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Universidade Estadual de Montes Claros

Departamento de Ciências Exatas


Curso de Licenciatura em Matemática

Notas de Aulas de
Cálculo

Rosivaldo Antonio Gonçalves

Notas de aulas que foram elaboradas para orientar


o estudo de conteúdos básicos de Matemática para
o curso de Licenciatura em Matemática.

Montes Claros, - 24 de março de 2012


Capı́tulo 1

Introdução

1.1 Coordenadas Cartesianas

1.1.1 Plano
Os pontos de um plano são identificados com pares ordenados de números
naturais reais;

P = (x, y),

sendo x a abscissa de P e y a ordenada de P .

1.1.2 Espaço
Os pontos do espaço são identificados com ternos ordenados de números reais;

P = (x, y, z),

sendo x a abscissa de P, y a ordenada de P e z a cota de P .

1
1.2 Vetores

1.2.1 Plano
−→
O par ordenado (x, y) é identificado com o vetor OP , sendo O a origem do
sistema ortogonal de coordenadas cartesianas e P o ponto de coordenadas (x, y).

1.2.2 Espaço
Os vetores no espaço são introduzidos como ternos ordenados de números
reais.

1.2.3 Operações
i) (x, y, z) + (x0 , y 0 , z 0 ) = (x + x0 , y + y 0 , z + z 0 )

ii) λ(x, y, z) = (λx, λy, λz);

iii) o oposto do vetor →



v = (x, y, z), é o vetor −→

v = (−1)→

v = (−x, −y, −z);

iv) (x, y, z) − (x0 , y 0 , z 0 ) = (x, y, z) + (−1)(x0 , y 0 , z 0 ) = (x − x0 , y − y 0 , z − z 0 ).



Nota 1.2.1 0 = (0, 0, 0) é chamado vetor nulo.

1.2.4 Propriedades
Quaisquer que sejam os vetores →

u ,→

v e→

w e os escalares λ e β temos,

i) →

u +→

v =→

v +→

u;

ii) (→

u +→

v)+→

w =→

u + (→

v +→

w );


iii) →

u + 0 =→

u;


iv) →

u + (−→

u)= 0;

v) (λ + β)→

u = λ→

u + β→

u;

vi) λ(→

u +→

v ) = λ→

u + λ→

v;

vii) (λβ)→

u = λ(β →

u );

2
viii) 1→

u =→

u.

Demonstração

i) Sejam → −u = (x, y, z) e → −
v = (x0 , y 0 , z 0 ). Então

− →

u + v = (x, y, z) + (x0 , y 0 , z 0 ) = (x + x0 , y + y 0 , z + z 0 ) = (x0 + x, y 0 +
y, z 0 + z) = (x0 , y 0 , z 0 ) + (x, y, z) = → − v +→ −u.

As demonstrações dos outros itens ficam como exercı́cios.




1.2.5 Norma
−→
Geometricamente, a norma de um vetor → −v = OP é o comprimento do seg-
mento geométrico OP que representa o vetor.

i na reta: k x k= x2 =| x |

ii no plano: →−
v = (x, y), k →− p
v k= x2 + y 2

iii espaço: →

v = (x, y, z), k →
− p
v k= x2 + y 2 + z 2

1.3 Produto Escalar


Definimos a adição e subtração de vetores e multiplicação de um vetor por
um escalar. Agora iremos definir uma operação de multiplicação de dois vetores,
chamada produto escalar.

Definição 1.3.1 Se →

v1 = (x1 , y1 , z1 ) e →

v2 = (x2 , y2 , z2 ), então o produto escalar
de →

v e→
1

v é dado por
2



v1 · →

v2 = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2
Exemplo
(2, 3, −1) · (5, 1, 2) = 10 + 3 − 2 = 11
Propriedades
Quaisquer que sejam os vetores → −u ,→
−v e→

w e o escalar λ temos,

i) →

u ·→

v =→

v ·→

u

3
ii) →

u · (→

v +→

w) = →

u ·→

v +→

u ·→

w

iii) (λ→

u)·→

v = λ(→

u ·→

v)=→

u (λ→

v );

iv) →

u ·→

u =k →

u k2

As demonstrações ficam como exercı́cios.

Nota 1.3.2 Sobre as posições relativas de duas retas, relembremos que:

1. Consideremos as retas r1 e r2 , cujas equações paramétricas são


dadas,respectivamente, por (x, y) = t(a1 , b1 ) e (x, y) = t(a2 , b2 ),

b1 b2
2. Sabemos que r1 e r2 são perpendiculares se, e somente se, a1 a2
= 1, ou
a1 a2 + b1 b2 = 0, ou (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = 0

Assim, temos a seguinte definição.

Definição 1.3.3 Dizemos que os vetores →



u e→

v são ortogonais (ou perpendicu-
lares) se, e somente se,



u ·→
−v = 0.
Interpretação geometrica do produto escalar

i) →

u ·→

v =k →

u kk →

v k cos α;

ii) seja →

w o vetor projeção do vetor →

v sobre o vetor →

u , então

− →

k w k=k v k cos α.
como,


u ·→

v =k →−
u kk →
−v k cos α
=k →

u k (k →

v k cos α)
=k →

u kk →

w k,

temos que o produto escalar de → −


u e→

v é o comprimento de →

u multiplicado
pelo comprimento da projeção de →

v sobre →

u.

4
1.4 Retas no espaço
Definição 1.4.1 Dois vetores →

u e→

v são colineares ou paralelos se existe um
número r tal que →

u = r→−
v.
i) Conhecidos um ponto e um vetor: P − P0 = t(P1 − P0 )
P = (1 − t)P0 + tP1 .
Exemplos
Determinar a equação da reta que passa pelo ponto P0 = (8, 12, 6), paralela
ao vetor →

v = (11, 8, 10).
P − P0 = t→ −
v
(x, y, z) − (8, 12, 6) = t(11, 8, 10)
(x, y, z) = (8, 12, 6) + t(11, 8, 10).

