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Número: 48575.

000677/2024-00

VOTO

PROCESSO: 48500.003729/2023-28
INTERESSADOS: Consumidores e Distribuidoras.
RELATORA: Diretora Agnes Maria de Aragão da Costa
RESPONSÁVEL: Superintendência de Regulação dos Serviços de Transmissão e Distribuição de
Energia Elétrica (STD) e Superintendência de Gestão Tarifária e Regulação Econômica (STR)
ASSUNTO: Proposta de abertura de Consulta Pública com vistas a colher subsídios e informações
para o aprimoramento regulatório em função da publicação da Lei nº 14.620/2023, que dispõe sobre
o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e outras providências.

I. RELATÓRIO

1. Em 7 de dezembro de 2021, as Resoluções Normativas nº 956/2021 e nº 1.000/2021,


referentes aos Procedimentos de Distribuição (PRODIST) e Regras de Prestação do Serviço Público de
Distribuição, respectivamente, consolidaram as disposições relacionadas à regulação da prestação
do serviço de distribuição de energia elétrica.
2. Em 7 de fevereiro de 2023, foi aprovada a Resolução Normativa nº 1.059/2023, que
aprimora as regras para a conexão e o faturamento de centrais de microgeração e minigeração
distribuída (MMGD) em sistemas de distribuição de energia elétrica, bem como as regras do Sistema
de Compensação de Energia Elétrica excedente.
3. Em 15 de junho de 2023, foi publicada pelo Ministério das Cidades (MCID), a Portaria
MCID nº 724/2023, a qual dispõe sobre as condições gerais da linha de atendimento de provisão
subsidiada de unidades habitacionais novas em áreas urbanas com recursos do Fundo de
Arrendamento Residencial, integrantes do Programa Minha Casa, Minha Vida.
4. Em 14 de julho de 2023, foi publicada a Lei nº 14.620/2023, que converteu a Medida
Provisória nº 1.162/2023, publicada em 15 de fevereiro de 2023, e passou a dispor sobre o Programa
Minha Casa, Minha Vida.
5. Desde a publicação da Lei nº 14.620/2023, foram realizadas reuniões internas entre a
Superintendência de Regulação dos Serviços de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (STD),
a Superintendência de Gestão Tarifária e Regulação Econômica (STR) e a Superintendência de

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Número: 48575.000677/2024-00

Regulação dos Serviços de Geração e do Mercado de Energia Elétrica (SGM) para tratar da regulação
da matéria.
6. Em 31 de agosto de 2023, a STD e a STR elaboraram a Nota Técnica nº 76/2023-STD-
STR/ANEEL1, por meio da qual recomendaram instauração de Consulta Pública (CP) com vistas a dar
transparência e colher subsídios e informações sobre a proposta de aprimoramento regulatório do
Programa Minha Casa Minha Vida.
7. Em 4 de setembro de 2023, na Sessão Pública Ordinária de Distribuição de Processos
nº 34/2023, o processo foi distribuído à minha relatoria.
8. Em 13 de setembro de 2023, me reuni com a STD para tratar da matéria, sendo
acordados aprimoramentos pontuais na proposta de regulação.
9. Em 2 de outubro de 2023, realizei reunião com a Secretaria Nacional de Habitação
(SNH), do Ministério das Cidades (MCID), para tratar da regulação do PMCMV.
10. Em 24 de outubro de 2023, por meio do Memorando nº 270/2023-STD/ANEEL2, a STD
atualizou a minuta de regulação do Programa Minha Casa Minha Vida.
11. Em 27 de novembro minha assessoria realizou reunião com a ABRADEE que
apresentou suas considerações sobre as propostas consolidadas na Nota Técnica 76/2023-STD-
STR/ANEEL.
12. Em 30 de novembro por meio de correspondência3 anexada ao referido processo a
Associação Movimento Solar Livre e o Instituto Nacional de Energia Limpa solicitou à STD, que a
unidade organizacional i) sugerisse à Diretoria a dispensa da realização de consulta pública no âmbito
da análise da aprovação da Resolução Normativa sugerida pela Nota Técnica nº 76/2023 –
STD/STR/ANEEL em razão da Resolução Normativa não versar sobre alterações normativas de mérito;
(ii) a alteração do texto para maior clareza e precisão do §6º. do Art. 73, da REN 1.000/21, e (iii) que
a Resolução Normativa proposta pela Nota Técnica nº 76/2023-STD/STR/ANEEL tenha vigência
imediata, de modo a garantir a celeridade na aplicação das alterações normativas propostas.
13. Por meio do Ofício 382/2023-DIR/ANEEL4, de 1º de dezembro de 2023, solicitei
informações ao Ministério de Minas e Energia (MME), com cópia à Casa Civil da Presidência da

1
Documento Sicnet nº 48552.001815/2023-00.
2
Documento Sicnet nº 48552.002664/2023-00.
3
Documento Sicnet nº 48513.027946/2023-00.
4
Documento Sicnet nº 48510.001289/2023-00.

FL. 2 de 28
Documento assinado digitalmente.
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República (CC) e ao Ministério das Cidades (MCID) sobre eventual Decreto que estabeleceria novas
diretrizes no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, a fim de compatibilizar os possíveis novos
comandos à proposta da regulamentação da Agência que será submetida à consulta pública.
14. A Câmara Brasileira de Indústria da Construção Civil (CBIC) também se manifestou nos
autos por meio de correspondência5 do dia 18 de dezembro de 2023 em que apresenta contribuições
às propostas da Nota Técnica 76/2023-STD-STR/ANEEL e pede a otimização dos prazos para a
conclusão da consulta pública.
15. Em 7 de dezembro de 2023 realizei reunião com representantes da Associação
Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica-ABSOLAR sobre as propostas constantes da Nota Técnica
76/2023-STD-STR/ANEEL.
16. Por meio do Ofício nº 1/2024/SNEE-MME, o Ministério de Minas Energia afirmou que
o conteúdo do decreto sob responsabilidade do MME, Ministério das Cidades e Casa Civil trata
especificamente de política focalizada para o público Baixa Renda, dentro do Programa Minha Casa
Minha Vida, de forma que, “salvo melhor análise da ANEEL, não impacta no atual processo de início
de Consulta Pública”.
17. Em 29 de janeiro de 2024, por meio do Memorando nº 32/STD/ANEEL, a STD
apresenta nova complementação à proposta para debate em consulta pública.
18. A pedido das associações, em 29 de janeiro de 2024, eu e minha assessoria realizamos
reuniões com a ABRADEE e a ABSOLAR sobre o processo ora em debate.
19. Por meio do Memorando nº 18/2024–ASD/ANEEL, minha assessoria solicitou a
Procuradoria Federal (PF) na ANEEL avaliação de legalidade da proposta consubstanciada no item
III.4.15 da referida Nota Técnica nº 76/2023-STD-STR/ANEEL, que explicita na REN nº 1.000/2021
que, na cobrança de fatura em atraso, a distribuidora pode utilizar qualquer meio que viabilize o
pagamento do débito, desde que tal meio: (i) não aumente o débito além do que estabelece o art.
343 (multa de até 2%, IPCA e juros de mora de 1%); (ii) não imponha ao consumidor pagar os custos
de cobrança; e (iii) não vede ao consumidor pagar o débito diretamente à distribuidora.
20. Em 2 de fevereiro de 2023, minha assessoria realizou reunião com representantes do
Conselho de Consumidores do Mato Grosso do Sul, Ministério Público do Mato Grosso do Sul, da
Superintendência de Mediação Administrativa e das Relações de Consumo (SMA), da STD e da PF

5 Documento Sic: 48513.029385/2023-00.

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para que essa pudesse conhecer as ponderações dos representantes das instituições externas à
ANEEL antes de se pronunciar.
21. Na sequência, na mesma data, por meio da Nota Jurídica
n.3/2024/PFANEEL/PGF/AGU6, a Procuradoria respondeu ao questionamento.
22. O processo foi debatido na 3º Reunião Pública Ordinária, onde foi apresentado voto
em separado pelo diretor Hélvio Guerra, o qual incorporei em parte ao encaminhamento ora
apreciado.
23. É o que cabe relatar.

