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Fundamentos Da Ludopedagogia - Aula 7

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Fundamentos da Ludopedagogia

que se baseiam em conceitos e conhecimentos que reunirão em números estatísticos os


resultados de qualidade em Educação Infantil que buscamos (VALLE, 2008).

3.2 Aspectos psicossociais

Fonte:http://tecla.pt/index.php%3Ft=training&key=intervencao-psicossocial-em-criancas-jovens-e-familias-em-risco

Os estudos sociais também podem começar por um processo de divisão: reconhecer o


todo para separar as partes é a primeira ação a realizar. Não podemos negar que toda
ação é intencional e que vai interferir em um sistema. Para Valle (2008), é possível
planejar, fazer acontecerintencionalmente uma educação infantil satisfatória, a qual tem
por finalidade levar a criança ao seu desenvolvimento integral até os seis anos de idade,
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade.

São diversos os aspectos do desenvolvimento biopsicossocial que precisam ser


observados para prevenir distúrbios que poderão ser trata dos antecipadamente, ou para
auxiliar o desenvolvimento de estratégias psicopedagógicas ou tecnológicas que sejam
úteis na adaptação da criança, independentemente dos limites existentes.

Deixaremos para aprofundar essas provas ou testes que podem ser utilizadas para
perceber aspectos do desenvolvimento biopsicossocial que fundamentam o aprendizado
da leitura e escrita na apostila de Tópicos Especiais em Ludo-educação, por ora elas são:
coordenação fina, global, óculo-manual; dissociação; equilíbrio; esquema corporal;
orientação espacial e temporal; linguagem e desenvolvimento sócio-emocional. Estudos
sobre resiliência (resistência emocional no enfrentamento de situações sociais difíceis)
mostram que é essencial dar suporte à promoção de enrique cimento emocional par a
crianças com menor fator de proteção resiliente, de forma que possam enfrentar as
situações ambientais insatisfatórias.

Devemos apostar no potencial infantil para a adaptação e os cuidados em relação a si


mesma e com o ambiente, ou seja, não devemos nos preocupar em treinar a criança em
suas deficiências, mas em atendê-la em suas necessidades e estimular suas
potencialidades. A chegada da era da tecnologia e da informação, além das modificações
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Fundamentos da Ludopedagogia

ambientais também acarretou mudanças nos papéis familiares e sociais. As descobertas


em Psicanálise trouxeram um novo conceito sobre o comportamento dos pais e dos filhos
no século passado e descentralizou a figura de autoridade paterna na família (o pai era o
chefe único na família e desconhecia os aspectos psicológicos do desenvolvimento infantil
e das conseqüências da falta de cuidados nessa fase).

O reconhecimento da figura feminina na família e na sociedade, um ganho na valorização


da mulher que aconteceu no mundo inteiro, reconhecendo seus direitos e capacidade,
trouxe também outro universo para a educação das crianças.

Fonte:https://medium.com/@mayararosa/o-movimento-de-retomada-do-poder-feminino-a681a2d272b3

Assim cabe questionar o que se espera da Educação Infantil em relação ao


comportamento da criança. A grosso modo, o que buscamos é desenvolver a
competência desde a infância. A competência repousa na autoconfiança para enfrentar
desafios e sentir que irá alcançar sucesso – seja para jogar com um brinquedo novo ou
para fazer um desenho. É inaceitável, mas algumas crianças, na fase pré-escolar, já se
recusam até mesmo a fazer um desenho, dizendo que não sabem desenhar, que não são
boas nisso. Como diz Valle (2008), tão pequenas e já se sentem incompetentes.A
educação infantil deve valorizar o progresso e não o final em si – é o segredo para ajudar
a auto-regulação e o controle do comportamento.

Por mais que sejam bemintencionadas, as atitudes de críticas feitas pelo adulto para a
criança irão interferir na forma da criança pensar sobre si mesma. A criança constrói sua
auto-imagem com as referências que recebe dos adultos sobre como ela é: boazinha,
bonita, insuportável, aquela que faz tudo errado.Com base nesses conceitos e nos
resultados de suas experiências, a criança desenvolve a auto-estima e vai s e comportar
de acordo com esse aprendizado sobre si mesma. É como se ficassem gravadas na
cabecinha da criança as mensagens que ela recebe e sempre será como se tivesse uma
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Fundamentos da Ludopedagogia

sombra dessas idéias no pensamento naqueles momentos em que mais precisará de


segurança; a hora de enfrentar desafios, fazer coisas novas.