1.5 Planos no espaço


Equação de um plano por um ponto P0 = (x0 , y0 , z0 ), perpendicular a um
vetor →

v = (a, b, c).
P − P0 ⊥ → −v,
isto é,


v · (P − P0 ) = 0,
ou
a(x − x0 ) + b(y − y0 ) + c(z − z0 ) = 0,
ou
ax + by + cz + d = 0.

Observações
i) Dois planos são paralelos se, e somente se, seus vetores normais forem
paralelos;
ii) Dois planos são perpendiculares se, e somente se, seus vetores normais
forem perpendiculares;
iii) -plano:ax + by + cz + d = 0; →
−η (a, b, c)


-plano:xy(z = 0); η = (0, 0, 1)
(a, b, c) · (0, 0, 1) = 0 → os dois planos são perpendiculares
Um plano tendo uma equação sem termo em z é perpendicular ao plano
xy e, portanto, paralelo ao eixo Oz.

5
iv) -plano:by + cz + d = 0
Perpendicular ao plano yz e portanto paralelo ao eixo Ox.

v) -plano: ax + cz + d = 0
Perpendicular ao plano xz e portanto paralelo ao eixo Oy.

Exemplo
Determinar a reta interseção dos planos de equações
x − 2y + z − 1 = 0 e 3x + y − 2z − 3 = 0.
Resolvendo o sistema de equações obtemos x = 1 + 37 zey = 57 z.
Assim, temos as equações parametricas,
x = 1 + 73 t; y = 57 t; z = t.
Trata-se da reta que passa pelo ponto P0 = (1, 0, 0) na direção do vetor
~v = ( 37 , 57 , 1).

Faça o mesmo para os planos de equações: z = −3x + 4 e z = −2y + 1.

1.6 Bola aberta

Definição 1.6.1 Sejam a um ponto no Rn e r > 0 um número real. O conjunto


B(a; r) = {x ∈ Rn ; k x − a k< r}
denomina-se bola aberta de centro a e raio r.

-reta
B = {x ∈ R; k x − x0 k< r}

-plano
B = {(x, y) ∈ R2 ; k (x, y) − (x0 , y0 ) k< r}

-espaço
B = {(x, y, z) ∈ R3 ; k (x, y, z) − (x0 , y0 , z0 ) k< r}

6
1.7 Conjunto aberto
Definição 1.7.1 Dizemos que (x0 , y0 ) ∈ A é um ponto interior de A se existir
uma bola aberta de centro (x0 , y0 ) contida em A.
Exemplo
A = {(x, y) ∈ R2 ; x ≥ 0ey ≥ 0}
i) Todo (x, y) com x > 0 e y > 0 é ponto interior de A;
ii) Todo (x, y) com x = 0 ou y = 0 não é ponto interior de A.

Definição 1.7.2 Dizemos que A é um conjunto aberto se todo ponto de A for


ponto interior.

Exemplo
O conjunto A acima não é aberto.

1.8 Ponto de acumulação


Definição 1.8.1 Seja um subconjunto do R2 e seja (a, b) ∈ R2 ((a, b) pode per-
tencer ou não a A). Dizemos que (a, b) é ponto de acumulação de A se toda bola
de centro (a, b) contiver pelo menos um ponto (x, y) ∈ A com (x, y) 6= (a, b)
Observação
(a, b) é o ponto de acumulação de A se existirem pontos de A, distintosde
(a, b), tão próximos de (a, b) quanto se queira.
Exemplos
(1) A = {(x, y) ∈ R2 ; x > 0 e y > 0}
(i) Toda (x, y) com x ≥ 0 e y ≥ 0 é o ponto de acumulação de A;
(ii) (− 21 , 1) não é ponto de acumulação de A.
(2) A = {(1, 2), (−1, 0), (1, 3)} não admite ponto de acumulação.

7
Exercı́cios

1. Marcar, num sistema de coordenadas, os pontos:

(a) A = (2, 3, 4), B = (3, 2, −4), C = (−2, 1, 3);


(b) D = (−3, 2, −1), E = (−1, −2, 3), F = (−2, −1, −3).

2. Nos itens abaixo, os pontos dados são vertices opostos de um paralelepipedo


retângulo de arestas paralelas aos eixos de coordenadas. Determinadas os
outros seis vértices e fazer gráficos em cada caso:

(a) A = (0, 1, 1) e B = (1, 0, −3);


(b) A = (1, 2, 1) e B = (0, −3, −1).

3. Calcular a norma do vetor dado:

(a) →

u = ( 21 );
(b) →

u = (0, 1, 2).

4. Calcular a distância entre os dois pontos dados:


A = ( 12 , −1, −1
3
) e (−1, 21 , −3
2
)

5. Dados A = (−4, −2, 4), B = (2, 7, −1)eC = (5, 4, −3) calcular:

(a) A · (B + C);
(b) (2A + 3B) · (4C − D);
(c) (A · B)(C · D).

6. Determinar o ponto P tal que AP = 3AB, sendo A = (10, 3, 7) e B =


(2, −1, 5).

7. Determinar o ângulo entre os vetores dados:

u = (1, 1, 21 ) e →
(a) →
− −
v = (1, 1, 4);
(b) u = (−2, 1, 0) e →

− −v = (0, −3, 2)

8. Determinar as equações paramétricas da reta pelos pontos dados:

(a) A = (1, −2, −1) e B = (4, −1, 5);


(b) A = (1, 7, 3) e B = (−1, 7, 5).

10. Determinar as equações paramétricas da reta pela origem, perpendicular


ao plano de equação 2x − y + 3z − 6 = 0.

8
11. Determinar o ponto de interseção do plano de equação 2x − y − 3z − 4 = 0
com a reta pelo ponto (0, 1, −1), na direção do vetor (1, −2, 1).

12. NOs itens abaixo determinar equações paramétricas das retas interseções
dos planos dados:

(a) 2x − y − z − 1 = 0 e x + y − 2z + 7 = 0;
(b) 2x − y + 5z = 0 e x + y − 5z = 10;
(c) x = −4 e y = 5;
(d) x + y = 0 e y + z = 0.

13. Determinar a equação do plano que passa pelo ponto dado e que seja per-
pendicular à direção do vetor →

η dado:

(a) (1, 1, 1) e →

η = (2, 1, 3);
(b) ((2, 1, −1) e →

η = (−2, 1, 2).

