Universidade Cidade de São Paulo – UNICID
Felipe Barros da Silva, Matheus Soares Leite e Sebastian Lima
Pereira
Um breve estudo sobre a evolução da capacidade de
recomposição do Sistema Interligado Nacional
São Paulo
2021
Felipe Barros da Silva, Matheus Soares Leite e Sebastian Lima Pereira
1
Um breve estudo sobre a evolução da capacidade de
recomposição do Sistema Interligado Nacional
Versão Original
Trabalho apresentado à Universidade
Cidade de São Paulo – UNICID para
obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.
Área de Concentração: Engenharia
Elétrica
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Ferreira
da Silva
São Paulo
2021
AGRADECIMENTOS
2
Agradecemos e dedicamos esse trabalho a Deus, por nós proteger, dar
estrutura e saúde para enfrentarmos nossos desafios.
A todos nossos professores, que nos edificaram para que sejamos
engenheiros amanhã.
Nossas famílias, que nos apoiam em vosso dia a dia, ajudando-nos sempre.
Ao nosso orientador, professor Eduardo, que nos guiou para realização deste
trabalho.
3
RESUMO
O presente trabalho é um estudo sobre como é o atual estado,
capacidade e como é feita a recomposição do Sistema Interligado Nacional
Brasileiro, junto de sua evolução, durante as décadas. A análise desse
processo é de suma importância, pois é preciso que sua evolução seja
constante, propondo novas estratégias, diretrizes e critérios para que a
confiabilidade aumente sempre. O sistema deve ser capaz de operar
constantemente, sem interrupções de fornecimento, estável e sem
anormalidades, e caso ocorra alguma falha, deve ser restaurada com o menor
prazo de tempo e melhor qualidade possível. Realizando pesquisas,
levantando dados e comparações sobre incidentes de interrupção de carga,
foram estudadas as formas de recomposição da rede e meios de realização de
planos de atuação e seus limites, para que possam se tirar conclusões do atual
funcionamento, apontar possíveis melhorias e atuais problemas, enfatizando a
importância de treinamento e evolução tecnológica nessa área da elétrica.
4
ABSTRACT
The present work is a study on how is the current state, capacity and
how the Brazilian National Interconnected System is recomposition, along with
its evolution, during the decades. The analysis of this process is of paramount
importance, because its evolution must be constant, proposing new strategies,
guidelines and criteria so that reliability always increases. The system should
be able to operate constantly, without interruptions of supply, stable and without
abnormalities, and in case of any failure, it should be restored with the shortest
time frame and best possible quality. Conducting research, collecting data and
comparations on incidents of load interruption, we studied the ways of
recomposition of the network and means of carrying out action plans and their
limits, so that conclusions can be drawn from the current operation, pointing out
possible improvements and current problems, emphasizing the importance of
training and technological evolution in this area of electrical.
LISTA DE MAPAS
5
Mapa 1 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 1960
Mapa 2 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 1970
Mapa 3 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 1980
Mapa 4 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 1990
Mapa 5 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 2000
Mapa 6 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 2010
Mapa 7 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 2018
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tabela de Utilização de Recursos Renováveis
Tabela 2 - Estratificação das cargas separadas por região
Tabela 3 - Linhas de transmissão desligadas
Tabela 4 - Geração desligada na Perturbação
Tabela 5 - Carga Reduzida na Perturbação
LISTA DE SIGLAS
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
BEM - Balanço Energético Nacional
CEB - Companhia Energética de Brasília
CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica
CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina
CELG - Companhia Elétrica de Goiás
CEMAT - Centrais Elétricas Mato-grossenses
CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais
CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
CESP - Companhia Energética de São Paulo
CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco
CNP - Conselho Nacional do Petróleo
CNOS - Centro Nacional de Operação do Sistema
COPEL - Companhia Paranaense de Energia
6
COSR - Centro de Operação do Sistema
CTEEP - Companhia de Transmissão de Energia Elétrica
DNAEE - Departamento Nacional De Águas E Energia Elétrica
ECE - Esquemas de controle e emergência
EPE - Empresa de Pesquisa Energética
ERAC - Esquema Regional de Alívio de Carga
EREC - Esquema Regional de Restabelecimento de Cargas
GCOI - Grupos de Coordenação da Operação Interligada
GTAN - Grupo de Trabalho de Análise e Elaboração de Normas de Operação
HVDC – High Voltage in Direct Current
IEA - Agencia Internacional de Energia
IO - Instruções de Operação
LT - Linha de Transmissão
ONS - Operador Nacional do Sistema
OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PAR - Plano de Ampliações e reforços
PCMC - Plano de Corte Manual de Carga
SCADA – “Supervisory Control And Data Acquisition”
SE – Sub estação
SEP - Sistema Eletrico de Potência
SEP – Sistema Especial de Proteção
SIN - Sistema Interligado Nacional
TEP - Tonelada Equivalente de Petróleo
UG – Unidade Geradora
UHE – Usina Hidroelétrica
UTE - Usina Termelétrica
UTN – Usina Termonuclear
SUMÁRIO
7
1 Introdução..........................................................................................................................10
1.1 Objetivo Geral........................................................................................................10
1.2 Objetivo Específico.................................................................................................10
1.3 Apresentação..........................................................................................................10
1.4 Justificativa.............................................................................................................12
2 Metodologia.......................................................................................................................13
3 Evolução Do Sistema Elétrico De Potência.........................................................................14
3.1 Evolução do Sistema Interligado Nacional - SIN...........................................................14
3.2 Matriz Energética.........................................................................................................22
4 Recomposição do Sistema Interligado Nacional.................................................................28
4.1 Evolução da Recomposição no Sistema Interligado Nacional da Região Sul.................29
4.2 Evolução da Recomposição no Sistema Interligado Nacional da Região Sudeste.........31
4.3 Evolução da Recomposição no Sistema Interligado Nacional da Região Nordeste.......33
5 Blecautes na história do Brasil............................................................................................33
5.1 Blecaute de Abril de 1984.............................................................................................34
5.2 O Blecaute de Agosto de 1985.....................................................................................37
5.3 Blecaute de Setembro de 1985....................................................................................38
5.4 Blecaute Dezembro 1994.............................................................................................39
5.5 Blecaute Março 1999....................................................................................................41
5.6 Blecaute Janeiro 2002..................................................................................................42
5.7 Blecaute de Outubro de 2002.......................................................................................42
5.8 Blecaute de Novembro de 2009...................................................................................43
5.9 Blecaute Março de 2018...............................................................................................45
6 Recomposição do SIN na atualidade...................................................................................49
6.1 Metodologia da ONS....................................................................................................57
6.1.1 Intervenções..............................................................................................................58
6.1.2 Controle da Geração..................................................................................................59
6.1.3 Controle de Transmissão...........................................................................................59
6.1.4 Gerenciamento de Carga...........................................................................................62
6.1.5 Esquema Regional de Restabelecimento de Cargas – EREC......................................66
6.1.6 Definição do montante de carga a ser cortado.........................................................67
8
6.1.7 Elaboração do Plano de Corte Manual de Carga (PCMC)...........................................68
6.1.8 Recomposição da Rede Operacional.........................................................................68
6.1.8.1 Recomposição na fase fluente................................................................................69
6.1.8.2 Recomposição na fase coordenada........................................................................70
6.1.9 Controle da tensão e frequência durante a recomposição........................................70
7 Resultado............................................................................................................................72
8 Conclusão...........................................................................................................................74
9. Sugestão para trabalhos futuros.........................................................................................75
10. Bibliografia..........................................................................................................................76
1 Introdução
9
1.1 Objetivo Geral
Descrever a evolução da capacidade de recomposição do Sistema
Interligado Nacional – SIN, considerando a evolução da carga, evolução do
Sistema Interligado Nacional, evolução da matriz elétrica e a evolução das
técnicas de recomposição.
1.2 Objetivo Específico
Levantar os dados dos maiores blecautes;
Mostrar historicamente as premissas, diretrizes e critérios para
recomposição da rede de operação após perturbações gerais ou
parciais;
Estudar a evolução do setor elétrico brasileiro;
1.3 Apresentação
O ano de 1883 é o ano do surgimento da indústria de energia elétrica no
Brasil, um país disposto de potenciais térmico, hídrico e eólico que lhe abrem a
possibilidade de produzir, de forma renovável e sustentável, parte da energia
elétrica que consome e de fato, em 1889, é instalada uma das primeiras usinas
hidroelétricas, no rio Paraibuna, no estado de Minas Gerais. O Brasil passou a
ser visado internacionalmente como um potencial mercado a ser explorado, por
conta de sua extensão e demanda, um país emergente em ascensão.
Nas décadas seguintes, as empresas, canadense Light Serviços de
Eletricidade S/A (Light) e a American and Foreign Power company (Amforp), do
grupo norte-americano Electric Bond and Share Corporation (Ebasco). se
instala nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde desempenharia um
papel importante na história do setor elétrico brasileiro. A Light incorporou uma
série de pequenas empresas nos municípios paulistas e fluminenses do Vale
do Paraíba, com isso, a Amforp adquiriu empresas atuantes nos principais
centros urbanos fora do domínio do grupo canadense. [23]
10
Em meados da década de 1950, o governo federal buscava pela criação
de um sistema de geração, transmissão e distribuição de energia que fizesse
frente aos requisitos da eletricidade que o país já tinha. A fundação do sistema
Eletrobrás era uma das metas do governo de Getúlio Vargas (1951-54), sendo
que esse objetivo enfrentava grande resistência principalmente de grupos
privados internacionais, que queriam o controle da geração de energia no país.
Vale ressaltar que o crescimento do setor elétrico no Brasil está diretamente
vinculado ao avanço do setor industrial e, como reflexo ao intenso processo de
urbanização iniciado em meados de 1940.[26]
Durante o governo Vargas, o processo de industrialização se
aprofundou, ocasionando numa mudança no perfil, não só em municípios
brasileiros, mas também da população, que passou a ser mais urbana, em
declínio da população rural. Esse crescimento econômico resultava nos
constantes apagões a que a população era submetida, criando a necessidade
de se repensar o sistema de geração de energia, interligado com grandes
redes de distribuição e transmissão. Isso teria servido de estopim para o
Governo Federal, já que durante a era Vargas falava-se na nacionalização do
setor elétrico. [26]
Afim de desenvolver o País a partir de um programa visando o
crescimento urbano e a industrialização nacional, o governo começa a partir do
ano de 1950 um lento e constante processo de estatização do setor elétrico
nacional, com o nascimento do Ministério das Minas e Energia, em 1961. Nesta
época, o país tinha aproximadamente a capacidade instalada de 4800 MW.
Nessa época de 1960, o potencial do Brasil era 11.460 MW de energia.
Na década de 80, essa potência (já com Itaipu em atividade) salta para mais de
31.300 MW de energia, indo para 53.000 MW em 1990, sendo na atualidade
77.300 MW.
1.4 Justificativa
11
Por isso, no Brasil e em vários outros países, os sistemas elétricos são
planejados pelo critério de confiabilidade n-1, segundo o qual eles devem ser
capazes de suportar a perda de qualquer elemento sem interrupção do
fornecimento. Isso significa que, mesmo que ocorra uma contingência simples,
o sistema deve ser capaz de permanecer operando sem interrupção do
fornecimento de energia, perda de estabilidade, violação de padrões de
grandezas elétricas (frequência, tensão) e sem atingir limites de sobrecarga de
equipamentos e instalações.
Na operação do SIN, o critério de confiabilidade n-1 é adotado de forma
geral. Para alguns pontos do sistema, em especial para os principais troncos
de transmissão, adota-se um critério de confiabilidade mais restritivo,
envolvendo a perda de dois ou mais componentes. O critério para justificar
essa adoção é a comparação entre o investimento adicional em confiabilidade
e o impacto socioeconômico causado por uma eventual falha múltipla no
suprimento.
Entretanto, na operação em tempo real, os sistemas elétricos estão
sujeitos a diversas perturbações. A maior parte delas não resulta em corte de
carga e não chega a ser percebida pelos consumidores. Um percentual de
cerca de 10% das perturbações leva à interrupção do fornecimento, em geral
contingências envolvendo a perda de dois ou mais componentes.
As interrupções temporárias do suprimento de energia podem ter as
mais variadas causas: defeitos de equipamentos, condições meteorológicas
adversas (descargas atmosféricas, vendavais e chuvas), queimadas, falhas
nos sistemas de proteção e controle, erro humano na execução de serviços de
manutenção, erro de operação, dentre muitas outras causas. Podem ter
durações diversas: de alguns minutos a muitas horas até o restabelecimento do
serviço. Pode ser uma ocorrência isolada, sem reincidência, ou uma sequência
de falhas repetidas, em determinada época ou região. A abrangência
geográfica também pode variar de um bairro, ou uma cidade, até vários
estados sendo afetados pelo problema. O montante de carga afetado também
pode ser desde algumas centenas de Megawatts a muitos milhares de
Megawatts. A conjunção desses fatores determinará o grau de impacto da
perturbação sobre a sociedade.
12
Com o objetivo de minimizar as chances de ocorrência de uma
perturbação de grande porte, restringir a propagação de um distúrbio e agilizar
ao máximo a recomposição das cargas, o ONS mantém um trabalho
permanente de observação, análise, diagnóstico e prevenção destes eventos.
A análise em pós-operação de grandes perturbações fornece importante
insumo para o estabelecimento de medidas preventivas e para o reforço da
segurança.
2 Metodologia
Neste estudo foram abordados dados do Sistema Elétrico de Potência –
SEP brasileiro, com o intuito de buscar entender como o sistema evoluiu ao
longo dos anos.
Com foco no objetivo deste trabalho, a pesquisa é considerada uma
pesquisa bibliográfica e descritiva, onde, descrever as características de um
fenômeno e estabelecer uma relação entre os fatores do tema analisado.
Para obtermos os resultados e conclusões, foi realizado o estudo da
arte, teve-se foco em fundamentos históricos e teóricos, e com os dados
levantados na pesquisa buscamos desenvolver uma análise do caso em
questão (Recomposição do Sistema Interligado Nacional – SIN).
