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Psicopatol

• Fases da História do Comportamento


Anormal
→ Demonologia
- A crença de que o comportamento anormal é

ogia I causado por forças sobrenaturais que assumem


o controle da mente ou do corpo é anterior ao
começo da história escrita.
• Considerações sobre - Não havia nada incomum em relação a estas
culturas antigas atribuírem o comportamento
o “comportamento anormal à ações de forças sobrenaturais
porque elas acreditavam que muitos outros
anormal” ao longo da fenômenos, tais como incêndios e inundações,
história da também eram
sobrenaturais.
causados por forças

humanidade - A abordagem típica para expulsar os


demônios era usar os demônios era usar
• O Sujeito da Diferença e as Sociedades encantamentos, preces ou poções para
Humanas persuadi-los a irem embora. Em alguns casos,
- Foucault afirma que “a loucura foi, todos os diversas formas de punição física, como
tempos, excluída”. apedrejar ou açoitar, eram defendidos como
- Em todas as sociedades há pessoas que têm um meio de forçar os demônios para fora de
comportamentos diferentes dos das outras, uma pessoa possuída.
escapando às regras comumente definidas
nesses quatro domínios [trabalho, ou produção → Introdução de Explicações Fisiológicas
econômica; sexualidade, família, quer dizer, - A primeira tentativa de explicar o
reprodução da sociedade; linguagem, fala; comportamento anormal em termos de causas
atividades lúdicas, como jogos e festas], em naturais, ao invés de sobrenaturais ocorreu
suma, o que chamamos de indivíduos quando Hipócrates ensinou que o cérebro é o
marginais (FOUCAULT, 2011, p. 260). órgão responsável pelos transtornos mentais.
- Ele também sugeriu que o comportamento
• História da Fundação da Psicopatologia era governado pelos níveis relativos de quatro
- Holmes nos esclarece que as sociedades humores (líquidos) no corpo: bile negra, bile
explicaram e trataram o comportamento amarela, fleuma e sangue.
anormal de diferentes maneiras em diferentes - Sua abordagem nos iniciou no caminho de
momentos, destacando que “a maneira como ver o comportamento anormal como um mau
uma sociedade particular reage à funcionamento ou doença fisiológica e supriu
anormalidade depende de seus valores e a fundação para perspectiva fisiológica sobre o
suposições sobre a vida e o comportamento comportamento anormal.
humano” - O tratamento durante esse período envolveu
- O autor destaca ainda que “muitas das tentativas de restaurar o equilíbrio apropriado
antigas ideias ainda desempenham papéis entre os humores [...] uma vez que as pessoas
importantes no pensamento contemporâneo perturbadas eram consideradas como sofrendo
acerca do comportamento anormal. Ao de doenças, erma cuidadas como as outras
contrário de muitas outras ciências, quando pessoas doentes.
novas ideias sobre o comportamento anormal
e seu tratamento foram desenvolvidas elas não → Retorno à Demonologia
necessariamente substituíram as ideias mais - Durante a Idade Média, a religião tornou-se a
antigas. Ao contrário, foram acrescentadas ao força dominante em virtualmente todos os
grupo existente de explicações e tratamentos.” aspectos da vida europeia e a abordagem
naturalista de Hipócrates e seus seguidores foi - Em realidade, os primeiros asilos eram mais
essencialmente abandonada. como prisões do que como hospitais. Nada era
- A vida era percebida como uma luta entre feito para os internos, além de confiná-los sob
forças do bem e forças do mal, sendo estas terríveis condições.
dirigidas pelo demônio que, considerava-se, - Ao invés de ser uma fonte de preocupação
afligia as pessoas perturbadas. para a sociedade como um todo, as condições
- Em outras palavras, a ideia antiga da nestes primeiros asilos constituíam uma fonte
possessão demoníaca foi revivida e de divertimento e ingressos para ver os
tratamentos exorcistas brutais eram usados pacientes eram realmente vendidos ao público.
para expulsar o demônio. - Depois que os indivíduos perturbados foram
-Nessa fase da demonologia, então, os reconhecidos como pacientes, o passo seguinte
indivíduos perturbados eram vistos como em promover atendimento humanitário
ameaças para a sociedade e mortos em uma envolveu melhorar as condições nas quais os
tentativa de proteger os outros. pacientes viviam.
- O esforço mais famoso com relação a isto
- “A Idade Média absorveu na sua tradicionalmente foi atribuído a Philippe Pinel
religiosidade cristã toda a medicina de então e (1745-1826) em 1792. Ele ordenou que os
apenas nos mosteiros (onde se encontravam pacientes de seu hospital, em Paris, fossem
todos os livros existentes da época) residiam a desacorrentados e que os alojamentos fossem
ciência, a filosofia, a arte e a literatura. renovados para se tornarem mais agradáveis.
