Catálogo - Memória e Herança - Álbum de Família - Rynnard
Catálogo - Memória e Herança - Álbum de Família - Rynnard
RYNNARD
MEMÓRIA E HERANÇA:
ÁLBUM DE FAMÍLIA
rio de janeiro
2023
organização editorial e projeto gráfico
rynnard
produção
camila coradette
textos
mônica cardim
ana paula simonaci
tainá xavier
telma damasceno
eliane del rosario
estefânia weber
moara tupinambá
astronauta de mármore
leticia pantoja
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vários autores.
ISBN 978-65-00-85040-6
23-179726 CDD-745.4
Índices para catálogo sistemático:
texto institucional
A exposição “Memória e Herança: Álbum de Família” apresenta a pesquisa do
artista plástico Rynnard Milton que, através de colagens digitais, associa pas-
sado e presente em imagens que recebem novas cores, significado e leituras. O
trabalho reforça o pensar decolonial, fornecendo voz, contexto e imagem aos
povos oprimidos e silenciados nos processos de escravização de pessoas negras.
imagens do
passado-presente:
memória, colagem
e resignificação na
obra de rynnard
Ana Paula Simonaci é curadora e pesquisadora, mestre e doutora em Memória Social pelo PPGMS-UNIRIO.
O pesquisador Georges Didi-Humber- Como diria o poeta Wally Salomão (2007, El investigador Georges Didi-Hum-
man (2006) atesta que quando estamos p.43), “a memória é uma ilha de edição”. berman (2006) afirma que cuando nos
diante de uma imagem, estamos diante E neste sentido, a técnica da colagem encontramos ante una imagen, estamos
do tempo. Ao olharmos para uma ima- é uma expressão artística que poderia frente al tiempo. Al mirar una imagen,
gem, o passado não cessa de se recons- nos lembrar deste campo convulsivo el pasado no deja de reconstruirse, la
truir, a imagem se relaciona direta- que é a memória. Ao envolver a compo- imagen se relaciona directamente con
mente com uma noção de memória. A sição de imagens, texturas e elementos la noción de la memoria. La imagen
imagem está além do ser humano, nós visuais diversos, incluindo fotografias, está más allá del ser humano, somos
somos seres frágeis diante dela. Somos a colagem teve suas raízes na vanguar- seres frágiles ante ella. Somos finitos,
finitos, enquanto ela é um elemento do da artística do século XX, que procura- mientras que ella es un elemento del
futuro, da duração, de um porvir. Possui va romper com as convenções artísticas futuro, de la duración, de un porvenir.
uma memória que permanecerá – mes- tradicionais e ganhou destaque com Posee una memoria que permanecerá,
mo que reconstruída constantemente os movimentos vanguardistas, como o incluso si es constantemente recons-
pelo humano – enquanto nós perece- Cubismo, o Futurismo e o Dadaísmo. truida por el ser humano, mientras
remos. O século XX, possivelmente, A técnica da colagem não se limitou à nosotros pereceremos. El siglo XX, po-
poderia ser considerado o século das pintura, mas se espalhou para a foto- siblemente, podría considerarse el siglo
imagens. Desde a criação da imprensa montagem, o cinema experimental e a de las imágenes. Desde la creación de
por Guntenberg no século XV, passan- literatura. Com o advento da tecnolo- la imprenta por Gutenberg en el siglo
do pelo advento da fotografia, nenhu- gia digital, a técnica da colagem evoluiu XV, pasando por el advenimiento de la
ma outra época utilizou de modo tão ainda mais.E se a colagem se destaca fotografía, ninguna otra época utilizó
amplo a imagem. A “aura” das obras ar- como importante linguagem visual do la imagen de manera tan amplia. La
tísticas debatida por Walter Benjamin século XX, é por meio delas que o artis- “aura” de las obras artísticas discutida
foi transformada de forma intensa. A ta Rynnard constrói sua obra a partir de por Walter Benjamin fue transformada
arte da imagem passou a ser algo cole- documentos de um século anterior, que de manera intensa. El arte de la ima-
tivo, mais “social”, a imagem começou registram um dos eventos mais nefas- gen se convirtió en algo más colecti-
a ter, inclusive, movimento e a narrar tos desta época: a escravidão no Brasil. vo, más “social”, la imagen comenzó a
histórias por meio de novos formatos. tener incluso movimiento y a narrar
historias a través de nuevos formatos.
A obra é “Memória e Herança: Álbum Como diría el poeta Wally Salomão La obra es “Memoria e Herencia: Ál-
de Família”, exibida na Caixa Cultural (2007, p.43), “la memoria es una isla bum de Familia”, exhibida en la Caixa
em 2023, pelo artista mineiro Rynnard, de edición”. En este sentido, la técni- Cultural en 2023, por el artista mineiro
fruto da combinação de sua pesqui- ca del collage es una expresión artísti- Rynnard, fruto de la combinación de su
sa acadêmica e do desenvolvimento ca que podría recordarnos este campo investigación académica y del desarrollo
avançado de seu trabalho como artista. convulsivo que es la memoria. Al in- avanzado de su trabajo como artista.
Realizada a partir de retratos que fo- volucrar la composición de imágenes, Realizada a partir de retratos que se
ram realizados nos estúdios do alemão texturas y diversos elementos visuales, realizaron en los estudios del alemán
Alberto Henschel e o pelo brasileiro incluyendo fotografías, el collage tuvo Alberto Henschel y el brasileño Marc
Marc Ferrez, a obra traz uma reflexão sus raíces en la vanguardia artística del Ferrez, la obra reflexiona sobre la pro-
sobre a produção dos carte de visite e siglo XX, que buscaba romper con las ducción de “carte de visite” y “car-
carte cabinet – formatos de retratos convenciones artísticas tradicionales y te cabinet”, formatos de retratos que
que visavam atender uma demanda ganó relevancia con los movimientos buscaban satisfacer la demanda de
por imagens tipificadoras, adequadas vanguardistas como el Cubismo, el Fu- imágenes tipificadoras, adecuadas al
ao colecionismo de caráter etno-an- turismo y el Dadaísmo. La técnica del coleccionismo de carácter etno-antro-
tropológico. O corpo negro dentro do collage no se limitó a la pintura, sino pológico. El cuerpo negro en el estudio
estúdio do fotógrafo era retratado des- que se extendió a la fotomontaje, el del fotógrafo era retratado despojado
tituído de história, representado como cine experimental y la literatura. Con de historia, representado como una
uma ‘’coisa’’ ou ‘’objeto’’. (CARDIM, el advenimiento de la tecnología di- “cosa” u “objeto”.Brasil en el siglo XIX
2012). O Brasil do século XIX estava gital, la técnica del collage evolucionó estaba inmerso en un sistema colonial
inserido em um sistema colonial e es- aún más. Si el collage se destaca como y esclavista, donde los negros eran vis-
cravocrata, onde os negros eram vistos un importante lenguaje visual del si- tos como propiedad y subordinados a
como propriedade e subordinados aos glo XX, es a través de él que el artista los intereses de la élite blanca a lo lar-
interesses da elite branca ao longo de Rynnard construye su obra a partir de go de los siglos. Es en este contexto
séculos (AZEVEDO, 2006). E é nes- documentos de un siglo anterior que que algunos de estos retratos podrían
te contexto que alguns destes retratos registran uno de los eventos más nefas- haber sido encargados por propieta-
poderiam ser encomendados por do- tos de esa época: la esclavitud en Brasil rios de esclavos que deseaban tener
nos de escravos que desejavam ter a fotografías en sus álbumes familiares.
fotografia em seus álbuns de família.
Estas representações fotográficas dos Na criação do artista, ao incluir no seu Mónica Cardim, investigadora con
indivíduos negros no estúdio de Hens- trabalho os documentos ao lado de suas producción sobre la representación de
chel atendeu a essas relações de poder colagens, pois sua narrativa é fruto das personas negras en Brasil, menciona
desiguais, reforçando a subalternidade memórias documentais, ele demons- además que algunos retratos se utili-
e a inferiorização desses indivíduos na tra as derivações criativas que passam zaron en teorías pseudocientíficas de la
sociedade. Mônica Cardim, pesquisa- a pertencer com uma nova roupagem época, como el racismo científico, que
dora com produção sobre a representa- a memória coletiva quando cria uma categorizaba y jerarquizaba las razas
ção de pessoas negras no Brasil, men- nova narrativa, ficcional, inventada em humanas según características físicas
ciona ainda que alguns retratos eram um mundo utópico e carregado de afe- y atributos supuestamente inherentes.
utilizados em teorias pseudocientíficas to, marcado nos símbolos visuais que o Estas fotografías cuentan una historia
da época, como o racismo científico, artista aplica em sua obra visual e que real, un documento de época que re-
que categorizava e hierarquizava as ra- trazem uma série de questionamentos trata a personas que estuvieron direc-
ças humanas com base em caracterís- como “quem foram estas pessoas? ”, tamente involucradas en este sistema.
ticas físicas e atributos supostamente “parece com minha tia”, “poderia ser Le Goff afirma que todo documento
inerentes. (CARDIM, 2012). Estas fo- minha avó naquela foto”. Desse modo, “no es una mercancía no vendida del
tografias trazem uma história real, um podemos dizer que ao conferir um es- pasado, es un producto de la sociedad
documento de época que retratam pes- tilo de vida contemporâneo aos seus que lo fabricó según las relaciones de
soas que estiveram diretamente dentro personagens o artista aproxima o pú- poder que tenían el poder”. En la crea-
deste sistema. Le Goff afirma que todo blico destas pessoas reais - que através ción del artista, al incluir en su trabajo
documento “não é uma mercadoria in- dos retratos se tornaram personagens los documentos junto con sus collages,
vendida do passado, é um produto da históricos. Assim, é perfeitamente pos- muestra las derivaciones creativas que
sociedade que o fabricou segundo as sível que, por meio da socialização polí- pasan a formar parte de una nueva nar-
relações de força que nela detinham o tica, ou da socialização histórica, ocorra rativa, ficticia, inventada en un mundo
poder” (LE GOFF, 2000, p. 112). Estes um fenômeno de projeção ou de iden- utópico y cargado de afecto, marcado
documentos nos contam uma história. tificação com determinado passado tão por los símbolos visuales que el artista
forte que podemos relacionar à uma aplica en su obra visual y que plantean
memória como as que vem como que una serie de preguntas como “¿quiénes
herdadas. (POLLACK, 1992, p.200-212). fueron estas personas?”, “se parece a mi
tía”, “podría ser mi abuela en esa foto”.
Maurice Halbwachs, já havia ressaltado “Memória e Herança: Álbum de Famí-
que a memória precisa ser compreen- lia”, pode ser inserida como uma obra
dida e interpretada, sobretudo, como relevante para uma melhor compreen-
um fenômeno coletivo e social; ou seja, são do sentido destes retratos como me-
como um fenômeno construído coleti- mória social e herança, na aproximação
vamente e submetido a transformações e ampliação de discussões sobre o que foi
(HALBWACHS apud POLLAK, 1992, um evento como a escravidão de pessoas
p.2). A criação de colagens digitais como negras e de como entender essa relação
forma de aproximação com este passa- com esta herança ancestral. Por meio de
do, cria uma ponte entre a memória de imagens, Rynnard reconstrói uma me-
um trauma social e uma utopia sensível. mória traumática e intensa de um dos
Através da poética da visualidade dos períodos mais doloridos da história da
ambientes criados pelo artista, é possível humanidade como o intuito não somen-
uma aproximação educativa em relação te de conhecer melhor sua própria his-
a cultura afro-brasileira e a construção tória, mas de lembrar a humanidade do
de uma ressignificação de seu passado. que ela foi e pode ser capaz de realizar.
Podemos dizer que “Memória e Heran-
ça: Álbum de Família”, ao utilizar a lin-
guagem singular das colagens digitais,
une tanto uma informação construída
imageticamente, quanto uma informa-
ção documental sobre a escravidão que
houve no século XIX no Brasil. Ambas,
entretanto, se complementam, criando
um sentido somente na junção, na lei-
tura do “todo articulado”, ou seja, na lei-
tura conjunta de todos os elementos que
formam a narrativa da obra.
personajes, el artista acerca al público Podemos decir que “Memoria e He- referências
a estas personas reales, que a través de rencia: Álbum de Familia”, al utilizar
los retratos se convirtieron en perso- el lenguaje singular de los collages DIDI-HUBERMAN, Georges. Ante el
najes históricos. Así, es perfectamente digitales, une tanto una información tempo: historia del arte y anacronismo de
posible que, a través de la socialización construida de manera imagética como las imágenes. Córdoba: Adriana Hildalgo,
política o de la socialización histórica, una información documental sobre la 2006.
ocurra un fenómeno de proyección o esclavitud que ocurrió en el siglo XIX
de identificación con un pasado tan en Brasil. Ambas, sin embargo, se com- LE GOFF, Jacques. Documento/Monu-
fuerte que podemos relacionar con una plementan, creando un sentido solo en mento. In: ______. História e memória.
memoria como las que parecen hereda- la unión, en la lectura del “todo articu- Lisboa: Edições 70, 2000. v. 2, p. 103-115.
das. Maurice Halbwachs ya había re- lado”, es decir, en la lectura conjunta de (Coleção Lugar da História).
saltado que la memoria debe ser com- todos los elementos que forman la nar-
prendida e interpretada, sobre todo, rativa de la obra. “Memoria e Herencia: POLLAK, Michel. Memória e Identidade
como un fenómeno colectivo y social; Álbum de Familia” puede ser conside- Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro,
es decir, como un fenómeno construi- rada una obra relevante para una mejor v. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.
do colectivamente y sometido a trans- comprensión del significado de estos
formaciones. La creación de collages retratos como memoria social y heren- AZEVEDO, Célia Maria Marinho de.
digitales como forma de aproximaci- cia, en la aproximación y ampliación Onda Negra, Medo Branco: O Negro no
ón a este pasado crea un puente entre de las discusiones sobre lo que fue un Imaginário das Elites - Século XIX. Rio de
la memoria de un trauma social y una evento como la esclavitud de personas Janeiro, Paz e Terra, 1987.
utopía sensible. A través de la poética negras y cómo entender esta relación
de la visualidad de los entornos creados con esta herencia ancestral. A través de CARDIM, Mônica. Identidade branca e di-
por el artista, es posible una aproxima- las imágenes, Rynnard reconstruye una ferença negra: Alberto Henschel e a repre-
ción educativa en relación a la cultura memoria traumática e intensa de uno sentação do negro no Brasil do século XIX.
afrobrasileña y la construcción de una de los períodos más dolorosos de la his- 2012. Dissertação (Mestrado em Estética e
resignificación de su pasado. toria de la humanidad, con el propósito História da Arte) - Estética e História da
no solo de conocer mejor su propia his- Arte, Universidade de São Paulo, São Paulo,
toria, sino de recordar a la humanidad 2012.
lo que fue y lo que puede ser capaz de
lograr. SALOMÃO, Waly. Algaravias: câmara de
ecos. Rio de Janeiro: Rocco, 2007
telma cristina damasceno silva-fath
a fotografia
e a colagem
Um panorama sobre o uso da colagem no universo das
artes visuais com recursos como papéis, madeira, jornais e
softwares de edição de fotos.