Por meio deste estudo tem-se a finalidade de agregar conhecimento a
toda sociedade e apresentar dados e uma conclusão para que esse
conhecimento venha se disseminar a todos.
13
3 Evolução Do Sistema Elétrico De Potência
Sistema Elétrico de Potência – SEP é o conjunto de todas as instalações
e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica. [3]
Iniciando com uma linha de transmissão ligando uma usina a uma carga
industrial ou de iluminação de uma cidade, tinha-se um projeto específico de
linha de transmissão – cabo, tensão e frequência em função da potência da
geração e da carga e da distância entre estas, buscando-se otimizar o projeto
considerando a tensão, o comprimento e as perdas da linha, de forma a ter o
mínimo custo no período de vida útil da linha. [3]
Com o crescimento das cargas e a necessidade de maiores potências
de geração, tornou-se necessário desenvolver aproveitamentos de geração
hidráulica ou térmica a maiores distâncias e com maior potência, o que
implicava em maiores investimentos e custos, levando os potenciais usuários
próximos destes aproveitamentos a unirem esforços de forma a tirar proveito
do ganho de escala com um aproveitamento maior e também terem maior
confiabilidade no suprimento devido à interligação entre os pontos de consumo
e as usinas. [3]
3.1 Evolução do Sistema Interligado Nacional - SIN
Até meados do século XX, o desenvolvimento da indústria de energia
elétrica era marcado pela existência de sistemas isolados, de acordo com a
concentração de usinas, mas que se tornavam cada vez mais afastadas dos
principais centros urbanos. O aproveitamento do potencial hidrelétrico exigiu a
construção de extensas linhas de transmissão, com níveis de tensão cada vez
mais elevados, para suprir o transporte de energia aos centros consumidores.
[1]
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Criada no fim do
primeiro governo Vargas, em outubro de 1945, foi efetivamente constituída no
governo Eurico Gaspar Dutra, em 1948, sob a presidência do engenheiro
14
Antônio José Alves de Souza, com a missão de construir uma grande
hidrelétrica que aproveitasse o potencial da cachoeira de Paulo Afonso, no rio
São Francisco, entre Paulo Afonso (BA) e Água Branca (AL). Paulo Afonso foi
inaugurada no início de 1955, com duas unidades de 60 MW, que praticamente
duplicaram a disponibilidade de energia da Região Nordeste. No fim do ano,
com a entrada em operação da terceira unidade de Paulo Afonso, a Chesf
atingiu a capacidade instalada de 200MW. O sistema primário de transmissão
da Chesf compreendeu originalmente duas linhas de 220 kV. [23]
Em 1957 foi criada Furnas, foi definida por Juscelino Kubitschek como o
centro de gravidade do programa de expansão dos sistemas elétricos do
Sudeste e elemento-chave da interligação desses sistemas em um conjunto
integrado. O projeto incluiu a instalação de 1.200 MW em duas etapas. A
primeira compreendia todas as obras civis e hidráulicas da usina, a montagem
de seis unidades geradoras com capacidade total de 900 MW e a implantação
de linhas de transmissão até São Paulo e Belo Horizonte, na tensão de 345 kV,
além de uma linha de menor tensão para alimentar o canteiro de obras com
energia da usina Peixoto, inaugurada pela CPFL em 1957. A ligação com o Rio
de Janeiro ficou para a segunda etapa, em virtude da dualidade de frequências
na Região Sudeste. A chegada da energia da usina aos consumidores cariocas
estava condicionada à conversão do sistema Rio Light para 60 Hz. [23]
Mapa 1- Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 1960
15
Fonte: EPE
No dia 11 de junho de 1962 foi criada a Eletrobras, como holding
setorial, com o objetivo de fomentar estudos, projetos de construção e
operação de usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações,
destinadas a atender a demanda de energia elétrica do país, CHESF e Furnas
se tornaram subsidiárias da Eletrobras, com a missão de expandir a geração e
a transmissão para o suprimento das regiões Nordeste e Sudeste,
respectivamente. [1]
A partir de 1965, a Eletrobras coordenou a execução do plano nacional
de unificação de sistemas elétricos.[1]
Em 1968 foi criada a Centrais Elétricas do Sul do Brasil (Eletrosul),
terceira subsidiária da Eletrobrás. Em 1969, quando começou a funcionar, a
Eletrosul recebeu a tarefa de concluir a já citada hidrelétrica Passo Fundo e
operar a termelétrica Charqueadas, além de construir a hidrelétrica Salto
Osório, e participar da mudança de frequência do Rio Grande do Sul. [23]
Neste período foram energizadas as primeiras linhas de transmissão em
440 kV, no estado de São Paulo, sendo o maior nível de tensão até então no
Brasil. Ocorreu também a continuidade da expansão da transmissão em 345
kV, na região Sudeste e em 230 kV, na região Nordeste. [1]
Mapa 2 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 1970
16
Fonte: EPE
Em 1973 foi criada a Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte),
quarta subsidiária da Eletrobras, para atuar no suprimento de energia elétrica
da região Norte do país. [23]
Em 1974 foi criado o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (CEPEL),
para alavancar o desenvolvimento tecnológico do Setor Elétrico, sendo a
Eletrobras sua principal mantenedora. Neste mesmo ano também houve a
expansão da rede em 440 kV para escoamento do complexo hidroelétrico do
rio Grande, um dos maiores do país. [1]
Em 1976 entrou em operação, na região Sudeste, o primeiro sistema de
transmissão em 500 kV da América Latina. Em 1979 iniciou-se a expansão em
500 kV no Nordeste. [1]
Neste período, a Eletrobras consolidou-se como empresa líder em
geração e transmissão no Brasil. O país estava dividido em quatro regiões
geoelétricas, correspondentes às áreas de atuação das suas subsidiárias. Com
a contribuição da Eletrobras, a capacidade instalada de energia elétrica mais
do que dobrou na década de 70, levando a uma forte expansão do sistema de
transmissão no país. [1]
Mapa 3 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 1980
17
Fonte: EPE
Eletronorte e CHESF interligaram eletricamente as regiões Norte e
Nordeste, por intermédio de linhas de transmissão em 500 kV, com mais de
1.500 km de extensão. Com isso, a usina hidrelétrica de Tucuruí, situada na
região Amazônica e inaugurada em 1984, além de abastecer o mercado
regional, também pôde exportar excedentes de energia para o Nordeste. [1]
No Sul, a expansão do sistema se deu, devido à construção de grandes
hidrelétricas nos rios Iguaçu e Jacuí, e à ampliação das termelétricas. A partir
de 1984, a expansão seria ditada por Itaipu e, mesmo sem contar com a
binacional, a região contabilizava 6.489 MW de capacidade instalada,
tornando-se menos dependente do envio de energia do Sudeste. [23]
Em 1984 também foi inaugurada a usina Itaipu Binacional, tendo
extrema importância para suprimento de energia ao Sul e Sudeste do Brasil. A
integração da usina ao sistema elétrico brasileiro foi implementada por linhas
de transmissão em corrente alternada, em 765 kV. A construção e operação
destas linhas constituíram um projeto único no mundo, sendo necessárias
tecnologias inéditas, implementadas por Furnas. [1]
Mapa 4 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 1990
18
Fonte: EPE
Um importante obra neste período foi a interligação dos sistemas
elétricos das regiões Norte/Nordeste e Sul/Sudeste, que ficou conhecida com
interligação Norte-Sul, onde se faz possível o intercâmbio de energia entre as
regiões. [1]
Furnas e a Eletronorte iniciaram testes operacionais do primeiro estágio
da chamada interligação Norte-Sul, constituída por um conjunto de linhas de
500 kV. Responsável pela conexão dos dois grandes sistemas interligados
brasileiros, a interligação Norte-Sul entraria em operação comercial em
fevereiro de 1999. (história da operação)
Com à construção da usina hidrelétrica de Xingó, no Nordeste,
inaugurada em 1994, foram necessários relevantes expansões na rede de
transmissão no Nordeste, em 500 e 230 kV, sob responsabilidade da CHESF.
[1]
Na virada do milênio, a Eletrobras contava com 48.000 km de linhas de
transmissão com níveis de tensão acima ou igual a 230 kV, o que correspondia
a rede básica de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN). [1]
19
Com o acréscimo de aproximadamente 8.800 km de linhas, a rede
básica de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) atingiu a extensão
de quase 73.000 km de linhas no fim de 2002. A capacidade de transformação
da rede básica aumentou de 143 mil MVA para 166 mil MVA.[23]
Mapa 5 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 2000
Fonte: EPE
Neste período, ocorreu a expansão da interligação das regiões
Norte/Nordeste e Sul/Sudeste (também conhecida como interligação Norte-
Sul), com a construção do segundo e terceiro circuitos de linhas de
transmissão em 500 kV. Outra grande e importante obra, que possibilitou
intercâmbios energéticos para o sistema elétrico, foi a interligação entre as
regiões Sudeste e Nordeste, em 500 kV. Também houve expansão em 500 kV
nas demais interligações entre as regiões do sistema elétrico brasileiro. [1]
Em 2009 os sistemas elétricos do Acre e Rondônia foram integrados ao
sistema elétrico brasileiro, com a entrada em operação de linhas de
transmissão em 230 kV. [1]
Esta década foi marcada pelos estudos de grandes sistemas de
transmissão, associados aos empreendimentos de geração de grande porte da
Amazônia. [1]
20
Mapa 6 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 2010
Fonte: EPE
No ano de 2013 entrou em operação a interligação Tucuruí-Macapá-
Manaus, composta por duas linhas de transmissão em 500 kV, com cerca de
1.500 km de extensão. [1]
Também foram energizadas as duas linhas de transmissão em corrente
contínua de 600 kV, com cerca de 2.400 km de extensão, para o escoamento
de geração das usinas do rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), interligando os
estados de Rondônia e São Paulo. Desta forma, o Brasil voltava a ser
referência na tecnologia corrente contínua, para longas distâncias. [1]
Em 2017 entrou em operação a primeira linha de transmissão em
corrente contínua para escoar energia: entre Xingu/PA e Estreito/SP, com nível
de tensão em 800 kV e a capacidade de escoar 4.000 MW de energia, com
mais de 2.000 km de extensão, interligado a usina hidrelétrica de Belo Monte,
no estado do Pará, aos grandes centros de consumo da região Sudeste do
país. [1]
Mapa 7 - Mapa Evolução transmissão – Rede Básica 2018
21
Fonte: EPE
3.2 Matriz Energética
Matriz Energética é uma representação quantitativa da oferta de energia
de que um determinado país ou região dispõe para sustentar o
desenvolvimento de suas atividades econômicas. [15]
Entre os séculos XIX e XX, durante os ciclos da cana de açúcar e do
ouro no Brasil, o principal recurso energético utilizado era a lenha. Com o início
do ciclo do café, ocorreu a mudança da matriz energética para utilização do
carvão mineral. Contudo nesse período ocorre a primeira guerra mundial, o que
dificulta a importação de carvão, levando o governo a realizar investimentos
para geração de energia elétrica, entre 1901 e 1930. [15]
22
A partir de 1930, iniciado o processo de industrialização do Brasil e a
intensificação da urbanização levaram à introdução de novas fontes na matriz
energética brasileira como o petróleo, o álcool etílico e o carvão nacional. [16]
A partir da década de 30, outras medidas são adotadas pelo governo
com a finalidade de regulamentar o setor energético, com a criação do Instituto
do Açúcar e do Álcool em 1933, e do Código de Minas em 1938, que teriam
como objetivo a regulamentação e a coordenação dos recursos do país.
O petróleo também ficou sob controle do estado. Em 1938, o governo
passou a adotar medidas de controle criando o Conselho Nacional do Petróleo
(CNP), e por meio dele o governo controlaria as atividades de refino,
prospecção e exploração das jazidas de petróleo.
O preço do petróleo é o principal fator responsável pela inserção desse
produto no mercado nacional e mundial. Um grande impacto se deu na
economia nacional e mundial quando a Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (OPEP) aumentou significativamente o preço do petróleo em 1973.
O mundo reagiu de diferentes formas e o governo brasileiro, o qual
estava sob comando do regime militar formulou ações e programas, como a
prospecção e extração de petróleo em águas profundas, a intensificação da
construção de hidrelétricas para reduzir a dependência do petróleo na indústria,
a associação com a Alemanha de repasse de tecnologia nuclear, resultando na
construção de Angra 1 e Angra 2 e compra dos principais itens de Angra 3 e o
Proálcool, maior programa mundial de sucesso em renováveis, segundo. [28]
Diante do cenário de altos preços do petróleo, a economia brasileira
precisou buscar alternativas de fontes energéticas. Em 1975 teve início o
projeto nacional de combustíveis renováveis, com a criação do Programa
Nacional do Álcool (Proálcool), que levou a todo um progresso na área
energética do etanol, de biodiesel de soja, entre outras fontes. [29]
Em 1979 se inicia a segunda fase do programa Proálcool, que possuía
metas mais audaciosas de produção de álcool do que os da primeira fase e a
participação da indústria automobilística, que é essencial.
23
A partir dos anos 90 o governo brasileiro atuou no sentido de
reestruturar o setor energético na medida em que o próprio modelo de
desenvolvimento da economia se reestruturava, passando a ser orientado
pelas premissas de desregulamentação, abertura comercial, financeira e
privatização [30].
Em 1996 com a criação da ANEEL pela Lei nº 9.427 de 26 de dezembro
de 1996 é o marco da saída do Estado do controle da cadeia produtiva do setor
elétrico brasileiro. A ANEEL foi criada como autarquia vinculada ao Ministério
das Minas e Energia por meio da extinção do Departamento Nacional de Águas
e Energia Elétrica – DNAEE, com as funções de regular e fiscalizar a produção,
transmissão e comercialização de energia elétrica. [31]
O período dos governos de Lula e Dilma foram marcados pela retomada
da atuação estatal no setor energético e a expansão do segmento com a
criação do Programa Luz para Todos que previa a universalização do acesso à
eletricidade. Um destaque dos anos 2000 foi a descoberta do pré-sal que
estabelece a posição brasileira no mercado internacional de petróleo.
O Brasil possui a matriz energética mais sustentável do mundo
industrializado, com 45,3% de sua produção proveniente de fontes como
recursos hídricos, biomassa e etanol, além das energias eólica e solar [32].
