Trabalho Flexível: novos dramas e as mutações do trabalhador na
sociedade contemporânea.
Claudemir Carlos PEREIRA1
Resumo
Este texto tem o objetivo de discutir frente aos textos lidos e as discussões estabelecidas em aula pela
disciplina optativa Sociologia do Trabalho o momento atual das duras condições da classe
trabalhadora e do mundo do Trabalho imposta pelas políticas neoliberais econômicas e reformas
trabalhistas viabilizadas em grande medida pelos Estados-nacionais, direcionados por interesses de
grandes corporações transnacionais, determinando assim uma nova morfologia na estrutura social
culminando em formas precarizadas e flexíveis de trabalho.
Palavras- Chave: Reestruturação Produtiva. Mundo do Trabalho. Flexibilização.
Abstract
This text aims to discuss forward to read texts and discussions set in class for discipline Elective
Sociology of Work the present moment the harsh conditions of the working class and the working
world imposed by economic neo-liberal policies and labor reforms made possible largely by States
national, driven by the interests of large transnational corporations, thus determining a new
morphology in the social structure culminating in precarious and flexible forms of work.
Keywords: Productive Restructuring. World of Work. Easing.
Introdução
Neste trabalho discorreremos sobre a atualidade do mundo do Trabalho, em especial
sob a nova condição estabelecida pelos fenômenos da globalização e mundialização, o
trabalho flexível a que muitos trabalhadores estão sendo submetidos nas últimas décadas.
A partir de 2008, a crise econômica e financeira que atingiu o mundo globalizado tem
intensificado e produzido em muitos Estado-nacionais a necessidade de recuperar as suas
economias, a crise produziu graves implicações políticas, trabalhistas e sociais. Os Estados-
nacionais apresentam grandes dificuldades em controlar as suas economias, frente a este
desafio, tendem a reduzir seus custos sociais para retomar as sua matriz produtiva lucrativa, e
em alguns casos suas políticas econômicas tem demonstrado ineficiência, e agravado o
1
Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista - UNESP (Faculdade de Ciências e Letras
de Araraquara - FCL - Campus de Araraquara)
cenário, repercutindo em taxas exorbitantes de desemprego, inflação alta e PIB retroativo
(vide o caso brasileiro)2.
Diante deste fato cada vez é mais corrente a ideia de que diante da ineficiência das
políticas econômicas dos Estados no Mercado, seus governos têm estabelecidos constantes
cortes nos direitos sociais e trabalhistas, direcionados pelas políticas neoliberais que ditam as
regras do Mercado Mundial atendendo em grande medida aos interesses das grandes
corporações transnacionais. Os avanços da política neoliberal desde a crise dos anos 1970
geraram uma dinâmica de não intervenção na ordem social, que tem agravado e precarizado a
condição humana da classe de trabalhadores, desamparada pelos seus agentes históricos
reivindicativos (Partidos de Trabalhadores e Sindicatos) e sendo brutalmente violada em seus
direitos por constantes ataques de reformas trabalhistas e sociais (redução de direitos)
direcionadas por diretrizes estatais e neoliberais em grande medida por orientações de cunho
econômico por parte das grandes corporações transnacionais.
Perante este cenário, o Estado de Bem-estar social permitiu em seus governos os
crescentes avanços das políticas econômicas do neoliberalismo, fazendo com que estas
políticas dominassem o Mercado, estabelecendo suas regras e fragilizando o mundo do
Trabalho. A partir desta intensa ofensiva por parte dos interesses do capitalismo financeiro,
rentista e especulativo, as formas de trabalho foram cada vez mais fragilizadas e precarizadas,
rompendo com os projetos políticos de pleno emprego, abandonando os interesses de projetos
que visassem o bem-estar da sociedade civil e seu desenvolvimento, e intensificando as
inúmeras reformas e ocasionando o rompimento de muitos direitos trabalhistas e sociais,
ampliando o abismo das desigualdades sociais.
O mundo do trabalho vem sendo transgredido com constantes ataques que partem de
reformas trabalhistas, estabelecidas por governos democráticos neoliberais, manipulados por
interesses de grandes corporações transnacionais; os Estados-nacionais já não protegem os
trabalhadores, pelo contrário, intensifica cada vez mais, as grandes desigualdades econômicas
e sociais em seus territórios. Foi nesse contexto que as forças e interesses das grandes
corporações conseguiram reorganizar-se, introduzindo novos desafios para o mundo do
trabalho, que se viu a partir de então em condições bastante desfavoráveis. A reorganização
capitalista que se seguiu, com novos processos de trabalho, imprimiu novas formas de
2
O desemprego subiu para 11,3% no trimestre encerrado em junho de 2016, segundo dados divulgados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior já registrada pela série histórica da Pnad
Contínua, que teve início em janeiro de 2012. A inflação prevista pelos analistas do IBGE, para a IPCA deste
ano oscilou de 7,27% a 7,26%. Já a expectativa de retração do PIB em 2016 passou de 3,35% para 3,30%.
