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UNOPAR UNIVERSIDADE DO PARANÁ

PEDAGOGIA

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ENSINO DE MATEMÁTICA


MARIMÁ MARQUES LOBO

MIRAÍ - MINAS GERAIS

1. INTRODUÇÃO

A Educação Especial tem sido nos últimos anos, pesquisada e discutida por professores e pesquisadores
da área. Essa modalidade de atendimento assegurado pelas legislações em vigor tem como objetivo
principal assegurar às pessoas classificadas como portadoras de necessidades especiais o atendimento
educacional a que têm direito.
A presença de alunos em situação de deficiência nas classes comuns do ensino regular cada vez mais tem
se tornado uma realidade, embora trabalhar com as diferenças em sala de aula sempre tenha representado
um desafio ao professor. Qualquer aluno que se desvie um pouco do tipo de aluno idealizado pela escola e
que coloque em jogo a falsa homogeneidade da sala de aula geralmente é tido como um problema. Com a
inclusão escolar, essa dificuldade é trazida à tona e, embora muitas vezes tenha-se a impressão de que
ocorre apenas quando existem alunos com deficiência em sala de aula, ela está muito mais presente do que
possa parecer. A superação dessa dificuldade trará benefícios a todos os envolvidos no processo
educacional.

Sedimentando na crença que a escola é um espaço de intervenção pedagógica que contempla a diversidade
e a individualidade de seus alunos, foi aprovada pela conferência mundial sobre necessidades educacionais
especiais tornando-se um marco histórico a Declaração de Salamanca (UNESCO 1994), que apresenta
como princípio a integração e o reconhecimento das necessidades desses portadores, entre outros
aspectos, aponta:

Porém, como foi citada, a escola deve incluir todos, reconhecer as diferenças e promover a aprendizagem
que atenda as necessidades de cada um, pois a Educação Especial tem como proposta primordial, garantir
aos portadores de necessidades especiais o direito assegurado na Constituição Federal. Segundo Mazzotta
(1992):

Na realidade, a Educação Especial não deve ser vista fora da educação regular, pois analisando a questão
de forma contextual, vê-se a educação como sendo uma não preocupação por parte dos órgãos
governamentais.

Ressalta-se que as problemáticas existentes na Educação Especial advêm de problemas de ordem


econômico-social, que de certa forma implicam consideravelmente no rendimento, ou seja, no ensino e
aprendizagem de crianças portadoras de necessidades educacionais especiais.

O presente estudo pretende mostrar de maneira específica, a questão da Educação Especial, toda a sua
estrutura no contexto educacional, e promover um espaço de discussão e reflexão sobre a educação
especial e a educação matemática, pois ainda são poucas as pesquisas nessa área que discutem a Educação
Matemática e sendo o ser humano uma totalidade indissolúvel a Matemática deve ser discutida, repensada
e ensinada considerando ser ela um dos instrumentos necessários à integração social, e conseqüentemente
à cidadania. Além disso, pretendo mostrar alguns exemplos de como trabalhar a matemática na educação
especial.

Na educação das crianças com necessidades especiais, a Matemática é dada, na maioria das vezes, de
forma mecânica, desvinculada do cotidiano dos alunos e de suas potencialidades e em muitos casos
resume-se em “fazer continhas” ou “copiar numerais”. Essa prática, por ser desinteressante, não
oportuniza ao aluno vivenciá-la no seu dia-a-dia.
Segundo Vygotsky apud Monteiro (1989), as atividades devem ser interessantes e que possuam sentido
para o desenvolvimento e vida do aluno. Assim, a educação da criança com necessidades especiais, precisa
estar voltada para o desenvolvimento das funções que lhe ajude a superar suas dificuldades, formando
uma concepção de mundo e, a partir dela, a aquisição de conhecimento fundamentais para o
entendimento das suas relações com vida.

