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Aula 5 - Sucessões

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AULA 6 – SUCESSÕES

1. DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO

Segundo Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, não se pode confundir a falta de
legitimação para suceder com a exclusão por indignidade e a deserdação. Isso porque
no primeiro caso há um afastamento do direito por razão de ordem objetiva. Por outra
via, na indignidade e na deserdação há uma razão subjetiva de afastamento, uma vez
que o herdeiro é considerado como desprovido de moral para receber a herança, diante de
uma infeliz atitude praticada.

A ação de indignidade pode ser proposta pelo interessado ou pelo Ministério Público,
quando houver questão de ordem pública, conforme reconhece o Enunciado n. 116
CJF/STJ da I Jornada de Direito Civil.

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:


I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente
ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em
crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.

Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade,


será declarada por sentença.
§ 1 o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro
anos, contados da abertura da sucessão. (Redação dada pela Lei nº 13.532, de 2017)
§ 2 o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para
demandar a exclusão do herdeiro ou legatário. (Incluído pela Lei nº 13.532, de 2017)

*#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei nº 13.532/2017 passou a conferir legitimidade


ao Ministério Público para promover ação visando a declaração de indignidade de
herdeiro ou legatário, incluindo o §2º no artigo 1.815: §2o Na hipótese do inciso I do art.
1.814, o Ministério Público tem legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou
legatário.

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído


sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração
dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses
bens.

Conforme opinião já exarada em obra escrita com José Fernando Simão, o efeito da
indignidade constante do art. 1.816 do CC do mesmo modo se aplica à deserdação, em
uma tentativa de unificação dos institutos.

Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé,
e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de
exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe
perdas e danos.
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos
que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas
com a conservação deles.

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será
admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou
em outro ato autêntico. Reabilitação expressa ou tácita.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em
testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade,
pode suceder no limite da disposição testamentária.

INDIGNIDADE SUCESSÓRIA DESERDAÇÃO


Matéria de sucessão legítima e testamentária. Matéria de sucessão testamentária.
Somente atinge os herdeiros necessários
Alcança qualquer classe de herdeiro.
(ascendentes, descendentes e cônjuge).
As hipóteses de indignidade servem para a Existem hipóteses de deserdação que não
deserdação. alcançam a indignidade (arts. 1.962 e 1.963).
Há pedido de terceiros interessados ou do MP,
Realizada por testamento, com declaração de
com confirmação em sentença transitada em
causa e posterior confirmação por sentença.
julgado.

2. HERANÇA JACENTE E VACANTE

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente
conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e
administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à
declaração de sua vacância.

Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão


expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira
publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança
declarada vacante.

Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas
reconhecidas, nos limites das forças da herança.

Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que


legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas
respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em
território federal.
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão
excluídos da sucessão.

Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde
logo declarada vacante.
Frise-se que, ao final do processo, o Estado não é herdeiro, mas um sucessor irregular,
não estando sujeito ao direito de saisine. Nesse sentido, da jurisprudência superior:
“Agravo Regimental no Recurso Especial. Civil. Sucessão. Herança jacente.
Estado/Município. Princípio da saisine ao ente público. Inaplicabilidade. Momento da
vacância que não se confunde com o da abertura da sucessão ou da morte do de cujus.
Declaração de vacância.

Não se olvide que “é entendimento consolidado neste Superior Tribunal de Justiça que os
bens jacentes são transferidos ao ente público no momento da declaração da vacância,
não se aplicando, desta forma, o princípio da saisine” (STJ, AgRg no Ag 851 .228/Ri,
Rei. Mm. Sidnei Beneti, 3. Turma, j. 23.09.2008, DJe 13.10.2008). Além disso, a
jurisprudência deduz que antes dessa declaração é possível a discussão referente à
usucapião dos bens supostamente vagos.

Nota-se que com a declaração da vacância o Estado tem apenas a propriedade


resolúvel dos bens. A propriedade passa a ser definitiva apenas cinco anos após a
abertura da sucessão.

A herança jacente é um procedimento especial de jurisdição voluntária que consiste na


arrecadação judicial de bens da pessoa falecida, com declaração, ao final, da herança
vacante, ocasião em que se transfere o acervo hereditário para o domínio público, salvo
se comparecer em juízo quem legitimamente os reclame. Esse procedimento pode ser
iniciado por qualquer interessado, pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública e pela
Fazenda Pública, bem como pelo juiz, de ofício (art. 738 do CPC/2015). Se um legitimado
ingressar com petição ao juiz requerendo a instauração do procedimento de
herança jacente, o magistrado não deverá indeferir a inicial sob o argumento de que o
requerente não juntou todas as provas necessárias à comprovação dos fatos alegados.
Antes de extinguir o feito, o magistrado deverá diligenciar, ainda que minimamente, para
obter as informações necessárias considerando que ele tem o poder-dever de instaurar,
ainda que de ofício, esse procedimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1812459/ES, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/03/2021 (Info 688).
3. DA PETIÇÃO DE HERANÇA

Prazo de 10 anos para ajuizar. Súmula 149 STF – É imprescritível a ação de


investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança.

Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento


de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra
quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.

Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros,
poderá compreender todos os bens hereditários.

Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo,
fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts.
1.214 a 1.222.
Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas
regras concernentes à posse de má-fé e à mora.

“Peticão de heranca. Reconhecimento de herdeira necessária. Retificação da


partilha. Restituição dos frutos. Responsabilidade pelos prejuízos a partir da
citação. O herdeiro excluído da sucessão pode demandar o reconhecimento do seu direito
sucessório e obter em juízo a sua parte na herança, consoante art. 1.824 do Código Civil.
Os herdeiros que exercem com exclusividade a posse dos bens do monte, excluindo
herdeiro necessário, cuja existência é do seu conhecimento, agem de má-fé e respondem
pelos prejuízos a partir da citação nesta ação, consoante o art. 1.826, parágrafo único,
do Código Civil. Provimento do recurso” (TJRJ, Apelação 2009.001.07769, 7ª Câmara
Cível, ReL. Des. Ricardo Couto, j. 24.03.2009, DORJ 05.06.2009, p. 148).

Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros,
sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados.
Caráter real da ação de petição.
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente
a terceiro de boa-fé.
Nota-se, assim, que a boa-fé do terceiro e a teoria da aparência têm a força de vencer a
ação de petição de herança. Desse modo, só resta ao herdeiro reconhecido
posteriormente pleitear perdas e danos do suposto herdeiro aparente, que realizou
a alienação (TJSC, Agravo de Instrumento 2004.028002-6, São João Batista, 4ª Câmara
de Direito Civil, Rei. Des. José Trindade dos Santos, DJSC 28.01.2008, p. 191).

Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado
a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder
contra quem o recebeu.

INFORMATIVO 578 DO STJ: A viúva meeira que não ostente a condição de herdeira
é parte ilegítima para figurar no polo passivo de ação de petição de herança na qual não
tenha sido questionada a meação, ainda que os bens integrantes de sua fração se
encontrem em condomínio "pro indiviso" com os bens pertencentes ao quinhão
hereditário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.500.756-GO, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 23/2/2016 (Info 578).
- Ação de petição de herança é aquela proposta por alguém que quer ser reconhecido
como herdeiro do falecido e, como via de consequência, ter direito à herança (no todo ou
em parte). Petição = pedido. Logo, petição de herança significa pedir a herança.

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