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Fitossociologia Do Subbosque de Um Fragmento de Floresta Estacional Semidecidual em Estágio Médio de Regeneração Localizado No Sul Do Espírito Santo

Manuscrito publicado em Anais de Seminario Agropecuario do Espirito Santo
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FITOSSOCIOLOGIA DO SUBBOSQUE DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA

ESTACIONAL SEMIDECIDUAL EM ESTÁGIO MÉDIO DE REGENERAÇÃO


LOCALIZADO NO SUL DO ESPÍRITO SANTO1

Tobias Baruc Moreira Pinon2; Emanuel Maretto Effgen3; André Quintão de Almeida4; Gilson da
Silva Fernandes5; Jéssica Tetzner de Oliveira6; Marcello Zatta Péres7; Nivea Maria Mafra
Rodrigues7; Adriano Ribeiro de Mendonça5
1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pela FAPES/SEAG – Edital Portaria nº 002-
R/2020 - Banco de Projetos - Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo – Idaf.
2
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais - UFES, Instituto de Defesa
Agropecuária e Florestal do Espírito Santo – Idaf, autor de correspondência [email protected].
3
Dr. no Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo – Idaf
4
Universidade Federal de Sergipe - Departamento de Engenharia Agrícola - UFS
5
Universidade Federal do Espírito Santo – DCFM-CCAE-UFES
6
Mestre em Ciências Florestais – Bolsista no ICMBio - Floresta Nacional de Pacotuba - ES
7
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais - UFES

Resumo: O sub-bosque desempenha um papel crucial no processo de regeneração de uma


floresta e, por isso, é necessário conhecê-lo, especialmente no Bioma Mata Atlântica que
sofreu grande devastação. Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar o levantamento
fitissociológico do sub-bosque de uma floresta em estágio médio de regeneração no sul do
Espírito Santo. Para isso, foi realizada amostragem em campo sendo demarcadas 15
parcelas de 5x5 m onde foram coletadas, via inventário florestal, as variáveis diâmetro e
altura para avaliação da regeneração natural. Foram identificadas um total de 81 espécies
de 30 famílias, sendo as com maior Índice de Valor de Importância (IVI), Siparuna
guianensis Aubl. (36,94%), Mirtacea sp.1 (16,86%), Caesaria sp. 1 (15,96%), Xylopia
brasiliensis Spreng. (13,85%) e Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. (12,47%). As
famílias que mais se destacaram foram Fabaceae com 13 espécies, Myrtaceae com nove
espécies e Erythroxylaceae e Rubiaceae com quatro espécies cada. As espécies Xylopia
brasiliensis Spreng.e Duguetia microphylla (R.E.Fr.) estão na lista nacional de espécies
em risco de extinção, e desempenham com as outras espécies um papel fundamental na
estrutura ecológica do fragmento florestal analisado.

Palavras–chave: Regeneração; Biodiversidade, Parâmetros fitossociológicos.

INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica possui uma grande biodiversidade, contudo mesmo sendo um dos
biomas mais ricos é também um dos mais ameaçados do planeta, o que gera uma grande
necessidade de estudos. Esse bioma é considerado uma das áreas prioritárias para
conservação no mundo, devido sua grande diversidade e susceptibilidade às ameaças
contínuas (MYERS et al., 2000; ESPÍRITO SANTO, 2018 ONU, 2022). A vegetação
presente nesse bioma é responsável por ajudar a preservar o solo, recursos hídricos,
controlar erosões e o equilíbrio do clima. Sua vegetação natural remanescente, em todo o
território nacional, é de apenas 12,4 % (SOS MATA ATLÂNTICA, 2020), sendo que o
Estado do Espírito Santo possui uma área estimada de 15,9% de Mata Nativa em estágios
médio e avançado de regeneração (ESPIRITO SANTO, 2018).

1
A Mata Atlântica é composta de fitofisionomias diversificadas. A regeneração
natural refere-se às fases iniciais de estabelecimento e desenvolvimento das plantas ligado
diretamente no futuro da floresta. É possível também analisar formações florestais
utilizando a fitossociologia. Esse tipo de análise contribui para caracterização das
comunidades vegetais, do qual pode-se gerar uma valiosa ferramenta para determinação
das espécies mais importantes dentro daquela formação florestal, e ainda avaliar a
necessidade de medidas complementares voltadas para o sucesso da recuperação dessas
áreas (CHAVES et al., 2013). Assim, a fitossociologia com apoio de outras informações
como atributos chaves, grupos ecológicos, síndrome de dispersão, vão ser fundamentais
para o entendimento da dinâmica da Floresta e sua regeneração. Diante do exposto, o
objetivo desse trabalho foi realizar o levantamento fitissociológico do sub-bosque de uma
floresta em estágio médio de regeneração no sul do Espírito Santo.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em um fragmento florestal no município de Jerônimo


