Revista Infinity
ISSN 2525-3204
Vol. 9/2024
A ARQUITETURA BUSCANDO A NATUREZA:
PRINCÍPIOS DA ARQUITETURA BIOFÍLICA.
Ana Bell Henn1
Maicon Mateus Peter2
Carline Ternus3
Resumo
O artigo discorre acerca da preocupação devido ao rápido crescimento tecnológico de modo
que muitos princípios básicos acabaram sendo substituídos. Termos como sustentabilidade,
biofilia, neuroarquitetura e psicologia ambiental vêm sendo discutidos há muito tempo, mas
foi durante a pandemia do COVID-19 que ganharam uma maior relevância, devido à reflexão
obtida na obrigatoriedade do isolamento, quando percebeu-se a necessidade do ser humano
em conectar-se a natureza. Assim, durante e após a pandemia, inúmeras famílias e empresas
buscaram utilizar a biofilia por meio da experiência indireta com a natureza. Ou seja, utilizando
elementos e sensações que resgatam o bem-estar gerado pelo contato com o meio natural.
Com isso, inúmeros profissionais das áreas de interiores buscaram atualizar-se, atendendo as
novas demandas, sendo possível perceber a constância da cor verde, repetida nos mais
diferentes projetos. Deste modo, o termo biofilia ganha adesão pelos profissionais do design
de interiores, dos empresários e comerciantes, e ainda, das famílias, buscando um objetivo
comum: criar ambientes utilizando a experiência indireta da biofilia como propagação de
saúde e bem-estar. Assim, ao longo do desenvolvimento da pesquisa, conclui-se que há
métodos projetuais capazes de gerar o bem-estar, seja através da aplicação de cores,
materiais, texturas e vegetações, influenciando positivamente a vivência e o conforto em
nossas residências.
Palavras-chaves: Arquitetura; Projeto de Interiores; Biofilia; Pandemia.
Abstract
The article discusses concerns due to rapid technological growth, resulting in many basic
principles being replaced. Terms such as sustainability, biophilia, neuroarchitecture, and
environmental psychology have long been discussed, but it was during the COVID-19 pandemic
that they gained greater relevance due to the reflection obtained from the necessity of
isolation, where the need for humans to connect with nature was realized. Thus, during and
after the pandemic, numerous families and businesses sought to utilize biophilia through
indirect experiences with nature. In other words, by using elements and sensations that evoke
the well-being generated by contact with the natural environment. Consequently, many
1
Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Centro Universitário FAI – UCEFF. Pós-
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graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. E-mail:
[email protected]
Página
2
Pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Arquiteto e
Urbanista pela Universidade Centro Universitário FAI – UCEFF, Itapiranga. E-mail:
[email protected]
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Mestre em Comunicação Midiática pela Universidade Federal de Santa Maria. Docente do Curso
de Arquitetura e Urbanismo da Uceff Itapiranga. E-mail: [email protected]
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professionals in interior design sought to update themselves to meet the new demands, with
the constant presence of the color green being noticeable in various projects. Therefore, the
term biophilia is embraced by interior design professionals, entrepreneurs, traders, and
families, all aiming for a common objective: to create environments using the indirect
experience of biophilia as a propagation of health and well-being. Thus, throughout the
research development, it is concluded that there are design methods capable of generating
well-being, whether through the application of colors, materials, textures, or vegetation,
positively influencing the experience and comfort in our homes.
Keywords: Architecture; Interior Design; Biophilia; Pandemic.
Introdução
O mundo está mais urbano e a tendência é aumentar: é o que informa o
Relatório Mundial das Cidades, publicado pela ONU – Habitat em 2022. Segundo este,
em 2050 teremos 68% da população mundial distribuídas em cidades (UN-HABITAT,
2022).
Com todo o avanço tecnológico contemporâneo e com a complexidade cultural,
viver em espaços urbanos, principalmente no centro das grandes metrópoles, é estar
cercado por carros, computadores e outras tecnologias. Dispondo de rotinas cada vez
mais agitadas, pessoas acabam por deixar o bem-estar físico e psicológico em segundo
plano (DIONIZIO, 2022; UN-HABITAT, 2022).
A atenção despertada pela pandemia provocada pelo COVID-19 trouxe para a
sociedade a reflexão sobre a relação entre o ambiente construído e o ser humano; e o
quanto o espaço construído pode ser impactante, visto que muitas residências não se
preocupam com os aspectos relativos à natureza (ANDRADE e PINTO, 2017; DIONIZIO,
2022).
A imposição da quarentena e do enclausuramento de forma repentina alterou
rotinas, trazendo inúmeros desafios. Durante este período, milhões de pessoas
precisaram adaptar suas casas para trabalhar, estudar e se reunir de forma virtual,
conciliando as mais diferentes atividades. Percebeu-se que muitas residências não se
adequavam à nova demanda de necessidades, por vezes sendo utilizadas como
espaços de passagem, não sendo projetadas para uma ocupação contínua (DIONIZIO,
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2022; PAIVA, 2020).
