CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO CENTRAL APPARECIDO DOS SANTOS -
UNICEPLAC
CURSO DE ODONTOLOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ESCURECIMENTO DENTAL POR TRAUMA: Revisão de
literatura
Gama-DF
2022
LARISSA VELEDA DE OLIVEIRA
ESCURECIMENTO DENTAL POR TRAUMA: Revisão de
literatura
Artigo apresentado como requisito para conclusão do curso
de Bacharelado em Odontologia pelo Centro Universitário
do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac.
Orientadora: Prof (a) Ms. Cláudia Lúcia Moreira
Gama-DF
2022
LARISSA VELEDA DE OLIVEIRA
ESCURECIMENTO DENTAL POR TRAUMA: Revisão de
literatura
Artigo apresentado como requisito para conclusão
do curso de Bacharelado em Odontologia pelo
Centro Universitário do Planalto Central
Apparecido dos Santos – Uniceplac.
Gama-DF, de Junho de 2022.
Banca Examinadora
Prof (a) Ms. Cláudia Lúcia Moreira
Orientador
Prof. Nome completo
Examinador
Prof. Nome Completo
Examinador
ESCURECIMENTO DENTAL POR TRAUMA: Revisão de
literatura
LARISSA VELEDA DE OLIVEIRA
Resumo:
Esta revisão de literatura tem como finalidade apresentar as características e as formas de
tratamento após o escurecimento dental decorrentes do trauma. Atualmente existem vários tipos
de sistemas de classificação do trauma dental, dentre eles o mais utilizado é o sistema de Andreasen
(2001) que propôs uma classificação baseada nos critérios padronizados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), acrescentando outros tipos de lesões. O objetivo desta revisão de
literatura tem como abordar as características do trauma dentoalveolar e as diversas formas de
tratamento do escurecimento dental após o trauma como: clareamento interno externo, tratamento
endodôntico, uso de facetas e lentas de resina composta. Após a realização dessa revisão de
literatura foi possível concluir que após o trauma, o dente afetado pode apresentar sinais de necrose
pulpar como escurecimento da coroa, resposta negativa ao teste de vitalidade pulpar, sinais
radiográficos de lesão periapical e que o escurecimento dental após o trauma promove a alteração
da cor natural do dente, então o tratamento endodôntico é feito para evitar a ocorrência de
reabsorção externa da raiz.
Palavras-chave: escurecimento dental;trauma dental;tratamento endodontico.
Abstract:
This literature review aims to present the characteristics and forms of treatment after dental
discoloration resulting from trauma. Currently there are several types of classification systems for
dental trauma, among them the most used is the Andreasen system (2001), which proposed a
classification based on the criteria standardized by the World Health Organization (WHO), adding
other types of injuries. The purpose of this literature review is to address the characteristics of
dentoalveolar trauma and the various forms of treatment of tooth darkening after trauma such as
external internal bleaching, endodontic treatment, use of veneers and slow composite resin. After
conducting this literature review it was possible to conclude that after trauma, the affected tooth
may show signs of pulp necrosis such as darkening of the crown, negative response to the pulp
vitality test, radiographic signs of periapical lesion and that dental darkening after trauma promotes
the alteration of the natural color of the tooth, then endodontic treatment is done to prevent the
occurrence of external root resorption.
Keywords: tooth darkening; dental trauma; endodontic treatment.
¹Graduanda do Curso de Odontologia, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos –
Uniceplac. E-mail: [email protected]; Orientadora: Ms. Claudia Lucia Moreira.
E-mail:[email protected]
1 INTRODUÇÃO
O trauma dental decorre após a estrutura dentária ser exposta a uma ação de impacto
exacerbado, que pode ser causada de forma acidental ou provocada. O impacto advindo do trauma
pode ocasionar danos a várias estruturas,como: coroa dentária, polpa, tecidos moles e ósseos. Já a
extensão deste tipo de lesão está diretamente correlacionada com a intensidade da força gerada
durante o trauma.Os tipos de trauma dentário que podemos nos referir são:luxação intrusiva,
extrusiva, avulsão, sub luxação e concussão.Todas estas formas de traumas afetam o dente
impactado e as estruturas adjacente como: cemento, osso alveolar, fibras do ligamento periodontal
(ASTOLFI et al.,2017).
