG ao cálculo automático dos parâmetros de comprimento de
vertente e declividade, que constituem o fator topográfico da EUPS.
Existem vários trabalhos sobre erosão que estudaram a aplicação de modelos
matemáticos, como a EUPS, em ambiente SIG. A seguir são apresentados aqueles que
contribuíram para a realização do presente estudo.
Valério Filho (1994) associou o uso da EUPS com o SIG na avaliação da
susceptibilidade natural à erosão na bacia hidrográfica do Ribeirão Bonito (Santa Maria da
Serra, SP) e ainda estudou a evolução da ocupação dos solos da região utilizando
fotografias aéreas para o ano de 1972 e imagens de satélite TM/Landsat de 1988.
49
Pinto (1995) também utilizou SIG/STIM para caracterizar indicadores da erosão do
solo através de produtos de sensoriamento remoto e geoprocessamento, com apoio do
modelo da EUPS/MUSLE, comparando os cenários de 1972 e 1992.
Santos et al. (1999) realizaram estudo para avaliação de perdas de solo por erosão
hídrica na bacia do Rio Ivaí-PR através da EUPS, utilizando o SIG/ArcView e verificaram
os índices do potencial de perdas em relação à tolerância dos solos. Neste trabalho,
considerou-se a extensão do percurso superficial da bacia hidrográfica como sendo um
valor médio para o comprimento de rampa, utilizado para obtenção do fator topográfico.
Oliveira (2000) aplicou o modelo EUPS com apoio do SIG/IDRISI. O autor obteve
os valores do uso da terra permissível (CP tolerável) pela relação entre o índice de perda de
solo tolerável para cada tipo de solo e o potencial natural de erosão, e depois sobrepôs aos
dados de uso da terra para as realidades dos anos de 1962,1972 e 1996.
Ribeiro (2000) utilizou o SIG/SPRING para aplicar a EUPS na microbacia
hidrográfica do Ribeirão Araquá no município de São Pedro-SP e verificou o uso da terra
frente ao índice de tolerância de perda de solo da área.
Rosa (2001) estudou a erosão no município do Prata- MG, pela aplicação da EUPS
usando software IDRISI. Os dados de comprimento de rampa foram obtidos utilizando uma
relação com a área da bacia e os comprimentos de todos os cursos d’água.
Torezan e Lorandi (2001) elaboraram Carta de Risco Potencial à Erosão Acelerada
da Bacia do Rio Bonito no município de Descalvado-SP, utilizando SIG/IDRISI conforme
metodologia atribuída a Pejon (1992), consistindo basicamente na hierarquização e
atribuição de pontos aos diversos fatores intervenientes no processo erosivo, os quais
incluem características do material inconsolidado (textura, profundidade, erodibilidade,
permeabilidade) bem como características ambientais, como o potencial ao escoamento
superficial, que por sua vez considera atributos como a litologia, declividade e densidade de
drenagem.
Ridente Jr. et al. (2001) elaboraram Carta de suscetibilidade à erosão no município
de São Manuel através da integração dos dados de declividade do terreno e associações
pedológicas realizado com o software “Map Info”, permitindo a definição de unidades
homogêneas do terreno frente ao comportamento dos processos erosivos. Neste trabalho, os
intervalos de classes de declividade do terreno foram previamente estabelecidos em função
50
da análise da ocorrência e tipologia das feições erosivas e os tipos de solos foram
hierarquizados conforme seu comportamento frente à erosão, identificando, neste caso, as
áreas com maior e menor suscetibilidade à ocorrência de feições erosivas.
Fujihara, A K. (2002) utilizou SIG para testar modelos de predição de erosão pela
EUPS e capacidade de uso da terra para fins de planejamento ambiental em uma microbacia
do oeste paulista. O modelo de risco de erosão simulado (CAVALIERI, 1998) com cálculo
automático do fator LS pelo programa “LS-USLE2D” versão 4.1, compatível com o Idrisi
2.0, foi o que apresentou a melhor correlação com os processos erosivos levantados em
campo com equipamento GPS. Neste trabalho foi criado um banco de dados de atributos
físicos construído com o auxílio de três softwares: Idrisi, IIwis e ArcView.
Paranhas Filho et al. (2003) realizaram estudo de avaliação multitemporal das
perdas de solos na bacia do Rio Taquarizinho-MS, região que apresentou grandes
modificações no tipo de uso e ocupação do solo no período analisado. A EUPS foi aplicada
em três diferentes momentos: 1966, 1985 e 1996. Esta aplicação multitemporal mostrou a
tendência evolutiva do processo erosivo na região e apontou que, em alguns locais, o
desmatamento implicou num aumento da taxa de erosão laminar dos solos em mais de 50
vezes.
51
3.5. Processamento de Imagens digitais
52
região a ser classificada. Este método utiliza-se parâmetros estatísticos considerando a
probabilidade do pixel ser incluído em cada classe.
O processamento de imagens digitais do SPRING estabelece que o primeiro passo
em um processo de classificação multiespectral é o treinamento, quando é feito o
reconhecimento da assinatura espectral das classes. Durante o treinamento supervisionado,
o usuário deve identificar na imagem uma área representativa de cada classe. É importante
que a área de treinamento seja uma amostra homogênea da classe respectiva, mas ao
mesmo tempo deve-se incluir toda a variabilidade dos níveis de cinza do tema em questão.
Para a obtenção de classes estatisticamente confiáveis, são necessários de 10 a 100 "pixels"
de treinamento por classe. O número de "pixels" de treinamento necessário para a precisão
do reconhecimento de uma classe aumenta com o aumento da variabilidade entre as classes.
O SPRING permite a entrada direta de imagens provenientes de satélites como os
satélites Landsat e CBERS. Cada uma destas imagens apresenta características distintas
quanto à resolução, que consiste na medida da habilidade que um sistema sensor possui de
distinguir entre respostas que são semelhantes espectralmente ou próximas espacialmente.
A resolução espacial é definida pela capacidade do sistema sensor em “enxergar”
objetos na superfície terrestre; quanto menor o objeto a ser visto, maior a resolução
espacial. A resolução espectral é inerente às imagens multiespectrais de sensoriamento
remoto, definida pelo número de bandas espectrais do sistema sensor e pela largura do
intervalo de comprimento de onda coberto por cada banda. Quanto maior o número de
bandas e menor a largura do intervalo, maior é a resolução espectral de um sensor. A
resolução radiométrica é dada pelo número de níveis digitais, representando níveis de cinza,
usados para expressar os dados coletados pelo sensor (CRÓSTA, 1992).
A partir do Landsat 4 e 5, o satélite passou a contar com o sensor TM (Thematic
Mapper), operando em 7 faixas espectrais com resolução espacial de 30 metros. O TM
(Thematic Mapper) é um sistema avançado de varredura multiespectral concebido para
proporcionar resolução espacial mais fina, melhor discriminação espectral entre objetos da
superfície terrestre, maior fidelidade geométrica e melhor precisão radiométrica em relação
aos sensores anteriores.
Cada faixa espectral permite uma visualização diferente, permitindo várias
aplicações, conforme se observa na tabela a seguir.
53
Tabela 5. Características das Imagens de satélite TM/LANDSAT
54
4. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
55
UGRHI - 13
ÁREA DE ESTUDO
Fonte: Diagnóstico atual dos recursos hídricos e estabelecimento de diretrizes técnicas para
elaboração do Plano da Bacia Hidrográfica do Tietê/Jacaré (IPT, 2000).
56
4.2. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL - APA
57
Originalmente não englobadas pelo perímetro Corumbataí, as sub-bacias do
Ribeirão da Rasteira, do Ribeirão Claro, do Córrego do Gouveia, do Córrego Monjolo e do
Benjamim, todas pertencentes à Bacia do Jacaré Pepira, foram incluídas na proposta de
regulamentação da APA Corumbataí/Botucatu/Tejupá de setembro de 1998.
O Zoneamento Ambiental da referida APA estabeleceu as seguintes Zonas:
I- Zona de Vida Silvestre, que compreende as florestas e demais formas de
vegetação natural referidas no Código Florestal;
II- Zona de Conservação da Vida Silvestre, destinada à proteção dos ecossistemas
naturais e de seu entorno, que compreende as escarpas das cuestas, morros testemunhos e
várzeas das planícies aluvionares;
III- Zona de Conservação Hídrica, destinada à proteção dos mananciais de
abastecimento público superficiais, onde estão inseridas as sub-bacias do Córrego do
Gouveia e do Ribeirão da Rasteira, pertencentes à Bacia do Rio Jacaré Pepira;
IV- Zona de Proteção das Várzeas, destinada à proteção das bacias e corpos d’água
que drenam as várzeas definidas como Zonas de Conservação da Vida Silvestre;
V- Zona de Uso Especial, que compreende outras Unidades de Conservação,
sujeitas a regime próprio de gestão;
VI - Zona de Restrição Moderada, que compreende os territórios integrantes da
Área de Proteção Ambiental não abrangidos pelas demais zonas.
Aproximadamente 78% da área de estudo pertencem à Área de Proteção Ambiental
de Corumbataí. Entre as sub-bacias da Bacia do Jacaré Pepira que compõem a área de
estudo, somente a sub-bacia do Rio Pinheirinho ou Cachoeira não se encontra totalmente
abrangida pelo perímetro da APA (Figura 20- anexo).
58
4.3. GEOLOGIA
59
fina a média, uniforme, com boa seleção de grãos foscos com alta esfericidade, coloração
avermelhada, estratificação cruzada, características de dunas caminhantes.
