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História e Dinâmicas Do Media Trabalho

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História e Dinâmicas do Media

No primeiro aniversário da televisão privada em Portugal


Portugal é o país que mais se vê televisão, em média, cada português passa
três horas e quarenta e quatro minutos em frente do televisor. O tempo que é
despendido influência o ponto de vista perante questões do quotidiano, principalmente
de natureza política. A privatização dos canais coloca em causa diversas questões,
entre as quais «o futuro do serviço público de televisão quando este é confrontado
com uma televisão comercial?».

1. Televisão e poder- legitimidade e eficácia dos organismos reguladores


1.1. A alta autoridade para a comunicação social
O período revolucionário de 1974 a 1975 foi marcado, na RTP, por ataques do foro
político. É notável a falta de rigor e concordância entre os diversos partidos políticos
face à privatização dos canais que refletiu no número de presidentes que a RTP
possuiu. A Assembleia da República legislou o direito à informação e à liberdade de
imprensa e a independência de cada órgão de comunicação social do setor público.
São criados mecanismos de controle do poder político sobre as televisões públicas e
privadas, sendo um objetivo comum das forças políticas. O reforço dos canais
privados surge, como tentativa de intervenção devido à impossibilidade de exercer
poder.

1.2 Os congéneres europeus


Há uma constante revolta que se faz sentir em canais públicos e privados. Até
à data do documento já se registaram mais de uma dúzia de intervenções legais que
modificaram o panorama do audiovisual francês. Hervé Bourges que está à frente do
France Télévision afirma “em vez de se mudar a vida, muda-se a televisão”.
Relativamente, ao setor privado, o motivo político das decisões tomadas quanto à
escolha dos operadores é diferente. Com a vitória de direita nas eleições são
particulares que dão origem à M6 e La Cinq. Com o governo de Jaques Chirac é
privatizada a TF1, apesar dos protestos da esquerda.

2. Melhor informação e melhores programas?


2.1 Quotas de produção e promessas de redução dos “enlatados”
De acordo com o artigo 19º da lei sobre o “regime da atividade de televisão” exige-se
que os canais privados, em Portugal, tenham 30% da programação realizada no
próprio país. Destes 30%, minimamente um terço, terá de ser produção do operador
privado, sendo o resto “responsabilidade” dos produtores independentes. Neste
aspeto, tanto a SIC como a TVI correspondem ao pedido, tendo algo mudado
posteriormente.
Segundo o Bureau d'Information et de Prévisions Économiques, citado no estudo
realizado aquilo que os criadores de canais privados tinham denunciado há dez anos
atrás está-se a concretizar, em vez de beneficiarem os produtores europeus, as
vendas dos produtores americanos ultrapassaram drasticamente as televisões
europeias.
No que toca ao caso português, já muda de figura. A produção própria é mais barata
em Portugal, já que, sugere argumentos que levam a inferiores honorários de artistas,
realizadores e produtores.
Sucintamente, os canais privados responderiam perante o público, com um sucesso
dependente das iniciativas.

2.2. Da teoria à prática: uma longa distância a percorrer


Há imensas incertezas no que toca ao cumprimento da lei em matéria de
quotas de produção e que se prendem aos conteúdos dos programas, em concreto, ao
teor da informação. Por exemplo, os objetivos principais da SIC e da TVI, são a
informação e divulgação de valores humanos cristão, respetivamente.
O paradigma proposto pela TVI não é de fácil definição, apenas dedica do seu
tempo, 5% a programas religiosos. Citando Dominique Wolton, «aquele que não é um
público popular, nem um público de elite, nem um público médio, mas uma espécie de
mistura dos três impropriamente chamada público de massa». Escolheu destinar os
seus conteúdos a públicos jovens, com emissões em prime time e a públicos pouco
dados ao sensacionalismo, violência e polémica.
A SIC tem um projeto diferente, procura conquistar reconhecimento em áreas
indiscriminados, o que concorre com a RTP1. Ambos, seguem o modelo da maior
parte dos canais comerciais europeus. Esta concorrência já gerou manifestações
recíprocas, levando a consequências. Os principais acontecimentos políticos foram
alvo de uma cobertura televisiva inédita. Voltou-se à realidade e até pequenos focos
se tornaram relevantes, houve um grande investimento no desporto. É importante
referir também a concorrência entre telenovelas. O já experimentado lá fora é um foco
relevante.
Antigamente, o objetivo dos jornais era ter informação exclusiva, mas o
audiovisual prejudicou essa crença. As visualizações já não compensam a qualidade
de informação, mas o que é provocado no espectador. Quanto mais chocante, mais
conquista o público e é a preocupação de chamar a atenção que leva a “numerosos
atropelos”, como se refere no documento.

