Calculo 2
Calculo 2
Notas de Aulas de
Cálculo
Introdução
1.1.1 Plano
Os pontos de um plano são identificados com pares ordenados de números
naturais reais;
P = (x, y),
1.1.2 Espaço
Os pontos do espaço são identificados com ternos ordenados de números reais;
P = (x, y, z),
1
1.2 Vetores
1.2.1 Plano
−→
O par ordenado (x, y) é identificado com o vetor OP , sendo O a origem do
sistema ortogonal de coordenadas cartesianas e P o ponto de coordenadas (x, y).
1.2.2 Espaço
Os vetores no espaço são introduzidos como ternos ordenados de números
reais.
1.2.3 Operações
i) (x, y, z) + (x0 , y 0 , z 0 ) = (x + x0 , y + y 0 , z + z 0 )
→
−
Nota 1.2.1 0 = (0, 0, 0) é chamado vetor nulo.
1.2.4 Propriedades
Quaisquer que sejam os vetores →
−
u ,→
−
v e→
−
w e os escalares λ e β temos,
i) →
−
u +→
−
v =→
−
v +→
−
u;
ii) (→
−
u +→
−
v)+→
−
w =→
−
u + (→
−
v +→
−
w );
→
−
iii) →
−
u + 0 =→
−
u;
→
−
iv) →
−
u + (−→
−
u)= 0;
v) (λ + β)→
−
u = λ→
−
u + β→
−
u;
vi) λ(→
−
u +→
−
v ) = λ→
−
u + λ→
−
v;
vii) (λβ)→
−
u = λ(β →
−
u );
2
viii) 1→
−
u =→
−
u.
Demonstração
i) Sejam → −u = (x, y, z) e → −
v = (x0 , y 0 , z 0 ). Então
→
− →
−
u + v = (x, y, z) + (x0 , y 0 , z 0 ) = (x + x0 , y + y 0 , z + z 0 ) = (x0 + x, y 0 +
y, z 0 + z) = (x0 , y 0 , z 0 ) + (x, y, z) = → − v +→ −u.
1.2.5 Norma
−→
Geometricamente, a norma de um vetor → −v = OP é o comprimento do seg-
mento geométrico OP que representa o vetor.
√
i na reta: k x k= x2 =| x |
ii no plano: →−
v = (x, y), k →− p
v k= x2 + y 2
iii espaço: →
−
v = (x, y, z), k →
− p
v k= x2 + y 2 + z 2
Definição 1.3.1 Se →
−
v1 = (x1 , y1 , z1 ) e →
−
v2 = (x2 , y2 , z2 ), então o produto escalar
de →
−
v e→
1
−
v é dado por
2
→
−
v1 · →
−
v2 = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2
Exemplo
(2, 3, −1) · (5, 1, 2) = 10 + 3 − 2 = 11
Propriedades
Quaisquer que sejam os vetores → −u ,→
−v e→
−
w e o escalar λ temos,
i) →
−
u ·→
−
v =→
−
v ·→
−
u
3
ii) →
−
u · (→
−
v +→
−
w) = →
−
u ·→
−
v +→
−
u ·→
−
w
iii) (λ→
−
u)·→
−
v = λ(→
−
u ·→
−
v)=→
−
u (λ→
−
v );
iv) →
−
u ·→
−
u =k →
−
u k2
b1 b2
2. Sabemos que r1 e r2 são perpendiculares se, e somente se, a1 a2
= 1, ou
a1 a2 + b1 b2 = 0, ou (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = 0
→
−
u ·→
−v = 0.
Interpretação geometrica do produto escalar
i) →
−
u ·→
−
v =k →
−
u kk →
−
v k cos α;
ii) seja →
−
w o vetor projeção do vetor →
−
v sobre o vetor →
−
u , então
→
− →
−
k w k=k v k cos α.
como,
→
−
u ·→
−
v =k →−
u kk →
−v k cos α
=k →
−
u k (k →
−
v k cos α)
=k →
−
u kk →
−
w k,
4
1.4 Retas no espaço
Definição 1.4.1 Dois vetores →
−
u e→
−
v são colineares ou paralelos se existe um
número r tal que →
−
u = r→−
v.
i) Conhecidos um ponto e um vetor: P − P0 = t(P1 − P0 )
P = (1 − t)P0 + tP1 .