trabalho e uma nova agenda, cada vez mais fragilizadas e precarizadas, hoje é comum o termo
trabalhador/trabalho flexível e esta tem sido uma forma degradante da condição e natureza
humana. Os trabalhos precarizados e flexíveis tem sido considerado a pior forma de
exploração, uma vez que os contratos de trabalhos não garantem os direitos mínimos à classe,
quando não estão nestas condições, encontra-se desempregada, aumentando ainda mais o
exército de reserva e intensificando a concorrência por vagas.
A flexibilização do mundo do Trabalho
Ricardo Antunes, em sua obra Os Sentidos do Trabalho (2002) nos expõe com muita clareza
em sua breve introdução algumas problemáticas e transformações a que o mundo do trabalho
e a sua condição humana vêm sofrendo nas últimas décadas.
Particularmente nas últimas décadas a sociedade contemporânea vem
presenciando profundas transformações, tanto nas formas de
materialidade quanto na esfera da subjetividade, dadas as complexas
relações entre essas formas de ser e existir da sociabilidade humana. A
crise experimentada pelo capital, bem como suas respostas, das quais
o neoliberalismo e a reestruturação produtiva da era da acumulação
flexível são expressão, têm acarretado, entre tantas consequências,
profundas mutações no interior do mundo do trabalho. Dentre elas
podemos inicialmente mencionar o enorme desemprego estrutural, um
crescente contingente de trabalhadores em condições precarizadas,
além de uma degradação que se amplia, na relação metabólica entre
homem e natureza, conduzida pela lógica societal voltada
prioritariamente para a produção de mercadorias e para a valorização
do capital (ANTUNES, 2002, p. 15).
Diante deste cenário brevemente descrito dos efeitos da crise do sistema capitalista e
suas implicações na sociedade contemporânea e nas relações do mundo do trabalho, não nos
deteremos neste trabalho a desenvolver as ideias do autor em sua completude, nos deteremos
apenas e baseado em algumas de suas ideias a entender um pouco o que foi essa crise do
capitalismo nos anos de 1970, e que tem repercutido e transformado o mundo desde então, o
que dá margem para travarmos o debate sobre a atual condição do trabalho, em especial e
objeto deste pequeno artigo sobre o trabalho flexível e suas trágicas consequências para a
classe de trabalhadores e seus reflexos para a sociedade.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os países vencedores e mais ricos,
principalmente os EUA, visando estabelecer e fortalecer a ideologia capitalista e seu modo de
produção, frente à ameaça do Socialismo imposta pela URSS, em alguns dos países europeus
do leste, estabeleceram um conjunto de estratégias políticas econômicas e sociais que
fortaleceram o sistema fordista-taylorista de produção e a ideias do keynesianismo. Coube ao
Estado de Bem-estar social promover e incentivar políticas de pleno emprego e geração de
renda. Esta aliança permitiu que os países capitalistas centrais alcançassem altas taxas de
crescimento econômico e expansão de direitos sociais e trabalhistas.
Neste processo o Estado de Bem-estar social teve relevante participação e assumiu
novos papéis e estabeleceu novos poderes institucionais, permitindo assim o equilíbrio entre
as classes – empregadora e trabalhadora. O Pacto Capital-Trabalho (acordado pelo Estado de
Bem-estar social, sindicatos trabalhistas e pelos partidos políticos representantes da classe dos
trabalhadores - Social-democracia; Comunista, entre outros.) além de beneficiar os
trabalhadores com os altos salários e a expansão de direitos, em seus centros produtivos andou
paripassu com o trabalho organizado e a produção de produtos estandardizados.
Para, além disso, o Estado de bem-estar foi um pilar fundamental para estabelecer as
políticas públicas e a expansão de direitos sociais à sociedade, investindo não apenas nas
áreas da saúde, educação e segurança, mas também regulando e mediando os acordos e pactos
trabalhistas, garantindo assim à classe trabalhadora previdência pública, emprego e aumento
da renda. Em momentos de crises cíclicas ou expansão de capital assumindo o papel de agente
essencial na condução do desenvolvimento econômico, sempre por meio de intervenções
reguladoras nas políticas comerciais, trabalhistas, financeiras e industriais. Esta tríplice
aliança – sistema de produção fordista-taylorista, grande capital corporativo e Estado de Bem-
estar social formaria a base de expansão do capital industrial e financeiro, que sempre
objetivava o aumento da produtividade e o incremento de mais-valia.