Mesmo os nobres e reis eram analfabetos. - Liberar os pacientes das suas correntes e
- A população ignorante cultivava toda a sorte construir mais e melhores hospitais, sem
de superstições e crenças sobrenaturais. O dúvida os tornou mais confortáveis, porém os
Renascimento não modificou muito o quadro efeitos terapêuticos de tais mudanças foram
medieval: às possessões demoníacas muito exagerados.
continuavam sendo atribuídos os distúrbios - Relatos escritos e desenhos da época
mentais. sugerem que os pacientes tornaram-se
- A forte repressão sexual religiosa acabava tranquilos, até mesmo normais, quando as
por propiciar frequentes surtos catárticos correntes foram removidas. Embora isso possa
grupais, ‘epidemias’ de loucura em massa ou ter sido verdade para alguns pacientes, na
crises de histeria grupal, ritualizadas ou não. maioria dos casos parece improvável que as
- Um círculo vicioso se formava, então, com a mudanças tenham resultado em melhoras
repressão e a intolerância, ocasionando mais significativas.
crises, que provocavam mais repressão etc.
- A perseguição às feiticeiras, a inquisição e os → Introdução das Explicações Psicológicas
exorcismos não davam qualquer espaço para - A crença de que as causas do comportamento
uma medicina da mente” anormal eram psicológicas pode ser traçada a
Europa do século XIX, considerando-se que
→ Introdução do Cuidado Humanitário fatores psicológicos e interpessoais
- O século XVI marcou a primeira vez que foi desempenhavam um papel importante em
amplamente reconhecido que as pessoas muitos transtornos.
perturbadas precisavam de atendimento, não - Um “contribuinte bem conhecido para o
de exorcismo ou condenação. desenvolvimento da explicação psicológica do
- Em 1547, o hospital Saint Mary of comportamento anormal foi Jean-Martin
Bethlehem, em Londres, foi dedicado ao Charcot. neurologista e diretor do Hospital
cuidado de pessoas perturbadas. Salpêntrière em Paris.
- A palavra ‘cuidado’, no entanto, dificilmente - Charcot estava interessado em pacientes que
é apropriada para descrever como os pacientes sofriam do que era então chamado histeria.
naqueles primeiros hospitais (asilos) eram - Os transtornos histéricos envolvem
tratados. sintomas físicos que não apresentam uma base
orgânica demonstrável. Os sintomas podem
incluir paralisia, cegueira, dor, convulsões e • O Nascimento da
surdez. Hoje, chamamos problemas como este
de transtornos somatoformes porque eles
Clínica e do campo
assumem a forma de problemas somáticos. psicopatológico
- O interesse de Charcot em pacientes com
transtornos histéricos e sua conclusão de que • A constituição do campo psiquiátrico e a
seus sintomas tinham uma base psicológica dimensão ético-político
prepararam o palco para o trabalho de Freud. - A constituição do saber psiquiátrico, a forma
como esse saber se organiza diante do
→ Interesse Renovado nas Explicações sofrimento mental concreto dos indivíduos e
Fisiológicas as propostas de reforma assistencial pública
- Por volta da metade do século XX, estão diretamente relacionadas.
“inúmeros tratamentos fisiológicos para o - A maneira como pensamos essas relações
comportamento anormal estavam em uso, mas definem posições, muitas vezes divergentes,
nenhum era sobremaneira eficaz. sobre a mente, a tipificação das pessoas e a
- No entanto, no início da década de 50, foi concepção do diagnóstico, com consequências
introduzido um método fisiologicamente no debate público, nas proposições de
embasado de tratamento que exerceu um políticas sanitárias e nos modelos teórico-
efeito verdadeiramente revolucionário, no assistenciais diversos.
nosso entendimento, e tratamento do - É possível afirmar que as concepções de base
comportamento anormal. sobre o que é e como se construiu o campo
- Naquele momento, químicos franceses teórico psiquiátrico definem as estratégias
estavam trabalhando sobre anti-histamínicos políticas, clínicas e assistenciais de uma
para uso no tratamento de alergias e asma. Um sociedade na sua relação com a loucura
paraefeito negativo dos anti-histamínicos foi
sua tendência a tornar os indivíduos normais • História da Loucura e as perspectivas
sonolentos. No entanto, quando uma versão antagônicas
forte dos anti-histamínicos foi dada para - Existem duas versões principais e
pacientes com esquizofrenia, eles se tornaram antagônicas sobre a constituição do saber
calmos, sua confusão cognitiva foi reduzida e psiquiátrico: a proposta por Michel Foucault e
o comportamento tornou-se muito mais a proposta por Marcel Gauchet e Gladys
normal. Em outras palavras, a tranquilização, Swain. As duas apresentam pontos de vista
que era um paraefeito negativo para pessoas que se opõem.