Essa abundância em recursos naturais, é um estímulo para o uso de fontes
renováveis na geração de energia hidrelétrica, eólica ou solar.
3.2.1 Composição atual Matriz Energética
A EPE (Empresa de Pesquisa Energética), elabora e publica anualmente
o BEN (Balanço Energético Nacional). O BEN tem por finalidade apresentar a
contabilização relativa à oferta e demanda de energia no Brasil. O relatório do
BEN 2021 – ano base 2020, apresenta as seguintes informações sobre a
situação atual da Matriz Energética Brasileira [19].
Quantidade de Energia Utilizada no Brasil
24
Em 2020, a oferta interna de energia atingiu 287,6 Mtep (total de energia
disponibilizada no país), registrando uma queda de 2,2 em relação ao ano de
2019. O Consumo Final foi de 254,6 Mtep, com Perdas de 33,0 Mtep.
A participação de renováveis na matriz energética foi marcada pelo
aumento da oferta da biomassa da cana e do biodiesel associada à redução da
oferta das fontes não renováveis, com destaque para o recuo de 5,6% de
petróleo e derivados [19].
Observação: A tonelada equivalente de petróleo (TEP) é a unidade
comum na qual se convertem as unidades de medida das diferentes formas de
energia utilizadas no BEN. Os fatores de conversão são calculados com base
no poder calorífico superior de cada energético em relação ao do petróleo, de
10800 kcal/kg.
Para a oferta e demanda de hidráulica e eletricidade é utilizado o fator
de 0,29 tep/MWh, resultado da razão entre o consumo médio de óleo
combustível em kcal/kWh nas termelétricas brasileiras e o poder calorífico
superior do petróleo (3.132/10.800). É o fator que representa, portanto, a
equivalência térmica da geração elétrica. Nota: 3.132 kcal/kWh corresponde a
uma eficiência média de geração térmica de 27,5% [19].
Energias Utilizadas no Brasil – Repartição da Oferta Interna de
Energia (OIE) 2020 [19]
Renováveis – 48,4%:
Biomassa da Cana - 19,1%;
Hidráulica – 16,6%;
Lenha e Carvão Vegetal – 8,9%;
Outras renováveis – 7,7%.
Não Renováveis – 51,6%:
25
Petróleo e derivados – 33,1%;
Gás Natural – 11,8%;
Carvão Mineral – 4,9%;
Urânio – 1,3%;
Outras não renováveis – 0,6%.
A repartição da oferta de “Outras renováveis” se dá entre 7 categorias de
fontes de energia renováveis com maiores participações da lixívia, biodiesel e
energia eólica, que somados são equivalentes a mais de 8% de “Outras
renováveis” [19].
Figura 1 – Gráfico de utilização de Recursos Renováveis
Fonte: EPE
Tabela 1 – tabela de Utilização de Recursos Renováveis
26
Fonte: EPE
Quem usou a energia no Brasil em 2020
A produção industrial, Transporte de carga e passageiros, foram os que
mais utilizaram energia, sendo aproximadamente 63% do consumo de energia
no país [19].
Figura 2 – Utilização de Energia Elétrica no Brasil
Fonte: EPE
27
O setor Industrial apresentou um acréscimo de 3,0 milhões de tep em
valores absolutos. Tendo 41,3% de crescimento na produção de açúcar,
aumentando seu consumo total energético em 26,9% em relação à 2019,
impactando o segmento de Alimentos e Bebidas.
O setor de transporte foi um dos mais impactados pela pandemia do
Covid-19, tendo o seu consumo decrescido em 5,5 milhões de tep. No mercado
de veículos leves, o etanol hidratado perdeu participação em relação à gasolina
automotiva, passando a representar 43% do consumo, contra 45% em 2019
[19].
Emissões
Em 2020, o total de emissões antrópicas (resultante da ação do homem)
associadas à matriz energética brasileira atingiu 398,3 milhões de toneladas de
dióxido de carbono equivalente, sendo a maior parte (179,8 Mt CO²-eq) gerada
no setor de transportes. Ao contrário do resto do mundo, que registrou uma
redução na média de emissões por causa da pandemia, Brasil teve um
aumento de 9,5% no lançamento de gases de efeito estufa. Desmatamento
corresponde a 46% do total. [26]
Emissão de CO² per capita
Em termos de emissões por habitante, cada brasileiro, emitiu em média
1,9 t CO²-eq, cerca de 1/7 de um americano e 1/3 de um cidadão europeu, de
acordo com os dados divulgados pela Agência Internacional de Energia (IEA)
para o ano de 2018.
Figura 3 – Gráfico de Emissão de CO²
28
Fonte: EPE
Intensidade de Carbono na economia
Ainda como Base nos dados da IEA de 2018, a intensidade de carbono
na economia brasileira equivale a 33% da economia chinesa, 50% da
economia americana e 85% da união europeia [19].
Figura 4 – Gráfico de Intensidade de CO² na Economia
Fonte: EPE
4 Recomposição do Sistema Interligado Nacional
O sistema elétrico brasileiro é geograficamente extenso e em sua
maioria interligado, acarretando um suprimento de energia elétrica com alto
índice de confiabilidade. No entanto, devido às combinações inesperadas de
circunstâncias não previstas, existem remotas possibilidades de um colapso
total ou parcial do sistema, resultando na interrupção do fornecimento de
energia.
Após a ocorrência de um blecaute, inicia-se o processo de recomposição
do sistema, cujo objetivo é retornar, no menor tempo possível, à condição
normal de operação. Porém, existem inúmeras possibilidades para determinar
a correta recomposição dos sistemas de potência e devido a isso são
necessários estudos de regime transitório, de regime permanente e de
desempenho da proteção para determinar a melhor alternativa para cada caso
de recomposição. [17]
29
Por isso, é necessário desenvolver estratégias que lidem
adequadamente com este problema, minimizando o período de
indisponibilidade e restaurando um estado operativo normal de forma
coordenada e sistemática.
Sendo assim, a partir destes estudos, são definidas antecipadamente
estratégias que cobrem diversas situações previsíveis e são traduzidas em
documentos denominados IOs (Instruções de Operação), que são elaborados
pelo ONS.
Podemos entender que os processos de recomposição se dão pelas
seguintes fases:
Identificação – Determinar o estado do sistema após uma perturbação
e verificar quais componentes poderão realizar a recomposição do sistema. [2]
Estratégia – Avaliação das possíveis rotas de recomposição e os
componentes que poderão ser utilizados no processo. [2]
Planejamento – Após ser definido a rota de recomposição, é
necessário validar todas as manobras para concluir com êxito a recomposição.
[2]
Operação – Execução da estratégia definida, sempre alerta aos limites
operativos que podem implicar na atuação do sistema de proteção, com a
consequente perda do trabalho realizado e a possível necessidade de reiniciar
o processo. [2]
4.1 Evolução da Recomposição no Sistema Interligado
Nacional da Região Sul
No período que aconteceu a entrada em operação das usinas do Rio
Iguaçu, a dependência da energia importada da região Sudeste era bastante
significativa através de uma interligação muito fraca em 230 kV.
Em função desta fragilidade, já que o número de perturbações
envolvendo esta interligação era elevada, as empresas da região sentiram a
30
necessidade de aprimorar o processo de recomposição de seus sistemas para
agilizar o restabelecimento das cargas interrompidas.
Até o início da década de 70, o sistema da CEEE era composto por
vários sistemas isolados em 50 e 60 Hz, interligados através de elos bastantes
fracos. A operação destes sistemas era centralizada no centro de operação e
dali partiam todas as ações no processo de recomposição.
A partir do ano de 1974, com a presença de uma interligação mais forte
com a ELETROSUL, foi dada aos operadores das instalações uma certa
autonomia na recomposição, envolvendo os operadores do centro de operação
quando ocorresse atuação de proteção de algum equipamento.
Em 1978, as proteções foram divididas em proteções impeditivas e não
impeditivas, alterando a filosofia então utilizada. O centro de operação da
CEEE só era envolvido quando ocorresse atuação de proteção impeditiva,
impossibilitando determinado equipamento retornar à operação.
Em 1988, a descentralização da recomposição do sistema elétrico da
CEEE era bastante elevada, onde o centro de operação era envolvido em dois
momentos cruciais. O primeiro momento era o fechamento do sistema de 230
kV com o primeiro circuito de 500 kV da ELETROSUL, e o segundo, a
recomposição do sistema da região Oeste do estado do Rio Grande do Sul.
Devido a COPEL ter incorporado o sistema elétrico de várias empresas
particulares que operavam no estado do Paraná, e que durante muito tempo
permaneceram isoladas, ela já utilizava a recomposição descentralizada.
Em 1973, a COPEL implantou as Normas de recomposição unificando
os procedimentos em todas as suas unidades. Procedimentos estes que
mantiveram a filosofia de recomposição descentralizada, cabendo aos
operadores de sistema intervirem apenas quando necessário.
Até o ano de 1971, a ELETROSUL atuava apenas a área de Santa
Catarina com a usina termelétrica Jorge Lacerda e cinco subestações de 138
kV. Existiam interligações muito fracas com o Paraná e o Rio grande do Sul.
Numa perturbação geral, a CELESC normalizava suas pequenas usinas
alimentando uma parte de sua carga para então normalizar a interligação com
31
a ELETROSUL no 138 kV. Os sistemas da COPEL e da CEEE eram
normalizados independentemente e então interligados ao sistema
ELETROSUL.
No período compreendido entre 1971 e 1974 com a entrada em
operação do sistema de 230 kV e a usina de Passo Fundo, a ELETROSUL
passou a ter um papel importante na recomposição do sistema da CEEE.
Posteriormente, com a entrada em operação a usina de Salto Osório e
seu tronco de transmissão em 230 kV, ocorrido no período compreendido entre
1974 e 1977, a ELETROSUL passou a ter também um papel importante na
recomposição do sistema COPEL.
Com a entrada em operação das usinas de Salto Santiago
(ELETROSUL) e Governados Bento Munhoz (COPEL) e o seu tronco de 500
kV associado, ocorrida no início da década de 80, aumentou a
responsabilidade da ELETROSUL na recomposição da região Sul.
Contrariando a filosofia descentralizada de recomposição, com o objetivo
de aumentar a segurança devido à importância do tronco de 500 kV, a
recomposição deste tronco era comandada pelo centro de operação da
ELETROSUL. [4]
4.2 Evolução da Recomposição no Sistema Interligado
Nacional da Região Sudeste
No caso de FURNAS, todas as ações de recomposição devido a
desligamentos simples ou mais complexos eram efetuadas pelo centro de
operação. Esta centralização ficou mais acentuada com a implantação de seu
sistema de supervisão e controle em 1977. Os operadores das subestações
reportavam todos os distúrbios ao centro de operação e obtinham deste as
orientações necessárias para a recomposição.
Esta estratégia centralizada, com a evolução do sistema e o aumento da
complexidade do mesmo, começou a trazer problemas como demora no
restabelecimento, elevado fluxo de informações entre os operadores de
32
sistema e de instalações e sobrecarga de atividades no centro de operação,
aumentando o risco de falha humana.
A partir de 1982, FURNAS implantou uma alteração em sua filosofia de
recomposição, descentralizando o máximo possível, onde os operadores de
instalações, apoiados por instruções específicas, restabeleciam seus
equipamentos sem a intervenção dos operados de sistema, que passavam a
ter a responsabilidade de supervisão de todo o processo e de intervir quando
necessário.
A CESP também utilizava procedimentos de recomposição centralizados
em seu centro de operação devido à existência de um sistema de supervisão e
controle e as características dos sistemas de 230 e 440 kV. Estes
procedimentos eram considerados eficientes até a ocorrência de um distúrbio
em 1984, onde ocorreu a perda de seu sistema de supervisão e controle,
dificultando a coordenação dos procedimentos de recomposição. A partir desta
ocorrência, a estratégia de recomposição foi alterada visando maior agilidade e
independência dos operados de instalações neste processo.
A CESP implantou também uma rotina periódica de treinamento real dos
operadores visando condicioná-los na etapa de energização das malhas e
atendimento aos consumidores prioritários.
Até 1984, a ELETROPAULO não possuía uma estratégia bem definida
para a recomposição após perturbações. Havia apenas instruções específicas
para cada instalação com seus procedimentos de normalização, e para o
centro de operação, instruções para a normalização das interligações com
outras empresas.
A partir deste ano, ocorreu a reformulação da filosofia de recomposição
em conjunto com as empresas supridoras. Valores máximos de potência nas
interligações durante a recomposição foram definidas sem que houvesse
necessidade de coordenação entre a ELETROPAULO e suas supridoras.
Em 1985 foi implantado o esquema de ilhamento por subfrequência das
usinas de Henry Borden e Piratininga, garantindo a não interrupção de
determinadas cargas, adequadamente dimensionadas, da área ilhada.
33
No caso da CEMIG, até o ano de 1980 as instruções relativas ao
processo de recomposição eram de caráter geral, não trazendo detalhamento e
autonomia para solução de problemas específicos. No caso de distúrbios
envolvendo mais que um equipamento, os operadores de instalações recebiam
orientações do centro de operação.
Após este ano, algumas instalações da malha principal tiveram
instruções alteradas descentralizando em parte as ações de restabelecimento.
Foi dada maior autonomia aos operados de instalações para recompor o
sistema sem contato prévio com o centro de operação em distúrbios menos
abrangentes. [4]
4.3 Evolução da Recomposição no Sistema Interligado
Nacional da Região Nordeste
Na CHESF, no início dos anos 70, o centro de operação centralizava
todas as manobras em seu sistema elétrico, tanto em situações normais quanto
em situações de emergência.
Esta filosofia de operação foi questionada na década de 80, com a
entrada em operação da interligação Norte-Nordeste e do sistema de 500 kV,
aumentando o número de subestações e equipamentos da região, dificultando
a operação centralizada.
Em 1985, com o acontecimento de um seminário interno reunindo todo o
pessoal de operação da CHESF, tornou-se a decisão de descentralizar o
controle de manobras no sistema.
