ESTRUTURA DA TERRA
SISTEMA SOLAR
Nosso planeta faz parte do sistema solar, localizado em uma das
espirais da Via Láctea. O Sol constitui o centro do nosso sistema solar,
com nove planetas ao seu redor. Existem os planetas terrestres, os mais
próximos do Sol (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) e os planetas jovianos,
os mais afastados (Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão).
PLANETA TERRA
O planeta Terra é formado por uma aglomeração de materiais. Há
4,6 bilhões de anos, a Terra sofreu diferenciação: os elementos mais
pesados foram para o núcleo da Terra e os mais leves para o manto e a
crosta. A Terra é formada pela crosta terrestre, o manto e o núcleo.
Foi a fundição do magma que promoveu essa migração de
elementos pesados para o núcleo (Fe, Ni) e elementos leves para o manto
e a crosta.
A aglutinação de materiais formou uma massa homogênea
(Planeta Terra).
DIVISÃO GEOQUÍMICA DA TERRA
1. CROSTA: é a parte mais externa da Terra. É separada do manto
pela Descontinuidade de Mohorovicic e é dividida em continental e
oceânica. Repare que as crostas continental e oceânica são bem distintas
entre si, com composições químicas, espessuras e, logo, densidades
diferentes.
a) Crosta continental
○ composição dominantemente granítica, constituída por
rochas silicáticas (de alumínio, cálcio, sódio, potássio,
etc), que são mais leves;
○ as rochas são tão antigas quanto 4Ga (4 bilhões de
anos), mas só temos como amostras restos, fragmentos
e minerais com essa idade;
○ 30-100 km (média de 35km de espessura);
○ densidade entre 2,7 e 2,8 g/cm3
b) Crosta oceânica
○ sua composição é basáltica, rocha silicática rica em Fe e
Mg;
○ Fe, Mg;
○ 5-10 km (média de 7km de espessura);
○ densidade entre 3,0 e 3,1 g/cm3
○ a crosta oceânica é muito mais jovem, com menos de
200 m.a.
2. MANTO: o manto é dividido em superior e inferior e é separado
do núcleo pela Descontinuidade de Gutemberg. O manto superior é
separado da crosta pela Descontinuidade de Moho e se alonga até a
Zona de Transição (cerca de 400km), cujo fim inicia o manto inferior
(670 a 2900km). Suas rochas são bem mais compactas, conferindo
maior densidade. É formado por silicatos, Fe, Mg e é a principal fonte de
magma, sendo que a fusão do manto forma os fundos oceânicos. Possui
rochas mais densas (densidade entre 3,2 - 5,5 g/cm³).
3. NÚCLEO: o núcleo é formado por Fe e Ni, tanto o externo
quanto o interno. O Núcleo Externo e Núcleo Interno são separados pela
Descontinuidade de Lehnann. A temperatura do núcleo atinge até
5000°C.
→ Núcleo Externo: líquido; 2900 - 5000 km. Única região
líquida no interior da Terra, com densidade entre 9 e 12,2 g/cm3. É no
núcleo externo que é gerado o campo magnético da Terra
→ Núcleo Interno: centro da Terra; sólido; 5000 - 6400 km
densidade 12,6 a 13 g/cm3
ONDAS SÍSMICAS: as ondas sísmicas não são lineares. Elas permitem
conhecer o interior da Terra e são divididas em Primárias e Secundárias.
a) PRIMÁRIAS (P): propagam-se em todos os meios (sólido e
líquido), mudando de velocidade conforme o meio que
passam.
b) SECUNDÁRIAS (S): propagam-se apenas em meio sólido.
Isso permitiu que os geofísicos propusessem a ideia de que o
núcleo externo é liquído, pois as ondas secundárias não se
propagam no núcleo externo. Resumindo, sua propagação
tem velocidade reduzida na Zona de Baixa Velocidade, se
propaga pelo manto e não propaga-se no núcleo externo,
aparecendo novamente somente no núcleo interno.
→ Zona de Baixa Velocidade: mudança de meio; o material é um
pouco mais fundido (dúctil/plástico), levando a uma queda de velocidade
das ondas.
DIVISÃO GEODINÂMICA DA TERRA: divisão baseada no comportamento
geológico do interior da Terra.
A litosfera possui comportamento rígido e é a primeira camada,
formada pelas crostas continental e oceânica e a parte mais rígida do
manto superior.
Abaixo dela, vemos a astenosfera, localizada no manto superior,
abaixo da litosfera e é constituída por material menos rígido, dúctil e
com comportamento plástico na escala do tempo geológico, permitindo
que a litosfera "deslize" sobre ela, o que nos ajuda a entender como os
continentes se movimentam. Depois, encontramos a Mesosfera e os
núcleos externo e interno.