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Assim, houve a necessidade de lidar com problemas adaptativos impostos pela
situação da pandemia, quando toda a sociedade sofreu com mudanças nas formas de
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trabalho e relações de convivência com o indivíduo. Logo, a procura pelo bem-estar
social tornou-se assunto de discussões devido ao aumento significativo de pessoas
apresentando casos de ansiedade, depressão e redução no desempenho profissional
e/ou acadêmico, decorrentes da má infraestrutura, com destaque para a pouca
iluminação natural, deficiência no conforto acústico e visual, e principalmente, a falta
do contato com a natureza (DIONIZIO, 2022; SILVA e HOLANDA, 2021).
O aumento populacional nas cidades é motivo de preocupação para a saúde
pública atualmente, visto que, em muitas cidades, principalmente metrópoles e
megalópoles, há: baixa biodiversidade; alta densidade demográfica; ciclos
biogeoquímicos desequilibrados e incompletos; alta taxa de impermeabilização do
solo; grande utilização da queima de combustíveis fósseis, entre outros. Estes
desencadeiam uma série de impactos ambientais negativos que afetam, em maior ou
menor grau, a saúde humana, reduzindo a qualidade de vida. Alguns exemplos desses
impactos são: a poluição sonora, oriunda da movimentação de veículos e outras
máquinas; a poluição atmosférica, por meio de material particulado, dioxinas, gases
estufa, e entre outros compostos nitrogenados; a poluição visual, proveniente de
propagandas e das próprias edificações; e a poluição hídrica, decorrente do
lançamento de esgotos e resíduos sólidos nos corpos hídricos sem os devidos
tratamentos (ANDRADE e PINTO, 2017).
Deste modo, faz-se necessário compreender a combinação entre a
neurociência, a psicologia e a arquitetura, analisando como o ser humano age e reage
através da interação com o ambiente construtivo, para que os desenvolvimentos de
projetos sejam cada vez mais assertivos. Destaca-se ainda, a importância em resgatar
os sentimentos e memórias emocionais e sensoriais junto a hábitos de cultura,
desencadeando uma série de comportamentos para o bem-estar (DIONIZIO, 2022).
O termo “transtorno de déficit de natureza” é a expressão que caracteriza o
fenômeno da exagerada desconexão e estranhamento com a natureza, muito comum
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em crianças nascidas no meio urbano nos últimos vinte anos, que acarreta em
Página
prejuízos físicos, psicológicos e sociais no desenvolvimento humano. Por exemplo, a
ansiedade, que desencadeia uma série de problemas como a obesidade infantil, o
transtorno de déficit de atenção e a hiperatividade, especialmente comentada no
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período de pandemia, devido à inquietação de crianças em suas residências
despreparadas. Enfatiza-se a necessidade de criar laços e benefícios dos espaços livres
junto à arquitetura de interiores, visando suprir determinadas carências referentes à
má qualidade da saúde emocional (ANDRADE e PINTO, 2017).
É necessário preocupar-se com a qualidade de vida, mantendo e melhorando o
ambiente no âmbito físico, psicológico e social: gerando resultados positivos a toda
sociedade. Deste modo, profissionais do design de interiores têm um papel
fundamental no resgate de sensações benéficas oriundas da natureza – biofilia -,
conciliadas à rotina do indivíduo, família ou equipe, como uma forma de propagação
de saúde.
À vista disto, o presente estudo propõe identificar paralelos entre a psicologia
ambiental e a utilização do design biofílico, enquanto experiência indireta, auxiliando
profissionais e pessoas leigas na aplicação da biofilia em suas residências e projetos. A
inter-relação do ser humano com o ambiente oferece a possibilidade de uma nova
vivência, respaldada em saúde, devendo ser inclusiva a qualquer pessoa, e sendo
maleável inclusive no custo de investimento.
Hoje, sabe-se que a cor verde é definida por oferecer segurança, conforto e
estabilidade, podendo ser facilmente aplicada na decoração como um adorno, uma
pintura, ou ainda, no uso de vegetações. Deste modo, cria-se o seguinte objetivo:
como criar ambientes utilizando a experiência indireta da biofilia através da cor verde?
Biofilia
No mundo contemporâneo, principalmente em ambientes urbanos, é cada vez
mais comum o aumento do número de casos de doenças ocupacionais e condições
adversas à saúde como o estresse, fadiga, Síndrome de Burnout, ansiedade, entre
outros. Em vista disso, normativas que visam a conexão homem-natureza são de
extrema importância, partindo para o viés de melhorar e organizar a relação do
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ambiente construído com o profissional trabalhador, de modo a relacionar o conforto
Página
e a saúde ao design biofílico (ANDRADE e PINTO, 2017; FIGUEIREDO, 2022).
A biofilia refere-se à demanda genética evolutiva de estímulos oriundos dos
ambientes naturais para a manutenção da saúde física e emocional, bem como o
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resgate da realização pessoal, promovendo a qualidade de vida individual e coletiva.