Após elaboração das normas e treinamento dos operadores, o processo
de recomposição do sistema passou a ser descentralizado e os operadores do
centro de operação atuavam nos fechamentos de anéis e interligações, na
verificação da tensão da rede de transmissão e no controle de carga e
frequência. [4]
5 Blecautes na história do Brasil
34
Blecaute, Blackout ou apagão é um evento que ocorre no gerenciamento
da carga do sistema elétrico quando a demanda excede a capacidade
geradora/limites operativos do sistema de transmissão. Grandes blecautes
podem ocorrer devido a:
desastres naturais ou condições ambientais extremas (ventos fortes,
avalanches, terremotos, raios, enchentes, etc.);
inadequação/falta de planejamento da rede elétrica ou uso de
equipamentos ultrapassados;
falta de controle/gestão da rede e erro humano;
influência do mercado de energia e do sistema regulatório.
5.1 Blecaute de Abril de 1984
No mês de abril de 1984, devido à ocorrência de chuvas concentradas
na bacia do rio Paranaíba ocasionado altas vazões nas usinas de São Simão,
Itumbiara e Emborcação, e da situação precária que se encontravam os
reservatórios das bacias dos rios Paraná e Grande, a geração destas usinas
estava sendo utilizadas até próximo a capacidade nominal da transformação
500/345 kV de Jaguará, que era composta, na época, por dois transformadores
de 400 MVA cada.
Às 16h37 do dia 18 de abril, ocorreu o desligamento automático de um
dos transformadores 500/345 kV de Jaguará (CEMIG) pela atuação da
proteção de sobre temperatura do enrolamento, ocasionando uma sobre carga
foi reduzida a geração da usina de São Simão, ligada ao 500 kV, e elevada a
geração da usina de Jaguará, ligada ao 345 kV.
Este remanejamento não foi suficiente, e devido ao efeito térmico
cumulativo que esta transformação vinha sendo submetida e a alta temperatura
ambiente, ocorreu, às 16h44, o desligamento automático do transformador
500/345 kV remanescente de Jaguará pela atuação da proteção de sobre
temperatura.
35
A abertura da transformação de Jaguará ocasionou o desligamento
simultâneo, por configuração do barramento, de todas as quatro linhas de
transmissão de 500 kV, já que o arranjo das barras de Jaguará operava de tal
forma a evitar a ocorrência de sobretensões inadmissíveis no sistema de
transmissão de 500 kV e efeitos de auto excitação nas unidades geradoras.
Logo após a abertura dos dois transformadores 500/345 kV e das quatro
linhas de transmissão em 500 kV (Jaguará-Neves 1 e 2, Jaguará-Emborcação
e Jaguará-São Simão) ocorreu o desligamento automático de mais uma linha
de transmissão em 500 kV da CEMIG (Neves-Mesquita) pela atuação da
proteção de sobretensão.
Com os desligamentos dos equipamentos citados, a maior injeção de
potência pelos sistemas de transmissão em 500 kV e 345 kV de FURNAS e
pelo sistema de transmissão em 440 kV da CESP, ocasionou uma subtensão
acentuada nas áreas Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo,
levando estas regiões a uma perda de carga significativa, algo em torno de
5.500 MW, levando a frequência a atingir 62 Hz.
Oscilação de potência apareceram e fizeram com que houvesse a
abertura da interligação entre as regiões Sul e Sudeste e o desligamento de
mais oito linhas de transmissão na região Sul, impedindo que a instabilidade se
propagasse para a região Sul.
Neste momento, o sistema interligado Sul-Sudeste havia sido separado
em três subsistemas. O subsistema Sul, o subsistema formado pelas usinas de
São Simão, Emborcação, Itumbiara, Jaguará e Cachoeira Dourada, alimentado
as cargas da CELG, CEB, CEMAT e do Triângulo Mineiro, e o restante do
sistema Sudeste.
No terceiro subsistema (restante da região Sudeste) ocorreram
sobretensões e oscilações de potência que ocasionaram desligamentos que
isolaram as áreas Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.
Nesta ocorrência, a carga interrompida atingiu cerca de 13.600 MW
distribuídos entre São Paulo (8.280), área metropolitana de Rio de Janeiro
36
(2.500 MW), Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso (1.020 MW) e Minas
Gerais (1.800 MW).
Algumas conclusões importantes foram destacadas após a análise deste
primeiro grande blecaute ocorrido no Brasil, que levaram as empresas e o
GCOI a uma avaliação e melhoria do processo de recomposição do sistema
interligado.
A inexistência de sistemas de supervisão e, algumas empresas e de um
sistema nacional de supervisão e coordenação contribuiu para um maior tempo
de restabelecimento do sistema.
A dificuldade de determinação da condição do sistema após a
perturbação foi um aspecto importante no aumento do tempo de
restabelecimento, já que FURNAS e CESP tiveram problemas em seus
sistemas de supervisão e controle. A determinação da condição do sistema só
foi possível através da comunicação entre os operadores dos centros de
operação e suas instalações.
Nesta perturbação de grande porte foi constatado um elevado fluxo de
comunicação nos centros de operação, registrando muitos contatos não
pertencentes ao processo de recomposição, dificultando o mesmo.
Os problemas surgidos nos serviços auxiliares das usinas também
contribuíram para um maior tempo de recomposição do sistema.
Algumas recomendações para as empresas e para o GCOI foram feitas,
após a análise deste distúrbio, para melhoria no processo de determinação e
de restabelecimento do sistema após grandes perturbações. A seguir, são
relacionadas algumas destas recomendações.
Recomendou-se o estudo da viabilidade de esquemas de
ligamentos para minimizar as consequências de grandes
perturbações;
Recomendou-se que as empresas dotassem seus centros de
operação com a supervisão completa de suas usinas e
subestações;
37
Recomendou-se que fossem reavaliadas as restrições na
energização dos troncos de transmissão de 750 kV, 500 kV e 400
kV;
Recomendou-se que fossem estabelecidos procedimentos para
evitar que comunicações não pertencentes ao processo de
recomposição interferissem no mesmo.
Após esta perturbação, o Grupo de Trabalho de Análise e Elaboração de
Normas de Operação (GTAN), que era o responsável pela elaboração dos
documentos normativos do GCOI, elaborou uma instrução no intuito de
melhorar a coordenação da geração visando a confiabilidade do sistema
interligado e outra instrução definindo restabelecimento de cargas prioritárias
do sistema interligado. [4]
5.2 O Blecaute de Agosto de 1985
Esta ocorrência, que ficou conhecida como “primeiro blecaute de 1985”,
ocorreu às 18h40 do dia 18 de agosto e atingiu, principalmente, os estados do
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
O desligamento automático dos dois circuitos entre a usina de
Marimbondo e a subestação de Araraquara, ambas de FURNAS, devido à
ocorrência de queimada na faixa de servidão, foi a cauda deste blecaute,
levando ao desligamento automático do transformador 500/440 kV de Água
Vermelha por sobrecarga.
As oscilações de potência iniciadas com o desligamento das linhas de
transmissão se acentuaram após a perda do transformador e levaram ao
colapso total os estados do Rio de janeiro e Espírito Santo, já que as linhas de
transmissão remanescentes não suportaram a carga dos mesmos.
Outros desligamentos ocorreram na rede de transmissão de 500 kV,
tendo como consequência interrupção de carga no estado de Minas Gerais.
Algumas cargas em São Paulo foram desligadas devido às oscilações
causadas pela situação de instabilidade em que estava o sistema. Estas
38
oscilações foram a causa da abertura da interligação Sul-Sudeste em 750 kV
que interrompeu 287 MW de carga da região Sul pela atuação do ERAC.
Nesta ocorrência, a carga do sistema era de aproximadamente 19.700
MW e a carga interrompida atingiu cerca de 9.590 MW distribuídos entre São
Paulo (3,700 MW), Rio de Janeiro (2.320 MW), Espírito Santo (420 MW), Minas
Gerais (3.000 MW) e Goiás, Brasília e Mato Grosso (150 MW).
Algumas dificuldades foram relatadas durante o processo de
recomposição do sistema após este blecaute e descritas a seguir.
Falhas no sistema de supervisão e controle da CEMIG;
Sobretensões generalizadas durante o processo de
recomposição;
Ocorrência de desligamentos durante o processo de
recomposição;
Oscilações quando houve o fechamento da interligação entre os
sistemas das regiões Sul e Sudeste. [4]
5.3 Blecaute de Setembro de 1985
No dia 17 de setembro ocorreu o distúrbio que seria conhecido com o
“segundo blecaute de 1985”, com consequências maiores que o primeiro,
atingindo o Distrito Federal e os estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Neste dia, a usina de Angra I estava em operação normal e o elo de
corrente contínua estava em testes programados transmitindo cerca de 2.100
MW. O intercâmbio de energia está sendo maximizado do Sudeste para o Sul
devido à programação de recuperação dos reservatórios do rio Iguaçu.
Às 15h38 iniciou a ocorrência com o desligamento de um conversor do
elo de corrente contínua reduzindo a potência transmitida em cerca de 500
MW, levando a frequência do sistema a atingir o valor de 59,7 Hz. Esta redução
de frequência verificada teve como consequência, num primeiro instante, a
elevação da geração das demais usinas do sistema devido à regulação
39
primária e, num segundo momento, ao aumento da geração na área de
controle afetada (área de FURNAS), principalmente na usina de Marimbondo,
devido à ação controle secundário de frequência.
Verificava-se também uma queimada nas imediações da faixa de
servidão das duas linhas de transmissão, de FURNAS, que interligam a usina
de Marimbondo a subestação de Araraquara. Esta queimada retirou estas duas
linhas de transmissão de operação às 15h40 e, devido às gerações elevadas
nas usinas do rio Paranaíba e em Marimbondo, retirou de operação o
transformador 500/400 kV de Água Vermelha.
Houve então uma oscilação generalizada no sistema acarretando a
abertura de todo o sistema de 50 kV que interliga as usinas do Paranaíba com
a CESP e CEMIG e ao tronco de transmissão de FURNAS, que alimenta as
áreas do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Houve também os desligamentos das linhas de transmissão e 345 kV
que atendem ao Distrito federal e os estados de Goiás e Mato Grosso e de
todo o sistema de 440 kV da CESP provocando o corte de fornecimento de
energia para o Mato Grosso do Sul e de todo o estado de São Paulo.
Estas oscilações também ocasionaram a abertura da interligação Sul-
Sudeste, que estava com 900 MW, interrompendo cerca de 10% da carga da
região.
A carga do sistema Sul/Sudeste/Centro-Oeste antes desta ocorrência
era de 19.674 MW, sendo interrompido um montante de 9.867 MW, que
correspondia a 50% da carga total. [5]
5.4 Blecaute Dezembro 1994
Às 10h12min do dia 13/12/94 (numa terça-feira), por ocasião da
execução de testes na conversora de Ibiúna, houve atuação acidental (ação
humana) do Esquema de Isolação Forçada, que aplicou curto-circuito trifásico
40
limitado por resistores nos terminais dos compensadores síncronos 2 e 4
daquela subestação. [21]
O esquema citado objetiva evitar a auto excitação dos compensadores
síncronos se a conversora ficar operando sem carga com os filtros CA
(corrente alternada) energizados, protegendo os equipamentos contra
sobretensões. Sua atuação consiste em desligar todos os compensadores
síncronos, filtros e conversores. [21]
Consequentemente, ocorreu bloqueio dos dois bi polos do Elo CC
(corrente contínua), significando uma perda de 5800 MW para o Sistema
Interligado. [21]
A perda da conversora de Ibiúna acarretou uma deterioração nos níveis
de tensão da área São Paulo, iniciando um processo de oscilação que
culminou com a abertura da linha de transmissão Itaberá – Tijuco Preto 750kV
– Circuitos 1 e 2 no terminal de Itaberá, após um segundo, por atuação das
proteções para perda de sincronismo, tendo a tensão atingida naquele instante
o valor de cerca de 50% do nominal. Os dois circuitos foram desligados com
uma diferença de tempo de quatro ciclos. A oscilação provocou também a
abertura das Interligações Sul-Sudeste em 230 e 138 kV. [21]
O desligamento do circuito 2 entre Itaberá e Tijuco Preto acionou a
lógica 2 dos ECE’s do tronco de 750kV, acarretando o desligamento das
unidades 12 e 13 UHE Itaipu de 60Hz. Apesar de ter sido corretamente
acionada pelo desligamento subsequente do outro circuito (o número 1) entre
Itaberá e Tijuco Preto, a lógica 8 não desligou as unidades previstas na UHE
Itaipu de 60 Hz. Assim, permaneceram seis unidades de Itaipu de 60 Hz
operando em paralelo com o Sistema Sul, sob condições de sobre frequência
(62,3 Hz) e sobretensão (acima de 1,2 p.u. na SE Ivaiporã). A sobretensão
acarretou a abertura da LT 750 kV Ivaiporã – Itaberá C1 e C2, que estava em
vazio. Aproximadamente 2,2 s após a abertura do tronco de 750 kV entre o Sul
e o Sudeste, foram desligadas as unidades, 14, 16 e 18 da UHE Itaipu de 60
Hz, por atuação do esquema de retaguarda, baseado em taxa de variação de
frequência superior a 1 Hz/s. Cerca de 0,4 s depois, houve o desligamento das
unidades geradoras remanescentes da UHE Itaipu de 60 Hz, devido à abertura
41
da LT 750 kV Foz do Iguaçu – Ivaiporã C1 e C2 por taxa de variação de
frequência, a qual atingiu o ajuste de 1,4 Hz/s. No Sul, a taxa de variação de
frequência foi da ordem de 1,3 Hz/s. [21]
A perda total da geração da UHE Itaipu, cerca de 10200 MW, acarretou
a atuação de quatro estágios do ERAC no Sistema Sudeste, rejeitando
aproximadamente 7200 MW de carga, e de dois estágios do Sistema Sul,
rejeitando, aproximadamente, 1430 MW de carga. [21]
Em decorrência do corte de carga efetuado pelo ERAC, houve
sobretensão nas áreas São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Isto levou
ao desligamento automático de diversas linhas de transmissão, além de alguns
equipamentos. A rápida recomposição do sistema fez com que a severidade da
perturbação fosse de apenas 9 SM (System Minutes/Minutos do Sistema). [21]
Durante o processo de recomposição do Sistema Interligado houve
dificuldade de controle e recuperação da frequência na Região Sudeste e
problemas de controle de tensão (sobtensão) na área Rio de Janeiro. A
conexão da UHE Itaipu 60 Hz ao Sistema Sul foi efetuada às 10h41min. O
paralelismo dos Sistemas Sul e Sudeste pelo tronco de 750 kV foi efetuado às
10h54 min. O tempo médio de restabelecimento das cargas foi de 33 minutos.
