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Guia de História para o ENEM

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SUMÁRIO

ENEM
PERIÓDO COLONIAL
Periódo Colonial ............................................................................................. 2

PERIÓDO IMPERIAL
Primeiro Reinado ........................................................................................... 11
Regência ........................................................................................................ 13
Segundo Reinado ........................................................................................... 14

PERIÓDO REPUBLICANO
República da Espada ...................................................................................... 21
República Oligárquica ..................................................................................... 23
Era Vargas ....................................................................................................... 31
República Liberal ............................................................................................. 34
Regime Militar ................................................................................................. 37
Nova República ............................................................................................... 41
_ _Análise Sináptica_

_ _Diagnóstico de ocorrência_

O exame do Enem aborda uma grande porcentagem de questões envolvendo o Período Colonial e
o Período Republicano. Dessa forma, o estudante deve atentar-se à maior incidência de questões
relacionadas ao descobrimento, sistema de exploração agrícola, ao populismo e trabalhismo da
Era Vargas; instabilidade política da República Liberal; a ascensão dos militares ao poder, a
repressão política, o milagre econômico e a resistência do Regime Militar e redemocratização
durante a Nova República.

Além disso, o vestibular pode conter questões sobre as populações indígenas e africanas,
abordando sua história, culturas e impactos do contato com a população europeia, valorizando a
compreensão das perspectivas e contribuições dessas comunidades.

1
como um signo de atraso, ignorância e falta de cuidado.

PADUA, J. A. Um sopro de destruição: pensamento político e


_ _História do Brasil_ crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de
Janeiro: Zahar, 2002 (adaptado).

Período Colonial Descrevendo a posição dos críticos ambientais brasileiros dos


séculos XVIII e XIX, o autor demonstra que, via de regra, eles
viam o meio natural como
1. (Enem) a) ferramenta essencial para o avanço da nação.
As línguas silenciadas do Brasil b) dádiva divina para o desenvolvimento industrial.
c) paisagem privilegiada para a valorização fundiária.
Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa d) limitação topográfica para a promoção da urbanização.
Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por e) obstáculo climático para o estabelecimento da civilização.
diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua
patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu fatos 3. (Enem)
violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas
própria língua para escapar da perseguição. “Os pataxós se mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia,
espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951. autonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atestada
Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso por viajantes e por missionários portugueses que visitaram a
constrange o nosso povo até hoje”, conta Txaywa, estudante costa a partir do século XV, consta também na ampla
da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia documentação sobre a região. A literatura é rica em
Barra Velha, região de Porto Seguro (BA). Mais de quatro referências às grandes mulheres como as vendedoras
décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a autonomia
e iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã. e mobilidade, é tão típico da região.
Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes – e ela, que se
mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência
pouco com eles. “É a nossa identidade. Você diz quem você é feminina e representações em mudança na Guiné (séculos XIX
por meio da sua língua”, afirma a professora de ensino e XX). In: PANTOJA. S. (Org.). Identidades, memórias e
fundamental sobre a importância de restaurar a língua dos histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.
pataxós. O patxôhã está entre as línguas indígenas faladas no
Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último censo. A A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África
publicação Povos indígenas no Brasil 2011/2016, do Instituto Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante
Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se
portugueses, elas totalizavam mais de mil. observa pela
a) restrição à realização do comércio ambulante por africanos
Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 jun. escravizados e seus descendentes.
2019 (adaptado). b) convivência entre homens e mulheres livres, de diversas
origens, no pequeno comércio.
O movimento de recuperação da língua patxôhã assume um c) presença de mulheres negras no comércio de rua de
caráter identitário peculiar na medida em que diversos produtos e alimentos.
a) denuncia o processo de perseguição histórica sofrida pelos d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de
povos indígenas. origem dos escravizados.
b) conjuga o ato de resistência étnica à preservação da e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas
memória cultural. ao pequeno comércio urbano.
c) associa a preservação linguística ao campo da pesquisa
acadêmica. 4. (Enem)
d) estimula o retorno de povos indígenas a suas terras de Para os Impérios Coloniais, o problema das doenças que
origem. atingiam os escravos era algo com que cotidianamente
e) aumenta o número de línguas indígenas faladas no Brasil. deparavam os senhores. Em vista disso, uma série de obras
dedicadas à administração de escravos foi publicada com vista
2. (Enem) a implementar uma moderna gestão da mão de obra
A linhagem dos primeiros críticos ambientais brasileiros não escravista em convergência com O Iluminismo. Nesse
praticou o elogio laudatório da beleza e da grandeza do meio contexto, o saber médico adquiria um papel extremamente
natural brasileiro. O meio natural foi elogiado por sua riqueza relevante. Este era encarado como um instrumento
e potencial econômico, sendo sua destruição interpretada

2
fundamental ao desenvolvimento colonial, dada a percepção
do impacto que as doenças tropicais causavam na população Conforme o texto, o que caracteriza a construção da prática
branca e nos povos escravizados. medicinal descrita é a e adoção de rituais místicos.
a) adoção de rituais místicos.
ABREU, J. L. N. A Colônia enferma e a saúde dos povos: a b) rejeição dos dogmas cristãos.
medicina das “luzes” e as informações sobre as enfermidades c) superação da tradição popular.
da América portuguesa. História, Ciências, Saúde - d) imposição da farmacologia nativa.
Manguinhos, n. 3, jul.-set. 2007 (adaptado). e) conjugação de saberes empíricos.

De acordo com o texto, a importância da medicina se justifica 7. (Enem)


no âmbito dos objetivos TEXTO I
a) econômicos das elites.
b) naturalistas dos viajantes.
c) abolicionistas dos letrados.
d) tradicionalistas dos nativos.
e) emancipadores das metrópoles.

5. (Enem)
O povo Kambeba é o povo das águas. Os mais velhos
costumam contar que o povo nasceu de uma gota-d’água que
caiu do céu em uma grande chuva. Nessa gota estavam duas
gotículas: o homem e a mulher. “Por essa narrativa e
cosmologia indígena de que nós somos o povo das águas é
que o rio nos tem fundamental importância”, diz Márcia
Wayna Kambeba, mestre em Geografia e escritora. Todos os TEXTO II
dias, ela ia com o pai observar o rio. Ia em silêncio e, antes
que tomasse para si a palavra, era interrompida. “Ouço o rio”, A repugnante tarefa de carregar lixo e os dejetos da casa para
o pai dizia. Depois de cerca de duas horas a ouvir as águas do as praças e praias era geralmente destinada ao único escravo
Solimões, ela mergulhava. “Confie no rio e aprenda com ele”. da família ou ao de menor status ou valor. Todas as noites,
“Fui entender mais tarde, com meus estudos e vivências, que depois das dez horas, os escravos conhecidos popularmente
meu pai estava me apresentando à sabedoria milenar do rio”. como “tigres” levavam tubos ou barris de excremento e lixo
sobre a cabeça pelas ruas do Rio.
Rios amazônicos influenciam no agro e em reservatórios do
Sudeste. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 14 out. KARASCH. M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-
2021. 1950. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2000.

Pelo descrito no texto, o povo Kambeba tem o rio como um(a) A ação representada na imagem e descrita no texto evidencia
a) objeto tombado e museográfico. uma prática do cotidiano nas cidades no Brasil nos séculos
b) herança religiosa e sacralizada. XVIII e XIX caracterizada pela
c) cenário bucólico e paisagístico. a) valorização do trabalho braçal.
d) riqueza individual e efêmera. b) reiteração das hierarquias sociais.
e) patrimônio cultural e afetivo. c) sacralização das atividades laborais.
d) superação das exclusões econômicas.
6. (Enem) e) ressignificação das heranças religiosas.
De um lado, ancorados pela prática médica europeia, por
outro, pela terapêutica indígena, com seu amplo uso da flora 8. (Enem)
nativa, os jesuítas foram os reais iniciadores do exercício de Eu, Dom João, pela graça de Deus, faço saber a V. Mercê que
uma medicina híbrida que se tomou marca do Brasil colonial. me aprouve banir para essa cidade vários ciganos – homens,
Alguns religiosos vinham de Portugal já versados nas artes de mulheres e crianças – devido ao seu escandaloso
curar, mas a maioria aprendeu na prática diária as funções procedimento neste reino. Tiveram ordem de seguir em
que deveriam ser atribuídas a um físico, cirurgião, barbeiro ou diversos navios destinados a esse porto, e, tendo eu proibido,
boticário. por lei recente, o uso da sua língua habitual, ordeno a V.
Mercê que cumpra essa lei sob ameaça de penalidades, não
GURGEL, C. Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos. permitindo que ensinem dita língua a seus filhos, de maneira
São Paulo: Contexto 2010, (adaptado). que daqui por diante o seu uso desapareça.

3
poucos, que seria necessário deixar as confissões e tudo mais.
TEIXEIRA, R. C. História dos ciganos no Brasil. Recife: Núcleo Parece-me que a Companhia de Jesus deve ter e adquirir
da Estudos Ciganos, 2000. escravos, justamente, por meios que as Constituições
permitem, quando puder para nossos colégios e casas de
A ordem emanada da Coroa portuguesa para sua colônia meninos.
americana, em 1718, apresentava um tratamento da
identidade cultural pautado em LEITE, S. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de
a) converter grupos infiéis à religião oficial. Janeiro: Civilização Brasileira, 1938 (adaptado).
b) suprimir formas divergentes de interação social.
c) evitar envolvimento estrangeiro na economia local. O texto explicita premissas da expansão ultramarina
d) reprimir indivíduos engajados em revoltas nativistas. portuguesa ao buscar justificar a
e) controlar manifestações artísticas de comunidades a) propagação do ideário cristão.
autóctones. b) valorização do trabalho braçal.
c) adoção do cativeiro na Colônia.
9. (Enem) d) adesão ao ascetismo contemplativo,
Por que o Brasil continuou um só enquanto a América e) alfabetização dos indígenas nas Missões.
espanhola se dividiu em vários países?
11. (Enem)
Para o historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, no Brasil, O movimento sedicioso ocorrido na capitania de Pernambuco,
parte da sociedade era muito mais coesa ideologicamente do no ano 1817, foi analisado de formas diferentes por dois
que a espanhola. Carvalho argumenta que isso se deveu à meios de comunicação daquela época. O Correio Braziliense
tradição burocrática portuguesa. “Portugal nunca permitiu a apontou para o fato de ser "a comoção no Brasil motivada por
criação de universidades em sua colônia”. Por outro lado, na um descontentamento geral, e não por maquinações de
América espanhola, entre 1772 e 1872, 150 mil estudantes se alguns indivíduos". Já a Gazeta do Rio de Janeiro considerou o
formaram em universidades locais. Para o historiador movimento como um "pontual desvio de norma, apenas uma
mexicano Alfredo Ávila Rueda, as universidades na América ‘mancha’ nas ‘páginas da História Portuguesa’, tão distinta
espanhola eram, em sua maioria, reacionárias. Nesse sentido, pelos testemunhos de amor e respeito que os vassalos desta
o historiador mexicano diz acreditar que a livre circulação de nação consagram ao seu soberano".
impressos (jornais, livros e panfletos) na América espanhola,
que não era permitida na América portuguesa (a proibição só JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA C.
foi revertida em 1808), teve função muito mais importante na G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-
construção de regionalismos do que propriamente as 2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
universidades.
Os fragmentos das matérias jornalísticas sobre o
BARRUCHO, L. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 8 set. acontecimento, embora com percepções diversas,
2019 (adaptado). relacionam-se a um aspecto do processo de independência da
colônia luso-americana expresso em dissensões entre
Os pontos de vista dos historiadores referidos no texto são a) quadros dirigentes em torno da abolição da ordem
divergentes em relação ao escravocrata.
a) papel desempenhado pelas instituições de ensino na b) grupos regionais acerca da configuração político-territorial.
criação das múltiplas identidades. c) e intelectuais laicos acerca da revogação do domínio
b) controle exercido pelos grupos de imprensa na eclesiástico.
centralização das esferas administrativas. d) homens livres em tomo da extensão do direito de voto.
c) abandono sofrido pelas comunidades de docentes na e) elites locais acerca da ordenação do monopólio fundiário.
concepção de coletividades políticas.
d) lugar ocupado pelas associações de acadêmicos no 12. (Enem)
fortalecimento das agremiações estudantis. Afirmar que a cartografia da época moderna integrou o
e) protagonismo assumido pelos meios de comunicação processo de invenção da América por parte dos europeus
desenvolvimento das nações alfabetizadas. significa que os conhecimentos dos ameríndios sobre o
território foram ignorados pela cartografia europeia ou que
10. (Enem) eles foram privados de sua representação territorial e da
Porque todos confessamos não se poder viver sem alguns autoridade que seus conhecimentos tinham sobre o espaço.
escravos, que busquem a lenha e a água, e façam cada dia o
pão que se come, e outros serviços que não são possíveis OLIVEIRA, T. K. Desconstruindo mapas, revelando
poderem-se fazer pelos Irmãos Jesuítas, máxime sendo tão espacializações: reflexões sobre o uso da cartografia em

4
estudos sobre o Brasil colonial. Revista Brasileira de História, n. E pois que em outra cousa nesta parte me não posso vingar do
68, 2014 (adaptado). demônio, admoesto da parte da cruz de Cristo Jesus a todos
que este lugar lerem, que deem a esta terra o nome que com
Na análise contida no texto, a representação cartográfica da tanta solenidade lhe foi posto, sob pena de a mesma cruz que
América foi marcada por nos há de ser mostrada no dia final, os acusar de mais devotos
a) asserção da cultura dos nativos. do pau-brasil que dela.
b) avanço dos estudos do ambiente.
c) afirmação das formas de dominação. BARROS, J. In: SOUZA, L M. Inferno atlântico: demonologia e
d) exatidão da demarcação das regiões. colonização: séculos XVI-XVIII. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.
e) aprimoramento do conceito de fronteira.

13. (Enem) TEXTO II


A partir da segunda metade do século XVIII, o número de
escravos recém-chegados cresce no Rio e se estabiliza na E deste modo se hão os povoadores, os quais, por mais
Bahia. Nenhum lugar servia tão bem à recepção de escravos arraigados que na terra estejam e mais ricos que sejam, tudo
quanto o Rio de Janeiro. pretendem levar a Portugal, e, se as fazendas e bens que
possuem souberam falar, também lhes houveram de ensinar a
FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão. O Globo, 5 abr. dizer como os papagaios, aos quais a primeira coisa que
2015 (adaptado). ensinam é: papagaio real para Portugal, porque tudo querem
para lá.
Na matéria, o jornalista informa uma mudança na dinâmica do
tráfico atlântico que está relacionada à seguinte atividade: SALVADOR. F. V In: SOUZA, L. M. (Org.). História da vida
a) Coleta de drogas do sertão. privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América
b) Extração de metais preciosos. portuguesa. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.
c) Adoção da pecuária extensiva.
d) Retirada de madeira do litoral. As críticas desses cronistas ao processo de colonização
e) Exploração da lavoura de tabaco. portuguesa na América estavam relacionadas à
a) utilização do trabalho escravo.
14. (Enem) b) implantação de polos urbanos.
O processamento da mandioca era uma atividade já realizada c) devastação de áreas naturais.
pelos nativos que viviam no Brasil antes da chegada de d) ocupação de terras indígenas.
portugueses e africanos. Entretanto, ao longo do processo de e) expropriação de riquezas locais.
colonização portuguesa, a produção da farinha foi
aperfeiçoada e ampliada, tornando-se lugar-comum em todo 16. (Enem)
o território da colônia portuguesa na América. Com a A rebelião luso-brasileira em Pernambuco começou a ser
consolidação do comércio atlântico em suas diferentes urdida em 1644 e explodiu em 13 de junho de 1645, dia de
conexões, a farinha atravessou os mares e chegou aos Santo Antônio. Uma das primeiras medidas de João Fernandes
mercados africanos. foi decretar nulas as dívidas que os rebeldes tinham com os
holandeses. Houve grande adesão da “nobreza da terra”,
BEZERRA, N. R. Escravidão, farinha e tráfico atlântico: um entusiasmada com esta proclamação heroica.
novo olhar sobre as relações entre o Rio de Janeiro e Benguela
(1790-1830). Disponível em: www.bn.br. Acesso em: 20 ago. VAINFAS. R Guerra declarada e paz fingida na restauração
2014 (adaptado). portuguesa. Tempo, n. 27, 2009.

