INSTITUTO BÍBLICO DE SOFALA – IBS
CURSO MÉDIO EM TEOLOGIA
RELIGIÕES TRADICIONAIS
AFRICANAS
Professor: Carvalho Chaves
Estudante: ______________________________________________________
I Semestre
Beira – 2024
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RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS
Introdução
Esta disciplina introduz muitos assuntos e apresenta o “Deus da Bíblia”. Ele é único
e verdadeiro, portanto, quem o encontra, acha um grande tesouro.
Mateus 22:29 diz que muitas vezes erramos por não conhecer as escrituras e muito
menos o poder de Deus.
Embora a África seja um Continente com um grande número de cristãos, a verdade
é que muitos cristãos africanos até hoje ainda se debatem com os problemas culturais sem
encontrar uma solução ou resposta que os satisfaça. Isso não quer dizer que não haja
resposta, mas o que acontece é que muitos líderes ainda não conseguiram relacionar o
ensino bíblico com as necessidades africanas, e mais especificamente as moçambicanas.
A verdade bíblica não foi dirigida para um único grupo de pessoas, mas as
Escrituras Sagradas consistem na revelação de Deus para toda a humanidade.
A Bíblia afirma em Isaías 45: 22.
“Que o povo do mundo inteiro voltem para mim e eu vos salvarei, porque eu sou
Deus e não há nenhum outro”.
Conceito religião
A palavra religião vem do latim religio = ligar, ligação, vínculo entre humanos e deuses, atar
firmemente.
O que significa respeito pelo sagrado, reverência aos deuses, louvor aos deuses.
Religiões tradicionais africanas
As religiões tradicionais africanas também referidas como religiões indígenas africanas
englobam manifestações culturais, religiosas e espirituais originarias do continente africano
e que continuam sendo praticadas nesse continente nos dias actuais.
O problema principal em religiões tradicionais africanas são os espíritos que as governa.
Esses espíritos é idolatria. Estima-se essas religiões estão sendo seguidas actualmente
por aproximadamente 100 milhões de pessoas em todo território africano.
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A maioria das religiões tradicionais africanas tem a maior parte da sua existência, sido
transmitida oralmente em vez por escrito mesmo os africanos na diáspora.
O Deus da Religião Tradicional Africana
Falar da RTA é falar sem dúvida, do Deus em que essa religião acredita. Mas haverá um
Deus em que os africanos acreditam?
1. Os antepassados
2. Curandeiros
3. Espíritos e mundo invisível
É necessário, portanto que conheçamos bem a nossa própria cultura e também as
escrituras para que possamos julgar o que dentro dela é bom e não ofende a Deus e o que
foi “contaminado” pela influência de Satanás que é o Príncipe deste mundo (João 14:30;
João 16:11; Ef 2:2).
Quando falamos de “cosmovisão” nos referimos a visão que uma pessoa tem do
mundo (cosmos). Cada grupo de pessoas do mundo tem a sua visão, a qual depende da
cultura que lhe foi transmitida.
Existem vários aspectos que reflectem a maneira de ver do africano em geral que
são muito bons e não possuem nenhum choque com as escrituras e por isso devem ser
valorizados. Entretanto, há também certas particularidades na “cosmovisão Africana”
distorcidas devido a acção do Diabo neste mundo, assim como existem aspectos negativos
em todas as outras culturas do mundo.
Por exemplo, a tendência africana é de encontrar a sua identidade e sentido de vida
em fazer parte de uma família grande ou tribo. Hoje a realidade da África pode ser definida
pela afirmação: “Eu sou porque a comunidade é”. Este é um exemplo da forma de como
um africano vê o mundo.
Os africanos praticam as suas religiões desde muitos séculos e de modo geral, todo
africano sabe da existência de um Deus Supremo, mas além disso, outra característica da
Religião Tradicional Africana e mesmo em Moçambique é uma crença muito forte na
relação entre o mundo dos vivos e dos mortos, ou seja, a ligação entre o mundo físico e o
espiritual.