com alergia, foi considerado útil para pessoas - A descrição foucaultiana considera a captura
sofrendo de esquizofrenia” da loucura pela psiquiatria uma perda, uma
- Formas mais poderosas de anti-histamínicos violência discursiva e institucional que
foram rapidamente adaptadas para uso como transformou a experiência trágica, mas
drogas antipsicóticas, revolucionando o significativa para a humanidade, da percepção
atendimento e o tratamento de pessoas de uma doença.
altamente perturbadas. - Gauchet e Swain, por sua vez, descrevem a
- Alas hospitalares foram transformadas de abordagem alienista como tendo oferecido
minas de confusão e caos em locais de calma uma nova possibilidade de lidar com esse
relativa. Isto significou que o tempo da equipe fenômeno e um ganho clínico no cuidado aos
poderia ser dedicado a tratar pacientes ao portadores de sofrimento mental”
invés de meramente mantê-los fisicamente
contidos. Um segundo efeito importante das • As Representações da Loucura na
drogas antipsicóticas Arqueologia de Foucault
- Foucault publica seu monumental A história
da loucura em 1961, é um marco crítico dos
estudos sobre a loucura e fornece as bases para uma ordem econômica e social em pleno
o pensamento contestatório antimanicomial. processo de mutação.
- Considerando que a loucura ocupa um lugar - A loucura, na Época Clássica, foi silenciada
na estrutura trágica, ele pretende mostrar a e retirada de circulação, num processo
dinâmica desse processo, o percurso das denominado por Foucault Grande Internação.
mudanças históricas que aprisionaram a - Vemos que, agora, ele desloca o foco da
experiência trágica do louco. análise para a economia capitalista como
- Antes signo da Queda do Homem, marca da causa da exclusão.
morte em vida, a loucura foi posteriormente - As oscilações do capitalismo marcaram o
reduzida ao que do homem era maior ou menor número de pessoas
embrutecimento, degradação em animalidade, internadas, fazendo com que as estruturas de
até ser finalmente transformada em doença. internação cumprissem papel significativo na
- Para Foucault, a razão iluminista criou uma sociedade, ao encarcerar os pobres, oferecer
forma ainda mais insidiosa de opressão e mão de obra barata nos tempos de pleno
controle ao tornar patológica uma experiência emprego, aprisionar indivíduos sem trabalho
humana fundamental. A seu ver, a loucura, quando havia escassez na oferta de serviços e
antes de ser captada pelo discurso iluminista, evitar revoltas
ocupava um lugar significativo no imaginário - Rose mostra que o asilo conciliava “a
social, pois dizia uma verdade sobre a obrigação constitucional de justificar
humanidade legalmente todo constrangimento exercido
- No fim da Idade Média e na Renascença, a sobre a liberdade dos cidadãos, com a
loucura é uma expressividade do sujeito obrigação social de internar aqueles que não
envolta em mistério, muitas vezes associada a haviam infringido qualquer lei, mas
forças místicas de uma radiância sobrenatural, derrogavam suas obrigações morais de
na qual o louco se apresenta como o revelador cidadãos”.
das contradições e hipocrisias sociais a esta - A construção da doença mental foi feita
experiência trágica da loucura do mundo foi se sobre essa síntese, que concilia o dever de
contrapondo, no humanismo da Renascença, isolar e a necessidade de discernir a
no transcurso do século XVI uma loucura capacidade jurídica do indivíduo, e que
advinda da razão, submetida a uma reflexão constitui a base da futura “psicopatologia com
crítica que a despia de suas alegorias pretensões científicas”
metafísicas e transcendentais.
- Em decorrência, à origem cósmica da • Relação Saber, Verdade e Poder na
loucura foi se erguendo uma prática discursiva Genealogia de Foucault
que considerava que a loucura “nasce no - Tal parece que a maior diferença existente
coração dos homens [na medida em que ele] entre A história da loucura na época clássica e
organiza e desorganiza sua conduta”, não o curso de 1973-1974 está em seus objetos de
como efeito de um mistério ocultado, mas estudo.
fruto da prática moral do homem, no desvio - No primeiro caso, se tratava de estudar a
do indivíduo do caminho da retidão. representação da loucura como fenômeno
- Foucault pretende estudar a operação que a histórico e social analisada do ponto de vista
razão clássica realizou sobre a loucura ao das representações sociais. Foucault dirá que,
transformá-la em desrazão, por outro busca então, ele “tentou estudar fundamentalmente
mostrar a lógica econômico-social que as imagens que foram feitas sobre a loucura no
produziu o encarceramento dos loucos século XVII e XVIII”.