Com o objetivo de analisar e melhor compreender essa situação optei por ouvir um grupo de professoras
da Educação Básica, do município de Mucambo,

especificamente tratando a matemática, visando com isso colher opiniões de quem realmente está
vivenciando essa realidade. Para isso, inicialmente procurei definir o que se entende por inclusão e em que
preceitos legais ela se apóia. A seguir ouvi as próprias professoras, buscando verificar como está sendo
repassado a matemática na sala inclusiva e quanto elas não estão preparadas ou orientadas para trabalhar
com essas crianças, ditas especiais e que conclusões será possível tirar do quadro analisado.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. Inclusão Educacional

Nos últimos anos o termo inclusão vem sendo usado com muita freqüência, não só quando falamos de
inclusão de portadores de necessidades especiais na rede regular de ensino, mas também quando se discute
a inclusão digital, inclusão social, inclusão nas empresas e mercado de trabalho em geral. Porém o que é
inclusão? Segundo o Dicionário Houaiss inclusão é:

“substantivo feminino

ato ou efeito de incluir(-se)

1. estado daquilo ou de quem está incluso, inserido, metido, compreendido dentro de algo, ou envolvido,
implicado em; introdução de uma coisa em outra, de alguém em um grupo etc.

1. Rubrica: lógica.

Relação entre duas classes tal que os elementos constitutivos de uma se encontram entre aqueles de
outra”. (http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm)

No entanto, quando discutimos inclusão educacional temos que partir do princípio que cada indivíduo
tem suas potencialidades e necessidades, que todas devem ser respeitadas para que, assim, todos os alunos
consigam caminhar progressivamente num processo de ensino aprendizagem. E aí é que está o grande
desafio, pois como fazer para que todos consigam caminhar juntos apesar de tantas diferenças?
O modelo inclusivo na Educação Infantil é fundamental, pois é quando a criança ingressa na cultura
escolar que terá as suas primeiras noções de coletividade, civilidade, de sociedade e de mundo em geral. Se
dentro da escola essa criança passar a ter contato com outras que tenham algum tipo de necessidades
especial, ambas podem aprender a compartilhar o mesmo espaço e cooperar umas com as outras, para
superar seus limites.

Quando falamos em incluir alunos em situação de deficiência nas classes comuns do ensino regular, muitas
são as resistências. Uma questão apontada com freqüência como sendo um entrave à inclusão diz respeito
à formação do professor que irá atuar em sala de aula. Pode parecer, a primeira vista, uma questão
simples, que pode ser resolvida com cursos de capacitação ou com o trabalho em conjunto

com especialistas, mas não é apenas isso. Trata-se de repensar a formação dos professores desde as bases
que a sustentam. Isso se faz necessário porque atualmente o professor está tendo cada vez mais dificuldade
em trabalhar em salas de aula, tendo ou não alunos com deficiência.

Embora algumas pessoas associem o termo inclusão escolar à idéia de incluir crianças e jovens com
deficiência nas classes comuns de ensino regular, a inclusão não atinge apenas os alunos com deficiência,
mas todos os demais, pois as escolas inclusivas propõem que o sistema educacional se organize de tal
forma a atender às necessidades de todos os alunos e se estruture a partir dessas necessidades. Busca-se
rever a idéia de que as diferenças são um problema que precisa ser superado, assumindo que elas são
inerentes a qualquer pessoa e são fatores de enriquecimento do processo de ensino e de aprendizagem.

O problema é que muitas escolas “imaginam” que incluir alunos portadores de necessidades especiais é
somente atender alunos com deficiências físicas ou com pequeno déficit cognitivo ou de comunicação.
Porém se “esquecem” de que o modelo de inclusão foi pensado para atender a todos, inclusive os alunos
mais comprometidos tanto no cognitivo, na comunicação e também os portadores de graves distúrbios de
conduta.

Nesse ponto entram as adaptações curriculares que não vão tratar de como essa criança vai chegar na
escola, e sim de como ela vai permanecer e de como vai se desenvolver os trabalhos pedagógicos, visando
atingir um processo pleno de ensino aprendizagem. Só com um currículo adaptado e flexível é que a escola
poderá atender às necessidades específicas de aprendizagem de cada aluno para com isso contemplar em
seu universo um número cada vez maior de alunos.

A escola inclusiva demanda uma nova forma de concepção curricular, que tem que dar conta da
diversidade do seu alunado. Segundo, Oliveira e Glat,

As adaptações curriculares podem ser referentes às atividades e as individuais. As adaptações nas


atividades são no sentido de se pensar uma aula onde todos possam participar e colaborar, com exercícios
que propiciem a maior integração entre os alunos, onde não exista uma competição entre eles e sim do
aluno com ele mesmo, procurando romper seus limites e tendo em seus colegas uma fonte de apoio para
isso. Já nas adaptações individuais são as que têm como foco a atuação do professor em relação a cada
aluno, no que diz respeito à avaliação e ao método que o professor vai utilizar para trabalhar com o aluno.