14. Determine a equação vetorial da reta que passa pelo ponto dado e que seja
perpendicular ao plano dado:

(a) (0, 1, −1) e x + 2y − z = 3;


(b) (2, 1, −1) e 2x + y + 3z = 1.

15. Determine um vetor não nulo que seja ortogonal aos vetores →

u e→

v dados:

(a) →

u = (1, 2, −1) e →

v = (2, 1, 2);
(b) →

u = (3, 2, −1) e →

v = (−1, 2, 1).

16. Trace um esboço do plano com equação:

(a) 2x + 4y + 3z = 8
(b) 3x + 2y − 6z = 0

17. Encontre a equação do plano que contém o ponto (4, 0, −2) e é perpendic-
ular aos planos x − y + z = 0 e 2x + y − 4z − 5 = 0

18. Verificar quais dos conjuntos abaixo são abertos em R2 :

(a) {(x, y) ∈ R2 ; x2 + y 2 < 1};


(b) {(x, y) ∈ R2 ; x + y ≥ 1}
(c) {(x, y) ∈ R2 ; x + y > 3 e x2 + y 2 < 16}.

9
19. Determine o conjunto dos pontos de acumulação do conjunto dado:

(a) {(x, y) ∈ R2 ; x2 + y 2 < 1}


(b) {(x, y) ∈ R2 ; x e y inteiros }.

10
Capı́tulo 2

Funções de várias variáveis reais


a valores reais

2.1 Funções de duas variáveis reais a valores


reais
Uma função de duas variáveis reais a valores reais é uma função
f : A ⊂ R2 → R. O conjunto A é o domı́nio de f e será indicado por Df ; o
conjunto
Im(f ) = {f (x, y) ∈ R; (x, y) ∈ Df }
é a imagem de f.

√ √
Exemplos 2.1.1 (1) f (x, y) = y−x+ 1−y

Df = {(x, y) ∈ R2 ; y ≥ x e y ≤ 1}

Imf = [0, +∞[

(2) f (x, y) = 5x2 y − 3x

Df = R2

Imf = R

11
(3) Seja a função w = f (u, v) dada por u2 + v 2 + w2 = 1, w ≥ 0


(i) u2 + v 2 + w2 = 1 ⇒ w = 1 − u2 − v 2

(ii) f (u, v) = 1 − u2 − v 2

(iii) Df = {(u, v) ∈ R2 ; 1 − u2 − v 2 ≥ 0}

Imf = [0, 1]
p
(4) f (x, y) = y − x2

Df = {(x, y) ∈ R2 ; y − x2 ≥ 0}

Imf = [0, +∞]

2.2 Gráfico
Definição 2.2.1 Seja f : A ⊂ R2 → R. O conjunto Gf = {(x, y, z) ∈ R3 ; z =
f (x, y), (x, y) ∈ A} denomina-se gráfico de f .

Nota 2.2.2 O gráfico de f pode ser pensado como o lugar geométrico descrito
pelo ponto (x, y, f (x, y)) quando (x, y) percorre o domı́nio de f .

Exemplo 2.2.3 f (x, y) = 2

2.3 Curvas de nı́vel


Definição 2.3.1 Sejam z = f (x, y) uma função e c ∈ Imf. O conjunto de todos
os pontos (x, y) ∈ Df tais que f (x, y) = c denomina-se curva de nı́vel de f
correspondente ao nı́vel z = c.

Nota 2.3.2 (i) f é constante sobre cada curva de nivel;

12
(ii) O gráfico de f é um subconjunto do R3 ; uma curva de nı́vel é um subcon-
junto do domı́nio de f , portanto do R2 .

Exemplos 2.3.3 (1) f (x, y) = x2 + y 2

(i) curvas de nı́vel: x2 + y 2 = c → circunferência de centro na origem e



raio c

(ii) z = 0 → origem

x = 0 → z = y2

y = 0 → z = x2

(iii) Df = R2

Imf = [0, +∞[


p
(2) f (x, y) = 25 − x2 − y 2
p
(i) curvas de nı́vel: 25 − x2 − y 2 = c ⇒ x2 + y 2 = 25 − c2 , circun-

ferências de centro na origem e raio 25 − c2

(ii) Df = {(x, y) ∈ R2 ; 25 − x2 − y 2 ≥ 0}

Imf = [0, 5]

(3) f (x, y) = 8 − x2 − 2y

curvas de nı́vel:
−1 2 8−c
8 − x2 − 2y = c ⇒ x2 + 2y = 8 − c ⇒ y = 2
x + 2

- f (x, y) = x2 + y 2

p
- f (x, y) = 25 − x2 − y 2

13
- 8 − x2 − 2y

x+y
Exercı́cio 2.3.4 1. Seja (x, y) = x−y
.

(a) Determine o domı́nio de f .

(b) Calcule f (2, 3) e f (a + b, a − b).

2. Represente graficamente o domı́nio da função z = f (x, y) dada por:

x2 −3xy+1
(a) f (x, y) = x2 y 2 +1
;

(b) x + y − 1 + z 2 = 0, z ≥ 0;
p √
(c) z = y − x2 + 2x − y;
p
(d) z = | x | − | y |;

x2 +y 2 −25
(e) z = y
;
x−y
(f ) f (x, y) = √ ;
1−x2 −y 2

(g) z 2 + 4 = x2 + y 2 , z ≥ 0.

3. Toda função f : R2 → R dada por f (x, y) = ax + by, sendo a e b reais,


demonina-se função linear. Seja f : R2 → R uma função linear. Sabendo
que f (1, 0) = 2 e f (0, 1) = 3, calcule f (x, y).

4. Uma função f : A ⊂ R2 → R denomina-se função homogênea de grau n se

f (tx, ty) = tn f (x, y)

para todo t > 0 e para todo (x, y) ∈ A tais que tx, ty ∈ A.

(a) Mostre que f (x, y) = x2 + 3xy é homogênea de grau 2.

14
(b) Suponha que f : R2 → R seja homogênea de grau 2 e f (a, b) = a para

todo (a, b) com a2 + b2 = 1. Calcule f (4 3, 4) e f (0, 3).

