FACULDADE ANHANGUERA - ITAQUERA
UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE PSICOLOGIA
Adrielly Larissa Vieira Torres
Rosimeire Vasconcelos Dias
Luís Eduardo Nascimento
Testagem Psicológica
São Paulo
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2023
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Adrielly Larissa Vieira Torres
Rosimeire Vasconcelos Dias
Luís Eduardo Nascimento
Testagem Psicológica
Trabalho apresentado para a disciplina
Medidas e Avaliação Em Psicologia I pelo
Curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera
de Itaquera.
Orientador: Prof. Bruno
São Paulo
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2023
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RESUMO
A testagem psicológica é um processo utilizado por profissionais de
psicologia para avaliar diferentes aspectos do funcionamento mental e
comportamental de um indivíduo. Essa avaliação é realizada por meio de
testes e instrumentos psicológicos específicos, que são projetados para
medir diferentes habilidades, traços de personalidade, aptidões,
comportamentos, atitudes e emoções.
Os testes psicológicos podem ser usados para diferentes finalidades, como
diagnóstico de transtornos mentais, avaliação de potenciais em uma área
específica, seleção de candidatos para determinada vaga de emprego,
orientação educacional e profissional, entre outras. A escolha do teste e a
interpretação dos resultados dependem da finalidade da avaliação e das
características do indivíduo avaliado.
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SUMÁRIO
1 TESTAGEM PSICOLÓGICA 8
2 CONTEXTO HISTÓRICO TESTAGEM PSICOLÓGICA 8
3 TESTAGEM PSICOLÓGICA NAS ORGANIZAÇÕES 11
REFERÊNCIAS 13
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1 TESTAGEM PSICOLÓGICA
Para Tavares (2010), um teste psicológico é um instrumento ou procedimento que
deve estar conectado a um construto psicológico com base em fundamentação
teórica e empírica, que por sua vez precisa estar relacionado a aspectos importantes
da vida psíquica das pessoas. Essa conexão requer a existência de operações que
permitam associar o construto a comportamentos, processos afetivos ou cognitivos.
Essa associação deve ocorrer, em primeiro lugar, nos processos de validação e,
posteriormente, na avaliação de um indivíduo específico, desde que não haja
situações ambientais ou subjetivas que invalidem a aplicação do teste.
A testagem psicológica se trata de uma importante etapa da avaliação psicológica,
por mais que existe muita confusão e muitos acreditam que ambos tanto teste como
avaliação têm os mesmos objetivos a testagem é uma etapa e não a mesma coisa
que a avaliação.
É de fundamental importância que o psicólogo tenha os seguintes cuidados de
acordo Cunha (2006), ao realizar um teste psicológico:
É importante verificar se as pessoas têm condições físicas e psicológicas adequadas
para fazer o teste. Além disso, é preciso avaliar se não há dificuldades específicas
que possam interferir no desempenho, tanto físicas quanto psicológicas. Também é
crucial utilizar o teste de acordo com as normas estabelecidas pelo seu manual e
garantir que o ambiente, o espaço físico, o vestuário dos aplicadores e outros
estímulos não afetem a aplicação.
Para aplicar um teste de forma eficaz, é fundamental checar se as pessoas estão
em boas condições físicas e mentais. Além disso, é necessário verificar se não há
obstáculos específicos que possam prejudicar o desempenho, seja no âmbito físico
ou psicológico. É importante seguir as diretrizes do manual do teste e garantir que o
ambiente, o espaço físico, as roupas dos aplicadores e outros estímulos não
interfiram na aplicação.
A fim de garantir a precisão e a justiça ao aplicar um teste, é essencial assegurar
que as pessoas estejam aptas tanto fisicamente quanto mentalmente. Também é
necessário investigar se há quaisquer impedimentos específicos que possam afetar
o desempenho, seja de natureza física ou psicológica. Para evitar influências
indesejadas, é fundamental utilizar o teste conforme as orientações do seu manual e
zelar pela adequação do ambiente, do espaço físico, da vestimenta dos aplicadores
e de outros fatores que possam interferir na aplicação.
É de fundamental importância que se entenda que a testagem psicológica não
começou a ser executa a pouco tempo, muito pelo contrário ela existe a muito tempo
e teve muita importância na história da humanidade, como será verificado a seguir.