Monteiro, sul do Estado do Espírito Santo. A fitofisionomia predominante é a Floresta
Estacional Semidecidual (IBGE, 2012). O clima da região, de acordo com a classificação
de Köppen, é o “Aw”, ou seja, clima tropical chuvoso, com estação seca no inverno. A
precipitação média anual é de 1400 mm. O solo predominante é classificado como
Latossolo Vermelho-Amarelo (EMBRAPA, 1999). O relevo varia de plano a acidentando,
com altitudes variando entre 85 e 970 m. Foram instaladas 15 parcelas com dimensão de
5x5 m. As medições foram realizadas coletando informações do estrato regenerante e
incluíram todos os indivíduos de espécies que atingem porte arbustivo ou arbóreo, mas
que possuam circunferência a 1,3m do solo (C) entre 7 e 15 cm; e altura entre 50 e 100cm
no momento da avaliação em campo. Os indivíduos foram quantificados e identificados no
campo ou tiveram material coletado para identificação no herbário da Universidade
Federal do Espírito Santo (Ufes). Para a análise da estrutura fitossociológica foram
utilizadas as estimativas dos parâmetros fitossociológicos (SOARES; PAULA NETO;
SOUZA, 2011): densidades absolutas e relativas, frequência absoluta e relativa,
dominância absoluta e relativa, índice de valor de cobertura absoluto e relativo, e índice de
valor de importância absoluto e relativo das espécies

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificadas um total de 81 espécies de 30 famílias diferentes, destacando-se


as famílias Fabaceae (13 espécies), Myrtaceae (nove espécies); Erythroxylaceae e
Rubiaceae (4 espécies cada); Annonaceae, Melinaceae e Salicaceae (três espécies cada);
Anacardiacea, Sapotaceae, Boraginaceae, Euphorbiaceae, Lauraceae e Piperaceae (duas
espécies cada) e as demais com uma espécie cada. Dentre as morfoespécies com maior
IVI, destacaram-se Siparuna guianensis (36,94%), Mirtacea sp.1 (16,86%), Caesaria sp. 1
(15,96%), Xylopia brasiliensis (13,85%) e Piptadenia gonoacantha (12,47%). Na Tabela 1
estão apresentados os parâmetros da estrutura horizontal da vegetação inventariada. A
maior parte das espécies encontradas apresentam-se com status “não ameaçada” na lista de
espécies ameaçadas nacional (BRASIL, 2022) com exceção das espécies
Duguetia microphylla, considerada “em perigo” e a espécie Xylopia brasiliensis
considerada “vulnerável”. No entanto como algumas espécies estão identificadas apenas
pelo gênero, ainda tem-se a possibilidade da ocorrências de novas espécies consideradas
“em perigo”, ou “vulneráveis” e quiçá “risco crítico”, uma vez que foram identificados
indivíduos dos gêneros Protium sp.; Pouteria sp.; Rauvolfia sp.; Adenocalymma sp.;

2
Cordia sp.; Erythroxylum sp.; Chamaecrista sp.; Ocotea sp.; Trichilia sp.; Myrcia sp.;
Psidium sp.; Alibertia sp.; Casearia sp.; e Cupania sp. que possuem espécies constantes
na referida lista de espécies ameaçadas e/ou em risco de extinção. Em relação ao Grupo
Ecológico, por se tratar de estágio médio de regeneração, as principais espécies variaram
entre pioneiras (Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr.), secundária inicial (Siparuna
guianensis Aubl.) e secundária tardia (Xylopia brasiliensis Spreng e
Pterygota brasiliensis Allemão).

Tabela 1: Análise fitossociológica, apresentando os parâmetros da densidade absoluta e relativa, frequência


absoluta e relativa, dominância absoluta e relativa, valor de cobertura e valor de importância.
ESPECIE Fa Fr Da Dr Doa Dor IVC IVI