- O segundo aspecto da transformação social - No segundo caso, se trata de analisar já não a
da loucura concerne ao momento econômico percepção da loucura, mas sim os discursos, as
europeu. No século XVII os loucos passaram a ciências, os jogos de poder e verdade que
ser internados junto com uma massa tomaram por objeto a loucura.
indiferenciada de todo tipo de marginais, em
- Enquanto em 1961 Foucault insistia na exige ser protegida contra a ameaça de
problemática do fechamento e violência, em desordem) com certas exigências de cura que
1974 sua preocupação será a de analisar o falam da eficiência terapêutica do isolamento
modo como se estabelecem e o modo como se e do encerramento.
circulam as relações de poder dentro desse • A Psiquiatria tenta constituir-se como
espaço médico que é a psiquiatria Medicina Natural
- Em O poder psiquiátrico, Foucault se propõe - A ideia de um conhecimento diferencial da
responder a seguinte pergunta: “Em que loucura fundada sobre a anatomopatologia ou
medida um dispositivo de poder pode ser a fisiopatologia ou a neurologia, esta
produtor de um certo número de enunciados, “tentativa de inscrição da loucura no interior
de discursos, e, em consequência de todas as de uma sintomatologia médico geral”,
formas de representação que podem surgir terminará por fracassar no século XIX [...] No
dali?” caso da psiquiatria, embora existam
- Os dispositivos de poder passam a ser diagnósticos tais como a melancolia, a
visualizados e analisados como instâncias de esquizofrenia ou o transtorno bipolar, não
produção das práticas discursivas e a importa tanto a precisão nosológica quanto
interrogação se deslocará das representações saber se esse paciente é ou não louco. Antes
para os dispositivos de poder e os jogos de de qualquer caracterização, a verdadeira
verdade que se teceram em torno da loucura e questão que se coloca é uma oposição binária.
do saber psiquiátrico Está em questão uma decisão institucional: se
- Antes, sua preocupação era com uma deve ser aceito ou não o internamento do
‘arqueologia do silêncio’, a forma como o paciente
saber psiquiátrico organizou-se sobre uma
estrutura de exclusão da loucura, no • O Nascimento da Clínica Psiquiátrica
pensamento e no campo social. Foucault, na - A terapia psiquiátrica por volta de 1840
História da loucura, mostrou como a contentava-se em estabelecer um padrão que
percepção da loucura pelos indivíduos variou, combinava isolamento no asilo; prescrição de
originando formas de exclusão diversas. algumas medicações, como éter e láudano;
- Além disso, tratava-se de uma história das disciplina rígida quanto à organização do
instituições asilares e de como ela se articula tempo – de trabalho, sono e alimentação, por
com o saber em construção. exemplo –; e punição de qualquer ato
- Agora, em vez do estudo das representações, contrário às regras, que se dava na forma de
Foucault investiga as estratégias discursivas e aparelhos de contenção como duchas, cadeira
não discursivas em jogo na instituição. Sua giratória etc. Todo tipo de pressão sobre o
ênfase recai sobre o poder, isto é, o papel que interno seria efetuado para abalar a crença
o poder tem na constituição de um saber, e equivocada e fazer com que a verdade
também como esse poder é disseminado, aparecesse e o doente reconhecesse seu erro.
como se estrutura e organiza e que efeitos A confissão, diz Foucault (2006), é o
causa no indivíduo momento da cura

• A Grande Internação e a Invenção da • O Ritual do Exame, o Diagnóstico, como


Psiquiatria forma de legitimar o Saber-Poder da
- É bem conhecida a imagem do Pinel Psiquiatra
libertando os loucos de suas correntes, e é - não é esta preocupação por determinar a
nesse gesto simbólico do humanismo moderno lesão, própria da neurologia, a que preocupa o
que o encerramento psiquiátrico encontra sua psiquiatra. Sua preocupação não é
legitimidade e razão de ser. inicialmente a de saber se tal comportamento,
- O manicômio permite que se articulem tal maneira de falar, tal categoria de
magistralmente dois problemas sociais: a alucinação se refere a esta ou a aquela lesão,
garantia de harmonia da ordem social (que o problema é saber se dizer determinada
coisa, escutar vozes, conduzir-se de
determinado modo caracteriza ou não a • A Invenção da Psiquiatria inaugura a
loucura possibilidade de “Produção de Cuidado”
- A primeira função do interrogatório é - “Ao contrário de Foucault, Gauchet e Swain
disciplinar. Possibilita uma atribuição de (1999) pensam que o enfoque dado por Pinel
identidade, uma série de enunciados de no cuidado com os loucos foi, de fato,
reconhecimento do sujeito como alguém que revolucionário. A mudança ocorre porque
tem determinado passado, como alguém a nasce a concepção de que a loucura é
quem lhe ocorreram determinadas situações “acessível a partir do interior” (p.26). Pinel
no transcurso de sua vida. Para atribuir essa inverteu o postulado de que a loucura era na
identidade, para construir uma prova da teoria incurável e na prática eventualmente
existência ou não da loucura nesse indivíduo, curável; agora, a curabilidade era teoricamente
o interrogatório pode realizar-se de maneiras possível e só na prática potencialmente
diferentes incurável. A incurabilidade, antes de Pinel, era
- Esta técnica não pode ser entendida a não ser tida como certeza absoluta, e depois dele devia
dentro da lógica das estratégias e mecânicas ser pensada como possibilidade, como ameaça
de poder: atribuição de identidade, ao paciente no horizonte do tratamento.