A partir dos anos de 1970, a plataforma produtiva e o Pacto Capital-Trabalho, que
permitiu aos países centrais e ao capitalismo industrial e financeiro atingir o seu pleno
desenvolvimento, começou a dar mostra de esgotamento. Estabelecendo assim uma crise
estrutural do capitalismo3, um quadro clínico mortuário que se evidenciou com a queda
acentuada e estrutural da taxa de lucro; com o desgaste da plataforma acumulativa e produtiva
do modelo fordista-taylorista; com a falência do modelo de Estado de Bem-estar social;
crescimento excessivo da esfera financeira – determinando e “colocando o capital financeiro
3
Ao analisar a crise estrutural do capital que vivenciamos desde a década de 1970, Mészáros (2009) afirma que
sua novidade histórica se explicita em quatro aspectos, quais sejam: possui um caráter universal que não se
restringe a uma esfera particular; seu “alcance é verdadeiramente global” sendo que atinge todos os países; sua
escala de tempo é “extensa, contínua”, ou melhor, é “permanente” em contraposição a uma crise cíclica, situada
num determinado período; seu “modo de se desdobrar poderia ser chamado de rastejante”.
como campo prioritário para a especulação, na nova fase do processo de internacionalização”
(ANTUNES, 2002, p. 30); intensificação dos processos das fusões entre empresas
ocasionando maior concentração de capitais; e o esgotamento dos Estados incrementou uma
onda acentuada, principalmente nas décadas de 1980/90 de inúmeras privatizações.
De fato, a denominada crise do fordismo e do keynesianismo era a
expressão fenomênica de um quadro crítico mais complexo. Ela
exprimia, em seu significado mais profundo, uma crise estrutural do
capital, em que se destacava a tendência decrescente da taxa de lucro,
decorrente dos elementos acima mencionados. Era também a
manifestação, conforme indiquei anteriormente, tanto do sentido
destrutivo da lógica do capital, presente na intensificação da lei de
tendência decrescente do valor de uso das mercadorias, quanto da
incontrolabilidade do sistema de metabolismo social do capital. Com o
desencadeamento de sua crise estrutural, começava também a
desmoronar o mecanismo de “regulação” que vigorou, durante o pós-
guerra, em vários países capitalistas avançados, especialmente da
Europa (ANTUNES, 2002, p. 31).
Essa crise que se intensificou com os fortes ataques das políticas neoliberais,
deliberadas pelos governos dos EUA e Grã-Bretanha e pelo enfraquecimento da extinta
URSS, iniciou um processo de reestruturação produtiva e inaugurou uma nova era, o
capitalismo deixa de lado a base do modelo de acumulação produtiva do fordismo-taylorismo
e implanta a forma da acumulação flexível, esta nova fisionomia juntamente com o intenso
processo de privatização do Estado, levou à falência milhares de empresas e colocou milhões
de trabalhadores nas ruas, intensificando e elevando as taxas de desemprego em inúmeros
países, este fato acarretou profundas modificações na morfologia social e nas relações do
mundo do trabalho.
Como resposta à sua própria crise, iniciou-se um processo de
reorganização do capital e de seu sistema ideológico e político de
dominação, cujos contornos mais evidentes foram o advento do
neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação
dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatal,
da qual a era Thatcher-Reagan foi expressão mais forte; a isso se
seguiu também um intenso processo de reestruturação da produção e
do trabalho, com vistas a dotar o capital do instrumental necessário
para tentar repor os patamares de expansão anteriores (ANTUNES,
2002, p. 31).
O processo das políticas neoliberais da reestruturação produtiva ganha força e obriga
os países capitalistas centrais e periféricos a um intenso processo de flexibilização da
plataforma produtiva e das relações de trabalho, passando a enfatizar as vantagens das novas
formações produtivas; melhora na produtividade, maior lucratividade, pouca rigidez na
produção, desmonte de grandes parques industriais, empresas mais enxuta e flexibilidade do
tempo (menos horas trabalhadas na fábrica).
Ainda que certos aspectos da “flexibilização” venham a ser considerada vantajosa para
certos grupos de trabalhadores (jornadas mais curtas de trabalho, horários mais flexíveis),
para a grande maioria dos trabalhadores a flexibilização mostrou a sua face negativa, ou seja,
constantes reformas trabalhistas, redução de direitos, desemprego em massa e a incerteza de
estabilidade no trabalho.
A noção de precarização informa a degradação das condições de trabalho do novo
padrão flexível, em que os direitos foram não só flexibilizados, mas dispostos em função das
necessidades do mercado consumidor, configurando o assim chamado modelo toyotista de
produção, em que o operário tornou-se polivalente, diversificado, atuando na lógica do Just in
time4, integrado em equipe e trabalhando em prol do controle de qualidade total.