Há uma predisposição genética humana em ter uma forte afiliação com a natureza, o
que inclui plantas, fenômenos atmosféricos, paisagens e animais. Isto permanece na
arquitetura mental do ser humano contemporâneo, o qual sente-se incompleto
quando afastado do mundo natural (ANDRADE e PINTO, 2017).
A rápida urbanização do mundo moderno resultou em aumento substancial no
interesse pela biofilia. Destaca-se que os países que registraram maior
desenvolvimento econômico nos últimos anos. Também são os países com aumento
considerável na urbanização, como por exemplo o Brasil (51%), as Filipinas (41%), a
Indonésia (41%) e a China (32%). Curiosamente, na Alemanha, vemos o movimento
contrário: houve o aumento de pessoas em áreas rurais ao invés de urbanas o que
resultou em índices altíssimos de saúde pública (BROWNING e COOPER, 2015).
O desenvolvimento de uma postura de cuidado compreende o comportamento
ecológico, caracterizado como a ação humana que visa contribuir e proteger o meio
ambiente e até minimizar o impacto ambiental de outras atividades. Conciliando a
psicologia ambiental, que observa o homem e suas inter-relações – do ambiente físico,
social, natural ou construído –, à neuroarquitetura – impactos no aspecto mental e
físico -, surgem estratégias para que o espaço construído se torne um “lugar”
(CAVALCANTE e ELALI, 2018; DIONIZIO, 2022).
Designado como “amor à vida”, a biofilia é definida como uma tendência inata
do ser humano em se concentrar na vida e nos processos inerentes à ela. A
desconexão de ambientes com elementos naturais – vegetação, luz, vento e outros -,
trazem uma sequência de desequilíbrios. Entretanto, alerta-se que não basta aplicar
qualquer elemento natural sem antes compreender os processos para a sua maior
eficiência (CAVALCANTE e ELALI, 2018; DIONIZIO, 2022).
Dionizio (2022) elenca oito valores relevantes para obter o equilíbrio humano,
que interagem com o meio em que a pessoa vive, suas experiências, cultura e
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particularidades. São estes: afeto; atração; aversão; controle; exploração; intelecto;
Página
simbolismo; e espiritualidade, cada um propondo um benefício inerente.
Entendendo os valores biofílicos, cria-se estratégias para suprir a tamanha
carência do ser humano que passa a maior parte do tempo em ambientes urbanos e
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fechados, desconectado de uma essência do mundo natural. Essa reconexão, de
maneira benéfica, visa proporcionar espaços saudáveis que propiciem a redução do
estresse, a melhora da cognição e criatividade, a sensação de bem-estar e o
restabelecimento da saúde psicológica, mental e física (DIONIZIO, 2022; SILVA e
HOLANDA, 2021).
Tamanha necessidade ocorre principalmente devido às longas jornadas de
trabalho, as quais acontecem em ambientes sem planejamento, gerando condições
improdutivas e acarretando, muitas vezes, em transtornos comportamentais ou
mentais.
No período pós pandemia, o mundo corporativo vem sofrendo uma constante
revolução, com ambientes coworking ganhando destaque, mudando a forma como
pequenas empresas, freelancers e autônomos se relacionam. Trata-se de espaços de
trabalhos compartilhados, o que possibilita a socialização de diversas pessoas de
diferentes áreas em um ambiente, com serviços de escritório em um menor custo
(SILVA e HOLANDA, 2021).
Dividir o mesmo espaço com diversas pessoas de diferentes áreas pode causar
um estranhamento em um primeiro momento, mas ressalta-se que a geração de
ideias, experiências, conhecimentos e parcerias têm crescido consideravelmente,
principalmente tratando-se de pessoas que mantiveram-se em um extenso período de
isolamento devido à recente pandemia (SOUZA e PEZZINI, 2021).
Todavia, estes espaços têm sido alvo de estudos de muitos profissionais do
design, pois projetar um espaço corporativo e comercial para diversos públicos torna-
se um desafio. Sabe-se que é indispensável considerar fatores de iluminação,
ventilação, uso de cores, texturas e materiais, a fim de explorar e atuar de forma
positiva aos usuários (SILVA e HOLANDA, 2021; SOUZA e PEZZINI, 2021).
Espaços corporativos, assim como o nosso lar, devem incluir diretrizes de uma
interação entre o homem e o ambiente. Estratégias físicas podem desempenhar maior
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produtividade dos funcionários, dispondo de espaços de convivência e lazer, como:
Página
sala de jogos, sala de leitura, casulos, salas de descompressão, terraços ou outros.
Essas, são intervenções arquitetônicas que buscam a humanização dos espaços, que
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junto a características biofilicas devem ser vistas como um investimento, e não um
gasto (BOSA, 2017).
A partir das reflexões propostas chegou-se à conclusão que as residências,
ambientes de trabalho e até mesmo as lojas e supermercados, devem ser espaços
agradáveis e saudáveis, capazes de renovar as energias depois de um longo dia. Ou
ainda, atuar de forma a aumentar a produtividade durante o expediente. Por isso,
torna-se indispensável o uso da biofilia, a qual propiciará na retomada do elo com a
natureza (SOUZA e PEZZINI, 2021).