Professora Adjunta da Escola de Belas Artes, UFBA, chefe do Departamento de Expressão Gráfica e Tridimensional. Possui mestrado
e doutorado em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia, especialização em Fotografia Técnica pela Staatliche Fachschule für
Optik und Fototecninik Berlin (1993) e é graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (1986). De-
senvolve pesquisa sobre teoria e história da fotografia, com destaque na Bahia, e também é colunista de arte no jornal A Tarde.
A introdução da colagem no ambiente composições com duplo sentido, em La introducción del collage en el ámbito
artístico, no início do século 20, com espaços desconexos, refletindo o caos artístico a principios del siglo XX, con
os cubistas, foi, sem dúvida, um marco gerado pelas consequências da Primeira los cubistas, fue sin duda un hito im-
importante no sentido de agregar no- Guerra Mundial. No Surrealismo, elas portante en cuanto a la incorporación
vas possibilidades criativas à aparência aparentam construções inusuais, onde de nuevas posibilidades creativas en la
e conteúdo da obra de arte. A colagem
simbologias manifestadas através do apariencia y el contenido de la obra de
surge como via de questionamento à
pintura clássica, rompendo com a uni- inconsciente do artista. Já no Constru- arte. El collage surgió como una vía de
dade tradicional que até aquele mo- tivismo russo, as fotocolagens ganham cuestionamiento a la pintura clásica,
mento predominava no meio artístico. um significado diferente do ocidente, rompiendo con la unidad tradicional
Na busca de uma visualidade moder- refletindo mensagens de cunho político que hasta ese momento predominaba
na, fragmentos de diferentes materiais social e propaganda. É certo que a inser- en el mundo artístico. En la búsqueda
como vidro, madeira, tecido, papéis, ção de fragmentos fotográficos no inte- de una visualidad moderna, fragmentos
jornais, etc., passam a fazer parte do rior da obra de arte tinha o objetivo de de diferentes materiales como vidrio,
universo compositivo da obra de arte, fazer uma analogia com a realidade ex- madera, tela, papel, periódicos, etc.,
juntamente com elementos pictóri- terior, marcada por acontecimentos de pasaron a formar parte del universo
cos. Daí em diante, a colagem passa a
ordem política e elementos referentes à compositivo de la obra de arte, junto
transitar por períodos subsequentes
da história da arte nos movimentos cultura de massa. Contudo, é importan- con elementos pictóricos. A partir de
de vanguarda: Futurismo, Dadaísmo te ressaltar que os termos montagem, entonces, el collage comenzó a recor-
e Surrealismo; também no Construti- foto colagem e fotomontagem apare- rer los períodos posteriores de la his-
vismo Russo; posteriormente, na Pop cem nas diferentes correntes artísticas toria del arte en los movimientos de
Art, e chegando à contemporaneidade com conceitos distintos, entretanto, a vanguardia: Futurismo, Dadá y Surrea-
como estrutura de concepção e produ- técnica da colagem é comum a todos, lismo; así como en el Constructivismo
ção de imagens em trabalhos artísticos. exceto resultado plástico dos trabalhos Ruso; posteriormente, en el Pop Art,
Inicialmente, as colagens fotográfi- que seguia os padrões estéticos estabe- llegando a la contemporaneidad como
cas aparecem atreladas ao movimento lecidos por cada movimento. una estructura de concepción y pro-
Dadaísta num contexto de sátira com
ducción de imágenes en trabajos ar-
tísticos. Inicialmente, las fotocolagens
aparecieron vinculadas al movimiento
Dadá en un contexto de sátira con com-
posiciones de doble sentido en espacios
Uma prática popular desconectados, reflejando el caos gene- tenían como pasatiempo la creación de
rado por las consecuencias de la Prime- álbumes con fotocolagens. Este hábi-
Una práctica popular ra Guerra Mundial. En el Surrealismo, to también se difundió en Francia. En
estas parecían construcciones inusuales el Museo de Orsay, en París, existen
Antes de ser utilizada pelos artistas, a fo- donde simbolismos se manifestaban a algunas colages basadas en fotografías
tografia associada à colagem já era uma través del inconsciente del artista. En el procedentes de un álbum titulado “Ob-
prática popular na Europa. É conhecido Constructivismo ruso, las fotocolagens sesión”, que data de alrededor de 1860
que na Inglaterra Vitoriana mulheres da adquirieron un significado diferente al y es de autor desconocido. Este álbum
alta sociedade tinham como passatempo de Occidente, reflejando mensajes de fue desmontado y sus páginas se ven-
confeccionar álbuns com fotocolagens. carácter político y social y propagan- dieron por separado a museos y colec-
Esse hábito foi igualmente difundido da. Es cierto que la inserción de frag- cionistas privados. En 2010, el Museo
na França. No Museu d’Orsay, em Pa- mentos fotográficos en el interior de la Metropolitano de Arte de Nueva York
ris, existem algumas colagens com base obra de arte tenía como objetivo esta- organizó una de las exposiciones más
fotográfica proveniente de um álbum blecer una analogía con la realidad ex- grandes de este tipo, titulada “Jugando
intitulado Obsessão, datado de cerca terior, marcada por eventos políticos y con las Imágenes”, que presentó obras
de 1860, de autor desconhecido, que foi elementos relacionados con la cultura inéditas de colecciones públicas y pri-
desmontado e suas páginas vendidas se- de masas. Sin embargo, es importan- vadas. Estos trabajos, ricos en creativi-
paradamente a museus e colecionadores te destacar que los términos monta- dad, combinan acuarelas y fotografías
privados. Em 2010, o Metropolitan Mu- je, fotocollage y fotomontaje aparecen recortadas y pegadas realizadas por ma-
seum de Arte de Nova York organizou en las diferentes corrientes artísti- nos talentosas de anónimos entre 1860
uma das maiores exposições do gêne- cas con conceptos distintos, aunque la y 1870. También en Rusia y Alemania,
ro, intitulada Playing with Pictures, que técnica del collage es común a todos, en las décadas de 1920 y 1930, la foto-
apresentou obras inéditas de coleções siendo el resultado plástico de los tra- colagem se difundió con fines políticos
públicas e privadas. Rico em criativida- bajos el que seguía los estándares esté- entre las clases proletarias. Como arte
de, esses trabalhos combinam desenhos ticos establecidos por cada movimiento. popular y revolucionario, se ofrecían
em aquarela e fotografias, recortadas e Antes de ser utilizada por los artis- cursos prácticos en asociaciones obre-
coladas, realizadas por mãos talentosas tas, la fotografía asociada al collage ras con el fin de difundir la técnica.
de anônimos entre o período do de 1860 ya era una práctica popular en Euro- Mientras que el collage, en la prime-
pa. Se sabe que en la Inglaterra victo- ra mitad del siglo XX, era la unión de
riana, las mujeres de la alta sociedad dos realidades distintas en un plano
e 1870. Também na Rússia e Alemanha, No começo dos anos 2000, conheci os ajeno a ambas, hoy en día, en los collages
nas décadas de 1920 e 1930, a fotocola- trabalhos de colagem digital de dois digitales, el plano y la realidad se con-
gem foi difundida com função política artistas europeus que me marcaram densan, simulando un espacio único. No
entre as classes proletárias. Como arte profundamente: a alemã Loretta Lux es sorprendente que la sofisticación de
popular e revolucionária, cursos prá- e o holandês Ruud van Empel. Mesmo las nuevas tecnologías sea capaz de me-
ticos eram oferecidos em associações considerando as diferentes motivações zclar aspectos de diferentes medios de
operárias no sentido de propagação da e conceitos desses artistas, na época, manera imperceptible. Los programas
técnica. oefeito ambíguo concretude e ilusão interactivos simulan texturas como las
das imagens me impressionou. Nesse de un trazo de lápiz o una pincelada de
contexto,gostaria de falar sobre o ar- pintura. El archivo electrónico, cada vez
Colagem digital tista visual mineiro Rynnard Milton, más sujeto a cambios de cualquier tipo,
mestrando do Programa De Pós-Gra- imita varios medios técnicos, reflejando
Collage digital duação em Artes Visuais da Escola de sincrónicamente el realismo fotográfico
Belas Artes (UFBA), que também tem y la fantasía pictórica. A principios de
Enquanto que a colagem, na primeira como referência na sua obra o artista la década de 2000, conocí el trabajo de
metade do século 20, era a união de duas Ruud van Empel. Rynnard desenvolve, collage digital de dos artistas europeos
realidades distintas em um plano estra- atualmente,uma pesquisa com colagem que me impactaron profundamente: la
nho a ambas, hoje, nas colagens digitais, digital que abrange a ressignificação alemana Loretta Lux y el holandés Ruud
plano e realidade se condensam simu- de fotografias e documentos históri- van Empel. A pesar de las diferentes
lando um único espaço. Não é novidade cos. Para o artista, a colagem digital é motivaciones y conceptos de estos artis-
que o requinte das novas tecnologias é uma potente linguagem de construção tas, en ese momento, el efecto ambiguo
capaz de misturar aspectos de diferen- de novas narrativas. Ele tira proveito de concreción e ilusión de las imágenes
tes meios de maneira imperceptível. Os das vantagens e acessibilidade dos pro- me impresionó. En este contexto, me
programas interativos simulam textu- gramas de edição no sentido prático da gustaría hablar sobre el artista visual
ras como a de um traço de lápis ou uma execução de seus trabalhos, selecionan- mineiro Rynnard Milton, estudiante de
pincelada de tinta. O arquivo eletrônico, do e planejando os elementos para a posgrado del Programa de Posgrado en
cada vez mais passível de alterações, de composição. Grande parte do material Artes Visuales de la Escuela de Bellas
qualquer ordem, imita vários meios téc- utilizado por Rynnard para confecção Artes (Ufba), que también se inspira en
nicos, refletindo sincronicamente o re- de suas obras é oriunda de buscadores su obra en el artista Ruud van Empel.
alismo fotográfico e a fantasia pictórica.
na internet e bancos de imagens. Sua contudo, ela é um dos principais meios Rynnard desarrolla actualmente una in-
atual pesquisa surgiu a partir de retra- artísticos capaz de refletir a hibridiza- vestigación con collage digital que abar-
tos pintados no Nordeste para ilustrar ção cultural estética contemporânea. ca la resignificación de fotografías y do-
a figura humana que posteriormente o cumentos históricos. Para el artista, el
conduziram à descoberta de retratos do collage digital es un poderoso lenguaje
fotógrafo Albert Henschel. Proprietá- para la construcción de nuevas narrati-
rio do estúdio Photographia Alemã, ele vas. Aprovecha las ventajas y la accesi-
se estabeleceu em Salvador em torno bilidad de los programas de edición en
de 1868. Foi um dos mais importantes la ejecución práctica de sus trabajos, se-
fotógrafos do Brasil, autor de um vasto leccionando y planificando los elemen-
acervo de retratos de negros e escravi- tos para la composición. Gran parte del
zados no século 19. Rynnard encontrou material utilizado por Rynnard para la
na foto colagem digital uma ferramen- creación de sus obras proviene de mo-
ta para elaboração de um discurso crí- tores de búsqueda en Internet y bancos
tico político que ultrapassa a aparência de imágenes. Su investigación actual
estética das imagens. Ele declara: “As surgió a partir de retratos pintados en
visualidades que eu crio sempre estão el Nordeste para ilustrar la figura hu-
ligadas às memórias das casas de mi- mana que posteriormente lo llevaron
nhas tias e vizinhas, num movimento de al descubrimiento de retratos del fotó-
resgatar camadas desses espaços de afe- grafo Albert Henschel. Propietario del
to, de acolhimento e de nostalgia”. Ao estudio Photographia Alemã, se estab-
se apropriar das imagens do fotógrafo leció en Salvador alrededor de 1868. Fue
alemão, Rynnard descola seu contexto uno de los fotógrafos más importantes
original e a ressignifica com suas lem- de Brasil, autor de una extensa colec-
branças estabelecendo, assim, novas re- ción de retratos de negros y esclavos
lações plásticas e poéticas. Decerto que en el siglo XIX. Rynnard encontró en
a colagem digital promoveu uma maior el fotocolage digital una herramienta
complexidade na maneira de abordar para la elaboración de un discurso crí-
as imagens no campo das artes visuais, tico político que trasciende la aparien-
cia estética de las imágenes. Él declara:
“Las visualidades que creo siempre es-
tán relacionadas con los recuerdos de
las casas de mis tías y vecinas, en un
movimiento de rescatar capas de estos
espacios de afecto, acogida y nostalgia”.
