ALBERTO CARLOS MARTINELLI IERVESE FILHO
Direito Processual do Trabalho
I
Professor: Jonhson Meira
Universidade Federal da
Bahia Faculdade de
Direito Semestre 2017.2
Alberto
Iervese
Sumário
Organização da Justiça do Trabalho......................................................................3
Fontes do Processo do Trabalho............................................................................7
Competência da Justiça do Trabalho.....................................................................8
Partes e Procuradores....................................................................................21
Despesas Processuais...........................................................................................26
Procedimentos.................................................................................................30
Petição Inicial...................................................................................................32
Audiência......................................................................................................... 36
Conciliação..............................................................................................................41
Defesa do Reclamado.....................................................................................43
Ônus da Prova.........................................................................................................49
Produção de Provas................................................................................................51
Razões Finais..........................................................................................................60
Sentença...........................................................................................................61
Recursos – Teoria Geral.................................................................................63
Recursos em Espécie.............................................................................................71
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Alberto
Iervese
Organização da Justiça do Trabalho
1. Órgãos da Justiça do Trabalho (Art. 111 da CF/88)
A Justiça do Trabalho, antes uma justiça administrativa, e atualmente uma justiça
federal, possui 3 órgãos, qual sejam:
a) Juízes do Trabalho, que exercem sua jurisdição em Varas do Trabalho –
1º Grau
b) Tribunais Regionais do Trabalho (TRT’S) – 2º Grau
c) Tribunal Superior do Trabalho (TST) – 3 º Grau
OBS: A Vara do Trabalho não é órgão judicial, mas sim instância administrativa
IMPORTANTE !! ocupada pelo Juiz do Trabalho.
Juntas de Conciliação e Julgamento – Existentes até 1999 como parte da instância
da JT de 1º grau. Até a mencionada reforma processual trabalhista introduzida pela
E.C. nº 24, tinham como característica a justiça paritária (assim como toda a JT), o
que significa que além do juiz presidente, existiam dois juízes classistas indicados
pelo sindicado laboral e pelo sindicato patronal. Desde 1999, quando foram extintos
os juízes classistas, as Juntas de Conciliação e Julgamento são chamadas de Varas
do Trabalho.
Historicamente, a organização da Justiça do Trabalho no
Brasil foi inspirada no sistema dito “paritário” da Itália
fascista, que mantinha um ramo especializado do
Judiciário na solução de conflitos trabalhistas, em cuja
composição figuravam representantes do Estado (juízes
togados), da classe empresarial e da classe trabalhadora
(juízes classistas) ...... com o advento da Emenda
Constitucional n. 24, de 9 de dezembro de 1999, que
extinguiu a representação classista, a organização e a
composição dos órgãos da Justiça do Trabalho passaram por
uma considerável transformação. - Carlos Henrique Bezerra
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Leite
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Curiosidade - Deriva do fato de a Justiça do Trabalho no passado ter sido de
natureza administrativa a atual utilização das denominações “reclamado” e “reclamante”
nas peças processuais, e não autor e réu, como no processo civil.
2. Juízes do Trabalho
Os magistrados responsáveis pelas Varas do Trabalho são chamados de Juízes do
Trabalho. Em cada unidade judiciária de 1ª instância atuam um “Juiz Titular” e um
“Juiz Substituto”, ambos nomeados e empossados pelo Desembargador Presidente do
TRT após aprovação em concurso público. O juiz titular é fixo em uma Vara do
Trabalho, diferentemente do juiz substituto.
As Varas do Trabalho, que simbolizam a primeira instância da JT não possuem
cartórios e sim secretarias. A jurisdição dos juízes do trabalho que trabalham nas Varas
do Trabalho é local (o que não significa dizer municipal – pois pode abranger mais de
um município). Cabe à lei fixar a competência territorial das Varas do Trabalho.
Compete aos Juízes do Trabalho responsáveis pelas Varas do Trabalho e,
portanto, ao 1º grau da Justiça do Trabalho, processar e julgar as ações oriundas
das relações de trabalho e aquelas que, por exclusão, não sejam de competência
originária dos tribunais trabalhistas.
3. Tribunais Regionais do Trabalho (TRT’S)
• Desembargadores
Denominam-se Desembargadores do Trabalho os julgadores representantes dos
Tribunais Regionais do Trabalho. Tais ilustres devem ter mais de 35 anos e são
nomeados pelo Presidente da República. O número de desembargadores sofre alterações
de acordo com a demanda de cada TRT (O TRT da Bahia, 5ª região, possui 29
Desembargadores).
A legislação pátria (Art. 115 da CF) determina que 1/5 dos desembargadores do
trabalho deverão ser oriundos do mundo da advocacia, desde que possuam mais de dez
anos de carreira, e membros do MPT com mais de dez anos de efetivo exercício. Os
demais desembargadores do trabalho devem alcançar seu posto através de promoção
dos seus cargos de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternativamente.
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• Quantidade e Identificação dos TRT’s.
Como bem elucida Carlos Henrique Bezerra Leite, nos termos do art.674 da CLT, o
território nacional é dividido em 24 Regiões. Atualmente, existem 24 TRT’s. Em São
Paulo, são dois, um na capital, outro em Campinas. Com a nova redação do art. 112 da
CF, deixou de ser obrigatória a criação de TRT’s nos estados de Tocantis, Acre,
Roraima e Amapá (Antes a CF exigia pelo menos um TRT em cada estado da federação
e no Distrito Federal).
OBS: O Tribunal da 1ª Região fica no Rio De Janeiro, enquanto
que o Tribunal Regional da Bahia é o da 5ª Região.
• Quinto Constitucional
Nos TRT’s, 1/5 das vagas existentes para desembargadores devem ser
ocupados por membros da Ordem dos Advogados ou do Ministério Público,
que passam por um árduo e competido método de entrada, abaixo descrito.
Quinto constitucional é o mecanismo que confere vinte por cento dos assentos
existentes nos tribunais aos advogados e promotores; portanto, uma de cada cinco vagas
nas Cortes de Justiça é reservada para profissionais que não se submetem a concurso
público de provas e títulos; a Ordem dos Advogados ou o Ministério Público,
livremente, formam uma lista sêxtupla, remete para os tribunais e estes selecionam três,
encaminhando para o Executivo que nomeia um desses nomes. Essas indicações são
suficientes para o advogado ou o promotor deixar suas atividades e iniciar nova carreira,
não na condição de juízes de primeiro grau, início da carreira, mas já como
desembargador ou ministro, degrau mais alto da magistratura – Revista Online do
IBRAJUS
No que respeita ao quinto constitucional reservado ao MPT, houve quem
sustentasse que, em virtude extinção da representação classista, o “quinto”
deveria passar, por questões matemáticas, a ser “um terço”. Não foi esse,
porém, o entendimento do STF (MS n. 23.769-BA, rel. Min. Ellen Gracie).
• Funções dos TRT’s
Compete ao TRT, originariamente, processar e julgar ações de sua competência
originária, tais como dissídios coletivos, mandados de segurança e ações rescisórias; em
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grau recursal, o TRT julga os recursos das decisões das Varas do Trabalho.
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• EC n. 45/2004
A EC n. 45 de 2004 determinou que:
a) Os TRT’s devem instalar a Justiça Itinerante, com realização de audiências e
demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos. → Alargamento do acesso à
justiça;
b) É permitido que os TRT’s funcionem de forma descentralizada, mediante criação de
Câmaras Regionais que assegurem o pleno acesso do jurisdicionado à justiça.
• Organização Interna dos TRT’s
Na Bahia, estabeleceu-se Tribunal Pleno, formado por todos os desembargadores, que é
dividido em diversas seções (Ex: Seções de dissídios coletivos) e em Cinco Turmas. O
TRT da Bahia é composto de 29 desembargadores, sendo que 1/5 deles são membros da
advocacia ou membros do MP (Quinto constitucional)
A organização interna dos Tribunais Regionais do Trabalho poderá mudar de acordo co
IMPORTANTE!!!!
4. Tribunal Superior do Trabalho (TST)
A organização do TST é similar à do TRT-Bahia, foi estabelecido um Tribunal Pleno
que é divido em seções e em 8 turmas. O Tribunal possui 27 ministros. As Turmas são
constituídas, cada uma, por três ministros. No 3º grau (TST), também existe o quinto
constitucional.
5. Corregedoria Geral e Corregedoria Regional
O corregedor é aquele que exerce funções de inspeção, correição, resolução de
reclamação contra atos atentatórios da boa ordem processual praticado pelos TRT’s e
seus presidentes, quando inexistir recurso específico. A corregedoria do TST é
intitulada Corregedor-Geral (o desembargador que assumir o papel de corregedor
geral sofrerá diversas limitações, principalmente acerca da possibilidade ou não de
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voto). A Corregedoria Regional (TRT’s) pode vir a ser exercida
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cumulativa e
simultaneamente pelo Presidente do tribunal.
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Fontes do Processo do Trabalho
1. Fontes materiais
As fontes materiais são as fontes potenciais do direito processual do trabalho e
emergem, em regra, do próprio direito material do trabalho e este, por sua vez, encontra
a sua fonte nos fatos sociais, políticos, econômicos, culturais, éticos e morais de
determinado povo em dado momento histórico.
2. Fontes formais
As fontes formais do direito processual do trabalho são as que lhe conferem o caráter de
direito positivo. São aquelas que estão positivadas no ordenamento
jurídico. Carlos Henrique Bezerra Leite as divide em:
a) Formais diretas: Que abrangem a lei em sentido genérico (atos normativos e
administrativos editados pelo Poder Público) e o costume;
b) Formais Indiretas: Extraídas da doutrina e da jurisprudência;
c) Formais de Explicitação/Integrativas: Analogia, Princípios gerais do direito e
equidade.
3. Aplicação do CPC
O CPC pode ser considerando como uma das principais fontes formais diretas básicas de
caráter infraconstitucional no direito processual do trabalho.
A referida legislação é aplicada subsidiariamente (omissão total da norma trabalhista e
aplicação do CPC) e supletivamente (CPC como um suplemento à lei trabalhista) e tem
como requisitos a ocorrência de lacuna/omissão da legislação processual trabalhista, e
compatibilidade com os valores, princípios e regras do direito processual do trabalho.
(CLT) Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do
direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste
Título.
(CPC) Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas
ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente.
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Competência da Justiça do Trabalho
Competência em razão da matéria/da pessoa Entende-se a
competênci
a em razão
da pessoa
A competência da Justiça do Trabalho foi alterada pela Emenda Constitucional 45/2004.
como uma
• Antes da Emenda Constitucional 45/2004. subdivisão da
competência
Art. 114 – Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios
individuais e coletivos (1) entre trabalhadores e empregadores,
abrangidos os entes de direito público externo e da administração
pública direta e indireta (2) dos Municípios, do Distrito Federal, dos
Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da
relação de trabalho (3), bem como os litígios que tenham origem no
cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas
(1) Não é a quantidade de pessoas que caracteriza se o dissídio é individual ou coletivo,
o processo pode envolver mil pessoas e ser individual. O dissídio individual caracteriza
pela defesa dos direitos positivados na legislação, enquanto que os dissídios
coletivos tratam de interesses difusos da coletividade (Exemplo: Situação de Greve)
e podem ser de natureza jurídica (interpretação de norma legal existente) ou
econômica (criam normas).
(2) Empregados públicos regidos pela CLT.
(3) Se houvesse lei afirmando que era da Competência da Justiça do Trabalho julgar tal
tipo de controvérsia, a JT de fato teria competência para processar e julgar tais casos
(Exemplo: Pequeno empreiteiro – trabalho realizado pessoalmente, admitindo ajuda
de até 03 pessoas). Também podia a JT conciliar casos de trabalhadores avulsos.
• Após a Emenda Constitucional 45/2004.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
Principal mud
I. As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de
direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Esta
Houve ampliação das hipóteses de competência da JT. Foram incluídos, por exemplo, os trabalhadores autôno
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Alberto
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Nas palavras do professor Renato Saraiva, a relação de trabalho corresponde a
qualquer vínculo jurídico por meio do qual uma pessoa natural executa obra ou serviços
para outrem, mediante o pagamento de uma contraprestação.
Mauro Schiavi conclui que o termo relação de trabalho pressupõe trabalho prestado por
conta alheia, em que o trabalhador (pessoa física) coloca sua força de trabalho em prol
de outra pessoa (física ou jurídica), podendo o trabalhador correr ou não os riscos da
atividade. Desse modo, estão excluídas as modalidades de relação de trabalho em que o
trabalho for prestado por pessoa jurídica, porquanto, nessas modalidades, embora haja
relação de trabalho, o trabalho humano não é objeto dessas relações jurídicas, e sim um
contrato de natureza cível ou comercial.
Quando se fala em relação de trabalho incluem-se a relação de emprego, a
relação de trabalho autônomo, eventual, avulsos, voluntários e
estagiários.
Desta forma, ao alterar a redação do art.114 e retirar a necessidade de relação entre
empregado e empregador (relação de emprego), o legislador ampliou consideravelmente
o leque de situações em que a Justiça do Trabalho será competente para julgar e
processar eventuais ações, visto que podemos considerar a Relação de Trabalho como
gênero no qual está inserida a Relação de Emprego.
Neste sentido, um pedreiro, um pintor, um marceneiro ou qualquer outro profissional
autônomo que não receber todas as verbas devidas pelo serviço prestado, embora não
seja empregado do tomador de serviços em função da ausência de subordinação,
ajuizará eventual demanda perante a JT.
Antes da E.C. 45/2004 Depois da E.C. 45/2004
Antes da EC 45/2004, a Justiça do Após a EC 45/2004, a Justiça do
Trabalho era competente para Trabalho passou a ter competência para
processar e julgar apenas as ações processar e julgar qualquer relação de
envolvendo as relações de emprego, as trabalho e não só a relação de
demandas resultantes dos contratos emprego, as resultantes de pequena
de empreitada, em que o empreiteiro empreitada e as firmadas entre
fosse operário ou artífice (art. 652, a, trabalhadores portuários e
III, da CLT) e as ações entre operadores portuários ou OGMO.
trabalhadores portuários e os
operadores portuários ou o Órgão
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Alberto
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II. As ações que envolvam exercício do direito de greve;
“ [...] independente de ser um direito, é a greve um fato social, uma
liberdade pública consistente na suspensão do trabalho, quer
subordinado ou não, com o fim de se obter algum benefício de ordem
econômica, social ou humana. É em suma o direito de não trabalhar. ”
– Raimundo Simão de Melo
A JT já era competente para julgar processos envolvendo o direito de greve em si, a
mudança que trouxe a emenda foi ampliar essa competência para as ações que
envolvam o exercício do direito de greve (Exemplo: Julgar ação possessória por conta
de uma invasão de propriedade durante, motivada e por razão da greve).
“ A Justiça do Trabalho, tradicionalmente, apreciava os conflitos de greve envolvendo direitos das
classes trabalhadora e patronal, no chamado dissídio coletivo de greve, seja apreciando a
abusividade do movimento e garantia de funcionamento de atividades essenciais, seja apreciando
as cláusulas econômicas. Não apreciava a Justiça Especializada as controvérsias periféricas que
envolviam a greve, como as ações possessórias e as ações indenizatórias, em razão do movimento
grevista envolvendo as próprias partes que participam do movimento, bem como direitos de
terceiros. ” – Mauro SCHIAVI
Diante da adição realizada pela E.C. nº45/2004, que estabeleceu a JT como competente
para processar e julgar as ações que envolvam exercício do direito de greve, constata-se
que a mesma agora é competente tanto para as ações prévias (inibitórias), para assegurar
o exercício do direito de greve para a classe trabalhadora, como as ações possessórias,
para defesa do patrimônio do empregador, como as ações para reparação de danos, tanto
aos trabalhadores como aos empregadores, e até danos causados aos terceiros.
Nesta linha, o STF editou a Súmula Vinculante 23:
•Súmula
Competência da JTnºnas
Vinculante 23 greves
do STFdos
– Aservidores
Justiça dopúblicos
Trabalho é competente
para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do
Cercado de divergências. O STF entende que a JT não possui competência para
exercício do direito de greve pelos
processar e julgar ações envolvendo greves dos servidores públicos, visto que não
possui competência para processar e julgar ações envolvendo o servidor público
estatutário. Entretanto, tal entendimento possui resistência na doutrina, através de
interpretações dos incisos I e II.
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III. As ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre
sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
empregadores;
Para Mauro SCHIAVI, o Direito Sindical, indiscutivelmente, integra o Direito do
Trabalho. Por isso, toda a matéria que envolve os Sindicatos, bem como todas as ações
em que se discutam questões sindicais, deve ser apreciada pelo Judiciário Trabalhista.
Entretanto, antes da E.C. 45/2004, por tais ações não envolverem relações entre
empregado e empregador, não seriam da competência da JT. Tal informação só ressalta
a extrema importância da mudança realizada pela E.C. e positivada no já descrito inciso
primeiro deste artigo 114 acerca da ampliação da competência da JT para agora,
processar e julgar ações envolvendo relações de trabalho.
O mesmo SCHIAVI traz que, em relação ao inciso aqui discutido, atualmente há duas
vertentes diversas que tratam sobre sua interpretação:
a) Restritiva: Somente há competência da JT para as ações que versem sobre
representação sindical (disputa entre sindicatos pela representação da categoria e
fixação da base territorial), não abrangendo as controvérsias entre sindicatos e
terceiros e também entre empregados e empregadores envolvendo o exercício da
representação sindical;
b) Ampliativa: A competência da JT não restrita às ações sobre representação
sindical, mas sim às ações que envolvem matéria sindical, entre sindicatos e
empregados e sindicatos e empregadores. → No inciso aqui discutido, há uma
vírgula após o termo ações sobre representação sindical.
IV. Os mandados de segurança, habeas corpus e habeas
data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
jurisdição;
Antes mesmo da Emenda a JT já enquadrava tais ações dentro de sua competência, a
E.C. veio para positivar tal competência e colocar um fim nas divergências existentes. A
hipótese de habeas corpus mais comum (e ainda assim bem rara) é quando da
ocorrência de prisão de depositário infiel, só que tais ocorrências praticamente cessaram
em obediência ao Pacto de São José da Costa Rica. Há também a hipótese de prisão por
falso testemunho na JT ou quando há uma proibição ao seu direito de ir e vir. O habeas
data pode ser utilizado quando há uma recusa na entrega de informações necessárias.
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O depositário é um auxiliar da justiça e será nomeado no auto de constrição de bem.
No caso de penhora, o encargo pode ser recusado, como estabelece a Súmula 319
do STJ. O auxiliar tem como encargo guardar e conservar o bem evitando extravio
ou deteriorações enquanto aguarda ato judicial que determine a sua entrega,
normalmente ao que teve o direito sobre ele reconhecido em juízo, ao adjudicante
ou arrematante na execução pecuniária, ou mesmo ao executado, se o depositário
for terceiro.
O depositário judicial não se confunde com o depositário contratual que fica sujeito
a ação de depósito que visa exigir a restituição da coisa depositada, disciplinada pelos
arts. 901 a 905 do Código de Processo Civil que também prevê, sob o texto de 1973,
a prisão civil, em preceito cuja recepção pela Constituição Federal de 1988 tornou-
se controvertida.
O depositário judicial quando chamado a entregar a coisa depositada não o fizer
estará sujeito à prisão civil determinada nos próprios autos como autoriza o § 3º do
art. 666 do CPC inserido pela Lei 11.382/06.
A Súmula nº 619 do STF, anterior àquela lei, já admitia que “a prisão do depositário
judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constitui o encargo, independentemente da
propositura de ação de depósito”[10]. A súmula eliminava resistência dos que entendiam
não ser possível requerê-la nos próprios autos em que fora feito o depósito,
exigindo a ação autônoma.
Para ser decretada a prisão civil do depositário infiel era necessário que tivesse
assumido expressamente este encargo, por declaração de vontade, assinada
pessoalmente ou por seu advogado. A prisão somente não seria decretada no caso do
depositário provar caso fortuito ou força maior.
O Plenário do STF, no entanto, no dia 03 de dezembro de 2008 negou provimento ao
recurso extraordinário nº 466343 que discutia prisão de alienante fiduciário infiel,
interpretando a EC 45/04 aplicou o Pacto de San Jose, e revogou a Súmula nº 619 para
somente admitir a prisão no caso de dívida alimentar. (Fonte: Âmbito Jurídico)
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V. Os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o
A análise deste inciso será realizada em momento posterior.
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VI. As ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho;
Assim como os mandados de segurança e habeas corpus, apesar da ausência de previsão
expressa, essa competência já era exercida pela JT. Incomodado com essa ausência que
causava discussões, o legislador optou por positivar tal competência para cessar
quaisquer dúvidas e divergências doutrinárias acerca da competência da JT para esses
tipos de ação.
“ Importante assinalar que, antes da E.C. n.45/2004, já havia entendimento doutrinário e
jurisprudencial no sentido de que as ações que tivessem por objeto a indenização por danos
morais propostas pelo empregado em face do empregador, ou seja, decorrentes de uma relação
de emprego, estariam sob a competência da Justiça do Trabalho, ainda que o juiz tivesse de
aplicar normas de direito civil. ” – Carlos Henrique BEZERRA LEITE
Através da nova redação do art.114 da CF, promovida pela E.C. n.45/2004, foram
transferidas para a Justiça do Trabalho as ações de indenização por dano moral ou
patrimonial propostas por outros trabalhadores não empregados (eventuais, avulsos,
autônomos, subordinados atípicos ou parassubordinados) em face dos respectivos
tomadores de serviços, desde que não haja lei dispondo, expressamente, ser a
Justiça Comum a competência para processá-las e julgá-las.
VII. As ações relativas às penalidades administrativas impostas
aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações
de trabalho;
Essas ações que envolvem o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) antes não eram
possíveis de serem da competência da JT, pois não decorriam de relação de emprego.
Tais ações, por força da regra geral fixada no art.109, I da CF/88, eram da Justiça
Federal Comum a competência para processá-las e julgá-las.
IMPORTANTE: Não confundir MPT com MTE.
VIII.A execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no
art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
sentenças que proferir;
A análise deste inciso será realizada em momento posterior.
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IX. Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,
na forma da lei.
Inciso aparentemente desnecessário devido a não mais ser exigido que os litígios sejam
decorrentes de relação empregado-empregador. Entretanto, a inclusão deste inciso abre
espaço para demais ampliações de competências que por ventura venham a ser
realizadas.
Nas palavras de Mauro Schiavi:
“ Com a E.C. n.45/04, houve uma alteração no eixo central da competência da Justiça
do Trabalho, pois o que antes era exceção, ou seja, apreciar as controvérsias que
envolvem a relação de trabalho, agora passou a ser a regra geral ”.
Determinados autores (Schiavi, por exemplo) entendem que qualquer situação
decorrente de relação de trabalho, seja ela qual for, mesmo que seja envolvendo
médicos, advogados e similares, são aptas a serem julgadas pela JT, entretanto
IMPORTANTE
não é esse o entendimento majoritário na jurisprudência, que entende que não
será da competência da JT quando envolver o chamado “consumidor final”,
nesses casos a competência será da Justiça Civil.