2 CONTEXTO HISTÓRICO TESTAGEM PSICOLÓGICA
No início do século XX, na França, as raízes da testagem e avaliação psicológicas
contemporâneas foram estabelecidas. Em 1905, Alfred Binet e um
colega divulgaram um teste com o objetivo de ajudar a classificar as crianças das
escolas de Paris em classes adequadas. O teste de Binet teve um impacto
significativo além das fronteiras do distrito escolar de Paris. Em uma década, uma
versão em inglês do teste foi desenvolvida para ser usada em escolas nos Estados
Unidos (BORUCHOVITCH; SANTOS; NASCIMENTO, 2012).
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A popularidade do teste de Binet resultou em um grande aumento no número de
desenvolvedores, editores e aplicadores de testes, além do surgimento de um
empreendimento de testagem (CUNHA, 2006).
Quando os Estados Unidos adentraram na Primeira Guerra Mundial em 1917 e
declararam guerra à Alemanha, os militares careciam de uma maneira de avaliar
rapidamente grandes números de recrutas em relação a problemas intelectuais e
emocionais. Foi então que a testagem psicológica forneceu essa metodologia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os militares dependiam ainda mais dos testes
psicológicos para avaliar os recrutas(ALCHIERI; CRUZ, 2010).
De acordo com Boruchovitch; Santos;Nascimento, (2012), durante a Primeira Guerra
Mundial, a palavra "testagem" passou a ser usada para descrever a avaliação em
grupo de recrutas militares. Na Segunda Guerra Mundial, o U.S.
Office of Strategic Services (OSS) usou uma variedade de procedimentos e
instrumentos de medida, incluindo testes psicológicos, na seleção de pessoal militar
altamente especializado em espionagem e coleta de informações. Esses métodos
de avaliação foram submetidos a integração e estimação criteriosas por pessoal
altamente treinado do centro de avaliação, inspirando posteriormente a abordagem
do centro de avaliação à avaliação de pessoal.
A distinção entre testagem psicológica e avaliação psicológica é importante, já que
os testes são apenas um tipo de instrumento usado por avaliadores profissionais, e
a habilidade e a experiência do avaliador são fundamentais para determinar o valor
de qualquer instrumento de avaliação. É necessário haver uma definição clara
desses termos e uma diferenciação entre eles, para evitar conflitos entre
profissionais da psicologia e membros de outras profissões (ALCHIERI; CRUZ,
2010).
Após a guerra, uma série crescente de testes com o objetivo de medir uma ampla
variedade de questões psicológicas foi desenvolvida e utilizada. Além dos testes de
inteligência, foram criados testes para avaliar a personalidade, e para compreender
como o cérebro funciona, o desempenho no trabalho e muitos outros aspectos do
funcionamento psicológico e social e com isso a testagem psicológica vem se
destacando sobretudo nas organizações (CUNHA, 2006).
No país foi no ano de 1914, Uggo Pizzolliintroduziu oficialmente o uso de testes
psicológicos no Brasil, através do laboratório de psicologia situado na Escola Normal
de São Paulo, onde conduziu várias pesquisas na área, em colaboração com
Antônio de Sampaio Doria e Clemente Quaglio, autores da obra "Psicologia da
Infância", publicada em 1907. Em 1920, Quaglio publicou três trabalhos relacionados
ao ensino da leitura, incluindo "Bases Científicas do Ensino da Leitura", "Estudo
sobre a Atenção de Cem Crianças Brasileiras" e "Qual o Método de Ensino da
Leitura que Acompanha a Evolução Mental da Criança?" (VIEIRA; CAMPOS, 2011).
Segundo Alchieri e Cruz (2010), no ano de 1923, o Laboratório de Psicologia do
Hospital do Engenho de Dentro iniciou experimentações na área, sob a liderança de
W. Radeki. Em Recife, Ulisses Pernambuco fundou o ISOP (Instituto de Seleção e
Orientação Profissional), responsável por pesquisas sobre medidas de nível mental
e aptidões através da utilização de testes. De acordo com Vieira e Campos (2011), a
produção brasileira sobre testes teve como precursor José Joaquim Campos da
Costa Medeiros e Albuquerque, que apresentou uma introdução sobre testes na
obra "Tests", escrita em 1924. A compreensão sobre o tema era dificultada pela falta
de literatura psicológica em português, já que toda a bibliografia se encontrava em
francês e ainda não havia um estudo aprofundado em nossa língua.