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Tudo o que acontece no mundo físico (exemplo: doenças, calamidades naturais
como chuva demais ou falta de chuva, mortes etc...), tudo é explicado por algo que está a
acontecer no mundo espiritual (um espírito que está insatisfeito ou precisa de alguma
coisa).
É preciso entender a cosmovisão Africana e conhecer muito bem a Bíblia para desenvolver
uma teologia que seja ao mesmo tempo verdadeiramente bíblica e verdadeiramente
africana.
Diante dessa “cosmovisão Africana” deparamos com o problema de que muitas escolas
bíblicas, e mesmo Seminários tem desenvolvido 2 tipos de atitude que trazem suas
consequências:
1. Alguns missionários e professores ignoram o assunto da relação com o mundo dos
espíritos, demónios, feitiçaria etc... Nem tocam no assunto, fazem de conta que isso não
existe. Algumas escolas nem ao menos incluem essa disciplina nos seus currículos. Não
explicam nada por falta de conhecimento do assunto.
2. Outros consideram que tudo o que é nativo, local, ou seja, africano é errado,
pecaminoso ou maligno, e, portanto, desprezam a cultura Africana. Pregam como se a
cultural “ocidental fosse “bíblica” e tudo que se refere a África fosse anti-bíblico”, o que
não é necessáriamente verdadeiro. Existem aspectos positivos e negativos em todas.
Isso consequentemente implica numa proibição das práticas tradicionais para os novos
crentes, sem, contudo, estes terem entendido o porquê. É como se tudo o que eles
criam até ali fosse totalmente errado e por isso lhes é tirado, caindo eles num vazio.
Os crentes mudam apenas superficialmente, ou seja, por fora, no comportamento
aparente, mas por dentro continuam com as mesmas crenças. Por isso quando os
problemas chegam nas suas casas, eles não estão firmes na fé, não estão seguros,
não estão ainda doutrinados e por isso as escondidas acabam por realizar cerimónias,
usar amuletos ou mesmo buscar “ajuda”em momentos de crise nos curandeiros.
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É preciso que haja uma transição entre a velha vida (tradicional) e a nova vida
(cristianismo). E isso implica num estudo forte das escrituras para entender a realidade
do mundo dos espíritos e como o cristão pode tratar esse assunto de modo a não
perder a sua fé para com Cristo, tomando o ensino bíblico como base fundamental da
salvação.
A Bíblia também tem uma cosmovisão. Como ela é a revelação de Deus, significa
que a visão da Bíblia é a maneira correcta de ver a realidade.
É portanto, muito importante o estudo das Religiões tradicionais Africanas para que os
líderes cristãos possam entender dos principais costumes tradicionais da África e mais
especificamente em Moçambique, principalmente os aspectos relacionados com a religião
para que eles possam ser capazes de:
― Analisar cada costume tradicional com base na Palavra de Deus.
― Identificar os costumes tradicionais que não ofendem a palavra de Deus e valorizá-
los.
― Responder com versículos bíblicos os seus argumentos
― Aplicar corretamente o conteúdo referente a cada caso
Além de tudo isso o estudo das Religiões tradicionais Africanas na perspectiva Bíblica
vai ajudar também a combater o “Sincretismo” que é um dos maiores problemas da
Igreja Africana, que consiste numa mistura dos valores novos com os antigos. Ou por
outras palavras, quando se mistura crenças e práticas pagãs da Religião antiga
(tradicional) com as verdades do evangelho de modo que tudo parece uma única coisa.
Esse tema será mais a frente desenvolvido.
A ORIGEM DO MAL
A Bíblia fala da história de uma rebelião contra Deus que ocorreu muito antes da raça
humana existir na terra. Essa história pode explicar a origem do mal no universo. De
acordo com a mesma história, um dos anjos que Deus criou era aparentemente um guarda
perto do trono de Deus (Ez 28:14), e esse anjo foi criado muito belo e sábio, mas
corrompeu-se em resultado do seu orgulho (Ez 28:17).
