O Mundo do Omolokô!!!
Hoje vamos mostrar um pedacinho do Omolokô, este religião que se mostrou mais
profunda nas terras de brasil com o Tatá Tancredo da Silva Pinto, (*10/08/1904 - +
01/09/1979), que mostrou com muita garantia a sua visão sobre Umbanda andar junto
ao Omolokô, bem mais ou menos assim apos o advento do caboclo da Sete
Encruzilhada, houve um tempo de miscigenação da Umbanda com os Cultos de nação
africana chamados candomblés, porem a Umbanda caminhou e muitas vezes ainda
caminha num processo de desafricanização de seus Ritos muito em especial a
Matança de animais que a Umbanda não aceita de forma alguma, não criticando quem
faça cada um com seu seguimento, mais a Umbanda não executa este tipo de
oferenda, pois bem enquanto ela fez este caminho o Omoloko fez o caminho inverso,
não no sentido de involução mais de aproximar sua Ritualística com os cultos
Africanos, desta forma houve um mistura boa e saiu este tempero maravilhoso e
importante que é o Omolokô, pois bem vamos esmiuçar mais este assunto:
A NAÇÃO OMOLOKÔ
Certos da importância da cultura negra e ameríndia em nosso país,
decidimos compartilhar as informações que foram pesquisadas sobre o ritual
religioso conhecido como Nação de Omoloko. Como em todas os rituais que
compõem a religião afro-ameríndia-brasileira, há variações entre uma casa de culto
e outra onde o ritual de nação Omoloko é praticado.
A importância de se conhecer um pouco desse ritual está ligada a própria
história do NEGRO e do ÍNDIO em nosso país. Tradicionalmente européia, Santa
Catarina registra em seu passado histórico um forte domínio da cultura branca, a
começar pelos próprios portugueses açorianos que povoaram o litoral sul do Brasil,
além é claro dos alemães e italianos, hoje fortemente representados e reconhecidos
em todo território nacional pelas festas de outubro.
Onde entram as parcelas Negra e Ameríndia na formação cultural do Sul do Brasil ?
Partindo de uma pesquisa sobre a cultura afro-brasileira da Grande Florianópolis, decidimos
tornar público o material pesquisado, possibilitando uma viagem pela história que até pouco
tempo era contada sem a preocupação do registro formal, tão necessário para a sua
permanência na posteridade. Durante a pesquisa realizada sobre os rituais afro-brasileiros
existentes na Grande Florianópolis, identificamos a Umbanda como sendo a prática ritualística
mais tradicional ainda em atividade. Ela apresenta-se com diversas sub-denominações para
seus rituais entre as quais Umbanda de Omoloko. O Omoloko, apresenta-se como um
segmento de origem africana que surgiu no Brasil oriundo de uma miscigenação que ocorreu
na época da escravidão. Afinal, os rituais religiosos que encontramos atualmente nos terreiros
são heranças de um tempo onde a cultura negra era envolvida num sincretismo que unia os
orixás africanos aos santos católicos. Nas senzalas, a cultura negra ricamente representada
era mantida de forma original aos olhos dos negros e paramentada com formas e objetos que
pudessem satisfazer os interesses dos senhores donos das terras. Como relatam inúmeros
autores que escreveram sobre religião afro-brasileira, por baixo das imagens de santos
católicos estavam "assentados" os Orixás.
O Omoloko é originário do Rio de Janeiro, que também serviu de berço para o
surgimento da Umbanda, conforme relatam alguns estudiosos. No Rio de Janeiro, antes
mesmo da origem oficial da Umbanda (1908), já eram comuns práticas afro-brasileiras
similares ao que hoje conhecemos como Cabula e Omoloko. A cultura de um país é avaliada
pelos reflexos conjunturais das atividades: científicas, artísticas e religiosas de um povo.
Evidentemente essa cultura foi adquirida aos poucos, advindas de outras culturas através dos
séculos. Segundo Tancredo da Silva Pinto, Tatá Ti Inkice, em seu livro Culto Omoloko - Os
Filhos de Terreiro - Omoloko é uma palavra yoruba, que significa: Omo - filho e Oko - fazenda,
zona rural onde esse culto, por causa da repressão policial que havia naquela época, os rituais
eram realizados na mata ou em lugar de difícil acesso dentro das fazendas dos donos de
escravos. Talvez por causa disso hoje temos as denominações de “terreiro e roça” para os
lugares onde os cultos afro-brasileiros são realizados. Nesse culto os orixás possuem nomes
yoruba (Nagô), até seus Oriki (tudo aquilo que se relaciona ao Orixá) e seu Orukó (nome) são
trazidos através do jogo de búzios ou Ifá. Seus assentamentos parecem-se com os do
candomblé Nagô. Os Exus também são feitos de argila a semelhança de uma pessoa ou então
simbolicamente em ferro. Podemos relacionar o significado da palavra Omoloko também ao
Orixá Okô, a deusa da agricultura, que era adorado nas noites de lua nova pelas mulheres
agricultoras de inhame. Antigamente, o Orixá Oko era muito cultuado no Rio de Janeiro. Esse
Orixá era assentado junto com Oxossi, o que viria dar maior consistência a origem do culto
Omoloko que é fortemente influenciado por Oxossí. O culto a Oxóssi é o que melhor marca o
contexto religioso dos negros afro-brasileiros, bastando que para isso notarmos o destaque
dado ao culto de caboclo, que está intrinsecamente ligado a Oxossi. Também segundo o Tatá
Ti Inkice Tancredo da Silva Pinto, considerado o organizador do culto Omoloko no Brasil, na
África, os sacerdotes do culto Omoloko realizavam suas liturgias em noites de lua cheia sob a
copa de uma frondosa árvore carregada de frutos parecidos com maçã. Segundo ele, o culto
Omoloko chegou ao Brasil proveniente do sul de Angola, onde era praticado por uma pequena
nação pertencente ao grupo Lunda-Quiôco que ficava as margens do rio Zambeze, que
chamavam Zâmbi e que lhes fornecia alimentação no período das cheias.