A flexibilização do sistema produtivo e a flexibilidade da própria organização do
trabalho terminaram intensificando a exploração do trabalho, principalmente com a
ocidentalização do modelo japonês, que, por estar muito mais sintonizado com a lógica
neoliberal em contrapartida da social-democracia, enfraqueceu ainda mais o Estado de bem-
estar social, provocando encolhimento dos fundos públicos e drástica “redução das conquistas
sociais válidas para a população”.
O neoliberalismo passou a ditar o ideário e o programa a serem
implementados pelos países capitalistas, inicialmente no centro e logo
depois nos países subordinados, contemplando reestruturação
produtiva, privatização acelerada, enxugamento do Estado, políticas
fiscal e monetária sintonizadas com os organismos mundiais de
hegemonia do capital, como o FMI e o BIRD, desmontagem dos
direitos sociais dos trabalhadores, combate cerrado aos sindicalismos
de esquerda, propagação de um subjetivismo e de um individualismo
exacerbados, dos quais a cultura “pós-moderna” é expressão,
animosidade direta contra qualquer proposta socialista contrária aos
valores e interesses do capital etc. (ANTUNES, 2002, p. 187).
Para Sennett (1999) o capitalismo vive um novo momento caracterizado por uma
natureza flexível, que ataca as formas rígidas da burocracia, as consequências da rotina
exacerbada e os sentidos e significados do trabalho; criando uma situação de ansiedade nas
pessoas, que não sabem os riscos que estão correndo, colocando em teste o próprio senso de
4
Just in time (JIT) é um sistema de administração da produção que determina que nada deve ser produzido,
transportado ou comprado antes da hora certa. “Just in time” é um termo inglês, que significa literalmente “na
hora certa” ou "momento certo". Este sistema pode ser aplicado em qualquer organização e é muito importante
para auxiliar a reduzir estoques e os custos decorrentes do processo. O Just in time é o principal pilar de diversas
fábricas, em especial de carros, como por exemplo o sistema Toyota de produção.
pertencimento e caráter pessoal. A especialização flexível obriga os trabalhadores a
constantes mudanças, aperfeiçoamento e transformações em suas funções e profissões, devido
ao fato de, “as empresas cooperam e competem ao mesmo tempo, buscando nichos no
mercado que cada uma ocupa temporariamente, e não permanentemente, adaptando a curta
vida de produto de roupas, têxteis ou peças de máquinas (SENNETT, 1999, p.59)”.
Por esta razão Sennett (1999) argumenta que o trabalho flexível leva a um processo de
degradação dos trabalhadores de ofício, pois com a introdução de novas tecnologias
organizacionais, o trabalho tornou-se fácil, superficial e ilegível. No regime flexível as
dificuldades sempre se consolidam no ato de correr riscos, as próprias incertezas das
organizações flexíveis impõem aos trabalhadores correrem riscos com seus trabalhos,
colocando em prova o caráter pessoal.
Considerações Finais
Não restam dúvidas de que todas as transformações aqui narradas, assim como a
presente crise no sistema econômico mundial, ainda a depender conjunturalmente das óbvias
condições políticas e sociais vivenciadas por cada país atingem diretamente o mundo do
trabalho, provocando mudanças não apenas na subjetividade do trabalho, mas também no
próprio universo da consciência e formas de representação sindical, diante da evidente
constatação de que o aumento do desemprego na população ativa enseja graves crises
políticas e sociais, desestabilizando o Estado e toda a sociedade.
A nova ordem concentra-se na capacidade imediata, não leva em conta que
acumulação dá sentido e direito às pessoas; e daí a preferência do capitalismo pelos mais
jovens, por serem mais adaptáveis às formas flexíveis de trabalho. Os riscos, além de colocar
em questão o senso de caráter, propiciam aos indivíduos um sentimento de esvaziamento
completo em todos os sentidos (moral, social, cultural e político).
O fenômeno da flexibilização é tão destruidor que tem legado a atual juventude e suas
futuras gerações a perspectiva de uma “geração precária”. O jovem polivalente,
multifuncional e flexível é a primeira vítima da flexibilização do mercado de trabalho,
vivendo em um mundo cujo horizonte de expectativas apresenta-se nublado, sem garantias de
trabalho fixo e a garantia de direitos básicos sociais sofre na pele a dura realidade das
desigualdades sociais e econômicas extremadas, da intensa hipercompetitividade e da
crescente concentração de riquezas nas mãos de poucos.
Referências Bibliográficas
ANTUNES, R. Os Sentidos do Trabalho. São Paulo: Boitempo, 2002.
MÉSZÁROS, I. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo:
Boitempo, 2009.
SENNETT, R. A Corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo
capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.