Exemplos
Determinar a equação da reta que passa pelo ponto P0 = (8, 12, 6), paralela
ao vetor →
−
v = (11, 8, 10).
P − P0 = t→ −
v
(x, y, z) − (8, 12, 6) = t(11, 8, 10)
(x, y, z) = (8, 12, 6) + t(11, 8, 10).
Observações
i) Dois planos são paralelos se, e somente se, seus vetores normais forem
paralelos;
ii) Dois planos são perpendiculares se, e somente se, seus vetores normais
forem perpendiculares;
iii) -plano:ax + by + cz + d = 0; →
−η (a, b, c)
→
−
-plano:xy(z = 0); η = (0, 0, 1)
(a, b, c) · (0, 0, 1) = 0 → os dois planos são perpendiculares
Um plano tendo uma equação sem termo em z é perpendicular ao plano
xy e, portanto, paralelo ao eixo Oz.
5
iv) -plano:by + cz + d = 0
Perpendicular ao plano yz e portanto paralelo ao eixo Ox.
v) -plano: ax + cz + d = 0
Perpendicular ao plano xz e portanto paralelo ao eixo Oy.
Exemplo
Determinar a reta interseção dos planos de equações
x − 2y + z − 1 = 0 e 3x + y − 2z − 3 = 0.
Resolvendo o sistema de equações obtemos x = 1 + 37 zey = 57 z.
Assim, temos as equações parametricas,
x = 1 + 73 t; y = 57 t; z = t.
Trata-se da reta que passa pelo ponto P0 = (1, 0, 0) na direção do vetor
~v = ( 37 , 57 , 1).
-reta
B = {x ∈ R; k x − x0 k< r}
-plano
B = {(x, y) ∈ R2 ; k (x, y) − (x0 , y0 ) k< r}
-espaço
B = {(x, y, z) ∈ R3 ; k (x, y, z) − (x0 , y0 , z0 ) k< r}
6
1.7 Conjunto aberto
Definição 1.7.1 Dizemos que (x0 , y0 ) ∈ A é um ponto interior de A se existir
uma bola aberta de centro (x0 , y0 ) contida em A.
Exemplo
A = {(x, y) ∈ R2 ; x ≥ 0ey ≥ 0}
i) Todo (x, y) com x > 0 e y > 0 é ponto interior de A;
ii) Todo (x, y) com x = 0 ou y = 0 não é ponto interior de A.
Exemplo
O conjunto A acima não é aberto.
7
Exercı́cios
(a) →
−
u = ( 21 );
(b) →
−
u = (0, 1, 2).
(a) A · (B + C);
(b) (2A + 3B) · (4C − D);
(c) (A · B)(C · D).
u = (1, 1, 21 ) e →
(a) →
− −
v = (1, 1, 4);
(b) u = (−2, 1, 0) e →
→
− −v = (0, −3, 2)
8
11. Determinar o ponto de interseção do plano de equação 2x − y − 3z − 4 = 0
com a reta pelo ponto (0, 1, −1), na direção do vetor (1, −2, 1).
12. NOs itens abaixo determinar equações paramétricas das retas interseções
dos planos dados:
(a) 2x − y − z − 1 = 0 e x + y − 2z + 7 = 0;
(b) 2x − y + 5z = 0 e x + y − 5z = 10;
(c) x = −4 e y = 5;
(d) x + y = 0 e y + z = 0.
13. Determinar a equação do plano que passa pelo ponto dado e que seja per-
pendicular à direção do vetor →
−
η dado:
(a) (1, 1, 1) e →
−
η = (2, 1, 3);
(b) ((2, 1, −1) e →
−
η = (−2, 1, 2).