Sobre o tema, assim leciona o professor Roberto Saraiva:
“ O Código de Defesa do Consumidor possibilita que a relação de consumo também
tenha por objeto a prestação pessoal de serviços (art. 3.0, § 2.0, da Lei 8.078/1990). Pois
bem, nessa hipótese, a relação jurídica formada entre o prestador do serviço
(fornecedor) e o destinatário do mesmo serviço (consumidor) apresenta-se sob dois
ângulos distintos. Caso o litígio entre o fornecedor e o consumidor envolva relação de
consumo, ou seja, a discussão gire em torno da aplicação do Código de Defesa do
Consumidor, entendemos que a Justiça do Trabalho não terá competência para processar
e julgar a demanda, uma vez que a pretensão deduzida em juízo não está afeta à relação
de trabalho. Todavia, se o litígio entre o prestador de serviços e o consumidor abranger
a relação de trabalho existente entre ambos, como no caso de não recebimento pelo
fornecedor pessoa física do numerário1 contratado para a prestação dos respectivos
serviços, não há dúvida que a Justiça do Trabalho será competente para processar e
julgar a demanda. ”
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1 A palavra numerário refere-se à dinheiro.
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No mesmo sentido, posicionam-se Rodolfo Pamplona Filho e Tercio Souza:
“ Agora todas as ações oriundas das relações de trabalho (para muitos, relações de
emprego), no que não temos como desprezar os contratos civis, consumeristas ou outros
contratos de atividade (quando se referirem à discussão sobre a valorização do trabalho
humano), deverão ser ajuizadas, ou ao menos deveriam, a partir da Reforma do
Judiciário, na Justiça do Trabalho. Dessa forma, sem o animus de taxatividade,
afirmamos que tanto uma ação envolvendo o descumprimento de regras de um contrato
quanto uma ação de cobrança de honorários advocatícios, prestados por profissional
autônomo, deveriam, em nossa opinião, ser apreciadas na Justiça Laboral. Contratado,
porém, determinado escritório (e não um profissional específico), o contratante deverá
ajuizar sua ação na Justiça Comum. Já o próprio advogado, que presta serviços a esse
escritório, não como titular ou empregado, mas como associado, pode ainda quando
autônomo reclamar dele na Justiça do Trabalho os seus honorários eventualmente
inadimplidos, valendo o mesmo raciocínio, por exemplo, para trabalhadores
cooperativos para recebimento de seus créditos perante a cooperativa; estagiários para
percepção de bolsa-auxílio que lhe foi sonegada; representantes comerciais autônomos
pelas comissões e honorários não recebidos etc. Isso, obviamente, não quer dizer que o
direito material correspondente será o mesmo, mas sim, apenas, que o órgão
responsável pela sua jurisdição será único.
Entretanto, o posicionamento do STJ se direciona em sentido diverso:
O STJ direciona seu entendimento em sentido contrário, sustentando a exclusão das
Súmula 363 do STJ - Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de
relações de consumo em que há um prestador, pessoa natural, da competência da Justiça
cobrança
do Trabalho. Coerente ajuizada
com por profissional
esse entendimento, assimliberal
afirmacontra
Otáviocliente.
Amaral Calvet: “
Questões similares à relação de emprego (em sentido estrito), pela hipossuficiência de
uma das partes e pela concessão de benefícios a ela em busca de uma igualdade
substantiva, há de se ressaltar que, na relação de consumo o protegido é o consumidor e,
em hipótese alguma, o prestador dos serviços, este aparecendo como o detentor do
poder econômico que oferece publicamente seus préstimos, auferindo ganhos junto aos
consumidores. Transportando para as relações de trabalho em sentido lato, seria no
mínimo estranho imaginar-se o deferimento de uma tutela especial ao consumidor que,
no caso, apareceria também como tomador dos serviços, reconhecendo-se-lhe,
simultaneamente, duas posições que se afiguram incompatíveis
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ontologicamente: a fragilidade do consumidor com a de contratante beneficiado pela
energia de trabalho (tomador de serviços). Assim, resta caracterizada a segunda
premissa para a caracterização das relações de trabalho da competência da Justiça do
Trabalho: o tomador dos serviços não pode ser o usuário final, mas o mero utilizador da
energia de trabalho para a consecução de sua finalidade social (ainda que seja o tomador
pessoa natural ou ente despersonalizado). ”
Competência em razão do local
• Regra Geral – Varas do Trabalho
(CLT) Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e
Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado,
reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda
que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.
A regra geral da competência da Justiça do Trabalho é a do local de prestação do
serviço, pois, visando proteger o empregado e facilitar seu acesso à justiça, o legislador
entendeu que esse é o local onde o mesmo pode mais facilmente pleitear a obediência
aos seus direitos em juízo ou exerceu seu contraditório em processos que por ventura
venham a ser movidos pelo empregador.
OBS: “Juntas de conciliação e julgamento” - leia-se varas do trabalho.
• Exceções – Varas do Trabalho
§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante
comercial, a competência será da Junta da localidade em que
a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja
subordinado e, na falta, será competente a Junta da
localização em que o empregado tenha domicílio ou a
localidade mais próxima
Agente é o representante da empresa em determinado local, enquanto que o viajante é
aquele que representa a empresa em suas viagens. Essa regra foi implementada visando
a facilitação do acesso à justiça por parte do trabalhador.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 21
Alberto
Iervese
IMPORTANTE Nos contratos de emprego é vedada a inserção de cláusula de eleição de foro
Tal entendimento acima apresentado possui grande força na jurisprudência
nacional, que visualiza a incompatibilidade mesmo sem nada neste sentido estar
disposto na CLT. Essa corrente tem como base a incompatibilidade deste
instituto com os dissídios individuais ou coletivos de trabalho, na medida em que
a orientação é facilitar o acesso do trabalhador ao órgão jurisdicional,
considerando sua hipossuficiência econômica.
Entretanto, Carlos Henrique BEZERRA LEITE, à luz do mesmo princípio
constitucional do amplo acesso à justiça, pede licença para discordar do
supramencionado entendimento ao afirmar que, como todas as regras previstas
no art. 651 da CLT tem como objetivo central a facilitação do acesso à justiça
para o cidadão trabalhador, presumivelmente vulnerável e hipossuficiente, é preciso
analisar no caso concreto a validade do foro de eleição firmado no contrato de
emprego (via de regra, um contrato de adesão), e examinar se o mesmo é mais
benéfico ao empregado para assegurar-lhe o pleno acesso à justiça do trabalho.
Pois, segundo o autor, há apenas ganhos para o empregado no sentido de facilitar
o acesso à justiça, pois, ainda que o local do foro de eleição seja mais benéfico
ao trabalhador, mesmo assim poderá o empregado ingressar com sua ação no
local competente diverso do foro de eleição, situação em que estará abrindo mão
de uma vantagem processual.
§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento,
estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em
agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em
contrário.
A legislação pátria nesse parágrafo em estudo protege apenas o nacional, que trabalha
em agência ou filial no estrangeiro, e somente em situações em que não haja convenção
internacional dispondo em contrário. O professor Jonhson entende que o foro
competente no Brasil será aquele que for mais benéfico ao trabalhador.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 22
Alberto
Iervese
§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização
de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é
assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da
celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos
serviços.
Mais uma vez buscando proteger o acesso à justiça do trabalhador, em situações em que
o trabalhador exerce suas funções fora do local do contrato do trabalho, o mesmo pode
apresentar sua reclamação em ambos os locais, é uma faculdade do empregador.
Exemplo utilizado pelo professor Jonhson: O motorista de ônibus intermunicipal e um
funcionário de circo: Tais empregados podem apresentar suas reclamações em qualquer
uma das cidades que exerceram suas funções justificando tal escolha perante o julgador,
que observará a situação de acordo com o acesso à justiça.
• Competência Territorial dos TRT’s
Art. 677 - A competência dos Tribunais Regionais determina-se
pela forma indicada no art. 651 e seus parágrafos e, nos casos
de dissídio coletivo, pelo local onde este ocorrer
Competência funcional
A competência funcional (em razão da função) é fixada em virtude de certas atribuições
especiais conferidas aos órgãos judiciais em determinados processos.
• Competência Funcional dos Juízes do Trabalho
Antigamente exercida pelo Juiz Presidente (atualmente denominado juiz titular) em
conjuntos com os juízes classistas. Após a E.C. 45/2004, passa a ser exercida
monocraticamente pelo Juiz Titular, que pode ser auxiliado ou substituído pelo Juiz
Substituto.
A competência funcional das Varas do Trabalho está prevista no art.652 da CLT, in verbis:
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Alberto
Iervese
Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento
a) conciliar e julgar: de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da
relação de trabalho;
I - os dissídios em que se pretenda o
reconhecimento da estabilidade de b) processar e julgar os inquéritos para
empregado; apuração de falta grave;
II- os dissídios concernentes a c) julgar os embargos opostos às suas
remuneração, férias e indenizações por próprias decisões;
motivo de rescisão do contrato
individual de trabalho; d) impor multas e demais penalidades
relativas aos atos de sua competência;
III - os dissídios resultantes de contratos de
empreitadas em que o empreiteiro seja Parágrafo único - Terão preferência para
operário ou artífice; julgamento os dissídios sobre pagamento
de salário e aqueles que derivarem da
IV - os demais dissídios concernentes ao falência do empregador, podendo o
contrato individual de trabalho; Presidente da Junta, a pedido do
interessado, constituir processo em
V - as ações entre trabalhadores separado, sempre que a reclamação
portuários e os operadores portuários também versar sobre outros assuntos.
ou o Órgão Gestor
• Competência Funcional dos TRT’s
A competência funcional dos TRT’s, quando divididos em Grupos de Turmas, deverá
observar o disposto no art.6º da Lei n.7.701/88 e o respectivo Regimento Interno, ou
seja, um Grupo de Turma, necessariamente, terá competência para apreciar e julgar os
dissídios coletivos. Ocorre que nem todos os TRT’s possuem Grupos de Turmas.
Alguns deles funcionam apenas com o Pleno; outros, com Pleno e Turmas.
Art. 678 - Aos
O art.678 da Tribunais
CLT defineRegionais, quandofuncional
a competência divididosdos
em TRT’s
Turmas,quando
compete:
dividido em
I - ao Tribunal Pleno, especialmente: 2) a extensão das decisões proferidas em
dissídios coletivos;
a) processar, conciliar e julgar
originariamente os dissídios coletivos; 3) os mandados de segurança;
b) processar e julgar originariamente: 4) as impugnações à investidura de vogais e
seus suplentes nas Juntas de Conciliação e
1) as revisões de Julgamento;
sentenças normativas;
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Alberto
Iervese
c) processar e julgar em última instância: 2) as reclamações contra atos administrativos
de seu presidente ou de qualquer de seus
1) os recursos das multas impostas pelas membros, assim como dos juízes de primeira
Turmas; instância e de seus funcionários.
2) as ações rescisórias das decisões das Juntas II - às Turmas:
de Conciliação e Julgamento, dos juízes de
direito investidos na jurisdição trabalhista, das a) julgar os recursos ordinários previstos no art.
Turmas e de seus próprios acórdãos; 895, alínea a ;
3) os conflitos de jurisdição entre as b) julgar os agravos de petição e de
suas Turmas, os juízes de direito investidos instrumento, êstes de decisões denegatórias de
na jurisdição trabalhista, as Juntas de recursos de sua alçada;
Conciliação e Julgamento, ou entre aqueles
e estas; c) impor multas e demais penalidades relativas
e atos de sua competência jurisdicional, e julgar
d) julgar em única ou última instâncias: os recursos interpostos das decisões das Juntas
dos juízes de direito que as impuserem.
1) os processos e os recursos de natureza Parágrafo único. Das decisões das Turmas não
administrativa atinentes aos seus serviços caberá recurso para o Tribunal Pleno, exceto no
auxiliares e respectivos servidores; caso do item I, alínea "c", inciso 1, deste artigo
Já o art. 679 da CLT define a competência dos Tribunais não divididos em turmas, in
Art. 679 - Aos Tribunais Regionais não divididos em Turmas, compete
o julgamento das matérias a que se refere o artigo anterior, exceto
a de que trata o inciso I da alínea c do Item I, como os conflitos de
jurisdição entre Turmas.
• Competência Funcional do TST
Como bem ensina Carlos Henrique BEZERRA LEITE, O TST tem por principal função
uniformizar a jurisprudência trabalhista. A competência do TST está disciplinada pela Lei
n. 7.701, de 21 de dezembro de 1988, e pela Resolução Administrativa n. 1.295/2008 (DJU 9-
5-2008), que instituiu o Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho – RITST.
Compete, pois, ao TST, nos termos do art.67 do seu Regimento Interno, processar, conciliar e
julgar, na forma da lei, em grau originário ou recursal ordinário ou extraordinário, as
demandas individuais e os dissídios coletivos eu excedam a jurisdição dos Tribunais
Regionais, os conflitos de direito sindical, assim como outras controvérsias decorrentes de
relação de trabalho, e os litígios relativos ao cumprimento de suas próprias decisões, de
laudos arbitrais e de convenções e acordos coletivos.
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Alberto
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Partes e Procuradores
1. Jus Postulandi
Jus Postulandi é o direito de postular em juízo, que na Justiça do Trabalho,
excepcionalmente, de forma similar ao que acontece no Sistema dos Juizados Especiais
Cíveis, pode ser exercido pelas partes, seja ela empregado ou empregador, conforme art.
791 da CLT, ou por procurador.
Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar
pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas
reclamações até o final.
§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores
poderão fazer-se representar por intermédio do sindicato, advogado,
solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil.
§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a
assistência por advogado
Sempre foi polêmica a questão do Just Postulandi da parte na JT. Há quem o defenda,
argumentando, que é uma forma de viabilizar o acesso do trabalhador à Justiça,
principalmente aquele que não tem condições de contratar o advogado. Entretanto, há
também quem o critique, como o doutrinador MAURO SCHIAVI, que entende que
com o advento da E.C. nº45/2004 e a vinda de outras ações para a Justiça do Trabalho
que não são oriundas da relação de emprego, não mais se justifica a existência do Jus
Postulandi, até mesmo pelo fato da complexidade das relações jurídicas que decorrem
da relação de emprego.
Para SCHIAVI, a parte assistida por advogado tem maiores possibilidades de êxito no
processo, assegurando o cumprimento do princípio constitucional do acesso real à
Justiça do Trabalho, e também uma ordem jurídica justa. Neste sentido, diante também
da complexidade das causas que tramitam na JT, a não assistência por advogado, ao
invés de facilitar, acaba dificultando o acesso à justiça.
Hoje, a parte não estar assistida por advogado na Justiça do Trabalho é
exceção
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 26
Alberto
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A Súmula 425 do TST estabelece limitações para o exercício do Jus Postulandi das
partes (pessoas leigas). Segundo o supramencionado entendimento sumular o Jus
Postulandi destes somente se estende até a atuação perante os Tribunais Regionais, não
alcançando a atuação perante o Tribunal Superior do Trabalho, o que o professor
Jonhnson entende ser uma interpretação contra legem e prejudicial ao acesso à justiça.
Súmula 425 do TST – O jus postulandi das partes,
estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do
Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não
alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior
do Trabalho.
Em relação aos trabalhadores não envolvidos em relação empregado/empregador, a
possibilidade de postularem em juízo sem advogado é um tema controvertido. Nos
inclinamos para o posicionamento minoritário, que entende que deve ser permitido tal
forma de atuação, com fundamento no acesso à justiça. Entretanto, como destacamos,
nosso entendimento possui caráter minoritário e encontra forte resistência na doutrina,
como pode ser constatado pelo trecho abaixo transcrito.
“ (...) o jus postulandi na Justiça do Trabalho somente é observado para as ações relativas à relação
de emprego e também para a pequena empreitada (art.652, III, da CLT). Para as demais ações
relativas à relação de trabalho, em nosso sentir, o trabalhador necessita de advogado. ” – MAURO
SCHIAVI
Existe um dispositivo que trata dos honorários na situação acima mencionada, qual seja
a Instrução Normativa nº27 do TST, que trata de normas procedimentais aplicáveis ao
processo do trabalho em decorrência da ampliação da competência da JT pela E.C. nº
45/2004 (LEITURA RECOMENDADA).
TST, I.N. nº27, Art. 5º - Exceto nas lides decorrentes de
relação de emprego, os honorários advocatícios são devidos
pela mera sucumbência.
Interpretando tal instrução normativa, a doutrina, em sua maioria, bem como os
Tribunais Brasileiros, entende que a redação produzida pelo legislador, onde excetuou
apenas as lides oriundas de relação de emprego, faz com que a lei manifeste sua vontade
de forma implícita no sentido de não permitir a postulação em juízo sem advogado
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nos casos oriundos de relação de trabalho.
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Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 28
Alberto
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Ocorre que entendemos em sentido diverso, visto que, em nossa visão, a mera existência
do supramencionado dispositivo, que apenas regula como ocorrerá a aplicação dos
honorários de sucumbência, não obriga a constituição de um procurador para a
postulação em juízo, apenas regula o funcionamento dos honorários sucumbenciais para
os casos em que existe procurador constituído nos autos.
Apesar de concordarmos com o posicionamento do professor SCHIAVI quanto à uma
maior probabilidade de êxito no processo nas situações em que a parte é assistida por
advogado, entendemos que deve ser reconhecida a possibilidade de os trabalhadores
ingressarem com suas reclamações sem advogado, visto que esta oportunidade é
reconhecida aos empregados e empregadores.
2. Mandato
No processo do trabalho o mandato é admitido em três modalidades: expresso,
tácito e apud acta.
a) Mandato expresso → Trata-se da Procuração prevista no art. 105 do CPC, que é a
procuração geral para o foro, a chamada ad judicia, que confere poderes gerais, ou,
por determinação expressa do outorgante, poderá caracterizar a procuração et extra,
em que será delimitado de forma quais poderes extras, ou seja, além dos gerais, o
outorgado possuirá.
b) Mandato tácito → Aquele que, apesar de nos autos não constar instrumento de
mandato, decorre de um comportamento ou um conjunto de comportamentos, tal como
sentar ao lado do representado na audiência. É aceito na JT, entretanto, é vedado
substabelecer e apenas confere poderes gerais ad judicia.
c) Mandato apud acta → Aquele previsto no art.16 da Lei 1060/50 (Lei da Defensoria
Pública), nele o juiz determina a inserção dos termos do mandato na ata de audiência
e, exceto se houver previsão expressa de outorga de poderes especiais, os poderes
do advogado serão apenas os da cláusula ad judicia. Em 2011 foi adicionada à CLT o
§3º do seu art.791, que admite a possibilidade de constituição de procurador com
inserção na ata de audiência por requerimento verbal do advogado interessado, com
anuência da parte interessada. Apesar do professor Jonhnson entender tal situação
como um novo tipo de mandato (o mesmo reconhece a proximidade com o mandato
apud acta), a doutrina entende o mencionado dispositivo como uma forma de
reconhecimento e consagração do mandato apud acta.
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Alberto
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§ 3o. A constituição de procurador com poderes para o foro em
geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de
audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com
anuência da parte representada.
3. Honorários Advocatícios
Antes da reforma não existia condenação a honorários advocatícios como regra geral. A
condenação somente seria cabível se estivesse assistido pelo sindicato dos empregados e
se recebesse menos que dois salários mínimos ou comprovar que não pode demandar
sem prejuízo próprio ou de sua família (Súmula 219 do TST). Depois da reforma, foi
criado o art.791-A da CLT, que permite a cobrança de honorários como regra
geral, com base no princípio da sucumbência.
Os honorários serão fixados pelo juízo devendo observar o grau de zelo do profissional, o lugar de
prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, bem como o trabalho realizado pelo advogado
e o tempo exigido para o seu serviço. Esses critérios são os mesmos utilizados no artigo 50 parágrafo 2º
do Código de Processo Civil. Entretanto, o valor definido na seara trabalhista deve permanecer no limite
entre 5% e 15%. Nos casos de procedência parcial haverá honorários de sucumbência recíproca, porém
não poderá ser realizada a compensação entre os valores de honorários advocatícios. Serão devidos os
honorários ainda na reconvenção, nas ações contra a fazenda pública, e naquelas em que a parte está
assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria. – Fonte: JOTA
“O reclamante que perder uma ação, ainda que de forma parcial será responsabilizado pelo
pagamento dos honorários advocatícios da parte contrária. Mesmo que seja beneficiário da Justiça
Gratuita não ficará livre de responder por honorários de sucumbência.
Se tiver créditos a receber ainda que seja em outro processo os honorários advocatícios serão
cobrados. Se não tiver créditos a exigência do pagamento ficará suspensa, podendo ser retomada
se demonstrada que a situação do reclamante se modificou. Após dois anos subsequentes ao
trânsito em julgado da decisão que as certificou a impossibilidade da cobrança a exigência será
extinta.
Essa alteração na legislação a nosso ver deve provocar uma redução no número de reclamações
trabalhistas. A avaliação para o ingresso da ação reclamatória terá que ser mais criteriosa pelos
riscos d o insucesso da ação, que pode importar em custos para o reclamante. Por outro lado,
as empresas, também passam a ter um risco maior, pois em caso de condenação agora também
respondem
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por honorários de sucumbência. ” – Fonte: A Tribuna.
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Art. 791 – A. Ao advogado, ainda que §3º. Na hipótese de procedência parcial, o
atue em causa própria, serão devidos juízo arbitrará honorários de sucumbência
honorários de sucumbência, fixados recíproca, vedada a compensação entre
entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e honorários.
o máximo de 15% (quinze por cento)
§4º. Vencido o beneficiário da justiça
sobre o valor que resultar da liquidação
gratuita, desde que não tenha obtido em
da sentença, do proveito econômico
juízo, ainda que em outro processo, créditos
obtido ou, não sendo possível mensurá-
capazes de suportar a despesa, as
lo, do valor atualizado da causa.
obrigações decorrentes de sua
§1º. Os honorários são devidos também nas sucumbência ficarão sob condição
ações contra a Fazenda Pública e nas suspensiva de exigibilidade e somente
ações em que a parte estiver assistida ou poderão ser executadas se, nos dois anos
substituída pelo sindicato de sua categoria subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou, o credor
§2º. Ao fixar os honorários, o juízo
observará: demonstrar que deixou de existir a situação
de insuficiência de recursos que justificou a
I. O grau de zelo do profissional;
concessão de gratuidade, extinguindo-se,
II. O lugar da prestação do serviço;
passado esse prazo, tais obrigações do
III. A natureza e a importância da
beneficiário.
causa;
IV. O trabalho realizado pelo advogado
e o tempo exigido para o seu
serviço.
