CONTEÚDOS E DIDÁTICA DA GEOGRAFIA PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL - Prof. Joclesfr
CONTEÚDOS E DIDÁTICA DA GEOGRAFIA PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL - Prof. Joclesfr
Acadêmico(a):
Setembro/2019
CURSO DE PEDAGOGIA
Acadêmico(a): __________________________________________________________
Abril / 2021
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FEMAF- Faculdade de Educação Memorial Adelaide Franco
CURSO: PEDAGOGIA
PROGRAMA DA DISCIPLINA
I - EMENTA:
II – OBJETIVOS:
Geral:
Específicos:
Unidade Conteúdo
1. Geografia: objeto e objetivos
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2. Áreas da Geografia: humana, física e política
A disciplina será ministrada através de exposição oral, discussão de textos previamente lidos
e apresentação de seminários. Paralelamente, ocorrerá a exibição de vídeos ligados a
temática estudada.
V – AVALIAÇÃO:
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VI - BIBLIOGRAFIA:
CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: A Geografia nos anos iniciais do Ensino
Fundamental. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005.
CARLOS, Ana Fany Alessandri. A Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999.
CAVALCANTI, Lana de Souza. O ensino de Geografia na escola. Campinas, SP: Papirus, 2012. p. 45
– 47.
COSTA, Rita de Cássia Marques; MOREIRA, Cileya de Fátima Neves. Fundamentos Metodológicos e
Prática do Ensino de Geografia. Sobral: INTA, 2016.
DOS SANTOS, José Milton Alves. Introdução da Geografia nas séries iniciais do Ensino
Fundamental (1º e 2º anos), 39 p. (GEA/UAB – IH – UnB, Licenciado. Geografia, 2012). Monografia
de Trabalho Final em Geografia II. Universidade de Brasília. Instituto de Ciências. Departamento de
Geografia.
FAZENDA, Ivani (org.). Práticas Interdisciplinares na Escola. São Paulo: Cortez, 1998.
FREITAS, Eduardo de. O trabalho integrado da Geografia com outras disciplinas. In:
<https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/o-trabalho-integrado-geografia-com-outras-
disciplinas.htm> Acesso em 29 mar. 2021.
GONÇALVES, Israel Monteiro; LIBERATO, Rita De Cássia. A Geografia Política e suas múltiplas
abordagens – o sistema territorial e uma precisão teórico-conceitual das fronteiras. Ágora, [S.l.],
v. 17, n. 1, p. 87-97, set. 2015.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. p. 153 – 155
NOVAES, Ínia Franco de. A geografia nas séries iniciais do ensino fundamental: desafios da e para a
formação docente / Ínia Franco de Novaes.- 2006. 202 f . : il.
PENTEADO, Heloísa Dupas. Metodologia do ensino da História e Geografia. São Paulo: Cortez, 2008
SILVA, Teresa Roserley Neubauer da. O livro didático: reflexões sobre critérios de seleção e utilização.
Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas. Cad. Pesq., São Paulo (44): 98-01,
fev., 1983.
STRAFORINI, R. Ensinar geografia: o desafio da totalidade-mundo nas séries iniciais. 2. ed. São
Paulo: Annablume, 2008.
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CONTEÚDOS E DIDÁTICA DA GEOGRAFIA PARA AS SÉRIES
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Qual é o lugar da geografia nas séries iniciais? Para tal indagação, a resposta é
aprender a pensar o espaço. E, para isso, é necessário aprender a ler o espaço, ou seja,
criar condições para que a criança leia o espaço vivido. Fazer essa leitura demanda uma
série de condições, que podem ser resumidas na necessidade de se realizar uma
alfabetização cartográfica, e esse é um processo que se inicia quando a criança
reconhece os lugares, conseguindo identificar as paisagens. Para tanto, ela precisa saber
olhar, observar, descrever, registrar e analisar.
UNIDADE I
Introdução
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descritiva e pouco questionadora. Baseava-se em conteúdos repetitivos, pouco atraentes
e de memorização (decorar capitais e países). Talvez seja por esse motivo que a maioria
das pessoas mostra aversão a esta disciplina e também pode até ser por isso que alguns
professores das séries iniciais não tenham tanta afinidade com ela, tornando-a, assim,
uma disciplina desagradável para a maioria dos alunos.
Mais tarde, por volta da década de setenta, o objetivo da Geografia é
caracterizado pela função de transmitir dados e informações gerais sobre os territórios
do mundo em geral e dos países em particular. Precisamente a partir dessa conotação é
iniciada a revisão das bases teóricas e metodológicas da ciência geográfica, com
repercussões no ensino.
1 Categorias Geográficas
1.1 Paisagem
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forma que podemos perceber o espaço também pelos seus cheiros, sons, sabores e
aspectos externos.
A análise da paisagem permite-nos verificar as diferentes dinâmicas
concernentes ao funcionamento das sociedades, pois ela revela ou omite informações,
de forma a denunciar as características econômicas, políticas e culturais que estruturam
o processo de formação e organização do espaço social. Afinal de contas, o espaço
geográfico é o resultado de uma complexa interação entre sociedade e a sua paisagem.
É interessante observar que as paisagens apresentam aspectos e elementos
referentes ao presente e ao passado, que muitas vezes convivem em um mesmo espaço.