O contato superior, com a Formação Serra Geral, faz-se por interdigitação,
recobrindo-se os arenitos pelos derrames basálticos, porém entre estes continuam a se
mostrar intercalações de camadas de arenitos essencialmente da mesma natureza que os da
Formação Botucatu.
A Formação Botucatu representa os diversos sub-ambientes de um grande deserto
climático de aridez crescente, cuja existência se prolongou até a ocasião do vulcanismo
basáltico.
O contato da Formação Botucatu com a Formação Pirambóia é difuso. A Formação
é encontrada principalmente na margem direita do Rio Jacaré Pepira (BUENO, 1994).
60
4.3.4. Depósitos de cimeira (Tc)
A unidade litoestratigráfica denominada Depósitos de cimeira compreende
cobertura sedimentar composta por conglomerados e arenitos imaturos de cimento argiloso
ou ferruginoso. No reverso da cuesta basáltica, ocorrendo em mancha irregular nas cotas
mais elevadas das serras, estes depósitos são atribuídos à Formação Itaqueri (KTi) nas
Serras de Itaqueri e São Pedro.
A Formação Itaqueri é constituída por arenitos de granulação variável e cimento
argiloso, folhelhos e conglomerados formados predominantemente por seixos de quartzo e
quartzito, com porcentagem insignificante de outras variedades petrográficas resistentes à
alteração. No contato destes depósitos com as rochas basálticas da Formação Serra Geral,
ocorrem freqüentes fontes d’água.
61
62
4.4. GEOMORFOLOGIA
63
estendem-se vales amplos e suaves, com presença das várzeas ao longo do curso dos rios.
No reverso do front dominam as colinas médias (TROPPMAIR, 2000).
A presença de intercalações areníticas entre os derrames de basalto é citada por
Almeida (1964) como causa freqüente de degraus nas vertentes das serras. Segundo ele, a
borda dos derrames basálticos em São Paulo apresenta-se como elevadas e muito
festonadas cuestas, devidas a pequeno mergulho regional das camadas para noroeste e à
resistência e grande espessura dos derrames, havendo paredões de basalto nas mais
elevadas serras, sobretudo nas vertentes de profundos canions que as entalham, como o do
alto vale do Rio Pinheirinho, ao norte de Torrinha.
Fúlfaro et al. (1967) estudaram a região e, procurando explicar o sistema de
falhamento escalonado, afirmaram que feições geomorfológicas como o traçado retilíneo da
Cuesta obedecendo direções NW e NE-E, o traçado dos rios sobre o planalto coincidindo
frequentemente com essas direções e a presença de várias cachoeiras indicando vales
suspensos, apontam uma origem tectônica para a escarpa. Segundo os autores, a presença
desse escalonamento tectônico traz profundos reflexos no relevo, ocasionando degraus, que
podem ser confundidos com vários derrames ou mesmo intercalações de arenito entre os
vários derrames.
Bueno (1994) descreve que a Bacia do Rio Jacaré Pepira apresenta uma seqüência
escalonada de patamares litoestruturais desenvolvida sobre rochas sedimentares e básicas
em estruturas sub-horizontais, onde o contato entre os diversos patamares ocorre através de
rupturas topográficas e com frontes festonados. Este forte controle estrutural é evidenciado
na rede de drenagem, pois os cursos d’água, especialmente o principal, ao percorrerem o
topo de cada patamar, em função do fraco gradiente, formam áreas inundáveis,
estabelecendo-se assim setores escalonados de deposição fluvial. Já na transição entre os
patamares, os rios formam corredeiras e quedas d’água, geralmente associadas à presença
de rochas vulcânicas.
O relevo da Bacia do Jacaré Pepira divide-se em 4 tipos (FUNDAÇÃO PREFEITO
FARIA LIMA – CEPAM, 1990):
1 – relevo de agradação – formado por planícies aluviais, sujeitas a inundações
sazonais; localizado na calha do Jacaré e de alguns de seus afluentes mais volumosos;
64
2 – relevo de degradação em planaltos dissecados – formado por colinas com topos
extensos e aplainados e vertentes;
3 - relevos residuais suportados por litologias particulares – formados por mesas
basálticas que são morros testemunhos isolados;
4 – relevos de transição – onde se encontram encostas escarpadas com cânions
locais, declividade média de 15 a 30 % e vales fechados, localmente formando cânions.
65
PLANALTOS ELEVADOS
PLANALTOS REBAIXADOS
Patamares intermediários
Os patamares intermediários encontram-se ao longo do vale do Rio Jacaré-Pepira,
com limite nos planaltos elevados até a passagem para os patamares baixos. Abrangem as
encostas escarpadas dos planaltos elevados e os interflúvios tabulares da região de Brotas.
Na distribuição deste patamar ocorre um nível elevado por rebaixamento erosivo
dos planaltos elevados, já que o entalhe deste patamar remonta para as cabeceiras dos rios,
com altitudes que vão de 700 a 800 metros (nível C), incluindo os morros testemunhos; e
um nível mais baixo que se desenvolve inteiramente ao longo das calhas principais e
drenagem tributárias, com altitude de 700 a 600 metros (nível D). Estes dois níveis são
semelhantes quanto a litologia, diferenciados apenas pela forma de topos, altitudes e
declividades.
Patamares baixos
Os patamares baixos se encontram na porção extremo oeste da área de estudo,
desenvolvendo-se próximo à calha principal onde foram encontradas as menores
declividades e altitudes, não ultrapassando 600 metros. Geologicamente é sustentado
predominantemente pela Formação Pirambóia, seguido das Formações Serra Geral e
Botucatu.
66
67
68
4.5. CLIMA
69
Campo Redondo (D4-098), a 660 metros de altitude e coordenadas: 22°22'00”S
47°59'00”W
Série histórica: 06/1970 a 06/1999
Usina Jacaré (D5-069), a 810 metros de altitude e coordenadas: 22°25'00”S 48°01' 00”W
Série histórica: 03/1946 a 02/1967
Brotas (D5-078), a 680 metros de altitude e coordenadas: 22°17' 00”S 48°07' 00”W
Série histórica: 06/1972 a 02/1999
300
250
200
D5-069
mm
150 D4-098
D5-078
100
50
-
J F M A M J J A S O N D
70
4.6. PEDOLOGIA
71
Latossolo Vermelho-Escuro: são solos minerais com horizonte B latossólico, cor
predominante vermelho-escuro e bruno-avermelhado-escuro, textura média a argilosa,
horizonte A moderado, normalmente distrófico.
Latossolo Roxo: são solos minerais com horizonte B latossólico Apresentam
textura argilosa ou muito argilosa em todo o horizonte B e horizonte A com mais de 30 cm
de espessura, moderado ou proeminente, distrófico ou eutrófico.
A antiga classe do Podzólico Vermelho-Amarelo pertence à Ordem dos
ARGISSOLOS. Nela, estão os solos que possuem argila de baixa atividade e horizonte B
textural, caracterizados em função do acúmulo de argila no horizonte B, decorrente de
processos de iluviação e/ou formação in situ, herdada do material de origem. A variação
textural entre os horizontes A e B ocasiona a cerosidade, perceptível pelo aspecto lustroso e
brilho graxo.
Quando o Podzólico Vermelho-Amarelo apresenta argila de alta atividade e
saturação de bases maior que 50% (eutrófico), este solo pertence então, à Ordem dos
LUVISSOLOS.
Podzólico Vermelho-Amarelo: são solos minerais, cor vermelho-amarelo e bruno-
amarela, com horizonte B textural e gradiente textural normalmente abrupto, argila de
atividade baixa, textura arenosa/média ou média/argilosa, horizonte A moderado,
geralmente distrófico.
A antiga classe da Terra Roxa Estruturada pode pertencer à Ordem dos
ARGISSOLOS ou NITOSSOLOS, dependendo do diagnóstico do horizonte B. Em caso de
ocorrência de B textural e argila de baixa atividade, a Ordem equivalente é dos
ARGISSOLOS e na ocorrência de horizonte B nítico, a Ordem equivalente é dos
NITOSSOLOS.
O horizonte B nítico possui textura argilosa ou muito argilosa sem incremento de
argila do horizonte A para B ou com incremento insuficiente para caracterizar relação
textural.
Terra Roxa Estruturada: são solos minerais que possuem horizonte A espesso
com estrutura desenvolvida, geralmente eutrófico.
A Ordem dos NEOSSOLOS englobam solos pouco desenvolvidos, em vias de
formação, seja pela reduzida atuação dos processos pedogenéticos ou por características
72
inerentes ao material originário. Nesta Ordem estão as classes denominadas anteriormente
por Litólicos e Areia Quartzoza Profunda. Os NEOSSOLOS são caracterizados pela
insuficiência de manifestação dos atributos diagnósticos dos diversos processos de
formação, exígua diferenciação de horizontes e o predomínio das características herdadas
do material originário.
Litólicos: solos minerais pouco desenvolvidos, rasos, com menos de 40 cm de
espessura, onde o horizonte A se assenta diretamente sobre horizonte C delgado ou sobre a
própria rocha. Apresentam textura média ou argilosa e ocorrem em setores de relevo
acentuados. Admite-se um horizonte B em início de formação cuja espessura não satisfaz a
qualquer tipo de horizonte diagnóstico.
Areia Quartzoza: Seqüência de horizonte A-C, sem contato com a rocha dentro de
50 cm de profundidade, apresenta textura areia ou areia franca nos horizontes até, no
mínimo, a profundidade de 150 cm a partir da superfície do solo ou até um contato lítico,
essencialmente quartzozo. Apresenta praticamente ausência de minerais primários
alteráveis (menos resistentes ao intemperismo) e alta saturação de alumínio (álico).
As Areias Quartzozas constituem uma classe de solos reconhecida desde o início da
década de 60 para formar grupo independente, desmembrado dos Regossolos.