Al apropiarse de las imágenes del fo-
tógrafo alemán, Rynnard las separa de
su contexto original y les da un nuevo
significado con sus recuerdos, estable-
ciendo así nuevas relaciones plásticas
y poéticas. Sin duda, el collage digital
ha promovido una mayor complejidad
en la forma de abordar las imágenes
en el campo de las artes visuales, pero
es uno de los principales medios artís-
ticos capaces de reflejar la hibridaci-
ón cultural y estética contemporánea.
eliana del rosario
entre píxeles y
recuerdos: un viaje a
través de la memoria
ancestral
Eliana Del Rosario, nasceu na República Dominicana. Formada em Bacharelado em Cinema e Audiovisual na UNILA, Brasil,
Bacharel em Artes Visuais e técnico-artístico em Fotografia, Lic. Publicidade, Criatividade e Gestão, (UASD) Rep. Dom.
En el lienzo digital de mi existencia, somos más que las etiquetas que el mun- No quadro digital da minha existência,
las imágenes bailan entre píxeles, un do intenta colgarnos. Somos una amal- as imagens dançam entre pixels, um co-
collage de recuerdos y representacio- gama de culturas, una fusión de tradicio- lagem de memórias e representações.
nes. Cada fotografía es una ventana nes que se entretejen como hilos en un Cada fotografia é uma janela para o pas-
al pasado, una reliquia en la galería de tapiz multicolor. La memoria familiar sado, uma relíquia na galeria da minha
mi memoria. En cada clic de la cáma- se convierte en un acto de preservación. memória. Em cada clique da câmera, en-
ra, encuentro una fusión de lo tangible Cada imagen es un eslabón en la cadena contro uma fusão do tangível e do etéreo,
y lo etéreo, una danza entre lo real y lo que conecta generaciones, una cápsula uma dança entre o real e o imaginário.
imaginario. Las fotografías, esas huellas del tiempo que nos permite viajar atrás As fotografias, essas marcas do tempo
de tiempo impresas en papel y pixela- y abrazar a nuestros seres queridos, in- impressas em papel e pixeladas em telas,
das en pantallas, se convierten en por- cluso cuando ya no están físicamente tornam-se portais para a minha histó-
tales hacia mi historia, mi identidad. presentes. Las risas con mis abuelos, ria, minha identidade. Minha memória
Mi memoria es un álbum de fotos di- los abrazos apretados con mis padres; é um álbum de fotos digital, repleto de
gital, lleno de instantáneas que narran cada fotografía es un eco de amor, una instantâneas que contam a história da
la historia de mi familia, de mis raíces promesa de que las historias de nues- minha família, das minhas raízes entre-
entrelazadas con la sombra del pasado. tra familia seguirán siendo contadas. laçadas com a sombra do passado. Em
En cada fotografía, veo a mis antepa- Pero la memoria también se transforma cada fotografia, vejo meus antepassados
sados mirándome desde ojos oscuros, en arte digital, una expresión contem- olhando para mim com olhos escuros,
sus rostros portadores de historias poránea de nuestra experiencia. En la seus rostos portadores de histórias que
que resuenan en mi ser. La fotografía pantalla de mi computadora, manipulo ecoam em meu ser. A fotografia se tor-
se convierte en un acto de resistencia, las imágenes de mi infancia, las colo- na um ato de resistência, uma afirma-
una afirmación de nuestra existencia en res vibrantes y las sombras profundas ção da nossa existência em um mundo
un mundo que a menudo trata de ne- se convierten en mi lienzo. A través del que frequentemente tenta nos negar.
garnos. Estas imágenes no son simples arte digital, fusiono lo antiguo con lo Essas imagens não são simples captu-
capturas del tiempo, son obras de arte nuevo, creando una narrativa visual que ras do tempo, são obras de arte híbri-
híbridas, mezclas de lo antiguo y lo nue- trasciende las limitaciones del tiempo y das, misturas do antigo e do novo. No
vo. En el lienzo digital, las texturas de el espacio. Y en cada obra de arte digi- quadro digital, as texturas do antigo se
lo viejo se entrelazan con la brillan- tal, veo la representación negra florecer. entrelaçam com o brilho do moderno,
tez de lo moderno, creando una síntesis
de identidad. En cada foto, veo la re-
presentación de una realidad compleja;
Los tonos de ébano y marfil se entrela- que trasciende todas las barreras. En criando uma síntese de identidade. Em
zan en un baile armonioso, celebrando cada imagen, encontramos nuestra ver- cada foto, vejo a representação de uma
la riqueza de nuestra diversidad. La re- dad, nuestra libertad y nuestra eternidad. realidade complexa; somos mais do que
presentación negra se convierte en un os rótulos que o mundo tenta nos im-
acto de afirmación, un grito de orgullo por. Somos uma amalgama de culturas,
que resuena a través de cada trazo di- uma fusão de tradições que se entrela-
gital. Somos belleza en su forma más çam como fios em um tapete multico-
pura, somos una historia de resistencia lorido. A memória familiar se torna um
y triunfo, capturada en cada obra de ato de preservação. Cada imagem é um
arte que creamos. En última instancia, elo na corrente que conecta gerações,
la memoria y la representación se fun- uma cápsula do tempo que nos permi-
den en un vínculo sagrado, una sinfo- te viajar de volta e abraçar nossos en-
nía de imágenes y emociones que dan tes queridos, mesmo quando não estão
forma a nuestra identidad. A través de fisicamente presentes. As risadas com
la fotografía, el arte híbrido y el arte meus avós, os abraços apertados com
digital, honramos a aquellos que vi- meus pais; cada fotografia é um eco de
nieron antes que nosotros, tejemos las amor, uma promessa de que as histórias
historias de nuestra familia en el tapiz de nossa família continuarão a ser con-
del tiempo y afirmamos nuestra negri- tadas. Mas a memória também se trans-
tud con cada píxel y cada trazo. En este forma em arte digital, uma expressão
universo de memoria y representación, contemporânea de nossa experiência.
encontramos nuestra voz, nuestra fuer- Na tela do meu computador, eu mani-
za y nuestra belleza. Somos una obra pulo as imagens da minha infância, as
de arte en constante evolución, una cores vibrantes e as sombras profundas
historia que se despliega en cada ima- se tornam minha tela. Através da arte
gen que compartimos con el mundo. digital, eu uno o antigo ao novo, crian-
En cada foto, en cada obra digital, so- do uma narrativa visual que transcen-
mos eternos, somos infinitos, somos de as limitações do tempo e do espaço.
una celebración de la vida y del amor E em cada obra de arte digital, vejo
os tons de ébano e marfim se entrela-
çam em uma dança harmoniosa, cele-
brando a riqueza de nossa diversidade.
A representação negra se torna um ato
de afirmação, um grito de orgulho que
ressoa através de cada traço digital. So-
mos beleza em sua forma mais pura,
somos uma história de resistência e
triunfo, capturada em cada obra de arte
que criamos. Em última análise, memó-
ria e representação se fundem em um
elo sagrado, uma sinfonia de imagens e
emoções que moldam nossa identidade.
Através da fotografia, da arte híbrida
e da arte digital, homenageamos aque-
les que vieram antes de nós, tecemos
as histórias de nossa família no tapete
do tempo e afirmamos nossa negritu-
de com cada pixel e cada traço. Neste
universo de memória e representação,
encontramos nossa voz, nossa força e
nossa beleza. Somos uma obra de arte
em constante evolução, uma história
que se desenrola em cada imagem que
compartilhamos com o mundo. Em
cada foto, em cada obra digital, so-
mos eternos, somos infinitos, somos
uma celebração da vida e do amor que
transcende todas as barreiras. Em cada
imagem, encontramos nossa verda-
de, nossa liberdade e nossa eternidade.
mônica cardim
o olhar tipificador de
henschel
Mônica Cardim – São Paulo/SP – 1967. Graduação em Artes Plásticas (FAAP, 1989), Licenciatura em Educação Artística (FAAP, 1992) e Mestre
em Artes na Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte (USP/CAPES, 2012). Atua como artista plástica, fotógrafa, gestora
cultural, educadora e pesquisadora com produção sobre a representação de pessoas negras no Brasil. Identidade, ancestralidade, memória e
afetos constituem a essência de sua pesquisa, bem como a relação existente entre representação visual e poder.
Texto reproduzido da dissertação de mestrado Identidade branca e diferença negra: Alberto Henschel e a representação do negro no Brasil
do século XIX, de Mônica Cardim, PGEHA-USP, 2012. Autorizado pela autora.
Moara Tupinambá é ARTivista visual e curadora autônoma, natural de Mairi (Belém do Pará). É tupinambá e sua ancestralidade é de origem da região
do Baixo Tapajós. Retomar o direito de se autoafirmar tupinambá é a sua luta contra o etnocídio dos povos originários, que muitos foram dados por
extintos pelo estado brasileiro. Seu pai é da comunidade rural de Cucurunã/Santarém e a sua mãe de Santarém/Vila de Boim/Rio Tapajós. Atualmente
faz parte do coletivo de mulheres artistas paraense MAR, sócia do Colabirinto e vice-presidente da associação multiétnica Wyka Kwara.
Saiba mais sobre a artista no site moaratupinamba.com ou no Instagram @moaratupinamba.
A artista indígena Moara Tupinambá Com a série Mirasawá, ela abor- La artista indígena Moara Tupinambá
tece uma narrativa que entrelaça corpo, da as feridas históricas que os po- teje una narrativa que entrelaza cuerpo,
memória, gênero e raça, transformando vos indígenas carregam desde 1500. memoria, género y raza, convirtiendo
esses temas em fios condutores de sua A arte de Moara Tupinambá se esten- estos temas en hilos conductores de su
produção artística. Em uma conversa de para além das telas digitais, ocupan- producción artística. En una conversaci-
que revela as camadas de significado de do espaços urbanos com suas obras. Ela ón que revela las capas de significado de
seu trabalho, Moara compartilha sua vi- acredita que ao fazer isso, sua arte se su trabajo, Moara comparte su visión del
são de mundo, sua ligação com a nature- torna uma “democracia da arte”, acessí- mundo, su conexión con la naturaleza y
za e sua luta para dar voz a histórias que vel a todos. Ao levar sua visão de mun- su lucha por dar voz a historias que han
foram silenciadas ao longo da história. do às ruas, Moara transforma a paisa- sido silenciadas a lo largo de la historia.
Em suas obras, ela traz retratos de gem urbana e introduz uma narrativa En sus obras, ella presenta retratos de
mulheres indígenas, muitas vezes des- rica com elementos de sua cosmovisão, mujeres indígenas, a menudo descono-
conhecidas do grande público, cujas uma imagem que raramente vemos na cidas para el gran público, pero cuyas
histórias carregam uma importância mídia tradicional, em nosso dia a dia. historias llevan consigo una importan-
inestimável. “Qual a importância dela Sua colagem não é apenas estética; ela cia incalculable. “¿Cuál es su importan-
no lugar que ela está? pra sua comunida- é uma forma de expressar um discurso cia en el lugar en el que se encuentra
de e pra sua família. Enfim, pra luta, né? político-crítico. A colagem digital per- en la comunidad en la que está, para
Das mulheres, que foram muito apaga- mite a artista expressar mensagens for- la familia? En fin, para la lucha, ¿no es
das”, destaca Moara, ao trazer à tona tes e acessíveis, engajando com público. así? De las mujeres que han sido muy
a relevância da representatividade das No entanto, o reconhecimento da co- invisibilizadas”, destaca Moara, al resal-
mulheres indígenas em seu trabalho. lagem digital como uma forma legíti- tar la relevancia de la representatividad
A colagem digital emerge como uma ma de arte ainda é um desafio. Moara de las mujeres indígenas en su trabajo.
linguagem poderosa para a artista. Ao se reconhece que, embora sua arte seja La técnica de la colage digital emerge
apropriar dessa técnica, Moara expres- apreciada pelas pessoas, muitas vezes como un lenguaje poderoso para la ar-
sa sua relação com a terra e suas raízes. ela encontra resistência nos espaços tista. Al apropiarse de esta técnica, Mo-
Sua arte se torna uma conexão profun- institucionais, como museus e galerias. ara expresa su relación con la tierra y sus
da com a natureza, com as florestas, rios raíces. Su arte se convierte en una co-
e todos os elementos que compõem a nexión profunda con la naturaleza, con
Mãe Terra. Além disso, algumas de suas los bosques, ríos y todos los elementos
colagens são um instrumento de de- que componen la Madre Tierra. Ade-
núncia, retratando as consequências da más, algunas de sus colages son un ins-
colonização e da destruição ambiental. trumento de denuncia, explorando las
O preconceito contra a colagem digi- consecuencias de la colonizaci- encuentra resistencia en los espacios
tal é um obstáculo que os artistas desse ón y la destrucción ambiental. Con institucionales, como museos y gale-
meio enfrentam, mesmo que sua arte la serie Mirasawá, aborda las heri- rías. El prejuicio contra la colage digi-
seja impactante e significativa : ‘’Quan- das históricas que los pueblos in- tal es un obstáculo que los artistas de
do eu participo de editais, como artista, dígenas llevan consigo desde 1500. este medio enfrentan, incluso cuando
assim como Gê Viana e outros artistas La obra de Moara Tupinambá se ex- su arte es impactante y significativo.
