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Direito-Processual-Penal Português

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Direito Processual Penal

Processo Penal (Universidade Catolica Portuguesa)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Pedro Francisco Lucas ([email protected])
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Direito Processual Penal


Indicações Gerais

Legislação: CPP, CRP, CP (Atualizado até Maio de 2020)


Bibliografia Geral: GERMANO MARQUES DA SILVA - Direito Processual Penal Vol I
e III, Curso de Direito Processual Penal Vol.II; PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE –
Comentário ao CPP, Comentário ao CP; MARIA JOÃO ANTUNES - Direito
Processual Penal; GOMES CANTILHO E VITAL MOREIRA – CRP Anotada Vol I; JORGE
MIRANDA E RUI MEDEIROS – CRP Anotada Vol I

Índice
a) Introdução................................................................................................ 3
i) Conceito de Processo Penal ............................................................ 11
ii) Introdução ........................................................................................ 11
iii) Relação de Complementaridade ao Direito Penal............................ 12
iv) Diferenciação face aos Direitos Processuais ................................... 15
v) Processo Civil .................................................................................. 15
vi) Processo Administrativo ................................................................... 18
vii) Finalidade do Processo Penal .......................................................... 19
viii) Fontes de Direito Penal Adjetivo ...................................................... 19
ix) Fontes Externas ............................................................................... 20
x) Fontes Internas ................................................................................ 20
(1) Constituição da República Portuguesa ....................................... 20
(2) Outras Fontes ............................................................................. 25
b) Interpretação no Processo Penal ....................................................... 26
c) Aplicação da Lei processual .................................................................. 27
i) Tempo .............................................................................................. 27
ii) Espaço ............................................................................................. 27
iii) Subjetiva .......................................................................................... 28
d) Sujeitos Processuais ............................................................................. 29
i) Introdução ........................................................................................ 29
ii) Tribunal ............................................................................................ 33
iii) Introdução ........................................................................................ 33
(1) Jurisdição .................................................................................... 35

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(a) Conceito ................................................................................ 35


(b) Princípios da Jurisdição Penal............................................... 36
(c) Juiz de Instrução ................................................................... 38
(2) Competência ............................................................................... 39
(a) Material .................................................................................. 40
(b) Funcional ............................................................................... 44
(c) Territorial ............................................................................... 45
(d) Conexão ................................................................................ 47
iv) Ministério Público ............................................................................. 49
v) Arguido ............................................................................................. 54
vi) Defensor ........................................................................................... 62
vii) Assistente ......................................................................................... 65
viii) Vitima ............................................................................................... 68
ix) Partes Civis ...................................................................................... 69
x) OPCS ............................................................................................... 72
e) Fases e Princípios Fundamentais ......................................................... 73
i) Princiípios Fundamentais ................................................................. 73
ii) Fases Processuais ........................................................................... 83
iii) Inquérito ........................................................................................... 83
iv) Instrução .......................................................................................... 90
v) Meios Processuais ........................................................................... 95
(1) Medidas de Coação .................................................................... 95
(2) Meios Relativos a Prova ........................................................... 105
(a) Meios de Obtenção de Prova .............................................. 106
(b) Meios de Prova.................................................................... 114
vi) Julgamento ..................................................................................... 123
f) Formas Especiais do Processo ........................................................... 141
i) Sumário .......................................................................................... 141
ii) Abreviado ....................................................................................... 144
iii) Sumaríssimo .................................................................................. 145

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Introdução

O Código do Processo Penal é a fonte máxima da lei processual penal, isto


é, do conjunto de normas jurídicas que disciplinam e orientam a aplicação
concreta do Direito Penal Democrático1 (o que postula assegurar a
realização dos direitos fundamentais2 do arguido) a que comumente se vem
chamando de Direito Processual Penal3

Aqui, a sua instrumentalidade e das suas normas face ao Direito Penal


Substantivo orienta-se por dois nortes:

• Nenhum Responsável Passará Sem Punição (imputinum non relinqui


facinus)
• Nenhum Inocente Será Condenado (innocentum non condennari)

Esta área do Direito encontra-se no quadrante do Direito Público, o que advém,


desde logo:

• Interesses que tutela, que dizem respeito ao titular direto do direito, mas
que são relevante para toda a comunidade e a sua confiança na ordem
jurídica (p.ex ofensa a integridade física, cuja ressonância extravaza o
próprio sujeito, é comunitária)

• Intervenientes do Processo: O Estado atua diretamente no processo


através do MP, que fiscaliza a legalidade do Processo como manda a
Constituição (Art 219°,n°1 in fine CRP), bem como pela existência de um
Monopólio do Ius Dicere4 (administração exclusiva da Justiça pelos
Tribunais, excluindo a justiça privada – Art 202°CRP)

É preciso ter em mente que o CPP, para cumprir o objetivo bifronte do


Processo Penal – fazer justiça na reposição da paz jurídica individua5l e
coletiva -, encontra-se dividido em 3 partes:

1 Que se faz mediante o processo penal propriamente dito


2 Se não, não há verdadeiro processo – p.ex processo de Jesus
3 Designação não unânime descomprometida com os poderes dos sujeitos envolvidos no

processo, ainda que a função jurisdicional tenha grande importância


4 Exceção: Art 32° CP
5 Arguido e vítima

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• Introdutória (Art.1°-7°): Não é vista como parte formalmente, é, na


prática, degrande relevo, fazendo alusão e menção a princípios típicos
do Direito Penal (p.ex Legalidade – Art 2° CPP), bem como uma
estabelecendo ligação com o Processo Civil, aplicado-o para
integrar lacunas (Art4° CPP – p.ex contagem de prazos6),
determinando aplicação da lei e no espaço (Art5° e 6° CPP)

• Geral/ Institucional/ Estática (Art 8° - 240° CPP): Regula sujeitos


processuais e condições que intervem no processo (não existe o conceito
de parte!), atos processuais (quais e quem pratica); regime probatório;
Simplicidade medidas de coação (p.ex prisão preventiva de alguem presumidamente
Aparente,
inocente)7 e garantia patrimonial
pois são
reciprocament
e dependentes
• Dinâmica (Art 241 ess CPP): Fala-se aqui das fases processuais
penais (quais são os passos, quem dirige, quais suas finalidades e quem
intervem) sendo apontadas 3 fases, cuja a existência ou não dependem
da expectativas comunitárias que são colocadas na provavel
decisão a ser proferida, sendo elas:

• Inquérito: É a fase pré-acusatória, de investigação criminal,


e que é dirigida pelo MP, o dominus desta fase, codjuvado
pelos OPCs (a polícia não atua totalmente autónoma na fase da
investigação).

Ao contrário do que ocorre no sistema britânico, existe entre


esses dois orgãos uma uma relação de hierarquia funcional –
pois não há hierarquia, não estão no mesmo organismo ainda
que a atuação do OPCs seja delimitada e determinada pelo
MP entre eles – estando os OPCs sem quase autonomia.

Trata-se, pois, de uma (sub)fase de reconhecimento de uma


situação que pode, ou não, se configurar como um problema
jurídico-penal, que legitimará a atuação do Estado

Pode terminar de duas formas:

• Acusação: Ocorre quando haja indícios


suficientes8 de que a pessoa cometeu o crime,

6
E AS DILAÇÕES? – GERMANO ACHA QUE NÃO É O CASO, R: mas sim só nos
impedimentos e contagem dos prazos (mas mesmo na contagem,quando há gente presa,
o prazo nunca se suspende)
7 O que parece uma contradição
8 Art 283/2 CPP

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devendo9 o MP deduduzi-la (Art. 283/1 CPP),


havendo, pois, uma forte presença do Princípio da
Legalidade (definidor do caminho a ser seguido).

Este obriga o MP a acusar sempre que se verifique


forte indícios do crime, limitador do princípio da
oportunidade (margem de manobra decisória), ou
seja, proibe-se negociações e delações premiadas
(Art 283 CPP)

Trata-se condição sine qua non para que a


jurisdição possa exercer, de forma imparcial, o ius
puniendi, sendo expressão de uma preocupação do
constituinte de garantir:

• Presunção de Inocência
• Ausências de Pré-Juízos ao Tempo
do Julgamento

• Arquivamento10: Ocorre na simétrica situação, ou


seja, quando não se determina a pessoa que
praticou o crime ou, ainda, quando não há indícios
de que ela o praticou ou que o crima exista. (Art
267 CPP) – excecionado pelo Art 287 CPP

É uma fase obrigatória, abrindo-se inquérito sempre que haja


denúncia, salvo se o crime seja semi-público, que exije ainda a
queixa do ofendido.

• Instrução: Sendo facultativa no processo, inicia-se com o RAI


(requerimento da sua abertura), pedido por assistente ou pelo
arguído (Art 287 CPP) e tem por finalidade infirmar ou afirmar
o ato praticado no seguimento do inquérito, ou seja,
procura-se bases e critérios11 que permitam resolver o
problema jurídico suscitado

Aqui, muda-se a entidade de direção do processo, que passa


aos Juízos de Instrução Criminal/Garantia (JIC), culminado

9 É mesmo um poder-dever, que emerge na esfera do MP no momento que se preencham os


pressupostos
10 Aqui, o processo nasce e morre sem intervenção da jurisdição
11 Elementos necessários a decisão

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na prolação de um despacho de pronúncia ou não pronúncia


de avançar ou não para o julgamento

Note-se que a denominação Juíz de Garantias faz-se adequada


muito pelo facto deste poder-dever intervir residualmente
durante o inquérito (Art 268°/189 CPP), sendo aquele que
autoriza a prática de certos atos e medidas de coação 12, ou
seja, velando pelo respeito pelos direitos fundamentias
quando hajam atos processuais que o “belisquem mais
intensamente” 13 14

Assim, pode-se se dizer que a razão de existência desta fase é


o controlo da legalidade da decisão do MP, verificando:

• Acusação se Justifica
• Arquivamente é Correto

• Julgamento: Somente ocorrendo com pronúncia ou acusação,


há pronúncia dos juízes/juíz de julgamento (singular, coletivo,
júri) depois de discudida a controvérsia, podendo culminar em
recursos ordinários ou extraordinários, mas que realiza a
função do processo mediante uma de duas:

• Absolvição : Ocorre quando os factos são tidos por


verdadeiros pelo Tribunal, ou seja, quando obteve-
se a certeza jurídica de que os factos alegados
pelo arguido ocorreram.

A formação dessa convicção, um fim do Direito, só


pode ser adquirida e procurada dentro dos modos
permitidos pela lei processual, respeitando
integralmente os direitos fundamentais dos
envolvidos

• Condenação: Sendo a formação de convicação


contrária a da absolvição (visto que se da por
provados os factos apresentados pelo MP) tem como
efeito prático fazer com que o arguido passe a ser
estigmatizado como criminoso, visto que a
sentença consubstânciará, nestes casos, uma
censura comunitária ao agente, membro daquela

12 Salvo TIR (Art.196 CPP), o TIR, em que se compromete a comunicar ausências


13 P.ex Correspondência (intimidade da vida privada) - não houve abertura da carta -; documento
de advogados, médicos (sigilo)
14 Os emails são regulados pela L 109/2009, que exige a intervenção do JIC

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comunidade, mediante um seu orgão legitimado


para o efeito

Esta fase é, em regra, pública, possuindo corolários importantes


(publicidade das discussões, leitura da decisão,
fundamentação da decisão, imediação, oralidade), sendo, no
nosso sistema, de se afastar a justiça de “gabinete”,
incontrolável por outros orgãos – Princípio da Publicidade
(Legitimador da Ação Jurisdicional)

Assim, conseguimos detectar que a estrutura do nosso processo é


primordialmente acusatória (Art. 32,n°5 CRP), baseado no Inglês, pois quem
investiga e acusa são entidade diferente necessaria daquela que procede
o julgamento.

Tal afirmação postula que analisemos 3 sistemas processuais existentes, que


refletem diferentes valores culturais, momentos históricos e ideologias de
poder, sendo eles:

• Inquisitório15: Neste sistema, próprio do Direito Frânces (napoleônico) ,


juíz intervem ex officio, sem necessidade de acusação, investiga
oficiosamente e com plena liberdade na recolha das provas,
pronuncia e julga com base nas provas por si recolhidas, sendo o
dominus do processo do início ao fim.

Por isso, a fase de acusação, investigação é feita pelo mesmo sujeito


(Corte), sem possibilidade de conformação da decisão final pelo
arguido (visto como objeto), dirigindo-se, a todo o custo, a buscar a
verdade material (e que se foda os direitos fundamentais – p.ex próva
régia por confissão)

Aqui, o processo decorre em segredo/secreto, sem contraditório, e é


totalmente escrito, não tendo o arguido muitos direitos perante o Estado.
(mais protetor da sociedade e da verdade)

15 Absolutismo – “Quem tiver um juíz por acusador precisa de Deus como defensor”

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Manifestação • Acusatório16: Neste sistema, tipicamente britânico procura-se a


do Princípio igualdade de poderes processuais entre acusação e defesa, ficando o
da Separação julgador, necessariamente, numa siuação de independência
dos Poderes e superpartes17, devendo observar objetivamente o caso concreto – é,
de uma
pois, um sujeito marcado pela passividade – que tem duas obrigações:
Cultura
Civilizacional
Processual • Não promover o processo (Ne procedat judex ex officio)
• Não condenar para além da acusação (Sententia debet esse
conformis libello) – Art 309° e 379° CPC

Este é marcado por uma ampla concretização do princípio do


contraditório, da publicidade e da oralidade, recaindo sobre o
acusador o ónus da prova e a presunção de inocência face ao réu.
(mais protetor do arguido e dos direitos fundamentais), que tem como
razões:

• Deveres a serem Impostos ao Arguido dependem da sua


Audição

• Decisão Imparcial Postula Audição de Ambas as Partes

Princípio A nota principal é a separação entre vários orgãos das funções de


da julgar, acusar e defender (subprocedimentalização) – mais defensor
Acusação do arguído – ainda que possam ter certa consequências perversas:
em Sentido
Material

• Igualdade apenas formal (os meios não são os mesmos)


• Desvirtualização pelo sistema plea bargaining
• Defesa pouco própria
• Cross Examination

A verdade é formal, construída de acordo com o que as partes trazem


para o Processo, os seja, são tratados verdadeiramente como partes,
surgindo o juíz como árbitro

16 Democracia
17 Trata-se de um duelo judiciário disicplinado pelo juíz

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É mais rápido da investigação, pelo o que há, tendencialmente, mais erros


nas decisões

• Mistos: Tendo toques de ambas as vertentes, temos o seguinte:

• Inquisitório: Princípio que orienta a investigação pré-acusatória,


ou seja, o INQUEÉEEEEERITO

• Acusatório: Princípio marcante na fase de julgamento e


instrução formal, em que o MP, orgão específíco criado para
representar a coletividade (em Portugal, a regra do inquérito é
púlico!)

Assim, a estrutura grantísitca que temos não é um dado adquirido, pois existem
modelos inquisitórios (quem investiga é quem acuda e também julga),
pouquíssimo garantístico dos Direitos dos arguidos.

Alias, a evolução histórica para o surgimento dos 3 sistemas não deixa de revistir
interesse: quando o ilícito passa a ser visto como uma ofensa a sociedade,
o direito de acusar se alarga a todos os cidadão que, no Estado, são
representados por um orgão do Estado, o que pode conduzir a um
desequilíbrio de duplo nível:

• Sobrevalorização dos Interesses da Comunidade


• Aproximação do Acusador ao Juíz

Desta feita, podemos destrinçar que a estrutura do processo penal português


caracteriza-se por:

• Separação de Funções: Correspondente a vertente objetiva desta


estrutura, sustenta que deve haver duas entidades públicas envolvidas:

• MP: Cabendo-lhe a tarefa de inestigar, acusar e sustentar a


acausação, cabendo-lhe , em exclusivo, a conformação e
definição do thema decidendum (Tribunal) e de contradicta
(Arguido) – Princípio da Acusação

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• Juíz: É a quem cabe, de forma isonoma, exclusiva e aberta


ao contraditório, decidir o quid pedido quando ele constitua
uma controvérsia jurídica

Princípios
Cumulativos • Garantias ao Arguido: Destaca-se, aqui, a vertente subjetiva desta
estrutura, destacando-se o Direito a Audiência, que atribue ao arguido
a possibilidade de colaborar e influenciar a decisão final, ou ao
Contraditório, Publicidade da Audiência, etc

É preciso, pois, denotar-se que exista uma participação constitutiva


dos sujeitos processuais na declaração do direito ao caso, importante
para:

• Impor deveres as partes


• Garantir Decisões Jurdícias Objetivamente Justas

Mais do que isso, o legislador, entendendo que o destinatário do


processo – que não pode não saber que ele existe – tem o dever cívico-
júridico de suportar certos incómodos18 impostos pela Lei Processual
(pois ninguem está acima da Lei) também terá o direito de, celeremente,
não voltar a ser mais incomodado quanto ao mesmo objeto
processual (mesmo facto) – Princípio Ne Bis in Idem

Apesar da estrutura tendencialmente acusatória19, há variadas exceções


conhecidas na lei:

• Poderes Gerais, Sigilosos e Escritos de Investigação do MP (Art


266°,86/2; 267 CPC)
• Princípio da Investigação Criminal (Art 340 CPP E 289/2 CPC)
• Dever de Investigação da Verdade por Parte do MP e Polícia

Esse modelo impõe, pois,:

• Modelo Escrito e Não Oral

18 Leia-se: restrições a Direitos Fundamentais, balizadas por princípios do Estado de


Direito nos limites constantes da CRP, pre-ordenadas a fazer o Direito Penal Latto Sensu
cumprir as suas funções
19 Em bom rigor, todo o Processo tem uma vertente inquisitória, assente na desigualdade

entre arguido e MP, compensada por: ónus da prova favorável ao cidadão e regime favore
recurso extraordinário

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• Arguido altamente interventor (ele é um objeto, e não própriamente


um sujeito)
• Não consufão entre as entidades

Note-se, porém, que apesar de o Processo ser o principal realizador do Direito


Penal, se houver outro caminho que satisfaça as finalidades atribuídas ao
Processo Penal (restabelecimento da paz jurídica) dever-se-á opatar por
esses caminhos alternativos por força do Princípio da Subsidiariedade da
Aplicação do Direito Penal, o que impõe desvios a legalidade penal, com
mecanismos como:
• Suspensão Provisória do Processo (Art 281° CPP)

• Arquivamento em caso de dispensa de pena (Art 280° CPP, remissão


para 74 CP – visão unilateral da culpa – em que o MP pode provocar
o arquivamento, por razões de eficiência e subsidiariedade)

• Mediação Penal: Integra a justiça restaurativa20 e define-se como um


processo informal em que um terceiro, o mediador, cria condições para
que arguido e assitente chegem a um acordo quanto a solução a dar ao
caso em concreto. (L.21/2007)

Aqui, devem estar todos de acordo esperando que se chegue a um


acordo, a ser homolago – se for incumprido, volta-se a abarir o inquérito
e usa-se a sentença como título executivo.

Conceito de Processo Penal


Introdução

O processo penal, ligado quase umbilicalmente ao Direito Penal Substantivo,


pode ser definido como um conjunto de normas jurídicas que disciplinam a
aplicação ao caso concreto do Direito Penal Substantivo21 (aceção
enquanto ramo do Direito – lato sensu) mediante um conjunto de atos pré-
ordenados (cujo funcionamento é previsto pela lei) e lógicamente encadeados
(processo stritto sensu) com propósito de22: (Art 262, N°1 CPP)

• Verificar a (in)existência do crime

20 P.ex APACs
21 Esta é a definição de GERMANO MARQUES DA SILVA
22 Extraímos das funções de inquérito a função do processo penal

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• Extrair e obter prova quanto a eles

• Procurar e Identificar o Sujeito quem o praticou, se for esse o caso –


o autor (não há acusações quanto a desconhecidos, mas pode haver
queixa contra desconhecidos)

Desta forma, o quid specificum do Direito Processual Penal é precisamente a


circunstância de somente operar quando exista um conflito Estado-Cidadão
de direitos de relevância comunitária, existência esta aferida após a
afirmação, demonstração e debate relativamente a esse suposto conflito

Porém, isso não significa, porém, que o MP deve fazer de tudo para
condenar o arguido, a todo custo, mas deve, sim, garantir a legalidade e
representar toda a comunidade no processo (por isso, não havendo indicios,
o MP deve promover o arquivamento, encerrando-o) (Art 283°/1 e /2 CPP)

É preciso esclarecer, desde já, uma diferença fundamental entre:

• Procedimento: Trata-se de um conjunto de atos lógica e


juridicamente ordenados, que tem por finalidade última reconhecer
se há ou não crime, bem como quem foi o seu agente, ou seja, tem por
destino resolver um problema jurídico penal hipotético ou concreto,
mediante impulso unilateral de entidade estadual (Forma como o
Direito Penal deve ser Aplicado)

• Processo: Trata-se de um procedimento que passa a estar submetido


a uma discusão, ou seja, passa a ser uma controvérsia concreta a
resolver pelo Tribunal, após a advertência de que um dado sujeito é
destinatário do processo, ou seja, após ser constituído
arguido.(Discussão de Como se Deve Aplicar Concretamente o
Direito Penal a Situação)

Relação de Complementaridade ao Direito Penal

Restabelecendo uma ideia exposta, existe uma ligação quase umbilical entre
o Direito Penal Adjetivo e o Direito Penal Substantivo, sendo aquele
instrumental face a este, pre-determinado, por mais das vezes, no seu sentido
e alcance por normas de Direito Penal.

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Esta ideia pressupõe um mesmo pensamento fundamental (mesmo modelo


de julgador), ou seja, uma certa “unidade” entre estes ramos, que verifica-se
em normas como:

• Art 113° CP – Legitimado a Apresentar Queixa (norma denatureza


dúbia: mista, sustantivo ou adjetivo)

• Art 118° CP – Prescição para proposição procedimento criminal


(ainda que os crimes sejam imprescritíveis), pois presume-se que,
findo o prazo, as funções que a pena iriam cumprir já se realizaram

• Art 2° CPP: Consagra o Princípio da Legalidade, ou seja, a aplicação


prática do Direito Penal só se pode fazer, opera-se, necessaria e
exclusivamente mediante o processo penal.

Esta interação faz-se também nos tipos especiais, cuja a natureza é essencial
para verificar a regularidade do processo, e que podem ser: (MUITO CUIDADO
COM ESTA CLASSIFICAÇÃO NOS EXAMES!)

• Públicos: São aqueles em relação aos quais a mera denúncia ou


notícia23 do crime pode levar a abertura de inquérito – tendencilmente,
tem moldura abstrata bastante elevada – independentemente, a
princípio, da vontade da vítima.

Porém, a verdade é que a vítima tem desempenhado papel importante,


levando até a eventuais desvios do princípio da legalidade como é o
caso da suspensão provisória do processo - que denota o princípio da
subsidiariedade da atuação penal24 (Art 281 CPP)

• Semi-públicos: São aquele em relação aos quais só a queixa pode


levar a abertura de inquérito (p.ex Art 143 CP)

• Particulares: Sãi aqueles em que é preciso queixa e acusação


particular25 para que se abra inquérito (p.ex Art.180° lido em conjulgação
com o Art 188° CP)

23 Mesmo CMTV ou SPORTV (Caso Marega)


24 Se houver outro caminho que satisfaça as finalidades atribuídas ao Processo Penal, dever-se-
á opatar por esses caminhos alternativos
25 AFINAL, O QUE É ISSO? R: Falaremos no inquérito

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Retiramos essa classificação do próprio tipo legal, e não do CP em si, sendo


certo que a falta de exigência de qualquer ato privado, o crime é tido por
público (p.ex Art 131 CP)

Não obstante, há situações em que o Direito Penal se ve “traído” na sua


aplicação, sentindo alguma “irritação”, em pontos como: PG 37-42 SEBENTA
– FALAR COM O PEDRO

• Doutrina da Infração Criminal


• Determinação da Culpa e da Pena
• Modelo de Decisão e Julgamento
• Presença do Arguido em Audiência

Note-se que a falta de eficiência prática das normas penais/ dificuldades


sentidas na sua aplicação concreta pode ser um impulsionador da alteração
das normas penais e processuais penais (como é o caso,p.ex, do crime de
violência doméstica), ou seja:

• Altera-se a redação de tipo legais do CP porque se sente dificuldade


de aplicação no CPP e consequente demonstração prática da
ocorrência daquele crime (p.ex violência doméstica, participação em
rixa (Art 151° CP), difamação (Art 180° CP), recrtação (Art 231,n°2 CP),
crimes de perigo indireto/abstrato)

• Altera-se o CPP para melhor aplicar e investigar determinado crime


previsto no CP (p.ex descriminalização do consumo de droga)

Não obstante todo o exposto, essa unidade não obsta a autonomia entre
ambos, fundados em diferenças de objeto e função, nomeadamente:

• Penal: O objeto da sua regulação é o ordenamento da vida em


sociedade, qualificando, de forma geral e abstrata, os
comportamentos humanos ofensivos de bens jurídicos valiosos aos
quais associa uma sanção pela prática.

• Processual: O objeto da sua regulação é o procedimento a se utilizar


para a averiguação e decisão da eventual prática de um crime e, se
for esse o caso, aplicar a sanção prescrita/decidir pela não

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prática/decidir pela não responsabilidade, ou seja, o seu objeto é


funcionalizado a realização do direito penal substantivo.

Essa realização deve-se fazer por meios lícitos, sendo intoleráveis


provas que, mesmo reveladoras da verdade e possibilitem a
aplicação da Lei, tenham sido obtidas em violação de direitos
fundamentais (Art 32°, n° 826 CRP e 126° CPP), ainda que a legitimidade
das sentenças assente na ideia de que o tribunal alcançou a verdade
dos factos nos seus elementos essenciais

É precisamente por conta disso que há quem afirme que dessa ideia de
“garantia do processo justo”, vê-se no processo penal um alto
significado ético, revelando-se através dele a coordenação Estado-
Indivíduos (comunidade vs arguido) – hoje, visto como um instrumento
a serviço da democracia

PROCESSO POLÍTICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA – PG 42-48

Diferenciação face aos Direitos Processuais


Processo Civil

Note-se que estes ramos, sendo adjetivos, muitas semelhanças tem, bebendo
da mesma fonte teórica geral, partilhando a uma história comum – até se
costuma chamar as relações jurídicas processuais, em geral, de lide - havendo
mesmo quem defenda a unificação dos processos, ainda que isso não se
verifique no nosso ordenamento, ou seja, seria impossível um tronco comum,
único

Tem-se afirmado, por isso, a autonomia do Processo Penal devido a


argumentos de várias ordens:

• Lógica: Analisando os princípios que estruturam o sistema processual,


temos:

• Processo Civil: Dominado pelo princípio dispostivo, o


sistema confere amplos poderes as partes para definir o
objeto do processo (alterando-o ou ampliando-o) e o impulso
processual cabe, como um direito a ação, as partes. –
DIREITO A AÇÃO E ÓNUS DE ALEGAÇÃO

26Raccio: Realizar valores atinentes a dignidade da pessoa humana que o ideal


democrático não consegue sacrificar.

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• Processo Penal: Aqui, o processo é dominado por uma


entidade pública (MP) que esta legalmente obrigada a iniciar
o inquérito e proceder a acusação se tem indícios
suficientes, ficando logo ai fixado o objeto do litígio –
DEVER DE PROPOR E INVESTIGAR

• Interesses: Aqui, temos:

• Processo Civil: Trata de acautelar interesse particulares

• Processo Penal: Trata de acautelar interesses que dizem


respeito a toda a comunidade (públicos e indisponíveis) ainda
que o bem jurídico seja pessoal (acautela paz jurídica na
comunidade) – ainda que variante.

Há, por isso, varios critérios diferenciadores:

• Titularidade da Ação/Natureza da Ação :

• Processo Penal: Titular da ação é o MP, entidade pública no


exercício do ius imperii, guiada pela legalidade, não valendo
a estrutura clássica de Carnellutti, ou seja, não há poderes ou
direitos de ação, mas sim um poder-dever de atuação do
MP), excluíndo-se o princípio do dispositivo.