14. Determine a equação vetorial da reta que passa pelo ponto dado e que seja
perpendicular ao plano dado:
15. Determine um vetor não nulo que seja ortogonal aos vetores →
−
u e→
−
v dados:
(a) →
−
u = (1, 2, −1) e →
−
v = (2, 1, 2);
(b) →
−
u = (3, 2, −1) e →
−
v = (−1, 2, 1).
(a) 2x + 4y + 3z = 8
(b) 3x + 2y − 6z = 0
17. Encontre a equação do plano que contém o ponto (4, 0, −2) e é perpendic-
ular aos planos x − y + z = 0 e 2x + y − 4z − 5 = 0
9
19. Determine o conjunto dos pontos de acumulação do conjunto dado:
10
Capı́tulo 2
√ √
Exemplos 2.1.1 (1) f (x, y) = y−x+ 1−y
Df = {(x, y) ∈ R2 ; y ≥ x e y ≤ 1}
Df = R2
Imf = R
11
(3) Seja a função w = f (u, v) dada por u2 + v 2 + w2 = 1, w ≥ 0
√
(i) u2 + v 2 + w2 = 1 ⇒ w = 1 − u2 − v 2
√
(ii) f (u, v) = 1 − u2 − v 2
(iii) Df = {(u, v) ∈ R2 ; 1 − u2 − v 2 ≥ 0}
Imf = [0, 1]
p
(4) f (x, y) = y − x2
Df = {(x, y) ∈ R2 ; y − x2 ≥ 0}
2.2 Gráfico
Definição 2.2.1 Seja f : A ⊂ R2 → R. O conjunto Gf = {(x, y, z) ∈ R3 ; z =
f (x, y), (x, y) ∈ A} denomina-se gráfico de f .
Nota 2.2.2 O gráfico de f pode ser pensado como o lugar geométrico descrito
pelo ponto (x, y, f (x, y)) quando (x, y) percorre o domı́nio de f .
12
(ii) O gráfico de f é um subconjunto do R3 ; uma curva de nı́vel é um subcon-
junto do domı́nio de f , portanto do R2 .
(ii) z = 0 → origem
x = 0 → z = y2
y = 0 → z = x2
(iii) Df = R2
(ii) Df = {(x, y) ∈ R2 ; 25 − x2 − y 2 ≥ 0}
Imf = [0, 5]
(3) f (x, y) = 8 − x2 − 2y
curvas de nı́vel:
−1 2 8−c
8 − x2 − 2y = c ⇒ x2 + 2y = 8 − c ⇒ y = 2
x + 2
- f (x, y) = x2 + y 2
p
- f (x, y) = 25 − x2 − y 2
13
- 8 − x2 − 2y
x+y
Exercı́cio 2.3.4 1. Seja (x, y) = x−y
.
x2 −3xy+1
(a) f (x, y) = x2 y 2 +1
;
(b) x + y − 1 + z 2 = 0, z ≥ 0;
p √
(c) z = y − x2 + 2x − y;
p
(d) z = | x | − | y |;
√
x2 +y 2 −25
(e) z = y
;
x−y
(f ) f (x, y) = √ ;
1−x2 −y 2
(g) z 2 + 4 = x2 + y 2 , z ≥ 0.
14
(b) Suponha que f : R2 → R seja homogênea de grau 2 e f (a, b) = a para
√
todo (a, b) com a2 + b2 = 1. Calcule f (4 3, 4) e f (0, 3).
(a) f (x, y) = 1 − x2 − y 2 ;
(b) f (x, y) = 1 + x2 + y 2 ;
(c) f (x, y) = x2 , −1 ≤ x ≤ 0, y ≥ 0;
(d) f (x, y) = 1 − x2 , x ≥ 0, y ≥ 0 e y ≤ 1;
(e) f (x, y) = x, x ≥ 0;
(f ) f (x, y) = x + 3y;
p
(g) g(x, y) = 1 − x2 − y 2 ;
p
(h) z = x2 + y 2 ;
(i) f (x, y) = √ 1
1−x2 −y 2
6. Determine a imagem:
(c) z = 4x2 + y 2 .