Este último ponto é também um dos problemas mais difíceis de serem resolvidos, pois os professores em
geral não são formados para trabalharem com a diversidade e com alunos com grandes problemas de
aprendizagem.

Todas as adaptações, tanto curricular quanto física e mudanças nas atitudes devem ser feitas de forma
integral, levando em conta a individualidade dos seus educandos, pensando sempre num objetivo geral,
porém sem esquecer que nós não somos todos iguais e que por isso mesmo temos tempos diferentes de
aprendizagem e necessidades educativas diferentes.

2.2 Abordagem Histórica e Política da Educação Especial no

Brasil

Segundo o Ministério da Educação e do Desporto (1994), são classificadas como portadoras de


necessidades especiais pessoas que apresentam acentuadas diferenças na aprendizagem e em função disso
precisam de atenção diferenciada.

Somente no século XX, os portadores de deficiências passaram a ser vistos como cidadãos com direitos e
deveres de participação na sociedade, mas sob uma ótica assistencial. A primeira diretriz política dessa
nova visão aparece em 1948 com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em 1954 foi fundada a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, APAE, com ensino e serviços de
saúde gratuitos. O governo incentivava o trabalho voluntário, prática desenvolvida pelos movimentos de
educação popular, fundando as

Campanhas de educação do cego, do surdo, do deficiente mental, em fins de 1959, começo de 1960.

A Educação Especial no Brasil vai estar presente na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB
nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961, com dois artigos (88 e 89) determinando que este aluno deveria
enquadrar-se no sistema geral da educação, no que fosse possível, explicitando apoio à iniciativa privada,
considerada eficiente, por meio de bolsas de estudos.

Em 1971, surge uma nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional – Lei nº 5.692/71 de 11 de
agosto. O artigo 9º desta lei, em relação à anterior, configura um retrocesso, pela omissão de alunos com
necessidades educativas especiais, ou o motivo por que cegos e surdos foram incluídos na categoria de
deficientes físicos, bem como ao considerar quanto à idade regular de matrícula. Em 1973 foi criado o
primeiro órgão federal de política específica para este anulado: o Centro Nacional de Educação Especial
(CENESP), evidenciando assim a construção que se fizera paralela ao ensino regular.
Podemos perceber que a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais passa a tomar espaço, e
já se faz presente na atual discussão das questões sociais e, sobretudo no âmbito escolar.

A atual política educacional brasileira inclui, em suas metas, a integração de crianças e jovens portadores
de deficiência na escola regular, com apoio de atendimento educacional especializado, quando necessário.

Segundo Mazzota (1992), o Conselho Federal de Educação entende, que a educação especial é uma linha
de escolarização enquanto que o MEC a interpreta como “linha de atendimento assistencial e terapêutico”
ao invés de educacional escolar.

Todas as decisões e ações atribuídas à educação especial pelo Ministério da Educação (MEC), possui um
sentido clínico terapêutico caracterizando-se o atendimento educacional aos portadores de deficiência,
apenas como preventiva e corretiva. No entanto, após 1990 surgem indicadores em busca de preparação à
educação especial como modalidade de ensino. Assim explica Mazzota (1992): “A Educação Especial não
deve ser entendida como simples instancia preparadora para o ensino comum; embora se deseja que o
maior número de alunos possa dele beneficiar-se” (p.60).

De acordo com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996) todas
as pessoas portadoras de necessidades especiais têm direito à matrícula, sem discriminação de turnos, nas
escolas regulares, com o objetivo de integrar equipes de todos os níveis e graus de ensino com as equipes
de educação especial, em todas as residências administrativas pedagógicas do sistema educativo e
desenvolver ações integradoras nas áreas de ação social, educação, saúde e trabalho. Esses direitos
expressos em leis, são frutos de processos democráticos que indicam o reconhecimento da cidadania destas
pessoas.