Considerando a formação do espaço atlântico, esse produto O desencadeamento dessa revolta na América portuguesa
exemplifica historicamente a seiscentista foi o resultado do(a)
a) difusão de hábitos alimentares. a) fraqueza bélica dos protestantes batavos.
b) disseminação de rituais festivos. b) comércio transatlântico da África ocidental.
c) ampliação dos saberes autóctones. c) auxílio financeiro dos negociantes flamengos.
d) apropriação de costumes guerreiros. d) diplomacia internacional dos Estados ibéricos.
e) diversificação de oferendas religiosas. e) interesse econômico dos senhores de engenho.

15. (Enem) 17. (Enem)


TEXTO I Outra importante manifestação das crenças e tradições
africanas na Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas

5
de mandinga”. A insegurança tanto física como espiritual Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G.
gerava uma necessidade generalizada de proteção: das (Org.). Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-
catástrofes da natureza, das doenças, da má sorte, da 2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
violência dos núcleos urbanos, dos roubos, das brigas, dos
malefícios de feiticeiros etc. Também para trazer sorte,
dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente nas Texto II
primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas
escravos, mas também homens brancos. Índio é um conceito construído no processo de conquista da
América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade
CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o
História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses,
Palavra, 2013 (adaptado). franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da
mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os
A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no texto astecas.
representava um(a)
a) expressão do valor das festividades da população pobre. SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos.
b) ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado. São Paulo: Contexto, 2005.
c) estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.
d) elemento de conversão dos escravos ao catolicismo Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos
romano. nativos pelos europeus, durante o período analisado, são
e) instrumento para minimizar o sentimento de desamparo reveladoras da
social. a) concepção idealizada do território, entendido como
geograficamente indiferenciado.
18. (Enem) b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, populações ameríndias.
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à territórios conquistados.
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus d) transposição direta das categorias originadas no imaginário
bens. medieval.
e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 abr. 20. (Enem)
2017. TEXTO I

A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse


preceito normativo tem em vista a vinculação histórica
fundamental entre
a) etnia e miscigenação racial.
b) sociedade e igualdade jurídica.
c) espaço e sobrevivência cultural.
d) progresso e educação ambiental.
e) bem-estar e modernização econômica.

19. (Enem)
Texto I

Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos


habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e,
ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles
aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico
desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro
da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do
que qualquer outro.

SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação.

6
A observação do cronista português Pero de Magalhães de
TEXTO II Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R na
Os santos tornaram-se grandes aliados da Igreja para atrair língua mencionada, demonstra a
novos devotos, pois eram obedientes a Deus e ao poder a) simplicidade da organização social das tribos brasileiras.
clerical. Contando e estimulando o conhecimento sobre a vida b) dominação portuguesa imposta aos índios no início da
dos santos, a Igreja transmitia aos fiéis os ensinamentos que colonização.
julgava corretos e que deviam ser imitados por escravos que, c) superioridade da sociedade europeia em relação à
em geral, traziam outras crenças de suas terras de origem, sociedade indígena.
muito diferentes das que preconizava a fé católica. d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos
portugueses.
OLIVEIRA; A. J. Negra devoção. Revista de História da e) dificuldade experimentada pelos portugueses no
Biblioteca Nacional, n. 20, maio 2007 (adaptado). aprendizado da língua nativa.

Posteriormente ressignificados no interior de certas 23. (Enem)


irmandades e no contato com outra matriz religiosa, o ícone e O índio era o único elemento então disponível para ajudar o
a prática mencionada no texto estiveram desde o século XVII colonizador como agricultor, pescador, guia, conhecedor da
relacionados a um esforço da Igreja Católica para natureza tropical e, para tudo isso, deveria ser tratado como
a) reduzir o poder das confrarias. gente, ter reconhecidas sua inocência e alma na medida do
b) cristianizar a população afro-brasileira. possível. A discussão religiosa e jurídica em torno dos limites
c) espoliar recursos materiais dos cativos. da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa entre
d) recrutar libertos para seu corpo eclesiástico. jesuítas e colonos. Os padres se apresentavam como
e) atender a demanda popular por padroeiros locais. defensores da liberdade, enfrentando a cobiça desenfreada
dos colonos.
21. (Enem)
O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora 34,
situações de contestação política na América Portuguesa, é 1999 (adaptado).
que o projeto que lhe era subjacente não tocou somente na
condição, ou no instrumento, da integração subordinada das Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conversão
colônias no império luso. Dessa feita, ao contrário do que se dos indígenas ao catolicismo. Essa aproximação dos jesuítas
deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avançou sobre a sua em relação ao mundo indígena foi mediada pela
decorrência. a) demarcação do território indígena.
b) manutenção da organização familiar.
JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C. c) valorização dos líderes religiosos indígenas.
G. (Org.). Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500- d) preservação do costume das moradias coletivas.
2000). São Paulo: Senac, 2000. e) comunicação pela língua geral baseada no tupi.

A diferença entre as sedições abordadas no texto encontrava- 24. (Enem)


se na pretensão de De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito
a) eliminar a hierarquia militar. formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande,
b) abolir a escravidão africana. porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com
c) anular o domínio metropolitano. arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não
d) suprimir a propriedade fundiária. pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma
e) extinguir o absolutismo monárquico. de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de
muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode
22. (Enem) tirar me parece que será salvar esta gente.
A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras;
convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.;
de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo:
dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além Contexto, 2001.
disto conta, nem peso, nem medida.
A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto
GÂNDAVO, P M. A primeira historia do Brasil: história da colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza
província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. o seguinte objetivo:
Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado). a) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.

7
b) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade
portuguesa. 27. (Enem)
c) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se desde as
econômico existente. Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com algumas
d) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazônia. A leste,
superioridade europeia. ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul
e) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para até o Maranhão. A oeste, aparecem (no rio da Prata) no
evidenciar a ausência de trabalho. Paraguai e nas terras baixas da Bolívia. Evitam as terras
inundáveis do Pantanal e marcam sua presença discretamente
25. (Enem) nos cerrados do Brasil central. De fato, ocuparam, de
Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados preferência, as regiões de floresta tropical e subtropical.
em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador
do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul para PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge
anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para Zahar. Editor, 2005.
o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo
que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza. Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais
específicas que os distinguiam de outras sociedades indígenas
“Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro”, Bahia apud DEL e dos colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani,
PRIORE, M. Festas e utopias no Brasil colonial. In: CATELLI JR., destacava-se
R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras. São Paulo: a) a organização em aldeias politicamente independentes,
Brasiliense, 1994 (adaptado). dirigidas por um chefe, eleito pelos indivíduos mais velhos da
tribo.
Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do b) a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter
Congo evidencia um processo de semissedentário de sua organização social.
a) exclusão social. c) a conquista de terras mediante operações militares, o que
b) imposição religiosa. permitiu seu domínio sobre vasto território.
c) acomodação política. d) o caráter pastoril de sua economia, que prescindia da
d) supressão simbólica. agricultura para investir na criação de animais.
e) ressignificação cultural. e) o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em
outras sociedades indígenas.
26. (Enem)
Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao ver os 28. (Enem)
franceses e os outros dos países longínquos terem tanto Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete
trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com
uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por suas setas. Não fazem o menor caso de encobrir ou de
que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses e mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em
portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e
Não tendes madeira em vossa terra?” metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos
seus são corredios.
LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças
Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974. CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história
do Brasil: documentos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997
O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um (adaptado).
diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual
demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha,
indígena no sentido documento fundamental para a formação da identidade
a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas brasileira. Tratando da relação que, desde esse primeiro
culturais. contato, se estabeleceu entre portugueses e indígenas, esse
b) da preocupação com a preservação dos recursos trecho da carta revela a
ambientais. a) preocupação em garantir a integridade do colonizador
c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais diante da resistência dos índios à ocupação da terra.
lucrativa do pau-brasil. b) postura etnocêntrica do europeu diante das características
d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas. físicas e práticas culturais do indígena.
e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os
períodos de inverno.

8
c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à c) do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com que os
utilização dos nativos como mão de obra para colonizar a nativos brasileiros aceitaram as regras impostas pelo
nova terra. colonizador, o que garantiu o sucesso da colonização.
d) oposição de interesses entre portugueses e índios, que d) da natural miscigenação, resultante da forma como a
dificultava o trabalho catequético e exigia amplos recursos metrópole incentivou a união entre colonos, ex-escravas e
para a defesa recursos para a defesa da posse da nova terra. nativas para acelerar o povoamento da colônia.
e) abundância da terra descoberta, o que possibilitou a sua e) do encontro, que identifica a colonização portuguesa como
incorporação aos interesses mercantis portugueses, por meio pacífica em função das relações de troca estabelecidas nos
da exploração econômica dos índios. primeiros contatos entre portugueses e nativos.

29. (Enem) 30. (Enem digital 2020)


Chegança As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em
cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta
Sou Pataxó, cadeira é seguida por um ou dois negros domésticos, trajados
Sou Xavante e Carriri, de librés mas com os pés nus. Se é uma mulher que se
Ianomâmi, sou Tupi transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras
Guarani, sou Carajá. indumentadas com asseio; elas vão enfeitadas com muitos
Sou Pancaruru, colares e brincos de ouro. Outras são levadas em uma rede.
Carijó, Tupinajé, Os que querem andar a pé são acompanhados por um negro,
Sou Potiguar, sou Caeté, que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira
Ful-ni-ô, Tupinambá chamar.

Eu atraquei num porto muito seguro, LARA, S. H. Fragmentos setecentistas. São Paulo: Cia. das
Céu azul, paz e ar puro... Letras, 2007 (adaptado).
Botei as pernas pro ar.
Logo sonhei que estava no paraíso, Essas práticas, relatadas pelo capelão de um navio que
Onde nem era preciso dormir para sonhar. ancorou na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1748,
simbolizavam o seguinte aspecto da sociedade colonial:
Mas de repente me acordei com a surpresa: a) A devoção de criados aos proprietários, como expressão da
Uma esquadra portuguesa veio na praia atracar. harmonia do elo patriarcal.
Da grande-nau b) A utilização de escravos bem-vestidos em atividades
Um branco de barba escura, degradantes, como marca da hierarquia social.
Vestindo uma armadura me apontou pra me pegar. c) A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do
E assustado dei um pulo da rede, medo da violência nos centros urbanos.
Pressenti a fome, a sede, d) A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais,
Eu pensei: “vão me acabar”. como fase de transição para o trabalho livre.
Levantei-me de Borduna já na mão. e) A concessão de vestes opulentas aos agregados, como
Aí, senti no coração, forma de amparo concedido pela elite senhorial.
O Brasil vai começar.
30. (Enem)
NÓBREGA, A.; FREIRE, W. CD Pernambuco falando para o Os cartógrafos portugueses teriam falseado as representações
mundo, 1998. do Brasil nas cartas geográficas, fazendo concordar o
meridiano com os acidentes geográficos de forma a ressaltar
uma suposta fronteira natural dos domínios lusos. O
A letra da canção apresenta um tema recorrente na história delineamento de uma grande lagoa que conectava a bacia
da colonização brasileira, as relações de poder entre platina com a amazônica já era visível nas primeiras descrições
portugueses e povos nativos, e representa uma crítica à ideia geográficas e mapas produzidos por Gaspar Viegas, no Atlas
presente no chamado mito de Lopo Homem (1519), nas cartas de Diogo Ribeiro (1525-27),
a) da democracia racial, originado das relações cordiais no planisfério de André Homen (1559), nos mapas de
estabelecidas entre portugueses e nativos no período anterior Bartolomeu Velho (1561).
ao início da colonização brasileira.
b) da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos KANTOR, Í. Usos diplomáticos da ilha-Brasil: polêmicas
nativos se associaram economicamente aos portugueses, cartográficas e historiográficas. Varia Historia, n. 37, 2007
participando dos negócios coloniais açucareiros. (adaptado).

9
De acordo com a argumentação exposta no texto, um dos línguas; na Babel do rio das Amazonas, já se conhecem mais
objetivos das representações cartográficas mencionadas era de cento e cinquenta. E assim, quando lá chegamos, todos nós
a) garantir o domínio da Metrópole sobre o território somos mudos e todos eles, surdos. Vede agora quanto estudo
cobiçado. e quanto trabalho serão necessários para que esses mudos
b) demarcar os limites precisos do Tratado de Tordesilhas. falem e esses surdos ouçam.
c) afastar as populações nativas do espaço demarcado.
d) respeitar a conquista espanhola sobre o Império Inca. VIEIRA, A. Sermões pregados no Brasil. In: RODRIGUES. J. H.
e) demonstrar a viabilidade comercial do empreendimento História viva. São Paulo: Global, 1985 (adaptado).
colonial.
No decorrer da colonização portuguesa na América, as
31. (Enem) tentativas de resolução do problema apontado pelo padre
As convicções religiosas dos escravos eram entretanto Antônio Vieira resultaram na
colocadas a duras provas quando de sua chegada ao Novo a) ampliação da violência nas guerras intertribais.
Mundo, onde eram batizados obrigatoriamente “para a b) desistência da evangelização dos povos nativos.
salvação de sua alma” e deviam curvar-se às doutrinas c) indiferença dos jesuítas em relação à diversidade de línguas
religiosas de seus mestres. lemanjá, mãe de numerosos outros americanas.
orixás, foi sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, e d) pressão da Metrópole pelo abandono da catequese nas
Nanã Buruku, a mais idosa das divindades das águas, foi regiões de difícil acesso.
comparada a Sant’Ana, mãe da Virgem Maria. e) sistematização das línguas nativas numa estrutura
gramatical facilitadora da catequese.
VERGER, P. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo.
São Paulo: Corrupio, 1981. 34. (Enem)
Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que
O sincretismo religioso no Brasil colônia foi uma estratégia repetem logo o que a gente diz e creio que depressa se fariam
utilizada pelos negros escravizados para cristãos; me pareceu que não tinham nenhuma religião. Eu,
a) compreender o papel do sagrado para a cultura europeia. comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui, por ocasião de
b) garantir a aceitação pelas comunidades dos convertidos. minha partida, seis deles para Vossas Majestades, para que
c) preservar as crenças e a sua relação com o sagrado. aprendam a falar.
d) integrar as distintas culturas no Novo Mundo.
e) possibilitar a adoração de santos católicos. COLOMBO, C. Diários da descoberta da América: as quatro
viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1984.
32. (Enem)
Simples, saborosa e, acima de tudo, exótica. Se a culinária O documento destaca um aspecto cultural relevante em torno
brasileira tem o tempero do estranhamento, esta verdade da conquista da América, que se encontra expresso em:
decorre de dois elementos: a dimensão do território e a a) Deslumbramento do homem branco diante do
infinidade de ingredientes. Percebe-se que o segredo da comportamento exótico das tribos autóctones.
cozinha brasileira é a mistura com ingredientes e técnicas b) Violência militarizada do europeu diante da necessidade de
indígenas. É esse o elemento que a torna autêntica. imposição de regras aos ameríndios.
c) Cruzada civilizacional frente à tarefa de educar os povos
POMBO, N. Cardápio Brasil. Nossa História, n. 29, mar. 2008 nativos pelos parâmetros ocidentais.
(adaptado). d) Comportamento caridoso dos governos europeus diante da
receptividade das comunidades indígenas.
O processo de formação identitária descrito no texto está e) Compromisso dos agentes religiosos diante da necessidade
associado à de respeitar a diversidade social dos índios.
a) imposição de rituais sagrados.
b) assimilação de tradições culturais.
c) tipificação de hábitos comunitários.
d) hierarquização de conhecimentos tribais.
e) superação de diferenças etnorraciais.