Quem foi Tancredo da Silva Pinto, considerado o
organizador do culto Omoloko no Brasil?
Tancredo da Silva Pinto, Tatá Ti Inkice, nasceu no dia 10 de agosto de 1904, no
Município de Cantagalo-RJ. Ainda na adolescência foi morar na cidade do Rio de
Janeiro, na época Distrito Federal. Seus pais eram Belmiro da Silva Pinto e Edwiges
de Miranda Pinto, e seus avós maternos eram Manoel Luiz de Miranda e Henriqueta
Miranda. Seu avô fundou os primeiros blocos carnavalescos da localidade Avança” e
“Treme Terra” e o “Cordão Místico”, uma mistura de caboclo com ritual africano, no
qual uma tia sua chamada Olga saía fantasiada como Rainha Ginga, rainha do
antigo reino de Matamba. Em 1950, fundou a Federação Umbandista de Cultos Afro-
Brasileiros para resistir as grandes perseguições que a Umbanda sofria em diversos
Estados brasileiros. Fundou Federações nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco, entre outras, objetivando organizar e
dar maior respeitabilidade e personalidade aos cultos afro-brasileiros. Com o intuito
de divulgar os cultos afros, criou as festas religiosas de Yemanjá, no Rio de Janeiro;
a festa a Yaloxá, em Pampulha e Cruzandê, em Minas Gerais; a festa do Preto
Velho, em Inhoaíba, homenageando a grande yalorixá Mãe Senhora, na cidade do
Rio de Janeiro; festa de Xangô em Pernambuco; o evento “Você sabe o que é
Umbanda?”, realizado no Estádio do Maracanã, na Administração do Dr. Carlos
Lacerda, e, finalmente a Festa da Fusão do Estado do Rio de Janeiro com o Estado
da Guanabara, realizada no centro da Ponte Rio-Niterói. Recebeu em Sessão Solene
na Câmara Estadual do antigo Estado da Guanabara e também da Câmara
Municipal de Itaguaí, o Título de Cidadão Carioca, pelos serviços prestados em favor
do povo umbandista. Tancredo escreveu mais de trinta obras literárias divulgando a
Umbanda, entre elas: Iyao, Camba de Umbanda, Catecismo de Umbanda, Negro e
Branco na Cultura Religiosa Afro-Brasileira, As Mirongas de Umbanda, Cabala
Umbandista, Doutrina e Ritual de Umbanda no Brasil, Revista Mironga, entre outras.
Tancredo da Silva Pinto foi sepultado no dia 02 de setembro de 1979, às 15:00hs,
na quadra 70, carneiro 3810, no Cemitério de São Francisco Xavier, à Rua Pereira
de Araújo, nº. 44, no Rio de Janeiro-RJ. As despedidas ao corpo de Tancredo foram
realizadas no Ilê de Umbanda Babá Oxalufan, situado a Avenida dos Italianos
nº.1120 em Coelho Neto, onde seu corpo foi velado. No livro de registro de filhos de
santo estão registrados mais de 3.566 filhos de santos que foram iniciados pelo
Tatá Ti Inkice. O Sirum (Axexê), cerimônia de encomenda do corpo de pessoa
falecida foi realizado por José Catarino da Costa, conhecido como Zé Crioulo, filho
de Xapanam e confirmado como Ogan Kalofé no Terreiro de Tio Paulino da Mata e
Tia Olga da Mata.
O motivo que levou Tancredo a criar federações umbandistas para defender os direitos
dos cultos afro-brasileiros desenrolou-se na casa de santo de sua tia Olga da Mata. Estando
em casa de sua tia Olga da Mata, na Avenida Nilo Peçanha, 2.153, em Duque de Caxias, onde
funcionava o Terreiro São Manuel da Luz. Lá, Xangô manifestou-se e disse: “Você deve fundar
uma sociedade para proteger os umbandistas, a exemplo da que você fundou para os
sambistas, pois eu irei auxiliá-lo nessa tarefa”. Após esse fato, ele fundou a Confederação
Umbandista do Brasil, usando parte do pagamento recebido pelo direito autoral do samba
“General da Banda”, gravado por Bleckaute e ajudou a fundar em outros estados outras
federações umbandistas para defender os direitos dos cultos afro-brasilieiros. Segundo
Tancredo da Silva Pinto, a primeira sociedade umbandista criada para defender os direitos dos
umbandistas no Rio de Janeiro e no Brasil foi a União, fundada em 1941. Segundo ele, naquela
época, devido às perseguições policiais, os cultos eram acompanhados por bandolim,
cavaquinho e órgão, porque não era permitido tocar tambor (atabaques). No Rio de Janeiro, os
cultos afro-brasileiros foram professados dessa maneira até 1950. Coisa semelhante acontecia
nos terreiros de Umbanda em Florianópolis, onde as giras eram acompanhadas por palmas e
eram realizas quase sempre em horários alternados entre a tarde e a noite.