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Alberto
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Despesas Processuais
As custas processuais correspondem ao preço ou à despesa inerente ao uso ou à
prestação do serviço público de justiça e possuem natureza jurídica de taxa
(correspondem a uma “taxa judiciária”). A prestação da atividade jurisdicional, a
cargo do Poder Judiciário, é serviço público remunerado, daí que cabe às partes o ônus
de arcar com as despesas processuais. No processo são praticados uma série de atos,
alguns a cargo dos litigantes e outros a cargo dos juízes e auxiliares, que geram um
custo financeiro, custo esse que deve ser suportado pelas partes, exceto nos casos de
pobreza reconhecida, em que o Estado concede a gratuidade processual.
Os emolumentos são taxas remuneratórias de serviços públicos, tanto notarial, quanto
de registro, configurando uma obrigação pecuniária a ser paga pelo próprio requerente
e, por essa razão, não constituem requisito essencial ou complementar da sentença
trabalhista, pois a responsabilidade pelo seu pagamento não é do sucumbente e, sim,
do requerente.
3.1– Das custas e emolumentos na Justiça do Trabalho
Na Justiça do Trabalho e nas demandas propostas na Justiça Estadual, no exercício
da jurisdição trabalhista, as CUSTAS relativas ao processo de conhecimento, serão
pagas pelo vencido, incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo
de R$ 10,64 e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do
Regime Geral de Previdência Social*.
* O limite máximo, em consulta realizada em 09/11/2017, é de R$ 5.531,31.
A reforma trabalhista causou impacto no tema, visto que antes de sua aprovação
inexistia teto máximo, apenas o teto mínimo, de R$ 10,64, o que ocasionava custas
extremamente altas e injustas em processos em que o valor de cálculo fosse elevado.
Em sentido diverso, os EMOLUMENTOS, por força do art. 789-B, serão pagos pelo
requerente do serviço e deverão obedecer a tabela apresentada no dispositivo legal
supramencionado.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 33
Alberto
Iervese
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos IV – quando o valor for indeterminado, sobre o
dissídios coletivos do trabalho, nas ações e que o juiz fixar.
procedimentos de competência da Justiça do
Trabalho, bem como nas demandas propostas § 1o As custas serão pagas pelo vencido,
perante a Justiça Estadual, no exercício da após o trânsito em julgado da decisão. No
jurisdição trabalhista, as custas relativas ao caso de recurso, as custas serão pagas e
processo de conhecimento incidirão à base de comprovado o recolhimento dentro do prazo
2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ recursal.
10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos)
e o máximo de quatro vezes o limite máximo
§ 2o Não sendo líquida a condenação, o juízo
dos benefícios do Regime Geral de Previdência
arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das
Social, e serão calculadas:
custas processuais.
I – quando houver acordo ou condenação, § 3o Sempre que houver acordo, se de outra
sobre o respectivo valor; forma não for convencionado, o pagamento das
custas caberá em partes iguais aos litigantes.
II – quando houver extinção do processo, sem
julgamento do mérito, ou julgado totalmente § 4o Nos dissídios coletivos, as partes vencidas
improcedente o pedido, sobre o valor da responderão solidariamente pelo pagamento
causa; das custas, calculadas sobre o valor arbitrado
na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal.
III – no caso de procedência do pedido
formulado em ação declaratória e em ação
constitutiva, sobre o valor da causa;
3.2 - Da Assistência Judiciária Gratuita
Em decorrência do princípio constitucional do Acesso à Justiça, o Estado assume para si
a obrigação de prestar assistência judiciária gratuita para aqueles que comprovarem a
insuficiência de recursos.
A assistência judiciária gratuita é o direito da parte de ter um advogado do Estado
gratuitamente, bem como estar isenta de todas as taxas e despesas processuais.
Os requisitos para concessão da assistência judiciária gratuita na Justiça do Trabalho
estão previstos na Lei nº 5584/1970, em seu art. 14 e seguintes. São eles:
a) A parte precisa estar representada por seu sindicato;
b) A parte precisa ganhar até dois salários mínimos, ou, ganhando mais que isso,
provar sua hipossuficiência.
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Na Justiça do Trabalho, cabe aos sindicatos e não aos defensores públicos a
concretização da Assistência Judiciária Gratuita, esta somente sendo assumida pelos
defensores quando inexistir sindicato da categoria profissional do trabalhador, conforme
art.17 da Lei 5.584/70.
Art. 14. Na Justiça do Trabalho, a
assistência judiciária a que se refere a § 2º A situação econômica do trabalhador
Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será comprovada em atestado fornecido
será prestada pelo Sindicato da categoria pela autoridade local do Ministério do
profissional a que pertencer o Trabalho e Previdência Social, mediante
trabalhador. diligência sumária, que não poderá exceder
de 48 (quarenta e oito) horas.
§ 1º A assistência é devida a todo aquele
que perceber salário igual ou inferior ao § 3º Não havendo no local a autoridade
dobro do mínimo legal, ficando assegurado referida no parágrafo anterior, o atestado
igual benefício ao trabalhador de maior deverá ser expedido pelo Delegado de
salário, uma vez provado que sua situação Polícia da circunscrição onde resida o
econômica não lhe permite demandar, sem empregado.
prejuízo do sustento próprio ou da família.
Art 16. Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do Sindicato
assistente.
Art 17. Quando, nas respectivas comarcas, não houver Juntas de Conciliação e
Julgamento ou não existir Sindicato da categoria profissional do trabalhador, é atribuído
aos Promotores Públicos ou Defensores Públicos o encargo de prestar assistência
judiciária prevista nesta lei.
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo, a importância proveniente da
condenação nas despesas processuais será recolhida ao Tesouro do respectivo Estado.
Art 18. A assistência judiciária, nos termos da presente lei, será prestada ao trabalhador
ainda que não seja associado do respectivo Sindicato
3.3 - Da Justiça Gratuita
Costuma-se entender a Justiça Gratuita como uma espécie dentro do gênero Assistência
Judiciária Gratuita. Como toda espécie, sua abrangência é menor que a do seu gênero.
Segundo SCHIAVI, consiste a Justiça Gratuita no direito à gratuidade de taxas
judiciárias, custas, emolumentos, honorários de perito, despesas com editais, etc. Não
terá a parte direito à advogado do Estado gratuitamente, mas não pagará as
despesas do processo.
A Reforma Trabalhista alterou a regulamentação referente à concessão do benefício da
Justiça Gratuita.
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Atualmente, para a concessão do benefício da Justiça Gratuita exige-se que a parte
receba salário igual ou inferior à 40% do limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social ou que comprove a insuficiência de recursos para o
pagamento das custas do processo.
Art. 790, § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais
do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o
benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles
que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.
Antes da reforma, exigia-se que a parte recebesse salário igual ou inferior ao dobro do
mínimo legal ou declarar, sob as penas da lei, a impossibilidade de pagamento das
custas sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.
• Honorários Periciais e Justiça Gratuita
Por determinação do art. 790-B, o benefício da Justiça Gratuita não exime o beneficiário
da obrigação de pagar, mesmo que de forma parcelada, os honorários periciais, caso
sucumbente, exceto se não tiver obtido, ainda que em outro processo, créditos capazes
de suportar a despesa, hipótese em que a obrigação recairá sobre a União.
§ 2o O juízo poderá deferir parcelamento
Art. 790-B. A responsabilidade pelo
dos honorários periciais.
pagamento dos honorários periciais é da
parte sucumbente na pretensão objeto da
perícia, ainda que beneficiária da justiça § 3o O juízo não poderá exigir adiantamento
gratuita. de valores para realização de perícias.
§ 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, § 4o Somente no caso em que o beneficiário
o juízo deverá respeitar o limite máximo da justiça gratuita não tenha obtido em juízo
estabelecido pelo Conselho Superior da créditos capazes de suportar a despesa
Justiça do Trabalho. referida no caput, ainda que em outro
processo, a União responderá pelo encargo
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Alberto
Iervese
Procedimentos
1. Procedimentos Trabalhistas
1.1 – Procedimento Sumário
Procedimento rápido, criado objetivando as pequenas causas. Cabível nos processos que
possuam valor da causa até dois salários mínimos. Previsto no §3º do art.2º da Lei
5.584/70. Da decisão proferida em processo regido sob o procedimento sumário não
cabe recurso, salvo se for matéria constitucional. Na ata de audiência constará apenas
um resumo dos atos importantes que ocorreram e não a narração de todos os fatos que
aconteceram.
1.2 – Procedimento Sumaríssimo
Embarca as causas que possuam valor que oscilam entre 02 e 40 salários mínimos.
Regido pela Lei n. 9.957/00 e previsto na CLT do art. 852-A até o art. 852-I. Aqui não
há uma limitação tão grande para efeito de recurso quanto no procedimento sumário,
entretanto, não cabe a interposição de todos os recursos.
1.3 – Procedimento Ordinário
Também denominado procedimento trabalhista comum. Aplicado nas causas com valor
acima de 40 salários mínimos. Nesse procedimento não há limitação quanto à
possibilidade de interposição de recursos.
1.4 – Procedimentos Especiais
São procedimentos que têm características especiais, previstos no próprio texto da CLT.
São eles: Inquérito judicial para apuração de falta grave (Art. 853 e seguintes da CLT);
Dissídio Coletivo (Art. 856 e seguintes da CLT); e Ação de Cumprimento (Art. 872 da
CLT).
2. Do procedimento para as ações decorrentes de relação de trabalho
Considerando que o grande objetivo da E.C. nº 45/2004 em aumentar a competência da
JT foi facilitar o acesso à justiça, seria incoerente exigir um procedimento burocrático
nessas situações. Desta forma, para estas ações utiliza-se os procedimentos acima
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Alberto
previstos, que são revestidos pelo princípio da celeridade processual.
Iervese
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Alberto
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3. Procedimento Sumaríssimo – Análise do procedimento
Trata-se de procedimento diferenciado previsto nos art. 852-A a 852-I das
Consolidações da Lei do Trabalho.
O procedimento sumaríssimo é aplicável às causas cujo valor seja de 2 (dois) até 40
(quarenta) salários mínimos. Não se aplica, no entanto, para os entes da Administração
Pública direta, autárquica e fundacional.
Neste procedimento se aplica as regras específicas previstas e, inexistindo previsão
sobre determinado tema, aplica-se as normas relativas ao procedimento ordinário.
O pedido deve ser certo e determinado.
No procedimento sumaríssimo não é aceita a citação por edital. Se o reclamado
não for encontrado, o processo será arquivado, com custas para o reclamante. Entretanto, se o
reclamante já na petição inicial indicar que o réu se encontra em local incerto ou não sabido,
e, por isso, deverá ser citado por edital, o processo tramitará pelo rito ordinário.
A audiência aqui é única e não comporta divisão (Art. 852 – C da CLT).
A conciliação aqui pode ser proposta a qualquer momento, assim como no ordinário,
só que neste aqui as tentativas são feitas em uma maior intensidade. Outra diferença é que
neste procedimento não existem momentos em que a tentativa é obrigatória, como ocorre no
ordinário.
Os incidentes e exceções devem ser imediatamente decididos em audiência.
Obviamente em algumas situações isso não será possível, por exemplo: incidente de
impedimento do juiz ou até mesmo de incompetência do juízo.
Neste procedimento o número máximo de testemunhas é o de 02 (dois) para cada parte.
Na sentença, assim como nos juizados especiais cíveis, não há a necessidade de
produção de relatório. A mesma deve ser proferida em audiência, bastando o registro em ata,
de maneira resumida, dos atos, afirmações e informações úteis à solução da causa.
No procedimento sumaríssimo o recurso de revista só cabe em caso de contrariedade à
súmula ou violação da constituição.
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Alberto
Iervese
Petição Inicial
1. Local de apresentação da reclamação
O local de apresentação é disciplinado na CLT nos artigos 837 e 838, que tratam, cada
um, das duas possibilidades de estrutura da JT na localidade.
O art. 837 trata da possibilidade de somente existir uma única Vara do Trabalho ou,
inexistindo Vara do Trabalho, somente existir uma única Vara Cível que, por motivos
óbvios, torna inútil a distribuição do processo e faz com que seja possível a
apresentação diretamente na secretaria ou cartório.
Art. 837 – Nas localidades em que houver apenas 1 (uma) Junta de
Conciliação e Julgamento, ou 1 (um) escrivão do Cível, a reclamação será
apresentada diretamente à secretaria da Junta, ou ao cartório do Juízo.
Já o art. 838 dispõe acerca da possibilidade de, na localidade, existirem mais de uma
OBS: A existência do termo “ou cartório do juízo” faz referência à possibilidade de
Vara do Trabalho ou, inexistindo ao menos uma Vara do Trabalho, mais de uma Vara
não existir Vara do Trabalho na localidade, hipótese em que o julgador será da Vara
Cível.
Cível, que possui o cartório como equivalente à secretaria nas Varas do Trabalho.
Art. 838 - Nas localidades em que houver mais de 1 (uma) Junta ou mais de
1 (um) Juízo, ou escrivão do cível, a reclamação será, preliminarmente,
sujeita a distribuição, na forma do disposto no Capítulo II, Seção II, deste
Título.
Nessa situação, por existir mais de um juízo apto a ser competente para processar e
julgar a causa, é necessário que o processo passe por uma distribuição para assegurar
uma divisão dos processos entre as Varas e, mais importante, assegurar o cumprimento
ao princípio do Juiz Natural.
Se não houvesse distribuição o reclamante poderia apresentar a reclamação perante o
Juízo que entenda, por diversos motivos, ser mais predisposto a beneficiá-lo.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 40
Alberto
Iervese
2. Pessoas legitimadas para apresentar a reclamação
O legislador, no art. 839 da CLT traz um rol taxativo acerca de quais são as pessoas
legitimadas para apresentar a reclamação trabalhista.
Art. 839 - A reclamação poderá ser apresentada:
a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus representantes,
e pelos sindicatos de classe;
b) por intermédio das Procuradorias Regionais da Justiça do Trabalho.
3. Requisitos da Petição Inicial – Alterados pela reforma
Os requisitos da petição inicial são estabelecidos no artigo 840 da CLT, que sofreu
alterações com a reforma, tendo sido alterados os parágrafos 1º e 2ºe adicionado o 3º.
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Conforme o dispositivo legal a reclamação poderá ser escrita ou verbal. A reclamação
verbal é uma consolidação do princípio da oralidade, entretanto, apesar da possibilidade
prevista no art. 840, as secretarias estão criando cada vez mais dificuldades para a
apresentação de reclamação de forma oral, a maior parte aceita apenas em situações de
urgência, como nos casos em que o reclamante está perto de perder o direito, nas demais
situações é comum que direcionem o reclamante ao sindicato responsável ou à
Defensoria Pública.
§1º. Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a
qualificação das partes, a breve exposição dos fatos que resulte o dissídio, o
pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a
assinatura do reclamante ou de seu representante.
Antes da reforma, caso a parte não estabelecesse valor da causa, caberia ao juiz analisar
o processo e determinar o valor da causa, que poderia ser impugnado na contestação
(caso fosse estabelecido antes desta) ou nas razões finais (caso o valor fosse
estabelecido após a contestação) – Art.2º, §1º, §2º da Lei 5.584/1970.
§2º. Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e
assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no
§1º deste artigo.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 41
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Assim como acontece nos Juizados Especiais Cíveis, que também admitem a
apresentação de petição inicial verbalmente, a reclamação verbal será reduzida a termo,
ou seja, será transformada em texto pelo escrivão ou secretário que será, ao final da
transcrição, assinado pelo reclamante.
§3º. Os pedidos que não atendam ao disposto no §1º deste artigo serão julgados
extintos sem resolução de mérito.
Parágrafo adicionado pelo texto da Reforma Trabalhista (os outros dois foram
modificados pelo texto da reforma). É considerado muito radical e incondizente com o
princípio do aproveitamento dos atos processuais. Desta forma, sua aplicação vem
sendo relativizada na JT, visto que tem sido mais comum a intimação do autor para
emendar a inicial, que somente será extinta se o mesmo se quedar inerte, como acontece
no Processo Civil.
4. Da Citação – Alterado pela Reforma
Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro
de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao
reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do
julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
Diferentemente do processo civil, em que o juiz ao receber a petição proferirá despacho
ordenando citação, no processo do trabalho o próprio escrivão ou secretário procederá
com a realização da citação que designará audiência pelo menos 5 dias após a citação.
OBS – Esse prazo de 05 dias é frequentemente desrespeitado, principalmente em
situações que não exigem uma defesa muito elaborada por parte do citado.
Importante – O termo “notificação” aqui utilizado como sinônimo de citação é um
resquício do período em que o processo do trabalho era um procedimento administrativo
e não judicial.
§ 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar
embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por
edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na
falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
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A citação/notificação no processo do trabalho é realizada, predominantemente, de forma
postal. As outras hipóteses somente serão aplicadas em caso de impossibilidade de
citação pela forma postal pelos motivos previstos no artigo acima transcrito. A citação
por oficial de justiça se aplicará a partir da análise do caso concreto em que o
magistrado entenda necessário, como nos casos em que o Correios não entrega as
correspondências no local de destino.
Em relação à citação por hora certa, a maior parte da doutrina entende que a mesma não
pode ser determinada através da aplicação do CPC, visto que contraria o princípio da
celeridade que reveste o processo do trabalho.
Importante – A citação no processo do trabalho não se dá de forma pessoal, mas isso
não significa que pode ser entregue a qualquer um, mas sim que pode ser entregue a
quem presumidamente a entregará ao reclamado, a exemplo dos porteiros em
condomínios.
§ 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na
forma do parágrafo anterior.
§ 3º - Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não
poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.
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Audiência
A audiência consiste em um evento processual de natureza pública que se divide
costumeiramente nas seguintes fases: inaugural/inicial, de instrução e de julgamento. A
audiência, apesar de dividida em fases, é, via de regra, contínua/una, entretanto, é
possível que a mesma seja fracionada em mais de um evento processual.
Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por
motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua
continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.
1. Designação e Local de Realização
Tais audiências serão realizadas, via de regra, na sede do Juízo ou Tribunal em dias
úteis previamente fixados, e seu horário será entre 08:00 horas e 18:00 horas, não
podendo ultrapassar cinco horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.
Art. 815 – As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e
realizar- se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados,
entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas
seguidas, salvo quando houver matéria urgente.
Em situações excepcionais, admite-se que a audiência seja designada para local
diverso, desde que obedeça a antecedência mínima de 24 horas, conforme estabelece o
parágrafo primeiro do art. 813.
§1º - Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das
audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a
antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas.
Por força do parágrafo segundo do mesmo artigo, o prazo de 24 horas também deve ser
observado sempre que se constatar necessária a designação de audiência
extraordinária.
§2º - Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências
extraordinárias, observado o prazo do parágrafo anterior.
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Iervese
2. Horário de início da audiência
Art. 815 – Á hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a
audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das
partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.
Conforme preleção do parágrafo único do art. 815, é permitido ao juiz um atraso de, no
máximo, 15 minutos após a hora marcada.
Parágrafo único. Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o
juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes poderão
retirar- se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das
audiências.
Quanto às partes, qualquer atraso será considerado intolerável, como dispõe a Orientação
Jurisprudencial nº 245.
O.J. nº 245 - Inexiste previsão legal tolerando atraso no horário de
comparecimento da parte na audiência.
3. Comparecimento das Partes
O comparecimento das partes é obrigatório, exceto nos casos previstos pelo art. 843. O
supramencionado dispositivo ao estabelecer a obrigatoriedade de comparecimento busca
revestir a conciliação com uma ainda maior importância.
Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o
reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de
seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou
Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se
representar pelo Sindicato de sua categoria.
* As ações plúrimas são aquelas em que existem mais de um réu ou autor. Nesses casos
seria inviável exigir a presença de todos, permitindo-se assim a representação através do
Sindicato.
§ 1º. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou
qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas
declarações obrigarão o proponente.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 45
Alberto
Iervese
Aqui falamos da figura do preposto, amplamente utilizada pelos empregadores na JT
para fazer-se representar nas audiências.
Antes da reforma existiam dois requisitos para atuação como preposto em juízo,
atualmente apenas o primeiro se mantém.
a) Conhecer os fatos – requisito legal
b) Ser empregado da reclamada – Requisito imposto pela Súmula 377 do TST, mas
contrariado pela Reforma Trabalhista, através da adição do §3º do art. 843, que
determinou que o preposto não precisa ser empregado da reclamada.
Apesar§de
2º.inexistir
Se porprevisão
doençalegal
ou qualquer outro
neste sentido, motivoque
entende-se poderoso, devidamente
o preposto deve portar
comprovado,
documento nãoprópria,
de identificação for bem
possível ao de empregado
como a carta comparecer
preposição em que a parte o
pessoalmente,
autorize poderá
a ser preposto em fazer-se representar por outro empregado que
seu nome.
pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato.
Quanto ao empregado, o mesmo pode ser substituído por um colega ou pelo seu
respectivo sindicato desde que exista um motivo poderoso que dê causa à substituição.
Destaca-se que a palavra “poderoso” exige, para sua correta aplicação, um juízo de
ponderação acerca do acontecido. É preciso uma avaliação se o evento alegado foi
poderoso o suficiente para que a parte ausente pudesse usufruir da previsão legal acima
transcrita.
§ 3º. O preposto a que se refere o §1º deste artigo não precisa ser
empregado da parte reclamada.
Como mencionado anteriormente, a Reforma Trabalhista acrescentou o parágrafo acima
transcrito retirando o requisito estabelecido pelo TST de que o preposto precisa ser
empregado da parte reclamada. Desta forma, agora só se faz necessário que o preposto
possua conhecimento acerca dos fatos discutidos.
4. Suspensão da audiência
Art. 844, §1º - Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o
julgamento, designando nova audiência.
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5. Não comparecimento das partes – Alterado pela Reforma
Como dispõe o art. 844 da CLT, em caso de não comparecimento do reclamante
ocorrerá o arquivamento. Já na hipótese de não comparecimento do reclamado, será
decretada a revelia além de confissão quanto à matéria de fato.
OBS – O professor Jonhson separa a revelia da confissão. Para o mesmo a revelia se
dá com a não apresentação de defesa, enquanto que a confissão se opera com a
ausência em juízo (audiência). Na revelia, não se produz prova. Na confissão sim.
Se você considera que houve revelia, não há possibilidade de apresentar provas. NA
CONFISSÃO, SIM, POIS HÁ A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – Opinião de
Jonhson. Didier, eu e o mundo inteiro discordamos.
Importante – Grande parte da doutrina entende que, por força do art. 844 da
CLT, diferentemente do processo civil, no processo do trabalho a revelia se
caracteriza pela ausência do reclamado quando devidamente citado a
comparecer em juízo em audiência que deveria apresentar resposta.
Art. 844 – O não comparecimento do reclamante à audiência importa o
arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado
importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.
A Reforma Trabalhista definiu que se o ausente na audiência for o reclamante, o
mesmo será condenado ao pagamento das custas processuais, ainda que beneficiário
da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência
ocorreu por motivo legalmente justificável, como dispõe o §2º.
§ 2º. Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao
pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta
Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se
comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por
motivo legalmente justificável.
Por força do parágrafo terceiro, o pagamento das custas mencionado no parágrafo
segundo, é requisito indispensável para a propositura de nova demanda.