• Processo Civil: Titular da ação é um sujeito privado, valendo


o princípio do dispositivo, ou seja, do Princípio da Autonomia
Privada

• Estrutura do Processo: (Art 6° CEDH, 20,N°4 CRP E 32° CRP)

• Processo Penal: Fala-se de uma estrutura unilateral, ou seja,


os sujeitos não assumem parte no processo, falando-se de
um “processo unilateral”, em que só um titular de o poder-
dever de ação, só ela pode promove-la, não sendo admissível
um processo promovido pelo arguido

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É o MP é quem define o objeto do processo, mediante a


acusação que se segue ao inquérito, e só ele, havendo,
excecionalmente, acusação particular (Art 285 CPP)

Nestes casos, que só ocorrem perante os crimes particulares,


é o próprio indivíduo/assistente que determina o thema
decidendo do Juiz de Julgamento, e o faz ao fim do
inquérito, no prazo máximo de 10 dias para o assitente, faze-
la, podendo o MP, nos próximos 5 dias a contar da acusação,
acompanha-lo (sendo o contrário da acusação regra - Art 283
e 284° CPP)

• Processo Civil: Aqui, existe uma ideia de processo bilateral,


uma vez que o réu é, ele próprio, titular de um direito
autónomo de ação, pelo que pode amplicar e/ou modificar
(dispor) o objeto do processo civil intentado contra ele (p.ex
reconvenção)

• Posição e Estatuto do Arguido/Réu:

• Processo Civil: O reú terá mesmo de falar, sob pena de


produção de rebelia com o seu efeito cominatório semi pleno
(Art 578°CPC)

• Processo Penal: O arguido, no processo penal, não tem o


ónus da impugnação – nem mesmo é preciso falar, pode até
mesmo mentir (direito a mentira e silêncio) - , não sendo objeto
de retirada de factos probatórios

• Medida do Julgamento: Aqui, temos:

• Processo Civil: É visto, aqui, como ordem unitária, cujo


objetivo é decidir se o autor é ou não titular do Direito
Subjetivo

• Processo Penal: É visto como ordem bilateral, na medida que


avalia o facto (se é crime ou não) e o sujeito (se é criminoso
ou não)

• Reforma de Sentença: No Processo Penal, a revisão tem de ser feit


sempre por tribunal superior, o que nem sempre ocorre no Civil, que
pode, as vezes, operar pelo mesmo tribunal que a prolou (Art 616 CPC)

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A decisão final de julgamento penal só se altera por outros tribunais,


nunca pelo emissor da decisão (Art 399 CPP), havendo um princípio
geral de recorribilidade, havendo limite do Art 400° CPP,
DESTACANDO-SE N°1 – 375 e 376 cpp REMETER

• D): Acórdão absolutória, não condenatório Proferida na


relação um duplo absolutório
• F): Dupla Conforme

Não obstante o apresentado,não se pode negar uma certa ligação entre estes
ramos de Direito Adjetivo, que se faz patente no Art 4° CPP, que determina um
“dreno” entre os dois ramos, em que o Processo Civil funciona como
mecanismo para integrar lacunas do Processo Penal,levantando-se a
questão de saber quando é que estamos perante uma omissão ou uma
deliberada escolha do legislador

Para GERMANO MARQUES DA SILVA, so haverá um caso omisso quando,


efetivamente, exista uma lacuna na regulamentação, algo que devia estar
regulado no processo penal (que procurou resolver todos os casos)
quando não está, o que não se confude com situações como quando outros
ramos regulem distintamente situação semelhante de forma deliberada
(p.ex dilações)

Processo Administrativo

Ainda que possuindo características semelhantes ao Processo Penal


(nomeadamente, existência de fase anterior a intervenção jurisidicional de
titularidade de uma entidade pública), podemos traçar os seguintes
simétricos:

• Administrativo: Aqui, inexiste a obrigação de uma intervenção


judicial até que exista um pedido expresso por parte de um
prejudicado (particular) por ato-decisão emitida (ou não) pela
Administração Pública, ou seja, existe um direito unilateral de ação,
titulado pelo cidadão de impugnação jurisdicional.

• Penal: Aqui, existe uma necessidade de jurisdição para que a ação


possa fazer executar a pena, sendo o direito a ação de competência de
uma entidade pública obrigada legalmente a agir

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Coloca-se aqui, porém, o problema de saber se o Direito Processual Penal


pode ser aplicado subsidiariamente a procedimentos administrativos de
índole sancionatória, defendendo DAMIÃO DA CUNHA que, pela sua natureza
e finalidade distinta, não se deve aplicar o Processo Penal – o que implica, por
exemplo, que as diligências de recolha de prova do DPP não podem ser
usada nesses processoas sancionatórios, sob pena de
insconstitucionalidade (p.ex Art 42° RGCO

Tira-se deste paradigma, porém, aquela ligação estabelecida entre o Art 269,°3
e o 32,n° 10 CRP – pois há aqui uma “finalidade pessoalmente punitiva” – e
reforçada pelo Art 6° CEDH (“ACUSAÇÃO”) de garantias as mesmas garantias
ao sujeito a ser punido, nomeadamente:

• Ónus da Prova
• In Dubio Pro Reo

Finalidade do Processo Penal

Visa: (que devem concordar, praticamente, entre elas)

• Realizar Justiça em Sentido Strito e Descoberta da Verdade Material:


Pode violar uma (prova ilicita) ou outra (suborno no contexto do processo
Para DAMIÃO e o trânsito e julgado – Art 449/1°CPP)
DA CUNHA,
trata-se de
discutir sobre • Proteção de Direitos Fundamentais dos Intervenientes: Direito ao
a presunção Silêncio, recursos p.ex
de inocência

• Restabelecimento da Paz Jurídica: Art 400 CPP (n há recurso), Prisão


preventiva (comunidade reagiria de forma adversa)

Fontes de Direito Penal Adjetivo

Existindo um princípio de estrita legalidade processual, a fonte principal (e


única/exclusiva, pode-se dizer) é a Lei27 (autorizando ou dispondo diretamente),
tendo este assunto ficado sob reserva relativa sobre ela - AR (165/1, AL C CRP)
- , o que vem a ser complementado pelo Art 2° CPP

27 Material e Formal

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Porém, mais das vezes, as normas legais encontram-se predeterminadas


por normas normaruns, quer de fonte interna, quer de fonte externa, e que
orientam o seu sentido e alcance – e por isso, faz-se relevante o seu estudo.

Fontes Externas

Destaca-se, a este nível:

• DUDH: Art 8° e 11°

• CDFUE: Art 107° e 108°

• CEDH: Art 6°28 (com reflexões diretos no CPP – Art 449°,n°1 al g) ) e


Protocolo 7° (duplo grau de jurisdição e proibição de bis in idem e
revisão de sentença)

Fontes Internas
Constituição da República Portuguesa

Para ROXIN, o Processo Penal é um verdadeiro Direito Constitucional


aplicádo29, dando amparo aos Direitos Fundamentais de forma muito intensa e
o que postula uma alta enformadura constitucional das normas processuais
penais – e são variadas, consagrando princípios, direitos e garantias – possuindo
uma ligação muitíssimo estreita.

Constitui mesmo o sismografo do desenvolvimento político social do


Estado, na medida que a relação Estado-Indivíduo é patente no Processo
Penal, podendo dar enfase mais agravada para o indivíduo ou para a sociedade.

Esse grau elevado de normação incide sobre: (vertente subjetiva e objetiva30)

• Garantias de Processo Criminal (Art 32° CRP)


• Condições de Validade para o Exercício de um Poder Público

28 Valor de Lei Constitucional (Art 16° CRP)


29 Ainda que o legislador tenham alguma margem de conformação da estrutura do
processo
30 Indivíduo e Estado

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• Elementos Legitimadores do Poder Exercido

Essa autêntica norma normarum funciona como critério:

• Positivo: Impõe Sentidos


• Negativos: Afasta interpretações

Aqui, salientam-se normas como:

• Art 20° CRP: Consagrando o Direito Fundamental ao Acesso a Justiça,


diz-nos que

• Art 27° CRP: Consagrando o Direito a Liberdade Deambulatória e a


Segurança, o constituinte consagra as únicas limitações a esses direitos
admitidas, havendo mesmo um numerus clausus na matéria, o que tem
relevo no Direito Processual (/3, al a) e c) ).

• Art 28° CRP: Fala-se da prisão preventiva, em que se prende alguem que
é inocente, antecipando uma condenação para garantir funcionalidades
processuais consagradas na CRP.

• Art 31° CRP: Consagra Habeas Corpus,

• Art 34 CRP: Destacando-se o n°4, fala-se da inviolabilidade da


correspondência, sendo proibida ingerência aqui e nos meios de
comunicação, só sendo toleráveis no âmbito do Processo Penal
(decretada po JIC e levada a cabo pelos OPCs) e só aqui – e, por isso,
os serviços secretos não poderiam usa-las a título preventivo, o que já
levou a vários chumbos constitucionais sobre a matéria (P.EX ACÓRDÃO
TC 464/2019).

• Art. 32° CRP: É a fundamental e mais importante norma constitucional


para o Processo Penal, consagrando vários princípios e DLGs, sendo
importante uma análise cuidada de todos os seus número:

N°131: Determina o Direito a Garantias de Defesa, passando


pelo contraditório, conhecimento de documentos
probatórios, recursos facilitados (estabelecendo-se a regra

31 Abraça o Art 6° CEDH

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geral da recorribilidade das decisões, dando ênfase a verdade


material acima da formal - Art 399 CPP)

Aqui, será necessário garantir que o sujeito tenha um


processo equitativo, tendo conhecimento preciso de
acusação e tendo tempo necessário para preparar a sua
defesa em situação de igualdade face ao MP (materialmente
falando)

A norma impõe mandatos constitucionais a dois poderes:

• Legislativo: Caberá a AR estabelecer um regime


jurídico que concretize, por forma essencial, estes
Direitos, bem como estabelecer, de forma clara, as
eventuais restrições e limites a esse Direito, desde
que não o anulando completamente.

• Judicial: No exercício das suas funções, o Tribunal


deve plenamente possibilitar o exercício do direito
de defesa (p.ex fundamentando as sentença,
publicitade do Processo), garantido o “justo
processo”

N°2: Estabelece o Princípio da Presunção da Inocência, que


termina com o trânsito em julgado da decisão e que cuja a
operação postula a atribuição ao arguido de possibilidades
amplas de se defender da acusação (não podendo ser um
objeto de onde se extrai informações, impondo-se que seja
ativo no desenrolar do Processo).

Alguns dos seus importante corolários são:

• Ónus da Prova Incide sobre o Acusador

• Direito a Recurso (mínimo duplo grau face a


sentença condenatória, visto que Portugal não fez
qualquer reserva ao Art. 14°,n°5 PIDCP, sob pena de
inconstitucionalidade – Acórdão TC 429/2016)

• Direito a Julgamento mais Célere Possível (o que


também é de interesse da comunidade)

Este princípio vem levantando alguns problemas normais de


compatibilização com as medidas de coação, aplicáveis ao
sujeito inocente (até mesmo a privação da sua liberdade)

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N°3: Consagra-se o Direito ao Defensor/Advogado, não


sendo dispensável em várias fases do Processo Penal,e
abrange:

• Direito a Escolha do Defensor


• Direito a Presença do Defensor Dimensão Positiva

• Direito a Assistência Técnico- Jurídica


• Direito a Não Ser Defendido
Dimensão Negativa
• Direito a Auto-representação

Este Direito, por vezes, torna-se um dever imposto pelo


Estado por duas ordens de razões:

• Atos Processuais de Consequências Graves ao


Sujeito

• Arguido pode Arrepender-se de Fazer Uso do


Conteúdo Negativo do Direito

N°4: Determina que a atos de instrução (atos que são


necessários para a prossecução das finalidades do processo) e
atos de reserva do juíz (aqueles cuja a prática “belisque”
direitos fundamentais – Art. 17°, 268° e 269 CPP) só podem
ser praticados por um JIC.

Note-se que estes atos de intrução não se confundem com a


fase da intrução ( fase autónoma não obrigatória que visa
confirmar os resultados do inquérito), como nos prova
argumentos como:

• Entidade que Acusa é quem Investiga


• Juiz não pode Investigar (P. Acusação)
• Juiz não se Responsabiliza pela Investigação

N°5: Estrutura do Processo deve ser acusatória, na medida


que a entidade que investiga e acusa deve ser distinta da
entidade que faz o julgamento32 (Princípio da Acusação) –
para além de que, na parte final, tende a ser oral e
contraditório (Art. 88/1 CPP), bem como o inquérito, que
tende a ser público (Art 86/1° CPP).

32O que, alias, se prova por uma distinta escola de magistratura (ainda que sejam todas no CEJ),
como confirma o Art 202° e 219 CRP; e pela publciidade do sistema

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Porém, há quem note uma certa mitigação por um Princípio


de Investigação, que busca certas caracterísiticas ao Processo
ao Inquisitório, como vemos no Art 340 CP33 (muito importante
na vida prática), relativo a audiência de julgamento (produção
de prova ex officio,pelo juíz34, para descobrir verdade
material e ir além do trazido ao Processo pelos sujeitos,
alargando o objeto sem dispor substancialmente dele – Art 1° al
f) CPP)

N°6: Consagra o Direito a Presença do Arguido em Tribunal,


determinando a regulalação das situações de substituição do
arguido pelo defensor, que assume um papel importantíssimo,
tomando decisões que afetem diretamente a sua vida.

Ora, é por isso que a doutrina vem afirmando que a norma foi
criada ad hoc para resolver problemática dos julgamentos
na ausência,situação excecional, e que só pode existir quando
o Tribunal estiver seguro35 de que o arguido36 conheceu e
compreendeu o conteúdo da acusação e data da audiência
(que não dispensa eventual presença forçada37).

N°7: Consagra, desde 1997, os Direitos de Intervenção do


Ofendido no Processo, que pode consubstarciar-se em vários
sujeitos/vestes:

• Assistente
• Vítima
• Parte Civil
• Testemunha(não tendo poderes de conformação no
processo).

A sua relevância pode se demonstrar em 3 níves:

• Meio de Prova: Ele transmite os conhecimentos


relevantes que tenha

• Interessados na Resolução do Problema

• Titular de Direito ao Ressarcimento de Danos

33 Remeter para Art 358° CPP


34 Ou a requerimento (n°2)
35 Sob pena de Insconstitucionalidade – como é o caso do Art 332° CP (PG 85 DA SEBENTA

– FALAR COM O PEDRO)


36 E só ele
37 Remoralização da Justiça

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N°8: Estabelece uma Proibição da Prova Ilícita, sendo que a


nossa CRP estabelece duas proibições:

• Absolutamente Proibidas: Englobando provas


obtidas por meio de tortura, ofensa a integridade, etc,
são sempre nulas as provas

• Relativamente Proibidas: Englobando provas


obtidas em casos de Abuso de Bens Jurídicos (vida
privada, domicílio, correspondência), só serão
toleradas nos estritos limites da lei que a permita
(somente após realizada uma concreta ponderação
de interesses que as legitime)

N°9: Estabelecendo a regra do Princípio do Juíz Natural/Legal,


princípio que, por força do Art 6°CEDH, é extendível a toda a
jurisdição portuguesa, sendo uma garantia subjetiva

O Juiz Legal significa que somente será legítimo a atuação de


um tribunal se existir lei prévia que determine a
competência de julgar aquele caso, ou seja, reforça-se a
confiança e transparência na Administração da Justiça

Note-se que a fixação do tribunal competente em concreto só


se pode fazer após a ocorrência de uma causa, ou seja, após
a:

• Dedução
• Constituição de Arguido

Muitas vezes, confunde-se com a Proibição de Instituição de


Tribunais de Exceção/Ad Hoc, princípio somente válido no
Processo Penal (Art.209,n°4 CRP), e que nada mais é do que
uma garantia de cunho institucional decorrente da necessidade
de legitimar a incriminação

N°10: Processos Sancionatórios

Outras Fontes

Quando a jurisprudência, inexistindo assentos, ela não é fonte, mas temos os


Recursos Fixadores de Jurisprudência (Art 437, N°1 CPP), sendo recursos
extraordinário, algo similar, mas como eficácia apenas para o Caso Concreto (Art
445/1 CPP) , ainda que nos ajude a fixar o entendimento jurisprudencial que se

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tem sobre certa matéria, cristalizando-o, mas sem obrigação de seguimento


pelos Tribunais, que devem fundamentar o porque

No tocante a Doutrina, entendimentos sobre certa questão, são mecanismos de


persuasão de convencer da justiça do que a tomado numa decisão judicial.
(livros, pareceres, etc)

Interpretação no Processo Penal

A interpretação no Processo Penal é essencialmente guiada pela CRP, que


nos fornece as estrelas guias das regras processuais, devendo-se buscar
certa uniformidade entre o Direito Penal e o Direito Processual Penal, ou seja,
de modo geral, segue-se o regime do Código Civil

Mas, havendo omissão, quando há lacunas, devemos atender ao Art 4° CPP,


e os criterios precedentemente tipificados, que são eles:

• Analogia das normas do próprio CPP: Apesar da legalidade


processual ser semelhante a do Penal, a analogia legis aqui
não deve ser usada contra reum/ in pejus, ou seja, não pode-
se prejudicar o reu através da analogia (Art 28° CRP, Art 1° CP),
não sendo admitida fragilizações e prejudicações por parte do
reu.

• Analogia com o CPC: Devendo-se fazer mutatis mutandi, a


sua aplicação tem-se feito muito duvidosa por duas razões:

• Não Pode Violar Princípios do Direto Processual


Penal

• Processo Civil Visa Exclusivamente Exercício da


Função Jurisdicional

• Princícipios Gerais do Processo Penal: Sendo certo que este


se impõe nos outros dois critérios, pois é ele que da sentido
a aplicação das restantes analogias e, por isso, eles acabam por
ter uma dupla função:

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• Negativa: Restringem como os outros são


aplicados

• Positiva: Aplicam-se quando seja inexistente os


outros critérios

Note-se, porém, que se coloca muito delicada a detecção de lacunas, ou seja,


temse mesmo de ter certeza que aquela lacuna é integrável, não pensada pelo
legislador, por duas ordens de razão:

• Reserva da AR (preenchimento feriria o Principio da Separação de


Poderes)

• Envolvimento de DLG (Art 18° CRP)

Aplicação da Lei processual


Tempo

Determina-se, pelo Art 5° CPP, que a lei aplica-se imediatamente (Princípio


da Aplicação Imediata), preservando-se o que era válido a luz da lei
anterior, havendo como exceção, os processos já em andamento quando da
sua aplicação se agrave sensivelmente a situação do arguído ou quebra de
harmonia e sequencia dos atos do processo. (n°2 al a) e b) ) – Protege-se o
Princípio da Proteção da Confiança

Conclui-se, por isso mesmo, que se o processo anteriormente iniciado estiver


em andamento no momento que entra em vigor a lei nova, salvo se existir
quebra de harmonia processual, ela vale dentro deste para futuro.

Aqui, é preciso ter ideia que o começo do processo se determina pelo momento
em que o destinatário do processo é constituiído como arguido e, por isso,
não se colocam problemas deste género antes disso.

Espaço

Previsto no Art 6° CPP,aplica-se, em primeira linha, nesta matéria, o princípio


da territorialidade ou da Lex Fori, que tem por implicações:

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• Àrea de Jurisdição Corresponde ao Território Nacional

• Todo Processo Submetido a Area de Jurisdição38 Rege-se pela Lei


Portuguesa

Note, porém, uma certa vigência do Princípio da Implicação Internacional em


que, mediante norma de Direito Internacional (p.ex costume,convenção) e
nos limites dela, a lei processual penal portuguesa poderá se aplicar em
território estrangeiro (Um pouco a semelhança do Art 4° CP)

A articulação entre Orgãos De Administração De Justiça portugueses e


estrangeiros faz-se das mais diversas formas (inclusive lei interna – p.ex L
144/99 e Artigos 229 e 230 CPP), destacando-se, a este propósito, o problema
das execuções de senteças estrangeiras em Portugal.

Dá-nos respostas ao problema os Arts 237° e 238°CPP que determina


pressupostos de eficácia desta sentenças como:

• Força Executiva Reconhecida por Lei ou Direito Internacional


• Revisão e Confirmação por Tribunal Português
• Ausência de Razão de Extinção do Processo39

Subjetiva

A lei processual portuguesa aplica-se a todos aqueles que , independemente


da sua nacionalidades, intervenham no Processo Penal em qualquer uma das
suas fases, o que postula, claro, que a Lei se aplique a todos que se
encontrem em território nacional

Note-se que, no caso específico do arguido, temos duas situações:

38 Portanto, somente a lei processual penal portuguesa se aplica em terrítório nacional


39 P.ex caducidade ou perdão

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• Incriminavel a luz do Direito Penal Nacional: Aqui, lhe serão aplicáveis


as disposições do Direito Processual Penal

• Não Incrimináveis: Aqui, as disposições de direito processual não lhe


serão aplicáveis, exceto nas situações em que se vise verificar as
condições possíveis de lhe isentar de responsabilidade penal

Note-se, porém, que existem limitações a estas normas impostas pelo Direito:

• Internacional: Fala-se aqui da Convenção de Viena sobre imunidades


diplomáricas (1/8/1964 – Ratificado pelo DL 48. 292), bem como pelo Art
105° Carta das Nações Unidas

• Nacional: Fala-se aqui de crimes aplicados a sujeitos que possuam


cargos políticos – Art. 130, 157,196 CRP (PR,AR,GOV)

Sujeitos Processuais
Introdução

Como se sabe, o processo enquanto tal se desenvolve, por força de variados


princípios, mediante uma sucessão de atos pré e abstratamente fixados e
ordenados na Lei de maneira a que se constituam varias fases autónomas
(devido a lógica que obedecem), interligadas entre si para cumprir a função
final de todo o processo: uma decisão final.

Ora, para que cada uma destas fases se concretizar na realidade, será
necessário que um conjunto de agentes, munidos de certos poderes, hajam
precisamente nesse sentido( praticando atos e utilizando de certos meios),
fazendo destes personagens jurídicos as autênticas e verdadeiras “força
motrizes” de todos os processos penais.

Tipicamente, a doutrina vem arrumando e diferenciando esses personagens


segundo um critério de poder de influência na ação, o que nos conduz a dois
conceitos fundamentais:

• Participantes: Trata-se de um conjunto de pessoas/agentes que


intervem no Processo, em regra, para a realização de um único ato

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processual (ato singular), tendo a sua participação no processo


esgotada nesse mesmo ato (p.ex testemunhas, peritos)

Daqui se retira, por isso, que elas não tem o poder de conformação da
decisão final do Processo, possuindo um papel meramente
instrumental no contexto da instância penal, ou seja, colaboram mas
não influem no processo

• Sujeitos Processuais : Trata-se de um conjunto de agentes que


possuem direitos processuais autónomos de conformação do objeto
do processo, possuindo, por isso, um alargado leque de direitos,
deveres e ónus processuais, orientando/conduzindo ativamente a
tramitação concreta do processo de maneira a influir
determinantemente na decisão final (p.ex assitente,MP, Tribunal,
Arguido)

Porém, estes também podem ser classificados de acordo com outras sub-
arrumações, que opõe dois tipos de sujeitos processuais:

• Autoridade: Sendo titulares de poderes de decisórios de


autoridade judicial, ou seja, de poderes oficiais exercidos pelo
Estado na Administração da Justiça, destacando-se dois
sujeitos a este propósito:

• MP: Possuindo este estatuto até o momento da


acusação (o que corresponde dizer, durante a fase
de inquérito), este orgão vem sendo considerado
(impropriamente40) o first line enforcer, na medida
que, sem ele, jamais poderá existir processo
penal41, na medida que é sobre si que recaem as
competências de direção da primeira fase
processual: o inquérito

Trata-se, pois de uma autoridade pública que irá


decidir, de acordo com critérios de legalidade, se o
processo deverá ou não prosseguir, perdendo
esta autoridade (passando a simples parte do
processo) quando promova a intervenção de um
juiz

• Tribunal: Possuindo este estatuto de autoridade


pública (por força da CRP) durante todo o

40 Dada a existência os OPCS, que são, normalmente, onde o cidadão da noticia do crime
41 Mas já poderá sem o Tribunal, em caso de arquivamento por exemplo

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processo penal, a sua atuação se pauta por um


conjunto variado de princípios, destacando-se:

• Ne Procedat Iudex Ex Officium:


Significará que, em caso algum, poderá o
Tribunal promover a sua própria
atuação, estando sempre dependente de
um pedido externo, que motiva e delimita
o âmbito e o objeto da sua atuação, que
é resolver uma controvérsia jurídica

• Audiatur et Audia Pars: Significa que o


Juiz, no desempenho da suas funções,
será independente e imparcial em
relação as interessados na resolução do
litígio.

• Decisão Declarativa: Significa isso que as


pronuncias do Tribunal não tem força
autoexecutiva, mas sim, constitui a base
de uma futura execução coativa, ou seja,
título executivo

Note-se, porém, que eles não operaram sempre da


mesma forma em todas as intervenções do
Tribunal, pois haverá que se distinguir:

• Atos Materialmente Jurisdicional


• Atos Instrutórios/Instrumentais42

• Privados: Tratam-se daqueles sujeitos processuais que


possuem “meros” poderes de participação ativa no processo,
requerendo a reapreciação de pedidos e decisões dos
orgãos titulares de poder de autoridade judicial

Para que sejam habilitados (a participar no processo) enquanto


tais, será preciso um ato constitutivo do status de parte, ou
seja, que reconheça legitimidade ou interesse processual do
sujeito em participar enquanto parte, ato esse que pode resultar
de:

42 Mas que são reserva do Juiz, na medida que garante-se o respeito pelos DFs

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• Declaração de Vontade
• Ato Coativo

Aqui temos os seguintes sujeitos/partes43:

• MP: Assumindo esta qualidade após deduzir a


acusação, ele passa, pelo menos na fase de
julgamento, a uma parte do processo em paridade
com o Arguido

• Assistente: Sendo visto como uma parte mais


acessória, tem como principal função fiscalizar e
colaborar com a promoção processual realizada,
em exclusivo, pelo MP

Assim, o seu grande poder é o de influenciar a


reapreciação de decisões tomadas pelos orgãos
de autoridade

• Arguido: Trata-se do destinatário do processo


penal, ou seja, alguém a quem a ação penal é
especialmente dirigida e imposta autoritariamente
mediante ato admoestatório: a acusação

Por isso, o arguido nunca promove o processo, mas


sim, resiste a ele mediante o exercício do seu direito
e prerrogativa de defesa

Esta segunda diferenciação não é inóqua, possuindo relevância para


aferir o tipo de valoração processual que devemos realizar
relativamente aos atos praticados, sendo elas:

• Autoridade: Ponderação tipica de Direito Publico (Juizo de


Nulidade e Irregularidade)

43 Conceito meramente formal e instrumental, que abstrai da relação jurídica


substantiva/Direito Material

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• Privados: A valoração faz-se a luz de juízos relevância para


causa e da admissibilidade legal

Esta divisão também é util para demonstrar que, no nosso sistema


processual, não se pode dizer que o processo seja, como é o caso do
processo civil, um “processo de partes”44 (na medida que somente na
fase de julgamento, acusador e reu encontram-se em paridade), mas
sim um processo marcado pelo Princípio da Cooperação/Colaboração
para a Realização do Direito entre Estado e Cidadão, o que se revela
por ideias como:

• MP deve atender a todos os factos relevantes para o


julgamento da causa

• MP deve buscar sempre vias alternativas a resolução do


litígio

• Contraditório é sempre realizado perante um terceiro

• Juiz participa ativamente da produçãod de prova

Neste panorama, levantam-se dúvidas relativamente a qual deve ser o estauto


das Parte Civis, que se configuram como uma espécie de híbrido, que é:

• Formalmente Sujeitos
• Materialmente: Sujeitos da ação civil, apenas

Por isso, há quem as classifique como participantes processuais penais (so


sendo sujeitos materiais na parte civil do processo penal, não no processo penal)

Tribunal
Introdução

Quando pensamos na palavra processo, pensamos precisamente num cojunto


ordenado de atos a serem praticados junto de uma entidade resolutora de

44 Nem se quer há contraposição de interesses!

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litígios – o tribunal - , ligação mental que remete, precisamente, a função


originária do processo (orientar as regras a serem seguidas pelo Tribunal45
na resolução dos litígios que são para si remetidos)

É por conta disso que o nosso CPP inicia a análise dos sujeitos processuais
por ele, tratando, de forma conjunta, quer o Tribunal e Juízes, arrumação
sistemática que se explica por duas razões:

• Juiz são os titulares que sustetam o Orgão

• Demarcação das várias funções dos titulares da jurisdição (julgar,


instrução)

É preciso ter em mente os conceitos que a palavra tribunal poderá abarcar:

• Institucional: Aqui, o Tribunal é o espaço/sede da instituição/local em


que se administra a justiça, designado por uma série de fatores e de
acordo com certos critérios, e que é composto por agentes variados
(magistrados e funcionários administrativos) para o desempenho de
várias funções estaduais ligadas a justiça (jurisdicional e
administrativa)

• Funcional: Aqui, o tribunal é visto como um orgão de funcionamento


independe e com características únicas, cujas deliberações são
obrigatórias, dada a função estadual que desempenham (a
jurisidicional).

Trata-se, pois, de um orgão constitucionalmente competente para


julgar uma causa, estando legalmente composto por juizes habilitados
a desempenhar esta atividade de heterocomposição de litígios em lugar
próprio (o Tribunal em Sentido Institucional)

É este, para o CPP, o Tribunal que tem a função de julgar as causas,


ignorando-se, pois, o tribunal de execução penal e o de instrução (Art 61
CPP e confronto entre Art 32, n°4 CRP e 205 CRP)

45 São, pois, a razão de ser do Processo

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Note-se que a sua composição concreta não será, para o efeito da


presente análise, uma matéria relacionada a sua competência, ainda
que esta influencie aquela, como nos prova o Art 119° CPP

A este propósito, será relevante diferenciar dois conceitos fundamentais, mas


que não se confudem:

• Jurisdição
• Competência

Jurisdição
Conceito

A jurisdição nada mais é do que o poder constitucional (Art 202° CRP, Art 8°
CPP, Art 2 LOSJ) de exercer a função jurisdicional, ou seja, de decidir litígios
concretos,ou seja, trata-se de uma função de Estado exclusiva ( Princípio Do
Monopólio Do Jus Diccere/Jurisdição), que cabe aos Tribunais e que se
traduz no poder de decidir, em concreto, qual a solução jurídica a dar, com
força de caso julgado e que está presente em todas as fases do processo (Art
17° CPP e 268°,269 CPP)

A sua falta deste poder levará a prolação de decisões inexistentes, que nem
podem ser consideradas coisa alguma, estando completamente desprovidas
de efeito jurídico

Aqui também surge o problema do conflito de jurisdição, que ocorre quando


2 ou mais autoridade, pertencentes a atividades estaduais/ordens
jurisdicionais distintas, se arrogam ou declinam do poder de conhecer uma
questão jurdíca (Art 109, n°1 CPC)

Focando-nos em específico na jurisdição penal, ela se manifesta em dois


poderes:

• Julgar (Fase de Julgamento)

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• Instruir: Fala-se aqui da figura do JIC, que desempenha poderes


distintos de acordo com a fase processual em análise, havendo:

• Inquérito: Desempenha os chamados “atos de reserva do


juiz”, que consistem em atos de autorização de prática de
atos por outra entidade, o MP, que venham agredir de
alguma forma DF

• Instrução: É o domnius desta fase processual.