Essa mesma lei define dessa forma essa modalidade de ensino: “Entende-se por educação especial, para os
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
para educando portadores de necessidades especiais”. (art.58)

Essa preocupação com o atendimento dos portadores de necessidades já vinha sendo explicitada no texto
da Constituição de 1988, inciso III. “Atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”;

Nesse documento podemos perceber uma preocupação social com o atendimento a essas pessoas. A
diretriz atual é a plena integração dessas pessoas em todas as áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de
duas questões – o direito à educação, comum a todas as pessoas, e o direito de receber essa educação
sempre que possível junto com as demais pessoas nas escolas “regulares”.

Mas voltando os olhares para a LDB, podemos notar uma referência explícita ao respeito às diferenças e
ao direito à igualdade. Porém infelizmente não é essa a realidade, em alguns casos. A educação especial se
tratada como uma modalidade separada de educação, entendendo que esta modalidade de educação se
difere da dito normal, por tratar de alunos com necessidades especiais.
É importante destacar que a nova LDB tem como características básicas, a sua flexibilidade, abertura e
inovações importantes para a educação. Assim, reservou um capítulo com três artigos para a Educação
Especial, revelando assim o reconhecimento social dos trabalhos realizados na área, sendo fruto das lutas
pelos avanços e conquistas de direitos para as pessoas com necessidades especiais, historicamente
discriminadas na sociedade.

Analisando os artigos, com seus parágrafos e incisos que integram o Capítulo V da referida lei, percebe-se
logo, ao iniciar o texto, seus avanços para com a Educação Especial, ou seja: ao tratar dos sujeitos refere-
se aos “educandos portadores de necessidades especiais”, enquanto que a LDB nº 4.024/61 utiliza o
termo “excepcional” e a LDB 5.692/71 iguala deficientes físicos a deficientes mentais, não tendo clara a
definição dos seus próprios sujeitos.

Pela nova LDB, os sistemas de ensino deverão assegurar aos alunos com necessidades especiais
“currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para atender às suas
necessidades, terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental em virtude de suas deficiências. Em seu artigo 58, encontra-se a palavra
“preferencialmente”, que demonstra a intenção dessa lei em considerar que a educação dos alunos, com
necessidades educacionais especiais ocorra dentro do ensino regular, induzindo-nos a pensar que a
educação escolar destas crianças tem sua melhor maneira de ser, quando integrada nas escolas de ensino,
ainda que em classe especial.

Toda escola deve, portanto, atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa
em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência. No entanto, nosso sistema educacional ainda
é bastante excludente. Muitos alunos ainda freqüentam classes ou escolas especiais, pois na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN/1996 consta que a substituição do regular pelo
especial é possível (artigos 58 e seguintes). Entretanto, conforme documento editado em 2003 pela
Procuradoria Geral dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal, essa substituição não está de
acordo com a Constituição Federal, que prevê atendimento educacional especializado e não Educação
Especial. Para que a LDBEN/1996 não seja considerada incompatível com a Constituição, é preciso
entender Educação Especial como modalidade de ensino que oferece atendimento educacional
especializado.

O Art. 54, inciso III, da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que regulamenta o Estatuto da Criança e do
Adolescente, vem também estabelecer que é dever do Estado assegurar atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

Os direitos dos portadores de necessidades educativas especiais estão amplamente garantidos. Existem
também diversos acordos voltados para a educação inclusiva. Uma nova legislação, posterior a
LDBEN/1996, vem contribuir com essa perspectiva, ratificando o direito de as pessoas em situação de
deficiência freqüentarem a mesma escola que as demais, direitos esse que traz benefícios a todos os alunos
na medida em que exige novos posicionamentos da escola no sentido de torná-la de melhor qualidade
para todos. Trata-se da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, celebrada na Guatemala. O Brasil é signatário
desse documento, que foi aprovado pelo Congresso Nacional e promulgado por Decreto da Previdência
da República em 2001, tendo o mesmo valor de uma lei ordinária ou de uma norma constitucional. Esse
documento reafirma que as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que outras pessoas, e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas
à discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo
ser humano.

É necessário que se esclareça também que o simples fato de que a legislação exista não se faz suficiente
para que se eliminem as desigualdades discriminatórias. Nesse sentido, o governo federal lançou o
documento “Direito à educação: necessidades educacionais especiais: subsídios para atuação do
Ministério Público” organizado e editado pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), por intermédio
da SEESP (Secretaria de Educação Especial) no ano de 2001. A referida publicação apresenta uma
coletânea de textos que tratam da Política Educacional no âmbito da Educação Especial.