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Alberto
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§ 3º. O pagamento das custas a que se refere o §2º é condição para a
propositura da nova demanda.
A Reforma Trabalhista também modificou o tratamento aplicado na situação em que o
advogado da reclamada ausente comparece na audiência em que deveria ser apresentada
a defesa. Anteriormente, por força da Súmula 122 do TST seria decretada a revelia da
reclamada, mesmo presente o advogado munido de procuração, podendo essa ser ilidida
por atestado médico declarando a impossibilidade de locomoção do empregador ou de
seu preposto.
Através da adição do parágrafo quinto pela Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), o
mandamento legal agora determina que deverão ser aceitos os documentos apresentados
pelo advogado da reclamada ausente, bem como a contestação apresentada.
§ 5º. Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na
audiência, serão aceitos a contestação e os documentos
eventualmente apresentados.
Súmula 122 do TST – A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu
advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá
declarar, expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência.
6. Da não aplicação dos efeitos da Revelia – Adição da reforma
O art. 844 da CLT, através do seu parágrafo quarto (adicionado pela reforma) lista o rol
de situações em que os efeitos da revelia previstos no caput não serão aplicados
§ 4º. A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se:
I – Havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a
ação; II – O litígio versas sobre direitos indisponíveis;
III – A petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à pratica do ato;
IV – As alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com prova constante dos autos.
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Alberto
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Conciliação
Conforme as lições de CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE, nos processos
submetidos aos procedimentos ordinário e sumário, há duas oportunidades em que o
juiz deverá (é um dever do magistrado) propor a conciliação.
A primeira oportunidade é na audiência e consiste no primeiro ato do juiz ao iniciar a
audiência, por força do art. 846 da CLT.
Através da transação, o assunto estará resolvido. É uma vantagem tanto para as
empresas quanto para o empregado.
Realizada a conciliação, ela é inserida na ata e considerada irrecorrível. O acordo
realizado transita em julgado.
Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.
§ 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e
pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu
cumprimento.
§ 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá
ser estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a
satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização
convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo.
Impende destacar que a conciliação pode ser realizada em qualquer fase do
processo, entretanto, como mencionado anteriormente, há outro momento (além do
início da audiência) em que a tentativa de conciliação é obrigatória, é o momento
posterior à apresentação das razões finais, como dispõe o art. 850 da CLT.
Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões
finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em
seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e
não se realizando esta, será proferida a decisão.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 49
Alberto
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O professor Jonhson afirma que as chances de êxito são maiores nas propostas de
conciliações ofertadas na primeira tentativa obrigatória, ou seja, na audiência.
• Da não realização da tentativa de conciliação
Por serem consideradas obrigatórias, qual seria a consequência da não realização da
tentativa de conciliação?
Sobre o tema, o professor BEZERRA LEITE afirma que “embora não haja previsão
legal expressa na hipótese de inobservância do preceptivo em causa, tem-se entendido
que, se o juiz não propõe a conciliação, haverá nulidade absoluta dos atos posteriores.
Parece-nos acertado esse entendimento, uma vez que a proposta de conciliação no
processo trabalhista é matéria de ordem pública”. É nesse sentido que vem decidindo o
TST.
O professor Jonhson afirma que se o magistrado não realizar a primeira, mas realizar a
segunda tentativa, esta última supre a primeira. Contudo, se realizar a primeira e não
realizar a segunda, entende-se pela nulidade. Ou seja, a segunda tentativa é a mais
importante.
OBS – A importância e valorização da conciliação no processo do trabalho é tamanha
que a CLT condiciona o proferimento da decisão do magistrado à rejeição da proposta
de conciliação ofertada e o termo lavrado (na hipótese de êxito da tentativa) valerá
como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que
lhe forem devidas, vide art. 831 da CLT.
Art. 831 - A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a
proposta de conciliação
Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado
valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social
quanto às contribuições que lhe forem devidas.
Logo, a União (sucessora do INSS) poderá interpor recursos ordinário relativamente às
contribuições previdenciárias que entender devidas.
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Defesa do Reclamado
Por força dos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, é
garantido ao reclamado/réu a oportunidade de se defender de todos os fatos alegados pelo
reclamante/autor.
A defesa, direito do réu, segundo o professor Jonhson, pode ser exercitada através
de preliminares, exceções, contestação e reconvenção. *
*Para BEZERRA LEITE, defesa é gênero que tem como espécies a exceção e a
contestação. A reconvenção não constitui propriamente defesa. Ao revés, é ação
do réu em face do autor dentro do mesmo processo em que aquele é demandado
por este.
A CLT só prevê expressamente a defesa, embora no sentido de contestação, e duas
modalidades de exceção: a de “foro” e a de suspeição. Não há regramento próprio da
reconvenção e das preliminares. Entretanto, como já é sabido, no caso de lacuna da
legislação trabalhista, é permitida a aplicação subsidiária do direito processual civil,
desde que respeitados os princípios e procedimentos que fundamental o processo do
trabalho.
• Prazo e Momento de Apresentação da Contestação
Diferentemente do processo civil, que confere ao réu o prazo de 15 dias para apresentar
contestação, no processo do trabalho, aberta a audiência, o juiz proporá a conciliação e,
não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a
leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Desta forma,
o reclamado tem vinte minutos para apresentar sua defesa em audiência, entretanto, o
costume é a apresentação de contestação em petição escrita.
Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para
aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for
dispensada por ambas as partes.
Como a defesa do réu é apresentada em audiência que, nos termos do art. 841 da
CLT, ocorrerá no mínimo no prazo de cinco dias depois do recebimento da
notificação citatória, tem-se que o réu terá o prazo legal mínimo de cinco dias para
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Iervese
preparar a sua resposta escrita (e vinte minutos para apresentá-la em audiência).
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Assim sendo, no processo do trabalho, de lege lata (de acordo com a lei), as exceções e a
contestação devem ser oferecidas no momento audiência.
Impende destacar que a reforma trabalhista adicionou um parágrafo único ao art. 847,
passando a legislação a prever a possibilidade de apresentação de defesa escrita pelo
sistema de processo judicial eletrônico até a audiência.
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema
de processo judicial eletrônico até a audiência.
OBS – Poderá o réu, na própria audiência para a qual fora notificado oferecer
contestação e/ou reconvenção.
1. Preliminares
As matérias alegadas em forma de preliminar no Processo do Trabalho são regidas pelo
CPC, mais especificamente pelo seu art. 337.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o
mérito, alegar: XII - falta de caução ou de outra prestação que
a lei exige como preliminar;
I - inexistência ou nulidade da citação;
XIII - indevida concessão do benefício de
II - incompetência absoluta e relativa; gratuidade de justiça.
III - incorreção do valor da causa; § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa
julgada quando se reproduz ação anteriormente
IV - inépcia da petição inicial; ajuizada.
V - perempção; § 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui
as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o
VI - litispendência; mesmo pedido.
VII - coisa julgada; § 3o Há litispendência quando se repete ação
que está em curso.
VIII - conexão;
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação
IX - incapacidade da que já foi decidida por decisão transitada em
parte, defeito de julgado.
representação ou falta de autorização;
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a
X - convenção de arbitragem; incompetência relativa, o juiz conhecerá de
ofício das matérias enumeradas neste artigo.
XI - ausência de legitimidade ou de
interesse processual; § 6o A ausência de alegação da existência de
convenção de arbitragem, na forma prevista
neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição
estatal e renúncia ao juízo arbitral.
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2. Exceções
Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente
podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de
suspeição ou incompetência.
§ 1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de
defesa.
§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência,
salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso,
podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que
couber da decisão final.
Entende-se que, no processo do trabalho, as exceções de suspeição (e impedimento
segundo alguns autores) e de incompetência (relativa), não obstante suspendam o
processo, deverão ser apresentadas juntamente com a contestação, isto é, na audiência
para qual fora notificado o reclamado. A questão não é pacífica, principalmente após a
reforma, que promove uma interpretação diversa, visto que determina que, recebida a
notificação, o Réu tem prazo de 5 dias para apresentar, em peça própria, a exceção de
incompetência, sob pena de preclusão
• Exceções de Suspeição e Impedimento
Tratam-se de exceções que incompatibilizam o juiz para o exercício da função
jurisdicional em determinado processo, a fim de evitar que ele aja com parcialidade,
seja por motivos intrínsecos (suspeição), seja por motivos extrínsecos (impedimento).
São, portanto, matérias de relevante interesse público.
As hipóteses de SUSPEIÇÃO estão previstas no art. 801 da CLT.
Art. 801 - O juiz, presidente ou vogal, é Parágrafo único - Se o recusante houver
obrigado a dar-se por suspeito, e pode ser praticado algum ato pelo qual haja
recusado, por algum dos seguintes motivos, consentido na pessoa do juiz, não mais
em relação à pessoa dos litigantes: poderá alegar exceção de suspeição, salvo
sobrevindo novo motivo. A suspeição não
a) inimizade pessoal; será também admitida, se do processo
constar que o recusante deixou de alegá-la
b) amizade íntima; anteriormente, quando já a conhecia, ou
que, depois de conhecida, aceitou o juiz
c) parentesco por consangüinidade ou recusado ou, finalmente, se procurou de
afinidade até o terceiro grau civil; propósito o motivo de que ela se originou.
d) interesse particular na causa.
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Iervese
O parágrafo único destaca que, mesmo havendo suspeição do juiz, a irregularidade será
considerada cumprida se o recusando houver praticado algum ato pelo qual haja
consentido na pessoa do juiz, não mais podendo alegar exceção de suspeição (salvo
sobrevindo novo motivo) ou se constar do processo que o recusante deixou de alegá-la
anteriormente, quando já a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz
recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de que ela se originou. Tais
previsões buscam evitar que os reclamantes se beneficiem de sua própria torpeza
bem como destaca a força do venire contra factum proprium, corolário do
princípio da boa-fé.
No que tange ao IMPEDIMENTO, o CPC é aplicado supletivamente, sendo utilizado o
seu art. 144.
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe
vedado exercer suas funções no processo: ou decorrente de contrato de prestação de
serviços;
I - em que interveio como mandatário da
parte, oficiou como perito, funcionou como VIII - em que figure como parte cliente do
membro do Ministério Público ou prestou escritório de advocacia de seu cônjuge,
depoimento como testemunha; companheiro ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o
II - de que conheceu em outro grau de terceiro grau, inclusive, mesmo que
jurisdição, tendo proferido decisão; patrocinado por advogado de outro
escritório;
III - quando nele estiver postulando, como
defensor público, advogado ou membro do IX - quando promover ação contra a parte
Ministério Público, seu cônjuge ou ou seu advogado.
companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou § 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento
colateral, até o terceiro grau, inclusive; só se verifica quando o defensor público, o
advogado ou o membro do Ministério
IV - quando for parte no processo ele Público já integrava o processo antes do
próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou início da atividade judicante do juiz.
parente, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, § 2o É vedada a criação de fato
inclusive; superveniente a fim de caracterizar
impedimento do juiz.
V - quando for sócio ou membro
de direção ou de administração de § 3o O impedimento previsto no inciso III
pessoa jurídica parte no processo; também se verifica no caso de mandato
conferido a membro de escritório de
VI - quando for herdeiro presuntivo, advocacia que tenha em seus quadros
donatário ou empregador de qualquer das advogado que individualmente ostente a
partes; condição nele prevista, mesmo que não
intervenha diretamente no processo.
VII - em que figure como parte instituição de
ensino com a qual tenha relação de
emprego
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Alberto
Iervese
• Exceção de Incompetência
O tratamento conferido à exceção de incompetência foi profundamente alterado pela
reforma trabalhista. Anteriormente, após apresentada a exceção de incompetência,
abria-se vistas ao exceto por 24 horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida
na primeira audiência ou sessão que seguir.
Atualmente, após a reforma, a lei assim dispõe:
Art. 800. Apresentada exceção de § 3o Se entender necessária a produção de
incompetência territorial no prazo de prova oral, o juízo designará audiência,
cinco dias a contar da notificação, antes garantindo o direito de o excipiente e de
da audiência e em peça que sinalize a suas testemunhas serem ouvidos, por carta
existência desta exceção, seguir-se-á o precatória, no juízo que este houver
procedimento estabelecido neste artigo. indicado como competente.
§ 1o Protocolada a petição, será suspenso o § 4o Decidida a exceção de incompetência
processo e não se realizará a audiência a
que se refere o art. 843 desta Consolidação territorial, o processo retomará seu curso,
até que se decida a exceção. com a designação de audiência, a
§ 2o Os autos serão imediatamente apresentação de defesa e a instrução
conclusos ao juiz, que intimará o reclamante processual perante o juízo competente.
e, se existentes, os litisconsortes, para
manifestação no prazo comum de cinco
dias.
Como destacado anteriormente e comprovado através de leitura do caput do artigo
acima transcrito, agora a lei determina que, recebida a notificação, o Réu tem
prazo de 5 dias para apresentar, em peça própria, a exceção de incompetência, sob
pena de preclusão. Anteriormente o silêncio reverberava.
3. Contestação
A CLT não define a contestação, uma vez que emprega genericamente o vocábulo “defesa”.
Compatível, portanto, a aplicação subsidiária do art. 336 do NCPC, segundo o qual:
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de
defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o
pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.
Tal artigo consagra o princípio da concentração da defesa (era através dele alguns
doutrinadores entendiam que a apresentação das exceções seria no mesmo momento de
apresentação da contestação) e o princípio da eventualidade.
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A parte final do art. 336 do CPC não se aplica ao processo do trabalho, pois aqui se faz
desnecessária a especificação dos meios de provas que as partes pretendem produzir,
posto que tal tema foi tratado pelo art. 845 da CLT.
Lege data:
Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência
acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião,
as demais provas.
4. Reconvenção
Assim como no processo civil, a contestação pode ser dirigida contra o processo e/ou
contra o mérito. Outra semelhança é que em ambos a contestação por negação geral é
Oineficaz,
CPC, aplicado
arcandosubsidiariamente
o réu com o porônusinexistir
de seremprevisão acerca da verdadeiros
considerados reconvenção,os fatos
estabelece
articuladososnarequisitos
petição específicos da reconvenção em seu art. 343.
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu
propor reconvenção para manifestar § 3o A reconvenção pode ser proposta contra o
pretensão própria, conexa com a ação autor e terceiro.
principal ou com o fundamento da defesa.
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será em litisconsórcio com terceiro.
intimado, na pessoa de seu advogado, para
apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) § 5o Se o autor for substituto processual, o
dias. reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em
face do substituído, e a reconvenção deverá ser
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de proposta em face do autor, também na
causa extintiva que impeça o exame de seu qualidade de substituto processual.
mérito não obsta ao prosseguimento do
processo quanto à reconvenção. § 6o O réu pode propor reconvenção
independentemente de oferecer contestação.
A reconvenção é uma ação que o réu propõe, em face do autor, dentro do mesmo
processo em que o primeiro é demandado, buscando tutela jurisdicional em que se
resguarde um direito seu que alega ter sido lesado ou ameaçado de lesão pelo autor.
Há, portanto, uma cumulação objetiva de ações (principal e reconvencional) no mesmo
processo. O processamento simultâneo da ação e da reconvenção repousa nos princípios
da celeridade processual e da economia processual.
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Ônus da Prova
Para o professor RENATO SARAIVA, o ônus da prova é um encargo atribuído a um
sujeito para demonstrar determinadas alegações de fato, sob pena de arcar com a
situação de desvantagem advinda da não demonstração do fato.
“ Ônus é o encargo cuja inobservância pode colocar o sujeito numa posição de
desvantagem. Não é um dever e, por isso, não se pode exigir o seu cumprimento.
Normalmente, o sujeito a quem se impõe o ônus tem interesse em observá-lo,
justamente para evitar essa situação de desvantagem advinda da não
demonstração do fato. ” – FREDIE DIDIER JR.
Pelo princípio da aquisição processual, as provas pertencem ao processo
independentemente de quem as tenha produzido, de modo que, no momento do
julgamento, o juiz analisará as provas constantes dos autos em busca dos fatos que
restaram comprovados. Caso não esteja convencido quanto à ocorrência de
determinados fatos, julgará segundo as regras de distribuição do ônus da prova.
faça por decisão fundamentada, caso em
Art. 818. O ônus da prova incumbe:
que deverá dar à parte a oportunidade de se
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo
de seu direito;
§ 2o A decisão referida no § 1o deste artigo
deverá ser proferida antes da abertura da
II - ao reclamado, quanto à instrução e, a requerimento da parte,
existência de fato impeditivo, implicará o adiamento da audiência e
modificativo ou extintivo do direito do possibilitará provar os fatos por qualquer
reclamante. meio em direito admitido.
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de § 3o A decisão referida no § 1o deste artigo
peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade não pode gerar situação em que a
de cumprir o encargo nos termos deste desincumbência do encargo pela parte seja
artigo ou à maior facilidade de obtenção da
prova do fato contrário, poderá o juízo impossível ou excessivamente difícil.
atribuir o ônus da prova de modo diverso,
desde que o
No que tange este assunto, o legislador antes da Lei nº 13.467 (Lei da Reforma
Trabalhista) era simplório e insatisfatório ao afirmar que “A prova das alegações
incumbe à parte que as fizer ”. A situação mudou de figura com a reforma, com pode
ser visto através de análise do “novo” art. 818 da CLT.
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Alberto
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A alteração promovida possui clara inspiração no CPC/2015 e traz mudanças
importantes, visto que tornou mais justa a distribuição do ônus da prova, posto que, com
tais regras, caberá à parte com maior facilidade de acesso à prova o dever de apresentá-
la.
Exemplo: Cartão de Ponto – Se o empregado, reclamante, alega irregularidades
no cartão de ponto e a empresa, reclamada, alega que o mesmo se encontra em
situação regular, caberá à empresa, aquela que possui maior facilidade ao
documento, apresenta-lo em juízo para que a situação seja julgada.
Uma mudança de grande importância promovida pela reforma diz respeito à
implementação de um prazo limite para o juiz decidir acerca da distribuição do
ônus da prova: antes da abertura da instrução.
Quanto à diferenciação entre fatos constitutivos, impeditivos, modificativos e
extintivos, mencionados no art. 818, I, assim entende-se:
a) Fatos Constitutivos: Como fato constitutivo, entende-se os “que têm a eficácia jurídica de
dar vida, fazer nascer, de constituir a relação jurídica, e, geralmente, também a função de
identificar seus elementos”. No dizer de Chiovenda, são os “que dão vida a uma vontade
concreta da lei e à expectativa de um bem por parte de alguém”.
b) Fatos Impeditivos: Para Chiovenda, fato impeditivo é “um fato de natureza negativa, a saber,
a falta de uma das circunstâncias que devem concorrer com os fatos constitutivos a fim de que
estes produzam os efeitos que lhes são peculiares e normais”. São situações que, quando
ocorrem, fazem com que o efeito da constituição do próprio direito não se produza. São
elementos faltantes para a constituição do fato que geraria o direito. Não há, então, o fato
constitutivo quando algo lhe impede de se formar (nascer).
c) Fatos Modificativos: Fatos modificativos são os que, sem excluir ou impedir a relação
jurídica, à qual são posteriores, têm a eficácia de modificá-la. Assim, determinada parte no
processo (autor) traz certo fato e busca a tutela em face da outra parte (réu). Este, por sua vez,
em sede de defesa, alega e prova que o fato trazido não ocorreu nos moldes do referido pelo
autor, mas com características e efeitos diversos, o que reflete na tutela pretendida, assim
reconhece parcialmente a situação, requerendo que a decisão considere a modificação
demonstrada. Atenta-se, entretanto, para o fato de que a modificação deve ser relevante e
ligada ao efeito pretendido pela tutela do autor.
d) Fatos Extintivos: São os que têm a eficácia de fazer cessar a relação jurídica, aqueles que
extinguem a relação jurídica material ou o Direito invocado pelo autor.
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Alberto
Iervese
Produção de Provas
1. Prova Testemunhal
Apesar da prova testemunhal ser considerada por grande parte da doutrina como o meio de
prova mais inseguro, é ela o método de produção de provas mais utilizados no processo no
trabalho e, não raramente, constitui o único meio de prova nas ações trabalhistas que tramitam
pelo país.
Sobre a prova testemunha, assim afirma o nobre professor doutor Luiz Rodrigues Wambier:
“(...) é a mais sujeita a imprecisões, seja pela falibilidade da memória humana, seja porque, talvez até
sem malícia, pode a testemunha deturpar os fatos com o fito de favorecer a parte” (In "Curso Avançado de
Processo Civil", RT, 2007, pág. 449).
1.1 – Da capacidade para ser testemunha
Todos aqueles que não forem incapazes, impedidos ou suspeitos podem depor como
testemunhas.
Acerca da hipótese de suspeição e impedimento de testemunhas, a CLT lista, através do
seu art. 829, as pessoas que se enquadram nessa definição, são elas: parentes até o terceiro
grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes.
Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo
íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu
depoimento valerá como simples informação
Como afirma o próprio dispositivo legal, apesar de o depoimento realizado pelo suspeito
ou impedido ser válido, o mesmo será considerado como simples informação.
MAURO SCHIAVI afirma que, em razão da omissão da CLT e compatibilidade com o
processo do trabalho, restam aplicáveis as hipóteses de incapacidade, impedimento e
suspeição de testemunhas, previstas no art. 447 do CPC, de forma supletiva.
Destaca-se que, nos termos do §4º do art. 447 do CPC, “sendo necessário, pode o juiz
admitir o depoimento de testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 60
Alberto
Iervese
O mesmo SCHIAVI destaca que no cotidiano das audiências trabalhistas, são frequentes as
hipóteses de contraditas de testemunhas por amizade da testemunha com o reclamante,
exercer a testemunha cargo de confiança na empresa e por mover a testemunha reclamação
trabalhista em face da reclamada.
Amizade íntima – Inegavelmente, a relação de trabalho, por ser contínua, gera uma
proximidade maior entre trabalhadores que exercem a mesma função. Entretanto, essa
aproximação é inerente à relação de emprego e não se confunde com a amizade íntima.
A amizade íntima se revela por atos objetivos, como o contato do autor e da
testemunha fora do contrato de trabalho, como frequências recíprocas às residências,
saídas para passeios etc.
OBS – A mera “relação de amizade”, assim intitulada pelas redes sociais, tais como
Facebook, por si só não são suficientes para comprovar a amizade íntima.
Empregado que exerce cargo de confiança na empresa – Quanto ao empregado
que exerce cargo de confiança, por si só esse fato não gera suspeição para ser
testemunha do empregador, pois tal hipótese não está prevista em Lei. Entretanto, deve
o Juiz do Trabalho investigar outros elementos que revelem se o empregado exercente
do cargo de confiança tem interesse ou não na solução do litígio.
Testemunha que litiga contra o mesmo empregador em troca de favores – A CLT
nada dispõe sobre o assunto a divergência doutrinária é enorme.