Se observarmos, por exemplo, a paisagem de uma cidade histórica, podemos notar
elementos do passado que foram conservados em conjunto com aspectos do presente ou
que surgiram em tempos mais recentes. Assim, é possível comparar essas paisagens e
observar ao menos algumas de suas principais características, como a sua arquitetura,
estilos culturais e outros.
Além do mais, a paisagem carrega consigo aspectos naturais e também aspectos
culturais ou humanizados. Quando uma determinada área é formada apenas pelos
elementos da natureza, falamos de uma paisagem natural, mas quando ela apresenta
alguma intervenção humana, então falamos de paisagem cultural, também chamada de
―paisagem humanizada‖ ou de ―paisagem geográfica‖. Uma área de floresta com rios,
cachoeiras e animais silvestres constitui um exemplo de paisagem natural. Já a área de
uma cidade ou um campo de cultivo agrícola são exemplos de paisagens culturais. Em
muitos casos, é possível observar cenários em que os dois tipos se apresentam
conjuntamente, o que representa, ao menos em tese, um equilíbrio entre natureza e
sociedade.
1.2 Território
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ao poder e domínio exercido pelo Estado nacional, de forma que o território conforma
uma identidade tal que o povo que nele vive não se imagina sem a sua expressão
territorial.
Outro importante autor que discutiu esse conceito foi o geógrafo suíço Claude
Raffestin (1936-1971), que ressaltava o fato de o espaço ser anterior ao território. Com
isso, ele queria dizer que o território é o espaço apropriado por uma relação de poder.
Essa relação encontra-se, assim, expressa em todos os níveis das relações sociais.
Atualmente, o território é concebido, nas mais diversas análises e abordagens,
como um espaço delimitado pelo uso de fronteiras – não necessariamente visíveis – e
que se consolida a partir de uma expressão e imposição de poder. No entanto,
diferentemente das concepções anteriores, o território pode se manifestar em múltiplas
escalas, não possuindo necessariamente um caráter político.
O geógrafo Marcelo Lopes de Souza, por exemplo, cita que o processo de
formação territorial nem sempre ocorre por meio de expressões concretas sobre o
espaço. Ele evidencia a existência de múltiplas territorialidades, como as das prostitutas,
as do narcotráfico, as do comércio ambulante, entre outras.
Assim, os territórios podem possuir um caráter cíclico (que varia com o tempo),
móvel (que se desloca nos mais diferentes espaços) e que se organiza a partir de redes
que se interligam pelo fluxo de informações ou contatos. Um exemplo de território em
rede seria o dos traficantes, que se organizam em células que nem sempre se encontram
próximas uma das outras, mas que se articulam em redes de transporte de armas, drogas
e comunicação. Dessa forma, podemos compreender que o território possui vários
níveis, variando desde o local até o global. Além disso, ele pode se expressar através de
relações naturais ou biológicas, culturais, políticas, sociais, econômicas, militares, entre
outras.
1.3 Lugar
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Não há entre os geógrafos um consenso sobre o que seria propriamente o lugar.
Tudo depende da abordagem empregada na utilização do termo, bem como da corrente
de pensamento relacionada com a teoria em questão. Por isso, ao longo da história do
pensamento geográfico, esse conceito foi alvo de vários debates, ganhando
gradativamente novos contornos.
Nos estudos clássicos da Geografia, o estudo tinha uma importância secundária,
tendo sua noção vinculada ao local. Em uma escala de análise, referia-se, dessa forma,
apenas a uma porção mais ou menos definida do espaço. No entanto, essa ideia foi
sendo enriquecida ao longo do tempo e do avanço das discussões.
Atribui-se a Carl Sauer a primeira grande contribuição para a valorização do
conceito de lugar. Para o autor, a paisagem cultural é quem define o estudo da
Geografia e o sentido do lugar estaria vinculado à ideia de significação dessa paisagem
em si. A partir daí esse importante termo foi sendo vinculado não ao local, mas ao
significado específico, ou seja, aos atributos relativos e únicos de um dado ponto do
espaço, transformando suas impressões em sensações únicas.
Com essa evolução, sobretudo pelas contribuições de autores como Yi-Fu Tuan
e Anne Butiimer, a ideia de lugar passou a associar-se à corrente filosófica da
fenomenologia que, basicamente, trata os fatos como únicos, partindo da compreensão
do ser sobre a realidade e não da realidade em si, esta tida como inatingível. Por isso, o
lugar ganhou a ideia de significação e, mais do que isso, de afeto e percepção.
Assim, uma rua onde passei a infância pode ser chamada de lugar, ou a região
onde moro, ou até mesmo a minha casa e a fazenda onde gosto de passar os finais de
semana. Tudo isso, de acordo com a Geografia, é um lugar e apresenta-se como um
fenômeno concernente à dinâmica do espaço geográfico.
Espaços públicos de convivência e lazer são frequentemente abordados e
estudados pela Geografia a partir da ideia de lugar. Em alguns casos, estudos
geográficos com base nessas premissas foram responsáveis pela mudança na arquitetura
de praças e espaços de lazer, sobretudo no sentido de adequar tais locais à compreensão
e percepção das pessoas e à ideia que essas tinham de como deveria ser o seu lugar.