15
16
Capı́tulo 3
Limite e continuidade
3.1 Limite
Sejam f : A ⊂ R2 → R uma função, (x0 , y0 ) um ponto de acumulação de A e
L um número real. Definimos
lim f (x, y) = L
(x,y)→(xo ,y0 )
se, somente se,
para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que para todo (x, y) ∈ A
0 <k (x, y) − (x0 , y0 ) k< δ ⇒| f (x, y) − L |< ε
Observações
(i) lim f (x, y) = L significa: dado ε > 0, existe δ > 0 tal que f (x, y)
(x,y)→(x0 ,y0 )
permanece em (L − ε, L + ε) quando (x, y), (x, y) 6= (x0 , y0 ), varia na bola
aberta de centro (x0 , y0 ) e raio δ.
(ii) Sempre que falarmos que f tem limite em (x0 , y0 ) fica implı́cito que (x0 , y0 )
é ponto de acumulação de Df .
Exemplos
(1) lim 2x + 3y = 0
(x,y)→(0,0)
(i) | 2x + 3y |≤| 2x | + | 3y |= 2 | x | +3 | y |
17
p p
(ii) | x |≤ x2 + y 2 e | y |≤ x2 + y 2
p p
(iii) De (i) e (ii) temos que | 2x + 3y |≤ 2 x2 + y 2 + 3 x2 + y 2
Assim, dado ε > 0 e tomando δ = 5ε ,
p
0 <k (x, y) − (0, 0) k< δ ⇒ x2 + y 2 < 5ε ,
ou seja,
0 <k (x, y) − (0, 0) k< δ ⇒| 2x + 3y |< 5 5ε = ε
Logo, lim (2x + 3y) = 0
(x,y)→(xo ,y0 )
x2 −y 2
(2) f (x, y) = x2 +y 2
tem limite (0, 0)?
Não existe número L tal que f (x, y) permaneça próximo de L para (x, y)
próximo de (0, 0); este fato indica-nos que f não deve ter limite em (0, 0).
De fato, dado ε = 21 temos
1
– se L ≤ 0, | f (x, 0) − L |≥ 2
para todo x 6= 0
1
– se L > 0, | f (0, y) − L |≥ 2
para todo y 6= 0
Exemplos
x2 −y 2
(1) f (x, y) = x2 +y 2
18
x2 y
(2) lim
(x,y)→(0,0) x4 + y 2
0
(i) S1 conjunto de todos os pontos no eixo x lim
=0
(x,y)→(0,0) x4
Observação
As propriedades ja conhecidads de limites continuam válidas para fuções de
várias variáveis.
3.2 Continuidade
Sejam f : A ⊂ R2 → R e (x0 , y0 ) ∈ A um ponto de acumulação de A.
Dizemos que f é contı́nua no ponto (x0 , y0 ) se, somente se, as três condições
seguintes forem satisfeitas,
(i) f (x0 , y0 ) existe;
(ii) lim f (x, y) existe;
(x,y)→(x0 ,y0 )
Observação
As propriedades já conhecidas de continuidade continuam válidas para
funções de várias variáveis.
Exemplos
(1) f (x, y) = 2 lim f (x, y) = lim 2 = 2 = f (x0 , y0 )
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
19
(i) f está definida em todos os pontos de R2 , assim a condição (i) é
verificada em todo ponto (x0 , y0 )
(ii) Consideremos os pontos (x0 , y0 ) tais que x2 0 + y 2 0 6= 1
∗ x0 2 + y0 2 > 1,
lim f (x, y) = lim x2 + y 2 = x0 2 + y0 2 = f (x0 , y0 )
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
∗ x0 2 + y 0 2 < 1,
lim f (x, y) = lim 0 = f (x0 , y0 )
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
Então f é contı́nua em todos os pontos (x0 , y0 ) tais que x0 2 +y0 2 6=
1
(iii) Consideremos os pontos (x0 , y0 ) tais que x0 2 + y0 2 = 1(devemos
mostrar que lim f (x, y) existe e é igual a 1).
