INTOLERÂNCIAS E ALERGIAS ALIMENTARES
Paulo Carvalho de Paula
INTOLERÂNCIAS ALIMENTARES
Deficiência enzimática Farmacológica
Intolerância à lactose Intolerância à histamina
Intolerância à sacarose
INTOLERÂNCIA ALIMENTAR
Deficiência de transportadores Desordens gastrintestinais
Intolerância à frutose tipo má-absorção Síndrome do intestino irritável
Intolerância à sacarose
Intolerância à sacarose
Causada pela deficiência da atividade do complexo sacarase-isomaltase na borda em
escova das vilosidades intestinais.
Intolerância à sacarose
Causada pela deficiência da atividade do complexo sacarase-isomaltase na borda em
escova das vilosidades intestinais.
Intolerância à sacarose
Causada pela deficiência da atividade do complexo sacarase-isomaltase na borda em
escova das vilosidades intestinais.
Classificações da intolerância à sacarose
Intolerância primária: mutações homozigóticas ou heterozigóticas do gene
para o complexo sacarase-isomaltase
Intolerância secundária (temporária): decorrente de lesões intestinais que comprometem a
integridade das vilosidades
Intolerância à sacarose
Intensidade dos sintomas depende
da quantidade de sacarose e amido ingeridos
do grau de deficiência enzimática
Vários fenótipos possíveis, com respostas clínicas heterogêneas
Intolerância primária: manifesta-se precocemente em crianças
(introdução da alimentação complementar)
Diagnóstico
História clínica de sintomas gastrintestinais após ingestão de alimentos
fontes de sacarose ou amido
Teste de tolerância oral à sacarose
Teste do hidrogênio expirado
Abordagem nutricional
Consiste na restrição de sacarose e amido
O que é permitido e o que deve ser evitado?
Cereais, tubérculos e farinhas
Evitar:
Cereais e alimentos com adição de açúcar, biscoitos,
bolos e tubérculos como a batata
Liberados para pacientes que conseguem digerir
40 a 50 g de amido por porção:
Laticínios
Evitar: Permitidos:
Iogurtes adoçados com sacarose
Leite condensado
Cremes adoçados com sacarose
Carnes, ovos, frutos do mar: permitidos
Leguminosas: restringir
Frutas a evitar:
Frutas permitidas/melhor toleradas
Hortaliças: permitidas Evitar: doces e açúcares
Exceto: cenoura e beterraba
Oleaginosas: permitidas
Reposição oral de sacarase
Melhora da tolerância aos carboidratos ingeridos pelos pacientes com intolerância à sacarase.
Utilização de pó liofilizado de Saccharomyces cerevisiae
(fermento biológico, de pão) à dieta pode auxiliar na
diminuição da restrição e da melhora clínica
Intolerância à frutose
tipo má-absorção
Intolerância à frutose
Resultado da baixa expressão do transportador intestinal de frutose (GLUT 5)
Intolerância à frutose
Distensão abdominal
fermentação
Frutose não absorvida CH4, H2, CO2 Dor abdominal
Flatulência
fermentação
Ácido orgânicos
Efeito osmótico
Diarreia
A má-absorção de frutose pode acontecer mesmo em indivíduos normais
GLUT 5 é saturável quando ingestão de frutose > 50 g em dose única
Abordagem nutricional
Baseado na restrição de frutose dietética, de forma individualizada
< 3 g de frutose/refeição
10 a 15 g frutose/dia (monitorar tolerância)
A ingestão concomitante de frutose com glicose ameniza a ocorrência de sintomas
Restrição de FODMAPS gera benefícios clínicos nos pacientes com intolerância à frutose,
especialmente quando sintomáticos
Fruto-oligossacarídeos
Galacto-oligossacarídeos
Lactose
Frutose
Sorbitol
Manitol
Síndrome do Intestino
Irritável
Intolerâncias alimentares também incluem desordens gastrintestinais funcionais, como a
síndrome do intestino irritável
Critério ROMA IV para SII:
Presença de dor abdominal recorrente, com frequencia de pelo menos 1 x/semana
nos últimos 3 meses, associada com dois ou mais dos seguintes eventos:
Alívio da dor com defecação Início das alterações
Mudanças na frequência de evacuação
+ pelo menos 6 meses
antes do diagnóstico
Mudanças na forma das fezes eliminadas
Subclassificações da SII
SII-D Diarreia predominante (> 25% fezes Bristol 6 ou 7)
SII-C Constipação predominante (> 25% fezes Bristol 1 ou 2)
SII-M Padrões cíclicos (> 25% fezes duras ou moles)
SII-U Não classificados com precisão
Subclassificações da SII