Uma das consequências que podem ocorrer após o trauma dental é o escurecimento da
coroa dos dentes afetados, causando discrepância de tonalidade do esmalte e dentina do dente em
relação aos seus adjacentes.O escurecimento dental pode acontecer devido a várias causas, seja
ela por insucesso no tratamento endodôntico,material obturador, idade e trauma (DURSUN,201).
Os incisivos centrais superiores são os mais afetados nos casos de traumatismo dentário
devido a sua posição anatômica e que o sexo masculino é mais afetado que o feminino. O
traumatismo dento alveolar acomete geralmente pessoas de diferentes idades, em particular as
crianças de 10 meses a 3 anos, que possuem a coordenação motora em desenvolvimento, sendo
assim, a mais estão expostas ao risco de trauma dental (TAKAHASHI et al. 2019).
O trauma dento alveolar também afeta outras idades, como jovens e adolescentes entre 12
-24 anos, devido a prática de atividades esportivas que promovem o aumento do risco de trauma
dental e lesões corporais (LAM et al.2016).
O objetivo desta revisão de literatura tem como abordar as características do trauma
dentoalveolar e as diversas formas de tratamento do escurecimento dental após o trauma como:
clareamento interno externo, tratamento endodôntico, uso de facetas e lentas de resina composta.
Assim,espera-se contribuir para o conhecimento sobre as causas do escurecimento
dental,possibilitando informações sobre a temática,tanto para estudantes do curso de graduação
em odontologia, quanto para cirurgiões-dentistas.É evidente que com estudos mais aprofundados
sobre este objeto de estudo,do mesmo modo como pesquisas direcionadas para os seus potenciais
de resolução para o tratamento do escurecimento dental por trauma,viabiliza positivas evoluções
na área de odontologia.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TRAUMA DENTAL: etiologia
O traumatismo dentário ocorre após os dentes receberem grande força de impacto, o que
pode acarretar lesões nas estruturas intra-orais e extra-orais, em tecidos duros e moles, que pode
acarretar desde o deslocamento dentário ou deformação dos tecidos de sustentação até a fratura do
dente afetado. O trauma dental geralmente ocorre de forma ocasional, inesperado, acidental e pode
requerer cuidados emergenciais (DANG et al., 2015).
Segundo Lam et al. (2016) a causa do traumatismo dentário está relacionada a vários fatores
de risco, como: as quedas durante a infância que são consideradas uma das principais causas das
lesões da dentição decídua, pois o desenvolvimento neuromotor e funcional ainda está em
desenvolvimento. Embora as quedas sejam um fator de risco, as atividades esportivas como
futebol, judô e artes marciais também são consideradas um fator de risco na população entre 7 a
12 anos de idade.
Neste sentido, de acordo com Lam et al. (2016) o trauma dento alveolar também pode afetar
outras idades, bem como jóvens e adolescentes de 12 a 24 anos, devido o aumento de atividade
de esportes que promove o aumento do risco de trauma dental e ao aumento de casos de lesão
corporal nesta faixa etária.
O escurecimento dental pode ser ocasionado por manchas em dentes tratados
endodonticamente após traumas dentário com comprometimento da polpa e/ou necrose, como após
cirurgias de acesso realizadas de forma incorreta, e o não uso de clareamento, das soluções
irrigadoras entre um instrumental e outro, impregnação de pigmentos na estrutura dentaria
originados de necrose, substâncias medicamentosas deixadas na câmara pulpar, pigmentos
depositados em situações de hemorragias intra-pulpares, como consequência de traumatismos
(CONCEIÇÃO et al., 2017).
2.2 PREVALÊNCIA DO TRAUMA DENTAL
De acordo com Astolfi et al. (2017), a prevalência de traumatismos e injúrias dentárias
estão relacionadas e acometem mais o sexo masculino em relação ao feminino e afetam mais o
dente incisivo central superior. Levin et al. (2020), relatou que cerca de 25% de todas as crianças
em idade escolar sofreram traumatismo dentário e 33% dos adultos já foram acometidos por
traumas na dentição permanente, antes dos 19 anos.