• Do depoimento da testemunha menor de 18 anos no Processo do
Trabalho
Trata-se de um assunto que gera diversos debates na doutrina, sem que se chegue a um
consenso. O professor SCHIAVI entende que o menor de 18 anos e maior de 16 anos
poderá ser ouvido como informante, mas sem prestar compromisso legal, pois não tem
imputabilidade penal. De outro lado, o juiz do trabalho somente deve ouvir testemunhas
menores de 18 anos se for estritamente necessário. O entendimento das Varas
Trabalhistas tem acompanhado a doutrina e jurisprudências dominantes no sentido
de não se admitir que o menor de 18 seja ouvido na condição de testemunha. Em
último caso, admite-se a oitiva na condição de informante, caso a parte não tenha
outra testemunha.
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Alberto
Iervese
1.2 – Da quantidade de testemunhas
Art. 821 - Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse
número poderá ser elevado a 6 (seis).
Importante – No procedimento sumaríssimo serão até 02 testemunhas, por força de lei
(Lei nº 5.584/70). No sumário se mantém 03, baseado no entendimento que, fora mudanças
previstas em lei, mantém-se as regras do procedimento ordinário.
CRÍTICA: O procedimento sumário admitir mais testemunhas que o sumaríssimo é algo
incoerente.
Litisconsórcio ativo – Entende-se que no litisconsórcio ativo o número deverá ser de 03
testemunhas para AMBOS os autores, pois ao proporem suas pretensões em uma única
reclamação, renunciaram tacitamente ao direito de ouvir mais testemunhas no processo.
Litisconsórcio passivo – SCHIAVI entende que cada litisconsorte pode ouvir até três
testemunhas cada um, pois a circunstância de estar ao lado de outro litigante no polo
passivo é condição que não decorre de sua vontade.
Professor Jonhson – Em sentido diverso, mesmo no caso de litisconsórcio passivo, o
número permanecerá 03 testemunhas. Entretanto, na prática, quando comprovada a
intenção de produzir prova diversa, esse entendimento costuma ser relativizado pelos
Juízes.
1.3 – Da impossibilidade de prejuízo à testemunha
Por estarem colaborando com a Justiça e pelo fato de a presença em juízo ser obrigatória,
não poderão as testemunhas sofrerem prejuízos pelas faltas no serviço em decorrência da
prestação de depoimento, vide art. 822 da CLT.
Art. 822 - As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas
faltas ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor,
quando devidamente arroladas ou convocadas
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 62
Alberto
Iervese
1.4 – Do comparecimento das testemunhas
Art. 825 - As testemunhas comparecerão a audiência
independentemente de notificação ou intimação.
Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou
a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das
penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à
intimação.
Observação ao 825 - No processo do trabalho não há rol de testemunhas, ou seja, não é
necessária uma prévia comunicação ao juízo acerca das testemunhas, o que faz com
que elas não sejam intimadas, via de regra. Devem ser levadas por quem as convoca.
A intimação só ocorre para as testemunhas que não compareceram. O juiz costuma exigir
comprovação do convite.
Se, mesmo após intimadas, não comparecerem, é admitido por lei que o juiz determine a
utilização de medidas de condução coercitiva.
1.5 – Da necessária qualificação das testemunhas
Art. 828 - Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será
qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência,
e, quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando
sujeita, em caso de falsidade, às leis penais.
Parágrafo único - Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por
ocasião da audiência, pelo secretário da Junta ou funcionário para esse fim
designado, devendo a súmula ser assinada pelo Presidente do Tribunal e
pelos depoentes.
Antes de ser qualificada, a testemunha não está apta a depor, pois sem a qualificação não
há como se imporem eventuais sanções penais se a testemunha se calar ou ocultar a
verdade. Desta forma, é necessário que a parte esteja portando documentos.
“A testemunha é, sempre, da Justiça, nunca da parte. Pesa sobre ela o dever de informar
com fidelidade o fato de que tem conhecimento, pois atua no processo como um
instrumento de averiguação da verdade sobre a existência e os efeitos do fato que informa
para dar margem a uma correta prestação jurisdicional” – José Augusto Rodrigues.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 63
Alberto
Iervese
Somente será possível a oitiva de testemunha sem documento em casos extremos, se
ela não possuir qualquer documento, ou seja, não tenha tirado documentos, e for
reconhecida incidentalmente pelas partes e testemunhas presentes.
Por derradeiro, se a testemunha possui documento, mas não o trouxe a juízo, deve o Juiz do
Trabalho, a fim de não violar o direito de ampla defesa, permitir a substituição imediata da
testemunha ou adiar a audiência.
1.6 – Da conversa entre advogado e testemunha
O professor Jonhson entende que a simples conversa não pode ser considerado um
comportamento vedado e antiético (conversar com a testemunha sobre como é realizada a
oitiva, etc.). Entretanto, se a conversa consistir em uma indução do testemunho, poluindo o
testemunho e sua relação com a verdade dos fatos, a mesma deve ser denunciada, pois
trata-se de um comportamento veementemente combatido e antiético, cabendo ao juiz,
quando comprovada, oficiar a OAB para que a mesma tenha ciência dos fatos e aplique as
sanções cabíveis.
1.7 – Da aplicação e execução de Multa
A reforma trabalhista acrescentou à CLT o art. 793-D, que determina a aplicação da multa
prevista no art. 793-C (litigância de má-fé) – 1% a 10% do valor corrigido da causa – para
as testemunhas que intencionalmente alterarem a verdade dos fatos ou omitirem fatos
essenciais ao julgamento da causa.
Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à
testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos
essenciais ao julgamento da causa.
Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos
mesmos autos.
O supramencionado artigo pode ser considerado vago e incompleto, posto que não
responde importantes questões, tais como:
a) Em qual momento ocorrerá a condenação ao pagamento de tal multa?
b) Haverá prévia intimação dando oportunidade ao contraditório?
c) Quem será o destinatário do valor pago a título de multa?
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 64
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Iervese
2. Prova Documental
“Documento é meio idôneo utilizado como prova material da existência de um fato,
abrangendo não só os escritos, mas também os gráficos, as fotografias, os desenhos,
reproduções cinematográficas, etc.” – Renato Saraiva
O legislador pouco dispôs acerca do tema. A base legal referente à prova documental se
resume aos arts. 787, 830, e 845 da CLT, aplicando-se supletivamente o Código de Processo
Civil.
• Do momento de apresentação da prova documental
O momento de apresentação das provas documentais é o momento da audiência, conforme
preleciona o art. 845 da CLT.
CLT/ Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das
suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.
Ocorre que o CPC é aqui aplicado supletivamente e, conforme seu art. 435, é permitido à
parte, a qualquer tempo, anexar aos autos novas provas, desde que preenchidos alguns
requisitos.
CPC/ Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos
novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou
para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Destaca-se que, caso os documentos sejam a base da reclamação formulada pelo autor, os
mesmos deverão ser apresentados conjuntamente, como determina o art. 787 da CLT.
CLT/Art. 787 - A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e desde logo
acompanhada dos documentos em que se fundar.
Acerca da juntada de provas documentais em FASE RECURSAL, o TST editou a Súmula nº 08.
Súmula nº 08/TST - A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando
provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato
posterior à sentença.
No que diz respeito ao PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO, vale destacar a lição do professor
Renato Saraiva:
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 65
Alberto
Iervese
No procedimento sumaríssimo, consoante o disposto no art. 852-H da CLT, todas as
provas serão produzidas em audiência, inclusive a documental, e sobre os documentos
apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem
interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz (§ 1º do art.
852-H da CLT). Nesse caso, a audiência será dividida, prosseguindo em nova data,
determinada pelo juiz após a manifestação por escrito.
Quanto à falsidade de documentos e sua alegação, a mesma segue os procedimentos
determinados no art. 430 do CPC.
CPC/Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de
15 (quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos.
No que tange a exibição dos documentos, a mesma pode se dar por requerimento das partes ou
pelo juiz, de ofício, obedecendo as regras do art. 396 e seguintes do CPC.
CPC/Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre
em seu poder.
3. Prova Pericial
“A prova pericial é a espécie de prova que objetiva fornecer esclarecimentos ao juiz a respeito de
questões técnicas, que extrapolam o conhecimento científico do julgador. ” – Renato Saraiva
Acerca da prova pericial, assim dispõe o CPC:
CPC/Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico.
§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os
órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal
ao qual o juiz está vinculado.
A CLT possui um artigo que trata da prova pericial, mais especificamente o seu art. 826,
ocorre que o mesmo é atualmente considerado revogado tacitamente.
CLT/Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou tecnico.
O art. 826 da CLT era considerado falho e prejudicial ao processo, pois permitia a cada parte
apresentar um perito ou técnico. Assim sendo, cada um deles, obviamente, apresentaria seus
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 66
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Iervese
relatórios em sentidos diversos, podendo causar uma ainda maior turvação na mente do
julgador, o que prejudicava a funcionalidade e efetividade do meio de produção de prova
baseado em perícia.
O supramencionado artigo da CLT é considerado tacitamente revogado por conta da edição
do Art. 3º da Lei 5.584/1970, que modificou o entendimento anterior ao determinar que o
perito será designado pelo magistrado, não mais pelas partes, cabendo a essas, se quiserem,
indicarem assistentes.
Art 3º Os exames periciais serão realizados por perito único designado pelo Juiz, que
fixará o prazo para entrega do laudo.
Parágrafo único. Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cuja laudo terá
que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser
desentranhado dos autos.
4. Inspeção Judicial
“ Na inspeção direta, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos. O juiz irá ao local
onde se encontre a pessoa ou a coisa quando: julgar necessário para a melhor verificação ou
interpretação dos fatos que deva observar; quando a coisa não puder ser apresentada em juízo
sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; ou quando o magistrado determinar a
reconstituição dos fatos” – Renato Saraiva
Acerca da Inspeção Judicial, nada menciona a CLT, havendo assim a aplicação subsidiária do
CPC através do seu art. 481 e seguintes.
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do
processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que
interesse à decisão da causa.
As partes poderão sempre assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo
observações que reputem de interesse para a causa (Parágrafo Único do art.483 do CPC).
Sobre o tema, o professor Renato Saraiva adiciona que: Para isso, torna-se necessária a
intimação prévia do dia, hora e local da diligência, em observância ao princípio do
contraditório e da ampla defesa.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 67
Alberto
Iervese
5. Prova Emprestada
Observação Inicial – O tema “Prova Emprestada” não foi tratado pelo Professor Jonhson,
mas as lições trazidas pelo professor Renato Saraiva, abaixo transcritas, auxiliam no
entendimento da sistemática da produção de provas no processo do trabalho.
“Consiste a prova emprestada na transferência de provas realizadas no bojo de um processo
para outro, mediante certidão. É o que ocorre quando se transfere de um processo para outro
determinado documento, depoimento pessoal, prova testemunhal, pericial etc.
A prova emprestada será inserida no processo como mera prova documental, devendo ser
utilizada apenas excepcionalmente, uma vez que, em regra, as provas devem ser produzidas
no mesmo juízo onde corre a demanda.
Um exemplo de utilização da prova emprestada nos domínios do processo do trabalho seria na
hipótese de a empresa ter fechado o estabelecimento onde trabalhava o reclamante,
descaracterizando o local de trabalho.
Nesse caso, não obstante o art. 195, § 2. º, da CLT determinar a realização de perícia para a
aferição de insalubridade no local de trabalho, considerando que a. empresa está desativada e
o local não oferece possibilidade de reprodução das condições ambientais imperantes quando
em atividade, poderá a prova pericial ser suprida pela juntada de laudos emprestados de outros
processos, desde que estabelecida perfeita correspondência entre a situação periciada e o caso
sub judice. ”
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 68
Alberto
Iervese
Razões Finais
As razões finais podem ser compreendidas através do conceito que as define como a
possibilidade (não é obrigatório que sejam apresentadas) dada às partes para se manifestarem
oralmente (princípio da oralidade) nos autos antes que a sentença seja proferida pelo
julgador. Nesta peça deverão ser destacados os fatos e alegações que revestem o pleito da
parte de credibilidade o suficiente para serem acatados pelo órgão jurisdicional, na pessoa do
magistrado competente.
Possui papel importante tanto na arguição de nulidades como também para o fortalecimento do
convencimento do magistrado. O período concedido é de 10 (dez) minutos.
Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não
excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará
a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.
“ Todavia, muitos juízes têm permitido que o reclamante e o reclamado apresentem razões finais
por escrito, em forma de memoriais” – Renato Saraiva.
“ Quando a sentença não é proferida na própria audiência, os juízes têm permitido que as
partes ofereçam razões finais por escrito, isto é, em formas de memoriais. Nesse caso, há a
conversão das razões finais em memoriais. ” – Carlos Henrique Bezerra Leite
Sobre tais ocorrências o professor Jonhson também fez sua observação: De modo similar ao
determinado no art. 364, §2º do CPC, admite-se que o juiz permita que as razões finais sejam
apresentadas de modo escrito quando for constatada que a causa apresenta questões
complexas de fato ou de direito.
“ Impende notar que, nas causas de alçada, isto é, nas causas sujeitas ao procedimento
OBS - No procedimento sumaríssimo as partes não costumam apresentar razões finais,
sumário (Lei nº. 5.584/70, art. 2º, §4º), as razões finais cumprem uma função específica, uma
pois inexiste previsão legal. Entretanto, também inexiste vedação, o que abre espaço
vez que por meio delas "poderá qualquer das partes impugnar o valor da causa fixado" pelo
para entendimentos divergentes.
juiz (Lei nº. 5.584/70, art. 2º, § 1º). Vale dizer, a impugnação do valor da causa no
procedimento sumário pode ser feita até o momento da apresentação das razões finais. ” –
Mauro Schiavi
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 69
Alberto
Iervese
Sentença
“ A sentença é um ato de consciência que estabelece um
elo entre o jurídico e o justo” – José Augusto
Rodrigues Pinto
A sentença pode ser considerada a mais importante peça processual presente nos autos
enquanto ainda em 1º grau, pois é através dela que o magistrado, representante do Estado
exercente da função jurisdicional, demonstra sua posição sobre o caso, acolhendo ou
rejeitando os pedidos formulados pelas partes.
A sentença ao ser proferida deve obedecer aos requisitos legais e formais de validade
previstos no art. 832 da CLT e no art. 489 do CPC, que se encontram em perfeita harmonia,
apesar de alguns termos serem melhores definidos na legislação processual cível.
CLT/Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa,
a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão.
CPC/ Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do
pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento
do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe
submeterem.
Os demais dispositivos do CPC são aplicados supletivamente, com destaque para a necessária
fundamentação do Juiz em todas as decisões que venham a ser proferidas (Art. 489, §1º do
CPC). É nula a sentença que não vem acompanhada de fundamentação.
Importante – É permitido que o juiz, com fulcro no art.851, §2º da CLT, divulgue os fundamentos de sua d
Observação – Tendo o juiz ATÉ 48 horas para apresentar sua fundamentação, a partir de
quando tem início o prazo recursal? Apesar de existir uma pequena resistência doutrinária, o
entendimento majoritário é de que terá início no dia de sua publicação nos autos.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 70
Alberto
Iervese
1. Da intimação que comunica publicação de sentença
Na hipótese em que o procedimento da vara seja o de adotar a regra geral, qual seja, a unidade
dos atos processuais em uma audiência singular (audiência una), a intimação não precisará ser
expedida, pois as partes, ao estarem presentes, obviamente possuem ciência acerca da decisão.
Em contrapartida, o professor Jonhson pondera que nos processos em que o magistrado optou
por fracionar as audiências, ou seja, estabelecê-las em momentos distintos, e a data não for
previamente designada na audiência que adiou o julgamento, deverá ser expedida
intimação acerca da sentença quando do momento da publicação (Caso a data tenha sido
previamente designada, entende-se a parte por intimada no momento da audiência que adiou o
julgamento, e caso não compareça, enquadra-se na hipótese de aplicação da súmula nº 197 ↓).
Reconhecendo a possibilidade de ausência de uma parte que, apesar de intimada, não
compareceu à audiência onde foi proferida sentença, o TST editou a Súmula nº 197.
Súmula nº 197/STJ – O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à
audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua publicação.
Impende destacar que, na hipótese de REVELIA, a expedição da intimação é necessária, por
Importante – Na hipótese acima estudada, em que o juiz anexará os fundamentos de sua
força do artigo 852 da CLT, parte final.
decisão até 48 horas após a mesma ser proferida, mesmo que a audiência seja una, será
necessária
Art. a852
expedição de intimação
- Da decisão serão caso o julgador
os litigantes ultrapassepessoalmente,
notificados, as 48 horas, posto
ou por queseu
o
ato processual só estará
representante, na completo através da
própria audiência. Noapresentação das arazões
caso de revelia, do magistrado
notificação e essa
far-se-á pela se
forma
dará após a audiência,
estabelecida no §não havendo
1º do art. 841.como os advogados adivinharem quando o julgador irá
anexar aos autos suas razões.
* Se a juntada ocorrer dentro das 48 horas, não haverá necessidade de intimação.
Sobre o prazo recursal, O TST assim entendeu em sua súmula nº 30.
Sumula nº 30 TST - Quando não juntada a ata ao processo em 48 horas, contadas da
audiência de julgamento (art. 851, § 2º, da CLT), o prazo para recurso será contado
da data em que a parte receber a intimação da sentença.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 71
Alberto
Iervese
Recursos -Teoria Geral
“ Recurso é a provocação do reexame de determinada decisão pela autoridade
hierarquicamente superior, em regra, ou pela própria autoridade prolatora da decisão,
objetivando a reforma ou modificação do julgado. ” – Renato Saraiva
A possibilidade de interposição de Recurso é uma concretização do princípio do duplo
grau de jurisdição, fundamental para garantir uma menor probabilidade de erro por parte do
Poder Judiciário, uma melhor decisão através de órgão colegiado, ou seja, mais de um
julgador se debruçando sobre os fatos do processo, bem como por exercer uma “pressão” nos
magistrados de 1º grau, que se sentem sempre fiscalizados em suas decisões.
Os Recursos são regidos por diversos princípios que justificam sua existência e seu
adequado momento de apresentação. São alguns desses princípios:
a) Duplo Grau de Jurisdição: É através deste princípio que os Recursos têm sua existência
justificada. É este princípio que garante a possibilidade de nova apreciação do feito perante
um órgão hierarquicamente superior ao que proferiu a decisão.
b) Princípio da Singularidade/Unirrecorribilidade/Unidade Recursal: Este princípio
estabelece que não podem ser utilizados vários recursos simultaneamente, mas, tão
somente, sucessivamente.
c) Princípio da Fungibilidade/Conversibilidade: O princípio da fungibilidade permite que
o juiz conheça de um recurso que foi erroneamente interposto como se fosse o recurso
cabível, ou seja, permite-se o aproveitamento de recurso erroneamente nominado.
d) Princípio da Voluntariedade: Por óbvio, os tribunais somente poderão, em linha de
princípio, apreciar matérias que foram levadas à sua cognição pelas partes. No entanto, o
professor Renato Saraiva destaca que constitui exceção à regra o reexame
necessário/remessa de ofício nos casos de sentença proferida em face de pessoas jurídicas
de direito público, bem como de sentença de procedência relativa à embargos à execução
de dívida ativa da fazenda pública.
e) Princípio da Non Reformatio In Pejus: Por este princípio é vedado ao tribunal, no
julgamento de um recurso, proferir decisão mais desfavorável ao recorrente do que aquela
recorrida.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 72
Alberto
Iervese
1. Juízo de Admissibilidade e os Pressupostos Recursais
Interposto um Recurso, o mesmo deverá passar pela chamada “Análise prévia do recurso”,
que consiste em um juízo de admissibilidade realizada tanto pelo juízo a quo (juízo que
proferiu a decisão recorrida), quanto pelo juízo ad quem (juízo competente para apreciação do
recurso), acerca do preenchimento dos pressupostos de admissibilidade do recurso.
“ Vale dizer, a ausência de satisfação dos pressupostos de admissibilidade impede o exame de
mérito do recurso pelo órgão competente para sua apreciação. ” – Carlos Henrique Bezerra
Leite
“ O despacho exarado pelo juízo de admissibilidade a quo não vincula o juízo ad quem, não
havendo que falar em coisa julgada ou mesmo preclusão. Em outras palavras, o juízo ad quem
pode conhecer de um recurso que não foi conhecido pelo JUIZO a quo e vice-versa. ” –
Renato Saraiva
Observação - Destacamos que os Embargos de Declaração, para aqueles que o entendem
Parapeça
como Bezerra Leite,configura
recursal, os pressupostos de admissibilidade
uma exceção à regra acima do recurso podem
anunciada, em queser
há divididos em
uma análise
subjetivos/intrínsecos,
do pressuposto por dois que
juízos,sepostoreferem aos atributos
que os Embargos do recorrente,
de Declaração são julgadose pela
em
objetivos/extrínsecos,
própria autoridade queque se referem
proferiu aos recorrida.
a decisão aspectos extrínsecos do recurso.
• Pressupostos Subjetivos/Intrínsecos
a) Legitimidade: O CPC, em seu art. 996, outorga legitimidade recursal àquele que tenha
participado, como parte, do processo de primeiro grau de jurisdição, ainda que revel. A
CLT, artigos 10 e 448, também estabelece outras figuras legitimadas para interpor recurso.
b) Capacidade: Exige-se do recorrente a capacidade civil, ou seja, a capacidade para a
prática dos atos da vida civil. O incapaz, para interpor recurso, deverá estar devidamente
revestido do instituto cabível (assistência, representação, curatela).
c) Interesse: O recurso deve ser necessário ao recorrente, como meio de obter a anulação ou
reforma da decisão impugnada, ou seja, a necessidade justifica-se, pois, somente com a
interposição do recurso a remoção do gravame será alcançada.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 73
Alberto
Iervese
• Pressupostos Objetivos/Extrínsecos
a) Cabimento/Recorribilidade: É necessário que seja realizada uma verificação acerca da
recorribilidade do ato, ou seja, se o ato proferido comporta um ataque por via recursal.
Vale dizer que nem todas as decisões no Processo do Trabalho são recorríveis ou mesmo
recorríveis de imediato, como as Decisões Interlocutórias. Sendo o pronunciamento
irrecorrível, deverá o recurso ser inadmitido (juízo a quo) ou não conhecido (juízo ad
quem).
b) Adequação: Além do ato ser recorrível, é preciso que o recurso interposto seja o
adequado para cada decisão no juízo em que se encontra. Para cada ato judicial existe um
recurso adequado e próprio. Esse pressuposto pode ser mitigado em razão do princípio da
fungibilidade, principalmente se considerarmos a possibilidade de as partes leigas
exercerem seu jus postulandi também em nível recursal.
c) Tempestividade: O direito de recorrer deve ser exercido no prazo assegurado por lei., não
podendo as partes, por convenção, prorrogar ou alterar os prazos (Art. 223 do CPC),
embora possa renunciar ao direito de recorrer (Art. 999 do CPC).