É desta dualidade de poderes jurisdicionais que podemos dizer que, na


jurisdição penal, se verificam 3 intensidade de jurisdição:

• Plena: A jurisdição plena se traduz no poder de praticar qualquer tipo


de ato decisório, inclusivamente uma decisão final sobre o mérito da
causa

• Semi-Plena: A jurisdição semi-plena se traduz no poder de emitir atos


decisórios de certo e determinado conteúdo em determinada fase do
processo (p.ex nos atos intrutórios)

• Quase-Jurisdição: Aqui, o poder que se fala traduz-se no de proferir


decisões de reserva jurisdicional não determinante para aferir do
mérito da causa, mas tão somente para garantir o respeito pelos direito
fundamentais do indivíduo

Princípios da Jurisdição Penal

Aqui, temos um conjunto de orientações (e não direitos subjetivos),


completamente necessários para a prossecução do interesse público de
bom exercício da justiça e trava ao arbítrio, os seguintes:

• Independencia: Sendo o que permite diferencia-lo do MP, ela se verifica


em duas modalidades que realçam uma total e exclusiva vinculação ao
Direito: (Art. 4° EMJ e Art. 37 CPP)

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• Externa: Fruto da Separação de Poderes, significa que


nenhum outro poder pode ingerir nas decisões judiciais

• Interna: Inexiste qualquer tipo de relação de hierarquia entre


os Tribunais, sendo cada um deles sendo considerado um
tribunais soberano por si, não recebendo ordens e nem
instruções de ninguem, ou seja, sendo o único responsável
pela decisão (Principio da Independencia) – Art 203, 216 CRP

Alguns modos de proteção da indendencia são:

• Inamovibilidade (Art 216, n°1 CPC)


• Irresponsabilidade Política )Art 216, n°2)

• Imparcialidade: Sendo um pressuposto necessário para a


independência, significa que o juiz, terceiro imparcial, não pode ter
qualquer tipo de interesse, qualquer que seja, na contenda, não podendo
por isso decidir em próprio interesse, sob pena de antecipar o seu juízo

Algumas Garantias do seu cumprimento são o instituo dos:

• Impedimentos: Previstos nos Art 39° e 40° CPP e sendo estas


normas de aplicação geral a todas as tarefas do Processo,
vemos situações em que o juiz não pode exerce a jurisdição
em qualquer hipótese (judex Inhabilis), essencialmente, por
razões de:

• Ligação pessoal com um interveniente


• Ligação familiar
• Envolvimento Substantivo prévio no processo

Estas situações taxativamente previstas na lei permitem


presumir juris et de jure uma pré-valoração negativa do
arguido por parte do juiz (protegido unilateralmente na sua
presunção de inocência), o que obriga ao juiz se
autodeclarar impedido a requerimento de qualquer parte ou
ex officio

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Notoriamente, essa operação automatica traz vantagens de


autonomia e rapidez processual, sem necessidade de
verificação por outras entidades, nomeadamente, outro tribunal
– A sua violação conduz a nulidade (Art 41, n°3 CPP)

• Suspeição: Abarcando asrecusas (Art 43° CPP), o que


existem é uma cláusula geral, aberta, requerida pelo MP,
sujeitos ou partes civis, podendo ser solicitada quando haja
suspeitas de parcialidade ou podendo o juiz pedir escusas
(n°4), que é julgado no tribunal ou em tribunal superior (Art
43, n°3 e 45 CPP) , tendo de fazer prova desse facto e
produzindo, desde logo, um efeito suspensivo (Art 42, n°5 CPP)

Para DAMIÃO DA CUNHA, mesmo que esta sentença


transite em julgado, poder a sempre ser revista , na medida
que somente a independencia garante justificação para o
exercício da função

Porém , p Germano Marques da Silva, trata-se de uma mera


anulabilidade

• Juiz Natural: As competências dos tribunais tem de estar fixadas em


Lei escrita, estrita e prévia (Art 32°, n°9 CRP) – 165/1/PUTA CRP –
reforçando a independencia e a imparcialidade, bem como resultaque
foea dos termos previstos, n é possível tribunais ad hoc ou de eceção

Há corolários:

• Determinabilidade(cidadão tem de saber de antemão)


• Fixação da Competência dos Tribunais em Lei
• Fixação dos Mecanismos e Critérios de Distribuição do
Processo

Juiz de Instrução

Prevista no Art 32, n°4 CRP, caberá a ele essencialmente duas funções:

• Competência Instrutória

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• Atos de Reserva do Juiz: Visará garantir respeito e objetividade


quando se pratiquem atos potencialmente lesivos aos DLG na área do
inquérito, funcionando como um prolongamento da atividade
jurisdicional

• Outras Compentências: Prevista no Art 268, n°1 al f) CPP, temos atos


como:

• Produção Antecipado de Prova (colabora no julgamento)

• Autorizar Termo ao Processo (Acórdão 7/87 TC)


Competência

A competência é a concreta fatia ou parcela de jurisidição que caberá a um


concreto tribunal, e que é aferida/distribuida de acordo com critério
variados fixados na Lei ou na CRP

A sua falta determina uma nulidade absoluta e insanável (Damião da Cunha),


mas que pode, opinião de GERMANO MARQUES DA SILVA, ser convalidado
com o trânsito em julgado da senteça prolada pelo tribunal incompetente (Art
32 E 119° CPP)

Aqui, surge o problema do coflito de competências, que ocorre quando dois


ou mais tribunais de uma mesma jurisdição se arrogam ou declinam poder
para conhecer de uma certa questão jurídica (Art 109°, n°2 CPC)

Ora, como se viu, esses conflitos deverão, logo a primeira vista, tentar ser
sanados medidante uma correta aplicação das normas de aferição de
competência do Tribunal, que podem ser:

• Material: Trata-se de saber de que forma a matéria penal será


distribuida dentro dos diversos tribunais (em sentido funcional) que
compõem (ou que tem por sede) o Tribunal (em sentido institucional), ou
seja, qual será a espécie/composição do Tribunal.

Aqui, esta determinação pode-se fazer de acordo com critérios de índole:

• Qualitativa (tipo de crime)


• Quantitativa (moldura aplicável/ gravidade do crime)

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• Hierarquica: Trata-se de saber qual o grau de recurso que deve, dentro


da escala de instâncias, ser chamado a exercer as funções
jurisdicionais naquele caso concreto, sendo certo que, tipicamente,
serão os Tribunais De Comarca os primeiros chamados (Art 42 LOSJ),
excecionando aqueles casos em que pelas qualidades pessoais do
arguido, o Trib de primeira instância deverá ser um Tribunal Superior

Também é de frizar que, em bom rigor, o STJ somente desempenha a


função de instância em situações excepecionais, na medida que
quase nunca é competente para a apreciar matéria de facto ou valorar
provas

• Funcional:Trata-se de saber qual será o tribunal competente para


praticar uma determinada fase/ato processual (julgamento, instrução,
recurso, execução de pena), sendo certo que este critério será sempre
temperado pela Probição de Tribunais Especializados para Julgar
Certos Crimes (mas já não para instruir)

Assim, podemos ter tribunais que:

• Conhecem o crime (Art 28 e 25 CPP)


• Julgam o Crime (Art 16° CPP)

• Territorial: Trata-se de saber em qual área geográfica deve um


Tribunal desempenhar as suas funções, o que dependerá de uma
organização jurisdicional concretamente fixada, no caso, a LOSJ

• Por Conexão

Material

Focando-nos no JIC, ele pode:

Dirigir a Instrução

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Exercício dos Atos Jurisdicionais até a remessa para julgamento

A Competência Material é definida pela conjulgação dos Art 13, 14 e 16 do CPP,


que estabelecem qual o tribunal materialmente competente, bem como a sua
espécie (ou seja, composição), de acordo com 1 de 3 critérios:

• Natureza do Crime (Critério Qualitativo)


• Gravidade da Pena (Critério Quantitativo – Supletivo)
• Qualidade Pessoal do Arguido

Note-se que por força do Art 15° CPP, devemos considerar para este efeito
todas as circunstâncias agravante da pena, nomeadamente, os seus
elementos modificativos agravantes (concurso, imputáveis perigosos, etc –
Art 78, 83 e 86 CP), na medida que o nosso legislador entende que quanto mais
solene for o Tribunal, maiores serão as garantias do Arguido

Para além disso, temos de considerar as penas máximas em dois níveis:

• Maxímo Legal Abstratamente Aplicável ao Crime


• Máximo Legal Abstratamente Aplicável ao Processo Concreto

Assim, por força do Juiz Natural, que impõe a constituição prévia do tribunal ao
tempo da prática do crime, podemos ter os seguintes tipos de Tribunal :

• Coletivo: Tendo as suas competências previstas no Art 14° CPP46, a sua


atuação prescinde de requerimento, e possui dois critérios aplicáveis:

• Quantitativo: Ele será competente para julgar crimes cuja a


moldura abstrata é superior a 5 anos, salvo se tiver de ser
julgado pelo Tribunal Singular

Note-se que, excetuando o disposto no Art 16, n°3 CPP, se por


força de um concurso, tivermos vários crimes singularmente
puniveis com pena não superior a 5 anos, mas cuja soma
ultrapassa estes 5 anos, o Tribunal Coletivo continua a ser
competente (Acórdão Uniformizador de Jurisprudência 3/95) –
Art 14°, n°2, al b) CPP

46 Pode ser de competência genérica (comarca) ou especializada (Instância Central)

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• Qualitativo: Sendo idêntico a dos Tribunais de Juri,num


primeiro momento, desde que não tenha de ser
necessariamente julgado pelos outros tribunais – n°1

Para além disso, ele será igualmente competente para julgar,


desde que não tenha de ser um tribunal singular a faze-lo, os
crimes dolosos ou agravado pelo resultado se a morte for
elemento típico, independentemente da moldura abstrata
(essencialmente, crimes preterintencionais) – n°2, al a)

• Singular: Tendo a sua competência determinada pelo Art 16°, teremos


de analisar os critérios

• Residualidade: Determina o n°1 que cabe ao Tribunal o singular


julgar tudo que não seja julgável por outro

• Qualitativo: Previsto no N°2, al a), trata de crimes contra a


autoridade pública (347 ESS CP), estabelecido pelo legislador
na lógica de facilitar a obtenção de prova (o que algo de
perigoso a se aplicar a prior)

• Quantitativo: O Tribunal Singular será competente para julgar


os crimes cujas penas máximas sejam iguais ou inferiores a
5 anos, ressalvando-se, porém, a regra do concurso
estabelecido no Art 14, n°2, al b)

Porém, o n°3 introduz um pequeno desvio a esta lógica em


que, apesar da moldura abstrata aplicável ao concurso ser
maior que 5 anos de prisa, o Tribunal singular poderá
continuae competente se o MP (na acusação ou no
requerimento) considerar que, no caso, não se deve aplicar
pena maior que 5 anos concretamente – que, alias, o Tribunal
Singular não poderá aplicar (n°4).

Este mecanismo fora inicialmente pensado para simplificar o


trabalho dos Tribunais a título precário (pois, no anteprojeto
de Figueiredo Dias, eles poderiam modificar o entendimento do
MP posteriormente) mas que, com as mudanças que lhe foram
sendo apostar, transformou-se num mecanismo limitador do
poder do Tribunal ditar a medida concreta da pena, que nunca
poderá superar os 5 anos.

Isto levanta sérias dúvidas constitucionais, na medida que o


MP estaria se intromentendo na função jurisidcional

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reconhecida, em caráter exclusivo ao juiz/tribunal, ferindo, nesta


medida:

• Princípio do Acusatório (Mistura julgamento com


o investigação)
• Juiz Natural (Competencia é determinada pela
qualificação que o MP faz)
• Principio do Monopólio da Jurisdição

Porém, o Acórdão TC 8/5/1995, veio afastar a não


inconstitucionalidade da norma, o que parece absurdo, ainda
mais pelo facto de tal decisão do MP ser feita em função de um
mero Princípio de Oportunidade, sem qualquer tipo de
controlo, excetuando somente os casos em que a
competência do Tribunal Coletivo seja, naquele caso, ditado
por outro critério que não somente o quantitativo, ou seja, é
um controlo meramente processual e não substantivo.

• Juri: Estando regulado no Art 13 do CPP (COMEÇAR POR ESTE E


DEPOIS IR PARA O 14 NOS CASOS), ele em bom rigor é um Tribunal
de Escarabinos, na medida que é formado por 3 juízes e 4 jurados
leigos (num total de 7), mais 4 supletentes de jurados, e a primeira ideia
que temos de ter em conta é que o juri tem uma intervenção
subsidiraria i.e compente casos que não pode haver singular e quando
requerido pelo MP (N°2)

O seu fundamento se destrinça em 3 ordens de razão:

• Abrir a Administração da Justiça a Comunidade


• Respeitar a Sensibilidade do Interesse em Causa
• Melhor Ponderar o Interesse em Causa

Os critérios para aferir da sua competência pode ser de ordem:

• Qualitativa: O Juri pode julgar crimes relacionados segurança do


Estado e Identidade Cultural e Integridade Pessoal e violação
de Direitos Humanos47 (L 31/2004), sendo completamente
irrelevante a moldura (n°1), sendo certo que jamais poderá julgar
os crimes de tráfico de estupefacientes (Acórdão TC 450/2008)

• Quantitativa: O juri poderá atuar quando a pena maxima abstrata


seja superior a 8 anos de prisão para cada uma das penas, não

47 Exceto o crime de terrorismo: Art 137 LOSJ e Art 207 CRP

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se considerando o concurso 48(homicidio, violação, crimes


sexuais graves) – critério quantitativo, que se atende a moldura
(n°2)

EstA competência, porém, não é automatica, devendo haver


requerimento irretratável (MP, assitente ou arguido) dentro do prazo
de acusação

Funcional

Pode ser perspetivada de várias formas (grau, estágio do processo),


devendo-se começrar em função da:

• Fase: Cumpre saber quem é o “dono da fase do processo”, devemos


ver:
• Inquérito: Dirigido pelo MP (Art 263 CPP) e numa perspectiva
jurisdicional, o JIC (Art 17°. 268, 269 CPP)
• Instrução: JIC (Art 17°, 288°)
• Julgamento: Juiz de Julgamento
• Recursos; Atuação de Tribunais Superiores
• Execução: Articulação Julgamento (1° instância) e o Tribunal de
Execução de Penas – Art 478, 484 CPP (pós transito em julgado,
entrada no estabelecimento, revogado)

• Graus: Em níveis hieráquicos, temos de ver, desde logo:

• 1° Instância: Julga tudo aqui

• 2° Instância: Relação, jugando em regra recursos (


aprecidando facto e direito - Art 428 cpp), mas pode ser
primeira instãncia quando:

• Arguido é Juiz de 1 Instancia (12/2)


• Membros do MP

48 Soma de penas máximas

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• 3° “Instância”: Aqui, está em causa a jurisdição do STJ, tratando, em


regra, apenas de Direito e, em regra, recursos (Art 434, 11/2 e /4 al b)
CPP). Também poderá conhecer extraordinariamente os RFJ e de
Revisão (Art 449° CPP – flagrante denuncia da justiça quando juiz fez
merda em transito em julgado), pode ser primeira instãncia
quando 11/3/a)

• PRESIDENTE, AR, PM
• Juiz da Relação ou so STJ

Territorial

Como já visto acima, trata-se de saber qual o território sobre o qual o Tribunal
pode exercer o seu poder, sendo certo que o critério geral para o aferir é o
critério da Ligação do Objeto Processual com o Território em que o Tribunal
Exerce Atividade, sendo que a lei estabelece sub-critérios que o concretize
O primeiro, e mais importante deles, está prevista no Art 19° CPP, como regra
geral, no n °1,o chamado Critério da Consumação, ou seja, é competente o
Tribunal da área de consumação do crime, que postula uma diferenciação
entre crimes:

• Formais: Será competente o Tribunal da área da prática do facto/onde


deveria ter ocorrido a ação e não ocorreu, ou seja, onde se verificou
a consumação típica

• Materiais: Será competente o Tribunal da área em que os efeitos se


concretizaram – por exemplo, no caso das Omissões, onde a ação
deveria ter ocorrido para evitar que o resultado se tivesse produzido49

• Permanentes: Tratando-se daqueles crimes que se prolongam no tempo,


ou seja, cuja a consumação se arrasta por um marco temporal (p.ex
sequestro – Art 158° CP ),sendo competente, por força do n°3, o Tribunal
em que a consumação tiver cessado

49Caso de Omissão: mãe que reside no porto deixa o filho em casa e foi embora (a ação deveria
ter acontecido no Porto, e não no local de fuga)

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• Sucessivos/Reiterados: Sendo crimes que são compostos por vários


atos dispersos (p.ex Art 154-A CP - perseguição), o n°3 diz-nos que
deverá ser o sítio da ulima pratica que finde o tipo, o que é dificil a
nível cronológico e lógico.

• Continuado: Tratam-se de crimes em que existem vários atos que


integram um mesmo crime, o mesmo n°3 determina que será competente
o Tribunal em que se praticou o último ato que integre a continuação

A adoção deste critério justifica-se por duas razões:

• Mais Facil Recolher a Prova


• Reparação da Paz Jurídica

Note-se que este critério comporta suaves desvios, nomeadamente:

• Elemento Típico Morte: Aqui, será competento o Tribunal da área em


que o agente atuouo ou deveria ter atuado (n°2)

• Tentativa: Estando regulado n°4, diz-nos que o Tribunal competente é


aquele da área em que o último ato de execução fora realizado ou, se
for este o caso, o local do último ato preparatório– caso ele tiver sido
praticado no extrangeiro, aplicamos o disposto do Art 22°,n°2

• Localização Duvidosa: Se aplica o critério da notícia do crime (Art 21°


CPP)

No caso dos crimes praticados fora do âmbito de aplicação Princípio da


Territorialidade (Art 7° CPP), mas aos quais se pode aplicar a lei penal
portuguesa, devemos atentar ao disposto no Art 22°,n°1 CPP que, nestas
situações, a ação deve ser proposta no tribunal da área em que o agente
tiver sido encontrado ou na do seu domicílio (e, na dificuldade, o local onde
tiver havido pela primeira vez notícia do crime)

No entanto, é preciso verificar algumas nuances:

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• 1° - Crime Apenas consumado em Porugal: 19/1 CPP


• 2° Não Consumado, mas aplicavel ao 7° CP: 19/3 E 19/4 CPP

Conexão

Como se sabe, por regra, a cada crime deverá corresponder um processo


penal distinto, mas, por razões de ecoomia processual ou mesmo de
materialidade do crime, o nosso legislador permite apensar vários processos
num só através do fenómeno de conexão , que poderá ser:

• Subjetiva: Ocorre quando vários crimes são praticados pelo mesmo


agente em situações como:

• Mesma Ação/Omissão serviu de base (p.ex bomba no avião)


• Mesma Ocasiaõ ou Lugar (ofendeu vários deputadios)
• Causa Efeito d’outro (latrocínio)
• Ocultam uns aos Outro

• Objetiva: Tratan-se de vários crimes com especial ligação entre si,


sendo bastante claro nos crimes chamados “comparticipação” (co-
autoria, instigação, cumplicidade)

Ela poderá ter:

• Vantagens: Verificando-se a nível punitivo, visa-se evitar aberturas


para redeterminação progressiva da pena

• Desvantagens: Aqui, verificam-se mais a nível do arguido, que:

• Pode se Sentir Prejudicado por Falta de Imparcialidade


• Arguido Tem de Defender-se de Vários Crimes

Prevista no Art 24 ess (até o 31 CPP),são, pois, situações em que se praticam


vários crimes autónomos, por um mesmo agente por regra, mas que são
provenientes de uma mesma conduta ou ocasoão/lugar ou pessoas (p.ex
25 furtos até ser detido), devendo-se julgar todos os processos num só (ART

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29° CPP), buscando-se eficiência e harmonia decisória, sendo fixada pelo JIC
ou na primeira instância (n°2)

Assim, temos duas modalidades operando:

• Imperativas: Sendo aquelas do Art 24° CPP, e implicando mudança de


competencias, aplicam-se aos casos em que se verifique o respeito pela
teoria da acessoriedade, nomeadamente, em casos de comparticipação
ou concurso ideal em crimes.

As razões a imperatividade:

• Impedir Ne bis in Idem


• Impedir Contraditórios

• Não Imperativa: Aqui, não se aplicando mudanças de competência,


esta previsão do Art 25° CPP se aplica a situações de diferentes
unidades de factos (concursos reais de crimes), elas visam,
essencialmente, maximizar as capacidades do Tribunal, operando
uma apensação de vários processos sem necessaria conexão factual

Note-se, porém, que há limites a esta conexão, imposto pelo Art 30°,n°1 CPP,
podendo-se requerer um julgamento destrinçado mediante um incidente de
separação do processo, que ocorre quando cessa a razão de ser da
conexação(boa justiça), nomeadamente em situações, como:

a) Interesse Ponderoso
b) Risco a Pretensão Punitiva do Estado ou do Ofendido
c) Retardamento do Processo
d) Contumácia
e) Megas Processos (Art 22° L 38/2009)

Estes critérios são, na visão de GERMANO MARQUES DA SILVA, são


taxativos e somente operam por decisão do juiz ou do MP (se dentro do
inquérito – Art 264/5 CPP e Acórdão TC 20/2012) e só podem operar no limite
do Art 31° CPP, ou seja, desde que não se verifique um desaforamento, ou
seja, desde que se mantenha a competencia do Tribunal previamente
definido – em respeito ao Juiz Natural

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Lendo o Art 27°(competência territorial) e 28°(competência hierárquia) CPP,


conjuntamente, vemos que o Tribunal competente nestes casos deverá ser o
de grau mais elevado, que puxa para si os processos de grau mais baixo, que,
segundo PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE, deverá ser:

• Juri
• Coletiva
• Singular

Ministério Público

Sendo o nosso modelo de índole acusatória (como se vê no Art 32° CRP), o MP


é uma entidade importantÍssima no nosso sistema , reforçado pela Lei e pela
CRP (219 CRP), mediante a sua consagração enquanto orgão estadual de
funções variadas no contexto do processo penal

Ele se consagra como um orgão autónomo de administraçao de justiça,


funcionando numa lógica de hierarquia e representação do Estado nas
ações penais (função que justificou a sua criação, aliás) e defedendo a
legalidade, sendo precisa analisar :

• Administração de Justiça: Não desempenhando, porém, um orgão


judicial, o MP se configura, por isso, enquanto um centro autónomo
institucionalizado de emanação de vontade do Estado

Assim, o MP colabora com o Tribunal na descoberta da verdade


material, tendo, por isso e igualmente, competência de realizar o Direito
– implicando, por isso, que este não procura a acusação, mas sim o
respeito pela estrita legalidade (Art 53° CPP)

• Atividade Autónoma: Tratando-se de uma autonomia funcional e


orgânica (Art 219, n°5 CRP), significa que o MP não aceita ordens ou
instruções de nenhuma outra entidade, ou seja, dever-se-á orientar
única e exclusivamente por critérios de legalidade (jamais por utilidade,
segurança ou razões de Estado), com a intenção e limite de realizar o
Direito

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• Hierárquica: Prevista no Art 219°, n°4 CRP e confirmada pelo Art 76°
EMP, significa que os procuradores deverão respeitar as ordens e
intenções que receberem de seus superiores hierárquicos,
excepetuando aquelas que: (Art 79° EMJ)

• Ilegais

• Deixem Desconfortáveis o Procurador (mas só se a ordem


for de arquivamento que não sejam do PGR – GERMANO
MARQUES DA SILVA)

Nestas situações, deverá fazer por escrito e invocando expressamente


o fundamento da recusa

• Representante do Estado: Significa que o MP deverá respeitar os


princípios da democacia e o interesse da Lei (devendo reprimir as suas
violações), representando a sua consubstanciação institucional: o
Estado

Porém, o Estado aqui deve ser entendio em sentido lattu, abarcando:


(Art 5° EMP)

• RA,AL e Estado
• Incapazes e Incertos
• Trabalhador e suas Famílias
• Interesses Difusos

Diferentemente do Tribunal, como se viu, há aqui uma relação hierárquica


(Art.219,n°4 CRP), temos de analisar a estrutura existente dentro do MP, que
temos:

• Procuradoria Geral da República: Previsto no Art 220° CC E 20° EMP


é um orgão complexo de encabeçamento do MP, possuindo várias
entidades superiores, notando-se:

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• Procurador Geral da República50: Sendo o Presidente do


orgão (Art 12° EMP), tem competencias como:

• Representante do MP junto ao STJ


• Requerer a Declaração de Inconstitucionalidade
• Promover a Legalidade junto do MP
• Convocar o Conselho Superior
• Fiscaliza a atividade do MP

• Conselho Superior do MP: Possui uma competência


disciplinar relevante, o que implica a gestão dos seus
quadros (Art 15 EMP)

• Conselho Consultivo: É o orgão que presta aconselhamento


jurídico em nome do MP, sendo composto por auditores e que
cuja a doutrina constantes dos pareceres que emite pode ser
adotada pelo PGR como determinação vinculante de todos
os magistrados (Art 36 EMP e 42 EMP)

• Gabinetes de Coordenação Nacional para Coordenação de


Cimres (Art 46 EMP)

Note-se que há aqui nomeações políticas, colocando em causa a


separação de poderes, pois o MP é muito importante para a
administração da justiça, mas que justifica face ao seu papel de
executor de políticas (Art 219 CRP), congrador da Política Criminal
(bienal) – o que não pode interferir a promoção ou não de um processo!

• Procuradoria Geral Distrital: Estando na sede de cada distrito, a sua


Presidencial é exercida por Procurador Geral Adjunto, nomeado pelo
PGR, e que passa a PGD, coordenador do MP nesse distrito (Art 56 EMP)

• Procuradoria da Republica: Estando sediadas dentro dos Tribunais de


Circulo, previstos no Art 60 EMP, tem funções:

50 Nomeado politicamente pelo PR (Art 133°, AL M) CRP), sob nomeação do GOV

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• Representação do Estado na Primeira Instância


• Orienta MP
• Ordens e Instruções
• Proferir Decisões

Assim, o MP é uma entidade distinta do poder jurisdicional, não constituindo


um poder soberano, e tendo funções distintos de grande importância,
destacando-se o Poder de Exercício da Ação Penal de Acordo com a Lei (Art
219, n°1 CRP), nunca de acordo com há discricionaridade
pura/oportunidade, mas sim orientado para a Descoberta da Verdade Material
(Art 53 CPP) e colaborando para o Tribunal na descoberta na verdade

Para coomprender os seus poderes, teremos de ter em consideração o tipo de


crime que está em causa, nomeadamente:

• Crime Público: Sendo aquele cujo o interesse imediato de proteção


normativa é o da comunidade, o MP terá o poder de coordenar e
promoção total do processo,sempre com grande liberdade e quase
sem limitações, tendo poderes não taxativos de: (Art 53° CPP)

• Recebe Denuncias
• Dirige Inquérito
• Dedução de Acusação (nunca a todo o custo)
• Interposição de Recurso
• Promoção de Penas

• Semi-Publico: Dependerá de Queixa

• Privado: Dependerá de Queixa e Acusação Privada

Ora, nestes últimos dois tipos de crimes (Art 49-52 CPP), temos a figura de:

• Queixa
• Acusação Privada: Soma de Queixa com constituição de assistente
• Participação (varia caso a caso)

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A razão de ser destes institutos é pragmatíca, assente em ponderações de:

• Gravidade da Infração
• Interesse do Ofendido
• Consequências para o Ofendido

Daqui, surge a figura do ofendido, que é o titular do interesse jurídico


imediato que a lei quis proteger com a incriminação da conduta (Art. 113,
n°1 CP), um direito subjetivo que pode ser:

• Transmitido Mortis Causa


• Exercido por Representante Legal (Menores de 16 anos)
• Exercido por Representate e Próprio Sujeito (Menores acima dos 16)
• Contitulado

Ele possui uma elasticidade, que se verifica no instituto da extensão da queixa,


possível nos crimes comparticipados, valendo aqui o Princípio da
Indivisibilidade da Queixa (há uma raccio de evitar perseguições ao sujeito,
mas sim ao crime) em que:

• 1 Queixa Equivale Denunciar Todos (Art 114° CP)


• 1 Desistência vale para todos

A sua extinção faz-se por:

• Caducidade: O Direito vale por 6 meses a contar da data que o


ofendido tenha conhecimento do crime e do agente (ou 6 meses após
tornar-se maior de idade/incapaz) – Art 115° CP

• Renúncia: Fazendo expressa ou tacitamente, se forem vários os


ofendidos, tem de ser todos os eles a fazer (Art 116, n°1 e 113/3 CPP),
atraves de mandatário com poderes especiais para tal (At 49° CPP)

• Desistência: Até ser prolada decisão em 1° instância, pode o assitente,


atraves de mandatário com poderes especiais para tal (At 49° CPP),

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desistir do processo, notificando a entidade dona da fase processual


para notificar o arguido, que tem 5 dias para se opor (e se o fizer, o
processo tramita como se o crime fosse publico

O regime sofre um pequeno desvio, na medida que o Art.113, n°5 CP permite


instaurar o processo, mesmo sem queixa, em atuação subsidiária face a
situações de:

• Ofendido Menor ou Incapaz


• Titular do Direito é Agente do Crime

Para além, havendo concurso, o Art 52° CPP diz-nos que, se um dos crime
gozar de caráter público e a pena for igual ou superior (em abstrato) ao
crime particular, o MP pode abrir a ação penal única e exclusivamente
apenas em relação a aquele crime – se o crime for menos grave, dão-se 5 dias
ao ofendido para declarar se exercitará o direito, evitando varios crimes
conexionáveis entre si

E ele qe partcpa 241 245 247 recebendo queixas e diriginfo o inquerito (Art 63°
CPP), BEM COMO DEDUZ E SUSTENTA A ACUSAÇÃO NA INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO, O QUE NOS LEVA AO ARTIGO 283. 285/3. 302/4, 360/1, BEM
COMO INTERPOR RECURSOS, MESMO NO INTERESSE DO ARGUIDO (Art
53, 401,1, al a) ) , PROMOVER EXECUÇÃO DAS PENAS (AL E), 469) E ATOS
GENÉRIO (267 NO INQUERITO)

Arguido

Trata-se de um sujeito com uma posição jurídica complexa (Art 58°,n°1, al a)


CPP), com direitos e deveres processuais, e que cuja definição tem se feito
bastante problemática, não medida em que ele não se confunde com o
suspeito (que não tem posição processual).