Na população em geral, observou-se que ao se tratar da prevalência do trauma dental
ocorre uma variação entre 4% a 30%, sendos notável no sexo masculino e em indivíduos em idade
escolar, esses são os mais afetados. Em relação à dentição decídua, pode-se observar uma idade
preferencial de 2-3 anos. Quanto aos dentes permanentes, a porcentagem de meninos variou de
12% a 33% e de 4% a 19% para meninas, preferencialmente nas faixas etárias de 7 a 10 e 15 a 17
(REIS et al., 2018).
A prevalência do trauma dental, os estudos evidenciam que os incisivos centrais superiores
são os mais afetados nos casos de traumatismo dentário devido a sua posição anatômica e que o
sexo masculino é mais afetado que o feminino. O traumatismo dento alveolar acomete geralmente
pessoas de diferentes idades, em particular as crianças de 10 meses a 3 anos, que possuem a
coordenação motora em desenvolvimento, mais expostas ao risco de trauma dental (TAKAHASHI
et al., 2019).
2.3 TIPOS DE TRAUMA DENTAL
Atualmente existem vários tipos de sistemas de classificação do trauma dental, dentre eles
o mais utilizado é o sistema de Andreasen (2001) que propôs uma classificação baseada nos
critérios padronizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), acrescentando outros tipos de
lesões. Esse sistema de acordo com a figura 1, pode ser utilizado tanto na dentição decídua quanto
na dentição permanente.
Figura 1: Classificação das lesões de trauma dento-alveolar segundo Andreasen (2001) baseada
nos critérios da organização Mundial de Saúde.
Classificação das lesões dentoalveolares e em mucosa oral de acordo com Andreasen (2001)
Fratura incompleta de esmalte: lesão na estrutura dental sem perda de
estrutura
Fratura de esmalte :lesão na estrutura dental com perda de estrutura
apenas em esmalte dentário.
Fratura não complicada da coroa: lesão com perda de estrutura
envolvendo esmalte e dentina sem exposição pulpar.
Lesões aos tecidos Fratura complicada da coroa: lesão com perda de estrutura dentária
duros dos dentes e a envolvendo esmalte dentina e exposição pulpar.
polpa Fratura corono-radicular: lesão com perda de estrutura envolvendo
esmalte, dentina e cemento sem exposição do complexo pulpar.
Fratura complicada de coroa e raiz: lesão com perda de estrutura
envolvendo esmalte, dentina e cemento, com exposição pulpar.
Fratura radicular: lesão envolvendo cemento, dentina e polpa.
Concussão: lesões as estruturas de suporte dentário, sem mobilidade
ou deslocamento anormal do dente, mas com aumentada sensibilidade
a percussão.
Subluxação: lesão as estruturas de suporte dentário, com mobilidade
anormal, mas sem deslocamento dentário.
Lesões aos tecidos
Extrusão: deslocamento parcial incisal do elemento dentário em
periodontais
relação ao alvéolo.
Luxação extrusiva: deslocamento parcial do dente para fora do seu
alvéolo.
Luxação lateral: deslocamento do dente em uma direção diferente da
direção axial , sendo acompanhado por despedaçamento ou fratura
da cavidade alveolar.
Luxação intrusiva: deslocamento do dente para dentro do osso
alveolar.
Avulsão: deslocamento do elemento dental para fora do seu alvéolo.
Classificação das lesões dentoalvolaes e de mucosa oral
Laceração da gengiva ou da mucosa oral: lesão asa ou profunda na
mucosa resultante resultante de um corte.
Lesões na gengiva Contusão da gengiva ou da mucosa oral: Produzida por impacto com
ou na mucosa oral objeto rombo, não acompanhada de rompimento da mucosa com
hemorragia submucosa.
Abrasão da gengiva ou mucosa oral: lesão superficial produzida por
atrito da mucosa , que deixa a superfície exposta e com sangramento.
Fonte: CASTRO et al. Eventos agudos na atenção básica: trauma dental/Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, (2013).Fonte: www.unasus.ufsc.br.
Dentre os vários tipos de traumatismos, a luxação é o mais comum e que acarreta danos os
tecidos moles duros, o que gera dano ao ligamento periodontal e promove o deslocamento do dente
no sentido lingual, palatal ou vestibular (ANDREASEN, 2001).