Os estímulos de pais e educadores nas lembranças infantis podem ser a motivação para
realizar tentativas, andar passo a passo, vencer dificuldades. Ou poderá ser um peso
paralisante, que causa uma sensação de fracasso antes sequer de tentar, errar é
impossível, porem só erra quem se arrisca. Viver é um risco! A motivação é a força que
impulsiona o aprendizado e não pode ser constantemente ameaçada pelo fantasma do
erro, que, na verdade, faz parte do acerto, quase como uma conseqüência (VALLE, 2008)

Quando pequenos precisamos reconhecer nos pais a nossa própria importância e valor: é
a consciência do potencial dinâmico de cada um para chegar à automodificação e à
realização.Com os adultos, a criança aprende a planejar os objetivos para atingir os
sonhos, cooperar com aqueles que estão à sua volta para realizar a mágica de superar
limites. É pela compreensão empática, pela cognição afetiva, que a criança aprenderá a
vencer a impulsividade, a lidar com as frustrações, analisar os erros cometidos para ir em
frente, acertando cada vez mais. Sempre é bom poder pensar junto, ter alguém que nos
mostre com clareza os fatos que não vemos quando estamos cegos por alguma ideia ou
sentimento. É maravilhoso ter alguém que nos aceite, nos faça pensar, ver possibilidades,
levantar, corrigir erros, fazer mais que o possível.

Mas, que nos deixe pensar e crescer. A criança é parte integrante de sistemas que a
influenciam, dos quais a família desponta como fundamental na formação infantil.
Bronfenbrenner (1990 apud VALLE, 2008) contribuiu com uma visão ecológica do
desenvolvimento humano, para se compreender melhor o papel da família e da sua
relação com a escola, na educação dos filhos, mostrando que o ambiente é um sistema
em constante modificação. Conforme as pessoas atuam sobre o ambiente, modificam-no
e este também age sobre as pessoas, ou seja, são vários sistemas interligados e, por
isso, é importante a comunicação conjunta e troca de informações entre os grupos que
influenciam a criança, como família e escola.

Cada criança cresce em um ambiente social complexo (uma ecologia social), com um
elenco de personagens (irmãos, pais, avós, babás, professores, amigos) que, também, se
inserem em um sistema social mais amplo da comunidade (emprego, vizinhança) e que
obedecem a sistemas sociais mais distantes (por exemplo, uma decisão governamental
pode interferir no padrão de vida pessoal de alguém, como acontece com um aumento no
salário ou em impostos).

As crianças precisam construir um vínculo seguro com as pessoas que lhe servem de
referência, ou seja, a família.As muitas e rápidas transformações sociais que a família tem
sofrido nos últimos tempos resultam em incertezas e na necessidade de refletir sobre
novos arranjos familiares que possam atender às dúvidas que surgem, e são tantas. A
família tornou-se flexível, busca a construção de novos caminhos de interação, que geram
ansiedade e que, muitas vezes, afastam todos, entre acusações de culpa e explicações,
que não colaboram em nada com os objetivos de uma família feliz que aceiteconversar as

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Fundamentos da Ludopedagogia

dúvidas, ou buscar uma orientação acertada, em vez de disputar um jogo de acerto e


erro.

Quem deve acompanhar a rotina diária do filho, quem tem maior responsabilidade de
atender às necessidades da criança? Quem deve fazer o acompanhamento escolar do
filho, para saber o que ele passa, entender os comentários da criança e auxiliar a missão
da escola? (VALLE, 2008).

A criança vivencia o impacto entre os valores da escola e da família e precisa atender às


expectativas de cada um, ajustando o seu comportamento.

A família fortalece os laços que ligam à vida, quando estimula, orienta, caminha junto
desde a infância, compreendendo e se fazendo compreender, amarrando a auto-estima
da criança à admiração e ao carinho que seus pais demonstram e despertam.