Em Belo Horizonte, foi institucionalizado o dia 10 de agosto como sendo o dia
consagrado a Nação Omoloko, conforme registro em Ata elaborada em reunião realizada à
Rua Conde Déu nº.422, Bairro Vera Cruz, Belo Horizonte, na sede da Fraternidade para
Estudos e Práticas Mediúnicas, presidida pelo Dr. Wamy Guimarães, Okala de Xangô e filho de
santo do Tatá Tancredo.
A bandeira que representa a Nação Omoloko acha-se em exposição na Tenda Espírita
Três Reis de Umbanda, à Rua Basílio de Brito, 43, Cachambi, Méier, Rio de Janeiro. Esta
bandeira, trazida da África pelo Dr. Antônio Pereira Camelo, foi enviada por um Tatá Zambura
da Guiné para que fosse entregue a Tancredo da Silva Pinto. A bandeira é na cor verde
garrafa, com o desenho de uma pena branca no centro e uma linha longitudinal branca partindo
do canto esquerdo superior para o canto direito inferior da bandeira, que mede
aproximadamente 50x50 de cumprimento e largura.
Pesquisas mais recentes dão conta de que a origem do nome Omoloko pode também
estar ligado ao povo Loko, que era governado pelo rei Farma, no Sertão de Serra Leoa. Ele foi
o rei mais poderoso entre todos os Manes. Sua cidade chamava-se “Lokoja” e localizava-se a
margem do Rio Mitombo, afluente do rio Bênue, que por sua vez é afluente do grande rio Niger.
Lokoja ficava próxima do reino Yoruba. O povo Loko também era conhecido pelos nomes de
Lagos, Lândogo e Sosso. O nome “Loko” foi primeiramente registrado em 1606. Também há
registro de desse povo com o nome de Loguro. Os Lokôs viveram até 1917 a oriente dos
Temnis de Scarcies. De acordo com pesquisas realizadas, a tribo Loko estava divida em tribos
menores ao longo dos Rios Mitombo, Bênue e Níger, e no litoral de Serra Leoa. Em 1664, o
filho do rei Farma foi batizado com o nome de D. Felipe. Evidentemente torna-se claro que o
principio da sincretização afro-católica já acontecia na África antes da vinda dos africanos ao
Brasil. Acredita-se que a Tribo Loko pertencia a um grupo maior chamado Mane, e que os
povos dessa tribo vindos escravizados para o Brasil formaram o que hoje conhecemos como
Nação Omoloko. Os povos Mane tinham por costume usar flechas envenenadas e arcos
curtos, espadas curtas e largas, azagaias, dardos e facas que traziam amarrados embaixo do
braço. Para combater o veneno de suas flechas, em caso de acidente, usavam uma bolsinha
com um antídoto. Avisavam os seu inimigos o dia em que iriam atacá-los através de palhas -
“tantas palhas, tantos dias para o ataque”. Traziam no braço e nas pernas manilhos de ouro e
prata. Também eram amigos do brancos que invadiram a África Negra. Adoravam
assentamentos de deuses e ídolos de madeira em figura de homem e animais. Quando não
venciam as guerras açoitavam os ídolos e quando as batalhas eram vencidas eles ofereciam
aos deuses comidas e bebidas. Chamavam as mulheres de “cabondos” e tinham como marca a
ausência dos dois dentes da frente.
Em Florianópolis, talvez o único terreiro de Nação Omoloko existente na
cidade seja a Tenda Espírita de Umbanda Juraciara, onde ritual de feitura é
proveniente de uma pequena tribo chamada Arigole, que conforme pesquisas
bibliográfica pertencia ao grande grupo dos Lunda-Quiôco. Contudo, o ritual de
maneira geral, sofreu, como todos os outros no Brasil, influências dos Cultos Yoruba
e Gêge na culinária, na liturgia dos rituais sagrados aos orixás, a introdução de
novos Orixás ao cultos, no vocabulário.... Os africanos yoruba foram um dos últimos
grupos afro a vir para o Brasil. Talvez por causa deste fato sua cultura religiosa
predominou sobre as demais, influenciando às culturas minoritárias já existentes,
escravizadas, aqui no Brasil. A Tenda Espírita de Umbanda Juraciára funciona na
Ilha de Santa Catarina, hoje também conhecida como “Ilha da Magia” em
Florianópolis, e é proveniente da Tenda Espírita de Umbanda São Sebastião que
ficava no continente, no Bairro de Coqueiros, também em Florianópolis. Este
terreiro foi um dos primeiros a ser estruturado em hierarquia sacerdotal em
Florianópolis. A Yalorixá da Casa chamava-se Juracema Rodriguês, e era
proveniente do Rio Grande do Sul, feita no ritual de Nação (Batuque).
O SIGNIFICADO DO TERMO OMOLOKO
Algumas vezes tenho sido inquirido com a pergunta: “Omoloko é
Umbanda ou Candomblé? “ A resposta só poderia ser uma única: Omoloko é ambas.