A diferença entre eles assenta na seguinte diferença:

• Suspeito: Trata-se de um sujeito que tem apenas, contra si, meros


indícios de cometimento ou tentativa de cometimento de um dado crime
– Art 1° al e) CPP)

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Apesar de não ser arguido, por força da conjulgação dos Art 360° CP
(que o obriga a falar a verdade perante a autoridade) e Art 58, n°1, al a)
e n°3 CPP (que permite que, se vier a ser constituido arguido, as
provas obtidas antes não sejam licita), tem-se entendido que o a
situação de que ele goza se desdobra em:

• Direito de ser constituido arguido assim que das suas


declarações resulte elementos para a sua incriminação
(pois, aqui, já há a suspeita fundada)

• Não utilizar-se como prova, no contexto do processo, as


declarações que prestou enquanto suspeito 51

• Arguido: Aqui, na opinião de GONÇALVES DA COSTA, ocorre uma


suspeita é fundada e não meramente indiciária (Art 60° CPP), o que
se consubstancia numa imputação objetiva de prática de um dado
crime.

Porém, esta definição é imprecisa para GERMANO MARQUES DA


SILVA, que sugere que o arguido deve ser definido como pessoa que é
formalmente constituída como sujeito processual e relativamente a
quem corre processo como eventual responsável pelo crime objeto
do processo

Ele adquire essa qualidade preenchidos sejam vários pressupostos, como:

• Razão Justificativa: As primeiras delas estão ao abrigo do Art 57° CPP


ou seja, quando se verifique um de dois momentos:

• Dedução de Acusação

• Requerida a Instrução (Implica que , no inquerito, pode so


haver suspeito ou sujeitos desconhecidos, n sendo preciso ser
ab inicio)

Outro momentos são os que constam das várias alíneas do Art


58:

51 Na França, este problema de supera pela figura da testemunha assistida

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a) Inquérito, suspeitas fundadas e há prestação de


esclarecimentos (Art 141, 268 272° CPP
(interrogatórios)

b) Antes da Aplicação da Medida de Coação ou de


Garantia Patrimonial (Art Art 191 CPP 227 CPP) –
ainda que o arguido possa somente gozar deste
estatuto num momento posterior (Art 194°, n°4)

c) Detenção

d) Auto de Notícia

Por último, temos: (Raccio: Garantir o Direito ao Silêncio)

• Art 59,n°1 CPP: Se durante a inquirição de alguem


não arguido surgir suspeitas, deve-se constituir
arguido (p.ex pede documentos e o gajo da
pingunço)

• Art 59°, n°2 CPP:Ocorre quand há a chamada


“Constituição Voluntária”, em que o sujeito tem
interesse em ser arguido pelas vantagens (pois as
diligências lhe afetam pessoalmente) que tem, o
que pode ser mal pelo poder midiatico que quase cria
uma assunção de culpa.

• Comunicação: Diz-nos a lei que é necessária uma comunicação para a


constituição de arguido que opera, em regra, por ato oral ou escrito
(Art 61° CPP), por uma de três entidades:

• MP

• Juiz de Instrução Criminal

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• OPC: Nestes casos, deverá haver validação judicial em 10


dias (Art 58°, n°2 e n°3 CPP), em que o Tribunal terá o prazo
de mais 10 dias para apreciar a validade.

Se forem prestadas declarações no intervalo, a doutrina tem


discutido qual o seu destino a dar:

• GERMANO MARQUES DA SILVA: Visto que o


sujeito já gozava do estatuto de arguido, parece
certo que foram respeitadas todas as garantias do
processo, pelo que as provas não são prejudicas

• PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE: Acredita que,


não havendo validação da constituição do sujeito
como arguido, toda a prova obtida deve ser
invalidada (CFR. ANOTAÇÃO AO ART 58 CPP,
N°12)

Ocorrendo esta comunicação, nasce no orgão que a realizou uma


obrigação de indicação dos Direitos e Deveres do Arguido ao alvo da
comunicação e, se necessário, dever-se-à explicar quais são eles e o
seu alcance prático de acordo com as caracterísitcas da pessoa.

Se não se respeitar os termos do Art 58° CPP, qualquer tipo de


declaração feita pela pessoa que se dirige a comunicação, estas ficam
manchadas de ilegalidade, não podendo ser usada no âmbito de um
processo como prova (Art 58, n°3 CPP), ou seja, a prova é ilegal se a
constituição não for atempada

Note-se que, pelo contrário, se o indivíduo deveria ser constituído


arguido e não foi (Art 56 e 57 CPP), estamos perante uma nulidade
depende de arguição nos termos do Art 120 al d) CPP, invalidando
tudo que haja se não se praticou os atos devidos por lei

• Capacidade Judiária: Significa isso que, durante toda a duração do


processo (sob penal de determinar a inexistência do mesmo) penal,
o arguido deverá possuir personalidade e capacidade judiciária, isto é,
deve ser suscetível de assumir esta qualidade, o que implica possuir, no
caso das pessoas singulares, mais de 16 anos

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Esta não se confunde com a capacidade de ser responsabilizado


penalmente, na medida que ela pode ser arguido e não poder ser
imputado pelo crime objeto do processo – p.ex tem menos de 16 a data
do crime (Art 19° CP)

Assim, não pode ser arguido:

• Menor de 16 Anos

• Não Sujeitos a Jurisdição Penal Português

Verificados todos os pressupostos, devemos, num segundo passo, ver o


estatuto do arguido (que mantem-se52 por todo o processo – Art 57, n°2 CPP),
que se desmembra em 4 vetores:

• Direitos de Defesa: No Art 61° CPP53, estabelece-se uma espécie de


catálogo de direitos do arguido (magna charta), sendo eles: (n°1)

a) Estar presente nos atos que lhe digam respeito: Aqui, se


destacam54 a audiência de julgamento/debate intrutório/
(ainda que, excecionalmente, possa ser usado na ausência) e
vale mesmo que preso ou detido – Art 330 e 332,n°1 CPP

b) Direito A Ser Ouvido55 Relativamente A Decisões Que O


Afete: No fundo, vem se concretizar o P. Contraditório,
transparecendo nas situações de aplicação de medida de
coaçâo56 (Art 194°, n°4 CPP) e sendo verdadeiramente
obrigatório no julgamento (Art 343 e 361 CPP)

c) Direito a Informação: Previsto nos mais diversos


instrumentos normativos (nacionais e extrangeiros), consiste
na obrigatoriedade de informar o arguido relativamente aos
factos que lhe são imputados ou acusações que sobre ele
impendem, evitando situações de prisões preventivas sem

52 O que parece excessívo, pois pode já haver indícios suficientes que o sujeito não é
responsável, o que justificaria perder esse estatuto.
53 Mas não só, visto que há direitos que o arguido goza enquanto cidadão,

independentemente de ser arguido ou não (Art 26° CRP)


54 Ainda que caibam outros: reconstituição do crime
55 Direito a Audiência
56 Visto que o sujeito é presumido inocente!

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razões e possibilitar saber o que deve impugnar em Tribunal


(só se contradiz o que se conhece) – Art 141, n°4 CPP

d) Direito ao Silêncio: Significa que o arguido não tem de


responder57 ou prestar declaração relativamente factos que
lhe sejam imputados, devendo ser informado de goza deste
direito antes de iniciado o interrogatório (Art. 141, n°4 e 143°,
N°2, 144, n°1 e 343° CPP)

Note-se, porém, que este direito não é absoluto, havendo


perguntas que deve responder com verdade (p.ex Art. 141,n°
3 in fine CPP – elenco de perguntas que deve responder com
verdade; Art 342 e 343 CPP)

Tem ganhado interesse a análise dese direito nas situações de


co-autoria , em que o Art 345,n°4 CPP diz nos que se o arguido
jogar a culpa no outro, terá de responder a perguntas que
lhe sejam feitas nos termos do n°1 e n°2, não se bastando
porém essa “jogada” de culpa nas costas do outro58

e) Direito ao Advogado: Há garantia de que há ao arguido um


advogado59 (a sua escolha, pedido ou até ex officio quando
obrigatório – Art 62, n°3 CPP) e que a sua comunicação é
sigilosa em qualquer altura do processo, (Art 62°, n°1 CPP)pois
só assim se cria uma relação de confiança entre eles.

Ela existe para garantir:

• Serenidade da Defesa
• Preparação
• Liberdade

Tem se colocado a questão de saber, aqui, se há um direito a


autorrepresentação , entendendo GERMANO MARQUES DA
SILVA , trazendo a força dos diplomas internacionais na matéria
(Art 5°, n°3, al a) CEDH)

f) Assitência de Advogado: Vide Supra

g) Intervenção no Inquérito: O arguido pode, de variadas


maneiras, conformar o objeto do processo para tornar a sua
defesa mais eficaz dentro dos quadro legais, ou seja,

57 Não será punido por mentir ou nada dizer (Art 32, n° 2 CPP)
58 VER EM CASA A JURSIPRUDÊNCIA
59 Art 196, n°2 EOA

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oferencendo provas, requerer diligências e abrir a instrunção (Art


287°, n°1, al b) CPP) e que devem constar dos autos (Art 98,
n°1 CPP)

h) Informação quanto aos Direitos: Exemplifica-se a situação do


Art 58, n°2 in fine

i) Acompanhamento: No caso de se menor

j) Recursos de Decisões (Art 401,n°1, al b) CPP)

Note-se que ha direitos de defesa fora do Art 61° CPP,


nomeadamente, o de controlo da decisão de acusação por parte dos
orgãos passíveis de a fazer, realizando mediante um requerimento de
abertura de instrução, evitando que se vá logo a julgamento e
verificando se a acusação deve ou não prosseguir (Art 287° CPP)

Para além disso, o Art 361° CPP atribui um ultimo direito de defesa do
arguido na audiência, terminadas as alegações, podendo falar ou ficar
em silêncio

Há ainda as situações de oposição a desistência de queixa (o que


parece contraditório) do Art 51°, n°3 CPP, impedindo que esta seja
homologada definitivamente num prazo de 5 dias, visando-se provar
completamente a sua inocência

• Deveres do Arguido: Constantes do n°3 do Art 61° CPP, e atualmente


menores do que nos princípios do processo, são eles:

a) Comparência: Singifica isto que o arguido deverá estar


Presentes nas Diligências que foi notificado, sob pena de
incorrer nas consequências previstas nos Art 116° CPP

b) Responder Verdadeiramente as Perguntas: Dizendo


essencialmente respeito a sua identidade pessoal e feita pela
entidade competete (Art 141, n°3 CPP e Art. 348° CP)

c) Prestar termo de identidade e residência (Art 196° CPP)

d) Sujeitar-se a Medidas de Coação, Garantias Patrimoniais

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• Presunção de Inocência: Sendo um princípio natural de Direito (Art


32, n°2 CRP, 6° CED, 14° PIDCP), não se trata de uma presunção em
sentido técnico jurídico (Art 349° CC), mas sim de um princípio político
de defesa do cidadão enquanto tal, fazeno frente a presunção social de
culpa associada ao estatuto do arguido

Ela relevará num duplo plano processual:

• Prova: Será o MP o ónus da prova da culpa, sendo mais fácil


prova que algo aconteceu do que algo que não aconteceu,
somente se ilidindo após o trânsito e julgado da sentença
que declare a culpabilidade.

A proteção do arguido vai ao ponto de dizer-nos que existindo


dúvidas sobre a culpabilidade, decide-se pela inocência (in
dubio pro reo).

• Tratamento Processual: Pressupõe uma ideia de evitar pré-


juizos antes da sentença, devendo o arguido ser tratado como
qualquer outro cidadão60, o que dificuldades particulares,
nomeadamente, a sua compatibilização com a aplicação de
medidas de coação (maxime, prisão preventiva) que acaba por
ser uma coompreensão do direito de presunção de
inocência, visto que estas medidas nunca podem vir a
antecipar um juízo de culpa

Por isso, o JIC tem de ser sempre cauteloso e aferir a


compativilidade das medidas de coação com a presunção,
so decretando a prisão preventiva nos casos de ultima raccio

• Respeito pela Decisão do Arguido: Sendo um corolário da Dignidade


da Pessoa Humana), implica tratar o arguido enquanto sujeito
processual e não um mero objeto de onde se extraem provas e, por
isso, são proibidas/nulas provas obtidas mediante tortura ou coação
(Art 32°, n°8 CRP e Art 126 CPP), estabeleendo-se um princípio de
legalidade de prova (Art 125° CPP), o que levanta a questão de saber
se existe um princípio de tipicidade de prova

Uma outra dimensão desse vetor é a proibição da possível


autoincriminação, garantindo-se direito a silêncio e recusa a produçao
de prova, havendo na prática situações limites, como:

60 Nem bandido, nem Excelentíssimo, mas tão somente “Senhor Fulano”, pois esse é o
tratamento normal a dar a um cidadão

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• Prova por ADN (quando tirada diretamente do sujeito, sendo


possível de forma incidiosa) – Art 172, n°1 CPP

• Autografos

• Corpo (ART 172, N°3 – sera permitido nos limites deste


artigo)

• Utilização de Exames (TAC e Ressonância Magnética)

• PIN do Telefone e Digitais (nos EUA, há quem defenda que


pode sempre e outra que diz que só é admissível a
impressão digital, por ser hexogeno a sua pessoa)

Note-se que, no julgamento, é possível a leitura de declarações feitas


na fase de inquérito, quando legalmente prestadas a entidade
públics (Art 357° CPC)

Defensor

O defensor nada mais é que o advogado, ou seja, o representante do arguido,


e que consiste num direito que a ele (arguido) assite, como um autêntico direito
subjetivo (Art 32, n°3 CRP), podendo:

• Escolher o Defensor (mas se n tiver recursos, terão o nomeado) – Art


62° CPP
• Assistido pelo Defensor

Porém, ele não é mero representante do arguido (como no assistente), mas


sim um orgão, um ministério de administração da justiça no interesse da
defesa do arguido, tendo papel central nesse polo da justiça penal, devendo
defende-la e promovela

Ele é, pois, um sujeito processoual autentico, cuja função assenta em


defender (faz valer direitos e interesses) técnico juridicamente e de forma
autonoma o arguido, favorecendo-o (muitas vezes na sua ausência ou
contra sua vontade), mas defendendo sempre a Justiça e o interesse geral
do Estado (Art.208° CRP)

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Tem-se discutido, a este propósito, o sentido que se deve atribuir ao Art. 63,
n°2 CPP (que permite o arguido retirar eficácia aos atos do defensor), disposto
que pretende evittar conflitos entre arguido e defensor, mas que levanta o
problema de saber se este poder é extensível a todos os atos, havendo a
doutrina de:

• GERMANO MARQUES DA SILVA: Entende o autor que será preciso


diferenciar dois tipos de atos praticados pelo defensor:

• Atos de Defesa Tecnicos: Aqui, o arguido não pode intervir,


e o ato mantem-se como plenamente eficaz, pois o
representante atua, aqui, como defensor da justiça

• Atos de Exercício de Direito: Aqui, atuando o defensor como


verdadeiro representante do arguido, será preciso uma
declaração de vontade no sentido de manter ou retirar
efeitos

Assim, a autonomia do defensor restrigem-se aos a técnica do processo,


mas já não no que toca a política do processo

• PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE: Para o autor, o arguido pode


sempre suspender a eficácia do ato, mesmo que o ato não tenha sido
emitido para sua representação

No tocante a sua defesa, há variadas modalidades:

• Formal: É aquela que se encontra a cabo do próprio arguido, bem


como do seu defensor

• Material: É aquela que se encontra a cabo do tribunal para comprovar


a presunção de inocencia

Tambem podera ser:

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• Pessoal: Exercida pessoalmente pelo arguido, ou autodefesa

• Tecnica: Exercida pelo defensor

Dentro destas, é preciso ter em consideração que há atos que:

• Somente praticaveis pelo Arguido (Art 141° , 143°, 292/2, 343, 361
CPP)

• Partilhados( Art. 98 CPP)

• So pelo Defensor ( Art 302, 339, 360 e 423° CPP)

Assim, o defensor pode praticar os atos do Art 63° CPP, salvo quando a lei
reconhece ao arguido uma reserva pessoal em seu favor (tem mm de ser ele)
– ex desses casos são alegações finais, (pq advogado já fez alegações),
manutenção de direito de prestar declarações até o fim da audiência - Art
333,n°3

A sua constituição é obrigatória em certos momentos, em que se garante:

• Controlo da Legalidade dos Atos


• Assitência Técnica

No tocante aos momentos que isso ocorre, temos as situações do Art 64 CPP,
que são:

• Interrogatório de arguido detido ou preso (Art 141 CPP)


• Interrogatórios do MP sem prisão ou detenção (Art 144, N°3 CPP)
• Audiência e Debate Instrutório (Art 333°, n°2 CPP)

Desta forma, garante-se a privacidade e a liberdade de declaração, sendo certo


que se ele não for constituido ou não estiver presente, temos nulidade
insanável Art 119° al c) CPP

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Se o mandatário, entretanto, dar o bazo, o tribunal nomeia de imediato um


outro, sendo certo que se tal ocorrer em fase em que o contraditório se faz
mais necessário (debate instrutório, audiencia, etc), Tribunal pode
interromper os trabalhos tendo em vista a defesa do arguido.

No TEDH, tem-se discutido se é possível defesa pessoal, de acordo com o 64


CPP, a resposta é sim MAS, quando foi um daqueles momentos que tem
mm de constituir, não da para escapar, mm que o arguido tenha formação
jurídica (é perigoso patrocinar a si mesmo – Germano Marques da Silva)

Assistente

É um sujeito processual visto como colaborador e fiscalizador do MP (Art 69


CPP), falando-se, em regra, de um sujeito que se encontra especialmente
legitimado a colaborar com MP em certos crimes, legitimações estas definidas
no Art 68, e que não se confude com figuras como:

• Ofendidos: Trata-se daqueles que são autênticos titulares dos


interesses que o Direito quis proteger com a incriminação daquela
conduta, desde que maior de 16 anos (p.ex 143 CP) e que não é sujeito
processual até ao momento que se constitui arguido – Art 68°, n°1, al a)
CPP

• Lesado: Este, apesar de poder se constituir arguido61 (quando


coincidindo com o conceito de ofendido), mais das vezes será uma parte
civil, pois muitas vezes isso não é obrigatório.

• Queixoso: Este tem um direito substantivo de iniciar ou desistir de


certos processos penais (Art 116°, n°2 CP) e que não é sujeito
processual até se tornar assitência (Art 68, n°1, al b) e Art 113° CPP)

A al d) do artigo deve ser articulado com a 113° CP


aliás, o assitente nem precisa ser a vítima (ex do gajo da instituição no caso de
pedofilia), ou vítima direta (mulher do morto)

61 O que altera os prazos para deduzir pedido de indemnização (Art 77° CPP)

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Note-se que a sua intervenção no processo tem sido interpretada de várias


perspectivas:

• Fator de Perturbação Processual (de tradição secular, porém)


• Democrática Instituição Processual62
• Satisfação Moral da Vítima
• Facilita a Atividade do MP

A intervenção que há pouco referimos tem sido variável em função do crime


em causa:

• Público e Semi-Pub: O assistente é claramente um colaborador do MP,


reduzindo-se a um mero auxiliar

• Particulares: Aqui, já cria mais relevo, na medida que colabora


ativamente , realizando, aliás, a acusação

Portanto, poderá ser constituído Assitente, de acordo com o Art 68° CPP, n°1:

• Ofendido: Havendo alguma divergência doutrinal quanto a este conceito,


a doutrina tem entendido que são aqueles que tem um interesse
imediatamente tutelado pela norma incriminadora seja a título
exclusivo, seja a título de concorrência ao Estado (AUJ 1/2003)

• Conuge sobre vivo em caso de morte

• Pessoa de Cuja Queixa depende o Processo: Correspondendo ao Art


113°, n°2 CPP, qualquer que seja o crime Art 68, °1 al c) CPP

• Representante legal

• Qualquer pessoa: Ocorre nas situações de crimes contra a paz e contra


a humanidade , num instituto a que se tem vindo a chamar de ação penal

62 Ainda que o abuso deva ser sancionado

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popular, algo que já vem da nossa Carta Constitucional (Art 124°), sendo
irrelevante que seja português ou não, desde que seja uma pessoa física

Esta constituição deverá operar por uma nomeação por despacho a


requerimento do interessado com, pelo menos, 5 dias de antecedência do
depate instrutório ou julgamento/10 DIAS A CONTAR DA QUEIXA NOS
CASOS DE CRIMES PARTICULARES (Art 50°, 68, n°2, 246°, n°4 CPP), (com
o ónus de aceitação do processo como ele se encontra – Art 68°, n°3, al a)
CPP)e com a a pronúncia do MP e do Arguido (Art 68, n°4 CPP), devendo
sempre realizar o pagamento da taxa de justiça (Art 519° CPP)

Ora, como já se viu, as suas competências em geral é a de colaboração com


o MP (Art 69° CPP), o que implica um leque de direitos iguais, ainda que de
menor intensidade, dada a subordinação do assitente a atividade do MP –
o que tem se mostrado cada vez mais uma relação de “colaboração indireta”,
visto as variadas disposições que concedem autonomia ao assistente,
reconhecendo poderes especiais, como: (Art 69, n°2 CPP)

A) Intervenção no Inquérito: Este poder consiste em oferecer provas e


requerer diligências, ainda que o juiz não esteja vnculada aos
pedidos apresentados, atuando com muita autónomia (Art 289° CPP),
estando sempre autorizado a falar no debate instrutório (Art 302° CPP)

B) Dedução de Acusação Autónoma: Obrigando a conjulgação com os


Art. 284 e 285° CPP, ocorre quando o procedimento dependa de
acusação particular, sendo certo que no caso dos crimes públicos, o MP
dá ao assitente 10 dias, a contar da notificação da acusação, para
poder deduzir a acusação (pelos mesmos factos) – se o MP arquivar,
so restará requerer abertura da instrução (Art 287°, n°1 al b) CPP)

Deve ser no prazo do 68,n °2, dizendo respeito a crimes particulares, o


requerimento deve ser feito no prazo de 10 dias a contar da advertencia
da autoridade judiciaria ou opc (246/4 CPP), que se liga com o 50 cpp
(obrigatoriedade de queixa, assistente e decução de acusação), sob pena
de cair o processo

Nos públicos (ou semis), destaca-se o n°3, somente mediante adesão a


acusação do MP EM VARIOS RPAZOS, UMA vez que a sua constituiçao
n e obrigatoria

C) Recorrer de Decisões que o Afetem: Sendo derivado do seu


reconhecido interesse em agir (Art 401° CPP) e, por isso, somente
poderá ocorrer quando são contrárias as pretensões por ele

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sustentadas no processo, não podendo recorrer quanto a espécie ou a


medida concreta da pena (Assento 8/99).

Focando-nos no representação judicial, ela é de constituição obrigatória e


unitária (o que não se explica) por força do Art 70° CPP, o que permite garantir
eventuais incovenientes da sua intervenção, bem como a tecnicidade da
intervenção – ainda que, advogados ofendidos não podem ser assistentes
(Acórdão Uniformizador de Jurisprudência 15/2016 )

Note-se que o Advogado é somrnyr participante processual, ainda que não seja
uma participação espuria (Art 89° EOA e Art 208° CRP), garantindo-se a
objetividade e imparcialidade na intervenção do assistente para garantir a justiça

Porém, ele, apesar de visar concretizar a justiça, tem diferenças brutais face
ao advogado do Arguido (o Defensor), por pontos como:

• Representante: Deve Buscar Somente a Verdade Material, não


buscando a todo o custo a acusação do arguido.

• Defensor: Deverá buscar, para além da verdade material, defender o


arguido ativamente ao ponto de buscar a não aplicação da pena

Possui direitos e deveres específicos , nomeadamente:

Eele colabora com o MP por força do Art 69° CPP, subordinando a asua atuação
a vontade do MP (P.EX 284° cpp, na acusação), ainda que possa. Em,
certamedida, controlar a atividade do MP (287°, n°1, al b) e d) CPP –
requerimento da abertura do processo da instrução, excluindo-se os crimes
particulares63, sob pena de cotnrariar o que ele fez antes/ intervenção hierarquica
do superior do procurador, no prazo de 20 dias, caso o procurador recusa deduzir
a acusação– 278° CPP// Recurso Oridnário – ART 401CPP, N¹, AL B))

Vitima

63 Art 285 CPP

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Sendo um esgoto, é previsto no 67-A, tendo vários direitos, como diz-nos o n°4,
que permite participar ativamente no processo, pedra de toque para aferir que é
um sujeito do processo (ainda que a doutrina n veja assim), que se ve em
algumas situações:

Suspensão Provisória do Processo 9Art 281°, N°7 CPP)


Revogação de Medidas de coação (Art 212, n°4)
Interferencia na Instrução 292, n°2 CPP

Partes Civis

Sendo formalmente sujeito e materialmente participante64, seu


enquandramento começa no Art 129 CP, que diz-nos que a indemnização
emergente de crime é regulado pela lei civil (pressupostos, onus da prova,
etc), sendo relevante ao processo penal por força do princípio do Art 71°CPP: a
Adesão ( e não aceite por grande parte da doutrina65), que se contrapõe a
Alternatividade (dependência e prejudicialidade de questões autónomas).