diferenciação normalidade-anormalidade, Entretanto, o doente crônico ganhava a
estabelecimento de faltas e responsabilidades possibilidade teórica de a cura tornar-se
e, finalmente, atribuição da loucura. E é no alcançável pela terapêutica. Haveria sempre
interior dessas estratégias de poder que a uma certa distância entre o sujeito louco e sua
psiquiatria encontra sua razão de ser. O loucura, entre o eu e a doença, entre a razão e
interrogatório possibilita o reconhecimento do esse ponto desviante da própria razão, e tal
doente como louco, mas possibilita também o distância era o que permitia o acesso do outro
reconhecimento do próprio saber psiquiátrico a sua subjetividade, por meio do discurso”
- O que importa no novo enquadre é a abertura
• O Processo de “Cura” de um encontro, pela palavra, de dois sujeitos,
- o processo de cura diretamente vinculado à em que um deles propõe-se a operar um
restituição de condutas e valores morais, resgate por meio da confrontação no outro do
assim como o sobre-poder exercido pelo que nele está em contradição com sua própria
psiquiatra razão. Portanto, há um sujeito cuja razão
- exige-se que o louco confesse a verdade dividida precisa ser integrada, mediante um
sobre si mesmo, mas uma verdade histórica e processo clínico que tem um outro como guia.
não a vivência subjetiva que possui dessa Não mais alienação total, mas sim
história. A cura, nessa perspectiva, é a possibilidade de recuperação
aceitação de um poder e a obediência a uma - A extrema ambiguidade do tratamento moral
norma e do asilo é que, se por um lado exerceu um
- Para Foucault (2006, p.222), a cura do poder desmedido sobre o sujeito, por outro
indivíduo significa sujeição, pelo poder deu ao louco um lugar em que ele pudesse ser
disciplinar, à realidade em quatro pontos: “a reconhecido como sujeito de sofrimento e,
lei do outro, a identidade a si, a não consequentemente, de cura
admissibilidade do desejo, e a inserção da - A clínica da loucura, como apontam Gauchet
necessidade num sistema econômico”. É e Swain (1999), criou a possibilidade do
possível dizer de outro modo: uma nova encontro pela palavra, embora houvesse a
relação do sujeito com o outro da sociedade e vigilância institucional. A ideia de resgatar um
da linguagem, uma possibilidade de ter uma cidadão cuja razão está temporariamente
identidade conforme a realidade que seja mais afetada, mas não perdida, começou a ganhar
normativa, a assunção do desejo como sentido para a sociedade. A instituição asilar e
responsabilidade do sujeito e a possibilidade o tratamento moral ganham, com tal
de se inserir na vida econômica da sociedade
abordagem, outra possibilidade de cultural demonstra, por si só, o interesse geral
entendimento do tema, mas, no campo da saúde, sua
- a leitura de outros autores aponta uma versão importância é crucial
diferente do nascimento da psiquiatria. As - Hoje impulsionada tanto pela inovação
consequências para a visão que temos do tecnológica acelerada, quanto por mudanças
projeto clínico se altera radicalmente, se sociais que induzem a medicina a intervir de
optamos por uma versão ou outra. Numa, a forma generalizada, ultrapassando as
foucaultiana, a clínica psiquiátrica é redução e fronteiras da doença para se erigir em uma
violência; noutra, a psiquiatria pode ser vista prática de aperfeiçoamento ou correção dos
como instrumento de inclusão e organismos. Acabam por assimilar e
responsabilização de um sujeito visto como reproduzir conceitos e pontos de vista sobre a
igual, uma psiquiatria que reconhece sua saúde e a patologia que refletem o imaginário
historicidade, suas contradições e seus limites, social e teórico vigente, transformando-se – à
mas aceita o desafio de alterar sua prática sua revelia – em agentes de um processo
numa sociedade em transformação, o que a faz crescente de medicalização da existência e
repensar sua própria racionalidade. patologização do normal”
- “O ponto de partida fundamental de
Canguilhem é a afirmação de que a medicina
• Reflexões acerca do não pode ser considerada uma ciência, mas
Normal e Patológico uma praxis [...] na origem de todo
conhecimento e de toda técnica está uma
experiência, uma vivência de sofrimento, um
• O Problema Normal e Patológico
valor negativo que se impõe à existência. Isto
- Não há, em tese e a priori, diferença
é verdade no sentido cronológico (primeiro
ontológica entre uma forma viva perfeita e
veio o sofrimento, depois a necessidade de
uma forma viva malograda. Aliás, será lícito
conhecê-lo, para tratá-lo e evitá-lo) e no
falar de formas vivas malogradas? Que falha
sentido ético (é em relação ao sofrimento e
pode-se detectar em um ser vivo, enquanto
não ao conhecimento sobre ele que se pode
não se tiver fixado a natureza de suas
definir o horizonte ético e os limites da
obrigações como ser vivo?