No mapa pedológico do IAC encontramos a classe dos Hidromórficos. Esta
denominação é genérica para solos com horizonte influenciado pelo lençol freático, livre de
oxigênio dissolvido pela saturação da água durante o ano todo, ou pelo menos por longo
período. Na área de estudo, os Hidromórficos estão associados à ocorrência de planícies
fluviais.
Estes solos podem pertencer à Ordem dos NEOSSOLOS ou à Ordem dos
GLEISSOLOS. Na Ordem dos GLEISSOLOS encontram-se os solos que possuem
horizonte glei, caracterizado por redução de ferro devido à presença de água estagnada,
como evidenciado por cores neutras, com ou sem mosqueados de cores vivas.
73
74
4.7. O histórico da ocupação segundo dados censitários do IBGE
75
Tabela 6. População rural e urbana dos municípios de Brotas e Torrinha
Censo Demográfico 1960 1970 1980 1991 1996 2000
Pop.urbana de Brotas 2.686 5.422 7.530 10.902 14.024 16.127
Pop. rural de Brotas 15.055 6.540 3.732 3.500 3.035 2.759
Pop. urbana de Torrinha 1.718 3.674 4.577 5.627 6.486 7.289
Pop. rural de Torrinha 4.992 2.827 1.981 1.876 1.697 1.548
Fonte: Censo Demográfico do IBGE
76
de 2 milhões de pés a pouco mais de 750 mil pés; apresenta recuperação entre 70 e 80,
quando ocorre aumento em torno de 235 % nos pés plantados, o que ocorreu provavelmente
devido à introdução de variedades de pequeno porte, permitindo o plantio em espaçamentos
adensados; mas no Censo Agropecuário de 1985 já reduz em mais de 60% o número de
pés, seguindo esta tendência e apresentando em 1996 um número 68% menor. A mesma
situação se verifica no município de Torrinha, porém com menor intensidade.
A cultura da laranja apresentou no município de Brotas um constante aumento no
número de pés plantados entre os anos de 1960 e 1996, com destaque para o crescimento de
577% apresentado entre os Censos Agropecuários de 1980 e 1985, quando de 150 mil pés
passa a mais de 1 milhão de pés plantados. Já no município de Torrinha, a cultura da laranja
tem uma importância econômica muito menor, mesmo assim o número de pés também
aumentou no mesmo período, entre 85 e 96 o crescimento foi de 127%.
Tabela 8.Número de pés plantados de café e laranja nos municípios de Brotas e Torrinha
Número de pés plantados (mil) 1960 1970 1975 1980 1985 1996
Cultura do Café em Brotas 2.314.370 751.437 952.360 2.509.543 960.033 298.780
Cultura do Café em Torrinha 1.675.735 1.332.468 1.712.900 1.979.697 1.294.965 795.329
Cultura da Laranja em Brotas 23.250 27.126 57.340 152.360 1.031.704 2.228.487
Cultura da Laranja em Torrinha 9.000 35.250 38.680 72.815 134.293 305.080
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE
77
local de expansão do cultivo da Usina e disponibilidade técnica e econômica de áreas
agricultáveis.
Segundo os dados do Censo Agropecuário de 1996, porém estas diferenças entre os
municípios desaparecem e o cultivo da cana de açúcar apresenta crescimento de 79%,
quando atinge 9.193 hectares em Brotas e 95% em Torrinha, ocupando 5.933 hectares.
78
A partir do Censo Agropecuário de 1975, o reflorestamento se torna uma das
principais explorações agrícolas no município de Brotas, devido principalmente à expansão
da empresa Chamflora Agroflorestal, que produz eucalipto destinado à fabricação de papel
e celulose.
Entre os levantamentos dos anos de 1970 e 1975, as florestas plantadas apresentam
crescimento em área ocupada de quase 250% no município de Brotas e 64% em Torrinha.
Nos levantamentos seguintes, esta área continua em crescimento em Brotas, o aumento foi
de mais de 50% em dez anos, até 1985. Já em Torrinha, a área de florestas plantadas sofreu
oscilações no período, mas entre 75 e 85 diminui 10%.
79
5. MATERIAS E MÉTODO
5.1.MATERIAIS
As fontes de informação utilizadas para extração dos dados do meio físico foram:
• Cartas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), folhas Brotas
(SF.22-Z-B-III-4), Itirapina (SF.23-M-I-3), Ribeirão Bonito (SF.22-Z-B-III-2), São Pedro
(SF.23-M-III-1), São Carlos (SF.23-Y-A-I-1) e Santa Maria da Serra (SF.22-Z-B-VI-2).
Escala 1: 50.000.
• Levantamento Pedológico Semi-Detalhado do Estado de São Paulo elaborado em
1981 pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas), quadrículas Brotas (SF. 22-Z.B-III-4),
São Carlos e Piracicaba (234-Y-A-IV). Escala 1: 100.000.
• Mapa Geológico do Estado de São Paulo elaborado em 1984 pela Secretaria de
Obras e do Meio ambiente/Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e UNESP-
Rio Claro/IGCE. Folhas Bauru (SF 22 Z-B) e Campinas (SF 23 Y-A). Escala 1: 250.000.
• Mapa Geológico do Estado de São Paulo elaborado em 1981 pelo Instituto de
Pesquisa Tecnológica (IPT). Escala 1: 500.000.
• Mapa Geomorfológico Preliminar da Unidade de Gerenciamento de Recursos
Hídricos Tietê-Jacaré (UGRHI –13) do Estado de São Paulo, elaborado em 1999 pelo IPT.
Escala 1: 250.000.
Para obtenção das informações do uso e ocupação do solo e presença de feições
erosivas lineares foram utilizados:
• Imagem de satélite CBERS- CCD do ano de 2004, passagem 16/08/2004.
• Imagens de satélite TM-LANDSAT-5 do ano de 1988, passagens 01/07/1988 e
27/09/1988.
• Fotografias aéreas da BASE Aerofotogrametria e projetos S/A do ano de 2.000, na
escala 1:30.000
• Levantamentos de campo com uso de GPS (equipamento receptor do Global
Position System)
• Cadastros de empresas agrícolas, levantamentos realizados pela Casa da Agricultura
de Brotas-CATI /SAA e estudos acadêmicos anteriores na área de estudo.
80
Os softwares e equipamentos usados para digitalização dos dados e integração das
informações foram:
• Software SPRING versão 4.01 Beta, desenvolvido pelo INPE (Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial)
• Scanner padrão TIFF com resolução de 300 DPI.
• Mesa digitalizadora acoplada ao SPRING
5.2.MÉTODO
O método escolhido nesta pesquisa para o estudo dos processos erosivos reside na
criação de um banco de dados espacial em SIG/SPRING. O banco de dados permite a
inclusão e geração de novas informações a partir da integração dos dados.
A descrição do método está apresentada nas seguintes etapas:
1. Criação de um Banco de dados espacial em SIG/SPRING
2. Compartimentação da área em unidades de análise
3. Classificação das imagens de satélite
4. Aplicação do modelo matemático da Equação Universal de Perda do Solo
5. Levantamentos de campo
81
5.2.1.BANCO DE DADOS
5.2.1.2.Entrada de dados
A entrada de dados ocorreu de várias formas. A hipsometria foi digitalizada pela
empresa ENGEOTEC de São José dos Campos a partir das cartas topográficas do IBGE,
pelo processo de vetorização. A vetorização é destinada a converter os originais
cartográficos de formato analógico em arquivos digitais.
Neste processo, há a conversão do material analógico para o formato digital
matricial com utilização dos Scanners que convertem o material em arquivos raster, que são
georreferenciados com base em um quadriculado vetorial, associado ao mesmo sistema de
projeção e de referência dos originais cartográficos. A vetorização da altimetria consiste na
82
conversão de feições lineares, como as curvas de nível e, pontuais, como os pontos cotados,
formando um arquivo vetorial tridimensional georreferenciado. Esse arquivo reflete em
suas coordenadas X,Y as coordenadas UTM, e na coordenada Z os valores de altura, de
acordo com os parâmetros definidos no inicio do processo.
A drenagem e as classes pedológicas foram digitalizadas via mesa digitalizadora
acoplada ao SPRING; os mapas de Geologia e Geomorfologia foram scaneados e a
digitalização ocorreu diretamente na tela através da edição temática vetorial. Já a
delimitação das unidades de análise foi realizada na tela com base em informações já
digitalizadas, e as imagens de satélite foram lidas no módulo IMPIMA e registradas no
SPRING, georreferenciadas na escala 1: 50.000.
83
média e baixa) da erodibilidade dos solos, do fator topográfico e assim por diante. Também
foram efetuadas operações entre matrizes temáticas, denominadas de reclassificação.
As classes de ocupação do solo constituíram um mapeamento temático após o
tratamento das imagens de satélite que, posteriormente, gerou grades numéricas do fator
uso-manejo e do fator práticas conservacionistas da EUPS.
Para obtenção dos parâmetros das sub-bacias, foram realizadas operações métricas
(área, perímetro, comprimento e distância), disponíveis no Menu do SPRING. As operações
de espacialização e atualização foram utilizadas para atribuir parâmetros às sub-bacias.
Com o propósito de realizar uma melhor análise das informações em mapeamentos
temáticos, foram criados Pls contendo dados dentro dos limites de cada uma das unidades
de análise. Esta forma de segmentar a informação permite visualizar melhor a distribuição
das classes. As análises dos mapas temáticos foram auxiliadas pelo aplicativo do SPRING
de Medidas de classes, disponível para PIs temáticos.