[21]
Ficou evidente a importância em se estabelecer um critério para o
cálculo do tempo médio de restabelecido das cargas de cada empresa e, que a
atuação do ERAC conjugada com outros desligamentos de carga pode levar a
níveis de sobretensões que provoquem o desligamento de circuitos pela
proteção contra sobretensões. [21]
5.5 Blecaute Março 1999
No Brasil, em 1999, um sistema de 440 kV teve um blecaute, com início
na cidade de Bauru em São Paulo, com um raio caindo na subestação da
CESP (Companhia Energética de São Paulo). A energia contida na descarga
42
atmosférica provocou o desligamento das linhas de transmissão por ser muito
superior à capacidade de proteção da rede [9] [12].
Isso resultou o isolamento das usinas de Jupiá e Ilha Solteira, reduzindo
significativamente a capacidade de transmissão para o escoamento da
potência das usinas do Paraná para a Grande São Paulo. Porém isso gerou
instabilidade no sistema, provocando o desligamento por sobrecarga de
corrente em Itaipu. No momento do blecaute, a geração de Itaipu era de 10.125
MW, equivalente a 28% da carga do sistema. Tendo ocorrido a queda de Itaipu,
a usina de Serra da mesa também foi desligada por efeito cascata do sistema
interligado Norte-Sul. O sistema só foi restaurado 5 horas e 23 minutos depois
do ocorrido.
5.6 Blecaute Janeiro 2002
Outro blecaute, já em 2002, também começou na rede de 440 kV, na
subestação Araraquara, que por conta de um parafuso frouxo, que fixava os
cabos da linha de transmissão, que foram desengatados. Foi considerada uma
falha de manutenção da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia
Elétrica Paulista), que é responsável pela linha. Junto à falha do desengate do
cabo, houve uma sequência de erros, resultaram no alastramento de falta de
energia para regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, tendo em vista que o
rompimento deveria ter sido isolado.
Tudo isso resultou na perda deste sistema e na perda parcial do sistema
de 500 kV da região sudeste. Com a duração aproximada de quatro horas, os
distúrbios tiveram interrupção de aproximadamente 24.000 MW e
apresentaram a complexidade de operação do sistema elétrico do Sudeste em
termos de chaveamentos involuntários que podem levar ao colapso de tensão
[9] [13]
5.7 Blecaute de Outubro de 2002
43
No dia 10 de outubro de 2002, por 222 minutos, 18 estados do Brasil
ficaram sem energia. A perturbação começou a partir do desligamento da linha
de transmissão de 765 kV entre as subestações de Ivaiporã e Itaberá,
resultado de 3 curtos-circuitos praticamente simultâneos nessa linha.
Após a perda da linha, houve desligamento dos bi polos de corrente
contínua e das interligações em 500 e 230 kV entre as regiões sul e sudeste
devido à acentuada queda de tensão. Foram interrompidas 24.436 MW de
carga sendo os principais estados atingidos pelo blecaute: São Paulo, Rio de
Janeiro, Espírito Santos, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
Após a perturbação, o esquema de controle de emergência atuou
cortando geração da usina de Itaipu e desligou as linhas de transmissão de 765
kV entre as subestações Tijuco Preto e Ivaiporã e Foz do Iguaçu e Ivaiporã.
Esse esquema de ilhamento permitiu que a região sul não fosse afetada pelo
distúrbio. Em seguida houve a separação do sistema Acre-Rondônia para
evitar que o colapso se espalhasse para a região norte.
No relatório [ONS, 09], são apresentadas como causa dos curtos-
circuitos que originaram o colapso: descargas atmosféricas e redução da
efetividade dos isoladores submetidos às condições meteorológicas adversas.
5.8 Blecaute de Novembro de 2009
A perturbação teve início com uma falta monofásica, envolvendo a fase
Branca, na LT 765 kV Itaberá - Ivaiporã C1, durante condições climáticas
adversas. Instantes após, com esta primeira falta ainda presente, ocorreu outra
falta monofásica, desta vez envolvendo a fase Vermelha, na LT 765 kV Itaberá
- Ivaiporã C2. Em sequência, ainda com as duas primeiras faltas presentes,
ocorreu uma terceira falta monofásica, envolvendo a fase Azul, está localizada
na Barra A de 765 kV da SE Itaberá.
Iniciando às 22h13min, provocando a rejeição de 5.564 MW de geração
da UHE Itaipu - 60 Hz, bem como a abertura dos circuitos remanescentes da
Interligação Sul-Sudeste, em 525 kV, 500 kV, 230 kV e 138 kV, rejeitando
adicionalmente um fluxo de 2.950 MW, Sul exportador para o Sudeste e o
44
desligamento dos dois bi polos do Sistema HVDC (Corrente contínua em alta
tensão), que no momento encontravam-se com 5.329 MW. Na sequência
ocorreram outros desligamentos, ocasionando uma interrupção total de 24.436
MW (40 %) de cargas do Sistema Interligado Nacional - SIN, distribuída da
seguinte forma:
Região Sudeste: 22.468 MW;
Região Centro-Oeste: 867 MW;
Região Sul: 104 MW;
Região Nordeste: 802 MW;
Região Norte (Estados do Acre e Rondônia): 195 MW.
O distúrbio ocorrido no SIN provocou colapso nos Estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul e atuações do
ERAC, rejeitando cargas na Região Nordeste e Minas Gerais, Goiás, Mato
Grosso e Acre/Rondônia, esta última após sua separação do sistema
Sudeste/Centro Oeste, formando ilha em torno da UHE Samuel e da UTE
Termo norte.
Situação Do Sistema Antes Da Perturbação
No momento anterior à perturbação, às 22h12min, o SIN estava
operando dentro dos critérios vigentes de Segurança Elétrica. As interligações
regionais e o tronco de 765 kV estavam operando com um grau adicional de
segurança, pois suportariam contingências duplas. A área afetada do SIN
encontrava-se nas seguintes condições de operação:
Geração das usinas
Geração da UHE Itaipu - 60 Hz: 5.564 MW (9 UGs);
Geração da UHE Itaipu - 50 Hz: 5.329 MW (para o Brasil) (9 UGs);
Geração da UTN Angra I: 553 MW;
Geração da UTN Angra II: 1.084 MW;
Geração associada ao 440 kV (UHEs Água Vermelha, Ilha Solteira,
Três Irmãos, Jupiá 440 kV, Taquaruçu, Porto Primavera e Capivara)
45
+ Geração da UHE Marimbondo + Fluxo nos 2 TRs 500/440 kV de
Água Vermelha: 7.301 MW;
Geração do Paranaíba: 3.071 MW.
Montante de Cargas
Região Sudeste: 34.426 MW
Região Sul: 9.656 MW
Região Centro-Oeste: 3.221 MW
Região Norte: 2.901 MW
Região Nordeste: 10.571 MW
SIN: 60.775 MW
Tabela 2 - Estratificação das cargas separadas por região
Região Carga Antes da Carga Interrompida Carga Interrompida
Ocorrência (MW) (MW) (%)
Região Sudeste 34426 22468 65,26
Região Sul 9656 867 8,98
Região Centro-Oeste 3221 104 3,23
Região Norte 2901 195 1,84
Região Nordeste 10571 802 7,59
SIN 60775 24436 40,20
Recomposição
A recomposição das cargas nos Estados das regiões Norte, Nordeste,
Centro-Oeste e Sul, foi iniciada às 23h15 e concluída às 23h55. No Estado de
São Paulo, iniciada às 23h38 e concluída às 05h50 do dia 11/11/2009. No
Estado do Rio de Janeiro, iniciada às 22h57 e concluída às 04h00 do dia
11/11/2009. No Estado de Minas Gerais, iniciada às 22h40 e concluída à 00h40
do dia 11/11/2009. No Estado do Espírito Santo, foi iniciada às 23h59 e
concluída às 03h45 do dia 11/11/2009.
5.9 Blecaute Março de 2018
46
A perturbação teve início na falha de um disjuntor de interligação de
barramentos na subestação Xingu, às 15h48, e desconectou o bi polo em
corrente contínua em 800 kV entre Xingu (PA) e Estreito (MG), por onde escoa
para a região Sudeste/Centro-Oeste a produção da usina de Belo Monte, que
era de 4.000 MW no momento.
A perturbação causou um desligamento total no SIN da ordem de 19.760
MW, correspondendo a 25% da carga no momento.
Todas as regiões foram afetadas. Os sistemas Sul/Sudeste/Centro-
Oeste e Norte/Nordeste foram desconectados [22].
Consequências
A partir da atuação do disjuntor, houve o desligamento automático de
diversas linhas de transmissão, separando o subsistema Norte do Nordeste e
essas duas regiões dos subsistemas Sul e Sudeste/Centro Oeste.
Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste houve atuação do Esquema
Regional de Alívio de Carga (ERAC), com corte de 3.665 MW, 5% do total no
momento da ocorrência, sendo 2.581 MW nas regiões Sudeste e Centro-Oeste,
e 1.084 MW na Região Sul. As cargas interrompidas nessas regiões foram
restabelecidas em cerca de 20 minutos [22].
Na região Norte
Houve desligamento de consumidores em Manaus, Macapá, Palmas e
Belém, além da maior parte das cargas dos estados do Maranhão e do Pará,
totalizando 5.750 MW.
A usina de Tucuruí permaneceu em operação, atendendo a uma carga
de 360 MW.
Com a separação dos subsistemas, o Norte ficou com excesso de
geração, o que provocou sobretensão nas linhas, levando à perda das linhas
de transmissão.
47
A frequência chegou a 70 Hz.
A Região Norte veio a blecaute.
Não foram afetados os estados de Roraima (não é interligado) e Acre e
Rondônia, que são alimentados pelas usinas do Rio Madeira e interligados ao
sistema Sul/Sudeste/Centro-Oeste [22].
Na região Nordeste
Todos os estados foram afetados com o desligamento de 12.320 MW de
carga.
Apenas cargas residuais na região de fronteira com o sistema Sudeste
continuaram com suprimento de energia.
Houve perda da geração vinda do Norte. Com isso, a carga ficou maior
que a geração.
Houve queda na frequência.
ERAC atuou em 5 estágios e a frequência se normalizou em 60 Hz.
Duas unidades geradoras da hidrelétrica de Paulo Afonso saíram com a
frequência estabilizada, devido a uma descoordenação da sua proteção.
A frequência caiu novamente para 57,3 Hz.
Com a frequência abaixo de 58,5 Hz por mais de 10 segundos, atuou a
proteção das usinas térmicas, retirando-as do sistema.
A região Nordeste veio a blecaute [22].
Tabela 3 - Linhas de transmissão desligadas (EPE)
48
Tabela 4 - Geração desligada na Perturbação (EPE)
Tabela 5 - Carga Reduzida na Perturbação (EPE)
Causas da Perturbação
No disjuntor foi colocada indevidamente uma proteção de sobrecorrente
regulada para 4.000 A, valor abaixo da corrente nominal do equipamento, o
49
que fez com que ele abrisse quando o fluxo da linha chegou próximo a 4.000
MW.
Não foi feita pelo agente a revisão da lógica do Sistema Especial de
Proteção, para que houvesse corte de geração com a perda do bi polo [22].
Recomposição
Às 15h58 foi iniciado o restabelecimento das cargas.
Às 16h07 foi concluído o restabelecimento das cargas das regiões
Sul e Centro-Oeste.
Às 16h31 foi concluído o restabelecimento das cargas da região
Sudeste.
Às 17h50 foi concluído o restabelecimento das cargas da região
Norte.
Às 21h00 foi concluído o restabelecimento das cargas da região
Nordeste [22].
6 Recomposição do SIN na atualidade
As decisões operacionais no SEP não são corriqueiras. Analisando seus
estados operativos nota-se que seu desemprenho se baseia em três etapas
específicas, que são:
Planejamento operativo
Operação em tempo real
Pós Operativo
Planejamento operativo
Essa etapa tem como princípio a idealização de parâmetros para serem
seguidos no processo de funcionamento do sistema elétrico, buscando a
50
segurança efetiva do sistema e a qualidade do suprimento de carga. Tais
parâmetros são obtidos em análise de desempenho do SEP em todos os
possíveis estados, funcionamento normal ou situações anormais.
Ao contar com as informações de plano de obras, previsão de demanda,
procedimentos periódicos para estudos, adicionados com os históricos pós
operativos, geram-se parâmetros, nomeados Instruções Operativas, que são
utilizados para operação em tempo real.
Conforme o módulo do ONS, “Procedimentos de Rede”, os
planejamentos são distinguidos como planos de curto, médio e longo prazo.
O planejamento de curto prazo, que é feito de forma mensal, avaliando o
desempenho do SIN previamente para um mês específico do ano, e
quadrimestral, que busca definir regimentos para operação no período de
quatro meses.
No período de um ano ou mais, o planejamento de médio prazo analisa
o SEP com fundamentos no mercado esperado e no cronograma de entrada
em operação de novos equipamentos.
Já no plano de longo prazo, é definido o PAR (Plano de Ampliação e
Reforço), com o intuito de financiar as aquisições, licitações e concessões de
transmissão, pela exibição de uma proposta de ampliar e reforçar a rede num
período de três anos. Neste plano também são revisadas e identificadas a
necessidade de ECE (Esquemas de Controle e Emergência).
Fora tais planos mencionados, são também analisadas solicitações de
desligamentos, estudos específicos como estabilidade de tensão, controle de
carga e frequência, estudos da recomposição do sistema e outras possíveis
variáveis.