Umbanda porque aceita em seus rituais o culto ao Caboclo e ao Preto-Velho.
Candomblé porque cultua os Orixás africanos com suas cantigas em Yoruba ou
Angola, pois como já disse anteriormente esse ritual foi fortemente influenciado
pelas duas culturas. Como pode-se ver, o ritual Omoloko não poderia ser encaixado
no grupo dos Candomblés chamados tradicionais, aqueles que cultuam somente
orixás africanos, pelo motivo de que no Omoloko são cultuados os Caboclos e
Pretos-Velhos. Porém pode ser encaixado nos candomblés não-tradicionais, isto é,
aqueles que cultuam orixás africanos e Caboclos e Pretos-Velhos. Também como
pode-se notar, a Nação Omoloko poderia ser encaixada no grupo chamado
Umbanda, uma vez que cultua-se Caboclos e Pretos-Velhos, entidades
genuinamente de Umbanda e há uma forte sincretização católica. Ele encaixa-se
também como Umbanda quando refere-se a um grande grupo religioso, a Religião
de Umbanda. Então nesse momento o povo de Omoloko se auto intitula
Umbandista, cujo culto é voltado aos Caboclos e Pretos-Velhos e que sigam a
doutrina de amor ao próximo.
(Lp- Faramim Yemanja com a supervisão de tata Tancredo da Silva Pinto no ano de
1971).
OS SACRIFÍCIOS E OFERENDAS NA
NAÇÃO OMOLOKO
Uma forte característica de alguns rituais africanos é a realização de
sacrifício de animais flores para os Orixás, herança trazida pelos negros escravos e
mantida ainda hoje no Brasil, principalmente nos terreiros de Camdomblé. Essas
atividades são geralmente realizadas em sessões internas envolvendo apenas os
membros efetivos dos terreiros (filhos de santo), sem espectadores (assistência)
externos. Nessas cerimônias só é permitido a presença de iniciados no culto e que
tenham um grau hierárquico dentro do terreiro. Dentre os animais utilizados nas
chamadas oferendas ou obrigações, são utilizadas aves(galinha, patas...) e animais
quadrúpedes (cabras, bodes, coelhos, carneiro...). Entretanto essas atividades
chamadas de "Obrigação de Santo" só acontecem em casos de iniciação sacerdotal
ou em outras ocasiões muito especiais. A importância e necessidade desses rituais
está no fato de de se acreditar na troca de energias entre os seres humanos e os
outros seres da natureza, pois somos, todos, parte da natureza e precisamos
reavivar dentro de nós o Orixá que todos trazemos como herança da própria África
e recarregar nossa energia espiritual. Sacrifica-se um animal para que através do
plasma sangüíneo possa o Orixá tomar forma e assim passar a coabitar no corpo
físico e espiritual do futuro filho de santo. Era assim que os nossos ancestrais
faziam na África e assim o fazemos aqui no Brasil, pois essa é a nossa forma mais
próxima de mantermos viva essa força maior e de grande ligação ancestral, que
é o Orixá Divinizado em pensamento e forma..." É nesse momento que o Orixá do
médium é invocado e se faz presente, possibilitando uma maior interação entre o
iniciado e o Orixá dono de sua cabeça (Ori ® Cabeça / Xá ® guardião).
Inúmeras são as bibliografias que de alguma forma questionam o uso de obrigações
em que são utilizados animais como oferendas. É muito comum relacionar a prática de
sacrifício de animais a fase primitiva dos negros oriundos do continente africano. Talvez, fosse
essa a linguagem usada por aqueles que num passado histórico, condenaram a prática
afro/religiosa, alegando um primitivismo que não cabia a "nova" fase do país em formação e
com forte predomínio da cultura branca européia. É claro que, visto de um ângulo que não seja
o africano, essas obrigações parecem ser retrógradas, tendo em vista a atual "modernização"
com a qual convivemos. Porém, percebe-se uma certa convicção quanto ao "cortar" para o
Orixá.
ETAPAS EVOLUTIVAS DE UM FILHO DE
SANTO NA NAÇÃO OMOLOKô
Na Nação Omoloko, a primeira obrigação que um filho de
santo faz é o EBÓ. O que é Ebó? Ebó é uma obrigação de limpeza material e
espiritual. É uma obrigação muito simbólica, pois marca a passagem dele da vida
mundana para ingressar na vida espiritual onde será iniciado para ser um sacerdote
de culto afro-brasileiro. Após o filho de santo fazer o Ebó ele passa a ter o nome de
“Abiã”, aquele que foi iniciado. Após o Ebó o filho de santo fica recolhido no Roncó
por um período de 24 horas. Para repousar sua mente e corpo. Isolando ele poderá
ter o seu primeiro contato íntimo com o seu orixá.
segunda obrigação que o
A filho de santo fará é
a COFIRMAÇÃO DE BATISMO. Nesta obrigação o filho de santo
fica escolhe um padrinho e uma madrinha que representarão seus padrinho de
batismo, se estes não puderem comparecer a cerimônia. No Omoloko acredita-se
que o Batismo é realizado uma única vez na vida e pode ser feito em qualquer,
realizado quando a criança nasce, mas ele poderá ser reforçado ou confirmado no
terreiro. Nesta obrigação o filho de santo recebe a sua primeira guia, a guia branco-
leitoso de Oshalá. Nesta obrigação o filho de santo não precisa ficar recolhido no
Roncó; ele terá apenas que guardar sua cabeção do sol e do sereno durante 24
horas.