1.4 Região
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Geografia, a região é uma parte do espaço geográfico, contínua ou não, que apresente
uma ou um conjunto de características comuns. Ou seja, é determinada área da
superfície terrestre, com extensão variável, que apresenta características próprias e
particulares que a diferenciam das demais. Podemos defini-la também como conjuntos
ou parcelas do território que possuem alguma identidade (física, política, cultural,
econômica).
É possível utilizar vários critérios para estabelecer uma região. Assim, existem
regiões naturais, regiões econômicas, regiões políticas, entre muitos outros tipos. Vale
lembrar que a expressão regionalização, porém, pode se referir a duas coisas distintas:
ao processo de formação de blocos econômicos (que será discutido noutro momento);
ou ao ato de dividir um local em regiões diferentes (que nos interessa agora). Por
exemplo, a regionalização do Brasil é a realização de uma divisão do país em áreas, de
acordo com as características comuns existentes. Nesse sentido, a regionalização pode
ser feita de formas diferentes.
De acordo com os PCN desta disciplina, espera-se que, ao longo dos oito anos
do ensino fundamental, os alunos construam um conjunto de conhecimentos referentes a
conceitos, procedimentos e atitudes relacionados à Geografia, que lhes permita ser
capazes de:
Conhecer o mundo atual em sua diversidade, favorecendo a compreensão, de
como as paisagens, os lugares e os territórios se constroem;
Identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas consequências em
diferentes espaços e tempos, de modo que construa referenciais que possibilitem
uma participação propositiva e reativa nas questões socioambientais locais;
Conhecer o funcionamento da natureza em suas múltiplas relações, de modo que
compreenda o papel das sociedades na construção do território, da paisagem e
do lugar;
Compreender a espacialidade e temporalidade dos fenômenos geográficos
estudados em suas dinâmicas e interações;
Compreender que as melhorias nas condições de vida, os direitos políticos, os
avanços tecnológicos e as transformações socioculturais são conquistas ainda
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não usufruídas por todos os seres humanos e, dentro de suas possibilidades,
empenhar-se em democratizá-las;
Conhecer e saber utilizar procedimentos de pesquisa da Geografia para
compreender a paisagem, o território e o lugar, seus processos de construção,
identificando suas relações, problemas e contradições;
Orientá-los a compreender a importância das diferentes linguagens na leitura da
paisagem, desde as imagens, música e literatura de dados e de documentos de
diferentes fontes de informação, de modo que interpretem, analisem e
relacionem informações sobre o espaço;
Saber utilizar a linguagem gráfica para obter informações e representar a
espacialidade dos fenômenos geográficos;
Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a sociodiversidade,
reconhecendo-os como direitos dos povos e indivíduos e elementos de
fortalecimento da democracia.
3 A Relação Objetivo-Conteúdo-Método
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A relação objeto-conteúdo-método tem como característica a mútua
interdependência. O método de ensino é determinado pela relação objetivo-conteúdo,
mas pode também influir na determinação de objetivos e conteúdos. Com efeito, a
matéria de ensino é o elemento de referência para a elaboração dos objetivos específicos
que, uma vez definidos, orientam a articulação dos conteúdos e métodos, tendo em vista
a atividade de estudo dos alunos. Por sua vez, os métodos, à medida que expressam
formas de transmissão e assimilação de determinadas matérias, atuam na seleção de
objetivos e conteúdos.
Podemos dizer, assim, que o conteúdo determina o método, pois é a base
informativa concreta para atingir os objetivos. Mas o método pode ser um conteúdo
quando é também objeto de assimilação, ou seja, requisito para assimilação ativa dos
conteúdos.
Estas considerações procuram mostrar que a unidade objetivo-conteúdo-métodos
constitui a linha fundamental de compreensão do processo didático: os objetivos,
explicitando propósitos pedagógicos intencionais e planejamentos de instrução e
educação dos alunos, para participação na vida social; os conteúdos, constituindo a base
informativa concreta para alcançar os objetivos e determinar os métodos; os métodos,
formando a totalidade dos passos, formas didáticas e meios organizativos que
viabilizam a assimilação dos conteúdos e, assim, o atingimento dos objetivos.
UNIDADE II
Introdução
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A Geografia privilegia as relações do homem com o espaço em que está situado.
Busca compreender tanto as características do espaço natural em que os homens se
situam – campo da chamada Geografia Física – como o uso que eles fazem desse
espaço, através das relações que mantêm entre si – campo de preocupações da
Geografia Humana. Ao buscar essa compreensão, a Geografia recorre a conhecimentos
produzidos por outras Ciências Humanas, como a Sociologia, a Economia etc. e,
também, a conhecimentos produzidos pelas Ciências da Natureza ou Ciências Físicas,
Químicas e Biológicas.
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ecúmeno toda a superfície da terra, seja pelo seu uso produtivo ou apenas pela posse de
seu conhecimento? Nada há mais hoje que escape à presença do homem ou, em todo o
caso, ao seu olhar multiplicado, visão alargada e aprofundada por instrumentos de
observação cuja acuidade vem crescendo a galope no curso deste século. Haverá uma
geografia-física no momento em que todos os objetos naturais já são trabalhados ou são
suscetíveis de trabalho?