Os estudos da recomposição têm como princípio caracterizar o processo
de recomposição e demais diretrizes, assim como identificar os fundamentos
para sucesso da aplicação e por fim definir procedimentos de recomposição, a
serem publicados futuramente como Instruções Operativas. Os estudos de
recomposição devem ser realizados constantemente, pois sempre há a entrada
51
de novos equipamentos, consumidores, unidades geradoras, subestações, e
demais componentes que possam alterar as estratégias vigentes.
Operação em Tempo Real
A operação em tempo real é a supervisão de grandezas elétricas e não
elétricas que subsidia a análise da necessidade de intervenção no SEP por
meio de ações de controle para manter o mesmo atuando em seu estado
normal seguro. Nessa etapa, são aplicados os parâmetros definidos na etapa
de planejamento.
A operação em tempo real pode ser separada em Operação Sistêmica e
Operação Local. A primeira analisa o processo de forma integral, coletando
dados de todas as subestações e usinas e correlacionando-os, enquanto a
segunda é realizada em complemento às ações definidas nos centros de
operação. [9]
A aquisição de dados, tanto das grandezas elétricas quanto dos estados
de equipamentos, é possível através do Sistema de Supervisão e Controle –
SSC. Nos primeiros centros de operação, esses sistemas eram chamados
SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition System). Contudo, com a
integração de diversas funções e o avanço tecnológico, os centros passaram a
ser denominados EMS (Energy Management System). Através deste sistema,
o operador tem um conhecimento vasto do sistema elétrico em tempo real,
sendo capaz de examinar e buscar prever o estado futuro a que este estará
sujeito. Após serem coletadas, as informações são processadas pelas
funcionalidades: Configurador da Rede, Estimador de Estados e
Monitoração de Segurança, para que enfim sejam determinadas e
executadas as ações de controle mais adequadas referentes ao estado
presente do sistema [11].
O configurador tem a função de fornecer a configuração atual da rede
elétrica. Para isso, ele utiliza os dados de topologia que descrevem as
conexões do sistema e as informações, em tempo real, do estado
(aberto/fechado) de chaves e disjuntores.
52
O Estimador de Estados, a partir de um conjunto redundante de medidas
do SEP, determina o estado deste (módulo e ângulo de tensão).
Por fim, a Monitoração de Segurança verifica se o ponto de operação do
sistema atende às restrições de carga e operação determinando, assim, o grau
de segurança do SEP.
A seguinte figura demonstra em formato de fluxograma a interação e
funcionalidade do sistema:
Figura 5 - Fluxograma de Funcionalidades do Sistema
Fonte: Supervisão e Controle do SEP (Vale, 1986)
Uma vez estimado o estado operativo do sistema vigente, devem ser
realizados os controles necessários para mantê-lo em seu funcionamento
pleno. No estado normal de operação são executados, além do controle padrão
(carregamento, tensão/potência reativa, frequência – primário e secundário,
dentre outros), ações de controle preventivo com o objetivo de adicionar maior
segurança ao sistema através da análise de contingências. Segundo Batista
[10], as contingências basicamente são eventos em equipamentos do sistema
que deixam de operar por atuação de proteções devido a algum problema.
Contingências acontecem a todo momento em sistemas elétricos de potência e
não é interessante que a saída de equipamentos cause problemas aos outros
que estão interligados, porém em funcionamento.
53
O controle de emergência realiza ações a médio ou a curto espaço de
tempo (até mesmo instantaneamente) dependendo do grau de rigor das
violações das restrições de operação. Esse controle pode ser do tipo
emergência-corretivo, quando as violações não são muito rigorosas, ou
emergência-crise, onde as ações levam a desligamentos de carga, entrando
em cena os Esquemas de Controle de Emergência. Como exemplo de
controles corretivos, tem-se o chaveamento de indutores e capacitores, ajuste
de intercâmbio de potência com sistemas próximos, dentre outros. Já, para o
controle de emergência em crise, pode-se citar o ERAC (Esquema Regional de
Alívio de Cargas), que desliga blocos de carga com base em valores de
frequência [9].
O estado restaurativo no qual o SEP possa se encontrar é muito variado
dependendo da severidade imposta pelos desligamentos (simples, múltiplos,
blecautes em determinadas áreas ou ilhas ou até mesmo um blecaute em todo
o sistema), do elevado volume de informações apresentadas aos operadores
por ocasião dos desligamentos, do baixo nível de automação do controle
sistêmico, da falta de experiência das equipes em situações críticas e do alto
grau de estresse por parte dos operadores dos centros de operação [9].
No processo de restabelecimento, é fundamental a aquisição de várias
informações e, talvez o mais importante, que estas levem ao conhecimento das
equipes de operação diversos fatores tais como: a parte do SEP que foi
desligada, a causa e a origem do desligamento, as condições para religamento,
dentre outros. A execução desse controle é realizada pelo operador dos
centros de controle que, em geral, segue as informações incluídas nas
Instruções de Operação definidas na etapa de planejamento.
Pós Operativo
Na atividade de Pós-Operação do sistema, são atualizados todos os
métodos aplicados nas etapas anteriores, permitindo assim que falhas sejam
corrigidas, além de possibilitar a criação de novos ECE e Instruções Operativas
por meio da análise off-line das perturbações ocorridas no SEP.
54
O SEP (Sistema Elétrico de Potência) brasileiro fica grande parte do
tempo submetido à geração hidráulica, e longe das grandes cargas se
encontram demais fontes energéticas. A transmissão desse grande volume de
energia é necessária para funcionamento ideal e correções no SEP, garantindo
fornecimento e confiabilidade.
Atualmente, depois de décadas de evolução, com desenvolvimento e
importações, a estrutura é uma interconexão de geradores a blocos de cargas,
com interligações quilométricas, eficientes e econômicas.
O comportamento do SEP diante de uma contingência e recomposição
do sistema varia de acordo com o impacto da emergência que resultou em
condições extraordinárias. Neste momento, são de suma importância todas as
funcionalidades da rede, tais como sistemas de proteção, supervisão e
controle.
O reestabelecimento é a função dos estados de antes, durante e após a
falha no SEP. Por conta disso, é preciso compreender todos os elementos
relacionados ao colapso e em sua restauração são cruciais para a ação correta
e precisa dos sistemas elétricos.
Quando desligado um sistema de potência, a população e economia são
afetadas diretamente, e a situação pode escalar, dependendo de duração e
velocidade de recomposição. Assim, o controle restaurativo sempre é feito com
dedicação para atender a situação, mesmo sendo a mais complexa atividade
pois envolve muito planejamento [9].
Um dos primeiros artigos publicados abordando a recomposição do
sistema é datado na década de 40, onde o SEP era constituído por pequenas
extensões e baixas cargas. As falhas eram, na maioria dos casos era causadas
por fenômenos como inundações e tempestades. Ao passar dos anos, o
número de casos foi aumentando, por conta da expansão do sistema, em
extensão, carga, aplicação de novas tecnologias e métodos de operação.
As metodologias de operação também evoluíram com o passar do
tempo. Os meios utilizados eram feitos de forma totalmente manual, em
operações diretas nos sistemas, em elementos primários. Após a implantação
55
do sistema SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition), a operação
passou a ser feita de uma sala de controle remotamente, diminuindo o número
de colaboradores envolvidos e centralizando mais o processo. Contudo, apesar
do automatismo das ações de controle ao longo dos anos, este tem se dado,
na maioria das vezes, em caráter local. Em termos sistêmicos, é ainda
significativo o volume de comandos manuais por parte do operador. Desta
forma, as equipes dos centros de operação têm trabalhado sob grande
pressão, pois passaram a ter a responsabilidade pelo controle centralizado,
recebendo grande volume de informações que nem sempre são processadas
da forma mais adequada para subsidiar suas decisões [9].
Enquanto grande parte das ações de controle de emergência são
automatizadas, o controle restaurativo conta com ações automáticas quase
sempre ao nível local (subestações), ficando a maior parte do procedimento
realizada por meio da atuação do operador.
Ao se realizar uma abordagem, existem coisas a serem definidas antes
de escolher quais e quantas usinas podem realizar o auto reestabelecimento,
assistências de sistemas próximos, tipos de usinas no sistema, tamanho de
área afetada (AGNEHOLM, 1996), (LINDGREN, 2009). Porém, existem duas
estratégias que são as mais usualmente utilizadas no reestabelecimento, que
são as estratégias paralela e sequencial [9].
A estratégia paralela (build up/ bottom up), mundialmente mais usual,
consiste em, após o blecaute, dividir o sistema em áreas eletricamente isoladas
e reerguê-las no mesmo tempo. Para tanto, o estado do sistema (status dos
disjuntores, condições das usinas etc.) é verificado logo após a ocorrência, e
este é então subdividido em sistemas menores contendo pelo menos uma
usina de auto restabelecimento. Após restabelecida a usina, é enviada uma
carga de emergência para os demais blocos que não têm a capacidade de se
religar por conta própria. Depois de sincronizados os sistemas, cargas e
unidades de geração são conectados. As demais interligações entre
subsistemas são refeitas, restaurando os sistemas que, após adquirir
capacidade de absorção de potência reativa, é conectado aos sistemas
vizinhos. Essa estratégia é, portanto, utilizada quando há um blecaute total ou
56
quando se pode obter assistência de sistemas vizinhos para o religamento das
unidades geradoras [9].
Já a estratégia sequencial (build down/top down), é utilizada em
menores sistemas com pequenas linhas de transmissão ou em sistemas
altamente hidrelétricos com grande absorção de potência reativa, e em
sistemas com cargas densas em um ponto geográfico. Esta estratégia pode
também ser utilizada quando há a possibilidade de um sistema receber
assistência de sistemas próximos ou quando sofreu um blecaute em partes.
Segundo Silva [9], as etapas do restabelecimento consistem em:
1. Verificar o estado do sistema, sendo necessária a existência de pelo
menos uma usina de auto restabelecimento na área afetada;
2. Enviar energia aos demais geradores;
3. Religar mais linhas de alta e extra alta tensão. Durante estes primeiros
passos, poucas cargas são conectadas, somente aquelas essenciais
ao controle da potência reativa.
O restante é restaurado quando grandes partes do sistema de
transmissão já estiverem recompostas. Uma vez estabelecida a estratégia de
restabelecimento, esta deve ser implementada por meio da execução de ações
de controle adequadas. Há diferentes maneiras de se implementá-la. Os
passos do processo de restabelecimento poderiam ser determinados nas
etapas de planejamento e repassados para execução em tempo real via
Instruções Operativas, as quais seriam executadas manualmente pelo
operador ou de forma automática ou, ainda, o processo poderia ser todo ele
determinado em tempo real.
A classificação do sistema entre os vários estados é feita considerando-
se as seguintes restrições: atendimento da Carga, respeito às restrições da
operação (basicamente limite de carregamento nas linhas de transmissão e
transformadores, nível de tensão nas barras) e restrições de segurança.
Figura 6 – Estados Operativos do Sistema (Bernardo, 2000)
57
No estado normal alerta e seguro as cargas são entregues, sem
nenhuma anormalidade
Tanto no estado normal alerta quanto no normal seguro todas as cargas
estão sendo atendidas sem violações de limites operacionais. A diferença entre
estes dois estados está nas restrições de segurança, sendo que no caso do
estado normal alerta existe ao menos uma contingência que caso venha a
ocorrer levará o sistema para o estado de emergência.
Em algumas situações é possível que controles preventivos levem o
sistema do estado normal alerta para o normal seguro. No estado de
emergência as cargas são supridas, mas há violações em limites operacionais
que podem, em alguns casos, serem corrigidos através de ações de controle
(retomo ao estado normal alerta ou normal seguro) e, em outros, apenas com
corte de carga (sistema se desloca para estado restaurativo) [14]
No estado restaurativo não existem violações nos limites operacionais,
mas cargas já foram perdidas ou cortadas.
Os sistemas de potência operam em estado normal a maior parte do
tempo. Esses sistemas são capazes de se manter operando normalmente, com
pouca ou nenhuma intervenção do operador.
Quando a partir de um determinado evento o sistema vai do estado
normal para o de emergência, há um modo acelerado de operação com
tomadas de decisões urgentes, sendo a eficiência dos operadores vital para a
segurança do sistema. Se o controle de emergência não for efetivo e o sistema
continuar operando ou em baixa frequência ou com tensões anormais ou com
equipamentos sobrecarregados, este estado pode evoluir para o que
denominam de situação extrema, onde não são atendidas nem as restrições de
58
igualdade, nem as operacionais. A perda de cargas pode ser ocasionada pelo
desligamento de geradores ou de linhas de transmissão, desligamentos estes
causados pela atuação das proteções ou por medida de segurança adotada
pelos centros de operação. Isto afeta diretamente os consumidores e,
eventualmente, pode constituir-se num colapso total [14].
Na evolução do estado restaurativo para o normal o papel dos
operadores e despachantes é primordial. O tempo é curto, o que não permite
que os responsáveis pela recomposição consultem os manuais de operação,
que objetivam prepará-los para o maior número de situações possível. Por
outro lado, por maior que seja a experiência dos operadores do sistema,
algumas ocorrências são extremamente raras, o que também dificulta o
aprendizado a partir de casos passados.
6.1 Metodologia da ONS
No Brasil, o ONS, responsável pela coordenação e controle do cenário,
tem seus parâmetros para realização de intervenções, controle de geração e
transmissão, gerenciamento de carga e recomposição da rede e operação. [24]
6.1.1 Intervenções
Para que seja executada uma intervenção, é obrigatório pleno
funcionamento da comunicação de voz entre o centro de operação do ONS
com os agentes ou interlocutores responsáveis.
Em situações de intervenções de urgência, a partir que solicitadas ao
centro de operações do ONS, terá atenção prioritária em relação as que já
eram agendadas, e seguindo as instruções de operação do próprio ONS, tendo
os mesmos critérios em tempo real e em pré operação.
59
Equipamentos ou LT’s desativadas por situações operacionais não
podem estão sob intervenção que limitem suas condições operativas naturais,
exceto que seja previsto no Programa de Intervenções Consolidado, que já
existe um planejamento e justificativa envolvidas.[24]
A realização de manobras para reenergização de equipamentos ou LT’s
após a intervenção, só podem ser realizados no momento de ponta de carga
do SIN, que é o período de maior utilização de energia e de potência, nas
seguintes situações:
A ausência do equipamento do equipamento ou LT provoca
sobrecarga em outros equipamentos, esgotamento de recursos
para controle de tensão, esgotamento de margem para regulação
de frequência e/ou corte de carga.