II. FUNDAMENTAÇÃO

24. Trata-se de abertura de Consulta Pública para obter subsídios à Regulamentação do


Programa Minha Casa Minha Vida, nos termos da Lei nº 14.620/2023, e outras providências.
25. A Lei nº 14.620/2023 instituiu o novo Programa Minha Casa, Minha Vida, revogou o
Programa Casa Verde Amarela, instituído pela Lei nº 14.118/2021, e alterou, dentre outras, a Lei nº
14.300/2022, marco legal da microgeração e minigeração distribuída.
26. Em função dessa nova legislação, a STD e a STR elaboraram proposta de
aprimoramento regulatório da REN nº 1.000/2021. Apresento a seguir os principais pontos:
Tabela 1 – Alterações Programa Minha Casa Minha Vida
Dispositivo Tipo Tema
Implantação de infraestrutura de energia elétrica no
486-A Novo
Programa Minha Casa, Minha Vida
486 Revogação Revogação do Programa Casa Verde Amarela
Operacionalização do desconto de 50% no custo de
291 Alteração disponibilidade para participantes do Sistema de
Compensação (SCEE) inscritos no CadÚnico
Comercialização de Excedente de Energia de MMGD com
655-X Novo
Órgãos Públicos

Da Implantação de infraestrutura de energia elétrica no Programa Minha Casa, Minha Vida

27. A Lei nº 14.620/2023 dispôs que na produção subsidiada do PMCMV a infraestrutura


de energia elétrica até a conexão do empreendimento será disponibilizada pelas concessionárias e

6
Documento Sic: 48516.000301/2024-00.

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permissionárias de serviço público de distribuição de energia elétrica, podendo ainda ser subsidiada
ou financiada com recursos do Programa, conforme redação do art. 13, §1º e 4º.
28. O §2º do art. 13 dispôs expressamente que compete à ANEEL instituir regras para
enquadramento e restituição de investimentos de implantação da infraestrutura de energia elétrica.
No mesmo sentido, a Portaria MCID nº 724/2023 dispôs que o valor da unidade habitacional deve
ser composto pelos custos, dentre outros, da execução de infraestrutura interna, excetuada a de
responsabilidade da distribuidora de energia elétrica, nas condições estabelecidas pela ANEEL.
29. Da análise conjunta dos dispositivos supracitados, avalia-se que devem ser
enquadrados como de responsabilidade da distribuidora os investimentos de infraestrutura de
energia até a conexão da rede de distribuição com o empreendimento, desde que tais investimentos
não sejam custeados pelo PMCMV. Para esses investimentos, caso o empreendedor antecipe as
obras por meio de execução direta, terá direito à restituição por parte da distribuidora. Já a
infraestrutura de energia elétrica interna ao empreendimento, inclusive os transformadores, devem
ser enquadrados como investimentos de responsabilidade exclusiva do empreendedor, sem a
possibilidade de restituição.
30. Essa avaliação de responsabilidades é idêntica à do antigo Programa Minha Casa,
Minha Vida, que era regulado pela ANEEL no art. 48-B da Resolução Normativa nº 414/2010.
31. Em relação à forma de restituição, observa-se que o art. 4º, §9º da Lei nº 14.620/2023
estabelece que o investimento realizado pelo empreendedor na rede de distribuição de energia
elétrica deve ser restituído por meio de “subsídio ou desconto” na tarifa.
32. Nesse sentido, avalia-se que essa operacionalização disposta no art. 4º, §9º da Lei
nº 14.620/2023 deve ser harmonizada e padronizada com a prevista no art. 13, §2º, de modo que,
em caso de antecipação de investimentos de responsabilidade da distribuidora, o empreendedor
deve indicar uma ou mais unidades consumidoras de sua titularidade para receber os créditos
financeiros, observadas as condições já aplicadas aos demais créditos existentes na REN nº
1.000/2021.
33. Observa-se ainda que a Lei nº 14.620/2023 tratou da instalação de geração solar no
PMCMV, conforme art. 13, VII e §9º, sem, contudo, atribuir responsabilidades diferentes das
atualmente previstas na Lei nº 14.300/2022. Assim, a proposta contempla tratamento análogo ao

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regulado pela ANEEL pela REN nº 1.059/2023, em especial o que dispõe o art. 104, §4º da REN nº
1.000/2021, que trata da instalação de geração distribuída junto à carga.

Da revogação do Programa Casa Verde Amarela

34. A MP nº 1.162/2023 revogou os artigos 1º ao 16 e o art.25 da Lei nº 14.118/2021 que


instituiu o Programa Casa Verde Amarela, decisão mantida na conversão da Lei 14.620/2023.
35. Dentre os dispositivos revogados destacam-se os §§3º e 4º do art 8º da Lei
14.120/2023 que fundamentavam o artigo 486 da REN nº 1.000/2021, que, portanto, encontra-se
tacitamente revogado.
36. Assim, a proposta de aprimoramento contempla a revogação expressa do art. 486.
Do desconto no custo de disponibilidade

37. A Lei nº 14.620/2023 alterou o art. 16, §2º da Lei nº 14.300/2022, instituindo novo
benefício no pagamento do custo de disponibilidade. Conforme nova redação dada ao dispositivo, o
valor mínimo faturável aplicável aos participantes do sistema de compensação (SCEE) inscritos no
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), deve ter redução de no
mínimo 50% em relação ao valor mínimo faturável aplicável aos demais consumidores equivalentes,
conforme regulação da Aneel.
38. Sobre esse tema, concordo com a avaliação da STD e da STR, de que o valor do
desconto deve ser fixado em 50%, que é o mínimo legal. De fato, qualquer redução no custo de
disponibilidade representa uma realocação de custos, dado que o montante que deixa de ser pago
não se reflete em redução de custos do serviço, devendo ser arcado pelos demais consumidores, não
se identificando, portanto, motivação e razões para que a ANEEL estabeleça benefício superior ao
mínimo legal, estando naturalmente aberta ao contraditório por meio da CP que se propõe instaurar.
39. Também sigo o entendimento das unidades organizacionais no sentido de que a
proposta a ser submetida à Consulta Pública está alinhada à análise realizada no âmbito da Consulta
Pública nº 50/2022, que regulou os aspectos econômicos da Lei nº 14.300/2022. Naquela instrução
restou consignado que os custos sem previsão explícita de cobertura pela CDE, como no caso desse
desconto no custo de disponibilidade, deveriam ser alocados de forma implícita na estrutura tarifária
de cada distribuidora. O impacto nas tarifas se dá por causa da redução do mercado faturado sem

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redução de custos associados, o que provoca uma transferência de custos entre todos os usuários.
Os custos que deixam de ser pagos pelos consumidores beneficiados com os descontos são, por
consequência, transferidos aos demais usuários do sistema de distribuição.
40. De modo a conferir maior simplicidade e padronização à operacionalização desse
comando legal, a proposta prevê ainda que a concessão e manutenção do benefício instituído pela
Lei nº 14.620/2023, por meio de alteração do art. 16, §2º da Lei nº 14.300/2022, seja realizada de
forma semelhante aos procedimentos da tarifa social de energia elétrica, ou seja a distribuidora
poderá comprovar a inscrição ou cancelamento do beneficiário na base de dados do CadÚnico
utilizando o mesmo procedimento que é praticado na tarifa social.
41. Ressalto ainda que realizei consulta ao MME, com cópia à CC e ao MCID sobre dúvida
referente à aplicação do que consta no artigo 38 da Lei nº 14.620/2023 que altera a Lei nº
14.300/2022. Informa a redação do referido dispositivo legal:
§ 2º O valor mínimo faturável aplicável aos participantes do SCEE inscritos no
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), instituído
pela Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da Assistência Social),
deve ter redução de no mínimo 50% (cinquenta por cento) em relação ao valor
mínimo faturável aplicável aos demais consumidores equivalentes, conforme
regulação da Aneel.”