5. Desenhe as curvas de nı́vel e esboce o gráfico:

(a) f (x, y) = 1 − x2 − y 2 ;

(b) f (x, y) = 1 + x2 + y 2 ;

(c) f (x, y) = x2 , −1 ≤ x ≤ 0, y ≥ 0;

(d) f (x, y) = 1 − x2 , x ≥ 0, y ≥ 0 e y ≤ 1;

(e) f (x, y) = x, x ≥ 0;

(f ) f (x, y) = x + 3y;
p
(g) g(x, y) = 1 − x2 − y 2 ;
p
(h) z = x2 + y 2 ;

(i) f (x, y) = √ 1
1−x2 −y 2

6. Determine a imagem:

(a) f (x, y) = x − 2y;


y
(b) z = x−2
;

(c) z = 4x2 + y 2 .

15
16
Capı́tulo 3

Limite e continuidade

3.1 Limite
Sejam f : A ⊂ R2 → R uma função, (x0 , y0 ) um ponto de acumulação de A e
L um número real. Definimos
lim f (x, y) = L
(x,y)→(xo ,y0 )
se, somente se,
para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que para todo (x, y) ∈ A
0 <k (x, y) − (x0 , y0 ) k< δ ⇒| f (x, y) − L |< ε
Observações

(i) lim f (x, y) = L significa: dado ε > 0, existe δ > 0 tal que f (x, y)
(x,y)→(x0 ,y0 )
permanece em (L − ε, L + ε) quando (x, y), (x, y) 6= (x0 , y0 ), varia na bola
aberta de centro (x0 , y0 ) e raio δ.

(ii) Sempre que falarmos que f tem limite em (x0 , y0 ) fica implı́cito que (x0 , y0 )
é ponto de acumulação de Df .

Exemplos

(1) lim 2x + 3y = 0
(x,y)→(0,0)

Devemos mostrar que dado ε > 0, existe δ > 0 tal que


0 <k (x, y) − (0, 0) k< δ ⇒| 2x + 3y − 0 |< ε

(i) | 2x + 3y |≤| 2x | + | 3y |= 2 | x | +3 | y |

17
p p
(ii) | x |≤ x2 + y 2 e | y |≤ x2 + y 2
p p
(iii) De (i) e (ii) temos que | 2x + 3y |≤ 2 x2 + y 2 + 3 x2 + y 2
Assim, dado ε > 0 e tomando δ = 5ε ,
p
0 <k (x, y) − (0, 0) k< δ ⇒ x2 + y 2 < 5ε ,
ou seja,
0 <k (x, y) − (0, 0) k< δ ⇒| 2x + 3y |< 5 5ε = ε
Logo, lim (2x + 3y) = 0
(x,y)→(xo ,y0 )

x2 −y 2
(2) f (x, y) = x2 +y 2
tem limite (0, 0)?

(i) sobre o eixo x : f (x, 0) = 1


(ii) sobre o eixo y : f (0, y) = −1

Não existe número L tal que f (x, y) permaneça próximo de L para (x, y)
próximo de (0, 0); este fato indica-nos que f não deve ter limite em (0, 0).
De fato, dado ε = 21 temos
1
– se L ≤ 0, | f (x, 0) − L |≥ 2
para todo x 6= 0
1
– se L > 0, | f (0, y) − L |≥ 2
para todo y 6= 0

Teorema 3.1.1 Se a função f tem limites diferentes quando (x, y) tende a


(x0 , y0 ) através de dois conjuntos distintos de pontos que tem (x0 , y0 ) como um
ponto de acumulação, então lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )

Exemplos

x2 −y 2
(1) f (x, y) = x2 +y 2

(i) S1 conjunto de todos os pontos no eixo x


x2
lim f (x, y) = lim 2 = 1
(x,y)→(0,0) x→0 x

(ii) S2 conjuntos de todos os pontos no eixo y


−y 2
lim f (x, y) = lim 2 = −1
(x,y)→(0,0) y→0 y
2 2
x −y
Logo lim não existe.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

18
x2 y
(2) lim
(x,y)→(0,0) x4 + y 2

0
(i) S1 conjunto de todos os pontos no eixo x lim
=0
(x,y)→(0,0) x4

(ii) S2 conjunto de todos os pontos na reta y = x


x3 x
lim 4 2
= lim 2
=0
(x,y)→(0,0) x + x (x,y)→(0,0) x + 1

(iii) S3 conjunto de todos os pontos na parábola y = x2


x4 1
lim 4 4
=
(x,y)→(0,0) x + x 2
x2 y
Assim lim não existe.
(x,y)→(0,0) x4 + y 2

Observação
As propriedades ja conhecidads de limites continuam válidas para fuções de
várias variáveis.

3.2 Continuidade
Sejam f : A ⊂ R2 → R e (x0 , y0 ) ∈ A um ponto de acumulação de A.
Dizemos que f é contı́nua no ponto (x0 , y0 ) se, somente se, as três condições
seguintes forem satisfeitas,
(i) f (x0 , y0 ) existe;
(ii) lim f (x, y) existe;
(x,y)→(x0 ,y0 )

(iii) lim f (x, y) = f (x0 , y0 )


(x,y)→(x0 ,y0 )

Observação
As propriedades já conhecidas de continuidade continuam válidas para
funções de várias variáveis.
Exemplos
(1) f (x, y) = 2 lim f (x, y) = lim 2 = 2 = f (x0 , y0 )
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )

(2) Discuta a continuidade de



 x2 + y 2 , se x2 + y 2 ≥ 1;

f (x, y) =
0, se x2 + y 2 < 1.