33. (Enem)
Quando Deus confundiu as línguas na torre de Babel,
ponderou Filo Hebreu que todos ficaram mudos e surdos,
porque, ainda que todos falassem e todos ouvissem, nenhum
entendia o outro. Na antiga Babel, houve setenta e duas

10
_ _História do Brasil_ 3. (Enem)
Apesar de derrotado na Batalha do Jenipapo, o exército de
Período Imperial sertanejos libertou três províncias nordestinas. Esse confronto
foi dos mais violentos, embora tenha ocorrido em um único
Primeiro Reinado dia — 13 de março de 1823. A batalha foi o resultado de
embates entre o poder português e a população sertaneja
piauiense, cearense e maranhense de todas as classes sociais,
1. (Enem) que formaram uma multidão de voluntários armados de
O major Schaeffer recebeu do governo de D. Pedro I instrumentos como facões, enxadas, foices, machados.
promessas de recompensa financeira para cada imigrante
recrutado. Para obter maior lucro, montou uma rede de DIAS, C. M. M. Entre foices e facões. Revista de História, n. 70,
subagentes espalhados pela Alemanha a fim de angariar jul. 2011 (adaptado).
colonos e soldados para emigração. Os alemães que
aceitavam vir para o sul do país achavam que receberiam 50 No processo de construção do Estado nacional, esse conflito
hectares de terra, vacas, bois e cavalos, auxílio de um franco oferece um contraponto à narrativa focada em D. Pedro ao
por pessoa no primeiro ano e de 50 cêntimos no segundo; evidenciar o(a)
além da isenção de impostos nos primeiros dez anos, a) vigor do legado patrimonialista.
liberação do serviço militar, nacionalização imediata e b) imposição da solução republicana.
liberdade de culto. Entretanto, no decorrer dos anos, vários c) deficiência das tropas metropolitanas.
desses compromissos nunca foram cumpridos. d) protagonismo da resistência autônoma.
e) continuidade das contradições políticas.
A Hora. Caderno especial: 192 anos de colonização alemã no
RS. Disponível em: https://issuu.com. Acesso em: 8 set. 2016 4. (Enem)
(adaptado). No Império do Brasil, apesar do apego a certo ideário do
Antigo Regime, as ideias e práticas políticas inéditas que se
Considerando a conjuntura histórica da primeira metade do moldaram e se redefiniram naquela conjuntura acabaram por
século XIX, essa política imigratória tinha como objetivo converter a Coroa em Estado e fizeram com que a política
a) legitimar a utilização do trabalho livre. deixasse os círculos palacianos privados para emprestar uma
b) garantir a ocupação dos territórios platinos. nova dimensão à praça pública. Por conseguinte, o novo
c) possibilitar a aplicação da reforma fundiária. império não mais podia fugir à obrigação de conduzir a
d) promover o incremento do comércio fronteiriço. sociedade, fazendo-se reger por uma Constituição, ainda que
e) assegurar a modernização das frentes agrícolas. outorgada, e articulando-se por meio de uma divisão de
poderes que respeitasse, a princípio, pelo menos, a
2. (Enem) participação daqueles considerados cidadãos.
Constituição Política do Império do Brasil (de 25 de março de
1824) NEVES, L. M. B. P. O governo de D. João: tensões entre ideias
liberais e práticas do Antigo Regime. In: CARVALHO, J. M.;
Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização CAMPOS, A. P. (Org.). Perspectiva da cidadania no Brasil
política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para
que incessantemente vele sobre a manutenção da Com base no texto, na formação do Estado brasileiro
independência, equilíbrio e harmonia dos demais Poderes prevaleceram ideias e práticas derivadas dos princípios
Políticos. a) iluministas.
b) federalistas.
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2015 c) republicanos.
(adaptado). d) democráticos.
e) abolicionistas.
A apropriação das ideias de Montesquieu no âmbito da norma
constitucional citada tinha o objetivo de 5. (Enem)
a) expandir os limites das fronteiras nacionais. Art. 90. As nomeações dos deputados e senadores para a
b) assegurar o monopólio do comércio externo. Assembleia Geral, e dos membros dos Conselhos Gerais das
c) legitimar o autoritarismo do aparelho estatal. províncias, serão feitas por eleições, elegendo a massa dos
d) evitar a reconquista pelas forças portuguesas. cidadãos ativos em assembleias paroquiais, os eleitores de
e) atender os interesses das oligarquias regionais. província, e estes, os representantes da nação e província.

11
Art. 92. São excluídos de votar nas assembleias paroquiais:
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais se não
compreendem os casados, os oficiais militares, que forem
maiores de vinte e um anos, os bacharéis formados e os
clérigos de ordens sacras.
II. Os filhos de famílias, que estiverem na companhia de seus
pais, salvo se servirem a ofícios públicos.
III. Os criados de servir, em cuja classe não entram os guarda-
livros, e primeiros caixeiros das casas de comércio, os criados
da Casa Imperial, que não forem de galão branco, e os
administradores das fazendas rurais e fábricas.
IV. Os religiosos e quaisquer que vivam em comunidade
claustral.
V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por
bens de raiz, indústria, comércio, ou emprego.

BRASIL. Constituição de 1824. Disponível em:


www.planalto.gov.br. Acesso em: 4 abr. 2015 (adaptado).

De acordo com os artigos do dispositivo legal apresentado, o


sistema eleitoral instituído no início do Império é marcado
pelo(a)
a) representação popular e sigilo individual.
b) voto indireto e perfil censitário.
c) liberdade pública e abertura política.
d) ética partidária e supervisão estatal.
e) caráter liberal e sistema parlamentar.

6. (Enem)
Entre os combatentes estava a mais famosa heroína da
Independência. Nascida em Feira de Santana, filha de
lavradores pobres, Maria Quitéria de Jesus tinha trinta anos
quando a Bahia começou a pegar em armas contra os
portugueses. Apesar da proibição de mulheres nos batalhões
de voluntários, decidiu se alistar às escondidas. Cortou os
cabelos, amarrou os seios, vestiu-se de homem e incorporou-
se às fileiras brasileiras com o nome de Soldado Medeiros.

GOMES, L. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

No processo de Independência do Brasil, o caso mencionado é


emblemático porque evidencia a
a) rigidez hierárquica da estrutura social.
b) inserção feminina nos ofícios militares.
c) adesão pública dos imigrantes portugueses.
d) flexibilidade administrativa do governo imperial.
e) receptividade metropolitana aos ideais emancipatórios.

12
_ _História do Brasil_ b) consolidação dos ideais republicanos.
c) promoção da identidade brasileira.
d) elaboração das leis abolicionistas.
Período Imperial e) eclosão de revoltas regenciais.

Regência 3. (Enem)
Depois da Independência, em 1822, o país enfrentaria
1. (Enem) problemas que com frequência emergiram durante a
Uns viam na abdicação uma verdadeira revolução, sonhando formação dos Estados nacionais da América Latina. Em muitas
com um governo de conteúdo republicano; outros exigiam o regiões do Brasil, essas divergências foram acompanhadas de
respeito à Constituição, esperando alcançar, assim, a revoltas, inclusive contra o imperador D. Pedro I. Com a
consolidação da Monarquia. Para alguns, somente uma abdicação deste, em 1831, o país atravessaria tempos ainda
Monarquia centralizada seria capaz de preservar a integridade mais turbulentos sob o regime regencial.
territorial do Brasil; outros permaneciam ardorosos
defensores de uma organização federativa, à semelhança da REIS, J. J. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos
jovem República norte-americana. Havia aqueles que Malês em 1835. São Paulo: Cia. das Letras, 2003 (adaptado).
imaginavam que somente um Poder Executivo forte seria
capaz de garantir e preservar a ordem vigente; assim como A instabilidade política no país, ao longo dos períodos
havia os que eram favoráveis à atribuição de amplas mencionados, foi decorrente da(s)
prerrogativas à Câmara dos Deputados, por entenderem que a) disputas entre as tendências unitarista e federalista.
somente ali estariam representados os interesses das diversas b) tensão entre as forças do Exército e Marinha nacional.
províncias e regiões do Império. c) dinâmicas demográficas nas fronteiras amazônica e platina.
d) extensão do direito de voto aos estrangeiros e ex-escravos.
MATTOS, I. R.; GONÇALVES, M. A. O Império da boa sociedade: e) reivindicações da ex-metrópole nas esferas comercial e
a consolidação do Estado imperial brasileiro. São Paulo: Atual, diplomática.
1991 (adaptado).
4. (Enem)
O cenário descrito revela a seguinte característica política do A população africana residente nesta província, bem como a
período regencial: de todo o Império, compõe-se de indivíduos de diferentes
a) Instalação do regime parlamentar. lugares da África que variam em costumes e religiões; a que
b) Realização de consultas populares. aqui segue o maometismo, à qual pertencemos, é uma
c) Indefinição das bases institucionais. população pequena, porém, distinta entre si, e notando a
d) Limitação das instâncias legislativas. necessidade de sustentarmos nosso culto e fundados ainda no
e) Radicalização das disputas eleitorais. artigo 5º da Constituição do Império, requeremos ao sr. chefe
de polícia licença para exercermos o culto.
2. (Enem)
Quando as elites de cada região do país procuraram REIS, J. J.; GOMES, F. S.; CARVALHO, M. J. M. O Alufá Rufino:
estabelecer sua autonomia em relação ao governo central, tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico negro (1822-1853).
elas se confrontaram com o espectro de uma anarquia social. São Paulo: Cia. das Letras, 2010 (adaptado).
Em uma sociedade escravocrata, a possibilidade de tal
desordem ameaçava tudo. Líderes locais apoderaram-se da O pedido de um grupo de africanos de Recife ao chefe de
legitimidade que a Monarquia oferecia como uma tábua de polícia local tinha como objetivo, naquele contexto,
salvação, e o Estado monárquico central que eles construíram a) criticar a doutrina oficial.
os trouxe à terra firme. Os vínculos que se seguiram entre as b) professar uma fé alternativa.
várias regiões levaram a um sentimento de solidariedade. O c) assegurar a cidadania política.
Estado, portanto, fomentou a emergência de uma nação única: d) legalizar os terreiros de candomblé.
o Brasil. e) eliminar algumas tradições culturais.

GRAHAM, R. Construindo uma nação no Brasil do século XIX:


visões novas e antigas sobre classe, cultura e Estado. Diálogos
(UEM), n. 1, 2001 (adaptado).

A aliança entre as elites regionais e o Estado monárquico


resultou na
a) predominância do Partido Conservador.

13
_ _História do Brasil_ a Balaiada, no Maranhão, e a Sabinada, na Bahia. Mas, de
todas elas, a Revolução Farroupilha era aquela que mais
preocuparia, não só pela sua longa duração como pela sua
Período Imperial situação fronteiriça da província do Rio Grande,
tradicionalmente a garantidora dos limites e dos interesses
Segundo Reinado antes lusitanos e agora nacionais do Prata.

1. (Enem) PESAVENTO, S. J. Farrapos com a faca na bota. In: FIGUEIREDO,


Lei n. 601, de 18 de setembro de 1850 L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da
Palavra, 2013.
D. Pedro II, por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos
Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do A característica regional que levou uma das revoltas citadas a
Brasil: Fazemos saber, a todos os nossos súditos, que a ser mais preocupante para o governo central era a
Assembleia Geral decretou, e nós queremos a Lei seguinte: a) autonomia bélica local.
Art. 1º Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por b) coesão ideológica radical.
outro título que não seja o de compra. c) liderança política situacionista.
d) produção econômica exportadora.
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2014 e) localização geográfica estratégica.
(adaptado).
4. (Enem)
Considerando a conjuntura histórica, o ordenamento jurídico A expedição que alcançava a foz do Rio Mucuri era liderada
abordado resultou na por Teófilo Benedito Ottoni (1807-1869), empresário e
a) mercantilização do trabalho livre. político mineiro, que lá pretendia abrir um porto para ligar
b) retração das fronteiras agrícolas. Minas ao mar. A localidade de Filadélfia era a materialização
c) demarcação dos territórios indígenas. desse sonho. O nome escolhido era, ao mesmo tempo, uma
d) concentração da propriedade fundiária. homenagem à cidade símbolo da independência dos Estados
e) expropriação das comunidades quilombolas. Unidos e um manifesto de adesão a ideais igualitários. Essa
filosofia também transparecia na relação com os índios, com
2. (Enem) os quais o político mineiro procurou negociar a ocupação do
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) reuniu território em troca do respeito ao que hoje chamaríamos de
historiadores, romancistas, poetas, administradores públicos e reserva.
políticos em torno da investigação a respeito do caráter
brasileiro. Em certo sentido, a estrutura dessa instituição, pelo ARAÚJO, V. L. Uma utopia republicana. Revista de História da
menos como projeto, reproduzia o modelo centralizador Biblioteca Nacional, n. 67, abr. 2011 (adaptado).
imperial. Assim, enquanto na Corte localizava-se a sede, nas
províncias deveria haver os respectivos institutos regionais. Um elemento que caracterizou, no âmbito da sociedade
Estes, por sua vez, enviariam documentos e relatos regionais monárquica, o projeto inovador abordado no texto foi
para a capital. a) introduzir o protestantismo como mecanismo de integração
social.
DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Uma breve história do Brasil. b) ampliar a cidadania para integrar os grupos autóctones da
São Paulo: Planeta do Brasil, 2010 (adaptado). região.
c) aceitar os aborígenes como mão de obra do
De acordo com o texto, durante o reinado de D. Pedro II, o empreendimento.
referido instituto objetivava d) reconhecer os nativos para discutir a forma de ocupação do
a) construir uma narrativa de nação. terreno.
b) debater as desigualdades sociais. e) incorporar a doutrina liberal como fundamento das
c) combater as injustiças coloniais. relações citadinas.
d) defender a retórica do abolicionismo.
e) evidenciar uma diversidade étnica. 5. (Enem)
O ponto de partida para o nascimento de uma cozinha
3. (Enem) brasileira foi o livro de receitas Cozinheiro Imperial, de 1840.
A Regência iria enfrentar uma série de rebeliões nas Estimulava a nobreza e os ricos a acrescentarem ingredientes
províncias, marcadas pela reação das elites locais contra o e pratos locais em suas festas. A princesa Isabel comemorou
centralismo monárquico levado a efeito pelos interesses dos as bodas de prata com um banquete no qual foram servidos
setores ligados ao café da Corte, como a Cabanagem, no Pará, bolo de mandioca e canja à brasileira.