(x,y)→(x0 ,y0 )
∗ Seja S2 o conjunto de todos os pontos (x, y) tais que x20 + y02 < 1
lim f (x, y) = lim 0=0
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
Assim lim f (x, y) não existe.
(x,y)→(x0 ,y0 )
Portanto, f é descontı́nua em todos os pontos (x0 , y0 ) para os
quais x0 2 + y0 2 = 1
y
(3) Discuta a continuidade de f (x, y) = √
x2 +y 2 −25
20
Exercı́cios
xy 2
(c) lim ;
(x,y)→(0,0) x2 − y 2
(a) lim k = k;
(x,y)→(x0 ,y0 )
(b) lim x = x0 .
(x,y)→(x0 ,y0 )
xy
(c) f (x, y) = sqrt16−x2 −y 2
;
(d) f (x, y) = xln(x, y; )
sin(x+y) , se(x, y) 6= (0, 0);
x+y
(e) f (x, y) =
1, se(x, y) = (0, 0).
21
xy 2
6= (0, 0);
x2 +y 2
, se(x, y)
4. f (x, y) = é contı́nua em (0, 0)? Justifique.
0, se(x, y) = (0, 0).
22
Capı́tulo 4
Derivadas parciais
g(x) = f (x, y0 )
.
A derivada da função g no ponto x0 , caso exista, denomina-se derivada
parcial de f , em relação a x, no ponto (x0 , y0 ) e indica-se por ∂f
∂x
(x0 , y0 ).
∂f 0
Assim, ∂x (x0 , y0 ) = g (x0 ) e temos,
∂f g(x) − g(x0 )
(x0 , y0 ) = g 0 (x0 ) = lim
∂x x→x0 x − x0
,
ou seja,
∂f f (x, y0 ) − f (x0 , y0 )
(x0 , y0 ) = lim ,
∂x x→x0 x − x0
ou ainda,
23
De modo análogo define-se derivada parcial de f em relação a y, no ponto
(x0 , y0 ),
∂f f (x0 , y) − f (x0 , y0 )
(x0 , y0 ) = lim
∂y y→y0 y − y0
,
ou
Exemplos
∂f f (x + ∆x, y) − f (x, y)
(x, y) = lim
∂x ∆x→0 ∆x
2y∆x
= lim = 2y
∆x→0 ∆x
2x∆y − 4∆y
= lim = 2x − 4
∆y→0 ∆y
24
- para obter ∂f ∂x
(x, y) devemos olhar y como constante e derivar em
∂f
relação a x : ∂x (x, y) = 2y
- para obter ∂f ∂y
(x, y) devemos olhar x como constante e derivar em
∂f
relação a y : ∂y (x, y) = 2x − 4
x3 −y 2
6= (0, 0);
x2 +y 2
, se(x, y)
(2) f (x, y) =
0, se(x, y) = (0, 0).
x4 + 3x2 y 2 + 2xy 2
=
(x2 + y 2 )2
−2x2 y − 2x3 y
=
(x2 + y 2 )2
- Em (0, 0)
∂f f (x, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂x x→0 x−0
x
= lim =1
x→0 x
∂f f (0, y) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂y y→0 y−0
−1
= lim
y→0 y
,
que não existe.
25
- Interpretação geométrica
Suponhamos que z = f (x, y) admite derivadas parciais em (x0 , y0 ) ∈ Df .
O gráfico da função g(x) = f (x, y0 ), no plano x0 y00 z, é a interseção do plano
y = y0 com gráfico de f .
Então, ∂f
∂x
(0, 0) é o coeficiente angular da reta tangente T a esta interseção
no ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )).
Observação
A existência de derivada parcial num ponto não implica a continuidade da
função neste ponto; por exemplo,
xy , se(x, y) 6= (0, 0);
x2 +y 2
f (x, y) =
0, se(x, y) = (0, 0).