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Em 1 Tm 3:6 o apóstolo Paulo diz que a queda e a condenação de Satanás foram por
causa da sua presunção, soberba e arrogância. Reunindo esses dados é plausível que
seja Satanás, apesar dele não ser identificado pelo nome na passagem.
A medida que a sua vaidade aumentava ele começou a adorar a si mesmo, ao invés de
adorar a Deus. Sabemos pelo encontro de Satanás com Jesus no deserto que o seu
grande desejo era ser adorado por Deus e por todos os demais (Mt 4:9).
Em Isaías 4:12-13 encontramos uma pessoa identificada como Lúcifer, a “estrela da
manhã”, o “filho da alva”, e que tinha ambição de dominar sobre todos os anjos e tornar-se
como Deus. Com o seu orgulho e a sua decisão bem planejada de rebelar-se contra Deus,
Satanás parece ter introduzido o mal no universo. O orgulho foi a raiz da qual vieram todos
os outros pecados. O orgulho faz com que a pessoa coloque a si mesma em primeiro lugar
e despreze a vontade de Deus, rebelando-se contra ela e separando-se da vida e da
santidade de Deus.
Vimos que muitos anjos seguiram a Satanás e participaram daquela rebelião (2 Pedro 2:4,
Jd 6 e Ap 12:4). A Bíblia diz que o Dragão (a antiga serpente) que o mesmo Satanás
arrastou com ele um terço das estrelas (anjos) consigo.
Agora Satanás controla o actual sistema de valores do mundo e por isso é chamado nas
escrituras de “príncipe deste mundo” conforme lemos em (jo 12:31, 16:11) e “deus deste
mundo” (2 Co 4:4).
O sistema actual deste mundo está baseado em orgulho, egoísmo, lascívia e ganância (1
Jo 2:16).
A maioria das pessoas conhecem o mundo dos espíritos como “deuses” a quem eles
consultam para resolver os seus problemas sociais. Os africanos tradicionais sabem que
certos espíritos exigem adoração ritual e obediência das pessoas sob sua influência. A
seguir veremos quem são estes espíritos que a Religião Tradicional Africana tem
enfatizado através das suas cerimónias e práticas diárias.
O MUNDO DOS ESPÍRITOS
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Grande parte dos africanos passa boa parte do tempo a pensar nos espíritos a sua volta,
pois estão sempre preocupados com o relacionamento com os antepassados.
Em todo lado há muitas ideias sobre o mundo espiritual e sobre a sua influência no mundo
dos homens vivos, por isso precisamos aprofundar no que a Bíblia diz e comparar com as
tradições africanas.
O que significa o mundo dos espíritos?
O que as escrituras ensinam sobre o mundo espiritual?
É lícito invocar os espíritos dos antepassados mortos? Quem são eles de facto?
A Bíblia nos diz muitas coisas acerca do mundo dos espíritos.
Em primeiro lugar a Bíblia diz que Deus é um espírito e que a nossa adoração
deve ser espiritual (Jo 4:24). Isso quer dizer que a nossa adoração não pode incluir
estátuas, imagens ídolos de nenhum tipo.
A Bíblia diz que todos os espíritos no universo foram criados por Jesus. Eles
estão todos sob o seu poder e autoridade. (Colos 1:16).
O mundo dos espíritos é de grande importância para todo africano, entretanto, existem
algumas idéias africanas sobre o mundo dos espíritos que não combinam com o ensino
das escrituras.
A Bíblia diz que:
Antes de Deus criar o Ser humano, Ele criou os seres espirituais, também
conhecidos como “seres celestiais” ou anjos (Ex. Sl 148: 2-5).
A tarefas dos anjos é de adorar a Deus (Ap 5:11, Sl 103:20-21). E como o próprio
nome já, anjo significa “mensageiro”, ou na Bíblia eles eram responsáveis por levar
mensagens aos homens. Ex. Gabriel falando com Zacarias, Maria , José etc.
Os anjos guardam e protegem o povo de Deus (Sl 34:7: Sl 91:11).
Existem dois tipos de anjos: os bons e maus . Os bons são fiéis a Deus e
santos e os maus são os seguidores de Satanás, ou seja, os demónios.