Com esse intuito, porém, com uma abrangência mais ampla, temos também o aporte do Plano Nacional
de Educação, instituído pela Lei nº 10.172, de 09 de Janeiro de 2001. Essa lei tem como finalidade instituir
marcos e parâmetros legais para os rumos da educação, isto é, para o sistema educacional nacional, em
todos os seus níveis. Assim este documento também contempla a educação especial em todos seus
aspectos, ou seja, desde o direito de todos os portadores de necessidades especiais em freqüentar classes
regulares, até os objetivos e metas dessa modalidade de ensino.

Segundo esse Plano Nacional de Educação: “A educação especial se destina às pessoas com necessidades
especiais no campo da aprendizagem, originadas quer de deficiência física, sensorial, mental ou múltipla,
quer de características com altas habilidades, superdotação ou talentos”. (p.98)

Analisando a letra dessa lei, podemos notar que ela é bem ampla e geral ao deixar claro que sua validade
independe do tipo de deficiência que a pessoa possa possuir, isto é, não importa que tipo de deficiências
possa o acometer, isso é indiferente no que toca ao cumprimento da lei.

Outros documentos, além dos supra citados, foram elaborados e servem como marco regulatório dessa
modalidade de ensino. Entre eles, citemos “ As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial, de
1998:

De acordo com esse documento: “inclusão, portanto, não significa, simplesmente matricular os educandos
com necessidades especiais na classe comum, ignorando suas necessidades específicas, mais significa dar
ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica”. (BRASIL, 1998).

1. A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

1. O professor de Matemática na Educação Inclusiva


Como vimos, os direitos dos portadores de necessidades especiais estão amplamente garantidos. Sabemos
que existem diversos acordos voltados para a educação inclusiva. No entanto, essas determinações, apesar
de justas, são motivos de preocupação para os professores de Matemática, uma vez que dentro da
realidade das faculdades, os cursos de magistérios e licenciaturas, em geral, não possuem disciplinas que
habilitem os futuros professores a trabalharem com um aluno portador de necessidades especiais, assim,
não há um preparo suficiente para o ensino da matemática com essas crianças, tornando-se um grande
desafio enfrentar a complexa tarefa que a docência representa nos dias de hoje numa sociedade em
constantes mudanças.

Segundo César, (2000) a Matemática tem um rigor formal e é vista como uma Ciência desvinculada das
outras áreas, formada por verdades absolutas e incontestáveis, às quais nem todos conseguem ter acesso e
cuja aprendizagem é considerada difícil, sendo ainda considerada a disciplina com maior insucesso escolar
e mais alta taxa de rejeição.

Muitos são os questionamentos com relação aos conhecimentos que o professor da escola regular precisa
para dar conta de incluir alunos em situação de deficiência em sua classe. Ferreira (1998) afirma que o
educador do ensino regular não precisa ter formação especializada, mas é necessário que se torne um
pesquisador do seu saber e do seu fazer.

Segundo Gessinger (2001), os professores de matemática devem oferecer situações de ensino e


aprendizagem, onde os alunos possam construir conceitos matemáticos, utilizando jogos matemáticos,
pois, os jogos além do caráter lúdico, despertam atenção por serem prazerosos e podem favorecer a
criança a agir e se comunicar, no caso, em Matemática.

O professor de matemática precisa ter uma personalidade adequada ao tipo de trabalho que irá
desenvolver, necessitando, antes de tudo, ter equilíbrio emocional, para que possa encarar os problemas
que lhe apresentem, com serenidade, compreensão e tolerância. Esse professor deve também possuir uma
boa formação profissional, mas sabemos que existe uma falta de conhecimento sobre necessidades

educacionais especiais, o que provoca insegurança ao receberem alunos em situação de deficiência em suas
classes.

Por isso, cada vez mais torna se evidente a necessidade de investir na formação continuada dos
professores. Nesse sentido, a presença de alunos em situação de deficiência em sala de aula deve servir
como estímulo para a busca de novos conhecimentos, através de cursos, seminários, oficinas e conversas
com profissionais dentro e fora da escola.