∂f f (0, y) − f (0, 0)
∂y
(0, 0) = lim
y→0 x
0
lim =0
y→0 y
x2 1
lim f (x, y) = lim 2 =
(x,y)→(0,0) x→0 2x 2
Como a existência de derivadas parciais não implica em continuidade temos
que ela não é uma boa generalização do conceito de diferenciabilidade dado para
funções de uma variável.
Veremos agora qual é a boa generalização do conceito de diferenciabilidade
para funções de várias variáveis reais.
Exercı́cios
26
1. Determine as derivadas parciais:
∂f
(a) ∂x
(0, 0)
∂f
(b) ∂y
(0, 0)
(a) f (x, y) = x2 + y 2 ;
(b) f (x, y) = x2 − 2xy + 3y 2 + x − y;
(c) f (x, y) = 2x + y 3 ;
(d) f (x, y) = x3 + y 3 − 3x − 3y
∂ 2 ∂1
(x + y 2 + z 2 ) =
∂x ∂x
∂z
2x + 2z =0
∂x
27
∂z −2x −x −x
= = =p , x2 + y 2 < 1
∂x 2z y 2
1−x −y 2
∂z
(a) Calcule ∂y
28
Capı́tulo 5
Funções diferenciáveis
5.1 Diferencial f : R → R
Definição 5.1.1 Definimos a diferencial de f : R → R no ponto x0 como sendo
a função linear L : R → R dada por
Observação
Em notação clássica:dy = f 0 (x0 )dx
Interpretação geométrica
29
• O acréscimo dy pode ser olhado como um valor aproximado para ∆y =
f (x0 + ∆x) − f (x0 ); o erro ∆y − dy que se comete na aproximação de ∆y
por dy será tanto menor quanto menor for ∆x.
Exemplo √
Calcule um valor aproximado para 1, 01
√
(i) y = x, dy = 2√1 x dx
(ii) x = 1, dx = 0, 01
Para x = 1 e dx = 0, 01
1
dy = · 0, 01 = 0, 05
2
√
1 + dy = 1, 005 ∼
= 1, 01
f (x0 + h) − f (x0 ) − ah
lim =0
h→0 |h|
Observação
(i) f é diferenciável ⇔ f é derivável
f (x0 + h) − f (x0 ) − ah
lim =0
h→0 |h|
f (x0 + h) − f (x0 ) − ah
⇔ lim =0
h→0 h
f (x0 + h) − f (x0 )
⇔ lim = a = f 0 (x0 )
h→0 h
h=x−x
f (x0 + h) − f (x0 ) − ah z}|{ 0
(ii) f é diferenciável ⇔ lim = 0 ⇔ existe uma reta
h→0 |h|
passando por x0 de equação f (x0 ) + a(x − x0 ) tal que a distância f (x) −
f (x0 ) − a(x − 0), entre a curva e a reta, tende a zero mais depressa que
h = (x − x0 ), ou seja, esta reta é tangente à curva no ponto (x0 , f (x0 )).
30
5.2 Função diferenciável
Uma função f : A ⊂ R2 → R é diferenciável em (x0 , y0 ) se, e somente se,
existirem reais a e b tais que
f (x0 + h, y0 + k) − f (x, y) − ah − bk
lim
(h,k)→(0,0) ||(h, k)||
- Interpretação geométrica p
Façamos,h = x − x0 , k = y − y0 e δ = (x − x0 )2 + (y − y0 )2
f é diferenciável ⇔
f (x0 + h, y − y0 + k) − f (x0 , y0 ) − ah − bk
lim =0
(h,k)→(0,0) ||(h, k)||
⇔ existe um plano passando por (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) de equação Z = f (x0 , y0 )+
a(x − x0 ) + b(y − y0 ) tal que a distância f (x, y) − Z, entre a superficie e o plano,
ao longo das perpendiculares ao plano Oxy, tende a zero mais depressa que δ,
ou seja, este plano é tangente à superficie no ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )).