*É computado em dobro o prazo para recurso das pessoas jurídicas de direito público, isto
é, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como as suas respectivas autarquias
e fundações públicas.
d) Representação Processual Regular: Como já estudado, é admitido que as partes
exerçam o jus postulandi em ações decorrentes de relações de emprego, entretanto, por força
da súmula 425 do TST, esse exercício é limitado aos Tribunais Regionais do Trabalho, não
sendo possível seu exercício a nível do TST. Nas lides decorrentes de relações de trabalho,
é indispensável a representação através de advogado.
e) Inexistência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer: Extraído do CPC
(Artigos 998,999 e 1.000), esse pressuposto se refere à necessidade de inexistência de
fatos que de algum modo extinguiram o direito de reconhecer ou que impeçam o seu
exercício, tal como a renúncia e a concordância tácita ou expressa com a decisão
(hipóteses de fatos extintivos do direito de recorrer ) e a desistência do recurso
(hipótese de fato impeditivo do direito de recorrer).
f) Preparo do Recurso: Tema abordado no tópico abaixo.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 74
Alberto
Iervese
2. Preparo do Recurso
No processo do trabalho o preparo do recurso consiste em dois procedimentos:
a) Pagamento das custas;
b) Depósito Recursal – Procedimento alterado pela reforma trabalhista.
Neste ponto, difere-se do processo civil, pois neste somente é exigido o pagamento das
custas, inexistindo a exigência acerca do pagamento do depósito recursal presente no processo
do trabalho em algumas situações.
a) Pagamento das Custas
Como a Justiça do Trabalho integra o Poder Judiciário Federal, as custas no processo
trabalhista devem ser fixadas por lei federal, que assim o fez ao editar o artigo 790 da CLT
através de redação dada pela Lei nº 10.537/2002.
Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal
Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às
instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Cumpre destacar que no processo ou fase de execução as custas são pagas ao final, razão
pela qual não constituem pressuposto de admissibilidade de recursos interpostos contra
decisões proferidas nessa fase processual.
Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre de responsabilidade
do executado e pagas ao final, de conformidade com a seguinte tabela (...)
No que tange aos recursos interpostos no processo de conhecimento, aplica-se o art. 789 da
CLT, que, como visto anteriormente, foi modificado pela Reforma Trabalhista, que
acrescentou um valor máximo para as custas a serem pagas.
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e
procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas
propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas
relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento),
observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de
quatro vezes
o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão
calculadas (...)
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 75
Alberto
Iervese
No que diz respeito ao momento de pagamento das custas, o §1º do art. 789 que as
mesmas deverão ser pagas dentro do prazo recursal, enquanto que o §2º que em caso de
condenação ilíquida, caberá ao juiz determinar o montante das custas processuais.
§ 1o As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso
de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo
recursal.
§ 2o Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante
das custas processuais
Frisamos que, por força do art. 832, §2º da CLT, a sentença deve sempre mencionar as custas que devem ser
embargos de declaração.
b) Depósito Recursal
O depósito recursal é espécie de despesa processual que tem como finalidade assegurar a
execução da decisão condenatória. Por ter uma natureza jurídica de garantia do Juízo
Recursal, pressupõe a existência de decisão (sentença ou acórdão).
A exigência da realização do depósito recursal é vista pelos doutrinadores como uma
forma de evitar interposições temerárias ou procrastinatórias de recursos.
No que tange ao momento da realização do depósito recursal, o mesmo é estabelecido
pelo art. 7º da Lei nº 5.584/70: O depósito deverá ser realizado dentro do prazo recursal.
Art 7º A comprovação do depósito da condenação (CLT, art. 899, §§ 1º a 5º) terá que ser
feita dentro do prazo para a interposição do recurso, sob pena de ser este considerado
deserto.
A não realização do depósito dentro do prazo recursal configura a deserção do recurso.
Neste sentido, o TST editou a sua Súmula nº 245, destacando que a interposição antecipada
não prejudica a dilação legal, ou seja, se o recurso for interposto antes do fim do prazo
recursal, a parte permanecerá com o prazo total para realizar o depósito recursal.
Súmula nº 245 do TST - O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo
alusivo ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.
O tema Depósito Recursal é regulado pelo artigo 899 da CLT, que passou por mudanças
significativas em razão da Lei nº 13.467/2017 (Lei da Reforma Trabalhista).
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 76
Alberto
Iervese
Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples salário-mínimo da região, o depósito para fins de
petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as recursos será limitado a este valor.
exceções previstas neste Título, permitida a execução
provisória até a penhora.
§ 7o No ato de interposição do agravo de instrumento, o
depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por
§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o cento) do valor do depósito do recurso ao qual se
salário-mínimo regional, nos dissídios individuais, só pretende destrancar.
será admitido o recurso inclusive o extraordinário,
mediante prévio depósito da respectiva importância.
Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á § 8o Quando o agravo de instrumento tem a finalidade
o levantamento imediato da importância de depósito, em de destrancar recurso de revista que se insurge contra
favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz. decisão que contraria a jurisprudência uniforme do
Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada nas
suas súmulas ou em orientação jurisprudencial, não
§ 2º Tratando-se de condenação de valor haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito referido
indeterminado, o depósito corresponderá ao que for no § 7o deste artigo.
arbitrado, para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de
Direito, até o limite de 10 (dez) vezes o salário-mínimo
da região. § 9o O valor do depósito recursal será reduzido pela
metade para entidades sem fins lucrativos,
empregadores domésticos, microempreendedores
§3º REVOGADO
individuais, microempresas e empresas de pequeno
porte.
§ 4o O depósito recursal será feito em conta
vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos
índices da poupança. § 10. São isentos do depósito recursal os
beneficiários da justiça gratuita, as entidades
filantrópicas e as empresas em recuperação
§5º REVOGADO – Reforma Trabalhista judicial.
§ 6º - Quando o valor da condenação, ou o arbitrado
§ 11. O depósito recursal poderá ser substituído por
para fins de custas, exceder o limite de 10 (dez) vezes o
fiança bancária ou seguro garantia judicial.
IMPORTANTE – características
Destacamos outras Antes da aprovação
importantesdado Reforma Trabalhista,
depósito recursal o na
previstas entendimento
legislação:
consolidado era o de que somente o empregador era obrigado a realizar o pagamento do
i. O valor do depósito recursal será diminuído pela metade para determinadas pessoas (§9º)
depósito recursal, em respeito ao princípio da proteção processual ao trabalhador e ao
ii. Os beneficiários da justiça gratuita e empresas em recuperação são isentos (§10º)
princípio da isonomia real (que considera a superioridade econômica do empregador). Tal
interpretação decorria da antiga redação do §4º, que determinava que o depósito deveria ser
A aplicabilidade dos incisos que vinculam ao salário mínimo foi mitigada pela CF/88
realizado em conta vinculada do empregado, ocorre que após a aprovação da reforma, a
legislação passou a prever que o depósito deverá ser
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 77
Alberto
Iervese
Na hipótese de configuração de litisconsórcio, o depósito recursal feito por um
litisconsorte não aproveita aos demais, exceto se for litisconsórcio passivo unitário ou houver
solidariedade passiva e as defesas opostas ao autor forem comuns.
CPC/Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo
se distintos ou opostos os seus interesses.
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor
aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.
Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito efetuado por uma
delas APROVEITA AS DEMAIS, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteie sua
exclusão da lide, vide Súmula 128, item III, do TST.
Súmula 128, III, TST - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o
depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que
efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1 - inserida
em 08.11.2000)
Através de interpretação do dispositivo contido na súmula do TST e acima transcrito,
conclui- se que: Se uma das empresas condenadas solidariamente ou subsidiariamente em
obrigação de pagar postular no recurso sua exclusão da lide, o depósito recursal efetuado por
outra empresa não a aproveita.
•IMPORTANTE
Os tetos relativos ao pagamento
- Carlos Henrique do recurso
Bezerra Leite adverte que o depósito recursal
somente será devido se a sentença condenatória houver imposto ao vencido uma obrigação
O depósito recursal possui 2 (dois) tetos, são eles:
de caráter pecuniário. Tratando-se de sentença condenatória de obrigação de fazer, não
a) entregar
fazer ou O valor coisa,
da condenação;
ou, ainda, sentença meramente declaratória ou constitutiva, bem
b) Uma mandamental
como sentença tabela estabelecida em lei,lato
ou executiva quesensu,
estabelece
não háumque
determinado
se falar emvalor para
depósito
um correspondente
recursal. Neste mesmo sentidorecurso.
foi editada a Súmula nº 161 do TST.
Súmula nº 161/TST - Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o
depósito de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 899 da CLT
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 78
Alberto
Iervese
Recurso Valor do Depósito Recursal
Recurso Ordinário R$ 9.189,00
Recurso de Revista R$ 18.378,00
Embargos ao Recurso de Revista R$ 18.378,00
Recurso Extraordinário R$ 18.378,00
O valor pago a título de depósito recursal nunca pode ser maior que o da condenação.
Assim, como regra geral, fica a de que: (a) se o valor da condenação for inferior a um dos
valores da tabela, será depositado aquele; (b) se o valor da condenação for superior a um dos
valores da tabela, é o valor da tabela que será depositado. Os recursos acima estão na ordem
em que devem ser interpostos.
Importante salientar que, uma vez feito o depósito, se se quiser interpor recursos
posteriormente, qualquer valor adicional apenas deverá ser depositado enquanto não
exceder o valor da condenação.
Importantíssimo
Exemplo destacar
01: Processo com que
valoro de
Relator não estádeautorizado
condenação a considerar
R$ 5.000,00. o recursoRecurso
A parte interpõe deserto
no caso de pagamento
Ordinário, insuficiente
devendo fazer preparo das
no custas ou condenação.
valor da do depósito recursal, exceto se a situação
Se, posteriormente, se
interpuser
manter
Recursoapós a concessão
de Revista, de um
nenhum prazo
valor de 05 depositar,
precisará dias, conforme
afinal artigo
já foi 1.007 do oCódigo
atingido de
valor da
Processo Civil.
condenação
Exemplo
O.J.02:
nº Processo com valor
140/SBDI-1/TST - Emdecaso
condenação de R$ 20.000,00.
de recolhimento A das
insuficiente partecustas
interpõe Recurso
processuais
ou dodevendo
Ordinário, depósitofazer
recursal, somente
depósito haverádodeserção
no valor do recurso se,
teto deste (R$concedido
9.189,00),o afinal
prazo de
o
5 condenação
valor da (cinco) dias excede
previsto no legal.
o teto § 2º do
Se, art. 1.007 do CPC
posteriormente, de 2015,
interpuser o recorrente
Recurso não
de Revista,
deverácomplementar e comprovar
depositar o valor que faltaopara
valoratingir
devido.o da condenação, qual seja, (R$ 20.000,00 –
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Iervese
Recursos em Espécie
1. Recurso Ordinário
O recurso ordinário é utilizado no processo do trabalho como um ataque a nível recursal
contra sentenças proferidas pelos juízes de 1º grau, bem como contra acórdãos nos casos em
que a competência é originária dos TRT’s.
Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:
I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e
II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de
sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais,
quer nos dissídios coletivos
Por meio dele, torna-se possível submeter ao juízo ad quem o reexame das matérias de
fato e de direito apreciadas pelo juízo a quo.
Pode-se dizer que é o recurso correspondente ao Recurso de Apelação previsto no Código
de Processo Civil, já que possuem similaridades em diversos pontos.
Denomina-se ordinário pois é cabível para sanar qualquer injustiça presente na
decisão, não apenas algumas específicas, como ocorre nos recursos extraordinários e de
revista. Pode o recurso ordinário objetivar tanto a reforma da sentença quanto a sua
anulação.
Deve o R.O. ser proposto em 8 dias, juntamente com suas razões, exceto se a parte estiver
desacompanhada de advogado, hipótese em que será suficiente o protocolo do pedido de
recurso.
O recurso é interposto no juízo a quo, e é ele quem faz o exame de admissibilidade do
mesmo (dessa decisão cabe interposição de agravo de instrumento). Importante salientar
que o juízo ad quem também fará juízo de admissibilidade, e contra ele é cabível agravo
regimental.
O Recurso Ordinário possui, em regra, efeito apenas devolutivo, em que pese a
jurisprudência já ter admito sua eficácia suspensiva também. Desta forma, permite, pois, a
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 80
Alberto
Iervese
execução provisória do julgado. O juiz não precisa declarar os efeitos em que recebe o
recurso, pois, de lege lata, todos os recursos trabalhistas possuem, em regra, apenas efeito
devolutivo (CLT, art. 899).
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 81
Alberto
Iervese
Impende trazer à tona o efeito expansivo subjetivo do Recurso Ordinário mencionado por
Carlos Henrique Bezerra Leite. Trata-se do enfrentamento do seguinte questionamento: pode
o tribunal anular sentença terminativa e ingressar, desde logo, no mérito da causa para
julgar procedente ou não o pedido?
Antes da entrada em vigor do novo CPC o entendimento dominante era que não seria
possível ao Tribunal realizar tal conduto, devendo os autos retornarem ao juízo a quo, mesmo
o CPC/73 prevendo em seu art.515, §3º que pode o tribunal julgar desde logo a lide (mérito)
se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato
julgamento, isto é, se não houver, necessidade de produção de outras provas.
Ocorre que o NCPC tratou do tema de uma forma mais ampla em seu art. 1.013, §3º e §4º,
levando à interpretação de que a decisão do tribunal em sede de recurso ordinário poderá ser
mais ampla do que a proferida pelo juízo de primeiro grau.
“Em suma, se o tribunal verificar que a matéria recursal é apenas de direito ou, sendo a
matéria de fato, já tenha havido ampla produção de prova, poderá, constatando que o
processo reúne todos os elementos fáticos e jurídicos para prosseguir no julgamento da
causa, adentar desde logo no julgamento do mérito, acolhendo ou rejeitando os pedidos
formulados na petição inicial ou, ainda, nas demais hipóteses do art. 487 do NCPC. ” –
Carlos Henrique Bezerra Leite
2. Recurso de Revista (ler 896 e ss)
O recurso de revista pode ser conceituado como um recurso de natureza extraordinária,
já que sua utilização não se presta à observância do duplo grau de jurisdição, nem é utilizado,
em princípio, para corrigir justiça ou injustiça da interpretação da matéria fático-probatória
contida nos acórdãos proferidos pelos Tribunais Regionais do Trabalho.
Seu objeto é a impugnação de acórdão regional que contenha determinados vícios, ou seja,
a interposição deste recurso não exige o simples fato da sucumbência, tal como ocorre com os
recursos de natureza ordinária em geral.
Pode ser interposto contra acórdãos dos Tribunais Regionais do Trabalho em dissídios
individuais e tem como sua finalidade a uniformização da interpretação da lei (processual
e material) federal, estadual e constitucional, bem como a preservação da aplicabilidade
delas.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 82
Alberto
Iervese
Em suma, o recurso de revista é uma modalidade recursal que objetiva corrigir a
decisão que violar a literalidade da lei ou da Constituição Federal e a uniformizar a
jurisprudência nacional concernente à aplicação dos princípios e regras de direito
objetivo que guardem alguma vinculação com a atividade jurisdicional do Estado
“O recurso de revista é o recurso último, na Justiça do Trabalho, para impugnação de decisões
proferidas em dissídios individuais, não obstante ainda haver a possibilidade de se questionar
a decisão no Supremo Tribunal Federal, na hipótese de violação da Constituição Federal” -
Schiavi
Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das
decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos
Tribunais Regionais do Trabalho, quando
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver
dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de
Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de
jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo
Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em
área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão
recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à
Constituição Federal.
•IMPORTANTE
Pressupostos– Conforme
de Cabimento
leciona o professor Renato SARAIVA “o recurso de revista é
cabível
Voce nãoapenas nos dissídios
pode usar individuais,
o ius postulandi dianteo do
queTRT.
significa dizer que
O recurso não é cabível
de revista tem em dissídios
pressupostos gerais
coletivos, sendo e específicos.
possível nas ações coletivas, como é o caso da ação civil pública.
Para interposição deste recurso, deve o recorrente demonstrar os seguintes pressupostos
específicos de cabimento:
a) Prequestionamento: A matéria estará prequestionada quando houver sido tratada no
acórdão impugnado. É necessária a manifestação explícita do TRT no acórdão. Assim,
a admissibilidade da revista pressupõe que a decisão recorrida tenha se
pronunciado explicitamente sobre a matéria veiculada no recurso;
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 83
Alberto
Iervese
Súmula nº 356/STF – O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram
opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário,
por faltar o requisito do prequestionamento.
Súmula nº 184/TST – Ocorre preclusão se não forem opostos embargos
declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de
embargos
Súmula nº 297, I, TST – Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na
decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.
O.J. nº 118, SBDI-1/TST – Prequestionamento. Havendo tese explícita sobre a
Johnson destaca em sua exposição o pressuposto “Tratar de matéria jurídica”
matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa
do dispositivo legal para ter-se como prequestionado esse. Inteligência da
Súmula 297.
Se eu não encontro um aresto ?eu posso apresentar arestos diferentes para
comparar com cada um dos fundamentos que quero confrontar.
b) Indicação da Contradição: Indicar a contrariedade com dispositivo de lei, súmula ou
Orientação Jurisprudencial;
c) Exposição das Razões: Expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os
fundamentos jurídicos da decisão recorrida. Esse pressuposto é utilizado como um dos
argumentos que sustentam a necessidade de advogado no TST, entendimento esse
estabelecido em súmula redigida pelo próprio tribunal.
• Hipóteses de Cabimento
Como visto através da leitura e análise do artigo 896 da CLT e seus incisos, existem três
hipóteses de cabimento para o recurso de revista, são elas:
a) Divergência Jurisprudencial na interpretação de lei federal
É cabível a interposição de recurso de revista dos acórdãos que derem ao mesmo dispositivo
de lei federal interpretação diversa e conflitante. Essa interpretação diversa pode ser entre:
i. TRT X TRT diverso – Seja em seu pleno ou em suas turmas;
ii. TRT X Seção de Dissídios Individuais do TST
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 84
Alberto
iii. TRT X Súmula do TST
Iervese
iv. TRT X Súmula Vinculante do STF
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 85
Alberto
Iervese
Assim, através da interpretação acima disposta, entende-se que não se admitirá
divergências que sejam originárias: i) do mesmo tribunal, seja do pleno ou da turma; ii) de
outros órgãos da Justiça do Trabalho não indicados no dispositivo; iii) De outros órgãos de
quaisquer ramos do Poder Judiciário, nem mesmo do STF (salvo súmula vinculante).
A decisão que serve de parâmetro para ser comparada com a impugnada é denominada
paradigma, e deve ela cumprir os seguintes requisitos:
I. Deve ser válido, isto é, não pode ter sido expressamente cancelado por outro;
II. Que o paradigma seja divergente da decisão impugnada. A divergência deve ser
específica, isto é, os mesmos fundamentos de uma decisão devem estar presentes
no paradigma.
* Essa divergência deve ser igual ou superior ao da decisão impugnada, ou
seja, se a decisão impugnada versas sobre um atraso de 01 minuto, a decisão
paradigma deve versar sobre atraso de pelo menos 01 minuto;
III. Deve ser atual, isto é, não ter sido ultrapassada por súmula do TST ou do STF, ou
superada por iterativa e notória jurisprudência do TST.
QUAL ORGAO JULGA O RECURSO DE REVISTA: UMA das turmas do
tribunal superior de trabalho
IMPORTANTE – A súmula 337 do TST estabelece quais são os requisitos que devem ser cumpridos p
Súmula 337/TST: I - Para comprovação da divergência pretende demonstrar o conflito de teses mediante
justificadora do recurso, é necessário que o recorrente:
a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma
ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi
publicado; e
b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos
dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio,
demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento
do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos
ou venham a ser juntados com o recurso.
II - A concessão de registro de publicação como repositório
autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as
suas edições anteriores.
III – A mera indicação da data de
publicação, em fonte oficial, de aresto paradigma
(conflito pretoriano) é inválida para comprovação
de divergência jurisprudencial, nos termos do
item I, “a”, desta súmula, quando a parte
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 86
Alberto
transcrição de trechos que integram a fundamentação do b) aponte oIervese
sítio de onde foi extraído; e
acórdão divergente, uma vez que só se publicam o
dispositivo e a ementa dos acórdãos; c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a
data da respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do
IV - É válida para a comprovação da divergência Trabalho.
jurisprudencial justificadora do recurso a indicação de aresto
extraído de repositório oficial na internet, desde que o V – A existência do código de autenticidade na cópia, em
recorrente: formato pdf, do inteiro teor do aresto paradigma, juntada aos
autos, torna-a equivalente ao documento original e também supre
a) transcreva o trecho divergente; a ausência de indicação da fonte oficial de publicação. .
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 87
Alberto
Iervese
b) Divergência jurisprudencial na interpretação de lei estadual, convenção
coletiva, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento de
empresa
Caberá recurso de revista para turma do TST das decisões proferidas pelos TRTs em grau
de recurso ordinário, em dissídio individual, quando “derem ao mesmo dispositivo de lei
estadual, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento
empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do
Tribunal Regional prolator da decisão recorrida”.
Trata-se de uma hipótese rara. Enquanto que no caso do item “a” a divergência de interpretação
deve se dar sobre lei federal, necessariamente, no caso tratado aqui, o foco do dissenso deve ser:
. Lei estadual; (Se tiver aplicação em mais de um TRT)
OBS: Carlos Henrique Bezerra Leite entende se tratar de lei em sentido amplo,
abrangendo decretos, portarias e outros atos normativos editados pelo Poder Público
Estadual;
* Na prática, a divergência de lei estadual que extrapole a jurisdição de um
TRT só ocorre no estado de São Paulo, na medida em que é o único estado da
federação que possui dois TRTs, quais sejam o da 2ª Região (São Paulo) e o da
15ª Região (Campinas).
I. Convenção coletiva, que é assinada entre sindicatos;
II. Acordo coletivo, que é assinado entre sindicato e uma ou mais empresas;
III. Sentença normativa, que é a decisão proferida pelo TRT ou TST num dissídio
coletivo;
IV. Regulamento de empresa.
Há aqui o requisito extra destacado no primeiro parágrafo: estas normas devem ser de
aplicação em mais de uma jurisdição. Isto ocorre quando um estado possui mais de um
tribunal, por exemplo.
A decisão paradigma aqui também deve observar os requisitos especificados no tópico anterior: valida
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 88
Alberto
Iervese
c) Violação de literal dispositivo de lei federal ou da Constituição da
República
O recurso de revista também será cabível quando a decisão recorrida for proferida com:
a) Violação de literal dispositivo da lei federal; ou
b) Afronta direta e literal à Constituição Federal.
Aqui não se exige a comparação de julgados (isto é, fica de fora o paradigma), mas apenas
que tenha havido violação a uma interpretação literal da Constituição ou da lei federal. Duas
observações são cabíveis:
A violação deve ter sido de interpretação literal, não bastando, para suscitar o presente
recurso, que tenha havido uma razoável interpretação alternativa que não desafia a literalidade
do dispositivo legal. Literal é a violação que, por exemplo, diz que a lei permite onde ela
claramente proíbe e vice- versa.