que são do lambe, o nosso trabalho não tiende más allá de las pantallas digita- “Cuando participo en convocatorias,
é colocado nos primeiros lugares. Não les, ocupando espacios urbanos con sus como artista, al igual que Gê Viana y
passamos em primeiro lugar. Mas aí creaciones. Ella cree que al hacerlo, su otros artistas del Lambe Lambe, nues-
você vê : Das 50 pessoas que passaram, arte se convierte en una “democracia tro trabajo no se coloca en primer lugar,
se não me engano, as 3 últimas eram do del arte”, accesible para todos. Al llevar por ejemplo. No pasamos en primer lu-
lambe lambe e da colagem. Os primei- su visión del mundo a las calles, Moara gar, por ejemplo. Pero entonces ves que
ros que passaram eram da pintura. E aí transforma el paisaje urbano e introdu- de las 50 personas que pasaron, si no me
eu vejo muito essa dificuldade mesmo ce una narrativa rica en culturas indíge- equivoco, las 3 últimas eran del Lambe
do próprio lambe não ser considera- nas, una imagen que rara vez vemos en Lambe y de la colage. Los primeros que
do uma arte por excelência, nem pe- los medios de comunicación tradiciona- pasaron eran de la pintura. Y veo mu-
las próprias pessoas que chamam pra les en nuestra vida cotidiana. Su cola- cho esta dificultad incluso en el propio
fazer murais. Eu vejo também que nos ge no es solo estética; es una forma de Lambe Lambe de no ser considerado un
museus, nas galerias também é mais expresar un discurso político crítico. La arte por excelencia, ni siquiera por las
difícil a colagem’’ finaliza a artista. colage le permite crear mensajes fuertes mismas personas que llaman para hacer
O Museu da Silva, um projeto de Moa- y accesibles, involucrando al público de murales, por ejemplo, y veo que tambi-
ra, visa o resgate da memória ancestral manera rápida y efectiva, con el obje- én en los museos, en las galerías, la co-
através da fotografia. Embora a cola- tivo de generar un activismo artístico. lage es más difícil”, concluye la artista.
gem não seja uma parte direta desse Sin embargo, el reconocimiento de la El Museo da Silva, un proyecto de
museu, a pesquisa que ela conduz con- colage digital como una forma legí- Moara, tiene como objetivo rescatar
tribui para a preservação da história tima de arte sigue siendo un desafío. la memoria ancestral a través de la fo-
de seu povo. Moara busca formas de Moara reconoce que, aunque su arte es tografía. Aunque la colage no es una
“hackear o sistema” para recuperar as apreciado por las personas, a menudo parte directa de este museo, la inves-
imagens de seus antepassados, recons- tigación que lleva a cabo contribuye a
truindo e compartilhando essa histó- la preservación y resignificación de la
ria com sua comunidade e o mundo. historia de su pueblo. Moara busca for-
mas de “hackear el sistema” para recu-
perar las imágenes de sus antepasados,
A artista enfrenta desafios para encon- Moara Tupinambá é, indiscutivelmen- reconstruyendo y compartiendo esta
trar imagens que representem adequa- te, uma artista que transcende os li- historia con su comunidad y el mundo.
damente os elementos de suas raízes. A mites da criação digital, trazendo à La artista enfrenta desafíos para en-
escassez de certas temáticas e a dificul- tona discussões sobre ancestralidade, contrar imágenes que representen
dade em obter imagens autênticas de memória e resistência, tudo envolto adecuadamente los elementos de sus
sua região levam Moara a explorar a fo- em uma expressão artística que desa- raíces. La escasez de ciertas temáti-
tografia autoral, usando seu celular para fia preconceitos, transforma paisagens cas y la dificultad para obtener imá-
registrar elementos naturais e culturais urbanas e se destaca em seu proces- genes auténticas de su región llevan
que darão vida às suas futuras criações. so criativo singular. Através de suas a Moara a explorar la fotografía auto-
Moara também se aventura na inte- colagens, ela traça um mapa onde as ral, utilizando su celular para capturar
gração de ferramentas de inteligên- cores e formas contam histórias pro- elementos naturales y culturales que
cia artificial em seu processo criativo. fundas, um testemunho de sua ances- darán vida a sus futuras creaciones.
Embora polêmica para alguns, ela vê tralidade e da luta indígena no Brasil. Moara también se aventura en la inte-
essa tecnologia como uma maneira gración de herramientas de inteligencia
de otimizar sua busca por elementos artificial en su proceso creativo. Aunque
graças a possibilidade de gerar no- esto es polémico para algunos, ella ve esta
vas imagens. Moara Tupinambá en- tecnología como una manera de superar
contra formas de usar a IA para gerar obstáculos en la búsqueda de imágenes
elementos que, posteriormente, são auténticas y representativas. Moara Tu-
incorporados em suas colagens, mui- pinambá encuentra formas de utilizar
tas vezes depois de modificações que la IA para generar elementos que poste-
lhes conferem mais originalidade. riormente son incorporados en sus co-
Nas palavras da artista, ela “brinca” lages, a menudo después de modificacio-
com as imagens, retirando elementos nes que les confieren más originalidad.
e transformando-os em algo mais pes- En palabras de Moara, ella “juega” con
soal. Sua relação com a tecnologia é um las imágenes, extrayendo elementos y
exemplo de como a arte pode se adaptar transformándolos en algo más perso-
e evoluir, sem perder sua autenticidade. nal. Su relación con la tecnología es un
Moara é uma voz indígena que luta para ejemplo de cómo el arte puede adaptar-
preservar sua cultura e compartilhar se y evolucionar sin perder su autenti-
as histórias que ecoam por gerações. cidad. Moara Tupinambá es una voz in-
dígena y artista que lucha por preservar
su cultura y compartir las historias que
resuenan a lo largo de las generaciones.
Moara Tupinambá es, indiscutiblemen-
te, una artista que trasciende los límites
de la creación digital, planteando deba-
tes sobre identidad, memoria y resisten-
cia, todo ello envuelto en una expresión
artística que desafía prejuicios, trans-
forma paisajes urbanos y se destaca en
su proceso creativo singular. A través
de sus colages, traza un mapa en el que
los colores y formas cuentan historias
profundas, un testimonio de su ances-
tralidad y de la lucha indígena en Brasil.
diálogos
astronauta de mármore :
uma jornada na arte da
colagem
Igor Aquino, artista visual de 25 anos, também conhecido como ‘Astronauta de Mármore’, mora em Feira de Santana, cidade a 100
km de Salvador. Saiba mais sobre o artista no Instagram @astronautade.marmore.
Astronauta de Mármore, um artista re- também pode trazer desafios, como a “Astronauta de Mármore: Un
ferência no cenário brasileiro da cola- saturação de imagens disponíveis e a Viaje en el Arte del Collage”
gem, é um talentoso artista baiano que necessidade de se destacar em meio à Astronauta de Mármore, un nombre que
se aventura na criação artística através concorrência. Astronauta de Mármore ha ido cobrando relevancia en el esce-
da técnica de colagem, tanto digital pondera sobre a importância de conti- nario artístico brasileño de la collage, es
quanto analógica. Sua trajetória artísti- nuar acreditando no valor da arte di- un talentoso artista baiano que se aven-
ca começou a ganhar forma no final de gital e a sua identidade: “Tem alguns tura en la creación de obras a través de
2019, quando ele começou na colagem momentos em que eu já me peguei la técnica del collage, ya sea en el ámbito
digital. “Eu comecei a fazer colagem di- pensando assim, por eu estar fazen- digital o analógico. Su trayectoria artís-
gital e fazia muito para o meu Instagram do arte digital, será que ela tem menos tica comenzó a tomar forma a finales de
pessoal. As pessoas foram gostando e aí valor do que uma arte que estou fazen- 2019, cuando se sumergió en las profun-
eu também fui gostando, eu fui come- do de forma analógica? Só que hoje didades del collage digital. “Empecé a
çando a entender, a procurar conhecer eu consigo ver que é totalmente dife- hacer collages digitales y los compartía
mais daquilo. Resolvi fazer uma pági- rente, né? É a arte de qualquer forma, mucho en mi Instagram personal. A la
na.” Revelou o artista. A facilidade de só muda a ferramenta dela”, conclui. gente le empezaron a gustar, y yo tam-
acesso e disseminação da colagem di- A busca por recursos visuais e elemen- bién empecé a disfrutarlo, a entenderlo
gital é uma das vantagens que Astro- tos para suas criações é um aspecto fun- y a querer conocer más. Así que decidí
nauta de Mármore enxerga nessa for- damental do processo criativo de Astro- crear una página”, revela el artista. La
ma de expressão artística. Os recursos nauta de Mármore. Enquanto a colagem facilidad de acceso y difusión del collage
digitais, aplicativos, e as mídias sociais digital muitas vezes envolve o uso de digital es una de las ventajas que Astro-
permitem que seja mais democrática e imagens disponíveis na internet, a co- nauta de Mármore ve en esta forma de
alcance um público mais amplo. “Hoje, lagem analógica exige uma abordagem expresión artística. Los recursos digita-
a colagem digital é mais acessível. Exis- mais investigativa. “Sobre a colagem les, las aplicaciones y las redes sociales
tem muitos aplicativos que são gratui- analógica, eu tenho alguns sebos que me permiten que este lenguaje artístico sea
tos. A gente tem o Instagram, Facebook, concedem gratuitamente revistas, livros, democrático y llegue a un público más
Twitter, outras mídias digitais, em que catálogos. Eu gosto de pegar tudo o que é amplio. “Hoy en día, el collage digital
podemos compartilhar essa arte e as de revista de imagem, impressa, eu gos- es más accesible. Se puede hacer, ya que
pessoas conseguirem ter mais acesso do to muito”, descreve o artista. Ele se tor- existen muchas aplicaciones gratuitas.
que uma arte produzida manualmen- na um caçador de imagens, vasculhando Tenemos Instagram, Facebook, Twitter y
te”, pontua o artista. No entanto, para revistas antigas em busca de materiais. otras plataformas digitales donde po-
ele a abundância de recursos digitais As diferenças entre a colagem digital demos compartir este arte, y las perso-
nas pueden acceder más que a un arte
e analógica são notáveis, e Astronau- producido manualmente”, señala el ar- fácilmente disponibles en la era digital.
ta de Mármore destaca a sensibilidade tista. No obstante, la abundancia de Las diferencias entre el collage digital
como a principal distinção. Enquanto recursos digitales también puede plan- y analógico son notables, y Astronau-
a colagem digital permite uma busca tear desafíos, como la saturación de ta de Mármore destaca la sensibilidad
quase infinita por imagens e a possibi- imágenes disponibles y la necesidad como la principal distinción. Mientras
lidade de correções instantâneas, a co- de destacarse en medio de la compe- que el collage digital permite una bús-
lagem analógica envolve um processo tencia. Astronauta de Mármore refle- queda casi infinita de imágenes y la po-
mais demorado e reflexivo. A seleção de xiona sobre la importancia de seguir sibilidad de correcciones instantáneas,
imagens, a textura, a cor e a aplicação creyendo en el valor del arte digital y el collage analógico implica un proceso
de cola se tornam etapas significati- su identidad. “En algunos momentos, más lento y reflexivo. La selección de
vas na criação de uma obra. “No digi- me he preguntado si, al hacer arte di- imágenes, la textura, el color y la apli-
tal você tem um mundo de coisas. Você gital, este tiene menos valor que un arte cación de pegamento se convierten en
pode pesquisar qualquer coisa, qualquer que hago de manera analógica. Pero hoy pasos significativos en la creación de
imagem, qualquer pessoa que você vai puedo ver que es completamente dife- una obra. “En lo digital, tienes todo
ter ali na hora. Então é algo mais rá- rente, ¿verdad? Es arte de todas formas, un mundo de opciones. Puedes buscar
pido, supostamente mais fácil, porque solo cambia la herramienta”, reflexiona cualquier imagen, cualquier persona, y
você tem tudo ali”, compara o artista. el artista. La búsqueda de recursos vi- la tendrás al instante. Es algo más rápi-
O uso da inteligência artificial na cria- suales y elementos para sus creaciones do, supuestamente más sencillo porque
ção artística é uma tendência que divide es un aspecto fundamental del proceso lo tienes todo ahí”, compara el artista.
opiniões, e Astronauta de Mármore já creativo de Astronauta de Mármore. El uso de la inteligencia artificial en la
teve seus próprios preconceitos em re- Mientras que el collage digital a me- creación artística es una tendencia que
lação a essa ferramenta. Ele contou que nudo implica el uso de imágenes dispo- genera opiniones divididas, y Astro-
acreditava que a inteligência artificial nibles en Internet, el collage analógico nauta de Mármore ha tenido sus pro-
poderia roubar a essência da arte, mas requiere un enfoque más investigativo. pios prejuicios sobre esta herramienta.
ao longo do tempo, seu ponto de vista “Con respecto al collage analógico, ten- Creía que la inteligencia artificial po-
evoluiu. Ele percebeu que a IA pode ser go algunas tiendas de libros usados que dría robar la esencia del arte, pero con
incorporada de maneira criativa, desde me proporcionan revistas, libros y catá- el tiempo, su perspectiva ha evolucio-
que a identidade do artista seja mantida. logos de forma gratuita. Me gusta reco- nado. Ha comprendido que la inteli-
“Acho que a inteligência artificial é uma lectar todo tipo de revistas con imáge- gencia artificial puede incorporarse de
ferramenta que pode ser usada, pode ser nes impresas, eso me encanta”, describe manera creativa, siempre que se man-
incorporada. Ela pode facilitar muito, el artista. Se convierte en un cazador de tenga la identidad del artista. “Creo
mas ainda sou adepto da forma mais imágenes, buscando en revistas anti- que la inteligencia artificial es una her-
tradicional, mais analógica”, pondera. guas materiales que a menudo no están ramienta que se puede usar, se puede
O artista conta que busca ressignificar Astronauta de Mármore é um artis- se puede incorporar. Puede facili-
narrativas e identidades, especialmente ta que não apenas domina a técnica tar mucho, pero sigo siendo par-
por meio de suas obras de afrofuturis- da colagem, mas também utiliza essa tidario de la forma más tradicio-
mo. Ele vê na colagem digital a opor- forma de expressão artística para ex- nal, más analógica”, reflexiona.