A Bíblia conta que Lúcifer era um anjo de Deus e rebelou-se contra o criador
querendo ser igual a Deus e por isso foi expulso do céu. Ele levou consigo 1/3 dos anjos
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com ele que se tornaram seus auxiliares na obra do mau (os demónios), ou também
chamados espíritos maus, anjos decaídos. (Ez 28:12-17 e Ap 12:4).
Vimos com isso que existe de facto, outras forças, opostas ao propósito e vontade de
Deus representadas pelo grande inimigo e opositor que se chama Diabo e seus
auxiliares que são demónios.
O Diabo é também conhecido como “o Príncipe das trevas” O “príncipe deste
mundo”(Jo 12:8), o acusador dos irmãos (Ap 2:10), o tentador (Mt 4:3).
A Bíblia mostra as provas de que Satanás lutou muitas vezes contra o poder de
Deus. Por exemplo:
(Dn 10: 13) Oposição tentando impedir as orações.
Mais adiante Satanás disse: “Eu subirei ao céu, acima das estrelas e exaltarei
o meu trono” (Is 14:13).
Moisés, o servo do Senhor confrontou as forças diabólicas (Ex 7-12).
Com isso percebemos que uma das acções próprias do Diabo é enganar as pessoas.
Uma das suas estratégias é a “manipulação” pois ele e seus demónios agem imitando
os nossos antepassados mortos pedindo muitas coisas. O Diabo, especialmente em
Moçambique usa a manipulação através do mundo dos espíritos.
A Bíblia diz que os mortos NUNCA MAIS tornarão a sua casa nem o seu lugar jamais
conhecerão (Jo 7:10).
A Religião tradicional Africana ensina que os antepassados continuam vivos e
activos nesse mundo, e por isso os africanos se preocupam tanto em oferecer-lhes
comida, bebida tabaco etc... Os mortos neste caso vão assumindo o lugar de Deus.
Somente o criador deve ser adorado e nunca as coisas ou pessoas que foram criadas
por Deus.
Quando Adão e Eva caíram em pecado toda a criação ficou manipulada pelos espíritos
como diz Paulo: “Adoraram e serviram as coisas que foram criadas por Deus ao invés
de servirem o próprio Deus” (Rm 1).
Os demónios buscam lugares vazios para habitarem e por isso “manifestam-se
e possuem corpos de pessoas que não tem Jesus dentro do seu coração (Mc 5:1-9).
Como o cristão pode sobressair no mundo dos espíritos malignos?
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A solução deve vir do Altíssimo (Deus) de modo que possa conseguir discernir. O
discernimento é uma acção que provém do Espírito Santo. Só através do Senhor um crente
consegue discernir o bem e mal, o falso e o verdadeiro, e seguir a Jesus de verdade, como
a pessoa pela qual recebemos a salvação.
Os demónios são anjos maus e são estes mesmos que manifestam-se imitando os
nossos parentes mortos. Espírito mau ou demónio é diferente de espírito de pessoas
falecidas.
Concluímos com isso que:
― Todas as actividades dos anjos de Deus nessa terra, são por ordem directa do
próprio Deus.
― Os seres espirituais não podem ser manipulados com nossas ofertas, sacrifícios,
prendas etc...
― Quando uma pessoa faz essas oferendas pensando que é para o espírito de um
antepassado morto, acaba por cair nas mãos dos espíritos malígnos (demónios),
que passam a ter influência, prioridade naquela família.
― Os demónios imitam os nossos queridos mortos para com isso tentar nos enganar.
― Precisamos do discernimento do espírito para identificar as estratégias do Diabo e
combater esses falsos ensinos.
Batalha espiritual
Estamos num mundo rodeados pelos poderes espirituais que dia após dia fazem
guerra contra o povo de Deus. Essa guerra pode tornar-se ainda mais intensa a medida
que os cristãos levem o evangelho de Cristo para as pessoas que estão presas pelas
forças do mal (Mt 28:18-20). Satanás desde o início sempre lutou para ser igual a Deus, o
que consiste numa forma de rebelião (Is 14:13-14). O trabalho de Satanás é nos induzir ao
pecado.