14
c) religiosos, pela diminuição da frequência aos cultos.
RIBEIRO, M. Fome imperial: Dom Pedro II não era um gourmet, d) oficiais, pelo despreparo militar dos novos recrutas.
mas ajudou a dar forma à gastronomia brasileira. Aventuras e) senhores, pela perda do investimento em mão de obra.
na História, mar. 2014 (adaptado).
8. (Enem)
O uso da culinária popular brasileira, no contexto apresentado, O movimento abolicionista, que levou à libertação dos
colaborou para escravos pela Lei Áurea em 13 de maio de 1888, foi a primeira
a) enfraquecer as elites agrárias. campanha de dimensões nacionais com participação popular.
b) romper os laços coloniais. Nunca antes tantos brasileiros se haviam mobilizado de forma
c) reforçar a religião católica. tão intensa por uma causa comum, nem mesmo durante a
d) construir a identidade nacional. Guerra do Paraguai. Envolvendo todas as regiões e classes
e) humanizar o regime escravocrata. sociais, carregou multidões a comícios e manifestações
públicas e mudou de forma dramática as relações políticas e
6. (Enem) sociais que até então vigoravam no país.
Nas décadas de 1860 e 1870, as escolas criadas ou recriadas,
em geral, previam a presença de meninas, mas se GOMES, L. 1889. São Paulo: Globo, 2013 (adaptado).
atrapalhavam na hora de colocar a ideia em prática. Na
província do Rio de Janeiro, várias tentativas foram feitas e O movimento social citado teve como seu principal veículo de
todas malsucedidas: colocar rapazes e moças em dias propagação o(a)
alternados e, em 1874, em prédios separados. Para complicar, a) imprensa escrita.
na Assembleia, um grupo de deputados se manifestava b) oficialato militar.
contrário ao desperdício de verbas para uma instituição c) corte palaciana.
“desnecessária”, e a sociedade reagia contra a ideia de d) clero católico.
coeducação. e) câmara de representantes.

VILLELA, H. O. S. O mestre-escola e a professora. In: LOPES, E. 9. (Enem)


M. T.; FARIA FILHO, L. M.; VEIGA, C. G. (Org.). 500 anos de Na segunda metade do século XIX, a capoeira era uma marca
educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2003 da tradição rebelde da população trabalhadora urbana na
(adaptado). maior cidade do Império do Brasil, que reunia escravos e livres,
brasileiros e imigrantes, jovens e adultos, negros e brancos. O
As dificuldades retratadas estavam associadas ao seguinte que mais os unia era pertencer aos porões da sociedade, e na
aspecto daquele contexto histórico: última escala do piso social estavam os escravos africanos.
a) Formação enciclopédica dos currículos.
b) Restrição do papel da mulher à esfera privada. SOARES, C. E. L. Capoeira mata um. In: FIGUEIREDO, L. História
c) Precariedade de recursos na educação formal. do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
d) Vinculação da mão de obra feminina às áreas rurais.
e) Oferta reduzida de profissionais do magistério público. De acordo com o texto, um fator que contribuiu para a
construção da tradição mencionada foi a
7. (Enem) a) elitização de ritos católicos.
Nas cidades, os agentes sociais que se rebelavam contra o b) desorganização da vida rural.
arbítrio do governo também eram proprietários de escravos. c) redução da desigualdade racial.
Levavam seu protesto às autoridades policiais pelo d) mercantilização da cultura popular.
recrutamento sem permissão. Conseguimos levantar, em e) diversificação dos grupos participantes.
ocorrências policiais de 1867, na Província do Rio de Janeiro,
140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para
serem enviados aos campos de batalha.

SOUSA, J. P. Escravidão ou morte: os escravos brasileiros na


Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: Mauad; Adesa, 1996.

Desconstruindo o mito dos “voluntários da pátria”, o texto


destaca o descontentamento com a mobilização para a Guerra
do Paraguai expresso pelo grupo dos
a) pais, pela separação forçada dos filhos.
b) cativos, pelo envio compulsório ao conflito. 10. (Enem)

15
cantado por escravos e seus descendentes no Brasil no século
XIX, e procuram expressar a
a) exploração rural.
b) bravura senhorial.
c) resistência cultural.
d) violência escravista.
e) ideologia paternalista.

12. (Enem)
Lei n. 3 353, de 13 de maio de 1888

A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o


Imperador, o Senhor
D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a
Assembleia-Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão
no Brasil.
Art. 2º: Revogam-se as disposições em contrário.
Com seu manto real em verde e amarelo, as cores da casa dos Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o
Habsburgo e Bragança, mas que lembravam também os tons
conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a
da natureza do “Novo Mundo”, cravejado de estrelas
cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como
representando o Cruzeiro do Sul e, finalmente, com o cabeção nela se contém.
de penas de papo de tucano em volta do pescoço, D. Pedro II
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888,
foi coroado imperador do Brasil. O monarca jamais foi tão
67º ano da Independência e do Império.
tropical. Entre muitos ramos de café e tabaco, coroado como
um César em meio a coqueiros e paineiras, D. Pedro Princesa Imperial Regente.
transformava-se em sinônimo da nacionalidade.
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 6 fev. 2015
SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um (adaptado).
monarca nos trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998
(adaptado).
Um dos fatores que levou à promulgação da lei apresentada
No Segundo Reinado, a Monarquia brasileira recorreu ao foi o(a)
simbolismo de determinadas figuras e alegorias. A análise da
a) abandono de propostas de imigração.
imagem e do texto revela que o objetivo de tal estratégia era
b) fracasso do trabalho compulsório.
a) exaltar o modelo absolutista e despótico. c) manifestação do altruísmo britânico.
b) valorizar a mestiçagem africana e nativa.
d) afirmação da benevolência da Corte.
c) reduzir a participação democrática e popular.
e) persistência da campanha abolicionista.
d) mobilizar o sentimento patriótico e antilusitano.
e) obscurecer a origem portuguesa e colonizadora.
13. (Enem)
Os caixeiros do comércio a retalho do Rio de Janeiro estiveram
11. (Enem)
entre as primeiras categorias de trabalhadores a se organizar
Ô ô, com tanto pau no mato
em associações e a exigir a intervenção dos poderes públicos
Embaúba* é coroné
na mediação de suas lutas por direitos. Na década de 1880, os
Com tanto pau no mato, ê ê
caixeiros participaram da arena política e ganharam as ruas
Com tanto pau no mato
com vários outros, como os republicanos e os abolicionistas.
Embaúba é coroné
POPINIGIS, F. “Todas as liberdades são irmãs”: os caixeiros e
*Embaúba: árvore comum e inútil por ser podre por dentro,
as lutas dos trabalhadores por direitos entre o Império e a
segundo o historiador Stanley Stein.
República. Estudos Históricos, n. 59, set-dez. 2018 (adaptado)
STEIN, S. J. Vassouras: um município brasileiro de café, 1850-
1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990 (adaptado).
A atuação dos trabalhadores mencionados no texto
representou, na capital do Império, um momento de
a) manutenção das regras patronais.
Os versos fazem parte de um jongo, gênero poético-musical

16
b) desprendimento das ideias liberais. ao(à)
c) fortalecimento dos contratos laborais. a) surgimento de novas práticas culturais.
d) consolidação das estruturas sindicais. b) contestação de antigos hábitos masculinos.
e) contestação dos princípios monárquicos. c) valorização de recentes publicações juvenis.
d) circulação de variados manuais pedagógicos.
13. (Enem) e) aparecimento de diversas editoras comerciais.

14. (Enem)
TEXTO I

Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos


negros em relação à população de cor. A maioria já havia
conquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias
possíveis. No entanto, a importância histórica da lei de 1888
não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O
impacto que a extinção da escravidão causou numa sociedade
constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a
pessoa não cabe em cifras.

ALBUQUERQUE. W. O jogo da dissimulação: Abolição e


Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009
1850, pouco mais de uma década após o Golpe da Maioridade. (adaptado).
Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e
os elementos simbólicos destacados, essas imagens
representavam um TEXTO II
a) jovem maduro que agiria de forma irresponsável.
b) imperador adulto que governaria segundo as leis. Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população
c) líder guerreiro que comandaria as vitórias militares. livre do Rio de Janeiro se tornou mais numerosa e
d) soberano religioso que acataria a autoridade papal. diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes,
e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo. e com os africanos mais aculturados, certamente não se
distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e
15. (Enem) pardos livres habitantes da cidade. Também já não é razoável
O número cada vez maior de mulheres letradas e interessadas presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente cativa,
pela literatura e pelas novelas, muitas divulgadas em capítulos, pois os negros libertos e livres poderiam ser encontrados em
seções, classificadas comumente como folhetim, alçou a um toda parte.
gênero de ficção corrente já em 1840, fazendo parte do
florescimento da literatura nacional brasileira, instigando a CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas
formação e a ampliação de um público leitor feminino, ávido décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das Letras,
por novidades, pelo apelo dos folhetins e “narrativas 1990 (adaptado).
modernas” que encenavam “os dramas e os conflitos de uma
mulher em processo de transformação patriarcal e Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no
provinciana que, progressivamente, começava a se abrir para Texto I que complementa os argumentos apresentados no
modernizar seus costumes”. No Segundo Reinado, as Texto II é o(a)
mulheres foram se tornando público determinante na a) variedade das estratégias de resistência dos cativos.
construção da literatura e da imprensa nacional. E não apenas b) controle jurídico exercido pelos proprietários.
público, porquanto crescerá o número de escritoras que c) inovação social representada pela lei.
colaboram para isso e emergirá uma imprensa feminina, d) ineficácia prática da libertação.
editada, escrita e dirigida por e para mulheres. e) significado político da Abolição.

ABRANTES, A. Do álbum de família à vitrine impressa: trajetos 17. (Enem)


de retratos (PB, 1920). Revista Temas em Educação, n. 24, Durante os anos de 1854-55, o governo brasileiro – por meio
2015 (adaptado). de sua representação diplomática em Londres – e os livre-
cambistas ingleses – nas colunas do Daily News e na Câmara
dos Comuns – aumentaram a pressão pela revogação da Lei
O registro das atividades descritas associa a inserção da figura Aberdeen. O governo britânico, entretanto, ainda receava que,
feminina nos espaços de leitura e escrita do Segundo Reinado

17
sem um tratado anglo-brasileiro satisfatório para substituí-la,
não haveria nada que impedisse os brasileiros de um dia
voltarem aos seus velhos hábitos.

BETHELL, L. A abolição do comércio brasileiro de escravos.


Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).

As tensões diplomáticas expressas no texto indicam o


interesse britânico em
a) estabelecer jurisdição conciliadora.
b) compartilhar negócios marítimos.
c) fomentar políticas higienistas.
d) manter a proibição comercial.
e) promover o negócio familiar.
As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II, procuram
15. (Enem) transmitir determinadas representações políticas acerca dos
Respeitar a diversidade de circunstâncias entre as pequenas dois monarcas e seus contextos de atuação. A ideia que cada
sociedades locais que constituem uma mesma nacionalidade, imagem evoca é, respectivamente
tal deve ser a regra suprema das leis internas de cada Estado. a) Habilidade militar — riqueza pessoal.
As leis municipais seriam as cartas de cada povoação doadas b) Liderança popular — estabilidade política.
pela assembleia provincial, alargadas conforme o seu c) Instabilidade econômica — herança europeia.
desenvolvimento, alteradas segundo os conselhos da d) Isolamento político — centralização do poder.
experiência. Então, administrar-se-ia de perto, governar-se-ia e) Nacionalismo exacerbado — inovação administrativa.
de longe, alvo a que jamais se atingirá de outra sorte.
17. (Enem)
BASTOS, T. A província (1870). São Paulo: Cia. Editora Nacional, Ninguém desconhece a necessidade que todos os fazendeiros
1937 (adaptado). têm de aumentar o número de seus trabalhadores. E como
até há pouco supriam-se os fazendeiros dos braços
O discurso do autor, no período do Segundo Reinado no Brasil, necessários? As fazendas eram alimentadas pela aquisição de
tinha como meta a implantação do escravos, sem o menor auxílio pecuniário do governo. Ora, se
a) regime monárquico representativo. os fazendeiros se supriam de braços à sua custa, e se é
b) sistema educacional democrático. possível obtê-los ainda, posto que de outra qualidade, por que
c) modelo territorial federalista. motivo não hão de procurar alcançá-los pela mesma maneira,
d) padrão político autoritário. isto é, à sua custa?
e) poder oligárquico regional.
Resposta de Manuel Felizardo de Sousa e Mello, diretor geral
16. (Enem) das Terras Públicas, ao Senador Vergueiro. In: ALENCASTRO, L.
F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das
Letras, 1988 (adaptado).

O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do Império


refere-se às mudanças então em curso no campo brasileiro,
que confrontam o Estado e a elite agrária em torno do
objetivo de
a) fomentar ações públicas para ocupação das terras do
interior.
b) adotar o regime assalariado para proteção da mão de obra
estrangeira.
c) definir uma política de subsídio governamental para o
fomento da imigração.
d) regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para a
sobrevivência das fazendas.
e) financiar afixação de famílias camponesas para estímulo da
agricultura de subsistência.

18
18. (Enem)
A poetisa Emília Freitas subiu a um palanque, nervosa, 20. (Enem)
pedindo desculpas por não possuir títulos nem conhecimentos,
mas orgulhosa ofereceu a sua pena que “sem ser hábil, é, em
compensação, guiada pelo poder da vontade”. Maria Tomásia
pronunciava orações que levantavam os ouvintes. A escritora
Francisca Clotilde arrebatava, declamando seus poemas.
Aquelas “angélicas senhoras”, “heroínas da caridade”,
levantavam dinheiro para comprar liberdades e usavam de
seu entusiasmo a fim de convencer os donos de escravos a
fazerem alforrias gratuitamente.

MIRANOA, A. Disponível em: www.opovoonline.com.br.


Acesso em: 10 jun. 2015.
De volta do Paraguai
As práticas culturais narradas remetem, historicamente, ao Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter derramado
movimento seu sangue em defesa da pátria e libertado um povo da
a) feminista. escravidão, o voluntário volta ao seu país natal para ver sua
b) sufragista. mãe amarrada a um tronco horrível de realidade!...
c) socialista.
d) republicano. AGOSTINI. “A vida fluminense”, ano 3, n. 128, 11 jun. 1870. In:
e) abolicionista. LEMOS, R. (Org). Uma história do Brasil através da caricatura
(1840-2001). Rio de Janeiro: Letras & Expressões, 2001
19. (Enem) (adaptado).
A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra
servil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Não Na charge, identifica-se uma contradição no retorno de parte
deve sê-lo, tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos dos “Voluntários da Pátria” que lutaram na Guerra do
Estados Unidos. Ela poderia desaparecer, talvez, depois de Paraguai (1864-1870), evidenciada na
uma revolução, como aconteceu na França, sendo essa a) negação da cidadania aos familiares cativos.
revolução obra exclusiva da população livre. É no Parlamento b) concessão de alforrias aos militares escravos.
e não em fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e c) perseguição dos escravistas aos soldados negros.
praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa da d) punição dos feitores aos recrutados compulsoriamente.
liberdade. e) suspensão das indenizações aos proprietários prejudicados.

NABUCO, J. O abolicionismo [1883]. Rio de Janeiro: Nova 21. (Enem)


Fronteira; São Paulo: Publifolha 2000 (adaptado). Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser
possível por meio da compra com pagamento em dinheiro.
No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político sobre Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à
como deveria ocorrer o fim da escravidão no Brasil, no qual terra para os trabalhadores escravos que conquistavam a
a) copiava o modelo haitiano de emancipação negra. liberdade.
b) incentivava a conquista de alforrias por meio de ações
judiciais. OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações
c) optava pela via legalista de libertação. recentes. In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo:
d) priorizava a negociação em torno das indenizações aos Edusp, 2009.
senhores.
e) antecipava a libertação paternalista dos cativos. O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
a) reforma agrária.
b) expansão mercantil.
c) concentração fundiária.
d) desruralização da elite.
e) mecanização da produção.