Assim, elas, as partes civis, nada mais são do que os lesados civis (pessoa
que sofreu danos por força da violação de um seu interesse tutelado por
normativo civil)66, ou seja, os autores do processo civil enchertado na ação
penal, que tem de duzir o seu petido nos termos67 do processo civil, gerando
uma ação que é deslocada para dentro do processo penal, por um conjunto
de razões que são:

• Economia Processual
• Evitar Contradições (Proibição de Ne bIs Inen)

O pedido deve ser efetuado pelo lesado nos prazos e formas68 do Art 77°, ou
seja, em 20 dias, constituindo na esfera jurídica do autor o direito de intervir
no processo o direito que a lei reconhece aos assistentes, mas somente na
medida que diga respeito a ação civil (Art. 74, n°2 CPP), valendo, por isso,

64 FIGUEIREDO DIAS
65 Pressupostos de responsabilidade são distintos, principio culpa vs risco, standarts probatórios
diferentes , eficácia da sentença penal no processo civil.
66 Assistente ou não, ou seja, independentemente de ser um ofendido – p.ex. Art 495° CC
67 CAPACIDADE, P.EX
68 Tipicamente, forma articulada (Art 77°, n°2 CPP)

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um princípio de autónomia de acusação e defesa desta ação face a todo o


resto do processo

Na eventualidade do sujeito não ser assistente, é preciso destriçar duas


hipoteses:

• Manifestou Propósito de Deduzir Pedido: Por força do Art 75, n°2 CPP,
deverá faze-lo nos 20 a contar da notificação que lhe é feita do
despacho de acusação

• Não Manifestou:Poderá deduzir no prazo de 20 dias a contar da data


em que o arguido é notificado do despacho de acusação ou pronúncia

Note-se que se ele for arguido, o pedido deverá se realizar na acusação ou


no prazo que ela deveria ter se realizado (e, aqui, operará mediante um
articulado separado)

Assim, em regra, a parte ativa do processo será o lesado69 (Art 74° CPP), que
deverá deduzir um , através de representante ou não70, PIC (Pedido De
Indemnização Civil), em que, a partir dali, apesar de se correr tudo no mesmo
tribunal, tudo se tratará como se fossem situações de Tribunal Civil (demora
processual, suspensão de processo,etc ) e aplicando o CPC (ao ponto do réu
nem se quer ter de ser o arguido – seguradorou comitentes, por exemplo – Art
73° CPP), ainda que, por se tratar de processo penal, o arguido goza das
mesmas garantias (Acórdão TC 629/98)

Por conta disso, e conjulgando os dispostos do Art 84° CPP e Art 377° CC, o
juiz poderá, perfeitamente, fundado seja o pedido realizado, condenar o réu
a indemnizar o lesado, mas, em simultâneo, absolver o réu da
responsabilidade penal ainda que, note-se, a causa de pedir seja a mesma
realidade fáctica que funda a responsabilidade penal e pela qual o arguido é
acusado

69 Intervenção é limitada ao PICou conexas a ele (garantia patrimonial – 227, n°3 e 228°, n°1
CPP)
70 De acordo com o valor da ação, sendo certo que se faltar, por falta de paste, o Tribunal

nomeia um de acordo com o CPC. No caso do réu, por interpretação corretiva, o Art 76, n°2
também deve ter esse sentido

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Ainda que o modelo vigente para esta questão entre nós seja o Princípio da
Adesão, como se viu, há situações tipificadas na Lei em que o pedido de
indemnização pode correr em separado, sendo elas: (Art 72 CPP):

a) Processonão conduziu a Acusação em 8 meses a Contar da Notícia


b) Suspensão, Arquivamento ou Extinção do Processo Penal
c) Crimes Semi-Publicos ou Particulares
d) Não há danos conhecidos ainda
e) Situação do Art. 82, n°3 CPP
f) Dedução só contra uma parte
g) Ação Civil deve ser em TRIB Coletivo e Penal em Singular
h) Processo Penal Sumário
i) Art 75, n1 e 77°, n°2 CPP

A razões de ser destas medidas são:

• Princípio da Dependência: Prevista nos casos a), f), g) e i),

• Insubsistência da Dependência: Note-se que se esta insubstiência


dever-se a um facto imputável ao próprio interessado (Art 72,n°1, al
c) 72°, n°2 CPP), o legislador entende que, instaurando a ação civil
antes da queixa penal, o interessado renuncia tacitamente o seu
direito a queixa ou acusação e, por isso, a realidade fáctica que permitiu
a adesão somente servirá para efeitos civis.
Se eventualmente não forem respeitas as alíneas acima demonstradas, a
ação civil dá-se por improcedente em razão da incompetência em razão da
matéria, havendo absolvição da instância (Art 288, n°1, al a) CPC)

Outra nota, muitíssimo relevante, faz-se no Art 82-A, em que o legislador vem
permitir ao juiz, excecionalmente, alargar o objeto do litígio que inicialmente
lhe fora remetido, lhe sendo lícito arbitrar uma reparação em caso de falta
de PIC de índole pretensamente indemnizatória (subvertendo-se o processo
civil e violando o princípio do pedido do Art 129° CP)

Por conta disso, GERMANO MARQUES DA SILVA considera que a figura em


causa não é eminentemente indemnizatória, mas sim um tertium genus entre
pena e indemnização, um efeito civil da condenação criminal, cujo quantum
concreto é fixado oficiosamente

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OPCS

Definidos no Art 1°, n°1 al c) CPP, é preciso deixar claro que não é esse o
diploma que dita as suas competências, estando definidas na LOII (PSP,
GNR, PJ), não existindo hierarquia entre elas, mas sim dependencia
processual (DEVENDO, P.EX, ASSITIR O MP)

Ora, a Polícia Criminal se caracteriza como a atividade dos vários orgãos de


polícia enquanto tem por objeto atos processuais ordenados por uma
autoridade judiciária ou lei processual, diferentemente das chamadas
Autoridades de Política Criminal (Art 1°, n°1 al d) CPP), que são os atos cargos
dos orgãos que desempenham a polícia enquanto atividade administrativa de
intervir em atividas individuais suscetíveis de “bagunçar” o bem geral, em
três lógicas: (Art 272° CRP)

• Previnir

• Reprimir (tendo muitas vezes delegação de poder para prosseguir


inquérito)

• Restringir Danos Causados

Não são verdadeiros sujeitos processuais, mas sim participantes, uma vez é
certo que tem um importante papel de coadjuvação das autoridades
judiciárias, agindo dependente funcionalmente das mesmas, o que implica
que, mesmo os seus atos processuais sejam, na verdade, atos que vem a
integrar o processo (Art 248° CPP), ou ainda, “atos processuais por delegação”
ou de segundo grau.

Esta dependência funcional faz-se notar nos Artigos 9°, n°2, 255°, n°1 CPP e
202, n°3 CRP, que consagram um dever institucional destas polícias
coadjuvarem o poder judicial em três dimensões:

• Tribunal pode sempre solicitar apoio


• Autoridades tem o dever de prestar
• Prestação respeita a Lei

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Note-se, porem, que ela é uma dependência meramente funcional71, na


medida que estes orgãos gozam de autonomia técnica institucional, mesmo
quando recebem ordem da ordem judiciária (quantos agentes, como entrar
na casa, etc), ou delegados pelo MP (270 CPP), atuando mesmo, em alguns
casos, sem autorização destes (171, n°4, 177° em busca a domicílio ou
flagrante delitio) ainda que, em alguns casos, ele tenha de validar judicilmente
(Art. 241° e 248 nas medidas cautelares de polícia (252 – localização celular nos
sequestros )

No art 263° CPP

Fases e Princípios Fundamentais


Princiípios Fundamentais

Sabendo que o processo penal pode ser comum ou


sumaríssimo/sumário/abreviado (Art 381° CC, 391-A, 392 CPP), é certo que
costuma ser faseado ou unitáro , havendo sempre princípios relativos a:

• Promoção Processual/Iniciativa:

• Oficialidade: Ele se traduz no facto de uma autoridade pública


ser competente para dar início e prosseguir com o processo
penal e, no fim do inquerito, deduzir a acusação ou promover
o arquivamento (Art 53° CPP), ou seja, a promoção processual
cabe a uma entidade pública: o MP

Esta competência exclusiva decorre da CRP (Art 219° CRP) e


do CPP (Art 48°CPP),e se verifica, desde logo, na obrigação
de abrir o inquérito com notícia do crime (Art 241 CPP), na
direção do inquérito (que se dever existir e não for promovido,
há nulidade insanável – Art 119°, al d) CPP) e no seu fim (Art
53° CPP) postulando, pois, uma análise conjunta.

Este princípio comporta, por força da natureza do crime


investigado (semi-publica, privada), a:

• Limitação: Surge no caso dos crimes semi-


públicos, em que a atividade do MP somente se
inicia após o particular apresentar queixa (Art
113° CP), ou seja, dar ele, titular do interesse

71 Não há hierarquia e a obediência se restringe a um objetivo processo

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protegido imediatamente pela norma penal, notícia do


crime.

Aqui não ha exceção ao princípio da oficialidade,


pois, a partir daqui,ou seja, da queixa, caberá ao MP
promover a ação penal, decidindo de forma
autónoma o inquerito, arquivando-o ou acusando

• Exceção: Verifica-se nos casos dos crimes


particulares, em que se exige, para além da
apresentação de queixa, é preciso que o queixoso
tem de se constituir como assistente e deduzir
acusação (Art 50°, n°1, in fine CPP, 68, N°2, 285
CPP), sendo uma autêntica exceção pois todo o
impulso está na mão do particular.

As razões que justificam são: (Princípio


Vitimológico ATÉ O TALOTE FIOTE)

• Interesses em Jogo Não Tem


Importância Extrema, tendo, mais das
vezes, pouca gravidade (balança
assitente vs comunidade, o primeiro sai
vencedor) – p.ex Art 143° CP

• Maior Prejuízo em Promover o Processo


do que Não Promovelo (para a Vítima,
sobretudo ligados a intimidade da vida
privada) – p.ex 203 e 217, n°1, al a) CP

• Vitimização Secundária (ao mal da


vítima, acresce o mal do processo, que
fode o psicológico da viitima) – p.ex 163,
164 CP (dependem de queixa Art 178° CP,
dada a ressonância psicologica do tipo)

• Contradição sistemática (situações em


que, na produção de prova, o Art 134 dá
a certos sujeitos (tipicamente, familiares)
o direito de se recursar a depor, mesmo
que sejam a vítima, não levando a que os
crimes públicos servissem de muito)

Note-se, porém, que a queixa acaba por funcionar como


mecanismo de triagem de certos tipos, em que fica ao

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critério da vítima quase que “descriminalizar” o


comportamento (Art 170 CP, p.ex)

A esta exceção, o Art 113, n°5 al a) CP estabelece uma


exceção a exceção, e atua quando a pessoa legitimada não
deseja abrir inquérito, podendo, nos casos em que o legitimado
é menor ou incapaz de poder entender o alcance do direito
de queixa , o MP pode dar início a abertura do processo,
desde que no interesse deste, mesmo nos crimes privados.

Também há contraexceção ao Art 113, n°5 al b) CP, em que o


titular da queixa é o próprio agente, substituindo o MP o
agente

• Acusação: Sendo um dos traços caracterísitico do nosso


processo, ela decorre da própria CRP (Art 32, n°5 CRP) e está
disperso por todo o CPP, destacansando-se o Art 48°, 241,
262, 276 CPP.

Há pois, uma entidade estadual que investiga e acusa (MP) e


que nucna pode ser aquela que julga (Tribunal – Art 202, n°1
CRP e 8°,13,14 e 16, 339,358 e 359 CPP), que se impõe por
força da imparcialidade e objetividade das decisões (pois
quem acusa já ta com tendencia de achar que é culpado)

Porém, a figura do JIC (Art. 17° CPP) surge como um juiz com
competências no inquérito e na instrução, que tem de ser
obrigatoriamente distinta da do juiz de julgamento72
(demonstrativo da obrigatoriedade imparcialidade- Art 40°, al b)
CPP) e que fixa o objeto do processo73 (delimita os factos
levados a julgamento – Art 358 e 259 CPP), estando vinculado
aos factos descritos na acusação ou no RAI (por força do
princípio de igualdade de armas), vinculando tematicamente
o juiz de julgamento (Art 1° al f) CPP)74

A este propóstio fala-se do P. da Vinculação Temática do


Tribunal, que possui 3 sub-principios a saber:

• Identidade: O objeto do processo deve manter-se


o mesmo desde o momento que é fixado

72 Que não pode começar a investigação


73 Factos imputados ao arguido e que limitam os poderes de cognissão do juíz do
julgamento
74 Acusa-se de crime diverso ou em moldura diferente

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(acusação ou despacho de pronúncia) até o trânsito


em julgado da decisão

• Unidade/Indivisibilidade: O processo deve ser


conhecido e julgado na sua totalidade, nunca
parcialmente ou em frações

• Consunção: Sendo um corolário do anterior, ocorre


quando o objeto não tenha sido conhecido/julgado
na globalidade, deve considerar-se que foi
analisado por inteiro, evitando defraudes ao
princípio da unidade (é como se tivesse lá dentro,
la dentro, não podendo ser repetida a análise).

Assim, mesmo se o Juíz não decida expressamente algo que


está na acusação, a lei diz-nos que presume-se, juris et de
jure, foi julgado – é o ónus que recai sobre o juiz, sob pena de
não se punir

• Legalidade: Tem de ser visto na perspesctiva de legalidade


da prossecuação/promoção/iniciativa processual (e não da
legalidade processual em si – Art 2° CPP - , ou da prova – 125
cpp ), ou seja, o MP está obrigado por Lei a abrir o crime
sempre q haja notícia de crime e deduzir a acusação quando
tenha reunido indícios suficientes da sua ocorrência e autor
(se opõem, por isso, ao princípio da oportunidade da ação,
evitando quebra da imparcialidade e igualdade) e se expõem
em vários artigos, desde logo: (Art 219 CRP)

• Abertura (Art 262 , sobretudo, o n°2 CPP)

• Dedução de Acusação (Art 283, n°1 CPP) – após


ter indícios fortes

Algumas importantes consequências:

• Imutabilidade da Acusação: Depois de deduzida,


MP não pode desistir e nem renunciar a ela,
devendo manter a acusação, sómente podendo
voltar atrás em julgamento e em função do que se
apresente a título probatório

• Denuncia Obrigatória de Crime: Significa que


incumbe aos OPCS e a todos os funcionários que
tiverem conhecimento do crime no exercícios de

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funções devem comunica-lo ao MP, sob pena de


crime de denegação de justiça – Art 242 CPP, Art
386 CP

Isto levanta muitos problemas (caso da denuncia da


violencia doméstica pelo médico do casal – dever de
segredo vs denuncia), o que postula a ordens
profissionais ponderarem caso a caso o que se
deve fazer.

Note-se, ainda, q existem denuncias facultativas


(Art 244° CPP), que recaem, são um direito, sobre
qualquer pessoa que venha saber de um crime
(podendo dizer ao MP), sendo certo, porém, que ela
não pode ser feita diretamente no MP, mas sim
num OPC, aplicando-se nestes casos, uma
transmissão do OPC para o MP no prazo de 10
dias a contar da denúncia (Art 244 CPP)

Esta não tem de ser feita por canal próprio, muito


menos por escrito (Art 246, n°1), sendo certo que o
n°6 é muito criticavel (pois, pode ser usado de
forma muito ameaçadora), permitindo-se denúncia
anónima, exceto se for caluniosa (tem de haver
indícios suficientes), sendo que nesses casos, se
abre inquérito contra a denúncia caluniosa

Tratando-se de um crime semi-público, a denuncia


assume a forma de queixa (Art 244°, in fine, 246°
CPP), ainda que não se confundam conceitos
como:

• Denuncia: Declaração de ciencia de


factos de que dispoem (manifestação
de facto)

• Queixa: Denuncia e manifestação de


vontade do titular do direito em se abrir
um inqueeeeeeeeeeerito

Note-se mesmo que, mesmo com indícios e com


acusação, há 3 situações em que o MP não deduz
acusação, nomeadamente:

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• Arquivamento em Caso De Dispensa de


Alternativa à
Pena: Prevista no Art 280 CPP, deve-se
Acusação (em
vez de acusar....) articular com o Art 74 CP, que diz-nos os
crimes que estão passíveis75 de ver pena
dispensável, com 4 pressupostos
cumulativos:

• Molduta Abstrata não


superior a 6 meses/multa não
superior a 120 dias

• Ilicitude ou culpa diminuta

• Dano é reparável

• Avaliar se há razão para


aplicar a pena

Ela pode ser tomada pelo MP, mas


deverá haver uma decisão favorável do
próprio JIC (bastará somente a anuência
deste)

Excecionalmente, poderá ter sido


deduzida acusação, mas mesmo assim,
pode ser admitido, fugindo um pouco da
normalidade do processo comum, mas é
possível, como nos diz o n°2 do Art 280°,
cabendo a competência ao JIC em
exclusivo, durante a instrução, mas com
cordância do MP e arguido.

A decisão de arquivamente não pode ser


impugnada (n°3), insidicável

• Suspensão Provisória do Processo76:


Prevista no Art 281 CPP, é um
instrumento de oportunidade

75Ou o próprio tipo especial, sendo sempre facultativo(Art 74, n°3 CP): p.ex Art 143°, n°3
76Não se confunde com pena suspensa (Art 50° CP), pois na pena suspensa já houve
condenação efetiva, e o que se visa é evitar o efeito instigmatizante da execução da pena.

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condicionada77 muito mais aplicável que


o arquivamento de pena, desde logo,
porque não demanda pressupostos tão
apertados (há mais flexibilidade), com
pressupostos:

• Moldura até 5 anos de Prisão


ou Pena de Multa

• Decisão Oficiosa ou a Pedido


do Assitente (com anuência
do JIC)

Para além disso, é preciso que se


preencha cumulativamente os
pressupostos do n°1, que são:

• Concordância do arguido e
assistente

• Ausencia de Condenação
por mesmo crime

• Ausência de Suspensão por


mesmo crime

• Não há culpa elevada

• Não há possibildiade de
Medida de Segurança

• Concretização das funções


do direito penal

Pode-se cumular ou alternar-se a esta


suspensão, as medidas tipificadas no
n°2, que só pode durar, no máximo 2
anos (Art 282, n°1 CPP), exceto os casos
do n°5, que pode ser 5 anos (crime de
violência domestica – Art. 281 n°778 e
n°879), devendo-se, após isso e

77 Que não há no arquivamento do Art 280° CPP, pois não se impõem nada ao arguido,
ainda que, mesmo assim, se verifique a oportunidade, mas incondicionada (na perspectiva
do arguido!)
78 Tem uma redução dos pressupostos a serem respeitados
79 Leitura atualista, afinal, o n°6 hoje já não faz sentido e já foi o que hoje é o n°8!

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cumprimento de todas as regras, arquivar-


se o processo

Se o arguido, porém, não cumpre as


injunções ou cometer algum crime de
mesma natureza, o Art 282, n°4
determina que o processo prossegue
(Al a) e b) ), independentemente se já
passaram 2 anos (pode ter passado só 1
semana!)

Ora, note-se que há varias situações


possíveis se suspensão:

N°1: Fala-se daqui da


suspensão normal do
processo, com pressupostos
gerais e aplicáveis a qualquer
crime desde que cumpridos os
pressupostos

N°7: Sendo teleologicamente


e politico-criminalmente
distinta, mitigando a natureza
pública deste crime (que só o
era para evitar “cifras negras”,
em que não se denunciava por
medo), que desempodera, em
alguma medida a vítima (que
sem o Art 281, levaria a que a
vítima fosse muito passiva)

Porém, o requerimento tem de


ser livre e esclarecido, o que
parece bastante difícil na
prática (o que levanta o
problema de, com medo de
retaliação, pedir o
arquivamento)

N°8: Sendo teleologicamente e


politicamente criminal distinta
mitigando a natureza pública
deste crime (que só o era para
evitar “cifras negras”), que

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desempodera, em alguma
medida a vítima (que sem o Art
281, levaria a que a vítima fosse
muito passiva) – Igual a
anterior

• Mediação Penal (L 21/2007): Não sendo


uma alternativa a acusação, ela somente
é enviada numa fase pré-acusatória
(pois ocorre ainda no inquérito e sem
indícios agravados), opera quando haja
mero indício do autor e do tipo de crime
e é feita por remsssa feita pelo MP com
acordo das partes (Art 3°; 6°, n°5 )

Visa-se aqui, aproximar a vítima ao


arguido, visando por termo ao conflito
por meio de acordo para se reparar o
dano (trabalho, indemnização, pedido de
desculpas), desde que a vítima se veja
satisfeita e não se viole direitos
fundamentais80 (pois o acordo é
homologado – Art 6°, 11° ) e nos limites
do Art 2°

• Prossecução Penal

• Investigação:

• Contraditório/Audiência: Já proveniente do processo civil, é


dar a opção as partes de argumentar e ouvir as suas
posições e as do outro em tudo que lhes afete diretamente ,
o que vai implica:

• Direito a falar

• Dever de ouvir

80 Ficar em casa ou castigos físicos

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Quando o interveniente é o arguido , ele terá participação ativa


e constitutiva no Direito a ser declarado no caso, visto que
molda o processo no seu desenrolar, mediante provas e
argumentos, a ser exercido por ele e seu Defensor (Art 32, n°1
e n°5 CRP), ganhando grande relevo na fase de julgamento
(Art 321, N°3; 323, al f)81, 327, 341, 348, 36082 CPP)

Porém, também no inquérito, ele tambem existe, ainda que com


uma importância mais atenuada, prejudicada, visto ser uma
fase de reunião de meios e não de discussão sobre a sua
validade ou importância (Art 61° CPP).

Também valerá na acusação (Art 32° CRP), sobretudo no


debate instrutório (ART 289, 298 CPP, Art 301, n°2 cpp, 302,
n°1 e °2 CPP)

O contraditório é, pois, uma garantia do arguido, sendo,


igualment,e um direito do assistente (Art 69, n°2 al a) CPP) e
abrange uma caralhada de coisas, e da vítima (Art 67-A, n°4 e
n°5 CPP), ainda que de forma mais limitada que ao
assistente.

• Suficiência: Este princípio , previsto no Art 7° e decorrente da


concentração (a razão de de ser da suficiência), diz-nos que
o processo penal deve ser promovido e desenvolvido
independentemente de qualquer outro, tendo subjacente uma
ideia de autosuficiencia, resolvendo-se todas as questões a
serem decididas no fim (sobre a culpabilidade ou não do
indivíduo)

Aqui, levanta-se o problema das questões prejudiciais,


autonomas e distintas do objeto, podendo até dar inicio a
outros processo, mas que funcionam como um prius do objeto
principal do processo (que está a ser decidida) – p.ex crime
de furto em que se deve saber primeiro quem é o dono da coisa
(n°2)

A regra, aqui, é que o Tribunal Penal será competente para a


questão (Adm ou civil), salvo se a complexidade da questão
faça necessário que se chame outro tribunal e assim é porque
traz eficiência e concentração (evitando delongas) ao
processo penal

81 Proteção do arguido
82 Replica depois de inquiridas testemunhas

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Esta questão se liga as extenções e suspenções dos prasos


(n°3 e n°4), cujo prazo máximo é de um ano, sob pena do
tribunal penal avocar a si a questão prejudicial remetida a
tribunal não penal, evitando que se venha frustrar o processo
penal

Ele, o Princípio, não se aplica ao Direito Constitucional, pois,


quando estamos perante normas que possam infrigir a CRP, os
tribunais penais não podem aplica-la (Art 204° CRP),
independentemente de incidente (controle difuso da
constitucionalidade normativo), havendo situações em que
o recurso para o TC seja obrigatório (Art 280, n°1, al a) e n°3
CRP)

• Concentração

Prova
Legalidade da Prova
Verdade Material
Livre Apreciação
In Dubio Pro Reo

Forma
Publicidade
Oralidade e Imediação

Fases Processuais
Inquérito

É a primeira fase e é obrigatória na investigação (e que cuja inexistência


corresponde a uma nulidade insanável – Art 119°, al d) CPP), sendo iniciado
pelo MP (Art 241° CPP) assim que tenha conhecimento do crime, salvo
exceções (Art 262, n°2 remissão Art 49° e 50° CPP) – se for denuncia, ela
terá de ser transmitida do OPC para o MP obrigatoriamente em 10 dias (Art
245° CPP)

Ele pode não acontecer em situações como:

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• Art 49° e 50° CPP

• Art 266°, n°6 e n°8: Fala-se das denúncias anónimas que, faltando
indícios suficientes para constituir crime ou se ela própria for um crime,
ela não determina a abertura do inquérito

Assim, nega-se pré-inquéritos/inquéritos preliminares, haja vista que só com


ele se pode cumprir a proteção de DFs inerente a uma investigação criminal
(ainda que, haja quem defende que providências cautelares podem ser pré-
processuais), não sendo de aceitar outra solução num Estado de Direito e
numa política criminal articulada aos direitos fundamentais.

Ele pode ser definido como conjunto de atos que visam três coisas:

• Certeza da existência do crime


• Identificar os Agentes do Crime e Responsabilidade
• Recolha de Prova

Para as preencher, o MP vai ter de diligênciar uma caralhada de coisas, mas


tem inerentes limitações nesta atuação (ela não pode ser irrestrita), em duas
dimensões:

• Atos que tem de ser ordenados/praticado/autorizados pelo JIC (atos


instrutórios e de reserva do juiz, ou seja,que se prendem a Direitos
Fundamentais – Art 32, n°4 in fine CRP, 268 e 269 CPP, bem como 17°
CPP)

• Atos que dependem do Juiz (Art 68°, n°3 e n°4 CPP; 21583 CPP)

Por outro lado, contrariando aquilo que vimos ser a regra, há atos que nunca
podem ser delegados nos OPCS (que as vezes desempenham, por
delegação, os poderes de MP), significando que o MP ou outra entidade que
os pratica, como:

• Art 270, n°2 CPP (limitação de outra ordem)

83 Declaração de especial complexidade

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• “ “, n° 3 CPP (só podem limitar atos em autoridade de polícia


84
crimina l)

No tocante a duração do inquérito, o Art 276°, n°1 CPP estabelece dois


importantes nortes, que estabelecem prazo de 6 meses ou 8 meses, contados
a partir do momento que o inquérito corra contra pessoa determinada ou
constituição de arguido, em que temos as situações: – n°4 (critério privação
de liberdade)

• Arguido Preso: Prevista n°2, o prazo de 6 meses pode ser elevado a


8,10 ou 12 meses e cujo incrimento se pode dar de acordo com o crime
em causa e complexidade da investigação (Art 215° CPP)

• Não Preso: Prevista n°3, o prazo de 8 meses pode ser elevado para 14,
16 ou 18 meses de acordo com os mesmos critérios

Caso o prazo seja atingido, o Art 266 CPP nada diz, o que se explica, por não
ser defensável ao MP proceder a acusação/arquivamente sem indícios, pelo
o que, cuja a resposta está no Art 276, n°6 CPP, impondo ao magistrado do
MP um dever de comunicação ao superior hierarquico da violação de
prazos, explicando:

• Porque do atraso
• quanto tempo mais precisa

Perante isso, poderá o superior hierárquico:

• Aceitar o Prazo
• Chamar o Processo é si (Avocar) – n°7

Aqui, o PGR pode determinar a acelaração processual, prevista no Art 108-


109 (modo de tramitação) e 276, n°1 CPP, que determina possibilidade de
realizar inquérito para compreender o atraso, bem como realizar sanções
discplinares o que faz dos prazos serem meramente indicativos

84 Al d), Art 1°

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Como se sabe, o inquerito encerra por um de dois despachos:

• Art 277°: Pode haver arquivamento , devendo-se remeter para 97°, n°3
e n°5, e que pode ocorrer em situações como:

• Recolha suficiente de prova de que não houve crime


• Recolheu prova suficiente que não foi ele quem cometeu o
crime
• MP não tem indícios que o crime existiu
• MP n tem indícios que alguem foi agente do crime
• Procedimento Legalmente Inadimissível
• Prescrição
• Falta dfe Legitimidade dos Sujeitos Processuais
• Falta de Forma Processual
• Imunidades
• Aministias

Nos crimes particulares, há alguma peculiaridade, visto que é o


assitente que deduz a denuncia e a queixa, ocorrendo o
arquivamento, quando:

• Assistente extrapola o prazo (10 dias) de acusação do Art


285° CPP

• MP verifica que falta pressupostos processuais (não


notificando85 o assistente)

Note-se que o Art 279° CPP possibilita a reabertura do inquérito


somente com o surgimento de prova nova que inviabilize/ponha em
causa os fundamentos do despacho de arquivamento , tendo o MP o
dever ex officio de reabrir o inquérito e daí que se diga que o
arquivamento nunca é absoluto, só se mantendo enquanto os seus
fundamentos estiverem inalterados (eficácia sob reserva da
cláusulas rebus sic stantibus86 - limite do Art 118° CP)

85 Assim, só se notifica após verificados sejam os pressupostos!


86 “enquanto se mantiverem as coisas”

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• Art 283° CPP: Dedução, por Despacho (Art 97° n°3 e n°5 CPP –
fundamentado, pois) de Denúncia/Acusação (autor ou cumplice – Art
26° e 27° CP), que somente pode acontecer, por força da legalidade,
quando o MP esteja obrigado, ou seja, quando se verifiquem Indícios
Suficientes (possibilidade razoável) de que ao suspeito podem aplicar
sanção penal

O Art. 283 tipifica elementos a serem respeitados, sob pena de


nulidade (n°3 e 120 CPP), nomeadamente:

• Normas Violadas
• Prova
• Sujeito

Esta preocupação com a fundamentação é importante, pois fixa o


objeto do processo, i.e, opera uma cristalização dos topicos da fase
de julgamento (thema decidendum), bem como exprime um juízo de
prognose por parte do MP que o arguido so pode reagir de forma
efetova tendo pleno conhecimento daquilo que está sendo acusado
(não pode ser surpreendido com factos novos)

Nas acusações particulares, o Art já sera o Art 285 após ser notificado
pelo MP, devendo este MP indicar se foram recolhidos indícios e quem
fora os agentes , elementos fulcrais para as acusações particulares
(e por isso, o n°3 remete para o Art 283, devendo ter os mesmos
elementos na notificação)

Havendo esta acusação, por força do Art 285, n°4, feita a acusação, o
MP pode aderir a acusação particular num prazo de 5 dias (acusa ele
próprio com base na mesma causa de decidir, ou seja, é uma acusação
subsidiária, dependente do assistente) - Este regime é o inverso do
Art 283 E 284° CPP

Alias, o Art 310 CPP diz-nos que a decisão do juiz de instrução que
verse sobre os termos levantados pelo MP (que aderiu) ou Assiste, nos
termos do Art 285, n°4/283, a decisão deste JIC é inecorrível, havendo
dupla conforme (o que não acontece se o MP não aderir, cabendo
recurso no caso do JIC aprovar a ida a julgamento – Art 310°, n°1 a
contratio CPP)

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Ainda que a decisão tipica seja uma de duas, já vimos que há diversidade de
mecanismos paralelos a acusação, nomeadamente:

• Arquivamento do Art 280


• Suspensão Provisória – Art 281

Tem se colocado se estas tambem valem nos crimes particulares ou semi-


publicos, sendo que, neste último, podendo haver lugar haja vista a grande
primazia do MP nestes tipos de processo

No caso dos particulares, vejamos:

• Art 281° CPP: Analisando os seus pressupostos, é fundamental


atentar a sua alínea a), que diz-nos que a suspensão postula a
concordância do arguido e do assistente e, portanto, so se ele
supervenientemente se arrepender poderá ocorrer

• Art 280 CPP: Mais dificil, haja vista que não depende da concordância
do assistente, o MP pode decidir como bem entender, ainda que haja
doutrina que diga que este Art 280 possa se aplicar nos crimes
particulares. (REMETE PARA O 74 DO CP), podendo-se arquivar,
mesmo que a acusação tenha sido lançada mão (desde que o
assitente de o seu consentimento), ainda que a doutrina em geral não
diferencie

Ou seja, tudo está em saber qual acusação é que se refere o artigo


no seu n°3, se abarca as duas ou so a realizada pelo MP

O controlo de cada uma das decisões pode ser feita por:

• Art 278: Fala-se aqui da Intervenção Hierarquia no MP, so pode operar


caso haja um arquivamento, a requerimento do assistente ou superior
hierárquico ex officio (determina mais investigação ou que se deduza
acusação), no prazo de 20 dias a contar da notificação da decisão de
arquivamento, independente do esgotamento do prazo de instrução

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Focando-nos no S. H, pode-se determinar que:

• Formulação da Acusação
• Concordar com o Arquivamento
• Ordenar mais Investigação

• Art 286: Fala-se da Abertura da Instrução, que tem uma maior ambito
processual, na medida que vale para acusação ou arquivamento, ainda
que se trate de uma fase facultativa unicamente da forma comum do
processo penal (nnc nas especiais – 381, 391-A, 392 CPP)

A finalidade do Art 286° CPP, ou seja, de comprovação judicial, por


parte do JIC e é limitado pelo requerimento da abertura da instrução
ou acusação, da decisão da MP – fase de sindicância em 20 dias no
máximo após a notificação a que se refere o Art 113°/196 CPP

Ela depende de requerimento de abertura, mediante manifestação de


vontade por parte do arguido ou assistente, determinando a abertura
e mostrando-nos que eles são autenticos sujeitos, tendo na mão o poder
de abrir uma fase processual nova e mais ninguem

Segundo o Art 287, o RAI, pode ser requerido por:

• Arguido: Pode requerer quando tenha havido acusação (Art


283 ou 285)

• Assistente: Pode requerer se o procedimento não depender


de acusação processual (pois, aqui, ele já teria deduzido
acusação, obviamente), pois o arquivamentos e daria por sua
inação

Note-se que se o MP arquiva por erro/não notifica para


acusar/MP não acusou por todos os factos constantes da
investigação, já sera permitido pedir a abertura da instrução,
visto que o facto não é imputável ao insteressado, funcionando
o RAI como acusação (Art 287° n°2 in fine), devendo-se, alias,
fazer as mesmas menções do Art 283°

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Ora, o RAI, por isso, não tem grandes formalidades especiais,


ainda que tenha de ter as razões da discordância, bem como
os atos de instução e meios de prova que queiram que sejam
produzidos durante a instução (nnc mais de 20 testemunhas,) e
só poderá ser rejeitado se :

• Extemporaneo
• Juzi Incompetente
• Instrução Não é Possível
• ACUSAÇÃO PARTICULAR, VOLTAR LA PARA
CIMA

Por vezes, pode acontecer, que nos termos do Art 285, n°4 O
mp VENHA METER substancia diferente la para dentro,
podendo o juiz de julgamento que, ao sanear o processo, toma
em conta isso (Art 311°, N°2, al b) CPP, ou seja, o controlo é
feito pelo juiz de julgamento

A ultima situação está no Art 284, n°1 CPP, que, na sua parte
final, diz-nos que a acusação do assitente não pode alterar sub
stancialmente os factos que são trazidfos pela acusação do MP
e, aqui, o RAI deve ser deduzido em 20 dias (extensível nos
termos do Art 113°, n°14 CPP/ 287, n°6)

Instrução

Como sabemos, trata-se de uma fase facultativa (que não tem lugar nos
processos especiais – Art 286/2 e /3 CPP) iniciada com o RAI, e é presidida
pelo JIC, que poderá praticar todos os atos que sejam necessários para
comprovar ou sindicar a decisão final do MP.