Propagação da saúde
Nas últimas décadas, a migração de pessoas do campo para as cidades
aumentou notadamente e a rápida urbanização têm afetado o contato do homem com
a natureza, tanto nos espaços internos quanto nos externos. Este acontecimento
acarreta em sérios danos ao meio ambiente e, consequentemente, afeta a qualidade
de vida do ser humano, alterando desde o modo como nos movemos, nos
alimentamos, e até a postura adotada diante das demandas políticas, sociais e
econômicas da atualidade (FIGUEIREDO, 2022).
É inegável o impacto na qualidade de vida no espaço urbano, pois necessitamos
de relação e contato com a natureza para mantermos o equilíbrio do corpo e da
mente. Por isso, é natural que, mesmo no subconsciente, procuremos recarrega as
energias (CAVALCANTE e ELALI, 2018; BROWNING e COOPER, 2015; SOUZA e PEZZINI,
2021).
O design biofílico se reafirma como uma solução para esse déficit de natureza,
propiciando ambientes que maximizam o bem-estar. Diante disso, busca-se entender
as alterações físicas, mentais e comportamentais provocadas nas pessoas, conciliando
a estruturação do seu lar com o convívio com a natureza (SOUZA e PEZZINI, 2021).
A pandemia trouxe o aprendizado de que a qualidade de vida está diretamente
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relacionada à rotina. Quando os ambientes de uso acadêmico ou profissional não
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oferecem o nível de rendimento desejado, gera-se um sentimento de insatisfação
pessoal acerca da sua atividade junto à escola ou empresa. É justamente a partir dessa
lacuna que a psicologia se junta à arquitetura e ao design de interiores,
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compreendendo o modo como estes espaços influenciam no comportamento do
indivíduo e atribuindo a eles processos psicossociais (CAVALCANTE e ELALI, 2018;
CHIAVENATO, 2014).
Classificada pela fusão da neurociência, da psicologia e da arquitetura, a
chamada neuroarquitetura surge como uma nova linha de pensamento projetual, que
olha para as atividades neurais em interação com o ambiente construído. Projetistas
têm adotado cada vez mais esse termo para descrever um campo de estudos que
explora como a forma arquitetônica e o design de interiores podem servir ainda mais
às funções humanas ao gerar prazer e satisfação (VILLAROUCO, et al., 2021).
Assim, a interseção da neurociência e da arquitetura é vista hoje como uma
ferramenta positiva para avaliar o desempenho de um ambiente existente que se
preocupa com a saúde humana, fornecendo subsídios para decisões de projetos que
melhorem a qualidade de vida dos seres humanos em sociedade. Ainda que essa
ciência não funcione como uma receita pronta a ser seguida, é necessário conhecer as
pessoas que ocuparão o espaço e as tarefas a serem desempenhadas para obter maior
eficácia em um projeto mais eficiente. Existem características que podem ser seguidas
independente da tarefa a ser executada no ambiente projetado que acarretarão em
impactos positivos, como é o caso da biofilia (SILVA e HOLANDA, 2021; VILLAROUCO,
et al., 2021).
Para se compreender as partes, é preciso, antes, compreender o todo. Para que
as experiências com o mundo natural contribuam para o conforto, a satisfação, o
prazer e o desempenho cognitivo, para além do visual, que é o sentido mais
dominante para a percepção do ambiente, tem-se como objetivo do projeto: criar
espaços inspiradores, restauradores, saudáveis, bem como integrados com à
funcionalidade do local e do ecossistema – urbano - ao qual é aplicado. Acima de tudo,
o design biofílico deve nutrir o amor pelo lugar (SOUZA e PEZZINI, 2021).
A tarefa de produzir ambientes adequados às pessoas, sobretudo àquelas com
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menor mobilidade, por muito tempo foi interpretada como necessidade de
Página
acrescentar “próteses” - de preferência removíveis - ao ambiente, a fim de compensar
a habilidade motora reduzida de alguns. Na atualidade, no entanto, esse tipo de
entendimento mudou substancialmente, pois, determinou-se que a deficiência ou
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disfunção está no ambiente e não nas pessoas. As soluções pontuais passam a ser
compreendidas como inadequadas, sendo necessário que a sociedade invista na
ampliação da docilidade ambiental a fim de obter a desejada inclusão e a efetiva
participação social de todos. Nesse sentido, a estratégia do desenho universal -
desenho para todos ou projeto livre sem barreiras - é considerada mais permanente e
eficaz, com princípios igualitários, dispondo de espaços de interesses e necessidades
coletivas (CAVALCANTE e ELALI, 2018).
Em vista disso, traçando paralelos entres os conceitos e técnicas, obteve-se a
intersecção de pontos e objetivos atrelados aos movimentos ambientais na arquitetura
de interiores, assemelhando os traços de ambos o intuito é de auxiliar a comunidade a
obter maior leveza em seu dia a dia, para que os índices de saúde aumentem, e
consequentemente, promovam um equilíbrio social, aumentando a segurança, a
confiança, o conforto e o autocontrole emocional; contribuindo no rendimento das
atividades laborais e/ou estudos; bem como, fortalecendo todo o país.