As operações realizadas no cruzamento das informações foram efetuadas através de
programação conhecida como Programa LEGAL (Linguagem Espacial para
Geoprocessamento Algébrico) que permitiu a aplicação das equações. Os programas
elaborados em LEGAL para integração de dados estão descritos no anexo 2.
A confecção dos mapas ocorreu através do módulo SCARTA do SPRING que possui
acesso às informações do banco de dados e permite a inserção de elementos cartográficos.
84
Quadro 1. QUADRO RESUMIDO DA ESTRUTURA DO BANCO DE DADOS
EROSÃO: PROJETO JACARÉ
CATEGORIAS E RESPECTIVOS PLANOS DE INFORMAÇÃO (PIs)
85
5.2.2. As unidades de análise
86
87
88
5.2.3. Classificação das imagens de satélite
89
Dentro de cada uma das classes de ocupação do solo definidas na classificação das
imagens, há diferenças na leitura dos pixels em virtude da reflectância do solo, causada por
diversos fatores como: estágio da cultura, diferenças de relevo, presença de barreiras como
nuvens, etc. No processo de classificação, formou-se sub-classes, ou temas, na tentativa de
considerar estas diferenças, que posteriormente foram reagrupadas no mapeamento
temático nas classes de ocupação conforme Tabela 3.
Nesta classificação, a vegetação de cerradão e a mata tropical caducifólia foram
englobadas na classe de mata, não havendo distinção entre estas formações.
Quanto às manchas urbanas, estas foram inicialmente classificadas como solo
exposto pela dificuldade de distinguí-las nas imagens de satélite. Posteriormente foram
criados polígonos delimitando-as no mapa temático de classes de uso do solo através da
edição temática do SPRING, resultando no acréscimo da classe urbana ao mapeamento da
ocupação do solo.
90
5.2.4. Equação Universal de Perda do Solo
A aplicação do modelo matemático da EUPS foi realizada em várias etapas,
descritas a seguir.
EI médio mensal
180,00 Janeiro
Fevereiro
160,00 Março
Abril
140,00
Maio
tm.mm/ha.h.ano
120,00 Junho
Julho
100,00
Agosto
80,00 Setembro
Outubro
60,00 Novembro
Dezembro
40,00
20,00
91
5.2.4.2. Fator Erodibilidade (K )
Os valores de erodibilidade foram atribuídos para cada classe de solo que ocorre na
área de estudo, conforme mapa pedológico do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e
apresentados na Tabela 2.
A entrada dos dados no SIG das classes pedológicas ocorreu através da digitalização
das cartas via mesa digitalizadora acoplada ao SPRING.
Os índices de erodibilidade foram registrados no SIG/SPRING por operações
algébricas de ponderação, o que gerou uma grade numérica (anexo). Posteriormente, estes
valores foram classificados por operação de fatiamento, originando o mapa de erodibilidade
(Figura 11) segundo os seguintes critérios:
92
Os valores do fator topográfico também foram classificados (Figura 12) por
operação de fatiamento. Os intervalos na classificação do fator topográfico foram definidos
de forma que sempre os valores acima de 15% de declividade pertencessem à classe alta do
fator topográfico.
Tabela 15. Classificação do índice do fator topográfico.
Classes temáticas Intervalo de valores
BAIXA 0-4
MÉDIA 4-8
ALTA >8
93
94
95
96
5.2.4.5. Fator de uso de manejo do solo ( C )
As informações sobre a ocupação do solo foram extraídas da classificação das
imagens de satélite com posterior mapeamento das classes temáticas (Figuras 15 e 16-
anexo), descrito no item 5.2.3.
As classes de ocupação do solo e respectivos valores do fator uso-manejo foram
definidos conforme Tabela 3. Estes valores também foram registrados no SIG/SPRING por
operações algébricas de ponderação, gerando grade numérica (anexo).
97
valor de PNE para evitar a divisão por zero. Nesta condição, quando o valor de PNE for
igual a zero, os valores limites do CP tolerável se equivalem ao valor do índice de
tolerância de perda de solo (anexo).
Os valores do grau de vulnerabilidade à erosão foram obtidos através da equação
(10), e classificados (Figuras 17 e 18) nos seguintes intervalos:
98
5.2.5.1 Levantamento sobre uso e manejo do solo
O levantamento das feições erosivas foi realizado através de vistorias em áreas que
se apresentam com vocação para o desenvolvimento da erosão linear. Estas áreas foram
escolhidas segundo os seguintes critérios (IPT, 1989):
• apresentam declividade maior ou igual a 10%
• possuem solos de textura arenosa a média
Para atender o segundo critério, foram excluídos os solos Latossolo Roxo, Terra
Roxa Estruturada e os Litólicos, pois os últimos não possuem profundidade suficiente para
formação de tais feições.
Estes critérios geraram um mapa de classes de uso que foi comparado a fotografias
aéreas digitalizadas do ano de 2000. A partir desta comparação, foram escolhidas as áreas
a serem vistoriadas, levando em conta: identificação de cicatrizes de erosão pelas
fotografias aéreas, acesso ao local e distribuição na área de estudo.
99
6. RESULTADOS
100
GRUPO 5. UNIDADES DE ANÁLISE DA REGIÃO DO VARJÃO
17. Sub-bacia da Encosta
18. Sub-bacia do Ribeirão Claro ou do Varjão
19. Sub-bacia do Ribeirão do Beijamim
20. Sub-bacia da Palmeira
21. Sub-bacia do Ribeirão do Monjolo
GRUPO 6. UNIDADE DE ANÁLISE DO SANTO ANTÔNIO
22. Unidade Santo Antônio
GRUPO 7. UNIDADE DE ANÁLISE DO RIBEIRÃO DO TAMANDUÁ
23. Sub-bacia do Ribeirão do Tamanduá
GRUPO 8. UNIDADES DE ANÁLISE DA REGIÃO DO GOUVEIA
24. Unidade do Córrego do Canivete
25. Sub-bacia do Córrego do Gouveia
26. Sub-bacia do Ribeirão da Lagoa Seca
27. Unidade Taquaral
28. Unidade Cabreúva
GRUPO 9. UNIDADE DE ANÁLISE DO RIBEIRÃO DA RASTEIRA
29. Sub-bacia do Ribeirão da Rasteira
GRUPO 10. UNIDADE DE ANÁLISE DO RIBEIRÃO DO PINHEIRINHO
30. Sub-bacia do Ribeirão do Pinheirinho ou Cachoeira
101
102
Quadro 2. QUADRO RESUMIDO DOS ATRIBUTOS DO MEIO FÍSICO
CARACTERÍSTICOS DAS UNIDADES DE ANÁLISE
103
6.1.1. GRUPO 1: UNIDADES DE ANÁLISE DAS NASCENTES
Este grupo engloba as bacias dos cursos d’água que nascem na Serra de São Pedro
para formar o Rio Jacaré Pepira. Situa-se nos patamares elevados, na transição do nível A,
com altitudes acima de 900 metros, ao nível B com altitudes entre 800 a 900 metros.
Apresenta relevo de colinas médias, com morrotes alongados nas altitudes mais
elevadas e escarpas festonadas nos extremos da bacia. Geologicamente, assenta-se sobre
rochas sedimentares da Formação Itaqueri e basaltos da Formação Serra Geral.
Este grupo é composto por quatro sub-bacias com canais de segunda ordem, e
outras duas unidades formadas pela área drenada por pequenos cursos d’água de primeira
ordem.
As unidades apresentam tamanho entre 6,2 a 10,6 km2 e densidade de drenagem
baixa. Os valores da relação de relevo e da declividade média (7-11,6%) expressam média a
forte energia de relevo.
Na classificação do Potencial Natural de Erosão (PNE), destaca-se a classe alta que
ocupa quase 40% da área, superando esta participação nas sub-bacias do Córrego Porto do
Coqueiro (45%) e Córrego São João (47%). A classe média corresponde a 21,73% da área.
104
6.1.2. GRUPO 2: UNIDADES DE ANÁLISE DA REPRESA
Este grupo apresenta unidades de análise situadas na calha esquerda do rio principal,
na transição entre os patamares elevados de 800 a 900 metros de altitude (nível B) e
intermediários de 700 a 800 metros (nível C).
Os cursos d’água nascem no topo da serra sobre a Formação Itaqueri e descem as
encostas, percorrendo os basaltos da Formação Serra Geral, até desaguarem nos arenitos da
Formação Botucatu. A geomorfologia predominante é de colinas médias.
Este grupo possui três unidades de análise: as sub-bacias do Córrego das Águas
Brancas, de 4a. ordem e as sub-bacias do Ribeirão do Saltinho e da Boa Vista, de 2a.ordem.
A sub-bacia do Córrego da Água Branca possui uma área de 12 km2, 16,2 km de
perímetro e formato alongado que atinge o índice de 0,276.
O Córrego da Água Branca possui seu percurso descendo uma distância
relativamente pequena da nascente até sua foz no sopé da serra. A densidade de drenagem
também é relativamente densa, atinge 1,58 km/km2.
Nas sub-bacias do Ribeirão do Saltinho e da Boa Vista, este índice é de 0,965
km/km2 e de 1,023 km/km2 respectivamente. A declividade média nas sub-bacias entre
7,5% e 11% indica uma energia de relevo expressiva.
105
A análise de PNE aponta que a classe alta corresponde às declividades mais
elevadas, representando 43,5% da área da região e a classe média a 28,5%.
Este grupo engloba sub-bacias cujos rios nascem nos patamares elevados sobre a
Formação Itaqueri a uma altitude de 860 metros (nível B), percorre os basaltos da
Formação Serra Geral e os arenitos da Formação Botucatu e Pirambóia, até desaguar no rio
principal em planície fluvial.