A terceira obrigação é a CATULAÇÃO. Nesta obrigação o
Abiã que está sendo iniciado é recolhido ao Roncó durante 24 durante. Catulação
significa “Abrimento de Coroa” e a sua finalidade é abrir a passagem da
mediunidade do abiã. ou seja tornar o filho de santo mais receptivo para receber as
vibrações dos Orixás. A catulação é acompanhada de um sacudimento (ebó de
limpeza) que é realizado antes do filho de santo ser recolhido ao Roncó e é feito um
jogo de búzios para verificar o Orixá do filho que será recolhido.
A quarta obrigação é o CRUZAMENTO. A finalidade do
Cruzamento é fechar o corpo do abiã contra todas as formas de energias negativas.
Ela inicia com um sacudimento (ebó) e um banho de ervas de preferência de ervas
do Orixá do abiã, se já se tiver certeza se o mesmo é realmente o dono do ori do
abiã que está em obrigação. Nesta obrigação o abiã é recolhido também por 24
horas ao Roncó. Em sua saída do Roncó ele receberá a sua segunda guia, a guia do
Orixá dono do ori.
A quinta obrigação é chamado OBORÍ Esta obrigação serve.
para reforçar as energias do filho de santo e realizar o assentamento em apotí do
primeiro orixá do iyaô e o recebimento de sua 2ª guia. A guia de seu primeiro orixá,
ou seja o dono do orí. O Obori divide-se em três tipos: Obori frio, feito com água e
comidas dos orixás; Obori de dois pés - feito com aves; Obori de 4 pés - feito com
animal quadrúpede. Esses Oborís serão aplicados pelo sacerdote conforme a
necessidade e condições gerais do abiã. Nesta obrigação o abiã será recolhido
também por 24 horas, mas terá um resguardo e a ser cumprindo em sua casa
(dormir na esteira, usar branco, não pegar sereno nem sol desnecessariamente...)
por um período de quinze (15) dias. Após essa obrigação, o filho de santo passa a
ser chamado de iyaô, aquele que foi entregue ao Orixá, e também dará uma
pequena festa em homenagem ao seu Orixá e a sua ascensão dentro do ritual.
A sexta obrigação é chamada de SETE LINHAS. Esta
obrigação é precedida de um ebó e será concluída com o assentamento do segundo
orishá do iyaô e com o recebimento da 3ª guia. A guia do seu segundo orixá, ou
seja o orixá de “juntó” e receberá também a Guia de Sete Linhas, que é um colar
que representará a sua posição dentro do ritual por sua confecção específica e pela
forma que ela é usada. Na Obrigação de Sete Linhas o iyaô ficará recolhido no
Roncó durante três (3) dias e terá que cumprir um resguardo de 30 dias domingo na
esteira , usando branco, não pegando sol e sereno desnecessário... Nesta fase o
yiaô receberá o título Babakekerê ou Yákekerê. e passará a ser chamado pelo
Sunan referente aos seu primeiro orishá. Nesse estágio o Babákekerê ou Yákekerê
já poderá iniciar filhos de santo, mas sob a supervisão obrigatória do seu Babalorixá
ou Yálorixá.
A sétima obrigação e última é a CAMARINHA. Nesta última
obrigação o Babákekerê / Yákekerê receberá o grau de Babalorixá ou Yálorixá,
podendo agora iniciar seus próprios filhos de santo e abrir sua própria casa de
santo. Neste estágio o filho de santo, já babalorixá / yálorixá, poderá iniciar seus
filhos sem a presença obrigatória do seu Babalorixá / Yálorixá, mas deverá sempre
respeito e obediência ao seu iniciador e com a casa de santo de onde se originou.
Nesta obrigação o filho de santo será recolhido no roncó do terreiro durante sete (7)
dias; receberá seu Colar de Ifá; sua Guia de Babalorixá/yálorixá que tem
característica de uso e confecção especial; terá cumprir novamente mais vinte e um
(21) dias de resguardo. Nessa fase o filho de santo poderá assentar seu orishá em
ferro, se o desejar ou então deixá-lo no apoti, se assim o preferir. Essa obrigação
inicia com um ebó e se concluirá com uma grande festa de comemoração.
Entrega de Deka:
OS ORIXÁS NO CULTO DE OMOLOKO
Quem são os Orixás? Esta é uma pergunta que a maioria das pessoas que
freqüentam cultos afro-brasilieiros fazem a si mesmos e a outros. Orixás são
entidades espirituais, dizem uns. Orixás são forças da natureza, dizem outros.
Orixás são espíritos de mortos que dependendo do lugar onde morreu pode retornar
na forma espiritual como Ogum, se morreu em batalhas, Povo d`Água se morreu no
mar, rio ou lago, ou ainda “orixás são os Encantados”, dizem outros. Todas as
alternativas podem estar certas, contudo elas sofrem o inconveniente de ser muito
superficiais, haja vista que o orixá deve ser algo muito mais complexo.Para os
seguidores dos rituais de Omoloko e Almas e Angola, os orixás além de simples
forças da natureza ou entidade espirituais, dividem-se em duas categorias - Orixá
Maior e Orixá Menor.