42. Conforme indiquei aos referidos órgãos no Ofício nº 382/2023-DIR/ANEEL


compreendemos que tal redação, ao contrário do que ocorre na lei que dispõe sobre Tarifa Social,
não limita o escopo de participantes às famílias de Baixa Renda, uma vez que qualquer cidadão
inscrito no CadÚnico, independentemente de ser beneficiário ou não de qualquer programa social,
poderia ser contemplado pelo benefício consignado em lei, não havendo explicitamente um critério
de renda para o seu usufruto, o que pode permitir maior acesso ao benefício, com consequentes
impactos aos custos suportados na estrutura tarifária pelos demais consumidores não abarcados pela
política pública, conforme apontamentos já realizados por meio do OFÍCIO nº 41 /2023-AID/ANEEL7,
de 13 de junho de 2023.
43. Em resposta ao Ofício 382/2023-DIR/ANEEL, o Ministério de Minas e Energia, por meio
do Ofício nº1/2024/SNEE-MME, informou trabalho em curso sobre eventual regulamentação da lei,
destacando que “(...) o conteúdo em análise trata especificamente de política focalizada para o

7 Documento Sicnet: 48585.000741/2023-00.

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público Baixa Renda, dentro do Programa Minha Casa Minha Vida, de forma que, salvo melhor análise
da ANEEL, não impacta no atual processo de início de Consulta Pública”.
44. Adicionalmente, interações constantes com a Secretaria Nacional de Habitação do
MCID indicam o grande interesse do Governo Federal na abertura da Consulta Pública objeto da
presente proposição em especial enquanto sinalização das avaliações realizadas pela Agência aos
agentes financiadores do Programa Minha Casa Minha Vida.
45. Desta forma, como não houve ainda edição de Decreto regulamentador da lei em
comento que esclareça eventuais imprecisões sobre o público da política pública a ser abarcado pelos
direitos auferidos pela lei, mas com vistas a não tardar mais a discussão com a sociedade da regulação
em elaboração para não comprometer a efetividade da política pública cuja regulação foi atribuída à
ANEEL, dentro de suas competências, a proposta de Resolução Normativa ora em debate se atém,
de forma conservadora, à redação da Lei, ou seja, “participantes do SCEE inscritos no CADÚnico”
como público elegível ao desconto no custo de disponibilidade.
46. Neste sentido, importa frisar que a regulamentação ora em debate referente ao
Programa Minha Casa Minha Vida está sujeita a alterações caso haja publicação de Decreto pelo
Governo Federal com novas diretrizes sobre o tema.

Da comercialização de excedente com órgãos públicos

47. A Lei nº 14.300/2022, marco legal da microgeração e minigeração distribuída, instituiu


o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE), que teve origem na REN nº 482/2012 e
permite, em breve resumo, a compensação da energia gerada por pequenas centrais de geração
instaladas em unidades consumidoras, localmente ou em outras unidades sob a mesma titularidade
e na mesma área de concessão ou permissão.
48. De forma relacionada, o art. 28 da Lei nº 14.300/2022 caracteriza a microgeração e a
minigeração distribuídas como produção de energia elétrica para consumo próprio, o que pode ser
realizado, inclusive, por meio de diferentes modalidades, a exemplo do autoconsumo remoto e da
geração compartilhada, na forma de consórcios, cooperativas, condomínio civil voluntário ou edilício,
ou qualquer outro tipo de associação civil, desde que instituída para esse fim.
49. Assim, elemento essencial do SCEE é a não comercialização de energia. Os diversos
arranjos comerciais enquadráveis nas modalidades de geração remota devem, portanto, ser

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estabelecidos respeitando a vedação a qualquer mecanismo de comercialização de energia (via o uso


de excedentes ou créditos de energia) entre seus usuários, ainda que por meios implícitos.
50. A Lei nº 14.620/2023 introduziu na Lei nº 14.300/2022 uma segunda exceção
relacionada à comercialização de excedente de energia por MMGD, além da comercialização de
excedente de energia com a distribuidora local (que já era prevista no art. 24), a saber: a
comercialização de excedente de energia elétrica com órgãos públicos (por meio do novo art. 36-A).
51. A regulação da comercialização de excedentes com a distribuidora por meio de
chamada pública, art. 24 da Lei nº 14.300/2022, está sendo tratada no âmbito da Consulta Pública nº
31/2022.
52. Diferentemente do art. 24, o novo art. 36-A da Lei nº 14.300/2022, inserido pela Lei
nº 14.620/2023, estabelece expressamente que a unidade consumidora que comercializa a energia
deve ser participante do SCEE e beneficiária de programa social ou habitacional das esferas federal,
estadual, distrital ou municipal, e a compra só pode ser realizada por órgãos públicos.
53. Ressalta-se que essa possibilidade de comercialização inserida no art. 36-A, ainda que
proveniente de unidade consumidora participante do SCEE, é uma exceção ao modelo geral de
compensação do SCEE e deve, portanto, ser tratada como comercialização e ter regras específicas
para ser operacionalizada. Não se trata também de uma comercialização ampla e irrestrita nos
moldes de uma comercialização no Ambiente de Contratação Livre (ACL), na medida em que a própria
Lei obriga que a unidade consumidora com MMGD participe do SCEE, e essa participação tem
características inerentes ao próprio modelo de compensação.
54. Nesse sentido, as áreas técnicas propuseram que a regulação do art. 36-A deve ser
composta de um conjunto mínimo de parâmetros para disciplinar aspectos operacionais dessa
comercialização, de modo a, atendendo ao comando legal, tratar as especificidades em relação ao
modelo do SCEE e ao modelo de comercialização clássico.
55. Dentre esses parâmetros, destaco que o valor a ser acordado no contrato de
comercialização é de livre acordo entre o titular da unidade consumidora com MMGD e o órgão
público, e não é objeto de qualquer ação por parte da ANEEL ou da distribuidora. Entretanto, o
faturamento do custo de transporte da energia comprada compensada deve observar as tarifas
homologadas para a unidade consumidora do órgão público e os descontos tarifários estabelecidos
na Resolução Homologatória de tarifas da distribuidora, não se aplicando o enquadramento como

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GD I, II ou III, em virtude do fato de que não há qualquer benefício ou subsídio estabelecido na


legislação para essa parcela, ou seja, na energia comprada deve ser aplicada a tarifa SCEE
homologada pela ANEEL nos processos tarifários e os descontos tarifários estabelecidos na Resolução
Homologatória de tarifas da distribuidora.
56. Para simplificar as operações, tanto de quem compra e de quem vende, como também
da própria distribuidora, as áreas técnicas propuseram que a energia vendida deve ser faturada de
forma semelhante à energia compensada no SCEE, nos termos das regras estabelecidas na Seção III
do Capítulo XI do Título II da REN nº 1.000/2021.
57. Nesse sentido, a unidade consumidora com MMGD e as unidades consumidoras dos
órgãos públicos devem pertencer à mesma distribuidora, que será responsável por operacionalizar
essa espécie de comercialização.