A segunda observação é que, segundo Mauro Schiavi e Carlos Henrique Bezerra Leite, o
termo “lei federal” não deve ser compreendido em sua literalidade, devendo abarcar também
dispositivos normativos federais que não são leis.
PROVA? No que consiste exame de admissibilidade de admissibilidade? É um exame
prévio que verifica a existência do requisitos gerais e específicos do recurso
Os requisitos específicos do recurso de revista são:
a) Tratar de matéria jurídica;
b) Prequestionamento. Isto é, a matéria já deve ter sido anteriormente discutida (896
paragro §1)
c) Transcendência. Requisito criado em 2001. (juízo de admissibilidade só pode ser feito
pelo juízo ad quem contrariando a regra de que o juízo de admissibilidade é feito em regra
pelo juízo a quo)
§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais
Regionais do Trabalho limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo,
não abrangendo o critério da transcendência das questões nele veiculadas.
Art. 896-A. O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente
se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica,
política, social ou jurídica.
§ 1o São indicadores de transcendência, entre outros:
I – econômica, o elevado valor da causa;
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 89
Alberto
Iervese
II – política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III – social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente
assegurado; (apenas aqueles que transcenda o interesse das parets)
IV – jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista.
→ “Tal princípio exterioriza a função que está na essência dos Tribunais
Superiores, ou seja, julgar apenas as questões cuja transcendência
política, social, econômica ou jurídica ultrapasse o exclusivo interesse
das partes, para preservação da ordem jurídica, da Federação e da
segurança do Direito, que deve ser aplicado uniformemente no país.
” – Ives Gandra da Silva Martins
Antes da reforma, os parágrafos 3º/6º do artigo 896 disciplinavam um procedimento para
uniformizar divergências de teses do próprio tribunal. Após a reforma, isto foi suprimido.
§ 7o A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se
considerando como tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do
Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho.
>seriam as ultimas decisões sobre o assunto, por exemplo uma decisão de 50 anos atrás
ou de 1 ano atrás por ser atual se for a ultima decisão sobre o assunto.)
> Notória , reiterativa : não é sumula , OJ. RECURSO DE REVISTA pode atingir decisões
que são reiteradas, notórias , repetitivas mostrando-se que já poderiam ter virado OJ. seria
uma outra hipótese de cabimento.
Validade do recurso de paradigma = indicar a fonte.
§ 8o Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe ao recorrente o ônus
de produzir prova da divergência jurisprudencial, mediante certidão, cópia ou citação do
repositório de jurisprudência(livros onde estão elencados as jurisprudências), oficial
ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicada a decisão
divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com indicação da
respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou
assemelhem os casos confrontados.
§ 9o Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso
de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do
Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da
Constituição Federal. (o artigo é taxativo ?caberia no caso de sumula não vinculante do
STF? Caberia afinal se ele diz que cabe para sumula do STS porque não caberia para
sumula de órgão com hierarquia superior.)
PROVA: PERGUNTA SOBRE ORDINARIO E DE REVISTA , DIFERENÇA
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 90
Alberto
Iervese
BREVE DISSETAÇÃO DO RECURSO DE REVISTA
Trata-se de um recurso extraordinário, cabe de decisão proferida de TRT, tem finalidade
de uniformizar a jurisprudência dos tribunais e preservar a efiiciencia da lei federal , é
julgado por uma das turmas do TST, PRVISTO no artigo 896 , prazo de 8 dias , o juízo de
admissibilidade é feito pelo tribunal salvo a transcendência , tem pressupotos gerias e
eespecificos , a representação precisa de procuração pois é TST.(425) portanto precisa de
ius postulandi.
§ 11. Quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que não se repute grave, o
Tribunal Superior do Trabalho poderá desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, julgando o
mérito. (apresentar o deposito depois, a falta de assinatura , a falta de substabelecimento , a
falta de escritura )
§ 14. O relator do recurso de revista poderá denegar-lhe seguimento, em decisão
monocrática, nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação
ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrínseco de admissibilidade.
Da decisão de umas das turmas do TST , cabe embargos de divergência previstos no
artigo 894
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 91
Alberto
Iervese
3. Embargos Infringentes
Trata-se de recurso cabível para impugnar decisão não unânime proferida em
dissídio coletivo de competência originária do TST, salvo se a decisão atacada estiver em
consonância com precedente jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou da Súmula
de sua jurisprudência dominante (CLT, Art. 894, §3º, I). Cabe à SDC (Seção Especializada
em Dissídios Coletivos) julgar os recursos denominados Embargos Infringentes.
Está disciplinado no artigo 894, I, a, da CLT:
Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito)
dias:
I - de decisão não unânime de julgamento que:
a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a
competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as
sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei;
Impende destacar que o próprio TST, por força do artigo 262 do seu Regimento Interno,
afunilou ainda mais o cabimento deste recurso ao restringi-lo à cláusula em que há
divergência, e, se esta for parcial, ao objeto a divergência. O RITST também trata de outros
temas procedimentais referentes aos embargos infringentes.
Art. 262. Cabem embargos infringentes das decisões
Art. 263. Registrado o protocolo na petição a ser
não unânimes proferidas pela Seção Especializada
encaminhada à Secretaria do órgão julgador
em Dissídios Coletivos, no prazo de oito dias,
competente, esta juntará o recurso aos autos
contados da publicação do acórdão no órgão oficial,
respectivos e abrirá vista à parte contrária, para
nos processos de Dissídios Coletivos de
impugnação, no prazo legal. Transcorrido o prazo, o
competência originária do Tribunal.
processo será remetido à unidade competente, para
ser imediatamente distribuído.
Parágrafo único. Os embargos infringentes serão
restritos à cláusula em que há divergência, e, se
Art. 264. Não atendidas as exigências legais
esta for parcial, ao objeto da
relativas ao cabimento dos embargos infringentes, o
divergência.
Relator denegará seguimento ao recurso, facultada
à parte a interposição de agravo regimental.
Importante – As denominações utilizadas nos Embargos e referentes às decisões conflituosas
comparados são as mesmas do recurso de revista: paradigma e recorrido.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 92
Alberto
Iervese
4. Embargos de Divergência
Tudo que você aprendeu sobre Recurso de Revista cabe para os embargos de divergência.
Menos dois aspectos pois o órgão de que julga é o SDI-1 (também conhecida como SBDI-1) e
a finalidade aqui é uniformizar a jurisprudência das turmas. (são 8 turmas no TST). De resto é
tudo igual.
Os embargos de divergência têm como finalidade uniformizar a divergência interna na
interpretação de lei federal ou da Constituição Federal no âmbito do próprio TST, o que pode
ocorrer entre acórdãos divergentes de Turmas ou entre acórdãos divergentes da SBDI-1 e
SBDI-
2. O R.R busca uniformizar jurisprudência entre tribunais, já o E.D. entre as turmas do TST.
“Não se trata de recurso que tem por objeto reapreciação de matéria fática, uma vez
que seu objeto é a uniformização da Jurisprudência Interna do TST” – Mauro Schiavi
Está disciplinado no artigo 894, II da CLT, bem como os artigos 71 (I e II) e 231 do RITST.
Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias:
II - das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela
Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do
Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.
Carlos Henrique Bezerra Leite, a partir de análise do dispositivo acima transcrito, entende que
os embargos de divergências são cabíveis das decisões:
i. Divergentes entre a SBDI-1 e SBDI-2 a respeito da aplicação de norma prevista em
lei federal ou em constituição;
ii. Divergentes entre uma ou mais turmas;
iii. De uma ou mais Turmas que divergirem das decisões da SDI;
iv. De uma ou mais Turmas que divergirem da Orientação Jurisprudencial (da SDI ou SDC);
v. De uma ou mais Turmas que divergirem de Súmula do TST;
vi. De uma ou mais Turmas que divergirem de Súmula Vinculante do STF.
A competência funcional para julgar os embargos de divergência é da Seção
Especializada em Dissídios Individuais 1, exceto na primeira hipótese acima anunciada,
que será de competência da SDI em sua composição plena. Não caberá Embargos de
Divergência contra decisão monocrática do relator, por força da OJ nº 378 da SBDI-1:
Comando legal restringiu o cabimento às decisões colegiadas.
IMPORTANTE – No que tangeAlberto
ao recurso de revista
Iervese e aos embargos
– Faculdade que da
de Direito estão 93
sendo
UFBA
estudados (Divergência e Infringentes), há de se observar a súmula nº 23 do TST: “Não
Alberto
PROVA: Hipóteses de cabimento do recurso ordinário
Iervese
Indeferido recurso ordinário cabe agravo de instrumento , da decisão proferida pelo
trt CABE UMA RECURSO DE revista que correposnde ao recurso especial que sera
julgado por uma das turmas do TST, cabe um terceiro recurso para as decisões do TST
a ser julgado julgado pela SDI-1 , O embargo de divergência tem a mesma
características do recurso de revista como por exemplo o prequestionamento , depoito
recursal .... alvo algumas diferenças : primeiro é a sua finalidade que e uniformizar a
jusriprudencia diveregentes em diferentes turma do tribunal regional do trabalho
enquanto o de revista é entre tribunais + o revista é julgada pelo uma turmas do TST
enquanto os de diveregcnia é julgado por um dos órgãos do TST (STI-1)
É COMPOSTA pelo tribunal pleno , órgão especial , seção de dissídios coletivos ,
seção de dissídios individuais. O SDI pleno é dividido em sdi-1
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 94
Alberto
Iervese
5. Incidente de Recursos de Revista Repetitivos
Segundo lição do professor Renato Saraiva, se o TST, ao receber um recurso de revista,
considerar que a matéria é repetitiva, quer dizer, se houver multiplicidade de recursos de
revista fundados em idênticas questões de direito, todos os recursos que estiverem nos TRTs
sobre o mesmo tema ficarão sobrestados aguardando a decisão do primeiro caso. Segundo o
TST, uma vez julgado o recurso paradigma – ou leading case -, todos os demais que estavam
sobrestados deverão ser julgados no mesmo sentido, salvo se a matéria fática for distinta ou
questão jurídica não examinada exigirem solução jurídica diversa.
Importante:
O incidenteAde
aplicação
recursosdode
entendimento adotadoéédisciplinado
revista repetitivos obrigatória em todosnos
na CLT os graus
artigosde896-B e
896-C, com redação dada pela Lei 13.015/2014.
Art. 896-B. Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas da Lei no 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), relativas ao julgamento dos
recursos extraordinário e especial repetitivos. > > não regulamentou apenas mandou
aplicar o CPC, hoje não precisa usar o CPC subsidiariamente pois foi tudo disciplinao
integralmente no artigo 896- C
Art. 896-C. Quando houver multiplicidade de recursos de revista fundados em idêntica
questão de direito, a questão poderá ser afetada à Seção Especializada em Dissídios
Individuais ou ao Tribunal Pleno, por decisão da maioria simples de seus membros,
mediante requerimento de um dos Ministros que compõem a Seção Especializada,
considerando a relevância da matéria ou a existência de entendimentos divergentes
entre os Ministros dessa Seção ou das Turmas do Tribunal.
Narra o professor Jonhson Meira que o pontapé inicial para a regulamentação na CLT
acerca deste incidente foi oriundo do TST, entretanto, no projeto original não havia disciplina
do tema, e sim apenas uma determinação de que fosse aplicado o CPC.
Ocorre que, no congresso, os legisladores optaram por disciplinar o tema praticamente
copiando o CPC, atitude essa que posteriormente acabou gerando muitas emendas no
dispositivo, em razão das características próprias do processo do trabalho, tornando o
dispositivo um “retalho”.
Em decorrência dos fatos acima explicitados, raramente utiliza-se o CPC (a utilização do
CPC/2015 foi autorizada pelo art. 280 do RITST), pois, na maioria dos casos, toda a
regulamentação necessária encontra-se na CLT, artigo 896-C.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 95
Alberto
Iervese
Segue transcrito abaixo o art. 280 do RITST, oriundo do Ato Normativo nº 38, de 2015.
O TST reformou seu Art. 280. As normas do Código de Processo Civil relativas ao julgamento
regimento interno em
novembro de 2017, o dos recursos extraordinário e especial repetitivos aplicam-se, no que
adequando às novidades couber, aos recursos repetitivos (arts. 894, II, e 896 da CLT).
existentes (Atos Normativos,
O incidente de recursos de revista repetitivos poderá ser aplicado aos recursos interpostos
antes de 20 de setembro de 2014 (data em que entrou em vigor a lei), desde que não implique
violação a eventual direito processual adquirido pelas partes.
Destacamos que, por força do art. 281 do RITST, o incidente também poderá ser
aplicado quando houver multiplicidade de embargos, apesar de não conter expressa
determinação neste sentido no dispositivo legal que rege o tema (Art. 896 – C, CLT).
Art. 281. Havendo multiplicidade de recursos de revista OU DE EMBARGOS para a
Subseção I da Seção Especializada em Dissídios Individuais fundados em idêntica
questão de direito, a questão poderá ser afetada a essa Subseção ou ao Tribunal Pleno,
por decisão da maioria simples de seus membros, mediante requerimento de um dos
Ministros que a compõem, considerando a relevância da matéria ou a existência de
entendimentos divergentes entre os Ministros dessa Subseção ou das Turmas do
Tribunal.
O professor Jonhson manifesta sua opinião no sentido de que o legislador tinha a intenção
de abranger também os embargos, mas esqueceu de fazê-lo. Acredita o mesmo que esse fato
se deu pela confusão criada pelas diversas emendas realizadas no dispositivo legal, como
mencionado anteriormente.
Precedente obrigatório vinculante.
Quantos recursos são necessários para instaurar esse incidente?Uma vez julgado sera
precedente. QUANTOS EU PRECISO para criar essa norma ?
• Requisitos para aplicação do incidente
São cinco os requisitos para aplicação do incidente de recursos de revista repetitivos,
mas apenas 03 precisam estar presentes. Os 02 primeiros são os obrigatórios:
a) Multiplicidade de recursos de revista: Não há número mínimo, bastando que sejam
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Alberto
Iervese
múltiplos, a quantidade dependerá muito da situação. O professor Jonhson entende que
deve ser um número, pelo menos, superior a 02 (dois). Outra observação feita pelo
professor Jonhson: Muito mais importante que a quantidade de recursos existentes é a
potencialidade existente no caso para que o mesmo resolva questões que no futuro
venham a ser discutidas
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 97
Alberto
Iervese
b) Discussão sobre idêntica questão jurídica: Os recursos devem versas sobre idêntica
questão jurídica, não sendo suficiente que versem sobre a mesma questão fática.
Dica do professor Jonhson: Se puder julgar sem analisar a prova, trata-se de matéria
jurídica, se precisa observar a prova, trata-se de matéria fática
c) Relevância da matéria/questão de direito ou divergência de interpretação da questão
de direito entre os Ministros do SBDI-1 ou das Turmas do TST (apenas um dos três
precisa ocorrer).
Casos envolvendo O.J. ou Súmula irão
d) necessariamente ao Pleno (Art. 281, §3º,
e) I).
f) EXISNTENCIA de divergência de entendimentos entre Ministros da mesma
Subseção
• Competência para julgamento
A competência para julgamento é da Subseção I da Seção Especializada em Dissídios
Individuais (SBDI-1), conforme artigo 281 do RITST. Também está prevista no art. 896-C o
julgamento pelo pleno do TST. Os parágrafos §1º, §2º e §3º e do art. 281 do RITST assim
versam:
§ 3º O Presidente da Subseção submeterá a
§ 1º O requerimento fundamentado de um dos
proposta de afetação ao colegiado, se formulada
Ministros da Subseção de Dissídios Individuais I de
por escrito,
afetação da questão a ser julgada em incidente de
recursos repetitivos deverá indicar um ou mais
recursos de revista ou de embargos
representativos da controvérsia e ser formulado
por escrito diretamente ao Presidente da SbDI-1 ou,
oralmente, em questão preliminar suscitada quando
do julgamento de processo incluído na pauta de
julgamentos da Subseção.
§ 2º De forma concorrente, quando a Turma do
Tribunal Superior do Trabalho entender necessária a
adoção do procedimento de julgamento de recursos
de revista repetitivos, seu Presidente deverá
submeter ao Presidente da Subseção de Dissídios
Individuais I a proposta de afetação do recurso de
revista, para os efeitos dos artigos 896-B e 896-C da
CLT.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 98
Alberto
no prazo máximo de 30 dias de seu recebimento, ou Ierveseobjeto de
recurso não impede a análise da questão
de imediato, se suscitada em questão preliminar, julgamento de recursos repetitivos;
quando do julgamento de determinado processo pela
III – na hipótese do inciso I, o processo será
SbDI-1, após o que:
distribuído a um relator e a um revisor do órgão
I – acolhida a proposta, por maioria simples, o jurisdicional correspondente, para sua
colegiado também decidirá se a questão será tramitação nos termos do artigo 896-C da CLT;
analisada pela própria SbDI-1 ou pelo Tribunal
IV – rejeitada a proposta, se for o caso, os autos
Pleno;
serão devolvidos ao órgão julgador respectivo, para
II – acolhida a proposta, a desistência da ação ou do que o julgamento do recurso prossiga regularmente.
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA 99
Alberto
Iervese
Pelo artigo acima, percebe-se que qualquer ministro da SBDI-1 possui legitimidade
para suscitar o incidente de recursos de revista/embargos repetitivos. Da mesma
maneira, os ministros das turmas possuem tal legitimidade, na forma do §2º.
Importante - Os casos analisados pelo incidente devem ter abrangente argumentação e discussão a respeito d
Art. 283. Somente poderão ser afetadas recursos representativos da controvérsia que sejam admissíveis e que,
O SDI define quem vai julgar ! O pleno poderia recursar o julgamento?
• Ações do Relator
Art. 284. Selecionados os recursos, o relator, (quinze) dias, e requisitar aos Presidentes ou
na Subseção Especializada em Dissídios Vice-Presidentes dos Tribunais Regionais do
Individuais ou no Tribunal Pleno, constatada a Trabalho a remessa de até 2 (dois) recursos de
presença do pressuposto do caput do art. 896- revista representativos da controvérsia;
C da CLT, proferirá decisão de afetação,
sempre fundamentada, na qual: IV - concederá o prazo de 15 (quinze) dias para
a manifestação escrita das pessoas, órgãos ou
I - identificará com precisão a questão a ser entidades interessados na controvérsia, que
submetida a julgamento; poderão ser admitidos como amici curiae;
II - poderá determinar a suspensão V - informará aos demais Ministros sobre a
dos recursos de revista ou de embargos de decisão de afetação;
que trata o § 5º do art. 896-C da CLT;
VI - poderá conceder vista ao Ministério Público
III - poderá solicitar aos Tribunais Regionais do
Trabalho informações a respeito da e às partes, nos termos e para os efeitos do §
controvérsia, a serem prestadas no prazo de 9º do art. 896-C da CLT.
15
A respeito do inciso III, o professor Jonhson afirma não entender quais seriam as
informações acerca da controvérsia que viriam a ser solicitadas. Em discussão em sala foram
levantados os seguintes argumentos: i) informações acerca de eventuais peculiaridades
regionais; ii) questionamento acerca entendimento dominante e suas razões e fundamentos.
Noutro giro, outra observação feita pelo professor é referente ao inciso VI, o RITST
modifica o disposto no §9º do art. 896-C da CLT, conferindo facultatividade à vista ao
Ministério Público, que é tratada na CLT como um ato de caráter obrigatório. O professor
entende que o MP deve sempre ter vista acerca do incidente.
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Decisão robusta
Iervese
Somente poderão ser afetados a apreciação recursos representativos da controvérsia ,
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Iervese
• Suspensão dos recursos repetitivos
Admitido o incidente, prevê o §3º do art. 896-C da CLT que o “Presidente do Tribunal
Superior do Trabalho oficiará os Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho para que
suspendam os recursos interpostos em casos idênticos aos afetados como recursos repetitivos,
até o pronunciamento definitivo do Tribunal Superior do Trabalho”. No mesmo sentido está
o art. 281, §3º do RITST.
3o O Presidente do Tribunal Superior do
Trabalho oficiará os Presidentes dos Tribunais Tribunal Superior do Trabalho, ficando
Regionais do Trabalho para que suspendam suspensos os demais recursos de revista até o
os recursos interpostos em casos idênticos pronunciamento definitivo do Tribunal Superior
aos afetados como recursos repetitivos, até o do Trabalho. (Incluído pela Lei
pronunciamento definitivo do Tribunal Superior nº 13.015, de 2014)
do Trabalho. (Incluído pela
§ 5o O relator no Tribunal Superior do Trabalho
Lei nº 13.015, de 2014)
poderá determinar a suspensão dos recursos de
§ 4o Caberá ao Presidente do Tribunal de revista ou de embargos que tenham como
origem admitir um ou mais recursos objeto controvérsia idêntica à do recurso afetado
representativos da controvérsia, os quais serão como repetitivo.
encaminhados ao
• Suspensão - Da comunicação acerca da decisão de afetação
A aplicação no que RITST/Art. 285. O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho oficiará os Presidentes dos
tange aos processos que ainda estão Regionais
Tribunais na vara é um
do tema que gera
Trabalho, com muito debate
cópia da no meio
decisão de afetação, para que suspendam
os recursos de revista interpostos em casos idênticos aos afetados como recursos
repetitivos e ainda não encaminhados a este Tribunal, bem como os recursos
acadêmico. Johnson
ordinários interpostos contra as sentenças proferidas em casos idênticos aos
entende que sim,
posto que o art. 288, afetados como recursos repetitivos, até o pronunciamento definitivo do Tribunal Superior
§2º, I faz referência. do Trabalho.
A suspensão dos processos se dará através da figura do presidente do TST, que está
incumbido da responsabilidade de oficiar os presidentes dos TRTs para que realizem as
suspensões necessárias. O mito, a lenda, Jonhson Meira, destaca aqui as seguintes
observações:
OBS 01: A figura responsável pela comunicação não pode ser o relator pois o mesmo não tem
autoridade sobre os TRTs, daí decorre a necessidade de a comunicação ser feita pelo
presidente.
OBS 02: O artigo não se refere aos embargos estudados anteriormente pois estes já estão no
TST. OBS 03: O dispositivo acima transcrito não fala de suspender os recursos interpostos na
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vara.
Iervese
OBS 04: A suspensão traz o grande prejuízo da demora para se obter uma decisão definitiva.
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Alberto
Iervese
Ainda sobre a suspensão do processo, trazemos aqui uma observação feita pelo professor
Mauro Schiavi acerca da hipotética situação em que o recurso afetado pelo incidente envolver
mais de um pedido mas nem todos eles forem afetados. O que ocorrerá?
“ Aqui reside uma importante questão e uma dificuldade mais acentuada no Processo
do Trabalho, pois, como regra, os processos envolvem mais de um pedido, e se um
deles for idêntico ao do processo afetado pelo do TST, todo o recurso ficará suspenso,
o que poderá acarretar prejuízo, principalmente ao trabalhador, que terá que aguardar
toda a tramitação do incidente, para somente depois ter o seu recurso apreciado. ” -
Schiavi
A solução para a situação reside no §2º do artigo 291 do Regimento Interno do Tribunal
Superior do Trabalho.