A finalidade desta fase, conforme um modelo acusatório, é de comprovar


judicialmente a decisão tomada pelo MP, mas não sindicar o modo como
ele conduziu a investigação durante o inquérito (não é um sumplemento de
investigação) - Art 286, n°1, Art 290 CPP

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Ora, focando-nos no RAI, a ser proposto no prazo máximo de 20 dias87 a contar


da notificação do despacho do MP (Art 113, 287/1 e /6 CPP) deve conter: (Art
287, n°2 CPP)

• Sumula de Razões de Discordância Facto Jurídicas


• Indicação de Atos de Instrução que se pretende ver praticados
• Requerer Meio de Prova indicando o facto que se visa provar
• Pressupostos do Art 283/2 al b) e c) (Assistente)88

Faltando um deles, a instrução não se abre e não tendo lugar a


aperfeiçoamento (AUJ 7/2005), ou seja, ela poderá ser recusada, sob pena
de nulidade (Art 119 al d) CPP) com fundamento em: (Art 287/3 CPP)

• Incompetencia do Juiz
• Inadmissibilidade Legal

Quanto a legitimidade para requerer a abertura da instrução, temos:

a) Arguido: Poderá faze-lo relativamente a factos pelos quais o MP ou o


assistente deduziram acusação (Art 283, 285 CPP), devendo faze-lo
no prazo de 20 dias (Art 287/1 e /6) após ter sido notificado do
despacho de acusação (Art 113, 196/2 e /3 al c) CPP)

b) Assistente: Aqui, ele poderá, igualmente no prazo de 20 dias, requerer


a abertura de instrução em duas situações:

• Factos Não Acusados/Decisões Parcelares: Aqui,


efetivamente, houve despacho de acusação, mas o MP não
acusou o arguido em relação a certos factos que
consubstanciem a alteração substancial da acusação (pois,
se assim não fosse, o assistente teria a sua disposição o Art 284
CPP)

• Arquivamento por Erro ou S/Notificação: Nestes casos, o


assiste irá procurar comprovar a decisão de arquivamento,
funcionando a dedução do RAI como dedução de acusação
particular (Art 285/3 e 287/3 CPP)

87 Superior se for mais de uma pessoa a notificar, contando a partir do momento que a ultima for
notificada (Art 113, 287/1 e /6 CPP)
88 Pois valerá como acusação e que fixa o objeto de cognição do JIC (Art 288/4 e 303 CPP)

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Em qualquer caso, se o arquivamento se deu por responsabilidade do


assistente, não fára sentido permitir que este possa requerer a abertura
da instrução, uma vez que foi somente por culpa sua que a acusação
não foi deduzida (o que so faz sentido nos crimes particulares) – Art 48,
50/1, 285, 277/1 ab initio CPP

Como vimos, a presidência desta fase cabe ao JIC, praticando tudo o que for
necessário para confirmar se aquela causa pode ou não ir a julgamento (Art
288/1 e 290/1 CPP), informando-nos o Art 288° CPP que ele é assistido pelos
Orgãos De Polícia Criminal, nos quais pode, alias, delegar atos, desde que
não importantíssimos para a formação da sua convicção/de reserva
judicial, que são: (Art 290, n°2 CPP)

• Interrogatório do Arguido
• Inquirição de Testemunhas
• Atos que a Lei Estabeleça como Competencia do Juiz (268, n°1 e 270
n°2 CPP)

Apesar desta fase não ser um suplemento autónomo da investigação, a


verdade é que o Juiz ira investigar autonomamente o caso submetido89
(sendo irrelevante o que as partes contribuiram), podendo impulsionar ex
officio a produção de prova, estando somente limitado pelo objeto do
processo fixado no RAI/Acusação (Art 288, n°4 CPP, Art 303° CPP) –
Princípio da Investigação

Ela é, pois, formada por:


• Atos Instrutórios: Sendo atos meramente facultativos90 quanto a sua
pratica, relevância, oportunidade91 e ordem (291, n°1 CPP), serão
determinados de acordo com aquilo que o JIC considere ser
necessário e conveniente para descoberta da verdade e que não seja
meramente dilatório, como analise de documentos e ascultação de
testemunhas (Art 287, 291/1, 288/4 CPP).

Todos eles poderão ser assistidos pelos sujeitos processuais e seus


defensores (Art 289/2 CT), o que da ênfase ao Princípio do

89 Fase sumplementar de investigação autónoma


90 Pois podem ser invocadas somente questões de direito, que não demandam produção
de prova (Art 297 CPP)
91 O que é reclamável ao prórpio juiz, mas n recurso – n°2

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Contraditório, mas quase que transformando esta fase num


julgamento

• Debate Instrutório: Previsto no Art 289, n°1 CPP e regulado nos Arts
297 ess CPP, é a parte central desta fase, ocorrendo de forma oral e
contraditória, tendo por finalidade gerar discussão entre todos os
sujeitos processuais (Art 289/1, 298, 301/2, 302 CPP), ocorrendo aqui,
obrigatoriamente, sob pena de nulidade (Art 120, n°2, al d) CPP):

• Interrogário Do Arguido (Para A Jurisprudência)


• Audição Da Vitima (Art 292, N°2)

sempre que solicitado por um dos dois (mas, esta obrigação se bastará
pela audição única, sob pena de nulidade a ser arguida até o fim do
debate – Art 120, n°3 al c) e n°2 al d) CPP)

O que visa-se, aqui, é permitir que o juíz possa reunir indícios fácticos
ou jurídicos que permitam aferir se o arguido deve ou não ser
submetido a Tribunal

Após isso tudo, os Art 307° e 308, n°1 CPP obriga a prolação de uma decisão
em um dois sentidos:

• Despacho de Pronuncia: Diz que há indicios suficientes de que o


arguido verá aplicada sobre si uma pena (a sua posição vai se
solidificando), ainda que aqui possa ser substituído por:

• Arquivamento (Art 280, n°2 CPP e com a anuência do


arguido)

• Supensão provisória do processo (Art 281 ex vi 307/2)

• Despacho de Não Pronúncia: Diz que o arguido não tem de ir a


julgamento, haja visto que não se verificam indícios suficientes para que
va a julgamento

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Qualquer um deles podem ser ditados diretamente para a ata, como


notificação imediata as partes, sendo mais habitual, porém, sendo feito no
prazo de 10 dias que lhe da a lei

Note-se os poderes de cognição são delimitdos pelos factos descritos na


acusação (Art 283 e 285 CPP) ou RAI (Art 287/1 al b) CPP), significando isto
que não se poderá pronunciar sobre factos que consubstanciem
modificações substanciais (Art 1° al f CPP - p.ex quando se altera o autor do
crime, vítima,ocultação de cadaver de gajo vivo), ou seja, quando se agrava a
pena do crime (Art 303°, n°3 CPP), sob pena de o despacho ser considerado
nulo (Art 118, 309/1 CPP)

Assim é devido:

• Princípio da Acusatoriedade
• Princípio da Vinculação Temática

Ainda que esses factos novos não possam ser tidas em conta no julgamento,
eles são, porem, comunicados ao MP, valendo pois como denuncia de um
novo crime (Art 303°, n°3 e n°4 CPP), se objetivamente autonomizaveis do
processo (se n, n podem ser investigados autonomamente e nem julgados
no processo) – p.ex furto em que durante a instrução se descobre que o arguido
entrou sem autorização na casa da vitima (há um outro crime autonomizável) ou
que violada ficou grávida (não são autonomizáveis)

Quando a alteração dos factos não seja substancial (facto não novo ou
diferentemente qualificado do que consta da acausação, p.ex92), por força do
n°1 do Art 303, o juiz comunica a alteração ao defensor, interrogando o
arguido e consendo-lhe rpazo maximo de 8 dias para tal preprar a sua
defesa

Por último, tem-se de assinalar que, por regra, as decisões instrutórias são
recorríveis, salvo previsões em contrário, como: (Art 399; 427 CPP):

92 Já n se for um crime de execução livre, p.ex bofetada ou murro

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• Indeferimento de Atos que o Juíz Acha Dispensável (Art 291/2 e /2


CPP e Acórdão TC 459/2000)

• Pronunciar o Arguido por Facto Acusados pelo MP (Art 310/1, 1 Parte


CPP)

• Crimes PUB e S-PUB: Assim é, pois há concordância entre


JIC e MP, ou seja, entre duas magistraturas diferentes

• PART: Somente quando o MP acompanhar

Meios Processuais

No enquadramento normal de um processo penal (inquérito, acusação,


instrução, julgamento), ganha relevãncia os chamados meios processuais,
matérias de especial sensibilidade da reserva do juiz e da autoridade
judiciária, na medida que coloca em causa:

Ponderados casuísticamente de
• Direitos Fundamentais acordo com a natureza e a
• Descoberta da Verdade Material gravidade do delito

Estes meios são:

• Medidas de Coação
• Meio Relativos a Prova
• Medidas de Garantia Patrimonial

É de notar, alias, e antes de iniciar a nossa análise, que o Artigo 61º, nº6,
alíneas c) e d) diz-nos que o arguido vai ser sujeito a estes meios, tendo a
obigatoriedade jurídica de suportar os incovenientes que eles implicam –
com a condição de que não voltará mais a ser incomodado relativamente àquele
processo.

Medidas de Coação

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Como se sabe, o Artigo 60º CPP define que o estatuto de arguido acarreta ,
para além de direitos, alguns deveres processuais, sendo o mais relevante
deles aquele que sujeita-o as medidas de coação – Art 61/6 al c) e d) CPP

Sempre que se pondere a aplicação das medidas de coação, tem que se tomar
em conta: (Critério Orientativo de Concordância Prática)

• Direito De Defesa (Artigo 32º, Nº1 CRP)


• Princípio De Presunção De Inocência (Artigo 32º, Nº2 CRP)

Isto assim se impõe, pois, embora as medidas de coação sejam importantes


para garantir as finalidades de descoberta da verdade material e a realização
da justiça, não podemos negligenciar que elas restrigem os direitos
fundamentais de um inocente: o arguido (Art 27/1 e 18/2 CRP)

Por isso, elas devem obedecer a um conjunto de princípios - sob pena de


revoção imediata (Art 212/1 CPP)93 - ou seja, a uma lógica legal, interna,
metodológica, que decorre do CPP, sendo eles:

• Princípio da Legalidade(Art 191º/1 in fine CPP): Este princípio impõe


que só é possível aplicar uma medida de coação que esteja prevista
na Lei, na medida que está em causa a restrição de direitos
fundamentais. (Art 61/3 CPP, 18/2/ e 3 CRP)

Seguindo o principio, o legislador, nos Art. 196º ess enumera as medidas


de coações possíveis: 94

• Termo De Identidade E Residência


• Caução
• Obrigação De Apresentação Periódica
• Suspensão Do Exercício De Profissão, De Função, De
Atividade E De Direitos
• Proibição E Imposição De Condutas
• Obrigação De Permanência Na Habitação

93 Não se segue o regime geral da nulidade do Art 118 ess CPP, ainda que o 194 /1 e /6
venham depois falar dela
94 O N°2 é redundante ao afirmar que prestar identidada a autoridade, ao abrigo do Art 250,

não é uma medida de coação

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• Prisão Preventiva

No tocante ao TIR, é preciso ver algumas peculiaridades desta “quase


não medidas de coação”, dadas as suas características como:

• Dever autónomo do Arguido (Art 61/1 e /3 al c)

• Não Precisa da Autorização do JC (Art 268/1 al b); 194/1 e


196/1 CPP)

• OPC e MP Não tem de Fundamentar 9Art 194/6 CPP)

• Não tem de fundar-se no Principio da Necessidade)

• Extigue-se apenas com a pena(Art 214/1 al e) CPP)

• Princípio da Necessidade(Art.193º, nº1CPP): Atentando que as


medidas de coação são aplicadas em função das particulares
exigências que se sentem no caso, o Art.204º CPP diz-nos que só
podemos aplicar uma medida de coação se, no momento em que ela é
aplicada, for necessária para acautelar:

• Possível Fuga

• Perigo De Perturbação Do Inquérito

• Perigo De Que O Arguido Continue A Atividade Criminosa

• Perturbe Gravemente A Ordem E Tranquilidade Públicas.

Neste sentido, não podemos fundamentar as medidas de coação


noutras razões, bem como podemos afirmar que este princípio é um
segmento do Princípio da Proporcionalidade em sentido amplo, não
sendo toleradas M.C baseadas em:

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• Culpa
• Prevenção
• Proteção do Ofendido

Isto assim é uma vez que não há uma exigência de punição subjacente
a medida, mas sim um conjunto de exigencias cautelares que legitima
a coagir um inocente por força de finalidades processuais muito
relevantes, como:

• Descoberta da Verdade
• Restabelecimento da Paz Jurídica

• Princípio da Adequação(Art 193º, nº1 CPP): Segundo este princípio,


tem que haver um nexo de adequação entre: - Critério de Escolha
Concreta das Medidas (Art 201/1, 193/2 e 202/1 CPP)

• Medida de Coação Aplicada


• Exigências Cautelares Impostas pelo Caso Concreto

Assim, a medida de coação tem que ser adequada tecnicamente a


cumprir ou satisfazer as necessidades cautelares do caso concreto,
o que terá especial útilidade para saber qual medida devemos aplicar,

Por isso, o nº295 diz-nos que a Prisão Preventiva e a Obrigação De


Permanência Na Habitação só podem ser aplicadas se outras medidas
de coação menos graves se revelarem inadequadas.

• Princípio da Proporcionalidade (Art 193º, nº1 CPP; Art.27º, nº3, al b)


da CRP): A Lei impõe a existência de uma relação de proporcionalidade
entre as medidas de coação e a gravidade do crime/sanções a ele
aplicadas que está a ser investigado, o que implica, naturalmente, que
as medidas de coação mais graves vão exigir a presença de indícios
de crimes mais graves( de acordo com o limite máximo da moldura
abstrata prevista no tipo legal de crime) e vice versa. (Art 195 CPP), o
que pode verificar-se caso a caso, como:

• Privativas de Liberdade: Exige-se dois pressupostos: (Art


200, 201 e 202 CPP)

95 Ideia igual nos Artigo 202º, nº1, e 201º, nº1.

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• Forte Indícios de Crime Doloso


• Superior a 3 Anos

• Caução: Exige-se que o crime imputado esta sujeito a prisao


(Art 197/1 CPP)

• Apresentação Periodica: Pena superior a 6 meses (Art 198


CPP)

• Impossibilidade de Prática: Pena superior a 2 anos (Art 199


CPP)

Alias, e corolário de todo o exposto, é que as medidas de coação não


devem privar os arguidos de direitos fundamentais que não sejam
incompatíveis com s medidas e com a sua exigência (Art 193/4 CPP)

• Princípio da Subsidiariedade (Art 193º, nº2 CPP): Aplicando-se as


medidas de Prisão Preventiva E Da Obrigação De Permanência Na
Habitação (mais gravosas da Liberdade do Cidadão), transmite-nos a
ideia de que só podemos aplicar estas medidas se mais nenhuma
medida de coação se revelar adequada ou suficiente para o caso em
concreto.

Assim estas medidas são de última raccio, ou seja, somente depois de


percorrer o caminho que afasta todas as outras por inadequação ou
insuficiencia que podemos aplicar essas medida de coação.

Este princípio tem duas dimensões de aplicação que cumprirá articular:

• Medidas de coação privativas da liberdade só podem ser


aplicadas se as outras foram insuficientes

• Existência de uma hierarquia entre a prisão preventiva e a


obrigação de permanência na habitação, na medida em que
só se aplica aquela se esta for insuficiente. (Art 193/2 e 28/2
CRP)

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• Princípio da Precariedade (Art 212º CPP): Segundo este princípio, as


medidas de coação devem ser revogadas/desagravadas/substituidas
imediatamente, se não subsistir as circunstâncias e razões que
levaram à aplicação desta mesma medida de coação.

Relativamente à medidas privativas da liberdade, há uma obrigação


de o juiz reexaminar periódicamente (3 meses) a verificação dos seus
pressupostos (Art 213º CPP), a pedido ou ex officio (Art 212/4 CPP),
avaliando a manutenção ou não manutenção, ouvindo:

• Arguido
• MP
• Vítima

No entanto, se antes dos três meses houver uma mudança de


circunstâncias que torne desnecessária a medida, o juiz pode/deve
imediatamente revogá-las ou substituí-las, haja vista que as medidas
de coação encontram-se sujeitas a condição rebus sic standibus,
mudando ou atenunado em em função das exigências cautelares que
determinam a sua aplicação (Acórdão TRL 28/01/2016),
independentemente do prazo em concreto (Art 212 e AUJ 3/96)

Tal principio liga-se com a extinção imediata das medidas (Art 214º
CPP) que ocorre sempre que haja:

• Arquivamento do Inquérito
• Despacho de Não Pronúncia
• Sentença de Absolvição Transitada Em Julgado
• Sentença Condenatória Transitada Em Julgado

De notar, ainda, que na interseção entre este princípio e o Princício


Da Proporcionalidade, retiramos uma obrigatoriedade de fixação de
um prazo máximo de duração das medidas de coação, findo os quais
ela deve extinguer-se (Art 215/1 e 218/1 CPP)

No que toca a aplicação das medidas de coação, prevista no Art 214° CPP,
ela deverá respeitar algumas condições nomeadamente: (sob pena do 212, 1,
al a) CPP)

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• Constituição Prévia Como Arguido Daquele Que Deve Ser Sujeitado


A Medida De Coação (Art 58°, N°1 AL B) CPP; Art 192 CPP)

• Audição Prévia do Arguido: Devendo-se ao respeito ao Principios do


Contraditório, o seu desrespeito poderá conduzir a revogação da
medida de coação eventualmente aplicada, nos termos do Art 194, n°4
CPP (Art 61/1/AL B); 212, n°1, al a), 254° CPP).

O arguido deverá ser informado de tudo aquilo que é acusado(Art


141/4 CPP), bem como dos elementos que indiciam os factos a si
imputados, mas tão somente se não puder em causa:

• Investigação
• Descoberta da Vontade
• Integridade do Envolvidos no Processo

Corolario da razão de ser desta audição, todos os factos que não foram,
ilicitamente, comunicados ao arguido não poderão servivr de base a
aplicação da medida de coação (Art 194/7)

Note-se porém que, excecionalmente, ela não será necessária,


tipicamente por impossibilidade de contacto com o arguido (Art 209°
e 115° CPP), oque supõe que foram esgotados todas as diligências
que tenham sido suscetíveis de assegurar esta audição (Art 61/1 al a);
194/4 209; 254/1 al a) CPP)

• Decisão por Despacho do JIC: Esta decisão, a que manda o imperativo


do Art 32/4 CRP reservar ao juiz (Art 194/1 e 268/1 CPP), deve, nos
termos do Art 97 CPP, ser fundamentada, haja vista o seu conteúdo
jurisidicional (Art 202 e 205 CRP), respeitando os presuspostos do Art
194, n°6 e n°7, sob pena de nulidade, bem como devendo constar a
advertencia ao arguido do que ocorrerá em caso de incumprimento
(n°9)

Por força do Principio da Proporcionalidade e da Publicidade, na


fundamentação do despacho, o juiz deve demonstrar que esta
convencido de que, de facto, vai haver uma acusação por parte do
MP face aquele indivíduo, o que implica que verifiquem-se os Art:.

1. Art 193 (Necessidade, Adequação Proporcionalidade)

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2. Art 204 (Fundamento Objetivo)


3. Insuficiência e inadeuqação das Outras Providências

Assim, o JIC deve demonstrar as motivações do decretamento da


medida de coação, expondo, nomeadamente:

• Factos Concretos Imputados


• Circunstãncia, Tempo, Local e Modo
• Indícios Apresentados
• Qualificação Jurídica dos Factos
• Subsunção
• Inadequação e Insuficiência das Medidas Mais Brandas

O JIC poderá decidir:

• Requerimento: Sendo relevente na fase do inquérito, ele é


apresentado pelo MP, expressando o Princípio Da Repartição
De Funções, corolário do Principio da Acusação (Art 194, n°1
CPP). Desemepnhado o JIC um papal de Juiz de Liberdades (e
não de investigação), haja visto que o dominus desta fase
processual é o MP.

Ora, sendo assim, coloca-se a questão de saber se o JIC pode


aplicar medida de coação distinta do MP, mais ou menos
grave, em função da ponderação que realize

A resposta a esta no Art 194/2 e/3 CPP e tudo dependerá do


fundamento concreto que esteve na base da aplicação da
Medida Coativa, em que temos:

• Art 204/1 al a) ou c): Tratando-se de situações em


que está em causa/fundamento é:

• Perigo De Fuga
• Continuaçao Da Atividade Criminosa
• Perturbação Da Ordem Pública

Nestas situações, diz-nos o legislador que é


possível o JIC afstar-se do pedido pelo MP,

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inclusivamente aplicando medida de coação mais


grave do que o requerido pelo MP.

• Art 2044/1 al c) CPP): Tratando-se da situação de


destruição de prova, o Juiz não pode aplicar
medida mais grave do que a requerida pelo MP,
podendo, somente, decretar outra menos grave

• Ex Officio : Aplica-se nas situações em que já estamos em


fase de julgamento ou instrução e na qual a doutrina vem
discutindo a aplicação do disposto do ART 268/2 CPP, em que
temos:

• MARIA JOÃO ANTUNES: Não (P.195)


• PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE: Sim (VER
ANOTA)

Quanto ao modo da sindicância (revocação ou alteração) da medida da


coação, temos aqui em causa dois instrumentos, nomeadamente: (Art 219
esss CPP)

• Recurso: Aqui, solicita-se a Relação uma nova apreciação sobre a


decisão que aplica ou mantenha ou substitua a medida de coação, ou
seja, uma nova decisão judicial

Por força do Art 219, n°1 CPP, o recurso interposto pelo arguido (Art
219,n°1) deve ser julgado nos 30 dias a contar da subida dos autos e
pode ser cumulado com o habeas corpus

Note-se que na eventualidade do MP/Assistente querer recorrer da não


aplicação/revogação/declaração de extinção da Medida pelo JIC,
conjugando a norma com o AUJ 16/2014, vemos que é admissível esse
recurso (haja visto o Princípio da Livre Recorribilidade – Art 399),
ainda que o prazo não seja o de 30 dias, mas sim o prazo ordinário (Art
e 401 e 427 CPP)

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• Habeas Corpus: Instrumento que decorre do Art 31 CRP, trata-se de um


instituto diferente e que consubstancia um direito fundamental de
liberdade e tem especial importância em prisões de índole ilegal e
resultantes de abuso de autoridade(Art 220 e 222° CPP).

Possui importantes diferenças face ao recurso:

• Não há litispendencia ou caso julgado entre ele e o Recurso


(Art 219/2 CPP) – independente do fundamento

• Interposto por Qualquer Cidadão no gozo dos seus Direito


Políticos96 (Art 31/2 CRP)

• Decisão mais célere (8 dias)97 – Art 31/2 e /3 CRP; 222/2,


223/2 CPP)

Quanto aos seus fundamentos, centrados todos na ilegalidade da prisão,


temos: (Art 222/2 CPP)

• Ordenada por Entidade Incompetente


• Por Facto que A Lei Não Permite
• Para Lá dos Prazos

Devemos atentar, nesta âmbito, aos seguintes artigos:

• Art 220: Tratando das situações de detenção ilegal, diz-nos o


n°1 que os detidos podem requerer ao JIC a sua
apresentação em juízo com base em algum dos
fundamentos previstos nesse artigo e de acordo com o
procedimento do Art 221 e, destancado-se o n°3, que manda
o JIC decidir ouvindo o MP e o Defensor

Limites do 221/4 CPP, semelhante ao 223/6

• Art 222: Tratando das situações de prisão ilegal, com


fundamentos nas situações, já vistas, do n°2, o habeas

96 Ve-se um interesse público relevantíssimo: acautelar a lei e os direitos fudnamentais


97 Da-se solução tão rápida que o recurso não seria capaz

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corpus pode ser peticionado por qualquer pessoa junto ao


STJ

Note-se que o Art 223/6 CPP, permite ao STJ, perante situação


de manifesta discrepância do pedido – pedido manifestamente
improcedente – condena o peticionante entre 3 a 100 Ucs,
medida que tem a lógica de travar abusos e refreando a
utilização dos meios judiciais, o que pode coibir, por vezes,
na propositura

Ora, note-se, ainda, que se Autoridade Policial desrespeita o JIC ou STJ, no


sentido de sustar os efeitos da medida de coação, poderá haver punição
criminal da entidade que mantem a medida de coação

Para além disso, se chegar-se a conclusão que a detenção foi injustificada


(erro grosseiro, má identificação, falta de fundamento, etc) os Art. 225 e 226 do
CPP dizem-nos que o arguido terá direito, no prazo de 1 ano a contar do fim
da detenção, a uma indemnização pelos danos sofridos, salvo se este tiver
culpa no sucedido

Meios Relativos a Prova

Apesar de ambos terem como objeto mediato ou imediato a prova, ou seja, factos
juridicamente relevantes para aferir a existência ou inexistência do crime, quem
foi seu autor e da punibilidade mais adequada - Art 124 CPP

Será preciso dividir:

• Meios de Obtenção de Prova: São aqueles que levam a produção e


aquisição dos meios de prova

• Meios de Prova: Sendo o resultado do primeiro (obtidos por via dos


primeiros), tem como funcionalidade permitir a formação da convicção
das autoridades judiciárias na tomada de decisão processual penal
(se há crime e se o sujeito o praticou)

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Os critérios que os distinguem são:

• Lógico: Aqui, os meios de obtenção de prova permitem


obter/produzir/gerar os meios de prova, aptos por si só para servirem
de meio de convencimento

• Tecnico-Operativo: Dizendor respeito ao modo e ao momento que se


produzem ou utilizam, ou seja, no tempo processual, sendo que:

• Meios de Obtenção da Prova: Sendo que eles permitem obter


os formadores de convicção, devem ocorrer antes da audência,
ou seja, ocorrem nas fases preliminares e iniciais do
processo maxime inquérito

• Meios de prova: Sendo produzidos, tipicamente, na audiencia


de julgamento princípio de imediação entre prova e juiz que
decidirá sobre a prova)

Estes critérios, porem, não são absolutos, podendo inverterem-se nas mais
variadas situações e fases processuais, sendo por vezes dificil diferencia-los
na prática.