Hoje, a sociedade humana tem como seu domínio a Terra; o Planeta, todo ele, é
o habitat da sociedade humana. Na realidade, habitat e ecúmeno são, agora, sinônimos,
cobrindo, igualmente, toda a superfície da Terra, pois o Planeta e a comunidade humana
se confundem, num todo único. A presença do homem é um fato em toda a face da
Terra, e a ocupação que não se materializa é, todavia, politicamente existente.
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limitar seu escopo, diante de uma história que ainda está por ser feita, mas que pode ser
feita em um amanhã não distante?
Este é, sem dúvida, um dilema, assim como toda busca de definição de um
objeto é dilemática. Assim como a história jamais se escreve na véspera, a nova história
das relações do homem com a natureza não pode ser cabalmente prevista. Há, todavia,
alguns nortes: devemos buscar o conhecimento dos sistemas, a geografia física
buscando uma sistematização horizontal, já que a busca de relações verticais infinitas
nos impossibilita o avanço. Há um domínio particular da geografia física, pois, apesar
dos avanços da técnica, a história não é indiferente aos dados naturais. E a geografia
regional, faria ou não o casamento entre a geografia física e a humana, como durante
algum tempo se pretendeu? O interesse e os limites do método regional, já mostraram
que essa questão já foi respondida.
O que se poderia, também, sugerir é a ótica abrangente, a ótica da produção das
coisas, ou melhor, dos fenômenos tanto naturais como sociais. Isso levaria a outra forma
de pensar o estudo regional, vendo a região como o lugar onde ação se passa. É o
espaço da ação, do impacto da ação; esta tanto é natural quanto humana, pode ter
origem local ou distante, mas sempre resulta em um impacto sobre um pedaço do
território.
Esta ação se exerce sobre objetos naturais e criados. A verdade, porém, é que,
com o avanço da técnica, os objetos criados substituem cada vez mais os objetos
naturais, mas aparecem também como objetos naturais aos olhos das novas gerações. É
a história de sua produção que distingue a natureza herdeira do natural e a que provém
do artifício.
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forma, se situa em todos os lugares, mesmo que não seja percebido de modo claro pelos
atores sociais reais e concretos. Como esses ocupam áreas e a ocupação dessas não se dá
homogeneamente tem-se aqui um foco de conflito, pois a própria apropriação desigual
do espaço entre os indivíduos/grupos sociais é inegavelmente fonte de tensão e, por
extensão, de conflito. Desse modo, o poder está vinculado permanentemente à
Geografia Política.
A Geografia Política possibilita efetivar análises em diferentes escalas, desde a
tradicional, que tem como seu objeto a Nação (Estado Nacional), ou seja, população,
território e seus recursos. A população, nesta perspectiva, vem em primeiro lugar,
porque está, segundo seus defensores, na origem de todo poder, pois consideram que
nela reside a capacidade de transformação. O território, como categoria de análise
geográfica, é, também para esses, indispensável porque é o lócus onde se concretiza o
poder e objeto de disputa entre as nações. Por fim, tem-se os recursos, que são, via de
regra, o motivo pelo qual ocorre disputa por determinada área.
Por fim, há inúmeras possibilidades de estudos/análises em Geografia Política e
Geopolítica sobre outros fenômenos que envolvem relações de poder e espaço. Portanto,
outras organizações de poder e outras territorialidades, independentemente de suas
variações e conexões escalares, acima e/ou abaixo da escala dos Estados Nacionais
merecem e podem ser efetivadas no âmbito dos trabalhos em Geografia Política e
Geopolítica.
UNIDADE III
Introdução
17
1 Os Princípios Fundamentais da Ciência Geográfica
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universidades, organizaram capacitações docentes, com acesso a diferentes
metodologias ligadas ao movimento de renovação do ensino da disciplina.
Contudo, as mudanças nas salas de aula foram lentas devido às condições de
trabalho oferecidas pelas escolas, ao número elevado de horas de trabalho e ao grande
número dos estudantes em sala de aula. Ainda hoje, existem dificuldades e
distanciamento para o trabalho pedagógico da disciplina de Geografia, pois muitas
vezes, os professores assumem, além da docência, outras atividades profissionais que
não estão relacionadas ao ensino e outra situação é quando o professor leciona
Geografia e é especialista em outra disciplina.
A década de 80 destacou-se pela produção dos melhores livros didáticos, com
muitas produções de mestrado e teses de doutorado na área de estudo em formação
docente e de reorientação curricular.
Esse movimento de pesquisa sobre o currículo para renovação do ensino da
disciplina de Geografia causou grandes debates para minimizar a compartimentalização
dos conteúdos escolares e a distância entre o ensino da Geografia e a realidade social,
política e econômica do país, muito discutidos nas universidades.
Ainda nessa mesma década, surgiu o movimento de renovação do ensino de
Geografia nas escolas, chamado movimento curricular dos anos 80, com o objetivo de
melhorar a qualidade de ensino, revisão de conteúdos e das formas de ensinar e
aprender as diferentes disciplinas dos currículos da escola básica.