EXPERIÊNCIA INDIRETA
O design biofílico vai muito além de adicionar plantas ao ambiente para suprir a
carência da vida: ele é responsável por uma conexão imediata com a natureza e ainda
como um filtro natural do ar. Deste modo, pela experiência indireta da natureza, cria-
se uma conexão entre o ser humano e o ambiente, seja através de uma rotina de
trabalho ou estudo (ANDRADE e PINTO, 2017; SOUZA e PEZZINI, 2021).
Durante e após a pandemia, houve grande crescimento da procura por objetos,
decorações e adornos, através dos meios de vendas digitais, que pudessem ser
inseridos nos ambientes de forma fácil e rápida, sem a necessidade de um projeto,
buscando a geração do bem estar a curto prazo, de forma simples e objetiva. Todavia,
isso faz com que os ambientes projetados percam a regionalidade, bem como a
essência do biofílico, que busca integrar o ambiente interno com o seu entorno,
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respeitando a identidade local (SOUZA e PEZZINI, 2021).
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Deste modo, cria-se um falso biofílico, adquirido pela tecnologia, para suprir o
isolamento e as necessidades da geração de saúde e bem-estar. Tendo em vista o
aumento populacional urbano, muitas moradias são em pequenos apartamentos,
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constituídas por pequenas aberturas, onde não há visibilidade para a natureza e
dispondo má iluminação e ventilação natural (ANDRADE e PINTO, 2017; CHIAVENATO,
2014; SOUZA e PEZZINI, 2021).
Assim, adapta-se o conceito de biofilia ao contexto atual, deixando de lado os
conceitos ligados à identidade cultural local, preferindo obter identidade através do
imediatismo, e de objetos que tragam uma sensação similar à uma massa de
vegetação, correlacionando-se à categoria da experiência indireta da natureza.
O crescimento tecnológico trouxe ao ambiente urbano maior agilidade nos
comércios e serviços, aproximando a sociedade em tempos de crise e inquietação,
quando buscou-se por elementos similares ao natural, como estímulos cotidianos à
saúde. Afinal, estímulos naturais interferem positivamente na saúde humana,
diminuindo os casos de estresse e doenças, então por que não os conciliar à carência
social de forma objetiva? (ANDRADE e PINTO, 2017; CHIAVENATO, 2014).
A partir dessa premissa, constata-se a ansiedade das pessoas ao buscarem os
produtos prontos, não comprados em seu contexto natural, como por exemplo, os
artesanatos, que muitas vezes são comprados pela internet. O artesanato é defendido
pela biofilia como um meio de trazer cultura e identidade à moradia, sendo um
elemento diversificado por regiões e cultura. O imediatismo prevalece em muitos
casos, quando adquire-se uma obra de arte pronta, muitas vezes sem conexão com o
usuário, para que não haja espera através de um pedido pessoal, por mais que este
possa trazer maior identidade (ANDRADE e PINTO, 2017; CHIAVENATO, 2014).
Com isso, nota-se a capacidade impressionante do ser humano em se adaptar
às diferentes condições de saúde, mesmo na ausência de estímulos naturais, pois
sempre há a procura por atitudes pró-ambientais. Essa carência ambiental foi atribuída
a elementos tecnológicos pela reprodução da natureza, sons de pássaros ou
cachoeiras, ondas do mar, criação de animais ou outros. Entretanto, esses exemplos
não são suficientes para provar cientificamente a existência da biofilia, porém são
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responsáveis por gerar contentamento, o que a curto prazo é de imensa valia
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(ANDRADE e PINTO, 2017; SOUZA e PEZZINI, 2021).
Muitos profissionais utilizam a expressão “ambientes restauradores” para
designar espaços que permitem a renovação da atenção direcionada e voluntária,
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reduzindo, por conseguinte, a fadiga mental ou outras adversidades psicológicas e
fisiológicas (ANDRADE e PINTO, 2017).
Essa atenção direcionada é constituída pela intenção voluntária de foco em
determinado objetivo, como por exemplo, os elementos que convidam a imaginar as
paisagens naturais, sendo estes, uma terapia que não possui efeitos colaterais
conhecidos e que pode melhorar as condições cognitivas humanas (ANDRADE e PINTO,
2017).
Com o objetivo do aumento da geração de bem-estar, deve-se considerar
inserir doses de natureza e materiais responsáveis pelo resgate do natural em
ambientes voltados à educação e a saúde, além das residências e comércio. Cabe
salientar que, iniciando com pequenas atitudes, pode-se gerar benefícios a toda a
comunidade, promovendo a construção de uma coletividade sustentável. Isto é, uma
sociedade socialmente justa, economicamente viável e ambientalmente saudável,
ensinando desde a educação infantil a importância em valorizar os aspectos naturais
que embasam a vida do planeta (ANDRADE e PINTO, 2017; CHIAVENATO, 2014).