106
A geomorfologia apresenta-se nos patamares elevados em colinas médias com
declividade de 7-15%. Após percorrer as escarpas, os rios encontram colinas amplas com
altitudes de 600 a 700 metros (nível D) e declividade de 0-7%, atingindo a foz em planície
fluvial.
Neste grupo há cinco unidades de análise, sendo todas sub-bacias. A maior delas é a
do Córrego do Varjão, de 35,7 km2 e 31 km de perímetro, que apresenta formato alongado
com índice de forma de 0,226 e densidade de drenagem densa (1,277 km/km2) em
comparação com as demais unidades, característica da região ao sul da calha do Rio Jacaré
Pepira.
Segundo a classificação de PNE, as unidades apresentam a mesma tendência de
distribuição das classes: no patamar da serra predomina a classe baixa; a classe alta ocupa a
encosta da serra, onde ocorrem solos de alta erodibilidade e declividade em torno de 20-
30%, correspondendo a 24,8% de sua área. No sopé da serra, domina a classe média em
solos de média erodibilidade.
Este grupo possui apenas uma unidade que engloba pequenos cursos d’água à
margem direta do Rio Jacaré Pepira. Situa-se predominantemente nos patamares
intermediários de altitudes entre 600 e 700 metros, apresentando sistema de relevo de
colinas amplas. Geologicamente, assenta-se predominantemente sobre rochas sedimentares
da Formação Pirambóia. As classes de declividade menores de 7% representam 78% da
região.
Esta unidade com 12,45 km2 e 16 km de perímetro, é composta por pequenos cursos
d’água e se encontra entre as sub-bacias do Ribeirão Tamanduá e Ribeirão Pinheirinho.
A análise do PNE demonstra que domina a classe média com 69% em virtude da
presença de solos de média erodibilidade, seguida da classe alta com 24% da área total.
107
6.1.7. GRUPO 7: UNIDADE DE ANÁLISE DO RIBEIRÃO DO TAMANDUÁ
Este grupo abrange uma única sub-bacia de grande extensão. O Ribeirão Tamanduá
nasce nos patamares elevados sobre litologia da Formação Itaqueri e percorre os basaltos da
Formação Serra Geral e arenitos e folhelhos que constituem a Formação Pirambóia. A
jusante da cota 660m, tanto o Ribeirão Tamanduá, como o Jacaré Pepira, formam áreas
pantanosas de planícies aluviais. Entre as trilhas pantanosas dos dois rios, drenam solos
provenientes do arenito da Formação Botucatu.
Nos patamares elevados encontram-se colinas médias e escarpas. Nos patamares
intermediários ocorrem colinas amplas e morrotes alongados; ao longo da calha do rio há
planícies aluviais.
A sub-bacia do Tamanduá possui 145,65 km2 de área, 78 km de perímetro e formato
alongado que apresenta índice de forma de 0,154.
O Ribeirão Tamanduá, de 4a. ordem, nasce no município de Itirapina a 940 metros
de altitude e apresenta densidade de drenagem muito baixa: 0,76 km/km2.
Na classificação de PNE, a classe alta responde por 44% da área da sub-bacia e se
concentra na porção leste onde a declividade é mais elevada. A classe baixa corresponde a
32% da área.
Este grupo é composto por sub-bacias em que os afluentes do Rio Jacaré Pepira
atravessam a transição entre os patamares intermediários de 700 a 800 metros de altitude
(nível C) sobre arenitos das Formações Pirambóia e Botucatu com os patamares entre 600 a
700 metros (nível D), percorrendo litologia da Formação Serra Geral.
O sistema de relevo é de colinas amplas, apresentando predominantemente as
classes de declividade de 3-7%.
Neste grupo há 5 unidades de análise, sendo 2 sub-bacias. Na unidade da sub-bacia
2
da Lagoa Seca, de 12,6 km assentada sobre litologia originária da Formação Botucatu,
encontra-se a área urbana do município de Brotas. O Ribeirão da Lagoa Seca, de 2a. ordem
atravessa a cidade de Brotas.
108
A sub-bacia do Córrego do Gouveia é a maior unidade do grupo, possui 76,65 km2 e
47,8 km de perímetro. O Córrego do Gouveia, de 3a. ordem, nasce a 760 metros de altitude
sobre arenitos da Formação Pirambóia e percorre solos de média a alta permeabilidade. A
jusante da cota de 680 metros, o rio traça uma trilha pantanosa relativamente larga sobre
solos provenientes da Formação Serra Geral.
A densidade de drenagem nesta área é muito baixa. Em geral, a declividade média
das unidades gira em torno de 5%.
Na classificação de PNE, a classe média predomina com 45,24% da área,
acompanhando principalmente os solos de média erodibilidade. A classe alta que ocupa em
torno de 24% da área da região, corresponde a 42 % na Unidade Cabreúva devido à
ocorrência de solos de média erodibilidade conjugados com um fator topográfico elevado.
109
6.1.10. GRUPO 10: UNIDADE DE ANÁLISE DO RIBEIRÃO DO PINHEIRINHO
OU CACHOEIRA
Este grupo é composto pela sub-bacia do Rio Pinheirinho que nasce nos planaltos
elevados da Serra de São Pedro sobre a Formação Itaqueri e atravessa vários patamares em
seu percurso até a foz.
O Ribeirão do Pinheirinho ou Cachoeira nasce próximo às nascentes do Jacaré
Pepira a 920 metros de altitude, passa pela área urbana de Torrinha, e deságua a jusante da
cidade de Brotas.
Nos patamares elevados, altitude entre 800 e 900 metros (nível B), ocorrem colinas
médias. Nas escarpas da encosta da serra, o rio atravessa os basaltos expostos da Formação
Serra Geral, atinge os arenitos da Formação Botucatu e Pirambóia nos patamares
intermediários onde ocorrem colinas amplas, e deságua em patamares baixos.
O Ribeirão Pinheirinho ou Cachoeira, de 5a. ordem, é o tributário mais importante
do Rio Jacaré Pepira. A sub-bacia do Pinheirinho apresenta área total de 263 km2 e 92,61
km de perímetro. Seu formato é bastante alongado, apresenta índice de forma de 0,16.
A densidade de drenagem da sub-bacia atinge 1,323 km/km2, evidenciando a
predominância de solos com alta permeabilidade.
Na análise do Potencial Natural de Erosão, verifica-se que a sub-bacia é
praticamente dividida em dois setores pela serra. No setor norte, os valores de PNE são
mais elevados principalmente devido à presença de solos com média erodibilidade,
enquanto que no setor sul predomina baixa erodibilidade.
Na encosta da serra encontra-se a classe alta de PNE, onde ocorrem declividades em
torno de 25-35% e solos de maior erodibilidade.
A classe média de PNE ocupa 47 % da área e predomina no setor norte em solo de
média erodibilidade, e a classe alta abrange 13,4% da área onde ocorrem as maiores
declividades, acompanhando a encosta da serra.
110
6.1.11. Síntese da descrição do meio físico
De forma simplificada, o meio físico da área de estudo pode ser dividido em três
setores: a calha sul dos patamares elevados onde dominam as colinas médias assentadas
sobre os arenitos da Formação Itaqueri, o setor das escarpas que marcam a transição entre
os patamares onde afloram os basaltos da Formação Serra Geral; e a calha norte em que
predomina o relevo de colinas amplas sobre arenitos da Formação Pirambóia e Botucatu.
Em geral, no setor sul a densidade de drenagem e a energia de relevo apresentam-se
mais elevadas apesar da ocorrência predominante de solos com alta permeabilidade,
favorecendo os processos de infiltração das águas superficiais. Por outro lado, os solos de
textura arenosa pouco coesivos são mais sujeitos aos processos erosivos lineares e esta
susceptibilidade se acentua quando se combinam à ocorrência de relevos acentuados com
topos convexos e menores interflúvios.
Conforme mapeamento preliminar de susceptibilidade à erosão da Bacia
Hidrográfica do Tietê-Jacaré elaborado pelo IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológica) em
1999, os setores da área de estudo correspondente às escarpas e às colinas médias
assentadas sobre os arenitos da Formação Itaqueri foram considerados de alta
susceptibilidade à erosão.
Quanto à forma das sub-bacias, verifica-se que praticamente todas possuem formato
alongado, característica que apresenta menor predisposição à erosão linear.
Do ponto de vista da classificação do Potencial Natural de Erosão da EUPS, a classe
alta, que corresponde a 26,36 % do total da área de estudo, encontra-se principalmente no
setor das escarpas, onde ocorrem solos de maior erodibilidade associados ao fator
topográfico elevado. Nas unidades do grupo das nascentes também ocorrem altos valores
do fator topográfico, mas a erodibilidade dos solos é baixa.
Já a classe média de PNE, que representa cerca de 42% da área de estudo,
praticamente acompanha a presença de solos que apresentam erodibilidade média,
originários principalmente dos arenitos da Formação Botucatu e Pirambóia.
111
6.2. USO E MANEJO DO SOLO
6.2.1. A ocupação do solo nos cenários dos anos de 1988 e 2004
112
temporárias, enquanto que a cana de açúcar era explorada em 2,25 mil ha. Em 2004, as
pastagens ficaram reduzidas a 4,5 mil ha e a cana de açúcar passou a dominar o cenário
agrícola com 7,63 mil ha, seguida da classe das culturas permanentes com 5,130 mil ha,
restando 2,37 mil ha para a classe das culturas temporárias.
A classe das culturas permanentes, na qual se destaca a cultura da laranja, também
apresenta o expressivo aumento de 105% entre as imagens de 1988 e 2004. No cenário de
1988 totalizava 10,6 mil ha, passando a ocupar 21,7 mil ha em 2004.