2.3. Do canal 1 à TV4: Breve análise das grelhas de programa em prime time
Analisando as grelhas de programas de quatro estações de televisão em
horário nobre, durante o mês de maio, conseguimos classificar os programas em 5
categorias: Informação, debates e entrevistas; documentários; filmes, séries e
telenovelas; concursos, variedades e humor; cultura; e outros.
Mesmo havendo esta categorização, muitos dos programas analisados
conseguiam pertencer a mais que uma categoria, o que dificultou este procedimento.
Observando, então, a grelha de programas, podemos chegar a diversas
conclusões:
 A novela domina, exceto no canal TV4. Este canal tinha como publico
preferencial a “terceira idade”, o que os faz passar para o período da tarde e do
final da tarde as emissões mais importantes;
 Os concursos também dominam, em especial nos canais privados. Em
Portugal, a SIC e o Canal 1 concorrem entre si neste campo;
 Investimento, principalmente por parte da SIC e do Canal 1, em programas de
tipo novela/concurso, novela/variedades e novela/humor, que preenchiam
quase todo o horário nobre;
 Investimento, principalmente por parte da TV 2, no binómio
novela/documentário, novela/cultura e novela/informação. Este investia nesta
dualidade com o objetivo de atraírem um público mais exigente;
 Maior interesse na área do desporto. Observa-se isso na TV 2;
 Importância dada ao cinema pela SIC, que intercala no horário nobre o cinema,
debates e entrevistas, ao contrário de outros canais, que inserem estes
programas depois do “prime time”.
 A importância de programas mais jovens na TV 4. Estes divergem entre séries,
variedades, cinema, debates, desporto, entrevistas e humor.

2.4. O fascínio da «Neotelevisão»


Em Portugal, com o intuito de ganhar audiências, os canais de televisão
começaram a apresentar tendências que sociólogos italianos chamam de
“neotelevisão”. Nesta, diminui-se lentamente a liberdade criativa, dando aos
espetadores, segundo Jacques Chancel, não “aquilo de que ele gosta, mas aquilo de
que poderia gostar”.
A Antena assume-se como um meio, onde todos se relacionam e participam. A
televisão começa a alterar os costumes das famílias e a alterar o espaço envolvente e
deixa de haver a separação que anteriormente havia entre telespetador e locutor, que
podemos observar em diversos fatores:
 Locutor/apresentador olha para a audiência;
 Público presente nas emissões como participante passivo. O público era
também chamado a estar presente quando se discutiam assuntos em que se
justificava a sua presença;
 Público presente nas emissões como participante ativo, onde estes interagem;
 Público presente nas emissões como ator principal, questionando os
convidados;
 Público presente como amostragem da audiência global;
 Presença mediatizada do público, que escolhem por telefone os programas
que serão transmitidos e o desenlace das tramas protagonizadas.
Carlo Freccero, refere que atualmente se vive num universo em que se substitui a
realidade pela encenação, ou seja, graças à televisão podemos viver histórias de amor
e de ação. Até programas com histórias reais são contados através de atores, e
comentados pelos protagonistas reais da história.
Começa a desaparecer a distância entre a realidade e a ficção e entre a esfera
pública e privada. A televisão transforma-se realmente num ator social, interferindo
nos conflitos e nos problemas sociais, tentando arranjar soluções para os problemas.
Existem também programas de justiça que carecem de veracidade de ato judicial.
No fundo, para além do programa de televisão, outro fator que acaba por
influenciar a atenção e o entretenimento do público é o próprio apresentador, quando
este interage e reage ao que vai acontecendo.
Eliseo Veron afirma que os media se tornaram mesmo representações da vida real
e que espelham, através da TV, por exemplo, a realidade, de forma talvez mais
dramática e exagerada.
Já na década de 80 se sentia o impacto da imprensa e do jornal, no qual o
abordado era mais “real” do que a própria realidade.
Salienta Ignacio Ramonet (investigador em sociologia da comunicação) “de que se
pode estar melhor informado aqui mesmo, na sala de redação, do que destacado no
lugar onde decorre a ação.”. A TV veio impor uma nova hierarquia dos media, é aqui
que começa a ilusão do real, o tal “só existe o que passa na televisão” e “o que existe
só existe como passa na televisão”.
Segundo o sociólogo americano Richard Sennett, o desejo de assistir a um
espetáculo ou a um concerto diminui quando nele não entre alguém famoso, deixando
de lado os artistas menos reconhecidos, elevando a um estatuto de privilegiado quem
no ecrã aparecia.