Outros aprimoramentos regulatórios

58. As unidades organizacionais da Agência propuseram ainda discutir na atual consulta


pública aprimoramentos adicionais a REN nº 1.000/2021 para conferir maior clareza à redação,
dirimir dúvidas sobre a aplicação da norma identificados nas questões e reclamações recebidas na
Agência e dar tratamento a demandas que não estavam bem caracterizadas na atual versão da
norma. A maioria dos itens já teve, conforme relata a unidade organizacional, o entendimento
regulatório externado por meio de correspondências da STD e das respostas às perguntas frequentes
(FAQ8) disponibilizadas na página da ANEEL na internet.
59. As alterações sugeridas foram apresentadas na Nota Técnica nº76/2023-STD e nos
Memorandos nº 270/2023-STD/ANEEL e nº 32/2024-STD/ANEEL.
60. A tabela a seguir resume os aperfeiçoamentos propostos e analisados em maiores
detalhes nos documentos supra referenciados, apresentando, também, a motivação para a dispensa
de AIR das questões colocadas por esta proposta à consulta pública, dispensa essa que será abordada
também em item apartado deste voto adiante.
Tema Arts Descrição Motivo da Dispensa de AIR
Titularidade 67 Explicitar que informações do A regra atualmente vigente
CNPJ (atividade/endereço) podem já não permite que a
distribuidora limite a

8 https://www.gov.br/aneel/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/micro-e-minigeracao-distribuida

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ser diferentes da
unidade titularidade de determinada
consumidora. unidade consumidora
somente ao endereço do
CNPJ. A atualização proposta
é apenas um esclarecimento
com impacto reduzido, já
que não altera mérito. Assim,
a AIR é dispensada com base
no inciso III do art. 7º da REN
941/2021
85 Esclarecer que a transferência de Trata-se apenas do
controle societário de MMGD com esclarecimento de que a
CUSD celebrado não cancela o regra prevista na Lei para
processo cancelamento de “Parecer”
(Orçamento de Conexão) não
pode ser estendida para
cancelamento de contratos
assinados. Por se tratar de
alteração de baixo impacto,
o assunto não carece de AIR
conforme previsto no inciso
III do art. 7º da REN
941/2021.
9º e Explicitar o art. 3º da Lei Disciplina comando de
138 14.300/2022, que trata da troca norma hierárquica superior
de titularidade de UC em (Le 14.300/2022, art. 3º) sem
Associação com MMGD alternativas regulatórias
Dispensa de AIR enquadrada
no inciso II do art. 7º da REN
941/2021
Solicitação 21 Explicitar o direito ao O texto sugerido somente
de Conexão acompanhamento da execução do explicita um direito do
cronograma de obra consumidor, sem criar novos
custos. Por se tratar de
alteração de baixo impacto,
o assunto não carece de AIR
conforme previsto no inciso
III do art. 7º da REN
941/2021.
67 Explicitar as consequências de Explicita caso de aplicação de
declaração falsa ou simulação de comando de norma
carga e que a distribuidora pode hierárquica superior (art.
inspecionar 187 do Código Civil) sem
alternativas regulatórias

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Dispensa de AIR enquadrada


no inciso II do art. 7º da REN
941/2021
71 Dar publicidade à fila das Considerando que a Norma
solicitações de orçamento de já impõe que a realização dos
conexão estudos deve obedecer à
ordem cronológica (art. 72,
IV), a simples
disponibilização da fila das
solicitações é ação de baixo
impacto, no sentido de dar
“transparência ativa” ao
processo.
A dispensa de AIR desse caso
está prevista no inciso III do
art. 7º da REN 941/2021
71 e Permitir à distribuidora Flexibilização que reduz
83 recepcionar solicitação de obrigações e custos
orçamento com ressalvas, para regulatórios. Nesses casos, a
regularização posterior dispensa de AIR é prevista no
inciso VI do art. 7º da REN
941/2021.
PRO Explicitar que é o responsável O art. 33 da REN 1.000/2021
D3 técnico que define a relação da já define que os projetos
potência do inversor com a precisam ter um
potência dos módulos “responsável técnico”, a
quem cabe definir
características técnicas do
sistema (e responsabilizar-se
por ele).
Nesse sentido, este item
serve apenas como
esclarecimento, tratando-se,
portanto, de item de baixo
impacto regulatório (inciso III
do art. 7º da REN 941/2021).
Estudos 73 Aprimorar a análise de Inversão de O tema da inversão de fluxo
Fluxo de MMGD (casos de não já foi objeto da Consulta
aplicação e simplificando o Pública nº 51/2022 e, no
processo) presente processo, a Agência
está apenas realizando
ajustes nesses casos, no
sentido da redução de
“exigências, obrigações,
restrições, requerimentos ou

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especificações com o
objetivo de diminuir os
custos regulatórios”,
enquadrando-se no caso de
dispensa de AIR previsto no
inciso VI do art. 7º da REN
941/2021.
75 Explicitar os requisitos para a A Norma vigente já permite
distribuidora solicitar a avaliação que a distribuidora solicite
para o ONS em caso de impacto avaliação do ONS e
na transmissão estabelece os procedimentos
e prazos de resposta. A
alteração proposta é apenas
no sentido de deixar claros
quais são os estudos da
distribuidora que devem
acompanhar o pedido de
avaliação do ONS de modo a
permitir que o Operador
tenha todos os dados e
informações necessários à
sua análise. Trata-se,
portanto, de alteração de
baixo impacto, com dispensa
de AIR prevista no inciso III
do art. 7º da REN 941/2021.
73 e Dar clareza às regras de O aprimoramento sugerido é
78 disponibilização de estudos, e apenas no sentido de dar
consequências de recusa da mais transparência ao
distribuidora processo, sendo, portanto,
de baixo impacto.
A dispensa de AIR desse caso
está prevista no inciso III do
art. 7º da REN 941/2021
Orçamento 60 Explicitar as informações que Todas as informações que a
devem constar do orçamento proposta prevê que sejam
estimado adicionadas ao Orçamento
são informações que a
distribuidora já possui para
realização dos estudos e
cálculos conforme regra
atual. O aprimoramento
sugerido é apenas no sentido
de dar mais transparência ao

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processo, sendo, portanto,


de baixo impacto.
A dispensa de AIR desse caso
está prevista no inciso III do
art. 7º da REN 941/2021
68 e Explicitar a possibilidade de A análise “em lote” de
72 análise em lote de solicitações de pedidos de conexão que
conexão tenham sinergia em seu
atendimento reduz custos e
obrigações e otimiza o
processo de conexão. Trata-
se, portanto, de caso de e
dispensa de AIR previsto no
inciso VI do art. 7º da REN
941/2021.
69 Explicitar tratamento aos casos O texto proposto apenas
de orçamento de conexão aprimora as regras
incorreto existentes, deixando claros
os procedimentos em caso
de emissão de orçamento
incorreto e reclamação do
consumidor. Trata-se,
portanto, de ação de baixo
impacto, cuja AIR é
dispensada nos termos do
inciso III do art. 7º da REN
941/2021.
98 e Harmonizar as regras de Com a evolução das regras e
644 atribuição de custos de conexão a consolidação realizada pela
para importador e exportador REN 1.000/2021, dois
dispositivos que tratam da
conexão de agentes
importadores e exportadores
ficaram obsoletos, sendo
necessária sua
compatibilização com o
restante da norma. Esse caso
tem dispensa de AIR prevista
inciso VII do art. 7º da REN
941/2021.
108 Aprimorar a regra de As questões envolvendo o
proporcionalização de custos de aprimoramento da regra de
conexão proporcionalização dos
custos de conexão foram
objeto da Consulta Pública nº

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51/2022. A proposta de
ajuste aqui apresentada não
cria custos adicionais, apenas
afinando as formas de
proporcionalização para
cálculo da participação
financeira do consumidor e
da parte responsável pelas
distribuidoras. Por ser uma
alteração de baixo impacto,
o assunto se enquadra no
inciso III do art. 7º da REN
941/2021.
Contrato e 127 Aumentar prazo para celebração A proposta de dilatar o prazo
Faturament do Acordo Operativo e entrega para celebrar o Acordo
o do Relacionamento Operacional Operativo reduz restrições,
permitindo que o processo
de conexão flua de maneira
mais eficiente e, além disso,
é de fácil implementação e
tem baixo impacto. A
dispensa de AIR se enquadra
nos incisos III e VI do art. 7º
da REN 941/2021.
140 Explicitar que o contrato se Uma unidade consumidora
encerra na alteração do grupo de conectada em baixa tensão
tensão tem contrato com a
distribuidora distinto
daquele formalizado por
unidades na alta tensão.
Consequentemente, a
mudança de grupo de tensão
é (já na regra vigente) um
encerramento contratual
seguido pela celebração de
novo contrato. A proposta
enviada para CP apenas
explicita essa conclusão
regulatória que já é vigente.
Por esse motivo, essa
alteração tem baixo impacto
e a dispensa de AIR se
enquadra no inciso VII do art.
7º da REN 941/2021.