Os professores sentiam a necessidade de discutir conceitos, métodos e novas
abordagens teóricas para o ensino de Geografia. Isso provocou a ruptura no ensino
tradicional da disciplina, apontando caminhos diferentes de um ensino que era apenas
transmitido pelo professor, deslocado dos movimentos sociais e da realidade social do
País, surgindo a Geografia Crítica.
A partir dos anos 90, mudanças significativas ocorreram como fruto das
discussões para promulgação da LDB/96, assim, as propostas curriculares dos Estados
foram discutidas com a finalidade de gerar uma nova proposta, agora com o nome de
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
Os PCN de Geografia para o ensino fundamental propõem um trabalho
pedagógico que visa ampliar as capacidades dos estudantes de observar, conhecer,
explicar, comparar e representar as características do lugar em que vivem e de diferentes
paisagens e espaços geográficos.
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Na orientação para o trabalho pedagógico, são apresentados os objetivos, os
eixos temáticos, os conteúdos, os critérios de avaliação e, no final, o documento traz a
organização do trabalho escolar, referindo-se aos procedimentos metodológicos,
buscando a pluralidade no que diz respeito ao embasamento teórico-metodológico.
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de projetos didático-pedagógicos que impliquem uma atividade investigativa,
envolvendo elaboração de diagnóstico, caracterização de situação-problema,
levantamento bibliográfico etc.
Para que o estudante desenvolva a atividade de pesquisa através do projeto
investigativo, o professor deve dominar as etapas desse processo e assumir atitude de
facilitador e orientador, mostrando-se apto a avaliar o desempenho dos estudantes.
Quanto à avaliação, é necessário utilizar diferentes metodologias de ensino e diferentes
abordagens avaliativas, em consonância com os procedimentos metodológicos.
UNIDADE IV
Introdução
A educação no Brasil passa por profundas mudanças, talvez não tantas quanto a
sociedade atual exigisse, mas sem dúvida significativas. Nesse contexto, a geografia,
como componente curricular (tradicional) na escola básica, também se modifica, seja
por força das políticas públicas (PCNs, por exemplo), seja por exigências da própria
ciência. Assim, pensar o papel da geografia na educação básica torna-se significativo,
uma vez que se considera o todo desse nível de ensino e a presença de conteúdos e
objetivos que envolvem, inclusive, as suas séries iniciais e a educação infantil.
1 O pedagógico e a geografia
Para romper com a prática tradicional da sala de aula, não adianta apenas a
vontade do professor. É preciso que haja concepções teórico-metodológicas capazes de
permitir o reconhecimento do saber do outro, a capacidade de ler o mundo da vida e
reconhecer a sua dinamicidade, superando o que está posto como verdade absoluta. É
preciso trabalhar com a possibilidade de encontrar formas de compreender o mundo,
produzindo um conhecimento que é legítimo.
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O professor, as suas concepções de educação e de geografia, é que podem fazer
a diferença. E é a interlocução dos saberes que pode permitir esse avanço. Pois o
conhecimento geográfico produzido na escola pode ser o explicitamento do diálogo
entre a interioridade dos indivíduos e a exterioridade das condições do espaço
geográfico que os condiciona.
A clareza teórico-metodológica é fundamental para que o professor possa
contextualizar os seus saberes, os dos seus alunos, e os de todo o mundo à sua volta. E,
no nível de ensino em que a criança está processando a sua alfabetização, o ideal seria
que houvesse uma unidade em que se supere a fragmentação das disciplinas e das
responsabilidades, em práticas orientadas por e para linhas e eixos temáticos e
conceituais interdisciplinares, não apenas uma justaposição de disciplinas enclausuradas
em si mesmas, mas de uma maneira que, em cada uma se impliquem as demais regiões
do saber.
Nesse caminho em que tudo leva a aprender a ler e a escrever, acreditamos que
seja fundamental a interligação de todos os componentes curriculares, se somando na
busca do objetivo. Mas numa trajetória em que o conteúdo seja, em especial, o mundo
da vida dos sujeitos envolvidos, reconhecendo a história de cada um e a história do
grupo, combinando a cadeia dos conceitos e categorias de análise com a trama das
experiências e da cultura mesma do grupo envolvido.
É nesse contexto que a possibilidade desse cruzamento entre geografia e
educação torna-se sobremodo importante num mundo em crise, crise expressa, entre
outros modos, nas concretudes do espaço vivido através dos quais as relações sociais se
geografizam. Nos demais níveis de ensino, a questão de entrelaçar geografia e educação
pode não aparecer com tamanha relevância, mas, nos anos iniciais, é impossível ela não
ser considerada. E se, no exercício de pensar e procurar caminhos da geografia para as
crianças, fosse encontrada a chave para desvendar as possibilidades de construção de
uma geografia escolar mais consequente? Seria uma reflexão interessante.
Como fazer, então, para superar um ensino tradicional, e um professor
igualmente tradicional, trabalhando com conteúdos alheios ao mundo da vida? Como
trabalhar com a realidade sem seguir de forma linear as escalas, mas superpondo-as,
interligando-as, para conseguir dar conta da complexidade do mundo? Como olhar o
local com os olhos do mundo, como ver o lugar do/no mundo?