2.4 ESCURECIMENTO DENTAL APÓS O TRAUMA
Após os dentes serem submetidos a um trauma, estes podem vir a sofrer fraturas dentária e
em diversos graus de comprometimento os quais muitas vezes podem afetar a polpa dentária e em
outros casos pode ocorrer a necrose pulpar. Neste sentido, após o acometimento da necrose pulpar
ocorre o escurecimento dental, mudando a cor do dente acometido em relação aos dentes
adjacentes. Assim, é necessário realizar o tratamento endodôntico do canal radicular e polpa
dentaria, fazendo a remoção do conteúdo necrótico bem como o preenchimento do sistema de
canais radiculares para tratar o escurecimento dental. Após o trauma, o dente afetado pode
apresentar sinais de necrose pulpar como escurecimento da coroa, resposta negativa ao teste de
vitalidade pulpar e sinais radiográficos de lesão periapical (ASTOLFI et al., 2017).
A alteração da coloração dentária pode ser causada devido a degeneração da polpa dentária
devido necrose pulpar ou por presença de hemorragia pulpar nos túbulos dentinários, ocasionadas
após lesões traumáticas. A hemorragia pulpar é originada após a ruptura dos vasos sanguíneos que
liberam componentes sanguíneos dentro túbulos dentinários provocando a descoloração da dentina
e assim ocorrendo o escurecimento dental (DESAPHIX, 2017).
Quando os dentes são submetidos a um trauma eles podem sofrer fraturas dentárias ou não,
podendo ter diversos graus de comprometimento, que podem afetar a polpa ou não, mas em
muitos casos ocorre a necrose pulpar. A necrose pulpar pode ser acarretada devido um rompimento
ou lesão do feixe vascular e nervoso no forame apical, causando perda de água, em que as células
pulpares a desnaturação protéica na região, as células pulpares ficam mantidas em seu arcabouço,
no entanto se tornam coaguladas e mortas. Este tipo de necrose também é conhecida como necrose
por coagulação. Ao longo do tempo, os componentes do tecido pulpar necrosado podem se integrar
a estrutura dentária e, geralmente, a decomposição protéica gera componentes escurecidos e o
dente vai assumindo uma cor amarelada escurecida, com várias tonalidades (CONSOLARO et al.,
2017).
Neste sentido, o escurecimento dental é causado por pigmentos infiltrados na estrutura
dentária, podendo ser causado por vários motivos, como traumas, uso de drogas, medicações intra-
canal como o iodofórmio e sangramento no canal radicular. Estes pigmentos formam moléculas
que podem refletir a luz visível ao olho humano e cuja intensidade é superior à luz refletida pela
estrutura dental, predomina então a cor do pigmento, escurecendo a cor do dente afetado (REIS et
al., 2018).
2.5 TRATAMENTO DO ESCURECIMENTO DENTAL DA COROA APÓS
TRAUMATISMO
Para Reis et al. (2018) após ocorrer a necrose do tecido pulpar em decorrência do trauma
dental, pode-se desenvolver uma calcificação pulpar, que ocorre quando falta suprimento
sanguíneo na polpa dentaria. A calcificação da polpa de um dente pode ser definida também como
a obliteração dos espaços pulpares por deposição de cálcio. Após o trauma dentário, pode ocorrer
a produção acelerada de dentina, que às vezes leva à calcificação distrófica do dente, causando
alteração de cor no dente afetado. Nesses casos, o autor ressalta que para o tratamento da correção
da alteração de cor, pode ser empregado o uso de facetas de resina composta, clareamento interno
e externo.
De acordo com Reis (2018) a calcificação distrófica não tem sintomatologia, clinicamente
será notável quando ocorrer a alteração de cor no elemento dentário, por apresentar uma coloração
amarelada ou marrom, quando comparado aos dentes adjacentes. Isto não acontece devido à alta
deposição de dentina reacionária, proveniente de um trauma.
Segundo o autor Possagnolo et al. (2020) as facetas de resinas e lentes de porcelana são
indicadas para dentes com alterações de coloração. No entanto, o método mais conservador
corresponde ao clareamento externo utilizando peróxido de carbamida ou hidróxido de hidrogênio.