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343 Explicitar que na cobrança de O aprimoramento ora


fatura em atraso a distribuidora proposto tem o objetivo
pode utilizar qualquer meio de exclusivo de tornar mais
cobrança, desde que não aumente claro o próprio texto da REN
o débito do art. 343 (multa de até nº 1.000/2021 e demais
2%, IPCA e juros de mora de 1%); dispositivos regulatórios
citados à luz da legislação,
em especial do CDC (art. 51,
XII), da Lei nº 14.181/2021 e
da Lei nº 14.690/2023. Por
estar disciplinando comando
de norma hierárquica
superior sem alternativas
regulatórias, a dispensa de
AIR se enquadrada no inciso
II do art. 7º da REN 941/2021.
441- Instituir compensação por A compensação financeira
A negativação indevida, igual à proposta neste item
compensação por suspensão somente seria aplicada aos
indevida casos em que a distribuidora
tenha indevidamente
realizado negativação de
consumidor. Tendo em vista
o limitado número de
usuários ao qual a regra se
aplica, trata-se de item de
baixo impacto. Logo, a AIR é
dispensada com base no
inciso III do art. 7º da REN
941/2021.
655- Esclarecer as regras de A proposta não muda as
G faturamento de MMGD com tarifa regras de faturamento de
branca e desconto de irrigação MMGD para esses
consumidores, apenas
explicita como devem ser
aplicadas as regras nos casos
específicos de tarifa branca e
irrigantes em casos em que a
norma não é
suficientemente clara. Por se
aplicar apenas a
consumidores de tarifa
branca ou irrigantes que
participem do SCEE, o
número de usuários

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impactados pela norma é


reduzido. Assim, o caso se
enquadra na dispensa de AIR
prevista no inciso III do art. 7º
da REN 941/2021.
655- Tratamento para montante A compatibilização para
H residual de energia injetada, não enquadramento da energia
classificada como excedente residual não diretamente
classificada como excedente
é um procedimento de baixo
impacto, que apenas
direciona corretamente a
forma de caracterização de
uma energia que já faz parte
da contabilização para
faturamento. Nesse sentido,
a AIR é dispensada com base
no inciso III do art. 7º da REN
941/2021.

61. Ressalto, no entanto, que as propostas da área técnica acima elencadas não foram
acolhidas em sua totalidade para compor o escopo da consulta pública ora em debate, conforme
exponho a seguir.
62. Inicialmente, minha proposta de voto contemplava os aprimoramentos sugeridos na
Nota Técnica nº 76/2023-STD/STR/ANEEL, no Memorando nº 270/2023-STD/ANEEL e no
Memorando nº 32/2023-STD/ANEEL, detalhados na tabela acima, excetuando-se o item que
modificava o artigo 343, que trata dos meios de cobrança de faturas em atraso.
63. Esclareço sobre esse ponto que na instrução processual foi proposto pelas unidades
organizacionais o tratamento para demandas dos consumidores em relação à imputação ao
consumidor pelas distribuidoras dos custos de cobrança de fatura em atraso, também conhecida
como a terceirização do processo de cobrança. (art. 343, constante da tabela apresentada no item
55 deste voto), o que estava impactando o valor do débito do consumidor a partir da adição dos
custos de cobrança.
64. Assim, o entendimento das áreas técnicas, fundamentado no art. 51, XII do Código de
Defesa do Consumidor e na regulamentação vigente, consignado na Nota Técnica nº 76/2023–
STD/STR/ANEEL, é de que custos do processo de cobrança do débito, a exemplo dos custos de
notificação, da realização da suspensão do fornecimento e demais custos operacionais (de pessoal,

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de sistemas, de materiais, de serviços de terceiros, de arrecadação, bancários etc.) não podem ser
cobrados diretamente do consumidor, pois são todos tratados como custos operacionais e
reconhecidos pela metodologia disposta nos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET.
Argumentam as áreas técnicas que a proposta de redação apenas explicita na REN nº 1.000/2021
que, na cobrança de fatura em atraso, a distribuidora pode utilizar qualquer meio que viabilize o
pagamento do débito, desde que tal meio: (i) não aumente o débito além do que estabelece o art.
343 (multa de até 2%, IPCA e juros de mora de 1%); (ii) não imponha ao consumidor pagar os custos
de cobrança; e (iii) não vede ao consumidor pagar o débito diretamente à distribuidora.
65. Sobre essa questão, aproveito para complementar que, em evento de que participei,
realizado em 20 de setembro de 2023, promovido pelo Conselho de Consumidores da Energisa Mato
Grosso do Sul, senti de perto a indignação de representantes de Procons e do Ministério Público,
atuantes no âmbito do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), com o aumento do
endividamento dos consumidores decorrente da cobrança cartorial dos débitos por opção exclusiva
das concessionárias, de modo que cumprimento a STD, a STR e a SMA pela sensibilidade na
proposição deste esclarecimento à norma vigente. Concordo que esse tipo de cobrança compromete
ainda mais a capacidade de pagamento da conta de luz pelo consumidor, e, devemos tratar a questão
com seriedade e celeridade.
66. No entanto, como a proposta das unidades organizacionais s.m.j. precisa ser analisada
à luz da legislação que transcende a setorial, solicitei análise da Procuradoria Federal na Aneel sobre
a adequação da norma proposta à luz da legislação aplicável. A PF, tendo também escutado as
ponderações das áreas técnicas e de representantes do Conselho de Consumidores do Mato Grosso
do Sul e do Ministério Público do Mato Grosso do Sul em reunião realizada em 2 de fevereiro de
2024, por sua vez, opinou, por meio da Nota Jurídica n.3/2024/PFANEEL/PGF/AGU, pela inviabilidade
jurídica da proposta nos termos dispostos no parágrafo 142 (no item III.4.15) da referida Nota Técnica
nº 76/2023-STD-STR/ANEEL. Isso porque os procedimentos atualmente utilizados pelas
distribuidoras para a cobrança da inadimplência estão em conformidade com a legislação e porque
os pagamentos de despesas cartoriais ou de cobranças judiciais estão amparados por lei, sendo de
responsabilidade do devedor. Dessa forma, pondera a Procuradoria, sobre a necessidade de uma
avaliação mais profunda sobre os impactos do problema posto, inclusive, sopesando-se os eventuais
impactos para o combate da inadimplência.