RITST – § 2º Quando os recursos afetados em processos já distribuídos no âmbito deste
Tribunal contiverem outras questões além daquela que é objeto da afetação, caberá ao
órgão jurisdicional competente para julgamento do incidente decidir esta, após o que o
processo deverá retornar ao órgão de origem para apreciação das demais matérias.
• Da admissão de recursos representativos da controvérsia
RITST - Art. 286. Caberá ainda ao Presidente do Tribunal de origem, caso receba a
requisição de que trata o inciso III do art. 284 deste Regimento, admitir até 2 (dois)
recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Tribunal
Superior do Trabalho.
Recurso representativo da controvérsia é aquele que engloba a tese a ser discutida e
envolve em seu corpo uma ampla argumentação acerca do tema.
• Da necessária intimação das partes envolvidas no processo
RITST - Art. 288. As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu
processo, a ser proferida pelo respectivo relator.
As partes deverão receber intimações comunicando a suspensão do seu processo em razão
da afetação pelo incidente, podendo as mesmas requererem o prosseguimento do processo se
demonstrarem a intempestividade do recurso nele interposto ou a existência de distinção
entres as questões de direito a serem decididas (§1º). A outra parte deverá ser ouvida (§3º).
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Observação do Professor Jonhson: Mesmo a parte querendo desistir do processo, o incidente
continuará.
Mauro Schiavi: Segundo entendimento preponderante do STJ, uma vez afetado o recurso, o
recorrente não poderá dele desistir, uma vez que prevalecerá o interesse público sobre o
particular.
• Da possibilidade de audiência pública instrutória
RITST - Art. 289. Para instruir o procedimento, pode o relator fixar data para, em
audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na
matéria, sempre que entender necessário o esclarecimento de questões ou
circunstâncias de fato subjacentes à controvérsia objeto do incidente de recursos
repetitivos.
Trata-se de figura diversa do amicus curiae, que é um terceiro interessado. Exige-se aqui
conhecimento acerca da matéria para que os julgadores tenham mais conhecimento acerca do
tema, facilitando assim um julgamento de acordo com o bom direito.
A intervenção por amicus curiae nesta situação está regulado no §1º do mesmo dispositivo:
§ 1º O relator poderá também admitir, tanto na audiência pública quanto no curso do
procedimento, a manifestação, como amici curiae, de pessoas, órgãos ou entidades com
interesse na controvérsia, considerando a relevância da matéria e assegurando o
contraditório e a isonomia de tratamento.
§ 2º A manifestação de que trata o § 1º somente será admitida até a inclusão do processo em pauta.
• Prazo para julgamento
Art. 290. Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um) ano e terão preferência sobre os demais feitos.
§ 1º Na hipótese de não ocorrer o julgamento no prazo de 1 (um) ano a contar da publicação da decisão de
que trata o art. 284 deste Regimento, cessam automaticamente, em todo o território nacional, a afetação e a
suspensão dos processos, que retomarão seu curso normal.
§ 2º Ocorrendo a hipótese do § 1º, é permitida, nos termos e para os efeitos do art. 281 deste Regimento e do art.
896- C da CLT, a formulação de outra proposta de afetação de processos representativos da controvérsia para
instauração e julgamento de recursos repetitivos, a ser apreciada e decidida pela Subseção I da Seção Especializada
em Dissídios Individuais deste Tribunal.
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Questão de Prova: Se os recursos de revista estão nas turmas, como é que
o incidente pode ser suscitado por ministros da SBDI-1? Os ministros da
SBDI-1 são oriundos das turmas, e, mais do que isso, a maior parte deles são
presidentes das turmas.
• Da completa análise dos fundamentos da tese discutida
Art. 291. O conteúdo do acórdão paradigma abrangerá a análise de todos os
fundamentos da tese jurídica discutida, favoráveis ou contrários.
§ 1º É vedado ao órgão colegiado decidir, para os fins do art. 896-C da CLT, questão não
delimitada na decisão de afetação.
Considerando que cada decisão tem fundamentos diferentes, é fundamental que a
análise recaia sobre todos os argumentos da tese jurídica discutida, sejam eles favoráveis
ou contrários, visto que o precedente deverá ser aplicado a diversos casos.
Ademais, destacamos que essa discussão é fundamental pois, a partir dela, as partes
poderão identificar a ausência de identidade das questões jurídicas e impossibilidade de
afetação pelo incidente
• Da aplicação da decisão nos processos suspensos
Art. 292. Decidido o recurso representativo da controvérsia, os órgãos jurisdicionais
respectivos declararão prejudicados os demais recursos versando sobre idêntica
controvérsia ou os decidirão, aplicando a tese firmada.
Uma vez proferida a decisão do incidente, inicia-se a aplicação do julgamento em todos os
processos pendentes, independentemente de onde estejam (Varas, TRTs ou TST).
Para melhor entendimento, novamente destacamos que esses recursos não foram julgados
através do incidente, o que foi julgado foi a tese jurídica que influenciará eventual decisão
sobre os mesmos.
Recurso prejudicado é aquele que está de acordo com a tese adotada pelo TST, pois há a perca
do interesse no recurso (O pleito foi que fosse adotado o entendimento contido no recurso e
assim já ocorreu através da decisão do incidente).
À primeira vista parece confuso, mas através da leitura do artigo seguinte ocorre uma elucidação.
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Art. 293. Publicado o acórdão proferido em incidente de recurso repetitivo:
I - o Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de origem negará seguimento aos
recursos de revista sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a
orientação do Tribunal Superior do Trabalho;
II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de sua
competência originária ou o recurso anteriormente julgado, na hipótese de o acórdão
recorrido contrariar a orientação do Tribunal Superior do Trabalho;
III - os processos porventura suspensos em primeiro e segundo graus de jurisdição
retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese firmada pelo Tribunal Superior do
Trabalho.
• Da não aplicação da tese jurídica adotada em decisão
Como afirmado anteriormente, uma vez proferida a decisão do incidente, inicia-se a
aplicação do julgamento em todos os processos pendentes, independentemente de onde
estejam. Entretanto, é possível que não ocorra a aplicação da tese jurídica adotada em decisão
do incidente.
Para concretização de tal possibilidade, é necessária que seja demonstrada a distinção
entre o caso in concretu e a tese jurídica discutida no incidente, na forma do art. 294 do
RITST.
Art. 294. Para fundamentar a decisão de manutenção do entendimento, o órgão que
proferiu o acórdão recorrido deverá demonstrar a existência de distinção, por se tratar
de caso particularizado por hipótese fática distinta ou questão jurídica não examinada, a
impor solução diversa.
§ 1º Na hipótese de que trata o caput, o recurso de revista será submetido a novo exame
de sua admissibilidade pelo Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal Regional,
retomando o processo o seu curso normal.
§ 2º Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão divergente, o tribunal de
origem, se for o caso, decidirá as demais questões ainda não decididas, cujo exame se
tornou necessário em decorrência da alteração.
§ 3º Quando for alterado o acórdão divergente na forma do § 1º e o recurso
anteriormente interposto versar sobre outras questões, o Presidente ou Vice-Presidente
do Tribunal Regional, independentemente de ratificação do recurso, procederá a novo
juízo de admissibilidade, retomando o processo o seu curso normal.
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6. Agravo de Petição
O agravo de petição é o recurso próprio para impugnar decisões proferidas no curso do
processo (ou da fase) de EXECUÇÃO. Não cabe, pois, agravo de petição na fase (ou
processo) de conhecimento. Encontra-se previsto no art. 897 da CLT.
Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;
Seu cabimento é disciplinado através do parágrafo primeiro do mesmo artigo, que traz
expressamente a necessidade de delimitação da matéria
§ 1º - O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar,
justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata
da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença.
No que tange ao preparo do Agravo de Petição, o depósito recursal não é necessário,
visto que a lei nº 8.177/91 (Art.40) deixa claro que o depósito recursal é devido apenas no
caso de recurso ordinário, de revista ou de embargos, não mencionando o agravo de petição.
Ainda sobre o depósito, fazemos uma observação para destacar o que diz o item II da
súmula 128 do TST.
Súmula 128 do TST, Item II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para
recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém,
elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 da
SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)
Sobre as custas, destaca Carlos Henrique Bezerra Leite que, com o advento da Lei nº
10.357/2002, que criou o art. 789-A da CLT, no processo de execução, as custas, sempre de
responsabilidade do executado, serão pagas ao final, isto é, depois de extinto o processo.
Logo, não há exigibilidade das custas como pressuposto objetivo para interposição do agravo
de petição.
7. Agravo de Instrumento
Diferentemente do processo civil, no processo do trabalho o Agravo de Instrumento
trata- se de recurso cabível, no prazo de 08 (oito) dias, somente contra decisões que
denegarem a interposição de recursos.
Nesse recurso há a necessidade de formação de autos em apartado.
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Desse modo, o processo que ocasionou a existência do agravo segue seu fluxo normal
enquanto que os autos do agravo são remetidos ao juízo ad quem.
Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.
Cabe agravo de instrumento contra decisões que denegarem seguimento a recursos
ordinário, de revista, extraordinário, de revista, de petição e, por óbvio, contra as decisões que
denegarem seguimento ao próprio agravo de instrumento.
Não cabe agravo de instrumento das decisões que denegarem seguimento ao recurso
de embargos no TST, pois, nesse caso, o recurso adequado é o agravo regimental.
O depósito recursal é exigido para a propositura do agravo de instrumento, vide §5º, I,
do art. 897 da CLT.
§ 5o Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento
do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso
denegado, instruindo a petição de interposição:
I - Obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da
petição inicial, da contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao
recurso que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do
depósito recursal a que se refere o § 7o do art. 899 desta Consolidação;
8. Agravo Regimental
Seguindo a doutrina de Carlos Henrique Bezerra Leite: “em linhas gerais, o agravo
regimental, à semelhança do agravo de instrumento, é o recurso cabível contra as decisões que
denegam seguimento a recursos”. Decisões essas, entretanto, que sejam agraváveis
regimentalmente.
Além disso, o agravo regimental também é utilizado para impugnar decisões
proferidos por órgãos judiciais de tribunais dos quais não haja um meio impugnativo
específico legalmente previsto.
Em termos exemplificativos, das decisões que denegarem seguimento ao recurso de
embargos no TST o recurso adequado é o agravo regimental
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9. Agravo Interno
Trata-se de um recurso que tem por objeto impugnar decisões monocráticas proferidas
em sede de recurso pelos relatores nos tribunais.
É previsto no art. 1021 do CPC e nos art. 894, §4º e 896, §12º da CLT. A lei nº 8.038
também o prevê em seu artigo 39.
O TST previu expressamente o agravo de instrumento em seu regimento interno (Art. 265).
Art. 265. Cabe agravo interno contra decisão dos Presidentes do Tribunal e das Turmas,
do Vice-Presidente, do Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho ou de relator, nos
termos da legislação processual, no prazo de 8 (oito) dias úteis, pela parte que se
considerar prejudicada.
Parágrafo único. Ressalvam-se os casos em que haja recurso próprio ou decisão de
caráter irrecorrível, nos termos do Regimento ou da lei.
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DUAS QUESTOES SOBRE A INSTRUÇÃO NORMATIVA 38 (uma será sobre efeitos da
fixação do precedente nos processos suspenso suspensos, o que acontece com recurso
vai depender do estado e aonde o recurso se encontra )
UMA QUESTAO SOBRE DEPOSITO RECURSAL.
RECURSOS
Pressupostos : a parte tem o direito de recorrer mas para isso ela deve preencher
determinados requisitos como: cabimento ,adequação , tempestividade, fundamentação
, recorribilidade , preparo . Estes são os pressupostos gerais pois cabem em todos
recursos trabalhistas.
UM desses pressupostos é o preparo. Disserte sobre o preparo:
1- Onde você encontra os valores ,eles estão disponíveis anualmente pelo TST editado
no mês de julho para vigorar no mês de agosto.
2- A falta de deposito leva o recurso ser considerado deserto
3- é depositado em juizo para ficar disponível a autoridade
4- Gera receita de caderneta de poupança, ano passado não era assim.
5- A finalidade do preparo é dá uma garantia em juízo / favorecer a execução
6- O teto, existem dois tetos , o primeiro é o valor da condenação (não é o valor da
causa) .Toda vez que eu for recorrer eu tenho que depositar , eu so paro de depositar
na hora que atingir o teto da condenação (garantir a execução) ou garantir o teto de
recurso. O que chegar primeiro vai prevalecer. Você deve considerar um valor
anterior para o deposito dos valores subsequentes quanto AO TETO DA
CONDENAÇÃO ! veja você não deve considerar os valores anteriores quanto ao
TETO DO RECURSO ! afinal toda vez que você RECORRER você tem que depositar
de novo! Ex. você foi condeando a 50000, no primeiro recurso você depositou 9k , no
segundo recurso de revista em que o teto é 18000 voce não deve depositar 9k pra
fechar 9+9 ,isso ta errado , você deve depositar 18 k, no total você gastaria 18 + 9.
Ex. Se eu for condenado a 14k , gasto 9k com o recurso ordinário , e gastarei 5k no
recurso de revista .
7- Em que hipótese há necessidade depositar além do valor da condenação ? o
reclamante perdeu em parte, a empresa depositou 10.000 mas se o tribunal ad quem
mudar a decisão e passar para 20.000 surge a necessidade de fazer um deposito a
mais.(hipótese de complementação do deposito recursal )
8- É uma pressuposto processual
9- EM QUE consiste o preparo ? é o pagamento das custas (789) + deposito recursal
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Estudar sobre o juízo de admissibilidade realizado pelo juízo a quo, é muito diferente do
CPC que prevê esse juízo apenas no juízo ad quem
O que é o juízo de admissibilidade? É o exame que o juízo a quo realiza para verificar se
foram preenchidos os pressupostos processuais , se preenchidos ele admite , caso
contrario ele indefere / inadmite , dessa decisão cabe agravo de instrumento.
Recurso de revista :
Ele tem duas espécies de pressupostos ,os gerais e os específicos, por isso ele so cabe
em pequenas hipóteses, os específicos são:
-prequestionamento:
-materia jurídica
-transcendência.
Possui como Finalidade de uniformizar a jurisprudência divergente dos TRTs, por isso
se faz necessário no mínimo duas decisões: o aresto paradigma () e decisão recorrida. O
aresto é que fara o confronto , ele deve ser DIVERGENTE , ESPECIFICO (os mesmos
fundamentos para dizer que cabe dano moral na revista tem que estar no paradigma por
exemplo , se no acordão recorrido diz que há o contato pessoal , que é feito em publico ,
com pessoas diferentes , todos esses fundamentos devem esta presentes também no
acordao recorrido). Sempre pode trazer uma porrada de arestos agora o que é polêmico
é se dá ou não pra selecionar os fundamentos de arestos diferentes para que juntos
formem o seu (essa poha não vai cair na prova)
PESQUISAR SOBRE o incidente de demandas repetitivas.
896-c O RECurso de revista pde ser alvo de incidente de demandas repetitivas. A
instrução normativa traz os embargos. As normas que disciplinam o incidenten de
recurso de revista repetitivo são 896-C, 896-B, a instrução normativa 38, e regimento
interno do tribunais.
QUAIS SÃO OS REQUIsITOS PARA Instaurar UM INCIDENTE de recurso de revista e
embargos? A multiplicaidade , o lance da matéria jurídica, relevância e divergência entre
as turmas da SDI-1.
Quais são os orgaoes julgadores ? quem julga é a SDI-1 ou o TST . quem delibera quem
vai julgar é a SDI-1
Quantos recursos são necessários para caracterizar a multiplicidade ? a lei não diz , o o
critério que jonhons utilizaé “potencial para esse tipo de casao se multiplicar
QUme pode restaurar o incidente , o ministro da turma ou o ministro da SDI-1
Há finalidade é uniformização de uma tese jurídica que sera aplicada em todos casos
suspensos. Formação de um precedente.
Quais são os processos sobre os quais incidira precedente ? aqueles que estão
suspensos aguardando a tese jurídica do incidente , os processos podem estar na vara ,
estão no TRT (processos que foram julgados e que não foram ainda ) , ou seja nos que
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Alberto
Iervese
já foi feito o juízo de admissibilidade mas ainda não foi despachado pra brasilia e os que
ainda não foi feito o juízo de admiss. E os que se encontram no TST (revista e
embargos ) .
O que é precedente no incidente de demandas repetitivas., é o entendimento adotado
pelo tribunal SDI-1
Qual efeito que a fixação do precedente terá sobre o recurso , isso vai depender, será de
acordo com onde ele se encontra.
1-na vara da trabalho , se aplica o precedente (vinculante ), volta a tramitar , defere-se o
prosseguimento. Sobre o tema se aplica a tese do precedente.
2- os que estão no TRT que ainda não foram julgados , a mesma hipótese , serao
julgados conforme precedente , retorna a tramitação e
3-os do TRT que foram julgados, não foi feito o juízo de admissibilidade, encontra-se
despacho para fazer a admissibilidade . Sera feito o juízo de admissibilidade e depois
verifica-se se esta de acordo com precedente ( esta prejudicado , objetivo alcançado,
perda do interesse recursal ) agora se o recurso esta contra precedente volta pro TRT
pra ocorrer um juízo de retratação , ele pode se retratar ou não , ou ele aplica ou ele não
aplica , não é obrigaotrio. A hipótese julgada no trt é divergente e pode servir como
fundamento para ele não julgar de acordo com precedente. É obrigação a aplicação do
precedente mas cuidado com distinção!!!Resumindo são por esses motivos que o trt
não é obrigado a fazer a retração . Se ele faz a retratação (aplicar o precedente ) , no
momento em que eu aplico o precedente pode ser que apareça a necessidade de julgar
outras questões que não foram apreciadas. Ex. oTRT se declarou incompetente para
julgar determina demanda que era da JF, o processo foi pra brasilia e a jf disse que o trt
ERA compentente, foi pro trt e este retratou-se , a partir do momento que ele se retrata
ele julgará o mérito .Pode haver necessidade de jugar outras questões, como mérito
todo por exemplo
4- Se o já foi feito o juízo de admissibilidade , fara de novo após edição do precedente no
juízo a quuo, ele fara NOVO JUIZO de admissibilidade , ele reexaminará para verificar se
esta de acordo com precedente, se esta de acordo ficara prejudicado , se não não tiver
subirá par instancia superior
5- no TST , foi suspenso o recurso de revista e recurso de embargos de divergência,
acontecerá com ele a mesma ahipotese , aplica-se o precedente , verificará se foi
prejudicado ou não , AQUI NÃO HÁ juízo de retratação.
DAR UM ENFOQUE para os art.s13, 14, 15 da instrução normativa 38, questão de prova
certeza.
PROVA: PERGUNTA SOBRE ORDINARIO E DE REVISTA , DIFERENÇA
BREVE DISSETAÇÃO DO RECURSO DE REVISTA
Trata-se de um recurso extraordinário, cabe de decisão proferida de TRT, tem finalidade
Alberto Iervese – Faculdade de Direito da UFBA
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Alberto
Iervese
de uniformizar a jurisprudência dos tribunais e preservar a efiiciencia da lei federal
,é
julgado por uma das turmas do TST, PRVISTO no artigo 896 , prazo de 8 dias , o juízo de
admissibilidade é feito pelo tribunal salvo a transcendência , tem pressupotos gerias e
eespecificos , a representação precisa de procuração pois é TST.(425) portanto precisa
de ius postulandi.
Indeferido recurso ordinário cabe agravo de instrumento , da decisão proferida pelo trt
CABE UMA RECURSO DE revista que correposnde ao recurso especial que sera julgado
por uma das turmas do TST, cabe um terceiro recurso para as decisões do TST a ser
julgado julgado pela SDI-1 , O embargo de divergência tem a mesma características do
recurso de revista como por exemplo o prequestionamento , depoito recursal .... alvo
algumas diferenças : primeiro é a sua finalidade que e uniformizar a jurisprudência
divergentes em diferentes turma de um tribunal regional do trabalho enquanto o de
revista é entre tribunais + o revista é julgada pelo uma turmas do TST enquanto os de
divergência é julgado por um dos órgãos do TST (SDI-1)
Admitido o recurso de revista, este é remetido para as contrarrazões no prazo de 08 dias
e, em seguida, é encaminhado para o TST (juízo ad quem), onde uma das suas turmas
julgará o recurso. Há uma triagem para verificar a necessidade de parecer do MPT.
O relator fará um primeiro juízo de admissibilidade ad quem. Haverá 2 juízos de
admissibilidade ad quem – um pelo relator e outro pela turma. Na hipótese de o relator
indeferir, caberá Agravo Regimental. Admitindo-o, ele faz seu voto e envia o processo
para a turma.
Na turma, há um novo juízo de admissibilidade e qualquer ministro pode suscitar uma
preliminar de não conhecimento, nesse caso, o conhecimento do recurso de revista irá a
voto.
O relator elabora o relatório; os advogados realizam a sustentação oral; o relator vota; o
revisor vota (se houver) e os outros Ministros votam por ordem de antiguidade. Se a
turma não conhece, há um recurso específico: Embargos de divergência em sede de
Recurso de Revista para a sessão de dissídios individuais.
Regras do Depósito Recursal:
a) Para cada recurso interposto, haverá um valor de depósito. (consultar apostila do professor)
O primeiro recurso trabalhista é o recurso ordinário (RO), corresponde ao recurso de apelação, no processo
civil. Esse é recurso é cabível perante sentença. O valor desse recurso é 9.513.Da decisão do recurso
ordinário cabe o recurso de revista (TST), que corresponde, no processo civil, ao recurso especial. O valor é
19.026
Da decisão do recurso de revista cabem embargos. O valor também é 19026
É possível ainda o agravo de instrumento, recurso cabível exclusivamente na área trabalhista contra o
indeferimento de um recurso qualquer pelo juiz a quo. O valor do depósito é metade do valor devido para
aquele recurso que foi indeferido. Art. 899, parágrafo 7º, CLT.
b) Os depósitos só são necessários até que se alcance o valor da condenação.
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Iervese
Dessa forma, caso se tenha depositado todo o valor da condenação, não se realiza mais nenhum depósito,
pois o valor da condenação é o valor máximo a ser depositado. Somente é possível ingressar com “novo”
depósito se houver acréscimo na condenação.
Exemplos:
a) Sentença Condenatória no valor de 10 mil reais.
Interposição do Recurso Ordinário: Valor do RO.
Interposição de Recurso de Revista: 10 mil reais – Valor do RO.
b) Sentença Condenatória no valor de 50 mil reais Interposição do Recurso Ordinário: Valor do RO.
Interposição de Recurso de Revista: Valor do Recurso de Revista (porque ainda não se atingiu o teto da
condenação).
Interposição de Recurso Extraordinário: Valor do Recurso Extraordinário (porque ainda não se alcançou o
teto da condenação).
c) Sentença Condenatória no valor de 5 mil reais
Interposição de Recurso: Não paga mais nada, exceto se houver acréscimo na condenação.
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