Ou podem ser laços que sufocam, quando não criam um espaço p ara que a criança se
solte em casa, na escola ou em qualquer parte, a criança precisa experimentar cada
passo com direito a cair e levantar de novo, brincar e aprender, errar e jogar novamente
(VALLE, 2008).

3.3 Afetividade

Fonte:https://edu.glogster.com/glog/paulo-freire/1grjv6wa23t

No que se refere à afetividade e à amabilidade no ambiente escolar, o educador Paulo


Freire também traz sua contribuição:

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Fundamentos da Ludopedagogia

Ensinar exige querer bem aos educandos (...) preciso estar aberto ao gosto de querer
bem aos educandos e à própria prática educativa de que participo. Esta abertura ao
querer bem não significa, na verdade, que, porque professor me obriga a querer bem a
todos os alunos de maneira igual. Significa esta abertura ao querer bem a maneira que
tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educandos, em uma prática
específica do ser humano. (...) A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade.

O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento
ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade (FREIRE, 2003. p.
141). Por tanto, ser amável não significa ser permissivo nem tão somente autoritário, mas
consciente do papel de educador, capaz de beneficiar-se da heterogeneidade humana, na
qual, unicamente nessa espécie, é marcado o querer bem ao outro e ao seu semelhante
como virtude intencional.

Sendo assim, seria um equívoco identificar a questão intelectual e os sentimentos


humanos como duas formas de desenvolvimento, pois toda a conduta do homem, até
mesmo seus aspectos mais racionais e intelectuais, está marcada por elementos afetivos
e emocionais (VIANA , 2010, p. 34). É por isso a importância da afetividade na Educação
Infantil, pois esses aspectos exercem grande influência sobre o desenvolvimento integral
da criança.

Isso posto, é fundamental que o educador tenha condições básicas e favoráveis para o
desenvolvimento do trabalho nos ambiente escolares infantis, não apenas considerar o
espaço físico ou materiais didáticos e pedagógicos como ferramentas de trabalho, os
quais têm importância e finalidade específica, mas também, sobretudo, a formação desse
profissional que deve ter, além de afeição por crianças, é claro, conhecimento amplo
acerca do processo do desenvolvimento infantil, nas dimensões da Psicologia, da
Sociologia, da antropologia, da Política, entre outrosaspectos que dizem respeito à
constituição e ao desenvolvimento do ser humano em sua plenitude.

Vista dessa forma, a educação na infância deve ser pautada em uma pedagogia que
valorize a afetividade, em uma dinâmica dialógica, aspectos importantes para o
desenvolvimento pleno da criança, considerando que as relações afetivas contribuem
para a estruturação do comportamento da criança e acompanha o ser humano durante
toda a sua existência. De modo geral, pode-se dizer que, até a segunda infância, a vida
da criança é uma fase inteiramente afetiva, e, no final deste período, as principais formas
de afetividade do futuro adulto já estão estabelecidas.

Considerando a afetividade um sentimento essencial para o desenvolvimento da criança,


Piaget (1993) enfatiza que o aspecto afetivo, em si, não pode modificar as estruturas
cognitivas (esquemas), embora ele possa influenciar na modificação de estruturas. Na
visão piagetiana, existe um paralelismo entre os aspectos cognitivos, que se
desenvolvem, e a afetividade, pois os mecanismos de construção são os mesmos.

As crianças aprendem as experiências afetivas da mesma for ma que assimilam as


experiências cognitivas, mesmo porque afeto inclui sentimentos, interesses, desejos,

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tendências, valores e emoções em geral, resultando na construção do conhecimento de


maneira autônoma e significativa. As sim, as crianças quando convivem com pessoas que
não valorizam a afetividade, geralmente, apresentam insegurança e, também, inibições
intelectuais. Em contrapartida, as crianças que possuem uma boa relação afetiva em seu
cotidiano, tanto escolar como familiar, demonstram autonomia, segurança, encontram
sentido de exploração da realidade e têm interesse pelo mundo exterior, facilitando o seu
desenvolvimento integral.