Embora não represente toda a área ocupada pela classe das culturas permanentes, a
laranja é um cultivo que se encontra em franca expansão, processo que ocorreu de forma
acentuada durante a década de 80.
A área cultivada com laranja está distribuída por toda a área de estudo, contudo sua
presença é marcante nas unidades de análise a leste do rio principal. A classe das culturas
permanentes ocupa 2,58 mil ha na sub-bacia do Córrego do Gouveia, 4 mil ha na sub-bacia
do Ribeirão do Tamanduá, 2,387mil ha na sub-bacia do Rio Pinheirinho e 1,49 mil nas
unidades do grupo das Nascentes.
Quanto à vegetação de mata e cerrado, praticamente não houve alteração entre os
dois cenários. Em 1988 esta vegetação cobria 14,6 mil ha, e em 2004 ocupa 15,32 mil ha.
Aparentemente a distribuição também não se modificou, sua presença permanece
acompanhando as encostas das serras e os principais cursos d’água.
A classe de reflorestamento, que consiste basicamente na exploração de eucalipto,
também não apresenta modificações entre os dois cenários. A classificação das imagens
registrou 5 mil ha em 1988, que passaram a representar 4,44 mil ha em 2004. Este resultado
provavelmente ocorreu devido à existência de áreas de reflorestamento que se encontravam
com solo exposto na imagem de satélite de 2004. As sub-bacias do Córrego do Gouveia e
do Ribeirão da Rasteira apresentam, respectivamente 1,27 e 1,69 mil ha com
reflorestamento.
Apesar da redução da área ocupada por pastagens entre os dois cenários, a
exploração ainda é significativa em toda a área de estudo, destacando-se na sub-bacia do
Rio Pinheirinho ou Cachoeira com 4,5 mil ha; na sub-bacia do Ribeirão Tamanduá com
3,767 mil ha; na sub-bacia do Rio Pinheirinho com 2,3 mil ha e 3,7 mil no total das
unidades que compõem os grupos das Nascentes e da Represa.
113
Quadro 3. QUADRO COMPARADO DAS CLASSES DE OCUPAÇÃO DE SOLO NOS
CENÁRIOS DE 1988 E 2004, SEGUNDO CLASSIFICAÇÃO
DAS IMAGENS DE SATÉLITE.
Classes de ocupação do 1988 2004 Alteração
solo Área (ha) % Área (ha) %
Cana de açúcar 6,33 mil 6,8 17 mil 18,3 + 168%
Culturas 10,6 mil 11,4 21,7 mil 23,3 +105%
Permanentes
Pastagens 30 mil 32,2 18,7 mil 20,1 -37%
Reflorestamento 5 mil 5,4 4,44 mil 4,8 -11%
Culturas temporárias 16 mil 17,2 5,13 mil 5,5 -68%
Mata 9 mil 9,7 9,6 mil 10,3 +6,6%
Cerrado 5,6 mil 6 5,72 mil 6,2 +2,1%
Solo exposto 4,8 mil 5,2 8,04 mil 8,6 + 67%
Área urbana 0,47 0,5 1,07 mil 1,2 +127%
Várzea/água 5,2 mil 5,6 1,6 mil 1,7 -70%
114
6.2.2. Zoneamento da vulnerabilidade à erosão pela EUPS
115
A distribuição do grau de vulnerabilidade à erosão foi analisada para os dois
cenários frente à susceptibilidade natural do meio físico segundo o potencial natural de
erosão (PNE), e à ocupação do solo que determina o potencial antrópico. Para tanto,
realizou-se um levantamento associado entre o grau de vulnerabilidade à erosão com as
classes de PNE e com as classes de ocupação do solo.
116
6.2.2.1.Áreas com grau de vulnerabilidade à erosão muito alta
117
permanentes e 4,3% das áreas com pastagens apresentando vulnerabilidade à erosão muito
alta. No cenário de 1988, esta participação é de 9% e 4% respectivamente.
118
6.2.2.4.Áreas com grau de vulnerabilidade à erosão baixa
Abrangendo a maior parte da área de estudo nos dois cenários estudados, as áreas
com vulnerabilidade baixa à erosão apresentam todas as formas de ocupação do solo.
No cenário de 2004, 43,6% destas áreas apresentam susceptibilidade média, e em
37,4%, baixa. A distribuição é semelhante no cenário de 1988: 43,2% são de
susceptibilidade média e 37% de baixa.
As classes de ocupações do solo quando se enquadram no grau baixo de
vulnerabilidade à erosão, encontram-se adequadas ao meio físico, mesmo em áreas que
apresentam susceptibilidade natural à erosão alta ou média.
Em áreas de alta susceptibilidade encontra-se principalmente vegetação de mata, já
as culturas temporárias e cana de açúcar ocupam somente áreas de baixa a média
susceptibilidade.
No cenário de 2004, apresenta vulnerabilidade baixa 68% da área ocupada com cana
de açúcar, 48,7% da área com culturas temporárias, 85,7% das culturas permanentes, 90%
da área de pastagem e praticamente toda a área ocupada pelo reflorestamento.
A vulnerabilidade baixa no cenário de 1988 corresponde a 52,5% da área ocupada
com culturas temporárias, 65% da área com cana de açúcar, 83% das culturas permanentes,
90,6% da área de pastagem e 96% da área de reflorestamento.
119
120
121
6.2.3. O manejo do solo nas principais explorações agropecuárias
122
porém nem sempre é viável implantar canais escoadouros, necessários para transportar com
segurança a enxurrada.
123
ponto turístico da região que precisou ser interditado (fotos 3 e 4), gerando prejuízos
ambientais e econômicos.
124
Foto 4- Erosão na encosta da Cachoeira de Santa Maria.
125
A Chamflora Agroflorestal é a subsidiária responsável pelas florestas e viveiros de
eucalipto localizados em municípios dos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
O Horto Santa Fé de propriedade da Chamflora Agroflorestal possui cerca de
13.250 ha, sendo aproximadamente 75% destinados à produção de eucalipto para fins de
papel e celulose. A maior parte desta área, porém, se encontra fora do limite da área de
estudo.
Na exploração do eucalipto, o corte é realizado a cada 7 anos, embora, havendo
aumento da demanda por madeira, este ciclo possa ser reduzido para 5-6 anos, depois do
qual a planta volta a rebrotar. O completo desenvolvimento da copa, quando o solo se
encontra coberto pela floresta, ocorre após cerca de 18 meses dependendo do espaçamento
utilizado que normalmente é de 3 x 2,75 metros.
O plantio da cultura é feito preferencialmente na primavera, respeitando as curvas
de nível. As operações de preparo do solo se resumem à subsolagem em sub-superfície sem
incorporação de restos da cultura anterior.
Dependendo da declividade, as áreas são terraceadas. A construção de estradas e
carreadores adota saídas d’água tipo bacia de contenção.
O controle do mato é feito durante o primeiro ano das mudas, após este fase o
sombreamento do eucalipto dificulta crescimento de outras plantas. Com o tempo, forma-se
embaixo da floresta um “manto” de cobertura morta de folhas e galhos (foto 6).
126
A produção de laranja, cultivo que se destaca na classe das culturas permanentes, é
voltada para as indústrias de suco, instaladas em outros municípios do Estado de São Paulo,
como Matão e Bebedouro. Segundo estimativa de técnicos da CATI de Brotas, há 5
milhões de pés plantados no município, ocupando cerca de 11.700 hectares (informações de
março de 2004).
Devido às características edafo-climáticas, principalmente quanto à pluviosidade e
baixa incidência de doenças, a empresa Cutrale resolveu investir na produção citrícola na
região através do arrendamento de pomares com um mínimo de 150 mil pés, por período de
10 a 20 anos.
A proteção da cobertura vegetal oferecida pela cultura atinge seu maior nível na fase
adulta dos pomares, a partir do 3o ano/4o ano, dependendo do espaçamento utilizado.
Atualmente o espaçamento recomendado é de 6 metros entre linhas e 3 metros entre plantas
O cultivo da laranja apresenta, do ponto de vista da erosão, a grande vantagem de
oferecer reduzido revolvimento do solo, operação que ocorre somente na implantação do
pomar, característica das culturas permanentes. O preparo do solo pode até restringir-se às
linhas de cultivo através da abertura de sulcos profundos com subsolador.
A implantação dos pomares normalmente é realizada com terraços acompanhando
as curvas de nível. Recomenda-se o plantio de espécies leguminosas nas ruas do pomar
para adubação verde, prática que contribui para incremento da matéria orgânica e proteção
do solo, mas que não é muito usual na região já que dificulta a execução dos tratos
culturais. No entanto, o solo permanece coberto com mato durante o ano todo, e somente é
roçado para evitar competição com a cultura principal (foto 7). Atualmente surgiram
roçadeiras mecânicas que operam acumulando a cobertura morta nos pés das plantas.
O tráfego de máquinas para a realização dos tratos culturais encontra o solo
protegido. Por outro lado, como nas lavouras de cana de açúcar, também surgem feições
erosivas lineares ao longo dos caminhos nos pomares de laranja.
127
Foto 7 – Pomar adulto de laranja.
128
O superpastejo não ocorre somente em manejos extensivos, mas sempre que a
lotação se encontra acima do limite da capacidade de exploração da pastagem, causando
uma compactação elevada que reduz a permeabilidade dos solos. Esta compactação
geralmente ocorre com mais intensidade em locais onde há concentração do rebanho,
próximo às aguadas, sombras e saleiros, ou nos caminhos que dão acesso a estes locais
(foto 9).
129
Foto 10 - Erosão linear em pastagem.