Orixá Maior é aquela entidade celeste que faz com que a natureza
tenha movimento, se transforme e gere vida. Os orixás maiores são os responsáveis
diretos, que encarregados Olorum/Zambi faz com que as menores partículas
atômicas tenha energia e faz fluir a vida cósmica no universo. É a essência da vida.
Por exemplo, Iemanjá é responsável pelo formação e manutenção da vida marinha,
Xangô é o responsável pelo energia do trovão que desencadeia as tempestades que
limpam a atmosfera, Nanã faz com que a chuva que cai na terra gere nova vida
orgânica, Inhansã é a responsável pela limpeza do ar atmosférico e com seus
ventos espalha a vida como pólens, Exú é o Orixá responsável pelo desejo sexual
que gera vida nas espécies sexuadas. O Orixá Maior é pura energia, não passou
pelo processo de encarnação como seres humanos. Ele é pura energia cósmica, a
força vital que tem origem em Olorum/Zambi e que faz com que a mecânica do
universo oscile entre o caos e a ordem gerando vida. Eles são chamados apenas
pelo primeiro nome, Ogum, Xangô, Oxum, Omulu... O Orixá Maior é uno e
onipresente. é aquela entidade celeste que faz com que a natureza tenha
movimento, se transforme e gere vida. Os orixás maiores são os responsáveis
diretos, que encarregados Olorum/Zambi faz com que as menores partículas
atômicas tenha energia e faz fluir a vida cósmica no universo. É a essência da vida.
Por exemplo, Iemanjá é responsável pelo formação e manutenção da vida marinha,
Xangô é o responsável pelo energia do trovão que desencadeia as tempestades que
limpam a atmosfera, Nanã faz com que a chuva que cai na terra gere nova vida
orgânica, Inhansã é a responsável pela limpeza do ar atmosférico e com seus
ventos espalha a vida como pólens, Exú é o Orixá responsável pelo desejo sexual
que gera vida nas espécies sexuadas. O Orixá Maior é pura energia, não passou
pelo processo de encarnação como seres humanos. Ele é pura energia cósmica, a
força vital que tem origem em Olorum/Zambi e que faz com que a mecânica do
universo oscile entre o caos e a ordem gerando vida. Eles são chamados apenas
pelo primeiro nome, Ogum, Xangô, Oxum, Omulu... O Orixá Maior é uno e
onipresente.
Orixás Menores são aquelas entidades espirituais que fazem a
mediação entre o ser humano e o Orixá Maior. Os orixás menores são, conforme as
diversas lendas, espíritos de antigos reis e heróis africanos, índios, orientais, etc.
Em essência, os orixás menores podem ser qualquer ser humano. Por exemplo, as
lendas de Xangô e Ogum. Esses seres humanos comuns, por terem sido
abençoados com poderes sobrenaturais concedidos pelos Orixás Maiores, tornaram
seres humanos especiais dotados de superpoderes físicos ou mentais para proteger
seu povo, e após a sua morte voltam a ter contato com os seres humanos comuns
na forma de orixás menores. Essas pessoas receberam poderes diretamente do
Orixá Maior, e tornaram-se semideuses aqui na Terra, como por exemplo o Hércules
da mitologia grega. O Orixá Maior recebe sua energia cósmica diretamente da
fonte, Olorum/Zambi. O orixá menor possui o mesmo nome do Orixá Maior de onde
provem seus poderes, acompanhado de um sobrenome. Por exemplo, Ogum Beira-
Mar, Inhalosin, Iemanjá Obáomi, Xangô Kaô...A este segundo nome chamamos de
dijina ou sunam do Orixá. Assim podemos ter vários oguns, Xangôs, oxóssis,
iemanjás... Da mesma forma seriam os Pretos-Velhos, cujo nome pode não exprimir
a verdadeira entidade espiritual, pois o fato de entidade se manifestar como preto-
velho não que dizer que ela necessariamente tenha que ter sido negro e escravo e
o caboclo tenha que ser obrigatoriamente o espírito de um índio brasileiro. Os
orixás menores, passaram pelo processo da reencarnação mas são espíritos
dotados de poderes sobrenaturais concedido pelo Orixá Maior e que por isso
possuem uma grande luz e compreensão espiritual e tem seu poder ampliado agora
que não mais carrega o fardo do corpo físico, por isso não necessitando mais passar
pelo processo da reencarnação para evoluir.. É isto que diferencia os eguns (espírito
de morto que possui compreensão ou luz espiritual mas ainda poderá passar, se
necessário, por outras reencarnações por ainda estar ligado ao mundo material) e
kiumbas (espírito de morto que ainda não alcançou a luz espiritual, as nem
compreende que ele já vive em outra dimensão e que seu corpo carnal não mais
existe). É isso que diferencia o Orixá Menor dos demais seres espirituais que ainda
não foram tocados pela energia do Orixá Maior. A energia concedida ao orixá menor
também provem de Zambi/Olorum; entretanto, ela é canalizada a ele através do
Orixá Maior, que é o elo de ligação entre eles, da mesma forma que o orixá menor é
o elo de ligação entre o ser humano e o Orixá Maior. Dessa forma o Orixá Maior
pode ser comparado grosseiramente a uma válvula que regula o fluxo de energia
entre Zambi /Olurum e o orixá menor, podendo dessa forma reduzir, aumentar ou
até mesmo retirar os poderes do orixá menor. No Omoloko, crê-se que são esses
espíritos, os orixás menores que se manifestam nos omo-orixás (médiuns). E
somente em momentos muitíssimos especiais é que o filho de santo poderá
realmente ser tocado de forma muito rápida e superficial pelo Orixá Maior. O culto
do orixá menor está ligado ao antigo culto dos antepassados e que nos foi legado
pela cultura Banto; enquanto o culto ao Orixá Maior está ligado ao culto das forças
da natureza e nos foi legado pelos iorubanos e gêges. É importante frisar que na
própria África esses dois cultos se mesclam e se completam; da mesma forma que
eles se completam aqui no Brasil.