Em vista disso, os materiais que remetem ao natural, através da experiência
indireta da natureza, são benéficos à rotina, seja no aprendizado, no convívio social, na
capacidade emocional ou até mesmo na criação de valores pró-ecológicos. Estes são
incumbidos de incorporar estímulos naturais no cotidiano, como uma estratégia
indispensável e sadia para a comunidade, assim como a biofilia.
Materiais e texturas
A proposta da conexão com a natureza é resultado de um viés anti-urbano
combinado à uma visão romântica da natureza, cujas pesquisas em psicologia
ambiental ressaltam a importância da conexão homem-natureza. Sendo assim, grande
parcela da sociedade busca replicar tamanhos benefícios em seu dia a dia.
Entende-se, desse modo, que elementos que permitem a conexão direta com a
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natureza (como parques e lagos) ou conexões indiretas (pelo design de interiores que
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utiliza elementos naturais, cores e padrões que remetem à natureza, plantas, bem
como explora visuais para áreas verdes) dentro de um ambiente urbanizado podem
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auxiliar na recuperação mental, mantendo o bem-estar positivo (BROWNING e
COOPER, 2015).
O design biofílico é uma maneira de projetar os lugares em que vivemos,
trabalhamos e estudamos de forma a satisfazer nossa necessidade profunda e
fundamental de estarmos conectados à natureza.
Quando nos referimos a projetos e plantas arquitetônicas, a incorporação de
elementos da natureza oferece maior naturalidade, devido à estruturação organizada
e preparada desde o início da construção. Já em ambientes prontos, é necessário
adaptar elementos do design e materiais para suprir tamanha carência, oferecendo os
mesmos entusiasmos e motivações do ambiente construído (CHIAVENATO, 2014;
BROWNING e COOPER, 2015).
Dessa forma, independente da construção, a neuroarquitetura instiga projetos
estratégicos passíveis de causar impactos através de uma comunicação não-verbal,
encorajando o apego emocional à ambientes e lugares especiais, através da
combinação de materiais, texturas, cores, iluminação, plantas, entre outros fatores.
Estes são responsáveis pela motivação, criatividade e descontração, e a saúde mental
dos usuários é priorizada desde a concepção projetual (CHIAVENATO, 2014; NUNES,
2022).
A utilização de materiais vernaculares diminui em cerca de 30% as chances de
desenvolver depressão e, junto a biomimética, proporciona diversas soluções criativas
para resolver tamanhas problemáticas. Ou seja, utilizando a natureza como
componente da construção civil (CHIAVENATO, 2014; MARILAC, 20--; NUNES, 2022).
Há diversos métodos para criar estratégias para suprir tamanhas necessidades,
Chiavenato (2014) e Nunes (2022) ressaltam:
materias naturais: utilização de materiais cujas texturas possam ser percebidas
pelo usuário provocando respostas táteis e visuais positivas, como o uso de
uma parede de tijolo cru, uso de madeira de demolição ou até um item de
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tapeçaria;
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cores naturais: tons terrosos e tons que remetem às plantas, água, céu e
demais elementos da natureza, ligadas também aos materiais naturais,
compondo a conexão entre ambos;
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simulação de luz e ar: em casos de pouca incidência natural, é indicado o uso
da iluminação circadiana -iluminação artificial que acompanha a luz natural no
decorrer do dia- ou ainda, a utilização de uma iluminação cênica, encarregados
pelo controle do sono, redução do estresse e diminuição do cortisol;
formas: silhueta botânicas em vez de linhas retas, padrões inspirados na
natureza que estimulam a conexão com o meio;
riqueza de informações: diversidade de texturas, formas, cores e riqueza
sensorial, de forma leve e complementar, conforme o natural nos proporciona;
biomimética: utiliza de soluções sustentáveis arquitetônicas e tecnológicas
baseadas na natureza, como o uso de vigas e pilares em madeira, ao invés do
convencional concreto.
Contudo, a organização de uma edificação desenvolvendo técnicas construtivas
sustentáveis, junto a materiais de baixo impacto ambiental, resgatam a regionalidade
local, anteriormente substituída pela tecnologia (CHIAVENATO, 2014; NUNES, 2022).
Deste modo, salienta-se que é de grande importância para a comunicação não-
verbal o estudo dos materiais já existentes no local, devido a sua história e aos
sentimentos destes atrelados à familia. A composição dos novos materiais e texturas,
devem ser escolhidos com cautela, de modo a atender as necessidades e
particularidades, e ainda, possibilitar o resgate do aconchego e pertencimento.
Destaca-se ainda, que o uso de madeiras, pedras e revestimentos resgatam a
sensação de natureza, e quando aplicados junto à peças de artesanato traz uma
sensação de aconchego e delicadeza. Com isso, misturando as diferentes texturas,
junto a aplicação de cores e vegetações, possibilita-se ter a certeza da aplicação do uso
biofílico de forma equilibrada e sensata, proporcionando maior estabilidade mental.