A Bíblia ensina também que a tentação para o pecado vem de três direcções:
De Satanás, da carne e do mundo.
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1.1. Satanás - Desde o princípio da Bíblia (Génesis) até o fim (Apocalipse) vemos Satanás
em acção, tentando tirar os homens do caminho de Deus. (Gn 3:1-5, I Pe 5:8) .
1.2. Carne - Todo ser humano possui uma natureza inclinada para o pecado. A carne
significa essa tendência de viver de acordo com os apetites e desejos do corpo. Quando
uma pessoa se converte recebe uma nova natureza, que combate, luta contra essa
natureza velha. (Rm 8:5-13; Gl 5:16-26).
1.3. Mundo - Esse mundo em que vivemos é uma sociedade decaída, separada de Deus. A
Bíblia diz que esse mundo jaz no maligno - ( I Jo 5:19 ) portanto, como crentes, não
podemos seguir os costumes do mundo.
A tentação que vem dessa fonte refere-se a uma tentativa de levar o crente a “tomar a
forma” do mundo, ou seja, andar em conformidade com as atitudes dos não crentes, as
atitudes que a maioria das pessoas costuma ter. (Rm 12:1-2; I João 2:15-17) .
Como se trava a batalha espiritual?
Os cristãos sofrem a oposição dos demónios (espíritos maus que trabalham para Satanás),
de muitas maneiras (Ef. 6:12-13), como por exemplo: Em forma de pensamentos negativos
ou desânimo, as vezes em forma de tentação, graves problemas de saúde, problemas de
ordem familiar ou emocional, crises políticas e económicas no país, violência, guerras etc...
Dessa maneira, muitas vezes o cristão ganha fraqueza e a corrupção da sua própria
natureza pecaminosa, caindo em pecado e cedendo aos ataques que Satanás.
O apóstolo Paulo disse: “Eu sei que em mim não habita abem nenhum... o mal que
não quero esse faço” (Rm 7:18-19). O cristão vive num mundo corrupto cujos valores
deste sistema são opostos aos ensinos de Jesus. O sistema do mundo incentiva ao
orgulho, egoísmo, ganância, lascívia etc...
Como vencer a natureza pecaminosa?
Só é possível pelo poder do Espírito Santo que vive em todo o cristão (verdadeiro),
parar de fazer o que é errado e começar a fazer o que é certo, ou seja, substituir o
comportamento pecaminoso pelo bom. O apóstolo Paulo disse em Efésios 4:28 “Aquele
que furtava não furte mais, antes trabalhe...” Este é o princípio da substituição. É preciso
trocar o errado pelo certo. Essa é a única maneira de derrotar de maneira permanente os
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hábitos pecaminosos (Salmo 34:14) . Um bom exemplo da troca do comportamento mau
pelo bom é José que lutou contra os desejos sexuais no reino do Faraó (Gn 39 1-16). Ou
ainda o apóstolo Paulo na sua carta exortou a Timóteo dizendo: “Foge das paixões da
mocidade”(2 Tm 2:22) .
Como vencer aos ataques de Satanás?
A Bíblia diz que Satanás anda em redor de nós como um leão que ruge procurando
alguém para devorar (I Pe 5:8) e a resposta é que Satanás tem de facto poder, mas a
Bíblia também diz que os demónios foram “desarrumados”, quando Jesus foi crucificado
(Col 2:14) e que Cristo cancelou o escrito de dívida que era contra nós (Cl 2:15).
Satanás e o seu poder no âmbito do pecado e da rebelião contra Deus. Por
exemplo: um servo que não quis perdoar, em Mt 18:21-35, Jesus afirmou que ele foi
entregue os torturadores. Isso é uma das razões pela qual a Bíblia fala sobre a vida da
santidade pessoal. Se os cristãos participam do pecado estão dando lugar a Satanás para
uma base de apoio para ataques (Ef 4:27).