Observações
– Fazendo k = 0,
f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 ) − ah
⇔ lim =0
h→0 |h|
f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 ) − ah
⇔ lim =0
h→0 h
f (x0 + h, y0 ) ∂f
⇔ lim =a= (x0 , y0 )
h→0 h ∂x
∂f
– Fazendo h = 0, b = ∂y
(x0 , y0 )
Exemplos
(1) f (x, y) = x2 y
∂f
∂x
(x, y) = 2xy; ∂f
∂y
(x, y) = x2
f (x + h, y + k) = (x + h)2 (y + k)
= (x2 + 2xh + h2 )(y + k)
31
x2 y + x2 k + 2xyh + 2xhk + yh2 + h2 k
f (x + h, y + k) − f (x, y) − ah − bk
lim
(h,k)→(0,0) ||(h, k)||
x2 y + x2 k + 2xyh + yh2 + h2 k − x2 y − 2xyh − x2 k
lim √
(h,k)→(0,0) h2 + k 2
2xhk + yh2 + h2 k
lim √
(h,k)→(0,0) h2 + k 2
k h h
lim [2xh √ + yh √ + hk √ ]=0
(h,k)→(0,0) h2 + k 2 h2 + k 2 h2 + k 2
Então f é diferenciável em todo (x, y) ∈ R2 .
x3 , se(x, y) 6= (0, 0);
x2 +y 2
(2) f (x, y) = ; é diferenciável em (0, 0)
0, se(x, y) = (0, 0).
∂f f (x, 0) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂x x→0 x−0
x
lim = 1
x→0 x
∂f f (0, y) − f (0, 0)
(0, 0) = lim
∂y y→0 y−0
0
= lim = 0
y→0 y
f (0 + h, 0 + k) − f (0, 0) − ∂f
∂x
(0, 0)h − ∂f
∂y
(0, 0)k
lim √
(h,k)→(0,0) h2 + k 2
h3
h2 +k2
−h
lim √
(h,k)→(0,0) h + k2
2
h3 − h(h2 + k 2 )
lim √
(h,k)→(0,0) (h2 + k 2 ) h2 + k 2
−hk 2
lim √
(h,k)→(0,0) (h2 + k 2 ) h2 + k 2
−h3 1
lim √ =− √
h→0 2h2 2h2 2 2
32
– s2 conjunto de todos os pontos na reta k = h:
−h3 −h
lim √ = lim √ ,
h→0 2h2 2h2 h→0 2 2|h|
Observação
A recı́proca é falsa, como mostra o exemplo abaixo.
Exemplo
x3 , se(x, y) 6= (0, 0);
x2 +y 2
f (x, y) =
0, se(x, y) = (0, 0).
Mostramos no exemplo (2) acima que esta função admite derivadas parciais
em (0, 0) e não é diferenciável, mas ela é continua, pois
x2
lim f (x, y) = lim x = 0 = f (0, 0)
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0) x2 + y 2
Exemplo
Seja f (x, y) = x2 y; temos que ∂f
∂x
(x, y) = 2xy e ∂f
∂y
(x, y) = x2 , que são contı́-
nuas em R2 ; e mostramos na página 33 que esta função é diferenciável.
33
∂f ∂f
z = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 ),
∂x ∂y
denomina-se plano tangente ao gráfico de f no ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )).
→
− ∂f ∂f
η = ( (x0 , y0 ), (x0 , y0 ), 1)
∂x ∂y
Reta que passa pelo ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) e é paralelo ao vetor (∗)
denomina-se reta normal ao gráfico de f no ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )). A equação
de tal reta é,
∂f ∂f
(x, y, z) = (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) + λ( (x0 , y0 ), (x0 , y0 ), 1), λ ∈ R
∂x ∂y
Exemplo
Dada f (x, y) = 3x2 y − x, determine as equações do plano tangente e da reta
normal no ponto (1, 2, f (1, 2)).