3. Múltipla procura para publicidade escassa?


3.1. Do otimismo desmesurado ao pessimismo inconsequente
Entre os anos de 1993 a 1996 a TVI e a SIC perspetivaram a evolução das
receitas de publicidade em televisão que iriam permitir a realização de lucros a médio
prazo para os dois canais. Para além deste aumento global de receitas que os canais
esperavam, acreditavam que dentro de cinco anos iriam beneficiar de quotas de
mercado extremamente relevantes.
No entanto, nenhuma destas previsões eram realistas, porque nunca
aumentariam como esperado. Assim, como afirmou o ISCTE, “O bolo da publicidade
em Portugal manter-se-á, grosso modo, nas dimensões atuais; o número de fatias é
que aumentará.”.
O elevado índice de crescimento observados na altura explica-se pelo efeito da
inflação e do regime de monopólio que funcionava a RTC (rádiotelevisão
Caborverdiana). Apenas o aumento das tarifas permitiu os altos valores dos
investimentos publicitários nestas datas.
A abertura destes dois canais privados provocou uma grande concorrência
para os quatro canais, ficando o futuro da televisão portuguesa tremido. No entanto,
verificou-se o contrário, o investimento em publicidade dos quatro canais. Parte de
todo o sucesso de canais como a TVI e a SIC vieram da imprensa escrita, porque em
1992 a televisão e a imprensa dividiam-se em relação às verbas da publicidade.
Nos outros países, também os anos seguintes à criação de canais privados
foram de grande euforia, aumentando as receitas de publicidade entre os anos de
1986 a 88.
Contudo, toda esta abundância acabou por cair, devido à mudança da
conjuntura económica internacional, que se sentiu principalmente com o fecho da La
Cinq (canal de televisão francesa), no dia 12 de abril de 1992.

3.2. Cenários possíveis para a múltipla procura e publicidade escassa


 A crise internacional é resolvida. O crescimento da economia portuguesa,
aliada ao fenómeno dos canais privados, gera um alargamento do mercado da
publicidade;
 O Estado tem a obrigação de apoiar os canais públicos, pois estes, ao
contrário dos privados, estão endividados;
 Ambos os tipos de canais se encontram em défice financeiro, e o Estado, além
de apoiar os públicos, sente-se na responsabilidade de também ajudar os
privados;
 Alguns privados não resistem ao que é imposto no mercado, o que leva ao
aumento de falências, principalmente de empresas independentes, que
provoca o desemprego;
 O governo decide privatizar um dos canais públicos.
No geral, nos outros países também ocorreram défices semelhantes.
O ambiente no setor privado continuava a deixar certas apreensões, como o
colapso de La Cinq, experiências infelizes do grupo Maxweel em Espanha,
dificuldades que o grupo Fininvest atravessava, Estagnação da ITV (rede de televisão
do Reino Unido). A dimensão da crise fora da Europa aumenta com dois gigantes da
televisão
privada americana (NBS e CBS).
Em 1991, os investimentos publicitários desceram e as razões para tal são
profundas, focam-se na crise que afetou todos os domínios da economia mundial e na
desordem que reinava em alguns setores do audiovisual.
No que toca às estações hertzianas e generalistas, tanto na TV por cabo como
nos vídeos, os resultados são diferentes, no entanto, há maior sucesso nas cadeias
temáticas e nas por assinatura. O aumento das receitas publicitárias e a venda de
imagens a outros operados possibilitou benefícios.
Em Portugal, dois canais privados, hertzianos e generalistas, nascem no auge do
desequilíbrio internacional. Alguns fatores condicionaram a evolução do processo
televisão pública versus privada são:
 Indefinição da repartição do capital da TVI;
 Reduzida dimensão para os objetivos que a SIC queria concretizar;
 Para tentar responder a isto o governo cria em junho de 1992 a RTP
Internacional e reforça a posição dos canais que controlava.

