UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE PSICOLOGIA FAPSI
Resenha de Pesquisa em Psicologia
Aluno: Gabriela Aidê Fernandes Silvio
Professor: Rodrigo Serrão
A presente resenha crítica tem como objetivo realizar uma breve apresentação
e avaliação das ideias e argumentos apresentados em 4 artigos.
O artigo Pereira AL, Bachion MM. Atualidades em revisão sistemática de
literatura, critérios de força e grau de recomendação de evidência. Rev Gaúcha
Enferm, Porto Alegre (RS) 2006 dez;27(4):491-8 busca realizar uma apresentação e
descrição das etapas realizadas no processo de formulação de uma revisão
sistemática, levando em consideração os critérios de força e grau de recomendação
de evidência.
Inicialmente o texto ressalta a relevância do modelo baseado em evidências
como recurso norteador da conduta de profissionais e que vêm sendo cada vez mais
utilizado em áreas de conhecimento como a Enfermagem, na qual a execução da
prática clínica se vê pautada pelos relatos externos provenientes da pesquisa
científica. Dessa maneira, a utilização de um modelo que privilegia a utilização do
critério de pesquisa leva a uma otimização da conduta de profissionais que passam a
realizar a busca constante por validações em publicações e estudos científicos. A
partir disso cria-se a necessidade de sintetizar e selecionar a validade do
conhecimento científico em pesquisas provenientes de evidências externas, levando
assim a formulação das chamadas revisões sistemáticas de literatura.
Dentre as diversas etapas de desenvolvimento de uma revisão de literatura,
uma das mais importantes é a formulação do problema de pesquisa, o qual irá guiar o
estudo do início ao fim. Outro ponto importante, é a validação das pesquisas utilizadas
como referência da revisão, para isso utilizam-se diversos bancos de dados que
disponibilizam as pesquisas existentes sobre determinada temática, as quais devem
passar pelo crivo dos critérios exclusão e inclusão. As duas etapas mencionadas
anteriormente devem ser feitas por dois pesquisadores para que em seguida seja
realizada uma refinada seleção dos artigos que serão utilizados no estudo por meio de
testes de relevância preliminar. Ainda deve ser realizada a análise dos artigos
selecionados por um pesquisador que tenha conhecimento sobre metodologia de
pesquisa para averiguar se as mesmas encontram-se de acordo com o tema e
questionamento do problema de pesquisa, além de outros aspectos relacionados à
estrutura metodológica da pesquisa. Ademais, os resultados são extraídos e
colocados em discussão para que por fim haja uma classificação quanto ao nível de
evidência e ao grau de recomendação.
Dessa maneira pode-se concluir que todo o rigor metodológico e científico
presente nas etapas de formulação de revisões sistemáticas tornam estes estudos
cada vez mais confiáveis e válidos na construção de um saber científico. A presença
destes tipos de revisões de literatura ainda possibilita um melhor e mais acessível
acesso ao panorama geral de informações sobre um determinado tema de
conhecimento.
O segundo artigo MINAYO, M. C. S. & SANCHES, O. Quantitativo-Qualitativo:
Oposição ou Complementaridade? Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 9 (3): 239-262,
jul/set, 1993. apresenta um debate entre duas abordagens de pesquisa na área da
saúde, mediadas pela discussão entre dois autores, uma antropóloga sanitarista e um
estatístico, no qual ambos descrevem as perspectivas relacionadas aos seus campos
de estudo, ressaltando a complementaridade e relevância dos dois métodos de
pesquisa.
A primeira parte se refere a abordagem quantitativa, ressaltando a
interdependência entre pensamento e linguagem como fator decisivo na formulação de
ideias essenciais ao desenvolvimento das pesquisas quantitativas. Em seguida
destaca a importância das descrições e interpretações presentes na linguagem
matemática e que apesar da grande predominância neste campo, essas questões não
se restringem a investigação biológica ou médica e possuem grande importância na
descrição de fenômenos da realidade e cotidiano.
Em segundo plano são abordadas as potencialidades e limitações da
abordagem qualitativa. O primeiro ponto destacado se refere ao desafio de se chegar
à objetividade em pesquisas que envolvem o objeto de estudo que se apresenta ao
mesmo tempo como próprio investigador do estudo. A autora se utiliza de conceitos
teóricos de diversos autores como Durkheim, Weber e Comte para afirmar a posição
de que seria possível atingir tal objetividade ao seguir determinados parâmetros e
métodos pré estabelecidos, ao mesmo tempo que não desconsidera importância da
subjetividade simbólica como essencial na construção de pesquisas qualitativas.
Por fim Minayo destaca a importância e papel que cada uma das abordagens
constituem ao saber científico, contribuindo de acordo com suas especificidades à
construção de teorias complexas a respeito de fenômenos da nossa realidade,
tornando-se assim complementares apesar de suas diferenças metodológicas e
estruturais.
No terceiro texto Trabalhando com a diversidade metodológica proveniente do
artigo GOLDENBERG, P., MARSIGLIA, RMG and GOMES, MHA., orgs. O Clássico e
o Novo: tendências, objetos e abordagens em ciências sociais e saúde. Rio de
Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003. há uma proposta de integração entre os estudos
provenientes das abordagens quantitativa e qualitativa por meio de quatro modelos de
integração.