Assim, o professor de matemática deve sempre “saber o que são hoje as competências matemáticas
essenciais a todos os cidadãos” (Abrantes, Serrazina e Oliveira, 1999, p.10), também é necessário passar
do querer fazer para o saber como fazer. O papel do professor tem mudado profundamente nas últimas
décadas, sendo cada vez mais exigente fazer com que as aulas de Matemática possam contribuir para a
vivência dos alunos no seu dia-a-dia.
Segundo Vygotsky (1988), os conceitos são formados não mais diferentes interações do sujeito com o
objeto de conhecimento, interações essas sempre mediadas por outra pessoa. Para aquisição do conceito é
necessário que o professor identifique os conhecimentos que os alunos já têm, que construíram nas mais
diferentes interações e aqueles que estão em fase de construção, que o autor chama de zona de
desenvolvimento proximal (ZDP), e que poderão ser consolidados com a mediação do professor.

Assim, podemos entender que é função do professor localizar ou criar sucessivas zonas de
desenvolvimento proximal para consolidá-las. É preciso que o professor identifique os conceitos
matemáticos espontâneos de seus alunos, pois, a partir do momento em que os próprios conhecimentos
começarem a fazer parte do processo, consegue-se estabelecer relações entre os conceitos que têm e os que
irão surgiu no decorrer da aprendizagem, visto que o desconhecimento sobre o conteúdo de noções
básicas por parte do professor causa conseqüentemente prejuízo quanto às aquisições realizadas por parte
do aluno deficiente.

1. Matemática para alunos com necessidades especiais

A matemática ensinada para o aluno deficiente é a mesma ensinada para qualquer aluno, diferenciando
somente na forma de aplicação e adaptação dos

conteúdos, portanto o professor deve, também, conhecer os conceitos ou noções básicas da


matemática, a fim de melhor aplicar os procedimentos de ensino.

Procurarei abordar alguns aspectos sobre o ensino da matemática para algumas dessas deficiências que
mais encontramos nas classes de ensino regular.

Deficiência Visual

Deficientes visuais são aqueles alunos que têm redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor
olho mesmo após correção ótica. Manifesta-se como cegueira total ou visão reduzida. Em qualquer
abordagem sobre o ensino da Matemática a esses alunos, deve-se considerar que esses educandos
apresentam as mesmas condições que os alunos videntes, para o aprendizado dessa disciplina, ressaltando
as adaptações necessárias quanto às representações gráficas e aos recursos didáticos.

O professor deve sempre verbalizar, em voz alta e de forma clara, os conhecimentos trabalhados, situações
que dependem exclusivamente da visão, procurando não isentar esse aluno da execução das tarefas
escolares. Utilizar também materiais que atendam tanto ao aluno com deficiência quanto aos de visão
normal, propiciando certas situações que o aluno vivencie no desenvolvimento da matéria. A linguagem e
os instrumentos Braile, também são importantes recursos para esses alunos.

Deficiência Auditiva

A deficiência auditiva é a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a


fala por intermédio do ouvido. O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem está subordinado ao
aprendizado da linguagem oral, assim o professor deve falar de forma lenta e explicada para que o aluno
possa utilizar seus outros sentidos principalmente por meio da leitura labial.

Quando o professor for expor um conteúdo matemático deve repassar também de forma escrita com
elementos que favoreçam a sua compreensão, utilizando materiais visuais para favorecer a apreensão das
informações expostas verbalmente.

Deficiência Mental

Crianças e jovens com deficiência mental geralmente têm dificuldade de se concentrar por muito tempo.
Para prender a atenção delas, são recomendadas atividades dinâmicas e que envolvam muitas cores.

O professor deve utilizar gizes coloridos ao escrever no quadro. Criar jogos com tabuleiros bem coloridos
em que utiliza elementos do cotidiano da turma: números de duas casas, que podem ser relacionados à
idade dos alunos, e papéis representando cédulas de real, entre outros.

Deficiência Física

A deficiência física é muito variada, podendo ser observada em alunos com problemas ósseos (artrite
reumatóide, fraturas, deformações congênitas), com alterações clínicas (anemias, subnutrições,
verminoses) e com alterações neuromusculares (paralisia cerebral, poliomielite), fatores que podem
interferir na aprendizagem e são os mais encontrados nas classes comuns de ensino regular.
Assim como para as outras deficiências o deficiente físico também deve ter acesso a materiais concretos e
imagens. O professor poderá confeccionar os numerais em cartolinas coloridas; propor jogos com esses
numerais nos quais o aluno faz suas próprias continhas.