19
(i) f está definida em todos os pontos de R2 , assim a condição (i) é
verificada em todo ponto (x0 , y0 )
(ii) Consideremos os pontos (x0 , y0 ) tais que x2 0 + y 2 0 6= 1
∗ x0 2 + y0 2 > 1,
lim f (x, y) = lim x2 + y 2 = x0 2 + y0 2 = f (x0 , y0 )
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )

∗ x0 2 + y 0 2 < 1,
lim f (x, y) = lim 0 = f (x0 , y0 )
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
Então f é contı́nua em todos os pontos (x0 , y0 ) tais que x0 2 +y0 2 6=
1
(iii) Consideremos os pontos (x0 , y0 ) tais que x0 2 + y0 2 = 1(devemos
mostrar que lim f (x, y) existe e é igual a 1).
(x,y)→(x0 ,y0 )

∗ Seja S1 o conjunto de todos os pontos (x, y) tais que x2 + y 2 ≥ 1


lim f (x, y) = lim x2 + y 2 = x20 + y02 = 1
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )

∗ Seja S2 o conjunto de todos os pontos (x, y) tais que x20 + y02 < 1
lim f (x, y) = lim 0=0
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
Assim lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )
Portanto, f é descontı́nua em todos os pontos (x0 , y0 ) para os
quais x0 2 + y0 2 = 1
y
(3) Discuta a continuidade de f (x, y) = √
x2 +y 2 −25

(i) g(x, y) = y é contı́nua


p
(ii) h(x, y) = x2 + y 2 − 25 é contı́nua em todos os pontos de R2 para os
quais x2 + y 2 > 25.
Então, f é contı́nua em todos os pontos de R2 para os quais x2 +y 2 > 25

20
Exercı́cios

1. Calcule, caso exista:


1
(a) lim x sin ;
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
x+y
(b) lim ;
(x,y)→(0,0) x − y

xy 2
(c) lim ;
(x,y)→(0,0) x2 − y 2

(d) lim x3 + 2x2 y − y 2 + 2;


(x,y)→(0,0)
x
(e) lim p ;
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
xy
(f) lim .
(x,y)→(0,0) x + y 2
2

2. Prove, usando a definição, que:

(a) lim k = k;
(x,y)→(x0 ,y0 )

(b) lim x = x0 .
(x,y)→(x0 ,y0 )

3. Determine o conjunto dos pontos de continuidade de f (x, y).Justifique a


resposta.

(a) f (x, y) = 3x2 y 2 − 5xy + 6;



 x−3y , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
(b) f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).

xy
(c) f (x, y) = sqrt16−x2 −y 2
;
(d) f (x, y) = xln(x, y; )

 sin(x+y) , se(x, y) 6= (0, 0);

x+y
(e) f (x, y) =
1, se(x, y) = (0, 0).

(f) f (x, y) = ln x2x−y


+y 2 ;
x−y
(g) f (x, y) = √ .
1−x2 −y 2

21

xy 2
6= (0, 0);


x2 +y 2
, se(x, y)
4. f (x, y) = é contı́nua em (0, 0)? Justifique.
0, se(x, y) = (0, 0).

22
Capı́tulo 4

Derivadas parciais

4.1 Derivadas parciais


Tratamos uma função de n variáveis como uma função de uma variável, var-
iando uma delas e mantendo as outras fixas; isto leva ao conceito de uma derivada
parcial.
Seja z = f (x, y) uma função real de duas variáveis reais e seja (x0 , y0 ) ∈ Df .
Fixado (y0 ) podemos considerar a função g de uma variável dada por

g(x) = f (x, y0 )
.
A derivada da função g no ponto x0 , caso exista, denomina-se derivada
parcial de f , em relação a x, no ponto (x0 , y0 ) e indica-se por ∂f
∂x
(x0 , y0 ).
∂f 0
Assim, ∂x (x0 , y0 ) = g (x0 ) e temos,

∂f g(x) − g(x0 )
(x0 , y0 ) = g 0 (x0 ) = lim
∂x x→x0 x − x0
,
ou seja,

∂f f (x, y0 ) − f (x0 , y0 )
(x0 , y0 ) = lim ,
∂x x→x0 x − x0
ou ainda,

∂f f (x0 + ∆x, y0 ) − f (x0 , y0 )


(x0 , y0 ) = lim .
∂x ∆x→0 ∆x

23
De modo análogo define-se derivada parcial de f em relação a y, no ponto
(x0 , y0 ),

∂f f (x0 , y) − f (x0 , y0 )
(x0 , y0 ) = lim
∂y y→y0 y − y0
,
ou

∂f f (x0 , y0 + ∆y) − f (x0 , y0 )


(x0 , y0 ) = lim
∂y ∆y→0 ∆y
,
Observações
∂f
(i) ∂x
(x, y) é a derivada, em relação a x, de f (x, y) mantendo-se y constante;
∂f
(ii) ∂y
(x, y) é a derivada, em relação a y, de f (x, y) mantendo-se x constante.

Exemplos

(1) f (x, y) = 2xy − 4y

∂f f (x + ∆x, y) − f (x, y)
(x, y) = lim
∂x ∆x→0 ∆x

2(x + ∆x)y − 4y − 2xy + 4y


= lim
∆x→0 ∆x

2y∆x
= lim = 2y
∆x→0 ∆x

∂f f (x, y + ∆y) − (f (x, y))


(x, y) = lim
∂y ∆y→0 ∆y

2x(y + ∆y) − 4(y + ∆) − 2xy + 4y


= lim
∆y→0 ∆y

2xy + 2x∆y − 4y − 4∆y − 2xy + 4y


= lim
∆y→0 ∆y

2x∆y − 4∆y
= lim = 2x − 4
∆y→0 ∆y

24
- para obter ∂f ∂x
(x, y) devemos olhar y como constante e derivar em
∂f
relação a x : ∂x (x, y) = 2y
- para obter ∂f ∂y
(x, y) devemos olhar x como constante e derivar em
∂f
relação a y : ∂y (x, y) = 2x − 4

x3 −y 2
6= (0, 0);


x2 +y 2
, se(x, y)
(2) f (x, y) =
0, se(x, y) = (0, 0).