clínica)
Na tentativa de refletir sobre a problemática,
- Só é possível delimitar de forma consistente
Georges Canguilhem, irá analisar a questão:
a fronteira entre o normal e o patológico
“Seria o estado patológico apenas uma
quando se deixam de lado os critérios
modificação quantitativa do estado normal?”.
meramente objetivos e se coloca no centro da
Para tanto, irá discutir sobre as variações do
reflexão a mudança de qualidade, a alteração
conceito de normalidade, estabelecendo um
de valor vital que a doença impõe e que o
exame crítico da relação entre Normal,
indivíduo reconhece como limitação à sua
Anomalia e Doença; Norma e Média; e
existência
finalmente Doença, Cura e Saúde onde
- Recorrendo ao pensamento de Boussais,
formula a ideia de Normatividade
Bezerra Júnior (2006, p. 96) argumenta que
- Normal e patológico são palavras cujo
“ao contrário do que se supunha até então, não
sentido parece dispensar maiores
haveria uma dicotomia fundamental que
esclarecimentos. Como ocorre com muitas
separasse ontologicamente a saúde da doença:
palavras de uso corrente, seu significado
era preciso pensar normalidade e patologia
parece à primeira vista claro, inequívoco. A
como fazendo parte de uma mesma natureza,
vida social é atravessada por processos nos
como estados variados de uma mesma
quais está demarcação é acionada: normal e
realidade: a vida. Canguilhem não discorda
patológico são categorias que distinguem, no
deste postulado geral. Para ele também, a
plano social, o que é prescrito ou aceito
patologia nada tem de ontologicamente
daquilo que é proscrito ou recusado. Este fato
diferente dos estados saudáveis. As normas
patológicas e as saudáveis são ambas normas referência ao outro - que se pode dizer que há
de vida (embora vá afirmar que as patológicas um acoplamento entre ambos favorável
são qualitativamente inferiores às normas (saúde) ou desfavorável (patologia) à
saudáveis, porque são menos capazes de estabilidade, fecundidade e variabilidade da
preservar, ampliar ou reproduzir a própria vida
vida) - Também na existência social a idéia de
- “A constatação de que existem critérios normal e os processos de normalização
valorativos na avaliação de estados normais e implicam a aplicação de valores a uma
patológicos leva Canguilhem a estabelecer realidade. Mas a realidade da organização
uma distinção muito clara entre os fenômenos social não é a mesma da do organismo
da anomalia e da anormalidade [...] O que biológico. Se é possível a Canguilhem supor a
define, porém, a fronteira entre as anomalias existência de um valor intrínseco à vida do
que resultam apenas em variações próprias à organismo, o mesmo não pode ser feito em
pluralidade do fato vital e aqueles desvios, às relação à complexidade das formas de
vezes mínimos, que consideramos como organização social, nas quais os valores são
anormalidade, ou patologia, não é um dado contingentes. Tentar compreender a vida em
objetivo, não são medidas estatisticamente sociedade com base no conhecimento sobre a
aferidas, mas a implicação que esse desvio vida dos organismos seria, portanto, um
tem, o valor positivo ou negativo que se impõe equívoco. Mas isto não elimina o fato de que,
sobre o processo de preservação e reprodução em se tratando da análise da saúde e da
da vida doença, é a valores que recorremos, seja como
- Tomar o normal como normativo implica, organismos, seja como sujeitos
assim, definir o patológico não como desvio - “Doença implica pathos, "sentimento direto
em relação a um padrão objetivamente de sofrimento e de impotência, sentimento de
definido, mas como expressão de uma vida contrariada" (Canguilhem, 1982, p. 106).