Meios de Obtenção de Prova

Os principais meios de obtenção prova são, presente no CPP e a que o


arguido está obrigado a suportar (Art 61/6 CPP), são: (Art 171 ess CPP –
190 CPP)

• Exames (Art 171): Os exames são dilegências através das quais procura-
se obter indícios e vestígios que nos permitam saber se houve a
prática de um crime e quem o terá cometido (p.ex impressões digitais)

O seu objeto típico será:

• Pessoas
• Lugares
• Coisas

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A regra nesta matéria é que os exames podem ser levar a cabo pelos
OPCS ou MP/JIC (Art 55/2,171/4,173, 249/2 al a) CPP), com 3
especialidades em que há exclusivo judicial, ou seja, por força da
conjugação entre o Art 173° CPP e Art 249 CPP, a lei obriga que haja
intervenção de uma atividade judiciária, pois existirão, no caso,
necessidades processuais acrescidas (Art 173° CPP e Art 249 CPP)

São situações, como: (Art 172 CPP)

• Exames Invasivos do Pudor (Art 172/3, 270/2 al C) )

• Exames Que Intervenham Em Características Físicas Ou


Psíquicas De Forma Coativa(172/2; 269/1 al b) CPP) – p.ex
ADN do Art 8° da L 5/2008

• Compelir A Prática Do Exame (Art 172/1, Art 60 in fine, 61/3


al d) CPP)

Atenção as perícias do Ar 156b

• Revistas (Art 174): Tendo por objeto pessoas, será utilizada quando
haja indícios de que a pessoa esta a ocultar, em si, na sua pessoa,
objetos relacionados com o crime e que possam servir de prova da
prática de um crime

Ela opera verificados pressupostos como: (n°1)

• Pessoa Oculta Objeto Na sua pessoa (p.ex furta telemove,


esconde a droga no buraco)

• Autorizadas ou ordenadas pela Autoridade Judiciária por


Despacho (Art 174/3)

• Autoridade Judiciária Preside a Revista (Art 173, n°4)

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Excecionalmente, nos termos do Art 174, n°5, os OPCS podem realizar


revistas, desde que em causa esteja uma das situações previstas no
mesmo n°5, como:
Imediatame
nte
comunicad • Crimes De Gravidade Agravada (terrorismo, criminalidade
a ao JIC violenta, etc)
para
apreciação
da validade, • Fundados Indícios da Prática de Crime que Põem em Risco
sob pena de Grave a Vida ou Integridade Físicade de uma Pessoa
nulidade
(Art 118/1 e
174/6 CPP) • Visado da Consentimento Escrito (controverso, pois o
consentimento não é pleno)

• Sequencia De Detenção Em Flagrante Delito Punivel Com Pena


De Prisão

Para além destas situações, os OPCS podem utiilizar-se dela,


respeitando o Art 174/6, ou seja, devendo-se comunicar ao JIC, em caso
de termos (Art 251/1):

• Fuga Iminente ou Detenção + Fundada Razão para Crer que


Oculta Objeto Suscetível de Servir de Prova (Verdadeira
Medida de Coação)

• Suspeito que Deve ir a Polícia + Fundados Indícios de que


Porta Objeto Perigoso (Revista de Segurança)

• Pessoas que tem/querem Assistir Ato Processual (Revista de


Segurança)

• Buscas (Art 174): Semelhante no seu regime face as revistas, os seus


pressupostos estão no mesmo local sistemático, dizendo-nos o n° as
situações em que elas podem ser utilizadas, tendo como relevo o seu
objeto, em que não é uma pessoa, mas sim espaços/lugares

Sendo ordenada pela autoridade judiciária (n°3), que deve presidi-la,


execionalmente, podemos ter o OPCS, mas tão somente perante

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situações do Art 174, n°5 CPP, devendo, na mesma, serem


comunicada e validada pelo JIC face a certos crimes (n°6)

As suas formalidades estão no Art 176 CPP, ganhando relevo


constitucional (Art 26/1 e 34/1, /2, /3 CRP) as buscas domiciliarias98 (Art
177° CPP), visto que, aqui, adentramos a um espaço de intimidade a
ser invadido pelo sistema de justiça formal – intromissão frontal e
violenta a direitos fundamentais da inviolabilidade do domício e
correspondência Art 34°, n°2 e n°3 CRP

Por conta desta delicadeza de interesses, o legislador constituiente


estabelece como devem ocorrer as buscas que violem estes direitos,
impondo:

• Autorização ou ordem judiciária

• Nunca durante a noite (entre 21 horas e 07 da manha – Art


177/1 CPP)

Estes nortes devem ser conjugados com o disposto no Art. 177/2 CPP,
em que temos:

• Busca Diária: Verificadas sejam as situações do Art 174/5/ ou


177/3 al a), o MP/OPC pode descer a lenha sem perdão, ou se
for flagrante delito

Nos restantes casos, quem autoriza busca entre as 7 e as 21 e


o JIC (177/1 e 269/1 al c) CPP)

• Durante a noite: Nestes casos, a regra geral desta exceção é ela


ser Autorizada pelo JIC, e somente se estiver em causa: (Art
177/2 CPP)

• Caso De Terrorismo Ou Crime Especialmente


Violencia

98 Trata-se de um “segmento habitacional de um grupo de pessoas” – Acórdão TC 452/89

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• Consentimento Ou Flagrante (177/2)

• Flagrante Delito

Execionalmente, MP e OPCS podem realizar estas buscas a


noite, sem autorização prévia do JIC, somente se estiverem
preenchidos o 177/2 al b) ou c) CPP (por remissão do Art 177/3
al b), ou seja;

• Flagrante Delito de Crime Punível com Mais de 3


Anos
• Consentimento Documentado do Visado

Se a busca for a domícilio médico ou advocatício, devido a


especificidade da proteção do domicilio profissional e da
independencia do desempenho da função, a duiligência só será válida
se: (Art. 268, n°1 al c, 177/5 e/6, 118/1 CPP)

• Ordenada Pelo JIC

• Presidente Do Centro Regional Tem De Ser Informado E Estar


Presente

• Presidida Pelo JIC

É PRECISO REMETER PARA O 176

• Apreensões (Art 178): Tratando-se da apreensão os benefícios ou


produtos resultantes do facto típico ou aqueles deixados pelo
agente, pode-se dizer que é um meio de prova de dupla
dimensão/híbrido, visto que serva para:

• Obteção de prova – in fine (Finalidade Processual


Probatória)

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• Conservar Instrumentos/Vantagens que podem ser


perdidas a favor do Estado (Art 109 ess CP) – Finalidade
Processual Substantiva

Ela é ordenada/autorizadas/validadas pela autoridade judiciária (Art


178/3 CPP),ou seja, pelo JIC ou MP (na fase de inquérito), embora os
OPC possam, excecionalmente, faze-lo ao abrigo dos n°4, 5, 6, ou seja:

• Durante Busca ou Revista em que Haja Perigo de Destruição


dos Bens

• Urgência ou Perigo na Demora (Art 249/2 al c) CPP)

Em todo o caso, o alvo da apreensão, bem como terceiro, pode


requerer a modificação/revogação da medida, haja visto que
contende com o seu direito de propriedade (Art 178/7 CPP)

Possui sub-regimes com exigencias processuais mais apertadas em


função dos Direitos Fundamentais em causa, como o caso da
Apreensão de correspondencia:

Tratando-se de cartas não lidas (Art 34 CRP – direito ao sigilo da


correspondência), ela é necessariamente ordenada por JIC, que será o
primeiro a lê-la, se tiver preenchido os pressupostos cumulativos do
Art 179 CPP, ou seja: (sob pena de nulidade – 118/1 CPP)

a) Carta Dirigida/Expedida ao/pelo Suspeito (direta ou


indiretamente)

b) Pena Maxima do Crime Umputado é superior à 3 anos

c) Grande Interesse Para A Prova E Para Descoberta da


Verdade

d) Presenção do Presidente da Ordem dos Advogados ou


Médicos (Art 180 e 181 CPP)

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No caso do advogado-cliente, não é permitido a obtenção da


correspondência, sob pena de nulidade, salvo se for ela
mesmo um crime (o que nos obriga a remeter Art 179/2) – p.ex
injuria, extorsão

Note-se que a L.109/2009 exclui as comunicações eletronicas deste


regime, pelo o que se levanta a questão de saber se o JIC tem que ler
todos os emails ou não, uma vez que a correspondencia aqui é
altamente volumosa

Aqui, a jurisprudencia tem entendido que ele é quem deve analisar


primeiro (TRL 11/01/2011), mas o MP entendido que ele deve fazer
uma triagem e só ai mandado para o JIC

• Escutas (Art 187): Sendo dos meios de prova mais restritivos de


direitos fundamentais, vemos os pressupostos da sua aplicação, e as
suas formalidades estão no Art 188° CP.

A sua particularidade está na intenção de interceptar comunicações


telefónicas, protegidas pelo Art 34 N°4 CRP,99 que so permite desvios
ao DFs no caso de processo penal, o que obriga uma leitura conjunta,
precisamente , com o Art 187 CPP

É um meio de última raccio, so utilizável quando é indispensável para


a descoberta da verdade e quando não havia outra forma para obter
a verdade material, sendo requerida pelo MP e validada pelo JIC (Art
187/1; 269/1, al e)CPP)
Essa natureza subsidiária, aliás, decorre de 3 aspectos:

• Só se utiliza quanto a cimres de catalogo

• Utilização Requer Autorização por Parte do JIC

• Não cumpridas as formalidades, a prova é nula (190 e 118/1


CPP – contaminam aquelas obtidas com repercussão)

99 Está em causa direitos do arguido e do 3° que com ele se comunica.

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A pedra de toque desse meio é a possibilidade destes só poderem ser


usados em crimes de catálogo, ou seja, quando esteja em causa os
crimes taxativamente previstos no Art 187/1 alineas a) a d), por
exemplo:

• Pena Superior Maxima De 3 Anos (Que Parece Ser Pouco)


• Trafico De Droga

Quem é que pode ser escutado por esses mecanismos está previsto no
mesmo artigo, no n° 4 do Art 187, em que temos:

• Suspeito e Arguido
• Intermediários
• Vítima se der o Consentimento100

Aqui, se introduz uma proibição de intercessão arguido-defensor (n°5)

O prazo maximo é de 3 meses (n°6), embora possa-se renovar, com


autorização do JIC, por período idêntico, desde que os pressupostos
estejam preenchidos

A provas obtidas so podem ser usadas num outro processo se:

• Tiver Por Objeto As Pessoas Do N°4


• Indispensáveis A Obtenção Da Prova Do Crime101

De 15 em 15 dias, OPC deve lavrar auto para mandar ao MP, que leva,
por sua vez, ao JIC para avaluiação da legalidade (Art 188, n°1, n°3 e
n°4), podendo ser coadjuvado por intérprete.

Na falta de utilidade da gravação tem de ser destruídas e as que forem


úteis devem ser transcritas (Art 188/6 CPP), transcrições estas que o

100
sendo um conceito mais abstrato, n se fazendo remissão para o sujeito vitima
101o que nos leva ao problema do conhecimento fortuíto (p.ex pratica de outro crime), so
sendo permitindo pelos mesmos pressupostos acima expostos

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arguido terá direito a analisar no prazo do Art 188/8 CPP (AUJ 3/2017
STJ)

Polémico é o Art 189 CPP, que extende esse regime a outros dados
de meio eletronico, o que tem gerado alguma confusão, pois já
estando aberta uma mensagem eletrónica, pareceria mais uma
apreensão e por esse artigo já ter sido tacitamente revogado pela
L.109/2009 (Art 17 e 18)

L 109/2009 – email e comunicação eletronica (Art 18)

Meios de Prova

Previsto nos Art 128 ess, visam convencer o 3°, são um instrumento, temos

• Testemunhal: Tem por objeto factos sobre os quais a testemunha


possua conhecimento direto (apreendido pelos próprios sentidos) e
que constituam objeto da prova (Art 128 CPP em conjugação com o Art
124/1 CPP), não valendo, por regra, testemunho que incida sorbe coisas
que se ouviu dizer ou de opinião102, ou seja, depoimento indireto e nem
de vozes ou rumores (Art 129 CPP).

No caso dos depoimentos indiretos, o que pode ocorrer é que se for


possível determinar concretamentamente quem transmitiu a
informação a testemunha (a testemunha direta), ele será chamado a
Tribunal e, se recusando ilicitamente, o depoimento indireto já poderá
ser considerado

Para além de falar das suas pecepções sobre os factos objetos da prova,
o Juiz pode, excecionalmente, inquirir a testemunha sobre o caráter
do arguido e as suas condições pessoais ou condutas
anteriores(Art 128, n°2/), mas tão somente se tiver em vista a
determinação da pena ou medida de segurança a aplicar.
Nesta senda, a expressão de opinião somente será tolerada se: (Art
130/2 CPP):

• Impossível Cindi-la do Depoimento Concreto

102 Afinal, a opinião sobre os factos devem ser dada pelo Tribunal

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• Em Função de Ciencia, Art ou Técnica


• Em fase de Determinação da Sanção

Assim, a testemunha tem o dever de relatar o seu conhecimento dos


factos e sobre objeto da prova e aos narrar deve faze-lo com
verdade, sob pena de incorrer em crime de falso testemunho (Art
348, 359 e 360/1 CP), e

Alias, ela presta juramento, perante orgão judicial, que deve advertir
que se faltar a verdade terá sanções criminais e processuais (Art 91/1
e 131/1 al b) e d) CPP), ainda que ela goze do privilegio de não
autoincriminação(Art 132, n°2 CPP), podendo solicitar ao juíz, de
imeadiato, a sua constituição de arguido (Art 59 CPP), sempre qhe
das respostas resultar a sua própria responsabilidade penal.

Outras situações de recusas validas é do Art 134 em que temos:

• Descendentes, Ascendentes, Afins até o 2° Grau

• Ex conjuge ou Equiparado (relativamente aos factos


passados durante esse casamento ou coabitação)

• Conjugê e Equiparado

A raccio deste artigo é de fácil entendimento, pois havendo entre as


parte em questão uma relação de confiança, ela poderia ser
permanentemente quebrada se a testemunha fosse obrigada pela
Lei a faze-lo com verdade (“ficando entre a espada e a parede”)

Uma outra, de raccio semelhante103, mas não coincidente, é o segredo


profissional do Art 135 CPP, que dá o privilégio de não testemunhar
à:

• Orientador Religoso
• Adbogado (L 145/2015 – Art 92)
• Medico
• Jornalista

103 Proteção do sigilio Profissional

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• Instituição de crédito
• Psicólogs (Art 79 EOP)

Esse sigilo só pode ser quebrado pelo Tribunal quando:

• Não Seja Sigilo Religioso


• Justificada por Existência de um Interesse Preponderante104

Este poderá existir tendo em conta:

• Impresindibilidade do Depoimento para Descoberta da


Verdade

• Gravidade do Crime

• Necessidade de Proteção dos Bens Jurídicos

Relativamente ao procedimento da inquirição, ela faz-se nos termos


Art 138 CPP, que nunca podendo ser abusivo ou inclinadas, faz-se
pela ordem:

• Circunstancias Relevantes Para Avaliar a Credibilidade do


Depoimento (quem é, relação, circunstancias envolventes

• Juramento

• Depoimentos

104 p.ex 92/4 E /5 EOA

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Reforçando a ideia exposta, o n°2 impõe que não se podem fazer


perguntas sugestivas105 ou impertinentes106, capazes de alterar a
espontaneidade da narração

Note-se, ainda, que a testemunha deve ser protegida, dispondo a lei


de várias garantias de proteção contra ameaças existentes (Art 139/2
CPP, L93/99)

• Declaração das Partes: Devendo-se destrinçar, temos:

• Arguido: No fundo quando se estuda esta matéria, será preciso


ter em conta que o regime que lhe aplicado é diferente
quando as perguntas incidem sobre:

• Identidade e Profissão: Falando-se de nome,


filiação, estado civil, aniversário, residência, local de
trabalho, o arguido está obrigado a responder com
verdade, sendo uma solução jurídica já enunciado
em outras areas do CPP, mais precisamente no Art
61/6 al b) e no Art 141/3 e 342 CPP, já não sendo
preciso falar dos antecedentes criminais, visto que
tal influencia a n´veil de:

• Responsabilidade Penal

• Determinação de Sanção

A estes, naturalmente, devemos articular com o Art


359/2 CP, que penaliza a falsidade de depoimento
que o arguido faça nestas matérias

• Perguntas sobre Actos imputados: Relativamente


a estes factos e ao conteúdo das declarações sobre
estes, o arguido pode fazer 1 de 3 coisas:

105 Com promessas ou ameaças veladas


106 Pois não estão no escopo da causa ou molestam o processo ou algumas das suas partes.

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• Silencio: Consagrado na CRP e no CPP,


como uma garantia de defesa do Art 32
CRP, é obrigatoriamente reconhecida e
aplicada no decurso do processo, mas
somente relativamente a factos a si
imputados, ou seja, d’onde pode emergir
R.Penal (ART 61/1 AL d), inversa da
norma do /6; 343/1, 345 CPP), utilizando-
o de forma total ou parcial

Neste cenário, especial importância


reveste o Art.345 CPP, uma vez que este
diz-nos que o co-arguido pode ou não
responder as perguntas que lhe são
feitas, e, no seu n°4, diz-nos que essa
declaração pode estar dependente da
resposta de outras questões, que
podem trazer prejuizo a um outro co-
arguido, que faça uso do silêncio

Ora, visto que um joga o outro do comboio,


sob pena de se violar a propria
essencial do direito ao silencio da
contraparte , o juiz deverá pedir mais
esclarecimentos e fundamentar a sua
convicção para além das meras
declarações do co-arguido,

Se tiver o co-arguido silenciado e o


outro tiver prestado tudo que foi
solicitado, levanta-se a questao se ela
pode ser a única base de
incriminação107 , defendendo o TC, em Ac
de 14/7/1997, que tal interpretação é
inconstitucional

De todo o modo, vale na nossa ordem


jurídica o Princípio da Desconsideração
do Silêncio Contra Reu, ou seja, o
silêncio não pode desvantajar o arguido
do ponto de vista jurídico, sendo
inadmissível servir de base de presunções

107http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/6082ccff48a8006980257421

003b9252?OpenDocument e Acórdão n.º 133/2010

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ou de determinação da prova (Art 70, 71/2


al e) CPP), mas já o poderá no sentido
fáctico, em que o seu silêncio impede-o
de obter alguma vantagem do ponto de
vista jurídico penal

• Confessar os Factos: Feita para mitigar


penas, como nos diz o Art 344 CPP, deve
ser de livre vontade ( s/coação), integral
e sem reservas, tendo por efeitos:

• Não se Produz Prova (crime


punído , no máximo, com
menos de 5 anos) – Factos
dão-se por provados.

• Redução da Taxa de Justiça


em Metade (Art 341, 360, 369
CPP)

• Atenuação da Medida
Concrets da Pena a Aplicar
(Art 71 CP)

Porém, há situações em que o juiz deverá


ter atenção a confissão e questionar a
propria liberdade decisória do arguido,
como nos diz o n°3, que retira os efeitos
quando haja:

• Co-Arguidos e Eles Todos


Não Façam/Digam a Mesma
Coisa – Deve Haver Coerencia
Entre Eles

• Duvidas Quanto A
Imputabilidade Plena Do
Arguido

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• Crimes De Elevada Gravidade


(Superior A 5 Anos)

• Negação dos Factos: Sendo a opção


mais lógica, o arguido pode faze-lo
parcialmente ou totalmente

Alias, se o juiz chegar a conclusão que


tais factos são mentira, não se poderá
assacar, por isso, a aplicação do Art
359/2 CP

O Arguido, apesar de não ter um direito a


mentir, não é punido pela sua mentira,
não prestando nem se quer juramento
(Art 91 CPP; 140/3 CPP).

Não há direito explícito a mentir, pois a


verdade é que so não há consequencias
(reconhecimento implicito de fuga do
direito) ao não mentir, mas não se pode
falar de um direito a tal e assim é por:

• Art 359/2 (Argumento Formal)

• Não Pode ser Compelido a


Produzir Prova contra si/
Humanamente Compreensível
(Argumento Teleológico)

• Inexistência de Dever de
Colaborar com a Justiça108

• Assistentes/Partes Civis: Podem prestar a requerimento de


qualquer um ou ex officio (Art 145°CPP), estando vinculadas
ao dever de verdade, sob pena do Art 359/2 CP, seguindo o
regime geral da prova testemunhal (Art 145/3 CPP), com
desvios pontuais, nomeadamente, que o assitente não pode
prestar enquanto testemunha (Art 133/1 al b CPP)

108 Pois seria inexigível o cumprimento.

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Porém, verdade é que não prestam juramento

• Acariação109(Art 146 CPP): Servindo sobretudo, mas não só, para sanar
contradições entre declarações prestadas por várias pessoas (n°1),
ocorre quando o Juiz realiza um confronto entre declarações e
questiona os depoentes se confirmam ou alteram o que disseram, uma
cross examination por parte do dominus processual.

Os depoentes podem ser:

• Co-Arguidos
• Arguidos
• Assistentes
• Testemunhas
• Partes Civis

• Reconhecimento: Podendo ter por objeto pessoas e coisas (Art 147°


CPP), podendo acontecer que, alias, se peça a varias pessoas
(pluralidade – Art 148 e 149 CPP) avaliarem ou descreverem, com o
maior dos pormenores uma pessoa ou objeto (p.ex pedir a vítima para
identificar a pessoa que praticou o crime), questionando:

• Relações que Estabelecem


• Conhecimento que tem
• Foi ou não/ É ou não é
• Identificação
• Mais Perguntas

Feita in loco relativamente ao sujeito que praticou o crime, ou por suporte


fotográfico, deverá haver confirmação pessoal por parte do
reconhecedor(n°5), devendo-se, no limite, chamar pessoas parecidas
(fisica e endumentariamente) para fazer comparações em qualquer
fase processual, visto que deve haver repetição dos atos (Art 267, 270
CPP).

Note-se que deve ser impossível a comunicação entre as pessoas


que fazem a identificação (Art 189 CPP) e, havendo divergencia, deve-

109 “Acariciação” – Prof Pedro Freitas vai apanhar a referência.

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se cross examination, e, mesmo assim, em duvida, in dubio pro reo,


afastando-se por não ser suficientemente cabal

• Reconstituição: O que se visa com este meio de prova é


restituir/reproduzir, o tipo de situação que ocorreu no maior grau de
precisão e fidelidade possivel para, por sua vez, determinar se um outro
facto poderia ter ocorrido de certa forma naquela circunstãncia.

Por conta disso, tem de ter-se em conta é a data e a hora, ou seja, uma
incenação do que se tenha passado (Art 150)

• Pericial: Tendo um regime alargado, esta entre os Art 151 e 163 CPP,
ela séra necessária quando a apreciação dos factos exigerem
especial conhecimento técnico-cientifico, sendo o(s) perito(s)
determinado pelo TRIB (Perícia Oficial) de entre uma lista de peritos
existentes numa comarca (Art 151 e 152 CPP), ainda que possa pedir
escusa (Art 153/2 CPP)

Note-se que o modelo seja oficioso, excecionalmente, as partes podem


nomear um consultor tecnico de confiança, que acompanha a
pericia realizada pelo perito atuando como um perito material (Art
155) que pode:

• Solicitar Diligencias
• Formar Comentarios
• Colocando Questões

• Documental (Art 164): Tratando de um documento, ou seja, uma


declaração, sinal ou notação, corporizado em meio técnico (disco, fita
ou outro) - Art 255 CPP –, a sua junção ao processo faz-se oficiosa ou a
requerimento, não podendo ser anónimo exceto se fizer parte do crime

Estes não são iguais aos indícios, pois estes são recolhidos pela
entidade que decide, é mais interno de produção de decisão

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Julgamento

O seu grande protagonista, o dominus desta fase, é o Tribunal (de diferentes


espécieis compositivas110, como vimos supra), ente imparcial a ser convencido
pelas partes para decidir.

Destaca-se, na fase de julgamento, alguns importantes Princípio, que podem


ter por referência:

• Prossecução processual
• Prova
• Forma

Relativamente a prossecução, temos:

• Investigação/Verdade Material: Constituindo uma mitigação da


estrutura acusatória do nosso Processo Penal, tem várias emanações
no processo, tendo por expoente máximo e específico na fase de
julgamento o Art 340 CPP, que diz-nos:

“ O TRIBUNAL ORDENA OFICIOSAMENTE A PRODUÇÃO DE TODOS


OS MEIOS QUE LHE AFIGURA NECESSÁRIA PARA DESCOBERTA
DA VERDADE E BOA DECISÃO DA CAUSA”

Note-se que tal princípio também não deixa de ser um princípio relativo
a prova, na medida em que o Tribunal, na formação da sua convicção,
poderá ordenar a produção de prova, independemnte daquilo que as
partes trouxeram para dentro do prcesso.

Por isso, há uma contrariedade face ao Principio do Dispositivo, na


medida que as partes não dispõe do exclusivo de carrear para o
processo as provas dos factos que querem ver provados, na medida
que o juiz (de julgamente ou instrução) tem um verdadeiro ónus jurídico
de investigar e esclarecer-se oficiosamente

Em suma, poderá o Juiz, ex officcio ou a requerimento, dentro do


facto submetido a julgamento, ordenar autonomamente a produção
de meios de prova (288/3 limitado pelo 303; 290/1, 289/1 CPP)

110 O que quebra a tramitação unitária do processo penal

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Tendo em consideração a redação do artigo, e visto que este princípio


ladeia todo o desenrolar do processo111, é preciso apontar que:

• Aplica-se a qualquer Orgão Jurisdicional


• Natureza Subsidiária da Estrutura Acusatória

• Principio da Concentração: Este princípio aponta para a prossecução


processual unitária e continuada, do inicío ao fim, de todos os atos
processuais.

Pode ser analisar numa dupla dimensão:

• Espacial: Todas as diligências devem acontecer num mesmo


Tribunal, ou seja, a estrutura deve ser a mesma do início ao
fim,o que implica, por isso, a existencia de um princípio de
identidade do juiz (Art 328-A CPP)

• Temporal: Por regra, uma vez iniciada a audiência, ela deve


correr sem interrupções ou adiamentos, ainda que, por
questões biologicas, este objetivo torne-se impossível
(situações estritamente necessárias – alimentação e repouso),
devendo-se, nestas situações, continuar no dia util seguinte a
que se iniciou (Art 328 CPP)

Mesmo assim, o adiamento da audiencia pode acontecer


quando exista: (n°3)

• Questoes Prejudiciais
• Falta de pessoa indispensavel
• Relatório
• Impossibilidade do Juiz (ART 328-A)
• Substituição do Defensor (Art 67/3 CPP)
• Falta do Arguido (333 e 334)

Porem, não pode se adiar ad eternum, não podendo exceder


os 30 dias corridos, descontado o período de férias judicias
(n°6), retomando desde o ato na qual foi interrompida, ainda
que não haja consequencia jurídica para o seu

111 Art 154/1, 164/2, 174/3; 288/3 limitado pelo 303; 290/1, 289/1 CPP

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incumprimento, alias, as provas produzidas há mais de 30


dias continuam validas (Art 363)

Relativamete aos Princípio de Prova, temos:

• Legalidade da Prova: Estando prevista no Art 125° CPP, tipifica uma


clásusula geral a ser concretizada, dizendo-nos que são autorizadas no
processo toda aquela prova autorizada (“não proibidas”) pela Lei, o que
constitui um limite ao principio da descoberta da verdade material.

Saber o que é ou não uma prova proibida postula o estabelecimento de


uma ponte entre o 126/1 E /3 CPP e o Art 32/8 CRP, que exclui
liminarmente, e com o intuito de proteger certos direitos fundamentais,
provas obtidas mediante:

• Tortura
• Coação
• Ofensa a Integridade Física ou Moral
• Abusivamente Intromissora de Outros DFs112

O 126 CPP é um autentico desenvolvimento do 32/8, reforçando que


mesmo com consentimento, não se pode utilizar certos meios de prova,
dizendo-nos a Lei: (a inobservancia conduz a nulidade e proibição de
valoração113 – 118/1 e /3 CPP)

• /1 e /2: Replicando o Art 32/8 parte inicial CRP (Proibida), trata


de provas Absolutamente proibida, pelo que, em caso algum,
será tolerada a sua utilização no Processo.

• /3: Concretizado o Art 32/8 parte final CRP (Abusiva),tratam-


se de provas relativamente proibida, ou seja, que dentro dos
limites da lei, serão toleráveis, como, por exemplo: Art 187 e o
177 CPP

Assim, falamos de:

112
Mesmo que com o Consetimento delas (Art 126 CPP)
113 Não pode ser utilizada para formação de convicção do julgador

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• Proibições Absolutas: Enquadradas na primeira parte,


devemos remeter para o Art 25 CRP, ou seja, para a proteção
de direitos a que a CRP incoporou uma inviolabiluidade e que
cuja a utilização de provas obtidas em sua violação serão
sempre inadmissíveis.

