ESTUDOS aMBIENTAIS
ESTUDOS aMBIENTAIS
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INDICE
1. Introdução....................................................................................................................................3
4. O Homem e a Natureza:............................................................................................................12
6. Conclusão..................................................................................................................................18
7. Referências Bibliograficas.........................................................................................................19
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1. Introdução
A prática do homem frente à natureza passou por diversas esferas durante o próprio
desenvolvimento da estrutura da sociedade, passando por considerações místicas até
configurações materialistas (Duarte, 1986). No processo de utilização dos recursos naturais,
guiado principalmente pelo trabalho, o homem deixou um rastro de destruição em grande escala,
apresentando grandes casos de degradação ambiental. A forma como a natureza é categorizada,
servindo como base utilitária para a satisfação humana maximiza a sua exploração, sem uma
gestão a nível nacional satisfatória, ampliando o descaso ambiental. O homem utiliza os recursos
da natureza de forma exploratória, sem a projeção dos problemas que essa atitude pode
ocasionar, gerando problemas de carácter social e/ou ambiental, podendo apresentar seus efeitos
rapidamente ou em grande escala de tempo. Locais de descaso (baixa relevância) ambiental são
ocupados por grupos marginalizados pela sociedade, resultando em precárias condições de
moradia, assim como a exclusão dos grupos que vivem nesses locais. Atualmente, o conceito e as
discussões acerca do Racismo Ambiental têm apresentado relevância quanto a debates
relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade e relações sociais.
Para o presente trabalho em questao procedeu-se a uma rigorosa revisao de literatura que
permitiu estabelecer o estado de arte nas ciencias tratadas, no anbito do curso de licenciatura em
ensino de geografia, sendo alicercada por uma revisao bibliografica das principais teorias que
refletem sobre a materia em estudo neste trabalho.
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2. O Homem Frente à Natureza:
A relação homem-natureza é algo complexo, visto que existem diversas formas de interação que
surgem a partir da própria construção social, de cada indivíduo e localidade, assim como as
diferentes visões acerca de como o ser humano percebe a natureza, necessitando assim de
avaliações interdisciplinares para contemplar as diferentes interfaces. Gonçalves (2006) comenta
que da mesma forma que se necessita de uma junção das ciências humana e da natureza para um
melhor entendimento das dinâmicas ambientais, não se pode excluir o social da análise
ambiental, compreendendo assim uma maior parcela da complexidade ambiental. O homem
passou por diversas esferas na sua relação com a natureza.
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Precisa ficar claro que pensar sobre a relação entre o “tempo geológico” e o
“tempo social”, combinar a história natural com a história social, colocar a
sociedade na natureza, enfim-implica necessariamente atribuir aos componentes
naturais “objetivos”a capacidade de condicionar significativamente a sociedade...
Trata-se de uma mudança séria de paradigma nas ciências sociais. Significa que
o cientista social dá às “forças da natureza” um estatuto de agente condicionador
ou modificador da cultura.
Seegundo Naves & Bernardes (2014), relatam que a partir dessa junção entre a história natural e
social, tem-se o entendimento de como a sociedade se relaciona com a natureza, correlacionando
os problemas ambientais com factores antrópicos. Como forma de prevenir e de debater essas
problemáticas, surgem diversos novos conceitos como o ecodesenvolvimento, sustentabilidade,
desenvolvimento sustentável, sustentabilidade econômica, entre outras vertentes que ao longo do
tempo podem ir sendo agregadas ou substituídas. O desenvolvimento sustentável sugue dessa
necessidade de se construir novas vertentes que incluam o meio ambiente nas questões
relacionadas ao próprio desenvolvimento, no qual cada vez mais o termo ganha força nos debates
políticos e sociais (Gonçalves, 2005).