4. Conclusões: limites e equívocos da concorrência


A televisão provoca “entusiasmo” nos grupos de interesse políticos ou
financeiros constituintes ou relacionados com o Estado.
A concorrência televisão pública/privada não é sinónimo de informação livre
como alguns teóricos do sistema pretendem dizer.
A concorrência apenas representa o alargamento do espaço discursivo a
outros enunciadores.
Independentemente dos benefícios que traz, a concorrência aumenta, por
exemplo, a pluralidade de informação, encorajando a inovação. A concorrência veio
acelerar o concentracionismo da internacionalização que a imprensa escrita já tinha
sido objeto. José Manuel Paquete de Oliveira diz que esses fatores implicam a
associação de «projetos dos mais diversos setores da comunicação social, diferentes
na orientação editorial no ramo de comercialização, na natureza dos interesses
políticos e sociais», de tal forma, que «já se torna difícil perceber quem é quem».
Implicaram ainda com «a inflação galopante nos salários de alguns jornalistas
(…), sem correspondência no todo dos diferentes quadros e categorias profissionais».
Ou seja, ultrapassavam as hierarquizações administrativas, originando roturas.
O autor diz ainda que a televisão hertziana se trata de um bem escasso e,
portanto, não pode estar sujeita ao livre-arbítrio dos espectadores. Não é como o
jornal que já é algo de produção ilimitada. A televisão invade o espaço privado
gerando hábitos muitas vezes sem a precessão dos sujeitos. No entanto, organismos
reguladores não tendem a mostrar confiança àqueles para que foram criados, ou
prevalecem a ineficácia ou dissimulam estratégias.

3. No encerramento de La Cinq, investigadores e dirigentes políticos franceses


afirmaram que havia «uma quinta televisão a mais». No mercado português, segundo
José Manuel Paquete de Oliveira, a imprensa, a rádio e a televisão «não oferece
espaço para os múltiplos projetos em implementação». Algum tipo de transformações
poderão vir a abalar os media.

4. A relação entre «serviço público» e «televisão pública» não é automática, há casos


em que televisões privadas, fundamentam a sua programação na complementaridade
e diferença e insistem na transmissão de programas educativos e culturais. Sucede-se
que o «serviço público» pode ser concedido por canais públicos, mesmo que geridos
por privados. Muitas vezes, entende-se que o «serviço público» deve ser garantido
por uma televisão pública em relação com o poder político, regional ou central.

5. Portanto, havendo relação entre «serviço público» e canal público terá de


estabelecer-se o financiamento deste. Nesta parte o autor faz determinadas perguntas
retóricas como, por exemplo, está cheio de publicidade como nos canais franceses?
Unicamente publicidade como na RTVE?

6. Verifica-se que em Portugal ainda há muito por resolver. Pouco divide a televisão
pública entre Canal 1 e a televisão privada como a SIC. Existe a mesma busca de
sensacionalismo fácil, a mesma tentação de resvalar para programas de gosto
duvidosos. No que toca ao financiamento, ocorre uma situação questionável, a RTP
retira apoios à publicidade, como faziam as empresas privadas. O autor questiona se a
“ausência do acordo celebrado recentemente com o governo, no âmbito do qual se
transferem anualmente para a RTP vários milhões de contos, esta estaria isenta de
«servir» o público?”.

7. A televisão dos anos 60 e 70 tinha como base os criadores e os realizadores.


Atualmente, tem os gestores, programadores, diretores financeiros e publicitários,
confessa Claude Torracinta. Assim, a RTP passa de uma televisão pública para uma
televisão comercial de Estado.

IDEIA PRINCIPAL
A evolução da Televisão em Portugal e no resto da Europa, demonstra a tentativa de
controlo por parte do Governo sob os canais, tornando estes privados para possuir um
maior controlo de informação. É de denotar a instabilidade dos canais devido às
mudanças políticas. A televisão também alterou comportamentos na sociedade,
criando novos hábitos e preocupações. Os canais baseavam os seus programas
conforme o público que pretendiam adquirir e a publicidade marcou forte presença
neste media.
A reflexão que suscitou foi, principalmente, o controlo do Governo na televisão que
censurava o que não era pertinente aos olhos de estes. O facto de isto acontecer nos
restantes países da Europa provoca uma preocupação devido à falta de informação e
de veracidade que a população estava sujeita, o que altera a estrutura da mente de
cada pessoa, acabando por vezes por ficar na ignorância.

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