22. (Enem)
A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas
mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia,

19
autonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atestada
por viajantes e por missionários portugueses que visitaram a
costa a partir do século XV, consta também na ampla
documentação sobre a região. A literatura é rica em
referências às grandes mulheres como as vendedoras
ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a autonomia
e mobilidade, é tão típico da região.

HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência


feminina e representações em mudança na Guiné (séculos XIX
e XX). In: PANTOJA. S. (Org.). Identidades, memórias e
histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.

A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África


Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante
das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se
observa pela
a) restrição à realização do comércio ambulante por africanos
escravizados e seus descendentes.
b) convivência entre homens e mulheres livres, de diversas
origens, no pequeno comércio.
c) presença de mulheres negras no comércio de rua de
diversos produtos e alimentos.
d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de
origem dos escravizados.
e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas
ao pequeno comércio urbano.

20
_ _História do Brasil_ 3. (Enem)

Período Republicano
República da Espada
1. (Enem)
O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da
figura do alferes Xavier o principal dos Inconfidentes, e
colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem,
decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o
que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que
chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos
seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o
enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber
o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto
que pagou por todos.

ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892.


Na imagem, o autor procura representar as diferentes
No processo de transição para a República, a narrativa
gerações de uma família associada a uma noção consagrada
machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa
pelas elites intelectuais da época, que era a de
a) redenção cristã e cultura cívica.
a) defesa da democracia racial.
b) veneração aos santos e radicalismo militar.
b) idealização do universo rural.
c) apologia aos protestantes e culto ufanista.
c) crise dos valores republicanos.
d) tradição messiânica e tendência regionalista.
d) constatação do atraso sertanejo.
e) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.
e) embranquecimento da população.
2. (Enem)
4. (Enem)
Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima
Em 1881, a Câmara dos Deputados aprovou uma reforma na
voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo caíra o
lei eleitoral brasileira, a fim de introduzir o voto direto. A
regime. Sentou-se e viu que tinham tirado da parede a velha
grande novidade, porém, ficou por conta da exigência de que
litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na
os eleitores soubessem ler e escrever.
ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:
As consequências logo se refletiram nas estatísticas.
– Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?
Em 1872, havia mais de 1 milhão de votantes, já em 1886,
O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso:
pouco mais de 100 mil cidadãos participaram das eleições
– Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
parlamentares. Houve um corte de quase 90 por cento do
– Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima.
eleitorado.
E, sentando-se, pensou com tristeza:
– Não dou três anos para que isso seja uma República!
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).
AZEVEDO, A. Vidas alheias. Porto Alegre, s.e, 1901 (adaptado).

A crônica de Artur Azevedo, retratando os dias imediatos à


Nas últimas décadas do século XIX, o Império do Brasil passou
instauração da República no Brasil, refere-se ao(à)
por transformações como as descritas, que representaram a
a) ausência de participação popular no processo de queda da
a) ascensão dos “homens bons”.
Monarquia.
b) restrição dos direitos políticos.
b) tensão social envolvida no processo de instauração do novo
c) superação dos currais eleitorais.
regime.
d) afirmação do eleitorado monarquista.
c) mobilização de setores sociais na restauração do antigo
e) ampliação da representação popular.
regime.
d) temor dos setores burocráticos com o novo regime.
5. (Enem)
e) demora na consolidação do novo regime.
Passada a festa da abolição, os ex-escravos procuraram
distanciar-se do passado de escravidão, negando-se a se

21
comportar como antigos cativos. Em diversos engenhos do
Nordeste, negaram-se a receber a ração diária e a trabalhar
sem remuneração. Quando decidiram ficar, isso não significou
que concordassem em se submeter às mesmas condições de
trabalho do regime anterior.

FRAGA, W; ALBUQUERQUE, W. R. Uma história da cultura


afro-brasileira. São Paulo: Moderna, 2009 (adaptado).

Segundo o texto, os primeiros anos após a abolição da


escravidão no Brasil tiveram como característica o(a)
a) caráter organizativo do movimento negro.
b) equiparação racial no mercado de trabalho.
c) busca pelo reconhecimento do exercício da cidadania.
d) estabelecimento do salário mínimo por projeto legislativo.
e) entusiasmo com a extinção das péssimas condições de
trabalho.

6. (Enem)
Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, 1890

Dos crimes contra a saúde pública

Art. 156. Exercer a medicina em qualquer dos seus ramos, a


arte dentária ou a farmácia; praticar a homeopatia, a
dosimetria, o hipnotismo ou magnetismo animal, sem estar
habilitado segundo as leis e regulamentos.
Art. 158. Ministrar, ou simplesmente prescrever, como meio
curativo para uso interno ou externo, e sob qualquer forma
preparada, substância de qualquer dos reinos da natureza,
fazendo, ou exercendo assim, o ofício denominado curandeiro.

Disponível em: http//legis.senado.gov.br. Acesso em: 21 dez.


2014 (adaptado).

No início da Primeira República, a legislação penal vigente


evidenciava o(a)
a) negligência das religiões cristãs sobre as moléstias.
b) desconhecimento das origens das crenças tradicionais.
c) preferência da população pelos tratamentos alopáticos.
d) abandono pela comunidade das práticas terapêuticas de
magia.
e) condenação pela ciência dos conhecimentos populares de
cura.

22
_ _História do Brasil_ e) início da Primeira Guerra Mundial, que paralisou o
comércio internacional e provocou o declínio da economia
brasileira.
Período Republicano
3. (Enem)
República Oligárquica

1. (Enem)
Na construção da ferrovia Madeira-Mamoré, o que dizer dos
doentes, eternos moribundos a vagar entre delírios febris,
doses de quinino e corredores da morte? O Hospital da
Candelária era santuário e túmulo, monumento a progresso
científico e preâmbulo da escuridão. Foi ali, com suas
instalações moderníssimas, que médicos e sanitaristas
dirigiram seu combate aos males tropicais. As maiores vítimas,
contudo, permaneceriam na sombra à margem do palco,
cobaias sem consolo, credores sem nome de uma sociedade
que não lhes concedera tempo algum para ser decifrada.

FOOT HARDMAN, F. Trem fantasma: modernidade na selva.


São Paulo: Cia. das Letras, 1988 (adaptado).

No texto, há uma crítica ao modo de ocupação do espaço


amazônico pautada na
a) discrepância entre engenharia ambiental e equilíbrio da
fauna.
b) incoerência entre maquinaria estrangeira e controle da
floresta.
c) incompatibilidade entre investimento estatal e proteção
aos nativos.
d) competição entre farmacologia internacional e produtos da
Uma scena franco-brazileira: “franco” – pelo local e os
fitoterapia.
personagens, o local que é Paris e os personagens que são
e) contradição entre desenvolvimento nacional e respeito aos
trabalhadores. pessoas do povo da grande capital; “brazileira” pelo que ahi se
está bebendo: café do Brazil. O Lettreiro diz a verdade
2. (Enem) apregoando que esse é o melhor de todos os cafés. (Essa
página foi desenhada especialmente para A Ilustração
Em 1914, o preço da borracha despencou no mercado
Brazileira pelo Sr. Tofani, desenhista do Je Sais Tout.)
internacional; dois anos depois, 200 firmas foram à falência
em Manaus. E assim acabou o sonho de quem acendia
A Ilustração Brazileira, n. 2, 15 jun. 1909 (adaptado).
charutos com notas de 1.000 réis. A cidade entrou em colapso.

National Geographic, n. 143, fev. 2012 (adaptado). A página do periódico do início do século XX documenta um
importante elemento da cultura francesa, que é revelador do
papel do Brasil na economia mundial, indicado no seguinte
O súbito declínio da atividade econômica mencionada foi
aspecto:
provocado pelo(a)
a) carência de meios de transporte que permitissem uma
a) Prestador de serviços gerais.
rápida integração entre as áreas produtoras e consumidoras.
b) Exportador de bens industriais.
b) produção nas plantações de seringueiras do sudeste
asiático, que ocasionou um excesso da produção mundial. c) Importador de padrões estéticos.
c) chamado encilhamento, que resultou na desvalorização da d) Fornecedor de produtos agrícolas.
e) Formador de padrões de consumo.
moeda brasileira após forte especulação na Bolsa de Valores.
d) fim da migração de nordestinos para a Amazônia, que
gerou uma enorme carência de mão de obra na região. 4. (Enem)
TEXTO I

23
c) exaltação da beleza e da rigidez da forma, que justificavam
Embora eles, artistas modernos, se deem como novos a adaptação da estética europeia à realidade brasileira.
precursores duma arte a ir, nada é mais velho que a arte d) impacto de novas linguagens estéticas, que alteravam o
anormal. De há muitos já que a estudam os psiquiatras em conceito de arte e abasteciam a busca por uma produção
seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que artística nacional.
ornam as paredes internas dos manicômios. Essas e) influência dos movimentos artísticos europeus de
considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti. vanguarda, que levava os modernistas a copiarem suas
Sejam sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti técnicas e temáticas.
quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural.
5. (Enem)
LOBATO, M. Paranoia ou mistificação: a propósito da TEXTO I
exposição de Anita Malfatti. O Estado de São Paulo, 20 Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história,
dez.1917 (adaptado). resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo,
na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer,
TEXTO II quando caíram os seus últimos defensores, que todos
Anita Malfatti, possuidora de uma afta consciência do que faz, morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos
a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinquenta e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco
trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes mil soldados.
hostilidades. As suas telas chocam o preconceito fotográfico
que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.
de pintura. Na arte, a realidade na ilusão é o que todos
procuram. E os naturalistas mais perfeitos são os que melhor
conseguem iludir. TEXTO II
Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro
ANDRADE. O. A exposição Anita Malfatti. Jornal do Commercio, fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por
11 jan. 1918 (adaptado). ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de
16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem
intimados para deporem as armas, investiram com enorme
TEXTO III fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a
sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam
acesa por longos meses, naquele recanto do território
nacional.

SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina,


1902.

Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de


representações que se perpetuariam na memória construída
sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a
atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da
a) manipulação e incompetência.
b) ignorância e solidariedade.
c) hesitação e obstinação.
d) esperança e valentia.
e) bravura e loucura.

6. (Enem)
Já em 1901, um dos primeiros levantamentos sobre a situação
A análise dos documentos apresentados demonstra que o da indústria no estado de São Paulo constata que as mulheres
cenário artístico brasileiro no primeiro quartel do século XX representavam cerca de 49,95% do operariado têxtil,
era caracterizado pelo(a) enquanto que as crianças respondiam por 22,79%. Em outras
a) domínio do academicismo, que dificulta a recepção da palavras, 72,74% dos empregados têxteis eram mulheres e
vertente realista na obra de Anita Malfatti. crianças.
b) dissonância entre as vertentes artísticas, que divergiam
sobre a validade do modelo estético europeu. DEL PRIORE, M. (Org.). História das mulheres no Brasil. São

24
Paulo: Contexto, 2001 (adaptado). b) programa de democratização do ensino.
c) aliança de oligarquias partidárias estaduais.
Os dados apresentados indicam que o cotidiano do trabalho d) irrupção de levantes populares espontâneos.
industrial no início do século XX estava vinculado à e) discurso de inspiração social-darwinista e eugenista.
a) ampliação da mão de obra fabril.
b) limitação da jornada laboral. 9. (Enem)
c) exigência de qualificação profissional. Em finais do século XIX, o boom da exploração do látex –
d) elevação da produtividade feminina. goma elástica amplamente empregada na fabricação de
e) ausência de direitos sociais. correias de transmissão nas máquinas, de batentes, de
encapamentos de fios elétricos que tanto propiciaram a
7. (Enem) expansão das comunicações e da transmissão de energia,
além de ser utilizada na fabricação de pneumáticos – fez com
que se desenvolvesse na Amazônia brasileira, colombiana e
boliviana o fenômeno que, no Brasil, ficou conhecido como
correria – prática de correr atrás dos indígenas para matá-los
e, assim, dominar seus territórios para produzir látex.

GONÇALVES, C. W. P. Disponível em:


http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar. Acesso em: 13 abr. 2015
(adaptado).

No momento histórico apresentado, o sistema produtivo


amazônico mencionado ficou marcado pelo(a)
a) subjugação de povos originários.
b) esgotamento de recursos naturais.
c) formação de cooperativas extrativas.
d) modernização dos parques industriais.
e) desapropriação de terras improdutivas.

10. (Enem)
A charge, publicada em 1907, concorda com a ação do Estado
No aluir das paredes, no ruir das pedras, no esfacelar do barro,
ao considerar, preconceituosamente, determinada ocupação
havia um longo gemido. Era o gemido soturno e lamentoso do
do espaço urbano como um
Passado, do Atraso, do Opróbrio. A cidade colonial, imunda,
a) risco à saúde e à moral pública.
retrógrada, emperrada nas velhas tradições, estava soluçando
b) foco de instabilidade e agitação política.
no soluçar daqueles apodrecidos materiais que desabavam.
c) perigo à segurança e à unidade nacional.
Mas o hino claro das picaretas abafava esse projeto impotente.
d) abrigo de escravos e condenados foragidos.
Com que alegria cantavam elas – as picaretas regeneradoras!
e) reduto de intolerância e perseguição religiosa.
E como as almas dos que ali estavam compreendiam o que
elas diziam, no clamor incessante e rítmico, celebrando a
8. (Enem)
vitória da higiene, do bom gosto e da arte.
Com direitos civis, mas sem direitos políticos, além das
mulheres, milhões de camponeses iletrados, em sua maioria
BILAC, O. Crônica (1904). Apud SEVCENKO, N. Literatura como
não brancos, num contexto altamente racista e racializado,
missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira
milhares de imigrantes estrangeiros recém-chegados e de ex-
República. São Paulo: Brasiliense, 1995.
escravos recém-libertos não deixaram, apesar disso, de agir
politicamente e de influir decisivamente no devir da república
De acordo com o texto, a “picareta regeneradora” do
em formação.
alvorecer do século XX significava a
a) erradicação dos símbolos monárquicos.
MATTOS, H. A vida política. In: SCHWARCZ, L. M. (Org.). A
b) restauração das edificações seculares.
abertura para o mundo: 1889-1930. Rio de Janeiro: Objetiva,
c) interrupção da especulação imobiliária.
2012.
d) reconstrução das moradias populares.
e) reestruturação do espaço urbano.
Um meio pelo qual esses grupos exerceram a cidadania, nas
11. (Enem)
primeiras décadas do regime político mencionado, foi o(a)
Sendo função social antes que direito, o voto era concedido
a) prática do sufrágio livre e universal.

25
àqueles a quem a sociedade julgava poder confiar sua b) combater a corrupção eleitoral perpetrada pelas oligarquias
preservação. No Império, como na República, foram excluídos regionais.
os pobres (seja pela renda, seja pela exigência de c) restaurar a segurança das fronteiras negligenciadas pelo
alfabetização), os mendigos, as mulheres, os menores de governo central.
idade, os praças de pré, os membros de ordens religiosas. d) organizar as frentes camponesas envolvidas na luta pela
reforma agrária.
CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a e) pacificar os movimentos operários radicalizados pelo
República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1996. anarco-sindicalismo.