tunidade de sonhar com um futuro em plorar, ressignificar e celebrar a com- Astronauta de Mármore es un artista
que a cultura afro-brasileira brilha com plexidade da identidade e cultura na- que busca resignificar narrativas e iden-
grandeza. “Afrofuturismo é algo novo, cional. Suas obras são janelas para um tidades, especialmente a través de sus
mas com um futuro, que é um sonho. futuro onde as barreiras são quebra- obras de afrofuturismo. Ve en el collage
Alguém sonhou para mim”, declara o das, e a grandiosidade da herança afro digital la oportunidad de soñar con un
artista. Além disso, suas reinterpreta- brasileira é reconhecida e celebrada futuro en el que la cultura afrobrasileña
ções de obras clássicas brasileiras, usan- com toda a sua riqueza e diversidade. brille con grandeza. “El afrofuturismo
do a técnica de colagem, unem o passa- es algo nuevo, pero con un futuro, es un
do e o presente de maneira criativa. Em sueño. Alguien soñó para mí”, declara el
um mundo cada vez mais globalizado e artista. Además, sus reinterpretaciones
híbrido, as colagens de Astronauta de de obras clásicas brasileñas utilizando
Mármore são um reflexo da comple- la técnica del collage unen el pasado y
xidade de sua própria identidade e da el presente de manera creativa, resal-
sociedade fragmentada em que vive- tando la evolución de su arte y su iden-
mos. Ao mesclar ícones da cultura pop tidad artística. En un mundo cada vez
ocidental e manifestações da cultura más globalizado y híbrido, los collages
afro-brasileira, ele cria um universo ar- de Astronauta de Mármore reflejan la
tístico híbrido e multifacetado. “A pa- complejidad de su propia identidad y de
lavra híbrido é muito interessante. Eu la sociedad fragmentada en la que vi-
acho que ela cabe muito nisso. A gente é vimos. Al mezclar íconos de la cultura
fruto daquilo que a gente consome, da- pop occidental con manifestaciones de
quilo que a gente vê, daquilo que a gente la cultura afrobrasileña, crea un univer-
tem”, ressalta. Suas obras refletem uma so artístico híbrido y multifacético. “La
visão de esperança, de um futuro gran- palabra ‘híbrido’ es muy interesante.
dioso e glorioso para as pessoas negras, Creo que encaja muy bien en esto. So-
e ele busca transmitir essa identidade mos el resultado de lo que consumimos,
e visão por meio de suas composições. de lo que vemos y de lo que tenemos”,
reflexiona el artista. Sus obras refle-
jan una visión de esperanza, un futuro
grandioso y glorioso para las personas
negras, y busca transmitir esa identidad
y visión a través de sus composiciones.
Astronauta de Mármore es un artista
que no solo domina la técnica del colla-
ge, sino que también utiliza esta forma
de expresión artística para explorar, re-
significar y celebrar la complejidad de
la identidad y la cultura nacional. Sus
obras son ventanas a un futuro en el que
las barreras se rompen y la grandeza de
la herencia afrobrasileña se reconoce y
celebra en toda su riqueza y diversidad.
diálogos
senegambia :
um griot da colagem
digital
Criada em 2014, pelo designer e artista gráfico, Luang Senegambia Dacach Gueye. A Senegambia resgata um tema que começou a ser
investigado pelo artista ainda na sua graduação em design gráfico, no ano de 2003. Foco artístico principal estão a cultura religiosa
afro-brasileira e o combate ao racismo. Entrevista concedida em outubro de 2023.
Saiba mais sobre o artista no site senegambia81.com.br ou pelo Instagram @senegambia81
Em um mundo onde a expressão ar- algo que eu conhecia. O Terreiro- En un mundo donde la expresión artís-
tística se entrelaça com a tecnologia, foi essencial para a minha conexão tica se entrelaza con la tecnología, surge
surge Senegambia, um artista que tece com a minha negritude. No momen- Senegambia, un artista que teje narrati-
narrativas profundas e resgata as raízes to da execução do trabalho, é uma co- vas profundas y rescata las raíces de la
da religião de matriz africana através nexão íntima, pessoal, individual.” religión de matriz africana a través de
da colagem digital. O artista conta que Senegambia reflete sobre a acessibilida- la colage digital. El artista cuenta que su
o encontro com a técnica ocorreu du- de da colagem digital como uma lingua- encuentro con la técnica ocurrió duran-
rante seus dias de formação em Design gem artística. Em um país marcado por te sus días de formación en Diseño Grá-
Gráfico na faculdade, nos anos 2000. desigualdades, o fato de que a verdadei- fico en la universidad, en los años 2000.
Senegambia destaca-se por sua conexão ra acessibilidade é uma meta ainda dis- Senegambia se destaca por su conexión
intrínseca com as religiões de matriz tante: ‘’Acho que nada no Brasil é aces- intrínseca con las religiones de matriz
africana, particularmente o candom- sível, muito menos democrático, né? Eu africana, particularmente el candomblé.
blé. Suas obras são um reflexo de sua me considero, enfim, por uma questão Sus obras son un reflejo de su investiga-
investigação e expressão de sua história da história da minha vida, eu sou um ción y expresión de su historia y ances-
e ancestralidade. Para ele, a colagem di- cara cheio de muitos privilégios assim e tralidad. Para él, la colage digital es más
gital é mais do que uma técnica; é um muitas facilitações e de acesso a estudo que una técnica; es un portal personal e
portal pessoal e íntimo para suas raízes e à ferramenta. Embora eu veja cada vez íntimo para sus raíces afrobrasileñas. A
afro-brasileiras. Através de símbolos e mais uma galera que não tem um aces- través de símbolos y elementos de estas
elementos dessas religiões, Senegambia so tão fácil como eu tive e produzindo, religiones, Senegambia teje un tejido
tece um tecido narrativo que conecta sua mas não a ponto de dizer que é aces- narrativo que conecta su propia jornada
própria jornada à de sua herança cultu- sível nem democrático, né?” Finaliza. a la de su herencia cultural. La expresión
ral. A expressão de sua ancestralidade No entanto, ele vê a colagem digital de su ancestralidad es intrínseca al tra-
é intrínseca ao trabalho de Senegam- como uma técnica que, uma vez dispo- bajo de Senegambia, impregnando sus
bia, permeando suas obras com sím- nível, torna a expressão mais direta e obras con símbolos de las religiones de
bolos das religiões de matriz africana: menos restrita, superando algumas bar- matriz africana: “Creo que el 95% de las
“Acredito que 95% das artes que faço reiras técnicas de outras formas de arte. artes que hago tienen alguna referencia
tem alguma referência direta do can- Senegambia reconhece a importância directa al candomblé y a las derivaciones
domblé e das, digamos assim, e deriva- da ocupação do espaço público com estéticas de la influencia del candomblé
ções estéticas da influência do candom- sua arte, mas também compartilha a en la sociedad y en la cultura brasileña
blé na sociedade e na cultura brasileira luta de equilibrar essa aspiração com as en su conjunto. Aunque no tengo un
como um todo. Embora eu seja um cara demandas da vida cotidiana : “Eu acho historial de vivencia en un terreiro des-
que eu não tenha um histórico de vivên- de que era niño, era algo que conocía.
cia de terreiro familiar desde criança, foi Y de adulto, siendo hijo de una familia
fundamental a ocupação do espaço de clase media blanca, es mi trabajo. lidio casi a diario. No puedo priorizarlo
público. Eu me cobro por não fazer Sirve esencialmente para mi conexión porque tengo demandas de trabajo, de
isso com mais frequência. É um fan- con mi negritud. En el momento de la vida cotidiana, profesional, que ocupan
tasma que eu lido quase diariamente. ejecución del trabajo, es una conexión gran parte de mi tiempo y de mi aten-
Eu não consigo priorizar isso porque íntima, personal, individual”. Senegam- ción”. Esta dualidad es constante en la
eu tenho uma demanda de trabalho, bia reflexiona sobre la accesibilidad de vida de un artista que desea compar-
de vida cotidiana, profissional, que la colage digital como lenguaje artístico. tir su trabajo con el público mientras
toma uma boa parte do meu tempo e En un país marcado por desigualdades, mantiene su independencia financiera.
uma boa parte da minha atenção.”Es- señala que la verdadera accesibilidad si- La discusión sobre el papel de las for-
sa dualidade é uma constante na vida gue siendo una meta lejana: “Creo que mas tradicionales de arte en contraste
de um artista que deseja compartilhar nada en Brasil es accesible, mucho me- con la colage digital plantea preguntas
seu trabalho com o público enquanto nos democrático, ¿no? Me considero, sobre la élite cultural y la definición de
mantém sua independência financeira. en fin, debido a la historia de mi vida, lo que se considera “alta arte”. Sene-
A discussão sobre o papel das formas soy un tipo lleno de privilegios y faci- gambia observa el reconocimiento gra-
tradicionais de arte em contraste com lidades en el acceso a la educación y a dual de la colage digital, pero reconoce
a colagem digital levanta questões so- la herramienta. Aunque veo cada vez que todavía no disfruta del mismo es-
bre a elite cultural e a definição do que é más a gente que no tiene un acceso tan tatus o valor financiero que otras for-
considerado “arte”. Senegambia observa fácil como yo, y que está producien- mas de arte: “Percebo una distinción de
o gradual reconhecimento da colagem do, no puedo decir que sea accesible ni las formas tradicionales de creación de
digital, mas reconhece que ela ainda não democrático, ¿no?”. Sin embargo, ve la arte de alta arte para la colage. Primero
desfruta do mesmo status ou valor fi- colage digital como una forma que, una porque, aunque sea un medio en el que
nanceiro que outras formas de arte : “Eu vez disponible, hace que la expresión no me muevo, todavía existe una gran
percebo uma distinção das formas tra- sea más directa y menos restringida, gestión de una burguesía que quiere
dicionais de criação de arte de alta arte superando algunas barreras técnicas dictar lo que es arte y lo que no lo es”.
para colagem. Primeiro porque, bem ou de otras formas de arte. Senegambia El artista cree que las principales dife-
mal eu percebo - embora seja um meio reconoce la importancia de ocupar el rencias entre la colage digital y la ana-
no qual eu não transito - eu percebo que espacio público con su arte, pero tam- lógica se expresan en términos de tex-
ainda existe uma gerência muito grande bién comparte la lucha por equilibrar tura y capas visibles. Para él, la colage
de uma burguesia que quer ditar aquilo esta aspiración con las demandas de la analógica destaca la textura del papel
que é arte, aquilo que não é.” Ressalta. vida cotidiana: “Creo que es fundamen- y los límites de las capas, mientras que
O artista acredita que as principais tal la ocupación del espacio público. Me la colage digital permite un enfoque
reprocho no hacerlo más a menudo, más limpio y una mayor superposición
con más intensidad. Es algo con lo que de elementos. Cada técnica tiene sus
diferenças entre colagem digital e ana- a necessidade de preservar a autenti- características únicas, y Senegambia las
lógica é expressa em termos de textu- cidade e a individualidade de sua ex- utiliza de manera creativa en su arte.
ra e camadas visíveis. Para ele, a co- pressão artística. Para ele, a verdadeira En cuanto a los elementos e imágenes
lagem analógica enfatiza a textura essência da arte está enraizada na cria- que utiliza en sus composiciones, Se-
do papel e os limites das camadas que tividade humana e na conexão pessoal negambia aborda las limitaciones en la
se destacam, enquanto a colagem di- com a expressão cultural e ancestral. disponibilidad de recursos visuales al
gital permite uma abordagem mais Ele vê a inteligência artificial como uma trabajar con la colage digital. La falta
limpa e uma maior sobreposição de tendência passageira e permanece fiel de una variedad de imágenes de per-
elementos. Cada técnica tem suas ca- à sua abordagem pessoal para a criação sonas negras brasileñas en los moto-
racterísticas únicas, e Senegambia as artística. “Eu não gosto muito de inte- res de búsqueda de imágenes lo llevó a
utiliza de forma criativa em sua arte. ligência artificial. Eu nem nunca entrei recurrir a bancos de contenido como
Em relação aos elementos e imagens que num site de IA. Não tenho nada con- Google y Freepik. Esta carencia destaca
utiliza em suas composições, Senegam- tra não. Às vezes eu vejo no Instagram la necesidad de una mayor represen-
bia aborda as limitações na disponibi- umas imagens assim. Só que acho que tación y diversidad en la oferta de re-
lidade de recursos visuais ao trabalhar a inteligência artificial tem a textura de cursos para artistas. “Soy un completo
com colagem digital. A falta de uma inteligência artificial.” Conclui o artis- ratón de Google imágenes y Freepik.
variedade de imagens de pessoas negras ta. Através das palavras de Senegambia, Cuando hay personas negras, en su
brasileiras nos buscadores de imagens o testemunhamos uma jornada artísti- mayoría son estadounidenses. Es evi-
levou a recorrer a bancos de conteúdo ca profundamente pessoal, enraizada dente cuando ves a una persona negra
como o Freepik. Essa carência ressalta na história e na busca por identidade, estadounidense, la textura del cabello, la
a necessidade de mais representação e ao mesmo tempo em que confronta ropa, siempre están abrigados, ¿sabes?”.
diversidade na oferta de recursos para os desafios e desigualdades inerentes Cuando se le pregunta sobre el uso de la
artistas. “Eu sou total rato do Google ao campo da arte contemporânea. Sua inteligencia artificial, el artista expresa
imagens e Freepik. Quando tem gente obra reflete a riqueza da negritude e una postura titubeante, destacando la
preta, na maioria das vezes é estadu- a resiliência cultural afro-brasileira, necesidad de preservar la autenticidad y
nidense. Assim é nítido quando você proporcionando uma perspectiva ínti- la individualidad de su expresión artís-
vê uma pessoa preta norte americana, ma e poderosa sobre a interseção en- tica. Para él, la verdadera esencia del arte
a textura do cabelo, a roupa, a galera tá tre arte, tecnologia e ancestralidade. está arraigada en la creatividad humana
sempre de roupa de frio, sabe? ’’ Fina- y en la conexión personal con la expre-
liza. Quando indagado sobre o uso de sión cultural y ancestral. Ve la inteligen-
inteligência artificial, o artista expressa cia artificial como una tendencia pasaje-
uma postura hesitante, evidenciando ra y permanece fiel a su enfoque manual
me gusta mucho la inteligencia arti-
ficial. Ni siquiera he entrado en un
sitio de inteligencia artificial. No ten-
go nada en contra de ello. A veces
veo algunas imágenes en Instagram.