Outra questão é, há certos cristão que realmente aceitaram a Cristo, mas não
deixaram os costumes dos demónios totalmente, tais como amuletos, roupas próprias para
o trabalho dos demónios etc... é isso que faz com que os demónios não larguem aquela
pessoa pois ela continua no pecado por acções que pratica. Mas a Bíblia diz que vos
sujeitai, portanto, a Deus mas resisti ao Diabo e Ele fugirá de vós (Tg 4:7).
Há ocasiões da guerra espiritual em que há problemas sérios que não podem ser
resolvidos enquanto os demónios não forem expulsos em nome de Jesus (At 16:18). Isso
acontece principalmente quando o evangelho é levado como pela primeira vez para um
certo lugar e Satanás sempre resiste e faz ataque. Mas a resposta está em Jesus. Por
exemplos os 70 seguidores de Cristo ficaram surpreendidos ao descobrirem que em nome
de Jesus expulsavam os demónios e os mesmos estavam sujeitos a eles. Por isso, através
de Cristo o cristão tem poder de expulsar os demónios.
Para lutar espiritualmente contra o Diabo e seus anjos (demónios) é preciso usar a
armadura espiritual descrita em Efésios 6.
Tomar a armadura de Deus para resistir no dia mau (Ef 6:13)
Usar o cinto da verdade (Ef 6:14)
Usar a couraça da justiça (Ef 6:14)
Calçar os pés com o evangelho da paz (Ef 6:15)
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Tomar o escudo da fé (Ef 6:16)
Tomar o capacete da salvação (Ef 6:17)
Orando ... suplicando... vigiando... perseverando em todo o tempo (Ef 6:18)
CRENÇAS E PRÁTICAS TRADICIONAIS
A tentativa de seguir as tradições dos antepassados já existiam antes da primeira igreja
no Acto dos apóstolos e elas constituem parte da vida. Mas torna perigosa quando os
homens deixam a palavra de Deus para seguir ou adorar essas tradições.
O novo dicionário bíblico define tradição como aquela que é transmitida pelo professor
ao seu aluno. No caso dos fariseus eram os ensinamentos deixados pelos antepassados.
Consideravam mais as suas tradições em detrimento as escrituras. Mt 15.3,6,9).
Paulo dá um aviso aos cristãos actuais. (Cl 2.8).
É muito importante saber a diferença entre a crença verdadeira e a falsa. Na
Religião Tradicional Africana, há um relacionamento muito importante entre os vivos e os
que morreram. Para um africano de modo geral, é uma ofensa muito grande ignorar a
vontade dos antepassados.
O texto da transfiguração de Cristo onde aparecem Moisés, Elias e Abraão, que
haviam morrido a muito tempo, é muitas vezes interpretado pela Religião Tradicional
Africana como uma confirmação de que os mortos continuam a existir depois da morte
física e dão orientações ao mundo dos vivos. Esse pensamento está totalmente errado e
afastam as pessoas de um relacionamento pessoal com Deus.
O Diabo engana quase o mundo inteiro usando o sistema anti-bíblico como a
comunicação com os mortos, a magia, o curanderismo, feitiços, possessão de espíritos
etc...
Como resposta Jesus contou a história do homem rico e do Lázaro em Lucas 16:19-
31, o que nos dá a certeza de que não há relacionamento entre os vivos e os mortos.
Jesus descreveu a condição de duas pessoas que morreram dizendo que havia um
grande abismo entre ambos de modo que não podia haver comunicação entre eles e
mesmo quando o homem pede para voltar a terra e comunicar-se com os seus familiares
a resposta de Jesus foi: Isso não é possível.
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A religião tradicional Africana envolve os espíritos de antepassados, o que faz parte
do plano de Satanás. Deus definiu um lugar para os espíritos que morreram e os restringe
a este lugar (Lc 16:24-26 e 2 Co 5:8). Por isso não há chances de que o espírito que se
manifesta na pessoa seja de facto daquele ancestral que parece ser.