Fontes :https://amenteemaravilhosa.com.br/teste-do-desenho-da-familia/

Segundo Piaget (1989), na realidade, o elemento primordial a ser focalizado é a conduta,


pois, para o desenvolvimento dessa conduta, implicam-se modificações e valores. O que
não implica a satisfação total dos desejos na infância, fazer todas as vontades, sem
limites, ou abandonar a criança à própria natureza ou à própria sorte, mas atender às
suas necessidades, contribuindo para além da construção de conhecimentos, desenvolver
sentimentos de bem querer e que ela possa conviver de forma harmoniosa tanto com
outras crianças quanto com adultos em seu meio de convivência.

Com efeito, nos estudos de Jean Piaget (1993), o desenvolvimento do ser humano se dá
por estágios, e ele considera quatro períodos no processo de evolução do homem, sendo
caracterizado s por meio das condições de cada indivíduo durante o seu desenvolvimento
e são denominados com o:

Sensório-motor, que vai de zero a dois anos de idade;

Pré-operatório de dois a sete anos;

Operações concretas de sete a onze ou doze anos;

Operações formais, a qual dura a partir de onze ou doze anos em diante.

Para o autor, cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de
organização mental que possibilitam as diferentes maneiras de o indivíduo relacionar-se
com a realidade. O período Sensório-motor (zero a dois anos) é um estágio que
predomina o experimento, trabalho mental, estabelecendo relações entre as ações e as
modificações que elas provocam no ambiente físico, exercitando os reflexos, manipulando
o mundo por meio das ações cotidianas, não existindo nenhuma consciência do eu,

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Fundamentos da Ludopedagogia

nenhuma fronteira entre a criança e o mundo exterior, sendo decisiva a relação da criança
com o educador pelo fato de ela não saber diferenciar o que é certo ou errado.

No decorrer do estágio sensório-motor, a criança passa a reagir às pessoas de modo


específico, porque ela age de acordo com os esquemas que podem ser relacionados com
os da sua própria ação. Surgem, então, sentimentos de inquietude em presença de
estranhos, preferência por certas pessoas e objetos e reação de estranheza a deter mina
das situações.

Existe uma relação mútua entre a descentralização afetiva e a cognitiva, não porque uma
domine a outra, mas porque ambas se produzem em função do mesmo processo, pois, ao
mesmo tempo em que a criança apresenta condições intelectuais de centrar a atenção
em um objeto fora dela mesma, adquire condições afetivas de amar este objeto exterior.
Por isso, a importância do mediador dessa interação da criança com o meio em que
vive.Segundo Piaget (1989), o objeto afetivo no período sensório-motor não passa de um
objeto de contato direto, que a criança não pode lembrar durante as separações. Nesta
fase, predominam nas ações da criança os esquemas abertos, denominados de esquema
sensório-motor.

Este período para o autor é marcado por um extraordinário desenvolvimento pouco


valorizado por não ser revelado, em sua maioria, por palavras que permitam o
acompanhamento, passo a passo, do progresso da inteligência e dos sentimentos, fato
expressivo nas fases posteriores. O período sensório-motor é decisivo para a evolução
emocional e afetiva a partir da percepção e dos movimentos que envolvem a criança em
seu ambiente de vivência, a exemplo, os reflexos de sucção do seio da mãe vão se
aprimorando com o passar do tempo, após algumas semanas de nascimento, ao mamar,
o bebê não se contenta somente em sugar o seio, mas vai coordenando os movimentos
dos braços ou per nas quando mama, leva o dedo à boca, suga no vazio, is to é, relaciona
p ar te do seu mundo à sucção.

A partir destes reflexos, a criança co-meça a assimilação do universo e inicia a construção


de esquemas. E, esse contato com o meio que é direto e imediato contribui para
aprimorar os esquemas construídos anteriormente. Aqui, imprime-se a importância dos
profissionais que lidam com a Educação Infantil. Nesse período, a criança da creche está
em plena construção de seus esquemas, e a maneira como é conduzido esse ambiente,
as relações com outras crianças e o atendimento às necessidades delas são salutares
para a formação da criança, tanto emocional como cognitivo.