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67. Isso posto, como o devido tratamento do tema requer uma análise técnica e jurídica
mais acurada, defendo a realização pela STD, SMA e STR de Análise de Impacto Regulatório (AIR)
sobre o tema , para que possam ser avaliadas alternativas de respostas ao problema regulatório, que
observem tanto a capacidade de pagamento do consumidor quanto o combate à inadimplência pela
distribuidora, endereçando as preocupações externadas tanto pelas áreas técnicas quanto pela
Procuradoria Federal junto à ANEEL, respectivamente.
68. Feito esse aparte inicial, retomo que na minha proposta original de voto o
encaminhamento convergia para abertura de consulta pública com os demais aprimoramentos
propostos pelas áreas técnicas, exceto o artigo 343 mencionado acima, e, com ajuste na proposta
afeta ao parágrafo 7º do artigo 73 da REN nº 1000/2021, na qual incorporei relevante ponderação
da ABSOLAR sobre análise de impacto ao normativo. Minha convicção é de que as propostas
endereçavam soluções para demandas de baixo impacto, mas de grande relevância para o dia a dia
da prestação do serviço público de distribuição de energia, e, que, portanto, merecem ser positivados
em norma.
69. No entanto, durante o debate da matéria na 3ª Reunião Pública Ordinária da Diretoria,
foi apresentado voto divergente pelo diretor Hélvio Neves Guerra, com importantes reflexões sobre
o rito regulatório e a necessidade de garantir o cumprimento das regulações emitidas pela Agência
(enforcement), bem como de reforçar a atuação da fiscalização. Incluo aqui meus cumprimentos ao
diretor e sua assessoria pelo nobre exercício de enriquecer a análise do processo, o que nos ajudou
a perceber o problema regulatório sob outros ângulos e a caminhar para uma proposta que endereça
as demandas emergenciais do setor.
70. Destaca o diretor em seu voto, argumento com o qual concordo, que a adição de
normas ao já intrincado arcabouço normativo não é o remédio adequado para situações em que
alguns agentes insistem em descumprir a regulação.
71. Desse modo, o diretor ponderou que as cerca de 60 alterações propostas à resolução
normativa a título de esclarecimento, clareza textual, ou, orientação não trataria de modo adequado
o problema do descumprimento da regulação por determinados agentes setoriais, e, que as dúvidas
que porventura aparecem sob aspectos específicos da norma poderiam continuar sendo tratadas via
esclarecimentos emitidos pelas unidades organizacionais. Pontuou ainda que o número de alterações

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propostas não poderia dispensar Análise de Impacto Regulatório, e, que ainda não foi realizada
Avaliação de Resultado Regulatório da resolução que se pretende alterar.
72. Nesse sentido, o diretor propôs inicialmente limitar o escopo da consulta pública aos
aprimoramentos regulatórios motivados pela Lei nº 14.620 que tratam do Programa Minha Casa
Minha Vida, excluindo-se os outros aprimoramentos à Resolução Normativa nº 1000/2023 propostos
pelas unidades organizacionais e acolhidos originalmente por mim, uma vez que a maior parte desses
itens de aprimoramento teriam o condão de dar mais clareza a pontos hoje já consubstanciados na
norma.
73. Pois bem.
74. Apesar de o diretor ter levantado argumentos sobre a ausência de análise de Análise
de Impacto Regulatório (AIR) dos aprimoramentos sugeridos e da Avaliação de Resultado de
Regulatório (ARR) da norma que se pretende alterar, entendo que para o caso ora apreciado a
dispensa de AIR para os aprimoramentos sugeridos estava justificada (vide tabela 2) , e, como afirmei
durante a reunião pública devemos ter em consideração a necessidade de adaptabilidade da
regulação em um setor dinâmico, que nos impõe todos os dias novos desafios e que demanda
soluções ágeis.
75. Assim, conquanto eu tenha defendido que os aprimoramentos propostos, em sua
maioria de baixo impacto, pudessem ser levados a consulta pública, no intuito de positivar na norma
várias questões que vêm sendo levantadas por consumidores e concessionários, muitos deles objetos
de esclarecimentos das unidades organizacionais, para que sejam autoaplicáveis com vistas à
resolução mais célere e efetiva dos problemas enfrentados, resolvi revisitar o encaminhamento para
privilegiar uma solução de convergência e não comprometer o calendário de execução do Programa
Minha Casa Minha Vida, objeto central desse processo.
76. Isso porque chegou-se a uma situação de impasse, visto que havia um terceiro voto9,
do diretor Fernando Mosna, com proposta de manutenção da abertura da consulta com todo o teor

91) INSTAURAR consulta pública, no período de 8 de fevereiro a 8 de março de 2024, para colher subsídios e informações para
aprimorar a proposta de regulamentação do Programa Minha Casa Minha Vida, nos termos da Lei nº 14.620/2023, e outras
providências; e 2) EMITIR despacho, nos termos da minuta anexa, para determinar às distribuidoras que, até que as discussões sobre
o tema sejam finalizadas, em cenários de inversão do fluxo de potência no posto de transformação da distribuidora ou no disjuntor do
alimentador, atendam aos pedidos de nova conexão ou de aumento de potência injetada de microgeração distribuída de consumidor
de baixa tensão (BT), das classes residencial, rural e comercial, com carga até 50 KW, desde que limitada à potência que atenda (i)
ao respectivo consumo médio histórico dos últimos 12 meses ou (ii) ao perfil de consumo da classe da unidade consumidora, com base
nos resultados da campanha de medição do último processo de revisão tarifária, para os consumidores que não possuírem histórico
completo de que trata o item “i”.

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que propus, mas que acrescentava a emissão de despacho cogente acerca do tema da inversão de
fluxo que permitia já na abertura da consulta da pública afastar obrigações relativas a apresentação
dos estudos de que trata o artigo 73 da REN 1000/2023.
77. Em acordo a obrigação legal consignada na Lei das Agências (Lei 13.848/2019) que
determina a realização de consultas públicas previamente à decisão da diretoria acerca de atos
normativos de interesse geral, não concordei com tal proposição, mesmo considerando a existência
de precedentes mencionados pelo referido diretor.
78. Isso porque, em que pese a urgência de aplicação de uma norma que responda à
demanda dos agentes envolvidos, a minha proposta já trazia um período muito reduzido de
realização da referida consulta pública ( vide item 97 deste voto) , o que já denota a sensibilidade do
órgão regulador para a urgência da matéria, e, isso conferiria segurança jurídica ao processo, uma
vez que não estava pacificada a solução ao problema regulatório, observando-se que já durante a
reunião, foram abordadas três alternativas distintas de tratamento ao artigo 73 (quais seja a proposta
da área técnica consignada na Nota Técnica nº 76/2023; a proposta endereçada por mim no item 96
deste voto; e a terceira apresentada pelo diretor Fernando Mosna).
79. Assim, decidi incorporar parte da proposta inicial trazida pelo diretor Hélvio Guerra, e,
retirar do escopo da consulta pública os demais aprimoramentos propostos à Resolução Normativa
nº 1000/2021, a exceção da alteração proposta aos artigos que tratam da temática da inversão de
fluxo, pois, diferentemente do que estava consignado em seu voto original, o diretor Hélvio, também
em busca de convergência pelo encaminhamento da matéria, anuiu à inclusão do tema da inversão
de fluxo no escopo da consulta pública.
80. Desse modo, em relação às alterações ao artigo 73 que tratam da inversão de fluxo,
faz-se necessário pontuar que o tema foi objeto da Consulta Pública nº 51/2022 e foi abordado na
Nota Técnica nº 0041/2022-SRD/SGT/SRM/SRG/SCG/SMA/SPE/ANEEL. O art. 73, §1º da REN nº
1.000/2021 busca equacionar o excesso de geração distribuída em determinado local, para além da
capacidade do sistema elétrico ou da necessidade do mercado.
81. Ocorre que, desde a publicação da REN nº 1.059/2023, a ANEEL tem recebido
questionamentos sobre a aplicação do referido dispositivo, de modo que a área técnica identificou a
necessidade de discutir em consulta pública aprimoramentos ao referido dispositivo, no sentido de
simplificar a aplicação, o que inclui a avaliação de hipóteses de não aplicação.