Como podemos observar, é essencial o uso do concreto na educação matemática dos portadores de
necessidades educativas especiais. Ao ensinar matemática ao aluno deficiente, o professor estará
favorecendo o processo de análise/síntese importante para a aquisição da leitura podemos assim dizer que
o ensino da matemática não é um fim em si mesmo: tem um objetivo mais ambicioso, ou seja, propiciar o
desenvolvimento da competência lingüística do aluno deficiente e o desenvolvimento de seu potencial
cognitivo.

1. CONCLUSÃO

O objetivo principal desse trabalho foi o de retratar alguns aspectos da realidade dos professores da
Educação Básica no município de Mucambo, em relação à matemática na inclusão escolar de alunos com
necessidades especiais. Os dados obtidos vêm confirmar outros estudos que mostram o quanto eles não
estão preparados, nem orientados para trabalhar com essas crianças, ditas especiais.

Uma das questões que estão mais evidentes é que a responsabilidade por esse despreparo não é só desses
profissionais, e sim de toda uma estrutura que parece ainda não estar preocupada e/ou interessada em
incluir esses alunos na rede regular de ensino e conseqüentemente na sociedade.

A análise das falas das professoras que participaram da pesquisa permitiu repensar a formação do
professor especialmente o de matemática, apontando alguns aspectos que precisam ser revistos se
almejamos uma formação para a diversidade. Como podemos esperar que esses professores que foram
educados numa sociedade altamente excludente consigam, sem o menor tipo de preparação, realizar essa
inclusão? Para isso eles precisam romper com uma lógica preconceituosa estabelecida na nossa sociedade
de que as pessoas portadoras de necessidades especiais não são capazes de aprender e conviver com os
outros cidadãos até então ditos como normais.

Porém, não se pode achar que só o sistema não funciona, e que os professores totalmente isentos de
responsabilidades, pois esse professor tem também o dever de criar situações para que seu educando tenha
uma visão crítica do mundo. Se assim agissem deveriam procurar o tempo todo estar se atualizando e
“cobrando” dos governos e de seus empregadores que todo esse discurso sobre inclusão de portadores de
necessidades especiais fosse mais debatido e melhor trabalhado na disciplina de matemática.

Como pode ser visto nas entrevistas, nenhuma das professoras se considerava preparada para trabalhar a
matemática com alunos especiais incluídos, mas, o que se pode perceber é que também não havia o
interesse em estar de preparando para recebê-los.
Em relação a todos esses pontos citados anteriormente, tenho algumas reflexões críticas que estarei
pontuando a seguir:

Da forma que as escolas em geral NÃO estão se preparando para receber esses alunos portadores de
necessidades educacionais especiais, está se criando uma “falsa” inclusão onde esses alunos estão
dentro das salas regulares, porém excluídos no que diz respeito ao processo de aprendizagem na
disciplina de matemática.
Se esse movimento de inclusão continuar sendo muito discutido somente nos órgãos legisladores
muito vai se produzir de teoria, porém pouco vai ser feito na prática.
Deve haver uma mudança na formação dos professores especialmente os de matemática, tanto em
nível médio, quanto nos cursos de Pedagogia, dando um suporte técnico e orientando-os através de
estudos teóricos, para a utilização de materiais adaptados e de jogos matemáticos, que permitam aos
alunos elaborarem seus conceitos e operações matemáticas.

Do mesmo modo que achei importante trazer algumas críticas, considero muito importante trazer,
também, algumas sugestões.

A primeira é que todas as instituições de ensino cumpram a lei, transformando assim seus ambientes,
até então excludentes, em locais inclusivos, prontos para receberem todos os alunos, sem nenhuma
espécie de preconceito.
A segunda, é que os professores sejam estimulados a busca de novos recursos pedagógicos para os
portadores de necessidades educativas especiais, promovendo um maior alcance no processo de
ensino-aprendizagem de Matemática.

Ao concluir a pesquisa, percebi que, ao iniciá-lo, tinha em mente uma escola mais incluída. Tinha a
expectativa de encontrar professores inclusivos, que já trabalhassem com esses alunos de forma mais
direcionada na disciplina de matemática, por elas estarem tão presente em nossa realidade.

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