Em alguns casos o clareamento não apresenta um sucesso absoluto em dentes severamente
descoloridos. Então, emprega se o uso de facetas/lentes como forma completar de tratamento.
Moretti et al.(2017) após avaliar as possíveis causas do escurecimento, notou que o
clareamento de dentes não vitais tem trazido resultados viáveis e satisfatórios aos pacientes, nos
quais possuem uma variedade de técnicas de clareamento podem ser utilizadas como: clareamento
caseiro supervisionado com peróxido de carbamida, clareamento interno, em que se utiliza a
técnica mediata walking bleach onde o agente clareador é colocado no interior da câmara pulpar,
seguido pelo seu fechamento provisório. Também se pode utilizar a técnica de clareamento
externo pode utilizar peroxido de hidrogênio ou peróxido de carbamida. É importante entender as
razões do tratamento endodôntico no processo de tratamento de dentes escurecidos após o trauma
dental, avaliando quanto tempo depois que os dentes começam a ficar escuros ou mudaram de cor,
antes ou depois do tratamento e se a mudança na cor é estável ou crescente. Quanto maior o tempo
e o grau de escurecimento dos dentes, menor a probabilidade de um tratamento de clareamento
bem-sucedido.
Para Souza et al. (2017) o clareamento interno é indicado para paciente com dentes não
vitais e o clareamento externo com peroxido de hidrogênio, perborato de sódio ou peroxido de
carbamida, podem ser combinados entre clareamento de consultório e clareamento caseiro
supervisionado, utilizando peroxido de carbamida em diferentes concentrações.
3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Foi realizada uma revisão de literatura baseada em artigos relevantes acerca do termo
escurecimento dental combinado com o termo trauma dental nos descritores das bases de dados
do Pubmed e Scielo, durante o período de 2015 a 2022. Como critério de inclusão foi utilizado
apenas artigos completos, gratuitos, de língua portuguesa e inglesa. Em seguida, foi feita a leitura
de título e resumo dos artigos pesquisados, sendo selecionados 15 artigos ao total.
4 DISCUSSÃO
Segundo os autores Takahashi et al. (2019) e Astolfi et al. (2017) após o trauma dento
alveolar podem ocorrer algumas sequelas, as mais frequentes são a obliteração do canal pulpar,
reabsorção radicular inflamatória, escurecimento dental, desalinhamento dental, necrose pulpar e
calcificação pulpar. Por isso, o acompanhamento com o cirurgião dentista é indispensável para a
realização de um diagnóstico correto para a lesão acometida.
De acordo com os autores Lan et al. (2016) e Astolfi et al. (2017) os tratamentos de
dentários para os casos de traumatismo podem ser variados, como contenção do dente afetado,
tratamento endodôntico, cirúrgico ou estético. Neste sentido, o objetivo final como tratamento é
tratar os tecidos periradiculares e a polpa dentária, por meio de regeneração tecidual. No entanto,
para o autor Lan et al. (2016) se ter um resultado positivo deve ser levado em conta a integridade
da polpa durante o processo de isquemia, de quebra de barreiras naturais e a presença de bactérias
na polpa dentaria, para possibilitar a regeneração tecidual no local afetado.
Para o autor Morretti et al. (2017) em concordância com Souza et al. (2017), ambos
utilizaram peroxido de hidrogênio a 35% dentro cavidade pulpar de dentes necrosados e
escurecidos, ambos obtiveram sucesso utilizando o mesmo agente clareador, ambos afirmaram a
eficiência o uso do clareamento interno. No entanto Moretti et al. (2017) incrementa o tratamento
com a colocação de uma lente de contato de resina composta no dente escurecido e divergindo do
autor Souza et al. (2017) em que o mesmo refere que o uso de facetas ou lentes de resina composta
podem danificar o remanescente de dentina e esmalte.