Antes de adentrar no conceito e nas finalidades do termo, necessita-se comentar como foi que a
preservação do meio ambiente, assim como suas relações sociais, começou a ganhar mídia. O
ponto de partida que fez a sociedade olhar com mais atenção para os descasos ambientais foi a
publicação do livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson, publicado em 1962, que divulgou
de forma clara, em uma linguagem não científica, os problemas ambientais ocasionados pelo uso
indiscriminado de pesticidas agrícolas e o processo de bioacumulação do mesmo nos organismos
(BONZI, 2013). Outro marco importante foi a divulgação do relatório do Clube de Roma
“Limites do Crescimento” de 1972 que trazia os “recursos” (o próprio nome recursos já
apresenta uma analogia com algo que serve para ser extraído e utilizado) naturais como algo
finito. Em 1974, após a reunião do UNCTAD (Conferências das Nações Unidas sobre Comércio-
Desenvolvimento) e da UNEP (Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas), foi
desenvolvido e divulgado a Declaração de Cocoyok, trazendo uma discussãoacerca do
desenvolvimento e meio ambiente. Em 1975, o relatório de Cocoyok contou com a participação
de diversos pesquisadores e políticos, resultando no Relatório Dag-Hammarskjold (BRUSEKE,
1994). Em 1987 é lançado também o relatório Brundtland “Nosso Futuro Comum”, trazendo
como marco a introdução da temática do DS, construindo um novo paradigma entre a relação
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homem-natureza. A diferença desse documento é tratar do meio ambiente a partir de uma
perspectiva social-econômica-ecológica (BARBOSA, 2008). Com a divulgação do livro da
Rachel e os relatórios, além dos debates em menor escala, o termo DS surge como uma
necessidade de se discutir medidas de combate à crise ambiental. O conceito definido pela
Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED) é: “um
desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das
futuras gerações de satisfazerem suas necessidades”. Essa é apenas uma das diversas definições,
no qual muitas vezes se confundem com outras vertentes, como a sustentabilidade ecológica e
sustentabilidade, sendo usadas erroneamente como sinônimos.
A natureza vem sendo utilizada como um elemento infinito, passível de extração a todo o
momento, servindo de matéria-prima para o desenvolvimento. A elevação da densidade
demográfica nos centros urbanos, as condições ambientais e a qualidade da saúde decrescem,
como a utilização desenfreada de água potável, falta de saneamento, aumentando casos de
doenças (Lopes, 2011). O rescimento populacional nas grandes cidades traz o aumento da
exploração dos recursos naturais, desmatando áreas para moradia, antropizando rios devido a sua
utilização, além da explosão do sistema industrial.
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A ideia da Revolução Verde foi vendida como benéfica para o meio ambiente e sustentável
(Moreira, 2013). A partir do final da Segunda Guerra Mundial, no qual os Estados Unidos já
apresentavam estabilidade na produção tecnológica na agricultura, reduzindo o incentivo para
práticas tradicionais, esse conceito de inovação tecnológica começou a ser difundido pelo
mundo.
As novas técnicas utilizadas atingiram tanto os produtores do campo, quanto os das cidades,
utilizando agrotóxicos e implantação da monocultura como a base para que a atividade seja
rentável. Nesse contexto, as práticas e forma de manejo do solo artesanais foram ficando em
desuso, tidas como antiquadas, além de não produzir em grande escala. Outro problema
ambiental que cresceu fortemente, foi a poluição do ar principalmente nos grandes centos
urbanos, com a utilização de automóveis e a presença de polos industriais (Braga et al.,
2001). Cada pedaço do solo urbano é agregado um capital, impulsionando a disputa territorial,
para uso e ocupação, demonstrando poder (Singer, 1978). Fora os problemas em que o homem
éatingido diretamente, tem-se a intensa devastação ambiental, que pode ocorrer por diversas
finalidades, mas que vai influir na dinâmica do próprio meio ambiente.