Uso das cores
Embora a cor seja, muitas vezes, o primeiro elemento de design perceptível
51
quando se entra em um espaço, o seu efeito sobre a cognição e o comportamento
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humano ainda é pouco explorado.
Cooper e Browning (2015) destacam as semelhanças, perante diferentes
estudos, como por exemplo a procura pela utilização dos tons verdes em ambientes
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comerciais - principalmente em escritórios -, gerando motivação, entusiasmo e
produtividade à equipe.
Buscando um ambiente confortável, utiliza-se também o azul e o branco,
trazendo inúmeros efeitos benéficos, devido à aproximação com os elementos
naturais: céu e água. Entretanto, a predominância de cores terrosas vem
gradualmente ganhando relevância, oferecendo a sensação de maior proximidade com
a biofilia e a sustentabilidade, mesmo não utilizando elementos norteadores de suas
características (BROWNING e COOPER, 2015; HELLER, 2021).
Deste modo, tons pastéis são trazidos junto a composição de uma paleta
terrosa, através de uma releitura do solo, pedras e plantas. Logo, cores brilhantes
adquirem maior cautela na aplicação, enfatizando tons encontrados em uma
composição de elementos ambientais agradáveis, tais como flores, o pôr do sol, arco-
íris, além de certas plantas e animais (BROWNING e COOPER, 2015).
Essa paleta de cores torna-se única, assim como as particularidades da família e
usuários, que irão nortear os objetivos e sensações que buscam adquirir ou ainda,
prosperar a partir dela, para que esta venha a auxiliar a rotina com sentimentos bons,
já que uma paleta de cores também pode ser responsável por causar sentimentos
adversos aos almejados.
A cor verde
O verde é mais que uma cor, o verde é a quintessência da natureza. É uma
ideologia e um estilo de vida: consciência ambiental, amor à natureza, e ao mesmo
tempo a recusa à uma sociedade dominada a tecnologia. Caracterizada por acalmar e
transmitir segurança, em virtude de ser a cor mais neutra da nossa simbologia, sendo
constituída pelo maior número de variações (HELLER, 2021).
Pela perspectiva da civilização, o verde aparece como cor simbólica da
natureza, pois só quem está na cidade pode ir “para o verde”, e descrever a floresta
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como “pulmões verdes”. Só nas cidades existem “zonas”, “áreas” ou “espaços verdes”.
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Indústrias e comércios utilizam de prefixos “verdes” que dão a entender o emprego de
ingredientes naturais. Ou seja, a cor verde é o símbolo da vida em seu mais amplo
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sentido, não só com relação à humanidade, mas a tudo que cresce. “Verde” é o oposto
de murcho, de seco, de morto (HELLER, 2021).
O verde é funcional e ganhou uma simbologia universalizada. Exemplo disso
são os semáforos que desempenham importante papel na vida moderna. No mesmo
sentido, edifícios possuem cartazes verdes simbolizando livre acesso, saídas de
emergência são iluminadas de verde, bem como caminhos de socorro em geral
(HELLER, 2021).
Com isso, a cor verde ganhou a confiança das pessoas, seja na construção civil,
design de interiores, na área da saúde ou do comércio. A sociedade sente-se acolhida
através dos diferentes tons de verde, e em momentos de reconexão ao natural, torna-
se a primeira opção, pois além da natureza em sua rotina, esta traz importantes papéis
norteadores à comunidade, buscando aprofundar e aflorar os sentimentos já
existentes (HELLER, 2021; SOUZA e PEZZINI, 2021).
Salienta-se, dessa forma, que o cérebro é responsável pelo controle de todas as
áreas da vida do ser humano, inclusive dos comportamentos e reações através dos
elementos do design e da arquitetura, compreendendo os impactos e analisando
diferentes perspectivas: melhorar e adequar a função do ambiente, conciliando a
neuroarquitetura e a biofilia. Afinal, a presença da cor verde pode estar na pintura da
parede, na textura de um quadro, em um adorno ou ainda, em uma vegetação.
Vegetações
Jardins internos, jardins verticais e espelhos d’água são estratégias muito
utilizadas quando o ambiente não possui vista direta a paisagem. A experiência
indireta permite a utilização de imagens, pinturas, fotografias e até plantas artificiais
para a criação de um espaço mais agradável, compondo sempre espaços diferentes
para estabelecer conexões emotivas com usuários (BROWNING e COOPER, 2015;
MARILAC, 20--).
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As imagens oriundas da natureza, presentes no design de interiores trazem
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aconchego, leveza e identidade. Por exemplo, com a utilização de um quadro
decorativo, representando a natureza traz caracterísiticas únicas à familia, resgatando
memórias e vivências (CHIAVENATO, 2014; NUNES, 2022).
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A aplicação mais utilizada nos últimos anos, durante e após a pandemia da
COVID-19, foi a utilização de diferentes cores e plantas, realizadas pelas próprias
famílias em seus ambientes, criando uma corrente popularmente chamada de “faça
você mesmo”, através de diversos trabalhos manuais responsáveis por sensações de
êxito. Desse jeito, pintando paredes, modificando texturas e cores dos mobiliários,
inserindo vasos de flor, obtém-se o resgate do fenômeno de pertencimento das
residências, compartilhando através da tecnologia, diferentes experiências e formas de
pensamento (NUNES, 2022; SANTOS, 2021).