Siparuna guianensis Aubl. 80 3.74 156.67 15.77 11.52 17.43 16.60 36.94
Myrtaceae sp. 2 40 1.87 83.33 8.39 4.36 6.60 7.50 16.86
Casearia sp.2 80 3.74 73.33 7.38 3.20 4.84 6.11 15.96
Xylopia brasiliensis Spreng. 20 0.93 56.67 5.70 4.76 7.21 6.46 13.85
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. 40 1.87 50.00 5.03 3.68 5.57 5.30 12.47
Pterygota brasiliensis Allemão 20 0.93 40.00 4.03 4.06 6.14 5.09 11.11
Anadenanthera peregrina (L.) Speg. 80 3.74 23.33 2.35 1.27 1.93 2.14 8.02
Fabaceae sp. 1 40 1.87 20.00 2.01 1.84 2.78 2.40 6.66
Erythroxylum cf. subracemosum Turcz. 40 1.87 23.33 2.35 1.40 2.11 2.23 6.33
Duguetia microphylla (R.E.Fr.) R.E.Fr. 20 0.93 26.67 2.68 1.77 2.68 2.68 6.30
Eugenia cf. hirta 40 1.87 13.33 1.34 1.22 1.84 1.59 5.06
Erythrochiton brasiliensis Nees & Mart. 60 2.80 13.33 1.34 0.50 0.76 1.05 4.91
Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P.Lewis 20 0.93 16.67 1.68 1.44 2.18 1.93 4.79
& M.P.Lima
Piper ovatum Vahl. 40 1.87 23.33 2.35 0.33 0.51 1.43 4.72
Fa: frequência absoluta; Rr: frequência relativa (%); Da: densidade absoluta; Dr: densidade relativa (%);
Doa: dominância absoluta; Dor: dominância relativa (%); IVC - Índice de valor de cobertura e IVI - Índice
de valor de importância (%).

CONCLUSÕES

O levantamento apontou a ocorrência de espécies pertencentes a grupos ecológicos


diversos, que é uma característica típica de estágio médio de regeneração. Xylopia
brasiliensis e Duguetia microphylla estão na lista nacional de espécies em risco de
extinção e estão entre as espécies com maior IVI e desempenham junto com as outras
espécies, papel fundamental na estrutura ecológica do fragmento florestal analisado. A
espécie Xylopia brasiliensis, endêmica do Brasil, e de ocorrência na Mata Atlântica, ainda
não tinha registro no Espírito Santo no Herbário Virtual do Reflora (REFLORA, 2022).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Secretaria de Estado na Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e


Pesca (Seag) e à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES)
pelo apoio financeiro (Processo 2020-4Kk4L) e ao Instituto de Defesa Agropecuária e

3
Florestal do Espirito Santo, como autarquia executora, pela liberação, que culminou com
os resultados do presente estudo.

LITERATURA CITADA

BRASIL. Resolução Conama nº 29, de 07 de dezembro de 1994. Diário Oficial da


União. Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de
regeneração da Mata Atlântica, no ES. Brasília, DF, 1994. Disponível em: Acesso em: 27
dez. 2022.

BRASIL. Portaria MMA n° 148, de 7 de junho de 2022. Diário Oficial da União. Altera
os Anexos da Portaria nº 443, de 17 de dezembro de 2014, da Portaria nº 444, de 17 de
dezembro de 2014, e da Portaria nº 445, de 17 de dezembro de 2014, referentes à
atualização da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas deExtinção. Brasília, DF, 1994.
Disponível em: Acesso em: 23 jul. 2024.

CHAVES, A. D. C. G., SANTOS, R. M. de S., SANTOS, J. O. dos, DE


FERNANDES, A. de A., MARACAJÁ, P. B. A importância dos levantamentos
florístico e fitossociológico para a conservação e preservação das florestas.
Agropecuária Científica no Semiárido, v. 9, n. 2, p. 43-48, 2013.

ESPÍRITO SANTO. Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Atlas da


mata atlântica do estado do Espírito Santo: 2007-2008/2012-2015. Cariacica: IEMA.
252 p.2018.

EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solo. Brasília, 42p. 1999.

IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.

MUELLER-DOMBOIS, D. & H. ELLENBERG. Aims and methods of vegetation


ecology. John Wiley & Sons, New York. 1974.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; DA FONSECA, G. A. B.;


KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 6772, p.
853-58, 2000.

ONU – Organização das Nações Unidas. In: United Nations Biodiversity Conference
COP15 / CP-MOP10 / NP-MOP4. Montreal, Canada, 7-19 December 2022. Disponivel
em: https://www.cbd.int/conferences/2021-2022. Acesso em: 21/07/2024.

REFLORA. Xylopia in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.


Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB110560>. Acesso em: 22 jul. 2024.

SOARES, C. P. B.; NETO, F. de P.; SOUZA, A. L. de. Dendrometria e inventário


florestal. 2. ed. Viçosa: Editora UFV, 2011. v. 1.

SOS MATA ATLÂNTICA. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica


período 2018-2019. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 2020.

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