Partindo dos pressupostos teóricos que balizam nossas concepções de educação
e de geografia, como proceder para ensinar geografia nas séries iniciais passa a ser o
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desafio. E, sendo fiéis a esses referenciais, a busca deve estar centrada no pressuposto
básico de que, para além da leitura da palavra, é fundamental que a criança consiga
fazer a leitura do mundo.
2 A interdisciplinaridade e a disciplinaridade
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docente. Nesse sentido, ensinar geografia é abrir espaço na sala de aula para o trabalho
com os diferentes saberes dos agentes do processo de ensino – alunos e professores.
Em suas atividades diárias, alunos e professores constroem geografia, pois, ao
circularem, brincarem, trabalharem pela cidade e pelos bairros, eles constroem lugares,
produzem espaço, delimitam seus territórios. Assim, vão formando espacialidades
cotidianas em seu mundo vivido e contribuindo para a produção de espaços geográficos
mais amplos. Ao construírem geografia, constroem também conhecimentos sobre o que
produzem conhecimentos que são geográficos. Então, ao lidar com coisas, fatos e
processos na prática social cotidiana, os indivíduos vão construindo e reconstruindo
geografias (no sentido de espacialidades) e, ao mesmo tempo, conhecimento sobre elas.
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UNIDADE V
Introdução
Os livros didáticos, que são vistos como uma produção cultural, e ao mesmo
tempo, uma mercadoria, cumprem um papel importante para representações gráficas e,
sobretudo, no caso da Geografia, cartográficas, relacionadas aos conteúdos textuais que
auxiliam no conhecimento espacial, facilitando assuntos como globalização e diferentes
paisagens.
O uso do livro didático faz parte da realidade educacional brasileira e é um
recurso essencial, porém, muitas vezes o que acontece são conteúdos que rebaixam
muito o debate, trazendo conteúdos enxutos e generalizados que na maioria das vezes
não dialogam com a verdadeira realidade dos estudantes, sem a mínima sensibilização
do cotidiano e diferenças de realidade. Mas apesar disso, o livro ainda é um recurso
essencial como resgate de referências e pode cumprir também um papel de organização
pedagógica das aulas. O que não se pode negar é que há ainda uma parcela de
professores que utilizam o livro didático como a sua única fonte de informação; por
outro lado, há escolas que não possuem nenhum recurso didático, somente o livro,
portanto, se utiliza desse como propostas metodológicas diferenciadas. E ainda há
aqueles que utilizam o livro didático como mais uma forma de ensinar, intercalando
com saídas de campo, filmes, biblioteca ou o que a escola pode oferecer.
Assim, apesar dos limites que o livro didático impõe ao processo de ensino e
aprendizagem e do crescente interesse econômico no mercado editorial, é preferível a
utilização desse como mais um meio de ensinar do que nada.
1 "O bom professor é o que não usa livros didáticos". Verdade ou mentira?
Dizer que o bom professor não deve usar livros didáticos, ou que estes são
sempre antipedagógicos e mercantilistas, pensamos que é uma afirmativa sem base de
sustentação teórica ou empírica. Essa ideia não tem qualquer fundamentação
pedagógico/educacional ou mesmo histórica. Pelo contrário, quando se lê os
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importantes teóricos da educação (sócio)construtivista, como Piaget ou Vygotsky, o que
encontramos é uma crítica aos manuais inadequados ao desenvolvimento psicogenético
ou social dos educandos, à necessidade de construir os conceitos (e não apenas recebê-
los prontos), mas não aos manuais em si. E nos melhores sistemas educacionais do
mundo, nos quais o aluno fica 7 ou 8 horas por dia na escola e trabalha em laboratórios
e com computadores (além de frequentemente sair em estudos do meio organizados
pelos professores), o livro didático é inclusive obrigatório, isto é, não existe nenhum
aluno que não tenha pelo menos um compêndio para cada disciplina escolar. Sem
dúvida que o professor pode e deve comparar manuais, com a mais completa liberdade,
de escolher – ou não – o livro didático que quiser. (No caso dos Estados Unidos,
normalmente existe até a possibilidade dos professores de cada escola elaborarem o seu
manual, na gráfica da escola). E os alunos podem e devem pesquisar um tema em vários
livros (didáticos ou não) alternativos. Mas apregoar que o bom professor não deve usar
compêndios escolares, como fazem – ou melhor, faziam, em especial nos anos 80 –
algumas proposta curriculares recentes, é um absurdo educacional e até cultural. Isso é,
em primeiro lugar, fruto de um preconceito que deveria ser combatido, mas que é
incentivado: que livros e outras obras culturais são objetos de pouco valor, dispensáveis
frente a outros gastos mais importantes. Aqueles que difundem tal ideia, mesmo sem
querer, estão contribuindo para rebaixar mais ainda o nível do ensino e da cultura em
geral no Brasil, um país com um nível de industrialização comparável ao de muitos
países desenvolvidos e com um nível de leituras (tanto per capita como em alguns casos
até total) bastante inferior até ao de países bem menos industrializados como Argentina,
Uruguai, Chile, Cuba, México, Costa Rica e vários outros. Em segundo lugar, essa ideia
normalmente também é tributária da desvalorização das disciplinas geografia e história
(e outras: sociologia, filosofia etc.) operada pela escola da época do fordismo; nessa
concepção, seria uma perda de tempo o aluno adquirir livros dessas disciplinas, pois ele
deveria se preocupar muito mais (e aí sim ter livros) com a matemática, as ciências e as
disciplinas "técnicas", inclusive a língua portuguesa. Ocorre, todavia, que a época do
fordismo e da escola profissionalizante está com seus dias contados e fincar o pé nessa
concepção é uma aberração, é advogar um modelo escolar completamente obsoleto. Na
escola da Terceira Revolução Industrial, sem dúvida nenhuma que a disciplina geografia
é pelo menos tão importante quanto a matemática ou a língua pátria. Talvez até mais,
em alguns casos, pois muito do que se ensina na matemática no ensino médio, por
exemplo, nunca terá nenhuma utilidade na vida prática do cidadão em geral, ou então,
26
se tiver, é possível de ser resolvido com o uso de um computador (ou uma calculadora)
pessoal, ao passo que a disciplina geografia não trabalha com informações e cálculos
(elementos sempre repetitivos e que uma máquina hoje pode reproduzir melhor que o
ser humano) e sim com novas ideias e interpretações, com a realidade em si (visitas a
fábricas, excursões, estudos do meio, observação da paisagem, interpretação de mapas,
gráficos, textos e fotos) e, portanto, com processos específicos da inteligência humana.