Houve grande interesse da mídia e da população acerca do tema, visto ser de grande relevância
para a vida do homem, e pela mensuração de valor do serviço gerado pelas abelhas. A valoração
da natureza, assim como dos seus serviços ecossistêmicos pode subsidiar a implementação de
acções conservacionistas, pois se um determinado problema ambiental continuar, como o
desaparecimento de uma espécie, será necessário o pagamento de certa quantia para realizar
artificialmente o que era feito de forma natural. Existe um amplo debate acerca das motivações
para a valoração, contemplando fins econômicos e não econômicos, que vão partir de
preferências individuais e da visão de mundo que o tomador de decisão possui (Nogueira e
Medeiros, 1999). Mesmo que a valoração seja construída sob um viés econômico ou não
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econômico, já se percebe a necessidade de olhar para o meio ambiente a partir dos impactos
gerados pela ação antrópica. Fica perceptível a condição de vulnerabilidade da natureza,
principalmente após a revolução industrial. A partir desse ponto começam a surgir
questionamentos sobre a construção de relações equilibradas entre o homem e a natureza.
O conceito de metabolismo social de Marx, que remete como a sociedade transforma a natureza
externa e como essa transformação altera a natureza interna, traz argumento base para entender
como as acções humanas interferem no contexto ambiental, embasando o entendimento da
relação homem-natureza (FOLADORI, 2001). A constituição Federal do Brasil de 1988 no seu
capitulo VI, artigo225 do meio ambiente, traz que: Art. 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
os presentes e futuras gerações. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
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VII - Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoque a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
No princípio da humanidade, havia uma unicidade orgânica entre o homem e a natureza, onde o
ritmo de trabalho e da vida dos homens associava-se ao ritmo da natureza. No contexto do modo
de produção capitalista, este vínculo é rompido, pois a natureza, antes um meio de subsistência
do homem, passa a integrar o conjunto dos meios de produção do qual o capital se beneficia.
Para Casseti (1991), as transformações sofridas pela natureza, através do emprego das técnicas
no processo produtivo (figura 4), são um fenômeno social, representado pelo trabalho, e as
relações de produção mudam conforme as leis, as quais implicam a formação econômico-social
e, por conseguinte, as relações entre a sociedade e a natureza.
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A sociedade contemporânea, consubstanciada numa dinâmica complexa e ontraditória, possui
uma organização interna, a qual representa um conjunto de mediações e relações fundamentadas
no trabalho. Sob o capitalismo, o qual se identifica com a reprodução ampliada do capital e que
necessita da produção de mercadorias como veículo de produção da mais-valia para possibilitar a
sua expansão, a relação homem-meio apresenta-se como contradição capital-trabalho, pois se
pensarmos do ponto de vista abstrato, os homens se relacionam com a natureza para a
transformar em produtos. Se pensarmos do ponto de vista real, o trabalho é um processo de
produção/reprodução de mercadorias.
No capitalismo, portanto, o acesso aos recursos existentes na natureza passa por relações
mercantis, visto que sua apropriação pelo capital implica a eliminação de sua “gratuidade
natural”. Portanto, a incorporação da natureza e do próprio homem ao circuito produtivo é a base
para que o capital se expanda.
No processo de acumulação do capital, o trabalhador tem sido despojado do conjunto dos meios
materiais de reprodução de sua existência e forçado a transformar sua força de trabalho em
mercadoria, a serviço do próprio capital, em troca de um salário. O capital separa os homens da
natureza, em seu processo de produção/ reprodução e impõe que o ritmo do homem não seja
mais o ritmo da natureza, mas o ritmo do próprio capital.
Sabemos que na relação capital x trabalho há um antagonismo, haja visto que o capital nutre-se
da exploração do trabalho do homem. Nesta relação, como o homem realiza o trabalho
capitalizado, ao entrar em contradição com o capital, ele entra em contradição com a própria
natureza.
Segundo Moreira, quando o capital busca cada vez mais a produtividade do trabalho e, assim, a
elevação da taxa de exploração do trabalho e da natureza, ele amplia a base de alienação do
trabalho e da própria natureza, gerando uma dicotomia entre sociedade e natureza.