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82. O tema, apesar dos debates já desenvolvidos em consulta pública, tem suscitado
muitas questões procedimentais tanto por parte das distribuidoras quanto dos consumidores. Isso
se materializou inclusive nas sustentações orais ocorridas durante a reunião pública que em sua
totalidade tiveram o tema da inversão de fluxo como ponto central, o que sensibilizou o Colegiado
sobre a premente necessidade de tratamento da matéria. Restou caracterizada a relevância de se
debater e definir os critérios que vão balizar a análise e a apresentação dos estudos pelas
distribuidoras aos consumidores, bem como os direitos e deveres dos consumidores em relação ao
assunto.
83. Sobre a redação proposta que entendo apta a seguir para consulta pública sobre este
tema, com base na recomendação técnica, discorro mais adiante neste voto.
84. Diante do exposto, apresento na tabela a seguir o escopo do que será tratado no
âmbito da consulta pública, conforme a deliberação na 3º Reunião Pública da Diretoria. Destaco que
as contribuições à consulta pública devem se restringir aos pontos abaixo apresentados, sob pena de
serem imediatamente classificadas como fora do escopo.
Tabela 3 – Artigos que serão debatidos em CP
TEMA Artigo 73 (Alteração) Inversão do fluxo
INVERSÃO DE FLUXO de potência
Artigo 75 Em muitos casos de inversão, a
distribuidora precisa solicitar a
avaliação do ONS. Nesse
TEMA sentido, a alteração proposta
INVERSÃO DE FLUXO tem o objetivo de explicitar
que os estudos realizados pela
distribuidora (incluindo o
estudo de inversão de fluxo)
devem acompanhar o pedido
de análise enviado ao ONS.
Artigo 78 O art. 78 trata da
disponibilização dos estudos
(incluindo aí os estudos de
TEMA inversão de fluxo, se for o
INVERSÃO DE FLUXO caso). A proposta apresentada
é no sentido de que essa
disponibilização deve observar
o princípio da transparência,
permitindo a reprodutibilidade
do estudo pelo consumidor.

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Artigo 291 (Alteração) Operacionalização


do desconto de 50% no custo
TEMA PMCMV de disponibilidade para
participantes do SCEE inscritos
no CadÚnico
Artigo 480 (alteração) Ajuste textual para
TEMA PMCMV contemplar o PMCMV.

Artigo 486-A (novo) Implantação de


TEMA PMCMV infraestrutura de energia
elétrica no Programa Minha
Casa, Minha Vida

Artigo 486 (revogação) Revogação do


TEMA PMCMV Programa Casa Verde Amarela

§3º (IV) do art. 655-G (novo) Ajuste para contemplar


TEMA PMCMV a comercialização do
excedente com órgãos
públicos
Artigo 655-M §5º (novo) Ajuste para contemplar
a comercialização do
TEMA PMCMV excedente com órgãos
públicos

Artigo 655-X (novo) Comercialização de


TEMA PMCMV Excedente de Energia de
MMGD com Órgãos Públicos

TEMA PMCMV Artigo 667 (revogação) Atualização da Lei


do PMCMV

Pleitos trazidos durante a instrução processual


85. Feitos os principais destaques da proposta em consulta pública, com os devidos
ajustes motivados pelo debate em reunião pública, passo a tratar de alguns pleitos apresentados
durante a instrução processual.
86. Sobre o pleito da Associação Movimento Solar Livre e o Instituto Nacional de Energia
Limpa para que a STD sugerisse para a Diretoria a aplicação direta da Resolução Normativa proposta
na Nota Técnica nº 76/2023-STD/STR dispensada a etapa de consulta pública, esclareço que a Lei das
Agências (Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019) disciplina a realização de consultas públicas

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previamente à decisão da diretoria acerca de atos normativos de interesse geral, conforme excerto
a seguir:
Art. 9º Serão objeto de consulta pública, previamente à tomada de decisão pelo conselho
diretor ou pela diretoria colegiada, as minutas e as propostas de alteração de atos normativos
de interesse geral dos agentes econômicos, consumidores ou usuários dos serviços prestados.

87. Entendo ainda que alterações de norma geral com impacto para toda a sociedade,
sejam revisões de redação ou alterações de mérito, merecem processos transparentes que contem
com o escrutínio público, assim como fazemos em todos os processos, até na consolidação de
normativos. Nesses últimos, mesmo não alterando o mérito da regulação, damos publicidade à
proposta e oportunizamos a participação social antes da positivação dos comandos nas novas
normas.
88. A ABSOLAR apresentou um memorial sobre o tema inversão de fluxo em que traz
reflexões técnicas sobre a matéria, apresentando uma série de pleitos que podem ser mais bem
avaliados ao longo da consulta pública. Entretanto, um dos pontos, a meu ver, faz importante
ponderação sobre a questão em debate a qual transcrevo a seguir:
“Do ponto de vista técnico, a inversão de fluxo apenas se torna um problema em situações de
baixo carregamento da rede (pouca carga) e excesso de geração sendo injetada nos pontos de
maior impedância da rede, pois isso pode resultar no aumento do nível de tensão,
ultrapassando os limites considerados adequados pelo Módulo 8 do PRODIST. É por isso que,
em nosso entendimento, apenas estas situações, quando identificadas em casos concretos,
devem ensejar a aplicação, pelas distribuidoras de energia, do disposto no artigo 73, desde
que devidamente comprovado pelas distribuidoras por meio dos estudos enviados ao
consumidor.” (ABSOLAR, 2024)

89. Conforme ponderação da ABSOLAR, a avaliação de impacto seria o coração do debate


sobre a inversão de fluxo, devendo ser a principal premissa para balizar a atuação da distribuidora
em relação à apresentação de alternativas mitigadoras da inversão de fluxo. No que concerne à
geração de menor porte (microgeração), junto à carga, me alinho ao entendimento da ABSOLAR. A
inversão do fluxo de potência nas redes de baixa tensão (no transformador de distribuição) não
caracteriza, necessariamente, um problema técnico que motive investimentos por parte da
distribuidora ou do próprio consumidor-gerador. Para esses casos, as alternativas previstas no
parágrafo primeiro do art. 73 deveriam ser aplicadas apenas nas situações em que restassem
comprovados impactos técnicos na rede, ou seja, nas situações em que houvesse violação dos
parâmetros técnicos estabelecidos no Módulo 8 do Prodist.

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90. Mas quando analisamos os sistemas de maior porte, conectados nas redes de média
tensão, a inversão de fluxo de potência nas subestações da distribuidora é um sinalizador de excesso
de geração na distribuição, o que pode ensejar a necessidade de avaliações mais detalhadas. Assim,
entendo que a aplicação do art. 73 em linha com o proposto pela Nota Técnica nº 76/2023-STD-
STR/ANEEL, apenas para microgeração distribuída que se beneficia da gratuidade no atendimento,
está tecnicamente adequada.
91. Por outro lado, me sensibilizei pelo argumento trazido pela ABSOLAR da necessidade
de caracterização de situações em que restassem comprovados impactos técnicos na rede para a
exigência da análise de inversão de fluxo para a microgeração distribuída, ou seja, nas situações em
que houvesse violação dos parâmetros técnicos estabelecidos no Módulo 8 do Prodist.
92. Dessa forma, mantenho o propósito das unidades organizacionais de promover uma
simplificação da regulação aplicável para a microgeração distribuída, acolhendo em parte a
contribuição da ABSOLAR à proposta de Resolução Normativa que será debatida na consulta pública
ora apreciada, para explicitar a necessidade de avaliação do impacto, conforme os limites do Módulo
8 do Prodist, nas seguintes situações:
a) microgeração e minigeração distribuída que não injete na rede de distribuição de
energia elétrica; e

b) microgeração distribuída que se enquadre nos critérios de gratuidade dispostos no


§ 3º do art. 104, § 2º do art. 105 e Parágrafo único do 106.