Pero creo que la inteligencia artifi-
cial, no sé, tiene la textura de la inte-
ligencia artificial”, concluye el artista.
A través de las palabras de Senegambia,
somos testigos de un viaje artístico pro-
fundamente personal, arraigado en la
historia y la búsqueda de identidad, al
mismo tiempo que enfrenta los desafí-
os y desigualdades inherentes al campo
del arte contemporáneo. Su obra refleja
una oda a la negritud y a la resistencia
cultural, brindando una perspectiva ín-
tima y poderosa sobre la intersección
entre arte, tecnología e ancestralidad.
diálogos
del nunes :
ressignificar,
remixar e imaginar
Del Nunes é o pseudônimo de Uendel Nunes, um artista visual e publicitário brasileiro que retrata a periferia e a cultura afro-brasileira.
Ele é conhecido por suas obras de arte com a colagem digital que usam o cotidiano de milhões de brasileiros como tema central, explorando
questões relacionadas a ancestralidade, identidade e cultura. Seu trabalho tem sido exibido em exposições, feiras de arte, festivais de cinema
e outros eventos. O artista é da comunidade de Mussurunga, na periferia de Salvador.
Saiba mais sobre o artista no site delnunes.com.br ou pelo Instagram @uendelns
Del Nunes, 25 anos, baiano da comuni- É poder conectar elementos de diferen- Del Nunes, un joven y talentoso artista
dade de Mussurunga, periferia de Sal- tes nichos em uma única coisa. Eu acho de 25 años, ha estado destacándose en el
vador, tem ganhado destaque no cenário isso incrível. Eu comecei muito nesse mundo artístico a través de su enfoque
artístico por meio de sua abordagem à sentido. De como eu poderia manipular único en la colage digital. Su trayectoria
colagem digital. Começou a se envolver imagens, mas fazer isso de uma forma artística comenzó a los 14 años, cuan-
com arte aos 14 anos, quando começou bem brasileira.” Conclui o artista. O do empezó a explorar el mundo de la
a explorar o mundo da manipulação de trabalho de Del destaca visualidades da manipulación de imágenes utilizando
imagens usando o Photoshop. Hoje, ele periferia brasileira, frequentemente re- Photoshop. Hoy en día, es reconoci-
é reconhecido por suas obras que dialo- tratando-as como fontes de potência e do por sus obras que dialogan con las
gam com as visualidades da periferia e inovação. Sua abordagem busca ressigni- visualidades de la periferia y la cultura
cultura afro-brasileira. Del compartilha ficar essa realidade e construir uma nova afrobrasileña. Del comparte su perspec-
sua perspectiva sobre a trajetória de sua perspectiva sobre o contexto periférico. tiva sobre la evolución de su técnica y
técnica e seus movimentos de ressig- Dentre as diversas obras do artista, al- la resignificación de la realidad perifé-
nificação de visualidades: “Comecei a gumas se destacam como por exemplo rica brasileña. “Siempre estuve traba-
usar Photoshop com 14 anos. Hoje te- “MonaBlack”, uma releitura negra da jando con Photoshop desde los 14 años.
nho 25. Eu sempre gostei de fazer ma- Monalisa de Leonardo Da Vinci. Tam- Hoy tengo 25. Siempre me gustó hacer
nipulação de imagem. A colagem digital bém representa Jesus como negro. Sua manipulación de imágenes. La colage
não nasceu no Brasil, mas ela se conec- motivação reside em imaginar como se- digital no nació en Brasil, pero se co-
ta de forma muito profunda com essa ria o mundo hoje se as pessoas negras necta de manera profunda con la cultu-
cultura brasileira, porque o brasileiro é tivessem sido retratadas dessa forma ra brasileña, porque los brasileños son
um povo que ama fazer remix de tudo. no passado, na TV, no cinema e na pin- amantes del remix en todo. Tenemos
A gente tem a nossa própria cultura do tura. O artista dedica-se a contribuir nuestra propia cultura de remix aquí:
remix aqui : o Funk pode ser Rock; pode com esse movimento no presente. No el funk puede ser rock, puede ser heavy
ser Heavy Metal; o pagode pode ser Rap. entanto, o trabalho do artista vai além metal; el pagode puede ser rap, puede
Pode ser tudo. Tanto na música quanto da mera expressão artística. Através ser cualquier cosa. Tanto en la música
nas comidas: a gente bota ketchup na pi- de suas colagens, ele transmite men- como en la comida, ponemos ketchup
zza e a gente coloca ketchup no acarajé. sagens poderosas, focado em retratar en la pizza y le ponemos ketchup al aca-
Eu acho isso um absurdo, mas o brasi- pessoas negras vivas e felizes, amando rajé. Yo encuentro eso absurdo, pero los
leiro, ele está imerso nessa cultura do e sendo amadas em toda a diversidade brasileños están inmersos en esa cul-
remix. E a colagem? Ela é fruto do remix, de corpos e espaços. Essas represen- tura del remix. Y la colage es un fruto
né, da cultura do remix. Ou seja, é uma tações são sempre imponentes, to- del remix, ¿verdad?, de la cultura del re-
forma de desconstruir e ressignificar. cando os céus com muita luz e vigor. mix. Es decir, es una forma de decons-
truir y resignificar. Conectar elementos
Ao ser questionado sobre as diferenças de diferentes nichos en una sola cosa. Cuando se le preguntó sobre las dife-
entre a colagem digital e analógica, Del Me parece increíble. Y comencé mu- rencias entre la colage digital y la ana-
enfatiza que elas compartilham a mes- cho en ese sentido, sabes, manipulando lógica, Del enfatiza que comparten el
ma linguagem, embora a técnica de pro- imágenes. Pero hacerlo de una mane- mismo lenguaje, aunque la técnica de
dução varie. A colagem analógica é mais ra bien brasileña”, concluye el artista. producción varía. La colage analógica
restrita, enquanto a colagem digital ofe- El trabajo de Del destaca las visualida- es más restrictiva, mientras que la co-
rece maior flexibilidade e possibilidades des de la periferia brasileña, a menudo lage digital ofrece una mayor flexibili-
de experimentação. “Tanto analógica representándolas como fuentes de po- dad y posibilidades de experimentaci-
quanto digital, são a mesma linguagem. der e innovación. Su enfoque busca re- ón. “Tanto la colage analógica como la
O que vai mudar é a forma como se pro- significar esa realidad y construir una digital son el mismo lenguaje. Lo que
duz isso, né? É a técnica que vai ser utili- nueva perspectiva sobre el contexto cambia es la forma en que se produ-
zada para gerar o resultado final, que é a periférico. Entre las diversas obras del ce, ¿verdad? Es la técnica que se utiliza
construção imagética. Existe uma dife- artista, algunas se destacan, como ‘Mo- para generar el resultado final, que es la
rença de fato, porque a colagem analógi- naBlack’, una reinterpretación negra de construcción de imágenes. Existe una
ca ela já tem pré determinações, a partir la Mona Lisa de Leonardo da Vinci, y diferencia real, porque la colage analó-
daqueles recortes que estão sendo feitos. también representa a Jesús como negro. gica ya tiene ciertas premisas. A partir
Já a digital oferece uma possibilidade de Su motivación reside en imaginar cómo de los recortes que se están haciendo.
manipulação maior, inclusive de experi- sería el mundo hoy si las personas ne- Pero la colage digital ofrece una mayor
mentação porque você pode desfazer al- gras hubieran sido representadas de esta posibilidad de manipulación, incluso de
guma coisa, alterar uma cor e por aí vai. manera en el pasado, en la televisión, en experimentación, porque puedes desha-
Então, eu gosto muito do digital, por- el cine y en la pintura. Por lo tanto, se cer algo, cambiar un color y así sucesi-
que eu sou fruto do digital, mas eu acho dedica a contribuir a este movimiento vamente. Así que me gusta mucho lo di-
muito maneiro também a técnica da co- en el presente, con el objetivo de dejar gital, porque soy fruto de lo digital, pero
lagem manual.” Ressalta. Já em relação a un impacto duradero en el futuro. Sin también me parece genial la técnica de
presença da colagem em seus trabalhos embargo, el trabajo del artista va más la colage manual”, destaca. Cuando se le
para publicidade, Del reconhece a pre- allá de la mera expresión artística. A preguntó sobre la presencia de la colage
sença da colagem no meio e acredita que través de sus collages, transmite mensa- en su trabajo publicitario, Del reconoce
a publicidade historicamente incorpora jes poderosos, centrándose en retratar a la presencia de la colage en la publicidad
elementos artísticos. Ele não vê uma dis- personas negras vivas y felices, amando y cree que históricamente la publicidad
tinção clara entre a colagem como arte e y siendo amadas en toda la diversidad incorpora elementos artísticos. No ve
a colagem como visualidade publicitária. de cuerpos y espacios. Estas represen- una distinción clara entre la colage como
taciones son siempre imponentes, to- arte y la colage como visualidad publi-
cando los cielos con mucha luz y vigor. citaria. “La publicidad, históricamente,
‘’ A publicidade, historicamente ela usa Por muitas pessoas, a colagem pode utiliza elementos artísticos. Recuerdo la
de elementos de arte. Eu lembro da lata ser vista como uma linguagem de cer- lata de Campbell que aprendí en el pri-
da Campbell que eu aprendi logo no pri- to modo, inferior, desvalorizada em re- mer semestre de publicidad. Eso es un
meiro semestre de publicidade. Aquilo lação a pintura, por exemplo. Claro, tô producto artístico. La manifestación ar-
lá é um produto artístico. A manifesta- falando do ponto de vista mercadoló- tística se utiliza en la publicidad. Inclu-
ção artística está sendo usada para a pu- gico, do ponto de vista do capitalismo, so yo, como publicista, en su mayoría,
blicidade. Inclusive eu, como publicitá- do neoliberalismo, do sistema, que a tomo campañas en las que utilizamos
rio, majoritariamente pego campanhas gente está organizado financeiramen- algún tipo de lenguaje artístico. De he-
onde a gente faz uso de algum tipo de te. A forma como as pessoas gostam de cho, soy director de arte, director crea-
linguagem artística. Tanto que eu sou interagir com arte varia muito. E tem tivo, trabajo en este sector de la creación
diretor de arte, diretor criativo, trabalho muita gente que acha que arte vai ser y todas las agencias de publicidad tie-
com esse setor da criação e toda a agên- apenas aquilo que é clássico, né? Vai aca- nen al menos un sector creativo en ese
cia de publicidade vai ter ali pelo menos bar fechando os olhos para o contem- sentido. Así que creo que la publicidad
um setor criativo ou algo nesse sentido. porâneo. Então, isso acaba dificultando hace eso y lo hace con ideas, lo hace con
Então, eu acho que a publicidade faz isso a produção de trabalhos. Mas ao mes- cuerpos. No diría que existe una distin-
mesmo e faz isso com ideias, faz isso mo tempo, a colagem é uma linguagem ción clara entre uno y otro. Sabes que el
com corpos. Não é algo que eu diria que completamente única, né? Que pode ser papel de la publicidad acaba siendo ese.
existe uma distinção entre um e outro. mesclada com várias outras técnicas. Hacer una integración de estos elemen-
Sabe que o papel da publicidade acaba Tem gente que faz colagem com vídeo, tos para comunicar”, concluye el artista.
sendo esse. Fazer integração desses ele- tem gente que faz colagem com ilus- La colage como lenguaje artístico se
mentos para comunicar.’’ Conclui o ar- tração, com plantas, com enfim, com considera accesible y democrática, aun-
tista. A colagem como linguagem artís- tudo. É uma linguagem bem versátil.’’ que existen desafíos. Del enfatiza la
tica é considerada pelo artista acessível Finaliza. Questionado sobre suas im- importancia de encontrar un nicho y
e democrática, embora existam desafios. pressões acerca da inteligência artificial desarrollar una identidad única dentro
Del enfatiza a importância de encontrar em seus trabalhos, é possível identificar de este lenguaje. Observa que la colage
um nicho e desenvolver uma identidade que inteligência artificial generativa é a menudo se subestima en el mercado
única dentro dessa linguagem. Ele ob- uma ferramenta que Del utiliza em suas artístico, pero su versatilidad permite
serva que a colagem é frequentemen- composições. Segundo o artista, a IA é que se mezcle con varias otras técnicas.
te subestimada no mercado artístico, apenas mais um recurso disponível para “El mayor desafío con la colage digital
mas sua versatilidade permite que seja a criação. Ele acredita que é uma ferra- es que es un lenguaje propio. Durante
mesclada com várias outras técnicas. menta de estudo que pode evoluir com a mucho tiempo, por muchas personas,
‘’O maior desafio com a colagem digi- contribuição dos usuários. “A inteligên- incluso, se ha visto como un lenguaje de
tal é que ela é uma linguagem própria. cia artificial generativa, de imagem ou cierta manera inferior, menospreciado
texto são ferramentas que estão sendo en comparación con la pintura, por artificial para crear algunos elementos,
disponibilizadas de forma muito recen- ejemplo. Claro, hablo desde el punto de algunas imágenes, algunos elementos,
te. Eu utilizo a inteligência artificial para vista del mercado, desde el punto de vis- pero también la utilizo como herra-
criar algumas, alguns assets, algumas ta del capitalismo, del neoliberalismo, mienta y plataforma de estudio, ya que
imagens e elementos, mas eu também del sistema en el que estamos organiza- estas plataformas tienen mucho, mucha
utilizo como ferramenta e platafor- dos financieramente. La forma en que evolución por delante y la única forma
ma de estudo, afinal, essas plataformas las personas les gusta interactuar con en que creo que esto puede suceder, de
elas têm muita coisa a se evoluir ainda el arte varía mucho. Y hay mucha gente una manera positiva, es con personas que
e a única forma disso acontecer, de uma que cree que el arte será solo lo clásico, entrenan estas máquinas, ya que utilizan
forma que eu acredito ser positiva e com ¿verdad? Terminarán cerrando los ojos este aprendizaje automático, que es pre-
pessoas treinando essas máquinas, já al arte contemporáneo. Así que esto di- cisamente que aprendan de los usuarios.
que elas usam esse machine learning, que ficulta la producción de trabajos. Pero al Entonces, lo uso tanto para apoyarme
é o aprendizado de máquina, elas apren- mismo tiempo, la colage es un lenguaje como herramienta de creación, mante-
dendo com os usuários. Então eu uso completamente único, ¿verdad? Que se niendo mi lenguaje de la colage digital,
tanto para me dar esse suporte como puede combinar con muchas otras téc- pero también como algo para estudiar,
ferramenta de criação, mantendo a mi- nicas. Hay personas que hacen colage después de todo, la tecnología llega y eso
nha linguagem da colagem digital, mas con vídeo, personas que hacen colage es inevitable. La Revolución Industrial
também utilizo como algo para se estu- con ilustración, con plantas, con todo. es algo que aprendemos desde muy tem-
dar. Eu estou mais preocupado em como Es un lenguaje muy versátil”, subraya. prano, así que estoy más preocupado por
melhorar essa plataforma, como trans- Cuando se le preguntó sobre sus impre- cómo mejorar esta plataforma, cómo
formá-la, como usá-la de forma mais siones sobre la inteligencia artificial en hacerla más ética, cómo educar a las
ética, como educar as pessoas sobre ela.” su trabajo, se nota que la inteligencia personas sobre ella”, concluye el artista.