• Proibições Relativas: Enquadradas na segunda parte da


norma, devemos remeter para o Art 26°e 34, ou seja, para um
conjunto de direitos a que a Constituição admite, nos estritos
limites da lei processual, uma certa limitação

Note-se, porém, que é preciso diferenciar:

• Proibição de Prova: Tratando-se de uma prescriçao de um


limite a descoberta da verdade, em várias formas de
proibição de:

• Temas: Tratam-se de factos que não podem ser


objeto de prova ((Art 137 CPP)

• Métodos de Prova: Fala-se aqui de uma proibição


dos métodos de investigação, e que tem por fim ultimo
dissuadir as autoridades públicas de sacrificar os
interesses dos particulares, o que impõem uma trava
a verdade material absoluta (Art 126)

• Meio de Prova (Art 134/2; 356 CPP)

• Leitura de Protocolos (Art 356 CPP)

Aqui se encontra inclusa o dever de informação e advertência


sobre o direito ao silêncio que assiste o arguido quanto aos
factos que lhe são imputados (Art 58°, n°2 e 4°; Art 61°/1 al d)
e h); Art 141/4; Art 143/2; Art 343, n°1 CPP), pois toca ao estatuto
fundamental do arguido , e qualquer declaração aqui prestada é,
necessariamente, nula.

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Em suma, estão em causa provas que não podem ser admitidas


ou valorados no processo, ainda que tenham sido obtidas por
métodos não proibidos pela Lei

• Prova Nula: Nestes casos, a prova violou as regras/metódos da


produção da prova, ou seja, violou uma regra disciplinadora do
procedimento exterior de realização da prova na diversidade de
meio e métodos (p.ex Art 341 CPP)

Note-se que esta diferenciação é relevante, pois o regime a seguir é


diferente, uma vez que não há sanação prevista no 119 ess CPP, como
nos diz o 118/3, ou seja, uma poderá ser convalidada e a outra não.

Desta forma, a invalidade resultante da produção de prova será de


conhecimento oficioso até a decisão final, independendo de uma
arguição da mesma pelas partes no processo, constituindo, por isso,
uma nulidade insanável.

Alias, e tendo em conta este dado, é possível recurso extraordinário


de revisão se a prova for proibida (Art.449/1/ al e CPP), visto que ela
é dada como inexistente e contamina toda a restante prova
indiretamente obtida por seu intermédio, desde que essa tenha um
nexo de dependencia lógico-cronologico com a prova podre, o que
a doutrina chama de efeito a distância da prova proibida (frutos da
arvores envenenadas)

A este efeito, verificamos algumas exceções, essencialmente, 3:


(Acórdão TC 198/2004) - ver CPP ANOT P.328

• Fonte Independente: Singnifica que aceitam-se provas que


foram/poderiam ter sido obtidas por via autónoma lícita

• Descoberta Inevitável: Aceita-se prova que inevitavelmente


teria sido descoberta, mesmo que mais tarde, através de
outro tipo de inestigação

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• Dissipação da Mácula: A prova secundária é admitida se tiver


havido nexo causal atenuado pela passagem do tempo ou
outro fator que deturpe essa lógica ou que se sustente por
outro meio de prova, ou seja, trata-se de uma prova que
apresenta autonomia suficiente para secundarizar a ilicitude

• Livre Apreciação da Prova:No fundo, significa uma tomada de posição


no problema de saber se devem ou não usados critérios legais que
determinam o valor da prova, sendo certo que teriamos, em abstrato,
duas opções:

• Prova Legal: Aqui, a lei estabelece ou pré-determina o valor


que deve ser atribuido àquela prova

• Livre Apreciação: Sendo a que foi acolhida pelo sistema,


ainda que não sem exceções, reconhece ao decisor uma
margem de valoração que sustenta-se nas regras da
expriencia e na convicção

Previsto no Art 127, salvo previsão excecional contrária, será essa a


regra, i.e, a valoração é feita de acordo com as regras da
experíência, comportando dois efeitos/dimensões:

• Negativo:Afasta-se critérios pré-determinadores do valor da


prova

• Postivo: Dever de valorar a prova de modo fundamentado nas


regras da experiencia, ou seja, de modo tendencialmente
objetivo e capaz de controlo externo, vedando-se
arbitrariedades, e impondo-se um dever de perseguição da
justiça e da descoberta da verdade (Art 365/3

Algumas exceções, que subtraem essa livre apreciação, são, desde


logo:

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• Prova Testemunhal: Apesar de ser o domínio maior de livre


apreciação114, existem situações que obrigam a limita-la,
falando-se basicamente dos Art 129 e 130 CPP, ou seja:

• Depoimento Indireto ou de “Ouvir Dizer”: São


situações em que a testemunha não teve contacto
direto com os factos, em que, nesse caso, o juiz
pode chamar aqueles a quem o depoimento diz
respeito, sob pena de não poder ter em conta115
esse depoimento, salvo se:

1 – Houver Determinação da Fonte +


Recusa Ilicita da Fonte de Prestar
Depoimento
2 – Fonte Faleceu/ Não Foi Encontrado,
ou Sofrreu Anomalia

Se a testemunha prestar se recusar ou não tiver em


condições de indicar como teve conhecimento dos
factos que indiretamente diz, o depoimento nunca
poderá ser utilizado.

• Vozes Públicas/Rumores: Não podem ser


valorados no processo e a convicação dessas
vozes são de rara base, somente as que estao na
al a), b) ou c)

• Declaração do Arguido: Se existir confissão, há uma


limitação da livre apreciação, mas tão somente nas situações
do 344/2 e /3 CPP, ou seja, se ela for:

• Integral, Livre E Sem Reservas

• Crime com Moldura Não Maior que 5 Anos

Verificados sejam estes pressupostos, o juiz deverá assumir


diretamente que o arguido praticou os factos imputáveis,
ainda que alguma doutrina diga que, mesmo aqui, existe uma

114 Campo de eleição


115 Proibição de valoração da prova

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restia de livre apreciação, uma vez que o 344/2 so tem


aplicação depois do tribunal valorar o caráter livre ou não
da confissão.

O CPP permite, ainda, que o julgador retire algumas


conclusões do silêncio do arguido, mas tão somente em
duas situações muito concretas (Art 343/1 e 345/1 CPP), e
sem que lhe possa ser assacada incriminação, pelo menos
não formalmente

Vale por inteiro a livre apreciação em situações, como:

• Negar os Factos
• Confessar Parcialmente ou com Reservas
• Co-arguidos
• Pena de Prisão Superior a 5 anos
• Duvidas Quanto a Plenitude da Confissão

Em suma, a livre apreciação só sera afastada quando existir


confissão integral, livre e sem reservas da prática de um
crime punível com pena de prisão máxima de 5 anos

• Prova Pericial: O juizo tecnico a si inerente se presume


substraido do juizo de ponderação (Afastamento do Princípio
Julgados Perito dos Peritos) do julgado, não podendo por em
causa o que é dito pelo períto, e, tendo opinião contrária, só
pode contrariar o perito se o fundamentar devidamente (Art
163/2 CPP), nomeadamente, com base em:

• Fundamento Também Técnico


• Erro Inequívoco

• Prova Documental: O Art 169° CPP determina que se existem


documentos autenticos e autenticados, a livre apreciação fica
limitada, considerando-se provados as realidades por ele
atestados, podendo o TRIB fundamentar a veracidade do
conteudo ou da forma (Art 170 CPP)

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• Principio do In Dubrio Pro Reo: Trata-se de um principio de acordo com


o qual o tribunal deve, em situações de duvida razoavel sobre a
culpabilidade do arguido, decidir favoralvemente ao arguido, dando
como provado esse facto favorável, tanto mais porque ele presume-se
inocente (Art 32/4 CRP)

Este principio vale para a matéria de facto e a sua valoração116


(atenuação de culpa, exclusão de ilicito, etc), não funcionando em
matéria de direito, não podendo o tribunal ficar em dúvida sobre o direito
a aplicar, tendo de tomar posição, haja vista que é a sua area de
especialidade.

Se ele for violado, pode ser apreciado por tribunal superior,


inclusivamente STJ (Art 434 CPP), na medida que a violação em si
deste princípio é matéria de direito.

Há doutrina que distingue: (ainda que umbilicalmente ligados)

• Presunção de Inocencia: Para PAULO PINTO DE


ALBUQUERQUE, ele funciona durante o processo de
formação da convicção

• In dubio pro reo: Sera para depois de valorada a prova, numa


fase de conclusões não suficientes pára concluir a realização
do crime pelo agente

No tocante a forma do processo, temos os seguinte processos:

• Princípio da Publicidade: Sendo um corolário do Princípio do


Acusatório, vale para todas as fases processuais que uma especial
relevancia no julgamento, visto que nesta fase se faz mesmo necessário
uma justiça respeitadora de garantias do arguido (Art 206 CRP, 86-
90 e 321 CPP)

Ele traduz-se na possibilidade do público em geral assitir a realização


dos atos processuais ocorridos no julgamento, bem como registar e
posteriormente consultar

116 É atinente ao crime e a sanção aplicar

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Tal postula transparencia, sobretudo para dar cumprimento à:

• Obrigação de Prevenção Geral Positiva: Trata-se do reforço


da validade das normas violadas junto a comunidade

• Obrigação da Garantia da Defesa e da Legalidade: Ela passa,


principalmente, pela participação, assitencia, obtenção de
documentos e copias dos autos e a entrada livre nas audiencias
(Art 206 CRP)

• Obrigação de Imparcialidade e Independência da Justiça Penal:


Atraves da transparencia, mais facil faz-se o controlo destas
obrigações constitucionalmente impostas (Art 206 CRP)

• Democratização da Justiça: Permite o cidadão apreciar o


modo como a Justiça, que pertence a si, vem sendo
administrada.

Algumas das suas limitações prendem-se a: (4)

• Dignidade das Pessoas


• Moral Pública
• Normal Funcionamento da Audiência

Assim, há a consagração do segredo de justiça (Art 20/3 CRP),


funcionando como adequada proteção desses interesses e
conformado na Lei Ordinária, tendo já tido uma abrangencia maior do
que era hoje (p.ex inquérito era secreto por regra) e regulado nos Art
86 ess do CPP

A este propósito, ele pode ser divido em dois tipos de segredo:

• Interno: Diz respeito a limitação da publicidade de acesso e atos


aos próprios intervenientes nos atos processuais.

• Externo: Diz respeito a limitação da publicidade em relação a


comunidade, isto é, a todos que sejam estranhos a lide.

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A regra é que, sob pena de nulidade, a publicidade do processo em


todas as suas fases (n°1), somente podendo ser limitado para
proteção das partes, por requerimento:

• Uma das partes, ordenada pelo JIC (n°2)

• MP (melhor investigar ou proteger os outros sujeitos)


validado pelo JIC (n°3)

• JIC de Oficio e para Preservar as Partes

Aqui, levantou-se dúvidas relativamente a constitucionalidade,


visto que a inexistencia de decisão autonoma poderia por
em causa o modelo de repartição de funções processuais
entre magistraturas, tendo Ac 110/2009 TC entendeu inexistir
essa inconstitucionalidade.

Assim, o segredo de justiça limita a publicidade e vincula um


conjunto de pessoas, nomeadamente:

• Todos os Sujeitos e Participantes Processuais

• Todos que, a Qualquer Título, Tenham Tido Contacto com


Processo ou Sabem Aspectos Dele (n°8)

Aqui, suscita-se alguma polemica na interpretação,


relativamente a jornalistas, que exercem o direito fundamental
de liberdade de imprensa – ambito pessoal

Esta proibição implica117: - ambito material

• Vedada a Divulgação da Ocorrencia de Ato e Termos

117Quem incorre na sua violação, incorre em crime de violação do segredo de justiça (Art
371/1 CPP)

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• Violação Presença em diligencias processuais

• Obtenção de Copias (que cai ao fim do disposto no Art 276


CPP, so podendo ser adiado uma vez por 3 meses e se for
criminalidade grrave, ou violenta)

Este segredo abrange a ordem interna, sendo que se as


partes/sujeitos quiserem copias, podem pedir ao MP, que podem
recusar e se considerar-se que o acesso vai por em causa a
investigação ou os direitos processuais das vitimas ou participantes
processuais

Se isto ocorrer, o JIC decide se deve ou não dar acesso que, se


mantido, só cai com o fim do inquérito (Art 276 CPP) que, findo, o JIC
só pode prorrogar por mais 3 meses (prorrogavel uma vez) e tão
somente só situações excecionais

Uma outra limitação, constante do Art 86/7 é relativamente a dados


pessoais do investigado que não compreendam meios de prova (p.ex
diário que compreenda informações probatórias e não probatórias),
ganhando importancia, sobretudo, nas escutas telefonicas (Art 188
CPP)

Ainda diz-nos o Art 87 CPP, que a audiencia tambem pode ser a porta
fechada, sendo esta uma decisão do juiz, a pedido das partes ou ex
oficcio, e de acordo com os fundamentos do Art 206 CRP e 87/3 CPP,
ou seja, em crimes de especial sensibilidade

Aqui, temos a inversão da publicidade do processo, evitando-se


situações de vitimização secundária, mas a leitura da sentença é
sempre pública (n°5, que remete para o Art 321 CPP)

Relativamente a exposição midiática da audiencia de julgamento, em


regra, é permitido o seu acesso, havendo mutos jornalistas nos bancos
das audienciais, tendo o Art 88 CPP de colocar travões a estas atitudes,
um artigo amplamente excecional nos seus variados numeros, com a
exceção (so ironic) do n°1, havendo:

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• N°2: Sob pena de crime de desobediencia (norma processual


material), os jornalistas não pode reproduzir peças
processuais ou reproduzir a audiencia em video ou som,
bem como não podem publicitar ou identificar as pessoas
envolvidas (vitimas), ligado-se ao 87/3 nesse aspecto (al c do
n°2)

• N°3: Não podem reproduzir tudo aquilo a que o Juiz proibiu

• N°4: Estão proibidos, tambem de publicar escutas telefonicas


abrangidas pelo segredo de justiça

Estes artigos tem de ser articulados com os Art 11/2 CP


(responsabilidade direta da pessoa coletiva), 12° CP (responsabilidade
da pessoa singular), 348/1 al a) CP (crime em si)

• Oralidade e Imediação: Traduzindo na necessária existência de uma


relação proxima entre o Tibunal e os Sujeitos/Participantes
Processuais, ela implica um processo tendencialmente oral
relativamente as partes (pois sendo uma proximidade com
documento, seria impossível ser oral) - Art 96 CPP, ainda que haja
repercussões em outras partes do codigo, como Art 129, 298, 328-A, 341,
343, 347, 360 e 361, 355 CPP.

Assim, temo de diferenciar:

• Oralidade: Relaciona-se com a forma de atingir a decisão, ou


seja, os atos devem ser praticados oralmente e as decisões
devem ser baseadas numa audiência oral

• Imediação: Relacionado com aquele, diz-nos que devem existir


a tal relação próxima entre os comunicantes, na medida que
releva:

• Quid da Fala
• Modo da Fala

Em outras palavras, o juiz deverá ter percepção direta e


pessoal (subjetiva) sobre os elementos da prova, o que lhe
permite ter o contato pessoal que a Lei exige

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Um sub-corolário desta ideias é a documentação das declarações orais


em ata (Art 364 – audio, tipicamente), sob pena de nulidade que se
convalida em 10 dias (AUJ 13/2014), sendo relevante para efeito de
recursos (Art 412 CPP)

A imediação pode ser matizada num conjunto variado de desvios, que


estão sobretudo nos Art 356 e 357 CPP em que se permite a leitura
declarações anterios ao julgamento para, principalmente, sanar
eventuais contradições surgidas no julgamento, desde que estas
declarações tenham sido feitas:

• Perante Autoridades Judiciárias


• Feitas na Presença do Defensor
• Após Informar o Arguido do Alcance

Abordando, agora, o julgamento puro e duro, começamos pelos estudo dos


chamados atos preliminares, tratados no Art 311 CPP, em que se destaca o
chamado saneamento do processo, que pode ser mais ou menos complexo
consoante a existencia ou não de instrução (menos complexo naquele, mais
complexo neste)

O saneamento consiste/ implica no seguindo:

• Presidente do Tribunal pronunciar-se sobre incidentes/questões


prévias/nulidades (há sempre lugar)

• Comprovação Judicial da Acusação (n°2 – Caso inexista Instrução)

Esta é uma autêntica antecamara do julgamento, peneirando eventuais


grãos de ilegalidade que o processo possa ter, verificando tudo que pode o
prejudicar e se a acusação tem fundamento

Realizado o saneamento, o Art 312, obriga o juiz a emitir um novo despacho,


em que:

• Marcar a Audiencia (Local, Dia E Hora)


• Delimita o Objeto da Audiência (Fundamentos, Etc)

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No dia em questão, um oficial de justiça chamará, por ordem, os sujeitos


processuais (Art 329/1 CPP), que, na eventualidade de um estar faltado,
atrasa o início da audiência em 10 minutos, para que, ultrapassados sejam, o
juiz inicie a sessão (n°3)

A presença do arguido é fundamental para proteger os seus direitos


fundamentais, bem como para assegurar a justiça fundamental e o todo o
sistema subjacente, o que traduz-se num poder-dever do arguidoestar
presente na audiência, imposto pela prórpria causa pública – Art 332/1 e 66/1
al a) CPP

Não obstante isso, os Artigos 333 - 335 estabelecem algumas


exceçôes/desvios a esse princípio, aplicável em casos de incumprimento por
parte do arguido, ocorrendo em situações como:

• Art 333° CPP: Aqui, o arguido foi notificado regularmente do dia e da


hora da audiencia (Art 113/1 al a) e b) CPP ex vi Art 313/3)118, mas não
está presente no tribunal, devendo, aqui, o juiz tomar as decisões
necessárias para obter a comparência, emitindo um mandado de
detenção/prisão preventiva para o obrigar a comparecer (Art 116 CPP
e n°1 e n°7, 254/1 al b) CPP)

Se ele não for encontrado, o Tribunal tem duas hipoteses que dependem
de:

• Presença absolutamente indispensável: O tribunal deverá


adiar a audiência para a data prevista no despacho de
convocatoria, que deve tambem possuir essa informação (Art
333/1 CPP)

• Presença Dispensável ou Falta Justificada: Nesta hipótese,


não havera adiamento (Art. 333/2 CPP), devendo-se ouvir
outros intervenientes, podendo o arguido ser ouvido mais
tarde, mediante requerimento feito pelo defensor (AUJ STJ
9/2012)

118
Havendo TIR, a notificação pode ser por via postal simples ou registada, pois a pessoa
compromete-se a ficar na morada

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Note-se, ainda, que o Art. 333/3 e o Art. 334/2 e /3, dão a possibilidade
do arguido requerer ou consentir que a audiencia ocorra na sua
ausencia, em situações em que esteja praticamente impossibilitado de
comparecer, ainda que o Tribunal possa não acatar se achar que há
mm necessidade da sua presença

• Art 334, n°1 CPP: Fala-se dos processos sumaríssimos em que há


reenvio do processo para o processo comum, aplicando-se o Art 398°,
n°2 CPP e o arguido não puder ser notiicado do despacho designativo

Sempre que isto ocorra, por força do Art 64° CPP, é obrigatória a
presença do defensor, havendo tambem alteração na contagem de
prazos, que fazer-se-ão de acordo com o Art 333 /5 e /6/ e 334/6-/8, ou
seja, o prazo para recursos conta-se do prazo da notificação da
sentença, devendo ser pessoal/postal regista, havendo dúvidas na
doutrina

• Art 335 CPP: Ocorrendo em situações em que não é possível leva-lo a


tribunal por nenhuma forma e não se verifica nenhuma exceção, o
tribunal procederá a uma notificação edital (se não for possível outra)
para que se apresente em juizo em 30 dias e, caso não cumpra, há
uma declaração de contumácia

Assim, ela ocorre quando há:

• Falta de Notificação Regular


• Presença Não se Assegurou pela Detenção
• Não se Apresentou em Juízo nos 30 subsequentes ao edital

Servindo, na prática, para somente quando não tiver sido prestado


TIR, ela funciona como um mecanismo legal que compeli a presença
do arguido em juizo, na medida que produz efeitos, como: (Art 336 e
337 CCP)

• Mandado de detenção

• Anulabilidade dos Negócios Jurídicos Patrimoniais


Celebrados

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• Proibição de Obtenção de Documentos

• Arresto De Bens

• Registo dos Contumazes – Art 14 L 37/2015)

Ela caduca logo o arguido seja apresentado em juízo, sendo logo sujeito
ao TIR

Se eventualmente o o defensor/MP faltarem, devemos aplicar o Art 116/3 CPP


ex vi Art 330 CPP, ou seja, substitui-se qualquer um dos dois dentro de 30
minutos, havendo uma notificação ao superior hierarquico ou a OA para
desencadeamento do correspondente processo disciplinar

Se faltar, porém, o advogado da parte civil ou do assistente, tudo prossegue


e, quando chegarem, podem intervir logo que compareçam – salvo se for
crime particular, que determina o adiamento da audiencia

Se faltar um participante, não adia nada (Art 331)

VER 341, QUE REFERE PRODUÇÃO DE PROVA~

Alegação oral (Art 360 CPP)

Antes da sentença, o arguido pode alegar algo em defesa, é o ultimo a falar se


decidir faze-lo

Quanto a sentença (Art 375 ess), é o ultimo ato119 e segue-se as declarações


orais das partes (Art 365/1 CPP) e pode ter uma de duas formas de acordo
com a composição: - Art 97/1 al a) e /2 CPP

119 Ato decisório

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• Sentença Propriamente Dita


• Acórdão

Pode ser:

• Condenatória (Art 375)


• Absolutoria (Art 376)

É preciso ainda ter em conta a situação de inimputabilidade do arguido, em


que a sentença deve ser absolutória, porém, se for inimputavel, mas for
aplicável medida de segurança a sentença vale como condenação, apesar
de ser absolvitória (Art 376/3 CPP)

A sentença, metodologicament,e pode ser dividida em 3:

• Fase de Deliberação e Votação (Art 365-371-A CPP): Ganhando muita


relevancia nos colegiais, delibera-se sobre culpabilidade do arguido e
sobre a sanção a aplicar (Art 368 e 369 CPP), apreciando-se tambem
se ele tem perigosidade (Art 369 CPP), sendo certo que ao abrigo do
n°2 (Art 371 CPP) destes, podemos recorrer a prova suplementar
para determinar concreta pena a aplicar

• Elaboração e Assinatura (Art 372 e 374): Uma sentença tem 3 partes:


(Art 374 CT)

• Relatório: Identifica crimes imputados e quem é o arguido e


os outros sujeitos (n°1)

• Fundamentalçao: Enumera provado/n provado e motivos da


decisão (n°2), sendo relevante variados níveis,
nomeadamente:

• Convencer Arguido

• Convencer a Comunidade

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• Controlabilidade no Recursos

• Decisão/Dispositivo: Efeitos a produzir e assinatura dos


membros (n°3)

Se por ventura, a sentença não contiver a fundamentação ou sentido,


a sentença é nula Art 379/1, devendo-se corrigir ao Art 380 CPP nos
restantes casos

• Leitura de Sentença (Art 373): A leitura é publica, mesmo que a


audiencia tenha decorrido com segredo ou limitaçoes a publicidade,
(Art 373 CPP), correndo depois o deposito da sentença na secretaria.

Formas Especiais do Processo

Ainda que decalcados primordialmente no processo comum, há verdade é que


a sua adoção possui impactos em varios aspectos:

• Dedução do PIC
• Existencia de Instrução

Estes estão nos artigos 381-398 CPP e temos 3 formas especiais:

• Sumário (Art 381/391)


• Abreviado (Art 391-A – 391-G CPp)
• Sumaríssimo (Art 392-398)

Sumário

Utilizamos este tipo de processo quando estiverem preenchidas as condições


do Art 381, n°1 CPP120, ou seja, há um julgamento nesse metodo quando
haja uma:

120 Acórdão TC 174/2014,

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• Detenção em Flagrante Delito (na sequencia), efetuada por autoridade


judiciária ou entidade policial ou, ainda, tendo sido por cidadão comum,
ele terá de entregar o detido dentro de 2 horas a uma autoridade

• Crime Púnivel A Prisão Não Superior A 5 Anos, mesmo em caso de


concurso de infrações (Art 16/3 CPP)

• Tribunal Singular (Art 381/2)

Verificados sejam estes pressupostos, o MP está vinculado, por força do


Princípio da Legalidade, a deduzir acusação nessa forma processual

As suas características particulares são:

• Início do Processo em no Máximo em 48 horas (Art 382): Este prazo


porém é dilatável nos termos do n°2 e n°3121, sendo que pode ir até:

• 5 Dias caso haja dias não úteis a baila

• 10 Dias em caso de complementação do auto de notícia

• 15 dias quando Tribunal não aceitou o Art 280 e 281 CPP

• 20 dias se tiver de produzir prova ou preparar defesa (n°5)

• Atos Reduzidos ao Mínimo Indispensavel para Assegura Celeridade


E Boa Defesa

De toda a forma, apresentado o arguido, há logo um interrogatório mal o


arguido tenha defensor, a não ser quen o MP entenda que o processo deva
ser aquivado ou suspenso (Art 384 CPP), mas se o arguido quiser mais
tempo para se defender, fica sujeito a TIR, sendo notificado pelo MP para,

121 Se for motivo atinenete ao juiz, substitui-se

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dentro de um prazo n maior que 20 dia (o prazo é requerido por ele nesse
mesmo limite), ir ser julgado

Havendo, porém, acusação , que pode ser apresentada pelo MP/Assistente,


poderá ser:

• Auto de Noticia da Detenção

• Despacho do MP (Mesmo que oral) – Art 389 CPP, que atribuira ao


arguido mais 10 dias para preparar a sua defesa se ele o requerer

No julgamento (Art 387), tem lugar, em regra, em 48 horas a n ser nas


situações acima expostas, ou seja, quase não há inquerito, bem como o Art
389 CPP permite substituir acusação por auto de noticia da detenção e as
alegações finais tem 30 minutos, bem como a sentença é imediata. (Art 389-
A//1), contendo elementos como:

• Indicação Sumária dos Factos


• Exposição de Motivos
• Fundamentos
• Documentação

A audiência de julgamento pode, no limite de 60/90 dias a contar da detenção


ser prorrogada para a produção de prova requerida oficiosamente ou a
requerimento, salvo prova testemunhal em que o prazo máximo será de 20
dias (Art 387, n° 5, n°7 e n°9), sendo certo que as testemunhas nunca podem
ser mais de 7, exceto no pedido de indemnização civil, variando de 5 a 10

Com toda essa celeridade, é possível que não seja possível cumprir com os
prazos, e se assim for, remeteremos para outra forma processual (Art 390/1)

Relativamente ao pedido de indemnização civil nesses processos (Art 371 e


372 al h) CPP), ele pode aqui decorrer, mas o Art 388 diz-nos que ele poderá
ser apreciado mesmo aqui

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Abreviado

Começamos pelo Art.391-A, em que há parecenças com processo sumário,


é preciso porem que haja provas simples e evidentes de pratica do crime de
gravidade diminuta (não superior a 5 anos)122 pelo sujeito e de que ele
ocorreu, sendo certo que não é preciso flagrante delito, o que se compagina
com as finalidades de celeridade/dinamização processual

O conceito é concretizavel no 391-A n°3:

• Prova Documental Ou Testemunhal

• Confissão Simples E Sem Reservas123 (Art. 357 Cpp)

• Reenvio Quando N Se Verifiquem Os Pressupostos, Etc (Muito


Importante!)

Porem, note-se que esses indicios não tem a mesma força de um flagrante
delito

Note-se que o Art. 391-B n°2 encurta o prazo para acusação para 90 dias após
o conhecimento ou queixa, sendo certo que se o crime for particular, o MP
so deduz depois – em alternativa ou suspensão provisória do processo ou
arquivamento por causa de dispensa de pena (Art 280 e 281 CPP)

Nao há instrução, indo logo para o saneamento (Art 311 CPP) e, não
havendo nada apontar, siga audiencia, tendo a sua realização preferencia
sobre os comuns (Art 391-C), seguindo as regras do processo comum,ainda
que se diminua o tempo que é concedido aos sujeitos para falarem

É lida imediatamente e oralmente,sendo possível recurso (Art 391-D e -F)

122 Contando já com a situação do Art 16/3 CPP


123 AlgumA cautela, pois nem sempre dispensa produção de prova

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Sumaríssimo

Sendo o mais diferente dos 3, ele surge pois há um espaço de consenso entre
os sujeitos na solução a dar ao casos (enquanto nos outros, segue-se o
comum no geral), ainda que replique as condições do processo abreviado,
ou seja, crime punível com:

• Prisão não maior que 5 anos


• Púnivel com Multa

Aqui, o MP entende que não é necessario, no caso concreto, ser aplicada


pena ou medida de segurança privativa de liberdade e, se porventura, se ele
for particular, o assitente deverá concordar com isso – pode ser solicitado pelo
arguido ou ex officio, mas so com concordancia

Aqui, deverá haver requerimento que descreva:

• Prova
• Normas Violadas
• Arguido
• Fundamentação
• Sanção

Se o arguido concordar com os temos, o juiz homologa por despacho

Pórem, se o requerimento for infudado ou não cumprir as finalidades


preventivas , em suma se houver merda, juiz rejeita o requerimento,
podendo propror sanção diferente desde que tendo de haver anuencia dos
outros sujeitos processuais, sob pena de nulidade

Porém, aplicando nos termos do Art 394 ou 395/2 CPP, ele é condenado neste
não podendo ter recurso ordinário, nomeadamente por existir consenso de
todas as partes, n podendo-se voltar atras

Em regra, a parte civil n intervem aqui (Art 393/2, 394/2 al b), 82-A CPP), mas
tão somente uma reparação ao abrigo do 82-A CPP

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