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Na década de 20 e 30, a Psicologia ganhou destaque na área de transporte devido à
atuação da Psicologia do Trânsito. Esse movimento resultou em um progresso
institucional significativo na área de transportes, impulsionado pela preocupação
com treinamento e seleção industrial e de trânsito. O Laboratório de Psicotécnica da
Estrada de Ferro Sorocabana, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o
Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional, a Companhia Municipal de
Transporte Coletivo e o IDORT foram algumas das instituições que receberam
supervisão de Roberto Mangue nesse período, contribuindo para a aplicação da
Psicologia nesse campo.
De acordo com Vieira e Campos (2010), a área da avaliação psicológica e
construção de testes foi impulsionada por reformas no âmbito educacional. Esse
crescimento levou à criação de cursos de graduação em psicologia, que ocorreu
entre 1962 e 1977, no formato de escolas profissionalizantes. No entanto, essa
mudança resultou em uma diminuição na pesquisa experimental e, por
consequência, em uma redução no uso de testes a partir da década de 1980. Isso
ocorreu devido às críticas ferrenhas que os testes começaram a receber nessa
época, acusados de ter um caráter reducionista e categorizador.
Para Alchieri e Cruz (2010), a partir da década de 1960, houve um aumento
significativo nos estudos sobre o desenvolvimento de testes psicológicos no Brasil, o
que resultou na criação de diversos centros de ensino universitário na área. No
entanto, percebeu-se uma baixa qualidade na formação profissional dos psicólogos,
especialmente em relação aos testes psicológicos, com uma falta de interesse em
medidas precisas. Isso gerou um descrédito e banalização dos instrumentos, além
da falta de progresso na área. Como resultado, houve críticas intensas e ferrenhas
em relação ao uso desses recursos
Primi (2010) destaca que com o crescimento dos testes psicológicos foi necessária a
criação de regulamentação. Foi preciso um cuidado para avaliarse os psicólogos
estão aplicando esses novos conhecimentos em suas práticas para garantir
qualidade e seriedade à imagem do profissional de Psicologia. Embora a
regulamentação defina os padrões para a atuação profissional com ferramentas e
elaboração de documentos, é importante ter atenção às normas éticas que são
essenciais para essa atuação.
De acordo com Pasquali (2011), a American Psychological Association estabeleceu
os trâmites éticos a serem utilizados na aplicação do conhecimento psicológico, que
embasa o Código de Ética do Psicólogo. Esse código segue seis padrões básicos
para a formação e atuação do psicólogo em qualquer contexto de trabalho:
A. Competência, que exige excelência, constante atualização e reciclagem dos
conhecimentos do psicólogo;
B. Integridade, que requer transparência e manutenção da conduta ética;
C. Responsabilidade científica e profissional, que implica em escolher as técnicas
mais adequadas para cada paciente;
D. Princípio do respeito à dignidade das pessoas, que preza pelo sigilo e liberdade
do paciente;
E. Bem-estar, que visa minimizar riscos e evitar situações de exploração do
paciente;
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F. Responsabilidade social, que envolve o compromisso com a divulgação de
conhecimentos e atualizações nas pesquisas para o desenvolvimento da Psicologia
e benefício da humanidade
De acordo com Alchieri e Cruz (2010), a ética é uma questão crucial para a prática
da Psicologia, uma vez que a forma como os instrumentos são utilizados pelo
psicólogo na avaliação psicológica é de extrema importância para que a área seja
percebida como profissional e cientificamente responsável pela sociedade.
Devido aos inúmeros contextos em que os testes psicológicospodem ser inseridos, o
Conselho Federal de Psicologia (CFP) editou uma resolução (Resolução002/2003)
que define o seu uso, sua elaboração e sua comercialização. Assim, com vistas a
evitar uma utilizaçãoequivocada, cumprindo a resolução que rege o código de ética
da sua profissão, o psicólogo deve buscar orientação junto ao Sistema de Avaliação
dos Testes Psicológicos (SATEPSI), o qual, ao descrever os testes devidamente
regulamentados, designa sua recomendação em diferentes áreas da Psicologia.
(DALBOSCO, CONSUL, 2011, p.3).