(Livro importantíssimo escrito por Tancredo da Silva).
Dias da Semana, Cores e Símbolos dos
Orixás e Entidades na Nação Omolokô
ORIXÁ CORES SÍMBOLO DIA FESTIVO
Ogum branco, verde e vermelho espada ou lança 23 de abril
Oxossi e Odé verde e branco arco e flecha 20 de janeiro
Omulú preto e branco xaxará, cruz, pemba 16 de agosto
Obaluayê preto, branco e vermelho xaxará, cruz, pemba 16 de agosto
arco com 7 flechas e um
Ossanhe verde claro 13 de dezembro
pombo no centro, folha
Oxumarê amarelo e branco serpento ou arco-íris 24 de agosto
Nanãburoquê roxo ou lilás obiri, vassoura, carocol 26 de julho
Obá vermelho e amarelo espada e escudo 25 de novembro
Oxum azul claro abebê, estre 08 de dezembro
Iemanjá azul claro e branco, cristal peixe, lua 02 de fevereiro
oxé (machado alado),
Xangô marrom 24 e 29 de julho
pedra, meteorito
Inhasã / Oyá amarelo espada e raio, cálice 04 de dezembro
Irokô / Lokô cinza e branco árvore 19 de abril
27 de setembro e
Ibejí / Erê azul ou rosa folha
25 de outubro
pachorô, cruz com raios,
Oxalá branco leitoso 25 de dezembro
cálice, pilão, sol
preto e branco ou contas de
Pretos-Velhos cruz, cachimbo, rosário 13 de maio
lágrimas de nossa senhora
Caboclos verde escuro ou verde e branco arco e flecha 20 de janeiro
A HIERARQUIA SACERDOTAL NO CULTO
OMOLOKO
A hierarquia sacerdotal da Nação Omoloko segue a mesma estrutura dos
grupos Yorubá:
Þ Babalorixá ou Yálorixá: sacerdote ou sacerdotisa, mais conhecidos
como pai de santo ou mãe de santo, é a autoridade máxima no culto ao orixá;
Þ Yákèkèrè e Babákèkèrè: filho de santo com obrigação de “Sete Linhas”.
Þ Dagã: a pessoa que tem mais tempo de iniciação dentro do terreiro;
Þ Ogã Nilú e Ogã Calofé: tocador de atabaque. Pessoa que dá início à
maioria dos cânticos aos orixás nas giras (atualmente esses dois cargos tem sido
ocupado por uma mesma pessoa);
Þ Axogun: pessoa que, nas obrigações, sacrifica os animais;
Þ Yábasé ou Yábá: cozinheira das comidas sagradas dos orixás;
Þ Combono: pessoa que nas giras atende aos Orixás;
Þ Exi-de-Orixá: filho de santo em geral;
Uma peculiaridade do culto Omoloko é que nele não existe o grau de
“Mãe ou Pai Pequeno", como há em outros cultos afro-brasileiro. Para um iniciado
tornar-se Babálorixá ou Yálorixá ele precisa ser iniciado nas sete obrigações que
compõem a hierarquia sacerdotal, abrir seu próprio terreiro e ter seus próprios
filhos de santo. Esse direito é adquirido quando o filho de santo faz a última
obrigação que é chamada de “Camarinha”, na qual o filho de santo é iniciado e ao
seu término recebe o direito de “criar” (iniciar) outros filhos de santo. Se esse filho
de santo continuar no terreiro onde ele foi feito ele será chamado de Babákekerê ou
Yákekerê – aquele que pode iniciar outros filhos de santo mas não possui ainda o
seu próprio terreiro -. Ele ainda não recebeu o Deká. Entretanto, se ele for abrir o
seu próprio terreiro para iniciar seus próprios filhos de santo, então ele receberá de
seu Babálorixá ou Yálorixá o Deká e passará a ser chamado de Babálorixá ou
Yálorixá pelas demais pessoas. Portanto, na Nação Omoloko o título de “Mãe
Pequena ou Pai Pequeno; Mãe Grande ou Pai Grande” não existe, pois ele está
condicionado ao pai de santo/mãe de santo ao abrir o seu próprio terreiro e ter os
seus próprios filhos de santo. Na hierarquia da nação Omoloko o grau de
Babákekerê ou Yákekerê está logo abaixo do de Babálorixá/Yálorixá, entretanto ele não
pode ser comparado ao grau de “Pai/Mãe Pequeno(a) que há em outros rituais, pois na Nação
Omoloko não existe uma obrigação específica para estes cargos como há no Ritual de
Umbanda e Almas de Angola, por exemplo
ORGANIZAÇÃO E
MANUTENÇÃO DOS TERREIROS
Caminham juntas duas formas de organização dentro dos terreiros de
Omoloko, uma seguindo o ritual religioso e outra referente a parte burocrática e
administrativa .