A restrição à participação eleitoral mencionada no texto 14. (Enem)


visava assegurar o poder político aos(às) A Revolta da Vacina (1904) mostrou claramente o aspecto
a) assalariados urbanos. defensivo, desorganizado, fragmentado da ação popular. Não
b) oligarquias regionais. se negava o Estado, não se reivindicava participação nas
c) empresários industriais. decisões políticas; defendiam-se valores e direitos
d) profissionais liberais. considerados acima da intervenção do Estado.
e) círculos militares.
CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a
12. (Enem) República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987
Chamando o repórter de “cidadão”, em 1904, o preto (adaptado).
acapoeirado justificava a revolta: era para “não andarem
dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando é bom a A mobilização analisada representou um alerta, na medida em
negrada mostrar que sabe morrer como homem!”. Para ele, a que a ação popular questionava
vacinação em si não era importante – embora não admitisse a) a alta de preços.
de modo algum deixar os homens da higiene meter o tal ferro b) a política clientelista.
em suas virilhas. O mais importante era “mostrar ao governo c) as reformas urbanas.
que ele não põe o pé no pescoço do povo”. d) o arbítrio governamental.
e) as práticas eleitorais.
CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a
República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 15. (Enem)
(adaptado). Os seus líderes terminaram presos e assassinados. A
“marujada” rebelde foi inteiramente expulsa da esquadra.
A referida Revolta, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro no Num sentido histórico, porém, eles foram vitoriosos. A
início da República, caracterizou-se por ser uma “chibata” e outros castigos físicos infamantes nunca mais
a) agitação incentivada pelos médicos. foram oficialmente utilizados; a partir de então, os
b) atitude de resistência dos populares. marinheiros – agora respeitados – teriam suas condições de
c) estratégia elaborada pelos operários. vida melhoradas significativamente. Sem dúvida fizeram
d) tática de sobrevivência dos imigrantes. avançar a História.
e) ação de insurgência dos comerciantes.
MAESTRI, M. 1910: A revolta dos marinheiros – uma saga
13. (Enem) negra. São Paulo: Global, 1982.
O tenentismo veio preencher um espaço: o vazio deixado pela
falta de lideranças civis aptas a conduzirem o processo A eclosão desse conflito foi resultado da tensão acumulada na
revolucionário brasileiro que começava a sacudir as já caducas Marinha do Brasil pelo(a)
instituições políticas da República Velha. Os “tenentes” a) engajamento de civis analfabetos após a emergência de
substituíram os inexistentes partidos políticos de oposição aos guerras externas.
governos de Epitácio Pessoa e de Artur Bernardes. b) insatisfação de militares positivistas após a consolidação da
política dos governadores.
PRESTES, A. L. Uma epopeia brasileira: a Coluna Prestes. São c) rebaixamento de comandantes veteranos após a repressão
Paulo: Moderna, 1995 (adaptado). a insurreições milenaristas.
d) sublevação das classes populares do campo após a
Um dos objetivos do movimento político abordado no texto instituição do alistamento obrigatório.
era e) manutenção da mentalidade escravocrata da oficialidade
a) unificar as Forças Armadas pelo comando do Exército após a queda do regime imperial.
nacional.
16. (Enem)

26
Rodrigo havia sido indicado pela oposição para fiscal duma fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio
das mesas eleitorais. Pôs o revólver na cintura, uma caixa de do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um
balas no bolso e encaminhou-se para seu posto. A chamada sistema político nacional, com base em barganhas entre o
dos eleitores começou às sete da manhã. Plantados junto da governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos cargos
porta, os capangas do Trindade ofereciam cédulas com o públicos, desde o delegado de polícia ate a professora
nome dos candidatos oficiais a todos os eleitores que primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo
entravam. Estes, em sua quase totalidade, tomavam na forma de voto.
docilmente dos papeluchos e depositavam-nos na urna,
depois de assinar a autêntica. Os que se recusavam a isso CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história
tinham seus nomes acintosamente anotados. política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998 (adaptado).

VERISSIMO. E. O tempo e o vento. São Paulo: Globo. 2003


(adaptado). No contexto da Primeira República no Brasil, as relações
políticas descritas baseavam-se na
Erico Veríssimo tematiza em obra ficcional o seguinte aspecto a) coação das milícias locais.
característico da vida política durante a Primeira República: b) estagnação da dinâmica urbana.
a) Identificação forçada de homens analfabetos. c) valorização do proselitismo partidário.
b) Monitoramento legal dos pleitos legislativos. d) disseminação de práticas clientelistas.
c) Repressão explícita ao exercício de direito. e) centralização de decisões administrativas.
d) Propaganda direcionada à população do campo.
e) Cerceamento policial dos operários sindicalizados. 19. (Enem)
O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime era a
17. (Enem) organização de outro pacto de poder que pudesse substituir o
Art. 1º – O estrangeiro que, por qualquer motivo, arranjo imperial com grau suficiente de estabilidade. O
comprometer a segurança nacional ou a tranquilidade pública, próprio presidente Campos Sales resumiu claramente seu
pode ser expulso de parte ou de todo o território nacional. objetivo: “É de lá, dos estados, que se governa a República,
por cima das multidões que tumultuam agitadas nas ruas da
Art. 2º – São também causas bastantes para a expulsão: capital da União. A política dos estados é a política nacional”.

1ª) a condenação ou processo pelos tribunais estrangeiros por CARVALHO, J. M. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a
crimes ou delitos de natureza comum; República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987
2ª) duas condenações, pelo menos, pelos tribunais brasileiros, (adaptado).
por crimes ou delitos de natureza comum;
3ª) a vagabundagem, a mendicidade e o lenocínio Nessa citação, o presidente do Brasil no período expressa uma
competentemente verificados. estratégia política no sentido de
a) governar com a adesão popular.
BRASIL. Lei 1.641, de 7 de janeiro de 1907. Disponível em: b) atrair o apoio das oligarquias regionais.
www2.camara.leg.br. Acesso em: 29 ago. 2012 (adaptado). c) conferir maior autonomia às prefeituras.
d) democratizar o poder do governo central.
No início do século XX, na transição do trabalho escravo para e) ampliar a influência da capital no cenário nacional.
o livre, os objetivos da legislação citada eram
a) disciplinar o trabalhador e evitar sua participação em 20. (Enem)
movimentos políticos contrários ao governo. Na primeira década do século XX, reformar a cidade do Rio de
b) estabelecer as condições para a vinda dos imigrantes e Janeiro passou a ser o sinal mais evidente da modernização
definir as regiões que seriam ocupadas. que se desejava promover no Brasil. O ponto culminante do
c) demonstrar preocupação com as condições de trabalho e esforço de modernização se deu na gestão do prefeito Pereira
favorecer a organização sindical. Passos, entre 1902 e 1906. “O Rio civilizava-se” era frase
d) criar condições políticas para a imigração e isolar os célebre à época e condensava o esforço para iluminar as vielas
imigrantes socialmente indesejáveis. escuras e esburacadas, controlar as epidemias, destruir os
e) estimular o trabalho urbano e disciplinar as famílias cortiços e remover as camadas populares do centro da cidade.
estrangeiras nas fábricas.
OLIVEIRA, L. L. Sinais de modernidade na Era Vargas: vida
18. (Enem) literária, cinema e rádio. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A.
O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças (Org.). O tempo do nacional-estatismo: do início ao apogeu do
entre os proprietários rurais e o governo, e significava o

27
Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

O processo de modernização mencionado no texto trazia um


paradoxo que se expressava no(a)
a) substituição de vielas por amplas avenidas.
b) impossibilidade de se combaterem as doenças tropicais.
c) ideal de civilização acompanhado de marginalização.
d) sobreposição de padrões arquitetônicos incompatíveis.
e) projeto de cidade incompatível com a rugosidade do relevo.

21. (Enem)
A diplomacia de Rio Branco, paradigmática para o período,
buscou atender a três principais objetivos: a definição das
fronteiras, o aumento do prestígio internacional do país e a
afirmação da liderança brasileira na América do Sul. Para a
A charge, datada de 1910, ao retratar a implantação da rede
consecução desses fins, de modo bastante realista, Rio Branco
telefônica no Brasil, indica que esta
optou pela política de “aliança não escrita” com os Estados
a) permitiria aos índios se apropriarem da telefonia móvel.
Unidos.
b) ampliaria o contato entre a diversidade de povos indígenas.
c) faria a comunicação sem ruídos entre grupos sociais
SANTOS, L. C. V. G. O dia em que adiaram o carnaval: política
distintos.
externa e a construção do Brasil. São Paulo: EdUNESP, 2010
d) restringiria a sua área de atendimento aos estados do norte
(adaptado).
do país.
e) possibilitaria a integração das diferentes regiões do
No texto em questão, a política externa esteve direcionada
território nacional.
para
a) obter um status de hegemonia no continente americano,
23. (Enem)
descartando a atuação britânica na região pela aliança com os
Canto dos lavradores de Goiás
Estados Unidos e, futuramente, suplantar esse aliado
ocasional.
Tem fazenda e fazenda
b) distanciar as ligações com a Inglaterra e aproximar-se da
Que é grande perfeitamente
órbita de influência estadunidense, porém estrategicamente
Sobe serra desce serra
mantendo a autonomia na atuação e objetivos traçados.
Salta muita água corrente
c) ampliar as tensões regionais, num movimento belicista que
Sem lavoura e sem ninguém
apontava para a resolução dos conflitos pela via militar,
O dono mora ausente.
contando com o apoio político e material dos Estados Unidos.
Lá só tem caçambeiro
d) cumprir a agenda norte-americana identificada como a
Tira onda de valente
Doutrina Monroe e a política do Big Stick, numa atuação de
Isso é que é grande barreira
submissão calculada, procurando minimizar os efeitos
Que está em nossa frente
negativos de tais investidas.
Tem muita gente sem terra
e) estabilizar as tensões no continente americano e,
Tem muita terra sem gente.
concomitantemente, buscar alcançar objetivos estratégicos
geograficamente localizados fora do espaço continental.
MARTINS, J. S. Cativeiro da terra. São Paulo: Ciências Humanas,
1979.
22. (Enem)
No canto registrado pela cultura popular, a característica do
mundo rural brasileiro no século XX destacada é a
a) atuação da bancada ruralista.
b) expansão da fronteira agrícola.
c) valorização da agricultura familiar.
d) manutenção da concentração fundiária.
e) implementação da modernização conservadora.

24. (Enem)

28
Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da
economia cafeeira se apresentava como se segue. A produção, A crítica presente no texto remete ao acordo que
que se encontrava em altos níveis, teria que seguir crescendo, fundamentou o regime republicano brasileiro durante as três
pois os produtores haviam continuado a expandir as primeiras décadas do século XX e fortaleceu o(a)
plantações até aquele momento. Com efeito, a produção a) poder militar, enquanto fiador da ordem econômica.
máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais b) presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder dos
baixo da depressão, como reflexo das grandes plantações de coronéis.
1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter c) domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa.
crédito no exterior para financiar a retenção de novos d) intervenção nos estados, autorizada pelas normas
estoques, pois o mercado internacional de capitais se constitucionais.
encontrava em profunda depressão, e o crédito do governo e) isonomia do governo federal no tratamento das disputas
desaparecera com a evaporação das reservas. locais.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. 27. (Enem)


Editora Nacional, 1997 (adaptado). Eu mesmo me apresento: sou Antônio:
sou Antônio Vicente Mendes Maciel
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica (provim da batalha de Deus versus demônio
mencionada foi o(a) Com a res publica marca de Caim).
a) atração de empresas estrangeiras. Moisés, do Êxodo ao Deuteronômio,
b) reformulação do sistema fundiário. Sou natural de Quixeramobim,
c) incremento da mão de obra imigrante. O Antônio Conselheiro deste chão
d) desenvolvimento de política industrial. Que vai ser mar e o mar vai ser sertão.
e) financiamento de pequenos agricultores.
ACCIOLY, M. Antônio Conselheiro. In: FERNANDES, R. (Org.). O
25. (Enem) clarim e a oração: cem anos de Os sertões. São Paulo: Geração
O trabalho de recomposição que nos espera não admite Editorial, 2001.
medidas contemporizadoras. Implica o reajustamento social e
econômico de todos os rumos até aqui seguidos. Comecemos O poema, escrito em 2001, contribui para a construção de
por desmontar a máquina do favoritismo parasitário, com uma determinada memória sobre o movimento de Canudos,
toda sua descendência espúria. ao retratar seu líder como
a) crítico do regime político recém-proclamado.
Discurso de posse de Getúlio Vargas como chefe do governo b) partidário da abolição da escravidão.
provisório, pronunciado em 03 de novembro de 1930. c) contrário à distribuição da terra para os humildes.
d) defensor da autonomia política dos municípios.
FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em documento. Rio de Janeiro: e) porta-voz do catolicismo ortodoxo romano.
Mauad, 1999 (adaptado).
28. (Enem)
Em seu discurso de posse, como forma de legitimar o regime No final do século XIX, as Grandes Sociedades carnavalescas
político implantado em 1930, Getúlio Vargas estabelece uma alcançaram ampla popularidade entre os foliões cariocas. Tais
crítica ao sociedades cultivavam um pretensioso objetivo em relação à
a) funcionamento regular dos partidos políticos. comemoração carnavalesca em si mesma: com seus desfiles
b) controle político exercido pelas oligarquias estaduais. de carros enfeitados pelas principais ruas da cidade,
c) centralismo presente na Constituição então em vigor. pretendiam abolir o entrudo (brincadeira que consistia em
d) mecanismo jurídico que impedia as fraudes eleitorais. jogar água nos foliões) e outras práticas difundidas entre a
e) imobilismo popular nos processos político-eleitorais. população desde os tempos coloniais, substituindo-os por
formas de diversão que consideravam mais civilizadas,
26. (Enem) inspiradas nos carnavais de Veneza. Contudo, ninguém
Nos estados, entretanto, se instalavam as oligarquias, de cujo parecia disposto a abrir mão de suas diversões para assistir ao
perigo já nos advertia Saint-Hilaire, e sob o disfarce do que se carnaval das sociedades. O entrudo, na visão dos seus
chamou “a política dos governadores”. Em círculos animados praticantes, poderia coexistir perfeitamente com os
concêntricos esse sistema vem cumular no próprio poder desfiles.
central que é o sol do nosso sistema.
PEREIRA, C. S. Os senhores da alegria: a presença das
PRADO, P. Retrato do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, mulheres nas Grandes Sociedades carnavalescas cariocas em
1972. fins do século XIX. In: CUNHA, M. C. P. Carnavais e outras

29
frestas: ensaios de história social da cultura. Campinas:
Unicamp; Cecult, 2002 (adaptado).

Manifestações culturais como o carnaval também têm sua


própria história, sendo constantemente reinventadas ao longo
do tempo. A atuação das Grandes Sociedades, descrita no
texto, mostra que o carnaval representava um momento em
que as
a) distinções sociais eram deixadas de lado em nome da
celebração.
b) aspirações cosmopolitas da elite impediam a realização da
festa fora dos clubes.
c) liberdades individuais eram extintas pelas regras das
autoridades públicas.
d) tradições populares se transformavam em matéria de
disputas sociais.
e) perseguições policiais tinham caráter xenófobo por
repudiarem tradições estrangeiras.

29. (Enem)
No alvorecer do século XX, o Rio de Janeiro sofreu, de fato,
uma intervenção que alterou profundamente sua fisionomia e
estrutura, e que repercutiu como um terremoto nas condições
de vida da população.