A fim de obter a aprovação para utilização de um teste e ser reconhecido pelo
Conselho Federal de Psicologia (CFP) e pela agência reguladora SATEPSI (Sistema
de Avaliação de Testes Psicológicos), são exigidos estudos que fundamentem sua
teoria e que o método científico seja aplicado para regulamentá-lo sobretudo nas
empresas onde a aplicação está cada vez maior (DALBOSCO, CONSUL, 2011)
3 TESTAGEM PSICOLÓGICA NAS ORGANIZAÇÕES
Os testes psicológicos são especialmente importantes, pois permitem identificar
traços e tendências compatíveis com o cargo almejado. É responsabilidade
exclusiva do psicólogo a utilização dessas ferramentas, e por isso é necessário ter
conhecimento e senso crítico para evitar práticas inadequadas, que podem
comprometer a ética e a vida profissional do examinando (PRIMI, 2010)
O psicólogo vem sendo cada vez mais solicitado em áreas além da clínica, como no
esporte, nas escolas, nos hospitais, na justiça e nas empresas. Na área empresarial,
a figura do psicólogo é importante para buscar, desenvolver e manter o capital
humano, visando atingir os objetivos da organização. Para isso, o psicólogo utiliza
ferramentas como avaliações psicológicas, dinâmicas de grupo e entrevistas, com o
objetivo de atrair os melhores profissionais do mercado e mantê-los na empresa,
criando uma relação sustentável. Uma das principais ferramentas utilizadas
atualmente pelo psicólogo no contexto organizacional é a avaliação psicológica, que
inclui a aplicação de testes psicológicos e outras técnicas(DALBOSCO; CONSUL,
2011).
De acordo com Pasquali (2011), a utilização de testes psicológicos pelas empresas
tem se mostrado precisa na identificação de candidatos qualificados para ocupar
cargos, reduzindo o risco de desistências e custos associados.
No entanto, é crucial que o profissional de RH responsável pela seleção saiba como
captar candidatos adequadamente, alinhando a aplicação dos testes psicológicos
com critério e conhecimento para garantir uma análise precisa. É importante que
este profissional esteja preparado para aplicar e interpretar os resultados dos testes,
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dando credibilidade à profissão e mostrando a eficácia dos resultados (DALBOSCO;
CONSUL, 2011).
Segundo Vieira e Campos (2010), para garantir que os funcionários trabalhem de
acordo com os objetivos da empresa e estejam alinhados com sua cultura e política,
é importante que o profissional de recursos humanos selecione candidatos no
mercado que atendam a esses critérios e a testagem psicológica ajuda para que
isso aconteça.
Dessa forma, é possível estabelecer uma relação sustentável entre a empresa e
seus funcionários, que estejam em sintonia com sua estratégia. Para desempenhar
essa função, os psicólogos precisam ir além de seu departamento e se relacionar
com todas as áreas da empresa, buscando informações adequadas baseadas no
planejamento estratégico. Isso lhes permite atuar na gestão e retenção de pessoas,
bem como na busca por novos talentos no mercado. Essa aproximação também
favorece o relacionamento com o cliente interno e ajuda a identificar o perfil da
gerência e os requisitos da vaga, aumentando as chances de sucesso no
recrutamento e seleção e por esse motivo a testagem psicológica é tão
importante(DALBOSCO; CONSUL, 2011).
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REFERÊNCIAS
ALCHIERI, J. C.; CRUZ, R. M. Avaliação Psicológica: Conceito, métodos e
instrumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.
BORUCHOVITCH, E., SANTOS, A. A. A., & NASCIMENTO, E. Avaliação
psicológica nos contextos educativos e psicossociais. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2012.
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP no
002/003. Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de
testes psicológicos e revoga a Resolução CFP n° 025/2001. Resoluções do
CFP. Brasília, mar. 2003.
CUNHA, J. A. Jurema Alcides Cunha. Psicologia, Ciência e Profissão, 26(3), 528-
529, 2006.
DALBOSCO, S. N. P.; CONSUL, J. S. A importânciada
Avaliação Psicológica nas organizações. Revista de Psicologia da IMED, vol. 3,
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Pasquali, L.. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. Rio de
Janeiro: Vozes, 2003.
PRIMI, R; NUNES, C. H. S. O Satepsi: desafios e proposta de aprimoramento. In:
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Avaliação Psicológica: diretrizes na
regulamentação da profissão. Brasília, 2010.
TAVARES M. Da ordem social da regulamentação da Avaliação Psicológica e do
uso dos testes. In: CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA. Avaliação Psicológica: diretrizes na regulamentação da
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VIEIRA, R. C.; CAMPOS, R. H. F. Notas sobre introdução, recepção e
desenvolvimento da medida psicológica no Brasil. Temas em Psicologia, v. 19, n.
2, p. 417-425, Belo Horizonte - MG, 2011.
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