Caso ocorra uma contingência simples em um equipamento ou
LT, somado a ausência do equipamento ou LT intervinda
provoque o esgotamento dos recursos para controle sistêmico ou
regional da tensão, esgotamento dos recursos para controle
sistêmico de frequência e/ou corte de carga em proporções
sistêmicas ou regionais.
O estabelecimento ao SIN não implique riscos sistêmicos [24]
Durante o período de operações especiais, só serão executadas
intervenções que não podem ser postergadas, desde que seja avaliado pelo
ONS. Um exemplo dessas situações são intervenções para entrada em
operação ou retorno de equipamentos significativos para a operação.
6.1.2 Controle da Geração
Como padrão do território brasileiro, o primeiro critério para geração é
que a frequência nominal seja 60 Hz. Em seguida, os reguladores de
velocidade das unidades geradores devem estar liberados.
Na situação de uma rede de recomposição, os reguladores de
velocidade das unidades geradoras são transferidos para um modo de
operação chamado controle de frequência (ou modo rede isolada), em que as
60
unidades geradoras passam a ser mais sensíveis a variações de frequência
(estatismo nulo ou muito pequeno, da ordem de 2,5%) por serem as mesmas
responsáveis pelo controle de frequência da área em recomposição fluente.
Porém numa situação de geração, ceve estar ajustada em 5%, a não ser que
haja necessidade de utilização do sistema com base em estudos. [18] [24]
O desvio de frequência para que aconteça o desligamento automático
deve ser de 0,5 Hz em relação a frequência nominal do sistema. As rampas de
mudança de programa ou reprogramação de intercâmbio devem ser
executadas em no máximo dez minutos, exceto em casos de urgência ou
emergência.
6.1.3 Controle de Transmissão
A mudança do limite de carregamento dos equipamentos e LT’s que
implicam em restrições significativas no SIN, como corte de carga real ou
potencial, perca de confiabilidade ou empecilhos para controle de tensão,
podem somente ser feitas pelo agente em situações de urgência ou
emergência, esclarecendo seus motivos.
Os artifícios para controlar a tensão são utilizados na seguinte sequencia
definida pelo próprio ONS:
Reatores de barra manobráveis;
Bancos de capacitores;
Excitação das unidades geradoras;
Compensadores síncronos e estáticos;
Reatores de linha manobráveis;
Comutadores sob carga de transformadores e de reguladores
série;
Manobras de linhas de transmissão.[24]
Esses recursos para realizar controle de tensão devem ser mantidos
com folga comparados a seus limites operativos em suas áreas, principalmente
61
nos equipamentos de controle automático, como compensadores síncronos e
estáticos e nas unidades geradoras.
Compensadores síncronos e estáticos e grupos geradores devem operar
com reservas de energia reativa suficientes para minimizar mudanças de
tensão em situações inesperadas. A plena utilização desses equipamentos e
dispositivos só deve ser feita quando as condições de tensão forem o último
recurso, quando não forem satisfatórias e todos os recursos disponíveis
tiverem sido esgotados.
Antes e depois das operações envolvendo bancos de capacitores ou
reatores e levando a grandes mudanças de tensão, estão as unidades de
acionamento no comutador em carga do transformador, transformador
estabilizado em série, compensador ou excitação do gerador, se houver
recursos disponíveis.
Na transferência de um período de carga para outra superior, a geração
de potência reativa deve ser prevista com base na demanda, a fim de
minimizar a queda de tensão causada pelo aumento da carga.
As manobras em equipamentos e linhas de transmissão durante o
período de carga pesada só podem ser efetuadas quando as ações de controle
de tensão não puderem ser realizadas previamente. Em todos os períodos de
carga, deve-se operar com as tensões dentro das faixas de tensão
recomendadas, conforme as instruções normativas da ONS.
Caso sejam violadas todos limites de tensão recomendados ou limite
dos equipamentos e LT’s, e utilizados todos os recursos para se controlar a
tensão, as opções são as seguintes: violar o limite superior ou inferior. Ao violar
o limite superior, é realizado o desligamento de linhas de transmissão para
evitar sobretensões na rede. Já ao violar o limite inferior, são realizadas ações
de gerenciamentos de carga não comuns na operação do sistema para evitar
colapsos de tensão. [24]
Primeiramente, os agentes devem usufruir de todos os recursos locais
instalados ao redor da carga e fora da rede de operação. Se os artifícios não
conseguirem suprir a necessidade, devem ser utilizados os recursos de
62
controle de tensão da Rede de Operação Regional e priorizados os recursos
que afetem o menor número de barramentos de referência da região. Caso os
recursos de controle de tensão da Rede de Operação Regional sejam
insuficientes, devem ser utilizados os recursos de controle de tensão da Rede
de Operação Sistêmica e priorizados os recursos que afetem o menor número
de barramentos de referência da Rede de Operação Sistêmica.
E se não existam mais recursos de controle de tensão disponíveis para
uma determinada área da Rede de Operação Regional, o Centro de Operação
do Sistema – COSR se responsabiliza de contatar o Centro Nacional de
Operação do Sistema – CNOS para coordenar a utilização dos recursos
sistêmicos. A partir do momento em que o CNOS estiver agindo para efetivar
os ajustes necessários no controle de tensão, o COSR solicitante não pode
tomar qualquer medida ou realizar qualquer ação sem prévia autorização do
CNOS.
Os carregamentos e fluxos sistêmicos dentro dos limites operativos são
controlados pelos centros de operação do ONS, levando em conta: os fluxos
sistêmicos dentro dos limites operativos definidos nos estudos de planejamento
da operação elétrica, os limites operativos dos carregamentos nas instalações
de transmissão, incluindo as eventuais restrições permanentes ou temporárias,
definidas na regulamentação e informadas pelos agentes de operação
proprietários e as restrições temporárias das instalações de transmissão
informadas em tempo real pelos agentes de operação proprietários.[24]
Não possuindo mais recursos para evitar violações nos limites
operacionais, são aderidas como último recurso ações para gerenciamento de
carga.
6.1.4 Gerenciamento de Carga
Os critérios para realização de corte da carga dependem de como será
feito, diretamente ou indiretamente, de forma automática ou manual.
63
De forma direta e manual, é realizado o Plano de Corte Manual de Carga
(PCMC) dos agentes de distribuição e consumidores livres ou potencialmente
livres, que estejam interligados à rede básica e as DIT, que orientam a redução
da carga em corte direto manual até 35% de sua carga integral, feita em
patamares de 5%. Porém, a critério da ONS, o total de redução no PCMC pode
ser superior a 35%.[24]
O corte manual de cargas se aplica a todo o SIN, ou isoladamente aos
sistemas Sul, Sudeste, Nordesteou Norte/Centro Oeste, ou ainda às áreas
isoladas do sistema em função do local de contingência.
O CNOS atua com o corte manual de carga em situações em que: a
subfrequência está sustentada, quando a frequência permanece igual ou
inferior a 59,5 Hz em função do desequilíbrio entre geração e carga, ou há
tendências ou previsões de aumento do desequilíbrio. Também com uma
previsão de déficit de geração no sistema, o PCMC pode ser realizado.
A quantidade de carga que o agente reduz manualmente, no caso de
baixa frequência contínua, deve ser capaz de restabelecer imediatamente o
equilíbrio entre a geração de energia e a carga para estabilizar a frequência do
SIN, embora instável, é de pelo menos 59,7 Hz, que caso esteja entre este
valor e 60 Hz, a carga interrompida não poderá ser restabelecida. [24]
Corte direto e automático da carga
O corte direto e automático de carga é realizado em função dos valores
mínimos verificados de frequência e tensão ou pelo Sistema Especial de
Proteção (SEP), que compreende o Esquema Regional de Alívio de Carga
(ERAC) e o Esquema de Controle de Emergência (ECE).
O ERAC realiza o corte de carga por meio de relés de taxa de variação
de frequência no tempo (∆f/∆t), medida em uma janela de frequência, e/ou por
meio de reles de frequência absolutas, que atuam desligando automaticamente
as cargas previamente estabelecidas sempre que forem atingidos os valores de
taxa de frequência, frequência absoluta e temporização caso exista.[25]
O tempo máximo admissível para o sensor identificar uma variação de
frequência, ou seja, para a sensibilização da função de subfrequência, deve ser
64
da ordem de três ciclos ou conforme orientação no catalogo do fabricante do
equipamento. Em relação à abertura do disjuntor, considera-se um tempo
máximo total para a atuação do ERAC deve ser de 150 ms.
Basicamente, sua finalidade é efetuar o desligamento automático de
blocos de cargas, de modo a prevenir a ocorrência de subfrequência inferior a
valores pré determinados.
Seu procedimento é sempre manter o esquema permanentemente
ativado. Para atuações do ERAC por subfrequência, os centros de operação do
ONS deverão:
Identificar as cargas determinantes de atuação de esquema de
subfrequência, bem como a configuração remanescente do
sistema;
Confirmar com os agentes envolvidos a atuação do esquema de
subfrequência, registrando o montante de cargas desligadas e o
horário da ocorrência;
Retornar a configuração normal de operação de unidades
operacionais e LT’s de interligação e religar as cargas e
equipamentos chaveados pelo sistema.[25]
O restabelecimento das cargas desligadas pelo ERAC pode ser feito de
forma manual ou automática. No esquema de restabelecimento automático de
cargas desligadas pelo ERAC dá-se o nome de EREC – Esquema Regional de
Restabelecimento de Cargas.
Restabelecimento manual: Para o restabelecimento manual, em
situações que é disposto o frequencímetro digital, as cargas desabilitadas pelo
ERAC das distribuidoras de energia devem ser realizados com autonomia pela
operação do agente, somente após a estabilização da frequência em valor
igual ou superior a 60 Hz, após um tempo igual ou superior a um minuto.[25]
Para evitar que a tomada de carga comprometa a estabilidade do
sistema, os seguintes requisitos devem ser observados:
a) A restauração das cargas deve ser efetuada na mesma sequência
da atuação do ERAC, ou seja, iniciando pela restauração das
65
cargas relativas ao primeiro estágio, seguidas das cargas de
segundo estágio e assim sucessivamente, para que, na hipótese
de ocorrer a perda de um bloco de geração durante o
restabelecimento, o sistema tenha recursos suficientes para que a
frequência se estabilize em 59,5 Hz;
b) Cada bloco de carga restabelecida por agente não deve superar o
total de carga cortada em cada estágio, o intervalo de tempo entre
o restabelecimento dos blocos de cargas deve ser de no mínimo
um minuto;
c) As cargas interligadas pelo ERAC devem ser restabelecidas
desde que a frequência esteja estabilizada em valor igual ou
superior a 60 Hz e tensão igual a 100% da tensão nominal do
barramento.
d) Caso o restabelecimento de algum bloco de carga ocasione
queda na frequência para patamares baixos do valor original e
sem correção imediata, o agende deverá providenciar o
desligamento imediato dessas cargas. Neste caso, ou havendo
nova atuação do esquema de alívio de carga, o novo ciclo de
religamento só deverá ser reiniciado após liberação do centro de
operação do agente, devidamente autorizado pelo centro de
operações do sistema do ONS com o qual se relaciona.[25]
Em subestações que não possuem o frequencímetro digital, o
restabelecimento manual das cargas será efetuado pelo centro de operações
do agente, desde que este disponha de frequencímetro digital e de acordo com
os mesmos critérios da alínea “a” anterior.
No caso de que não disponham de frequencímetro digital, o
restabelecimento manual das cargas será coordenado pelo centro de
operações do sistema do ONS com o qual ele se relaciona, de acordo com os
mesmos critérios da alínea “a”.
66
Para os agentes de transmissão, o restabelecimento manual das cargas
será coordenado pelo centro de operações do sistema do ONS com que se
relacionam, respondendo aos requisitos da anterior alínea “a”.[25]
Observação: O restabelecimento manual das cargas de distribuidoras
cuja responsabilidade é do agente de transmissão, também representante da
distribuidora perante o ONS, deve ser realizado conforme as alíneas “a” e “b”
anteriores.
Os consumidores industriais conectados à rede básica, terá o
restabelecimento manual realizado pela coordenação do centro de operações
do ONS com o qual se relacionam, de acordo com os critérios da alínea “a”.
[25]
Caso ocorra falha na atuação do ERAC ou ECE, o agente de operação
deve efetuar manualmente os cortes das cargas previamente para o corte
automático e informar o centro de operação do ONS com que se relaciona.
O centro de operação do ONS informa ao agente de operação quando
os valores de tensão e frequência foram restabelecidos às condições naturais
do sistema, de forma que seja minimizado o corte de carga.
Se não for possível o restabelecimento imediato das condições normais
do sistema, as cargas que foram cortadas pelo ERAC ou ECE podem ser
substituídas por outras cargas equivalentes através do corte manual de cargas.
É indicado que os disjuntores nos esquemas automáticos não sejam
desligados em corte manual de carga para observação da confiabilidade do
sistema, com exceção dos casos excepcionais previamente estudados pelo
ONS.[24]
Corte indireto de carga por redução de tensão
Tal corte deve ser coordenado e controlado pelos centros de operação
do ONS, por meio da redução dos níveis de tensão nos barramentos da rede
de operação na área afetada e pelos agentes de operação nas barras fora da
rede de operação.
67
Os níveis mínimos de tensão nos barramentos de operação já são
estipulados com base em estudos da ONS e publicados, acordados juntamente
com os agentes de transmissão e distribuição.[24]
6.1.5 Esquema Regional de Restabelecimento de
Cargas – EREC
As instalações das distribuidoras que dispõem de EREC ativado serão
restabelecidas suas cargas observando os critérios abaixo apresentados:
a) As cargas serão restabelecidas automaticamente caso a frequência
se mantiver igual ou inferior a 60,05 Hz por no mínimo dez segundos
e a tensão se mantiver igual ou superior a 95% da nominal do
barramento.
b) Primeiro e segundo estágios: os blocos de cargas a serem
restabelecidos devem ser iguais ou inferiores a metade das cargas
desligadas em cada estágio. O intervalo de tempo entre o
restabelecimento dos blocos de carga deve ser no mínimo de dez
segundos.
c) Demais estágios: Os blocos de carga a serem restabelecidos devem
ser iguais ou inferiores ao valor de cargas desligas em cada estágio.