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aos bancos escolares de norte a sul do país e que possuem características em grande
parte comuns.
A produção do livro didático está amarrada, em nosso país, aos conteúdos
mínimos estabelecidos nas propostas oficiais de ensino — tenham elas o nome de
programas ou de currículos.
A preocupação que caracterizou e ainda caracteriza a maior parte do material
produzido é a de cumprir os programas e não infringir o pensamento oficial que avalia o
produto final por critérios puramente formais e superficiais. Não existem diretrizes
básicas para o processo de produção.
Um critério básico para a seleção e utilização de materiais ou livros didáticos é o
de transformar esse processo num momento educativo para os professores. É preciso
que as equipes técnicas já existentes passem a trabalhar junto aos professores, sentindo e
ouvindo suas necessidades, e lhes forneçam esclarecimentos sobre os critérios que
nortearam a produção e seleção de materiais.
UNIDADE VI
Introdução
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devemos nos perguntar se a principal causa dos fracassos do ensino não estaria no
próprio ensino e não na resistência dos aprendizes.
O caráter complexo da Geografia e sua presença nas instituições escolares, deve
desencadear novos olhares e desafios no ensino dessa ciência e na formação do
professor, em especial daqueles que atuarão nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental.
É inegável a contribuição teórica e o campo de atuação do Curso de Pedagogia,
sobretudo o avanço das reflexões sobre ensino e aprendizagem. Portanto, a docência
deve permanecer como uma das habilitações centrais no curso de Pedagogia.
Sabe-se que fatores como a falta de material didático, tempo para planejar,
desvalorização profissional e a perda de identidade docente, agravam a vida do
professor e, consequentemente, o aprendizado dos alunos. Porém, o ensino consiste na
resposta planejada às exigências naturais do processo de aprendizagem. Daí que mais
importante é o professor acompanhar a aprendizagem do aluno que se concentrar
demasiadamente no assunto a ser ensinado ou mesmo nas técnicas didáticas como tais.
O ensino é visto como resultante de uma relação pessoal do professor com o aluno.
Apesar de todas as dificuldades, não podemos esquecer que o processo
educacional ocorre tendo como sujeito o ser humano (crianças, jovens e adultos em
permanente processo de formação).
É preciso coragem e vontade para transformar o que foi imposto à educação
escolarizada e à Geografia: Desvalorização, particularmente nas Séries Iniciais.
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temático evitando as explicações de ordem geral, que de modo algum conseguem captar
a nossa diversidade. É possível, por exemplo, estudar e analisar a natureza e suas
transformações pelas técnicas por meio de recortes econômicos, culturais, políticos etc.
Por exemplo, estudar o papel do automóvel na sociedade moderna, ou dos combustíveis
fósseis, ou do aquecimento global da atmosfera. Do mesmo modo que no terceiro ciclo,
é possível também compreender por que a natureza favoreceu o desenvolvimento de
determinadas atividades e não de outras, e por que alguns lugares do mundo se
especializaram nas relações econômicas em função do seu potencial de recursos da
natureza. É possível aprofundar a discussão da apropriação da natureza e quando ela se
transforma em recurso, ou sobre as desigualdades socioeconômicas.
a) Ideias Norteadoras
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3.2 A 2ª Série (ou 3º Ano)
a) Ideias norteadoras
Já foi trabalhado o conceito de relações sociais no nível exploratório, e deve
continuar sendo abordado no início de cada ano letivo ate a 4ª serie.
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32
3.3 A 3ª Série (ou 4°Ano)
Dois conteúdos são eixos de trabalho nesta série: o espaço e o tempo (registro
sistemático do tempo cronológico e das condições do tempo, através de ficha de
registro):
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34
35
As orientações apresentadas anteriormente são apenas indicações de materiais de
ensino-aprendizagem para aulas de Geografia que podem ser facilmente utilizadas
durante as aulas. Mas, o segredo do bom ensino é o entusiasmo pessoal do professor,
que vem de seu amor à ciência e aos alunos. Este entusiasmo pode e deve ser canalizado
mediante planejamento e metodologia adequados, visando, sobretudo, a incentivar o
entusiasmo dos alunos para realizarem por iniciativa própria os esforços intelectuais e
morais que a aprendizagem exige.