Outro estágio de desenvolvimento defendido pela teoria piagetiana é o estágio Pré-


operatório com duração no período dos dois aos sete anos de idade. É uma fase da
infância, pautada no intuitivo, com o surgimento da linguagem, da imagem mental e do
jogo simbólico, e o objeto afetivo se faz sempre presente e atuante, até em sua ausência
física. É o período de desenvolvimento da capa cidade simbólico (símbolos mentais:
imagens e palavras que representam objetos ausentes); características do pensamento
(egocentrismo, intuição, variância); (pensamento dependente das ações externas),

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Fundamentos da Ludopedagogia

surgindo as simpatias e antipatias que podem ser duradouras, além da valorização de si


mesma.

E, para Jean Piaget, como regra geral, haverá simpatia em relação às pessoas que
respondem aos interesses do sujeito e que o valorizam. A simpatia, então, de um lado
supõe uma valorização mútua e, de outro, uma escala de valores comum que permita as
trocas (...) inversamente, a antipatia nasce da ausência de gostos comuns e da escala de
valores comuns (PIAGET, 1989, p. 39 e 4 0). Estas reações são observáveis nas
manifestações da criança, sua dimensão política, quando revelam suas preferências ou
não por determinadas pessoas estranhas ou do s eu meio familiar, bem como a escolha
de companheiros par a fazer parte de suas brincadeiras, pois, nessa fase, a criança
possui percepção geral e deixa se levar pela aparência sem fazer relação com os fatos, o
que se constrói a partir dos sucessos e dos fracassos das suas próprias ações e
conforme seu cotidiano.

Ao aprender a andar, por exemplo, a criança experimenta prazer e sucesso ao conseguir


dar alguns passos, sem cair, gerando mais confiança em si, e continua tentando ou
traspassadas.

Fonte:https://www.tempojunto.com/2017/08/24/estimular-o-equilibrio-pela-brincadeira-das-criancas-de-3-meses-a-10-anos/

Quando ocorre ao contrário, é necessário que a criança seja encorajada para dar
prosseguimento a suas tentativas, pois, na visão piagetiana, a dinâmica da afetividade é
condição energética, mola propulsora do compor t amento e contribui para gerar mais
confiança em si, e possa conduzir, de forma segura, seu desenvolvimento integral. Ainda
em relação à afetividade como fator importante no desenvolvimento da criança, Wallon
(apud TAILLE, 1992) também considera a dimensão afetiva com o fundamental, tanto do
ponto de vis ta da construção da pessoa quanto do conhecimento.

Para ele, ambos se iniciam em um período denominado de impulsivo-emocional que se


estende ao longo do primeiro ano de vida.Na concepção psicogenética de Henry Wallon,
a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa
quanto do conhecimento (VIANA, 2010). La TailIe (1992) enfatiza que a emoção ocupa o
papel de mediadora. O processo de desenvolvimento infantil se realiza nas inter ações,

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Fundamentos da Ludopedagogia

que objetivam não só a satisfação das necessidades básicas, como também a construção
de novas relações sociais, com o predomínio da emoção sobre as demais atividades. As
interações emocionais devem se pautar pela qualidade, a fim de ampliar o horizonte da
criança e levá-Ia a transcender sua subjetividade e inserir-se no social (L A TAILLE, 1992,
p. 85).

Na concepção walIoniana, tanto a emoção quanto a inteligência são aspectos


fundamentais par a o processo de desenvolvimento da criança. Quanto à dimensão
afetiva, o ponto importante na teoria psicogenética é a indissociabilidade do homem social
e biológico, considerando em uma dinâmica possível de serem identifica das as etapas do
desenvolvimento da criança, cada uma com suas características próprias, atendendo aos
diferentes interesses e às necessidades, sendo uma ponto de p ar tida par a a outra. Para
WalIon (2005 apud G ALVÃO, 2005, p. 39), a cada idade estabelece-se um tipo particular
de interações entre o sujeito e seu ambiente. Os aspectos físicos do espaço, as pessoas
próximas, a linguagem e os conhecimentos próprios a cada cultura formam o contexto do
desenvolvimento.

Os trabalhos de WalIon dão grande ênfase às emoções como constituição intermediária


entre o corpo, sua fisiologia, seus reflexos e as condutas psíquicas de adaptação,
potencializam o homem para seu desenvolvimento positivo, pois, a atuação está
intimamente ligada ao movimento, e as posturas são as primeiras imagens de expressão
e comunicação, como dinâmicas que servem de base para o desenvolvimento emocional
e afetivo. Outro aspecto importante para o desenvolvimento da criança é a linguagem,
ideia mais difundida na teoria vygotskia-na, como um sistema simbólico básico de todos
os grupos humanos. Para La Taille (1992), a linguagem fornece os conceitos e as formas
de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de
conhecimento.