93. As categorias descritas nos itens a) e b) são as mesmas apontadas na Nota Técnica nº
76/2023-STD-STR/ANEEL como passíveis de flexibilização na realização da análise de inversão do
fluxo de potência. O que proponho, para esses casos, conciliando a proposta da Nota Técnica nº
76/2023-STD-STR/ANEEL com as ponderações da ABSOLAR, é que a identificação da inversão de
fluxo, por si só, não motive a aplicação do parágrafo primeiro do art. 73, devendo a distribuidora,
para tanto, comprovar violação dos parâmetros técnicos estabelecidos no Módulo 8 do Prodist.
94. Dessa forma, afasta-se a análise de inversão de fluxo para a microgeração e
minigeração distribuída que não injete na rede de distribuição de energia elétrica e para a
microgeração distribuída (que se enquadre nos critérios de gratuidade dispostos no § 3º do art. 104,
§ 2º do art. 105 e Parágrafo único do 106) quando, na análise de impacto, não for comprovada a
violação dos parâmetros técnicos supra referenciados.

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95. Esta análise de impacto se amolda ao conceito de hosting capacity (capacidade de


hospedagem), definido como o montante de geração distribuída que o sistema de distribuição
consegue comportar sem que haja violação dos parâmetros técnicos da rede (nível de tensão,
corrente nos condutores etc.). Uma vez atingido esse limite, a entrada de geração adicional no
sistema motivará investimentos em reforços e melhorias, investimentos esses que serão repassados
aos demais consumidores, por meio da tarifa de energia. Assim, nos casos que ensejem
investimentos que visam comportar excesso de geração na distribuição, com consequentes impactos
tarifários, a apresentação de alternativas mitigatórias ao consumidor-gerador tem razoabilidade
técnica e econômica como forma de evitá-los.
96. Acomodando, assim, as questões trazidas pelas unidades organizacionais da ANEEL e
pela ABSOLAR, a redação que proponho para o § 7º do art. 73 é:
§7º Quando a distribuidora não comprovar violações de parâmetros técnicos da rede,
conforme estabelecido no Módulo 8 do PRODIST, a análise de inversão de fluxo fica
afastada nas seguintes situações:
I - microgeração e minigeração distribuída que não injete na rede de distribuição de
energia elétrica; e
II - microgeração distribuída que se enquadre nos critérios de gratuidade dispostos no
§ 3º do art. 104, § 2º do art. 105 e Parágrafo único do art. 106.
97. Quanto ao pleito da CBIC, estou de acordo com a proposta de otimizar os prazos da
consulta pública, para que não haja comprometimento dos prazos de outras etapas do Programa que
envolvem os demais agentes envolvidos na implementação da política pública. A propósito, no
MCMV/FAR10, uma das linhas de atendimento subsidiada, foram selecionados empreendimentos que
totalizam 187,5 mil Unidades Habitacionais (UH) em 560 municípios, com previsão de contratação
dos empreendimentos até o final de abril deste ano. Por tal razão, proponho reduzir o prazo de
contribuições da consulta pública de 45 para 15 dias, com vistas a não comprometer a execução do
Programa e, consequentemente, as metas do Novo Programa de Aceleração do Crescimento – Novo
PAC.

10 Fundo de Arrendamento Residencial.

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98. Cumpre observar que o presente processo tem como objeto central os
aprimoramentos regulatórios motivados pela Lei 14.620/2023, que dispõe sobre o Programa Minha
Casa Minha Vida.
99. Não obstante, conforme explicado acima, foi incorporado ao escopo da consulta
pública propostas para o aprimoramento dos artigos da Resolução Normativa nº 1000/2021 que
disciplinam o tema da inversão de fluxo.
100. Ainda assim, observo que o prazo de consulta pública reduzido não trará prejuízo ao
debate dessa temática uma vez que as propostas apresentadas na Resolução Normativa já vêm sendo
tratadas há bastante tempo com os agentes e há expectativa para o tratamento célere dessa
demanda pelo setor.
101. Novamente, reforço que com o objetivo de preservarmos a tempestiva regulação dos
comandos legais afetos ao Programa Minha Casa Minha Vida e ao tratamento do tema da inversão
de fluxo, as contribuições encaminhadas à consulta pública devem se limitar às alterações constantes
da proposta de resolução normativa que será publicada na página da consulta no site da ANEEL.
Eventuais contribuições sobre outras temáticas devem ser imediatamente classificadas como fora do
escopo. Desse modo poderemos tratar com competência e celeridade as demandas do setor
abarcadas na abertura da consulta pública.
Da análise de impacto regulatório
102. A elaboração do Relatório de Análise de Impacto Regulatório - AIR foi dispensada pelo
enquadramento na hipótese prevista no inciso II do art. 7º da Norma de Organização ANEEL nº 40,
entendendo-se ser suficiente a realização da Consulta Pública para o recebimento de contribuições
à minuta de ato normativo. De fato, não cabe a ANEEL avaliar os impactos da Lei nº 14.620/2023, de
modo que a regulação da ANEEL tem caráter essencialmente operacional, sem a possibilidade
regulatória de adoção de diferentes alternativas para além do que foi estabelecido no respectivo
diploma legal.
103. No que diz respeito aos demais aprimoramentos propostos, avalia-se que as propostas
têm por objetivo resolver demandas de baixo impacto regulatório, conferir maior clareza, precisão e
ordem lógica à regulação, bem como incorporar ao texto esclarecimentos já realizados e que estão
sendo aplicados pelas distribuidoras, assim como promover a redução de “exigências, obrigações,
restrições, requerimentos ou especificações com o objetivo de diminuir os custos regulatórios”, o

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que se enquadraria na hipótese do inciso III, do referido art. 7º da Norma de Organização ANEEL nº
40.
104. Diante do exposto encaminho voto pela abertura de consulta pública no período de 8
de fevereiro de 2024 a 23 de fevereiro de 2024 para o recebimento de contribuições a proposta de
aprimoramento regulatório em função da publicação da Lei nº 14.620/2023, que dispõe sobre o
Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e da proposta de aprimoramentos para o tema
"inversão de fluxo" tratado na Resolução Normativa nº 1000/2021.
III. DIREITO
105. A decisão tem amparo nos seguintes dispositivos legais e regulamentares: Lei nº 9.427,
de 26 de dezembro de 1996; Lei nº 14.300, de 6 de janeiro de 2022; Lei nº 14.620, de 13 de julho de
2023; Resolução Normativa nº 941, de 6 de julho de 2021, Resolução Normativa nº 1.000, de 7 de
dezembro de 2021; Resolução Normativa nº 1.059 de 7 de fevereiro de 2023.
IV. DISPOSITIVO
106. Diante do exposto e do que consta do Processo nº 48500.003729/2023-28, voto por:
instaurar Consulta Pública, na modalidade intercâmbio documental, no período de 8 de fevereiro de
2024 a 23 de fevereiro de 2024, com vistas a dar transparência, colher subsídios e informações
adicionais acerca da proposta de aprimoramento regulatório nos termos deste voto, em função da
publicação da Lei nº 14.620/2023, que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV)
e da proposta de aprimoramentos para o tema "inversão de fluxo" tratado na Resolução Normativa
nº 1000/2021.
Brasília, 6 de fevereiro de 2024

(Assinado digitalmente)
AGNES MARIA DE ARAGÃO DA COSTA
Diretora

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Documento assinado digitalmente por Agnes Maria de Aragao da Costa, Diretor(a), em 08/02/2024 às 15:49

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