As instituições de ensino deveriam formar seu corpo docente com professores
que tenham uma autentica vocação para ensinar, e dar-lhes todo apoio e incentivos para
que o façam com liberdade e tranquilidade.
UNIDADE VII
PROCESSOS DE AVALIAÇÃO
Introdução
É sabido que durante muito tempo - praticamente durante toda a sua história
enquanto disciplina escolar no Brasil - o ensino de Geografia caracterizou-se por ser um
ensino tradicional - fundamentado na pedagogia tradicional - de uma Geografia
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Tradicional - fundamentada no método positivista analítico dedutivo- indutivo. Assim, a
Educação e a Geografia formaram uma união perfeita que durou décadas.
A escola tradicional possibilita apenas a resolução burocrática de problemas
elaborados por seus superiores. Os problemas e as respostas são lineares, idênticos para
as diferentes realidades. Todos têm que chegar ao mesmo resultado.
O objetivo da escola tradicional é a transmissão de conhecimento, ou seja, uma
preocupação conteudista. Desta forma, o aluno é visto como um agente passivo,
cabendo a ele decorar e memorizar o conjunto de conhecimentos previamente
selecionados, significativos da cultura da humanidade, que é transmitido pelo professor
em aulas expositivas. O mundo é uma externalidade ao aluno, ou seja, não é dado a ele a
possibilidade de sua inserção no processo histórico. Assim, o conhecimento é concebido
como uma informação que é apreendida unicamente pela memorização. Essa postura
leva ao desencorajamento do conhecimento conceitual, porque a escolarização trivializa
a aprendizagem. Os estudantes são avaliados no mais baixo nível do pensamento
humano: a habilidade de memorizar. Até os PCN de Geografia enfatizam este tipo de
avaliação, ao afirmar que a memorização tem sido o exercício fundamental praticado no
ensino de Geografia, mesmo nas abordagens mais avançadas, a despeito da proposta da
problematização, do estudo do meio e da forte ênfase que se dá ao papel dos sujeitos
sociais na construção do território e do espaço, o que deve-se avaliar ao final de cada
estudo é se o aluno memorizou ou não os fenômenos e conceitos trabalhados e não
aquilo que pôde identificar e compreender das múltiplas relações aí existentes! E ainda
há a insistência de que, logo após a exposição, ou trabalho de leitura, o professor avalia,
mediante exercícios de memorização, se os alunos aprenderam o conteúdo.
Todavia, o professor cuidadoso deverá fazer uma avaliação da própria aula.
Sabemos que o êxito dos alunos não depende unicamente do professor e de seu método
de trabalho, pois a situação docente envolve muitos fatores de natureza social,
psicológica, o clima geral da dinâmica da escola, etc. Entretanto, o trabalho docente tem
um peso significativo ao proporcionar condições efetivas para o êxito escolar dos
alunos. Ao fazer a avaliação das aulas, convém ainda levantar questões como estas: Os
objetivos e conteúdos foram adequados à turma? O tempo de duração da aula foi
adequado? Os métodos e técnicas de ensino foram variados e oportunos para suscitar a
atividade mental e prática dos alunos? Foram feitas verificações de aprendizagem no
decorrer das aulas (informais e formais)? O relacionamento professor-aluno foi
satisfatório? Houve uma organização segura das atividades, de modo a ter garantido um
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clima de trabalho favorável? Os alunos realmente consolidaram a aprendizagem da
matéria, num grau suficiente para introduzir a matéria nova? Foram propiciadas tarefas
de estudo ativo e independente dos alunos?
2 Critérios de avaliação
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diferenças entre o seu lugar e a pluralidade de lugares que constituem o mundo.
(Com este critério avalia-se o quanto o aluno se apropriou da categoria lugar
na sua capacidade de se exprimir sobre os diferentes lugares próximos e
distantes).
Ler diferentes cartas em diferentes escalas, apropriando-se da representação
cartográfica em seu cotidiano.
(Com este critério avalia-se se o aluno é capaz de distinguir e criticar aquelas
mais adequadas para elaborar pequenos esboços sobre a realidade que vive ou
que pretende estudar).
Particularizar a dinâmica do tempo e espaço nos processos da organização das
paisagens rurais e urbanas, inclusive das formas de interações com o tempo da
natureza e da sociedade.
(Com este critério avalia-se se o aluno sabe identificar as diferentes
manifestações do tempo e sua importância na leitura dos fenômenos
geográficos).
Perceber no seu cotidiano como as pessoas se apropriam e se identificam com os
lugares.
(Com este critério avalia-se se o aluno sabe demonstrar que, mediante sua
observação, é capaz de perceber no seu cotidiano como as pessoas se
apropriam e se identificam com os lugares e o grau de integração que definem
com eles).
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Ao mesmo tempo questionar as condições de classes como limitantes à prática
da justiça social.
Interessar-se em procurar relacionar como as pessoas se apropriam, se
identificam e se integram com os lugares, definindo um comportamento crítico
em relação a esse fato.
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