A SII é tipicamente um distúrbio do eixo intestino-cérebro
Etiologia biopsicossocial ↑ sensibilidade visceral
Precipitação de sintomas
após consumo alimentar
Resultado do comprometimento de cunho emocional do eixo intestino-cérebro
Intolerância alimentar, principalmente a componentes
mais fermentáveis e de digestão mais lenta
Também se verifica alterações do sistema nervoso autonômico
Impacto na motilidade e
Estresse ↓ tônus vagal
sensibilidade intestinais
Abordagem nutricional
Sintomas, intensidade e tolerância são individualizados
O manejo nutricional é individualizado
Adequação do plano dietético com base na tolerância
Alimentação deve ser adequada, atendendo às necessidades nutricionais
Deve haver limitação de cafeína e álcool Fibras: benefícios clínicos são limitados à
fibras solúveis
Iniciar com ↓ quantidades: 3 a 4 g/dia
Deve reduzir a ingestão de alimentos ↑ gradualmente, conforme tolerância
gordurosos/preparações hiperlipídicas
Fibras insolúveis: fornecimento limitado
Dieta restrita em FODMAPS reduz fermentação e promove melhora dos sintomas em
alguns pacientes
Restrição de FODMAPS
Manifestação de sintomas Reintrodução gradual, conforme tolerância
4 a 6 semanas
Maior supervisão do paciente
Fase de restrição
Suplementação, se necessário
Não há recomendação da aplicação de dietas
isentas de glúten, dada a insuficiência de
evidências para se retirar glúten desses pacientes
Antes do estabelecimento de dieta restrita em FODMAP, torna-se importante realizar triagem
para verificação de pacientes de alto risco para comportamentos alimentares restritivos
Probióticos: podem promover benefícios (melhora de sintomas)
Não há recomendação de espécies ou cepas específicas
Combinações dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium tem mostrado benefícios
Utilizar por até 12 semanas, descontinuando o uso caso não ocorra
melhora dos sintomas
ALERGIAS ALIMENTARES
Alergia à proteína do
leite de vaca
Tipos:
APLV IgE mediada
APLV não IgE mediada
Caseínas
Frações proteicas alergênicas do leite de vaca
Proteínas do soro
Alimentos e ingredientes a serem evitados
Alimentos e ingredientes a serem evitados Industrializados que geralmente contém
proteínas do leite
Composto lácteo Soro de leite
Caseinato Todos os tipos de whey protein
Mistura láctea Fermento lácteo
Gordura de manteiga Lactulose, lactose
Alergia ao ovo
Clara do ovo: mais alergênica do que a gema
Ovoalbumina Ovotransferrina
Proteínas mais relacionadas à alergia:
Ovomucoide Lisozima
Proteínas alergênicas da gema: α-livetina e apovitelinas
Alimentos/ingredientes a serem evitados
Alergia à soja
Proteína de soja: alérgeno em potencial
Fórmulas à base de soja só devem ser utilizadas na APLV após certificação da não alergia à soja
Aos 7 anos (50% dos pacientes)
Tolerância dos pacientes
Aos 10 anos (69% dos pacientes)
Reatividade cruzada com outras Desnecessária a restrição das demais
leguminosas: 5% leguminosas (salvo se sintomas após consumo)
Alimentos/ingredientes a serem evitados
Proteína isolada de soja
Proteína concentrada de soja
Proteína texturizada de soja
Alergia a peixes
e frutos do mar
A alergia a peixe e a alergia a frutos do mar constituem umas das principais causas de anafilaxia
β-parvalbumina
Principais proteínas de peixe alergênicas
β-enolase
Aldolase A
Pacientes alérgicos são aconselhados a evitar todos os tipos de peixes
Também evitar:
Óleos de peixe Reatividade cruzada
Alimentos adicionados com ácidos graxos ômega-3
Não restringir, salvo
se existirem sintomas
Principal proteína alergênica de frutos do mar: tropomiosina
Alimentos a serem evitados:
Observa-se 75% de reação cruzada entre as espécies de frutos do mar
Alérgicos a frutos do mar raramente são alérgico a todas as espécies incluídas como
frutos do mar
Individualidade
Reatividade cruzada entre peixes e frutos do mar: não usualmente
observada
Parasita anisakis Contém tropomiosina encontrada nos frutos do mar
Pessoas alérgicas a frutos do mar podem ter reação ao
consumirem peixes contaminados com esse parasita
Presença de IgE específica para tropomiosina Reatividade cruzada
Alergia a amendoim e
oleaginosas
Alimentos a serem evitados
E QUANTO AO TRIGO?