Para ele, o significado é componente essencial da palavra sendo, ao mesmo tempo, um


ato de pensamento, na medida em que o significado de uma palavra já é em si, uma
generalização. A teoria vygotskyana enfatiza que as funções psicológicas têm um supor te
biológico, pois são produtos da atividade cerebral, e o funcionamento psicológico baseia-
se nas relações entre os indivíduos e o mundo exterior, desenvolvendo-se em um
processo histórico.

Percebe-se, então, a importância das relações e das experiências vivenciadas pelas


crianças em função dessas relações serem mediadas por sistemas simbólicos e físicos,
isto é, a relação da criança e o mundo em que vive.No que se refere à afetividade,
Vygotsky (1996 apud L A TAILLE, 1992) mostra que os aspectos cognitivos estão
interligados com os aspectos afetivos, e as emoções são um produto da inserção humana
em um contexto histórico e social, podendo ser modificadas conforme as manifestações
ou as reações vivenciadas pela criança em seu ambiente de convivência .

Para Vygotsky (1996, p. 37), o ser humano constitui-s e como tal na sua relação com o
outro social. O ser humano é membro de uma espécie biológica que s ó se desenvolve no
interior de um grupo cultural (...) a cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de
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Fundamentos da Ludopedagogia

representação da realidade. É na dinâmica social e cultural que o ser humano se


completa. Por isso, as relações sociais são fundamentais para o desenvolvimento
psicológico do indivíduo e que o outro é uma referência ex terna que possibilita o homem
a perceber-se como sujeito do processo de sua formação pessoal e que é na dinâmica
social e cultural com o outro que o homem pode compor--se como ser humano.

Considerando o processo de internalização (apropriação do mundo social, como normas,


valores, modos de representar os objetos e situações que compõem a realidade objetiva,
is to é, as relações humanas e suas especificidades culturais), Galvão (2005, p. 100)
afirma que o meio é o campo sobre o qual a criança aplica as condutas de que dispõe, ao
mesmo tempo, é dele que retira os recursos para sua ação. Com o desenvolvimento
ampliam-se as possibilidades de acesso da criança às várias dimensões do meio. No
início, ela age diretamente sobre o meio humano e é por inter médio deste que tem
acesso às outras dimensões de seu contexto social. É natural que, ao nascer, a criança
fique sujeita a horários, hábitos alimentares, de higiene e, depois, possa aprender a
andar, falar, etc. Contudo, o que ela aprende e como aprende é uma peculiaridade de
cada uma, dependendo do grupo, classe social e cultura a que pertence, e isto é próprio
da heterogeneidade humana. Assim, os primeiros anos de vida da criança são
fundamentais para o seu desenvolvimento, pois, nesse espaço de tempo, ela passa por
diversas etapas, tanto no aspecto físico como mental, afetivo e emocional, influenciando
no seu desenvolvimento integral, entrelaçando-se e evoluindo, for mando sua
individualidade, sua identidade, um ser único e diferente dos demais.

Nesta perspectiva, o processo de amadurecimento se dá a partir de sua interação com o


meio e com as pessoas do seu convívio, conforme a mediação para o enfrentamento dos
desafios cotidianos, estabelecendo assim uma interdependência, quando ocorrem as
transformações no comportamento da criança. Visto dessa forma, o processo de
construção do conhecimento ou desenvolvimento é gradativo e, na visão vigotskyana, é
na Zona de Desenvolvimento Proximal que a interação entre os indivíduos se intensifica e
estimula o amadure-cimento da criança.Segundo Cole (1999, p. 112), a Zona de
Desenvolvimento Proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se
costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a
orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.

É, pois, nesta dinâmica, o início do desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança. Neste


ponto, os vínculos afetivos também são componentes fundamentais para que o
desenvolvimento seja saudável, considerando tanto a independência cognitiva como a
afetiva, condições necessárias para a criança se desenvolver com autonomia (VIANA ,
2010).

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