BENCHIMOL, J. Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade


do Rio de Janeiro. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A.N. O Brasil
republicano: o tempo do liberalismo excludente. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

O texto refere-se à reforma urbanística ocorrida na capital da


República, na qual a ação governamental e seu resultado
social encontram-se na:
a) Cobrança de impostos — ocupação da periferia.
b) Destruição de cortiços — revolta da população pobre.
c) Criação do transporte de massa — ampliação das favelas.
d) Construção de hospitais públicos — insatisfação da elite
urbana.
e) Edificação de novas moradias — concentração de
trabalhadores.

30
_ _História do Brasil_ Essa imagem foi impressa em cartilha escolar durante a
vigência do Estado Novo com o intuito de
a) destacar a sabedoria inata do líder governamental.
Período Republicano b) atender a necessidade familiar de obediência infantil.
c) promover o desenvolvimento consistente das atitudes
Era Vargas solidárias.
d) conquistar a aprovação política por meio do apelo
1. (Enem) carismático.
Nos primeiros anos do governo Vargas, as organizações e) estimular o interesse acadêmico por meio de exercícios
operárias sob controle das correntes de esquerda tentaram se intelectuais.
opor ao seu enquadramento pelo Estado. Mas a tentativa
fracassou. Além do governo, a própria base dessas 3. (Enem)
organizações pressionou pela legalização. Vários benefícios, A regulação das relações de trabalho compõe uma estrutura
como as férias e a possibilidade de postular direitos perante complexa, em que cada elemento se ajusta aos demais. A
as Juntas de Conciliação e Julgamento, dependiam da Justiça do Trabalho é apenas uma das peças dessa vasta
condição de ser membro de sindicato reconhecido pelo engrenagem. A presença de representantes classistas na
governo. composição dos órgãos da Justiça do Trabalho é também
resultante da montagem dessa regulação. O poder normativo
FAUSTO, B. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp; também reflete essa característica. Instituída pela
Imprensa Oficial do Estado, 2002 (adaptado). Constituição de 1934, a Justiça do Trabalho só vicejou no
ambiente político do Estado Novo instaurado em 1937.

No contexto histórico retratado pelo texto, a relação entre ROMITA, A. S. Justiça do Trabalho: produto do Estado Novo. In:
governo e movimento sindical foi caracterizada PANDOLFI, D. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de
a) pelas benesses sociais do getulismo. Janeiro: Editora FGV, 1999.
b) por um diálogo democraticamente constituído.
c) por uma legislação construída consensualmente.
d) pelo reconhecimento de diferentes ideologias políticas. A criação da referida instituição estatal na conjuntura histórica
e) pela vinculação de direitos trabalhistas à tutela do Estado. abordada teve por objetivo
a) legitimar os protestos fabris.
2. (Enem) b) ordenar os conflitos laborais.
c) oficializar os sindicatos plurais.
d) assegurar os princípios liberais.
e) unificar os salários profissionais.

4. (Enem)
Em 1935, o governo brasileiro começou a negar vistos a
judeus. Posteriormente, durante o Estado Novo, uma circular
secreta proibiu a concessão de vistos a “pessoas de origem
semita”, inclusive turistas e negociantes, o que causou uma
queda de da imigração judaica ao longo daquele ano.
Entretanto, mesmo com as imposições da lei, muitos judeus
continuaram entrando ilegalmente no país durante a guerra e
as ameaças de deportação em massa nunca foram
concretizadas, apesar da extradição de alguns indivíduos por
sua militância política.

GRIMBERG, K. Nova língua interior: 500 anos de história dos


judeus no Brasil. In: IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio
de Janeiro: IBGE, 2000 (adaptado).

Uma razão para a adoção da política de imigração


mencionada no texto foi o(a)
a) receio do controle sionista sobre a economia nacional.
b) reserva de postos de trabalho para a mão de obra local.

31
c) oposição do clero católico à expansão de novas religiões. limites das classes, assume, com uma feição mais humana, a
d) apoio da diplomacia varguista às opiniões dos líderes sua verdadeira função social, preparando-se para formar “a
árabes. hierarquia democrática” pela “hierarquia das capacidades”,
e) simpatia de membros da burocracia pelo projeto totalitário recrutadas em todos os grupos sociais, a que se abrem as
alemão. mesmas oportunidades de educação. Ela tem, por objeto,
organizar e desenvolver os meios de ação durável com o fim
5. (Enem) de “dirigir os desenvolvimentos natural e integral do ser
A depressão que afetou a economia mundial entre 1929 e humano em cada uma das etapas de seu crescimento”, de
1934 se anunciou, ainda em 1928, por uma queda acordo com uma certa concepção do mundo.
generalizada nos preços agrícolas internacionais. Mas o fator
mais marcante foi a crise financeira detonada pela quebra da Disponível em: www.histedbr.fe.unicamp.br. Acesso em: 7 out.
Bolsa de Nova Iorque. 2015.

Disponível em: http://cpdoc.fgv.br. Acesso em: 20 abr. 2015 Os autores do manifesto citado procuravam contrapor-se ao
(adaptado). caráter oligárquico da sociedade brasileira. Nesse sentido, o
trecho propõe uma relação necessária entre
Perante o cenário econômico descrito, o Estado brasileiro a) ensino técnico e mercado de trabalho.
assume, a partir de 1930, uma política de incentivo à b) acesso à escola e valorização do mérito.
a) industrialização interna para substituir as importações. c) ampliação de vagas e formação de gestores.
b) nacionalização de empresas estrangeiras atingidas pela d) disponibilidade de financiamento e pesquisa avançada.
crise. e) remuneração de professores e extinção do analfabetismo.
c) venda de terras a preços acessíveis para os pequenos
produtores. 8. (Enem)
d) entrada de imigrantes para trabalhar nas indústrias de base Decreto-Lei n. 1949, de 27/12/1937
recém-criadas.
e) abertura de linhas de financiamento especial para Art. 1º Fica criado o Departamento de Imprensa e Propaganda
empresas do setor terciário. (DIP), diretamente subordinado ao presidente da República.
Art. 2º O DIP tem por fim:
6. (Enem) h) coordenar e incentivar as relações da imprensa com os
Mesmo com a instalação da quarta emissora no Rio de Janeiro, poderes públicos no sentido de maior aproximação da mesma
a Rádio Educadora, em janeiro de 1927, a música popular com os fatos que se ligam aos interesses nacionais;
ainda não desfrutava desse meio de comunicação para se n) autorizar mensalmente a devolução dos depósitos
tornar mais conhecida. Renato Murce, um dos maiores efetuados pelas empresas jornalísticas para importação de
radialistas de todos os tempos, registrou, no seu livro Nos papel para imprensa, uma vez demonstrada, a seu juízo, a
bastidores do rádio, que as emissoras veiculavam apenas “um eficiência e a utilidade pública dos jornais ou periódicos por
certo tipo de cultura, com uma programação quase só da elas administrados ou dirigidos.
chamada música erudita, conferências maçantes e palestras
destituídas de interesse”. E acrescentou: “Nada de música BRASIL apud CARONE, E. A Terceira República. (1937-1945).
popular. Em samba, então, nem era bom falar”. São Paulo: Difel, 1982. (adaptado).

CABRAL, S. A MPB na Era do Rádio. São Paulo: Moderna, 1996.


Com base nos trechos do decreto, as finalidades do órgão
A situação descrita no texto alterou-se durante o regime do criado permitiram ao governo promover o(a)
Estado Novo, porque o meio de comunicação foi a) diversificação da opinião pública.
instrumentalizado para b) mercantilização da cultura popular.
a) exportar as manifestações folclóricas nacionais. c) controle das organizações sindicais.
b) ampliar o alcance da propaganda político-ideológica. d) cerceamento da liberdade de expressão.
c) substituir as comemorações cívicas espontâneas. e) privatização dos meios de comunicação.
d) atender às demandas das elites oligárquicas.
e) favorecer o espaço de mobilização social. 9. (Enem)
O governo Vargas, principalmente durante o Estado Novo
7. (Enem) (1937-1945), pretendeu construir um Estado capaz de criar
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – 1932 uma nova sociedade. Uma dimensão-chave desse projeto
tinha no território seu foco principal. Não por acaso, foram
A Educação Nova, alargando a sua finalidade para além dos criadas então instituições encarregadas de fornecer dados

32
confiáveis para a ação do governo, como o Conselho Nacional
de Geografia, o Conselho Nacional de Cartografia, o Conselho
Nacional de Estatística e o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), este de 1938.

LIPPI, L. A conquista do Oeste. Disponível em:


http://cpdoc.fgv.br. Acesso em: 7 nov. 2014 (adaptado).

A criação dessas instituições pelo governo Vargas


representava uma estratégia política de
a) levantar informações para a preservação da paisagem dos
sertões.
b) controlar o crescimento exponencial da população
brasileira.
c) obter conhecimento científico das diversidades regionais.
d) conter o fluxo migratório do campo para a cidade.
e) propor a criação de novas unidades da federação.

10. (Enem)

A capa do jornal A Vóz da Raça, da década de 1930, apresenta


que o objetivo da Frente Negra Brasileira era:
a) Restringir as religiosidades.
b) Padronizar as manifestações.
c) Ressignificar o socialismo.
d) Combater as discriminações.
e) Publicizar o totalitarismo.

33
_ _História do Brasil_ Essa dinâmica expõe uma forma de desigualdade social
comum nas cidades brasileiras associada à dificuldade de ter
acesso
Período Republicano a) às áreas com lazer gratuito.
b) ao mercado imobiliário formal.
República Liberal c) ao transporte público eficiente.
d) aos reservatórios com água potável.
1. (Enem) e) ao emprego com carteira assinada.
A democracia que eles pretendem é a democracia dos
privilégios, a democracia da intolerância e do ódio. A 3. (Enem)
democracia que eles querem é para liquidar com a Petrobras, Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os
é a democracia dos monopólios, nacionais e internacionais, a senhores Eduardo Gomes e Eurico Dutra, e um terceiro, o
democracia que pudesse lutar contra o povo. Ainda ontem eu senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato de algum
afirmava que a democracia jamais poderia ser ameaçada pelo grupo político oculto, mas é também o candidato popular.
povo, quando o povo livremente vem para as praças – as Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos que querem
praças que são do povo. Para as ruas – que são do povo. ver se continuam nas posições e o “queremos” popular...
Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É
Disponível em: comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo,
www.revistadehistoria.com.br/secao/artigosldiscurso-de- entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque ele
joao-goulart-no-comicio-da-central. Acesso em: 29 out. 2015. é “à moda da casa”.

Em um momento de radicalização política, a retórica no A Democracia. 16 set. 1945. apud GOMES. A.C.; D’ARAÚJO, M.
discurso do presidente João Goulart, proferido no comício da C. Getulismo e trabalhismo. São Paulo: Ática. 1989.
Central do Brasil, buscava justificar a necessidade de
a) conter a abertura econômica para conseguir a adesão das O movimento político mencionado no texto caracterizou-se
elites. por
b) impedir a ingerência externa para garantir a conservação a) reclamar a participação das agremiações partidárias.
de direitos. b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista.
c) regulamentar os meios de comunicação para coibir os c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas.
partidos de oposição. d) reivindicar a transição constitucional sob influência do
d) aprovar os projetos reformistas para atender a mobilização governante.
de setores trabalhistas. e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle
e) incrementar o processo de desestatização para diminuir a social.
pressão da opinião pública.
4. (Enem)
2. (Enem)
A antiga Cidade Livre foi idealizada por Bernardo Sayão, em
1956, para ser um centro comercial e recreativo para os
trabalhadores de Brasília. Ganhou esse nome porque lá era
permitido não só residir como também negociar, com isenção
de tributação. A perspectiva era de que a cidade
desaparecesse com a inauguração de Brasília. Com isso, os
lotes não foram vendidos, mas emprestados em forma de
comodato àqueles interessados em estabelecer residência ou
comércio. A partir de 1960, os contratos de comodato foram
cancelados e os comerciantes, transferidos para a Asa Norte.
Os terrenos desocupados foram invadidos por famílias de
baixa renda. Em 1961, o governo, pressionado pelo
movimento popular, cria oficialmente a cidade com o nome
de Núcleo Bandeirante.

CARDOSO, H. H. P. Narrativas de um candango em Brasília.


Revista Brasileira de História, n. 47, 2004 (adaptado).

No anúncio, há referências a algumas das transformações

34
ocorridas no Brasil nos anos 1950 e 1960. No entanto, tais mesmo em demandas primariamente econômicas, colocava-
referências omitem transformações que impactaram se muitas vezes a dimensão do enfrentamento político. Em
segmentos da população, como a todos esses casos, confirma-se a hipótese de que direitos
a) exaltação da tradição colonial. instituídos ou garantias das convenções coletivas, respaldadas
b) redução da influência estrangeira. pela Justiça do Trabalho, não significavam conquistas
c) ampliação da imigração internacional. materiais às quais os trabalhadores tivessem acesso líquido e
d) intensificação da desigualdade regional. certo. Era preciso muitas vezes recorrer às greves para
e) desconcentração da produção industrial. garantir direitos conquistados.

5. (Enem) MATTOS, M. B. Greves, sindicatos e repressão policial no Rio


Na década de 1960, o governo Goulart tentara, de uma só vez, de Janeiro (1954-1964). Revista Brasileira de História, n. 47,
realizar um conjunto de “ajustes” políticos e sociais com a 2004 (adaptado).
finalidade de incluir na Nação oficial, e na própria Constituição
Federal, uma série de grupos que, em parte, a política e a De acordo com o texto, um dos problemas com os quais as
história haviam deixado para trás, e que a nova conjuntura organizações sindicais de trabalhadores se defrontavam, de
brasileira e internacional fazia emergir. 1954 a 1964, era o descompasso entre
a) legislação e realidade social.
DAHÁS, N. O discurso da central hoje. Disponível em: b) profissão e formação técnica.
www.revistadehistoria.com.br. Acesso em: 29 out. 2015. c) meio rural e cidades industriais.
d) população e representação parlamentar.
e) empresariado nacional e capitais estrangeiros.
Na conjuntura histórica abordada no texto, surgiu como
protagonista no campo político o grupo social dos 8. (Enem)
a) empresários industriais. TEXTO I
b) trabalhadores rurais.
c) oligarcas regionais. Programa do Partido Social Democrático (PSD)
d) profissionais liberais. Capitais estrangeiros
e) religiosos católicos.
É indispensável manter clima propício à entrada de capitais
6. (Enem) estrangeiros. A manutenção desse clima recomenda a adoção
Quando Getúlio Vargas se suicidou, em agosto de 1954, o país de normas disciplinadoras dos investimentos e suas rendas,
parecia à beira do caos. Acuado por uma grave crise política, o visando reter no país a maior parcela possível dos lucros
velho líder preferiu uma bala no peito à humilhação de aceitar auferidos.
uma nova deposição, como a que sofrera em outubro de 1945.
Entretanto, ao contrário do que imaginavam os inimigos, ao
ruído do estampido não se seguiu o silêncio que cerca a TEXTO II
derrota. Programa da União Democrática Nacional (UDN)
O capital
REIS FILHO, D. A. O Estado à sombra de Vargas. Revista Nossa
História, n. 7, maio 2004. Apelar para o capital estrangeiro, necessário para os
empreendimentos da reconstrução nacional e, sobretudo,
O evento analisado no texto teve como repercussão imediata para o aproveitamento das nossas reservas inexploradas,
na política nacional a dando-lhe um tratamento equitativo e liberdade para a saída
a) reação popular. dos juros.
b) intervenção militar.
c) abertura democrática. CHACON, V. História dos partidos brasileiros: discurso e práxis
d) campanha anticomunista. dos seus programas. Brasília: UnB. 1981 (adaptado).
e) radicalização oposicionista.