Conclui o artista. Em sua jornada artís- artificial generativa es una herramien- En su viaje artístico, Del Nunes explo-
tica, Del Nunes explora o potencial da ta que Del utiliza en sus composicio- ra el potencial de la colage digital para
colagem digital para ressignificar e in- nes, pero la ve como simplemente otro resignificar e investigar la cultura brasi-
vestigar a cultura brasileira, comunican- recurso disponible para la creación. leña, comunicando una perspectiva úni-
do uma perspectiva única sobre a reali- Él cree que la IA es una herramien- ca sobre la realidad periférica. Su enfo-
dade periférica. Sua abordagem sensível ta de estudio que puede evolucionar que flexible e innovador demuestra cómo
e inovadora demonstra como a colagem, con la contribución de los usuarios. la colage, como lenguaje artístico, puede
como linguagem artística pode ser uma “La inteligencia artificial generativa, ser una poderosa herramienta de expre-
ferramenta poderosa de expressão. de imagen o texto, son herramientas sión capaz de trascender los límites de
que se están poniendo a disposición la cultura y la percepción convencional.
recientemente. Utilizo la inteligencia
diálogos
leticia pantoja:
colagem, video mapping
e hibridismos
VJ desde 2007, a artista visual Leticia Pantoja é uma das mulheres pioneiras no ofício de Video Jockey no Brasil. Nesses 15 anos de carreira,
já circulou por diversos festivais de arte a tecnologia pelo Brasil e mundo afora como o Amazônia Mapping, o Mostra Museu na avenida
Paulista e até o Cristo Redentor ela já cobriu com suas imagens. Tem no currículo apresentações com artistas como Anitta, Elza Soares,
Alceu Valença, Fernanda Abreu, Otto, Marina Sena entre outros.
Saiba mais sobre a artista no site lepantoja.myportfolio.com/sobre ou pelo Instagram @lepantoja.art
Leticia Pantoja, uma artista visual ca- Paralelamente, frequentou cursos de “Leticia Pantoja, una artista carioca de
rioca, compartilhou sua jornada artís- Belas Artes no Parque Lage, onde a tec- la década de los 80, compartió su viaje
tica, desde suas raízes até seu contato nologia se uniu ao seu processo criativo. artístico, desde sus raíces hasta su in-
com várias formas de expressão artís- Acompanhar a evolução da tecnologia mersión en diversas formas de expre-
tica. Ela se identifica como uma artis- desempenhou um papel importante em sión artística. Se identifica como una
ta apaixonada pela comunicação com sua transformação como artista, permi- artista apasionada por la comunicaci-
o público, utilizando várias linguagens tindo que ela explorasse novas formas ón con el público, utilizando múltiples
para tocar os corações das pessoas. Ela de expressão: “Como sou da década de lenguajes para conmover a las perso-
começou sua jornada artística mui- 80, a tecnologia foi mudando muito ao nas. Comenzó su viaje artístico a una
to cedo, explorando o balé aos três longo do meu caminho.” Pontua. Ela edad temprana, explorando el ballet
anos de idade e, mais tarde, o teatro e também é uma das pioneiras na cena de a los tres años y, más tarde, el teatro y
a produção cultural. Essas experiên- VJ (Visual Jockey) no Rio de Janeiro, con- la producción cultural. Estas experien-
cias moldaram seu caminho e a condu- tribuindo para o desenvolvimento do cias moldearon su camino y la lleva-
ziram a uma trajetória rica nas artes. segmento em colaboração com outros ron a una trayectoria rica en las artes.
Leticia Pantoja destaca o desafio de poucos artistas. A artista também conta “Siempre me vi a mí misma como una
encontrar aceitação para sua pai- um pouco sobre seu início na cena VJ : artista. La dificultad que enfrenté fue
xão artística no início de sua carreira. “O video mapping é uma arte muito mas- hacer que la sociedad entendiera y
“Eu sempre me vi como artista. A di- culina, um ambiente muito masculino. aceptara que yo era una artista”, des-
ficuldade que eu tive foi fazer a so- Eu fui uma das mulheres precursoras cribe Leticia Pantoja sobre su identi-
ciedade entender e aceitar que eu disso aqui no Brasil. Sempre quero fa- dad como artista, resaltando el desafío
era artista.” Ela cresceu em uma fa- zer a coisa do meu jeito. Então assim, de encontrar aceptación para su pa-
mília que não tinha outros artistas. eu quero fazer tudo ao contrário do que sión artística al comienzo de su car-
Embora seus pais tenham apoiado suas é o caminho que tá todo mundo indo. rera. Creció en una familia sin otros
aspirações artísticas na medida do Então as obras de video mapping até a artistas, y aunque sus padres apoyaron
possível, Leticia teve que navegar por minha chegada eram muito cheias de en la medida de lo posible sus aspira-
sua jornada artística por conta pró- efeito e paredes que se quebram e outras ciones artísticas, Letícia tuvo que nave-
pria, buscando cursos e oportunidades mil coisas e efeitos. Pouquíssimo orgâ- gar por su viaje artístico por sí misma,
para desenvolver seu talento. Seu ca- nico e comunicando muito pouco, a não buscando cursos y oportunidades para
minho na arte abrangeu várias lingua- ser pela extravagância dos seus efeitos e desarrollar su talento. Su camino en el
gens artísticas, incluindo balé, teatro, explosões. Eu olhei e falei : quero fazer arte abarcó diversas formas artísticas,
cinema e edição de vídeo, tornando- isso. Porque… o que é o video mapping? É incluyendo el ballet, el teatro, el cine
-se diretora e montadora de cinema. você criar uma ilusão de ótica e proje- y la edición de video, llegando a con-
tar imagens de uma fachada de forma vertirse en directora y editora de cine.
tridimensional, a fim de criar uma ilusão Al mismo tiempo, asistió a cursos de y pondrás en la pantalla con la arquitec-
de ótica e contar uma narrativa, juntan- Bellas Artes en el Parque Lage, donde la tura. Tiene que haber una unión entre la
do a história que você pesquisou e vai co- tecnología se unió a su proceso creati- historia y la arquitectura. No es suficien-
locar na tela com a arquitetura. Tem que vo. “Siendo de los años 80, la tecnología te proyectar una imagen allí y que la pa-
ter um casamento da história com arqui- cambió mucho a lo largo de mi camino”, red sirva como pantalla. Tiene que haber
tetura. Não vale só jogar uma imagem lá destaca la importancia de la evolución una buena combinación entre la arqui-
e a parede servir como tela. Tem que ter tecnológica en su transformación como tectura y tu narrativa”, concluye Leticia.
um casamento bacana entre a arquite- artista, permitiéndole explorar nuevas Sin embargo, la técnica de la colage
tura e a sua narrativa.’’ Conclui Leticia. formas de expresión. Además, es una de emergió como su forma de expresión
A colagem, no entanto, emergiu como las pioneras en la escena de VJ (Visual favorita. Creciendo en la era analógi-
sua forma de expressão favorita. Cres- Jockey) en Río de Janeiro, contribuyendo ca, tenía una fuerte conexión con el
cendo no meio analógico, ela tinha a la creación de este campo en colabo- papel, recortando imágenes y creando
uma forte conexão com o papel, re- ración con otros pocos artistas. Letícia collages desde una temprana edad. A
cortando figurinhas e fazendo cola- también comparte sus inicios en la es- pesar de la falta de influencia artística
gens na infância. Ela continuou a aper- cena VJ: “El video mapping es un arte muy en su familia, continuó perfeccionando
feiçoar suas habilidades de colagem masculino, es un entorno muy mascu- sus habilidades de colage y desarrol-
e desenvolveu uma linguagem visual lino. Fui una de las precursoras feme- ló un lenguaje visual que más tarde se
que mais tarde se tornaria sua paixão. ninas en Brasil. Siempre quise hacer convertiría en su pasión. La colage se
A colagem é uma parte essencial de seu las cosas a mi manera. Entonces, quie- convirtió en una parte esencial de su
processo criativo, incorporando elemen- ro hacer todo lo contrario a lo que to- proceso creativo, incorporando elemen-
tos analógicos e digitais em suas obras. dos están haciendo. Las obras de video tos analógicos y digitales en sus obras.
A obra “Rito” criada para o Festival SSA mapping antes de mi llegada estaban La pieza “Rito” creada para el Festival
Mapping 2023, é um exemplo desse pro- llenas de efectos y paredes que se rom- SSA Mapping 2023, es un ejemplo de
cesso criativo. Leticia, em parceria com pían, entre otras cosas y efectos. Muy este proceso creativo. Letícia, en cola-
outros artistas, explorou os rituais de poco orgánico y comunicativo, excepto boración con otros artistas, exploró los
purificação e oferendas em celebrações por la extravagancia de sus efectos y ex- rituales de purificación y ofrendas en
religiosas. Ela usou o video mapping para plosiones. Miré y dije que quiero hacer celebraciones religiosas. Utilizó el video
projetar suas colagens nas paredes da esto. Porque... ¿qué es el video mapping? mapping para proyectar sus collages en
Igreja do Senhor do Bonfim, homenage- Es crear una ilusión óptica y proyectar las paredes de la Iglesia del Señor del
ando Oxalá e a cultura religiosa de Sal- imágenes en una fachada de manera tri- Bonfim, rindiendo homenaje a Oxalá
vador. Essa experiência foi um desafio, dimensional, con el fin de crear una ilu- y la cultura religiosa de Salvador. Esta
sión óptica y contar una narrativa, fu- experiencia representó un desafío, ya
sionando la historia que has investigado que implicó la colaboración de artistas
pois envolveu a colaboração de artis- também é guiado pela busca de um equi- con diferentes perspectivas artísticas.
tas com diferentes perspectivas artís- líbrio entre o analógico e o digital, in- Letícia y sus colegas exploraron el pro-
ticas. Leticia e seus colegas exploraram tegrando elementos de ambos em suas ceso de trascendencia a través de los ri-
o processo de transcendência por meio obras. A artista destaca a importância tuales, dividiendo la obra en varias fases.
de rituais e dividiram a obra em várias da estética analógica em suas colagens La contribución de Leticia se centró en
fases. A contribuição da artista focou na e também como escolhe as suas fontes la fase inicial de purificación y ofrendas,
fase inicial de purificação e oferendas, de imagens, contribuindo para a sin- incorporando imágenes relacionadas
incorporando imagens relacionadas às gularidade de suas criações. Ela aprecia con las religiones de origen africano. El
religiões de matriz africana. O resulta- o processo de recortar e colar figuras, resultado final fue una obra emocional-
do final foi uma obra emocionalmen- muitas vezes deixando bordas rasgadas mente impactante que capturó la esencia
te impactante que capturou a essên- para adicionar um efeito nas suas co- de la celebración y la búsqueda espiritual.
cia da celebração e da busca espiritual. lagens: ‘’Com a colagem analógica, eu La transición de collages digitales estáti-
A transição de colagens digitais estáticas gosto das imagens retiradas de revistas cos a obras proyectadas en movimiento
para obras mapeadas e em movimento e usar elas no contexto certo nas obras es un aspecto fundamental de la obra de
é uma parte fundamental do trabalho de video mapping. Eu gosto especifica- Letícia. Se esfuerza por crear una narra-
de Leticia. Ela se dedica em criar uma mente da revista Manchete, o papel que tiva que se conecte con la arquitectura
narrativa que se conecta à arquitetura era usado me trás até prazer de recortar. del lugar donde se proyectan sus obras,
do local onde suas obras são projetadas, Às vezes eu opto por não usar o estilete, permitiendo que las imágenes se mue-
permitindo que as imagens se movam e pois rasgando eu acho que fica uma bor- van y cuenten una historia tridimen-
contem uma história tridimensional. O da bonita, sabe? E quando eu transfor- sional. El desafío radica en armonizar
desafio está em harmonizar a história e mo para o digital, misturo efeitos que la historia y la arquitectura, aseguran-
o espaço, garantindo que haja uma cone- ficam esteticamente muito interessan- do que exista una conexión significativa
xão significativa entre os dois elementos. tes. Então eu gosto de trabalhar juntan- entre ambos elementos. El proceso cre-
O processo de criação envolve a pes- do o analógico com o digital.’’ Conclui. ativo implica la búsqueda de imágenes
quisa de imagens específicas que se específicas que se ajusten a la narrativa y
encaixam na narrativa e no contex- al contexto de la obra. Letícia se inspira
to da obra. Leticia tira inspiração de en revistas antiguas, bancos de imáge-
revistas antigas, bancos de imagens nes e incluso en fotografías personales.