O intervalo de tempo entre o restabelecimento dos blocos de carga
deve ser de no mínimo um minuto.
d) Em caso de nova queda de frequência que leve a nova atuação do
ERAC, o agente deve bloquear o EREC e o processo de
restabelecimento das cargas passará a ser coordenado pelo centro
de operação do sistema do ONS com o qual se relaciona.[24]
Após a estabilização da frequência e tensões em seus valores nominais
de operação por pelo menos cinco minutos, o agente deve solicitar autorização
para o restabelecimento das cargas junto ao centro de operações do centro de
operações do sistema do ONS com o qual se relaciona.[24]
68
6.1.6 Definição do montante de carga a ser cortado
Para se dimensionar o valor do montante de carga ser cortado, é
necessário considerar que a carga remanescente não exceda a capacidade
geradora disponível ou limites de operação dos equipamentos, LT’s e do
sistema. O montante de carga a ser cortado deve atender aos requisitos
mínimos de tensão estabelecidos nas instruções de operação do ONS.[24]
O rateio para estipular o montante é realizado da seguinte forma:
Corte de carga para controle de frequência: aplicado a todo o SIN
ou, isoladamente, nas regiões nacionais (Sul, Sudeste, Nordeste
ou Norte/Centro-Oeste), ou também em áreas isoladas do
sistema em função do local da contingência, e rateado entre os
agentes da área elétrica afetada.
Corte de carga para controle de tensão, carregamento de
transmissão ou transformação: o rateio é proporcional ao requisito
de carga dos agentes locais ou na área elétrica afetada, com
exceção em situações ímpares onde se baseiam em estudos
realizados pelo ONS para preservação da segurança do sistema
ou otimização do corte de carga.[24]
Os agentes podem acrescentar o processo de redução da carga
negociada com seus consumidores, desde que tal estratégia não tenha reflexos
negativos para as ações de gerenciamento de carga em curso e garanta os
montantes demandados pelo centro de operação do ONS. Deve ser informado
os períodos e valores de carga negociados ao centro de operação do ONS com
o qual se relacionam.
Variações climáticas e reduções voluntárias de carga pelos
consumidores, por campanhas de mídia não são consideradas reduções
negociadas de carga.[24]
69
6.1.7 Elaboração do Plano de Corte Manual de Carga
(PCMC)
Os critérios para elaboração do PCMC e da síntese dos PCMC,
elaborados com a participação dos agentes de distribuição e consumidores
livres ou potencialmente livres cujas instalações estejam conectadas, estão
contidos em rotinas operacionais do ONS.
Para garantir a eficácia e constância de um eventual corte de carga, a
rotina tem as seguintes características:
o patamar de carga a ser adotado para explicitação das cargas no
PCMC;
a periodicidade necessária para atualização do PCMC;
o valor da carga de cada agente para definição do percentual de
participação do agente em um eventual rateio de corte de carga;
o tratamento dado aos consumidores livres ou potencialmente
livres, não conectados à Rede Básica e às demais instalações da
transmissão, e o tratamento dado aos agentes de distribuição
conectados na rede de distribuição;
a não inclusão das cargas que fazem parte do ERAC ou ECE nas
cargas a serem cortadas manualmente, fixando os casos de
exceção;
a informação pelo agente do tempo necessário para o
atendimento de uma solicitação do centro de operação do ONS
para realização do corte de carga.[24]
6.1.8 Recomposição da Rede Operacional
Em usinas de autorrestabelecimento, sua classificação para
restabelecimento considera-se:
a) Usinas de autorrestabelecimento integral (blackstarts):
contribuírem no processo de recomposição do sistema
elétrico, partindo o número de unidades geradores
classificados pelo ONS para liberam o restabelecimento local;
70
serem capazes de saírem da condição de parada total para
condição de operação, independente de fontes externas para
alimentação de seus serviços auxiliares, dar partida em
unidades geradoras e sincronizar o mínimo de unidades com
seus próprios serviços auxiliares, energizar os elementos da
rede adjacente sem considerar eventos fora de seu controle,
assimilar variações bruscas de carga e controlar tensão e
frequência dentro e fora dos limites definidos em situações de
emergência e ter o índice de disponibilidade superior a 80%.
b) Usinas de autorrestabelecimento parcial:
Possuir uma ou mais unidades capacitadas par alimentar seus
serviços auxiliares a partir da tensão terminal de seus próprios
geradores;
Possuir unidades geradoras que, depois de ocorrida uma
perturbação, mantem-se girando e excitadas
c) Usinas sem autorrestabelecimento: precisam de alimentação externa
para realização de seus serviços auxiliares para recomposição de
unidades geradoras após perturbações.[24]
6.1.8.1 Recomposição na fase fluente
Nesta fase, são consideradas as seguintes características: as áreas de
recomposição estejam desativadas, as usinas térmicas não são definidas como
fontes de recomposição do SIN, porém devem possuir esquemas de ilhamento,
sempre que for tecnicamente viável, para preservar uma parcela do sistema
estável após grandes perturbações e a maior fração possível do montante
máximo de carga é atendida com a condição de carga pesada para garantir a
viabilidade de recomposição em qualquer horário,
A liberação do montante máximo de carga é liberada em cada área
considerando as seguintes características:
71
capacidade de geração da configuração mínima das unidades
geradoras das usinas de autorrestabelecimento da área
necessária para energização dos troncos de transmissão;
limitações de carregamento dos equipamentos e das linhas de
transmissão da rede de recomposição fluente;
limitações relacionadas ao controle de tensão na rede de
recomposição fluente;
rejeições de carga durante a recomposição;
configuração dos alimentadores da distribuição dos agentes.
Para liberações adicionais de carga é preciso a disponibilidade adicional
de geração, limitações de carregamento dos equipamentos e das LT’s,
restrições de tomada de carga na área para evitar sobretensões, em caso de
rejeição de carga e frequência na faixa de 59 a 61 Hz.[24]
6.1.8.2 Recomposição na fase coordenada
Tal recomposição só pode ser iniciada após serem verificadas as
seguintes condições:
a) ausência de sobrecargas nos equipamentos e linhas de transmissão
da área considerada;
b) estabilização da frequência;
c) níveis de tensão compatíveis com a carga restabelecida no momento.
Antecipadamente à manobra de fechamento de disjuntores, é checada a
condição para definição do fechamento, se será de anel ou paralelo, para
assim executar o plano de operação.[24]
6.1.9 Controle da tensão e frequência durante a
recomposição
Durante uma recomposição. A frequência deve ser regulada em torno de
60 Hz, admitindo variações entre 58 a 62 Hz em fase fluente e de 59 a 61 Hz
em fase coordenada.
72
A tensão, seja em fase fluente ou coordenada, é controlada em torno do
valor nominal da tensão da rede, permitindo a variação de +/- 10%, exceto nas
seguintes situações:
para 765 kV da interligação Sul/Sudeste: o limite superior é 4,5%
da tensão nominal;
para 525 kV da região Sul: o limite superior é 5% da tensão
nominal;
para tensões nominais menores ou iguais a 230 kV: o limite
superior é 10% na fase de recomposição fluente e 5% na fase
coordenada.
Os valores percentuais dos limites para regulação da tensão são valores
de referência e estão condicionados às características dos equipamentos e das
linhas de transmissão informadas pelos agentes proprietários. Os bancos de
capacitores devem ser desligados e os tapes dos transformadores devem ser
comutados para uma posição que não implique em sobretensões durante a
recomposição do sistema, a não ser que seja uma situação diferenciada, esteja
descrita em instruções operativas do ONS.[24]
73
7 Resultado
A evolução do Sistema Elétrica de Potência que é o conjunto de todas
as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e
distribuição de energia, se deu em meados do século XX. Em paralelo, se deu
o aumento das interligações no sistema, passando a ser bastante comum as
perturbações na rede, onde, era gerada em ponto e/ou empresa e era afetado
nas demais.
Nesta época as empresas de energia elétrica utilizavam o procedimento
de recomposição de forma centralizada pelos seus centros de operações para
quaisquer tipos de evento. Após os blecautes no Sistema na década de 80, as
empresas de energia viram a necessidade de desenvolver estratégias que
lidem adequadamente com este problema, minimizando o período de
indisponibilidade e restaurando um estado operativo normal de forma
coordenada e sistemática.
Atualmente o órgão responsável pela operação do Sistema Interligado
Nacional é o ONS (Operados nacional do Sistema), responsável por
desenvolver estratégia para minimizar o período de indisponibilidade, e criar
documentos a partir de estudos de blecautes, com isso, definir estratégias que
cobrem diversas situações previsíveis.
Atualmente o órgão responsável pela operação do Sistema Interligado
Nacional é o ONS (Operados nacional do Sistema), responsável por
desenvolver estratégia para minimizar o período de indisponibilidade, e criar
documentos a partir de estudos de blecautes, com isso, definir estratégias que
cobrem diversas situações previsíveis.
Os blecautes apresentados neste trabalho nos trazem ensinamentos de
melhoria para o Sistema Interligado nacional – SIN. Cada blecaute deve ser
analisado minuciosamente pelo Agente e/ou Operador, para estabelecer os
pontos aprendidos, fragilidades e carências no Sistema. Tendo em mente que
o sistema de potência está em constante evolução, podemos dizer que grandes
distúrbios vão continuar a acontecer.
74
Como foi estudado, o desempenho no SEP (Sistema Elétrico de
potência) é baseado em três processos específicos: Planejamento Operativo,
Operação em Tempo Real e Pós Operativo.
Depois de décadas de evolução, com destaque nas interligações
quilométricas que compõe o SIN (Sistema Interligado Nacional) o SEP
(Sistema Elétrico de potência) estabelece contingência de equipamentos e um
processo de recomposição, onde, o ONS (Operador Nacional do Sistema)
desenvolve uma série de estudos e ações exercidas sobre o sistema e seus
agentes proprietários para gerenciar as diferentes fontes de energia e a rede
de transmissão, de forma a garantir a segurança do suprimento contínuo em
todo o país.
75
8 Conclusão
As perturbações no Sistema Interligado Nacional – SIN são eventos que
normalmente irão acontecer. Com isso, é necessário que as organizações
tenham ciência dos possíveis problemas a serem enfrentados, haja vista a
complexibilidade do Sistema Elétrico de Potência - SEP brasileiro.
Ao longo do tempo foram realizados estudos em relação à recomposição
do sistema elétrico, embasados em relatórios de blecautes que ocorreram.
Mesmo assim, sabemos que existem lacunas a serem analisadas, e o intuito é
tentar mitigar qualquer possiblidade de falha no processo de recomposição.
Na década de 80 as empresas responsáveis pela coordenação e
controle do sistema em cada região utilizava a recomposição centralizada, fazia
com que todos e qualquer distúrbios na rede fosse reportado ao centro de
operação. Com o aumento da complexidade da rede e operação, se fez
necessário a mudança das estratégias de recomposição do sistema para
descentralizar a operação, onde a responsabilidade da tomada de decisões do
distúrbio passaria aos centros de operação e controle embasado em
procedimentos pré estabelecidos, tornando necessária a constante evolução.
Foram selecionados casos reais que ocorreram em todas as regiões do
Brasil (Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Nordeste), visando mostrar como é
complexo controlar um Sistema Elétrico de um país de tamanho continental.
A tendência das características, ferramentas e processos de
recomposição do SEP, é que sempre evoluam cada vez mais, de acordo com
problemas enfrentados, gerando assim uma atualização por conta das falhas, e
também pelo avanço tecnológico.
De acordo com critérios de qualidade, segurança, confiabilidade,
economia, dentre outros, mesmo tendo um bom planejamento, projeto e
operação, qualquer sistema elétrico é passível de desligamentos, sejam eles
provocados por distúrbios voluntários ou intempéries.
76
9. Sugestão para trabalhos futuros
Como sugestões para futuros trabalhos são indicados a continuação da
pesquisa, com possíveis fontes de dados mais antigos e completos dos
blecautes, com todos os dados de carga não entregue, tempo e público
atingido, para que seja feito um comparativo mais preciso entre todos.
A influência da diminuição da inércia nos geradores devido a penetração
de fontes alternativas (energia eólica e solar), a capacidade de Black starts e
recursos baseados a inversores trarão um avanço significativo para o sistema,
porém podem ter dificuldade para sincronização dos sistemas por serem
realizadas com inversores, o que dificulta na parametrização devido a perca de
massas girantes e excitação de geradores. e as dificuldades para sua
regulação, sendo assim, algo a ser estudado. Fora isso, novas estratégias de
recomposição e metodologias são uma vertente a ser seguida.
77
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[13] (FOLHA, 2007) Acessado em 22/08/2021 às 13:50
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[21] LEFÉVRE, M. A. P. SILVEIRA, J. R. Blackouts - Causas e Reflexos Sobre
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[22] ONS. Entrevista Coletiva sobre a Perturbação de 21/03/2018. Acessado
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[24] ONS. Procedimentos de Rede - Módulo 2 – Critérios e Requisitos
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[25] ONS. Manual de Procedimentos de Operação – Módulo 5 – Submódulo
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[26] SOUZA, C. M. R. Integração do Território Brasileiro e Expansão do
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[27] PONTES, N. Desmatamento impulsiona emissões de CO2 no Brasil em
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[28] SEGURA, M. L. Revista Âmbito Jurídico - Biodireito, v. 15, n. 96, p. 1–7,
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[29] HAGE, J. A. A. A estratégia brasileira para a energia e logística: breves
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[30] ANDRADE, A. L. C. A matriz energética brasileira: trajetória histórica e
situação atual. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis.
[31] BRASIL. Lei nº 9.427 de 26 de dezembro de 1996. Institui a Agência
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serviços públicos de energia elétrica e dá outras providências.
[32] MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Matriz Energética. 2010.
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