A parte religiosa segue uma organização que vai desde a forma arquitetônica até
as atividade anuais praticadas.
Cangira: fica na entrada do terreiro, e é onde está assentado o Exu da
casa.
Casa das Almas: localizada geralmente fora do terreiro. e é onde está o
assento das Almas
(Pretos-Velhos). Nessa casa encontram-se imagens de preto-velhos.
Cozinha do Santo: local onde são preparados as comidas dos
orixás e a comida para os participantes comerem em dias de festas e
obrigações.
Salão: é o local mais amplo onde são realizados os trabalhos espirituais.
Nesse salão destaca-se o altar, onde ficam imagens de Orixás, Caboclos e
Pretos-Velhos e, em alguns terreiros também são colocados imagens de santos
da religião católica. Na maioria dos terreiros é contruída uma pequena cerca de
madeira ou muro para separar o salão onde os filhos de santo giram da área da
assistência.
Ritmo dos pontos: (música religiosa) é marcado por três
atabaques: Lé (tambór grande), Rum (tambor médio) e Rumpi (tambor
pequeno). Além dos atabaques há um agogô (instrumento de metal que emite
som semelhante ao do sino) e maracas (tipo de chocalho que contem dentro
lágrimas de nossa senhora e por fora é recoberto por uma rede confeccionada
com a mesma semente, que emite um som semelhante ao chiado.
Organização: Durante as sessões os filhos de santo são organizados
de acordo com a sua graduação hierárquica a partir do de altar em direção a
porta de saída do terreiro, formando dois semi-círculos que começam do altar,
com os mais graduados e termina no lado oposto com os menos graduados ou
iniciantes. Durante a sessão os filhos de santo formam dois círculos, um dentro
do outro. No círculo interno ficam os filhos de santo com graduação de
Babálorixá/Yálorixá e Babákekerê/Yákekerê, e no círculo externo ficam os
demais filhos de santo. Quando os orixás se manifestam os componentes do
círculo interno passam a compor também o círculo externo. O círculo interno é
substituído pelos orixás que vão se manifestando.
Horário: Com relação ao horário, os terreiros obedecem a determinação do
responsável pelo terreiro. No caso da Tenda Espírita de Umbanda Juraciára as
gíras normais iniciam às 20:00 e terminam às 22:00 horas, e em dias de
festividades as atividades terminam às 23:00 horas.
A organização burocrática, fica a cargo de uma diretoria composta por presidente,
secretário e tesoureiro, além do conselho fiscal, que desempenham todas as
funções burocráticas e administrativas que já tão bem conhecemos. Muitos terreiros
tem CGC e alguns são reconhecidos como de utilidade pública (municipal, estadual
e federal). Não sendo uma associação com fins lucrativos, a única fonte de renda
dos terreiros é através de uma mensalidade cobrada dos médiuns para a
manutenção geral do terreiro. Os próprios médiuns fazem a manutenção do
terreiro, seja na limpeza ou mesmo na conservação das instalações físicas. Em
alguns casos são contratados serviços profissionais, principalmente quando se trata
de uma construção para aumento das instalações físicas. Como os terreiros são
construídos a partir de doações e geralmente são construídos no próprio terreno
junto a casa do Pai ou Mãe de Santo. Poucos são os terreiros que funcionam em
terreno próprio, se é que há algum.
O ASPECTO ECOLÓGICO E O
PAPEL SOCIAL
Atualmente, a maioria dos terreiros têm desempenhado um papel social e ecológico
muito ativo dentro da sociedade brasileira. Em Florianópolis, muitos terreiro têm
elaborado campanhas de solidariedade em época de festas tais como Natal e
Páscoa. Alguns promovem suas festas dentro da própria comunidade onde estão
localizados e outros atuam junto a creches, orfanatos e asilos, levando presentes,
cestas básicas etc. Programas de cursos diversos são desenvolvidos e aplicados
durante o ano, tendo por finalidade facilitar a vida da comunidade, além de
palestras de conteúdo diversos. Em relação ao aspecto ecológico nota-se o
nascimento de uma consciência atuante em relação a preservação do meio-
ambiente e da natureza. Realmente, nota-se que os cultos afro-brasileiros estão
despertando para uma nova realidade.
Fonte bibliográfica: Culto Omoloko - Ornato José da Silva;
Obras de Tancredo da Silva Pinto
Pesquisa de Campo: Tenda Espírita de Umbanda Juraciára -
TEUJ
Pesquisador: Apolônio A. da Silva
Coord. Adm. Uniafro
acima vídeo de saídas de Santo na Nação Omolokô.
Bem existem muitos nomes importantes desta nação maravilhosa e
livros interessantíssimos, decidimos não colocar aqui outros nomes de grandes Pais
e Mães de Santo desta nação por que o material sobre ela é tão grande que
futuramente voltaremos a falas sobre seus livros e seus praticas falecidos e atuais,
agradecemos aqui ao portal uniafro que compartilhamos estes textos, segue link
para quem quiser saber mais: http://www.uniafro.xpg.com.br/omoloko.htm