potência normativa constrangida, uma Longe, porém, de significar simples ausência,
resposta criativa, mas "infeliz", não tão bem desordem, negatividade, a patologia é sempre
sucedida quanto a norma saudável, às uma resposta, um recurso do organismo para
injunções da vida no meio em que o ser vivo reequilibrar o jogo com o meio [...] A
se encontra patologia implica a percepção pelo organismo
- "Este ponto de vista é o da normatividade da necessidade de produção de novas normas
vital. Viver é, mesmo para uma ameba, para fazer face ao desafio dirigido a ele. E
preferir e excluir" (Canguilhem, 1982, p. 104). uma "reação generalizada com intenção de
Do vírus ao ser humano, estamos todos, o cura" (ibid., p. 21), como diz Canguilhem,
tempo todo, incorporando informações sobre o "uma experiência de inovação positiva do ser
meio, fazendo opções entre possibilidades de vivo" (ibid., p. 149). Embora nem sempre sua
ação, visando a certos resultados e repelindo solução seja normativa o suficiente para dar
outros, na direção de garantir a preservação, a conta dos desafios que tem de enfrentar, a
multiplicidade e a reprodução da vida. Essa patologia não implica apenas alteração no
dimensão de valor só está presente nos fatos funcionamento do organismo, mas também -
biológicos, e é justamente ela que suscita as em maior ou menor grau - uma reestruturação
noções de normalidade e patologia, saúde e do mundo vivido e o surgimento de um outro
doença modo de vida
- “para fins de definição da saúde ou da - "a doença não é uma variação da dimensão
doença, indivíduo e meio não podem ser da saúde; ela é uma nova dimensão da vida"
considerados isoladamente. A normalidade ou (Canguilhem, 1982, p. 149). Por outro lado,
a patologia não estão exatamente radicadas em como esta citação já indica, a saúde não se
um ou outro de forma separada, mas na define como ausência de doença, mas, ao
interação entre eles. É neste universo contrário, como a potência vital que permite
relacional - a partir do qual um se constrói por ao indivíduo adoecer e recuperar-se. A doença
é um teste para a normatividade do organismo "Uma categoria do espírito humano: a noção
que, sendo saudável, será capaz de ter sucesso. de pessoa, a noção de Eu", Mauss (1 974)
Desse modo, o que caracteriza a saúde não é o observa que a estruturação da consciência de
estado atual de equilíbrio bem-sucedido, mas a si propõe, necessariamente, um quadro sócio-
capacidade de ultrapassar este equilíbrio e cultural de referência, bem como a atuação de
produzir novas normas para dar conta da um sistema simbólico que a expresse e
situação emergente. Ser sadio não é formalize
exatamente ser normal, porque a doença é, no - O indivíduo, portanto, não é um dado da
sentido factual do termo, normal - ou seja, experiência imediata. É um constructo
embora reconhecida como algo a ser debelado, ideológico próprio da idade moderna, e se
é previsível e compõe o cenário de uma vida podem legitimamente atribuir à preeminência
saudável. A saúde implica a doença do individualismo as ambiguidades que
- Olhar para a clínica com os olhos de permeiam a psicologia tradicional, quando se
Canguilhem traz várias consequências, entre propõe formular hipóteses acerca do social,
as quais vale a pena destacar duas: a primeira fundamentadas em modelos estritamente intra-
é colocar a experiência de sofrimento no individuais
centro da terapêutica. Aliviar o "sentimento de - Hoje seria mais adequado utilizar o conceito
vida contrariada" e ampliar, na medida de cada de socialização, tal como foi desenvolvido por
um, seu horizonte de normatividade são os Berger e Luckmann (1976) na esteira de G.H.
elementos que dão o sentido de toda ação Mead, ou seja, interiorização da dialética
clínica social, incluindo a aprendizagem dos
- Benilton Bezerra Junior ao falar da esquemas interpretativos da realidade. Seja
influência de Georges Canguilhem, destaca como for, enculturado ou socializado, o
que “No caso da psiquiatria e da saúde mental, membro de determinada sociedade
sua importância dificilmente pode ser apresentará, em graus mais ou menos
subestimada. Sua insistência na dimensão variados, um tipo específico de visão do
fenomenológica do fenômeno patológico mundo [...] Berger e Luckmann sublinham
("como é que é estar deprimido, delirante, que, ao produzir a realidade, o homem se
angustiado") mostra os limites de uma produz a si mesmo, em constante processo de
psiquiatria que pretende se transformar em transformação, no qual natureza, cultura,
ciência por meio da depuração de todo sociedade, realidade objetiva e subjetiva se
"subjetivismo" em prol de uma abordagem vão mutuamente opor e integrar
"objetiva" do sofrimento psíquico. - A premissa básica da psicologia da cultura
considera os homens, cada um deles, como
artefatos culturais. A expressão é do
• Subjetividade, antropólogo americano Clifford Geertz, que
Cultura e o Discurso afirma: "somos animais incompletos e
inacabados que nos completamos através de
Psicopatológico cultura — não através da cultura em geral,
mas através de formas altamente particulares
- O primeiro, talvez, a chamar atenção sobre de cultura
esse problema foi Mauss, que, em muitos - Cultura e sociedade não são quadros