Na imagem abaixo, vemos no lado esquerdo a divisão geodinâmica
e, do lado direito, a divisão geoquímica.
TECTÔNICA DE PLACAS
TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS
Teoria nova na Ciência, criada nos anos 60, capaz de explicar todos
os fenômenos geológicos da Terra. É uma teoria elaborada através da
observação da morfologia das zonas litorâneas dos continentes e da
localização de vulcões e terremotos. Inclui vários processos geológicos
que modelam o relevo da Terra e redistribuem continentes e oceanos.
Juntamente a isso, as rochas e materiais são reciclados.
De acordo com essa teoria, a Litosfera é dividida em placas, como
se fosse um quebra-cabeças. Essas placas movem-se em resposta ao
fluxo de calor proveniente do interior da Terra, vindo do manto. As
placas podem se chocar (convergentes) ou se afastar (divergentes), além
dos limites conservativos (transformantes).
Essa teoria é importantíssima para os geólogos, explicando toda a
influência de processos dinâmicos do passado no presente. Iniciou-se
com a observação da morfologia dos litorais, questionamentos sobre a
localização dos vulcões (por que há vulcões na Islândia e não no Brasil?,
por exemplo), registro fossilífero, Teoria da Deriva Continental e cadeias
montanhosas.
Podemos fazer um breve histórico: em 1910, o pesquisador Alfred
Wegener criou a teoria da Deriva dos Continentes, que defendia que
todos os continentes antes estariam aglutinados em um grande
continente, a Pangea. Depois de um tempo, esses continentes
separaram-se, formando a configuração que observamos hoje.
Algumas evidências para a criação dessa Teoria foram a observação
de feições geomorfológicas (a Am. do Sul e a África se encaixavam!), de
continuidades de cadeias de montanhas (temos cadeias a norte da Am.
do Sul que continuam na África!), de registros fósseis (encontramos os
mesmos fósseis aqui e em outros continentes!) e evidências climáticas (a
partir da observação de rochas, ele inferiu que ocorreu glaciação há cerca
de ~300 m.a. no Brasil, no sul da África, na Índia e na Austrália e,
quando juntamos essas regiões, observamos que elas estavam
agrupadas!).
Entretanto, qual seria a força que separou os continentes?
Infelizmente, na época ele não tinha conhecimento da resposta (as
correntes de convecção) e acabou morrendo em 1930.
Entre 1940-1960, vemos um período de grandes avanços no
conhecimento do fundo marinho através de equipamentos desenvolvidos
durante a Segunda Guerra Mundial. Com esses submarinos, foi possível
perceber a presença de uma cadeia oceânica que se estende de polo a
polo: a Dorsal Meso-Oceânica, onde observamos maior intensidade
de fluxo térmico, vulcanismo e atividade sísmica.
Na Dorsal, observamos materiais fundidos saindo do interior da
Terra, como se fosse um vulcanismo de fundo oceânico. Nessa
rachadura, estava nascendo material, que estava formando fundo
oceânico, constituindo uma evidência para o afastamento dos
continentes!
DORSAL MESO-OCEÂNICA: divisão da crosta oceânica em duas partes, por um
sistema de rifts (rachaduras subverticais), o que poderia ser evidência da
ruptura da aglutinação passada, promovida por Wegener. A partir da
Dorsal (linha vermelha), as idades das rochas vão ficando cada vez mais
velhas. Cuidado para não confundir: se o oceano se expande na Dorsal,
em outros lugares ele diminui, como observaremos a seguir.
Na figura abaixo, vemos como funciona a formação de fundos oceânicos.
A explicação de Hess para todos esses processos faz um resumo do
que falamos até aqui: enquanto alguns oceanos se expandem, outros
diminuem, empurrando a placa oceânica por debaixo das margens
continentais, num processo de subducção (com fusão da crosta e
reincorporação do manto!). Esses processos estariam relacionados às
correntes de convecção no interior da Terra (astenosfera). Isso explica a
situação atual da distribuição de terremotos, vulcões, cordilheiras e a
divisão mundial em 12 grandes placas.
PLACAS TECTÔNICAS: constituídas por crosta (oceânica e/ou
continental) + a litosfera (parte rígida do manto superior). Assim, podem
ser chamadas de placas litosféricas. Sua constituição pode ser somente
oceânicas, contendo pequenos fragmentos continentais, ou mistas, as
mais comuns (oceânica + continental). Um exemplo é a Placa
Sul-Americana, que é uma placa mista. Já a Placa de Nascar é somente
oceânica.
