O QUE É GRAMÁTICA E PORQUE ESTUDÁ-LA
Apesar da extensão territorial, todos os brasileiros falam a mesma língua?
Todos falamos o mesmo idioma sim, mas o português falado distancia-se do português escrito no Brasil. Em Portugal
é diferente, o falar e o escrever são muito parecidos. Por que será que isso acontece?
Primeiramente, deve-se esclarecer que Língua, tal como o português, o inglês, o espanhol... é um sistema formado
por regras e valores presentes na mente dos falantes de uma comunidade linguística e aprendido graças à audição
das falas. A palavra gramática (sentido formal) significa “conjunto de regras” de uma língua. A gramática de uma
língua ajuda a entender como formar frases coesas e coerentes.
Se escrevermos ou falarmos Renata morango de torta comeu não conseguiremos entender perfeitamente o que se
quis dizer, mas como somos detentores e sapientes de algumas regras básicas gramaticais, escreveríamos Renata
comeu torta de morango.
Existem vários tipos de gramáticas em uma língua, em especial na Língua Portuguesa. Esses tipos dizem respeito de
como tais regras são entendidas. Abaixo se vê uma rápida explicação dos 3 tipos mais populares e importantes de
Gramática:
Gramática normativa – conjunto de regras que deve ser seguido, pois dita, prescrevem, as regras gramaticais
de uma língua, posicionando as suas prescrições como a única forma correta de realização da língua,
categorizando as outras formas possíveis como erradas. Só a variedade padrão ou culta é valorizada. Essas
regras, quando dominadas, fazem com os falantes utilizem a variedade padrão (escrita e oral),
desvalorizando outras variedades da língua.
Gramática descritiva – descreve ou explica as línguas tais como elas são faladas. Explicita as regras que
realmente são utilizadas pelos falantes, pois todos seguimos regras. É a descrição de como a língua
funciona e de seus usos. A principal diferença em relação à gramática normativa, é que, na primeira, há a
preocupação em ditar regras que muitas vezes só são observadas na escrita; enquanto que, a gramática
descritiva explicita as regras que os falantes sabem e que usam no dia-a-dia. Por exemplo, pelas regras dessa
gramática, não existe a palavra drtioun na língua portuguesa, mas existe a interjeição UAI, variação
lingüística mineira.
Gramática internalizada – conjunto de regras que o falante domina e utiliza na comunicação, de maneira que
as frases e sequências das palavras são compreensíveis e reconhecidas como pertencendo a uma língua e não é
ensinada de forma convencional. (é o caso do primeiro exemplo de Renata)
Para a gramática normativa, a língua corresponde às formas de expressão observadas e produzidas por pessoas
cultas e de prestígio. Já para a gramática descritiva, nenhuma expressão é desqualificada como não pertencente à
língua, porque a língua falada e a escrita não são uniformes, e o objetivo é encontrar as regularidades que
condicionam essa variação. Por isso dizemos que na fala não existe certo e errado, e sim adequado e inadequado.
Em sala de aula, nas escolas, estudamos (ainda bem) todos os 3 tipos de gramáticas citados acima. Mas é preciso
compreender bem a Gramática normativa, pois com mais conhecimento das normas e uso adequado das palavras a
comunicação fica mais clara e coerente, ou seja, é mais fácil fazer-nos entender e alcançar novos vôos.
Escrever bem é pensar bem. (Otto de Lara)
Escrever bem ou falar bem é uma opção individual, já pensar bem é um problema social.