∂f
(i) ∂x
(x, y) = 6xy − 1, ∂f
∂x
(1, 2) = 11
∂f
(ii) ∂y
(x, y) = 3x2 , ∂f
∂y
(1, 2) = 3
(iii) f (1, 2) = 5
(iv) equação do plano tangente:
∂f ∂f
T (x, y) = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 )
∂x ∂y
z = 5 + 11(x − 1) + 3(y − 2)
z = 5 + 11x − 11 + 3y − 6
= −12 + 11x + 3y
11x + 3y − z − 12 = 0
(v) vetor normal: (11, 3, −1)
(vi) equação da reta normal:
(x, y, z) = (1, 2, 5) + λ(11, 3, −1), λ ∈ R
34
5.6 Diferencial
Definimos a diferencial de f : R2 → R no ponto (x0 , y0 ) como sendo a trans-
formação linear L : R2 → R dada por,
∂f ∂f
L(h, k) = (x0 , y0 )h + (x0 , y0 )k
∂x ∂y
Observação
Em notação clássica: dz = ∂f
∂x
(x, y)dx + ∂f
∂y
(x, y)dy
Interpretação geométrica
-equação do plano tangente:
∂f ∂f
(x0 , y0 )(x − x0 ) +
T (x, y) = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 )
∂x ∂y
fazendo x = x0 + h e y = y0 + k temos
∂f ∂f
T (x, y) = f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 )h + (x0 , y0 )k
∂x ∂y
T (x, y) = f (x0 , y0 ) + L(h, k)
L(h, k) = T (x0 + h, y0 + k) − f (x0 , y0 ),
isto é, a diferencial é a variação que sofre o plano tangente quando se passa
do ponto (x0 , y0 ) ao ponto (x0 + h, y0 + k)
Exemplo
Dada f (x, y) = x2 y, calcule um valor aproximado para a variação ∆z quando
se passa se x = 1 e y = 2 para x = 1, 02 e y = 2, 01.
∂f
(i) ∂x
(x, y) = 2xy, ∂f
∂x
(x, y) = x2
(ii) dx = 0, 02, dy = 0, 01
dz = 2xydx + x2 dy
dz = 4 · 0, 02 + 1 · 0, 01
dz = 0, 09 ∼= ∆z
= (x + dx)2 (y + dy) − x2 y
= (1, 02)2 · 2, 01 − 2 = 0, 091204
35
Exercı́cios
(a) f (x, y) = xy
(b) f (x, y) = x + y
(c) f (x, y) = x2 + y 2
(d) f (x, y) = x2 y 2
36
(c) f (x, y) = 3x3 y − xy em (1, −1, f (1, −1));
(d) f (x, y) = xy em ( 12 , 12 , f ( 21 , 12 ))
8. Calcule a diferencial:
(a) z = x3 y 2
(b) z = sin(xy)
2 −y 2
9. Seja z = xex
37
38
Capı́tulo 6
Gradiente
Definição 6.1.1 Seja z = f (x, y) uma função que admite derivdas parciais em
(x0 , y0 ). O vetor,
∂f ∂f
∇f (x0 , y0 ) = ( (x0 , y0 ), (x0 , y0 ))
∂x ∂y
,
denomina-se gradiente de f em (x0 , y0 ).
-Interpretação geométrica
Seja f (x, y) = x2 + y 2 , então ∇f (x, y) = (2x, 2y).
√ √
2
√ √
• ∇f ( 2
, 22 ) = ( 2, 2)
• ∇f (1, 0) = (2, 0)
Assim, temos que o vetor gradiente é um vetor normal à curva de nı́vel.
Observações
39
(ii) Para funções de uma variável real temos,
dy = f 0 (x0 )dx
∂f ∂f
dz = (x0 , y0 )dx + (x0 , y0 )dy
∂x ∂y
∂f ∂f
=( (x0 , y0 ), (x0 , y0 )) · (dx, dy)
∂x ∂y
1. Calcule o gradiente de f;
(a) f (x, y) = x2 y
2 −y 2
(b) f (x, y) = ex
x
(c) f (x, y) = y
40