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A perda da identidade orgânica do homem com a natureza, se dá a partir do capital, que gera a
contradição e que, na contradição, gera a perda da identificação do homem com a natureza e,
conseqüentemente, a degradação ambiental.
O processo social de produção, cuja referência está na produção de valores de uso, submete a
força de trabalho e os meios de produção aos seus desígnios, impulsionando a utilização
irracional dos recursos naturais, o desperdício de matérias-primas, de energia e de trabalho,
provocando assim, a destruição da natureza e a conseqüente “crise ecológica”.
4. O Homem e a Natureza:
Desde o início dos tempos o homem sempre se apoiou na natureza para obter recursos e
desenvolver-se. A começar pela extração de todo tipo de suprimento até matérias primas para
construir instrumentos para materializar o que tinha em mente. Tudo a nossa volta é criado em
base de recursos naturais. Podemos observar que qualquer apetrecho tem como matéria prima
algo que vem do nosso planeta. Ferro, plástico, madeira, vidro, cimento e infinitos elementos da
terra que servem o ser humano capacitando suas criações.
O facto é que estamos lidando com um ente vivo e que existem pessoas abusando dele. A
extração de madeira de forma predadora é uma das coisas que fazem crer que muitas instituições
abusão do planeta terra. O oxigênio também é algo de suma importância e existem seres
humanos que parecem não se preocupar com ele quando põem suas máquinas para funcionar,
liberar no ar substâncias tóxicas que além de prejudicar a nós feri também a camada de ozônio.
Um dos graves influentes no buraco na camada de ozônio é a poluição causada por todo
maquinário que as pessoas usam para realizar suas tarefas.
Ao se falar da relação homem natureza não podemos fazê-la sem aludir a categoria trabalho,
tendo em vista a dialeticidade conformada nestes eixos dos cursivos, que uma vez condensados
configuram a totalidade humana.
O homem é resultado desse vir a ser, aliado às questões culturais, os valores, as crenças, os
hábitos, as tradições, a linguagem, os princípios de ordem ética e moral entre os povos que são
transpostos de geração a geração, que fatalmente, têm grande significado nesse processo de
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construção e, perpetuados para as gerações vindouras. Os homens se relacionam,
conscientemente, visando a produção da sua própria sobrevivência, mas e a natureza, onde se
insere? Enquanto ser humano, ‘o homem é imediatamente ser da natureza’.
De um lado enquanto ser natura vivo, ele é ‘provido de forças naturais, de forças vitais’. De
outro lado, enquanto ser natural ‘de carne e osso, sensível, objetivo, ele é, tal como os animais e
as plantas, um ser passivo, dependente e limitado’ (Bensaid, 1999, p. 434). A construção humana
se dá pela relação do sujeito com a natureza mediada pelo trabalho e conjugada ao seu contexto
sociocultural que é de onde o seu processo de construção é emanado.
O homem se faz, não apenas pelo produto do trabalho, mas também pelos vínculos sociais que
estabelece com os seres da sua espécie, possibilitando uma nova modalidade de trabalho que
extrapola o individual. Torna-se possível a acepção do trabalho coletivo, pois a relação de
produção, segundo Marx, é indissociável, isto é, uma relação dos homens com a natureza e dos
homens consigo mesmos (Bensaid, 1999).
De maneira sintética, definimos trabalho como toda ação do homem sobre a natureza. Afinal é
dela que o homem extrai os recursos necessários à garantia da sua sobrevivência, por meio da
qual, ao desempenhar sua atividade vital, a modifica e modifica-se. “O trabalho não é a fonte de
toda a riqueza. A natureza é tanto a fonte de valores de uso quanto o trabalho, que não é outra
coisa senão a manifestação de uma força da natureza, a força de trabalho humana” (MARX apud
Bensaid, 1999, p. 443).