130
Foto 11 – Assoreamento no Córrego da Lagoa Seca (Brotas-SP).
131
6.2.4. Levantamento das feições erosivas lineares
132
Foto 13 – Foto aérea com destaque de ravina em pastagem (BASE, 2.000).
133
A área onde se encontra a feição é explorada com pastagem. Está situada na classe
alta do potencial natural de erosão e se encontra em local que apresenta grau baixo de
vulnerabilidade à erosão.
A susceptibilidade natural alta à erosão (PNE) é resultado da ocorrência do fator
topográfico alto mesmo com a presença de solo considerado de média erodibilidade. Já a
baixa vulnerabilidade é decorrente da exploração por pastagem, adequada à condição do
meio físico, alterando esta situação para vulnerabilidade muito alta onde o solo se encontra
exposto no local da feição.
Na pastagem há terraços de infiltração e rotação de piquetes, mas as cicatrizes
erosivas, provavelmente causadas pelas trilhas do gado, indicam a alta susceptibilidade do
solo à erosão linear. O solo de textura muito arenosa em declividade acima de 10%,
predispõe à erosão linear quando ocorre escoamento concentrado causado pela formação de
sulcos erosivos.
Neste caso, a aplicação da EUPS não conseguiu apontar a vocação erosiva desta
área. A perda da proteção do solo conferida pela cobertura vegetal decorrente de trilhas de
gado ou caminhos é condição que intensifica os processos erosivos, exigindo um manejo
rigoroso para manter a capacidade produtiva das pastagens.
134
Foto 15– Foto aérea de ravina (BASE, 2000).
135
A feição está localizada em área cultivada com laranja, pertence à classe alta do
potencial natural de erosão e apresenta grau baixo de vulnerabilidade à erosão. Onde há a
feição, o grau de vulnerabilidade é muito alto devido à presença de solo exposto.
A susceptibilidade natural à erosão na área foi classificada como alta principalmente
pela ocorrência do fator topográfico alto. A vulnerabilidade baixa reflete a adequação da
cultura da laranja que oferece média a alta proteção ao solo.
O cultivo da laranja no local não respeita as curvas de nível, o que provavelmente
favoreceu o desenvolvimento da feição pela concentração de águas superficiais (foto 17).
136
6.2.4.3. A voçoroca na região do bairro do Patrimônio de São Sebastião – Brotas - SP
Voçoroca
137
Foto 19– Voçoroca em estágio avançado.
138
No relatório de 1993, os técnicos do IPT descreveram o estado da voçoroca, que não
se encontrava estabilizada e indicaram medidas de controle da erosão, em que se destacam:
- implantação de curvas de nível e terraceamento ;
- obediência às técnicas de manejo das pastagens de forma a garantir
capacidade produtiva e proteção ao solo;
- delimitação de área marginal e isolamento para recuperação da vegetação
natural;
- instalação de drenos subterrâneos nos trechos de montante;
- retaludamento das paredes da voçoroca, principalmente nas cabeceiras e
bordas do alto curso;
- utilização de paliçadas de eucalipto para dissipação de energia da água
pluvial na saída dos filtros;
- plantio de gramíneas para proteção superficial;
- monitoramento permanente da área até a fase de estabilização.
Para conter a voçoroca, a Prefeitura Municipal de Brotas construiu terraços em nível
em toda a cabeceira e parte das áreas laterais, evitando que o escoamento superficial das
águas pluviais concentrasse no interior da feição. Também foram construídos três diques de
terra para reter os escoamentos superficiais e sedimentos produzidos pela desagregação e
movimentação dos taludes nos ramos da voçoroca, além de instalados drenos sob os aterros
para controle das águas subterrâneas (foto 20).
139
No segundo relatório do IPT em 1995, houve uma recomendação para a revegetação
da área com plantio de bambu e eucalipto e manutenção dos terraços e diques executados.
Em vistoria realizada em 2004, verificou-se que não houve o devido isolamento da
feição, deixando que o rebanho circule livremente e dificultando seu processo de
estabilização. Também não ocorreu manutenção dos diques pelo proprietário conforme
recomendação técnica.
Feições erosivas lineares como sulcos evoluindo a ravinas foram encontradas com
certa freqüência em pastagens, notadamente em áreas de média ou alta susceptibilidade
natural que apresentam solos de textura arenosa ou média e declividades acima de 5%.
Embora as pastagens configurem uma forma de exploração que oferece alta
proteção ao solo, é comum destinar áreas com solos arenosos de baixa fertilidade e relevos
acidentados a esta exploração, sem adotar manejo de solo adequado ou mesmo sem
nenhuma prática de conservação de solo.
1. Sub-bacia do Ribeirão da Rasteira, solo Latossolo Vermelho Amarelo de textura
média originário dos arenitos da Formação Pirambóia, declividade que varia em torno de 5
a 12% e geomorfologia de colinas médias (foto 21).
140
2.Sub-bacia do Rio Pinheirinho, solo Areia Quartzoza Profunda originário dos
arenitos da Formação Pirambóia, declividade que varia em torno de 10 a 12% e
geomorfologia de colinas amplas (foto 22).
141
7. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
142
A compartimentação em sub-bacias possibilitou também a adoção do parâmetro de
extensão do percurso superficial como fator comprimento da vertente para utilização na
EUPS. Mesmo sendo uma estimativa que considera um valor médio para toda a unidade de
análise, é uma forma simples de obter o fator mais trabalhoso que compõe a EUPS.
Quanto à Equação Universal de Perdas de Solo, reconhecidamente é uma
ferramenta valiosa para estudo em escalas regionais. Sua aplicação serviu na categorização
da área de estudo para identificação da susceptibilidade natural do meio físico e
vulnerabilidade à erosão.
Apesar das restrições na aplicação desta fórmula, a utilização da EUPS pode retratar
um quadro mais próximo da realidade se levar em conta a sazonalidade da distribuição das
chuvas e do grau de proteção do solo conferido ao longo do ciclo agrícola ao invés de
utilizar valores médios anuais de erosividade e do fator uso-manejo do solo. Para viabilizar
tais estudos, seria necessário trabalhar com um volume maior de dados, nem sempre
disponíveis.
O modelo matemático empírico da EUPS apresenta limitações por não considerar o
papel do escoamento concentrado, principal responsável pelo desenvolvimento da erosão
linear, sendo mais aplicável à realidade do processo erosivo laminar. Neste estudo, estas
limitações ficaram evidenciadas no levantamento das feições erosivas lineares, que
identificou a existência de voçorocas e ravinas localizadas em áreas que apresentam baixa
vulnerabilidade à erosão, uma vez que a forma de ocupação do solo era adequada às
condições da susceptibilidade do meio físico. Nestes casos, a ação antrópica potencializou a
vocação erosiva destas áreas por falhas de manejo ou execução de atividades inadequadas.
Os locais onde foram identificadas as feições erosivas lineares confirmaram as
conclusões apontadas em trabalho do IPT (1989) na Bacia do Peixe-Paranapanema: solos
profundos, de textura arenosa a média e declividade superior a 10% em relevo com
menores interflúvios. Além das condições do meio físico, no desenvolvimento das feições
erosivas lineares o papel das ações antrópicas é decisivo, notadamente quanto à supressão
da cobertura vegetal.
O cadastramento de feições erosivas de grande porte é uma etapa importante no
estudo da erosão, bem como o histórico da evolução do seu desenvolvimento. Segundo
relatório do IPT (1995), este cadastramento pode ser orientado pelo contexto geológico-
143
geomorfológico característico da porção sul da Bacia, onde ocorrem declividades
acentuadas em relevos de colinas médias com topos convexizados, assentadas sobre
arenitos da Formação Itaqueri.
Neste estudo, ocorreu a integração das informações do meio físico para análise de
cicatrizes erosivas identificadas nas fotografias aéreas e confirmadas em campo. É
importante salientar, porém, que a ausência de feições erosivas lineares não indica
inexistência da erosão, uma vez que em cultivos intensivos as feições são rapidamente
corrigidas, embora a remoção do solo deixe marcas na paisagem como o assoreamento dos
cursos d’água.
Portanto, a baixa incidência de feições erosivas nas lavouras de cana de açúcar e,
em contrapartida, a presença frequente de sulcos erosivos em pastagens não pode apontar,
independente de outros fatores, que o manejo das pastagens é mais propício ao
desenvolvimento da erosão que o cultivo da cana de açúcar, por exemplo.
Os cultivos que apresentam alto grau de revolvimento do solo como na lavoura
canavieira, elevam significativamente a susceptibilidade dos solos, favorecendo as
condições para transporte dos sedimentos quando as chuvas encontram os solos sem ou
com pouca cobertura vegetal, dependendo da fase do ciclo agrícola.
Já as feições erosivas em pastagens indicam que o manejo extensivo e a falta de
adoção de técnicas de conservação de solo desta exploração prejudicam a adequação desta
cultura em áreas susceptíveis à erosão, levando em conta que há tendência em destinar
solos de baixa fertilidade com declives acentuados a esta exploração.
A adoção de técnicas de conservação de solo não se restringe ao terraceamento, mas
envolve também todas as práticas culturais que protegem o solo, mantêm ou melhoram sua
estrutura. O grau de revolvimento e o tempo de exposição do solo sem cobertura vegetal
devem ser alvo de preocupação técnica e ambiental.
Mesmo que já sejam adotadas práticas agrícolas neste sentido, os impactos
ambientais nas explorações agropecuárias podem ser atenuados ao adotar medidas que
reduzem a mecanização, evitem a exposição do solo, diminuam a velocidade da enxurrada
e dificultem o aporte de sedimentos nos cursos d'água. Estas medidas, se associadas ao
planejamento das atividades agrícolas em função das condições naturais de relevo, solo e
144
sazonalidade das chuvas, contribuem para preservação da qualidade ambiental do meio
físico.