e até mesmo fotos pessoais. Ela se es- Busca imágenes que transmitan emoci-
força para encontrar imagens que ón y significado detrás de sus creaciones.
transmitem a emoção e o significado Su trabajo se guía por la búsqueda de un
por trás de suas criações. Seu trabalho equilibrio entre lo analógico y lo digital,
Quando Leticia leva suas colagens digi- Leticia destaca la importancia de la es- sus collages digitales al espacio urbano,
tais ao espaço urbano, ela expande sua tética en la colage y cómo la naturaleza expandiendo su arte más allá del entor-
arte para além do ambiente virtual. A analógica de sus fuentes de imágenes no virtual. Ha tenido la oportunidad
artista já teve a oportunidade de ver contribuye a la singularidad de sus crea- de ver sus obras proyectadas en lugares
suas obras projetadas em grandes espa- ciones. Disfruta del proceso de recortar icónicos. La estrategia para ocupar es-
ços públicos. A estratégia para ocupar y pegar imágenes, a menudo dejando tos espacios implica la creación de nar-
esses locais envolve a criação de nar- bordes rasgados para añadir una esté- rativas. Según ella, “es un gran placer
rativas. Para ela, ‘’É um grandíssimo tica única a sus collages. ‘Con la colage cuando el collage que nace en mi mente
prazer quando a colagem, que nasce na analógica, me gusta, a partir de revis- cobra vida en papel, pasa a la compu-
minha cabeça se materializa no papel, tas, de imágenes recortadas de revistas tadora y de repente se proyecta a gran
passa para o computador e de repente é y usarlas en el contexto correcto en las escala. Es una gran realización, ¿verdad?
projetada em larga escala. É uma gran- obras de video mapping. Me gusta es- He tenido el placer de que mis collages
de realização, né? E eu já tive o prazer pecíficamente la revista Manchete, el se proyecten en la Iglesia del Señor del
de ter minhas colagens projetadas na papel que se usaba y me da incluso pla- Bonfim, el Cristo Redentor y la Avenida
Igreja Senhor do Bonfim, Cristo Re- cer recortarlo, ya sabes. A veces, opto Paulista. He participado en dos festiva-
dentor, na Avenida Paulista. Eu já par- por no cortar con una cuchilla, porque les aquí en São Paulo donde mis colla-
ticipei de dois festivais em São Paulo, al rasgarlo creo que queda un borde bo- ges se han exhibido en varios lugares
em que minhas colagens foram expostas nito, ya sabes. Y cuando lo transformo de la ciudad. También he participado
em vários pontos da cidade. Também a digital y mezclo efectos, resulta es- en festivales en Barcelona, Portugal y
participei de festivais em Barcelona, téticamente muy interesante. Así que en el interior de España, en un festival
em Portugal, também no interior da me gusta trabajar fusionando lo ana- llamado Hebrew Lúmen. Así que es re-
Espanha, um festival chamado Hebrew lógico con lo digital’, señala la artista. almente gratificante ver cómo algo que
Lúmen. Então é muito gratificante re- La colaboración entre artistas es una nace en mi mente se expande y despier-
almente ver uma coisa que nasce da parte fundamental de su trabajo. La ta el interés de las personas”, destaca.
minha cabeça e expandir, provocar in- obra “Rito” fue un proyecto conjun- Letícia Pantoja es una artista apasio-
teresse das pessoas.’’ Conclui a artista. to que involucró diferentes perspec- nada que convierte su viaje artístico en
tivas artísticas. Cada artista aportó su una expresión emocional de collages
visión única para crear una narrativa digitales. Su enfoque único combina lo
coherente. A pesar de los desafíos para analógico y lo digital para crear obras
conciliar diferentes enfoques, el re- que exploran temas complejos y emo-
sultado final fue una obra que resonó cionales. Su colaboración con otros ar-
tanto emocional como estéticamente. tistas y su búsqueda de imágenes signi-
Letícia Pantoja se esfuerza por llevar ficativas contribuyen a la riqueza de sus
Leticia Pantoja é uma artista que lo analógico y lo digital para crear
transforma sua jornada artística em obras que exploran temas complejos
uma expressão afetiva através da co- y emocionales. Su colaboración con
lagem. Sua abordagem única combi- otros artistas y su búsqueda de imá-
na o analógico e o digital para criar genes significativas contribuyen a la
obras que exploram temas complexos riqueza de sus creaciones. Además, su
e emocionais. Além disso, sua deter- determinación de llevar sus collages al
minação em levar suas obras ao es- espacio urbano demuestra su dedicaci-
paço urbano demonstra sua dedica- ón a inspirar y conmover las personas.
ção a inspirar e emocionar as pessoas.
exposição
memória e herança :
álbum de família
A série é composta por 12 colagens di- La serie está compuesta por 12 colla-
gitais impressas em papel Hahnemüh- ges digitales impresos en papel Hah-
le Studio Enhanced 210 g/m² alpha nemühle Studio Enhanced de 210 g/m²
cellulose e emolduradas com madei- de celulosa alfa y enmarcados con ma-
ra e vidro. O espaço também conta dera y vidrio. El espacio también cuen-
com 2v murais plotados em adesivo. ta con 2 murales impresos en adhesivo.
O projeto foi selecionado através do edi- El proyecto fue seleccionado a través
tal de ocupação de espaços da CAIXA de la convocatoria de ocupación de es-
Cultural 2023-2024, com estreia no Rio de pacios de CAIXA Cultural 2023-2024,
Janeiro no dia 17 de outubro de 2023, aber- con estreno en Río de Janeiro el 17
to a visitação até 10 de dezembro de 2023. de octubre de 2023, abierto a visitan-
tes hasta el 10 de diciembre de 2023.
Rynnard Milton
Retrato de Família, 2023
Colagem digital impressa [Collage digital impreso]
165 x 90 cm
Rynnard Milton
Tia Sônia, 2023
Colagem digital impressa
[Collage digital impreso]
60 x 160 cm
Rynnard Milton
Hélcio, 2023
Colagem digital impressa [Collage digital impreso]
60 x 160 cm
Rynnard Milton
1. Jussara, 2023
Colagem digital impressa [Collage digital impreso]
60 x 160 cm
Rynnard Milton
Juca Rosa , 2023
Colagem digital impressa [Collage digital impreso]
60 x 160 cm
Rynnard Milton
Jandira, 2023
Colagem digital impressa em vinil Pro fosco adesivo
0,8/120g . 212 x 90 cm
Alberto Henschel. Retrato - Cafuza. Carte-de-visite. Monocromática / sépia. 9,0 x 5,7 cm Albumina/ Prata. Recife –
PE, circa 1869. Convênio Leibniz-Institut fuer Laenderkunde, Leipzig/ Instituto Moreira Salles
Retrato original : Alberto Henschel. Retrato - Homem Negro Não Identificado. Carte-de-visite. Monocromática
/ sépia. 9,0 x 5,7 cm Albumina/ Prata. Recife – PE, circa 1869. Convênio Leibniz-Institut fuer Laenderkunde,
Leipzig/ Instituto Moreira Salles
Alberto Henschel. Retrato - Mulher Negra Não Identificada.
Carte de visite. Monocromática / sépia. 9,0 x 5,7 cm Albumina/
Prata. Recife – PE, circa 1869. Convênio Leibniz-Institut fuer
Laenderkunde, Leipzig/ Instituto Moreira Salles
Estefânia Weber é Arquiteta e Urbanista pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e membro da Mobicidade – Associação pela
Mobilidade Urbana em Bicicleta em Porto Alegre. Atualmente reside em Salvador, Bahia, prestando consultoria de projetos e pla-
nejamento de espaços diversos. CAU-RS nº A133572-3. Mãe de Akin.
A oportunidade de integrar a equipe La oportunidad de unirse al equipo “Me-
“Memória e Herança”, veio num mo- moria y Herencia” llegó en un momen-
mento de profunda transformação en- to de profunda transformación, ya que,
quanto, ao gestar meu primeiro filho, mientras esperaba a mi primer hijo, con-
concebi com alguns dias de antecipação cebí este proyecto expositivo unos días
esse projeto expográfico, pois algo me antes de lo previsto, porque algo me de-
dizia que o bebê viria antes da hora. E foi cía que el bebé llegaría antes de tiempo.
poucas horas depois de enviar o projeto Y fue solo unas horas después de enviar
preliminar que Akin nasceu também. el proyecto preliminar que Akin nació.
Ao acompanhar o processo produti- Al seguir el proceso de producción de
vo do Rynnard, fui invadida pela von- Rynnard, me invadió el deseo de resca-
tade de resgatar imagens de minha tar imágenes de mi infancia y de todo
infância e de tudo aquilo que, este- lo que, estéticamente, nos conectaba
ticamente, nos conectava com nos- con nuestras infancias: las puertas de
sas infâncias: os portões das casas, las casas, las aceras, las canicas, los pa-
as calçadas, a bola de gude, os quin- tios, nuestras referencias maternas.
tais, as nossas referências matriarcais. Estos paisajes enmarcados se trasladan a
Essas paisagens emolduradas são la galería en un majestuoso juego de al-
transportadas para a galeria num turas y escalas que nos hacen recorrer la
jogo majestoso de alturas e esca- mirada como en la casa de nuestras abue-
las que nos faz percorrer o olhar las, evocando sentimientos olvidados.
como na casa de nossas avós, trazen- Como “madre recién parida”, algunas
do à tona sentimentos esquecidos. de estas imágenes tocan una parte de
Como “mãe recém parida” algumas des- mí que me permiten nutrir a mi niño
sas imagens tocam numa parte de mim interior. Que me ayudan a entender
que me permitem o maternar de minha y visualizar una infancia mejor para
criança interior. Que me ajudam a en- mi pequeño, que es mestizo y lleva
tender e visionar uma melhor infân- como herencia el borrado de sus raí-
cia pra meu pequeno, que é mestiço, e ces, como se recuerda de manera muy
carrega como herança o apagamento de sensible en este conjunto de obras.
suas origens, como é lembrado de forma
muito sensível nesse conjunto de obras.
rynnard milton
portfólio
2017 - 2023
Rynnard é artista visual, publicitário e designer gráfico natural da região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Filho de uma mãe solo caixa de
supercado, é graduado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Latino Americana (UNILA) e mestrando no Programa de Pós Gra-
duação da Escola de Belas Artes da UFBA, em Salvador. Sua pesquisa artística perpassa memória social, meios digitais e cultura afro-brasileira.
Atua com publicidade desde 2014, com vários trabalhos desenvolvidos para institutos, coletivos e marcas de empreendedores negros, numa
perspectiva estética afro centrada. Sua pesquisa acadêmica/mestrado relaciona-se com a resignificação de imagens e documentos históricos de
identidades diaspóricas através da colagem digital. Também é produtor musical experimental e motion designer.
2017
circuitos
colagem digital
Expostas na mostra Retinas
da Fronteira Transnacional,
no México em 2019. Em
parceria com a Univcrsidad
Autonoma de Aguas Ca-
lientes com IMEA - Mer-
cosul.
2018
mestza
fotografia
2018
reboco
colagem digital
Expostas na mostra Retinas
2019
a deserdada
colagem digital
2020 Performance e direção de arte de
AKHAN.
SÉRIE PISANTE releitura do trabalho do artista vi-
fotografia sual Tiago Sant’Ana.
2020
AKHAN
fotografia
2020
solidão
colagem digital
2021 Exposição coletiva
do Guia de Artistas
Festival de Artes Balcony:
Art en el Balcón projeção em
Exposição coletiva na Bie-
nal d e Arte Digital do Oi
miríades de sonhos de Foz do Iguaçu em prédios no centro de Bue- Futuro no Rio de Janeiro.
colagem digital 2021. nos Aires 2022-2023.
2021
elídio
colagem digital
2022
duas irmãs: myrtha e
quetzalli
colagem digital
2022
vetorizando
cotidianos
colagem digital
2022
san vicente
audiovisual
2022
pixo poesia
colagem digital
2022
terapias tropicais
colagem digital
2022
os gêmeos
colagem digital
2022
templos urbanos
colagem digital
2022
atlantis negra
fotografia
2022
geranium i
colagem digital
2023
manifesto watu
colagem digital
2023
santa rita
colagem digital
2023
ondina
colagem digital
2023
danuwa
colagem digital
2023
sonhei com grace jones na bahia
colagem digital
2023
abapurito
colagem digital
2023
urupê
colagem digital
2023
carolina bandeira
fotografia
2023
capa revista humanos
sesc rio de janeiro
Nº2 - jul/2023
colagem digital
2023
capa revista humanos
sesc rio de janeiro
Nº3 - set/2023
colagem
histórico de exposições individuais
coletivas : 2023 - Memória e Herança : Álbum de Famí-
lia. CAIXA Cultural Rio de Janeiro.
2018 - Expresiones UNILA - Exposição Co-
letiva de artes visuais da UNILA.
2019 - Retinas da Fronteira Transnacional -
Fotógrafo expositor no México em parceria
com a Universidad Autonoma de Aguas Ca-
lientes e o IMEA-Mercosul.
2021 - Festival de Artes Balcony: Art en el
Balcón - Projeção da série de colagens “Mi-
ríades de Sonhos” em prédios no centro de
Buenos Aires, Argentina.
2021 - 2º Mostra itinerante do Guia de Ar-
tista de Foz do Iguaçu - Exposição de co-
lagens da série ‘’Miríades de Sonhos ‘’ em
espaços comerciais da cidade.
2022 - 2023 - Bienal de Arte Digital do Rio
de Janeiro - Exposição de colagens digitais
no espaço Oi Futuro. Presente entre os pro-
jetos destaques da edição, de acordo com o
corpo de curadores da Bienal.
expediente
assessoria jurídica
rynnard
montagem
fátima souza
produção
daniel brandão
camila coradette
guilherme marchi
audiodescrição