A questão do pensar, a linguagem e o trabalho são aspectos que diferenciam o homem do animal.
Enquanto o animal age por instinto, o homem pensa a sua ação e pode refletir sobre ela se julgar
necessário. A ação do homem é transformadora, essencialmente porque pelo trabalho o homem
se legitima e produz a sua cultura, conseqüentemente sua maneira reflete melhor a sua ação além
de potencializar a sua compreensão acerca do sentido do que é ser mundo e de estar neste. A
singularidade entre os dois, homem e animal, é que ambos são natureza, mas somente o homem
tem a capacidade de aprender, fazer inferências, construir significados e decidir pela sua própria
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vida. É pela natureza que o homem age voluntária e conscientemente, com base em um plano e,
sobretudo, não ligado a qualquer esfera particular, vive universalmente na natureza orgânica: ‘a
universalidade do homem se manifesta praticamente na universalidade pela qual toda a natureza
se torna seu corpo inorgânico’. (Manacorda, 2000, p. 48-49).
Os exemplos de trabalho no qual o homem deixa de ser de si, para ser do outro são: “a
escravidão, a servidão ou mesmo quando, para sobreviver, o homem precisa vender sua força de
trabalho em troca de salário” (Aranha, 1999, p. 04). Por esse motivo é que o trabalho, na visão
marxiana, desde a sua forma mais simples, até seu nível mais complexo está fortemente ligado às
forças produtivas, especialmente, no modo de produção capitalista, produtor de mais valia e da
expropriação do trabalhador.
Karl Marx, em suas teorizações à cerca da relação sociedade/ natureza, revela: o que está em
jogo é uma relação social, uma dialética de apropriação, transformação, construção, destruição
(MORAES, 1985). Foi neste contexto que surgiu o conceito de Segunda Natureza.
Para autores contemporâneos, como Neil Smith (1988), a separação analítica da sociedade e da
natureza é uma conseqüência da lógica interna do capitalismo. Milton Santos (1996) vê na
história da sociedade uma sucessão do meio natural, ao meio técnico e ao meio técnico-científico
informacional, para mostrar a existência de um espaço cada vez mais artificializado.
Conforme Mendonça (1998), a geografia é a única das ciências humanas a ter em conta os
aspectos físicos do planeta (quadro natural), por isso, analisar os aspectos da sociedade e a
natureza, em conjunto ou isoladamente, é uma tarefa árdua. Daí, que a maioria dos geógrafos
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opta pela especialização do conhecimento, o que passa uma visão compartimentada da geografia
(Mendonça, 1998).
Ao considerar, no entanto, que a geografia associa-se ao estudo do espaço, de que espaços estão
falando? Espaço geográfico como produto do processo de trabalho da sociedade, como
conseqüência do desenvolvimento desigual e combinado da acumulação técnica e das práticas
espaciais de todas as épocas. Interessa à geografia o estudo do espaço utilizado e o uso do
território (Santos; Silveira, 2002). De acordo com David Harvey, o exame do mundo revela um
mosaico geográfico, uma criação de múltiplas actividades humanas.
A principal causa dos problemas sócio-ambientais não é a quantidade de pessoas no planeta que
precisam cada vez mais transformar os elementos naturais em recursos para conseguir alimentos,
roupas e moradias. É primordial compreender que a maior parte do problema reside no excessivo
consumo desses elementos por uma pequena parcela dapopulação mundial e no desperdício e
produção de artigos inúteis e nefastos à qualidade de vida. Portanto, a solução não é
simplesmente preservar determinadas espécies de animais e vegetais e os elementos naturais,
mas primordialmente refletir sobre e transformar as relações políticas, sócio-econômicas e
culturais entre os homens e entre a humanidade e a natureza (Reigota, 2004).