A característica de interação e delimitação de um espaço ou ambiente busca
conciliar-se à influência da natureza e do tempo, procurando obter transparência
cultural através de aspectos que unem a tradição e a tecnologia. Assim, propondo uma
arquitetura que não se sobreponha ao natural, mas que interaja com ele (BROWNING
e COOPER, 2015; HELLER, 2021; SANTOS, 2021).
A tecnologia aproveita destes momentos de êxtase e cria soluções práticas à
rotina, através de elementos relacionados aos sentidos visuais para organização do lar.
Criam-se ferramentas e aplicativos capazes de auxiliar a família na escolha da
composição de materiais, formas e texturas de seus ambientes, envolvendo os
usuários em uma experiência, podendo enxergar diferentes paletas de cores e estilos
arquitetônicos, nos quais destaca-se a grande preferência pelo uso dos tons de verde.
Quando comenta-se sobre o uso de verde, cabe ressaltar que há diversas
formas de trazê-lo ao ambiente, seja pela cor ou por elementos que remetam a ela,
como por exemplo, o uso da composição de diferentes vasos de flor. Assim, de acordo
com as suas particularidades, busca-se aspectos humanistas para que a arquitetura
contribua à qualidade de vida, promovendo uma conscientização ambiental através de
pequenos passos da biofilia, garantindo um futuro mais saudável.
Considerações Finais
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Após todas as explicações técnicas, percebe-se que a cor verde pode influenciar
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as nossas vivêcias, junto a composição de inúmeros outros materiais. Um exemplo
disso, são as figuras (1 e 2) a seguir do projeto de um apartamento, onde buscou-se
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utilizar a experiência indireta da natureza como meio de propagação de conforto e
resgate da regionalidade.
Figura 1 – Render projeto de interiores
Fonte: elaborado pelo autor (2023)
Figura 2 – Render projeto de interiores
Fonte: elaborado pelo autor (2023)
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Através deste conceito – uso da experiência indireta como meio de propagação
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de conforto -, utilizou-se os seguintes elementos:
uso de uma meia-parede com pintura verde, com o objetivo de trazer uma
sensação similar à linha do horizonte, obtendo a conexão com o verde de uma
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forma moderna, mas não sobrecarregando o ambiente. Percebe-se ainda, que
foi utilizada a cor verde em um tom mais ameno, para que este venha a
combinar com os demais elementos, como uma espécie de fundo. No entanto,
em sua parte superior, utilizou-se uma cor neutra, similar à areia de uma praia,
proporcionando uma sensação de calmaria junto à composição da marcenaria;
uso da marcenaria sob-medida, com a utilização de uma estante para a locação
de objetos que remetam à história da família, ao local e as suas vivências,
continuando com a proposta da cor areia no móvel, trazendo-o para a porta de
entrada, causando uma fluidez no ambiente, destacando os elementos
decorativos;
mobiliários soltos também foram utilizados, escolhidos criteriosamente para
oferecer as sensações almejadas, através de peças artesanais assinadas, com o
uso de diferentes madeiras, da palha – no caso da poltrona -, do revestimento
similar à uma pedra – na composição da mesa de centro -, do estofado linho
verde – do assento da cadeira de jantar-, do linho areia – utilizado no sofa – e
por fim, o linho branco – utilizado na cortina -. Todos estes, oferecem a
composição de um ambiente contemporâneo e sofisticado, cujas texturas
provocam respostas táteis e visuais positivas;
utilizou-se de diferentes tipos de adornos e decorações, buscando aproximar-
se da experiência indireta. Assim, nota-se a predominância de materiais
artesanais, distribuídos em diferentes objetos na estante; na composição de
elementos boho na parede; e ainda, na utilização do tapete. Percebe-se a
conexão entre o conjunto, e o cuidado ao inseri-lo de forma cuidadosa, para
que as peças do cliente, ou as peças escolhidas, não percam o seu devido valor;
uso da vegetação, sem dúvida, é de grande importância ao projeto. Neste,
utilizou-se de diferentes tipos, sendo elas, vegetações artificiais inseridas em
vasos para trazer maior proximidade com o natural; vegetações naturais
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trazidas através de galhos e do uso do bonsai; e ainda, da representação da
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vegetação, enquanto paisagem, nas imagens ilustrativas tanto no porta retrato
da estante, quanto no quadro em destaque, trazendo a lembrança de uma
marcante paisagem.
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Posto isso, percebe-se a análise de diversos pontos de vista, de acordo com
conceitos e vivências individuais, através das diferentes percepções de informações,
quanto ao uso de tons terrosos, simulação de luz, silhuetas, texturas e afins. Elementos
capazes de propor diferentes intervenções, a partir de pequenos passos, podendo
proporcionar benefícios do biofílico, mesmo a partir de pequenos custos de
investimento.
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