- se (x, y) 6= (0, 0) podemos aplicar a regra do quociente

∂f 3x2 (x2 + y 2 ) − (x3 − y 2 )2x


(x, y) =
∂x (x2 + y 2 )2

3x4 + 3x2 y 2 − 2x4 + 2xy 2


=
(x2 + y 2 )2

x4 + 3x2 y 2 + 2xy 2
=
(x2 + y 2 )2

∂f −2y(x2 + y 2 ) − (x3 − y 2 )2y


(x, y) =
∂y (x2 + y 2 )2

−2x2 y − 2x3 − 2x3 y + 2y 3


=
(x2 + y 2 )2

−2x2 y − 2x3 y
=
(x2 + y 2 )2
- Em (0, 0)
∂f f (x, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂x x→0 x−0
x
= lim =1
x→0 x
∂f f (0, y) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂y y→0 y−0
−1
= lim
y→0 y
,
que não existe.

25
- Interpretação geométrica
Suponhamos que z = f (x, y) admite derivadas parciais em (x0 , y0 ) ∈ Df .
O gráfico da função g(x) = f (x, y0 ), no plano x0 y00 z, é a interseção do plano
y = y0 com gráfico de f .
Então, ∂f
∂x
(0, 0) é o coeficiente angular da reta tangente T a esta interseção
no ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )).
Observação
A existência de derivada parcial num ponto não implica a continuidade da
função neste ponto; por exemplo,

 xy , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).

(i) f admite derivadas parciais em (0, 0):


∂f f (x, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂x x→0 x
0
lim =0
x→0 x

∂f f (0, y) − f (0, 0)
∂y
(0, 0) = lim
y→0 x
0
lim =0
y→0 y

(ii) f não é contı́nua em (0, 0):


– (a)S1 conjunto de todos os pontos no eixo x

lim f (x, y) = lim 0 = 0


(x,y)→(0,0) x→0

– (b)S2 conjunto de todos os pontos na reta y = x

x2 1
lim f (x, y) = lim 2 =
(x,y)→(0,0) x→0 2x 2
Como a existência de derivadas parciais não implica em continuidade temos
que ela não é uma boa generalização do conceito de diferenciabilidade dado para
funções de uma variável.
Veremos agora qual é a boa generalização do conceito de diferenciabilidade
para funções de várias variáveis reais.
Exercı́cios

26
1. Determine as derivadas parciais:

(a) f (x, y) = 5x4 y 2 + xy 3 + 4;


(b) z = cos(xy);
2 −y 2
(c) f (x, y) = e−x ;
x3 +y 2
(d) z = x2 +y 2
;

x+y 4
6= (0, 0);


x2 +y 2
, se(x, y)
(e) f (x, y) =
0, se(x, y) = (0, 0).

(f) f (x, y) = (4xy − 3y 3 )3 + 5x2 y;


(g) z = xyexy ;
(h) g(x, y) = xy .

x3 +y 3
6= (0, 0);


x2 +y 2
, se(x, y)
2. Dada f (x, y) = encontre:
0, se(x, y) = (0, 0).

∂f
(a) ∂x
(0, 0)
∂f
(b) ∂y
(0, 0)

3. Encontre a declividade da reta tangente à curva de interseção da superficie


z = x2 + y 2 com o plano y = 1 no ponto (2, 1, 5).

4. Dizemos que (x0 , y0 ) é um ponto critico de f (x, y) se ∂f ∂y


(x0 , y0 ) =
0.Determine, caso existam, os pontos crı́ticos da função dada:

(a) f (x, y) = x2 + y 2 ;
(b) f (x, y) = x2 − 2xy + 3y 2 + x − y;
(c) f (x, y) = 2x + y 3 ;
(d) f (x, y) = x3 + y 3 − 3x − 3y

(5.) Seja z = f (x, y) dada implicitamente por x2 + y 2 + z 2 = 1, z > 0. Temos,

∂ 2 ∂1
(x + y 2 + z 2 ) =
∂x ∂x

∂z
2x + 2z =0
∂x
27
∂z −2x −x −x
= = =p , x2 + y 2 < 1
∂x 2z y 2
1−x −y 2

∂z
(a) Calcule ∂y

(b) Seja z = f (x, y) dada implicitamente pela equação exyz = x2 + y 2 + z 2 .


∂z ∂z
Calcule ∂x e ∂y .

28
Capı́tulo 5

Funções diferenciáveis

5.1 Diferencial f : R → R
Definição 5.1.1 Definimos a diferencial de f : R → R no ponto x0 como sendo
a função linear L : R → R dada por

L(h) = f 0 (x0 )h.

Observação
Em notação clássica:dy = f 0 (x0 )dx
Interpretação geométrica

• equação da reta tangente:

Y − f (x0 ) = f 0 (x0 )(x − x0 )


Y = f (x0 ) + f 0 (x0 )h = f (x0 ) + L(h)
L(h) = Y − f (x0 )
,
isto é, a diferencial é a variáção que sofre a reta tangente quando se passa
do ponto x0 ao ponto x0 + h.
Assim, a diferencial fornece uma boa aproximação para o acréscimo f (x0 +
h) − f (x0 ) quando h é pequeno.

29
• O acréscimo dy pode ser olhado como um valor aproximado para ∆y =
f (x0 + ∆x) − f (x0 ); o erro ∆y − dy que se comete na aproximação de ∆y
por dy será tanto menor quanto menor for ∆x.
Exemplo √
Calcule um valor aproximado para 1, 01

(i) y = x, dy = 2√1 x dx

(ii) x = 1, dx = 0, 01
Para x = 1 e dx = 0, 01

1
dy = · 0, 01 = 0, 05
2

1 + dy = 1, 005 ∼
= 1, 01

Definição 5.1.2 Uma função f : R → R é diferenciável em x0 se, e somente se,


existir um real a tal que

f (x0 + h) − f (x0 ) − ah
lim =0
h→0 |h|
Observação
(i) f é diferenciável ⇔ f é derivável

f (x0 + h) − f (x0 ) − ah
lim =0
h→0 |h|

f (x0 + h) − f (x0 ) − ah
⇔ lim =0
h→0 h

f (x0 + h) − f (x0 )
⇔ lim = a = f 0 (x0 )
h→0 h
h=x−x
f (x0 + h) − f (x0 ) − ah z}|{ 0
(ii) f é diferenciável ⇔ lim = 0 ⇔ existe uma reta
h→0 |h|
passando por x0 de equação f (x0 ) + a(x − x0 ) tal que a distância f (x) −
f (x0 ) − a(x − 0), entre a curva e a reta, tende a zero mais depressa que
h = (x − x0 ), ou seja, esta reta é tangente à curva no ponto (x0 , f (x0 )).