Em relação ao assoreamento, o estudo da vulnerabilidade à erosão pode não apontar
as áreas mais sujeitas à sedimentação, uma vez que o solo removido pela erosão não é
necessariamente transportado para os cursos d’água. A relação dos processos erosivos com
o assoreamento requer uma análise ambiental ainda mais complexa e ainda pouco
compreendida no ciclo sedimentológico.
Tendo em vista o objetivo de preservação do patrimônio ambiental da região frente
à necessidade de crescimento econômico, é imprescindível um programa de monitoramento
que possa acompanhar a expansão territorial do agronegócio e da área urbana e as ações
antrópicas que interferem na manutenção da qualidade ambiental do meio físico. Neste
monitoramento, o banco de dados exerce papel fundamental de instrumentalização para um
trabalho de gerenciamento ambiental.
145
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADÁMOLI, J. et al. Caracterização da região dos Cerrados. In: GOEDERT, W.J. (Ed.).
Solos dos Cerrados: tecnologias e estratégias de manejo. São Paulo: Nobel; Brasília:
EMBRAPA, Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados, 1985.p 33-73
146
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Espaciais-INPE, 2004. Disponível em <http://www.cbers.inpe.br.>Acesso em: outubro/
2004.
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Geologia de engenharia São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
(ABGE), 1998.
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Society for Photogrammetry and Remote Sensing. Department of Geography and SBS Lab.
Columbia: University of South Carolina, 1988.
147
FRAGA, G. P. (Coord.) Subsídios para Planejamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do
Rio Jacaré Pepira. Relatório final. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de
São Paulo/Coordenadoria de Planejamento Ambiental, 1989.
FÚLFARO, V. J. A Tectônica das Serras de Santana e São Pedro (Serra Geral) In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 21o, 1967. Curitiba. Anais... Curitiba:
FFCL/UFPR, 1967.
148
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA Censo Agropecuário do
Estado de São Paulo em 1970. Rio de Janeiro: IBGE, 1975.
149
IWASA, O Y.; FENDRICH, R. Controle da Erosão Urbana. In: OLIVEIRA, A M.; BRITO,
S.N.A (Ed.) Geologia de engenharia São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de
Engenharia (ABGE), 1998.
JORGE, F. N.; UEHARA, K. Águas de Superfície, In: OLIVEIRA, A M.; BRITO, S.N.A
(Ed.) Geologia de engenharia São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
(ABGE), 1998.
MOREIRA, C.V.R.; PIRES NETO, A G. Clima e relevo In: OLIVEIRA, A M.; BRITO,
S.N.A (Ed.) Geologia de engenharia São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de
Engenharia (ABGE), 1998.
NIMER, E. Clima In: IBGE, Geografia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1977.
150
OLIVEIRA, A M. S. Assoreamento em cursos e corpos d’água In: BITAR, O Y. (Coord.)
Curso de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente (Série Meio Ambiente). São Paulo:
Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), Instituto de Pesquisas
Tecnológicas, 1995.
PRADO H. Manejo dos solos: descrições pedológicas e suas implicações São Paulo:
Nobel, 1991.
151
QUEIROZ NETO, J.P. Erosão dos solos tropicais e seu controle: o exemplo do Estado de
São Paulo In: Simpósio Nacional de Controle de Erosão, 7o, 2001, Goiânia. Palestra.
Goiânia: ABGE, 2001.
RIDENTE JR. et al. Análise da erosão no município de São Manuel, SP. In: SIMPÓSIO
NACIONAL DE CONTROLE DE EROSÃO, 7o, 2001. Goiânia. Anais... Goiânia: ABGE,
2001.
RISSO, A.; CHEVALIER, P. Uso de um modelo numérico do terreno para a obtenção dos
parâmetros topográficos da Equação Universal de Perda de solo modificada. In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 9o, 1991. Rio de Janeiro. Anais...
Rio de Janeiro: ABRH, 1992.
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Rio Ivaí. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 13o, 1999. Belo
Horizonte: ABRH, 1999.
152
SÃO PAULO (Estado) SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE. Atlas das Unidades de
Conservação Ambiental do Estado de São Paulo. São Paulo, 2001.
153
ANEXOS
154
155
Programas realizados em LEGAL
(Linguagem Espacial para Geoprocessamento Algébrico)
// =============
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// Recupere a variável do tipo Cadastral.
map = Recupere (Nome = "subbacias");
// =========
// OPERAÇÃO
// =========
// Execute a operação de atualização (Atualize).
// ATENÇÃO: Criar o atributo DECLIVID como valor real antes!
// =============
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// Recupere a variável do tipo Cadastral.
map = Recupere (Nome = "subbacias");
// =========
156
// OPERAÇÃO
// =========
// Execute a operação de atualização (Atualize).
// ATENÇÃO: Criar o atributo DECLIVID como valor real antes!
}
// =========
// OPERAÇÃO
// =========
// Execute a operação de atualização (Atualize).
// ATENÇÃO: Criar o atributo DECLIVID como valor real antes!
{
// ===========
// DECLARAÇÕES
// ===========
Cadastral sub ("Cadsub-bacias");
Objeto obj ("bacia");
Numerico Eps ("Grades");
// =============
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// =============
// OPERAÇÕES
// =============
157
2. Ponderação dos índices de erodibilidade no mapa pedológico
{
// DECLARAÇÕES
// INSTANCIAÇÕES
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação de Ponderação (Pondere)
// sobre o mapa de solos
soloN = Pondere (solos, soloT);
Numerico de ("Grades");
Numerico eps ("Grades");
Numerico LS ("Grades");
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// Recupere a variável do tipo Numérico (grade).
de = Recupere (Nome = "declividade");
158
LS = Novo (Nome = "FatorLS", ResX=25, ResY=25, Escala=50000,Min = 0, Max
=10000);
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação
//
LS = 0.00984*((eps*1000)^0.63)*(de^1.18);
Numerico LS ("Grades");
Numerico erod ("Grades");
Numerico PNE ("Grades");
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// Recupere a variável do tipo Numérico (grade).
LS = Recupere (Nome = "FatorLS");
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação
//
PNE = 717*LS*erod;
159
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// Recupere a variável do tipo Numérico (grade).
fator = Recupere (Nome = "FatorLS");
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação de Fatiamento (Fatie)
//
LS = Fatie (fator, tab);
// =============
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// Recupere a variável do tipo Numérico (grade).
solos = Recupere (Nome = "erodibilidade");
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação de Fatiamento (Fatie)
//
erod = Fatie (solo, tab);
160
}
Tematico LS ("PNE");
Tematico erod ("PNE");
Tematico PNE ("PNE");
// =============
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// Recupere a variável do tipo Temática (mapa de solos).
erod = Recupere (Nome = "Class_erod");
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação booleana (Atribua),segundo
// a regra acima especificada.
PNE = Atribua (CategoriaFim = "PNE")
{
"ALTA" : (erod.Classe == "ALTA" && LS.Classe == "ALTA" ),
"MÉDIA" : (erod.Classe == "MÉDIA" && LS.Classe == "MÉDIA" ),
"BAIXA" : (erod.Classe == "BAIXA" && LS.Classe == "BAIXA" ),
"MÉDIA" : (erod.Classe == "ALTA" && LS.Classe == "BAIXA" ),
"ALTA" : (erod.Classe == "BAIXA" && LS.Classe == "ALTA" ),
"MÉDIA" : (erod.Classe == "MÉDIA" && LS.Classe == "BAIXA" ),
"MÉDIA" : (erod.Classe == "BAIXA" && LS.Classe == "MÉDIA" ),
"ALTA" : (erod.Classe == "ALTA" && LS.Classe == "MÉDIA" ),
"ALTA" : (erod.Classe == "MÉDIA" && LS.Classe == "ALTA" )
};
}
// DECLARAÇÕES
161
// INSTANCIAÇÕES
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação de Ponderação (Pondere)
// sobre o mapa de classe
C = Pondere (classe, cT);
// DECLARAÇÕES
// INSTANCIAÇÕES
162
"várzea" : 0,
"água":0,
"solos exposto" : 0.5);
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação de Ponderação (Pondere)
// sobre o mapa de classe
P = Pondere (classe, pT);
Numerico C ("Grades");
Numerico P ("Grades");
Numerico CP ("Grades");
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// Recupere a variável do tipo Numérico (grade).
C = Recupere (Nome = "FatorC_1988");
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação
//
CP = C*P;
163
11. Ponderação dos valores do Índice de Perdas de Solo Tolerável no mapa pedológico
{
// ===========
// DECLARAÇÕES
// ===========
Tematico solos("solos");
Numerico Tsolos ("Grades");
Tabela solosT (Ponderacao);
// =============
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação de Ponderação (Pondere)
// sobre o mapa de solos
Tsolos = Pondere (solos, solosT);
Numerico T ("Grades");
Numerico PNE ("Grades");
Numerico CPt ("Grades");
// =============
// INSTANCIAÇÕES
// =============
164
PNE = Recupere (Nome = "PNE");
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação condicional
//
CPt = PNE != 0 ? T/PNE: T;
//
CPt = T/PNE;
}
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação
//
GVE = CP/CPt;
165
Numerico GVE ("Grades");
Tematico GVE("GVE");
// =============
// INSTANCIAÇÕES
// =============
// =========
// OPERAÇÕES
// =========
// Execute a operação de Fatiamento (Fatie)
//
// Execute a operação booleana
FGVE = Atribua (CategoriaFim = "GVE")
{
};
}
166
167
168