Os cristãos receberam a autoridade do próprio Jesus para expulsar demónios em
nome de Jesus (Lc 16:17 e 9:1 e 10:17-19). Pois estamos ligados a Cristo como seu
corpo e Ele é superior a todos os principados e poderes demoníacos (Ef 1: 19-22, 2:6).
A pessoa que estava possessa de demónios deve renunciar isso para que eles já
não tenham mais poder sobre a sua vida. A renúncia inclui arrependimento e uma decisão
dentro do coração da pessoa e também pública onde o cristão diz: “Eu te renuncio
Satanás e todas as tuas obras”, como faziam os primeiros cristãos.
Quando os demónios são expulsos de uma pessoa eles ficam irados e por isso a
pessoa precisa muito de oração e discipulado por outros cristãos mais experientes.
Resumo: A prática e as crenças tradicionais Africanas devem ser discernidas de modo
que não crie obstáculo ao nosso encontro com Deus.
CINCO QUESTÕES IMPORTANTES EM ÁFRICA
Existem cinco aspectos muito importantes no contexto Africano que precisam ser bem
entendidos por todos os cristãos: 1. Como Deus orienta o seu povo. 2.Como distinguir um
verdadeiro e um falso profeta,3. O sincretismo 4. Os mediadores 5.O governo.
1.Como Deus orienta o seu povo hoje.
Nos tempos Bíblicos a orientação de Deus vinha sob diversas formas. As vezes
Deus falava de modo directo e audível, como nos exemplos de Abraão (Gn 12:1-13) e com
Paulo (At 9:5-6), ou por meio de sonhos como no caso de José. Para encontrar a resposta
a essas perguntas, temos de lembrar duas coisas:
1º nos tempos antigos bíblicos a imprensa não estava ainda inventada, cada pessoa não
tinha a sua própria Bíblia, pois não tinha como receber a orientações através das
escrituras.
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Hoje temos o privilégio de ouvir as orientações de Deus através da Bíblia, os Salmos
também nos dizem que a Palavra de Deus é o meio pelo qual Deus nos guia (Sl 1:1-2).
Em resumo podemos dizer que Deus sempre nos guia pelos ensinos e os princípios
bíblicos. Ele também pode nos guiar pelos conselhos de amigos cristãos maduros. Às
vezes pelos sonhos, visões ou outros meios incomuns.
2.Como o Cristão pode distinguir entre profetas verdadeiros e falsos
Nos tempos do Novo Testamento Deus falou por meio de profetas nas Igrejas locais,
porque a revelação bíblica ainda não estava completada. Mas hoje na África ainda há
muito a actuação de “profetas”. Como distinguir então se são verdadeiros profetas de Deus
ou não?
A Bíblia chama-nos atenção que os demônios também podem conferir as pessoas a
capacidade de fazer milagres (2 Ts 2:9, Ap 16:14). Algumas pessoas que alegam serem
profetas, são falsos e tem poder dado por Satanás (Ex 7:11-12, At 8:9-10).
As profecias são feitas para trazer pessoas à fé em Cristo. A Bíblia diz que o
testemunho de Jesus é o espírito da profecia (Ap 19:10). A maior necessidade que a igreja
tem hoje é o de pessoas que sejam capazes de ensinar e explicar correctamente a palavra
de Deus.
3. O sincretismo
Sincretismo é uma tentativa de conciliar crenças diversas e conflitantes, ou práticas
religiosas num sistema unificado, resultando assim numa mistura.
O Povo de Israel servia ao Senhor, mas ao mesmo tempo servia aos seus próprios
deuses segundo o costume das nações dentre as quais eles tinham sido transportados (2
Reis 17:32-33). Os Israelitas não abandonaram a prática do sincretismo (2 Reis 17:40), e
por isso Deus os enviou para o cativeiro por 70 anos como castigo e forma de correcção (Jr
25:5-11).
Existem muitos rituais que colocam a pessoa em contacto com espíritos malignos (I
Cor 10:20), prática esta que não é aceita por Deus. Deus não aceita ajuda que se buscam
em outros deuses (Dt 6:5).