aspectos, merece ser considerado como externos dentro dos quais a pessoa vai se
autêntico precursor da psicologia histórica. Ao desenvolver. São aspectos constitutivos da
longo de sua obra, reitera as alusões à própria personalidade. O homem concreto é
necessidade de estudar-se a psicologia humana produto, além de produtor, de todo o aparato
em relação à especificidade de cada quadro sócio-cultural, tanto nos aspectos simbólicos
cultural e histórico, em vez de subentender um como estritamente técnicos
modelo universal e eterno. Em texto de 1938, - Observam Berger e Luckmann que "a
identidade é evidentemente um elemento-
chave da realidade subjetiva, e tal como toda noção mesma de doença ou perturbação
realidade subjetiva, acha-se em relação mental se torna um fato cultural próprio da
dialética com a sociedade (...). Os processos sociedade de tipo ocidental e não é
sociais implicados na formação e conservação generalizável
da identidade são determinados pela estrutura - No Ocidente, a anorexia mental ou os
social. Inversamente, as identidades distúrbios bulímicos parecem assimilados à
produzidas pela interação do organismo, da cultura e ao excesso alimentar
consciência individual e da estrutura social - Admite-se perfeitamente que as
reagem sobre a estrutura social dada, esquizofrenias têm um melhor prognóstico nas
mantendo-a, modificando-a ou mesmo sociedades ditas tradicionais que nas
remodelando-a. As sociedades têm histórias, sociedades ocidentais. A explicação
no curso das quais emergem particulares certamente não é de que se trata de formas
identidades. Estas histórias, porém, são feitas esquizofrênicas, visto que a esquizofrenia
por homens com identidades específicas nuclear parece de frequência pouco diferente
- A psiquiatria transcultural recente, por segundo as sociedades; a diferença, na
exemplo, com Klemman (1997), ameaça verdade, parece diminuir ao menos nas
muito mais a validade da psiquiatria ocidental. grandes cidades não-ocidentais, por exemplo
Com efeito, a medicina somática pode referir- africanas, à medida que elas se ocidentalizam,
se ao invariante universal que é o corpo felizmente ou infelizmente. Na medida em que
anátomo-fisiológico quanto mais o psiquismo ela existe, ainda, em todo caso, a diferença
é penetrado de cultura e não fornece este tipo provém sobretudo do sentido muito diferente
de invariante. Para este autor, a psiquiatria nas de doença mental que nas sociedades
várias sociedades é tão variável quanto as tradicionais é um fenômeno social mais que
regras de puericultura, as boas maneiras à um fenômeno individual e dá lugar a um
mesa ou os códigos jurídicos. A psiquiatria é suporte social muito mais sólido e durável,
uma maneira para a sociedade ocidental ainda que não inatingível... mas se toca aí em
regulamentar o problema de seus “desvios”, um outro tipo de efeito da cultura de
mas existem outras maneiras de fazê-lo e logo sustentação levando à teorização psiquiátrica
cada cultura tem uma psiquiatria própria: a - Durante muito tempo a noção de relativismo
ocidental não é privilegiada. É mesmo cultural de normal e de patológico foi o
necessário sublinhar que as culturas podem argumento maior para se pedir uma psiquiatria
regulamentar os problemas sem constituir uma para cada cultura e, por último, para contestar
psiquiatria ou um equivalente, porque as a validade em si da psiquiatria. Mostrou-se,
noções de doenças mentais, de etiologia e de então, aos psiquiatras ocidentais que os
tratamento não são universais [...] com esta estados de transe são perfeitamente admitidos
nova psiquiatria transcultural, a noção mesma por algumas sociedades, que as alucinações
de doença ou perturbação mental se torna um são normais nos índios das Planícies, que a
fato cultural próprio da sociedade de tipo dissipação frenética de seus bens com uma
ocidental e não é generalizável intenção de prestígio social (o potlach) é
- Um exemplo clássico é o de Tabanka em institucionalizado em tal cultura e não tem
Trindade (Little-Wood, 1985). O homem nada a ver com a megalomania patológica ou
abandonado por sua esposa dorme mal, não ainda que, em alguns malásios, a suspeição
tem apetite, se sente desesperado e sistemática do vizinho em caso de má colheita,
desvalorizado, é agressivo e, às vezes, tenta se ou do cônjuge quando um dos membros do
matar. Para nós trata-se de uma “depressão casal morre, não tem nada a ver com
reativa”, mas em Trindade o Tabanka não é patologia; em outras palavras, o mesmo
uma doença e sim uma manifestação comportamento pode ser patológico aqui e
culturalmente admitida, não concernindo aos normal lá
profissionais de saúde. Dito de outra maneira, - Um psiquiatra não considera um
com esta nova psiquiatria transcultural, a comportamento como patológico em razão da
raridade de sua inadaptação à sociedade, mas
pela sua significação, quer dizer, pelo vivido
que o estrutura. O psiquiatra pode deixar de
considerar as condutas sexuais minoritárias,
em uma sociedade, como anormais e pode
considerar como patológico um
comportamento frequente e bem adaptado, em
uma sociedade, quando ele estima que o
sujeito não é livre de adotar este
comportamento.

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