Segundo Reis (2018) analisou caso de pacientes com dentes despolpados, com alteração de
cor no dente 21 após sofrer trauma dental. O autor promoveu um clareamento interno com
peróxido de hidrogênio a 35% para tratar a alteração de cor, utilizou isolamento absoluto logo em
seguida o mesmo aplicou o carreador por 40 segundos na faze lingual e 40 segundos na face
vestibular, junto com a utilização de um fotopolimerizador. Logo depois, foi realizado o selamento
provisório com ionômero de vidro e o autor concluiu que a técnica de clareamento interna
contribuiu para alterar o escurecimento dental existente, sendo eficaz como tratamento estético.
Possagnolo et al. (2021) refere que o clareamento interno em dentes escurecidos tratados
endodonticamente, meio da técnica mediata com uso de peróxido de carbamida e tamponamento
cervical prévio, pode ser considerado uma abordagem estética eficaz, pouco invasiva e de baixo
custo. Tanto para Possagnolo et al. (2021) como para Reis (2018) o hidróxido de hidrogênio a 35
% e o peróxido de carbamida técnica de clareamento interno obtiveram resultados semelhantes.
No entanto, Possagnolo et al. (2021) não recomenda o uso de hidróxido hidrogênio em altas
concentrações para clareamento interno, para nao aumentar o risco de ocorrer reabsorção radicular
externa.
Santana et al. (2020) e Reis (2018) relataram o uso da técnica de clareamento interno e
concordam que é um tratamento relativamente seguro para tratar o escurecimento dental em dentes
tratados endodonticamente. Entretanto, Santana et al. (2020) refere que o uso de clareamento
externo no esmalte dentário, não desempenha a melhora da eficácia do clareamento interno.
Para Souza et al. (2017) o tratamento clareador em dentes escurecidos após lesão de trauma
é recomendado somente em escurecimento recente, pois em casos de necrose ocorrida há
anos ou por medicação, o clareamento interno não é indicado. Desaphix (2017) em
concordância, refere que dentes que sofrem escurecimento dental após 5 a 10 anos, não clareiam
tanto quanto dentes de sofreram escurecimento dental logo após lesão de trauma ente dia a um
ano. O autor refere que dentes jovens se obtêm melhores resultados de clareamento interno do que
em dentes de pessoas idosas, pois os dentes mais jovens possuem
túbulos dentinários mais abertos, o que possibilita a melhor difusão do agente clareador.
4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o trauma dental pode acarretar o escurecimento dental. Cabe ao cirurgião
dentista avaliar a integridade estrutural dos dentes afetados após o trauma, observando se existe
ou não o escurecimento dental, se ocorreu algum tipo de fratura e lesões em tecidos moles e duros
da cavidade bucal, em caso de alteração de cor dentária, cabe ao dentista avaliar o grau de
intensidade da descoloração e a severidade de patologias associadas. Após a análise clínica e
radiográfica, o cirurgião dentista pode adotar várias técnicas de tratamento, como: a realização do
clareamento interno em dentes escurecidos tratados endodonticamente, técnica de clareamento
externo utilizando uso de peróxido de carbamida, peróxido de hidrogênio ou perborato de sódio,
as duas técnicas podem ser consideradas como abordagens diretas, simples e de baixo custo. Outras
técnicas como o uso facetas e lentes de resinas também podem ser abordadas como tratamento
estético, tendo em consideração o mínimo de degaste dentário durante o tratamento.
Em caso necrose e calcificação pulpar, o cirurgião-dentista pode fazer o tratamento
endodôntico convencional e fazer o acompanhamento clinico e radiográfico, para se observar se
ocorreu clareamento da coroa dentaria escurecida.
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Lesões traumáticas em crianças pequenas. Arch Health Invest, Presidente Prudente- SP,113-118, 2019.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por me dar inteligência e habilidades para escrever
esta revisão de literatura e por ter me proporcionado forças para chegar até aqui. A minha
família, por toda a dedicação, carinho e incentivo financeiro, em especial aos meus pais, que
sempre me motivaram, para que eu me tornasse uma profissional competente.
Aos professores que sempre estiverem dispostos a me orientar para um
Melhor aprendizado e entendimento, em especial para a orientadora Prof° Dra Cláudia
Moreira, que esteve comigo desde o início.
Enfim, agradecemos a instituição UNICEPLAC por ter fornecido ótimos professores e
tecnologias para promover a realização deste trabalho de conclusão de curso.