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Razões que levam a prática do sincretismo:
O Sincretismo em Moçambique está dentro e fora dos círculos da Igreja.
A Revolução cultural promove a volta a sociedade tradicional, religiosa, cultural como
caminho de vida. Devemos valorizar a cultura mas temos que ter cuidado porque muitas
das suas práticas unem a religião com práticas idólatras e pagãs. Isso deve ser negado.
Uma política na África que está à procura de uma identidade africana e por isso
retornam a Religião tradicional Africana afirmando “isso é nosso”.
Preocupação emocional por antepassados que morreram antes do advento do
Cristianismo forçam alguns a reconhecerem a prática religiosa dos antepassados que é
adoração de ídolos.
Ensino Bíblico inadequado deixando a maioria dos cristãos sem habilidade de
manejarem a palavra de Deus. Os líderes não conseguem discernir a verdade e o erro.
Desejo legitimo de fazer o Cristianismo verdadeiramente africano não caminhou com
discernimento de conteúdo dentro das escrituras, ou seja, acabou desviando em alguns
pontos.
A prática de um culto “estrangeiro” deixou um grande vazio que forçou aos africanos
procurarem outras alternativas.
Como evitar o sincretismo?
Compreender a cultura profundamente.
Manter a mensagem bíblica integral
Estar atento para todas as implicações da contextualização do evangelho
Confiar no Espírito Santo para discernimento.
O Cristianismo julga todas as culturas, e destrói elementos que são incompatíveis com a
palavra de Deus, e fortalecendo aqueles aspectos da cultura que são compatíveis com as
escrituras gerando nos crentes uma qualidade de vida que começa com a conversão e
desenvolve-se num crescimento espiritual constante até a vinda do Senhor Jesus.
Mudança genuína (Is 2:8, I Ts 1:9, I Co 8:4-6)
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3. Mediadores entre Deus e os homens
Há muitos mediadores na Religião Tradicional Africana. Segundo as crenças da RTA
não se pode chegar a Deus directamente, só é possível através de um espírito
mediador. É semelhante ao que creem os católicos que se utilizam dos “santos” ou
mesmo de Maria como mediadores entre os homens e Deus.
Mas a Bíblia diz que há um só mediador entre Deus e os homens que é Cristo
Jesus ( I Tm 2:5). Este texto diz que existe um único mediador autorizado e aceito por
Deus que é Jesus (Hb 9:15). As pessoas que invocam outro mediador ficam sob a
influência de espíritos demoníacos.
Jesus é o único que pode ser nosso mediador pois Ele realizou a obra de
reconciliação por meio da sua morte na cruz (Cl 1:19-20). Por isso faz sentido quando
oramos em “nome de Jesus” (João 16:24-27), pois somente Ele pode fazer com que as
nossas orações sejam ouvidas por Deus. Ele é o único que tem méritos diante do Pai
para interceder por nós.
4. Responsabilidade de um Cristão perante o governo do seu País
Em quase todo o mundo os cristãos queixam-se dos governos de seus países. A
verdade é que poucos líderes são honestos na história. Para entender isso, os cristãos
devem entender qual a origem do governo humano. A Bíblia diz que Deus tem poder de
controlar tudo (Salmo 103:19).
Em Rm 13:1-2 lemos que todo homem seja sujeito as autoridades superiores, porque
não há autoridade que não proceda de Deus. É difícil de admitir isso para a maior parte
dos cristãos especialmente se vivem em países onde os líderes são cruéis, opressores
e corruptos.
Com isso a Bíblia não está a dizer que todos os governantes são bons.
Simplesmente são governos humanos e esta é a forma com que Deus mantém a lei e a
ordem em cada país. (Rm 13:3-4). Tente imaginar em que situação estaríamos se não
houvesse governo nos nossos países. O cristão deve orar e obedecer as autoridades (I
Tm 1:1-2 ; I Pe 2:13-15). A história mostra que Deus fez muitas coisas a medida que o
seu povo orou fielmente, portanto devemos orar pelas autoridades.