Doença celíaca
Reações adversas
associadas Intolerância ao glúten não celíaca
Alergia ao trigo
Doença celíaca
Enteropatia autoimune
Intolerância ao glúten não celíaca
Intolerância ao glúten, sem autoimunidade
Alergia ao trigo
Testes imunoalérgicos positivos
Intolerância ao glúten não celíaca (IGNC)
Também chamada de sensibilidade ao glúten não celíaca, a IGNC é caracterizada pela
combinação de sintomas intestinais e extraintestinais que ocorrem após ingestão de glúten
e que desaparecem com a dieta de exclusão, com diagnósticos de doença celíaca e de
alergia ao trigo excluídos.
Intolerância ao glúten não celíaca (IGNC)
Os sintomas geralmente ocorrem após algumas horas ou dias depois da
ingestão de glúten, melhorando ou desaparecendo dentro de horas ou dias
após a retirada do glúten, com reincidência após sua reintrodução.
Exemplos de sintomas
Dor abdominal Letargia
Diarreia Dores articulares
Mudanças no padrão evacuatório Cefaleia
Náuseas Alterações musculares
Intolerância ao glúten não celíaca (IGNC)
Também chamada de sensibilidade ao glúten não celíaca, a IGNC é caracterizada pela
combinação de sintomas intestinais e extraintestinais que ocorrem após ingestão de glúten
e que desaparecem com a dieta de exclusão, com diagnósticos de doença celíaca e de
alergia ao trigo excluídos.
Na IGNC, as reações adversas ao glúten não são alérgicas nem
decorrentes de autoimunidade
Intolerância ao glúten não celíaca (IGNC)
Pacientes com IGNC manifestam sintomas após ingestão de glúten,
mas não apresentam os padrões histopatológicos típicos da
doença celíaca , como lesões infiltrativas e destrutivas e atrofia de
vilosidades.
Pacientes com IGNC apresentam testes imunoalérgicos para o trigo negativos e
sorologia para autoanticorpos para doença celíaca negativa (anti-EMA e anti-Ttg)
Pode haver discreto aumento de anticorpos antigliadina
Intolerância ao glúten não celíaca (IGNC)
A prevalência na população em geral é desconhecida, mas tem sido estimada entre 0,5 e
6% em diferentes países.
Outros estudos têm apontado prevalência (discrepante) de 50% para a
generalidade da população
Intolerância ao glúten não celíaca (IGNC)
É mais prevalente em adultos do que em crianças e é mais frequente nas mulheres
A dificuldade para se estimar a prevalência de IGNC se dá pela ausência de critérios
definitivos para essa doença.
O diagnóstico é feito por exclusão, com aplicação de dieta isenta de glúten
e de desafios alimentares com glúten para avaliação da resposta clínica
De acordo com o consenso de Salerno, os pacientes suspeitos devem ser avaliados por
um questionário descritivo de sintomas
Após seis semanas do início da dieta isenta de glúten, eles são reavaliados e é esperada
melhora dos sintomas.
Diminuição de 30% no escore gerado pelo questionário é sugestivo do diagnóstico de IGNC.
Intolerância ao glúten não celíaca (IGNC)
Pacientes que não têm recorrência de sintomas quando desafiados com glúten são
improváveis de ter IGNC.
Nestes, devem ser consideradas outras causas dos sintomas, tais como a
ingestão de fermentable oligosaccharides, disaccharides,
monosaccharides and polyols (FODMAPS)