Inicialmente são apresentadas as diferenças entre os desenhos de
investigação qualitativa e quantitativa no que se refere a aspectos como lugar do
investigador, aproximação à realidade do estudo, estratégia da investigação, tipo de
investigação dominante e tipo de conhecimento. Em seguida destacam-se as
diferenças nos processos de investigação, levando em conta os aspectos de duração,
tempo de investigação, possibilidade de transferir responsabilidade e tipo de pessoal
requerido. Além disso, o autor ainda destaca mais uma diferença no que se refere a
forma como os dados são levantados, utilizando-se de aspectos de qualidade
atribuível aos dados e resposta ao dado novo.
Apesar de comumente serem consideradas opostas, o autor destaca que não é
possível ou válido fazer qualquer tipo de juízo de superioridade a nenhuma das formas
de investigação propondo assim os quatro modelos para integração. O primeiro situa a
investigação qualitativa no início ao considerar que há uma necessidade de
familiarização com o tema que pode ser desenvolvida com maior sucesso por esse
método de investigação, estabelecendo em seguida condições para o estabelecimento
de um método de investigação quantitativo posterior. O segundo modelo propõe o
contrário, ao considerar que o aprofundamento necessário deve ser feito a partir da
investigação quantitativa para em seguida os dados coletados sejam interpretados
pela investigação qualitativa. O terceiro modelo propõe uma investigação paralela
entre os métodos quantitativo e qualitativo. No quarto e último modelo ambas as
técnicas se alternam para avançar no conhecimento.
A partir dessa perspectiva pode-se concluir que existem diversas técnicas e
metodologias utilizadas para a investigação científica e cabe ao agente investigador
analisar as possibilidades e preferências associadas ao tema de investigação na
busca por uma abordagem que contemple de maneira mais eficaz a execução de sua
pesquisa. Portanto, os 4 modelos de integração conceituam-se como importante e
facilitadora técnica para pesquisadores inseridos neste processo
O quarto e último artigo MINAYO, M. C. S. Análise qualitativa: teoria, passos e
fidedignidade. Rio de Janeiro, 2012 apresenta um ensaio a respeito do processo de
análise na pesquisa qualitativa partindo da descrição dos termos estruturantes da
pesquisa qualitativa, passando pela descrição dos 10 passos para sua construção e
dando ênfase, por fim, à lógica dos atores em sua diversidade.
Inicialmente a autora relata parte de sua experiência como orientadora de
dissertações e professora na área de saúde coletiva, além da influência que este fator
desempenhou como inspiração na construção do presente texto. Em seguida ela
divide o trabalho em duas partes, a primeira diz respeito à compreensão dos termos
que fundamentam a investigação em questão, a segunda diz respeito ao processo de
análise em si.
Em seguida a autora passa a descrever as premissas que envolvem os 10
passos de construção de uma investigação qualitativa, são eles : Conhecer os termos
estruturantes das pesquisas qualitativas, definir o objeto sob a forma de uma pergunta
ou de uma sentença problematizadora e teoriza-lo, delinear as estratégias de campo,
dirigir-se informalmente ao cenário de pesquisa, buscando observar os processos que
nele ocorrem, ir a campo munido de teoria e hipóteses, mas aberto para questioná-las,
ordenar e organizar o material secundário e o material empírico e impregnar-se das
informações e observações de campo, construir a tipificação do material recolhido no
campo e fazer a transição entre a empiria e a elaboração teórica, exercitar a
interpretação de segunda ordem, produzir um texto ao mesmo tempo fiel aos achados
do campo, contextualizado e acessível e assegurar os critérios de fidedignidade e de
validade.
Por fim é possível concluir que os seguintes textos possuem extrema
relevância ao ressaltar a importância de cada uma das etapas de construção das
publicações científicas, sejam elas qualitativas ou quantitativas, cada uma possuindo
sua relevância e complementaridade na construção de teorias validadas pelo rigor
científico, as quais são responsáveis por transformar a realidade na atuação de
profissionais estudiosos de diversos campos de conhecimento e também aos
indivíduos em geral que são beneficiados pelos resultados e implicações dos
conteúdos presentes nas pesquisas. Além disso foi possível compreender a
importância do estudo destes modelos metodológicos na formação de estudantes
acadêmicos, que ao entrar em contato com o universo da pesquisa que a partir deste
contato poderão compreender a importância em seguir as etapas adequadas para que
atinjam o sucesso na formulação de suas futuras dissertações e publicações
acadêmicas.
Referências Bibliográficas
Pereira AL, Bachion MM. Atualidades em revisão sistemática de literatura,
critérios de força e grau de recomendação de evidência. Rev Gaúcha Enferm, Porto
Alegre (RS) 2006 dez;27(4):491-8
MINAYO, M. C. S. & SANCHES, O. Quantitativo-Qualitativo: Oposição ou
Complementaridade? Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 9 (3): 239-262, jul/set, 1993
GOLDENBERG, P., MARSIGLIA, RMG and GOMES, MHA., orgs. O Clássico
e o Novo: tendências, objetos e abordagens em ciências sociais e saúde. Rio de
Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003
MINAYO, M. C. S. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Rio de
Janeiro, 2012