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É vital que os cidadãos do mundo lutem por um crescimento econômico sem repercussões
nocivas sobre a população, que não deteriore de nenhum modo seu meio ambiente nem suas
condições de vida. A educação ambiental deve orientar-se para a comunidade e procurar
incentivar o indivíduo a participar ativamente da resolução dos problemas em seus contextos
específicos. Deve ser sempre levada em conta uma frase muito usada pelos ambientalistas:
“Pensamento global e ação local, ação global e pensamento local”.
Obviamente a educação ambiental não resolverá todos os problemas sócio-ambientais por si só,
mas ela pode contribuir decisivamente para isso, na medida em que ajuda a formar cidadãos
conscientes de seus direitos e deveres e da problemática global, que atuam de forma positiva em
suas comunidades. Embora os resultados não sejam imediatos, são enraizados na ética e no
profundo conhecimento sobre a realidade global.
“Claro que a educação ambiental por si só não resolverá os complexos problemas ambientais
planetários. No entanto ela pode 89 influir decisivamente para isso, quando forma cidadãos
conscientes dos seus direitos e deveres. Tendo consciência e conhecimento da problemática
global e atuando na sua comunidade, haverá uma mudança no sistema, que se não é de resultados
imediatos, visíveis, também não será sem efeitos concretos”. (Reigota, 2004, p. 12)
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Capacidade de avaliação: levar os indivíduos e os grupos a avaliarem medidas e
programas relacionados ao meio ambiente em função de fatores ecológicos, políticos,
econômicos, sociais, estéticos e educativos. A educação ambiental deve buscar traduzir o
jargão técnico-científico para a compreensão de todos.
Participação: levar os indivíduos e grupos a perceberem suas responsabilidades e
necessidades de ação imediata para a solução de problemas ambientais.
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6. Conclusão
Conforme podemos perceber ao longo deste trabalho, a relação entre o homem e o meio
ambiente depende da concepção que o homem tem dele mesmo e da natureza. Assim, através da
análise histórica realizada nesta pesquisa e baseando-se no fato de que cada sociedade tem uma
cultura única e concepções próprias, não é difícil concluir que a humanidade já se relacionou de
diversas maneiras com a natureza. Na Pré-história, o homem não se considerava um ser separado
da natureza. Enxergava-a como uma mãe que acolhia a todos e cuidava para que tivessem o que
precisavam para viver bem. Retiravam do meio apenas o necessário e viviam basicamente do
consumo de recursos renováveis. A coleta de frutos e a caça eram praticadas em uma escala tão
pequena e a poluição gerada era tão pouca que deixavam praticamente intacto o funcionamento
dos ecossistemas.
Assim, nossa missão não é apenas preservar o planeta. É necessário restabelecermos nossas
prioridades, modificando a concepção que temos de nós mesmos e da natureza e reconstruindo as
bases de nossa organização sócio-econômica. Caso contrário, qualquer esforço no sentido de
tentar minimizar ou eliminar os problemas ambientais será apenas paliativo e não representará
uma mudança duradoura e sustentável. A Educação Ambiental parece representar o melhor
caminho de superação da atual crise sócio-ambiental, propondo uma nova maneira de
relacionamento com a natureza e com as pessoas, baseada na ética e na justiça. Mesmo se
considerarmos inválido o exemplo de harmonia social e ambiental das sociedades matrísticas,
argumentando que não podemos ter certeza de acontecimentos tão 93 antigos, isso não significa
que uma sociedade mais justa e sustentável não seja possível, e que não devamos continuar
avançando nessa direção.
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7. Referências Bibliograficas
Carvalho, M.(2003). O que é natureza. Editora Brasiliense: Coleção Primeiros Passos. 2. Ed. São
Paulo.
São Paulo.
Gonçalves, J.C. (2008). Homem-natureza: uma relação conflitante ao longo da historia. Saber
acadêmico.
.br/naturezamarx.htm.
Reis, D.S.; & Silva, (2007) A relação homemnatureza mediada pela técnica: implicações para a
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