30
5.2 Função diferenciável
Uma função f : A ⊂ R2 → R é diferenciável em (x0 , y0 ) se, e somente se,
existirem reais a e b tais que

f (x0 + h, y0 + k) − f (x, y) − ah − bk
lim
(h,k)→(0,0) ||(h, k)||
- Interpretação geométrica p
Façamos,h = x − x0 , k = y − y0 e δ = (x − x0 )2 + (y − y0 )2
f é diferenciável ⇔

f (x0 + h, y − y0 + k) − f (x0 , y0 ) − ah − bk
lim =0
(h,k)→(0,0) ||(h, k)||
⇔ existe um plano passando por (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) de equação Z = f (x0 , y0 )+
a(x − x0 ) + b(y − y0 ) tal que a distância f (x, y) − Z, entre a superficie e o plano,
ao longo das perpendiculares ao plano Oxy, tende a zero mais depressa que δ,
ou seja, este plano é tangente à superficie no ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )).
Observações

(i) Se f for diferenciável em (x0 , y0 ), f admitirá derivadas parciais neste ponto.

– Fazendo k = 0,

f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 ) − ah
⇔ lim =0
h→0 |h|
f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 ) − ah
⇔ lim =0
h→0 h
f (x0 + h, y0 ) ∂f
⇔ lim =a= (x0 , y0 )
h→0 h ∂x
∂f
– Fazendo h = 0, b = ∂y
(x0 , y0 )

(ii) A recı́proca é falsa.

Exemplos

(1) f (x, y) = x2 y
∂f
∂x
(x, y) = 2xy; ∂f
∂y
(x, y) = x2

f (x + h, y + k) = (x + h)2 (y + k)
= (x2 + 2xh + h2 )(y + k)

31
x2 y + x2 k + 2xyh + 2xhk + yh2 + h2 k
f (x + h, y + k) − f (x, y) − ah − bk
lim
(h,k)→(0,0) ||(h, k)||
x2 y + x2 k + 2xyh + yh2 + h2 k − x2 y − 2xyh − x2 k
lim √
(h,k)→(0,0) h2 + k 2
2xhk + yh2 + h2 k
lim √
(h,k)→(0,0) h2 + k 2
k h h
lim [2xh √ + yh √ + hk √ ]=0
(h,k)→(0,0) h2 + k 2 h2 + k 2 h2 + k 2
Então f é diferenciável em todo (x, y) ∈ R2 .

 x3 , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
(2) f (x, y) = ; é diferenciável em (0, 0)
 0, se(x, y) = (0, 0).

∂f f (x, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂x x→0 x−0
x
lim = 1
x→0 x

∂f f (0, y) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂y y→0 y−0
0
= lim = 0
y→0 y

f (0 + h, 0 + k) − f (0, 0) − ∂f
∂x
(0, 0)h − ∂f
∂y
(0, 0)k
lim √
(h,k)→(0,0) h2 + k 2
h3
h2 +k2
−h
lim √
(h,k)→(0,0) h + k2
2

h3 − h(h2 + k 2 )
lim √
(h,k)→(0,0) (h2 + k 2 ) h2 + k 2

−hk 2
lim √
(h,k)→(0,0) (h2 + k 2 ) h2 + k 2

– S1 conjuntos de todos os pontos no eixo h:

−h3 1
lim √ =− √
h→0 2h2 2h2 2 2

32
– s2 conjunto de todos os pontos na reta k = h:

−h3 −h
lim √ = lim √ ,
h→0 2h2 2h2 h→0 2 2|h|

que não existe.

Então f não é diferenciável em (0, 0).

Teorema 5.2.1 Se f for diferenciável em (x0 , y0 ) então será continua em


(x0 , y0 )

Observação
A recı́proca é falsa, como mostra o exemplo abaixo.
Exemplo
 x3 , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).

Mostramos no exemplo (2) acima que esta função admite derivadas parciais
em (0, 0) e não é diferenciável, mas ela é continua, pois

x2
lim f (x, y) = lim x = 0 = f (0, 0)
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0) x2 + y 2

5.3 Condição suficiente para diferenciabilidade


Teorema 5.3.1 Se as derivadas parciais de f : A ⊂ R2 → R existem e são
contı́nuas num aberto, então f é diferenciável nesse aberto.

Exemplo
Seja f (x, y) = x2 y; temos que ∂f
∂x
(x, y) = 2xy e ∂f
∂y
(x, y) = x2 , que são contı́-
nuas em R2 ; e mostramos na página 33 que esta função é diferenciável.

5.4 Plano tangente


Definição 5.4.1 Seja f diferenciável no ponto (x0 , y0 ). O plano

33
∂f ∂f
z = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 ),
∂x ∂y
denomina-se plano tangente ao gráfico de f no ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )).

5.5 Reta Normal


O plano tangente é perpendicular à direção do vetor


− ∂f ∂f
η = ( (x0 , y0 ), (x0 , y0 ), 1)
∂x ∂y
Reta que passa pelo ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) e é paralelo ao vetor (∗)
denomina-se reta normal ao gráfico de f no ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )). A equação
de tal reta é,
∂f ∂f
(x, y, z) = (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) + λ( (x0 , y0 ), (x0 , y0 ), 1), λ ∈ R
∂x ∂y
Exemplo
Dada f (x, y) = 3x2 y − x, determine as equações do plano tangente e da reta
normal no ponto (1, 2, f (1, 2)).
∂f
(i) ∂x
(x, y) = 6xy − 1, ∂f
∂x
(1, 2) = 11
∂f
(ii) ∂y
(x, y) = 3x2 , ∂f
∂y
(1, 2) = 3

(iii) f (1, 2) = 5
(iv) equação do plano tangente:
∂f ∂f
T (x, y) = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 )
∂x ∂y
z = 5 + 11(x − 1) + 3(y − 2)
z = 5 + 11x − 11 + 3y − 6
= −12 + 11x + 3y
11x + 3y − z − 12 = 0
(v) vetor normal: (11, 3, −1)
(vi) equação da reta normal:
(x, y, z) = (1, 2, 5) + λ(11, 3, −1), λ ∈ R