7. (Enem) Considerando as décadas de 1950 e 1960 no Brasil, os trechos


Torna-se importante, portanto, salientar que as pautas dos programas do PSD e UDN convergiam na defesa da
econômicas dominantes não se incompatibilizavam com a) autonomia de atuação das multinacionais.
demandas políticas ou por garantia de direitos contra as b) descentralização da cobrança tributária.
decisões da própria Justiça do Trabalho. Pelo contrário, muitas c) flexibilização das reservas cambiais.
greves incluíam várias demandas de natureza distinta, e d) liberdade de remessa de ganhos.

35
e) captação de recursos do exterior.

9. (Enem)
Há outras razões fortes para promover a participação da
população em eleições. Grande parte dela, particularmente os
mais pobres, esteve sempre alijada do processo eleitoral no
Brasil, não somente nos períodos ditatoriais, mas também nos
democráticos. Na eleição de 1933, por exemplo, apenas 3,3%
da população do país votaram. Em 1945, com a volta da
democracia, foram parcos 13,4%. Em 1962, só 20% dos
brasileiros foram às urnas.

KERCHE, F.; FERES JR., J. Um nobre dever. Revista de História


da Biblioteca Nacional, n. 109, out. 2014.

O baixo índice de participação popular em eleições nos


períodos mencionados ocorria em função da
a) adoção do voto facultativo.
b) exclusão do sufrágio feminino.
c) interdição das pessoas analfabetas.
d) exigência da comprovação de renda.
e) influência dos interesses das oligarquias.

10. (Enem)
No Brasil, após a eclosão da Bossa Nova, no fim dos anos 1950
– quando efetivamente a canção popular começou a ser
objeto de debate e análise por parte das elites culturais –
desenvolveram-se duas principais vertentes interpretativas da
nossa música: a vertente da tradição e a vertente da
modernidade, dualismo que não surgiu nesta época e nem se
restringe ao tema da produção musical. Desde pelo menos
1922, a tensão entre “tradicional” e “moderno” ocupa o
centro do debate político-cultural no país, refletindo o dilema
de uma elite em busca da identidade brasileira.

ARAÚJO, P. C. Eu não sou cachorro, não. Rio de Janeiro:


Record, 2013.

A manifestação cultural que, a partir da década de 1960,


pretendeu sintetizar o dualismo apresentado no texto foi:
a) Jovem Guarda, releitura do rock anglófono com letras em
português.
b) Samba-canção, combinação de ritmos africanos com tons
de boleros.
c) Tropicália, junção da música pop internacional com ritmos
nacionais.
d) Brega, amostra do dia a dia dos setores populares com
temas românticos.
e) Cancioneiro caipira, retrato do cotidiano do homem do
campo com melodias tristes.

36
_ _História do Brasil_ c) organização estadual das agremiações partidárias.
d) limitações políticas no estabelecimento de reformas sociais.
e) restrições financeiras no encaminhamento das demandas
Período Republicano ruralistas.

Regime Militar 3. (Enem)

1. (Enem)
São Paulo, 10 de janeiro de 1979.

Exmo. Sr. Presidente Ernesto Geisel.

Considerando as instruções dadas por V. S. de que sejam


negados os passaportes aos senhores Francisco Julião, Miguel
Arraes, Leonel Brizola, Luis Prestes, Paulo Schilling, Gregório
Bezerra, Márcio Moreira Alves e Paulo Freire.
Considerando que, desde que nasci, me identifico plenamente
com a pele, a cor dos cabelos, a cultura, o sorriso, as
aspirações, a história e o sangue destes oito senhores.
Considerando tudo isto, por imperativo de minha consciência,
venho por meio desta devolver o passaporte que, negado a
eles, me foi concedido pelos órgãos competentes de seu
governo.

Carta do cartunista Henrique de Souza Filho, conhecido como


Henfil. In: HENFIL. Cartas da mãe. Rio de Janeiro: Codecri,
1981 (adaptado).

No referido contexto histórico, a manifestação do cartunista


Henfil expressava uma crítica ao(à)
a) censura moral das produções culturais. Elaborada em 1969, a releitura contida na Figura 2 revela
b) limite do processo de distensão política. aspectos de uma trajetória e obra dedicada à
c) interferência militar de países estrangeiros. a) valorização de uma representação tradicional da mulher.
d) representação social das agremiações partidárias. b) descaracterização de referências do folclore nordestino.
e) impedimento de eleição das assembleias estaduais. c) fusão de elementos brasileiros à moda da Europa.
d) massificação do consumo de uma arte local.
2. (Enem) e) criação de uma estética de resistência.
Temos vivido, como nação, atormentados pelos males
modernos e pelos males do passado, pelo velho e pelo novo, 4. (Enem)
sem termos podido conhecer uma história de rupturas Falavam em fuzilamentos, em gente que era embarcada nos
revolucionárias. Não que não tenhamos nos modernizado e aviões militares e atirada em alto-mar. Havia muita confusão.
chegado ao desenvolvimento. Mas não eliminamos relações, Sempre que há mudança violenta de poder, a regra dos
estruturas e procedimentos contrários ao espírito do tempo. entendidos é sumir, evaporar-se, não se expor, nos primeiros
Nossa modernização tem sido conservadora. momentos da rebordosa, um sargento qualquer pode decidir
sobre um fuzilamento. Depois as coisas se organizam, até
NOGUEIRA, M. As possibilidades da política: ideias para a mesmo a violência é estruturada, até mesmo o arbítrio. Mas
reforma democrática do Estado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, quem, no meio tempo, foi fuzilado, fuzilado fica.
1998.
CONY, C. H. Quase memória. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
O texto apresenta uma análise recorrente sobre o processo de
modernização do Brasil na segunda metade do século XX. De A narrativa refere-se ao seguinte aspecto da segurança
acordo com a análise, uma característica desse processo nacional durante a Ditadura Militar:
reside na(s) a) Institucionalização da repressão como política estatal.
a) uniformização técnica dos espaços de produção. b) Normatização da censura como mecanismo de controle.
b) construção municipalista do regime representativo. c) Legitimação da propaganda como estratégia psicossocial.

37
d) Validação do conformismo como salvaguarda do consenso.
e) Ordenação do bipartidarismo como prerrogativa
institucional.

5. (Enem)
No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos
episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento
econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista,
orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza,
resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente,
suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão
comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o
golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela
igreja.

MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São


Paulo: Contexto. 2011 (adaptado).

Em que pesem as divergências no interior do clero após a


instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento
mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da
hierarquia católica de que o(a)
a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado.
b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército.
c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior. A imagem faz referência a uma intensa mobilização popular e
d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial. pode ser traduzida como
e) manipulação ideológica é favorecida pela privação material. a) a campanha popular que confrontava a legitimidade das
eleições indiretas no país.
6. (Enem) b) a manifestação de milhares de pessoas em prol da
realização de eleições para o Senado.
c) as passeatas realizadas em prol do fim da Ditadura Militar
no Brasil e na Argentina.
d) os comícios e manifestações populares pela abertura
política de forma lenta e segura.
e) o movimento que exigia o direito à igualdade de voto para
homens e mulheres.

7. (Enem)

38
Inspirada em fantasias de Carnaval, a arte apresentada se b) justificar o regime vigente, apresentando versões diversas
opunha à concepção de patrimônio vigente nas décadas de da realidade.
1960 e 1970 na medida em que c) estimular a livre interpretação dos fatos, atendendo aos
a) se apropriava das expressões da cultura popular para interesses dominantes.
produzir uma arte efêmera destinada ao protesto. d) aprimorar o alcance das informações, apresentando as
b) resgatava símbolos ameríndios e africanos para se adaptar notícias em tempo real.
a exposições em espaços públicos. e) manipular a visão coletiva, promovendo interpretações
c) absorvia elementos gráficos da propaganda para criar distorcidas das notícias oficiais.
objetos comercializáveis pelas galerias.
d) valorizava elementos da arte popular para construir 10. (Enem)
representações da identidade brasileira. A Operação Condor está diretamente vinculada às
e) o incorporava elementos da cultura de massa para atender experiências históricas das ditaduras civil-militares que se
às exigências dos museus. disseminaram pelo Cone Sul entre as décadas de 1960 e 1980.
Depois do Brasil (e do Paraguai de Stroessner), foi a vez da
8. (Enem) Argentina (1966), Bolívia (1966 e 1971), Uruguai e Chile (1973)
e Argentina (novamente, em 1976). Em todos os casos se
instalaram ditaduras civil-militares (em menor ou maior
medida) com base na Doutrina de Segurança Nacional e tendo
como principais características um anticomunismo militante, a
identificação do inimigo interno, a imposição do papel político
das Forças Armadas e a definição de fronteiras ideológicas.

PADRÓS, E. S. et al. Ditadura de Segurança Nacional no Rio


Grande do Sul (1964-1985): história e memória. Porto Alegre:
Corag, 2009 (adaptado).

Levando-se em conta o contexto em que foi criada, a referida


Para além de objetivos específicos, muitos movimentos sociais
operação tinha como objetivo coordenar a
interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões
a) modificação de limites territoriais.
imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias,
b) sobrevivência de oficiais exilados.
ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo.
c) interferência de potências mundiais.
d) repressão de ativistas oposicionistas.
Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus
e) implantação de governos nacionalistas.
direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a)
a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabilidade
11. (Enem)
econômica do país.
No cemitério, a sociedade religiosa encarregada do funeral,
b) instalação de empresas multinacionais no Brasil.
aterrorizada, apressou a cerimônia de tal forma que a mãe de
c) legalização dos sindicatos no Brasil.
Herzog perdeu o momento em que o caixão do filho começou
d) surgimento das políticas governamentais assistencialistas.
a ser coberto pela terra. Quatro jornalistas que estavam
e) processo de redemocratização do Brasil.
presos no DOI chegaram para assistir ao sepultamento. Um se
afastara, chorando. Dizia: Eles matam, eles matam! Não
9. (Enem)
pergunte nada. Não podemos dizer nada. Eles matam mesmo.
As informações sugeridas por Antônio Manuel estão imersas
Falava-se baixo. Ouviram-se dois curtos discursos. O primeiro,
em um jornal dividido entre o "real" e o que podemos chamar
da atriz Ruth Escobar: Até quando vamos suportar tanta
de "situacional". O artista transforma todo o clima de
violência? Até quando vamos continuar enterrando nossos
repressão na própria matéria de seu trabalho, utilizando os
mortos em silêncio? No segundo, Audálio Dantas recitou o
meios de comunicação como arma (irônica) contra a estrutura
Navio negreiro, de Castro Alves: Senhor Deus dos desgraçados
de poder de um Estado autoritário.
/ Dizei-me Vós Senhor Deus / Se é mentira, se é verdade, /
Tanto horror perante os céus.
SCOVINO, F. Com as armas do inimigo. Revista de História da
Biblioteca Nacional, n. 84. set. 2012 (adaptado).
GASPARI, E. A ditadura encurralada. São Paulo: Cia das Letras.
2004.
No contexto histórico descrito, a estratégia adotada por
alguns segmentos da imprensa para a construção de uma
crítica sociopolítica foi a de
O acontecimento descrito no texto, ocorrido em meados dos
a) burlar a censura, contribuindo para a análise da vida social.

39
anos 1970, atesta a seguinte característica do regime político-
institucional vigente:
a) Incorporação da estética popular para justificar o ideal de
integração nacional.
b) Afirmação da estratégia psicossocial para favorecer o
objetivo de propaganda cívica.
c) Institucionalização de mecanismos repressivos para
eliminar os focos de resistência.
d) Adoção de cerimoniais públicos para controlar as
manifestações de grupos opositores.
e) Estatização de meios de comunicação para selecionar a
divulgação de atos governamentais.

12. (Enem)
O Golpe Militar de 1964 foi implacável no combate ao que
restava das Ligas Camponesas, generalizadas na década
anterior. No entanto, em relação aos sindicatos, sua atitude
foi ambígua. Por meio de acordos com os Estados Unidos,
foram concebidos centros sindicais e cursos de liderança com
base em princípios conservadores e ministrados por membros
da Igreja Católica.

DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Uma história da vida rural no


Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006 (adaptado)

Os sindicatos rurais foram tratados da forma descrita no texto


porque o governo pretendia utilizá-los para
a) controlar as tensões políticas.
b) limitar a legislação trabalhista.
c) divulgar o programa populista.
d) regularizar a propriedade da terra.
e) estimular a oferta de mão de obra.

40
_ _História do Brasil_ c) adoção do arrocho salarial implementada pelo Ministério
da Fazenda.
d) compra de apoio político promovida pelo Poder Executivo.
Período Republicano e) violência da repressão estatal atribuída às Forças Armadas.

Nova República 3. (Enem)

1. (Enem)
Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período
que marca o reencontro do Brasil com os governos civis e a
democracia ainda não completou seu quinto ano e já viveu
dias de grande comoção. Começou com a tragédia de
Tancredo, seguiu pela euforia do Plano Cruzado, conheceu as
depressões da inflação e das ameaças da hiperinflação e
desembocou na movimentação que antecede as primeiras
eleições diretas para presidente em 29 anos.

O álbum dos presidentes: a história vista pelo JB. Jornal do


Brasil. 15 nov. 1989.

O período descrito apresenta continuidades e rupturas em Considerando o funcionamento do regime democrático, o


relação à conjuntura histórica anterior. Uma dessas episódio retratado na imagem está associado ao(à)
continuidades consistiu na a) legalidade dos partidos políticos.
a) representação do legislativo com a fórmula do b) valorização das políticas afirmativas.
bipartidarismo. c) esgotamento do movimento sindical.
b) detenção de lideranças populares por crimes de subversão. d) legitimidade da mobilização popular.
c) presença de políticos com trajetórias no regime autoritário. e) emergência das organizações não governamentais.
d) prorrogação das restrições advindas dos atos institucionais.
e) estabilidade da economia com o congelamento anual de 4. (Enem)
preços. É difícil imaginar que nos anos 1990, num país com setores da
população na pobreza absoluta e sem uma rede de benefícios
2. (Enem) sociais em que se apoiar, um governo possa abandonar o
papel de promotor de programas de geração de emprego, de
assistência social, de desenvolvimento da infraestrutura e de
promoção de regiões excluídas, na expectativa de que o
mercado venha algum dia a dar uma resposta adequada a
tudo isso.

SORJ, B. A nova sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar, 2000 (adaptado).

Nesse contexto, a criticada postura dos governos frente à


situação social do país coincidiu com a priorização de que
medidas?
a) Expansão dos investimentos nas empresas públicas e nos
bancos estatais.
b) Democratização do crédito habitacional e da aquisição de
Na imagem, encontram-se referências a um momento de moradias populares.
intensa agitação estudantil no país. Tal mobilização se explica c) Enxugamento da carga fiscal individual e da contribuição
pela tributária empresarial.
a) divulgação de denúncias de corrupção envolvendo o d) Reformulação do acesso ao ensino superior e do
presidente da República. financiamento científico nacional.
b) criminalização dos movimentos sociais realizada pelo e) Reforma das políticas macroeconômicas e dos mecanismos
Governo Federal. de controle inflacionário.

41
5. (Enem)
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 abr.
2017.

A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse


preceito normativo tem em vista a vinculação histórica
fundamental entre
a) etnia e miscigenação racial.
b) sociedade e igualdade jurídica.
c) espaço e sobrevivência cultural.
d) progresso e educação ambiental.
e) bem-estar e modernização econômica.

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