LIMITES DE PLACAS
1. LIMITES DIVERGENTES
Os limites divergentes são aqueles que geram a crosta oceânica,
com expansão dos oceanos. As placas afastam-se, criando nova litosfera.
Alguns exemplos são as Cadeias Meso-Atlântica e Meso-Pacífica. As
regiões de limites divergentes apresentam vulcanismo ativo e terremotos
rasos.
Rifteamento: rompimento de massa continental que pode progredir
até a formação de um oceano. Abaixo da massa continental, há uma
corrente de convecção, que vai fragilizando parte da litosfera, forçando,
arqueando e posteriormente quebrando a litosfera. Ao quebrar, o
material do interior da Terra infiltra-se e sua própria pressão força o
afastamento das duas porções da litosfera, formando "ombreiras de
rifts". À medida que vão se afastando, ocorre a formação de um oceano.
Após um tempo, esse oceano entra em subducção, entrando abaixo de
uma massa continental, constituindo a morte de um oceano. Abaixo,
temos uma figura com exemplos desse processo.
2. LIMITES CONVERGENTES
Ocorre colisão de placas e subducção da mais densa sob a menos
densa. Promove o consumo e reciclagem de material crustal (há
reciclagem de uma das placas). Os choques entre placas podem ser de
vários tipos:
→ Oceânica x Oceânica: a placa mais antiga, mais fria, mais
espessa e mais densa mergulha sob outra menos densa. É o que
ocorre nas ilhas japonesas, constituindo intensa atividade
vulcânica e promovendo a formação de arquipélagos.
→ Oceânica x Continental: é o que ocorre nos Andes. A placa
Oceânica (mais densa) entra em subducção, mergulhando sob a placa
continental, gerando material para a formação de magmatismo. Ocorre a
criação de um arco magmático (montanha) na borda da placa
Continental (Andes). Forma cadeias montanhosas com plutonismo,
vulcanismo e terremotos.
○ plutonismo: cristalização do magma dentro da crosta
continental, espessando ainda mais a cordilheira
○ terremotos mais profundos indicam "mergulhos" mais
profundos de placas
○ subducção: uma placa desce abaixo da outra
→ Continental x Continental: é o que ocorre no Himalaya.
Não há subducção, pois ambas possuem propriedades semelhantes. As
placas são aglutinadas e soerguidas, ocorrendo obducção. Esse tipo de
choque forma as mais altas cadeias montanhosas. Não há vulcanismo na
região, mas há plutonismo e terremotos.
3. LIMITES CONSERVATIVOS OU TRANSFORMANTES
É o caso da Falha de San Andreas. Ocorre ao longo das cadeias
Meso-Oceânicas, onde existem falhas ou descontinuidades transversais
às cadeias. Assim, ocorre movimentação lateral entre as placas.
Não há criação, nem destruição de placas. Nessas regiões, não há
plutonismo, nem vulcanismo. Esse tipo de limite gera muuuuuito atrito,
acumulando energia que será liberada na forma de terremotos. Imagine
que, quanto mais tempo acumulando energia, mais forte será o
terremoto! Já era pros EUA...
4. RESUMINDO OS LIMITES
QUAIS AS FORÇAS QUE MOVEM AS PLACAS?
Existem as correntes de convecção: fluxo térmico do interior do planeta
(calor residual e decaimento radiativo) chega à superfície através das
Correntes de Convecção. Entretanto, é fundamental ressaltar o papel do
Arraste Gravitacional: força da gravidade, empurrando as placas para
baixo.
QUAL A VELOCIDADE DAS PLACAS?
As placas movem-se cerca de 2 a 3 cm por ano e as placas oceânicas
geralmente são mais rápidas.
CICLO DE WILSON
O Ciclo de Wilson mostra todo esse funcionamento de formação e
destruição de oceanos. Resumindo, nos locais de limites divergentes
ocorre a quebra de uma massa continental, através do desenvolvimento
de rifts. Assim, forma-se um assoalho oceânico, seguida pela contínua
atividade divergente (de afastamento) e abertura de um pequeno oceano,
como o Mar Vermelho. Entretanto, essa expansão ocorre por no máximo
200 M.a., pois o ciclo começa a se inverter, iniciando uma subducção da
placa oceânica, que pode evoluir até a colisão dos continentes.
Assim, os continentes se movem e tendem novamente a se
aglutinar (eles se afastam e se juntam em um ciclo!) em um novo
super-continente, o que chamamos de Dança dos Continentes :D
PONTOS QUENTES (HOT SPOTS)
Um ponto quente é uma massa de material quente, proveniente do
manto-núcleo, que gera um jato de material quente estático, saindo pela
Litosfera pelos vulcões, formando ilhas. São pontos fixos que, com a
movimentação de placas, formam ilhas vulcânicas!