34
5.6 Diferencial
Definimos a diferencial de f : R2 → R no ponto (x0 , y0 ) como sendo a trans-
formação linear L : R2 → R dada por,
∂f ∂f
L(h, k) = (x0 , y0 )h + (x0 , y0 )k
∂x ∂y
Observação
Em notação clássica: dz = ∂f
∂x
(x, y)dx + ∂f
∂y
(x, y)dy
Interpretação geométrica
-equação do plano tangente:
∂f ∂f
(x0 , y0 )(x − x0 ) +
T (x, y) = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 )
∂x ∂y
fazendo x = x0 + h e y = y0 + k temos
∂f ∂f
T (x, y) = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )h + (x0 , y0 )k
∂x ∂y
T (x, y) = f (x0 , y0 ) + L(h, k)
L(h, k) = T (x0 + h, y0 + k) − f (x0 , y0 ),
isto é, a diferencial é a variação que sofre o plano tangente quando se passa
do ponto (x0 , y0 ) ao ponto (x0 + h, y0 + k)
Exemplo
Dada f (x, y) = x2 y, calcule um valor aproximado para a variação ∆z quando
se passa se x = 1 e y = 2 para x = 1, 02 e y = 2, 01.
∂f
(i) ∂x
(x, y) = 2xy, ∂f
∂x
(x, y) = x2
(ii) dx = 0, 02, dy = 0, 01

dz = 2xydx + x2 dy
dz = 4 · 0, 02 + 1 · 0, 01
dz = 0, 09 ∼= ∆z

(iii) erro cometido: 0, 001204, pois

∆z = f (x + dx, y + dy) − f (x, y)

= (x + dx)2 (y + dy) − x2 y
= (1, 02)2 · 2, 01 − 2 = 0, 091204

35
Exercı́cios

1. Prove que as funções dadas são diferenciáveis:

(a) f (x, y) = xy
(b) f (x, y) = x + y
(c) f (x, y) = x2 + y 2
(d) f (x, y) = x2 y 2

2. f é diferenciável em (0, 0)? Justifique.



 x2 −y2 , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
(a) f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).


 x2 y , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
(b) f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).


 x4 , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
(c) f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).

3. Determine o conjunto dos pontos em que a função dada é diferenciável:



 xy , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
(a) f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).


 x3 , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
(b) f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).


 xy3 , se(x, y) 6= (0, 0);

x2 +y 2
(c) f (x, y) =
 0, se(x, y) = (0, 0).

4. Determine as equações do plano tangente e da reta normal ao gráfico da


função dada, no ponto:

(a) f (x, y) = 2x2 y em (1, 1, f (1, 1));


(b) f (x, y) = x2 + y 2 em (0, 1, f (0, 1));

36
(c) f (x, y) = 3x3 y − xy em (1, −1, f (1, −1));
(d) f (x, y) = xy em ( 12 , 12 , f ( 21 , 12 ))

5. z = 2x + y é a equação do plano tangente ao gráfico de f (x, y) no ponto


(1, 1, 3). Calcule ∂f
∂x
(1, 1) e ∂f
∂y
(1, 1)

6. Determine o plano que seja paralelo ao plano z = 2x + y e tangente ao


gráfico de f (x, y) = x2 + y 2 , no ponto (1, 1, 2)

7. Determine o plano que seja paralelo ao plano z = 2x + 3y e tangente ao


gráfico de f (x, y) = x2 + xy, no ponto (−1, 1, 0)

8. Calcule a diferencial:

(a) z = x3 y 2
(b) z = sin(xy)
2 −y 2
9. Seja z = xex

(a) Calcule a diferencial de z


(b) Calcule um valor aproximado para a variação ∆z em z, quando se
passa de x = 1 e y = 1 para x = 1, 01 e y = 1, 002
(c) Calcule um valor aproximado para z, correspondente a x = 1, 01 e
y = 1, 002.
√ √
10. Seja z = x + 3 y

(a) Calcule a diferencial de z no ponto (1, 8);


(b) Calcule um valor aproximado para z, correspondente a x = 1, 01 e
y = 7, 9

37
38
Capı́tulo 6

Gradiente

6.1 Vetor gradiente

Definição 6.1.1 Seja z = f (x, y) uma função que admite derivdas parciais em
(x0 , y0 ). O vetor,

∂f ∂f
∇f (x0 , y0 ) = ( (x0 , y0 ), (x0 , y0 ))
∂x ∂y
,
denomina-se gradiente de f em (x0 , y0 ).

-Interpretação geométrica
Seja f (x, y) = x2 + y 2 , então ∇f (x, y) = (2x, 2y).
√ √
2
√ √
• ∇f ( 2
, 22 ) = ( 2, 2)

• ∇f (1, 0) = (2, 0)
Assim, temos que o vetor gradiente é um vetor normal à curva de nı́vel.

Observações

(i) O gradiente não é perpendicular ao gráfico, e nem poderia, pois ∇f ∈ R2 ;


já vimos que o vetor normal ao gráfico é ( ∂f
∂x
(x0 , y0 ), ∂f
∂y
(x0 , y0 ), −1).

39
(ii) Para funções de uma variável real temos,

dy = f 0 (x0 )dx

para funções de duas variáveis reais, temos

∂f ∂f
dz = (x0 , y0 )dx + (x0 , y0 )dy
∂x ∂y
∂f ∂f
=( (x0 , y0 ), (x0 , y0 )) · (dx, dy)
∂x ∂y

Assim, se f é diferenciável em (x0 , y0 ) definimos a derivada de f em (x0 , y0 )


por
∂f ∂f
f 0 (x0 , y0 ) = ( (x0 , y0 ), (x0 , y0 )) = ∇f (x0 , y0 )
∂x ∂y
Exercı́cios

1. Calcule o gradiente de f;

(a) f (x, y) = x2 y
2 −y 2
(b) f (x, y) = ex
x
(c) f (x, y) = y

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